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um homem remunerado por peça, sob maior acicate para traba-
lhar, ganhe 1 xelim ou talvez 2 xelins mais do que se fosse re-
munerado por semana, verifica-se contudo, ao se estimar sua
receita total, que sua perda de ocupação no decurso do ano anula
essa receita adicional. (...) Ver-se-á ainda que, em regra, os sa-
lários desses homens guardam certa proporção com o preço dos
meios de subsistência necessários, de modo que um homem com
dois filhos é capaz de manter sua família sem recorrer à ajuda
paroquial”.390
Malthus observou, naquela ocasião, referindo-se aos fatos publi-
cados pelo Parlamento:
“Confesso que vejo com desgosto a grande difusão da prática
do pagamento por peça. Trabalho realmente duro, durante 12 ou
14 horas por dia, ou durante qualquer período mais longo, é
demais para um ser humano”.391
Nas oficinas submetidas à lei fabril, o salário por peça se torna
regra geral, pois lá o capital só pode ampliar a jornada de trabalho
intensivamente.392
Com a produtividade variável do trabalho, o mesmo quantum de
produtos representa um tempo variável de trabalho. Portanto, varia
também o salário por peça, pois expressa em preço determinado tempo
de trabalho. Em nosso exemplo acima, produziam-se 24 peças em 12
horas, sendo o produto-valor das 12 horas 6 xelins, o valor diário da
força de trabalho 3 xelins, o preço da hora de trabalho 3 pence e o
salário por peça 1 1/2 pêni; numa peça estava contida 1/2 hora de
trabalho. Se a mesma jornada de trabalho fornecesse, por exemplo, 48
peças em vez de 24, em virtude de uma produtividade duplicada do
trabalho, permanecendo inalteradas as demais circunstâncias, então o
salário por peças cairia de 1 1/2 pêni para 3/4 de pêni, pois cada peça
agora representaria apenas 1/4 de hora em vez de 1/2 hora de trabalho.
24 X 1 1/2 pêni = 3 xelins e do mesmo modo 48 X 3/4 de pêni = 3
xelins. Em outras palavras: o salário por peça é rebaixado na mesma
proporção em que cresce o número das peças produzidas durante o
mesmo tempo,393 isto é, em que diminui o tempo de trabalho empregado
MARX
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390 A Defence of the Landowners and Farmers of Great Britain. Londres, 1814. pp. 4-5.
391 MALTHUS. Inquiry into the Nature etc. of Rent. Londres, 1815. [p. 49, nota.]
392 "Os trabalhadores pagos por peça constituem, provavelmente, 4/5 de todos os trabalhadores
das fábricas." (Reports of Insp. of Fact., for 30th April 1858. p. 9.)
393 "A força produtiva de sua máquina de fiar é medida com precisão e o pagamento do trabalho
realizado com ela diminui, ainda que não na mesma proporção, com o aumento de sua
força produtiva." (URE. Op. cit., p. 317.) O próprio Ure anula essa última afirmação apo-
logética. Admite que com um prolongamento do mule, por exemplo, surge um trabalho
adicional. O trabalho, portanto, não diminui na mesma proporção em que sua produtividade
cresce. Além disso: “Por meio desse prolongamento é aumentada a força produtiva da má-
quina em 1/5. Em conseqüência, o fiandeiro já não é pago à mesma tarifa que antes pelo

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