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Design, sociedade e cultura 
Universidade Federal de Santa Catarina
Pós-graduação em Gestão de Design
Especialização latu sensu
Turma 2010
Prof. Antônio Martiniano Fontoura, Dr.
Teoria Sociológica
Os sociólogos intentam entender como as instituições funcionam na 
sociedade. 
Tecnicamente, refere-se ao estudo do convívio dos seres humanos 
em grupos. 
Foca na maneira como a sociedade funciona, incluindo as relações
familiares, de classe, de raça, de gênero, de religião e outros 
aspectos do comportamento coletivo.
O filósofo francês August COMTE (1798-1857) usou o termo 
sociologia para integrar os seus estudos teóricos e práticos sobre os 
seres humanos. Desejava identificar as leis que organizavam as 
suas vidas e objetivava criar uma ordem social mais humana e 
racional.
Outro estudioso francês, Emile DURKHEIM (1858-1917), considerado 
o pai da sociologia francesa, argumentava que as relações 
existentes entre os indivíduos e a sociedade é algo complexo. 
Para ele existiam dois seres, um individual baseado no organismo e 
ao círculo de atividades estritamente limitado; e outro social que 
representa a realidade intelectual e moral conhecido pela 
observação dos outros.
Ser individual – o organismo 
Ser social – idéias e valores compartilhados em vários graus, 
determinados pela ordem social.
O indivíduo “é” na sociedade e a sociedade “é” no indivíduo.
O mesmo pode ser dito dos artefatos: eles “estão” na sociedade e a 
sociedade “está” neles.
Assim, os artefatos não são apenas testemunhos do passado, mas 
também valiosos testemunhos do presente.
Funcionalismo sociológico
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Muitos sociólogos são funcionalistas|estruturalistas e baseiam suas 
investigações na noção de que as instituições sociais são parte de 
um sistema contínuo de organizações, todas conectadas entre si. 
Se as instituições estabilizam e promovem a manutenção da 
sociedade são consideradas funcionais; se desestabilizam ou 
desorganizam a sociedade, são consideradas disfuncionais; e se 
não desempenham nenhum destes papeis, é considerada não-
funcional.
Há uma visão preconceituosa e conservadora destes sociólogos ao 
considerar a manutenção da sociedade uma condição primária ao 
invés de focalizar na mudança e na evolução das instituições e da 
própria sociedade.
Pode-se também aplicar os componentes do funcionalismo aos 
componentes das instituições e a todos os diferentes tipos de 
entidades, incluindo artefatos, respondendo quais funções eles têm 
para as pessoas.
Os sociólogos funcionalistas distinguem também as funções 
latentes, aquelas que não são pretendidas e que não se têm 
consciência (mas que são importantes), e as funções manifestas, 
aquelas pretendidas e que se tem consciência.
A função manifesta de um telefone celular é tornar possível realizar 
ligações telefônicas em qualquer lugar. As funções latentes podem 
envolver quaisquer coisas que ajudem a pessoa a se sentir menos 
solitária, a ser capaz de rastrear os filhos, a ter maior controle sobre 
as chamadas com apenas um toque no teclado.
A atual dependência dos telefones celulares é tão grande que 
Barack Obama recusou abandonar o seu Blackberry quando se 
tornou presidente. O serviço secreto teve que fazer arranjos para 
que ele pudesse usá-lo.
Existem seis aspectos do funcionalismo sociológico que são 
interessantes para quem estuda a cultura material:
Funcional – aquilo que ajuda a manter a entidade
Disfuncional – aquilo que ajuda a desestabilizar a entidade
Não-funcional – o que não participa da existência da entidade
Alternativa funcional – aquilo que substitui a função original
Função manifesta – razão óbvia e declarada para se usar 
alguma coisa
Função latente – fatores inconscientes envolvidos no uso de 
alguma coisa
Exemplo:
Aspectos Telefone Celular
Funcional Conectar-se com outras pessoas
Disfuncional Perturbar os outros, perder tempo 
Não-funcional ---
Alternativa funcional Substituir o telefone fixo
Função manifesta Fazer ligações telefônicas
Funções latentes Controlar os outros, evitar solidão
Sociólogos e cientistas sociais costumam desenvolver tipologias 
(classificações), pois crêem que elas podem ajudar a entender 
melhor como as sociedades, instituições e outros fenômenos 
funcionam.
Herbert J. GANS (1927-) ao observar a sociedade norte-americana 
desenvolveu uma classificação que estabelece dois principais tipos 
de culturas: a popular e a de elite ou alta cultura.
Gans afirma que existem diferentes tipos de culturas populares e de 
elite e cada uma delas faz parte do que descreveu como cultura do 
gosto. 
As culturas do gosto, entretém, informam e embelezam a vida das 
pessoas. 
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Elas são constituídas: 
(1) por valores e formas culturais que expressam estes valores: 
música, arte, design, literatura, drama, comédia, poesia, crítica, 
jornalismo; 
(2) pelas mídias nas quais estes valores são expressos: livros, 
revistas, jornais, discos, filmes, programas de televisão, pinturas, 
esculturas, arquitetura e também 
(3) por todos os bens de consumo que expressam valores estéticos
ou funcionais: móveis, roupas, utensílios domésticos, 
automóveis, etc.
GANS discute as relações entre a cultura popular e a de elite e os 
problemas associados a elas e oferece uma lista de cinco principais 
categorias de culturas do gosto Americano. 
A classificação é genérica e não lida com variáveis religiosas, 
étnicas e regionais. 
Apesar dos estudos terem sido realizados em 1974, ainda oferecem
uma forma de pensar a respeito de como abordar a cultura material.
GANS procurou identificar as conexões e relações existentes entre 
as escolhas dos objetos que as pessoas fazem e as compras que 
realizam. 
Exemplo: os leitores da The New Yorker ou da Harper’s, também 
costumam gostar de filmes estrangeiros, escutar música clássica,
apreciar comida gourmet e escolher móveis contemporâneos. As cinco culturas do gosto Americano foram definidas com base em
critérios tais como: classe sócio-econômica, religião, idade, 
educação, raça e traços de personalidade.
1. Alta cultura (elite sócio-econômica, tipos criativos)
2. Cultura mediana superior (executivos, profissionais)
3. Cultura mediana baixa (antiga classe média)
4. Cultura popular baixa (trabalhadores)
5. Cultura de grupos (étnicos, jovens, negros)
Pode-se questionar por que GANS estabeleceu apenas cinco 
culturas do gosto ou subculturas do gosto, pois parece razoável 
admitir que exista um grande número de grupos amorfos na 
América, cada qual com seu próprio gosto, preferência, desejo, 
hábitos e comportamentos de uso e consumo de objetos.
O que fica claro no estudo de GANS é que existe um pluralismo 
estético apontado nas diferentes culturas do gosto Americano.
Quando GANS realizou seus estudos a Cultura Mediana Baixa era a 
que predominava na América.
William Lloyd WARNER (1898-1970), 20 anos antes de GANS, sugeriu 
que havia seis classes na América:
Superior-Superior 1,4% 
Superior-Baixa 1,6% 
Mediana-Superior 10% 
Mediana-Baixa 28% 
Baixa-Superior 33% 
Baixa-Baixa 25% 
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WARNER afirmava que as classes Mediana-Baixa e Baixa-Superior
predominavam e representavam o homem e a mulher comuns 
americanos. 
Estas pessoas tinham em torno de 50 anos e movimentavam uma 
parte muito significativa da economia norte americana. 
Os jornais, as revistas, a televisão e o rádio (as mídias) servem para 
informar sobre os objetos e artefatos utilizados por outras culturas 
materiais, quais são mais aceitos e consumidos pelos membros das
diversas classes
econômicas ou das diferentes culturas do gosto.
Esta é uma das funções da publicidade e dos meios de comunicação
de massa que “ensinam” como avaliar objetos e a “ler” as pessoas a 
partir do que vestem, do que usam ou do que possuem.
Os meios de comunicação de massa ensinam o consumidor a 
discriminar, reconhecer e relacionar marcas a pessoas.
Usos e satisfações promovidos pelos artefatos
A teoria do uso e da satisfação foi desenvolvida 
originalmente pelos teóricos e estudiosos das mídias que estavam
interessados em saber por que as pessoas preferiam assistir 
novelas e alguns outros tipos de programas de televisão. 
Ao invés de tentar identificar os efeitos do uso da mídia, focaram nos 
usos que as pessoas faziam das mídias que consumiam e das 
satisfações que os vários gêneros de mídia promoviam. 
Pode-se fazer o mesmo em relação aos objetos que as pessoas 
usam ou consomem e tentar descobrir quais são as satisfações que
estes objetos lhes provém. 
Tem-se que modificar a lista original de usos e satisfações e então 
aplicá-la aos artefatos e objetos de posse e consumo.
Possuir coisas bonitas
Este é um tipo de satisfação que envolve a experimentação da 
beleza. 
Existe um tipo de recompensa psicológica quando se adquire e se 
usa algo bonito ou desejado. 
Possuir algo belo e desejado aumenta a sensação de bem estar nas
pessoas e faz com que elas se sintam bem sucedidas.
Ter diversão e distração
Desejam-se objetos e coisas que torne possível fugir das 
preocupações mundanas, num esforço de aumentar a qualidade de 
vida. 
Comprar coisas promove a sensação de poder e permite uma fuga 
do anonimato e do aborrecimento.
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Imitar modelos respeitados
Muitos objetos e artefatos consumidos o são para satisfazer o desejo 
de igualar-se a alguém ou para imitar o comportamento de outros.
Afirmar valores estéticos
As escolhas de produtos (gravatas, roupas, carros, jóias, etc.), feitas 
pelo usuário ou consumidor refletem os seus “gostos”, seus valores 
estéticos e no caso do consumo conspícuo, o seu status.
Observação:
Sabe-se que as escolhas dos objetos podem estar mais ligadas ao 
estilo de vida do indivíduo – ao grupo que ele se identifica – que à 
sua personalidade e gosto.
Raça, etnia e gênero
A raça classifica o indivíduo pela sua herança genética. 
Tradicionalmente, os cientistas sociais adotam três grandes 
categorias raciais: 
negros, 
mongolóides e 
caucasianos. 
Mas esta classificação tem sido questionada, pois muitos afirmam
que as raças não são realmente categorias biológicas, mas algo 
construído socialmente. 
A miscigenação racial põe por “água abaixo” qualquer classificação 
rígida. 
A etnia refere-se aos grupos sociais formados por afinidades 
religiosas, raciais e hábitos e características culturais e alimentares 
(judeus, afro-descendentes, hispânicos).
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É possível afirmar que a etnia e a raça desempenham um importante 
papel na escolha dos artefatos (produtos e marcas) que as pessoas 
consomem (bebidas, fumo, comida, roupas, utensílios).
Outros produtos são específicos para os diferentes gêneros (meias 
de nylon, pílulas anticoncepcionais), outros migraram de um gênero 
para outro (brincos, calça comprida).
Status
O status pode ser definido como a posição social que o indivíduo
possui em algum grupo ou que um grupo tem em relação a outro.
Os objetos e artefatos consumidos e utilizados pelo indivíduo servem 
como símbolos de status, sugerem o estado de riqueza e a classe 
social a que ele pertence.
Os sociólogos sugerem que existem dois tipos de status. O primeiro 
tipo baseia-se em fatores como o gênero e a idade do indivíduo; e o 
segundo baseia-se na posição social da família do indivíduo. 
Obter status depende do mérito, das habilidades, do empenho e do
sucesso da pessoa. 
Porém, nas sociedades contemporâneas o que tem prevalecido é a 
condição financeira do indivíduo.
Regras ou normas sociais
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O conceito de regra está relacionado ao de status. 
As regras referem-se aos comportamentos esperados das pessoas 
que possuem determinado status ou que ocupam determinada 
posição social.
As pessoas cumprem diferentes regras durante o dia. 
Uma mulher pode ser uma mãe, uma executiva numa corporação ou 
uma devotada numa ordem religiosa. Em cada situação cumpre 
regras diferentes. 
As regras de comportamento são geralmente inconscientes, mas os 
sociólogos usam um conceito denominado de “apresentação 
dramática” que implica no uso de um esforço consciente pelo 
indivíduo para criar uma impressão positiva entre outras pessoas.
Por vezes alguns indivíduos não aprenderam a usar corretamente as 
regras. 
O processo de aprendizagem das regras sociais é chamado de 
“socialização”. 
O processo de socialização ensina o indivíduo como agir e se 
comportar em diferentes situações de convívio social.
Sociólogos descobriram que muitas pessoas usam a moda e outros 
objetos para imitar o comportamento do grupo com o qual se 
identificam (e.g. pessoas que se vestem como motociclistas, mas 
nunca tiveram uma motocicleta).
Referência:

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