Logo Passei Direto

66211609-introdu+º+úo ao estudo do direito brasileiro e teoria geral web 1 _1_(1)

User badge image

Sent by Paul Snow in

This is a file preview. Join to view the original file.

NOME DA DISCIPLINA
Webconferência II
Professor(a): Tâmara Chaves
1- A formação do pensamento político moderno: Estado de Natureza, Contrato Social e
Estado Civil na filosofia de Hobbes, Locke e Rousseau
O conceito de estado de natureza tem a função de explicar a situação pré-social na qual
os indivíduos existem isoladamente. Há duas principais concepções do estado de
natureza:
1.1- A concepção de Hobbes (no século XVII), segundo a qual, em estado de natureza, os
indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra
todos ou "o homem lobo do homem". Nesse estado, reina o medo da morte violenta.
Para se protegerem uns dos outros, os humanos inventaram as armas e cercaram as
terras que ocupavam.
1.2. A concepção de Rousseau (no século XVIII), segundo a qual, em estado
de natureza, os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com o
que a Natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto,
pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente.
“Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente,
termina quando alguém cerca um terreno e diz: "É meu". A divisão entre o meu e o teu, isto é, a
propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, ao estado de natureza
hobbesiano da guerra de todos contra todos”.
Para fazer cessar esse estado de vida ameaçador, os humanos
decidem passar à sociedade civil, isto é, ao Estado Civil, criando o
poder político e as leis.
A passagem do estado de natureza à sociedade civil se dá por meio
de um contrato social:
CONTRATO SOCIAL
“pelo qual os indivíduos renunciam à liberdade natural e à posse
natural de bens, riquezas e armas e concordam em transferir a um
terceiro – o soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-
se autoridade política. O contrato social funda a soberania”.
Entende-se por soberania a qualidade máxima de poder social através da qual as normas e
decisões elaboradas pelo Estado prevalecem sobre as normas e decisões emanadas de
grupos sociais intermediários, tais com: a família; a escola; a empresa, a igreja, etc.
A soberania se manifesta, principalmente, através da constituição
de um sistema de normas jurídicas capaz de estabelecer as pautas
fundamentais do comportamento humano.
1.3- John Locke e a teoria liberal. Para esse filósofo, o Estado
existe a partir do contrato social. Tem as funções que Hobbes
lhe atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito
natural da propriedade. Dessa maneira, a burguesia se vê
inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais
do que isso, surge como superior a elas, uma vez que o
burguês acredita que é proprietário graças ao seu próprio
trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da sociedade.
O burguês não se reconhece apenas como superior
social e moralmente aos nobres, mas também como
superior aos pobres. De fato, se Deus fez todos os
homens iguais, se a todos deu a missão de trabalhar e a
todos concedeu o direito à propriedade privada, então,
os pobres, isto é, os trabalhadores que não conseguem
tornar-se proprietários privados, são culpados por sua
condição inferior.
1. são pobres, não são proprietários;
2. são obrigados a trabalhar para outros por dois motivos: 
a) são perdulários: gastam o salário em vez de acumulá-lo para 
adquirir propriedades, 
são preguiçosos,
não trabalham o suficiente para conseguir uma propriedade..
Como surgiram os burgueses: com as Cruzadas: movimento 
católico armado que durou entre os séculos XI e XIII: de 1096 
a 1270, a fim de recuperar Jerusalém (que se encontrava sob 
domínio dos turcos seldjúcidas) e reunificar o mundo cristão, 
dividido com a “Cisma do Oriente”, surgiram as primeiras 
rotas comerciais formadas pelos antigos cavaleiros que, ao 
retornarem a Europa, iam saqueando as cidades orientais e 
vendendo pelo caminho as mercadorias adquiridas (jóias, 
tecidos, temperos, armas, etc). 
Durante esse período, tanto saqueados como saqueadores e camponeses 
começam a construir cidades protegidas por muralhas, conhecidas como 
burgos e as pessoas que lá moravam era chamado pelo termo burguês.
Aos poucos, o termo passou a ser usado para designar todo um grupo que começava a se estabelecer 
como força econômica, a transformar os meios de produção e que se dedicava às atividades 
comerciais com o objetivo de lucro; prática que por muito tempo foi condenada pala Igreja 
Católica,do ponto de vista ético.
2. Formas de governo. Tipologias clássicas
Realeza: é o governo de um só. Pode degenerar em tirania.
Aristocracia: governo de um grupo ou poucos grupos. Pode degenerar em oligarquia. 
Democracia: governo de muitos, aquele em que o povo elege seus representantes, direta ou indiretamente. Pode degenerar em demagogia.
Realeza, aristocracia e democracia seriam formas puras de governo, pois o governante governaria visando o 
bem comum, o interesse público. 
A tirania, oligarquia e demagogia seriam formas degenerativas, onde os governantes só visariam seus 
interesses próprios.
Segundo Aristóteles e Platão, "a marca da tirania é a ilegalidade", ou seja, "a violação das leis e regras pré-estipuladas pela 
quebra da legitimidade do poder”. Uma vez no comando, "… o tirano revoga a legislação em vigor, sobrepondo-a com 
regras estabelecidas de acordo com as conveniências para a sua perpetuação no poder".
Oligarquia é o governo de poucas pessoas. Ocorre quando um pequeno grupo de pessoas de uma família, de um grupo 
econômico ou de um partido governa um país, estado ou município. Uma das características desta forma de governo é que 
os interesses políticos e econômicos do grupo que está no poder prevalecem sobre os da maioria.
A Demagogia ocorre quando o político altera informações e adota ações que visam legitimar um tipo de interesse ou 
perspectiva que, na verdade, está completa ou parcialmente afastada de outros pontos que envolvem uma questão. Platão 
dizia que o demagogo julgava como bom tudo aquilo que o agradava e ruim tudo que ia contra seus interesses. 
Nos séculos XVII e XIX, ocorreram várias transformações que modificaram o modo de vida e de pensar da sociedade, 
podemos destacar:
O modo produtivo capitalista.
A organização social burguesa.
A consolidação política da centralização estatal.
Na sociedade moderna francesa, o Estado (como fonte) apresentava uma estrutura centralizada de poder. 
As transformações que contribuíram para o fundamento político atual:
Século XVIII: favoreceu o surgimento dos Direitos Civis.
Século XIX: consagrou os Direitos Políticos.
Século XX: consolidou as reivindicações de Direitos Sociais e econômicos. 
Direito: é um conjunto das condições existenciais da sociedade, que ao Estado cumpre assegurar.
“ O limite entre política e o judicial não pode definir-se formalmente. A justiça moderna não pode ser apolítica, neste 
sentido, e, hoje, mais do que nunca, deve reconhecer-se que judiciário é o governo.”
(ZAFFARONI, Eugênio Raul) 
Paz de Vestfália ou Tratados de Vestfália:
- Conjunto de 11 tratados;
- Assinados em 1648;
- Envolveu boa parte dos países da Europa, de Portugal até os Países Baixos.
- Encerrou a Guerra dos Trinta Anos;
- O fim das hostilidades começou em 30/01/1648 (tratado de paz entre Espanha e Países Baixos).
Guerra dos Trinta Anos:
- Durou de 1618-1648;
- Quatro milhões de mortos;
- Conflito generalizado entre os países da Europa;
- Motivação religiosa (Catolicismo x Protestantismo) e territorial
“...a consequência mais vital da Guerra dos Trinta Anos foi o surgimento de um sistema 
internacional de Estados. Este consistia basicamente num direito baseado em 
reciprocidades e pactos regulatórios; agora, os Estados manteriam relacionamentos 
pragmáticos entre si, numa lógica conhecida desde então
como 'razão de Estado'.”
“De acordo, as relações internacionais não eram baseadas mais na confissão religiosa dos reinos, 
mas sim no fato se eles tinham ou não sua soberania reconhecida. Politicamente, isso significava 
que era inaugurado um regime de tolerância que encerrava várias décadas de tensões e conflitos 
religiosos.” (PISSURNO)
Relevância Jurídica da Paz de Vestfália
- Com a Paz de Vestfália a SOBERANIA passou a ser o conceito chave da política 
internacional.
- Revolução GLoriosa
Ocorreu entre 1688 e 1689;
- Foi um manobra do Parlamento Inglês para tirar do trono o Rei James II e colocar em seu lugar a sua
filha Maria e seu esposo William III de Orange;
- Entre os motivos se destava o de James ser católico e Maria protestante - o Parlamento não queria
uma influência católica na Inglaterra;
- É criada a Monarquia Constitucional inglesa
Relevância Jurídica da Revolução Gloriosa
Com a “Revolução” é promulgada a Declaração de Direitos (Bill of Rights):
- convocação do Parlamento em intervalos regulares;
- cobrança de novos impostos apenas com aprovação parlamentar;
- imunidade dos deputados; 
- inspirou a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 etc.
Revolução Francesa
- Ocorreu entre 1789 e 1799;
- Aboliu a monarquia;
- Criou uma república democrática (outoritária e bseada na propriedade);
- Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
ESTADO
Conceito: Segundo Dalmo de Abreu Dallari, “ Estado é a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em um determinado 
território.”
Classificação: 
Estado Unitário: centralização do poder, pela existência de uma única unidade de emanação de poder político interno.
Estado Federal: há união de dois ou mais estados que formam, um novo ser estatal, onde este é soberano e aqueles possuem somente autonomia 
política.
Formas de Governo
Monarquia: governo de um só, apresenta como elementos caracterizadores a vitaliciedade, a hereditariedade e a 
iresponsabilidade do chefe de estado, podendo ser absoluta ou relativa.
República: é a verdadeira expressão do governo do povo, caracterizando-se pela eletividade dos seus governantes, 
pela temporariedade de mandatos e responsabilidade do chefe de estado.
2.2. Formas de governo possíveis a partir da constituição do Estado Moderno:
Monarquia: na forma monárquica a autoridade é exercida por um soberano.
Características principais da Monarquia: Vitaliciedade Hereditariedade Irresponsabilidade
República: adota regras (como a ideia de maioria) para a formação da vontade coletiva. O principal pensador
sobre a república foi o orador romano Cícero. A palavra república vem do latim, e quer dizer coisa pública (res =
coisa).
A ideia de democracia está diretamente vinculada à questão “quem governa?” (Resposta: governa o povo).
A ideia de república está vinculada à questão “como governa?”. A resposta, neste caso é “Governa em prol do
bem comum”.
As decisões, medidas e políticas de uma república devem ser sempre orientadas para o bem comum, isto é, por
aquilo que satisfaz a anseios que são comuns a todos os cidadãos
Características principais da República: Temporariedade, Eletividade e Responsabilidade.
Sistemas de Governo ou Regimes Políticos: Presidencialismo e Parlamentarismo 
Presidencialismo nítida separação entre a função executiva e a legislativa. Presidente da República é chefe de Estado e de Governo. Eleição 
direta do Presidente da República. Responsabilidade dos integrantes do governo perante o Presidente e deste perante a população 
(impeachment). Presidente é escolhido pelo povo por tempo determinado.
Sistemas de Governo ou Regimes Políticos: Presidencialismo e Parlamentarismo 
Parlamentarismo: independência entre o Executivo e o Legislativo. 
A chefia do Executivo é dividida entre chefe de Estado e chefe de governo. Escolha do chefe de Governo pelo Parlamento 
(aprovação pela maioria parlamentar). Responsabilidade dos integrantes do governo (Gabinete) perante o Parlamento (perda 
da maioria parlamentar ou voto de desconfiança). 
Parlamentarismo: independência entre o Executivo e o Legislativo. 
Responsabilidade do Parlamento (possibilidade de dissolução do Parlamento pelo chefe de Estado). Parlamento fixa a política do Estado, ou, 
pelo menos, decide sobre sua validade. Chefe de Estado representa o país e é referência de ordem moral. Chefe de Governo toma todas as 
decisões políticas
Com pequenas diferenças de país a país, no parlamentarismo o chefe de governo - que também pode receber o nome de 
chanceler, premier, presidente do conselho de ministros, etc. - divide o poder com o chefe de Estado - um presidente, também 
escolhido pelo voto, ou um monarca, cujo cargo é hereditário.

More content from this subject