Por favor, abordar sobre a ordem de vocação hereditária para a mesma. E se concorre com os colaterais, caso o companheiro do de cujus não tenha descendente e ascendente?
Bárbara Soares
há 12 anos
Em relação à união estável, o artigo 1.790 do CC/02 estabelece que, além da meação, o companheiro participa da herança do outro, em relação aos bens adquiridos na vigência do relacionamento.
DA ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
O companheiro sobrevivente pode concorrer com filhos comuns do casal (na mesma proporção); com descendentes filhos tão somente do autor da herança (tendo direito à metade do que couber ao filho) e; com outros parentes, inclusive de linhas colaterais (tendo direito a um terço da herança).
Portanto, a companheira sobrevivente terá direito a 50% do patrimônio deixado pelo falecido (meação) + o direito de concorrer com a herença deste, dependendo sua porcentagem de saber-se com quem irá concorrer.
Segundo a ministra Nancy Andrighi: “Consiste a meação na separação da parte que cabe ao companheiro sobrevivente na comunhão de bens do casal, que começa a vigorar desde o início da união estável e se extingue com a morte de um dos companheiros. A herança, diversamente, é a parte do patrimônio que pertencia ao companheiro falecido, devendo ser transmitida aos seus sucessores legítimos ou testamentários”, esclareceu.
PROBLEMÁTICA
Alguns doutrinadores entendem que em determinadas situações, será a união estável mais favorável do que o casamento e vice-versa. Tal situação não deveria ocorrer em hipótese alguma, vez que a CRFB/88 não estabelce hierarquia entre as entidades familiares.
ENTENDIMENTOS
O TJPR entende pela inconstitucionalidade de todo art. 1.790, CC, aplicando-se a sucessão do casado em regime da comunhão parcial.
O TJRS e TJRJ aplicam o art. 1.790, I e II, CC.
Paulo Oliveira
há 12 anos
Valeu Obrigado!
Raimundo Ferreira de Lima
há 12 anos
O Anteprojeto do Novo Código Civil elaborado no ano de 1972 e o Projeto apresentado em 1975 que foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 1984, não havia dispositivo que regulasse a sucessão entre os companheiros. Enquanto este Projeto estava sendo analisado pelo Senado Federal, o senador Nelson Carneiro apresentou a emenda de n° 358 inspirada no art. 668 do Projeto de Orlando Gomes, com o intuito pela modernização das relações familiares brasileiras, visando garantir direitos sucessórios aos companheiros[1],portanto devemos analisar que esta emenda tem a data anterior antes da vigência da Constituição Federal, e como consequência foi aprovado pelo Senado Federal com o seguinte texto:
“Art. 1.802 Na vigência da união estável, a companheira, ou companheiro, participará da sucessão do outro, nas condições seguintes:
I Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma cota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II Se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar – lhe á a metade do que couber a cada um daqueles;
III Se concorrer com outros parentes sucessíveis terá direito a um terço da herança;
IV Não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.”[2]
Contudo, o Projeto do Novo Código Civil foi enviado à Câmara dos Deputados, com o intuito de modificar o caput do artigo 1.790 que foi aprovado pelo Senado Federal, permanecendo inalterado os incisos aprovado pelo Senado, recebendo um novo número estabelecendo a seguinte expressão: “A companheira ou companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos na regência da união estável, nas condições seguintes.[3]”
O artigo 1.790 CC/02, no inicio causou um grande impacto perante os operadores do direito. A questão sucessória entre os companheiros deveria está incluído no do art. 1.829 CC no que trata sobre a Sucessão legítima que infelizmente se encontra nas disposições gerais do Capítulo I do que trata da sucessão em geral, conforme observa, conforme Zeno Veloso:
“O artigo 1.790 tenha de ficar no capítulo que regula a ordem da vocação hereditária, mas este é um problema menor. O artigo 1.790 merece censura e critica severa porque é deficiente e falha, em substância, significa um retrocesso evidente, representa um verdadeiro equívoco”[4].
Entretanto, conforme o caput art. 1.790 CC a sucessão dos companheiros limita-se aos bens adquiridos durante a vigência da União Estável, desde estes bens sejam adquiridos onerosamente. Desta forma, devemos analisar quais os bens que serão a título de concorrência conforme os incisos do artigo citado. Observando os demais bens, com aqueles adquiridos por doação, herança, fato eventual, entre outros, incidirá na norma do art. 1.829 e §§ do atual Código Civil.
Importante ressaltar, que a meação decorre da relação patrimonial (condomínio) estabelecida pela lei e vontade das partes, diferentemente da sucessão hereditária que se origina com a morte do autor da herança. Podendo desta decorrer da Sucessão Testamentária e Legítima. Conforme pensamento de Zeno Veloso.
“A sucessão do companheiro. Para começar limita-se aos bens adquiridos na vigência da união estável. Quanto aos bens adquiridos onerosamente, durante convivência, o companheiro já meeiro, conforme o art. 1.725 CC/02, inspirado no art 5 da lei 9.278/96, e que diz: na união estável, salvo convenção valida entre os companheiros aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.”[5]
Entretanto se os bens dos companheiros são comuns, o companheiro sobrevivente receberá a sua quota parte antes da abertura da sucessão, tratando - se da matéria de direito Família e já a meação do cujos e que será objeto de concorrência sucessória. Injusto, é a restrição na participação do companheiro sobrevivente na sucessão nos bens adquiridos na vigência da união a título oneroso. Como exemplo demonstrado pela autora Ana Luiza Maia Nevares abaixo:
“Basta pensar uma pessoa que só tenha bens adquiridos antes da união, ou somente tenha adquirido bens a título gratuito, como herança ou doação, e viva durante muitos anos em união estável. Quando essa pessoa falecer, seu companheiro nada receberá, A herança caberá por inteiro aos demais parentes sucessíveis, e o pior, não os havendo, esta será vacante e pertencerá por inteiro ao Estado. (CC/02, art 1.844).”[6]
Conforme o exemplo mencionado anteriormente, o companheiro sobrevivente ficará desamparado em decorrência do morte do seu companheiro, o problema poderá suprido se o de cujos realizou em testamento, tratando em beneficiá-la.
“Uma questão que poderá surgir, futuramente, é a de que mesma com o início da vigência do novo Código Civil, continuaria vigorando o parágrafo único do art. 7 da lei 9.278/96, que confere o direito real de habitação ao companheiro sobrevivente. Realmente, este preceito não é incompatível com qualquer norma do novo código, podendo - se argumentar que ele sobreviverá, até porque esta na linha determinada pela Constituição Federal; de reconhecimento e proteção à união estável, como entidade familiar paralela, à que é fundada no matrimônio”[7].
Conforme opinião citada por Maria Helena Diniz, a lei posterior revoga anterior, desde que a norma não seja incompatível com a matéria discutida pela lei anterior. A nossa Carta Magna de 1988 estabelece a validade da lei anterior, respeitando a incompatibilidade com a norma superior. Contudo com advento do atual Código Civil, em relação a moradia destinado a família, ocorrendo um retrocesso na lei, o benefício já concedido na lei 9.278/96 art. 7 parágrafo único Conforme Maria Helena Diniz.