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O QUE É MODALIDADE FALADA?

ESTUDO DE CASO

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Enviado por Tereza Soares há 12 anos

Respostas

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Euziana coelho correa

há 12 anos

NÍVEIS DE LINGUAGEM

A língua é um código de que se serve o homem para elaborar mensagens, para se comunicar.

Existem basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais:

1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base a norma culta, forma lingüística utilizada pelo segmento mais culto e influente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colaborando na educação, e não justamente o contrário;

2) a língua funcional de modalidade popular; língua popular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.

Norma culta:

A norma culta, forma lingüística que todo povo civilizado possui, é a que assegura a unidade da língua nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista político-cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas.

Sendo mais espontânea e criativa, a língua popular se afigura mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:

Estou preocupado. (norma culta)

Tô preocupado. (língua popular)

Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)

Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.

Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das normas da língua culta.

O conceito de erro em língua:

Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, diz: "Ninguém deixou ele falar", não comete propriamente erro; na verdade, transgride a norma culta.

Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa praia, vestido de fraque e cartola.

Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode ser íntimo, neutro ou solene.

O momento íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas perfeitamente normais construções do tipo:

Eu não vi ela hoje.

Ninguém deixou ele falar.

Deixe eu ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuse!

Não assisti o filme nem vou assisti-lo.

Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.

Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta, deixando mais livres os interlocutores.

O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se alteram:

Eu não a vi hoje.

Ninguém o deixou falar.

Deixe-me ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuses!

Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.

Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.

Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço à causa do ensino, e não o contrário.

O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética, caracterizado por construções de rara beleza.

Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, a constituir fato lingüístico registro de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical.

Exemplos:

Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)

Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)

Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar e Não vamos dispersar-nos.)

Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair daqui bem depressa.)

O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu posto.)

Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude do seu significado, não poderia ser adjetivo associado a indústria, já que não existe indústria que se pode tecer. Hoje, porém, temos não só como também o operário têxtil, em vez da indústria de fibra têxtil e do operário da indústria de fibra têxtil.

As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos também de transgressões ou "erros" que se tornaram fatos lingüísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que tem, início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de usar.

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário escolar palavras como corrigir e correto, quando nos referimos a frases. "Corrija estas frases" é uma expressão que deve dar lugar a esta, por exemplo: "Converta estas frases da língua popular para a língua culta".

Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma frase "errada"; é, na verdade, uma frase elaborada conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma culta.

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Euziana coelho correa

há 12 anos

É constante, atualmente, ouvirmos que a oralidade tem um lugar
importante no ensino de língua. Entretanto, são ainda escassos os recursos
metodológicos existentes em Língua Portuguesa para o tratamento dessa questão
de forma mais sistemática.
Já na década de sessenta, Mattoso Câmara afirmava que apenas podemos
compreender e ensinar a língua escrita com base na correta compreensão do
funcionamento da fala. Essa colocação representa uma dupla tarefa para a
lingüística: de um lado, deve dedicar-se à descrição da fala e, de outro, possibilitar
que a escola amplie seu leque de atenção.
Em 1990 no artigo "Português falado e ensino de gramática", Ataliba
Teixeira de Castilho destaca que "a língua oral se constitui num excelente ponto de
partida para o desenvolvimento das reflexões sobre a língua, por se tratar de um
fenômeno 'mais próximo' do educando, e por entreter com a língua escrita
interessantes relações (p.110). O autor prossegue sua reflexão, afirmando que a
língua escrita (incluindo a língua literária) continuará a ser o objetivo da
escola, mas vê isso como um ponto de chegada. Na verdade, o tratamento da
oralidade na escola de 1º
. e 2º
. graus deve ser tomado como um ponto de partida
para abordagens mais específicas sobre a língua de modo geral.
Como é do conhecimento dos usuários da língua, o texto oral dialogado é
fruto de conversação. Esta pode ser definida como "atividade lingüística básica
que pertence às práticas diárias de qualquer cidadão, independentemente de seu
nível sócio-cultural. Ela representa o intercurso verbal em que duas ou mais
pessoas se alternam, discorrendo livremente sobre as questões propiciadas pela
vida diária" (Castilho, 1986: 21).



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Euziana coelho correa

há 12 anos

As marcas características da construção do texto falado decorrem do
vínculo que se estabelece entre falante e ouvinte no momento da interação face a
face. A produção do texto oral revela, então, toda a complexidade de seu processo
de construção, já que planejamento e realização lingüística se estabelecem numa
progressão linear, determinada pelas atividades desenvolvidas entre os
interlocutores na situação discursiva.
Para uma abordagem do texto oral visando à sua aplicação em sala de aula,
no ensino fundamental ou médio, é preciso fornecer aos professores subsídios em
relação às especificidades desse texto, como se instaura o seu processo de
produção e de qual (ou quais) unidade(s) de análise se pode fazer uso para um
estudo eficaz. Nessa perspectiva, buscar-se-á examinar:
1- como se efetiva uma atividade de produção oral;
2- quais as diferenças e semelhanças em relação à escrita;
3- quais os elementos que a compõem;
4- como se articulam, visando ao estabelecimento de um trabalho de integração
entre as duas modalidades da língua.
As nossas gramáticas tratam, via de regra, as relações entre fala e escrita
tendo como parâmetro a língua escrita. Esse procedimento cria uma postura
polarizada e, por vezes, preconceituosa. Segundo Marcuschi (1993), "os
gramáticos imaginam a fala como o lugar do erro, incorrendo assim no equívoco
de confundir a língua com a gramática codificada".
Outro equívoco bastante comum, apontado pelo referido autor, é associar a
língua falada com certos níveis de realização da fala. Este tipo de erro dá origem à
dicotomia: "a fala não tem regras, é informal; já a escrita tem regras, é formal".
Incorreções como essas decorrem do fato de se associar a fala com um dos
níveis de uso da linguagem, ou seja, toma-se a fala como sinônimo de
informalidade. Na verdade, tanto a fala como a escrita abarcam um continuum que
vai do nível mais informal ao mais formal, passando por graus intermediários.
Assim, um mesmo indivíduo apresenta desempenhos diversificados quanto
ao grau de formalidade/ informalidade, variando sua fala e/ou escrita conforme as
condições de produção para a elaboração de seu texto.

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