Quais as diferenças entre o Controle de Constitucionalidade Difuso e do Controle de Constitucionalidade Concentrado?
Paulo Oliveira
há 12 anos
O controle difuso é caracterizado por permitir que todo e qualquer juiz ou tribunal possa realizar no caso concreto a análise sobre a compatibilidade da norma infraconstitucional com a Constituição Federal. Nesta forma de controle, discute-se o caso concreto, deve haver uma situação onde o interessado postula a prestação jurisdicional para escapar da incidência da norma. Os efeitos dessa decisão operam-se apenas entre as partes, em face disto é conhecida como via de exceção, porque excepciona o interessado do comportamento da regra.
Ressalta-se que, neste contexto, o Supremo Tribunal Federal pode ser o órgão julgador do debate de inconstitucionalidade por via de exceção, contudo a parte interessada deve fazer por intermédio da competência originária. O STF ao decidir a matéria pode reconhecer a inconstitucionalidade ou não do tema apresentado. Caso seja considerada inconstitucional a norma não será retirada da ordem jurídica, porquanto diz respeito somente entre as partes que apresentaram o conflito.
Controle concentrado surgiu no Brasil através da Emenda Constitucional n°16, que atribuiu ao STF competência para processar e julgar originariamente a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, apresentada pelo procurador-geral da República.Através desse modelo de controle, é feita a declaração de inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo objetivando alcançar a invalidação da lei para firmar a segurança das relações jurídicas.
Não se discuti nenhum interesse subjetivo, por não haver partes (autor e réu) envolvidas no processo. Logo, ao contrário do sistema difuso, o sistema concentrado possui natureza objetiva, com interesse maior de propor alguma espécie de controle para discutir se uma lei é ou não inconstitucional e na manutenção da supremacia constitucional.
Henrique Gomes
há 12 anos
Em poucas palavras, CONTROLE DIFUSO é aquele exercido por qualquer Juiz, desde que haja um caso concreto. Nessa situação o efeito da decisão é inter partes. Note-se que o questionamento de inconstitucionalidade da norma se dá de maneira incidental. Lado outro, o CONTROLE CONCENTRADO é aquele exercido pelo STF por meio de ações próprias (ADIN, ADCON, ADPF...). A inconstitucionalidade pode ser alegada pelas pessoas relacionadas no rol do art. 103 da CR/88. O efeito da decisão pode ser manipulado pelo STF, podendo ser inter partes ou erga omnes. Nesta situação o objeto da ação é questionar a constitucionalidade de norma, não sendo então de caráter incidental.
Evandro Verissimo Mariano
há 12 anos
O controle da constitucionalidade foi introduzido em nosso direito positivo em 1891 e gradativamente aperfeiçoado. O atual sistema brasileiro é bastante amplo e minucioso, isso porque a CF/88 uniu dois sistemas de controle: o norte-americano (sistema difuso) e o europeu (sistema concentrado).
Controle difuso de constitucionalidade
- Na via de exceção a pessoa que se sente lesada, ao defender direito que acredita possuir num processo judicial em curso, provoca incidentalmente o controle difuso.
- O controle difuso surge num processo judicial em que a discussão principal é sobre um caso concreto entre duas partes. A parte no processo (autor ou réu) relata o caso fundamentando seu pedido ou defesa na alegação de inconstitucionalidade de uma norma jurídica. Nesse sentido, a questão inconstitucional não é a preocupação principal dos litigantes, mas incidental. O juiz ou tribunal precisará apreciá-la ao proferir sua decisão, determinando se a norma é constitucional ou não.
- Com o trânsito em julgado do processo, a decisão produzirá efeitos inter partes, ou seja, aplicáveis somente para os litigantes. Esses efeitos serão os mesmos em qualquer grau de jurisdição, mesmo que o processo chegue, por via de recurso extraordinário, ao STF.
- Contudo, pode o STF, ao reconhecer a inconstitucionalidade da norma, encaminhar ofício ao Senado Federal, para que este, por meio de uma resolução, providencie a suspensão da executoriedade da norma declarada inconstitucional. Se o Senado Federal assim o fizer, a norma terá seus efeitos inconstitucionais excluídos do ordenamento jurídico, produzindo tal resolução efeito erga omnes.
- A declaração de inconstitucionalidade no controle difuso, produz efeitos temporais ex tunc. Vale dizer: a norma perde eficácia e validade desde sua edição.
- Com isso, as decisões tomadas antes da declaração de inconstitucionalidade que se apoiaram na norma inconstitucional, perderão seus efeitos.
- É o que ocorreu, por exemplo, com o número de vereadores dos municípios que foi reduzido no país todo, após a declaração do STF ao julgar a constitucionalidade de Lei Orgânica Municipal da cidade paulista de Mira Estrela (Lei 226/90). A lei da cidade foi declarada inconstitucional, o Senado Federal foi oficiado e por resolução declarou os efeitos erga omnes. Assim, as normas de todos os municípios do país, mesmo que editadas anteriormente ao julgamento pelo STF, foram consideradas inválidas (efeito ex tunc). Cabe ressaltar, que a aplicabilidade da decisão foi diferida, valendo na prática então somente a partir das próximas eleições locais uma vez que o efeito retroativo ocasionaria repercussões em todo o sistema vigente (é a chamada modulação de efeitos – matéria a ser vista oportunamente).
Controle concentrado de constitucionalidade
- Diferentemente do controle difuso, no concentrado o objeto da demanda judicial é a própria inconstitucionalidade da lei.
- Destarte, o controle concentrado se diferencia do difuso por dois principais pontos:
a) a declaração da inconstitucionalidade é o próprio objeto da lide;
b) a ação deve ser interposta em tribunal competente para a declaração de inconstitucionalidade, que proferirá decisão com efeitos erga omnes.
- Em regra é o STF o tribunal competente para o controle concentrado. Excetuam-se as discussões de leis ou atos municipais e estaduais questionados em face de Constituição Estadual ou Lei Orgânica do Distrito Federal, que deverão ser impostas perante o respectivo Tribunal de Justiça do Estado ou do DF.
- Há cinco espécies de ação de controle de constitucionalidade:
a) ação direta de inconstitucionalidade;
b) ação direta de inconstitucionalidade por omissão;
c) ação direta de inconstitucionalidade interventiva;
d) ação declaratória de constitucionalidade;
e) arguição de descumprimento de preceito fundamental.
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