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JAROSLAV PELIKAN rDiCTAI Jr^i UMA HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA A DO U TRIN A CR ISTÃ E A CU LTU RA M ODERNA DESDE 1 7 0 0 ár SHEDD TRADIÇÃO CRISTÃ UMA HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA 5 NP_Ebooks Máquina de escrever PROIBIDO COMPARTILHARnullUSO EXCLUSIVO DO CANAL GOSPEL BOOK BRASIL 1. O surgimento da tradição católica (100-600) 2. O espírito do cristianismo oriental (600-1700) 3. O desenvolvimento da teologia medieval (600-1300) 4. A reforma da igreja e o dogma (1300-1700) 5. A doutrina crista e a cultura moderna (desde 1700) JAROSLAV PELIKAN TRADIÇÃO CRISTÃ UMA HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA 5 A DOUTRINA CRISTÃ E A CULTURA MODERNA DESDE 1700 Tradução Helena Aranha & Regina Aranha SHEDD Publicado originalmente nos EUA Título do original em inglês: T h e C h r ist ia n T r a d it io n : a H istory o f t h e D evelopm ent o f D o c tr in e Volume V: Christian Doctrine and Modern Culture (since 1700) Licensed by The University o f Chicago Press, Chicago, Illinois, U.S.A. © 1989 by The University o f Chicago. All rights reseved. Ia edição: 11/2016 Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados por Sh e d d P ublicações Rua São Nazário, 30, Santo Amaro, São Paulo-SP - 04741-150 www.loja.sheddpublicacoes.com.br | email: sheddpublicacoes@uol.com.br Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, estocagem em banco de dados, etc.), a não ser em citações breves com indicação de fonte. ISBN 978-85-8038-046-0 Impresso no Brasil / Printed in Brazil T radução & Revisão : Helena Aranha & Regina Aranha D iagramação & Capa: Edmilson Frazão Bizerra Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 Pelikan, Jaroslav A tradição cristã: uma história do desenvolvimento da doutrina : a doutrina cristã e a cultura moderna (desde 1700), volume 5 / Jaroslav Pelikan; tradução de Helena Aranha, Regina Aranha. — São Paulo : Shedd Publicações, 2016. 408 p. Bibliografia. ISBN 978-85-8038-046-0 Título original: The Christian Tradition: a History of Development of Doctrine - Vol. V: Christian Doctrine and Modern Culture (since 1700) 1. Igreja católica - Doutrinas — História 2. Teologia — doutrina bíblica — Reforma 3. Igreja católica - Cultura moderna I. Título II. Aranha, Helena III. Aranha, Regina 16-1434 CDD: 230.209 índices para catálogo sistemático: 1. Igreja católica - doutrina - história Sum ário Prefácio................................................................................................................7 Principais fontes............................................................................................. 11 “E, MÍSERO EU, DA TEOLOGIA״ ............................................................................53 1. A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL........................................... 61 Apologia da igreja........................................................................................... 64 Investigações na doutrina cristã.................................................................... 76 A doutrina da lei e da graça............................................................................ 87 Uma vida devota e santa...............................................................................101 2. A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE......................................113 Milagre, mistério e autoridade.....................................................................114 As verdades contingentes da história.......................................................... 129 O dogma cristológico e o Jesus histórico....................................................146 A essência da verdadeira religião................................................................. 159 3. A teologia do coração............................................................................. 177 A transposição afetiva da doutrina..............................................................178 Deus e a alm a................................................................................................ 189 Perfeição evangélica.....................................................................................205 A experiência do Espírito Santo................................................................. 223 4· Os FUNDAMENTOS DA COSMOVISÃO CRISTÃ................................................. 235 A realidade de D eus..................................................................................... 241 O Criador do céu e da terra..........................................................................252 A imagem divina.......................................................................................... 264 O progresso do reino...................................................................................276 5. A DEFINIÇÃO DE DOUTRINA............................................................................. 289 O princípio da mediação histórica.................................................................292 A inspiraçaõ e a infalibilidade......................................................................... 303 O consenso da tradição cristã.........................................................................314 O dogma e seu desenvolvimento...................................................................327 6. A COMUNIDADE ESPIRITUAL DO CORPO DE CRISTO........................................ 343 A renovação da eclesiologia............................................................................. 348 Os recursos teológicos para a unidade........................................................... 361 A redenção da sociedade.................................................................................. 372 Lumen Gentium................................................................................................ 383 Obras secundárias selecionadas...................................................................395 Prefácio Λ doutrina cristã e a cultura moderna é o quinto e último volume da minha história do desenvolvimento da doutrina cristã e, de muitas maneiras, o “filho problemático”, conforme me advertiram, tanto pessoalmente quanto por escrito, meus amigos (incluindo Albert C. Ouder e o falecido William A. Clebsch) que seria. Comecei a planejar o esboço de A tradição cristã (embora não ainda com esse título) na década de 1940, e meus primeiros esboços e rascunhos remontam à década de 1950. O tempo todo tinha certeza de que queria começar o relato no primeiro volume só depois do N ovo Testamento, mas tinha muito menos certeza quanto ao assunto para terminar o quinto volume, lidando com o período moderno. A assembléia de Amsterdã do Concilio Mundial das Igrejas, de 1948, forneceu-me um possível “terminus ad quem”, bem como a promulgação da assunção da virgem Maria pelo papa Pio XII, em 1950. Mas na época em que estava preparado para publicar o volume I, que apareceu em 1971, as ações do Segundo Concilio Vaticano deixaram claro que devia concluir minha história da doutrina da igreja no período moderno e, por conseguinte, concluir a obra como um todo com esse evento. Além disso, só aos poucos agucei meu foco na história do desenvol- vimento da doutrina da igreja como distinto da história do pensamento cristão em geral. Meu tratamento do período moderno, é claro, é um dos mais afetados pela especificação do foco. Ao longo dos anos, tenho de fato feito palestras e escrito muito mais sobre a história da teologia nesses dois ou três séculos passados que sobre a história da doutrina da igreja — mais sobre o Iluminismo que sobre o pietismo, mais sobre Kierkegaard que sobre Grundtvig, mais sobre Tolstói que sobre Soloviev e, quanto a esse assunto, mais sobre Harnack que sobre Newman. Deveria — como editor de uma PREFÁCIO série de monografias de cinco volumes intitulada Criadores da teologia moderna e de uma coleção de três volumes de fontes, em processo de tradução, inti- tulada A teologia do século vinte em processo de estruturação — estar pelo menos tão preparado para escrever a história da teologia moderna (embora não em um volume) quanto a história da doutrina. Na verdade, quando comecei a ensinar, fui designado para um curso denominado “História do Dogma” no currículo e outro denominado “História da Teologia Moderna”; subsequentemente dei uma série de três cursos intitulado “História do Pensamento Cristão”. Assim acharia fácil — fácil demais — dar aos sistemas dos dois últimos séculos e meio e, em especial, as tendências teológicas do século XX (dos quais muitos dos lideres conheço pessoalmente e de alguns desenvolvimentos participei) consideravelmente mais espaço que sua justa parte. Contudo seria apropriado que o tema para o primeiro volume desta obra ligasse os nomes de Newman e Harnack. Conforme meus leitores e críticos comentam com frequência, os volumes sucessivos da obra parecem oscilar entre as metodologias sugeridas por esses dois nomes, e esse quinto e último volume (em que os próprios Newman e Harnack aparecem pela primeira vez como atores na trama, em vez de apenas como dramaturgos) faz isso de modo muito mais explícito do que fizeram seus predecessores. Pois o período moderno da história da doturina cristã pode ser definido como a época em que as doutrinas foram mais assumidas que debatidas, pois, na maior parte da história cristã, elas foram questionadas: a ideia da revelação, a singularidade de Cristo, a autoridade da Escritura, a expectativa de vida após a morte, até mesmo a própria transcendência de Deus. Também foi um período em que a relação entre os três termos “crer, ensinar e confessar”, com os quais o primeiro volume desta obra iniciou na definição da doutrina cristã, foram basicamente revistos: os teólogos, com frequência, “confessavam” mais do que “criam”, talvez mais do que “ensinavam”. Mas o quinto volume também ostenta o título A tradição cristã, e isso tem de determinar a seleção de tópicos e de autores. Também dita que o uso do passado cristão — de tradição, credo e dogma — pela igreja no período moderno aumenta nessa narrativa, muito mais que na maioria das histórias da teologia moderna. Edward Gibbon, em sua Autobiografia, ao falar de cada autor subsequente de uma obra de história de muitos volumes, descreve o sentimento agrido- ce que traz a conclusão do último volume: “Não vou disfarçar a primeira emoção de alegria ao recuperar minha liberdade”, reconheceu Gibbon; “mas meu orgulho logo ficou humilde, e uma sombria melancolia se espalhou por minha mente com a ideia da despedida perpétua de um velho e agradável ♦♦♦ 9Prefácio companheiro”. Para mim, a alegria e a melancolia são mais que compatíveis com a gratidão que sinto por todos que tornaram possível que eu assumisse e, agora, complete essa ambiciosa obra de uma vida inteira: meus pais falecidos, meus outros professores, meus colegas e alunos de graduação e pós-graduação ao longo desse período de mais de quarenta anos, os devotados bibliotecários de toda a cristandade, à University o f Chicago Press e sua equipe, à Univer- sidade de Yale e, acima de tudo, a minha esposa, Sylvia, a quem dedico esta obra completa. Principais fontes Autores e textos Adm. Karl Adam Chr. O Cristo da fé (Der Christus des Glaubens). Düsseldorf, 1954 Kath. A essência do catolicismo (Das Wesen des Katholiffsmus). 12a ed. Düsseldorf, 1949 Un. A igreja una, santa, católica e apostólica naperspectiva católica (Una sancta in katholischer Sicht). Düsseldorf, 1948 Albrt. Vind. Valentino Alberto. Vindicando exegética de Joel 2.28,29 (Vmdiciae exegeticae Joélll, 28.29). Leipzig, 1695 AUat. Leão Alácio [Leone Allacci] Manual Manual sobre aprocessão do Espírito Santo (Deprocessione Spiritus sancti enchiridion). Roma, 1658 Perp. cons. O consensoperpétuo da igreja oriental e ocidental no dogma e no ritual (De perpetuo Ecclesiae Occidentalis atque Orientalis tarn in Dogmate quam in Ritibus consenso) 2a ed. Roma, 1655 Purg. O consenso perpétuo da igreja oriental e ocidental sobre 0 dogma do purgatório (De utriusque Ecclesiae occidentalis atque aroentalisperpetua in dogmate de purgatório consensione). Roma, 1655 Syn. Eph. A defesa do Concilio de Efeso e de Cirilo [da Alexandria] sobre aprocessão do Espírito Santo do Pai e do Filho (Vmdiciae synodi Ephesinae et S. Cyrilli deprocessione ex Patre et Filio Spiritus Sancti). Roma, 1661 Af. Lig. Afonso de Ligório Gl. Mar. A s glórias de Maria (Le glorie di Maria) Teol. mor. Teologia moral (Theologia Moralis) Alt. Et. Paul Althaus. A ética de Martinho Eutero. Gütersloh, 1965 Ambr. Ambrosio de Milão Off. Sobre as obrigações (De officiis) Esp. Sobre 0 Espírito Santo PRINCIPAIS FONTES12 Amrt. Eusébio Amort Brd. Reflexões sobre 0 novo sistema do pai Laborde referente a infalibilidade (Animadversiones ad novum Systerna P. Ea Bordii de infallibilitate) Ep. Epístolas Gut. Opinião legal (Gutachten) Indulg. A origem, progresso, validade e resultados das indulgências (De origine, progressu, valore, ac fructu indulgentiarum). 2 vols. Augsburg, 1735 Rev. Revelações, visões e apariçõesprivadas: regras seguras da Escritura, dos concilios, dos pais, etc. (De revelationibus, visionibus, et apparitionibus privatis regulae tutae ex scripture, conciliis, SS, patribus, etc). Veneza, 1750 Teol. eclec. Teologia eclética, moral e escolástica (Theologia ecléctica, moralis et scholastica). 4 vols. Augsburg, 1752 Teol mor. Teologia moral meio caminho entre 0 rigor e a lassidão (Theologia moralis inter rigorem et laxitatem media). 2 vols. Veneza, 1757 Tom. Kemp. Prova crítica... de que Tomás de Kempis é 0 autor dos livros intitulados “A imitação de Cristo” (Deductio critica... Ven. Thomam Kempensem librorum de Imitatione Christi authorem esse). Augsburg, 1761 Amvr. Nov. Sobr. Amvrosii de Novgorod. Coletânea de palavras instrutivas (Sobrantepoucitelnych slov). 3 vols. Moscou, 1810 Andrts. Chrêstos Androutsos Dogm. Dogma da Igreja Ortodoxa Oriental (Δογματική της Ορθοδόξου ’ Ανοιτολικής Εκκλησίας). 2a ed. Atenas, 1956 Simb. comp. Simbologia comparativa de uma perspectiva ortodoxa (Δοκιμιον συμβολικής έξ έπόψεως Ορθοδόξου). Atenas, 1901 Ig. est. A Igreja e 0 Estado da perspectiva ortodoxa ’(Εκκλησία καί πολιτεία έξ έπόψεως ορθοδόξου). 2a ed. 2 vols. Salónica, 1964 Vai. A validade das ordenações ortodoxas da perspectiva ortodoxa-católica (Tò κύρος των Αγγλικών Χειροτονιων έξ έπόψεως ορθοδόξου). Istambul, 1903 Simb. Os símbolos de uma perspectiva ortodoxa (Συμβολική έξ έπόψεως Ορθοδόξου) Anf. Pan. serm. Philippe Anfossi. Panegíricos e sermões (Panegirici e sermoni). Roma, [1817] Ang. Sil. CTrid. Angelo Silésio [Johannes Scheffler]. O Concilio de Trento antes de Trento (Concilium Tridentinum ante Tridentinum). Nissa, 1675 Ans. Anselmo da Cantuária Cur. d. h. Porque Deus se tornou homem (Cur deus homo) Pros. Proslógio Apol. Conf.Aug. Apologia da Confissão deAusburgo (Apologia Confessionis Augustanae) Autores e textos 13❖ Antonio Arbiol y diez Os desapontamentos místicos das almas que são detidas ou desapontadas no caminho para a perfeição (Desengaños mysticos a las almas detenidas, ò engañadas en el caminho de laperfección). Madri, 1764 Instrução religiosa (La religiosa instruida...para todas las operaciones de su vida regular). Madri, 1765 Artaud de Montor. A historia do papa Pio VII (Histoire du Pape Pie VII). 2a ed. 2 vols. Paris, 1837 Os 39 Artigos Revisão norte-americana dos 39 artigos (1801) Atanásio de Alexandria Discursos contra os arianos Epístola aos bispos da Africa Sobre a encarnação do Verbo Sobre os sínodos de Rimini e de Selêucia Atanásio de Paros. Epítome ou Coletânea dos dogmas divinos da fe ’(Επιτομή είτε συλλογή των θείων τής πιστεως δογμάτων). Leipzig, 1806 Agostinho de Hipona Sobre o batismo contra os donatistas Sobre a catequi^ ação do não instruído (De catechisçandis rudibus) Cidade de Deus (De civitate dei) Sobre a doutrina cristã Manual (Enchiridion) Contra a Epístola de Maniqueus denominada fundamental Exposição do evangelho de João Exposição de Gênesis de acordo com a letra (De Genesi ad litteram) Sobre os procedimentos de Pelágio (Degestís Pelagii) Sobre as heresias Sobre os méritos e a remissão dospecados (Depeccatorum meritis et remissione) Sobre apredestinação dos santos (Depraedestinatione sanctorum) Sermão do monte de nosso Senhor Soliloquios Sobre o espirito e a letra (De spiritu et littera) Sobre a verdadeira religião (De vera religione) Arcipreste Avvakum Petróv O livro de interpretações e as doutrinas verdadeiras (Kniga tolkovanij ipravoecenij) Biografia (Zizneopisanie) Basilio de Cesareia Homilias sobre o hexamerão Sobre o Espirito Santo Ferdinand Christian Baur O cristianismo e a igreja cristã durante os trêsprimeiros séculos (Das Christenthum und die christliche Kirche der drei ersten Jahrhunderte) Arb. Des. my st. Inst. Art. Hist. Pio VII Art. X X X IX Art. X X X IX (1801) Atan. Ar. Ep. Apr. Enc. Sin. Atan. Par. Epit. A& Bat. Cat. rud. Civ. Doc. Cr. Manual Ep.fund. Ev. João Gen. ad litt. Gest. Pelag. Her. Pecc. merit. Praed. sanct. Serm. mont. Soliloq. Spir. et litt. Vera relig. Avkm. Knig. talk. Zi7. Bas. Hex. Esp. Bau. Chr. 14 ♦♦♦ PRINCIPAIS FONTES Chrpart. 0 grupo de Cristo na congregação em Corintos (Die Christuspartei in der korintischen Gemeinde) DG. A historia do dogma cristão (Lehrbuch derchristlichen Dogmengeschichte). 2a ed. Tübingen, 1858 Episk. Sobre a origem do episcopado na igreja cristã (Ueber den Ursprung des Episkopats in der christlichen Kirche) Neun. A história da igreja no século X IX (Kirchengeschchte des neunvçehnten Jahrhunderts) Rom. Opropósito e a ocasião da epístolapara os Romanos (Ueber Zmck und Veranlassung des Romerbriefs) Vers. A doutrina cristã da expiação em seu desenvolvimento histórico desde os tempos mais antigos aos mais recentes (Die christliche Lehre von der Versóhnung in ihrergeschichtlichen Entwicklung von der atiesten Zeit bis auf die nueste). Tübingen, 1838 Baum. Pred. Siegmund Jakob Baumgarten. Sermões [Predigten] Beb. Gl. Balthazar Bebel. Confissão de fé completa, mas sucinta (Ausfiührliche doch kiirtfiiche Glaubens-Bekandnusf¡. Estrasburgo, 1685 Bee. Lóp. Becerra López de Osuna y Zarate Nuev. Ab. O novo Abraão (E l nuevo Abraham de la Iglesia). Cidade do México, 1739 Sab. prod. O sábio pródigo (E l sabio prodigo Christo Señor Nuestro sacramentado). Cidade do México, 1752 Beng. Johann Albrecht Bengel Brud. Esboço sucinto da dita unidade dos Irmãos (Abris% derso genannten Brüdergemeinde). Stuttgart, 1751 Gnom. Guia para 0 Novo Testamento (Gnomon Novi Testament¿) Bert. Giovanni Lorenzo Berti Aug. O sistema agostiniano da graça...justificado (Augustinianum systema de gratia... vindicatum). 2 vols. Roma, 1747 Diss. hist. A s dissertações históricas (Dissertationes historicae). 3 vols. Florença, 1753-56 Teol. disc. Sobre as disciplinas da teologia (De theologicis distiplinis). 10 vols. Bassini, 1792 Bgn. Put. Johann Bugenhagen. Sermãofúnebre para 0 doutor Martinho Lutero (Eine christliche Predigt über der Leich und Begrábnis D. Martini Luthers). Wittenberg, 1546 Bianch. Pot. Giovanni Antonio Bianchi. Dots tratados sobre 0 poder e a política da igreja (Dellapotestà e dellapolitia della Chiesa tratatti due). 6 vols. em 7. Roma, 1745-51 Bl. Unfehl. Felix Anton Blau. História crítica da infalibilidade da igreja (Kritische Geschichte der kirchlichen Unfehlbarkeit). Frankfurt, 1791 Blach. Log. Elias Blachopoulos. Sermões da igreja (Λόγοι εκκλησιαστικοί). Atenas, 1882 Blgkv. Prav. Sergei Bulgakov. A ortodoxia oriental: esboços da doutrina da Igreja Ortodoxa Oriental (Pravoslavie: Ocerki ucenija pravoslavnoj cerkvi). Nova ed. París, 1985 Autores e textos 15❖ Jaime Luciano Balmes Cartaspara um cético em assunto de religião (Cartas a un escéptico en materia de religión) O protestantismo comparado com o catolicismo (El Protestantismo comparado com el Catolicismo) A religião demonstrada (La religion demonstrada al alcance de los niños) Henri Bouillard. Karl Barth: a generis e a evolução da teologia dialética (KarlBarth: Genèse et évolution de la théologie dialectique). 2 vols. Paris, 1957 Charles-René Billuart. A suma de Tomás de Aquino acomodada aosprocedimentos acadêmicos atuais (Summa S. Thomae hodiemis academiarum morihus accommodata) Sobre as regras de fé (De regulis fidei) Sobre a graça (De gratia) Sobre a lei e a justiça (De jure et justitia) Rudolf Bultmann Jesus. Tübingen, 1964 A teologia do Novo Testamento (Theologie des Neuen Testaments). Tübingen, 1953 Dietrich Bonhoeffer. A teologja e a congregação (Theologie und Gemeinde) Bento Bonelli Animadversões críticas sobre 0 congresso noturno das bruxas (Animavmsioni critiche sopra il nottumo congresso delia lamnie). Veneza, 1751 Dissertação apologética sobre 0 martírio de Simão de Trento morto pelos judeus em 1475 (Dissertafione sul martírio dei beato Simone da Trento nelíanno MCCCCLXXZ, dagliEbreiucciso). Trento, 1747 John Bunyan. A doutrina da lei e da graça desenvolvida papa Bonifácio VIII. Unam sanctam Jacques Bénigne Bossuet. A história das variações das igrejas protestantes (Histoire des variations des Eglisesprotestantes) Johann Wilhelm Baier. Compêndio da teologia positiva (Compendium theologiae positivae) O margrave de Brandemburgo. A s três confissões (Die Drey Confessionen). Colônia, 1695 Bernardo de Cluny. Sobre 0 descaso pelo mundo (De contempto mundi) Bernardo de Claraval. Sermões sobre 0 Cântico dos Cânticos (Sermones in Cántica Canticorum) Charles Augustus Briggs. Simbolismo teológico. Nova York, 1914 Yngve Torgny Brilioth. Aféeaprática eucarísticas. Londres, 1953 Gilbert Burnet Exposição dos 39 Artigos. 2a ed. Londres, 1700 Um discurso em que é apresentada a oposição da doutrina, adoração epráticas da igreja romana para a natureza, desígnios e caracteres da fé cristã. Londres, 1688 Uma cartapara 0 reverendo sr. Trapp. 2a ed. Londres, 1717 Blms. Escép. Prot. Rei. Bird. Brth. Blrt. S. T. Reg. fid. Grat. Jur. just. Bltmn. Jes. Th. N. T. Bnhfr. Theol. gem. Bnl Anim. cr. Diss. apol. Bnyn. Lei gr. Bon. VIII. Un. sanct. Boss. Hist, van Br. Comp. Brand. Dr. conf. Brd. Cln. Cent. mnd. Brd. Clr. Cant. Brgs. Teol. simb. Brlth. Euc. Brnt. Art. XXXLX Rom. Trp. PRINCIPAIS FONTES16 ♦♦♦ Karl Barth O evangelho e a lei (Evangelium und Gesetfi) Dogmática da igreja (Kirchliche Dogmatik). Munique e Zurique, 1932- A Igreja e as igrejas (Die Kirche und die Kirchen) A doutrina da palavra de Deus: prolegómenos para a dogmática cristã (Die lebre vom Worte Gottes: Prolegomena %ur christlichen Dogmatik). Munique, 1927 A teologiaprotestante no século X IX (Dieprotestantische Theologie im 19, Jahrhundert). Zurique, 1947 A justificação e a justiça (Rechtfertigung undRecht). 2“ ed. Zurique, 1944 A epístolapara os Romanos (DerRUmerhrief). 2a ed. Zurique, 1940 A doutrina do batismo da igreja (Die kirchliche Eehre von der Taupe). 2a ed. Zurique, 1943 Wilhelm Bousset. Cristo como Kyrios (Ryrios Christos). Gottingen, 1913 Johann Franz Buddeus Sobre a moderação... nas controvérsias entre os teólogos (De moderamine inculpatae tutelae in certaminibus theologorum). Halle, 1720 Introdução à historia da filosofia dos hebreus (Introductio ad historiamphilosophiae Ebraeorum). 2a ed. Halle, 1720 Nicholas Bulgaris. Sagrada catequese '(Ιερά κατηχησις). Nova edição. Atenas, 1940 Horace Bushnell Criação crista O natural e o sobrenatural como constituindo o sistema único de Deus. Nova York, 1858 O sacrificio vicário fundamentado nosprincípios da obrigação universal. Nova York, 1866 Pierre Bayle. Comentário filosófico sobre aspalavras defesus Cristo (Commentairephilosophique sur cesparoles de Jésus-Christ). 2a ed. Roterdã, 1713 Tomás Caetano (Tommaso de Vio). Comentários sobre os cinco livros de Moisés (Commentarii illustresplaneque insignes in quinqué Mosaicos libros). Paris, 1539 João Calvino. Instituías da religião cristã Alexander Campbell A s evidencias do cristianismo Debate sobre o batismo cristão entre o rev. W. L. Maccala... e Alexander Campbell. Buffalo, 1824 Um debate sobre a religião católica-romana... [ com] John B. Purcell, bispo de Cincinnati. Cincinnati, 1875 Um debate entre 0 rev. A . Campbell e rev. N. L. Rice O sistema cristão em referência à união dos cristãos e a restauração do cristianismo primitivo conforme pleiteado pela Reforma atual. 3a ed. Nashville, 1956 Brth. Ev. Ges. K D . Krch. Prol. Prot. teol. Rcht. Rom. Tf. Bsst. Kyr. Chr. Budd. Mod. Phil. ebr. Bulg. Cat. Bush. Cr. cr. Nat. Vic. Sac. Byl. Com.phil. Caj. Mos. Calv. Inst. Camp. Ev. Mela. Prcl. Rce. Sist. Autores e textos ♦ ♦ ♦ 17 Canst. Spen. Karl Hildebrando von Canstein. “Prólogo” (“Vorrede”) para Philipp Jakob Spener. Derradeiras opiniões teológicas (Letsfe Theologische Bedenken). Halle, 1711 Card. Infall. Giuseppe Cardoni. Um estudo da infalibilidade dogmática do pontífice romano e de sua definabilidade (Elucubrado de dogmática Romanipontifiris irfallibilitate eiusque definibilitate). Roma, 1870 Casp. Beyl. Vincentius Casper-Sohn. Um apêndice necessário e útil(Nòthige und niitíçliche Beylage). Estocolmo, 1724 Cat. Heid. Catecismo de Heidelberg Ces. Antonio Cesari Ep. Epístolas St. eccl. Flores da historia da igreja: discussões selecionadas (Fiore di storia ecclesiastica: Scelti ragionament). Turim, 1881 V. Ges. CR Palestras sobre a vida de Jesús Cristo e sobre sua religião (Oratjoni sopra la vita di Gesü Cristo e la sua religione). Turim, 1830 CFlor (1438-45) Deer. Arm. Concilio de Florença. Decreto sobre os armenios Chan. William Ellery Charming Calv. O argumento moral contra 0 calvinismo Cat. Carta sobre 0 catolicismo Evid. cr. A s evidencias do cristianismo Evid. rev. A s evidencias da religião revelada Fén. Comentários sobre 0 caráter e escritos de Fénelon Hon. A honra devida a todos os homens Sem. A semelhança com Deus Un. cr. Cristianismo unitário Chil. Rei. prot. William Chillingworth. A religião dosprotestantes um caminho seguro para a salvação. Ψ ed. Londres, '1727 Chom. Aleksej Chomjakov Crk. Sobre a igreja (0 cerkvi) Égl. lat. Prot. A igreja latina e 0 protestantismo da perspectiva da igreja ortodoxa (L’Eglise latine et le Protestantisme au point de vue de E ’Eglise Ortbodoxe). Lausanne, 1872 Cris. João Crisóstomo Is. Homílias sobre Isaías Mat. Homílias sobre 0 evangelho de Mateus CLater. (1215) Const. Quarto Concilio de Latrão. Constituições Clem. 0 . d. s. Clemente de Alexandria. Quem é 0 homem rico que é salvo? (Quis dives salvetur) Clrdge. Samuel Taylor Coleridge Conf. fid. Confess¡0 Fidei Const. Sobre a constituição da Igreja e 0 Estado de acordo com a ideia de cada urn deles Es. Ensaios sobre seus tempos Inq. esp. Confissões de um espírito inquiridor Log. Lógica Le. serm. Um sermão leigo Ref. Auxílio à reflexão PRINCIPAIS FONTES Palestras sobre a religião revelada, suas corrupções e visões políticas Rufus Wheelwright Clark. A teoria de Darwin da descendência do homem. Albany, 1873 Antonio Serafino Camarda Sinopse acurada e clara das constituições apostólicas e 0 cerimonial gregoriano referente à eleição de um papa (Constitutionum apostolicarum una cum ceremoniali Gregoriano depertinentibus adelectionem Papae synopsis accurata, etplana). Rieti, 1732 Daniele Concina Sobre a religião revelada (Delia religione rivelata). 2 vols. Veneza, 1754 A dogm ática cristã e a teologia m oral ( Theologia Christiana dogmático-moralis). 10 vols. Nápoles, 1772-75 Confissão de Augsburg Confissão belga Confissão escocesa Confissão de fé de foão Segismundo, eleitor de Brandemburgo Lorenzo Cozza. Históriapolêmica do cisma dos gregos (Historia polemica de Graecorum schismate). 4 vols. Roma, 1719-20 Rudolf Comely. Introdução histórica e crítica aos livros sagrados dos dois testamentos (Histórica et critica introductio in U. T. Libros Sacros). 4 vols. Paris, 1885-89 Ludovico de Castroplanio. A controvérsia sobre a infabilidade (De controvérsia infallibilitatis). Nápoles, 1870 Concilio de Trento Cânones Decretos Primeiro Concilio Vaticano Segundo Concilio Vaticano Decreto sobre a atividade missionária da igreja (Adgentes) Constituição Dogmática da revelação divina (Dei Verbum) Declaração sobre a liberdade religiosa (Dignitatis humanae personae) Constituição pastoral da igreja no mundo moderno (Gaudium et spes) Decreto sobre os instrumentos de comunicação social (Inter mirifica) Constituição dogmática da igreja (Lumen gentium) Declaração sobre a relação da igreja com as religiões não cristãs (Nostra aetate) Decreto sobre as igrejas católicas orientais (Orientalium ecclesiarum) Decreto sobre 0 ministério e a vida dos sacerdotes (Presbyterorum ordinis) Constituição da sagrada liturgia (Sacrosanctum Concilium) Decreto sobre 0 ecumenismo (Unitatis redintegratio) Cipriano de Cartago. Epístolas Cirilo de Jerusalém. Palestras catequêticas Rev. rei. Clrk. Darw. Cmrda. Const, ap. 18 ♦ ♦ ♦ Cone. Rei. riv. Teol. cr. Conf. Aug. Conf. belg. Conf. escoc. Conf. Sig. Coz. Graec. Crnly. Int. Cstrpln. Infall. CTrid. Can. Decr. CVat. (1869-70) CVat (1962-65) Ad. gent. Dei. Verb. Dign. hum.pers. Gaud. sp. Int. mir. Lum. gent. Nostr. aet. Or. eccl. Presb. ord. Sacr. corn. Unit, redint. Cip. Ep. Cir. H. Cateq. Autores e textos ♦♦♦ 19 A. D. Delempasê A heresia do ecumenismo '(Η αιρεσις του Οϊκουμενισμους). Atenas, 1972 Sínodo pan-ortodoxo (Πανορθόδοξος Σύνοδος). Atenas, 1976 Johann Deutschmann Apologia para a Confissão de Augsburg (Apologia Augustanae Confessionis). Wittenberg, 1667 Refutação sucinta referente à opinião atribuída a ele em relação ao termo cie graça (KurtsçeAblehnung rngen der ihm imputirten Meinung von Gnaden Termin). [Wittenberg, 1701] Confissão para 0 pastor na igreja cristã luterana (Der Christ- Lutherischen Kirchen... Prediger-Beichte). Wittenberg, 1698 Johann Konrad Dippel [Christianus Democritus] Urn pastor e um rebanho (Ein H irt und eine Heerde). Amsterdã, 1706 Início, meio e fim do ortodoxo e do heterodoxo (Anfang, Mittelund Ende der Ortho- und Heterdoxie). n.p., 1699 Nicolaos Damalas. Sobre osprimeirosprincípios (Περί αρχών). Leipzig, 1865 Andronikos K. Dêmêtrakopoulos. Grécia ortodoxa (Ορθόδοξος ’Ελλάς). Leipzig, 1872 Documentos sobre a unidade cristã Johann Joseph Ignaz von Dõllinger Epístolas História das seitasgnósticas-maniqueístas no início da Idade Média (Geschichte der gnostisch- manichàischen Sekten imfriihen Mittelalter). Munique, 1890 Paganismo e judaísmo: um preâmbulo para a história do cristianismo (Heidenthum undfudenthum: Vorhalle sqtr Geschichte des Christenthums). Ratisbona, 1857 O papa e 0 concilio (Derpapst und das Konfil) Os dísticospapais da Idade Média (Die Papst-Fabeln des Mittelalters). Stuttgart, 1890 A Reforma: seu desenvolvimento interno e seus efeitos no contexto da confissão luterana (Die Reformation, ihre innere Entwicklung und ihre Wirkungen im Umfange des lutherischen Bekenntnisses). 3 vols. Ratisbona, 1846-48 Cartas e declarações referentes aos decretos do Vaticano entre 1869 e 1887 (Briefe und Erklãrungen überdie Vatikanischen Decrete 1869 bis 1887) Paul Dõring. A “chave” do dr. Petersen que fecha mais do que abre (Der mehr igu-als auff-schliessende Schlüssel Herm D. Petersens). Dresden, 1718 Fiódor M. Dostoiévski. Os irmãos Karamazov Delmp. Oik. Sin. Deutsch. Aug. Conf. Gnad. Eut. Dipp. Hrt. Ort. Dmls. Princ. Dmtr. Ort. Doc. cr. un. Doll. Ep. Gnos. Heid. jud. Ppst. Cone. Ppstfab. Ref. Vat. dekr. Dor. Pet. Dost. Ir. Kar. PRINCIPAIS FONTES20 ♦ ♦ ♦ Drnd. Barthélémy Durand Diss. Dissertações eclesiásticas tanto para 0fórum sacramental quanto para 0fórum polêmico (Dissertationes ecclesiasticae profortam sacramentali quam contentioso). Avinhão, 1703 Fid. vind. A féjustificada (Pides vindicata). Avinhão, 1709 Drnr. Isaak August Dorner Pers. Chr. História do desenvolvimento da doutrina da pessoa de Cristo (Entivicklungsgeschichte der Febre von der Person Christ¡). 2a ed. 2 vols. Berlim, 1845-53 Sjst. Sistema da doutrina da fé cristã (System der christlichen Glaubenslehre). 2 vols. Berlim, 1879-80 Dry. Apol. Johann Sebastian von Drey. Apologética como a demonstração intelectual da divindade do cristianismo com um fenômeno (Die Apologetik ais ndssenschaftliche Nachweisung der Gôttlichkeit des Christenthums in seiner Erscheinung). 3 vols. Mainz, 1838-47 Dtr. Lmp. Peter Friderich Detry. Breve esclarecimento em resposta a Friderich Adolph Lampe (Kurtsçe Beleuchtung... Friderich Adolph Lampe). [Bremen], 1717 Dup. Souv. pont. Félix Antoine Philibert Dupanloup. A soberania do papa de acordo com a lei católica e de acordo com a lei europeia (La souveraintépontificóle selon le droit catholique et le droit européen). 2a ed. Paris, 1860 Duss. Th. Teses de Dusseldorf (Düsseldorfer Thesen) de 1933 Dyob. !Constantinos Dyobouniôtês Jo. Dam. 1903 João de Damasco (Ιωάννης ό Δαμασκηνός). Atenas, Sacr. Os sacramentos da Igreja Ortodoxa do Oriente (Tá μυστήρια της άκανατολικης ορθόδοξου εκκλησίας). Atenas, 1912 Edw. Jonathan Edwards Brnrd. A vida de David Brainerd Dist. marc. A s marcas características de urna obra do Espírito de Deus Liv.-arb. O livre-arbitrio Narr. f. Urna narrativa fiel da surpreendente obra de Deus Pec. orig. O pecado original Af. rel. Afeições religiosas Al. pens. Alguns pensamentos referentes ao reavivamento El. Richard T. Ely Ch. O chão sob nossos pés: uma autobiografia Soc. L. A lei social do serviço Elrt. Morph. Werner Elert. A estrutura do luteranismo (Morphologie des Luthertums). 2 vols. Munique, 1931-32 Emer. Ralph Waldo Emerson Teol. Discurso para a escola de teologia Dia. Diários Nat. A natureza Rep. h. Homens representativos Ceia A ceia do Senhor 21 ❖ Autores e textos Carl Gottfried Engelschall. O entendimento totalmente incorreto do dr. Petersen do anjo da sétima trombeta (Der den siebenden posaunenden Engelgant^ unrecht verstehende HerrD. Petersen). Dresden e Leipzig, 1720 Epifánio de Salamina. Contra as oitenta heresias (Panarion) Tomás de Aquino Erhard. Ataque contra a defesa de Tomás de Kempis (Polycrates Gersensis contra Scutum Kempense instructusprodiens). Augsburg, 1729 Primeira declaração de Barmen (Erklàrung über das rechte Verstàndnis der reformatorischen Bekenntnisse in der deutschen evangelischen Kirche der Gegenwart) Johann August Ernesti. Opuscula Consistorio de Esslingen Eugênio Bulgaris. Confissão ortodoxa (Ορθόδοξος ομολογία). Eusébio de Cesareia Historia eclesiástica A vida de Constantino (Vita Constantim) Concilio Federal de Igrejas de Cristo na América. Constituição Jeremías Felbinger. Manual cristão (Christliches Hand-Büchlein). Baltimore, 1799 François de Salignac de la Mothe Fénelon Cartas sobre a autoridade da igreja (Lettres suriautorité de Iéglise) Epístolas Cartas sobre a graça e a predestinação (Lettres... sur la grace et la predestination) Instruções e conselhos sobre várias questões da moralidade eperfeição cristãs (Instructions et avis sur divers points de la morale et de la pefection chrétienne) Cartas sobre vários assuntos de metafísica e de religião (Lettres sur divers sujets de métaphysique et de religion) Manual de piedade (Manuel de piété) Tratado sobre a existência e os atributos de Deus (Traité de ΐ existence et des attributs de Dieu) Archimandrite Feodor. Sobre a ortodoxia (Opravoslavij). São Petersburgo, 1860 Feofan Prokopovic. Tratado sobre aprocessão do Espirito Santo (Tractatus deprocessione Spiritus Sancti). Gota, 1772 Filareto, metropolitano de Moscou Conversa entre um cético e um cristão referente à ortodoxia da Igreja do Oriente (Entretiens d’un sceptique etd’un croyantsurl’orthodoxie de l’église Oriéntale) Comentário sobre o livro de Génesis (Zapiski... KnigiBitija) 3 vols. Moscou, 1867 Esboço da historia bíblica-eclesiástica (Nacertanie cerkovno-biblgskíyistorü). 2*ed. São Petersburgo, 1819 Sermões e palestras (Slova a reci) Discussões com um cristão idoso (Besêdy kglagolemomu staroobradcu). 5a ed. Moscou, 1855 Pavel Aleksandrovic Florensky. Opilare 0 alicerce da verdade (Stolp i utveriçdenie istiny). Berlim, 1929 Engsch. Pet. Epif. Her. Erhrd. Ke??1p. Erkl. Bek. Ern. Opuse. Ess. Consist. Eug. Bulg. Ort. Eus. H. e. V.C. FCC. Const. Felb. Hnd. Fén. Aut. égL Ep. Gr. préd. Inst. Let. div. Man. piét. Tr. ex. Feod. Prav. Feof. Proc. Fil. Ent. Com. Gen. Esb. Serm. Vel. Flrn. Stlp. 1st. PRINCIPAIS FONTES2 2 ♦ ♦ ♦ Georges Vasilievic Florovsky Bíblia, igreja e tradição: uma percepção ortodoxa oriental O cristianismo e a cultura A criação e a redenção Caminhos da teologia russa (Puti russkago bogoslovija). Paris, 1937 Fundamentos: uma declaração de crença cristã em termos do pensamento moderno. Londres, 1913 August Hermann Francke Esboço sucinto e simples dos abusos da prática da confissão (Kurtíçer und einfãltiger Entwurf von den Miscfiráuchen des Beichtstuhls) Relato sobre “observações bíblicas” (Bericht von den Observationibus Biblias) O verdadeiro fundamento da fé (Die wahre Glaubens- Gründung). Frankfurt, 1691 A ideia de um estudante de teologia (Idea studiosi Theologiae) A leitura da sagrada Escritura (Manducatio ad lecionem Scripturae sacrae). Londres, 1706 O método do estudo da teologia (Methodus studii theologici). Halle, 1723 Discursospúblicos sobre a história da paixão como esta é descrita pelo evangelistafoão nos capítulos 18 e 19 (Oejfentliche Reden überdie passions-Historie, me dieselbe vom EvangelistenJohanne im 18. und 19. Capitelbeschrieben ist). 3a ed. Halle, 1733 Discursospúblicos sobre a história da paixão... nos capítulos 14 eIS de Marcos (Oejfentliche Reden überdie Passions-Historie... Marc 14 u. 15). Halle, 1724 Sermões de domingo (Sonntags-Predigten). 43 vols. Halle, 1698-1700 Instrução simples sobre como ler a sagrada Escriturapara a verdadeira edificação (Einfdltiger Unterricht, me man die H. Schrift %u seiner wahren Erbauung lesen solle) Palestras escriturais em duaspartes (Zweyfache schrifftliche Ansprache). Halle, 1701 Charles-Emile Freppel. Sobre aprimaria do pontífice romano e seu ofiáo de ensinamento infalível de acordo com os últimos sínodosprovinriais franceses (Deprimatu Romanipontificis eiusque infallibili magisterio iuxta ultima Galliarum concilia provincialia). Turim, 1870 Os fundamentos: um testemunho. 12 vols. Chicago, [1910-12] Lorenzo Fusconi. Discussão em honra do sagrado coração de Jesus Cristo (Ragionamento in onore dei sacro cuore di Gesú Cristo). Modena, 1756 Pietro-Maria Gazzaniga. Palestras teológicas feitas na Universidade de Viena (Praelectiones theologicae habitae in Vindobonensi universitate). 2 vols. Bassani, 1831 Flrv. Bib. Crist, cult. Cr. red. Pt. Fund. Frnck. Bcht. Ber. obs. Gl. Id. Maná Scrip. Meth. Pass, foh. Pass. Marc. Pred. Unt. Zw. anspr. Frpl. Prim. Fund. Fuse. Sac. cr. Gaz. Proel. Autores e textos Athanasios M. Giebtits. A eclesiologia do apóstolo Paulo de acordo com Crisóstomo '(Η έκκλησιολογ'ια του αποστόλου Παύλου κατά τόν 'ιερόν Χρυσόστομον). Atenas, 1967 papa Gelásio I. Epístolas João Gerson. A removibilidade do noivo da igreja (De auferibilitate sponsi ab ecclesia) Lorde Arthur Gifford Palestras Confiança, disposição e acordo Edward Gibbon Autobiografia A história do declínio e queda do Império Romano Washington Gladden. A igreja e 0 reino papa Gregário XVI (Mauro Cappellari) Mirari vos O triunfo da santa sé e da igreja (II trionfo delia Santa Sede e delia Chiesa) Gregário de Nazianzo. Poemas \Carmina\ Orações John Gerhard. Loci teológico (Loci theologici) Louis Marie Grignion de Montfort O amor da sabedoria eterna (L·’amour de la sagesse éternelle) Tratado sobre a verdadeira devoção à virgem abençoada (Traité de la vraie dévotion à la Ste. Verge) Nikolai Fredrick Severin Grundtvig Os fundamentos cristãos (Den Christelige Bernelaerdom) A verdade do cristianismo (Om Christendommens Sandhed) Mitología nórdica (Nordens Mythologi) Sermões (Praedikener) Continuação da Reforma luterana ? (Skal den lutherske Reformation mrkeligfortsaettes?) O verdadeiro cristianismo (Om den sande Christendom) Johann Wolfgang von Goethe Conversas com Goethe nos últimos anos de sua vidapor Johann Peter Eckermann (Gesprãche mit Goethe in den letvjenJahren seines Lebens von Johann Peter Eckermann) Fausto Vincenzo Ludovico Gotti Coloquiospolémicos-teológicos (Colloquia theologico- polemica). Bolonha, 1727 A verdadeira igpeja de Cristo (Vera ecclesia Christi). Veneza, 1763 A verdade da religião cristã (Veritas religionis Christianae). 2 vols. Veneza, 1750 ♦ ♦ ♦ 23 Gbts. Ekkl. Gel. I. Ep. Gers. Aufer. Gffrd. Pals. Conf. Gib. Aut. Dec. Gldn. Ig. r. Gr. XVI. Mir. Tr. Gr. Naz. Carm. Or. Grh. Loc. Grig. Mont. Am. sag. Vr. dév. Grnvg. Chr. Bmlr. Chr. Snd. Nrd. Myth. Pr. Ref. Snd. Chr. Gth. Eck Fst. Gtti. Coll. Ver. eccl. Ver. rel. PRINCIPAIS FONTES Georg Henrich Gõtze Ajubilosaprecaução dos cristãos contra aperversidade do demônio... na refutação do dr. Baltazar Bekker “O mundo encantado” (Der Christen Freudige Fürsichtigkeit frir des Teufels Bossçheit... wieder D. Balthasar Bekkers “Bespuberte Welt”). Dresden, 1696 Instrução necessária sobre as palestras arrogantes dos pietistas e dos entusiastas fanáticos (Nothiger Unterricht von denen stoltsçen Reden derer Pietisten und fanatischen Schwãrmer). Chemnitz, 1693 Giovanni [János] Gyarmathy. A infalibilidade do pontífice romano como uma crença bem fundamentada e meritória (La infallibilità dei Romano Pontefice credensp fondata e commendabile). Roma, 1870 Karl Rudolf Hagenbach. História do dogma (Lehrbuch der Dogmengeschichte) Consistorio de Hanover Adolf von Harnack História do dogma (Lehrbuch der Dogmengeschichte). 5a ed. 3 vols. Tübingen, 1931 Pesquisa e experiência (Erforschtes und Erlebtes). Giessen, 1923 Marcião: 0 evangelho do Deus estrangeiro (Marcion: Das Evangelium vomfremden Gott). 2a ed. Leipzig, 1924 Discursos e ensaios (Reden und Aufsãtsçe). 2 vols. Giessen, 1904-6 A essência do cristianismo (Das Wesen des Christentums). 4a ed. Leipzig, 1901 Sobre a erudição e a vida (Aus Wissenschaft und Leben). 2 vols. Giessen, 1911 Do local de trabalho do falecido (Aus der Werkstattdes Vollendeten). Giessen, 1930 William Ernest Hocking. Repensando as missões: a inquirição de um leigo depois de cem anos. Nova York, 1932 George Hicks Um novo catecismo. Londres, 1710 Diversas cartas trocadas entre 0 dr. George Hicks e um sacerdote papista. Londres, 1705 Charles Hodge O que ê o darvinismo? Nova York, 1874 Ensaios e análises críticas. Nova York, 1857 Comentário sobre a epístola para os Romanos. 2a ed. Nova York, 1886 Teologia sistemática. Ed. reimpressa. 3 vols. Grand Rapids, Mich., 1981 Benjamin Hoadly Uma defesa da racionalidade da conformidade. Londres, 1707 Uma carta ao sr. Fleetwood ocasionada por seu último ensaio sobre os milagres. Londres, 1702 Gtz. Bek. 24 ♦♦♦ Unt. Gyar. Infall. Hag. DG. Han. Consist. Harn. DG. Erf. Erl. Marc. Ref.Auf. 1Ves. Wiss. Leb. Wrk. Voll. Hckng. Reth. Hcks. Cat. Ltrs. Hdge. Darw. Ens. Rom. Sist. teol. Hdly. Def. Fit. Autores e textos 25 1״׳׳ natureza do reino, ou igreja, de Cristo. 3a ed. Londres, 1717 Karl Josef von Hefele A história dos concilios (Con i^liengeschichte). 7 vols. Friburgo em Brisgóvia, 1855-74 O caso do papa Honorio (Causa Honorii Papae). Nápoles, 1870 Christian Floffkuntz. Descrição do batismo cristão de umjudeu em Torgau (Berchreibungeiner christlichebJiiden-Tauffe... ■^u Torgau). Leipzig, [1706] Johann Christian Konrad von Hofmann Enciclopédia de teologia (Encyclopádie der Theologie) Hilário de Poitiers Para Constantino Augusto (Ad Constantinum Augustum) Sobre a Trindade Karl Holl Lutero O Oriente (Der Osten) O Ocidente Friedrich Heiler. Autonomia na igreja primitiva e centralismo papal (AltkirchlicheAutonomie undpapstlicher Zentralismus). Munique, 1941 Daniel Bonifacius Haneberg. Um ensaio sobre a história da revelação bíblica (Versuch einer Geschichte derbiblischen Ojfenbarung). 2a ed. Rabisbona, 1852 Francisco Henno. Teologia dogmática, morale escolástica (Theologia dogmática, moralis, et scholastica). 8 vols. Veneza, 1785 Arthur Holborow. A evolução e a Escritura. Londres, 1892 papa Honorio I. Epístolas Horácio. Epístolas Jozef Miloslav Hurban. A igreja evangélica luterana (Církev evanjelicho-luteránská). Skalice, 1861 Gottlieb Christoph Adolf von Harless Enciclopédia e metodologia teológicaspara o ponto de vista da igreja protestante (Theologische Encyklopãdie und Methodologie vom Standpunkte der protestantischen Kirche). Nürnberg, 1837 Wilhelm Herrmann A crise da igreja protestante conectada com a teologia e sua solução (Die mit der Theologie verkniipfle Not der evangelischen Kirche und ihre Ueberwindung). Tübingen, 1913 A realidade de Deus (die Wirklichkeit Gottes). Tübingen, 1914 Georg Horn. História eclesiástica epolítica (Historia ecclesiasatica et política) Josef L. Hromádka Os caminhos de um teólogoprotestante (Cestyprotestantského theologa). Praga, 1927 A teologia e a igreja (Theologie a církev). Praga, 1949 Benjamin Harrison. O reino do céu Rngdm. Hef. Contç. Hon. Hfkntz ■Jiid. Hfmnn. Enc. Hil. Const. Trin. Hll. Eut. Ost. Oc. Hlr. Alt. Hnbrg. Vers. Hno. Teol. Holb. Evol. Escr. Hon. I. Ep. Hor. Ep. Hrbn. Crk. Hrlss. Enc. Hrmnn. Nt. Wirk Hrn. H. e. Hrom. Cst¡!. Teol. ig. Hrsn. Rein. PRINCIPAIS FONTES2 6 Hierotheos [Metropoulos] Comentário sobre 0profeta Isaías (Ερμηνεία εις τόν Προφήτην Ήσαΐαν). Atenas, 1883 Comentário sobre as epístolaspara Timóteo e Tito (Ερμηνεία εις τός τιρός Τιμόθεον και Titov έπκπολας). Atenas, 1882 Discursos da igreja (Λόγοι εκκλησιαστικοί). Atenas, 1882 Ο mistério da comunhão divina (Tó Μυστήριον τής θείας κοινωνίας). Nova York, 1942 A verdadeira adoração '(Η αληθής θρησκεία). 2a ed. Atenas, 1895 Friedrich von Hügel Ensaios epalestras sobre a filosofia da religião. 2 vols. Londres, 1949-51 O elemento místico da religjão conforme estudado em Catarina de Gênova e suas amigas. 2a ed. 2 vols. Londres, 1961 A realidade de Deus papa Inocêncio XI. Caelestis Pastor Archimandrite Innokentij. Teologjapolêmica (Bogoslovie oblicitelnoe). Kazan, 1859 Ireneu. Contra as heresias James Iverach O cristianismo e a evolução. Londres, 1894 Será Deus conhecível? Londres, 1887 O teísmo à lusç da ciência e filosofia atuais. Nova York, 1899 Ernst Daniel Jablonski. Excelentespalestras sobre as últimaspalavras de Salomão no capítulo 12 de Eclesiastes (Vortreffliche Reden überdie let fien Worte Salomons im 12. Kapitel seines Predigers) John Jamieson Um relato fiel de umjulgamento importante na corte da consciência. [Londres, 1806] O socinianismo desmascarado... ocasionado por “Ensaio prático sobre a morte de Cristo” do dr. McGill. Edimburgo, 1787 O uso da historia sagrada, em especial como ilustrando e confirmando as grandes doutrinas da revelação. 2 vols. Edimburgo, 1802 Os sermões sobre o coração. 2 vols. Edimburgo, 1789-90 A justificação da doutrina da Escritura... referente à divindade de Cristo. 2 vols. Edimburgo, 1794 John Jackson. Comentários sobre um livro intitulado cristianismo tão antigo quanto a criação. Londres, 1731 Thomas Jefferson Epístolas A vida e a moral de fesus A filosofia de fesus Sílabo de uma estimativa do mérito das doutrinas defesus comparadas com as de outros Hrth. Is. Herm. Log. Mist. Thrsk. Hug. Ens. Mist. Real. In. XI. Cael. Past. Innok. Bog. Iren. Her. Iv. Cr. evol. Deus Teis. Jab. Sal. lam. Rel. Me. Hist. sag. Serm. Vind. Jcksn. Coment. Jeff. Ep. U PJ Sil. Autores e textos ♦♦♦ 27 Observações sobre Virginia Jeremija de Nizni Novgorod. Instrução referente às verdades da fé e da igreja ortodoxas cristãs (Ucenie... ob istinachpravoslavno- Christovoj véry i cerkvi). São Petersburgo, 1864 Joannikij de Kiev. Coletânea dejubileu (fubilejni sbornik). São Petersburgo, 1899 João de Damasco Sobre a fé ortodoxa [Expositio fidei\ Homílias Joaquim Jeremias. O batismo infantil nos quatro primeiros séculos (DieKindertaifeindenerstenvierJabrhunderten). Gottingen, 1958 John Jewel. Apologia da Igreja da Inglaterra John Keble O ano cristão. Oxford, 1827 Apostasia nacional. Oxford, 1833 Ensaios e análises criticas ocasionais Cartas de conselho e orientação espirituais Karl Friedrich August Kahnis. A dogmática luterana apresentada por um método histórico-genético (Die lutherische Dogmatik, historisch-genetisch dargestellt). 2 vols. Leipzig, 1861-64 Soren Aabye Kierkegaard Concluindo umpós-escrito não rientíficopara os “Fragmentos filosóficos’’ (Afsluttende uvidenskabelig efterskrift til de Philosophiske Smuler) O conceito de ansiedade (Begrebet Angest) Ou/ou (Enten-eller) Medo e temor (Frygt og Baeven) Ataque à “cristandade” (IndYvelse i Christendom) Fragmentos filosóficos (Philosophiske Smuler) Estágios no caminho da vida (Stadierpaa livets vei) Doença mortal (Sjgdommen til Deden) Theodor Friedrich Dethlof Kliefoth Introdução à história do dogma (Einleitung in die Dogmengeschichte). Parchin e Ludwigslust, 1839 Immanuel Kant Resposta àpergunta: o que élluminismo? (Beantwortung der Frage: Was 1st Aujklárung?) Crítica da rarção prática (Kritik derpraktischen Vernunft) Crítica da rasção pura (Kritik der reinen Vernunft) A religjão dentro dos limites só da rasção (Religion innerhalb der Gremçen der blossen Vernunft) Ján Kollár. Sermões e palestras para domingos, feriados e outras ocasiões (Nedélní, suâtecne apnleíjtostné Ká^ne a Reci). vol. 2. Budapeste, 1844 Joannes Komnênos. Guiapara a adoração no monte santo Athos (Προσκυνητάριον του άγιου δροΰ του Αθωνος). Johann Georg Korb. Diário de uma jornada a Moscou (Diarium itineris in Moscoviam). Viena, [1700] Vir. Jer. Niz. Inst. Joan. Kv. fub. Sbor. Jo. D. F.o. Horn. Jrms. Kndf. Jwl. Apol. Kbl. Ano cr. Nac. ap. Oc. Esp. Khns. Dogm. Kierk. Afs. Uvid. Eft. Begr. Ang. Ent. Fr. bv. Ind. Chr. Phil. Sm. Stad. Sjg. Dd. Klfth. DG. Knt. Auf. Krip.pr. Vem. Krit. rn. Vem. Rei. Kol. KáZ. Komn. Prosk. Krb. Diar. PRINCIPAIS FONTES Diomêdês Kyriakos Contra 0 papa ’)Άντιπαπικά). Atenas, 1893 Ensaio sobre a história eclesiásüca (Δοκιμιον εκκλησιαστικής ιστορίας). Atenas, 1874 História eclesiástica desde a instituição da igreja até nossos tempos (Εκκλησιαστική ' Ιστορία άπό της ιδρύσεως της εκκλησία μέχρι των καθ ημάς χρόνων). 3 vols. Atenas, 1897-98 Manual de patrología (EjirspxPvav Πατρολογίας). Atenas, 1898 Palestras teológicas (Θεολογικάι διατριβαι). Atenas 1898 Hendrik Kraemer. A mensagem cristã em um mundo não cristão. Nova York, 1938 Charles Porterfield Krauth A Reforma conservadora e sua teologia. Filadélfia, 1871 A religião e os religionismos. Filadélfia, [1877] A. V. Kortasov. A caminho de um concilio ecumênico (Naputach k vselenskomu sohoru). Paris, 1932 Henri Dominique Lacordaire Palestras em Notre Dame de Paris (Conférences de Notre- Dame de Paris) Considerações do sistema do senhor de Lamennais (Considérations sur le système de M. de la Mennais) A vida de Dominique (Vie de saint Dominique) A igreja e 0 Império Romano no século IV (L ’Eglise et ΐ empire romain au quatrième siècle) Discurso sobre a lei da historia (Discours sur la lot de l’histoire) Discurso sobre a transferência do comando de Tomás de Aquino (Discourspour la translation du chef de Saint Thomas dAquin) Félicité Robert de Lamennais Ofuturo (LAvenir) Defesa do ensato sobre a indiferença em assunto de religião (Défense de ΐ Essai sur ¡’indifference en matiére de religion) Epístolas Ensato sobre a indiferença em assunto de religião (Essai sur ¡’indifference en matiére de religion) Os males da igreja e da sociedade e os meiospara resolvê-los (Des maux de l’Eglise et de la société, et des moyens d’y remédier) Palavras de um cristão (Paroles d’un crqyant) Reflexões sobre a condição da igreja (Réflexions sur fétat de l’Eglise) A religião considerada em suas conexões com a ordempolítica e ávil (Dela religion considérée dans ses rapports avec I’ordre politique et civil) Joachim Lange Resposta dogmática e hermenêutica ao barbarismo da ortodoxia; ou 0 sistema de dogmas evangélicos (Antibarbarus orthodoxiae dogmático-hermeneuticus sive Systema dogmatum evangelicorum). 2 vols. Berlim, 1709-11 ♦>28 Krks. Antipap. Dok. Hist. ecl. Man. Teol. Krmr. Mssge. Krth. Cons. ref. Rei. Krtsv. Sob. Lacrd. Conf. Cons. Dom. Egl. emp. rom. Lm. hist. Tos. Aq. Lam. Av. Déf. Ep. Indiff. Mx. égl. Par. cr. Réf Rei. Lang. Antibarb. Autores e textos Mittl. O correto caminho do meio (Die richüge Mittel-Stras^ e). Halle, 1712 Nach. O relato correto referente às inexatidões dos ditos “relatos inocentes” (Auffrichtige Nachricht von der Unrichtigkeit der so genannten Unschuldigen Nachrichten). 10 vols. Leipzig, 1707-14 Paul. Comentário histórico e hermenêutico sobre a vida e as epístolas do apóstolo Paulo (Commentatio historico-hermeneutica de vita et epistolis Apostoli Pauli). Halle, 1718 Leão XIII papa Leão XIII Aet. Pat. Aeterni Patris - Pai eterno Ap. cur. Apostolicae curae - Solicitude apostólica Mir. car. Mirae caritatis Surpreendente caridade Or. dign. Orientaãum digpitas ecckriarum -A dignidade das igrejas orientais Prov. Providentissimus Deus - Providentíssimo Deus Rer. Nov. Rerum Novarum - Das coisas novas Less. Gotthold Ephraim Lessing Bew. Sobre aprova do Espírito e do poder (Uber den Beweis des Geistes und der Draft) Frag. Fragmentos de um escritor anônimo de Volfembutel (Fragmente eines Wolfenbüttelscken Ungenannten) Nath. Natã 0 sábio (Nathan der Weise) Zw. Sobre a intenção de Jesus e de seus discípulos (Von dem Zweck Jesu und seiner Jünger) Veyà.Jans. Melchior Leydecker. A história do jansenismo (De historia Jansenismi). Utreque, 1695 Lid. Henry Parry Liddon Div. A divindade de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Londres, 1867 Pus. A vida de EdwardBouverie Pusey. 4 vols. Londres, 1893-97 Lmp. Friedrich Adolf Lampe Betr. Meditações sobre toda a história dos sofrimentos de Jesus Cristo, de acordo com os quatro evangelistas (Betrachtungen über diegansçe Leydensgeschichte Jesus Christi, nach alien vierEvangelisten). 2 vols. Lemgo em Lippe, 1756 Brt. A sagrada decoração nupcial dos convidados do casamento do Cordeiro (Der heilige Braut-schmuck der Hoch^eitgãste des Earns). 5a ed. Bremen, 1737 Dtr. Ratões para não responder a Peter Friderich Detry (Ursachen warum auj Peter Friderich Detry... nichtgeantwortet wird). Bremen, 1717 Ew. Str. Dois tratadlos sobre a eternidade da punição (Zwo Vêrhandlungen von der Ewigkeit der Strafen). Bremen, 1729 Ghm. O mistério da aliança da graça (Geheimnis des Gnaden- Bundes). 2 vols. Bremen, 1719 Hist. Sinopse da história sagrada e eclesiástica (Synopsis Historiae sacrae et ecclesiasticae). 4a ed. Utreque, 1747 Teol. rud. Rudimentos da teologia argumentativa (Rudimento theologiae elenchticae). Bremen, 1729 ♦ ♦ ♦ -2c, Compêndio de teologia natural (Compendium theologiae naturalis). Utreque, 1734 Bernard Lonergan. Sobre a divina Trindade (De Deo trino). 2 vols. Roma, 1964 Sophocles D. Lôlê. Sobre 0primeiro credo (Περ'ι τό πρώτον Σύμβολον της Πιστεως). Atenas, 1958 Valentin Ernst Loescher Palavras finais e fiéis para sua amada congregação em Delitsch ÇLetsçte undgetreue Worte an seine Geliebte Gemeinde %u Delitsçsch). Leipzig, [1707] Três sermões sobre 0 conhecimento e a honra do Filho de Deus (Drey Predigten von der Erkãnntnis und Ehre desSohnes Gottes). Dresden e Neustadt, 1733 Sermão evangélico sobre os vários ouvintes da palavra de Deus (Evangelische Predigt von unterschiedlichen Hòrern dergõttlichen Rede). Dresden, 1734 A s repkxões necessárias sobre 0 livro “Pensamentos livres sobre a religião” (Nothige Reflexionen überdas... Buch Pensées libres sur la religion). Wittenberg, 1724 Consideração fundamental da infalibilidade da igreja católica-romana como nula e varfia (Gründliche Vorstellung von der Romisch-Catholischen Kirche nichtingen Unfehlbarkeit). Frankfurt e Leipzig, 1724 Henri de Lubac. EHstória e espírito (Elistoire et esprit). Paris, 1950 Martinho Lutero Catecismo Maior (Deutscher Katechismus) Caterismo Menor (Kleiner Katechismus) Comentário de Natal (Weinachts-Postille) Sermão sobre 0 sacramento (Ein Sermon von dem hochwiirdigen Sakrament des heiligen wahren Leichnams Christi und von den Brüderschaften) William Law Três cartas para 0 bispo de Bangor Um tratado práüco sobre a perfeição cristã Uma demonstração dos erros grosseiros efundamentais de um livro tardio O caso da rafiio, ou religião natural, declarado de modojusto e pleno Um chamado sério à vida devota e santa William McGill. Um ensaio prático sobre a morte defesus Cristo. Edimburgo, 1786 Heinrich Majus. Epístolapara Friedrich Merger (Epístola ad... Fridericum Mayerum). n.p. 1705 Makarij, metropolitano de Moscou História da Academia [Espiritual] de Kiev (Istorija Kievskoj akademij). São Peterburgo, 1843 Teologia ortodoxa dogmática (Pravoslavno-dogmaticeskoe PRINCIPAIS FONTES Theol. nat. Lnrgn. D. tr. Lôl. Sjmb. Lschr. Del. 30 ♦♦♦ Dr. pred. Hor. Pens. Unfehl. Lub. Hist. esp. Lut. Dtsch. Kat. Kl. Kat. Post. Serm sacr. Lw. Bngr. Cr. peif. Dem. er. RaZ■ Ch. ser. McGl. Ens. Maj. Mayr. Mak. Kv.Ak. Prav. bog. Autores e textos História do cisma russo (Istorija russkago raskola). 2a ed. São Petersburgo, 1858 Apostólos Makrakès A tripla composição do homem (Tó τρισύνθετον του ανθρώπου). Atenas, 1882 Comentário sobre 0 Novo Testamento inteiro ’(Ερμηνεία δλης της καινής διαθήκης). 4 vols. Atenas, 1891 Palestras catequéticas sobre 0 credo (Λόγοι κατηχητικοί επί του συμβόλου της π'ιστεως). Atenas, 1871 Philip Marheinecke. Institutos de simbólicos (Institutiones symbolicae). 2a ed. Berlina, 1825 Michel Angelo Cesare Marcelli. Instituías teológicas [.Institutiones theologicae Jacques Maritain. Tomás de Aquino. Nova York, 1958 Johann Friedrich Mayer Contra Spener (Anti-Spenerus). Hamburgo, 1695 Limitações visíveis de julgamento (Eroffnete Gerichts- Schrancken). [Hamburgo], 1708 Resposta branda e completa para afaculdade teológica de Halle (Gelinde undgründlicheAntwort auffder TheologicalFacultàt íçu Halle... Vérantwortung). Leipzig, 1707 O abuso da liberdade dos cristãos (Missçbrauch derFreyheit der Glaubigen). [Hamburgo], 1692 Comentário sobre ospietistas da igreja da Antiguidade (De Pieüsüsecdesiae veteriscommentatio). Hamburgo, 1696 Sobre a eleição do papa (Depontificis romani electione). Holmia e Hamburgo, 1690 Palestras espirituais (Geistliche Reden). Berlim, 1702 A inocência de Wittenberg de um duplo assassinato (Das bey doppeltem Mord unschuldige Wittenberg). Wittenberg, 1686 Virgil Michel. A liturgia da igreja de acordo com o ritual romano. Nova York, 1938 Alexander Mack Sênior. Apresentação breve e simples das regras e ordenanças da casa de Deus (Kunçe und einfdltige Vorstellungder... Rechten undOrdnungen desHauses Gottes). Germantown, Pa., 1774 Filipe de Melâncton. Loci Élias Mêniatés. Sermões de quaresma (Διδαχαι εις την αγίαν κοίι μεγάλην τεσσαρακοοτήν). Johann Adam Mõhler Atanásio, 0 Grande, e a igreja de sua época (Athanasius der Grosse und Se Kirche seiner Zeit). Mainz, 1827 Unidade na igreja; ou 0princípio do catolicismo apresentado no espírito dospais da igreja dos trêsprimeiros séculos (Die Einheit in der Kirche, oder, Das Princip des Katholicismus, dargestellt im Geiste derKirchenváterderdrei erstenJahrhunderte). 2a ed. Tübingen, 1843 ♦ ♦ ♦ 3 1 Rask. Makr. Trip. N T Pal. cat. Mar. Inst. symb. Marc. Inst. Marit. Tom.Aq. Mayr. Anti-spen. Ger. Hall. Mis. Piet. Pont. rom. Red. Witt. Mchl. Lit. Mck. Vor. Mel. Loc. Mên. Did. Mhlr. Ath. Ein. PRINCIPAIS FONTES Ges. Schr. Escritos e cartas reunidos (Gesammelte Schriften und Aufsàtsçe). 2 vols. Ratisbona, 1839-40 Lehr. Novas investigações nas oposições doutrinais entre os católicos e osprotestantes (Neue Untersuchungen der Lehrgegensãtiçe ^ uischen den Katholiken und Protestanten). 2a ed. Mainz, 1835 Pat. Patrología ou história da literatura cristã (Patrologie, oder Christliche Literàrgeschichte) Symb. Símbolos ou apresentação das oposições dogmáticas de católicos eprotestantes de acordo com seus escritos confessionais públicos (Sjmbolik: oder Darstellung der dogmatischen Gegensátsçe der Katholiken und Protestanten nach ihren offentlichen Behenntnisschriften) Mich. Od. Ev. arquimandrita Michail de Odessa. Sobre os evangelhos e a história do evangelho (0 evangelijach i evangelickoj istorij). Moscou, 1865 Mid. Conyers Middleton Ltr. Rom. Uma carta de Roma mostrando conformidade exata entre 0papismo e 0paganismo. Londres, 1729 Mir. Livre inquirição dospoderes milagrosos que supostamente subsistiram na igreja cristã. Londres, 1749 Wat. Uma carta do dr. Waterland. Londres, 1731 Milt. John Milton Aerop. Areopagitica Doct. Dois livros de investigações na doutrina cristã tirados só das sagradas Escrituras (de Doctrina Christiana IJbri Duo Posthumi) Mmchi. Orig. ant. Tommaso Maria Mamachi. Origem e antiguidade cristãs (Origines et antiquitates christianae). 5 vols. Roma, 1749-55 Mnkn. Bl. Gottfried Menken. Percepções da vida de Paulo e das congregações cristãsprimitivas (Blicke in das Leben des Aposteis Paulus und der ersten Christengemeinden). Bremen, 1828 Mnschr. DG. Wilhelm Münscher. História do dogma cristão (Lehrbuch der christlichen Dogmengeschichte) Mnd. Charles René Forbes, o conde de Montalembert Ang. Sobre 0futuro político da Inglaterra (De í 'avenirpolitique de lAngleterre) Ans. Anselmo (Saint Anselme) Av. Ofuturo (LAvenir) Elis. A história de Elizabeth da Hungria (Histoire de sainte Elisabeth de Hongrie) Int. cath. Os interesses católicos no século X IX (Des intérêts catholiques au dix-neuvième siècle) Lib. égl. A liberdade da igreja (Liberté de 1’église) Mor. Luí. Tomás More. Resposta a Lutero Mos. Johann Lorenz von Mosheim Tol. Comentário sobre a vida... de John Toland (De vita... foannis Tolandi commentatio). Hamburgo, 1722 Vind. disc. Justificação da disciplina dos cristãos da Antiguidade contra 0 "Nazareno” de John Toland (Vindiñae antiquae Christianorumdisciplinae, adversas... Jo. Tolandi... Nasçarenum). 2a ed. Hamburgo, 1722 Autores e textos A 33■Φ- Frederick Denison Maurice. Subscrição sem sujeição. Londres, 1835 Giovanni Francesco Marchini. Sobre a divindade e canonicidade da Bíblia sagrada (De divinitate et canoniritate Sacrorum Bibliorum). Turim, 1874 Johannes à Marck Comentário sobre a revelação de João (In Apocalypsin Johannis commentarius) Comentário sobre 0 Cântico dos cânticos (In Canticum Shelomonis Commentarius) Compêndio didático e argumentativo da teologia cristã (Compendium theologiae Christianae didactico-elencticum) Exercícios exegéticos (Exegeticae exercitationes) Comentário sobre várias partes importantes do Pentateuco (Inpraecipuasquasdam Partes Pentateuch¿ Commentarius) Exercícios escriturais sobre 25 passagens selecionadas (Scripturariae exercitationes ad quinqué et viginti selecta loca) Coletânea de dissertaçõesfilológicas e teológicas sobre certos textos selecionados do Novo Testamento (Sylloge dissertationum filológico-theologicarum ad selectos quosdam textus Novi Testamenti) Exercícios textuais sobre cinquenta passagens selecionadas (Textuales exercitationes ad quinquaginta selecta loca) Jôannês Nikolaos Alexandras Maurokordatus Sobre as obrigações (Περί καθηκόντων: De officiis). Leipzig, 1722 Christian Maurer John Courtney Murray O problema de Deus: ontem e hoje. New J-íaven, 1964 Defendemos essas verdades: reflexões católicas sobre a preposição norte-americana. Garden City, N.Y, 1964 Eusthatios Métzês. Teofilacto da Bulgária ’(Ερμηνεία ει τα τέσσαρα'ιερα Ευαγγελία). Leipzig, 1788 Jacob Peter Mynster Considerações das doutrinas da fé cristã (Betragtninger over de christelige troeslaerdomme). 3a ed. 2 vols. Copenhagen, 1846 Sobre as edições dinamarquesas do Cateàsmo Menor de Eutero (Om de danske udgaver af Luthers Hile katechismus). 2a ed. Copenhagen, 1837 Sermões para todos os domingos e dias de festa do ano (Praedikenerpaa alieS0n- ogHellig-Dagei Aaret). 4a ed. Copenhagen, 1845 Philippe Naudé [Naudãus] Breve história do surgimento e avanço do quacrismo com alguns de seus dogmas (Histoire abregée de la naissance et duprogre% du kouakerisme, avec celle de ses dogmes). Paris, 1699 Investigação apartidária e meticulosa da teologia mística (Unpartheyische und Grundliche Untersuchung der mystischen Theologie). Zerbst, 1713 Mrce. Sub. Mrchn. Sacr. Bib. Mrck. Apoc. Cant. Comp. Exeg. exerc. Pent. Scrip, exerc. Syl Text. Exerc. Mrkrd. Off. Mrr. Mry. Prob. D. Verds. Mtz. Theoph. Mynst. Betr. Lut. Kat. Pr. Naud. Kouak. Myst. PRINCIPAIS FONTESΛ ·♦3 4 Nbr. Reinhold Niebuhr FU l. Os filhos da luç e os filhos das trevas. Nova York, 1944 Fé hist. Fé e história: uma comparação dasperspectivas cristã e moderna da história. Nova York, 1949 Nat. dest. A natureza e 0 destino do homem. 2 vols. Nova York, 1943 Neum. Erdmann Neumeister Adv. Instrução cristã sobre a observância do advento, do Natal e do Ano Novo que agradam a Deus (Christlicher unterricht wiedieh.Adventsgeit, dash. Christ- Fest und das NeueJahrgotgefállig yufeiren sey). [Hamburgo], 1737 Bern. Urna prova firmemente estabelecida de que Cristo Jesus Εν. Nach. ofereceu satisfação por nós e por nossos pecados (FestgegriindeterBeweis... das% ChristusJesus fúr uns und unsere Sünden gnunggethan). 2a ed. [Hamburgo], 1730 Eco evangélico (Evangelischer Nachklang). 2 vols. Fiinf. Hamburgo, 1726-29 A s quíntuplas devoções contínuas da igreja (Fortgesetgte Hnd. junjfache Kirchen-Andachten). 2 vols. Hamburgo, 1726 Os versículos de louvor do dito cão lavrador (Lob-gedichte Marp. des sogenannten Bauer-Hundes). Hamburgo, n.< Prova de que a dita consideração escriturai do argumento SI doutrinai de Marpergnão é escriturai (Beweis, dass die Marpergish sogenannte schriftmãssige Betrachtung des Lehr-Elenchi nicht schriftmãssigsey). [Hamburgo], 1727 Salmos, hinos de louvor e cânticos espirituais (Psalmen Rch. und lobgesànge undgeistliche Heder), n. p., n. d. Oferta queimada espiritual: sermões sobre a oração comum Wied. da igreja (Geistliches Ràuch-opjer; das 1st, predigten über das gemeine kirchengebeth). [Hamburgo], 1751 Refutação completa da recentemente publicada breve Newm. apresentação da dita restituição de todas as coisas por Ludwig Gerhard (Gründliche Wiederlegung des von M. Ludwig Gerhard neulich herausgegebenen Kurtyen Begrijfe von der alsogenannten Wiederbringung aller Dinge). Hamburgo, n.d. John Henry Newman Apol. Apologia Pro Vita Sua (Defesa da própria vida) Ar. Os arianos do século IV. 6a ed. Londres, 1890 Art. X X X IX Comentários sobre certas passagens dos 39 Artigos Des. Um ensaio sobre 0 desenvolvimento da doutrina cristã Gram. Um ensaio em auxílio de uma gramática de concordância Id. univ. A ideia de uma universidade definida e esclareáda Insp. Sobre a inspiração da Escritura Dia. Diário Min. com. Pensamentos sobre a comissão ministerial Prim. prat. A obrigação atual da prática primitiva Autores e textos ♦♦♦ 35 ♦ Palestras sobre afunção profética da igreja vista em relação ao catolicismo e ao protestantismo popular Palestras sobre a prova escriturai das doutrinas da igreja Sermões,principalmente sobre a teoria da crença religiosa, pregação para a Universidade de Oxford, Londres, 1843 A igreja visível Helmut Richard Niebuhr O propósito da igreja e seu ministério. Nova York, 1956 Cristo e a cultura. Nova York, 1951 O monoteísmo radicale a cultura oridental. Nova York, 1960 O sentido da revelação. Nova York, 1960 A sfontes sociais do denominarionalismo. Nova York, 1929 Johann Georg Neumann A defesa obrigatória da honra (Abgedrungene Ehren- Rettung). Wittenberg, 1699 Extensa discussão da questão do termo divino de graça (Ausfúhrliche Erorterung derFrage vom góttlichen Gnaden-Termin). Wittenberg, 1701 Opresságio contra Spener (ProdromusAnti-Spenerianus). Wittenberg, 1695 Uma defesa firme (Standhafte Vertheidigungj. Wittenberg, 1696 A discussão da questão do termo peremptório de salvação (Erorterung derFrage vom Termino Salutis Peremptorio). Wittenberg, 1700 Henri Noris A historia do pelagianismo (Historia pelagiana) A dissertação histórica sobre o Quinto Concilio Ecuménico (Dissertatio histórica de synodo quinta) Vindicação de Agostinho (Vindiciae Augustiniane) Wilhelmm Niesel. Confissões e ordens eclesiásticas da igreja reformada em concordancia com a palavra de Deus (Bekenntnisschriften und Kirchenordnungen der nach Gottes Wort rformierten Kirche). Munique, [1938] Heinrich Georg Neuss. Testando o espírito e a doutrina de Dippel (Probatio spiritus et doctrinae Democriti, Das ist, Prüfung des Geistes und derLehre Christiani Democriti, sonst Dippelgenannt). Frankfurt e Leipzig, 1701 Senado de Nürnberg John Williamson Nevin A presença mística Introdução para Philip Schafjf]. Oprincipio doprotestantismo Constantino Oikonomos. Duas epístolas de Gregorio de Nissa (Δύο έπιοτολαι). Atenas, 1850 Orígenes de Alexandria Contra Celso (Contra Celsum·) Sobre os primeiros princípios (De principiis) Giuseppe Agostino Orsi. Sobre a historia da igreja (Della istoria ecclesiastica). 20 vols. Roma, 1747-62 Prof. Escr. prv. Univ. Serm. Vis. ig. Nieb. Ig. min. Cris. cult. Rad. mon. Rev. Soc. Nmnn. Ehr. Er. Spen. St. Ver. Term. Nrs. Hist. pel. Syn. quint. Vind. Aug. Nsl. Bek. KO. Nss. Dipp. Nurn. Sen. Nvn. Mist. pres. Schf. Oik. Gr. Niss. Or. Cels. Princ. Ors. 1st. PRINCIPAIS FONTES Jean Frédéric Osterwald Argumentos e reflexões sobre os livros e capítulos da Bíblia sagrada (Argumens et reflexions sur les livres et sur les chapitres de la Sainte Bible). 2 vols. Neuchâtel, 1720 Caterismo ou instrução na religião cristã (Catechisme ou instrucüondanslare&gonchriúenne). Neuchâtel, 1747 Tratado sobre as fontes da corrupçãoprevalecentes nos dias atuais entre os cristãos (Traité des sources de la corruption, qui règne aujou-d’huiparmi les Chrétiens). 2 vols. Amsterdã, 1700 Dotçe sermões sobre vários textos da sagrada Escritura (Dousçe sermons sur divers textes de lEcriture sainte). Genebra, 1722 Compêndio de ética cristã (Ethicae Christianae Compendium). Londres, 1727 William Paley Evidências do cristianismo Horae Paulinae (Horaspaulinas) Teologia natural Crisóstomo Papadopoulos. Estudo histórico e crítico do credo do Segundo Concilio Ecumênico (10 σΰμβολον της B οικουμενικής συνόδου ιστορική και κριτική μελετή). Atenas, 1924 Johann Wilhelm Petersen O banquete de casamento do Cordeiro e sua noiva (Die Hochtçeit des Lammes und der Braut). Offenbach am Main, [1701] O mistério da restituição de todas as coisas (Μυστήριον άποκατάστεως πάντων, d. i. Geheimnis der Wiederbringung aller Dinge). 3 vols. Frankfurt, 1700-1710 Christoph Matthaus Pfaff. Introdução para a História literária da teologia (Introductio in historiam theologiae literariam). 2a ed. 2 vols. Tübingen, 1724-26 Blasios I. Pheidas História da igreja (Εκκλησιαστική ιστορία). Atenas, 1973 Pressuposições histórico-canânicas e eclesiológicas da interpretação dos cânones sagrados (Ιστορικοκανονικάι και έκκλησιολογικάι προϋποθέσεις ερμηνείας των ιερών κανόνων). Atenas, 1972 A autoridade dapentarquia dospatriarcas '(O θεσμός τής πενταρχίας των πατριάρχων). 2 vols. Atenas, 1969-70 patriarca Fócio de Constantinopla. Biblioteca (Bibliotheca) papa Pio IX Ineffabilis Deus (Deus inefável) Lista de erros papa Pio X Lamentabili (Lamentável) Pascendi dominici gregis (Do apascentamento do rebanho) Ost. Arg. ref. Cat. Corrupt. 36 ♦♦♦ D%. serm. Eth. Pal. Ev. cr. Hor. Paul. Nat. teol. Papad. Simb. Pet. Hch t^. Mist. Pff. Hist. teol. Phds. Ekk. Kan. Pent. Fot. Bib. Pio IX. Ineff List. Pio X. Lam. Pase. Autores e textos ♦♦♦ 37 ♦ Sacrorum antistites (Aos bispos) papa Pio XI Casti connubii (Acerca do matrimônio cristão) Divini illius magistri (Acerca da educação cristã) Quadragésimo anno (Quadragésimo aniversário) papa Pio XII Divino afflante Spiritu (Sobre os estudos bíblicos) Humani generis (Sobre algumas doutrinas errôneas) Munificentissimus Deus (Deus munificentíssimo) Mystici corporis (O corpo místico de Cristo) Franz Pieper Dogmas cristãos (Christliche Dogmatik). 3 vols. Saint Louis, 1917-24 C. E. Plumptre. Esboço geral da história do panteísmo. 2 vols. Londres, 1878-79 William Palmer. Observações de uma visita à igreja russa nos anos 1840, 1841. Londres, 1882 K. Plotnikov. Breve manual sobre 0 movimento de asma (Kratkoe rukovodstvopo raskolovedeniju). São Petersburgo, 1902 Barthélémy Pinchinat. Dicionário cronológico, histórico e crítico sobre a origem da idolatria (Dictionnaire chronologique, historique, critique, sur ΐ origine de l’idolatrie etc.). Paris, 1736 Guiseppe Pennacchi. O caso do papa Honorio Ino Sexto Concilio Ecumênico dirigido aospais do Concilio Vaticano (De Honorii I, romanipontificis causa in Concilio VI... adpatres Concilii Vatican¡). Ratisbona, 1870 Pierre Poiret A educação cristã das crianças com base em princípios verdadeiros (De Christiana liberorum e veris principiis educatione libellus). Amsterdã, 1694 A fée a ra^ ão comparadas (Fides et ratio collatae). Amsterdã, 1708 A economia divina (E’oeconomie divine). 2 vols. Frankfurt, 1705 A teologia do coração ou coletânea de vários tratados contendo esclarecimentos divinos das almaspuras e simples (La théologie du coeur, ou recueil de quelques traites qui contiennent les lumiéres lesplus divines des âmes sitnples etpurés). 2a ed. Colonia, 1690 Coletânea de vários tratados de teologia mística (Recueil de divers traitesçde théologie mystique). Colonia, 1699 Policarpo de Esmirna. Epístola para os Filipenses Comissão Bíblica Pontifical (Pontificia Commissio de Re Bíblica) John B. Purcell Otto Proksch Giovanni Perrone. Palestras teológicas (Praelectiones theologicae). 32a ed. 10 vols. Turim, 1877-79 Joseph Priestley. Sócrates e Jesus comparados. Filadélfia, 1803 Giovanni Vincenzo Patuzzi. Sobre a busca do local do inferno na terra (De sede inferni in terris quaerenda). Veneza, 1763 Sacr. ant. Pio XI. Cast. con. Div. il. mag. Quad. Pio XII. Div. affl. Spir. Hum. gen. Mun. Myst. corp. Piep. Chr. dogm. Pimp. Pan. Plmr. Ig. russ. Plot. Rask. Pnch. Diet. Pnnch. Hon. Poir. Chr. ed. Fid. rat. Oec. div. Teol. cr. Teol. mist. Polic. Ep. Pont. Com. Bib. Prcl. Prksch. Prn. Prael. Prstly. Soc. Ptz. Sed. inf. PRINCIPAIS FONTES Edward Bouverie Pusey. Uma inquirição histórica nasprováveis causas do caráter racionalista predominante últimamente na teologia da Alemanha. 2 vols. Londres, 1828-30 Pasquier Quesnel O caso deArnauld, ou Antoninus Arnaldus, vindicado (Causa Arnaldina, Antoninus Arnaldus... vindicatus). Liège, 1699 Esboço da história da congregação sobre 0 auxílio da graça (Abrégé de I’histoire de la Congregation De Auxiliis). Frankfurt, 1687 A patç do papa Clemente IX (La paix de Clement IX). Chambéry, 1700 Defesa da Igreja de Roma e seus pontífices soberanos (Defense de 1’église romaine et souverains pontifes). 2a ed. Liège, 1697 Duas coletâneas de muitos atos, declarações e outraspeças (Deux recueils deplusiers actes, déclarations, et autrespieces). [Chambéry, 1700] Exercidos de piedade (Exercises de piété). Paris, 1693 Explicação apologética dos sentimentos do pai Quesnel (Explication apologétique des sentiments du Père Quesnel). 2 vols. n.p. 1712 Karl Ludwig Rebstock. Sobre a penitência (De poenitentia). Frankfurt, 1708 Hermann Samuel Reimarus. Apologia ou defesa dos adoradores de Deus racionais (Apologie oder Schutvçschrift für die vernünftigen Verehrer Gottes) Johann Rempen Um emissário extraordinariamente talentoso (Ein extraordinair... abgefertigter Courrier). Hildesheim, 1698 O imortalEutero (UnsterblicherLuther). Hildesheim, 1699 Eusèbe Renaudot Dissertação não publicada sobre liturgias orientais (Dissertatio inédita de liturgiis orientalibus) Coletânea de liturgias orientais (Liturgjarum Orientalium Collectio). 2 vols. Paris, 1716 Walter Rauschenbusch O cristianismo e a crise social. Nova York, 1907 Concepções de missões Uma teologia para 0 evangelho social. Nova York, 1917 Albrecht Ritschl Fé implícita: uma investigação da fé cega, do conhecimento e fé, da fé e da igreja (Fides implícita. Eine Untersuchung über Kohlerglauben, Wissen und Glauben, Glauben undKirche). Bonn, 1890 Ensaios reunidos (GesammelteAufsàtge). Freiburg im breisgau, 1893 A história dopietismo (Geschichte des Pietismus). ?! vols. Bonn, 1880-86 38 A ♦ Pus. Hist. Qnl. Arn. Aux. Clém. IX. Déf. égl. rom. Dx. rec. Ex. piét. Exp. apol. Reb. Poen. Reim. Apol. Remp. Cour. Lut. Rndt. Diss. Lit. Or. Rsch. Crist, soc. cr. Miss. Teol. Rd. Fid. imp. Ges. A uf Piet. Autores e textos A doutrina cristã da justificação e reconriliação (D ie christliche Lehre von derRechtfertigung und Versohnung). 3 vols. Bonn, 1882-83 Teologia e metafísica (Theologie undM etaphysid). 2a ed. Bonn, 1887 Instrução na religião cristã (Unterrichtin derchristlichen Religion) Otto Ritschl. H istória do dogma protestante (Dogmengeschichte des Protestantism us). 4 vols. Leipzig e Gottingen, 1908-27 Rufino. Comentário sobre 0 Credo dos A póstolos (Com m entarius in symbolum apostolorum) Johann Michael Sailer E pístolas M anual da moralidade cristã (H andbuch der Christlichen M oral). 3 vols. Munique, 1817 Palestras sobre teologia pastora l (Vorlesungen aus der Pastoraltheologie). 5a ed. 3 vols. Sulzbach, 1835 Confissão de Savoia Hans von Schubert. O desenvolvimento das confissões epolíticas da igreja (1524-1534) [B ekenntnisbildungundReligionspolitik (1524-1534)]. Gotha, 1910 Johann Caspar Schzáe.. Acorde, Berlim ! O u triplo testemunho do Senhor Jesus sobre Jerusalém (Bedencke B erlin! D as ist, des H errn Jesu dreyfaches Zeugnis iiber Jerusalem). Leipzig, 1696 Philip Schaff [Schaf]. O princípio do protestantism o Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher A fé cristã apresentada de modo sistemático de acordo com os princípios fundam entais da igreja evangélica (D er christliche Glaube nach den G rundsàt^en der evangelischen Kirche im Zusammenhange dargestellt) A moralidade cristã (D ie christliche Sitte) Introdução ao N ovo Testamento (E inleitung in das N eue Testament) A história da igreja cristã (Geschichte der christlichen Kirche) Herm enêutica (H erm eneutik) C rítica (K ritik) A vida de Jesus (D as I^eben Jesu) Sobre a religião:palestraspara os civilizados em meio a seus desdenhadores (U berdie Religion: Reden an die Gebildeten unter ihren Verüchtern) Edmund Schlink. Teologia das confissões luteranas (theologie der lutherischen Bekenntnisschriften). 3a ed. Munique, 1948 Hermann Schultz. Rom anos 9.5 explicado em seu contexto teológico exegético, crítico e bíblico (Rom er 9,5 in exegetischer, critischer und biblisch- theologischer B efiehung erklãrt) Johann Schmidt. U m sermão cristão sobre 0 caminho e 0 modo de fa z e r um a confissão ( Christliche Predigt von... der A r t und Weise zu beichten). Estrasburgo, 1662 39 Recht. Teol. met. Unt. Rtschl. D G . Prot. Rufin. Sjm b. Sail. E p . M or. Past. Sav. Conf. Schbrt. B ek. Schd./ír. Schf. Prin. prot. Schl. Chr. gl. Chr. st. E in . N . T. Gesch. H erm . Krit. Eeb. Jes. Rei. Schlnk. Th. B ek. Schltz. Rom . 9 .5 Schmdt. Bcht. PRINCIPAIS FONTES Alexander Schmemann. O caminho histórico da ortodoxia oriental (Istorieceskij P u f Pravoslavija). Nova ed. París, 1985 Justus Schoepfer. Lulero salvo da fogueira (Lutherus non combustus). Wittenberg, 1717 Friedrich Wilhelm Schütz. D isputa inaugural: sobre a utilidade das heresias na igreja (D isputatioi inauguralis D e haeresium in ecclesia utilitate). Leipzig, 1724 Albert Schweitzer. Goethe. Olten, 1953 Johann David Schwerdtner (Innocentius Deodatus Sincerus) Sérios escrúpulos de consciencia sobre a comunhão defendida em Kónigsberg (Dringende Geivissens-Scrupel in der %u Kónigsberg... gehaltenen Communion). [Kónigsberg], 1707 Eduard Schweizer Christian Scriver O tesouro da alm a (D er Seelenschatfj Devoções ocasionais (Zufdllige Andachten) Sebastian Seemüller Johann Salomo Semler Introdução à teologia dogmática (E inleitung in die dogmatische Gottesgelersamkeit). Em: Siegmund Jakob Baumgarten. D outrina evangélica da fé (Evangelische Glaubenslehre). 3 vols. Halle, 1759-60 Também sobre o alegado calvinismo em Gottingen (A uch überden vorgeblichen C alvinism us in Gottingen). Halle, 1788 Explicação completa de varias novasproposições, censuras e reclamações teológicas (Ausfúhrliche E rklürung über einige neue theologische Aufgaben, Censuren und Klagen). Halle, 1777 Breve instrução no conhecimento teológico liberal (Institutio breviorad liberalem eruditionem theologicam׳). 2 vols. Halle, 1765-66 Resposta a “Fragmentos de um escritor anónim o”, em particular a “Sobre a intenção de Jesus e de seus discípulos" (Beantwortung der fragm ente eines U ndekannten insbesondere vom Zw eck Jesu und seinerJünger). 2a ed. Halle, 1780 A para to para a interpretação liberal do N ovo Testamento (A pparatus ad liberalem N o v i Testamenti interpretationem). Halle, 1767 U ltim a confissão de f é sobre a religião natural e cristã (Petates G laubensbekenntniss über natürliche und christliche Religion) A para to para a interpretação liberal do A n tig o Testamento (A pparatus ad liberalem Veteris Testamenti interpretationem). Halle, 1773 William Sherlock D efesa e continuação do discurso referente ao conheámento de Jesus Cristo. Londres, 1675 E stado a tua l da controvérsia socinianista. Londres, 1698 4 ° «A- ♦ Schmn. Prav. Schpf. L u t. Schtz. H aer. Schw. Gth. Schwrd. Comm. Schwzr. Scriv. Seel. Z u f A n d . Seem. Sem. Baum . Calv. E rk l. E rud. Frag. N T int. Rei. V T int. Sherl. D ef. Soc. Autores e textos ·ê U m a vindicação das doutrinas da santa e sempre abençoada Trindade e da encarnação do F ilho de Deus. Londres, 1690 Massey Hamilton Shepherd. Comentário do livro norte-americano de oração de O xford. Nova York, 1950 Thomas Sherlock. Comentários sobre 0 tratam ento do clero e da convocação segundo 0 senhor bispo de Bangor. 3a ed. Londres, 1717 Simeão de Tessalônica. Sobre a sagrada liturgia Josyf Slipyj E pístolas Mensagens (Poslanija) Λ doutrina geral do sagrados sacramentos (Zahalna nauka pro svjati tajni) Vladimir Sergeevic Soloviev Palestras sobre 0 ser homem e D eus (Ctennija 0 Bogocelovecestve) O sfundam entos espirituais da vida (Duchovnyja osnovy fig n i) A ideia russa (U idée russe) C rítica de princípios abstratos (K ritika otvlecennich nacal) A R ússia e a igreja universal (L a R ussie et 1’église universelle) A sabedoria (L a Sophia) O grande cisma e a política cristã (V e lik ij spor i christianskaja p o litika ) Karl Ludwig Schmidt Concilio [Sobor] da Igreja Ortodoxa Russa em Moscou O credo social das igrejas Sócrates Escolástico. H istória eclesiástica Nathan Sõderblom U m estudo do entendimento cristão da f é na revelação (E tt bidrag till den kristn a uppenbarelsetrons tolkning). Uppsala, 1911 Comunhão cristã: a vida e 0 trabalho unidos da cristandade. Nova York, 1923 O problem a da religião no catolicismo e no protestantism o (religionsproblemet inom katolicism och protestantism ). Estocolmo, 1910 O D eus vivo:formas basais de religião pessoal. Londres, 1933 A religião e 0 E stado (Religionen och staten). Estocolmo, 1918 E nsaios (T a l och essayer) O ensinamento de Jesus sobre 0 reino de D eus (Jesu undervisning om Guds rike). 3a ed. Estocolmo, 1933 Religião de revelação (Uppenbarelsereligion). 2a ed. Estocolmo, 1930 Friedrich Spanheim (o Jovem) Controvérsias sobre a religião (E lenchus Controversiarum de religione) D efesas do evangelho segundo M ateus (Evangelicae vindicae) Exercícios acadêmicos (E xercitationes academicae) H istória da igreja (H istoria ecclesiastica) 41 V ind. Shprd. Com. Shriek. Bngr. Sim. Tess. L it. Slp. E p. Posl. Taj. Slv. Bogo. D uch. osn. Id. russ. K rit. R us. égl. Soph. V lk . spr. Smdt. Sob. Soc. Crd. Soer. I /. e. Sod. Bid. Com. cr. K at. prot. D s. viv. Rei. st. Tl. Und. Upp■ Span. Cont. E v. vind. E xerc. acad. H . e. PRINCIPAIS FONTES Sobre aprescrição em assuntos de fé (Depraescriptione in rebus fidei) A s dádivas de inimigos não são dádivas ou A s dádivas dos católicos-romanos corretamente avaliadas (Εχθρών δώρα αδωρα seu Xenia Romano-Catholicorumjustepretio aestimata) Philipp Jakob Spener Defesa completa de sua inocência contra 0prefácio do dr. Valentino Alberto (Gründliche Vertheidigung seiner Unschuld...gegen Herrn D. Valentini Alberti... Praefat). Stargardt, 1696 Resposta completa (Gründliche Beantwortung). Frankfurt, 1693 Derradeiros julgamentos teológicos (iM^te theologische Bedenchen) A teologia compartilhada por todos os cristãos e teólogos autênticos (Die allgemeine Gottesgelehrtheit allerglaubigen Christen und rechtschaffenen Theologen). Frankfurt, 1680 Que nosso Senhor é 0 verdadeiro Messias ou Cristo (Das% unserHerr Jesus der wahre Messias oder Christus seje). Frankfurt, 1701 Valentino Steccanella. Reflexão teológica contra a nova doutrina da necessidade de um consenso unânime dos bispos (Adversus novam doctrinam de necessitate unanimis episcoporum consensus theologica disquisitio). Roma, 1870 Ethelbert Stauffer. A teologia do Novo Testamento (Die Theologie des Neuen Testaments). 3a ed. Stuttgart, 1947 Robert South Animadversões sobre 0 livro do dr. Sherlock. 2a ed. Londres, 1693 Acusação de triteísmo à nova noção da Trindade do dr. Sherlock. Londres, 1695 Johann Melchior Stenger./íj-wr nosso único Senhor e Legislador (Jesus unser einiger Herr und Gesetsçgeber). n.p., 1693 Solomon Stoddard Um apelo ao douto. Boston, 1709 Um tratado referente à conversão. Boston, 1719 Um guia para Cristo. Boston, 1714 A certeza do aparecimento no dia do julgamento na justiça de Cristo. Boston, 1687 Samuel Strimesius. Dois tratados sobre a união dos protestantes na igreja (Tractatus duo, De unione Evangelicorum ecclesiastica). Amsterdã, 1711 David Friedrich Strauss. O Cristo dafé e o Jesus da historia (Der Christus des Glaubens und der Jesus der Geschichte) Aleksandr Sturza. Manual do cristão ortodoxo ’(Εγχεΐριδιον του’Ορθοδόξου Χριστιανού). São Petersburgo, 1828 Basileios Stavrides.M ortodoxia e 0 anglicanismo (Oç>Qoê>olja. κα'ι’ Αγγλικανισμός). Atenas, 1963 Praescrip. Xen. Spen. Albrt. Beant. Bed. Gtts. Mess. Stec. Un. cons. Stffr. Th. N T Sth. Animad. Trit. Stngr. Ges. Stod. Apl. Conv. Gd. Cr. Cert. Strim. Un. ev. Strss. Chr. Strz. Man. Stvr. Ort. ang. 42 ♦ ♦ ♦ Autores e textos 43 Emanuel Swedenborg O céu e suas maravilhas, e 0 inferno, segundo coisas ouvidas e vistas (De Cáelo et ejus Mirabilibus et de Inferno ex auditis et visis). Nova York, 1890 A verdadeira religião cristã (Vera Christiana religio). Amsterdã, 1771 Credo dos Apóstolos (Symbolum apostolicum) Credo de Atanásio (Symbolum Athanasianum) Credo niceno-constantinopolitano (Symbolum Nicaeno- Constantinopolitanum) Sínodo dos Irmãos [Morávios]. Declaração (Aufsatiç) Gerhard Tersteegen (Gerrit Ter Steegen] Sumário das verdades cristãsfundamentais (Abris ^ christlicher Grundwahrheiten) Bocados espirituais (Geistliche Brosamen) Epístolas Tertuliano Apologia (Apologeticum) Contra Marcião (Adversus Marcionem) Prescrição contra os hereges Teodoreto de Cirro. História eclesiástica [Segunda] declaração de Barmen: declaração teológica sobre a situação atual da igreja protestante alemã (Theologische Erklárung sçurgegenwártigen Eage der Deutschen Evangelischen Kirche) Teófilo (Alexander Mack, o mais jovem). Apologia ou resposta escriturai rferente a certas verdades (Apohgie oderschriftmãsige Verantwortung etlicher Wahrheiten). Efrata, Pa., 1788 Gottfried Thomasius A pessoa e a obra de Cristo (Christi Person und Werk). 2a ed. 4 vols. Erlangen, 1856-63 A história do dogma como a história do desenvolvimento do ensinamento da igreja (Die Christliche Dogmengeschichte ais Entwicklungs-Geschichte des kirchlichen Lehrbegrijfs). 2 vols. Erlangen, 1874-76 Tomás de Aquino Suma contra os gentios (Summa contra Gentiles) Suma teológjca Tomás de Kempis. A imitação de Cristo Matthew Tindal. O cristianismo tão antigo quanto a criação: ou 0 evangelho uma republicação da reãgião da natureza. Londres, 1730 Paul Tillich Uma história do pensamento cristão Perspectivas da teologia protestante dos séculos X IX e X X Teologia sistemática. 3 vols. Chicago, 1967 Gilbert Tennent Qrperigos de um ministério ao não convertido. 2a ed. Boston, 1742 Discursos sobre diversos assuntos importantes. Filadélfia, 1745 Swed. Cael. Ver. Chr. Symb. Apost. Symb. Ath. Symb. Nic.-CP Sin. Ir. Auf. Terst. Abr. Bros. Ep. Tert. Apol. Marc. Praescrip. Thdt. H. e. Teol. dec. Teof. Apol. Thom. Chr. DG. Tos. Aq. Gent. S .t . Tos. Kemp. Im. Cr. Tin. Cr. Tlch. Hist. cr. Prot. teol. Sist. teol. Tnnt. Dang. Disc. PRINCIPAIS FONTES A necessidade de defender com firmeza a verdade. Boston, 1743 1Vinte e três sermões sobre 0principalpropósito do homem. Filadélfia, 1744 John Toland Amintor: ou, uma defesa de “A vida de Milton”. Londres, 1699 A vida de John Milton. Londres, 1699 O cristianismo não misterioso. [Londres], 1696 Panteísticon: ou, uma fórmula para a celebração da assoáação socrática (Pantheisticon: sive, Formula Celebrandae Sodalitatis Socraúcae). Londres, 1720 Bernardo delia Torre. O caráter dos descrentes (De’ caraterri degl’ increduli). 2 vols. Nápoles, 1779 Gustaf Tõrnvall. Os reinos espiritual e mundano de acordo com Lutero(Andligtochvarldsligtregemente hosFuther). Lund, 1940 Ernst Troeltsch O cristianismo e a historia das religiões (Christentum und Religionsgeschichte) O individualismo religioso e a igreja (Religioser Individualismus und Kirche) Os ensinamentos sonáis das igrejas egrupos cristãos (Die Sofiallehren der christlichen Kirchen und Gruppen) Francis Turretini. Instituías (Institutio theologiae elencticae). 2a ed. 3 vols. Genebra, 1688-89 Dicionário teológico para 0 Novo Testamento (Theologisches Worterbuch Zum Neuen Testament) Ubaldo Ubaldi. Introdução à sagrada Escritura (Introductio in Sacram Scripturam). 3a ed. 3 vols. Roma, 1886 Vicente de Lérins. Admoestação (Commonitorium) Luigi Vincenzi. Uma nova análise critica dos escritos e doutrina de Gregário de Nissa e de Orígenes (In S. Gregorii Nysseni et Origenis scripta et doctrinam nova recensio). 4 vols. Roma, 1864-65 William Walton. Ospoderes milagrosos da igreja de Cristo afirmados através dos sucessivos séculos. [Londres], 1756 Concilio Mundial das Igrejas Tradição e tradições Os modos de adoração Samuel Werenfels Dissertações teológicas (Dissertationes theologicae) Miscelâneas (Miscellanea) Charles Wesley. Sermões Johann Jakob Wettstein. Livrospara a crítica e a interpretação do Novo Testamento (IJbelli ad Crisin atque interpretationem Novi Testamenti). Halle, 1756 William Wilberforce Epístolas λ/ísãoprática dos sistemas religiososprevalecentes dos cristãos confessos. [Londres, 1797], Filadélfia, 1798 Robert Isaac Wilberforce. A doutrina da encarnação do nosso SenhorJesus Cristo. Filadélfia, 1849 Nec. Serm. Tol. Amin. Milt. Mist. Pan. 44 Λ♦ Tor. Car. Torn. Reg. Trlsch. Chr. rel. Rel. ind. S0Z. Trtn. Inst. TWNT Ub. Int. Vine. Ler. Comm. Vnzi. Rec. Walt. Mir. w e e Trad. Mod. ador. Wer. Diss. Mise. Wes. Serm. Wet. N. T. Wilb. Ep. Pr. vi. Wlb. Inc. ♦♦♦ 45Autores e textos Johann Georg Walch Introdução à polêmica da teologia (Einleitung in die polemische Gottesgelahrheit). Jena, 1752 Introdução histórica e teológica às controvérsias religiosas que surgem, sobretudo, fora da igreja evangélica luterana (Historische und theologische Einleitung in die Religions-Streitigkeiten, welche sonderlich ausser der Evangelisch-lutherischen Kirche entstanden). 3a ed. 5 vols. Jena, 1733 EUstória da controvérsia dos gregos e latinos sobre a processão do Espírito Santo (Historia controversiae graecorum latinorumque de processione Spiritus Sancti). Jena, 1751 Christian Wolff. Teologia natural composta de acordo com 0 método de prova (Natürliche Gottesgelahrtheit nach bemisender Lahrart abgefasset). 2 vols. Halle, 1744-45 Conferência Missionária Mundial. Cooperação e a promoção da unidade. Edimburgo, 1910 Isaac Williams. Sobre a reserva na transmissão do conhecimento religioso William Wordsworth. Ode à obrigação. Gottlieb Wernsdorf. Uma opinião correta efundamentada na Bíblia sobre a teologia mística (Aufrichtige und in Gottes WortgegründeteMeinungvonderMystischen Theologie). Wittenberg, 1729 John Wesley Epístolas A doutrina da salvação, da fé e das boas obras extraída das homílias da Igreja da Inglaterra Diário A justificação pela fé Uma carta para 0 reverendo doutor Conyers Middleton ocasionada por sua tardia investigação livre Um relato claro do cristianismo genuíno Sermões para diversas ocasiões Johannes Weiss. Cristianismo primitivo (Das Urchristentum) H. F. Weisz Philipp Christop Zeisen. Uma consciênáa tranquila (Unversagtes gewissen). Frankfurt e Leipzig, 1696 Jôannês D. Zêzioulas. A unidade ãa igreja '(Η ένότης της εκκλησίας). Atenas, 1965 Federico Maria Zinelli Referente à infalibilidadepapal (Interno alia infallibilità dei Romano Pontefice). Treviso, 1870 Sobre a unanimidade de votospara os decretos dogmáticos dos concilios ecumênicos (Delia unanimità dei suffragi net decreti dommatici dei concili ecumenici). Turim, 1870 Nikolaus Ludwig Graf von Zinzendorf Vinte e um discursos sobre a Confissão de Augsburg (Ein und tçwamfigDiscurse über die Augspurgische Confession) Wlch. Pol. Rel. aus. Spir. Wlff. Nat. Gott. CMM. Coop. Wms. Res. Wrds. Ode. Wrns. Myst. Wsly. Ep. Horn. Dia. fust. Mid. Rel. cl. Serm. Wss. Ur. Wsz. Zeis. Unver. Gew. Zêz. Hen. Zin. Infall. Zinz. Aug. conf. PRINCIPAIS FONTES Alguns discursos em Betel (Einige Reden... in Bethel) Palestras públicas para a congregação (Offentliche Gemein-Reden) Conversas notáveis entre um viajante e várias outras pessoas referentes a todos os tipos de verdades ligadas à religião (Sonderbare Gesprãche %wischen einem Reisenden und allerhanã andem Personen, von allerley in der Religion vorkommenden Wahrheiten) Homilías sobre a titania para as feridas de Cristo (Homilien über die Wundentitanei) Sermões londrinos (Londoner Predigten) Uma coletânea de discursos públicos (Eine Sammlung Offentlicher Reden) Relatos da Pensilvânia contra 0 reino de Cristo (Pennsylvanische Nachrichten von demReiche Christi) Discursos em Berlim (Bertinische Reden) Nove discursos públicos sobre assuntos importantes referentes à religião (Neun offenttiche Reden über wichtige in die Religion einschlagende Materien) Sete últimos discursos (Sieben letsfe Reden) O Sócrates alemão (Der Teutsche Socrates) Discursos feitos no Sínodo dos Irmãos [Moramos] em Zeist (Die an den Synodum derBrüderin Zeyst... gehaltenen Reden) Edições e coleções Acta Apostoticae Sedis. Roma, 1909- Adams, Dickinson W, &A. Jefferson’s Extractsfrom the Gospels. Princeton, 1983 Aland, Kurt, ed. Philipp Jakob Spener. Pia desideria. 2a ed. Berlim, 1955. Alberigo, Giuseppe e Jedin, Hubert, eds. Concitiorum oecumenicorum decreta. 3a ed. Bolonha, 1973. Alexander, Gerhard, ed. Hermann Samuel Reimarus. Apologie oder Schut^ schriftfiir die vernünftigen Verehrer Gottes. 2 vols. Frankfurt, 1972 Analecta Hymnica Medii Aevi. Leipzig, 1886-1922 Argentré, Charles Du Plessis d’, ed. Collectio iudiciorum de novis erroribus. 3 vols. Paris, 1728 Acta Sanctae Sedis. 41 vols. Roma, 1865-1908 American Unitarian Association, pub. The Works of William Eflery] Channing. Boston, 1901 Baker, Frank, ed. The Works of John Wesley. Oxford, 1975-. Baron, Hans, et al., eds. Ernst Troeltsch. Gesammelte Schriften. 4 vols. Tübingen, 1913-25. Barth, Peter, and Niesel, Wilhelm, eâs.Johannis Calvini opera selecta. 5 vols. Munique, 192636־. Basler, H. S., ed. Dr. Jablonski’s Vortreffliche Reden über die letsfen Worte Salomon’s im 12tenKapitelseines Preãgers. Filadélfia, 1849. Beth. Gem. Gespr. 46 Λ♦ Horn. Eond. Pred. Off. red. Penn. Nach. Red. Rel. Sieb. Soc. Zst. A A S Adams Aland Alberigo-Jedin Alexander Anal. Hymn. Argentré ASS AUA Baker Baron Barth-Niesel Basler Edições e coleções Battaggia, Giuseppe, ed. Mauro CappeUari [papa Gregário XVT|. Iltrionfo delia Santa Sede e delia Chiesa. Veneza, 1832. Becher, Ad., ed. Gerhard Tersteegen’s...gesammelteSchriften. 8 vols. Stuttgart, 1844-45. Begtrup, Holger, ed. Nik. Fred. Sev. Grundtvigs udvalgte Skrifter. 10 vols. Copenhagen, 1904-9. Die Bekenntnisschriften der evangelisch-lutherischen Kirche. 2a ed. Gottingen, 1952. Bell, George Kennedy Allen, ed. Documents on Christian Unity. 4 vols. Londres, 1924-58. Benrath, Karl, ed. Karl Rudolf Hagenbach. Lehrhuch der Dogmengeschichte. 6a ed. Leipzig, 1888. Berti, Giovanni Lorenzo, ed. HenriciNorisii... opera omnia theologica. 3 vols. Veneza, 1769. 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Bell Benrath Berti Bestmann Bethge Beyreuther Bihlmeyer Blantés Booty Braaten 1967 Braaten 1968 Bury Canstein Casanovas Cassirer CCSL Centenário Cernecova Choma Christophoros Coburn Coelln-Neudecker PRINCIPAIS FONTES Conzemius, Victor, ed. Ignaz von Dõllinger. Briefwechsel. 4 vols. Munique, 1963-81. Cotta, Johann Friedrich, ed. Johann Gerhard. lj>ci theologiri. 20 vols. Tübingen, 1762-89. Cross, F. L , ed. Athanasius de Incarnatione. Londres, 1939. Corpus scriptorum ecclesiasticorum latinorum. Vienna, 1866-. Dopolnenija kAktam istoriceskim. São Petersburgo, 1846-72. Dessain, Charles Stephen, ed. The letters and Diaries of John Henry Newman. Londres, 1961-, Drachmann, A. B., Fleiberg, J. L. e Lange, H. Q , eds. S0ren Aabye Kierkegaard. Samlede Voerker. 14 vols. Copenhagen, 1901-6. S. ThomaeAquinatis opera omnia, iussuLeonisXIIIedita. Roma, 1882-. Edwall, Pehr, et al., eds. Ways of Worship: The Report of a Theological Commission of Faith and Order. Londres, 1951. 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Na cena inicial do próprio drama, em uma manhã de Páscoa, o idoso filósofo começa lamentando a inutilidade de sua busca por sabedoria por meio do conhecimento, o que o levou a todas as quatro faculdades da uni- versidade medieval: “Ai de mim! da filosofia, Medicina, jurisprudência, e, mísero eu! da teologia” (Gth. Fst. 1.354-56 [Trunz, p. 20]). Ele reconhece o “anseio por revelação” e o lugar especial do Novo Testamento como o mais nobre e belo objeto desse anseio (Gth. Fst. 1.1216-23 [Trunz, p. 43-44]). Esse reconhecimento o levou, tanto como alguém em busca quanto como estudio- so, a ponderar o sentido da expressão “o sagrado no princípio” do prólogo do quarto evangelho. Será que a palavra grega “λόγοζ” (Jo 1.1) deveria ser traduzida por “palavra \mri\ ”, “pensamento \sinn]”, “poder [kraft]” ou “obra [tat\״?, pondera o filósofo (Gth. Fst. 1.1224-37 [Trunz, p. 44]). Quando o coro angélico entoa a mensagem de Páscoa: “Cristo ressurgiu” (Gth. Fst. 1.737- 41 [Trunz, p. 30]), ele responde: “Ouvi a mensagem, só falta a fé” (Gth. Fst. 1.765 [Trunz, p. 31]). Sua dúvida, no entanto, não elimina o entendimento da natureza da tradição. Pois a insensata observação de seu servo pedante de que a história é instrutiva porque ensina “ver como já pensou um sábio antes de nós” de forma a demonstrar “como deixamos as coisas chegarem longe demais” (Gth. Fst. 1.570-73 [Trunz, p. 26]), ao que Fausto responde E, MÍSERO EU, DA TEOLOGIA׳ com sarcasmo: “Oh, sim! até ao céu estrelado” e insiste que o passado é um livro com sete selos (Gth. Fst. 1.574-76 [Trunz, p. 26]), acrescentando sua própria percepção da função da tradição: “O que hás herdado de teus pais, adquire, para que o possuas” (Gth. Fst. 1.682-83 [Trunz, p. 29]). Gustav Mahler, por uma intuição não menos evocativa teologicamente que musicalmente, em sua oitava sinfonia, executada pela primeira vez em 1910, justapôs as linhas finais de Fausto ao hino medieval Vent Creator Spiritus {Anal. Hymn. [50:193-94]). Pois, durante o século ou por volta disso que se seguiu à morte de Goethe, a relação entre a tradição e a dúvida articulada em Fausto veio a ser uma pressuposição espiritual e intelectual para os pensadores cristãos de pontos de vista muitíssimo distintos. Vladimir Sergeevic Soloviev, filósofo e teólogo ortodoxo russo, atacou as linhas finais de Fausto (na tradução russa) (Gth. Fst. 2.12102-11 [Trunz, p. 364]) em seu livro La Sophia (escrito em francês), de 1876 (Slv. Soph. int. 1 [Rouleau, p. 78]). Philip Schaff, histo- fiador americano-alemão reformado — enquanto lamentava que “Goethe tivesse seu lado brilhante e obscuro nisso, disse que ele é todo natureza” sem a especificidade da graça — via Fausto como uma exceção porque a obra “se move antes em elementos medievais” (Schf. Prin. prot. 2.5 [Mere. 1:182-83]) e aplicou as palavras de Mefistófeles de que “um patife que especula é como um animal” (Gth. Fst. 1.1830-31 [Trunz, p. 60]) para a teologia e estudo acadêmico protestantes alemães (Schf. Prin. prot. 2.5 [Mere. 1:205]). Edward Bouverie Pusey, o pai fundador do Movimento Oxford em Anglicanismo, escrevendo enquanto Goethe ainda estava vivo, chamou Goethe de “um dos maiores observadores filosóficos da Alemanha” que encontrara “no debate da fé e da descrença” úm “grande plano” e “o único e mais profundo tema da história do mundo e do homem” (Pus. Hist. 1 [1828-1:4-5]). Para S0 ren Kierkegaard, Fausto era “um cético par excellence״, uma expressão apropriada para uma “época em que de fato todos tinham dúvida”, embora ele tenha ficado desapontado com o fato de faltar ao retrato dele feito por Goethe “uma percepção psicológica mais profunda na conversa secreta da dúvida consigo mesma” (Kierk. Fr. bv. 2.3 [Drachmann 3:155]). Na virada do século (veja p. 291-92 abaixo), A dolf Harnack tirou o tema para suas palestras sobre A essência do cristianismo (Harn. Wes. 1 [1901:2]) das palavras de Goethe, ditas apenas onze dias antes da morte daquele, palavras essas também citadas pelo protestante liberal Albert Schweitzer (Schw. Gth. [1953:75]) e pelo teólogo católico-romano Karl Adam (que em outro lugar chamou Goethe de “o velho mestre” [Adm. Chr. 18 (1954:265)]) na discussão da “perfeição ética da humanidade de Cristo” (Adm. Kath. 2 [1949:31]): “A 54 ♦♦♦ Έ, mísero eu, da teologia *1* 55 ψ mente humana não avançará além da grandeza e elevação moral do cristianis- mo, conforme brilha e cintila nos evangelhos” (Gth. Eck. 11 .iii. 1832 [Houben, p. 584]). Harnack colocou várias citações de Goethe como epígrafes para cada um dos volumes de sua História do dogma (Harn. DG. [1931-1:158,1931- 11:2, 1931-111:2]). E Karl Barth — embora não tenha incluído um capítulo sobre Goethe e a teologia cristã em seu livro Teologia protestante no século XIX, a despeito de que “não estivesse totalmente despreparado para fazer isso na época” (Brth. Prot. teol. pr. [1947:v]) (na verdade, estava mais bem preparado que quase todos os outros) — invocou as linhas de Fausto citadas antes (Gth. Fst. 1.570-73 [Trunz, p. 26]), sem nem mesmo identificá-las, para advertir seus discípulos não menos que seus críticos (veja p. 359 abaixo) de que “todos que estão confiantes, injustificavelmente confiantes, de que ‘deixamos as coisas chegarem longe demais’ não estão mais em posição de levar a sério ‘ver como já pensou um sábio antes de nós’ ” (Brth. Prot. teol. 1 [1947:5]). Na primavera após a morte de Goethe, dois jovens teólogos protestan- tes de fala inglesa, que presumivelmente não se conheciam, participaram no culto de cerimônia de lava-pés da quinta-feira 4 de abril de 1833 na Basílica de São Pedro, em Roma, o unitarista Ralph Waldo Emerson, que reconheceu que “essas formas mexeram comigo mais do que esperava e, ainda assim, elas ficam muito aquém do que deveríam” (Emer. Dia. 14.iv.1833 [Gilman 4:155]); e o anglicano John Henry Newman, que estava vibrando por estar “na cidade à qual a Inglaterra deve a bênção do evangelho” (Newm. Dia. 4.ÍV.1833 [Dessain 3:272]), mas inquieto com as “superstições ou, antes o que é bem pior, a recepção solene deles como uma parte essencial do cristianismo” (Newm. Ep. 7.ÜÍ.1833 [Mozley 1:370]). Emerson estava para descobrir que Goethe “dissera as melhores coisas sobre a natureza que já foram ditas” (Emer. Rep. h. 7 [Ferguson 4:158]); “o Antigo Gênio Eterno que construiu este mundo”, declarou Emerson, “entregou-se mais a este homem que a qualquer outro” (Emer. Rep. h. 7 [Ferguson 4:163]). Newman, de sua parte, chamou Goethe (junto com Aristóteles, Tomás de Aquino e Isaac Newton) de “verdadeiramente um grande intelecto e reconhecia ser essa a opinião comum da humanidade”, embora estivesse “fora do âmbito católico” (Newm. Id. univ. 1.6.5 [Ker 1976:121]) e tenha anexado citações de um longo discurso sobre Goethe para a edição de 1852 de sua obra Ideia de uma universidade (Newm. Id. univ. app. [Ker 1976:473-83]). A ambivalência sugerida pelas declarações do Fausto, de Goethe, sobre a dúvida e a tradição e pelas reações alternativas a ela é vista nos sistemas desses dois pensadores do século XIX que, por sua vez, são vistos como porta-vozes para a relação da doutrina cristã com a cultura moderna. Έ , MÍSERO EU, DA TEOLOGIA׳56 ♦♦♦ψ Emerson, ao dividir a história do Ocidente em três períodos — “o grego, quando os homens endeusavam a natureza [...], o cristão, quando [...] [eles] ansiavam por um céu fora da natureza e acima dela [...], [e] o moderno” — definiu “o moderno” como distinto de “o cristão”, como o período “em que as tendências idealistas demais do período cristão depararam-se com a doença da hipocrisia, monasticismo e a igreja, demonstrando a impossibilidade do cristianismo, forçou os homens a retraçar seus passos (Emer. Dia. KL. 1849.59 [Gilman 11:201]). Esse retraçar dos passos, acreditava ele, podería levar para longe da tirania da tradição. “Por que será que não temos uma poesia e filosofia de percepção, e não de tradição?” (Emer. Nat. int. [Ferguson 1:7]), perguntou Emerson no primeiro parágrafo de seu primeiro livro. Da percepção viría a integridade, a disposição de romper com a doutrina pública da igreja em nome da convicção pessoal, conforme o próprio Emerson fez quando explicou que não estava mais disposto a celebrar a ceia do Senhor, nem mesmo de acordo com o ritual unitarista, porque “chegara à conclusão que Jesus não pretendia estabelecer uma instituição de observância perpétua quando fez a ceia de Páscoa com os discípulos” (Emer. Ceia [Centenário 11:4-5]). N o entanto, por trás dessa conclusão repousa uma dúvida cada vez maior, que ele compartilhava com Goethe, sobre toda a insistência do cristianismo histórico quanto à particularidade de Jesus Cristo como Mediador em nenhum outro sentido além “do único sentido em que qualquer ser pode mediar entre Deus e o homem — ou seja, um instrutor do homem” (Emer. Ceia [Centenário 11:18]). Era uma percepção de Jesus à qual ele deu uma expressão clássica em sua obra Discurso para a escola de teologia atacando “o modo tradicional e limitado de usar a mente de Cristo” (Emer. Teol. [Ferguson 1:83-84]). Ainda falando, assim afirmou ele, em nome do verdadeiro ensinamento de Jesus, ele não só rejeitou os dogmas ortodoxos da Trindade e da pessoa de Cristo, como os outros unitaristas, mas em última análise rompeu com as definições judaico-cristãs tradicionais da revelação histórica de Deus: “Ele fala, não diz”(Emer. Teol. [Ferguson 1:89]). O desconhecido irmão adorador de Emerson naquela quinta-feira de lava-pés na Catedral de São Pedro, em 1833, estava pelo menos tão consciente quanto ele da tensão entre a dúvida e a tradição, mas a partir dessa tensão ele chegaria a conclusões diametralmente opostas. Newman, como Emerson, reconhecia como válido o “reconhecimento da nossa impotência para resolver questões graves e urgentes que têm satisfação própria” e, por isso, ele também falava dos “prazeres da dúvida” (Newm. Gram. 6 [Ker 1985:137]). Ele, não menos que Emerson, achava a noção de uma tradição estática inaceitável: Έ, misero eu, da teologia era um princípio universal, não menos aplicável ao cristianismo que a qual- quer outra verdade, que “as verdades mais sublimes e maravilhosas, embora transmitidas ao mundo de uma vez por todas por mestres inspirados, não podia ser compreendida de uma vez pelos recipientes, mas [...] exige apenas mais tempo e pensamento mais profundo para sua total elucidação” (Newm. Des. int. 21 [Harrold, p. 28]). Para ele, isso sugeria uma atitude positiva em relação à história com o meio para esse desenvolvimento da doutrina cristã e, por conseguinte, como a detentora da tradição. Mas também sugeria a aceitação do caráter de como a igreja encara a doutrina e, por essa razão, a afirmação da autoridade da igreja, passada e presente. “Desde os meus 15 anos”, afirmou ele, “o dogma é o princípio fundamental da minha religião: não conheço outra religião” (Newm .Apol. 2 [Svaglic, p. 54]). Foi nessa tensão entre a tradição e a dúvida ou entre o dogma e o relativis- mo que a história da doutrina cristã se desenvolveu durante os séculos XVIII, XIX e XX; mas isso aconteceu com frequência enquanto ainda usava “o modelo da sã doutrina” (2Tm 1.13) desenvolvido pela tradição. Assim, para a ortodoxia oriental e também os reformados, “crença” e “confissão orto- doxa” ainda eram inseparáveis (Eug. Bulg. Ort. 7 [Metaxas, p. 27-28]; Lmp. Ghm. 16 [1719-11:1111-13]); os católicos-romanos continuaram a insistir na distinção, também prevalecen te entre os anglicanos (Qnl. Exp. apol. [1712- 11:16]), entre opiniões de escolas e doutrina da igreja (Brnt. Rom. [1688:39]; Pus. Hist. 2.4 [1828-11:41-42]); e a distinção análoga entre “doutrina pública” e “estudo privado” foi repetida pelos vários tipos de luteranos (Frnck. Meth. 3.31 [1732:206]; Sem. Erud. [1765-11:179-80]; veja vol. 1, p. 25; vol. 4, p. 58-60). Portanto, a frase “cremos, confessamos e ensinamos” era a fórmula comum com que, ao longo de um livro inteiro, um oponente do pietismo introduziu seu ataque ponto a ponto à doutrina do pietismo (Deutsch. Lut. [1698]). “Confessamos, cremos e ensinamos” também foram as palavras com que o principal intérprete do pietismo introduziu sua resposta ponto a ponto a esses ataques (Spen. Gtts. 7 [1680:340-56]). Um inglês contemporâneo deles mais jovem — ultrapassando a gama relativamente estreita das diferenças doutrinais entre esses dois, os quais continuavam a afirmar a tradição ortodoxa do Credo Niceno e até mesmo da Confissão de Augsburg — podería quase nas mesmas palavras declarar que Deus queria que toda a humanidade “cresse [e] professasse”, mas ele continuaria imediatamente para afirmar que Deus “não lhes dera outros meios para isso além do uso da razão” (Tin. Cr. 1 [1730:6]). Assim, esse é acima de tudo o período em que a tradição permaneceu em tensão não só com a dúvida, mas também com a razão, incluindo a “razão E, MÍSERO EU, DA TEOLOGIA' histórica”. Essa tensão tem produzido alguns dos sistemas mais fascinantes e mais profundos de toda a história da filosofia, sistemas associados com nomes como de Descartes e Leibniz, Kant e Hegel. Contudo, esses sistemas, como tais, não são uma parte da história da doutrina cristã; nem, por sinal, são os sistemas teológicos que se desenvolveram lado a lado com eles e, com frequência, no diálogo com eles ou na dependência deles. Este livro, como seus predecessores, concentra-se em narrar a história do desenvolvimento da doutrina da igreja; esforça-se (invocando uma analogia que pode ser útil se usada com cuidado) para ser uma história do constitucionalismo, em vez de uma história de teoria política. Não apresenta a história da teologia sistemática desde 1700, muito menos a história da teologia filosófica ou da filosofia da religião (todas as duas merecem a cuidadosa atenção do estudo acadêmico); mas, na melhor das hipóteses, lida com esses assuntos enpassant, como modelaram a história do “que a igreja cria, ensinava e confessava com base na palavra de Deus” ou, ocasionalmente, como foram modelados por essa história. O livro continua a se concentrar no coro, e não nos solistas (veja vol. 1, p. 25-32). Mas os solistas têm com frequência corrido o risco de abafar o coro (Dipp. Hrt. 2 [1706:26]; Sem. Erud. [1765-1:159]). Isso é especialmente ver- dade em um período em que todas as igrejas veem como “obrigação pregar a notícia da redenção com o auxílio dos instrumentos de comunicação social” (CVat. [1962-65]. 3. Int. mir. 1.3 [Alberigo-Jedin, p. 844]). Esses instrumentos de comunicação, embora sejam sociais, também permitem às vezes a tendência de desalojar o tradicional. Conforme seus praticantes começaram a perceber nos séculos XVIII e XIX (Lamp. Ep. 12.x. 1825 [Forgues 13:137]; Zinz. Soc. 4 [Beyreuther 1-1:35]), é característico da teologia moderna usar revistas ou periódicos como um meio polêmico e publicar essas revistas [teológicas] e brochuras sem numeração” (Lschr. Unfehl. pr. [1724:A4v-A5r]), que são dis- tribuidas em todo o país em uma verdadeira “guerra da pena” (Engsch. Pet. [1720:29]). Ao mesmo tempo, a história da teologia, no período moderno, é usada com frequência como um preâmbulo pelos teólogos sistemáticos; algu- mas das contribuições mais brilhantes e de longo alcance vêm desse interesse. Contudo, esse interesse também pode reduzir a perspectiva histórica ao tornar um ou outro sistema atual na norma da história, como quando um brilhante teólogo do século XIX (veja p. 340-41 abaixo) identificou as três décadas que antecederam sua própria época com um dos três principais períodos na história da doutrina da expiação, junto com os quinze primeiros séculos da igreja e os três séculos após a Reforma (Bau. Vers. int. [1838:15-16]). 58 «£♦ Έ, mísero eu, da teologia ♦ Ainda assim, esse também é o tempo em que a história da doutrina, mais particularmente a “história do dogma”, passa a ser uma disciplina histórica e teológica por si mesma (veja p. 129-46, 328-30 abaixo). Seus praticantes também tentam com frequência justificar seus próprios sistemas teológicos (às vezes, implícitos), mas o próprio relativismo em operação em alguns desses sistemas os capacitam com frequência a fazer notável justiça às po- sições históricas pelas quais têm pouca ou nenhuma simpatia pessoal. Na presente narrativa, essa última maneira de fazer a história da doutrina, por toda sua historicidade, desempenha um papel muitíssimo mais importante que a primeira maneira, por todo seu brilhantismo; pois ela, às vezes quase contra sua vontade, consegue ouvir o coro, em vez dos solistas. Todavia, mesmo essa distinção entre o coro e os solistas exige mais refinamento. Há alguns poucos solistas de várias épocas da história cristã cuja vida e ensina- mento os transformaram, também no período moderno, em importantes temas para o coro, em vez de principalmente para os solistas em si mesmos. Os mais destacados entre esses, para as várias tradições, são: Orígenes de Alexandria, entre os pais gregos (veja p. 137-38,175-76,285-86 abaixo), com seus incontáveis discípulos mais ortodoxos (veja p. 173-75, 285-86 abaixo); Agostinho de Hipona entre os pais latinos (veja p. 209, 245, 294 abaixo); Tomás de Aquino entre os pensadores da Idade Média; e Martinho Lutero entre os reformadores (veja p. 138-42, 209, 216 abaixo). Portanto, reiterada- mente a história da doutrina da igreja, não menos que a história de sistemas individuais, tem de se voltar para Orígenes e Agostinho, Tomás de Aquino e Lutero e aos cursos subsequentes dos ensinamentos deles; mas, ao fazer isso, é necessário examiná-los com a maneira como o trabalho deles tem sido um fator no desenvolvimento do ensinamento da igreja. Além disso, no caso de cada um desses quatro, mesmo no caso de Orígenes, esse tratamento se harmoniza com sua própria avaliação de seu lugar como um “homem da igreja” (Lub. Hist. esp. 2 [1950:47-91]). Durante esse período, por conseguinte, o lamento de Fausto de que “Teo- logia, com pena o digo” mostra ser muito humano e, consequentemente, o re- conhecimento de que, na cultura moderna, a “tradição perdeu sua autoridade” de tal maneira que a “história tem de ser forçada no serviço” determinado da agenda doutrinai (Smith [1964], p. 55). Mas isso, por sua vez, podia levar — e levou — a uma percepção mais profunda no desenvolvimento da doutrina cristã (veja p. 334-41 abaixo) e, assim, a um novo reconhecimento, histórico e até mesmo teológico, da tradição na qual repousa esse desenvolvimento, mas em relação ao qual permanece em uma relação dialética. 59 / A crise da ortodoxia oriental e ocidental Durante as convulsões da Reforma e da Contrarreforma, a igreja crista e seu dogma, tanto no Oriente quanto no Ocidente, enfrentavam outra crise, muito mais fatídica em suas implicações. Em 1667, o patriarcado de Moscou excomungou os “antigos cristãos” que continuavam a despertar espanto por seu zelo com o martírio (Slv. Rus. égl. 1.4 [Rouleau, p. 164]), por se oporem às mudanças na liturgia ortodoxa russa e se separaram da igreja estabelecida (Plot. Rask. [1902:12-14]). Quase na mesma época, o jansenismo na igreja católica-romana, o pietismo nas igrejas luteranas e reformadas e o puritanis- mo na igreja anglicana lidavam com um desafio fundamental às formas de doutrina e de vida que tiveram origem nas determinações da Reforma no Ocidente. E, tanto Oriente quanto Ocidente, começavam a reconhecer que, além de todos esse desafios internos o que ainda tinha, em algum sentido, de ser considerado a “família da fé” (G16.10), a própria existência da igreja e do dogma, do século XVII em diante, poderíam confrontar a “lamentável visão” (Sherl. Def. int. [1675:1]) de um ataque cada vez maior da cultura moderna e do pensamento secular. Por essa razão, no início do século XVIII, talvez ainda parecesse possível para um bispo grego ortodoxo comemorar a Festa da Ortodoxia, o primeiro domingo da Quaresma (Mmchi. Orig. ant. 1.1.10 [1749-1:74]; veja vol. 2, p. 166), expressando admiração pelo “crescimento da fé ortodoxa” (Men. Did. 2.1 [Blantês, p. 92]) porque a “heresia está diminuindo e a ortodoxia está triunfando” (Men. Did. 4 [Blantês, p. 214]) — evidência de que a “ortodoxia é totalmente divina” (Men. Did. 2.1 [Blantês, p. 97]). A meio mundo de dis- tância, da perspectiva eclesiástica e doutrinai e também geográfica, os batistas alemães, na Pensilvânia, podiam celebrar “o início desse século atual [XVIII]” como a época em que, por intermédio da criação, “junto com a instituição convencional da igreja, as assembléias privadas”, conforme manifestado na aliança mútua das oito pessoas que começaram o movimento, Deus revelou A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL mais uma vez sua graça (Mck. 1־/or. pr. [1774:A6v-A8r]). Contudo, todos sabiam em todo lugar que a ortodoxia de qualquer definição confessional estava sob cerco. Assim, o mesmo bispo ortodoxo do Oriente, mesmo en- quanto proclamava que “a fé está triunfando de todos os lados” tinha de lamentar que, “por causa de nossos pecados” (Men. Did. 2.1 [Blantès, p. 98]), Constantinopla, “a rainha das cidades” e capital da ortodoxia bizantina, fora conquistada e saqueada pelos mulçumanos (Men. Did. 1.5 [Blantès, p. 61]) e que a fé ortodoxa ainda corria grave perigo (Men. Did. 4 [Blantès, p. 214]). Na maioria dos países do Ocidente, havia um sentimento semelhante de crise entre os defensores da ortodoxia e também entre os que a despre- zavam (Drnd. Diss. pr. [1703:A4r]; Cone. Re¿, riv. 1.2 [1754-1:8-21]; Mos. Tol. 2 [1722:4-6]). “Um dilúvio de tudo que é mal inundou a cristandade e ainda inunda na maioria dos lugares”, observou a mais importante publicação do deísmo inglês (Tin. Cr. 11 [1730:165]); “mal há quem se importe com algum tipo de cristianismo, que dirá com a ortodoxia”, era a versão protestante (ap. Nmnn. Spen. [1695:10]); em território de fala francesa, quer católico-romano quer protestante, “todos os cristãos ortodoxos na sã doutrina” eram adverti- dos contra aqueles que “até nossa época” continuavam a se “revoltar contra a fé” por causa de sua convicção de que “todas as fés estão exauridas” (Byl. Com.phil. pr. [1713-1:91]) e que “a maioria das igrejas cristãs [...] [do] nosso século” estavam em declínio (Ost. Corrupt. 2.1 [1700-11:10-11]); e na Escan- dinávia, foi necessário protestar contra um ataque ao “escolasticismo” que era de fato o alvo de qualquer teologia sistemática ortodoxa (Casp. Beyl. 8.14 [1724:55]). O clero, em meio ao declínio geral do prestígio de todas as ordens estabelecidas da sociedade, estava na pior condição de todos (Pet. Hch^t. 5.16 [1701:172-73]). A doutrina ortodoxa — a despeito da proliferação sem precedentes (ou talvez por causa dela) de “guias, catecismos, confissões de fé ou de doutrina, livros simbólicos, hinários, etc.” teológicos (Sem. Re¿. 18 [Schütz, p. 138]) — não podia mais exigir respeito universal. Um teólogo, ao pregar em 1700, advertiu que “Satanás está usando todos os artifícios para exterminar a doutrina luterana da fé” (Mayr. Red. 3 [1702:343]), e fez outra advertência ao dizer “hoje, neste exato local”, ninguém podia dizer para sua congregação o que o apóstolo Paulo dissera: “Vocês todos são filhos da luz, filhos do dia” (lTs 5.5; Frnck. Pred. Epiph. 5 [1700:10-11]). Em 1696, John Toland, em tom de desafio (e de forma enfática), declarou: “Não reconheço nenhuma ortodoxia além da verdade” (Tol .Mist. con. [1696:175]); no mesmo ano, um defensor suíço da ortodoxia reformada criticou o excesso de zelo polêmico daqueles que se consideravam “os sustentáculos da ortodoxia e 62 A crise da ortodoxia oriental e ocidental os principais pilares da causa crista” (Wer. Diss. 18 [Ryhinerus 1:329]); três anos depois, um crítico pietista radical atacou com o “insensata” a prática de “chamar uns aos outros de irmãos em Cristo apenas por causa da existencia de uma harmonia na nossa confissão de doutrina” (Dipp. Ort. 6 [1699:93- 94]); em 1700, um defensor do jansenismo declarou sua recusa em admitir qualquer “autoridade humana para compelir o espírito humano a acreditar em algo contrário à evidência” (Qnl. Clém. IX. pr. [1700:xxxvi]); e em 1716, um importante estudioso católico-romano de liturgia advertiu que sem uma apreensão melhor do cristianismo oriental seria impossível entender a con- tinuidade da igreja “ininterrupta desde os tempos apostólicos tanto na fé quanto na disciplina” (Rndt. Lit. Or. pr. [1716-I:A2r]). Embora todas as denominações cristãs, no final do século XVII, estives- sem sob ataque por causa de sua doutrina, a ortodoxia da comunhão anglicana vivenciava a crise de ser, de formas especiais, “impugnada pelos de fora dela e traída pelos de dentro” (Sth. Animad, pr. [1693:1]), e ela respondeu à crise com declarações de fé que falavam também pela maioria do resto da igreja. “Em nenhum lugar a religião reformada passou por mudanças mais notáveis desde que surgiu”, comentou um professor reformado da Holanda, “do que na Inglaterra” (Lmp. Ghm. 11,12 [1719-1:688,762]); o erro “fez o maior avanço na Igreja da Inglaterra”, que era o assento do deísmo (Gaz. Prael. 1.1.2.3 [1831- 1:44-45]; Cone. Rei. ria 2.2.1 [1754-1:239-44]; Tor. Car. 2.4 [1779-11:252]). O anglicanismo tinha a reputação — louvável para alguns, censurável para outros — de ignorar os dogmatistas mais recentes em favor dos escritores patrísticos (Reim.Apol. 1.1.4.8 [Alexander 1:133]; Byl. Com.phil. pr. [1713-1:97]), de tolerar pontos de vista diferentes ou até mesmo contraditórios (enquanto se opõe fanaticamente ao catolicismo-romano) (Span. Exerc. acad. 1.1 [Marck 3:529] Mos. Tol. 11 [1722:52-55]) e, por conseguinte, de oscilar de um extremo dou- trinal a outro (Pff. Hist., teol. prol. [1724-1:36-37]). O anglicanismo, pensavam alguns, era “naturalmente inclinado” (Spen. Bed. 1.1.34 [Canstein 1:203]) a cultivar visões e revelações privadas (Gtti. Coll. 2.4.9 [1727:344]). D o lado positivo, a Sociedade para Promoção do Conhecimento Cristão (Hrn. H. e. 3.3.13 [Leydecker 1:396]), instituída em 1698, conquistou a admiração de europeus (Nad. Kouak. 2 [1699:9]; Zinz. Zst. 32 [Beyreuther 3-11:255]) pelo “zelo que não se restringe às necessidades da Inglaterra, mas alcança as terras estrangeiras” (Ost. Cat. ep. ded. [1747:v]), e os livros ingleses contribuíram para a devoção pietista no Continente (Frnck. Meth. 3.29 [1723:187-88]; Frnck. Pred. Trin. 2 [1699:52-53]; Zinz. Soc. [Beyreuther 1-1:98-99]). ♦% 63Ψ A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL64 ♦jfc·♦ A igreja inglesa resistiu à classificação sob a rubrica de símbolos compa- rativos (veja vol. 4, p. 58-59) e “nosso clero, embora seus \39\ Artigos calvi- nistas continuem os mesmos varia tanto nas doutrinas quanto na disciplina” (Tin. Cr. 13 [268-87]). Por isso surgiu a reputação de que, “na Inglaterra, só diferíamos quanto às formas de governo e adoração e sobre coisas que, por sua própria natureza, eram indiferentes” enquanto deixavam sem resolver “assuntos de grande importância” na doutrina (Brnt. Art. X X X IX pr. [1700:ix- x]; Hcks. Cat. pr. [1710:v]). Pelo fato de “a teologia moderna ter começado na Inglaterra na virada do século XVII para o XVIII” (Frei [1974], p. 51), a resposta anglicana à crise da ortodoxia, datando do século XVII e às vezes até mesmo do século XVI, com frequência antecipava a ênfase doutrinai que só foram desenvolvidas em outras tradições denominacionais durante o século XVIII. Tentamos, ao usar como subtítulos neste capítulo os títulos de livros que apareceram na Inglaterra antes mesmo que a agudeza da crise fosse reconhecida por todos, lidar com a posição única do anglicanismo e seus desdobramentos e, ao mesmo tempo, examinar em todas as igrejas a natureza da crise doutrinai a fim de assim entender, na narrativa subsequente, a natureza da resposta à crise. Apologia da igreja Gilbert Burnet, bispo de Salisbury, ao escrever sua exposição dos 39 Artigos da Igreja da Inglaterra exatamente na virada do século XVIII, recorda “o primeiro e, na verdade, o melhor escritor da época da rainha Elizabeth”, John Jewel, também bispo de Salisbury, “a eterna honra da diocese em que a providência de Deus me colocou e também a era em que ele viveu” (Brnt. Art. X X X IX pr. [1700:iii]). Não por causa de sua qualidade literária, mas por causa de sua qualidade de membro da igreja e doutrina é compreensível que a obra Apologia da Igreja da Inglaterra, de Jewel, de 1562, ainda era considerado relevante para a crise de 1700. Sua defesa da igreja antecipou muitas das ques- tões com as quais não só o anglicanismo, mas todos os tipos de cristianismo eclesiástico estariam preocupados nessa crise. E a igreja, agora ainda mais que na época da Reforma, precisava defender não só essa ou aquela igreja (Hcks. Ltrs. 5 [1705:84-85]), nem mesmo essa igreja contra aquela, mas a própria ideia de que “estamos unidos a Cristo por nossa união com a igreja católica visível ou invisível, a qual inclui necessariamente nossa irmandade e sociedade visíveis com essa igreja em particular na qual vivemos” (Sherl. Def. 5 [1675:433]), mesmo que essa igreja como instituição fosse autoritária e governada pelo clero (Lang.Mttl. 1.3 [1712:12]), politicamente estabelecida Apologia da igreja ♦♦♦ 65 ♦ e “cesaropapista”, supersticiosa na piedade e ortodoxa no dogma (Spen. Pt. Des. [Aland, p. 15]; Lschr. Pens. [1724:19, 24-26]; Dipp. Hrt. 2 [1706:21]). A “controvérsia bangoriana” deflagrada em 1717 por um sermão do bispo anglicano de Bangor, Benjamin Hoadly, sobre “A natureza do reino, ou igreja, de Cristo” pareceu para seus críticos envolver não só a questão política da Igreja e do Estado, mas também a questão teológica da validade e visibilidade da igreja institucional como tal (Lw. Bngr. 3 [Moreton 1:106]). Hoadly atacou, como um dos “erros mais grosseiros de julgamento sobre a natureza do reino, ou igreja, de Cristo”, a tendência de fazer analogias entre o reino, ou igreja, e “outras sociedades visíveis” (Hdly. Kngdm. [1717:24]). Isso lhe trouxe a acusação de depreciar “a autoridade da Igreja da Inglaterra” (Shriek. Bngr. [1717:27]), embora seus defensores tenham descartado essas acusações como “muito mais consistentes na boca de um papista confesso que na de um ministro de uma igreja protestante e, em particular, da Igreja da Inglaterra” (Brnt. Trp. [1717:16]). Ele também foi atacado pela “liberdade que toma com os pais da igreja primitiva” e com a confissão tradicional de toda a igreja (Shriek. Bngr. [1717:23]), mas ele declarou estar apenas advertindo contra “alguns cristãos confessos que combatem abertamente em prol dessa autoridade enquanto obrigam necessariamente todos a sua volta à unidade de profissão, ou seja, a professar mesmo o que não acreditam ser verdade, o que não podem acreditar ser verdade” (Hdly. Kngdm. [1717:27-28]). Jewel estava preocupado em definir a igreja como “não fechada [...] em um canto ou reino, mas [...] católica e universal e dispersa por todo o mundo” (Jwl.Λροί 2 [Booty, p. 24]). A definição da igreja, no final do século XVI — e continuava a ser no final do século XVII (veja vol. 4, p. 329-43)— era parte integral de qualquer defesa dela. Contudo, repetindo as definições da Reforma provenientes de uma competição entre versões de “ortodoxia” assumiram um tom diferente agora que havia uma “distinção [fundamental] entre a igreja e a religião” (Zinz. Gespr. 11 [Beyreuther 1-111:95]), e a competição era cada vez mais entre todas as versões de ortodoxia de um lado e sua rejeição radical de outro lado. Tindal — adotando a definição nos 39 Artigos de que “a igreja visível de Cristo é a congregação de fiéis em que a palavra pura de Deus é pregada, e os sacramentos são devidamente administrados de acordo com a instituição de Cristo” (Art. XX XIX. 19 [Schaff 3:499]) — perguntou: “Todavia, ela [a igreja] não é considerada em todos os outros lugares pelo clero?” (Tin. Cr. [13 [1730:319]). Mesmo quando a igreja era definida, nesse caso pelos teólogos gregos ortodoxos, como “falando estritamente, a reunião dos fiéis” (Atan. Par. Epit. prol. 7 [1806:35]; Bulg. Kat. 27 [1940:55]), o resul- tado final da definição era que “a igreja una, santa, católica e apostólica” foi A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL66 A ♦ equiparada, por outro teólogo grego ortodoxo, com “os bispos, presbíteros e diáconos” (Eug. Bulg. Orí. 7 [Metaxas, p. 26]). Não obstante, a definição da igreja como “uma sociedade de cristãos unidos na mesma fé para adorar a Deus em conjunto” não põe a ênfase na estrutura hierárquica e institucional da igreja (Brnt. Rom. [1688:48]). Quando um porta-voz do protestantismo ortodoxo acrescentou à metáfora patrística da igreja como mãe (Cipr. Ep. 16.3 [CSEL 3:519]) a especificação de que a igre- ja tinha de ser aquela que “instrui os filhos cristãos de Deus na teologia e em todos os artigos de fé” (Deutsch. Lut. 1.3.1 [1698:19]), essa definição didática e intelectualista não conseguiu reverter totalmente o sentido da metáfora. Os pietistas radicais definiam a igreja como “incluindo apenas os membros vivos e santos tementes a Deus” (Dipp. Hrt. 1 [1706:1-2]), portanto, não incluindo os membros mortos espiritualmente que mantinham apenas uma conexão externa com ela, e eles encontravam “a verdadeira comunhão da vida de Jesus Cristo” não nas igrejas estabelecidas, mas nos “sectários” da Reforma e em “outros em meio ao silêncio na terra” (Dipp. Ort. 8 [1699:116-17]). Contudo, se a igreja era definida como “a assembléia dos fiéis que acreditavam em Jesus Cristo” (Ost. Cat. [1747:58]) ese essa igreja era identificada como o corpo de Cristo (Ost. D p serm. 6 [1722:210-13]), até mesmo um defensor da ortodoxia tinha de reconhecer também que os cristãos errados ainda faziam parte desse corpo místico (Wer. Diss. 24 [Ryhinerus 1:416]); inversamente, a posição dos “cristãos que estão fora da igreja” era problemática para qualquer definição (Sem. Erkl. 3 [1777:267-71]). O componente normativo da definição era inevitável para a eclesiologia catóüca-romana, que defendia a visibilidade da igreja verdadeira (Drnd. Fid. vind. 4.3 [1709:536-38]), mas argumentava que “a igreja verdadeira não está presente entre os hereges” como os luteranos e os calvinistas (Bert. Teol. disc. 22.5 [1791-IV:277-79]), que pertenciam antes à história do cisma (Pnch. Diet. [1736:443-58]). Jewel, ao definir a igreja, protestou em resposta às acusações católicas-romanas: “Com certeza, sempre julgamos que a igreja primitiva do tempo de Cristo, dos apóstolos e dos santos pais é aigreja católica” (Jwl.Apol. 4 [Booty, p. 65]). Essa identificação da “verdadeira igreja primitiva” (Span. Xen. 8 [Marck 3:1131 -32]) tanto como a ideal quanto a norma era uma pressuposição compartilhada por todas as facções no início do século XVIII. A declaração de Tertuliano, a essa altura proverbial, de que “o sangue dos cristãos é semeado” (Tert. Apol. 50.13 [CCSL 1:171]), significava que a perseguição produziu firmeza na fé na igreja da Antiguidade (Ors. 1st. 7.1 [1747-111:133-36]), sustentava a disputa da nova Reforma de que a prosperidade e a aceitação política não tinham sido Apologia da igreja benéficas para a igreja que esteve “em uma condição melhor e mais gloriosa diante de Deus” quando foi perseguida (Spen. Pi. Des. [Aland, p. 11]). Basta ler a história da igreja, conforme escrita por Gotfried Arnold (veja vol. 4, p. 442-43), para ver o contraste com o presente (Frnck. Bcht. [Peschke, p. 100]). Uma análise crítica de como a igreja é corrompida em cada era sucessiva levou inevitavelmente à advertência de que essa queda da igreja aconteceria mais uma vez nessa última era de sua história (Lmp. Ghm. 13 [1719-1:833- 34]). Os expositores do catolicismo-romano — citando testemunhos antigos, como de Ireneu (Iren. Her. 3.3.1 [Harvey 2:9]), em favor da primazia romana — equipararam “a igreja de Cristo verdadeira, incorrupta, pura e genuína” (Gtti. Coll. 2.6.1 [1727:366]; Ors. 1st. 4.45 [1747-11:286-87]) a “essa igreja que está em conformidade com a igreja primitiva dos quatro primeiros séculos” (Ang. Sil. CTrid. pr. [1675:A4r]), a saber, a igreja deles mesmos. Todavia, em muitos aspectos essa conformidade com a igreja primitiva, que já foi uma questão nos debates eclesiológicos de antes da Reforma (veja vol. 4, p. 180-82), começava a pertencer mais ao problema que à solução. Quando a pesquisa histórica investigou as fontes de conhecimento do assunto (veja p. 136-38 abaixo), pareceu que o padrão do cristianismo primitivo foi abandonado pelas eras subsequentes, talvez não pudesse mais ser identificado, muito menos recuperado (Dipp. Hrt. pr. [1706:Blv]). Entre os epítetos usados pelos críticos radicais em sua acusação de que a igreja já caíra — incluindo títulos como “nossa Israel baalita” (Dipp. Hrt. pr. [1706-B2v]) — o favorito era “Babel” (Gn 11.1-9). A torre de Babel foi o cenário da confusão original de línguas; no N ovo Testamento, “Babilônia” era a palavra-código para “Roma” (pelo menos para a cidade, se não para o papado) (Mayr. Red. 1 [1702:22]; Nmnn. Spen. [1695:36]; Gib. Dec. 15 [Bury 2:25]; Hrn. H. e. 2.3.6 [Leydecker 1:279]); “Caiu! Caiu a grande Babilônia” (Ap 14.8; 18.2 [Is 21.9]) é o canto de triunfo de Apocalipse, em que a “mornfa]” igreja da Laodiceia representa “Babel” (Mrck. Apoc. pr. 14 [Velzen Clr]); e o citadíssimo tratado de Lutero, de 1520, O cativeiro babilónico da igreja (veja vol. 4, p. 323) juntou essas conotações bíblicas de um modo que transformou o termo (a despeito “do jogo patético com as palavras ‘Bíblia’ [...] ‘Babel’ ” [Sem. Rei. 20 (Schütz, p. 157)]) em um lema eficaz também para a exigência de uma nova Reforma (Zinz. Soc. 25 [Beyreuther 1-1:257]). A antítese, formu- lada no Apocalipse, entre a meretriz Babilônia e a noiva pura de Cristo tem agora sua contraparte (Pet. Hch t^. 13.33 [1701:395-96]), e os pietistas radicais acharam que “Babel” é um nome adequado para todas as igrejas ortodoxas (Dipp. Ort. 8 [1699:106]). ♦♦♦ 6/ A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL68 Λ ♦ Os fundadores mais conservadores do pietismo foram acusados de seguir o mesmo uso em suas críticas à ortodoxia, mas eles não chegariam a esse pon- to (Albrt. Vind. 17 [1695:24]; Han. Consist. 15.iii.1703 [Neumeister, p. 103]; Lschr. Hor. [1734:30]). Philipp Jakob Spener (Spen. Beant. 2.23 [1693:127]; Lang. Mttl. 1.6 [1712:36]) expressou sua simpatia por esses romanos-católicos que concluíram “que não existe mais nenhuma igreja pura na terra, que os filhos de Deus ainda são cativos na Babilônia” (Spen. Pr. Des. [Aland, p. 40]). Ele admitiu que “hoje também temos uma Babel” e perguntou: “Por que não deveriamos também ter uma Jerusalém que pode estar em ruínas, mas ainda assim é distinta da Babilônia”? (Spen. Bed. 1.1.25 [Canstein 1:138]; Schd.Jer. 2 [1696:E4r]; Zinz. Off. Red. 17 [Beyreuther 2-IV: 138-43]). August Hermann Francke, ao observar que “a qualquer dia podemos ouvir muitas invectivas sobre ‘Babel’ ” (Frnck. Zw. Anspr. [1701:7]), advertiu que “seria transformar a igreja de Deus em uma Babel” se a promessa de que “haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10.16) passasse a ser um pretexto para juntar ovelhas e bodes em um aprisco (Mt 25.32,33); e ele incita todos que “só falam sobre ‘Babel’ e sobre a corrupção externa” (Frnck. Pred. Mis. [1700:42]) a voltar-se para o interior e “destruir a Babel existente ali” (Frnck. Pass. Marc. 1 [1724:27]). Os defensores das igrejas estabelecidas, repudiando o epíteto como uma “extrema calúnia”, insistiram que eram “a verdadeira igreja de Deus [...] e não deviam de modo algum ser considerados como ‘Babel’ ” (Deutsch. Lut. 2.7.3, 2.7.9 [1698:129, 132]), que era inadmissível transferir da “cidade de Roma” para “as religiões cristãs” como um todo (Beng. Brud. 1.3.30 [1751:235]). Contudo, as religiões cristãs, obviamente, não eram mais um “todo”, não mais um corpo místico de um único Cristo, mas uma multidão de corpos, con- fissões e denominações de igreja competitivos e mutuamente excludentes. A despeito do contínuo elogio para Jacques Bénigne Bossuet (veja vol. 4, p. 373), autor da polêmica obra A história das variações das igrejasprotestantes (Rndt. Lit. Or. pr. [1716-I:llr]), e da insistência de que os teólogos católicos-romanos “não [estão] divididos nos assuntos que diziam respeito à fé e os quais são aceitos pela igreja como dogmas” (Drnd. Fid. vind. 3.55 [1709:515]), era até mesmo possível no catolicismo-romano descrever os pontos de vista teológicos conflitantes (veja vol. 4, p. 443-54) sobre os dons da graça como “seitas de católicos” e criticar Bossuet (Bert ■Aug. 4.1 [1747-11:15]). Jewel tirou vantagem dessa diversidade no catolicismo-romano (Bianch. Pot. 1.1.14 [1745-1:116-21]) para sustentar que, embora a “unidade e a harmonia façam mais bem em se tornar religião, ainda assim a unidade não é a marca certa e segura por meio da qual conhecer a igreja de D eus” (Jwl. Apol. 3 [Booty, p. 47]). Depois de Apologia da igreja quase dois séculos de incessante controvérsia desde a deflagração da Refor- ma, a questão da unidade, em todo caso no protestantismo, parecia agora mais urgente que essa: “Dificilmente havería uma bênção maior para a igreja evangélica [protestante]” que sua reunião (Spen. Bed. 1.1.51 [Canstein 1:277]). A despeito dos “infrutíferos” esforços para alcançar a união (do Coloquio de Marburgo, em 1529, ao Coloquio de Torun, em 1645) (Lmp. Ghm. 12 [1719-1:754]; Span. Cont. [Marck 3:891]), havia um desejo por “uma união da maioria das confissões entre os cristãos” (Hrn. H. e. 3.1.21 [Leydecker 1:320-21]; Brand. Dr. Con. 3 [1695:F2v-llv]) combinado com o senso de que “a principa1 maneira de alcançar a união, e a única que Deus abençoaria, talvez fosse esta: que não apostemos tudo na argumentação” (Spen. Pi. Des. [Aland, p. 63-64]). Quando um teólogo reformado irenista declarou que “os reformados estão um tanto mais próximos da paz” (Wer. Diss. 25.1 [Ryhinerus 1:434]) enquanto “os luteranos em sua maioria estão mais distantes dela”, essa foi uma acusação que os luteranos confessionais receberam como elogio (Lschr. Pens. [1724:36]; Schwrd. Comm. [1707:Ar]). O irenismo reformado estimulava uma “tolerância eclesiástica” em que os dois lados “reconheceríam que per- tencem à sociedade da mesma igreja católica” (Strim. Un. Ev. 2.1 [1711:53]); “aqueles que são um na fundação da fé cristã” também eram “um na cari- dade cristã e fraternidade da igreja” (Strim. Un. Ev. 2.7 [1711:67]), deixando livres “os dogmas menos fundamentais” (Strim. Un. Ev. 2.10 [1711:74]). Há um sentimento difundido, mesmo entre os proponentes de pontos de vista divergentes, de que os rótulos confessionais oriundos da Reforma faziam cada vez menos sentido (Zinz. Penn. Nach. [Beyreuther 2-11:51-52]; Tol. Mist. pr. [1696:xxx]; Spen. Bed. 1.1.32 [Canstein 1:199]), agora que todas as igrejas eram “seitas” e as diferenças nas denominações, de muitos modos, eram mais profundas que as diferenças entre eles (Zinz. Zst. 3 [Beyreuther 3-11:20-21]). Mesmo na doutrina da pessoa de Cristo, cujas disputas sobre a presença real na eucaristia se tornaram uma questão central entre os calvinistas e os lute- ranos (Strim. Un. Ev. 2.3 [1711:58-59]; veja vol. 4, p. 422-29), considerava-se agora haver uma concordância nos pontos essenciais ou, de todo modo, um reconhecimento de que certas questões cristológicas — como a transmis- são da ubiquidade da natureza divina de Cristo (veja vol. 4, p. 427-28) para sua natureza humana (Sem. Calv. [1788:29]) — não eram artigos de fé, mas “apenas opinião teológica” e não afetavam a salvação (Span. Cont. [Marck 3:892]). Em suma, havia um “consenso fundamental entre os protestantes” (Strim. Un. Ev. 2.3 [1711:23-25]; Lmp. Teol. rud. 2.19 [1729:20]). 69 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL Não foi percebida a existência de nenhum consenso fundamentai entre o protestantismo e o catolicismo-romano ou a ortodoxia oriental (Spen. Bed. 1.1.12 [Canstein 1:85]; Wlch. Pol. 3.1.12, 5.5 [1752:579-80, 1148]). Os proponentes da união dos protestantes eram com frequência os mesmos que objetavam o “remanescente do papismo” nessas igrejas (ap. Deutsch. But. 2.15.3 [1698:158]), como os anglicanos e luteranos que, ao tirar “conclusões papistas dos princípios protestantes”, retinham mais da doutrina e prática medievais que os outros (Tin. Cr. 13 [1730:299]). “Separamo-nos de fato”, insistia Jewel, “não como os hereges fazem de praxe, da igreja de Cristo, mas como todos os homens de bem devem fazer, da contaminação de homens perversos e hipócritas” (Jwl. Apol. 4 [Booty, p. 65]). “A igreja luterana ou calvinista [...] é antiga ou nova?” era o enganoso dilema (Span. Xen. 1 [Marck 3:1119-22]), e em resposta à provocação: “Onde estava sua igreja antes?” (Ang. Sil. CTrid. con. [1675:87v], o sucessor de Jewel podia responder: “Onde está agora, aqui na Inglaterra e nos outros reinos do mundo; só que antes estava corrompida e agora está pura” (Brnt. Art. XX XIX. 19 [1700:183]; Hcks. Ltrs. 2 [1705:43-44]). Por isso, William Chillingworth, que mudou do anglicanismo para o catolicismo-romano e voltou atrás de novo (veja vol. 4, p. 418), “sobre essa fundação [...] construiu a defesa mais sólida e racional da causa protestante já oferecida ao público desde a Reforma” (Mid. Mir. int. [1749:cxi]; Hcks. Ltrs. app. 2 [1705:Aa3r-Aa5v]). Da mesma maneira, os defensores da Confissão Augsburg aceitavam o rótulo de “luteranismo antigo católico” (Lschr. Unfehl. 9 [1724:68-69]), e os calvinistas reivindicavam a con- tinuidade “da doutrina e da disciplina” com a igreja da Antiguidade (Mrck. Comp. 32.13 [Velzen 18:637]). A infalibilidade era a questão à qual a controvérsia entre os protestantes e os católicos-romanos inevitavelmente voltava, embora alguns críticos não vissem “nenhuma diferença entre a infalibilidade papista e ser obrigado a concordar cegamente com as decisões de protestantes falíveis” (Tol. Mist. pr. [1696:xvi]). Enquanto alguns exegetas protestantes examinassem o principal texto-prova, Mateus 16.18,19, sem polêmicas contra as reivindicações papais (Ost.Arg. ref. Mt 16 [1720-11:26]; veja vol. 1, p. 353,54; vol. 2, p. 178-90; vol. 3, p. 78-79; vol. 4, p. 178,79,338-42), outros fizeram a “distorção” (Marck. Sjl. 5.13 [Velzen 15:173]; Span. Εν. vind. 3.1-3 [Marck 3:345-440]) da passagem na principal questão e, embora reconhecessem que havia “algum tipo de respeito especial pelo próprio Pedro” nessas passagens (Lang. Paul. 1.13 [1718:31]), repetiram a identificação da “rocha” sobre a qual Cristo edifica a igreja não como a pessoa de Pedro ou de seus sucessores, mas “a doutrina que Pedro 70 Apologia da igreja confessava” (Lschr. Unfehl. 2 [1724:8]). Os críticos da infalibilidade papal no catolicismo-romano usaram a passagem para provar que não havia garantia de infalibilidade para o sucessor de Pedro (Bl. Unfehl. 2 [1791:11-20]). Além disso, o próprio Concilio de Niceia não afirmou a infalibilidade (Bl. Unfehl. 13 [1791:146]), e os pais da igreja argumentaram em favor de sua doutrina com base na “sucessão ininterrupta de mestres” na tradição cristã, em vez de com base em uma teoria de infalibilidade (Bl. UnfehlAO [1791:123]). Se houvesse essa teoria da infalibilidade, como distinta de indefectibilidade, será que tinha de ser predicado do papa (Hcks. Ltrs. 1 [1705:27-33]; Mrck. Comp. 32.22 [Velzen 18:646]), do consistorio ou do concilio geral (Lschr. Unfehl. 1 [1724:1])? Fundamentalmente, também de acordo com os católicos-romanos ortodoxos, foi para a verdadeira igreja, como “coluna e fundamento da ver- dade” (lTm 3.15) (que os protestantes aplicavam ao eleito, e não à instituição “externa”) que a promessa de indefectibilidade fora feita (Mrck. Exeg. exerc. 44.3 [Velzen 9:705-6]; Wlch. Pol. 3.2.3.2 [1752:655-56]), que “ela nunca erraria em fé e adoração” (Amrt. Gut. 1753 [Friedrich, p. 35]); mas essa promessa, de acordo com os apologistas católicos-romanos, pertencia à “infalibilidade da sé apostólica” (Bert. Teol disc. 3.11 [1792:1:153]). Os oponentes do jan- senismo foram acusados de defender “uma nova [teoria] de infalibilidade” por meio da qual “enquanto a igreja decide com autoridade infalível sobre assuntos de fé”, o papa decide também sobre assuntos de fato com “a mesma infalibilidade de Jesus Cristo” (Qnl. Clém. IX. pr. [1700:viii]; Qnl. Déf. égl rom. 1.5 [1697:96]; Leyájans. 1.1.16 [1695:69]). O aumento do estudo acadêmico histórico durante o século XVIII (Mos. Vind. disc. 1.8.5 [1722:220-21]), que compeliu os protestantes a reconhecer a antiguidade da autoridade papal (Ors. 1st. 3.20 [1747-11:56]) e estimulou os católicos-romanos a catalogar todas os antipapas (Pnch. Diet. [1736:31-46]), deu mais proeminência aos vários dados da história da igreja que pareciam refutar a doutrina da infalibilidade da igreja ou do papa: o milenarismo “mes- mo nas primeiras eras, e nos trinta ou quarenta anos após os apóstolos” (Mid. Mir. 3 [1749:51]); o prefácio de Orígenes para Sobre os primeiros principios (veja vol. 1, p. 125-31), uma das primeiras e mais sistemática discussão patrística da autoridade na igreja, que não fala sobre a infalibilidade da igreja (Bl. UnfehlAO [1791:110-14]); a história da lei canônica (veja vol. 4, p. 170-72), incluindo os decretos forjados, bem como a provisão familiar de que o papa podia ser deposto se caísse em heresia (Bl. UnfehlAO [1791:225]; Mayr. Pont. rom. 1.4 [1690:11-12]; Cmrda. Const, ap. 2.35, 2.40 [1732:254, 265]); a contradição (a despeito de estarem ligadas como autoridades) entre o Segundo Concilio A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL de Niceia, em 787 (Drnd. Fid. vind. 3.31 [1709:455]), que aprovou o uso de icones, e o Sínodo de Frankfurt, em 794 (Lschr. Unfehl. 9 [1728:65-66]), que não aprovou o uso de icones (veja vol. 4, p. 171); o erro do papa João XXII sobre a doutrina da visão de Deus, que exigia justificação (Gaz. Prael. 2.3.14.348-50 [1831-11:84]; veja vol. 2, p. 170-74; vol. 4, p. 171, 413); e o caso da obra do papa Honorio I (Drnd. Diss. 1.2 [1703:7]) que — a despeito dos esforços para rejeitá-la fundamentando-se no fato de que o Concilio de Constantinopla, em 681 (Seem. Ep. 31 .iii.l 775 [Friedrich, p. 38]), não eraum concilio ecuménico legítimo ou de que o texto de seu Atos fora corrompido (Coz. Graec. 2.17.830-97 [1719-1:339-59]) — continuava firme, como esteve no Primeiro Concilio Vaticano, em 1870, como evidência de que Honorio “fora e permanecera um herege e papa ao mesmo tempo” (Lschr. Unfehl. 8 [1724:57]; Span. H e. 7.9 [Marck 1:1227-28]; veja p. 311-13 abaixo). Conforme indicava o uso de argumentação semelhante contra “toda a igreja grega” pelo catolicismo-romano (Lschr. Unfehl. 8 [1724:56-57]; Allat. Purg. 3 [1655:3-9]), a condenação de Honorio fazia parte dessa “hostilidade” e também historias separadas por meio das quais a cristandade oriental e ocidental foram gradualmente se afastando uma da outra (Allat. Perp. cons. [1655:590]). Agora, mil anos depois, o reconhecimento mais profundo do que esse afastamento custara aos dois lados e também do novo tempo de crise em que os dois tinham entrado ajudou a trazer, dos dois lados, uma nova consciência das afinidades, apesar de não ter trazido automaticamente qualquer nova simpatia (Pff. Hist. teol. 3.6 [1724-11:32-37]; Zinz. Gespr. 14 [Beyreuther 1-111:122]; Hcks. Ltrs. 7 [1705:151]). Os católicos-romanos que, pelo menos, simpatizavam com as liturgias orientais criticavam os protestantes por sua ignorância desses materiais (Rndt. Lit. Or. pr. [1716-I:02r]), que alguns protestantes citavam como evidência de que a adoração pagã sobrevivera ali disfarçada de cristã (Mid. Ltr. Rom. [1729:50-51]). Os teólogos ortodoxos orientais, como Feofan Prokopovic, o arcebispo de Novgorod que fora por pouquíssimo tempo um católico-romano, publicou defesas e descrições da ortodoxia em latim (Mak. Kv. A k. 2.3, 3.2 [1843:97-100,158]), que desperta- ram a admiração de estudiosos ocidentais (Wlch. Spin 9.7 [1751:163]) e fez com que ficasse mais fácil para eles entenderem a doutrina ortodoxa, em uma época na qual o conhecimento do grego estava em declínio e o conhecimento do russo era praticamente inexistente no Ocidente. Pelo menos algumas das histórias da igreja oriundas do meio acadêmico ocidental prestaram homenagem ao patriarca Fócio como teólogo e membro da igreja (Lmp. Hist. 2.8 [1747:207]), embora outros continuassem a polêmica Apologia da igreja contra ele (Allat. Perp. cons. [1655:589]). Os estudiosos orientais retribuíram ao prestar atenção — específica, embora crítica — “aos escolásticos em meio aos latinos” (Atan.. Par. Epit. pr. [1806:v]). Eles — em oposição as reivindicações papais de monarquia (veja vol. 2, p. 184-86) — continuaram a enfatizar a doutrina da pentarquia (Eug. Bulg. Ort. 8 [Metaxas, p. 30-31]), incluindo a primazia original de Jerusalém (veja vol. 1, p. 34, 354) e a fun- dação lendária da sé patriarcal de Bizâncio-Constantinopla pelo apóstolo André (veja vol.2, p. 189); a eclesiologia catóüca-romana rejeitava tudo isso com base em fundamentos tanto históricos quanto teológicos (Coz. Graec. 1.3.21-34 [1719-1:5-7]; Nrs. Sjn. quint. 10 [Berti 2:105]). “Não há”, insistiam os porta-vozes para o Oriente, “nenhuma administração monárquica na igreja de Cristo”, conforme argumentavam os papistas ocidentais (Atan. Par. Epit. prol. 8 [1806:41]). Antes, era a autoridade compartilhada de Roma, Constan- tinopla, Jerusalém, Alexandria e Antioquia, como as cinco sés patriarcais, e a autoridade dos sete concilios ecumênicos (embora não dos Concilios de Florença e de Trento) que deviam prevalecer (Eug. Bulg. Ort. 8 [Metaxas, p. 31-34]). Os estudiosos ocidentais responderam não só afirmando a autori- dade desses concilios ecumênicos pela própria posição deles (Allat. Man. 31 [1658:219-35]), mas observando que o cesaropapismo dos poderes seculares no Oriente capacitavam, por exemplo, o grande duque de Moscou a decretar leis severas contra os dissidentes (Byl. Com. phil. 1.6 [1713-1:220]). Mas o “cesaropapismo” era uma acusação que podia ser dirigida também contra algumas formas de organização e política protestantes (Spen. Pt. Des. [Aland, p. 15]; Lschr. Pens. [1724:19, 24-26]; Dipp. Hrt. 2 [1706:21]). Os protestantes ortodoxos (e menos que ortodoxos) — embora reconhe- cendo o papel dessas questões da autoridade papal e conciliar (Span. H. e. 9.8 [Marck 1:1312]; Wlch. Spir. 3.4 [1751:55]) desempenharam na controvérsia sobre a processão do Espírito Santo “desde o Pai e o Filho [ex Patre F1lioque\ (veja vol. 2, p. 202-16) — continuaram a “receber o Credo de acordo como o uso das igrejas ocidentais” (Brnt. Art. X X X IX .5 [1700:70]; Wlch. Spir. 10.1 [1751:166]; Baum. Pred. 1.3 [Kirchner 1:68]; Terst. Abr. 1.3.6 [Becher 2:50]); os católicos-romanos, ao defender, tanto da perspectiva procedimen- tal quanto doutrinai, o acréscimo da frase ao Credo Niceno (Coz. Graec. 3.9 [1719-11:33-52]; Bert. Teol. disc. 7.19, 9.4 [1792-11:64-65, 109-10]), reconhe- ceram isso como um dos poucos pontos reais de diferença e denunciaram a percepção grega como “heresia” (Drnd. Fid. vind. 1.16 [1709:52]). Uma das questões mais importantes era se os teólogos ocidentais tinham justificativa ou não em citar a autoridade dos pais gregos do século XTV para a posição ♦ > 73 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL que defendiam (Allat. Man. 8 [1658:37-40]). Atanásio de Paros, polemista ortodoxo grego (cuja vida se estendeu pela maior parte do século XVIII), considerava o Filioque importante o suficiente para ocupar o capítulo mais longo da sua obra Epítome ou Coletânea dos dogmas divinos da fé (Atan. Par. Epit. 1.2.7 [1806:162-203]), atacando-o como uma “inovação” e prosseguindo para “acusar os latinos de introduzir esse novo dogma no ensinamento comum da fé” (Atan. Par. Epit. 1.2.7 [1806:164,191]). A ortodoxia oriental, além dessa objeção processual ao Filioque (Sheri. Find. 3 [1690:34]), que era teológica, e também por causa de sua oposição à “adição ou subtração” ao credo (Strz. Man. 5.2 [1828:196]), atacava o Filioque com fundamentos teológicos-trinitários. Na Trindade, o Pai “só é o princípio, e a fonte e a causa”; por conseguinte, o Espírito não procedia do Pai “depois do Filho”, mas antes “com o Filho” (Eug. Bulg. Ort. 2 [Metaxas, p. 13-15]). Os teólogos católicos-romanos negavam que a partir do Filioque “seguia-se necessariamente que há duas causas na Trindade” (Allat. Man. 13 [1658:65-69]; Allat. Syn. Eph. 70 [1661:544]; Coz. Graec. 3.9.226 [1719:11:50]); e eles, em uma correspondência para Pedro, o Grande da Rússia, declararam sua aprovação da acomodação da fórmula “do Pai por intermédio do Filho” se esta fosse corretamente entendida (ap. Amrt. Teol. eclec. 1.6.7 [1752-l-I:127]).Os teólogos do Ocidente e do Oriente, invocando o padrão de distinção entre “teologia” e “economia” (veja vol. 2, p. 211-12), continuaram a concordar que o “envio” econômico do Espírito no tempo, como distinto da “processão” eterna, era de fato “do Pai por intermédio do Filho” (Strz. Man. 2.5 [1828:71]; Eug. Bulg. Ort. 2 [Metaxas, p. 15]; Zinz. Gem. 33 [Beyreuther 4-11:82]). Os teólogos protestantes que concordavam com a doutrina ocidental não consideravam que a questão toda afetasse a salvação (Mrck. Comp. 5.11 [Velzen 18:105-6]; Lmp. Teol. rud. 6.26 [1729:40]; Wlch. Spin pr. [1727:A3v]) ou “que deve haver [...] um cisma entre as duas igrejas” (Sheri. Find. 2 [1690:17]). Quando John Jewel, opondo-se “ao grande alarde feito por eles [católicos-romanos] como toda antiguidade e consenso contínuo de todas as eras fizeram do lado deles” (Jwl. Apol 5 [Booty, p. 83]), definiu “a igreja primitiva do tempo de Cristo, dos apóstolos e dos santos pais”, em vez da igreja católica-romana, como “a igreja católica” genuína, ele não estava se identificando menos com os pais gregos que com os latinos (jwl. Apol. 4 [Booty, p. 65]; Hcks. Etrs. 10 [1705:233]). Essa identificação pertencia não só aos assuntos de administração e autoridade da igreja, em que os protestantes recorriam havia muito tempo à política antimonárquica do Oriente (veja vol. 2, p. 299-301) na crítica às reivindicações papais (veja vol. 4, p. 200-2), mas a 74 * Apologia da igreja outras áreas de interesse doutrinai (Span. Εν. vind. 1.8, 1.20 [Marck 3:25-27, 78-83]). A rejeição dos protestantes da doutrina do purgatório incluiría às vezes o argumento de que “a igreja grega nunca a recebeu” (Brnt. Art. X X X IX 22 [1700:24-26]; veja vol. 2, p. 297-99), embora os católicos-romanos, que contrapuseram os pais gregos aos “recentes” teólogos orientais, afirmavam que a igreja grega ensinara tanto o purgatório quanto as indulgências (Gtti. Coll 1.8.14 [1727:130-31]; M at. Purg. 34 [1655:233-51]; Coz. Graec. 6.15.877- 78 [1719-IV:253]; Amrt. Indulg. 2.2.20 [1735-11:40]). Conforme a defesa da doutrina cristã da criação ficou mais insistente durante o século XVIII (veja p. 166-67 abaixo), as versões orientais da “cosmogonia”, conforme seus expoentes gregos as contrastavam com as ocidentais, adquirem um apelo especial, também no Ocidente (Atan. Par. Epit. 2.2.5 [1806:247-48]). Outras origens teológicas do cisma entre o Oriente e o Ocidente (veja vol. 2, p. 190-202), e, em particular, as associadas com a prática da adoração, continuam a receber a atenção de todos os lados. A hostilidade das igre- jas reformadas ao uso de imagens, embora dirigida em primeira instância contra a “idolatria” no catolicismo-romano, também tinha de considerar o Oriente. Fora ali que “o abuso [de imagens] aumentara na igreja” (Lmp. Hist. 2.7 [1747:189-90]), precipitando a controvérsia iconoclasta (veja vol. 2, p. 128-40). A igreja católica-romana (e a luterana) (Zinz. Gem. 14 [Beyreu- ther 4-11:226-27]), desconsiderando a autoridade do segundo mandamento que proibia “ídolo” (Ex 20.4), “pôs o mandamento como um apêndice do primeiro e, depois, o deixou fora em seus catecismos” (Brnt. Art. XXXIX. 7 [1700:104]); a igreja oriental, que (como a reformada e a anglicana [veja vol. 4, p. 281-82]) computava esse mandamento entre os D ez Mandamentos (Strz. Man. 3.2 [1828:91-93]), continuou a explicá-lo usando os argumentos padrões desenvolvidos pelos partidários bizantinos de imagens (Atan. Par. Epit 4.2.8 [1806:388-89]). Era “lamentável [...] que uma parte tão grande da cristandade adorasse a Deus por meio de imagens” (Brnt. Rom. [1688:13]) e como até mesmo a suposta “utilidades [delas] para a instrução” (Ost. Cat. [1747:88]) passou a ser uma desculpa para “ador[á-las]”. Os sistematizadores da ortodoxia oriental (Coz. Graec. 5.15.953 [1719-111:237]; Pnch. Diet. [1736:3- 4,183]; Gaz. Prael. 2.3.5 [1831-11:52-55]), em resposta às contínuas polêmicas ocidentais, afirmaram e defenderam sua doutrina distinta das energias divinas (veja vol. 2, p. 280-89) e da “luz incriada”, conforme desenvolvida por Gregário Palamas, e eles citaram a autoridade de Dionisio, o areopagita, para isso (Eug. Bulg. Ort. 12 [Metaxas, p. 51]; Atan. Par. E pit 1.1.10 [1806:89-90]), a despeito das calúnias sobre a própria doutrina e essa autoridade (Atan. Par. Epit. 1.1.11 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL7 6 ♦♦♦▼ [1806:96-99]) feita pelos protestantes e também pelos católicos-romanos, que desconsideraram Dionisio como “ficticio” (Span. H. e. 1.15 [Marck 1:581]; Wlch. %>. 6.2 [1751:101]). Todas essas declarações do que cada igreja definia como “ortodoxo” (Ors. 1st. 1.59 [1747-1:115-16]; Amrt. le01. eclec.\.2.2> [1752-1-1:22-24]) eram muito semelhantes como também o tinham sido nos um ou dois últimos séculos (Bert. Teol. disc. 2.5 [1792-1:98]), e, ainda assim, elas também manifestavam sinais da crise que sobreviera a todos os ramos da “ortodoxia”. O aspecto objetivo da crise ficaria visível quando a leitura histórica-crítica do Novo Testamento e dos antigos escritores cristãos (veja p. 146-59, 136-38 abaixo) expusesse a questão dos relatos tradicionais de como a igreja foi estabelecida; e os sacramentos, instituídos. Qualquer suposição de uma “tradição perpétua dos santos pais” (Bert. Teol. disc. 33.8 [1792-VII:122-24]) sobre a igreja e os sacramentos, incluindo a concepção oriental e ocidental da missa como sacri- fício (Mid. Mir. int. [1749:lx]; Allat. Perp. cons. [1655:688]) e a prática da missa privada (Amrt. Teol. eclec. 13.2.20.8 [1752-3-11:65]) estava em risco se o estudo acadêmico do N ovo Testamento mostrasse que as fórmulas da instituição nos evangelhos não era autêntica e não refletiam a intenção original de Jesus. Assim, a “queda da igreja” não podería ser datada a partir da conversão de Constantino ou do estabelecimento de um papado monárquico (veja vol. 4, p. 387, 392-93), mas a partir da primeira geração de discípulos. A dimensão dessa nova crise no século XVIII deu uma força intensa para as palavras da Apologia da Igreja da Inglaterra, de Jewel, ao descrever a crise do século XVI: “Era uma situação deplorável; era uma forma lamentável da igreja de Deus” (jwl. Apol. 5 [Booty, p. 99]). Investigações na doutrina cristã Os apologistas ingleses para a igreja na virada do século XVIII, a despeito da reputação da Inglaterra como um lugar em que todas as controvérsias teológicas eram “apenas sobre as formas de governo e adoração” (Brnt .A rt. XX XIX. pr. [1700:ix-x]), reconheceram que “não devemos começar com a noção de uma igreja e, daí, passar para a doutrina” (Brnt. A rt. X X X IX . 19 [1700:179]), mas antes “temos que examinar primeiro a doutrina e, de acor- do com esse exame, julgar a pureza de uma igreja” (Brnt. Art. X X X IX . 19 [1700:175]). Foi o protestantismo inglês, norte-americano e europeu, em vez da ortodoxia oriental ou o catolicismo-romano, que assumiu a liderança no movimento para a reforma da doutrina — movimento esse que, no entanto, afinal se fez sentir em todas as igrejas. A segunda metade do século XVII e a primeira metade do século XVIII foram uma época em que uma apologia Investigações na doutrina cristã para a doutrina, não apenas para essa ou aquela doutrina, mas para a doutrina como tal (Zinz. Zst. 13 [Beyreuther 3-11:85]), passa a ser uma necessidade tão urgente quanto a apologia para a igreja. Em última análise, as duas necessida- des eram idênticas porque era específicamente a doutrina da igreja que agora estava sujeita ao ridículo (Mos. Vind. disc. 2.3.5 [1722:321]), a própria definição de doutrina não como as idéias particulares ou idiossincráticas de teólogos, mas como aquilo que a igreja acreditava, ensinava e confessava (veja vol. 1, p. 25) e como aquela que a igreja podia, e devia, impor como sua voz coletiva. Um livro iniciado em cerca de 1655 e concluído em cerca de 1660 é emblemático dessas duas necessidades (Mos. Tol. 17 [1722:89]), o livro do homem de letras inglês celebrado internacionalmente, o poeta e teólogo puritano John Milton -— iniciado em cerca de 1655, mas só publicado quase dois séculos depois, em 1825. O livro leva o título (em latim) de Dois livros de investigações na doutrina cristã tirados só das sagradas Escrituras. Tanto a data de composição quanto a postergada data de publicação fornecem evidência sobre o desenvolvimento da doutrina cristã durante esse período. John Toland, em sua biografia de Milton, publicada no último ano do século XVII, louva-o como “a pessoa de realizações mais extraordinárias, o gênio mais afortunado e a mais vasta erudição que essa nação, tão renomada por produzir escritores excelentes, ainda podería mostrar” (Tol. Milt. [1699:149]), identificado como “sua obra-prima, sua obra principal e favorita em prosa” a Defesa do povo inglês (Tol. Milt. [1699:95]); ele acrescentou que Milton, embora tivesse “algumas peças misturadas muito inferiores a suas outras obras” (Tol. Milt. [1699:141]), também escrevera “um Sistema de divindade, mas não posso determinar se pretendia torná-lo público ou apenas para seu próprio uso; [...] e não se sabe onde a obra [está] no momento” (Tol. Milt. [1699:148]). O próprio Milton chamava a obra Doutrina cristã de sua “posse mais querida e melhor” (Milt. Doct. ep. [Patterson 14:8]), mas não a publicou. A razão para sua hesitação e também para o adiamento após sua morte foi evidentemente que, com as “investigações na doutrina cristã tiradas só das sagradas Escrituras”, ele pretendia de fato um exame crítico — e nas passa- gens em que se justificava uma revisão ou era necessário um repúdio — da doutrina de um modo que, ele mesmo reconhecia, estava “em conflito com certas opiniões convencionais” sobre esses componentes centrais da tradição dogmática ortodoxa como doutrinas da Trindade e da pessoa de Cristo (Milt. Doct. ep. [Patterson 14:8]). N isso ele acreditava estar ele mesmo participando na “reforma da própria Reforma” (Milt. Areop. [Wolfe 2:553]; Milt. Doct. ep. [Patterson 14:2]). O prefácio de Milton para a Tradição cristã e o capítulo ♦♦♦ 77 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL inicial — assim como o prefácio para o livro Sobre os primeiros principios de seu admirado predecessor Orígenes fizera para a igreja primitiva (veja vol. 1, p. 125-32) — formulam a maioria das questões básicas envolvidas ñas inves- tigações na doutrina crista e na crise da ortodoxia que essas investigações ajudaram a precipitar. Quando Milton declarou que não pretendia “ensinar nada novo nessa obra” (Milt. Doct. 1.1 Patterson 14:20]), ele, até o ponto em que as próprias palavras indicavam, estava afirmando o que todos (ou quase todos) os in- térpretes da doutrina cristã em todas as igrejas sempre afirmaram pressupor (veja vol. 1, p. 337-41; vol. 2, p. 38-39; vol. 3, p. 43-47; vol. 4, p. 240-41, 276-77, 350-51). Contudo, as conclusões que cada um tira dessas mesmas pressuposições identificava as diferenças subjacentes entre eles e entre suas igrejas. Milton, com a fórmula, pretendia mostrar que tentava apenas reafir- mar a mensagem bíblica autêntica, independentemente de se isso exigia ou não a renúncia a tradições há muito acalentadas. Da mesma maneira, Jere- mias Felbinger, um silesiano “semisociniano” que se refugiou em Amsterdã, declarou no prefácio de 1651 de seu manual da doutrina cristã que “não há nada de novo a ser encontrado aqui, mas só o que o Filho de Deus e seus santos apóstolos ensinaram e instituíram muito tempo atrás” (Felb. Hnd. pr. [1799:np]); mas que a rejeição da novidade também era principalmente um princípio excludente dirigido contra o dogma ortodoxo e a tradição católica. Os teólogos orientais ortodoxos, ao declarar sua lealdade à doutrina trans- mitida pela “santa tradição”, incluíram nessa tradição “tanto o que está na Escritura quanto o que não está na Escritura” (Eug. Bulg. Ort. 6 [Metaxas, p. 25-26]), mas eles negavam a autenticidade de “nova” doutrina ou até mesmo a possibilidade de ela existir; eles afirmavam simultaneamente a legitimidade do “desenvolvimento” anterior e a ilegitimidade do “desenvolvimento” atual. Os professores católicos-romanos da época também evitaram a inovação doutri- nária e negaram a alegação protestante de que eles atribuíam à igreja qualquer autoridade para estabelecer novos artigos de fé (Amrt. Teol. rud. 4.2.17 [1752- l-IV:64-67]). Eles e seus sucessores tiveram de enfrentar repetidas vezes a necessidade de esclarecer e refinar essa posição quando a história do dogma mostrou que “novas” doutrinas (Wlch. Pol. 3.1.8 [1752:574]), incluindo a da Trindade e a da transubstanciação, foram desenvolvidas, em especial, quando, em 1854, e mais uma vez em 1870 e ainda de novo em 1950, “novos” dogmas católicos-romanos sobre a virgem Maria e sobre a infalibilidade papal foram promulgados (veja p. 269-70, 311, 340 abaixo). 78 ♦ ♦ ♦ Investigações na doutrina cristã Λ 79 ♦ Milton — ao definir a doutrina cristã como “a doutrina que, em todas as eras, Cristo [...] ensinou por meio da comunicação divina, para a glória de Deus e a salvação da humanidade, sobre Deus e sobre a adoração dele” e acrescentar que “insistimos com acerto que os cristãos têm de acreditar nas Escrituras, da qual essa doutrina é tirada” (Milt. Doct. 1.1 [Patterson 14:16]) — tenta localizar suas investigações na doutrina cristã no contexto e conti- nuidade do cristianismo bíblico e, em algum sentido, também do cristianismo eclesiástico. N o entanto, mais uma vez essa definição de continuidade seria mal interpretada. Quando o pietista huguenote Pierre Poiret definiu “fé” como “acreditar e confiar nas coisas que Deus nos disse sobre os assuntos divinos” (Poir. Chr.ed. 31 [1694:42]), isso não significava o mesmo como quando seu contemporâneo mais jovem, o teólogo católico-romano Eusé- bio Amort, definiu “fé teológica” como “aceitação dada a um objeto [de fé] por causa da autoridade de Deus” (Amrt. Teol. eclec. 4.2. prol. [1752-1-IV:8]), uma vez que Amort em sua definição, para explicar “a autoridade de D eus”, referia-se à autoridade da igreja e também à autoridade da Escritura. Todos os lados concordariam com a exigência de que as diferenças de doutrina fos- sem decisivas, não as diferenças de rituais (Allat. Perp. cons. [1655:638]; Gtti. C0//.2.1O.1 [1727:416]), e que “algum conhecimento do que Deus revelou tanto no Antigo quanto no N ovo Testamentos seja exigido para o correto entendimento” da doutrina cristã (Lw. Dem. Er. [Moreton 5:8-9]), mas não com a exigência de que “a sagrada Escritura tem de ser interpretada de acordo com a compreensão da igreja” conforme expresso em seus dogmas (Ang. Sü. CTrid. 2 [1675:B12v-C5v]). Contudo, essa definição católica-romana de doutrina como “dogma” também começava a mostrar sinais da crise: para provar um dogma a partir da tradição era importante, acima de tudo, citar “os pais que viveram nos dois primeiros séculos” (veja p. 255-56,268,323,336-37 abaixo); o problema, pelo menos conforme os historiadores do dogma descobriam vez após outra, era que “há extremamente poucos dogmas discutidos nos escritos desses pais” (Bl. Unfehl. 28 [1791:591-93]). Um dos pioneiros na história do dogma observou que a palavra grega “δόγμα” nem sempre se referia a “partes da fé dos cristãos” (Sem. Erud. [1765-1:55]), mas (conforme mostrou sua aparência no evangelho de Natal) a um “decreto” ou ordem (Lc 2.1). A partir dessas e outras considerações históricas ficou evidente para ele que um consenso sobre “dogma”, mesmo sobre dogmas como o da Trindade e o da pessoa de Cristo, não era agora, nem nunca foi, necessário para a “participação [autêntica] na religião cristã” (Sem. Rei. [Schütz, p. 80]) e que estava perto A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL de ser urna “tosca suposição ateísta” para a igreja forçar a conformidade com suas fórmulas dogmáticas (Sem. Re¿. [Schütz, p. 97]). Ele, ao mesmo tempo, argumentou que esse relativismo não pode ser usado para justificar a eliminação “dos ensinamentos de Jesus” a partir de uma consideração da “principal parte do cristianismo” (Sem. Frag. 46 [1780:338]). N o imenso corpo de tudo que fora crido, ensinado e confessado como doutrina cristã ao longo dos séculos do desenvolvimento cristão nem tudo podia estar no mesmo patamar (Mrck. Comp. 3.9 [Velzen 18:63]): será, por exemplo, que a noção da localização subterrânea do inferno tinha de ser imposta como um “artigo de fé” (Ptz. Sed. inf. 1.5,2.9 [1763:19,127]) e uma tradição obrigatória (Mrck. Comp. 3.12 [Velzen 18:65])? Todos, ainda que com vários critérios, reconheciam alguma forma da “necessária distinção [...] entre os artigos de fé e os artigos de doutrina: os primeiros são necessários para a salvação, os outros são apenas acreditados verdadeiros” (Brnt. Art. XXXIX. int. [1700:6-7]) — ou talvez, conforme sugerem às vezes os críticos, acreditava-se que são necessários não para a salvação, mas “para a integri- dade, conexão e clareza do sistema teológico do indivíduo” (Wer. Diss. 25.3 [Ryhinerus 1:442]; Spen. Beant. 2.8 [1693:99]; Frnck. Meth. 3.28 [1723:163]). Portanto, “as verdades da religião cristã” continuam verdadeiras “se conse- güimos nos convencer a acreditar nelas ou não” (Lw. Bngr. 2 [Moretón 1:64]), e, na avaliação do direito da igreja de ser chamada cristã, “a principal concentração tem de ser na doutrina”, a correção dela, mas também sua completude (Beng. Brud. 1.1.1 [1751:2]). Os teólogos irenistas tiveram de concordar que “fórmulas vagas, genéricas e ambíguas” cujo objetivo era evitar as principais diferenças doutrinais entre as igrejas, embora talvez bem-intencionadas, “prejudicaram mais do que ajudaram” (Wer. Diss. 18 [Ryhinerus 1:331]). Um crítico luterano ortodoxo da teologia irenista atacou um método que negligenciava questões da “verdade” doutrinai sobre a presença real na eucaristia por causa da ex- pressão de “amor” no compartilhamento da santa comunhão (Schwrd. Comm. [1707:Av]). A distinção inerente entre os artigos de fé como “fundamentais” ou “não fundamentais” (Br. Comp. prol. 27-34 [Walther 1:45-68]), e, na pri- meira categoria, como artigos fundamentais “primários” ou “secundários” (Wlch. Spir. 10.13 [1751:184]), não era para obscurecer o imperativo de “amar cada verdade divina, quer ela seja fundamental quer não” (Lang. Antibarb. [1709-11:489]). Essas diferenças de definição entre as várias igrejas e nelas, no entanto, estava agora perdendo a eficácia contra o pano de fundo de um aprofunda- mento do desconforto não só a respeito das diferenças, mas também sobre 80 «J* Investigações na doutrina cristã a própria ideia dessa definição. “Cremos, confessamos e ensinamos”, afirma- riam os defensores da ortodoxia luterana contra a declaração pietista: “Que as verdades teológicas, verdades divinas, são e permanecem verdades divinas em si mesmas e por si mesmas [...] em todos os tempos e em todos os lugares” (Deutsch. Luí. 1.2.10,1.1.4 [1698:18,4-5]), mas conseguir a aquiescência para essa proposição era muito mais difícil agora (Mos. Tol. 8 [1722:33-34]). Foi, conforme observaram seus críticos, uma expressão de extremo desconforto quando John Toland declarou sua decisão de só “se incomodar” com os pon- tos que chamava de “os termos e doutrinas do evangelho”, que ele via “não [como] os artigos do Oriente ou Ocidente, ortodoxo ou ariano, protestante ou papista, considerados como tal, mas os de Jesus Cristo e dos apóstolos” (Tol. Mist. pr. [1696:xiv]); mas algumas dessas distinções entre a mensagem cristã ori- ginal e as doutrinas da ortodoxia — quer protestantes, quer católicas-romanas, quer ortodoxas orientais — começavam a permear a igreja. Outra crítica extrema levou suas pesquisas históricas à conclusão de que, “sem dúvida, nem tudo que no fim passou a ser um artigo fundamental da fé cristã” tinha de ser encontrado nos escritos dos evangelistas e apóstolos (Reim. Apol. 2.5.1.1 [Alexander 2:423]), mas que boa parte fora “definido como ortodoxo só por meio das fórmulas de fé subsequentes” (Reim. Apol. 1.1.4.4 [Alexander 1:125]). E quando ainda outro — enquanto insistia que não era sua intenção “postular uma indiferença em assuntos de fé nem ne- gar que um pré-julgamento errôneo e hostil pode com frequência obstruir a obra de regeneração e o reino da graça” — argumentou que a “fé salvífi- ca” não consistia na aceitação desses dogmas como “o mérito de Cristo e sua imputação” ou “as opiniões salvíficas do Credo de Atanásio”, mas na “simples obediência” e discipulado genuíno (Dipp. Ort. 6 [1699:80-85]), seus oponentes conservadores o advertiram que, “entretanto, ainda assim não é errado defender a verdade e a pureza da doutrina, embora dentro dos limites apropriados” (Nss. Dipp. 14 [1701:83]). Os críticos menos extremados tam- bém concluíram que a uniformidade doutrinai entre os cristãos de diferentes lugares e épocas era impossível e, por isso, desnecessária (Sem. Rei. 19 [Schütz, p. 149]). Alguns traçavam um contraste entre a autoridade absoluta da “teo- logia” se entendida como “a natureza primitiva dos dogmas, sem uma dose de qualquer atividade humana” e a autoridade relativa da “teologia” como era entendida “nesse século, nessa nação” (Frnck. Meth. 3.20 [1723:110-11]), e eles estavam denunciando o “terrível abuso” da doutrina que resultara de decorar as fórmulas do catecismo (Frnck. Bcht. [Peschke, p. 96]). 81 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL A fórmula comum da Reforma: “Cremos, confessamos e ensinamos” (Deutsch. A»/. 1.2.10 [1698:18]; veja vol. 4, p. 58-60), talvez também a ordem inversa da usual de seus dois termos finais, sugere como os credos da igreja da Antiguidade e as confissões da época da Reforma foram importantes para a definição da ortodoxia, bem como para a crise ortodoxa, em todas as igrejas. O uso de uma confissão particular como urna norma de ortodoxia, ultra- passando as normas ecumênicas, tornou possível para os amigos e também os inimigos caracterizarem as várias igrejas (veja vol. 4, p. 404): os luteranos fundamentados na Confissão de Augsburg e no Livro de Concórdia (Pnch. Diet. [1736:127-28]); os reformados fundamentados no Catecismo de Heidelberg, na Confissão belga e em outros padrões (Pff. Hist. teol.2>.8 [1724-11:205-6]; Sherl. Def. 2 [1695:146-50]); o arminianismo alicerçado na Confissão de protesto (Wlch. Pol. 4.2.4 [1752:1051-52]); e a Igreja da Inglaterra alicerçado nos 39 Artigos (Brnt. Art. XXXIX. int. [1700:8]). Mas esse uso veio a ocupar um lugar decisivo como um critério de ortodoxia também nas igrejas ortodoxas orientais e nas católicas-romanas (Allat. Purg. 3 [1655:8]; Wlch. Pol. 5.6 [1752:1148-49]). A Confissão ortodoxa de fé da igreja oriental católica e apostólica, formulada por Pedro Mogila (veja vol. 2, p. 304-14), metropolitano de Kiev, segundo observadores externos e internos, era “muitíssimo valorizada e seguida como uma nor- ma” (Wlch. Spir. 9.4 [1751:157]) não só na ortodoxia russa, mas também na Igreja Ortodoxa Grega; e os Cânones e decretos do Concilio de Trento junto com o Cateásmo do Concilio de Trento (Pff. Hist., teol. 3.7 [1724-11:63-85]) vieram a ocupar uma posição similar, fornecendo, por exemplo, a Angelo Silésio [Johannes Scheffler], poeta místico alemão e convertido do protestantismo, o fundamento para um apelo a seus irmãos no passado a voltarem para a verdadeira igreja (Ang. Sil. CTrid. [1675]). Um catecismo reformado francês falava para todas essas igrejas quando, fundamentado em Romanos 10.9,10 (veja vol. 4, p. 58), ligou acreditar na verdade da doutrina a fazer uma firme confissão dela (Ost. Cat. [1747:10]), conforme o prefácio para a Confissão de Savoia foi reafirmado em Boston, em 1680, quando, citando a mesma pas- sagem de Romanos, declarou que não havia “uma evidência maior de estar em condição de salvação que essa confissão” (Sav. Conf. pr. [Walker, p. 438]). Contudo, ao mesmo tempo John Milton falava para um número cada vez maior de indivíduos naquelas mesmas igrejas quando explicou que, “em questões religiosas, decidira não depender da crença ou julgamento dos outros”, mas “decifrar um credo religioso sozinho por meio de seu próprio empenho” (Milt. Doct. ep. [Patterson 14:4]). Ele instituiu esse método em explícita oposição ao “deplorável e desagradável [fenômeno] de que a re Investigações na doutrina cristã ligião cristã tem de ser suportada pela violência” e coerção (Milt. Doct. ep. [Patterson 14:12]); “todo traço de força ou coação” tinha de ser eliminado (Milt. Doct. 1.31 [Patterson 16:298]). O biógrafo de Milton, citando o receio de Hilário de Poitiers em relação aos credos (Hil. Const. 2.5 \PL 10:566-67]), identificou “os impositores de credos, cânones e constituições” como “as pragas comuns da humanidade” (Tin. Cr. 11 [1730:163-64]); ficou “claro a partir da história da igreja que os credos eram as armas espirituais com que as facções rivais combatiam umas às outras” (Tin. Cr. 13 [1730:286]). Essa crítica não foi dirigida apenas contra um credo em particular, tendo o Credo de Atanásio como alvo preferido, mas contra a própria ideia de “compulsão” na doutrina, uma vez que “ ‘igreja’ e ‘coerção’ são conceitos mutuamente contrários” (Bl. Unfehl. 26 [1791:529]). A regulamentação de um consistorio local em oposição ao pietismo (Zinz. Zst. 29 [Beyreuther 3-11:225-26]) que “a subscrição aos livros simbólicos tem sempre de ser absoluta, e não condicio- nal” (Ess. Consist. 24.vii.1709 [Neumeister, p. 292]) foi um esforço de pôr na forma legislativa segundo a lei canônica protestante (Mayr. Red.5 [1702:399]) a regulamentação de que o teólogo está preso à declaração pública de fé da igreja (Lschr. Hor. [1734:32]), a qual, por sua vez, está presa à palavra de Deus. De todo modo, no protestantismo, a coerção luterana da subscrição confes- sional representava um extremo do espectro, em que as inconsistências entre as confissões reunidas no Livro de Concórdia (Deutsch. Lut. 1.5.23 [1698:59]) não tinham de ser enfatizadas, mas reconciliadas, porque “os livros simbóli- cos são os livros da igreja de Deus” (Deutsch. Lut. 1.5.3 [1698:45]); o outro extremo do espectro era representado pela posição anglicana de que se um artigo dos 39 Artigos “admite sentidos literal e gramatical distintos, mesmo quando os sentidos fornecidos são claramente contrários um ao outro, os dois lados podem subscrever o artigo com boa consciência e sem qualquer equívoco” (Brnt .A rt. X X X IX in t. 9 ,17 [1700:8,116,168]). Embora os três ditos credos ecumênicos tenham recebido o endosso de todas as principais facções da Reforma do século XVI (veja vol. 4, p. 241,277) e fossem considerados como “um tipo de regra [de fé] secundária, contendo a fé tradicional da igreja” (Sherl. Vtnd. 3 [1690:31]), não era mais possível tomar nem mesmo a posição normativa desses credos como garan- tida. Os estudiosos católicos-romanos — em oposição às dúvidas que os humanistas renascentistas lançaram sobre o relatório de Rufino a respeito da composição do Credo dos Apóstolos pelos discípulos de Cristo logo depois do Pentecoste (veja vol. 1, p. 132) — estavam inclinados a defender o relato tradicional (Bert. Diss. hist. [1753:11:27]; Bert. Te01. disc. 22.6 [1792-IV:280- ♦♦♦ «3 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL 81]). Os protestantes estavam mais dispostos a chamar esse relato de “ficção” (Lmp .Hist. 2.2 [1747:75-76]; Hrn. H. e. 1.2.2 [Leydecker 1:137]) e a questionar se havia de fato algum credo ou confissão na igreja primitiva (Sem. Frag. 8 [1780:49]). Eles, não obstante esse questionamento, encontraram no Credo dos Apóstolos “um resumo [abrége] da doutrina que os apóstolos pregavam” (Ost. Cat. [1747:29-30]) e, por conseguinte, uma útil cartilha para a educação de crianças (Poir. Chr. ed. 43 [1694:55]). Embora o Credo de Atanásio ainda fosse às vezes atribuído a Atanásio (Drnd. Fid. vind. 3.56 [1709:520]), quase todos tinham de concordar que o credo não era dele, tendo sido composto em latim, em vez de em grego; contudo, o credo, agora, era aceito às vezes no Oriente como uma obra autêntica de Atanásio (Bert. Diss. hist. [1753-111:234- 35]; Brnt. Art. X X X IX 8 [1700:106]), por exemplo, pelo arcipreste Awakum Petróv, líder dos Velhos Crentes, que o citava muito (Avkm. Zi%\ [Robinson, p. 142]). O credo — por causa de sua fórmula condenatoria de encerramen- to: “Essa é a fé católica, a menos que o indivíduo creia fielmente, ele não pode ser salvo” (Symb. Ath. 44 [Schaff 2:70]) — representava para os críticos protestantes radicais “um caos irracional” (Dipp. Ort. 4, 7 [1699:53,101]) e uma contradição dos ensinamentos autênticos de Jesus; mas os protestantes mais conservadores continuaram a defendê-lo (Sherl. Vind. 2 [1690:10-21]; Zinz. Lond. Pred. 3.7 [Beyrether 5-1:367]). D os três credos, só o Credo Niceno tinha uma reivindicação genuína ao titulo “ecumênico”, embora só, conforme os teólogos orientais lembravam reiteradamente seus oponentes ocidentais quer católicos-romanos quer pro- testantes, sem a corrupção unilateral de seu texto por intermédio da inserção do Filioque (veja p. 258 abaixo). Para as exposições ortodoxas orientais da mensagem cristã, “a fé dos 318 pais do Concilio de Niceia” continuou a ser- vir como um resumo da “santa tradição” e com o fundamento para definir seu conteúdo. Como o credo na liturgia da missa latina, para os intérpretes católicos-romanos, ele era o principal exemplo do antigo princípio de que “a regra de oração tem de confirmar a regra de fé” (veja vol. 1, p. 342, 345). Os pietistas foram acusados de “ódio público pelo Credo Niceno e por Constan- tino, o Grande” (Mayr. Hall. [1707:14]), mas o próprio desafio dos detratores racionalistas da ortodoxia nicena (Dipp. Ort. 5 [1699:67]) provocou, por parte dos protestantes confessionais e dos católicos-romanos, uma defesa do Credo Niceno (Niss. Dipp. 2 [1701:32, 25]; Ors. 1st 12.37 [1747-V:53-57]) e de seu termo-chave “homoousios” (a despeito das conhecidas palavra de Lutero depreciando esse termo) (Sem. Rei. 24 [Schütz, p. 203-9]; veja vol. 4, p. 393) com o um baluarte contra a heresia (Hrn. H. e. 1.3.4 [Leydecker 1:176-77]). 84 ♦♦♦ Investigações na doutrina cristã * Tudo isso presumia que “heresia” ainda era tão definível quanto iden- tificável como “ortodoxia”. Milton não tinha tanta certeza de nenhum dos dois: ele denunciou como “intolerantes irracionais que, por uma perversão da justiça, condenam qualquer coisa que consideram inconsistente com as crenças convencionais e dá a elas um título hostil — ‘herege’ ou ‘heresia’ — sem consultar a evidência da Bíblia a respeito do ponto” e contra-atacou que “desde a compilação do N ovo Testamento, nada pode ser chamado de heresia com acerto a menos que o [Novo Testamento] contradiga” explícitamente (Milt. Doct. ep. [Patterson 1 4 : 1 2 ] ; Milt. / I reop. [Wolfe 2 : 5 4 3 ] ) . Para a ortodoxia oriental, a heresia surgia, em questões de “teologia”, ou em contradição aos mistérios da fé concernentes ao próprio ser divino ou, em questões de “eco- nomia”, em contradição às doutrinas fundamentadas na história da salvação em Cristo e na igreja (Atan. Par. Epit. 3 . 4 [ 1 8 0 6 : 3 0 0 ] ) . Mas nos séculos XVII e XVIII, o desafio mais patente para a ortodoxia oriental vinha dos adeptos do Raskol, ou grande cisma, dos Velhos Crentes, na Rússia. Eles professavam uma “ortodoxia \pravoslavie\” completa em sua lealdade a “tudo na igreja, transmitido a nós pelas tradições dos santos pais, [como] santo e incorrupto” tanto na teologia quanto na economia (Avkm. Zig. [Robinson, p. 1 7 1 ] ) por- que eles defendiam com firmeza “o que os livros antigos ensinavam sobre a divindade e sobre outros dogmas” (Avkm. Knig. tolk. 3 [RIB 3 9 : 5 3 2 ] ) . Mas eles foram acusados de “cisma, incitação e falsa doutrina” por “condenar a correção do santo credo \svjatogo simbola ispravlenié\, a junção dos três primeiros dedos para fazer o sinal da cruz, também a correção dos corretores dos [livros litúrgicos] e a coordenação do canto da igreja [entre o sacerdote e o coro]” (Sob. 1 3 .V .1 6 6 6 [DAI 5 : 4 4 8 ] ) . Em vista dessa crise eclesiástica e doutrinai, o padrão de distinção entre “heresia” e “cisma”, conforme fora formulado para a ortodoxia oriental pelos pais da igreja, como Basilio de Cesareia, no século IV, parecia ter caído (veja vol. 1, p. 88). Os escritores ocidentais, tanto protestantes quanto católicos-romanos, embora vários dos pais da igreja localizassem a “heresia” na liturgia e ritual (Span. Εν. vind. 2.20 [Marck 3:311-20]), continuavam em suas classificações a defini-la com o “erro de doutrina” (Pnch. Diet. [1736:15-16]), ou como “um erro do intelecto referente à fé, enraizado na ignorância” (Schtz. Haer. 1.10 [1724:23]) ou com o uma oposição consciente à fé ortodoxa (Amrt. Teol. mor.32 [1757-1:253-54]; Amrt. Teol. eclec. 16.2.2.5 [1752-4-11:69]); por isso, Orígenes, Pelágio e Teodoro de Mopsuéstia mereceram ser rotulados como “hereges” (Wlch. Pol int. 6 [1752:9]). Para os críticos radicais, essa repetição de fórmulas estereotipadas de condenação (Nrs. Hist. pel. 1.1,1.3,1.9 [Berti 1:2, 85 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL8 6 ♦♦♦ 27, 85]; Nrs. Syn. quint. 5,11 [Berti 2:29-31,124]) equivalia a dizer que “quem quer que seja que não concorde com nossa igreja e nossas confissões é clara- mente um herege” (Dipp. H it. pr. [1706:A8v]), quando na verdade a definição do N ovo Testamento de herege (G15.20; Tt 3.10; Jd 19) como “alguém que, ainda alienado de Cristo e de seu reino de graça, inventa uma ‘analogia de fé’ de acordo com a razão e com a letra da Escritura e, depois, tenta impô-la aos outros como verdade salvífica” (Dipp. Ort. 6 [1699:76-77]; Rm 12.6), agora aplicada “só aos ortodoxos” em vez de àqueles a quem o ortodoxo condenara (Dipp. Ort. 6 [1699:98]). Em parte, essa crítica fundamentava-se na avaliação de que “nunca houvera algum período de tempo em toda a história eclesiástica em que tantos graus de heresias foram confessadas publicamente [como] [...] nos três primeiros séculos” (Mid. Mir. int. [1749:lxxxvi]), suposição histórica essa que seus oponentes rejeitaram como exagero (Lmp. Hist. 2.2 [1747:87]), uma vez que “sempre houve hereges desde o começo da igreja cristã” até hoje (Lmp. Mttl. 2.1 [1712:106]). Todo o ataque à ortodoxia dos credos “deixa a fé uma coisa muito inútil e a heresia uma coisa muito inocente e inofensiva” (Sheri. Hind. 3 [1690:22]), mas as conhecidas palavras: “Pois é necessário que haja divergências” (ICo 11.19 [Vulg.]; veja vol. 4, p. 311; p. 330 abaixo), significando que na providência de Deus uma traição da fé podería ter efeitos colaterais benéficos, não deveríam ser usadas para justificar a tolerância da falsa doutrina (Schtz. Haer. 2.20; 2.3; 2.17 [1724:67-68, 34-35, 62]). A crítica da doutrina tradicional concentrava-se com especial vigor em sua excessiva preocupação com a terminologia (Frnck. Id. 37 [Peschke, p. 191]; Zinz. Gem. 10 [Beyreuther 4-1:174]; Zinz. Aug. Conf. 15 [Beyreuther 6-11:267]). A acusação de logomaquia aparecia repetidamente na história do conflito doutrinai, como quando Hilário argumentou que “a heresia está no sentido atribuído, não na palavra escrita” (Hil. Trin. 2.3 \CCSL 62:39]); Pas- quier Quesnel, citando essas palavras (Qnl. Exp. apol. [1712-1:51]), reivindicou a distinção entre o sentido herege e o ortodoxo de formulações ambíguas (Qnl. Clém. IX. int. 1.3 [1700:2,36]). Um teólogo firmemente ortodoxo como Pedro Lombardo (veja vol. 4, p. 139), bem como pensadores medievais pos- tenores, incluindo Duns Escoto, consignaram boa parte da discussão sobre o Filioque na categoria de logomaquia (Sheri. Vind. 2 [1690:17]; Wlch. Spin 10.12 [1751:182]), uma percepção que recebeu novo apoio nesse período (Gr. Naz. Or. 21.35 [PG 35:1125]). Gregário de Nazianzo observou que, na época de Atanásio, “houve o perigo de o mundo todo ser dilacerado no conflito sobre as sílabas” (Wer. Mise. 1.4 [Ryhinerus 2:31]); houve muitos que, ao perceber o mesmo perigo agora (Mrck. Comp. pr. 1.17 [Velzen 18:Blr, 8]), destacaram A doutrina da lei e da graça Φ que o vocabulário trinitário como tal não era indispensável e que tinha ele mesmo passado por mudanças no curso do desenvolvimento da ortodoxia (Sem. Frag. 10 [1780:57]; Zinz. Red. 4 [Beyreuther 1-IL49]). Contudo o cuidado contra a logomaquia e “os termos e sofismas estranhos emprestados da tolice das escolas” (Tin. Cr. 13 [1730:289]; Nss. Dipp. 2 [1701:25]) poderia com facilidade passar a ser um ataque à ortodoxia trinitária, conforme mostrou a doutrina de Deus desenvolvida por Milton (Milt. Doct. 1.5 [Patterson 14:208]). Os teólogos confessionais advertiram que desconsiderar “a disputa entre os luteranos e os calvinistas sobre o sacramento” (Tin. Cr. 10 [1730:139]) como “apenas verbais” ou como “uma guerra de gramáticos” (Wer. Diss. 10.5 [Ryhi- nerus 1:193]) prejudicavam não só a ortodoxia confessional, mas também a própria natureza da linguagem bíblica (Lw. Dem. Er. [Moreton 5:6]; Deutsch. Aug. Conf. [1667:17-22]). A controvérsia do século XVI sobre se o pecado original passara a fazer parte da “essência” da natureza humana foi também mais que uma disputa sobre terminologia (Neum. Marp. 2.5 [1727:141]; Pnch. Diet. [1736:162]; veja vol. 4, p. 206-209). Todos concordariam que algumas diferenças não pertenciam de modo algum ao dogma e que esses modos de falar não afetavam a salvação (Allat. Perp. cons. [1655:641]), mas os teólogos variando de radicais a conservadores também concordavam que a solução para a crise da doutrina ortodoxa não era simplesmente inventar uma nova terminologia (Sem. Rei. [Schütz, p. 171]; Dipp. Hrt. 2 [1706:34]; Amrt. Rev. 1.4 [1750:50]), uma vez que “é fácil se unir nas palavras” (Zinz. Gespr. 5 [Bey- reuther 1-111:37]). A solução é mais profunda porque a crise é mais profunda. A doutrina da lei e da graça A doutrina agostiniana da graça com suas muitas alterações, talvez mais que qualquer outra questão doutrinai até mesmo a questão da autoridade (veja vol. 2, p. 167-90; vol. 4, p. 329-43), demonstrou a continuidade e, ainda assim, a descontinuidade entre o cristianismo oriental e ocidental (veja vol. 2, p. 200-202), bem como entre a Reforma protestante e o desenvolvimento precedente da doutrina cristã no próprio Oriente (veja vol. 4, p. 63-64). A complexidade dessa continuidade e descontinuidade já se manifestara no catolicismo-romano por meio dos conflitos do século XVII sobre a graça, os dons da graça e o “auxílio da graça” (veja vol. 4, p. 443-54), mas a relação complexa entre as várias posições passaram a ser focadas de forma mais contundente na segunda metade desse século. Durante esse meio século, outro homem das letras inglês, John Bunyan, além de suas obras conhecidas O peregrino (1678 e 1684) e Graça abundante para 0 principal dos pecadores (1666), 8 7 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL88 Λ ♦ também publicou em 1659 e revisou em 1685 um tratado intitulado Λ doutrina da lei e da graça desenvolvida (Bnyn. Lw.gr. 2 [Sharrock 2:187]). Bunyan — ao celebrar “essa gloriosa doutrina” e denunciar “um pacto espiritual legal e antigo que convence secretamente a alma que se for para ser salva por Cristo, ela tem primeiro de se ajustar a Cristo” (Bnyn. Lw. gr. 2 [Sharrock 2:184]) — articulava uma posição que seu sucessor na geração seguinte teve de chamar “a absoluta necessidade da graça divina” como “uma doutrina confessada do cristianismo” (Lw. Cr. perf. 9 [Moreton 3:134]). A doutrina da graça, embora “confessada” de uma forma ou outra por todos que afirmavam sua lealdade ao cristianismo, era, ainda assim, uma importante fonte de discussão e agora passava a ser um importante componente da crise da ortodoxia. Uma das diferenças mais decisivas entre a doutrina oriental e ocidental era, havia tempos, a ausência na história cristã oriental de uma controvérsia correspondente àquela sobre a natureza e a graça entre Agos- tinho e os pelagianos. N o curso dessa controvérsia, um sínodo de bispos de fala grega, realizado em Lida (antiga Dióspolis), na Palestina, no fim de 415 d.C., para grande desgosto de Agostinho, declarou que Pelágio, pelo fato de “amaldiçoar tudo que é contrário à fé da igreja que confessamos, pertence à comunhão da igreja católica” (ap. Ag. Gest. Pelag. 20.44 [CSEL 42:99]); além disso, esses procedimentos, ao contrário da maioria do corpo agostiniano (veja vol. 2, p. 291), foram preservados em grego por Fócio e ainda circu- lavam nessa forma em meio aos membros da igreja e teólogos do Oriente na era moderna (Fot. Bib. 54 [Henry 1:42-44]). A despeito da condenação formal do pelagianismo como heresia no Concilio Ecumênico de Éfeso, em 431 (veja vol. 1, p. 321), a técnica de relatar as antíteses entre Agostinho e Pelágio como a metodologia padrão para introduzir a doutrina da graça des- frutava de pouco ou nenhuma popularidade entre os teólogos orientais (Blrt. S. T. Grat. 1 [Lequette 3:1-13]), ficando muitíssimo confinada aos protestantes e católicos-romanos (veja vol. 4, p. 290-92,325-26). Os teólogos orientais que falavam de Deus “garantindo a recompensa como uma dádiva” (veja vol. 2, p. 35-36) — transcendendo assim as antíteses da Reforma sobre a graça (veja vol. 4, p. 326) — estavam mais provavelmente invocando o outro polo do conflito de Agostinho sobre a doutrina da graça (veja vol. 1, p. 303-304), a defesa do livre-arbítrio e da responsabilidade, engajados como estavam na defesa contra vários sistemas, quer mulçumanos quer maniqueístas, que pareciam enfatizar as arbitrariedades da soberania divina ao custo do livre-arbítrio humano (veja vol. 2, p. 234-46). 89A doutrina da lei e da graça Como a Confissão de Augsburg, seguindo o precedente de Thomas Brad- wardine (Leyd. Jans. 2.1.14 [1695:289-90]), estava na verdade, ao condenar “os pelagianos e outros” (Conf.Aug. 2.3 \Bek., p. 53]), atacando as posições dos escolásticos católicos-romanos e de certos protestantes que pareciam advogar um otimismo excessivo a respeito da capacidade humana à parte da graça (veja vol. 4, p. 203-204), então, nesse período, era fácil aplicar os mesmos rótulos aos desvios percebidos da ortodoxia agostiniana (Amrt. Teol. eclec. 7.3.2 [1752-2-11:56-62]). A linguagem do Sínodo de Dort, acusando o arminianismo de “chama[r] de volta do inferno o erro pelagiano” (veja vol. 4, p. 290), foi agora repetida quase textualmente (embora sem atribuição) por um cardeal da igreja católica-romana em sua própria justificação da doutri- na da graça de Agostinho contra o arminianismo e também contra vários movimentos “semipelagianos” em sua própria comunhão (Nrs. 1And. Aug. 8 [Berti 2:456]). D e acordo com um contemporâneo protestante (Poir. Teol. cr. pr. [1690-I:A4r]), “esse pelagianismo infernal” era “o verdadeiro ateísmo do coração, que bane Deus e seu Espírito do coração humano, bem como suas operações interiores, e os esclarecimentos da graça divina por meio da qual ele [o Senhor] nos resgata da nossa infinita corrupção”. Os “erros místicos” (Arb. Des. myst. 5.1 [1764:598-606]) de Luís de Molina, condenados pelo papa Inocêncio XI (In. XI. Cael. Past. [Argentré 3:362-63]), foram denunciados por um defensor do jansenismo como “os mesmos erros dos pelagianos ou dos semipelagianos” (Qnl. Clém. /A 1.3 [1700:37]) O termo “semipelagiano” parecería ser menos um título de opróbrio quando um anglicano, por causa da posição extrema representada por A escravidão da vontade (veja vol. 4, p. 204), de Lutero, descreveu como “todos os luteranos adotam as opiniões semipelagianas com tanta plenitude e tanta ansiedade que não tolerarão nem manterão comunhão com qualquer das outras crenças” (Brnt. Art. XXXLK 17 [1700:151־]), ou seja, os calvinistas. Outros continuaram a agrupar os “maniqueístas, luteranos, calvinistas e jansenistas” (ap. Leyd. Jans. 2.1.10 [1695:262-69]) como oponentes predestinacionistas do livre-arbítrio” (Bert. Aug. ded., 4.1 [1747-I:viii, 64]). Os conflitos da Reforma do século XVI e também das controvérsias da pós-Reforma tanto no protestantismo quanto no catolicismo-romano já ti- nham tornado necessário uma nova e mais complexa taxonomía das doutrinas da graça que a distinção simplista entre agostinianismo e pelagianismo (Hrn. H. e. 1.3.30 [Leydecker 1:208]), mesmo com a adição do “semipelagianismo” como uma espécie separada (Drnd. Fid. vind. 3.2 [1709:363-66]). Os desen- volvimentos dos séculos XVII e XVIII, como o jansenismo, molinismo e A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL quietismo no catolicismo-romano, o puritanismo e, depois, o metodismo no anglicanismo e o pietismo no protestantismo continental e norte-americano (incluindo as interações entre vários desses movimentos) foram agora acres- cidos de complexidade (Pinch. Diet. [1736:191-98,198-304]; Leyd./^«r. 1.3.7 [1695:165-69]). Quando um livro católico-romano de referência sobre heresia reconheceu que quatro dos cinco principais pontos doutrinais do arminia- nismo, conforme usualmente enumerados nas polêmicas protestantes (Span. Cont. [Marck 3:850-55]; Wlch. Pol. 4.2.2 [1752:1048-50]), eram “ortodoxos” (Pnch. Diet. [1736:75]) àluz da “fé da igreja”; ou quando um pietista, embora também condenando o pelagianismo, podería agrupar “Calvino, os jansenistas e os tomistas” (Poir. Oec. div. 2.17 [1705-11:571-72]) em relação às doutrinas da graça e da predestinação; ou quando alguns luteranos ortodoxos retribu- íram ao acusar os pietistas de abraçar as doutrinas calvinistas em relação aos decretos divinos (Nmnn. Term. [1700:33-36]; Nmnn. Br. [1701:33]), enquanto outros identificavam o pietismo com o pelagianismo; e ainda outros, com o maniqueísmo (Albrt. 1And. 1.13 [1695:21-22]; Mayr. Piet.6.9 [1696:108- 10]); ou quando alguns católicos-romanos tomavam como “uma blasfêmia ignorante” (Amrt. Ep. 1749 [Friedrich, p. 54]) ou “uma atroz calúnia” (Bert. Aug. 4.1 [1747-11:125]) ser chamado de jansenista, enquanto para outros isso era uma “honra” (Qnl. Exp. apol. [1712-1:43]), a despeito da ambiguidade do rótulo, que era de fato uma forma de atacar o genuíno agostinianismo (Qnl. Clém. TK pr. [1700:xxxv-xxxvi]); ou quando um católico-romano ortodoxo tentava fazer distinção entre Jansênio, Baio e Quesnel em relação a algumas questões (Bert .Aug. 1.1 [1747-1:91]) enquanto os classificava juntos em outras (Bert. Teol. disc. 17.1 [1792-111:210]) — a confusão resultante disso em todos os cantos deixou claro que as categorias precisavam de alguma reconsidera- ção básica. O terceiro livro inteiro de A fé justificada, de Barthélémy Durand, franciscano francês, foi dedicado à refutação das “heresias que surgiram em oposição à graça de Deus e sua glória” (Drnd. Fid. vind. 3 [1709:359-530]). A própria história da doutrina da graça obrigou, em parte, essa recon- sideração, conforme ficou claro ao logo do estudo histórico e teológico de dois de seus estágios mais importantes: a teologia de Agostinho em relação, de um lado, com a de Tomás de Aquino e, de outro lado, com a de Lutero e Calvino; e os decretos doutrinais do Concilio de Trento. O primeiro desses, teoricamente, era a propriedade comum de toda a tradição cristã, embora na verdade pertencesse quase completamente apenas ao Ocidente; o outro era uma preocupação predominantemente católica-romana. 9° ♦♦♦ A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL quietismo no catolicismo-romano, o puritanismo e, depois, o metodismo no anglicanismo e o pietismo no protestantismo continental e norte-americano (incluindo as interações entre vários desses movimentos) foram agora acres- cidos de complexidade (Pinch. Diet. [1736:191-98,198-304]; Leyd./í7«r. 1.3.7 [1695:165-69]). Quando um livro católico-romano de referência sobre heresia reconheceu que quatro dos cinco principais pontos doutrinais do arminia- nismo, conforme usualmente enumerados nas polêmicas protestantes (Span. Cont. [Marck 3:850-55]; Wlch. Pol. 4.2.2 [1752:1048-50]), eram “ortodoxos” (Pnch. Did. [1736:75]) à luz da “fé da igreja”; ou quando um pietista, embora também condenando o pelagianismo, podería agrupar “Calvino, os jansenistas e os tomistas” (Poir. Oec. div. 2.17 [1705-11:571-72]) em relação às doutrinas da graça e da predestinação; ou quando alguns luteranos ortodoxos retribu- íram ao acusar os pietistas de abraçar as doutrinas calvinistas em relação aos decretos divinos (Nmnn. Term. [1700:33-36]; Nmnn. Hr. [1701:33]), enquanto outros identificavam o pietismo com o pelagianismo; e ainda outros, com o maniqueísmo (Albrt. Vind. 1.13 [1695:21-22]; Mayr. Piet.6.9 [1696:108- 10]); ou quando alguns católicos-romanos tomavam como “uma blasfêmia ignorante” (Amrt. Ep. 1749 [Friedrich, p. 54]) ou “uma atroz calúnia” (Bert. Aug. 4.1 [1747-11:125]) ser chamado de jansenista, enquanto para outros isso era uma “honra” (Qnl. Exp. apol. [1712-1:43]), a despeito da ambiguidade do rótulo, que era de fato uma forma de atacar o genuíno agostinianismo (Qnl. Clém. ΣΧ pr. [1700:xxxv-xxxvi]); ou quando um católico-romano ortodoxo tentava fazer distinção entre Jansênio, Baio e Quesnel em relação a algumas questões (Bert ■Aug. 1.1 [1747-1:91]) enquanto os classificava juntos em outras (Bert. Teal. disc. 17.1 [1792-111:210]) — a confusão resultante disso em todos os cantos deixou claro que as categorias precisavam de alguma reconsidera- ção básica. O terceiro livro inteiro de A féjustificada, de Barthélémy Durand, franciscano francês, foi dedicado à refutação das “heresias que surgiram em oposição à graça de Deus e sua glória” (Drnd. Fid. vind. 3 [1709:359-530]). A própria história da doutrina da graça obrigou, em parte, essa recon- sideração, conforme ficou claro ao logo do estudo histórico e teológico de dois de seus estágios mais importantes: a teologia de Agostinho em relação, de um lado, com a de Tomás de Aquino e, de outro lado, com a de Lutero e Calvino; e os decretos doutrinais do Concilio de Trento. O primeiro desses, teoricamente, era a propriedade comum de toda a tradição cristã, embora na verdade pertencesse quase completamente apenas ao Ocidente; o outro era uma preocupação predominantemente católica-romana. 90 ♦♦♦ A doutrina da lei e da graça Acreditava-se que Agostinho fora destinado pela própria Providência para ser “o doutor da graça” (Ors. 1st. 19.1 [1747:VIII:247-49]; Qnl. Exp. apol. [1712-1:121]), para quem, como “a luz mais brilhante da igreja e o con- quietador mais glorioso do pelagianismo e outras heresias” (Bert. Aug. ded. [1747-I:iii]), era apropriado dedicar uma defesa sistemática à doutrina da graça (veja vol. 4, p. 443-54). O forte empréstimo textual de Agostinho feito porjansênio na obra Agostinho (Le.yd.Jans. 2.1.3 [1695:229]), que os censores aparentemente não reconheceram e, por conseguinte, condenaram (Qnl. Exp. apol. [1712-1:117]), obrigou os oponentes do jansenismo a contrapor “as teses jansenistas” e “as antíteses agostinianas” (Bert. Teol. disc. 17.3 [1792-111:215]). Se Tomás de Aquino tivesse sido “o grande discípulo de Agostinho” (Nrs. 1־And. Aug. 3.3 [Berti 2:305]) e “seu fiel intérprete” (Qnl. Exp. apol. [1712- 1:46, 65]), as percepções deles da predestinação e da graça teriam de estar em harmonia (Bert. Aug.3.1 [1747-1:340-43]). Contudo, a declaração dos seguidores de Calvino de serem “agostinianos, na verdade, paulinos” (Leyd. Jaus. 2.2.14 [1695:377]), mas enfaticamente não tomistas, em sua doutrina da graça e da predestinação (veja vol. 4, p. 286-94) continuou a ser tão efetiva que seus oponentes católicos-romanos perceberam o perigo de usar Agostinho contra eles (Nrs. Vind. Aug. 1 [Berti 2:274]). Os calvinistas, a despeito da “hereditariedade odiada dos jansenistas para os reformados” (Le.yà.Jans. 1.3.10 [1695-183-88]), encontraram na obra Agostinho, de Jansênio, uma doutrina do “poder irresistível da graça de Deus que está correta e de acordo com a doutrina reformada” (Lmp. Ghm. 12 [1719- 1:752]; Hrn. H e. 3.3.68 [Leydecker 1:516]). Os jansenistas compartilhavam com eles a recusa em reconhecer qualquer “auxílio da graça” que não fosse eficaz, o que parecia ter levado ambos para a doutrina da graça irresistível e, por conseguinte, à negação do livre-arbítrio (Bert. Aug. 4.1 [1747-11:58]). Seus oponentes sustentavam que era algo autenticamente agostiniano distinguir entre “graça suficiente” (Bert. Teol. disc. 14.8 [1792-111:130, 134]), como a graça que “garante a capacidade, mas não [necessariamente] a vontade” (Bert. Aug. 4.2 [1747-11:216]), e “graça eficaz”, como “a iluminação sobrenatural da mente ou a movimentação da vontade” (Amrt. Teol. eclec. 7.3.4 [1752-2-11:73]), que era então combinada com a concordância humana; mas os jansenistas não achavam a distinção particularmente útil (Qnl. Exp. apol [1712-1:54]). Em resposta à acusação de que Agostinho simplesmente se contradisse na relação entre as doutrinas da graça e do livre-arbítrio (ap. Nrs. Vind. Aug. 2 [Berti 2:281-86]), foi necessário explicar que Agostinho, em alguns estágios da controvérsia pelagiana, restringira-se a defender a graça e, em outros está- 91 gios, o livre-arbítrio, mas que, em principio, ele afirmara de modo consistente ambos (Nrs. Hist. pel. 1.23 [Berti 1:205]). Tomás de Aquino, nesse aspecto como em outros, foi seu discípulo fiel (Bert. Teol. disc. 4.6 [1792-1:176-78]). Os protestantes conseguiram invocar a autoridade histórica de Bossuet (Boss. Hist., var. 5.1 [Lachat 4:65]) (que reconheciam como um “oponente justo e generoso” [Hcks. Ltrs. pr. (1705:A8v-Blr)]) para argumentar que, antes da época de Lutero, “a graça de Jesus Cristo não fora proclamada como deveria ser” (Lschr. Unfehl. 8 [1724:59]) o que ajudou a provocar a Reforma. As confusões na resposta da sexta sessão do Concilio de Trento para a dou- trina da graça da Reforma foram uma importante fonte da continuação da ambiguidade. A declaração do concilio de que “embora [Cristo] tenha mor- rido por todos, ainda assim, nem todos receberíam o benefício de sua morte, mas só aqueles a quem o mérito de sua paixão fosse transmitido” (CTrid. 6. Cap. 3 [Alberigo-Jedin, p. 672]) podia ser entendida com o sentido de que Cristo morrera só pelos eleitos, como ensinavam os jansenistas (a despeito da condenação papal) (veja vol. 4, p. 302-304), enquanto invocavam Trento, (Pnch. Diet. [1736:403-16]) e conforme ensinavam os calvinistas, enquanto se opunham a Trento (Qnl. Exp. apol. [1712-1:150, 176-77]). A condenação do Concilio de Trento (Span. Cont. [Marck 3:851-52]) da posição dos refor- madores protestantes (Drnd. Fid. vind. 2.7 [1709:223]) “de que o livre-arbítrio do homem, movido e estimulado por Deus, ao concordar com o chamado e ação de Deus não coopera de maneira alguma em direção a determinar a obtenção da graça da justificação e a se preparar para ela” (CTrid. 6. Can. 4 [Alberigo-Jedin, p. 679]) deixou aberta a continuação do debate da questão se aqui por “graça da justificação” referia-se à graça suficiente ou à graça eficaz (¿ert ^ 4.3 [1747:11:347]). Talvez o mais inquietante de tudo fosse a dupla rejeição do Concilio de Trento dos extremos pelagiano e maniqueísta (Pnch. Diet. [1736:272-89]): as heresias “que o justificado pode preservar na justiça recebida sem a ajuda especial de Deus [jpedale auxilium Dei\ ou que com essa ajuda ele não pode” (CTrid. 6. Can. 22 [Alberigo-Jedin, p. 680]). Isso possibilitou a Jansênio, bem com o a seus predecessores e seguidores (Qnl. Arnau. pr. 3 [1699:vii]), representar a ele mesmo como ensinando uma “doutrina da graça eficaz” (Qnl. Aux. [1687:19-27]) que não só era “agostiniana”, mas também “papal” (Qnl.Arn. pr. 23,26 [1699:xxxv, xxxix]). N os intrincados procedimentos das congregações papais que lidavam com a questão do auxílio da graça (Qnl. Exp. apol. [1712-1:110]), os papas não tinham, conforme sustentavam alguns, favorecido as percepções molinistas (Leyd. Jans. 2.2.3 [1695:321-77]), mas g 2 φ*φ A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL A doutrina da lei e da graça ■ él· / ר י\I · . , * y j continuaram a seguir Agostinho e Tomás de Aquino “como os dois principais guias” (Qnl. Déf. égl. rom. 1.3 [1697:35-59]) na doutrina da graça católica-romana ortodoxa. O resultado desse desenvolvimento histórico foi a falta de clareza na doutrina da graça suficiente, bem resumida por um observador reformado: “Os jesuítas [...] a afirmam, mas os jansenistas a negam. Contudo, também há outros, denominados ‘neotomistas’, que, embora falando da mesma maneira que os jesuítas, acreditavam exatamente no que acreditavam os jansenistas” (Wer. Mise. 1.4 [Ryhinerus 2:33]). Essa falta de clareza na doutrina da graça, conforme todos os lados em todas essas controvérsias concordariam, foi resultado em parte de um problema de definição: “Em que consiste a graça do N ovo Testamento?” (Baum. Pred. 2.4 [Kirchner 2:124-35]; Zinz. Gem. 26 [Beyreuther 4-1:348-49]). Bunyan, enquanto concordava que a palavra “graça” tinha vários sentidos na Escritura (Mrck. Comp. 4.42 [Velzen 18:94-95]), entendia que a declaração “vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6.14) se referia ao “amor gratuito de Deus, em Cristo, pelos pecadores em virtude da nova aliança, libertando-os do poder do pecado, da maldição e poder condenador da velha afiança [e] da natureza destrutiva do pecado por sua operação con- tínua” (Bnyn. Lw. Gr. 2 [Sharrock 2:83-84]). Um protestante, “para explicar a palavra e distinguir” entre seus vários sentidos, enumerou sete tipos de “graça”: justificadora, auxiliadora, precedente (ou preveniente), preparatória, operadora, incitadora e aperfeiçoadora (Nmnn. Term. [1700:17-19]). Mesmo essa classificação, cujas distinções não foram aceitas por todos (Bert.Aug. 4.1 [1747-11:131-32]), não incluía a distinção em torno da qual boa parte da con- trovérsia no catolicismo-romano girava, entre graça suficiente e graça eficaz. A ênfase na necessidade da concordância humana para a graça eficaz encontrar seu supremo exemplar na virgem Maria como “agraciada” (Lc 1.28 [Vulg.]), o que significava que a graça que ela recebera de Deus era “sem limites” (Men. Did. 5.11 [Blantês, p. 306]) e “a marca infalível de sua predestinação” (Grig. Mont. Vr. dév. 200 [Gendrot, p. 618-19]), contudo, não à custa da livre con- cordância expressa em suas palavras para o anjo da anunciação: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lc 1.38 [Vulg.]). Ainda era correto identificar como os dois “extremos”, aquele que “repudia todos os sentimentos religiosos como não tendo nada sólido ou substancial neles” e aquele que “considera muito nobres todos os sentimentos religiosos como exercícios eminentes da verdadeira graça, sem inquirir muito a natureza e a origem desses sentimentos e o modo como eles surgiram” (Edw. Rei. Aff. 1 [Miller 2:119]). Todavia, agora passara a ser urgente identificar “o selo do A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL94 ♦♦♦ Espírito” não como a “revelação de qualquer fato pela sugestão imediata”, mas com o “a própria graça na alma” (Edw. Rei. Aff. 3.1 [Miller 2:234]) em oposição aos “muitos tipos de falsos sentimentos religiosos por meio dos quais multidões são iludidas e provavelmente o foram em tocfes as eras da igreja cristã” (Edw. Rei. Aff. 3.1 [Miller 2:210]), mas que, nessa era, corria o risco de vir a ser dominante em todos os ramos da igreja cristã. Conforme sugere o título da obra de Bunyan, A doutrina da lei e da graça desenvolvida, a doutrina da graça, desde o Antigo Testamento e também do Novo Testamento, manteve relação dialética com a doutrina da lei e, por isso, com a doutrina da criação e a doutrina do pecado (Span. Exerc. acad. 1.3 [Marck 3:534-38]; Span. Εν. vind. 2.1 [Marck 3:221-25]). Bunyan enfatizou que a aliança da graça, a despeito de sua designação como “nova”, e não a aliança da lei ou de obras, representava a relação original entre o Criador e a criatura (Bnyn. Ln>. Gr. 2 [Sharrock 2:93-94]) e que essa “aliança não é interrompida por nossas transgressões” (Bnyn. Ew. Gr. 2 [Sharrock 2:167]), uma vez que “ela não foi feita conosco”, mas com “o mediador de uma nova aliança” (Hb 9.15; 12.24). A doutrina da criação do homem por Deus como “a imagem viva de sua [de Deus] beleza e suas perfeições, o grande vaso de suas graças e o admirável tesouro de suas riquezas” (Grig. Mont. Am. sag. 3.35 [Gendrot, p. 110]) era o alicerce do conhecimento autêntico sobre a criação e sobre a graça. Em uma época na qual a crise na doutrina da criação despertou em alguns de seus defensores um tipo de panteísmo como um contrapeso ao deísmo e em outros uma doutrina de aniquilacionismo (veja p. 167 abaixo), parecia necessário afirmar “com maior precisão a distinção entre Deus e nossa alma” (Wlff. Nat. Gott. 250, 338 [1744-1:253, 335]) como criatura e declarar que se a doutrina epicurista da aniquilação era ensinada por alguns cristãos, “eles não eram dignos do nome ‘cristão’ ” (Jab. Sal. 14 [Basler, p. 165-66]). A maioria dos teólogos que se denominava por esse nome estava “em geral de acordo que o pecado consistia radical e fundamentalmente no que é negativo, ou privado, tendo sua raiz e alicerce em uma privação ou desejo de santidade” (Edw. Rei. Aff. 1 [Miller2:118];Mrck. Comp.lS.2G [Velzen 18:309]), e que o pecado, portanto, não tinha nenhum “ser” seu (Lmp. Ew. Str. 2 [1729:292-93]). A despeito da contínua — e às vezes intensificada (Mrck. Scrip, exerc. 21.7 [Velzen 10:998]; Zinz. Red. 10 [Beyreuther 1-11:138]) — doutrina protestante de que todos os descendentes de Adão eram pecadores (Poir. Oec. div. 2.15 [1705-1:539]), uma das ironias na mudança de situação durante esse período foi que a crítica mais contundente da doutrina agostiniana do pecado original não veio do Oriente, mas da teologia protestante (Reim.Apol. A doutrina da lei e da graça ♦ 2.5.2.2 [Alexander 2:452-55]), que durante a Reforma começou a atacar o escolasticismo do final do período medieval como uma deserção “semipe- lagiana” (veja vol. 4, p. 203-204) da severidade dessa doutrina. A oposição entre certos protestantes (Teoí.Apol. 12 [1788:31]) à prática “errônea” do batismo infantil (Drnd. Fid. vind. 4.19 [1709:588-92]) que, uma vez que Pelágio também o aceitara, era a principal sustentação para a doutrina agostiniana do pecado original (Lang. Mttl. 1.9 [1712:96]; Hrn. H. e. 1.3.30 [Leydecker 1 :2 1 0 ]), levou-os a falar de crianças “não batizadas” como “inocentes diante de Deus, em genuína inocência, e por causa de Jesus Cristo, o único Media- dor” (Teof.Apol. 4 [1788:12]) veja vol. 1, p. 318-21). Alguns dos protestantes mais radicais (Drnd. Fid. vind. 2.5 [1709:217-20]; Bert. Teol. disc. 12.13 [1792- 111:43]) também começavam a reviver a interpretação pelagiana (veja vol. 1, p. 318-19) da morte não como a punição e “salário do pecado” (Rm 6.23) herdado de Adão, mas como uma ocorrência natural (Feld. Find. 1 [1799:5]). Os teólogos orientais prosseguiram para caracterizar o pecado como “um veneno sem limites, um mal sem limites e um peso opressivo sem limites” (Men. Did. 2.2 [Blantès, p. 108]), mas também como “um pecado ancestral distribuído a cada um desde Adão” (Eug.Bulg. Ort. 3 [Metaxas,p. 16-17]). Não só a morte com o consequência do pecado, mas “a transgressão do ancestral Adão é transmitida e está sendo transmitida para toda a raça humana” (Atan. Par. Epit. 2.2.9 [1806:269]). Contudo, eles também continuaram a enfatizar seu caráter “voluntário” (Men. Did. 1.7 [Blantès, p. 75]). Essa ênfase era um lembrete de que além da dialética entre a graça e a lei, a outra dialética que figurara de forma proeminente na história da doutrina da graça era a entre a graça e o mérito, ou a graça e a recompensa (Span. Εν. vind. 1.15 [Marck 3:52-54]), cujo fundamento, por sua vez, era a dialética entre a graça e o livre-arbítrio; isso incluiu, na fórmula de Bunyan (Bnyn. Lw. Gr. pr. [Sharrock 2:17]), a doutrina das “providências comuns” de Deus estendidas a todos, como distinta de sua outra doutrina da providência divina particular de eleição, predestinação e a perseverança final dos santos (Bnyn. Lw. Gr. 2 [Sharrock 2:199]). Conforme apresentava um manual da doutrina oriental ortodoxa, citando as palavras do capítulo final da Bíblia, “Vem! Quem tiver sede, venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida” (Ap 22.17), tinha de haver esse “qujererj” porque “o desejo belo e ardente da alma é exigido antes de qualquer coisa” (Strz. Ort. pr. [1828:2]). O refrão da pregação orto- doxa oriental era que “Deus quer, e se o homem também quer, o homem é predestinado” (Men. Did. 1.1 [Blantès, p. 5]). As próprias palavras de Jesus: “Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15.5), que as confissões 95 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL luterana e reformada do século XVI citaram para provar que o livre-arbítrio em relação a Deus era uma ilusão e que os jansenistas ainda citavam desse modo, significava para os intérpretes ortodoxos orientais {Conf. Aug. 20.39 \Bek., p. &\\,Apol. Conf. Aug. 4.256 \Bek., p. 210]; Conf. escoc. 13 [Niesel, p. 96]; Conf. belg. 14 [Niesel, p. 124]; Cat. Heid. 127 [Niesel, p. 180-81]) não só que “a graça de Deus é necessária” (Qnl. Exp. apol. [1712-1:93]), mas que a coope- ração da vontade humana também era necessária (Men. Did. 1.5 [Blantès, p. 51]). D o contrário, Deus, conforme sustentavam eles, teria de ser, como no pensamento de Calvino, o autor do mal (Atan. Par. Epit. 1.1.19 [1806:130-33]). Os intérpretes católicos-romanos também acusavam Calvino, bem como Lutero e Zuínglio (Drnd. Fid. vind. 1.30 [1709:98-100]), de transformar Deus na causa do pecado, embora eles, ao fazer a acusação, explicassem que Deus era de fato a causa de um ato pecaminoso na medida em que era um ato, mas não na medida em que era pecaminoso Amrt. Teol. eclec. 6.3.1 [1752-2-1:50]). Em relação ao conhecimento de antemão de um Deus onisciente, todos concordariam que isso se estendia também às “escolhas livres” da alma (Wlff. Nat. Gott. 156 [1744-1:161]) antes de elas serem criadas; contudo, os segui- dores de Tomás de Aquino em sua leitura da rejeição de Agostinho “da falsa conclusão dos gnósticos e hussitas de que ao conhecimento de antemão se segue a necessidade de ações contingentes e a eliminação da liberdade” (Bert. Teol. disc. 4.3 [1792-1:168]), e eles continuavam a busca medieval (veja vol. 3, p. 153-56)por uma “harmonia” entre a graça e o livre-arbítrio (Bert. Aug. 4.1 [1747-11:66-73]). A proposição medieval de que Deus “não negaria sua graça aos pecadores que fizessem tudo que estava ao alcance deles fazer” (veja vol. 4, p. 326) significava que “ninguém faz o que está a seu alcance fazer a não ser pela graça, aspecto extrínsecamente sobrenatural” (Amrt. Teol. eclec. 7.3.5 [1752-1-11:74-75]); todavia, a razão para alguns rejeitarem Cristo e sua graça era “nossa própria dureza de coração e ingratidão”, não a predestinação para a condenação (Grig. Mont. Am. sag. 6.72 [Gendrot, p. 130]). A predestinação, na frase de Burnet, ainda era “a mais improvável, a mais sutil e na verdade a mais intricada de todas as questões na divindade” (Brnt. Art. X X X TK 17 [1700:45]), a questão sobre a qual ele, para sua exposição dos 39 Artigos, “trabalhara com mais cuidado” (Brnt. Art. XXXTX. pr. [1700:vi]) que em qualquer outra. D e acordo com um importante manual protestante devocional, a predestinação, “escondida de todo motivo carnal e ainda cheia de consolação” (Scriv. Seel. 3.8 [Stier 5:57]) não pretendia “perturbar e aterro- rizar, mas confortar” (Scriv. Zuf.And. 65 [Stier 1:88-89]). Quando os críticos anglicanos da doutrina calvinista da predestinação buscaram a comprovação 96 A doutrina da lei e da graça «v♦ 97י|► patrística para suas críticas, eles conseguiram dizer que “seguiram a doutrina da igreja grega, a partir da qual Austin se separara e formara um novo siste- ma” (Brnt. Art. XX XIX. pr. [1700:vi]) e que, por conseguinte, preferiram a doutrina desses teólogos ocidentais, como Cassiano (veja vol. 1, p. 321-27), cujas percepções da graça, do livre-arbítrio e da predestinação, divergiam das de Agostinho, carregada de “profundas impressões da doutrina da igreja grega” (Brnt .A rt. X X X IX 17 [1700:149]). Os expoentes gregos da doutrina da providência atacaram os “teólogos escolásticos” (e Agostinho, a fonte deles) por identificarem, pelo menos em parte, a “providência” com a “presciência” por causa da ameaça que essa identificação representava para a doutrina do livre-arbítrio (Men. Did. 1.1 [Blantês, p. 1]). Mas, para os agostinianos ocidentais, as doutrinas gregas da graça e do livre-arbítrio eram “pelagianas” (Wlch. Pol. 5.3 [1752:1145]). O esquema, sugerido por alguns teólogos luteranos e por outros, de ensinar que Deus predestinara o eleito com base na fé antevista deles foi rejeitado não só pelos professores reformados, mas também pelos católicos-romanos (Bert. TeoL disc. 6.3 [1792-1:235]; veja vol. 4, p. 435-36), que talvez esperassem achar isso mais aceitável, considerando a repulsa deles ao “horrendo, detestável e execrável dogma” da reprovação proposto por Calvino e seus seguidores (Bert. TeoL disc. 6.17 [1792-1:285-88]). Entre os próprios professores luteranos e reformados, havia um esforço para encontrar um fundamento comum nas proposições que “a graça eficaz é seriamente oferecida a todos para quem o evangelho é pregado” (Wer. Diss. 28 [Ryhinerus 1:481]) e que “só o homem se exclui dela ao obstinadamente desprezar e rejeitar essa graça, que foi se- riamente oferecida”. Os luteranos, fundamentados em Paulo e Agostinho (Strim. Un. Ev. 1.28 [1711:36]), compartilhavam com os calvinistas a doutrina de uma eleição particular, até mesmo “imutável”, para a salvação (Mrck. Comp. 7.13 [Velzen 18:136]). Não obstante, um pietismo que ultrapassara as fronteiras confessionais tradicionais parecia estar anulando esses conceitos medievais e da Refor- ma (veja vol. 4, p. 88-90) como a distinção fundamental entre a vontade antecedente e a vontade consequente de Deus (Nmnn. Er. [1701:84-86]) e, portanto, estar turvando a diferença entre a oferta universal da graça e a eleição particular (Nmnn. St. Ver. 26 [1695:55]; Nmnn. Term. [1700:73]). E um puritanismo que começou com um protesto contra o que é tido como “arminianismo” (Edw. Fr. Wll. pr. [Miller 1:129-32]) na doutrina da graça parecia, por sua adoção da concessão de uma “aliança intermediária”, ter “admitido para a igreja um grande número de pessoas que não podia relatar A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL uma experiência de graça salvífica” (Mead [1942], p. 21) e, assim, reintroduzir o esforço humano e o mérito humano nas doutrinas da graça em um grau que fez o Cánones e decretos do Concilio de Trento, sem mencionar o Agostinho, de Cornélio Jansênio, parecerem, por comparação, estar quase mais próximos dos ensinamentos dos reformadores protestantes originais. Um teólogo gre- go ortodoxo — contemplando a complexidade da relação paradoxal entre a universalidade de uma vontade divina graciosa (veja vol. 1, p. 324; vol. 4, p. 302) de que “todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (lTm 2.4) e a particularidade de um livre-arbítrio humano que podia frustrar essa vontade divina e rejeitar a graça e a salvação (Beb. Gl. 4 [1685:47-50]) — falava por todos os cristãos quando exclamou que essa era “uma doutrina obscura e sublime” (Men. Did. 1.1 [Blantês, p. 3-4]). Desde a igreja da Antiguidade, a doutrina da graça fora conectada à dou- trina da palavra de Deus e dos sacramentos como meio de graça (veja vol. 1, p. 169-70). Era central para a igreja que a apologia da Reforma, conforme formulada por Jewel, fosse a consideração da “marca e símbolo apropriados” por meio dos quais a igreja “pode ser conhecida como a igreja de D eus” (Jwl. Apol. 4 [Booty, p. 76]); para a teologia da Reforma, isso consistia na pregação da palavra de Deus e na administração dos sacramentos (veja vol. 4, p. 238-46) (e, em algumas doutrinas, no exercício da disciplina da igreja (veja vol. 4, p. 280-81), o que, no entanto, não significava absoluta santidade de vida [Span. Εν. vind. 1.17 (Marck 3:60-62)]). As palavras do Antigo Testamento: “Quem se aproxima para ouvir é melhor do que os tolos que oferecem sacrifício sem saber que estão agindo mal” (Ec 5.1), significava para a ortodoxia protestante que a igreja era principalmente um “auditório”, em vez de um “teatro” (Lschr. Hor. [1734:4]). Quando vivia à altura dessa ordem, a igreja era “a guardiã da palavra de D eus” (Deutsch. Lut. 1.5.17 [1698:54-55]): “a Escritura sustenta a igreja, a igreja guarda [custodii\ a Escritura” (Beng. Gnom. pr. 5 [Steudel, p. xix]). N o entanto, isso não podia se tornar uma desculpa para supor que “é possível edificar melhor a si mesmo” por meio da leitura da Bíblia, pois “o ouvir nos é ordenado de forma ainda mais rigorosa que a leitura” (Lschr. Hor. [1734:26-28]; Frnck. Id. 20 [Peschke, p. 179]). Um resultado dessa rejeição de conventículos foi a insistência— em resposta tanto ao anticlericalismo pietista quanto ao clericalismo católico-romano (Drnd. Fid. vind. 2.40 [1709:306-9]) — que, como prescrevia a Confissão de Augsburg (Conf. Aug. 14 [Bek., p. 69]), “ninguém pode ensinar, pregar ou administrar os sacramentos publicamente na igreja sem um chamado regular” para fazer isso (Mayr. Red. 4 [1702:357- 58]). O ministério era uma “posição” distinta na igreja, não uma aplicação 98 ♦ ♦ ♦♦ A doutrina da lei e da graça especial da doutrina do sacerdocio universal dos cristãos (Deutsch. Lut. 1.3.3, 1.5.4 [1698:21-24, 115]), pois essa doutrina “não abole a distinção entre as posições” na sociedade e na igreja (Mayr. Red. 4 [1702:367]). A defesa dos sacramentos em resposta a esses vários desafios, de algu- mas maneiras, era pouco mais que uma recitação das posições históricas das diversas igrejas em relação a elas. A ortodoxia oriental estava preocupada em proteger a integridade e santidade dos sete sacramentos contra o esforço de reduzi-los a “algum tipo de simples símbolos dos mandamentos de Deus” (Eug. Bulg. Ort. 9 [Metaxas, p. 35-38]). Em uma época em que os batistas discutiam a imersão como a única forma autêntica de batismo Mck. λ/or. [1774:25-26]), que “tem origem em Deus” (Feld. Hnd. 3 [1799:43]), os teó- logos orientais também insistiam nisso em oposição aos latinos (Atan. Par. Epit. 4.1.1 [1806:350-52]), os quais eram obrigados a admitir que a imersão fora a prática padrão ao longo da maior parte da história da igreja (Amrt. Teol. eckc. 10.2.9-10 [1754-2-V:6]; Amrt. Teol. mor. 11.2 [1757-11:102]). O debate (veja vol. 2, p. 193-95) continuou sem solução entre a doutrina ocidental de que só um bispo era o “ministro costumeiro” da confirmação e a percepção oriental de que o sacramento podia ser ministrado por um simples presbítero (Cos. Graec. 3.11.310-42 [1719-11:72-80]; Drnd. Fid. vind. 4.35 [1709:628-31]; Bert. Teol. disc. 32.7 [1792-VIII:35-47]). Os gregos (e outros) (Hrn. H. e. 2.1.11 [Leydecker 1:250-51]), contra o catolicismo-romano, enumeraram como diferenças doutrinais sobre a eucaristia: o uso ocidental de “pão ázimo [sem fermento]”, a crença católica-romana de que a consagração e o milagre da eucaristia acontecem por meio da recitação das palavras da instituição, em vez de por intermédio da invocação do Espírito Santo na epiclese, e a negação do cálice para a laicidade (Atan. Par. Epit. 4.1.3 [1806:360-61]). Para o Oriente, a norma era “pegar o pão com fermento”, em vez do pão ázimo (Eug. Bulg. Ort. 9, Metaxas, p. 37]). D e acordo com os latinos, o pão ázimo fora usado na instituição original da comunhão por Cristo (Drnd. Diss. 4.9.3-11 [1703:400-403]), mas o pão com fermento também era tecnicamente admissível; contudo, não era “legalmente permitido para uma consagração lícita em uma igreja latina” (Coz. Graec. 4.5.147 [1719-11:206]; Bert. Teol. disc. 33.5 [1792-VII:96]), e um sacerdote grego celebrando em uma igreja latina (Amrt. Teol. eclec. 13.2.21.2-3 [1752-3-11:66]) ou um sacerdote latino celebrando em uma igreja grega (Af. Lig. Teol mor. 6.3.1 .202-3 [Gaudé 3:180]) era obrigado a observar a prática local. Mas os protestantes levaram tanto gregos quanto latinos a obrigação de transformar sua forma na única necessária (Mrck. Comp. 31.5 [Velzen 18:607]). 99 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL O Oriente ensinava que o pão e o vinho — “pelo poder do Espirito, a fonte da perfeição, invocado pelos sacerdotes por intermédio da epiclese (e com certeza não pela recitação das palavras do Senhor [Cristo])” — eram mudados no corpo e no sangue do Senhor (Eug. Bulg. Or¿. 9 [Metaxas, p. 39]). Os latinos, em resposta a isso, citaram várias liturgias do Oriente em que a consagração era atribuída às palavras da instituição, não à epiclese. Essas liturgias, conforme argumentavam eles (Bert. Teol. disc. 33.7 [1792- VIL111-17]; Rndt. IJt. Or. int. 1.2 [1716-I:xii]), só podiam ser entendidas da forma adequada se fossem “explicadas de acordo com a doutrina católica da eucaristia” (Rndt. Lit. Or. pr. [1716-I:03v]). E eles, na resposta tanto para a ortodoxia oriental quanto para o protestantismo (Brnt. Art. X X X IX 19 [1700:180]; veja vol. 4, p. 186-88), citaram a evidência patrística em apoio à prática da administração da santa comunhão às pessoas apenas sob uma das espécies consagradas (Ang. Sil. CTrid. 8 [1675:M3r-M9v]). Enquanto o anglicanismo também tentava evitar “rebaixar os sacramentos a meros ritos e cerimônias” (Brnt. Art. X X X IX 2b [1700:267-68]), ele, ao mesmo tempo, opunha-se ao “extremo” oposto representado pela doutrina católica-romana, que ameaçava transformar os sacramentos em “encantamentos” (Brnt. Art. X X X IX 11 [1700:125]). D e acordo com a doutrina do Concilio de Trento (CTrid. 7. Decr. 1.1.1 [Alberigo-Jedin, p. 684]), o catolicismo-romano — respondendo não só às objeções dos reformadores protestantes, mas também ao profundo ceticismo a respeito da credibilidade das tradições pós-bíblicas (veja p. 117 abaixo) (e, às vezes, também às tradições bíblicas) (veja p. 157-58 abaixo) — continuou a insistir (veja vol. 4, p. 362) que o próprio Cristo instituira todos os sete sacramentos da igreja “imediatamente” (Amrt. Teol. mor. 10.4 [1757-11:84]; Bert. Teol. disc. 30.8 [1792-VI:153-55]), e não por intermédio da mediação dos apóstolos ou das gerações posteriores. A teologia reformada tornou seu conceito característico da aliança central para sua definição dos sacramentos (Ost. Arg. ref.]t 31, Jo 4 [1720:1:522,1720-11:123]; veja vol. 4, p. 432-42), que se restringia ao batismo e à ceia do Senhor (Ost. Cat. [1747:179]); e ela, contra a acusação luterana de racionalismo na doutrina dos sacramentos (Ost. Cat. [1747:180-81]), afirmou sua fé no “mistério” deles (veja vol. 4, p. 258-59), uma vez que a insistência luterana na total precisão dogmática em relação aos sacramentos que era racionalista (Wer. Diss. 10.1 [Ryhinerus 1:168]). Enquanto o luteranismo se esforçava para evitar que a acusação de que nos séculos XVI e XVII distorcera os sacramentos, que Cristo pretendera que nutrisse a união dos cristãos, se transformasse em uma ocasião para controvérsia entre os estudiosos (Frnck. Pred. Maund. Thu. [1699:23-24]), ele enfatizava o caráter 100 *t* Uma vida devota e santa dos sacramentos como uma dádiva, na qual “nosso querido Salvador quer se entregar e se garantir a nós com tudo que ele é e tem e se unir a nós com tanta intimidade quanto possível” (Scriv. See¿. 3.7 [Stier 5:16-17]). Uma vida devota e santa N o ano de 1 7 0 0 , a maioria dos membros da maioria das igrejas, ao ouvir a frase “a crise da ortodoxia”, logo pensaria na crise da devoção e moralidade cristãs, que durante aquele ano era lamentada em muitos países. Um livro publicado em 1 7 0 0 descrevia como o czar da Rússia, que estava “quase degenerando em selvageria”, repreendera o patriarca de Moscou (cujo cargo estava para ser abolido) por expor o ícone da virgem Maria em uma vã tentativa de proteger da “vingança pública os crimes que tendiam a arruinar a comunidade” (Krb. Diar. 6 - 7 . X . 1 6 9 8 [ 1 7 0 0 : 8 3 ] ) . Naquele ano, um francês católico-romano advertiu contra as “antigas tentações” (Fén. Ep. 1 2 .X Í Í .1 7 0 0 [Gosselin 8 : 6 2 5 ] ) , e outro publicou uma angustiada explicação do que se pretendia com a tese moralmente inquietante de que “era impossível guardar os mandamentos de Deus” (Qnl. Clém. IX. 1 .1 [ 1 7 0 0 : 1 6 ] ) , enquan- to um teólogo reformado de fala francesa reclamou, em Neuchâtel, que “a ruptura da disciplina é uma das maiores imperfeições a ser observada nas causas mais óbvias e universais de corrupção entre os cristãos” (Ost. Corrupt. 2 . 2 [ 1 7 0 0 - 1 1 : 3 6 , 8 1 ] ) . Um pietista alemão, ao pregar no domingo após o dia da Ascensão, em 1700, descreveu a maioria dos membros da igreja como “querendo ter o tipo de cristianismo em que conseguem simultaneamente agradar a Deus e, ainda assim, não desagradar ao mundo” em contraste com alguém para quem “sua salvação eterna é um assunto de seriedade mortal” Frnck. Pred. Ex. [17000:35,54]); um luterano ortodoxo no domingo de sexagésimo daquele ano advertiu que Satanás, por intermédio de movimentos como o pietismo, tentava solapar a fé e a confiança “em especial, nesses últimos dias” (Mayr. Red. 3 [1702:343]); e um apocaliticista mais radical denunciou tanto os pietistas quanto os ortodoxos como “semicristãos”, com sua piedade de igreja, que se agarram aos ensinamentos que ouviram na juventude” (Pet. Mist. pr. 17 [1700-I:C3r]). Também em 1700, um bispo anglicano dedicou um livro a seu rei com a admoestação: “Seu trabalho só será feito [...] quando empregar esse poder que Deus pôs em suas mãos [...] acima de todas as coisas no aumento do poder e eficácia dessa religião por meio de uma reforma adequada da nossa vida e m odos” (Brnt. Art. XXXIX. ep. ded. [1700:A3v-A4r]). Alguns anos depois apareceu um livro na Inglaterra cujo conteúdo e mesmo título articulava esse aspecto da crise da ortodoxia: Um chamado sério .φ. 101 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL1 0 2 à vida devota e santa, publicado em 1728 por William Law. As gerações poste- riores foram “muitíssimo beneficiadas” (Wsly. Serm. 2.107 Qackson 7:203]) pelo livro e até mesmo seus críticos ficaram impressionados por sua “igual severidade e verdade” (Gib. Aut. 1 [Saunders, p. 45]) — não porque era muito original, mas porque não era, ao resumir como fez uma preocupação universal também expressa por um teólogo mediando entre o pietismo e o racionalismo, que também pregou, em 1728, sobre o tema “A grande falta de seriedade genuína no cristianismo” (Baum. Pred. 2.5 [Kirchner 2:155- 90]). A vida cristã, nas palavras do título de Law, tinha de ser tanto “devota” quanto “santa”, alcançando, conforme colocou um contemporâneo do livro, “nosso progresso tanto na piedade quanto na santidade” (Ost. Arg. G1 5, E f 4 [1720:11:241, 247]) para contrabalançar aqueles que, “com seus erros deploráveis, introduzem a permissão tanto na moral quanto na impiedade” (Ost. Arg. ref. 2Tm 3 [1720-11:277]). Esse aspecto da crise da ortodoxia esta- va estreitamente ligado à crise na doutrina da graça (Lw. Ser. Cl. 2 [Moreton 4:20]); era consenso nas igrejas “que a prática cristã, ou a vida santa, é um grande e característico sinal de uma graça verdadeira e salvífica” (Edw. Rei. Aff. 3.12 [Miller 2:406]), e que “a virtude e a santidade” caracterizavam os profetas, apóstolos, mártires, virgens, ascéticos e quem quer que a graça di- vina santificara” (Men. Did. 1.3 [Blantès, p. 33]). Ainda assim, “a doutrina da graça estava sofrendo uso indevido”, em vez de ser “ativa” na produção de uma “vida espiritual e divina” (Edw. Rei Aff. 3.12 [Miller 2:398]) que fosse devota e santa (Ost. Arg. ref. Rm 6, G12 [1720:11:192,237-38]). Como era de esperar a partir da relação ambígua, mas recíproca entre a doutrina da graça e a doutrina dos meios da graça (veja vol. 1, p. 169-70), esse uso indevido da primeira também levou a um grave uso indevido da segunda, mais uma vez à custa de uma “vida [verdadeiramente] espiritual e divina”. Por essa razão, William Law iniciou seu tratado com uma definição: “A devoção não é oração privada nem pública. [..·]A devoção significa uma vida entregue, ou devotada, a D eus” (Lw. Ser Cl. 1 [Moreton 4:7]). Pelo fato de tantos membros da igreja “parecerem não ter outra devoção além das orações ocasionais”, eles conquistaram “a zombaria e o desdém de pessoas negligentes e mundanas” (Lw. Ser Cl. 1 (Moreton 4:8]). Contudo, a vida verdadeiramente devota era “tão verdadeiramente adequada ao evangelho de Cristo quanto ser batizado ou receber o sacramento (Lw. Ser CIS), 4 [Moreton 4:70,41]). Essas advertências contra a confiança na adesão aparente ao ritual dos sacramentos vieram à medida que os diversos sistemas da doutrina e prática da eucaris- tia oriundas da Reforma enfrentavam mais uma vez nova avaliação. Não Uma vida devota e santa A 103φ obstante, a repetição da interpretação sacrificial da missa (Ang. Sil. CTrid. 6 [1675:J10v-L2r]; Arb. Inst. 3.8 [1765:343]; Bert. Teol. disc. 33.19 [1792-VII:190]; Gtti. Coll 3.7.2 [1727:544]) e da legislação doutrinai do Concilio de Trento (veja vol. 4, p. 368-69) tornando a transubstanciação obrigatória “como um assunto de fé \de fide]״ (Amrt. Teol. mor. 12.2 [1757-11:164]), era necessário admitir que a doutrina, incluindo a confusão da continuidade da posição dos “acidentes” do pão e do vinho, ainda estava “sendo explicada de várias maneiras até mesmo pelos escritores católicos [-romanos]” (Amrt. Teol. eclec. 11.3.1 [1752-2-VI:67]). O sacramentalismo ortodoxo oriental, seguindo as fórmulas desenvolvidas em suas confrontações com o catolicismo-romano e com o protestantismo (veja vol. 2, p. 310), continuava a afirmar que Cristo “muda verdadeira e precisamente e transubstancia [μετουοιώσας]” o pão e o vinho em seu próprio corpo e sangue (Eug. Bulg. Ort. 9 [Metaxas, p. 38]; Men. Did. 1.6 [Blantês, p. 64]), embora a centralidade da invocação do Espírito Santo (Amrt. Teol. mor. 12.1 [1757-11:162]) como o meio pelo qual o milagre da eucaristia era realizado unia a doutrina da presença e a doutrina da igreja em uma perspectiva que ultrapassava as distinções ocidentais entre a presença “real” e a presença “simbólica” (veja vol. 3, p. 109-16). A transubstanciação, para um teólogo reformado, era o “erro” número um do catolicismo-romano que ele, acima de todos os outros, considerava ao mesmo tempo repulsivo e “impossível de crer” (Wer. Diss. 12 [Ryhinerus 1:205]). Os luteranos, quer ortodoxos quer pietistas (Neum. Ev. Nacb. 2 [1726-11:53-54]), conforme seus oponentes reconheciam (Gtti. Coll 3.6.9, 3.6.19 [1727:530, 542]), apesar de continuarem a se dissociar das teorias da transubstanciação e do sacrifício (Nss. Dipp. 9 [1701:61]; Spen. Bed. 1.1.26 [Canstein 1:147]), repetiam a insistência de Lutero quanto a uma presença tão “real” que mesmo o comungante indigno recebia o verdadeiro corpo e sangue de Cristo (Strim. Un. Ev. 1.16 [1711:18]; Wer. Diss. 10.3 [Ryhinerus 1:180-81]), insistência essa que os reformados ainda rejeitavam. Burnet, em sua explicação dos 39 Artigos, também rejeitou essa teoria (Brnt. Art. X X X IX 29 [1700:343-44]) como ainda outro “mero ponto de especulação referente ao modo como Cristo está presente” Brnt .A rt. XX XIX. pr. [1700:vii]), não obstante, ele professava “a afirmação da presença real do corpo e do sangue de Cristo”, querendo dizer com “real”, uma presença que era “verdade, em oposição tanto à ficção quanto à imaginação” (Brnt. Art. X X X IX 28 [1700:308-9]). O que separava tudo isso do desenvolvimento anterior era um maior senso de que a devoção eucarística, além de qualquer confissão da presença, encontrava agora seu foco na “observação correta do sacramento” A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL1 0 4 ♦ ♦ ♦ ♦ (Zinz. Zst. 50 [Beyreuther 3-11:386-89]) em que a experiência pessoal de “lem- brança e reconhecimento” passou a ser vista como “urna parte necessária” (Lw. Dem. Er. [Moretón 5:15]), contra uma atenção exclusiva às “ocasiões públicas do culto divino” (Lw. Cr. Perf. 9 [Moretón 3:144]), de modo que veio a ser necessário a incitar as pessoas a comparecer “ao culto público e à adoração solene de Deus” mesmo quando elas sentiam “que conseguiam se edificar melhor a sós” (Frnck. Id. 20 [Peschke, p. 179]; Mrck. Scrip, exerc. 6.28 [Velzen 10:426]). Da mesma maneira, a admoestação para comungar com mais frequência parecia estar se tornando, além das fronteiras confessionais, mais importante que a definição da presença real (Leyà.Jans. 2.3.9-10 [1695:490- 97] ; Qnl.Arn. pr. 21 [1699:xxxi-xxxii]; Frnck. Bcht. [Peschke, p. 97]). Embora nada disso ameaçasse explícitamente as doutrinas dos sacramentos instituídas nos padrões confessionais dos séculos XYI e XVII, podia tender a relegá-las a uma posição secundária. Da mesma maneira, enquanto alguns de seus contemporâneos, indepen- dentemente de sua posição teológica, teriam objetado à definição de Law do “homem devoto” como alguém “que transforma todas as partes de sua vida comum em partes da piedade” (Lw. Ser. Cl. 1 [Moreton 4:7]), essa linguagem podia ameaçar dissolver as tarefas específicas da “piedade” cristã em um conteúdo universal da “vida comum”, ao elevar as experiências extrassacra- mentais da piedade à condição normativa. Os católicos-romanos, enquanto defendiam o uso das indulgências, prática condenada pelos reformadores protestantes (Arb. Inst. 1.38 [1765:208-12]; Drnd. Fid. vind. 3.49 [1709:495- 98] ), tiveram de reconhecer depois de estudar sua história (pela primeira vez) (Amrt. Ep. 1742 [Friedrich, p. 62]) que a exteriorização do sacramento da penitência no fim da Idade Média contribuiu para a Reforma (Amrt. Teol. mor. 13.14 [1757-11:304-62]) e, por isso, para o esfacelamento do sistema sacramental medieval; e eles, nesse uso, citaram a posição do Concilio de Trento quanto à “moderação” (Amrt. Teol. mor. 13.12 [1757-11:293]; CTrid. 25. Decr. 6 [Alberigo-Jedin, p. 796]). Os protestantes, enquanto repetiam os ataques dos reformadores à doutrina escolástica da penitência (Reb. Poen. 24-28 [1708:12-15]; Span. H. e. 16.5 [Marck 1:1906-10]), foram forçados, por sua vez, a admitir que a essa altura a repetição impensada das fórmulas de confissão substituídas pelos reformadores para o sacramento da penitência levou ele mesmo a uma nova exteriorização (Frnck. Bcht. [Peschke, p. 93]). Até mesmo o catolicismo-romano (Bert. Teol. disc. 34.3 [1792-VIL238]), a despeito da afirmação de um consenso na definição pelo Concilio de Fio- rença (CFlor. [1438-45 [Decr.Arm. [Alberigo-Jedin, p. 548]), reafirmada pelo Uma vida devota e santa Concilio de Trento, que a contrição, confissão e satisfação pelo pecado (veja vol. 4, p. 366-67) eram “por assim dizer a essência” do sacramento (CTrid. 14. Decr. 1.3, Can. 4 [Alberigo-Jedin, p. 703-4]), estava claro que os problemas em relação a todas as três partes da penitência continuavam sem solução na doutrina e na prática (Amrt. Teol.mor. 13.2-7 [1757-11:205-35]). Defender a objetividade da “satisfação” penitencial contras os vários hereges (Af. Lig. Teol mor. 6.4.4 .506-30 [Gaudé 3:516-39]), em especial aqueles que, “tendo uma vez abandonado o caminho da tradição apostólica, seguem apenas a razão como seu guia” (Amrt. Teol. eclec. 12.6. pr [1752-3-1:222]; Drnd. Diss. 4.22 [1703:475-79]) não resolveu no final da Idade Média (veja vol. 4, p. 157-58, 128-33) o problema — na verdade, perene — de como o sacramento objetivo era afetado pela condição subjetiva do penitente que era “falho” em alguns aspectos do “arrependimento” necessário pelo pecado ou do pai confessor que estava ele mesmo “em uma condição de pecado mortal” (Amrt. Teol. mor. 13.9 ,13,18 [1757-11:257, 380]). Os seguidores de Lutero (veja vol. 4, p. 316) elogiavam sua abolição da confissão auricular compulsória (Schmdt. Bcht. [1662:18]) e defendiam sua manutenção da confissão privada, enquanto os católicos-romanos criticavam a primeira (Wlch. P0/.4.1.83 [1752:1033-34]); e os calvinistas, a segunda (Amrt. Teol. eclec. 12.2.1 [1752-3-1:31]). Os protestantes aprovaram a modificação do “rigor” penitencial dos tempos anteriores (Span. Εν. vind. 3.13 [Marck 3:502-3]; Wer. Mise.22 [Ryhinerus 2:321]), mas, “com muitos teólogos e outros, lamentamos que quase todo o arrependimento público de graves transgressões foi abandonado nas igrejas evangélicas” (Reb. Poen. 37 [1708:22]). N o lado protestante não menos que no católico-romano, a condição subjetiva do penitente e do confessor exige atenção (Zinz. Off. Red. 11 [Beyreuther 2-IV:100-104]). Havia muitos livros sobre o arrependimento, “mas com certeza a maioria daqueles que os escreveram eram eles mesmo não convertidos” (Frnck. Bcht. jPeschke, p. 94]), e isso a despeito “da reiterada exigência [do N ovo Testamento] que eles "tinham de ser’ ” devotos e santos (Frnck. Meth. 1.6 [1723:19]; lTm 3.2, Tt 1.7). Esses autores, sem qualquer “experiência [pessoal] do que seja o verdadeiro arrependimento e conversão”, desenvolveram “fórmulas de confissão que deixam todo o ato de conversão caótico até que seja impossível saber se pertence ao regenerado ou ao não regenerado” (Frnck. Bcht. [Peschke, p. 93-94]). Se o penitente não trouxesse “um coração cheio de genuíno arrependimento e verdadeira fé” (Neum. Funf. 1 [1726-1:149]) para a confissão dos pecados, o ato era “hipocrisia” porque o arrependimento era fundamental para a fé (Frnck. Pred. Trin. 20 [1699:35]; ♦ ♦ ♦ 105 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL106 Λ ♦ Reb. Poen. [1708:19-20]). A confissão protestante formal — sem esse “vivo conhecimento e experiência da verdade divina no coração” (Frnck. Bcht. [Peschke, p. 99]), o conhecimento e a experiência do que significa ser “ñas- cido de novo [e] transformado em nossa própria natureza” (Lw. Chr. Perf. 2 [Moretón 3:29]) — não era melhor que a confissão católica-romana formal. “Nada menos que essa grande transformação de coração e mente” estava em posição “de fornecer qualquer garantia de que o indivíduo está de fato voltado para D eus” (Lw. Cr Perf. 2 [Moreton 3:35]), e sem esse “bem intenso e sincero na religião [...] não somos nada” (Edw. Rei. Aff. 1 [Miller 2:99-100]). Apesar de a convocação e “sério chamado” a imitar a santidade de Cristo sejam dirigidos a todos os cristãos, esses chamados têm importância especial para “a profissão de um clérigo [que] é uma profissão santa porque é a minis- tração de coisas santas” (Lw. Ser Cl. 4 [Moreton 4:31]). O movimento para reformar a vida e a moral do clero e transformá-los no genuíno “testemunho de Jesus” (Zinz. Soc. 31 [Beyreuther 1-1:281]) estava impregnado nas igrejas no começo do século XVIII. O arcebispo François Fénelon, de Cambrai, em sua oposição ao jansenismo, esforçou-se para fortalecer não só o treinamento profissional e o estudo acadêmico de seus sacerdotes, mas acima de tudo o compromisso e santidade pessoais deles; e analisou em detalhes as virtudes exigidas para o cargo de bispo (Fén. Ep. 30.xii.1704 [Gosselin 8:439-41]). A fórmula de ordenação recebida “dos primordios da igreja” (Amrt. Teol. eclec. 13.2.1.4 [1752-3-11:10]) por meio da qual o bispo pronunciava sobre o can- didato as palavras de Cristo para os apóstolos: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20.22), conferiam, conforme confessado pelo Concilio de Trento (CTrid. 23. Can. 4 [Alberigo-Jedin, p. 744]), a graça do ofício sacerdotal (Ambr. Spin 3.18.137 [CSEL 79:208]); mas a “graça” deveria estar na pessoa do sacerdote, e não apenas em seu ofício (Bert. Teol disc. 36.8 [1792-VIIF.76]), não apenas no sacrifício da missa, mas no sacrifício de seu coração e vida, e o desejo pessoal de funcionar como sacerdote era necessário para a ordenação (Af. Lig. Teol mor 4.2.1.113 [Gaudé 2:528-29]). Spener dirigiu boa parte de seu pensamento para a reforma do clero protestante, que precisava tanto de reforma “quanto qualquer classe pre- cisava” (Spen. Pr Des. [Aland, p. 16]). Não bastava que eles tivessem um “conhecimento literal” da Bíblia (Spen. Gtts. 4 [1680:138-40]) sem “a graça e a iluminação do Espírito Santo” (Spen. Pr Des. [Aland, p. 67]): eles têm de ser cristãos verdadeiros. Spener, porque seus oponentes viam sua campanha como um ataque ao próprio ofício ministerial (Gtz. Unt. [1693:Mlv]; Mayr. Red. 4 [1702:357-58]), fez questão de insistir que ele não estava abolindo a Uma vida devota e santa ♦ distinção entre o clero e a laicidade nem dando à laicidade o direito de pregar e administrar os sacramentos (Spen. Bed. 1.1.28 [Canstein 1:175-76]). Seu colega Francke via a exigência de que um clérigo fosse “irrepreensível” (lTm 3.2; Tt 1.7) com o “a pressuposição de [todos] os outros atributos de um pregador” (Frnck. Pred. Mis. [1700:15]) e deplorava, como uma importante fonte do declínio espiritual da igreja, a condição de “não convertido” daqueles que pregavam e ouviam a confissão (Frnck. Bcht. [Peschke, p. 101]); “é necessário saber antes de tudo e acima de tudo em um estudante de teologia”, disse ele nas palavras iniciais de seu tratado sobre o estudo da teologia, “se seu coração está certo com Deus” (Frnck. Id. 1 [Peschke, p. 172]). A erudição teológica não tinha de ser desprezada, mas a fé pessoal do estudante de teologia e fu- turo pastor tinha de ser sua “principal preocupação” (Frnck. Id. 29 [Peschke, p. 189]). Pois “a vida dos estudantes, incluindo dos estudantes de teologia, na universidade [era] tão não cristã” (Spen. Beant. 1.48 [1693:62]) que, como os professores ortodoxos, defensivamente, tiveram de admitir (Mayr. Witt. 1 [1686:22-23]), às vezes acabava em escândalo porque o fato de os estudantes não “terem essa vida santa imposta [a eles] não era de menor monta que a diligência e o estudo” (Spen. Pi. Des. [Aland, p. 6 8 ]). A história mostrou que a depravação do clero fora a fonte da corrupção da igreja como um todo durante a Idade Média (Span. H. e. 8.3 [Marck 1:1270- 72]; Lmp. Hist. 2.6 [1747:164]). Mas o pietismo corria o risco de “confundir o cargo com a pessoa” (Nss .Dipp. 11 [1701:71]) e de supor que a validade da palavra e do sacramento dependia “da dignidade e piedade” do ministro (Ess. Consist. 24.viii.1709 [Neumeister, p. 296]), incorrendo, assim, no erro dona- tista (Pnch. Diet. [1736:139-41]), do qual o protestantismo ortodoxo tentava se dissociar (Span. Εν. vind. 2.21 [Marck 3.323-24]). Esse foi considerado o erro dos hussitas (Bert■Hug. 6.3 [1747-11:496]; Pnch. Diet. [1736:186]) e agora era discernido também nos descendentes espirituais deles, os Irmãos Morávios (Beng. Brud. 2.42 [1751:311]). Também foi o erro atribuído ao bispo Hoadly na controvérsia bangoriana, pois ele tinha certeza que “a fraqueza natural dos homens os deixava incapazes de ser o instrumento de transmissão da graça aos seus irmãos”, sendo, desse modo, inevitável a conclusão de “que não pode haver nenhuma instituição positiva na religião cristã que busque qualquer vantagem espiritual para seus membros”. E, “portanto, os sacramentos não podem mais ser algum meio de graça” (Lw. Bngr. 2 [Moreton 1:39]). Mas esses sérios chamados à vida santa entre os ministros da igreja, nas mãos de teólogos anticlericais (Sherl. Def. int. [1675:8]) — de quem os oponentes disseram que eles “reprovam o clero leal e capaz de se confor- 107 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL108 A * mar” e “chamam a instituição divina do sacerdocio pelo odioso nome de ‘clericalismo’ ” (Hcks. Ltrs.pt. [1705:C3r]) — passaram a ser uma denúncia de toda a “classe clerical” por sua “inércia” e negligência (Pet. Hchff. 5.16 [1701:172-73]). “O flagelo do clero protestante ñas costas dos sacerdotes pagaos e papistas” (Tol. Milt. [1699:139]) assumiu a forma da declaração de que os sacerdotes pagãos foram “perspicazes” em engendrar “mistérios” para a multidão supersticiosa (Tol. Mist. 3.1 [1696:70]) e, assim, por implicação, faziam os sacerdotes de todas as igrejas pelos quais “o mundo cristão fora escravizado e a religião fora forçada a dar lugar para a destrutiva superstição” (Tin. Cr. 9 [1730:109]). O clero fora desviado pela falha em perceber, conforme colocou Law (Lw. Ser. Cl. 1 [Moreton 4:10]), que “nosso abençoado Salvador e seus apóstolos estão totalmente absorvidos em doutrinas relacionadas com a vida comum” (Zinz. Soe. 7 [Beyreuther 1-1:77-78]), e não com doutrinas teológicas como tais. Era uma queixa recorrente da ortodoxia que o conteúdo moral do cris- tianismo estava sendo preferido ao seu conteúdo doutrinai (Mos. Vmd. disc. 2.1 [1722:255-57]; Lschr. Hor. [1734:27]), o qual Deus concedera para ser recebido “sem adulteração” (Neum. Funf. 2 [1726-1:238]); pois embora “uma proposição concernente à vontade de Deus”, por meio da qual “as pessoas [tinham] de ser informadas de sua obrigação”, fosse “uma doutrina da reli- gião tão apropriada quanto uma proposição referente à natureza de Deus ou uma obra de Deus” (Edw. Rei. Aff. 3.4 [Miller 2:279]), um verdadeiro senso de obrigação, junto com “outras propensões verdadeiramente espirituais e graciosas” (Edw. Rei. Aff. 3.44 [Miller 2:266-68]), surgiu das “doutrinas divina e espiritual” porque “a verdade do evangelho” era “a gloriosa doutrina que a palavra de Deus contém referente a Deus, e a Jesus Cristo, e ao caminho da salvação por meio dele” (Edw. Rei Aff. 3.5 [Miller 2:294]). A teologia ortodoxa oriental (veja vol. 1, p. 26-27) compartilha a distinção comum entre dogmática e ética (Atan. Par. Epit. prol. 2 [1806:6]), mas fazia isso para enfatizar “que a exposição dos dogmas divinos tem de encontrar seu objetivo apropriado” na doutrina dos sacramentos e na ética (Atan. Par. Epit. 4. prol. [1806:343]). O epigrama de Gregário Nazianzo para seu epitáfio para Basilio de que “sua fala era como um trovão porque sua vida foi como um relâmpago” (Gr. Naz. Carm. 2.2.119.40 \PG 38:74]), ajusta-se muito bem à agitação pietista pela recuperação da relação certa entre a doutrina e a vida (Spen. Pi. Des. [Aland, p. 68]) e por uma mudança que seus oponentes também denominavam “o aperfeiçoamento do modo de vida cristão” (Mayr. Red. 10 [1702:580-621]). Uma vida devota e santa A crítica dos catecismos tradicionais e dos guias teológicos pela ênfase exagerada na doutrina e sua consequente negligência da moral vinha de mui- tos lados (Frnck. Meth. 3.29 [1723:185]; Ost. Corrupt. 1.7 [1700-11:272]; Reim. Apol 1.1.2.3 [Alexander 1:86]); a necessidade era de “uma teologia que não só lotasse o intelecto de conhecimento, mas também mudasse completamente a vontade” (Spen. Gtts. 6 [1680:319]; Frnck. Meth. 5.2 [1723:268]). Reconhe- cidamente, “o maior defeito da Reforma é que nela não há encorajamentos a uma vida devota” (Brnt. Rom. [1688:65]), e a simples citação dos ditos dos pais da Reforma sobre a necessidade de se ter uma “fé viva” não anulava esse defeito (Lang. Antiharb. [1709:1:451]; Gtz. Lint. [1693:D3r]). Em meio ao chamado pietista por “reforma da vida”, os comentaristas da ortodoxia no Continente também insistiam que a única reforma autêntica da igreja, como acontecera no século XVI (Deutsch. Lut. 1.3.17 [1698:33-34]), tinha de vir da reforma da doutrina, uma vez que, “conforriie diz Epifânio de Sa- lamina, a sucessão [apostólica] genuína [na igreja] consiste na continuidade da doutrina” (Epif. Her. 55.3.8 [CCS31:329]; Lschr. Unfehl. 14 [1724:101]). No entanto, essa insistência, tanto na Inglaterra quanto no Continente, teve sucesso apenas na mudança do local do litígio, mas não na adjudicação dele. A reconsideração da relação entre a doutrina verdadeira e a falsa teve como seu contexto a polêmica ortodoxa contra a falsa doutrina, que as gerações anteriores viam como uma obrigação central da igreja e seus teó- logos (Bert. Teol. disc. 19.6 [1792-IV83]; veja vol. 1, p. 88-90). A polêmica da teologia católica-romana — respondendo às objeções “extremamente insensatas” dos reformadores contra a doutrina católica do mérito, à doutri- na calvinista da reprovação (Pnch. Diet. [1736:107]) e à crítica reformada da doutrina tradicional dos anjos da guarda (Mrck. Comp. 9.17 [Velzen 18:181- 82]) — continuou a afirmar essa obrigação e a pô-la em prática (Drnd. Fid. vind. 1.29 [1709:97-98]; Bert. Teol. disc. 10.19 [1792:11:169-71]). Por sua vez, a disposição da teologia católica-romana de viver com uma variedade de teorias sobre a dádiva da graça (veja vol. 4, p. 443-54) também forneceu a alguns protestantes o fundamento para questionar a “rigidez” excessiva dos luteranos e dos calvinistas em sua mútua oposição (Brnt. Art. XXXIX. pr. [1700:viii]). Um tratado de 1720 intitulado Sobre a moderação nas controvérsias dos teólogos observava, em suas linhas iniciais, que era característico “dos pro- fessores da verdade celestial” em todas as gerações ceder ao ódio e à fúria contra seus oponentes (Budd. Mod. 1 [1720:489]). Mas conforme comentava um tratado quase contemporâneo, “uma das causas que tornam as controvér- sias obscuras é que os mesmos princípios favoráveis [ao caso de um] contra ♦ > w9 A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL110 ♦ ♦ ♦ alguns oponentes” são prejudiciais para o caso contra outros (Byl. Com.phil. 4.12 [1713:11:277]), levando a um relativismo em relação a esses princípios; “a doutrina do Senhor Jesus” estava sendo “obscurecido até mesmo para seus confessores públicos” (Lmp. Betr. 4.5 [1756-11:466]). O zelo polêmico que caracterizava a controvérsia teológica durante os dois séculos desde o período da Reforma acabou ele mesmo se tornando uma questão polêmica no século XVIII (Hcks. Ltrs. pr. [1705:A4r]; Wsly. Serm. 22.3.18 [Baker 1:508]; Zinz. Horn. 31 [Beyreuther 3-1:324]). Havia ainda versões da “teoria dominó” (veja vol. 4, p. 335-36) que alertavam que essa indiferença ou, pelo menos, concessão podia, em algum ponto da doutrina, levar à tolerância dos excessos mais extremos (Nmnn. Spen. [1695:7]), mas a admoestação de que “a verdade fundamental não pode ser ignorada exceto a custo da salvação” vinha com frequência acompanhada do reconhecimento de que isso não se aplicava “aos elementos secundários da doutrina fundamental” (Lang. Antibarb. [1709-11:486-87]; Ost. D%. serm. 4 [1722:139]) nem das doutrinas não fundamentais (Span. Praescript. 6 [Marck 3:1111]). Jonathan Edwards falou do “zelo” expresso na “oposição vigorosa” como “o fervor dessa chama [de amor]”, mas ele advertiu que este era dirigido “contra coisas, e não contra pessoas” (Edw. Rei. Aff. 3.8 [Miller 2:352-53]), uma distinção que nem sempre era fácil de observar em meio a tal “zelo”. Um teólogo com “uma natureza belicosa” podia facilmente abusar das polêmicas para o engrandecimento de si mesmo (Mck. Vor. pr. [1774:A6r]). Mesmo aqueles que instigavam a necessidade da polêmica acrescentavam que o púlpito não era o lugar para as controvérsias escolásticas sobre pontos teológicos obscuros (Mayr. Red. 15 [1702:835]). Conforme declarou um pro- fessor de teologia em sua aula inaugural de 1696, “a tarefa do teólogo não [era] apenas confirmar a doutrina verdadeira, mas refutar os erros que se opõem à verdade, acima de tudo se eles são perigosos e prejudiciais” (Wer. Diss. 18 [Ryhinerus 1:327]); mas ele foi em frente para argumentar que o teólogo, nas polêmicas, tem de se esforçar para fazer justiça à posição oposta, não para a ridicularizar (Wer. Diss. 18 [Ryhinerus 1:332]), porque “nada pode ser imputado a alguém que essa pessoa não reconheça em obra ou em palavra” (Wer. Mise. 1.9 [Ryhinerus 2:104]). O ortodoxo reconhecia a necessidade de advertir contra o zelo polê- mico excessivo ou a generalização polêmica sem justificação (Neum. Rch. pr. [1751:A3v-A4r]; Mayr. Mis. 3.1 [1692:28]; Nss. Dipp. pr. [1701:6]), que (conforme advertiram os pietistas) “com frequência, causa mais dano que benefício” (Spen. Gtts. 6 [1680:150]), como quando a polêmica era caracteri- Uma vida devota e santa Λ 111 ♦ zada pelas “invectivas e insinuações pessoais” (Spen. Pi. Des. [Aland, p. 63]) ou quando o teólogo não consegue “pôr em prática a missão polêmica de um modo prático e que agrade a Deus” ao relacionar os erros da doutrina com o erro básico de uma relação pessoal equivocada com Deus (Frnck. Id. 28 [Peschke, p. 187]). Não menos importante era o lembrete de que, em algumas questões, “os teólogos podem discordar e discutir entre eles mesmos sem prejudicar a unidade da fé” (Wer. Diss. 18 [Ryhinerus 1:334]; Lang.Antibarb. [1709-11:492]; Sem. Erkl. 2 [1777:247]). Um dos meios para “trazer a teologia de volta a suas limitações” era colocar a polêmica teológica em seu contex- to histórico (Sem. Erud.. [1765.1:161-62]), fornecendo uma perspectiva de mais longo alcance sobre as questões da controvérsia corrente: “os debates dogmáticos públicos eram com frequência levados avante só pelos bispos, a fim de promover sua própria autoridade, sem qualquer benefício para o povo cristão” (Sem. N. T. Int. pr. 5 [1767:12]). Em cada uma dessas quatro questões envolvidas na “crise da ortodoxia” — a igreja, a doutrina, a graça e a vida cristã — os defensores da renovação e de uma “nova Reforma” em todas as igrejas se encontraram com a oposição de todas as direções. Eles, quanto à doutrina da igreja, eram culpados de “see- tarismo” (casp. Beyl. 1 [1724:29]). Awakum foi acusado “de desviar pessoas simples e afastá-las da única santa Igreja Católica-ortodoxa do Oriente [Vos- toenaja Pravoslavno-Kafoliceskaja Cerkov]” (Sob. 13.V.1666 [DAI 5:448]); Spener, de “não acreditar que a religião evangélica luterana não tinha erro” (Mayr. Anti-Spen. 1 [1695:9-10]); e Quesnel, de negar a infalibilidade papal (veja p. 125-26 abaixo). Os pietistas, a respeito das normas da doutrina, não “acreditam nem falam com o devido respeito” sobre os credos e confissões da igreja (Casp. Beyl. 19 [1724:87]; Albrt. Vind.\.\6 [1695:23]), uma vez que eles preferiam afirmá-los só relativamente, “até agora \quatenus\”, não abso- lutamente “porque [quia]” eles concordavam com a Escritura (Spen. Albrt. 41 [1696:45]). Quanto à doutrina da graça, eles, por sua insistência em renovação, confundiam graça com obras (Lang. Antibarb. [1709-1:447]) e também “justi- ficação” com a “união mística” entre Deus e o cristão que era a consequência dela (ap. Spen. Bed. 1.1.9 [Canstein 1:76-77]). E o chamado deles à santidade representava uma reincidência de um “paganismo [católico-romano] blasfemo” para “um judaísmo de falso zelo e hipocrisia” (Dipp. Hrt. 3 [1706:48]). Essas acusações extravagantes, em um grau, serviram apenas para do- cumentar a correção do difundido sentimento de que a educação teológica e a administração eclesiástica estavam enfatizando demais a polêmica à custa da caridade. Contudo, os movimentos de reforma, com frequência a despei- A CRISE DA ORTODOXIA ORIENTAL E OCIDENTAL to de suas intenções, foram bem-sucedidos em relativizar as diferenças da doutrina entre as igrejas tornando essas diferenças de doutrina e de vida em cada uma das igrejas mais importantes (veja p. 367-68 abaixo); e eles, com seu chamado à remoção de elementos da teologia cristã desnecessariamente ofensivos, ajudaram a tornar possível a nova apologética (veja p. 235 abaixo). Acima de tudo, o esforço para recuperar o conteúdo objetivo e dogmático da fé, trocando-a por uma modalidade subjetiva e ética, ajudaria a tornar esses movimentos, contra a vontade e a intenção deles, em um “fenômeno transicional” (Hirsch [1960] 2:108-9, 148, 151]), um “elo de ligação” e uma “ponte” para as reinterpretações muito mais drásticas da mensagem cristã que viríam. 2 A objetividade da revelação transcendente O “Iluminismo”, de acordo com a celebrada definição do fim do sé- culo XVIII, “é o êxodo do homem da tutela autoimposta”. A definição prossegue para explicar que em uma condição de tutela, “a incapacidade do uso do entendimento do indivíduo sem a orientação de outra pessoa”, podia ser caracterizada como autoimposta “se sua causa não repousa em nenhuma debilidade de entendimento, mas na indecisão e falta de coragem para usar a mente sem a orientação de outro indivíduo”. Portanto, era possível dizer (Hor. Ep. 2.40) que o lema do Iluminismo era: “Ouse saber [sapere aude]! Tenha a coragem de usar seu próprio entendimento” (Knt.Auf. [Cassirer 4:169]). O uso específico do entendimento variava de forma relevante no Iluminismo de uma nação ou período para outro, ou de uma escola de pensamento para outra, de modo que “nenhuma definição de Iluminismo açambarca tudo que os homens em geral presumiam pertencer a ele” (May [1976], p. xiii), muito menos todas as culturas em que ele apareceu dos dois lados do Adântico durante os séculos XVII e XVIII. Além disso, o Iluminismo, nessas culturas, afetou diferentes aspectos da vida e pensamento de modos bem distintos: a educação e a política, a ciência e as artes, a filosofia e a religião. O Iluminismo, quando aplicado à tradição cristã e suas doutrinas, repre- sentava o que é denominado de “a revolução das potencialidades autônomas do homem contra os poderes heterônomos que não eram mais convincentes” (Tlch. Prot. teol. 2 [Braaten 1967:27]), a saber, a autoridade heterônoma da igreja e de seu dogma e, em última análise, a autoridade objetiva da Escritura e da própria revelação transcendente. Quando um teólogo do século XVIII definiu o Iluminismo como “o primeiro e principal propósito contínuo da nova religião” de viabilizar “os pressupostos desse movimento para cada cristão individual, com o objetivo de uma adoração de Deus ainda mais voluntária e mais pura” (Sem. Rei. 44 [Schütz, p. 377-78]), ele designou-lhe A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE114 Λ ♦ a tarefa de conferir sentido divino à busca individual para a realização plena das “potencialidades autônomas do homem”. Isso indicava não só que “toda verdade vem de Deus” (Wlff. Nat. Gott. 177 [1744-1:191]), independentemente de se veio por meio de canais da natureza ou da revelação (Cone. Rei. riv. 1.5 [1754-1:36-51]; Bulg 367/. 57 [1940:119-20]), mas que uma revelação autêntica, de acordo com “o critério da revelação divina” (Wlff. Nat. Gott. 522 [1744- 11:183-85]), tinha de ser autovalidadora. Para a teologia católica-romana, isso podia ser entendido com o sentido de que os cristãos não devem concordar com supostas “revelações [privadas] que contradizem a tradição ou o ‘senso comum do fiel’ ” (Amrt. Rev. 1.1 [1750:3]), enquanto para o racionalismo do Uulminismo o critério de “sabedoria divina e de razão sã” era o único meio disponível “para distinguir os oráculos e a vontade de Deus dos embustes e tradições dos homens” (Tol. Mist. 2.2 [1696:41]), uma vez que “imaginar qualquer revelação externa não dependente da razão das coisas é fazer as coisas darem lugar às palavras” (Tin. Cr. 12 [1730:188-89]). O programa de aplicação desses critérios para receber a tradição herdada do credo e do catecismo cristãos levantaram várias questões — todas elas resumidas em uma questão de uma crítica dessa tradição publicada anonimamente: “Mas onde é possível encontrar um catecismo cristão [...] que podería separar o que é inteligível na religião dos mistérios ininteligíveis dos relatos meramente históricos?” (Reim. Apol. 1.1.2.4 [Alexander 1:88]). Milagre, mistério e autoridade Os críticos e também os defensores da objetividade da revelação trans- cendente do século XVIII reconheciam que — nas palavras de um escritor russo ortodoxo que, embora não fosse um teólogo profissional, era simulta- neamente um crítico e um defensor — havia “três poderes, só três poderes, capazes de conquistar e manter a consciência cativa para sempre”. Esses três poderes, enumerados nas três questões do tentador de Jesus (Mt 4.1-11), eram “o milagre, o mistério e a autoridade \cudo, tajna, avtoritei\” (Dost. Br Kar. 2.5.5 [Cernecova, p. 280]); sobre eles foi alicerçado o edifício da instituição e do ensinamento da igreja, e a “grandiosidade” da autoridade da Bíblia repousa em sua qualidade como mistério e como milagre (Dost. Br. Kar. 2.6.1 [Cernecova, p. 319]). Essa tríade, com algumas variações (Men. Did. 1.6 [Blantês, p. 64]), era familiar na tradição da ortodoxia oriental do século XVIII, mas também aparecia em meio aos defensores e críticos contemporâneos do Ocidente (Fén. Ep. ll.viii.1689 [Masson,p. 246-48];Gaz. Prael 1.1.2.7-8 [1831-1:62-78];Zinz. Off. Red. 1.8 [Beyreuther 2-111:125-62]). Por isso, um defensor da revelação, em um panegírico sobre “nosso abençoado pai Lutero”, descreveu como o ♦ ♦ ♦ 115Milagre, mistério e autoridade reformador aderira de forma estrita à autoridade da Escritura como a palavra de Deus, da qual ele “provara os mistérios da fé” (Mayr. Red. 3 [1702:294-95]); em outra passagem ele, ao considerar se Lutero tinha um chamado legítimo de Deus (veja vol. 4, p. 403-404), conectou a questão da autoridade com a questão do milagre (Mayr. Red. 1 [1702:41-45]). E um crítico da autoridade do cristianismo tradicional descreveu como “quando todas as outras mudanças provam ser ineficazes, os adeptos do mistério voaram para os milagres como seu último refúgio” (Tol. Mist. 3.4 [1696:150]). O milagre, o último refúgio ou talvez primeiro refúgio (Gtti. Ver. eccl. 1.2 [1763:7-25]), ao longo do século XVIII, veio a ser um tópico central para os “partidários” das várias posições e denominações (Lw. Reas. 3 [Moretón 2:107-13]) que sentiam que “nossa era” (Pff. Hist., teol. 2.10 [1724-1:379]) diferia das precedentes por sua incredulidade em relação aos milagres (Mrck. Text. Exerc. 8.1 [Velzen 14:52]; Swed. Ver. Cr. 8.501 [1771:320]). O milagre podia ser definido como uma “transgressão da ordem comum da natureza” (Terst. Abr. 1.5.21-22 [Becher 2:74]), como “uma demonstração visível do poder divino” (Men. Did. 2.2 [Blantès, p. 107]) como um evento em que “as coisas criadas subsistentes sofrem alterações que não podem ser consequência do próprio poder delas” (Wlff. Nat. Gott. 348 [1744-1:342-43]) ou como uma “obra extraordinária do poder divino, que impressiona os sentidos e traz à tona o espanto daqueles que a veem” (Wer. Diss. 5 [Ryhinerus 1:93]; Mrck. Scrip, exerc. 8.19 [Velzen 10:519]). Os milagres têm uma relação ambígua com a doutrina da criação: é possível argumentar que os milagres são apenas um resultado necessário da crença na criação e no Criador (Lw. Reas. 3 [Moretón 2:108]) ou que era errado supor que o Criador “quebrou a regra de sua pró- pria administração” (Tin. Cr. 10 [1730:116]), algo que ele, em todo caso, só faz raramente (Wer. Diss. 4.1 [Ryhinerus 1:73]). A relação dos milagres com a verdade e a falsidade não era ambígua da mesma maneira (Strz. Man. 1.2 [1828:14]), pois um milagre não podia ser a confirmação de uma falsidade se viesse de Deus (Amrt. Teol. eclec. 4.2.2.2 [1752-1-IV87-90]). Ainda que isso só aumentasse a ambiguidade (Gaz. Prael. 1.1.2.8.205 [1831-1:70]), pois podia significar que “se os milagres podem ser realizados por seres maus e também por seres bons, a pior religião pode ter mais milagres porque precisa mais deles” (Tin. Cr. 12 [1730:192]). Negar a possibilidade deles equivalia a desobedientemente negar a existência de Deus (Lmp. Betr. 3.16 [1756-11:341]; Wlff. Nat. Gott. 450 [1744-11:61-62]), mas os milagres tinham de estar relacio- nados com seu “propósito especial e importante” (Tol. Mist. 3.4 [1696:152]) à parte do qual eles não eram críveis (Wer. Diss. 4.1 [Ryhinerus 1:72-73]). A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE Funcionalmente, a definição mais útil de “o que as Escrituras e nós de- nominamos milagre” era: “as mesmas obras, ou obras da mesma natureza, que aquelas feitas por Moisés e Cristo”. Essa definição incluía os milagres, como a travessia do mar Vermelho por Moisés (Hdly. Fit. [1702:3]; Mrck. Comp. 20.11 [Velzen 18:392]; Zinz. Zst. 34 [Beyreuther 3-11:276-86]; Conc. Reí. ήν. 2.1.3 [1754-1:77-91]), mas, no sentido mais fundamental, (Mrck. Exeg. exerc. 6.4, 6.8 [Velzen 9:95-98, 108]) significava que a encarnação do Logos e a salvação operada por ele eram os “dois maiores e mais extraordinários milagres” (Men. Did. 2.6 [Blantês, p. 154]). Cristo realizou maravilhas (Gaz. Prael. 1.1.3.3 [1831-1:106-25]) que, como evidências de que ele era o Messias prometido (Spen. Mess. [1701:61-67]), não foram “nem inventadas pelos evangelistas nem realizadas pelo poder natural ou mágica” (Bert. Teol. disc. 29.6 [1792-VL90]); as três horas de escuridão na Sexta-Feira Santa (Arb. Des. myst. 2.17 [1764:312]), relatadas em todos os evangelhos sinóticos, não podiam ser explicadas da perspectiva da natureza como um eclipse (Frnck. Pass. Marc. 11 [1724:310]; Lmp. Betr. 1.18 [1756-1:407-8]; Mmchr. Orig. ant. 2.14.4 [1749-1:285]). Os eventos da história do N ovo Testamento eram mais difíceis de ser cridos sem as histórias de milagre que com estas (Wer. Diss. 4.3 [Ryhinerus 1.88]), mas essas histórias, com toda a aceitação da “doutrina total [de Cristo] com todas suas partes”, também fazem sentido (Wer. N. T. [1756:159]). Os críticos, em resposta a essas defesas, consideravam os milagres uma concessão aos contemporâneos de Jesus (Sem. Frag. 47 [1780:344]) que, quer eles cressem que os milagres eram genuínos quer não (Reim. Apol. 2.2.2.6 [Alexander 2:157]; Sem. Rei. 29 [Schütz, p. 244]), buscavam “sinais” (ICo 1.22); os escritores pagãos da época ficaram totalmente em silêncio a respeito das trevas na Sexta-Feira Santa (Gib. Dec. 15 [Bury 2:70]) (embora os apologistas ortodoxos declarassem encontrar evidência nesses escritores pagãos) (Gtti. Ver. rei. 5.31.1 [1750-1:421-22]). Todos reconheciam que os milagres provocavam “inveja” (Men. Did. 1.2 [Blantês, p. 15]) entre esses contemporâneos, e que muitos deles que seguiam o operador de milagres o abandonaram quando foi crucificado (Bec. Lop. Nuev. Ab. [1739:1]; Edw. RelAff. 2 [Miller 2:148-49]; Frnck. Pass. Marc. 10 [1724:289-91]). Os primei- ros milagres, como a transformação da água em vinho, receberam atenção particular, enquanto os milagres destrutivos, como a maldição da figueira, criaram dificuldades particulares (Beng. Gnom. Jo 2:11 [Steudel, p. 330]; Ost. Arg. ref. Jo 2 [1720-11:120-21]). Acima de tudo, era necessário defender contra os críticos a “veracidade” do “milagre da concepção sobrenatural” (Beng. Milagre, mistério e autoridade Gnom. Mt 8:32 [Steudel, p. 62-63]; Ost.Arg. ref. Mt 21.1-22 [1720-11:33]) e do nascimento de Cristo (Baum. Pred. 3.8 [Kirchner 3:621]), em que Maria era tanto virgem quanto mãe de Deus (Deutsch. Lut. 2.3.2 [1698:92-93]), e da ressurreição do Senhor (Men. Did. 5.1 [Blantés, p. 226]) que, por causa da “conexão entre a ressurreição de Cristo e a ressurreição dos mortos” (Bert. Diss. hist. [1753-1:249-50]; Mos. Vind. disc. 3.1.5 [1722:339-41]), era, na igreja primitiva (Beng. Gnom. 1 Cio 15:12 [Steudel, p. 675-76]), um componente especial do “milagre [total] da redenção” (Baum. Pred. 2.11, 2.9 [Kirchner 2:370, 309]; Baum. Pred. 2.8 [Kirchner 2:278-79]). Contudo, o lugar dos milagres na igreja primitiva provocou várias difi- culdades para si mesma (Span. Εν. vind. 1.45 [Marck 3:182-87]). Se milagres como o da conversão de Paulo (Lang. Paul. 1.1.2 [1718:16]) provavam a ins- piração dos escritores apostólicos pelo Espírito Santo (Brnt. Rom. [1688:56- 57]), será que a cessação de milagres como o falar em línguas (Ost. Art. ref. ICo 12 [1720-11:217-18]) provavam que esses milagres “não [eram] mais necessários” (Mid. Mir. 4 [1749:119]) para garantir a presença do Espírito (Baum. Pred. 3.1 [Kirchner 3:16-17]) e também que “nenhum homem é mais capaz de pecar” contra o Espírito Santo (Brnt. Art. X X X IX 16 [1700:141]) do qual os evangelhos falam (Zinz. Off. Red. 21 [Beyreuther 2-IV:225-32])? Essas perguntas alcançavam não só a interpretação dos milagres no Antigo Testamento, mas acima de tudo a posição dos supostos milagres pós-bíblicos (Mrck. Scrip, exerc. 10.16 [Velzen 10:620]; Reim. Apol. 1.5.1.3 [Alexander 1:688]). Os apologistas, embora fossem cuidadosos em não sustentar que os milagres eram uma atestação (Mayr. Red. 14 [1702:771]; Drnd. Fid. vind. 3.53 [1709:508-11]) da validade de supostas revelações particulares (Amrt. Rev. 1.22 [1750:134-35]), argumentavam que a história de todos os séculos era cheia de milagres, provando a superioridade da doutrina católica-romana em relação à doutrina protestante (Grig. Mont. Vr. dév. 19 [Gendrot, p. 496-97]; Bert. Teol. disc. 1.6, 33.8 [1791-1:56, VIL125-26]). Os depreciadores desconsideravam esses “milagres pós-bíblicos” (Gaz. Prael. 1.2.3.7.3.321 [1831-1:116]), mes- mo do século II, como “simulações engenhosas” e “os milagres mentirosos dos papistas” (Sem. Rei. 29 [Schütz, p. 238-39]) que foram “evidentemente forjados ou copiados segundo os originais do paganismo” (Span. H. e. 2.8 [Marck 1:661-62]), talvez “inventados por pagãos e judeus” (Edw. Rei. A ff 3.5 [Miller 2:309]). Eles também desconsideraram, como “insignificantes” (Mid. Ltr. Rom. [1729:62]) ou como “falsificações insolentes” (Tol. Amjn. [1699:42-43]) os milagres atribuídos pela tradição ortodoxa a figuras do século IV como Espiridião (Mid. Mir. 4 [1749:147]; Tin. Gr. 8 [1730:90]) A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE118 ♦♦♦ ou atribuído por Atanásio (Soer. H e. 1.12 [Hussey 1:90-92]), o primeiro defensor da doutrina nicena da Trindade (Bulg. Kat. 73 [1940:184]), ao pio- neiro do monasticismo em sua obra Vida de Antônio (veja vol. 1, p. 151). Os sustentadores defendiam Atanásio não só por sua lealdade à sé romana (Bert. Diss. hist. [1753-111:192]) e por sua integridade (Nss. Dipp. 2 [1701:33]), mas também por sua obra Vida de Antônio; eles, contudo, diferenciavam entre os milagres bíblicos (Walt. Mir. 3 [1756:157]), que eram “assuntos de fé”, e esses relatos “dos pais primitivos e dos historiadores da igreja” (Walt. Mir. 1 [1756:35]), que tinham de ser avaliados com cuidado por sua credibilidade e que, de jeito nenhum, desacreditavam a “longa série ininterrupta de grandes milagres” na Bíblia (Hdly. Fit. [1702:20]). Essas distinções, que não compor- tavam com facilidade as descrições protestantes de milagres “diários” (Scriv. Seel. 2.1 [Stier 3:317]; Frnck. Pred. Adv. 2 [1699:14]), em especial na Reforma (Hrn. H. e. 3.1.1 [Leydecker 1:300]) ou nas vindicações posteriores da causa protestante, também podiam ter o efeito oposto do pretendido (Schpf. Fut. 10.4-5 [1717:34-35]; Lschr. Dr. Pred. 1 [1738:18, 27]). Alguns protestantes foram levados a concluir que o mesmo critério que autenticava os milagres do N ovo Testamento também sustentava (ap. Mid. Mir. int. [1749:xlii]), conforme defendiam os católicos-romanos (Gib. Dec. 15 [Bury 2:29-30]), a “crença implícita de que o dom de poderes milagrosos continuou na igreja durante os quatro ou cinco primeiros séculos do cristianismo” (Mmchi. Orig. *«¿2.17.3 [1749:409-13]; Gaz.Prael 1.1.3.4.288,294 [1831-1:126-27]; Gtti. Ver. eccl. 1.2.4.27 [1763:15]), e eles vieram a aceitar, pelo menos por um tempo, “a maioria das principais doutrinas do papado” (Gib. Aut. 3 [Saunders, p. 82-83]). A conclusão, com mais frequência, levava a conclusão na direção opos- ta: o critério usado para desacreditar “os milagres mentirosos dos papistas” (Edw. Rei. Aff. 3.5 [Miller 2:309]) não podia deixar intocada “a história da doutrina e milagres do nosso Salvador” como “o genuíno alicerce sobre o qual repousa o cristianismo” (Mid. Mir. int. [1749:xciv]) e “a evidência mais clara que Deus podia fornecer” (Brnt. Art. X X X IX 16 [1700:140-41]). O exame dessa evidência no N ovo Testamento (Tol. Mist. 2.3 [1696:47]) mostrou que foi dito que os milagres produziam fé, ainda que Jesus só os realizava na presença daqueles que criam (Ost. Cat. [1747:17, 23]; Ost. Arg. ref. Jo 2, Mt 17 [1720-11:121, 27]). Então “qual seria o propósito de todos esses milagres se as doutrinas de Cristo eram incompreensíveis ou [se] o fato de que éramos obrigados a acreditar revelasse não fazer sentido?” (Reim. Apol.2.2.1.5 [Ale- xander 2:133-35]; Frnck. Pred. Trin. 19 [1699:16]; Tol. Mist. 2.3 [1696:49]), perguntavam aqueles que, com o diziam seus oponentes, recusavam-se a Milagre, mistério e autoridade aceitar qualquer milagre que desafiasse a razão (Mos. Tol. 10 [1722:51-52]). Os milagres serviam como “cartas de crédito” (Wer. Diss. 4.1 [Ryhinerus 1:71]) cujo objetivo era provar “que temos de receber essas doutrinas tanto como verdadeiras quanto como boas, as quais não saberiamos ser verda- deiras e boas sem esses milagres” (Lw. Reas. 3 [Moretón 2:107]; Stod. Com. 15 [1719:85]), mas, nessa nova era, passou a ser necessário “demonstrar a verdade dos próprios milagres contra os descrentes obstinados” (Mrck. Text, exerc. 8.1 [Velzen 14:52]; Bert. Diss. hist. [1753-1:227-28]). Um tratado, que começou argumentando pela verdade da doutrina cristã, alicerçado no fato de que “há maiores e mais milagres de um lado que do outro” (Hdly. Fit. [1702:6]) prosseguiu para reverter o argumento: “Uma vez que acredito que Jesus Cristo era o Filho de Deus [...] porque ele ensinou uma doutrina tão excelente e porque ele mesmo foi tão perfeitamente bom e santo, não posso participar dessa crença apenas por causa dos milagres” (Hdly. Fit. [1702:20]; Zinz. Steb. 5 [Beyreuther 2-1:43]). D o lado negativo, isso também podia levar os defensores do milagre a atacar seus oponentes por preferirem um “obje- to milagroso a um objeto salvador” (Wer. Diss. 10.3 [Ryhinerus 1:179]; Tor. Car. 1.3 [1779-1:164]) e, seus detratores satíricos a definir “uma ortodoxia divina correta” como aquela a quem “nada, além do maravilhoso e do im- provável”, agradaria (Mid. Wat. [1731:15]). D o lado positivo, significava que os pregadores tradicionais — desde que esses milagres não estabeleciam a fé, mas antes eram estabelecidos pela fé, — descreviam “a fé dos cristãos” como “mais que todos os milagres” (Zinz. Lond. Pred. 2.6 [Beyreuther 5-1:200]; Zinz. Rei. 5 [Beyreuther 6-1:78-79]) e parafraseavam a réplica apologética de Agostinho (Neum. Funf. 1 [1726:1:172]; Wer. Diss. 4.1 [Ryhinerus 1:74]; Mid. Mir. 4 [1749:137]) de que “para nós basta esse grande milagre, que o mundo todo acredite sem qualquer milagre” (Ag. Civ. 22.5 \CCSL 48:812]). Mais uma vez, foi um homem das letras, em vez de um teólogo profissional, que forneceu a formulação epigramática mais eficaz para essa percepção de que o milagre vem da fé, não a fé do milagre: “O filho mais querido da fé é o milagre” (Gth. Fst. 1.766 [Trunz, p. 31]). O mistério não teve uma história mais fácil que o milagre. Um século, em cuja véspera o livro de Toland intitulado O cristianismo não misterioso veio a ser uma controvérsia internacional e interdenominacional, que se voltou reiteradamente à definição e resolução do mistério enquanto lidava com a atitude do Uuminismo na fé e na doutrina cristãs (Pff. Hist., teol. 3.8 [1724- 11:293-95]). “Mistério” não era apenas um nome especial para ignorância: “Nada pode ser dito ser um mistério porque não temos uma noção adequada i-i-9 A OBJETIVIDADE DA REVELAÇAO TRANSCENDENTE ♦120 desse fenômeno ou uma percepção distinta de todas suas propriedades de imediato; pois então tudo seria um mistério” (Tol. Mist. 3.2 [1696:75]). Em outra passagem, seu autor deixou claro que se opunha ao uso de mistério que levava à “tirania e à superstição” (Tol. Pan. 2.1 [1720:49]), uma vez que os “mistérios para divertir os entusiastas” e “as cerimônias para enfeitiçar o vulgar” eram as “duas formas que nunca falham em fazer a superstição pre- valecer” (Tin. Cr. 11 [1730:170]). Esses ataques à “superstição” eram dirigidos principalmente contra o catolicismo-romano e à ortodoxia oriental (Tin. Cr. 8 [1730:85]; Reim. Apol. 1.1.5.4 [Alexander 1:151-52]), com frequência, em nome da “grande simplicidade” (Span. H. e. 3.4 [Marck 1:721]) das cerimônias cristãs primitivas. Contudo, até onde iam, as definições católicas-romanas ou ortodoxas orientais de “mágica supersticiosa” (Cone. Teol. cr. 1.3.2.11 [1772-111:57-61]) como “falsa religião ou adoração falaciosa, quer dirigida ao verdadeiro Deus quer a um falso deus” (Af. Lig. Teol. mor 3.1.1 [Gaudé 1:370]; Mrkrd. Off. 7 [1722:26-28]), mesmo se esta envolvesse cerimônias cristãs autênticas (Cmrda. Const, ap.2.13 [1732:147]) ou o uso da Bíblia, se- riam aceitáveis (Amrt. Teol. eclec. 12.9.51 [1752-3-1:433]), talvez com a adição de que se referiam a “todas as cerimônias e todas as ações externas que não levam alguém a ações internas”, como essas cerimônias surgidas em “todos os melhores sistemas de leis humanas entre os gentios” (Poir. Oec. div. 3.10 [1705-1:720]; Ost. Arg. ref. Mt 12:1-21 [1720-11:1 η ; Krb. Diar. [1700:199- 200]), como o pensamento de Platão e de Cícero, e entre os cristãos com mais frequência em áreas com o a prática eucarística e o culto dos santos (Jcksn. Rem. [1731:14-15]; Gaz. Proel 2.2.102 [1831-11:30]; Ag. Doc. Cr. 2.20.30 \CCSL 32:54]). Cada denominação (Span. H. e. 7.3 [Marck 1:1181-82]; Span. Εν. vind. 1.42 [Marck 3:166-71]) reconhecia o perigo da superstição ao “afirmar que esta se infiltrara em todos os outros grupos” (Tin. Cr 11 [1730:168]), embora na “celebrada controvérsia sobre se o ateísmo é preferível à superstição ou não” (Mos. Tol. 28 [1722:152]), os radicais considerassem a superstição um perigo maior (Tin. Cr 8 [1730:99]; Gib. Dec. 21 [Bury 2:350]) enquanto os teólogos da igreja de várias posições percebiam o ateísmo como a ameaça mais séria, apesar de que rejeitassem ambos (Strz. Man. 2.1 [1828:48]; Wer. Mise. 14.2 [Ryhinerus 2:244]; Zinz. Soc. 4 ,13 [Beyreuther 1-1:40,133]). Embora os estudiosos radicais citassem o uso do N ovo Testamento para validar esse entendimento de mistério (Tol. Mist. 3.3 [1696:91]) como “uma coisa inteligível em si mesma, mas tão velada para outros que não pode ser conhecida sem revelação especial” (Tol. Mist. 3.1 [1696:72-73]), o estudo da palavra realizado por estudiosos menos iconoclastas continuava Λ 121 ♦ Milagre, mistério e autoridade a sustentar a distinção tradicional entre “secreto” (Bulg. Kat. int. [1940:11]; Sth. Animad. 1 [1693:6]) e “revelado” (Mrck. Exeg. exerc. 10 [Velzen 9:177- 80]) e a definição tradicional de mistério como “aquilo que pela natureza das coisas é incompreensível na criação e providência” (Lw. Reas. 3 [Moretón 2:103-4]). Por definição, uma “obra da sabedoria e poder divinos” não era só “perfeito”, mas “transcendente” (Men. Did. 5.3 [Blantês, p. 241]; Bec. Lóp. Sab. prod. 1 [1752:7]). E se toda essa obra tinha de “ser julgada por nossas noções e faculdades comuns”, era “inútil” (Wer. Diss. 18 [Ryhinerus 1:337]) tentar persuadir alguém a aceitar “os principais mistérios da fé” como “uma verdade revelada por Deus, acima do poder da razão natural de decifrar ou compreender” (Sth. Animad. 1 [1693:2]; Zinz. Lond. Pred. 5.5 [Beyreuther 5-11:177]). Aqueles que defendiam a nova dependência da razão contra a acusação de que isso dissiparia todo mistério da religião estavam preocupados em identificar os “inumeráveis assuntos que não podem de modo algum ser computados entre os mistérios, mas que, não obstante, fazem a revelação parecer ofensiva” (Reim. Apol. 1.1.3.10 [Alexander 1:115]). Os teólogos da igreja do século XVIII, em sua avaliação de que esses assuntos deviam de fato ser considerados como mistérios, respondiam a uma distinção proposta entre “religião interna e real”, que se preocupava com a moral, e religião “externa”, que se dizia ser “sem realidade” — distinção essa que lhes parecia rejeitar com o irreais todas “as verdades e instituições misteriosas de Cristo” (Lschr. Pens. [1724:16]). Para eles, ser teólogo significava acima de tudo “ensinar os mistérios em sua transcendência” (Mayr. Red. 5 [1702:404]). Isso sugere a obrigação de reconhecer que “isso é um mistério” e, a seguir, “conhecê-lo” (Wer. Diss. 10.3 [Ryhinerus 1:177]), o que não era a mesma coisa que tentar entendê-lo de tal maneira a dissipar “o mistério do Senhor naqueles que creem nele” (Nss. Dipp. 1 [1701:19-20]). Os teólogos, ao realizar essa obrigação, reviam todas as principais doutrinas cristãs que, conforme seus oponentes estavam cientes (Tin. Cr. 12 [1730:222]), foram apresentadas pela igreja como “os principais mistérios da fé” (Wer. Diss. 18 [Ryhinerus 1:337]; Cone. Rei. ήν. 3.4-6 [1754-1:372-84]). O problema do mal tinha de ser considerado um “mistério” (Frnck. Pass. Marc. 1 [1724:13]); a ressurreição do corpo, um “mistério inson- dável” (Strz. Man. 2.4 [1828:67]) e a doutrina da predestinação, um “mistério celestial” (Scriv. Seel. 3.8 [Stier 5:57]). A “economia da encarnação” do Filho de Deus era um grande mistério, e havia outros elementos de mistério nos evangelhos (Men. Did. 5.3 [Blantês, p. 241]; Zinz. Off. Red. 1.2 [Beyreuther 2-111:34-55]; Terst. Abr. 2.1.17 [Becher 2:162-63]); mas era acima de todos A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE “ao mistério de Cristo na cruz” e ao misterioso clamor de abandono de Cristo que a fé se voltava (Lw. Ser. Cl. 17 [Moretón 4:174]; Terst. Abr. 2.6.5 [Becher 2:207]; Brnt. Art. X X X IX 2 [1700:55]). Embora o uso do termo “mistério” (Ef 5.32; veja vol. 3, p. 261; vol. 4, p. 324, 365, 379) em uma passagem do N ovo Testamento sobre o matrimônio continuasse a fornecer justificativa exegética para incluir o matrimônio entre os sete sacramentos da igreja (Ces. V. Ges. Cr. 1 [1830:8]; Hno. Teol. 8.8.2.2 [1785-VIII:488]), a exegese mais precisa mostrou que “nenhum matrimônio humano além da própria união de Cristo e da igreja é o que está sendo chamado de mistério” (Beng. Gnom. E f 5.32 [Steudel, p. 774]; Mrck. Comp. 29.35 [Velzen 18:576]); não obstante, havia alguns protestantes que agora encontravam no próprio matrimônio “um primeiro princípio” e “o maior mistério”, e, nesse sentido, um sacramento (Zinz. Zst. 26 [Beyreuther 3-11:207]; Zinz. Gem. 5 [Beyreuther 4-1:106]; Zinz. Aug. Conf. 18,20 [Beyreuther 6-11:195, 353]), e alguns que ensinavam que ele continuaria no céu (Swed. Gael. 40.366 [1890:229]). D e todos os mistérios da fé, o dogma da “Trindade de Deus” (Hno. Teol. 3.2.3.6 [.1785-111:393-94]), pelo consenso ecumênico, era o mais fundamental e o mais “sublime mistério do Senhor”, mas agora, graças aos “ateus e he- reges”, em vez disso, passou a ser um “vasto campo de batalha” (Nss. Dipp. 2. [1701:24]; Zinz. Rei. 1 [Beyreuther 6-L8-9]; Ors. 1st. 21.71 [1747-IX:332]; Qnl. Ex.piét. 1.4 [1693:15]). Esses críticos, ao reverter a usual polaridade da Reforma (Sherl. Vind. pr. [1690:A2r]), acusaram que o dogma da Trindade foi estabelecido pela tradição (Pff. Hist., teol. 2.10 [1724-1:305]; veja vol. 4, p. 251-52,394) e não podia ser demonstrado pela Escritura (Sem. Rei 26 [Schütz, p. 220-22]), enquanto os teólogos católicos-romanos e ortodoxos orientais ainda tentavam provar o dogma a partir da Escritura (Bulg. Kat. 72 [1940:182]), às vezes só da Escritura (Bert. Teol. disc. 7.4 [1792-11:15-17]), começando com “a primeira confissão da ortodoxia” (Men. Did. 2.1 [Blantès, p. 93]), as palavras de Natanael: “Mestre, tu és o Filho de Deus” (Jo 1.49). Teólogos que discordavam a respeito de quase tudo mais juntaram-se na advertência contra a tentativa de tornar a Trindade aceitável para a razão (Dipp. Ort. 4 [1699:51]; Nss. Dipp. 2 [1701:24-25]; Zinz. Zst. 44 [Beyreuther 3-11:351]); isso levou alguns a rejeitá-la como “um mistério metafísico” (ap. Naud. Kouak.1 [1699:28]) que “pervertera toda a igreja cristã” (Swed. Ver. Chr. 3.177,11.634 [1771:134, 386]), um daqueles “paradoxos ortodoxos” que eram de fato “incompreensíveis” (Tin. Cr. 12 [1730:206]), e outros que ainda a aceitavam para criticar a confecção de “muitas explicações de um mistério difícil de entender [...] e indispensável para a salvação” (Jeff. Ep. 27.ii.1821 [Adams, 1 2 2 Milagre, mistério e autoridade p. 402-3]; Reim. Apol. int. 6 [Alexander 1:48]). Zinzendorf, em um esforço para dar sentido à Trindade “insondável” (Brnt. Art. X X X IX 8 [1700:106]), descreveu o Espírito Santo como a “Mãe” (Zinz. Sieb. 1 [Beyreuther 2-1:5- 7]; Zinz. Gem. 3 [Beyreuther 4-1:71-75]) junto com o Pai e o Filho, mas essa noção foi rejeitada como um reavivamento “insolente” de uma heresia antiga (Zinz. Gem. 27 [Beyreuther 4-1:368-80]; Zinz. Zst. 13 [Beyreuther 3-11:90]). A tentativa de um teólogo anglicano de fornecer uma “justificativa” do dogma ao descrever as “três pessoas divinas” (Beng. Brud. 1.1.12 [1751:57-73]; Mos. Vind. disc. 1.5.7 [1722:105-6]) como tão “mutuamente cientes uma da outra” que eram “verdadeira e propriamente numericamente uma” (Sherl. Vind. 4 [1690:49]) levou um defensor do trinitarismo ortodoxo a dirigir acusações de triteísmo contra “as noções novas e heterodoxas desse autor sobre a Trindade” (Sth. Animad. 8 [1693:239]), fundamentado no fato de que era a identidade da essência que tornava a Trindade una (Sth. Animad. 3 [1693:68-89]). A posição desse teólogo, por sua vez, foi denunciada por um oponente muito mais radical que achava “chocante” supor “que os ditames da sabedoria infinita não carregam sua própria evidência com eles” (Tin. Cr. 10 [1730:125]); pois, nas palavras de outro contemporâneo, “nem Deus nem quaisquer de seus atributos são tão misteriosos para nós para precisar de ideia adequada” (Tol. Mist. 3.2 [1696:81]). N o Continente, outro defensor do trinitarismo ortodoxo, rejeitando a calúnia de que a doutrina da Trindade era “uma questão frívola” (Lschr. Pens. [1724:29-30]), devotou todos os sermões de domingo da igreja do ano de 1732 à afirmação do caso bíblico por essa doutrina (Lschr. Dr. Pred. 1,3 [1733:6,61]), enquanto um estudioso da história, citando o curso incerto que tomara o desenvolvimento da doutrina no período patrístico (Sem. Erkl. 2 [1777:209]), distinguía entre uma “fé [básica] na Trindade compartilhada por todos os cristãos, mesmo aqueles que não eram muito sofisticados” (Sem. Erkl. 2 [1777:191]) e as questões que os estudiosos de teologia eram obrigados a levantar a respeito dela (Sem. Erkl. 1.3 [1777:73]). Tanto o problema do milagre quanto a questão do mistério podia ser interpretado como funções, ou implicações, da questão da autoridade que podería assim se tornar mais uma vez “o artigo fundamental do qual [...] nossa igreja [e todas as outras igrejas] depende” e, por conseguinte, a chave para todas as outras doutrinas (Bnrt. Art. XXXIX. int. [1700:]; Mrck. Exeg. exerc. 44.1 [Velzen 9:703]; Sherl. Def. 2 [1675:150]; Wer. Diss. 15 [Ryhinerus 1:259]; veja vol. 4, p. 172, 329). Embora alguns considerassem os milagres uma confirmação da autoridade pelo menos nos tempos bíblicos (Hdly. Fit. [1702:11]), se não na vida atual da igreja (Brnt .Art. X X X IX V) [1700:176-77]), ♦♦♦ 123 A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE um teólogo que aceitasse a inerrância da Bíblia e a credibilidade dos milagres poderia chamá-la de “petição de princípio”, ou seja, transformando a conclu- são em uma premissa para provar os milagres pela Escritura ou a Escritura pelos milagres (Wer. Diss. 4.1 [Ryhinerus 1:71]). Os teólogos que tentavam eliminar qualquer “mistério da fé” desnecessário invocavam a autoridade do N ovo Testamento ao fazer isso (Reim. Apol. 2.1.2.3 [Alexander 2:43-44]), e aqueles preocupados quanto ao surgimento da superstição na igreja primitiva culpavam a negligência da autoridade escriturai (Ost.Arg. ref. pr. [1720:A3r]); para outros, a autoridade da Escritura, dos pais e das bulas papais juntos pro- vavam a realidade da ordem sobrenatural (ISm 28.7-25; Ag. Civ. 18.18 \CCSL 48:608]; Bnl.Anim. cr. 15 ,25,35 [1751:15,22,40]). O movimento pietista era visto como tendo transformado a rejeição de toda “falsa autoridade” e “a eliminação da autoridade humana” (Beng. Gnom. Jo 9:25 [Steudel, p. 376]) em um de seus principais objetivos (Nmnn. Spen. [1695:55]) porque o pietismo atacava como “desprezíveis” esses intérpretes “que, ao determinar o sentido da Escritura, dependiam apenas ou mesmo principalmente da autoridade”, em vez da experiência (Frnck. Mand. Scrip. 10 [1706:114]). Embora os teólogos protestantes vissem a autoridade da igreja como uma questão resolvida para os católicos-romanos, a questão da autoridade transformara-se de fato em uma questão veemente e intensa em toda a de- nominação (Wlch. Ρ01.32Λ.2 [1752:605]; Gtti. Coll. 3.9.1 [1727:589]; Strz. Man. 1 [1828:1-44]; veja vol. 4, p. 359). Os decretos do Concilio de Trento declararam que a negligência consciente da tarefa de pregar era um pecado mortal (CTrid. 24. Decr. 4 [Alberigo-Jedin, p. 763]), e havia uma necessidade tremenda de “pregadores nessa época que dissessem com Paulo: ‘Falamos da sabedoria de Deus’ ” (Af. Lig. Teol. mor. 1.3.1.269 [Gaudé 1:548-49]; Grig. Mont. Am. sag. 8.97 [Gendrot, p. 144]; ICo 2.7). A ênfase na experiência no protestantismo levantou mais uma vez a perene inquirição nos “perigos de um ministério impenitente” (Tnnt. Dang. [1742]) e na capacidade de um pregador descrente para falar uma palavra genuína de Deus (Nss. Dipp. 1 [1701:23]), e a reforma litúrgica protestante transformou o uso e a autori- dade da Escritura em um assunto tão vital (Ost. Arg. ref. pr. [1720:Alr]) que sua confiabilidade como a palavra de Deus (Ost. Cat. [1747:21-25]) era “o princípio sobre o qual nossa fé deve estar alicerçada” (Ost. Cat. [1747:27]). D e acordo com alguns observadores, a aceitação da autoridade da Escritura não fornecia nenhum fundamento para discriminar entre os professores or- todoxos e os hereges (Byl. Com.phtl. 2.10 [1713-1:488]), uma vez que ambos, a despeito de recorrerem “à analogia da fé” (Mrck. Comp. 2.45 [Velzen 18:57]), 1 2 4 Milagre, mistério e autoridade ♦ adequavam sua interpretação da Escritura, certa ou errada, aos volumosos sistemas e formulários de suas diversas comunhões” (Tol. Mist. int. [1696:5]); e a discussão da autoridade logo levou a um argumento circular (Tin. Cr. 12 [1730:186]). Por isso, as questões da autoridade e da inspiração bíblica “não [tinham de] ser computadas entre os artigos fundamentais da fé cristã” (Sem. Erkl. 1.3 [1777:65]). Isso se aplicava acima de tudo às questões sobre a relação da Escritura e da igreja surgidas durante os debates da Reforma sobre o cânone (veja vol. 4, p. 274-75,331-35, 344-45). Os teólogos ortodoxos orientais iniciaram um catecismo com uma lista do cânone (Drnd. Fid vind. 4.13 [1709:570-76]; Sem. Erud. [1765-1:6-7]); os católicos-romanos, a despeito das objeções protestan- tes a ele (Strz. Man. 1. pr. [1828:3-5]), defenderam a lista de cânone adotada em Trento (Wlch. Pol. 3.2.1.20 [1752:627-28]). Urna vez que todos tinham de confiar principalmente no testemunho dos primeiros autores cristãos, como Eusébio e Jerónimo (Allat. Purg. 41, 47 [1655:268-70, 294-99]), a continua necessidade de “ter o cânone da Escritura fixado em sua devida luz” (Span. H. e. int. 2-3 [Marck 1:489-90]; Mos. Vind. disc. 3.2.3, 3.2.9 [1722:346, 365]; Tol. Λ myn. [1699:59-60]) se manifestava na tensão entre o apelo dos teólo- gos protestantes a “uma tradição inquestionável e inconteste” apoiando o cânone e sua declaração de que “a autoridade desses livros não tem origem em qualquer julgamento que a igreja faça referente a eles” (Brnt. Art. X X - X IX 6 [1700:81]). Um dos temas “mais celebrados” dos debates da Reforma (Gaz. Praed. 2.2.2.63 [1831-1:161]), enunciado na fórmula de Agostinho (veja vol. 4, p. 331-32): “Não devo acreditar no evangelho a não ser movido pela autoridade da igreja católica” (Ag. Ep.fund. 5 [CSEL 25:197]; veja vol. 1, p. 306) entendido com o sentido pelo menos de que a igreja tinha a autoridade para decidir o que pertencia ao cânone e o que não pertencia (veja vol. 4, p. 189), agora ajudava os católicos-romanos a substanciar a tese de que “a igreja católica-romana é a mãe e mestra das outras [igrejas]” (Ang. Sil. CTrid. 15 [1675:P10v-Q4v]), enquanto os protestantes continuavam a defender que a fórmula não falava de “autoridade para comandar” (Pff. Hist. teol. 2.10 [1724- 1:290]), mas apenas de “autoridade objetiva da igreja enquanto acreditava nas Escrituras” (Mrck. Comp. 2.7 [Velzen 18:24]). A teologia católica-romana também precisava deixar claro que uma coletânea como a compilação de Graciano da lei canônica “não tem nenhuma autoridade” além da autoridade de suas fontes (Bert. Teol. disc. 20.19 [1792-IV:177]). A oração e a promessa de Cristo (Lc 22.32; Mt 16.18) garantiam a in- falibilidade de Pedro e seus sucessores. Mas os defensores da autoridade da 125 A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE1 2 6 ♦♦♦ igreja católica-romana (Gtti. Ver. eccl. 1.11.1.3 [1763:107]), respondendo à acusação de que estavam estendendo de forma ilegítima essa autoridade de assuntos da fé para assuntos triviais (Qnl. Clém. IX. pr. [1700:viii]; Qnl. Déf. égl. Rom. 1.5 [1697:96]; Budd. Mod. 20 [1720:556-57]), desenvolveram uma categoria de “questões do fato doutrinai” (por exemplo, se Ario ensinara as heresias atribuídas a ele) (Amrt. Teol. eclecA.2.\.6 [1752-1-IV:55]; Ors. 1st. 11.4,11.29 [1747-V:5,42]) sobre as quais a igreja e o papa podiam reivindicar infalibilidade ao falar “ex cathedra”. Essa expressão não significava “infalibi- lidade em geral” (Brnt. Art. X X X IX 19 [1700:176]), conforme seus críticos protestantes a denominavam, mas continha a estipulação que o papa, “na definição dos artigos pertencentes à fé e à moral”, tinha de falar só “depois de demonstrar diligência moral na determinação do sentido da Escritura e da tradição uniforme das igrejas” e, por conseguinte, que ele não podia, depois de seu primeiro jantar após ser eleito, tomar sobre si mesmo “expor todas as controvérsias teológicas” que estiveram inquietando os estudiosos durante anos (Amrt. Teol. eclec. 4.2.1.4 [1752-l-IV:25-26]). Por conseguinte, um papa que definisse a doutrina “em contradição à tradição manifesta e o sentido evidente da igreja” não estaria falando “ex cathedra”; nem, tampouco, o papa Honorio I estivera falando com essa autoridade (Amrt. Teol. eclec. 4.2.1.4 [1752-1 -IV:39-42]; Drnd. Diss. 1.7.10 [1703:50]). Os defensores da autoridade escriturai — opondo-se à atribuição católica-romana de autoridade às “es- cassas” tradições pós-bíblicas (Baum. Pred. 1.12 [Kirchner 1:400, 407]) e às declarações de nova revelação entre alguns protestantes e católicos-romanos (Amrt. Rev. 1.2 [1750:6]; Ag. Cat. rud. 6.10 \CCSL 46:130-31]) — continua- ram a afirmar que o Espírito Santo não manteve a verdade secreta durante séculos, mas falara com decisão ao inspirar a Escritura (Dor. Pet. 3 [1718:13]). Sugerir que podia haver na Escritura uma palavra ou sílaba ociosa, confor- me citavam Basilio de Cesareia (Bas. Hex. 10 [50 26:382]), era uma blasfêmia, pois era “o mais firme dos axiomas” (Frnck. Pred. Epif. 2 [1699:23-24]) que nem mesmo a menor parte da Escritura podia ser quebrada: a “revelação” sugeria “inspiração” (Beng. Gnom. Jo 10:35 [Steudel, p. 381]; Jo 10.35). Os evangelhos eram “oráculos de sabedoria divina” (Ost.Arg. ref. pr. [1720:A3r]), e a doutrina dos apóstolos, sendo “divina e ‘digna de toda aceitação’ ” (lTm 1.15; Grig. Mont. Am. sag. 12 [Gendrot, p. 166-73]; Lpm. Ghm. 14 [1719- 11:967]), também foi inspirada quando um apóstolo usou uma fórmula como “não tenho mandamento do Senhor, mas dou meu parecer” (ICo 7.25; Neum. Marp. 2.4 [1727:100]). Não só as grandes “verdades” da Escritura, mas “figuras de linguagem” (Wlff. Nat. Gott. 249 [1744-1:252]) ou notíciassuas Milagre, mistério e autoridade ♦♦♦ 127 ♦ históricas tinham de ser explicadas de modo a evitar a aparência de que a Bíblia podia se contradizer (Deutsch. Lut. 1.4.2 [1698:35]; Spen. Bed.lA.57 [Canstein 1:303-4]). A inerrância que pertencia a Cristo em virtude de sua pessoa foi transmitida também para os escritores sagrados da Bíblia (Mrck. Comp. 2.23 [Velzen 18:38]; Zinz. Off. Red. 1.8 [Beyreuther 2-111:129]), e um franciscano (Mrchn. Sacr. Bib. 1.5 [1874:94]) pôde acusar Tomás Caetano de “heresia” (Caj. Mos. Gen. 2:21 -22 [1539:xxiv]) por negar que Eva fora criada, no sentido literal, da costela de Adão (Drnd. Fid. vind. 2.3 [1709:212-14]). Às vezes, essa asserção de que a Bíblia não tinha contradição significava que “as fontes originais da nossa religião têm origem divina à medida que transmitem as verdades cristãs para nós” (Sem. Erkl. 3 [1777:317]), mas não que todas as partes da Escritura “têm a mesma autoridade que fonte divina” (Sem. V. T. Int. 1.4.50 [1773:188]). Uma vez que “todos sabem” (Sem. Erkl. 1.3 [1777:42]) que Lutero, a despeito de sua conversão por meio da leitura da Escritura, não ensinava a inspiração verbal, afirmava-se que essa “crítica livre” (Nss. Dipp. 1 [1701:19]) estava mais de acordo com seu espírito que com a ortodoxia de seus epígonos (Sem. Erkl. 1.5 [1777:97]), que continuaram a identificar a “Es- entura” e a “palavra de Deus” (Nss. Dipp. 1 [1701:11]) e definindo a si mesmos contra a acusação de ensinar “uma mera teologia da letra” (Deutsch. Lut. 1.2.6 [1698:14]). Alguns de seus oponentes católicos-romanos tinham o cuidado de especificar que a iniciativa divina na inspiração se estendia ao “conteúdo”, mas não às “palavras e linguagem” da Escritura (Amrt. Teol. eclec. 4.2.1.8 [1752-1- IV:67-68]), e eles, por conseguinte, não ensinavam a inspiração verbal no sentido postulado pela ortodoxia luterana e católica-romana (veja vol. 4, p. 413-18), que declaravam que, ao inspirar um escritor bíblico, “o Espírito de Deus pode revelar [...] e ditar para ele [...] mistérios que, do contrário, estariam acima do alcance do raciocínio dele” (Edw. RelAff. 3.6 [Miller 2:330]). A ortodoxia da variedade oriental também afirmava a inspiração (se não bem a inspiração verbal) da Escritura (Eug. Bulg. Ort. 5 [Metaxas, p. 22]), mas insistia que os diversos sentidos dessa Escritura inspirada (Bulg. Kat. 61 [1940:132-34]) só podiam ser decididos pela “igreja católica” (Eug. Bulg. Ort. 5 [Metaxas, p. 24]), e não a partir do mero texto. E o texto-prova padrão para a doutrina da inspiração (2Tm 3.16; veja vol. 4, p. 413-18) podia, em vez disso, até ser lida pelos protestantes radicais como um princípio excludente: “Será que Paulo não supunha que só a Escritura útil, aproveitável e eficaz era divinamente inspirada (Tin. Cr. 13 [1730:328])? A interpretação concreta da Escritura, portanto, podia afinal gerar mais dificuldade que a interpretação abstrata da doutrina da inspiração. Uma A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE128 ♦í♦ dogmática que não presta a devida atenção à primazia da exegese bíblica “repousa em um alicerce escorregadio”, advertira Francke (Frnck. Mand. Scrip. 6 [1706:72]; Frnck. Meth. 1.9 [1723:26-27]; Frnck. Id. 28 [Peschke, p. 185]). O princípio “inegável” de que não só um estudioso, mas qualquer um, também sem as línguas originais, podia extrair da Escritura todo o necessário para a salvação (Wet. N. 7. [1756:110]; O st Arg. ref. pr. [1720:A2v]) tinha de vir acom- panhado do aviso que a menos que esse leitor pratique o “discernimento” o resultado seria uma “perigosa decepção” (Ost·Arg. ref. pr. [1720:C2v]). Logo ficaria evidente que várias interpretações bíblicas iam umas contra as outras, e as regras metodológicas, como procurar “a intenção do autor” (Wer. Mise. 23.5 [Ryhinerus 2:344-45]) ou “não ser guiado por sua opinião preconcebida, mas ler de forma imparcial e apartidária” (Lschr. Unfehl. 12 [1724:85]), somem em face do fato óbvio de que não era uma exegese “apartidária e imparcial”, mas “os sistemas e formulários de suas diversas comunhões” (Tol. Mist. int. [1696:5]) que determinavam como os exegetas confessionais interpretavam a Escritura. Essas interpretações confessionais, com frequência, tiravam palavras ou passagens do contexto (Wet. N. T. [1756:116]; Reim. Apol. int. 5 [Alexander 1:46]). Se era necessário em geral mais de uma passagem para “levantar uma teoria ou criar uma doutrina” (Brnt. Art. X X X IX 9 [1700:115]), parecia “axiomático” que um texto obscuro, por meio do uso de “analogia, texto, contexto e paralelismo” (Lang. Paul. 2.2.1 [1718:331-32]), fosse expli- cado com base no que as palavras da Escritura disseram em outra passagem que não era o assunto da controvérsia (Wer. Mise. 23.4 [Ryhinerus 2:341]; Zinz. Land. Pred. 1.7 [Beyreuther 5-1.49]). Para outros, um conflito em que os textos podiam ser entendidos em diferentes sentidos sugeria que se deixara que as coisas fossem determinadas pela razão (Tin. Cr. 4 [1730:37]), pela “luz natural ou os princípios gerais do nosso conhecimento” (Byl. Com.phil. 1.1 [1713-1:135]). Contudo, isso também não resolvia o problema, uma vez que para alguns intérpretes a alegoria e a tipologia eram necessárias “para a satisfação da nossa razão” (Mid. Wat. [1731:21]), enquanto para outros elas eram exatamente o oposto (Sem. V. T. Int. pr. [1773:Blv]). Entrementes, para os professores católicos-romanos e ortodoxos orientais tudo isso provava mais uma vez a necessidade de uma igreja infalível (Rndt. Diss. 4 [Salaville, p. 24]; Strz. Man. 1 [1828:1-44]). O Antigo Testamento, pelo menos de início, forneceu muitos dos mais complexos enigmas exegéticos — e supostamente o mais seguro deles. Em- bora se diga que o Antigo Testamento tem “o mesmo” conteúdo do N ovo Testamento (Ost. Arg. ref. pr. [1720:B3v]), todos, incluindo a maioria dos As verdades contingentes da história w intérpretes ortodoxos, objetavam à prática de orar os salmos imprecatorios contra os inimigos pessoais do indivíduo (Neum. Rch. 18 [1751:580]). Ape- sar de Tomás de Aquino ter adotado uma exegese mais literal dos relatos da criação em Gênesis (Tos. Aq. S. t .1.74.2 \Ed. Leon. 5:190-91]), a interpretação não literal de Agostinho dos “dias” nunca foram condenados pela igreja (Nrs. Vind.Aug. 4.9 [Berti 2:379-81]); e alguns protestantes, em oposição ao padrão visto em meio a seus colegas (Bert. Teol. disc. 11.2 [1792-11:184-87]), estavam incentivando tal interpretação não só da criação (Lmp. Teol. rud. 4.6 [1729:23]), mas também da queda (a qual Agostinho interpretara de forma literal) (Sem. Erkl. 3 [1777:285]). Alguns chegaram até mesmo a chamar a interpretação cristológica do Antigo Testamento (Ag. Pecc. merit. 2.22.36 [CSEL· 60:107-8]), que a maioria dos exegetas cristãos de todas as igrejas ainda praticavam (Ost.Arg. ref. SI 2 ,8 ,2 2 [1720-1:328,331,339]), de nada mais que “a divertida atividade da imaginação” (Reim .Apol. 1.5.2.2 [Alexander 1:727]), e não uma exegese a ser encarada com seriedade intelectual, uma vez que o Antigo Testamento continha, na melhor das hipóteses, “uma apreensão imperfeita de algumas das verdades da religião natural” (Reim. Apol. 1.5.1.1, 1.5.4.16 [Alexander 1:685, 813]). Os intérpretes menos drásticos (Ost. D%. serm. 4 [1722:126-27]) deixaram aberta a questão de se as passagens do Antigo Testamento citadas no N ovo Testamento referiam-se de fato a Jesus Cristo ou não (Ern. Opuse. 10 [Fritsch, p. 447-48]; Sem. V. T. Int. 1.3.38 [1773:105-8]), mas eles especificaram que para estabelecer um ensinamento como carac- teristicamente doutrina cristã era necessário prová-lo diretamente de fontes da nova aliança” (Sem. Erkl. pr. [1777:B4r]). Os defensores da objetividade da revelação em todas as igrejas, nem sempre argumentando a partir das possíveis implicações de uma posição antagônica, soaram o alarme que tal metodologia ameaçava não só o milagre, mas o mistério; não só o mistério, mas a autoridade — e não só a autoridade da igreja, mas a autoridade da Escritura; e na Escritura, não só a autoridade do Antigo Testamento, mas a do N ovo Testamento; e no N ovo Testamento, não só a autoridade dos apóstolos “totalmente enganados”, mas a do próprio Jesus Cristo (Tin. Cr. 13 [1730:258-59]; Jcksn. Rem. [1731:40-41]). As verdades contingentes da história Milagre, mistério e autoridade — qualquer que seja sua posição científica, filosófica ou teológica — eram todos também questões de história. Foi dito que a ortodoxia é a chave para a história (Strz. Man. 7.3 [1828:304-21]), e o defensor de um milagre bíblico argumentou por sua credibilidade a partir da “história desse evento milagroso” e da história da subsequente crença nele 1 29 A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE (Mrck. Scrip, exerc. 10.16 [Velzen 10:620]); o crítico do sobrenaturalismo or- todoxo procurava antecipações históricas da “mesma noção de mistério que tenho” (Tol. Mist. 3.3 [1696:118]; Dipp. Ort. 6 [1699:90-91]); e o oponente da “sujei[ção] a nossa crença de forma implícita e indiferente à mera força da autoridade” esforçava-se para provar que isso “com certeza destruiría o uso de toda a história” (Mid. Mir. 5 [1749:231]; Bl. Unfehl. 28 [1791:562-98]). N o desenvolvimento da teologia cristã, o século XVIII (e, depois, o XIX) foi o tempo que um teólogo do século XX denominou “a visão não muito edificante de um voo geral dos cérebros mais talentosos e engenhosos no estudo da história” (Brth. Prot. teol. [1947:384]), em especial na história da doutrina (Ern. Opuse. 13 [Fritsch, p. 513-34]). Muitos desses “cérebros mais talentosos e engenhosos” (Zinz. Zst. 17 [Beyreuther 3-11:105]) estavam cientes de seu papel pioneiro. “Vou além dos outros teólogos” (Amrt. Tom. Kemp. 2.1.1-2 [1761:10]), declarou um histo- fiador “crítico” católico-romano ao investigar a doutrina das indulgências empregando “um novo modo para tratar as controvérsias teológicas mais importantes com maior exatidão, visto que estou expondo a história dessa doutrina” (Amrt. Ep. 1742 [Friedrich, p. 62]). Um protestante contemporâ- neo dele expressou sua “alegria em viver em uma era na qual esse ramo da teologia começa a florescer” ao atrair os estudiosos “mais destacados e mais eruditos” (Pff. Hist., teol. 4. prol. [1724-111:1]): “Está além das palavras o quão nobre, quão destacado, quão necessário, quão útil e quão vasto é esse estudo da história do dogma” (Pff. Hist., teol. 4.4 [1724-111:185])! Ele podería iluminar o estudo da história da filosofia e, por sua vez, ser iluminado por ele (Budd. Phil. ebr. pr. [1720:A6v]). A história foi usada para introduzir um catecismo (Ost. Cat. [1747:1-11]), expor uma confissão da Reforma (Brnt. Art. XXXIX. pr. [1700:iii-v]), examinar o desenvolvimento da bruxaria (Bnl. Anim. cr. ap. [1751:177-87]), fazer uma análise crítica do conflito da ortodoxia oriental com o islamismo, provar que Pedro estivera “pessoalmente” em Roma (Komn. Prosk. 3 [Christophoros, p. 27]) e demonstrar que houvera a continuidade da doutrina desde os dias apostólicos (Gtti. Her. eccl. 2.2.13 [1763:224-30]) — exceto, é claro, por alguma “mudança contingente e acidental” (Bert. Teol. disc. 23.2 [1792-V3]). Gotthold Ephraim Lessing, um dos cérebros mais talentosos de todos no século XVIII e a quem um ortodoxo anglicano do século seguinte des- creveria como “cético, mas provavelmente mais cristão” que seus oponentes ortodoxos (Pus. Hist. 1 [1828-1:51]), reconheceu que os elementos “contin- gentes” e relativos da história da doutrina não podiam ser descartados com ISO ♦♦♦ As verdades contingentes da história tanta facilidade. Ele, em uma fórmula que continuaria a ecoar no século XIX (Kierk. Afs. Uvid. Eft. 2.2.3 [Drachmann 7:74-85]), declarou que “as ver- dades históricas contingentes nunca servem como prova para as verdades necessárias da razão”; “se não tenho fundamento histórico com que objetar à declaração de que Cristo ressuscitou um homem dos mortos”, continuou ele, “será que, por conseguinte, devo considerar verdade que Deus tem um Filho segundo sua própria imagem?” Era uma falácia lógica “pular dessa verdade histórica para uma classe totalmente distinta de verdades e me pedir para alterar meus conceitos metafísicos e morais de acordo com isso” (Less. Bem [Rilla 8:12-14]). Argumentar na direção oposta não era menos falacioso (Reim. Apol. 2.3.1.4 [Alexander 2:186]). A história, na melhor das hipóteses, produzia uma “certeza moral” (Amrt. Tom. Kemp. 2.1.25,4.conc.223 [1761:13, 251]), e seu resultado era uma consciência ainda mais profunda de inexplicá- vel “diversidade” (Rndt. Diss. 2 [Salaville, p. 9]). Um estudioso que começara com a suposição da “imutabilidade da teologia” (Sem. Erkl. pr. [1777:A6r]) aprendeu com sua pesquisa na “história das formas públicas de doutrina” (Sem. Rei. 21 [Schütz, p. 182]) que na teologia havia “mutação constante” não menos que em outras áreas do conhecimento humano (Sem. Erkl. pr. [1777:A6r-A6v]). Um teólogo, como um resultado desses argumentos histó- ricos, reclamou da “infidelidade nunca prevalecer tanto em alguma era como nessa, em que esses argumentos são tratados com maior vantagem” (Edw. Rei. Aff. 3.5 [Miller 2:305]), quando pupilos não ortodoxos tiravam conclu- sões radicais da instrução histórica de seus professores ortodoxos (Mos. Tol. 6 [1722:20-21]). Essa “nova religião cristã [radical] surgiu por intermédio de uma nova história”, mas “visto que o conhecimento histórico precede o conhecimento universal”, era possível afirmar que “a religião cristã, precisa- mente por ter muito conteúdo histórico”, podia servir como um meio para a religião universal (Sem. Rei. 42 [Schütz, p. 353-54]). A teologia histórica precisava ser separada dos outros departamentos da teologia (Ern. Opuse. 13 [Fritsch, p. 514]). Pelo fato de “os historiadores serem suspeitos de transformar seu herói no que eles acham que ele deveria ser, em vez de apresentá-lo como realmente era” (Tol. Milt. ded. [1699:7]), a distinção entre escrever uma história e escrever um panegírico era essencial (Ors. 1st. pr. [1747-I:viii]). A distinção entre a teologia histórica e a teolo- gia polêmica foi um elemento importante na mudança de situação entre o catolicismo-romano e o protestantismo (Bl. Unfehl. 26 [1791:533]), talvez também entre o catolicismo-romano e a ortodoxia oriental (Anf. Pan. serm. 3 [1817:29]). Um teólogo protestante e crítico podia descartar Epifânio, o ♦♦♦ 131 1 3 2 A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE♦ polemista implacável do século IV, como “escriba” (Sem. E rkl 2 [1777:236]), mas até mesmo um historiador protestante ortodoxo criticava Epifânio por caluniar Orígenes (Span. H. e. 3.9 [Marck 1:765]), e um católico-romano ortodoxo não o acharia suficientemente histórico no tratamento da heresia (Pnch. Diet. pr. [1736:C2v]), enquanto outro rejeitava sua interpretação de outras questões históricas (Gtti. Ver. rei. 5.40.1 [1750-1:463-64]). D e todos os métodos para lidar com a polêmica da teologia, o único que agora mais se recomenda, no lugar do antigo “caçador de heresia”, tinha de começar com “um relato histórico da origem, desenvolvimento, vicissitudes, doutrinas distintivas e escritores dos principais grupos” (Wlch. Pol. int. [1762:16-17]). Era “tão sectário, não tão histórico” (Sem. Frag. 1 [1780:9, 1]) criticar o uso da abordagem histórica para a doutrina do Antigo Testamento (Ost. D%. serm. 2 [1722:44]; Sem. Erud. [1765:1:7-8]); inversamente, a recusa em usar a história das doutrinas para se envolver no argumento sectário (Budd. Phil. ehr. pr. [1720:A8v]) podia trazer sobre o historiador a acusação de se esconder atrás de suas fontes sem se comprometer pessoalmente (ap. Budd. Mod. 8, 20 [1720:507, 554]). Embora seu principal pupilo estivesse profundamente atraído pelo campo (Zinz. Aug. conf. 19 [Beyreuther 6-11:308]), um dos prin- cipais expoentes do século de compromisso pessoal na religião, conforme concordavam os críticos e os discípulos (Mayr. Mis. 5.2 [1692:47-48]; Canst. Spen. 15 [1711:41]), estava em seu ponto mais vulnerável quando se tratava de estudos históricos (Elrlss. Ene. 2.5.13 [1837:232-33]). Ainda assim, até mesmo ele e seus associados estavam dispostos a exa- minar a história em busca de precedentes (Spen. Gtts. ep. ded. [1680:A6v]) e a tirar instrução dela, como também estavam todos os outros (Bert. Aug. pr. [1747-I:lxi]). Os teólogos conservadores descobriram nisso um modelo para a relação Igreja-Estado (Bulg. Kat. 62 [1940:139-40]), evidência degover- nança e providência divinas, uma fonte para resolver os enigmas da profecia escriturai (Wer. Mise. 15.7 [Ryhinerus 2:270]), uma confirmação da verdade da palavra de Deus e um fundamento para a “prudência” cristã (Mrck. Pent. Gn 49.10 [Velzen 1:124,127]; Lmp. Hist., prol. [1747:1-2]); para alguns deles (Frnck. Meth. 4.6 [1723:263]), isso também confirmava “a sucessão ininter- rupta” de ordenação de bispos (Lw. Bngr. 1 [Moreton 1:9]). Houve erros históricos referentes à autoria das liturgias (Rndt. Diss. 4 [Salaville, p. 23]); e foi uma lição de história o fato de os protestantes, a despeito de seu ataque ao ritualismo (Zinz. Gem. 30 [Beyreuther 4-11:30-48]), não terem tido sucesso em evitar as cerimônias religiosas (Rndt. Lit. Or. int. 1.8 [1716-I:lxxiii]), mas também que a “influência sacerdotal nos assuntos seculares e a superstição” As verdades contingentes da história Λ 133 ♦ eram um fenômeno crônico da história eclesiástica (Tin. Cr. 13 [1730:281]; Sem. Rei. 32 [Schütz, p. 261]), junto com “um labirinto de incontáveis, inú- teis e desamorosas” disputas a respeito da ortodoxia (Reim. Apol. 1.1.5.9 [Alexander 1:167]) e a constante representação equivocada das opiniões dos adversários (Tin. Cr. 11 [1730:160-61]). A partir da história das controvérsias entre os eruditos era possível ver que as diferenças quanto a “assuntos sobre os quais não havia conhecimento firme e certo” não afetavam a certeza da fé (Sem. Erud.. [1765:11:125]), e que mesmo em assuntos que a afetavam, as diferenças de crença eram inevitáveis (Sem. N. T. Int. 2.1.68-69 [1767:173]). Um revisionista dogmático católico-romano, sob o título “resultados dessa história”, fez propostas para redefinir a prova e a autoridade doutrinais (Bl. Unfehl. 28 [1791:562-98]). Contudo, em meio a todos esses esforços de “vol- tar à condição de tempos [passados]” a fim de entendê-las (Sem. N. T. Int. 2.2.72 [1767:182]), havia pelo menos alguns que, embora não fossem eles mesmos historiadores, apreenderam a inadequação da “força de argumentos para a verdade do cristianismo tirados da história” (Edw. Rei. Aff. 3.5 [Miller 2:303]; Lw. Ser Cl. 17 [Moreton 4:177]) e também de argumentos históricos “contingentes” contra o cristianismo (Less. Ben>. [Rilla 8:12]). Atribuir a Deus o “conhecimento de toda a história” (Wlff. Nat. Gott. 105 [1744-1:79]), incluindo suas contingências e também suas causas primeiras (veja vol. 4, p. 84-87), não concede um conhecimento similar ao historiador mortal. “O teólogo”, de acordo com um historiador, “pode ceder à prazerosa tarefa de descrever a religião como se ela descesse do céu, adornada com sua pureza nativa”; mas o historiador tinha a “obrigação mais melancólica” de descrever “a inevitável mistura de erro e corrupção que ela contraiu na longa moradia na terra” (Gib. Dec. 15 [Bury 2:2]). Esse reconhecimento das limitações inerentes da metodologia histórica também podia vir da prática da pesquisa histórica. A ingênua autoconfiança de que “o senso comum é sempre suficiente para determinar quanto a maior ou menor probabilidade da evidência histórica” (Jcksn. Rem. [1731:31]) depara-se com a descoberta de que a “evidência é uma qualidade relativa” (Byl. Com. phil. 2.1 [1713-1:268]). Isso se aplicava não só à data da morte de Justiniano (Nrs. Sjn. quint. 9.2 [Berti 2:73]), mas também à data do nascimento de Cristo (Span. H. e. 1.2 [Marck 1:522]; Mrck. Syl. 1.1 [Velzen 15:1]). Se era necessário reconhecer na conduta com os desenvolvimentos recentes e contemporâ- neos que “uma história dos fatos dogmáticos é muito mais difícil que uma [história] que lide com os eventos comuns” (Qnl. Clém. IX. int. [1700:1]), isso era ainda mais verdade a fortiori para os fatos dogmáticos do passado da A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE igreja (Dipp. Hrt. pr. [1706:Blv]) também porque a “história doméstica” da doutrina e da vida cristãs eram com frequência mantidos em segredo (Sem. N. T. Int. 1.2.39 [1767:89]). Uma das maiores dificuldades de todas surgiu na conduta com “as ditas histórias de heresia”, pois quanto mais estas se aproxi- mavam das origens cristãs, mais obscuras elas ficavam (Mos. Vmd. disc. 1.5.1 [1722:88]). Embora alguns teólogos objetassem às acusações de falsificação e adulteração maciças (Allat. Syn. Eph. 50 [1661:274-85]; Mmchi. Orig. ant. 1.3.17 [1749:146]), parecia necessário admitir que as fontes eram às vezes corrompidas pela intrusão de “falsificações toscas” (Mid. Ltr. Rom. [1729:38]; Tol. Milt. [1699:91-92]; Tol. Amyn. [1699:14-15]). N o século XVIII (Pff. Hist, teol. prol. [1724-1:7-8]), alguns ainda estavam preparados para atribuir uma grande probabilidade de genuinidade a documentos apócrifos, como o Reco- nhecimentos de Clementino (Frnck. Pred. Laet. [1700:12-18]), a correspondência entre Cristo e Abgaro de Edessa (Bert. Teol. disc. 29.6 [1792-VL91-93]; Eus. H. e. 1.13.6-10 \GCS 9:86-88]) e os escritos de Dionisio, o areopagita, sob pseudônimo (veja vol. 1, p. 346-50) (embora a maioria agora estivesse disposta a renunciar a Sobre a doação de Constantino (veja vol. 4, p. 151-53), a despeito de seus nobres defensores) (Bert. Diss. hist.. [1753-111:149-52]); mas mesmo um estudioso tão bem informado quanto Agostinho confundira várias heresias antigas (Mos. Vind. disc. 1.6.10 [1722:146-49]). O avanço do cristianismo primitivo foi atestado historicamente por fontes acima de qualquer dúvida razoável (Sem. Rei. 4 [Schütz, p. 32]); mas, no tratamento desses textos, “em especial aqueles que dizem respeito a pontos da doutrina” (Lmp. Ew. Str. 2 [1729:248]), contexto histórico, incluindo o suprido pela história secular (Sem. Erud.. [1765-11:17-18]), era um componente essencial para a determinação do sentido de palavras-chave e conceitos-chave (Sem. N. T. Int. 1.1.1 [1767:28]). A periodização dá história da igreja era uma atribuição teológica e meto- dológica (Terst. Abr. 1.11-14 [Becher 2:119-56]). O entendimento da igreja e de sua história pela ortodoxia oriental levou a essa divisão típica: a era de Cristo a Constantino como o primeiro período; a era dos sete concilios ecumênicos (“em que a igreja ocidental participou como uma genuína igreja irmã”) como o segundo período; o tempo do cisma Oriente-Ocidente até a queda de Constantinopla como o terceiro período; e o atual até 1453 como o quarto período (Strz. Man. 5.1 [1828:192-93]). N o Ocidente, o dispensaciona- lismo apocalíptico do final da Idade Média (veja vol. 3, p. 355-57) se preocu- pava com um esquema de períodos (Mrck. Apoc. pr. 5-6 [Velzen 8:B2r-B3r]) para o qual os parágrafos finais de A cidade de Deus, de Agostinho (Ag. Civ. 22.30 [CCSL 48:865-66]), sobre as sete eras da história do mundo suprira o 13 4 ♦ ♦ ♦ As verdades contingentes da historia ♦ > 135Ψ programa; e a teologia reformada da aliança despertara novo interesse nos sucessivos estágios — natureza, lei e graça — na história da conduta de Deus com seu povo (veja vol. 4, p. 432-43). Como “a política externa por meio da qual a igreja é governada” não era “uma obra da invenção humana” (Bianch. Pot. 2.1.2 [1745-111:116]), mas a instituição do próprio Cristo, era possível argumentar que a vida de Cristo tinha de ser incluída como o início da história da igreja; mas as considerações teológicas e metodológicas argumentavam por começar com o livro de Atos dos Apóstolos, não com os evangelhos (Ors. 1st. 1.1 [1747-1:1]). Era possível esperar que os historiadores protestantes, seguindo o pre- cedente historiográfico dos reformadores (Ern. Opuse. 13 [Fritsch, p. 531]), vissem o surgimento do anticristo papal e da Reforma como marcando importantes divisões (Hrn. H. e. 1.1.15 [Leydecker 1:119]; Span. H. e. 11.5 [Marck 1:1525-32]). Um sistema de teologia histórica identificou três estágios: do tempo de Cristo ao surgimento do anticristo; do surgimento do anticristo à Reforma; e da Reforma até o presente (Hrn. H e. 1. int. [Leydecker 1:99]). Uma periodização mais elaborada distinguía seis eras (a era apostólica; o pe- ríodo até Constantino; desse período até o início do anticristo; desse período até a Reforma; da Reforma ao Tratado de Passau, em 1552 (Lmp. Ghm. 12 [1719-1:716]); e de 1552 até a presente data), com uma sétima ainda por vir (Lmp. Hist. 2.21 [1747:71-72]). Contudo, permanecia um forte “preconceito contra o sistema de períodos” em operação nesses constructos históricos (Mrck. Apoc. pr. 35-37 [Velzen 8:B3v-B4r]). A conversão de Constantino (veja vol. 3, p. 356; vol. 4, p. 151,392-93), como fora antes, era o ponto mais claro de divisão não só entre as épocas históricas, mas também entre as teorias históricas através das linhas denominacionais: a hagiografía ortodoxa oriental continuou a considerar o imperador como santo (Strz. Man. 1.3 [1828:24- 25]); os católicos-romanos conservadores insistiam que ele não era a fonte da autoridade papal (Coz. Graec. 4.16.484 [1719-11:283]), e os dois grupos e os historiadores protestantes aclamavam sua genuína, “se não total”, conversão como o evento que trouxera a paz para a igreja (Ors. 1st. 10.81 [1747-IV:329- 80]; Bert. Diss. hist. [1753-111:46]; Span. H. e. 4.3 [Marck 1:826]; Lmp. Hist. 2.5 [1747:137]); os críticos protestantes e católicos-romanos atacavam o uso de Constantino do poder político para impor a ortodoxia doutrinai, e (ecoando a doutrina da justificação de Lutero) (Zinz. Soe. 2 [Beyreuther 1-1:20-21]; Byl. Com.phil. 4.30 [1713-11:433]; Bl. Unfehl. 13 [1791:144-45]) falavam dele como “crente e ímpio ao mesmo tempo” (Reim. Apol. 1.1.5.5 [Alexander 1:153]; veja vol. 4, p. 218-20). A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE136 ♦ V ♦ Essas diferenças historiográficas refletiam as diferenças no entendimento teológico da antiguidade cristã e sua autoridade. O padrão mais “preciso e cuidadoso” (Bl. Unfehl. 14 [1791:204-14]) dessa autoridade foi enunciado na obra Admoestação, de Vicente de Lérins (veja vol. 1, p. 336-42), que apareceu em dezenas de edições e traduções durante o século XVII em toda a Europa (embora fosse reconhecido que Lérins, como semipelagiano, tenha dirigido originalmente a obra contra a doutrina agostiniana da graça) (Nrs. Hist..pel. 2.11 [Berti 1:330]; Bert. Teol. disc. 15.3 [1792-111:170-72]): o que fora crido “em todo lugar, sempre e por todos [ubique, semper, ab omnibus\ ” (Vine. Ler. Comm. 2.3 [Moxon, p. 10]). Os anglicanos (Mcks. Ltrs. 1 [1705:30-31]) citavam isso como um princípio e o empregaram para questionar o padrão normativo da doutrina agostiniana (Brnt. Λτί. X X X IX 9 [1700:113-15]), embora reconhe- cendo que os “escritores [católicos-romanos] fazem uso desse preconceito em favor da antiguidade primitiva que prevalece até mesmo nesse país pro- testante, para atrair pessoas fracas para sua causa” (Mid. Mir. int. [1749:xli]). Os católicos-romanos, a despeito de sua defesa, foram incitados por seus oponentes protestantes (Gtti. Coll. 3.1.4 [1727:433]) a ir além, citando o que fora crido “em todo lugar, sempre e por todos [ubique, semper, ab ómnibus]”, e a descartar essas “novas doutrinas heréticas” como o purgatório e a negação tanto da Bíblia quanto do cálice para a laicidade (Mayr. Red. 1 [1702:184-85]). Embora estivesse evidente que, nas palavras de um escritor do início do século XIX, “a Regra de Vicente não é de caráter matemático nem demons- trativo, mas moral, e exige julgamento prático e bom senso na sua aplicação” (Newm. Proph. Off. 2.6 [V. Med. 1:55-56]; Newm. Dev. int. 8 [Harrold, p. 11- 12]), ela postulava a existência de um consenso patrístico que, se não bem “o senso unânime dos antigos doutores” (Amrt. Teol. eclec. 3.2.4 [1752-1-111:121]), constituía, também para os protestantes ortodoxos, “um testemunho da igreja, embora de modo algum um princípio de fé” (Nmnn. Er. [1701:187]). Portanto, eles falavam na “pureza” do “cristianismo dos primeiros séculos”, pelo me- nos “em comparação com os que se seguiram” (Ost. Corrupt. 2.1 [1700-11:6]; Terst. Abr. 2.15, 2.16.2 [Becher 2:309-19]; Wsly. Sen». 4.1.10 [Baker 1:165]), louvando-os também pela “crença correta a respeito da sagrada Escritura, a Trindade, a divindade de Cristo, a justificação e a eucaristia” (Lmp. Hist. 2.3 [1747:95]). Contudo, esses séculos, em algumas dessas mesmas doutrinas, pareceram apresentar algo menos que uma ortodoxia unificada (Ag. Civ. 20.7 [CCSL 48:708-12]). O milenarismo, conforme indicara a crítica de Agostinho, fora propagado; mas conforme admitiu a erudição protestante, a atenção à doutrina da justificação não o foi (Bert. Teol disc. 3.8 [1792-1:138-39]; Amrt. 137As verdades contingentes da história Teol. eclec. 1.4.5 [1752-1-1:76]; veja vol. 4, p. 221-22, 348-49). N o século II, as doutrinas antropomórficas de Deus circularam entre os professores or- todoxos (Poir. Fid. rat. 3.2.6 [1708:34-35]; Bert. Teol. disc. 2.2 [1792-1:75]) e até mesmo “para a questão: ‘Quem é Jesus Cristo?’, eles costumavam dar respostas bem divergentes” (Sem. Rei. 3 [Schütz, p. 29-30]). As polêmicas protestantes, imitando as apologias da Reforma (Jwl. Apol. 3 [Booty, p. 41]), tentavam contrapor um consenso patrístico contra a doutrina católica-romana moderna (Lmp. Hist. 2.5 [1747:137]). Mas a pesquisa histórica foi combinada com a mudança teológica para deixar claro que houve “alguns pais contra outros, os mesmos pais contra eles mesmos, um consenso de pais de uma era contra um consenso de pais de outra era, a igreja de uma era contra a igreja de outra era” (Chil. Rei. Prot. 6.56 [1727:27]; Tin. Cr. 13 [1730:291-92]; Tol. Mist. int. [1696:2]). Os pais da Antiguidade eram “extremamente crédulos e supersticiosos” Mid. Mir. pr. [1749:xxxi]); os “labirintos” deles não eram necessários em uma era da razão (Tol. Mist. pr. [1696:xxiii]). Justino Mártir fora culpado de “erros” (Bert. Diss. hist.. [1753-11:128]); Ireneu foi um “diligente coletor e proclamador das tradições apostólicas” (Mid. Mir. 3 [1749:44]), mas o autor de “escritos [antes] infelizes” (Sem. Erkl. 2 [1777:234-35]); Tertuliano foi um estudioso erudito, mas um “dilema” teológico (Sem.Erud. [1765-1:100]; Byl. Com.phil. 2.3 [1713-1:312- 13]); Clemente de Alexandria foi “o primeiro que tentou dar ao cristianismo uma forma científica por intermédio da filosofia” (Bl. Unfehl. 10 [1791:98]; Tol. Mist. 3.3 [1696:118]), mas agora é o suposto patrono dos deístas; e Cri- sóstomo foi “o professor do mundo”, mas provavelmente um semipelagiano (Atan. Par. Epit. 3.2 [1806:288]; Thdt. H. e. 5.34.11 [6 0 1 9 :3 3 6 ]). O estudo patrístico revelou não consenso, mas “divisões infinitas” (Bert. Teol. disc. 15.2 [1792-111:164-65]) e “pluralidade de hipóteses” — a anomalia de uma “ortodoxia pluralista” (Sem. N. T. Int. 2.1.59 [1767:141-42]). Orígenes de Alexandria, como tem sido ao longo da história da erudi- ção patrística oriental e ocidental (Dipp. Hrt. 2 [1706:17]), era o precedente crucial para qualquer reconstrução histórica (Ptz. Sed. inf. 2.9 [1763:128]). Sua “constância” na perseguição e no martírio (Ors. 1st. 5.61 [1747-11:440-41]), sua “suprema e incomparável erudição em todos os campos do conhecimento, mas acima de tudo nas sagradas Escrituras” (Hrn. H. e. 1.2.13 [Leydecker 1:153]) e sua disposição “de submeter todos seus escritos à igreja” (Pnch. Diet. [1736:334-48]) produziram um “amor cego por Orígenes” (Nrs. Syn. quint. 6 [Berti 2:49]). Todavia, a própria “força da imaginação de Orígenes e seu apego a suas idéias platônicas e pitagoristas” (Ors. 1st. 6.28 [1747-111:68]) A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE também foram responsáveis por “muitos erros” em sua teologia e na teolo- gia de seus discípulos (Ors. 1st. 6.15 [1747-111:35]; Zinz. Zst. 29 [Beyreuther 311:225־]). Orígenes — embora seu professor Clemente de Alexandria pu- desse ser exonerado da acusação de arianismo antes de Ario (Bert. Teol. disc. 8.6 [1792-11:80-83]) — era visto como “o primeiro ariano” (Drnd. Fid. vind. 1.12 [1709:34]). Enquanto os comentaristas da doutrina católica-romana do purgató- rio (Anf. Pan. serm. 12-13 [1817:110-20]) contraataques da ortodoxia oriental e do protestantismo se esforçavam para desvinculá-la do universalismo de Orígenes (Gtti. Ver. eccl. 2.10.1.1 [1763:323]; Allat. Purg. 40 [1655:164-68]), tanto os críticos do purgatório quanto os defensores modernos do universa- lismo fizeram a conexão (Lmp. Teol. rud. 28.7 [1729:108]; veja vol. 1, p. 164). A despeito do esforço de estudiosos “mais recentes para defender a pessoa de Orígenes contra três concilios ecumênicos” (Pet. Mist. pr. 3 [1700-I:Alv]) que o condenaram e aclamaram “sua doutrina da graça divina não só como ‘católica’, mas a ‘mais católica de todas’ ” (Nrs. Syn. quint. 12 [Berti 2:131]), ele foi de fato o pai do pelagianismo (Nrs. Syn. quint, pr. [Berti 2:vii]). Ainda assim, esse homem cujos livros constituíam “uma mina de opiniões disformes e um corpo de teologia com uma mistura de ensinamentos platônicos que adulteraram todo o sistema da doutrina cristã” (Ost. 1st. 22.26 [1747-X:35-36]), pelo que ele foi condenado no Segundo Concilio de Constantinopla, em 553, fora “restaurado à comunhão e paz” (Ors. 1st. 41.70 [1747-XVIII:332-38]; veja vol. 1, p. 340-41) com a igreja, na qual ele também morrera (Ors. 1st. 7.33 [1747-111:200]). E na atmosfera do século XVIII, com seu crescente reco- nhecimento e aceitação de um pluralismo, em vez de um consenso patrístico simplista, desenvolveu essa reinterpretação de Orígenees (veja p. 175-76, 285-86 abaixo) cujo resultado tinha de ser, se não a canonização oficial, então, uma eventual reabilitação não só de sua piedade e espiritualidade como “um homem da igreja” (Lub. Hist., esp. 2 [1950:47-91]), mas de sua doutrina em alguns dos exatos pontos que o tornaram suspeito. A era da Reforma, lado a lado com a era patrística, ocupou um lugar especial na história da igreja e de sua doutrina; a relação entre os dois períodos veio a ser um topos (tema recorrente principalmente em obra literária; lugar-comum) da historiografia protestante (Lschr. Dr. pred. 1 [1733:16-17]). Um dos motivos era a origem na Reforma dos padrões doutrinais por meio dos quais as igrejas continuavam a se definir (veja vol. 4, p. 58-61). Nesse sentido era possível afirmar que a Reforma foi “uma grande bênção para o mundo” (Brnt. Art. X X X IX 11 [1700:126]) e que “provara ser assim até mesmo para a igreja de Roma”, que tivera de admitir que a Reforma de Lutero, por seu “amor pela 13« <♦ As verdades contingentes da historia palavra de Deus”, era imortal (Mayr. Red. 3 [1702:305]). Acima de tudo, ocu- pava essa posição entre aqueles que se consideravam os herdeiros da “obra da Reforma, abundante em graça” (Deutsch. Lut. 1.3.10 [1698:27]; Zinz. Horn. 25 [Beyreuther 3-1:254]), como os estudiosos da Biblia que se sentiram capazes de declarar: “e sem fanatismo sectário: a Reforma é e continua a ser a época mais importante da igreja crista no Ocidente” (Beng. Brud. 1.3.28 [1751:230]). Até mesmo Emanuel Swedenborg, em apoio a sua nova per- cepção da vida eterna (veja p. 229 abaixo), teve de declarar que Lutero, após sua morte, tendo sido “um propagador e defensor muito cáustico de seus próprios dogmas” sobre a primeira vinda para o céu, “passou, [por fim], por uma mudança de estado” e aprendeu a verdadeira natureza da igreja (Swed. Ver. Chr. 14.796 [1771:480-81]). D e um modo particular, a doutrina de Lutero — e também a pessoa “desse defensor especial do Senhor dos exércitos” (Wsly. Serm. 1.3.9 [Baker 1:129]) — estava em seu direito de vir a ser um capítulo da teologia histórica e da dogmática, gerando uma biblioteca de apologias, biografias e resumos sistemáticos de seu pensamento. Os devotos da comemoração de “Martinho Lutero, o profeta da Alemanha, o restaurador e defensor da verdadeira reli- gião” (Mayr. Red. 3 [1702:261-62]; Schpf. Lut. 2.1 [1717:4]), enfatizando que não era a mesma coisa que a adoração dos santos católicos-romanos (Schpf. Lut. 7.3 [1717:24-25]), ultrapassaram as linhas dos luteranos ortodoxos; os panegíricos deles sobre “o imortal Lutero” (Mayr. Red. 3 [1702:218-346]) e as defesas da doutrina e vida dele contra as distorções católicas-romanas o celebravam como (com um título bíblico concedido originalmente a Paulo [At 9.15]) “o instrumento escolhido de Cristo” (Lschr. Unfehl. 13 [1724:94- 96]; Neum. Rch. 18 [1751:576]) e seguiram o sermão em seu funeral o vendo como “indubitavelmente” (Bgn. Lut. [1546:A4r]) o anjo com o evangelho eterno predito no livro de Apocalipse (Neum. Funf. 2 [1726-1:398-99]; Mayr. Red. 1 [1702:16-132]; Ap 14.6). Os pietistas, que os ortodoxos acusavam de desprezar e caluniar Lutero (ap. Frnck. Ber. obs. 1 [Peschke, p. 57]), afirmaram sua continuidade com a “fé heroica” desse “grande homem” e sua “sólida doutrina teológica” (Canst. Spen. 18 [1711:51]; Zinz. Soe. 25 [Beyreuther 1-1:254]), declarando que nenhuma outra reforma da igreja (nem deles mes- mos) (Maj. Mayr. [1705:12]) poderia reivindicar vir de Deus se fosse contrária à de Lutero (Frnck. Ber. obs. 1 [Peschke, p. 255]; Tlnz.Aug. Conf. 19 [Beyreuther 6-11:325]). Os que mediaram entre o pietismo e o racionalismo se juntaram no reconhecimento dele como um dos que resgataram a Bíblia da obscuridade medieval (Baum. Pred. 1.12 [Kirchner 1:407-8]), mas se desassociaram dos ♦♦♦ 139 A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE140 ΛΨ “imitadores prudentes” de Lutero que o seguiam de acordo com a letra, mas não de acordo com o espírito (Sem. Erud. [1765-II:A3r]). Os historiadores reformados, para quem Calvino era um “instrumento especial de Deus para a propagação da verdade” (Lmp. Hist. 2.12 [1747:370]; Span. Εν. vind. 1.12 [Marck 3:45]), não obstante, saudavam Lutero (de um modo que muito pou- cos historiadores luteranos saudaram Calvino) como “um grande homem” (Wlch. Rei. aus. 4.1.6 [1733-1:400-401]) e “um defensor intrépido da verdade” que ousara fazer coisas que o mundo todo tinha de admirar (Lmp. Hist. 2.12 [1747:371 ];Terst. Abr. 2.16.8 [Becher 2:325]). Os teólogos católicos-romanos, embora não renunciassem à iniciativa polêmica (Hrn. H. e. 3.1.29 [Leydecker 1:327-28]), foram obrigados pela pesquisa mais recente a revisar polêmicas anteriores (Pnch. Diet. [1736:253-66]; Ptz. Sed. inf. 3.5 [1763:161-66]) e “junto com muitos historiadores a desculpá-lo do erro” de negar a presença real, embora ainda fosse verdade que ele negava a transubstanciação (Drnd. Fid. vind. 4.36 [1709:632]). “Depois de uma discussão justa”, resumiu um crítico historiador, “temos antes de ficar mais surpresos com a timidez que escan- dalizados com a liberdade dos nossos primeiros reformadores” (Gib. Dec. 54 [Bury 6:125]). Apesar de toda essa continuidade, era a descontinuidade entre a Reforma e a história prévia que agora mais chamava atenção: era uma “monstruosida- de”, acusou um teólogo católico-romano, “combinar a doutrina de Calvino e a de Agostinho” (Gtti. Ver. eccl. 2.7.4.14 [1763:279]), conforme faziam os professores reformados desde a época de Calvino (veja vol. 4, p. 286-92). Um estudioso católico-romano se empenhara “em provar que as indulgências existiram em todas as épocas na igreja de Deus” (Amrt. Indulg. pr. 2 [1735- 1:3]; Gtti. Ver. eccl. 1.4.2 [1763:36-38]) e reimprimiu o texto completo das 95 Teses para demonstrar a ruptura de Lutero com a tradição doutrinai (Amrt. Indulg. 2.1.23 [1735-11:16-19]; veja vol. 4, p. 198-200). A evolução da atitude de Lutero (veja vol. 4, p. 200-202, 316-17) em relação ao purgatório era uma documentação dessa descontinuidade (Allat. Purg. 35 [1655:252]), como tam- bém o era sua idiossincrática exegese bíblica (Remp. Cour. 6 [1698:B3v]). N o lado protestante, essa mesma novidade da exegese da Reforma a transformou em um momento decisivo da história (Sem. N . T. Int. 2.2.70 [1767:175]). Sua descontinuidade provou, para dois norte-americanos com teologías drástica- mente contrastantes (Edw. Rei. Aff. pr. [Miller 2:86-87]), que ali houvera “uma parada no progresso [da Reforma]”, de modo que os reformadores deixaram inacabada “a metade da Reforma de Lutero e de Calvino”, deixando para seus herdeiros a incumbência de “completar o que eles começaram e nos As verdades contingentes da historia * y 141 ♦ colocar no ponto em que os evangelistas nos deixaram” (Jeff. Ep. 26.VÜ.1818 [Adams, p. 385]). Embora a Reforma, de acordo com os radicais, tivesse feito progresso substancial “chegando mais perto da verdadeira fé do que chegaram as trevas do papado” (Felb. Hnd. 3 [1799:73]), ela não penetrou nas raízes da “verdadeira heresia” (Dipp. Ort. 8 [1699:10618־]) e foi incapaz de se livrar de vestígios remanescentes como o batismo infantil (Felb. Hnd. 3 [1799:73]), o uso de coação para forçar a conformidade doutrinai (Byl. Comp. phil. 4.31 [1713-11:450-51]), a autoridade da letra morta da Escritura e o apelo à “fé cega” (Dipp. Hrt. 2 [1706:23-24]). Os pietistas evangélicos também foram — injustamente, no julgamento deles (Reim. Apol. 1.1.3.9 [Alexander 1:114]; Lang. Nacb. 9.1 [1707-IX:8-9]) — atacados por preferir os escritos do jovem Lutero a seus escritos posteriores e mais dogmáticos (Han. Consist. 27.x. 1709 [Neumeister, p. 115]) porque acusaram a própria Reforma de “cair” (Terst. Abr. 2.16.9 [Becher 2:325]) e que a doutrina do sacerdócio universal de todos os cristãos (veja vol. 4, p. 239) “fora perseguida com afinco desde a época de Lutero” (Spen. Pt. Des. [Aland, p. 60]). O lema de “continuação da Reforma” e “correção dos defeitos que ainda permanecem” (Spen. Pt. des. [Aland, p. 42]) expressavam uma convicção am- píamente defendida: era “o direito ao julgamento privado no qual permanece toda a Reforma” (Wsly. Serm. 39.10 [Baker 2:86]). O “único fundamento” da Reforma ou “o princípio protestante” foi definido por um teólogo suí- ço com o sentido de que “todos os cristãos não só têm o direito, mas, na consciência, são obrigados a examinar com seu próprio julgamento todos os dogmas da religião, independentemente da fonte a partir da qual estes são propostos” (Wer. Diss. 24 [Ryhinerus 1:414]). Mas será que isso significava “todos os dogmas”, não só os característicos dos católicos-romanos ou dos ortodoxos orientais, mas a própria ortodoxia trinitária e os “muitos rituais e doutrinas” (Mid. Mir. int. [1749:ci]) que os reformadores mantiveram? “Eu e outros”, escreveu um estudioso, “queremos chegar a um julgamento diferente” daquela da geração confessional, de acordo com quem “Lutero realizou perfeitamente a Reforma” (Sem. Erkl. 3 [1777:272]). Conforme entendia um escritor anglicano, “nossos primeiros e principais reformado- res, no reinado de Henrique VIII, não tinham o poder para levar a Reforma tão longe quanto desejavam” (Mid. Mir. int. [1749:ci]; Wsly. Serm. 61.29 [Baker 2:464-65]). Contudo, a rejeição dos reformadores das “leis humanas da igreja” não devia ser entendida como uma sugestão, argumentou outro anglicano, “de que avançamos essa autoridade [que] não é fundamentada em quaisquer leis humanas, mas é a autoridade de Cristo” (Lw. Bngr. 3 [Moreton A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE 1:196]). O medo de que todas as igrejas que saíram da Reforma pudessem sofrer apostasia da fé do cristianismo (Lschr. Hor. [1734:14]; Lschr. Dr. pred. 1 [1733:21]) abrandou a celebração protestante da doutrina da Reforma como um tesouro que “permanecería intato por todo o tempo, até o fim do mundo” (Schpf. Lut. 1.4 [1717:3]), bem como a celebração católica-romana do “papado e da verdadeira igreja católica, para a qual [é prematuro] entoar o réquiem” (Remp. Eut. 4 [1699:16-17]). Também foi essa mesma tradição — a tradição supostamente compartí- lhada pelos pais e concilios da Antiguidade, bem como as tradições específicas da Reforma (incluindo sua tradicional negação da autoridade da tradição) — veio a ser classificada entre as “verdades contingentes da história”, a partir das quais era ilegítimo argumentar em favor das “verdades necessárias” (Less. Bew. [Rilla 8:12-14]). A ortodoxia oriental e o catolicismo-romano ainda punham os concilios da igreja junto com a Escritura como autoridade (Atan. Par. Epit. 4.29 [1806:400-401]); Ang. Sil. CTrid. 17 [1675:R6r-R6v]) e discutiam a questão de se era necessária uma maioria em um concilio para estabelecer essa autoridade (Amrt. Brd. [Friedrich, p. 36-37]; veja vol. 4, p. 165), mas um católico-romano que aceitasse os princípios do Uuminismo afirmava a metodologia à qual pertencia boa parte do futuro: “Os concilios, a partir de agora, não podem ter qualquer função na dogmática, exceto uma função histórica. Eles são apenas uma parte da história do dogma” (Bl. Unfehl. 28 [1791:577]). Isso se aplica aos concilios de Niceia e Calcedonia (Bl. Unfehl. 13 [1791:179]) aceitos em geral da perspectiva ecumênica e ainda mais ao Concilio de Trento (Bl. Unfehl. 28 [1791:564]). Era característico da “filosofia hebraica” contida no Antigo Testamento que ela fosse derivada da tradição, e não da razão, como o era a filosofia grega (Budd. Phil. ebr. pr. [1720:Blr-Blv]). Mas o testemunho dos pais da igreja, como Orígenes (veja vol. 1, p. 125-31), para a existência de uma tradição que estivera presente “indubitavelmente desde o tempo do cristianismo primitivo” não podia mais ser aplicada a uma “tradição dogmática” supostamente uniforme, uma vez que havia de fato grande “variedade em sua aplicação” em vários lugares; a tradição tinha de ser lida de forma crítica se fosse para ser usada para a “história e interpretação genuínas” (Sem. V. T. Int. prol. 1-2 [1773:2-3]). A tradição, lida dessa maneira, com frequência esclarecia, mas às vezes também relativizava, a história das doutrinas da igreja (Tin. Cr. 1 [1730:11]). Nos debates sobre a relação da graça suficiente com a graça eficaz, a história da doutrina mostrou que, de resto, os doutores ortodoxos da igreja negaram às vezes a primeira no interesse de afirmar a segunda (Bert. Teol. disc. 18.8 142 ♦ ♦ ♦ As v e rd a d e s c o n tin g e n te s d a h istó ria [1792-IV:38-43]; Marc. Inst. 27 [Tomassini 5:5-95]). A continuidade da dou- trina da presença real podia ser substanciada da perspectiva histórica (Hno. Teol. 7.4. pr. 1.3 [1785-VII:367-69]). A pesquisa histórica demonstrou que sempre havia existido um cargo ministerial distinto na vida e ensinamento da igreja (Deutsch. Lut. 1.3.9 [1698:26]; Lw. Bngr. 2 [Moretón 1:34]) (embora o título “bispo” nem sempre tenha significado a mesma coisa) (Hdly. Def. 6 [1707:69-79]), mas também que além de sua autoridade houvera associações extraeclesiásticas; a história substanciava a primitiva “instituição de bispos ou presbíteros” (Mmchi. Orig. ant. 4.1.3.1 [1749-IV:271]), mas não de cardeais (Cmrda. Const, ap. 2.5 [1732:113-16]). A autoridade papal ou a infalibilida- de papal era uma candidata óbvia para o tratamento histórico já que seus defensores eram obrigados a explicar qualquer abuso de autoridade (por exemplo, por parte de Bonifácio VIII) (Bianch. Pot. 1.6.6 [1745-11:477-502]) ou qualquer exceção irrefutável à infalibilidade (em geral, Honorio I) (veja p. 311-13 abaixo); mas, na prática, esse método de relativização se aplicava “não só contra a infalibilidade dos papas, mas também contra a infalibilidade dos concilios gerais e contra a autoridade da tradição oral. Pois aqui a tradição, em uma sucessão de muitas eras, foi totalmente mudada da doutrina de tempos anteriores” (Brnt. Art. X X X IX 19 [1700:18η). A descoberta histórica que “nenhum período da história da igreja é completamente bom”, nem mesmo a era apostólica (Zinz. Zst. 20 [Beyreu- ther 3-11:152, 155-56]), e que inegavelmente houve um desenvolvimento da doutrina que criou problemas para as posições doutrinais de todas as igrejas. “Os católicos”, conforme um luterano ortodoxo resumiu essa descoberta, “são ainda menos capazes que os luteranos de apontar um único pai da igreja que concordasse com eles em todos os pontos e que não escrevesse nada que fosse contrário a eles”; quando esse luterano ortodoxo prosseguiu para acrescentar que isso “não [era] necessário, pois não causa nenhum dano à verdade se alguém não consegue apontar esse um pai da igreja” (Lschr. Un- fehl. 11 [1724:78]) que, por intermédio da pesquisa histórica, não escondeu o desaparecimento do consenso patrístico ortodoxo sobre o qual todos os lados, no cisma Oriente-Ocidente e mais uma vez na Reforma, contendiam (veja vol. 2, p. 167-216; vol. 4, p. 240-41, 289-90, 331-336, 395). Os argu- mentos dos estudiosos orientais e protestantes (veja vol. 2, p. 297-99; vol. 4, p. 316-17), apontando a falta de evidência histórica para a doutrina do pur- gatório (Eug. Bulg. Ort. 12 [Metaxas, p. 50]; Wlch. Pol. 3.2.13.10 [1752-789- 90]), obrigaram seus defensores a recorrer não só ao testemunho patrístico, mas em particular às conhecidas palavras de Basilio de Cesareia (Coz. Graec. ♦♦♦ 143 A OBJETIVIDADE DA REVELAÇAO TRANSCENDENTE 6.15.8821719] 83־-IV:255-56]) sobre a tradição não escrita — uma tradição não escrita (Bas. Spin 27.66 [SC 17b:478-82]; veja vol. 4, p. 184) cuja existên- cia teve de ser apresentada a posteriori (Gaz. Prael. 1.2.1.1.15 [1831-1:137]) a partir do dogma católico-romano posterior (Allat. Purg. 35 [1655:251-56]). O apelo do Oriente às mesmas autoridades como prova para a antiguidade do culto de imagens entrou em confronto com a pesquisa histórica sobre quando e como esse culto surgiu (Eug. Bulg. Ort. 6 [Metaxas, p. 25]; Komn. Prosk. 5 [Christophoros, p. 43]). Até mesmo os protestantes tiveram de admitir que, na liturgia da eucaristia, a consagração por meio das palavras: “Este é o meu corpo” (Span. H e. 5.5, 8.7 [Marck 1:971-72, 1303-8]; Hrn. H. e. 1.3.24 [Leydecker 1:201]), fora transmitida originalmente pela tradição oral e, por conseguinte, era mais antiga que o Novo Testamento (Rndt. Pit. or. int. 1.1 [1716-I:iii-vi]); mas o esforço para usar essa evidência para apoiar uma “tradição [litúrgica] apostólica” (Rndt. Diss. 4 [Sallaville, p. 27]) ou uma crença uniforme “em todas as línguas” sobre “uma única fé antiga referente à eucaristia, que os reformadores acusaram em vão de ser uma novidade” (Rndt. Lit. or. pr. [1716-I:E4v]), foi difícil de acomodar com os resultados da erudição patrística — principalmente, sem dúvida, conforme executado pelos estudiosos patrísticos protestantes (Span. H. e. 4.5 [Marck 1:849-51]). Por sua vez, a tentativa de estigmatizar a doutrina da presença real ensinada por Radberto contra Ratramno como um “novo erro” e a negação de Be- rengário da presença real como “uma luz em meio às trevas” era um reflexo mais da teologia calvinista que da crítica historiográfica como tal (Hrn. H. e. 2.2.10, 2.2.14 [Leydecker 1:265, 269]; Span. H. e. 9.10 [Marck 1:1375-79]; veja vol. 3, p. 110-16, 230-52). N o entanto, o calvinismo ortodoxo, o anglicanismo e o luteranismo não ficaram menos ofendidos que a ortodoxia oriental e o catolicismo-romano quando a mesma crítica historiográfica foi aplicada às doutrinas que eles todos mantinham em comum, acima de tudo as doutrinas da Trindade e da pessoa de Cristo. O Filioque, o prolongado conflito entre o Oriente e o Ocidente a respeito da processão do Espírito Santo, para a qual nem a exegese, nem a especulação, nem, tampouco, a política da igreja foram bem-sucedidas em provar uma resolução (veja vol. 2, p. 202-16), estava agora sujeita à resolução do exame histórico (Wlch. Spin pr. [1751:A4r]). Um catálogo histórico de heresias trinitárias conforme relatadas por Epifânio (Atan. Par. Epit. 1.2.4 [1806:156-57]); uma história completa de Ario e o arianismo Pnch. Diet. [1736:53-74]); “um relato sucinto da heresia sabelianista e os argumentos aos quais os pais católicos recorreram para se opor a ela” (Sherl. Soc. 3 144 ♦♦♦ Λ5 verdades contingentes da historia Λ 145w [1698:124-49]); urna extensa historia do desenvolvimento da cristologia no século V (Bert. Teol. disc. 26.15-18 [1792-V:235-59]); uma análise crítica da cronologia da controvérsia sobre os “três capítulos” no século VI (veja vol. 1, p. 280-82) — qualquer uma dessas formas de digressão histórica ainda podia ser, em todas essas igrejas, um método para introduzir um ensaio em teologia dogmática (Nrs. Syn. quint. 3 [Berti 2:15-20]). Mas os historiadores também tinham de lidar com a adoração primitiva do Filho de Deus como divino (Mos. Vind. disc. 1.8.6 [1722:225]) e com a vexatória questão de por que a doutrina ortodoxa do Espírito Santo levara um tempo excessivamente longo para ser desenvolvida se era ensinada “em todos os lugares, sempre e por todos” (Ors. 1st. 14.105 [1747-VL266-68]; Zinz. Gem. 3 [Beyreuther 4-1:51-52]) e, por conseguinte, tiveram de lidar com a questão de “se a igreja primitiva, ou seja, seus professores, procuravam [de algum modo] um credo ou não” (Sem. Frag. 24 [1780:155]) na fórmula bastimal: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19,20). Quando o historiador que levantou a ultima questão foi em frente para estipular: “Nem garantimos que tudo não conhecido nem feito nos primeiros séculos é automaticamente incorreto” (Sem. Frag. 24 [1780:155]), esse reco- nhecimento da variedade nos modos de doutrina — conforme documentado na história dos cinco primeiros séculos (Sem. Erud. [1765-1:158]) e também no desenvolvimento posterior da doutrina segundo as confissões da era da Reforma (Sem. Erkl. 1.2 [1777:28]) — a despeito dos esforços desse historia- dor, não podia parar pouco antes do santuário privilegiado do século I (Sem. Erkl. 2 [1777:197]). A tentativa de usar a cronologia como um fundamento para chegar à distinção em autoridade entre os escritos “canônicos” do Novo Testamento e os escritos “eclesiásticos” dos séculos posteriores foi frustrada da perspectiva histórica (Lmp. Hist. 2.2 [1747:74]) e, por essa razão, comba- tida do ponto de vista teológico. Se a teologia ortodoxa teve de admitir que houvera revelação progressiva ao longo da história do Antigo Testamento (Ost. Ds(. serm. 2 [1722:49]), será que não tinha de reconhecer uma progressão similar ao longo da história da igreja desde o N ovo Testamento (Ost. D%. serm. 8 [1722:290]) e, por conseguinte, um esclarecimento dos ensinamentos obscuros de Cristo conforme dados aos primeiros discípulos (Ost. Arg. ref. pr. [1720:B4v])? A despeito dos avisos para usar de “moderação” (Frnck. Meth. 3.19 [1723:98]; Frnck. Pred. Epiph. 3 [1699:6]) na aplicação do método histórico para o estudo da Escritura, os ensinamentos de Cristo e a pessoa de Cristo não podiam mais ficar isentos do uso de tal método. A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE O dogma cristológico e o Jesus histórico Pois a historia era historia: insistindo que a historia sagrada era historia no sentido que ela acontecera de fato (Bert. Teol. disc. 12.2 [1792-111:7-8]) sugeria necessariamente a concordância que ela também era história no sentido que estava sujeita a mudança. “Em um mundo superior é difieren- te”, diria um importante defensor da ortodoxia do século XIX, “mas aqui embaixo viver é mudar, e [amadurecer] é mudar com frequência” (Newm. Dev. 1.1 [Harrold, p. 38]). O Deus além do tempo, por meio da encarnação, ficou sujeito à sequência do tempo e, assim, era possível — e permissível (Eug. Bulg. Ort. 4 [Metaxas, p. 20]) — sujeitar a vida desta vida no tempo para o estudo da evidência histórica. Se a evidência mostrasse que Quirino era de fato governador da Síria quando Jesus nasceu (Cone. Rei riv. 2.1.7 [1754-1:121-22]; Mmchi. Orig. ant. 2.1.4.5 [1749-1:288-92]; Beng. Gnom. Lc2:2 [Steudel, p. 225]), mas que os relatos do estigma de Francisco de Assis eram “mentiras descaradas” (Lmp. Hist. 2.10 [1747:295]), o método para avaliar essa evidência precisava ser consistente. E se nos relatos do evangelho da ressurreição, a própria ausência de evidência de muitos testemunhos (Ost. Arg. ref. Mt 28, lC o 15 [1720-11:46, 220]) demonstrava algo “do caráter de um historiador totalmente honesto” (Wer. Diss. 4.3 [Ryhinerus 1:90-91]), as contradições entre esses relatos, para outros, parecia prova de “manipulação” (Reim.Apol. 2.3.1.3 [Alexander 2:183]). Uma era historicamente consciente, em que os cristãos eram admoestados por um irmão em Cristo a “não aceitar a religião cristã sem crítica e cegamente” (Spen. Mess. pr. [1701:v]) e a fazer “um estudo exegético do fundamento de todas as outras partes da teologia” (Spen. Bed. 2.1.2 [Canstein 1:329]), viu uma oportunidade especial para “a pesquisa acadêmica diligente” (Dipp. Hrt. 1 [1706:10-11]) nos livros históricos da Bíblia (Sem. Erud. [1765-1:25-27, 49]). Os estudiosos da Bíblia, ficando como ficaram na sucessão do humanis- mo de Erasmo (Sem. N . T. Int. pr. 8 [1767:19]), continuaram a transformar a filologia sagrada — línguas bíblicas e crítica do texto — no alicerce dessa pesquisa (veja vol. 4, p. 377-82). Entre os estudiosos da Bíblia da história cristã do Ocidente, os mais influentes foram os dois tradutores, Jerónimo e Lutero. Jerónimo, “o maior dos pais”, por causa de sua ortodoxia e de sua erudição (Nrs. Hist. pel. 1.2 [Berti 1:13-14]; Sem. Erud. [1765-1:21]), tinha qualificação única (Bec. Lóp. Nuev. Ab. [1739:14]), talvez tenha sido até mesmo “predestinado pela providência” (Ors. 1st. 20.32 [1747-IX:80]), para empreender a tarefa de traduzir a Bíblia para o latim; todavia, todos tiveram de admitir que a filologia bíblica progredira desde a Septuaginta e da Vul- I 46 ♦ ♦ ♦ 1 4 7O dogma cristológico e o Jesus histórico gata (Bert. Diss. hist. [1753-1:177]). Entre os protestantes, os estudiosos de todas as facções fizeram elogios similares para a tradução de Lutero para o alemão como incorporando o melhor conhecimento bíblico de sua época (Neum. Rch. 23 [1751:749]; Lang. Paul. 1.2.2 [1718:59]; Sem. V. T. Int. 2.2.123 [1773:352]), mas eles também concordavam que a tradução precisava agora ser corrigida à luz de pesquisa mais recente (Frnck. Ber. ohs. 1-3 [Peschke, p. 257-63]). O chamado para a crítica acadêmica veio com maior urgência da- queles que queriam que a ortodoxia recebida fosse revisada ou rejeitada (Tin. Cr. 6 [1730:66]), embora a cautela do estudo acadêmico teológico só fosse legítima se fosse “útil para a única coisa necessária” (Lw. Cr.perf. 14 [Moretón 3:237]) lançada por aqueles que viam a continuidade do racionalismo entre um determinado tipo de ortodoxia e um determinado tipo de antiortodoxia (Zinz. Gespr. 1 [Beyreuther 1-111:5]). Não obstante, a acusação ouvida com frequência de que o pietismo era endémicamente hostil ao estudo acadêmico filológico foi refutada pela obra de estudiosos (Gtz. Unt. [1693:G4r]), como August Hermann Francke que, como professor de grego e línguas orientais (semíticas) na Universidade de Halle (Frnck. Meth. 3.15 [1723:88]), estimulava o estudo das línguas bíblicas e, ao mesmo tempo, salientava as limitações de um entendimento superficialmente historicista da Escritura (Frnck. Mand. Scrip. 1 [1706:2]; Frnck. Id. 26-27 [Peschke, p. 182-83]), e Johann Albrecht Bengel, cujas realizações técnicas eram elogiadas por estudiosos de todas as facções e de todas as denominações (Sem. N. T. Int. pr. 10 [1767:25]; Krks. Teol. diat. 8 [1898:131]; Ub. Int. 1.3. prol. [1886-11:503]; Rti. Recht. 1.11.73 [1882-1:606-8]). Bengel, importante crítico do texto do N ovo Testamento e um firme crente na inspiração da Biblia (Beng. Gnom. pr. 8 [Steudel, p. xx]), concordava com seus oponentes que os mesmos princípios e métodos da crítica do texto tinham de ser aplicados à Escritura como a qualquer outro texto (Sem. N. T. Int. 1.1.14 [1767:35]). A “vírgula joanina”, ljoão 5.7, como o era para os humanistas, foi o problema “mais vexatório” (Mrck. Text, exerc. 46.1 [Velzen 14:441]; veja vol. 4, p. 417) na crítica de texto não só entre os estudiosos e os teólogos, mas também entre os leigos. Ela “não [era] encontrada em manuscritos e versões antigas extraídas deles”, observou um pregador (Pff. Hist. teol. 2.10 [1724-1:295]), acrescentando: “Por sua vez, ela é encontrada em muitos outros” (ap. Zinz. Gespr. 9 [Beyreuther 1-111:84]; Tnnt. Serm. 22 [1744:424]). Os inimigos da doutrina da Trindade citavam essa “última in- terpolação” como evidência da ortodoxia adulterando o texto bíblico (Reim. Apol. 2.5.1.7 [Alexander 2:436]; Milt. Doct. 1.5 [Patterson 14:214-16]), susten- A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE tando (embora sem evidência histórica) que fora usada ou inventada pelos defensores do “homoousios” no Concilio de Niceia (Dipp. Ort. 5 [1699:65]). Alguns defensores da doutrina ortodoxa rejeitavam as explicações de que ela entrara no texto por descuido ou engano (Bert. Teol. disc. 7.3 [1792-11:11- 14]) e a citavam como autêntica. Um deles “não [tinha] a mais leve dúvida de que João realmente escreveu isso” (Strz. Man. 5.2 [1828:197-98]; Wsly. Serm. 55 [Baker 2:374-86]; Mrck. Comp. 5.18 [Velzen 18:110-11]) e expressou indignação pelo fato de “entre os protestantes haver alguns que afirmavam ser estudiosos de teologia que [a] questionavam ou negavam” (Neum. Rch. 24 [1751:782-83]; Terst. Abr. 1.3.1,1.3.12 [Becher 2:49, 54]). Ainda assim, a “primeira e principal” prova bíblica para o dogma permanecia na passagem à qual “os pais católicos sempre recorriam” (Sherl. Soc. 1.2 [1698:4]; Sherl. λ/ind. 6 [1690:209-10]; Zinz. Lond. Pred. 1.8,5.12 [Beyreuther 5-1:62-63, 5-11:195]), a fórmula batismal trinitária na “incumbência e comissão” de Cristo em Mateus 28.19 (Brnt. Art. X X X IX 1 [1700:38]; veja vol. 1, p. 226-29; vol. 4, p. 399), a qual aqueles que consideravam a vírgula joanina como genuína e também os mais extremos entre os que rejeitavam a ligação com ela (Beb. Gl. 2 [1685:33]; Strz. Man. 5.2 [1828:197-98]; Reim. Apol 2.1.3.6 [Alexander 2:89-90]); mas a despeito das aspersões dos últimos sobre a autenticidade da vírgula (Reim. Apol. 2.5.1.2 [Alexander 2:427]), a atestação do texto no evan- gelho de Mateus era praticamente unânime, e os teólogos da igreja de todas as confissões a comentavam com impunidade (Strz. Man. 2.5 [1828:69-70]; Drnd. Fid. vind. 1.11 [1709:32]; Mrck. Comp. 1.17 [Velzen 18:109-10]; Zinz. Gem. 3 [Beyreuther 4-1:46-76]). Além de qualquer autenticação do texto do N ovo Testamento, a inter- pretação do texto, dependia de pressuposições hermenêuticas do intérprete. “Alguém que nunca aprendeu grego e hebraico”, prometia Zinzendorf, “pode se tornar um exegeta por meio de uma hermenêutica fundamentada nas feridas de Cristo” (Zinz. Hom. 33 [Beyreuther 3-1:363]), um cristocentrismo para o qual ele reivindicava a teologia da cruz de Lutero como um prece- dente: era um “desastre” na teologia (Zinz. Red. 1 [Beyreuther 1-11:12]; veja vol. 4, p. 220-31) começar com a doutrina de Deus, em vez de com a dou- trina de Cristo (Zinz. Red. 1 [Beyreuther 1-11:12]) ou definir o pecado como fazer algo mal, em vez de como se recusar a acreditar em Jesus (Zinz. Off. Red. 21 [Beyreuther 2-IV:218-19]). Um índice conveniente para os sistemas hermenêuticos alternativos para os evangelhos continuou a ser fornecido pelos vários títulos para Jesus Cristo. A ortodoxia oriental falava dele como “rei, legislador e juiz” (Frnck. Pred. Epiph. 2 [1699:40-42]; Zinz. Lond. Pred. 148 ♦♦♦ O dogma cristológico e o Jesus histórico ♦ 1.4 [Beyreuther 5-1:23-28]; veja vol. 1, p. 188-201), urna variante da tríade de títulos conhecidos a partir das Institutas de Calvino, mas já presente na Histó- ria eclesiástica, de Eusébio (Atan. Par. Epit.3.\3 [1806:340-43]; Strz. Man. 2.4 [1828:58]), “profeta, sacerdote e rei”; a fórmula como uma unidade ou em uma ou mais de suas partes, a despeito da crítica, desfrutava de ampio suporte (Calv.Inst. [1559] 2.15 [Barth-Niesel 3:471-81]; E u s .//. e. 1.3.7-9 [GCS9-.32]), até mesmo dos socinianos (embora eles fossem acusados de usá-la “em um sentido totalmente distorcido”) (Ern. Opuse. 6 [Fritsch, p. 384-91]). Como essa tríade, o título “Redentor” como aquele que foi “o comprador e o preço” e o “Mediador” como um objeto de fé mais apropriado que a expressão “Filho de Deus” (Stod. Sfy. 3 [1687:41-43]; Drnd. Diss. 2.26.2 [1703:193]; Baum. Pred. 2.2 [Kirchner 2:62-69]; Nss. Dipp. 3 [1701:34]; Frnck. Pred. Epiph. 2 [1699:48-49]) tinha a vantagem de harmonizar sua pessoa e sua obra (Wlch. Pal. 2.4.50 [1752:239]). Os oponentes racionalistas da cristologia dogmática (Edw. Reí. Aff. 3.1 [Miller 2:236]) tendiam a falar dele como o “fundador de urna nova religião” (Baum. Pred. 2.3 [Kirchner 2:93]; Zinz. Lond. Pred. 3.6 [Beyreuther 5-1:361-62]). O livro Cântico dos cânticos e o Apocalipse, de João (Sem. Rei. 3 [Schütz, p. 27]), os dois difíceis de interpretar por meio dos métodos da hermenéutica crítica-histórica, foram uma fonte particularmente fecunda de títulos para Cristo (Mrck. Cant. pr. [Velzen 2:Blr]; Mrck. Apoc. pr. 91 [Velzen 8:J4r]); além de rei, sacerdote, pastor e irmão (Zinz. Hom. 24 [Beyreuther 3-1:237]), “a palavra ‘noivo’ é o nome mais doce aplicado ao nosso Salvador na sagrada Escritura” (Pet. Hch^t. 6.8 [1701:198-99]). O termo “Salvador \Heiland\” passou a ser tão comum no uso dos pietistas e, em especial, dos morávios, para quem era “uma teologia completa de Deus, uma teologia sistemática” (embora na relação orgânica com “a teologia de Deus Pai”) (Zinz. Gem. 35 [Beyreuther 4-11:110-11]; Zinz. Lond. Pred. 3.4,6.2 [Beyreuther 5-1:390, 5-11:331-32]), que outros pietistas mesmo objetavam o termo com o um clichê (Beng. Brud. 1.1.14 [1751:12]). A cristologia, carregando como fez a tradicional autoridade de um mi- lênio e meio de desenvolvimento dogmático ortodoxo, articulada acima de tudo pelos concilios de Niceia e da Calcedonia (veja vol. 1, p. 211-21, 263- 72), representava o “consenso” de todas as igrejas e teólogos das principais linhas — anglicanos e ortodoxos orientais, bem como “o dr. Lutero com quem as igrejas reformada e católica concordavam” (Zinz. Gem. 3 [Beyreu- (her 4-1:67]). Os críticos, evangélicos ou racionalistas, viam a terminologia técnica da cristologia sobre “união hipostática” (Zinz. Hom. 14 [Beyreuther 3-1:136]) e “transmissão de propriedades” ou “pessoas” e “naturezas” como A OBJETIVIDADE DA REVELAÇÃO TRANSCENDENTE uma helenização do evangelho e “uma discussão acadêmica da filosofia pagã” (Dipp. Orí. 4 [1699:52]) que obscurecía a mensagem do Jesus histórico; mas citando que o decreto calcedônio como um consenso fornecia o fundamen- to para o exame doutrinai de outras questões cristológicas (Lmp. Hist. 2.6 [1747:176]) — incluindo a questão do Jesus histórico. A linguagem de Paulo sobre “Cristo Jesus [...], embora sendo Deus” (Mrck. Exeg. exerc. 41-42 [Velzen 9:661-89]; Fp 2.5,6) não era apenas simbólica, mas ajudava a explicar o termo usado por ele no versículo seguinte, “mas esvaziou-se a si mesmo” (Fp 2.7), uma vez que o sentido paradoxal desse versículo era que “ele esvaziou a si mesmo de um modo que não esvaziava” (Eug. Bulg. Orí. 4 [Metaxas, p. 19]; Fil. Sl 124 [519c. FU. 3:65-70]); o primeiro e o último versículos do prólogo do evangelho de João (Jo 1.1,1.14) eram o exemplo supremo em todo o grego, quer pagão quer cristão, da “diferença entre ‘ser’ e ‘se tornar’ ” (Beng. Gnom. Jo 1:14 [Steudel, p. 322]). A linguagem técnica do dogma cristológico não estava confinada às dogmáticas, mas também permeava a devoção ortodoxa (Fuse. Sac. cr. [1756:21-22]; Neum. Funf. 2 [1726-1:216]), e era defendida pelos pietistas, como Spener (Spen. Mess. [1701:43-47]), a despeito da acusação de que eles “a [tinham] abolido” (Nmnn. St. Ver. 29 [1696:69]). Os pietistas também foram acusados de ser fiéis a uma cristologia que “praticamente não [era] diferente daquela da Reforma” (Deutsch. Lut. 2.3.11 [1698:98-99]; veja vol. 4, p. 258), a qual os luteranos ainda acusavam de ser fundamentalmente racionalista (Gtz. Bek. [1696:24-25]); mas os teólogos reformados foram acompanhados pelos teólogos católicos-romanos na denúncia da doutrina dos “ubiquistas” luteranos como “louca” e “monstruosa” (Arb. Des. mjst. 5.6.50 [1764:617]; Bert. Teol disc. 27.1 [1792-V:270-73]) por ensinar que os atributos “intrans- missíveis” (Hrn. H. e. 3.1.45 [Leydecker 1:352]; Mrck. Comp. 19.25 [Velzen 18:383]; Span. Εν. vind. 3.6 [Marck 3:460]) da natureza divina como a ubiqui- dade fora transmitido à natureza humana de Cristo (Lmp. Teol. nat. 236-37 [1734-68-69]). N o século XVIII, havia em relação a essa questão, com o na maioria