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Humanização no Atendimento Médico em Comunidades Marginalizadas

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS – UNIFIP 
CURSO DE MEDICINA
EIXO DE HUMANIDADES MÉDICAS
Estudante: ANDREA ITALIANO DA NÓBREGA FIGUEIREDO ARAÚJO
1.º Período Unidade A
Análise da Situação-Problema OCA OCA
Humanização no atendimento médico. 
A comunidade Oca Oca encontrava-se marginalizada das políticas públicas voltadas 
à saúde. Como tal, se adaptou diante do infortúnio de não conseguir médicos ou qualquer 
aparato de saúde que fosse acessível, o que foi desenvolvido pelas parteiras diante da falta dos 
serviços médicos. Destarte, a população criou um vínculo de confiança com estas pessoas que 
dedicam sua vida em ajudar a comunidade neste sentido, realizando os partos, que são feitos 
de forma humanizada, tratamento de doenças de acordo com os saberes populares levados de 
geração em geração, fazendo das parteiras pessoas de sua confiança e estima pessoal, ante os 
cuidados que elas dispensam à população.
Na verdade, as parteiras aplicam os conhecimentos que foram recebidos dos seus 
antepassados, todavia, acabam por serem desprezados pelos profissionais da saúde, 
obviamente por não terem base científica. 
E dentro desse contexto acaba por gerar um conflito entre o científico e o saber 
popular. Por um lado, vem a medicina oficial, exercida por médicos acadêmicos nas 
faculdades de medicina, em que o conhecimento é baseado em estudo científico, em 
contrapartida aos saberes populares, que apesar de não serem comprovados cientificamente, 
são aceitos como tratamentos a serem realizados pela população, seja por respeito aos que o 
fazem, seja por desacreditar da medicina convencional. 
 Na situação-problema, nós vemos claramente esse conflito. Ao passo que os 
médicos questionam as atividades das parteiras e ainda usam de um termo pejorativo para 
defini-las, percebe-se que esses médicos se encontram ainda inseridos dentro do sistema 
biomédico de saúde, que defende a cura do corpo por intermédio de um tratamento médico 
cientificamente fundado, menosprezando as medicinas alternativas em que aquele grupo está 
inserido. 
Entretanto, a forma da crítica a esses a tratamentos alternativos gerou indignação na 
população, que foi há muito esquecida pelas políticas públicas e, consequentemente, sem 
acesso à medicina, aceitou o tratamento das parteiras, que exerciam suas práticas com 
cuidado e dedicação, e dessa forma, o problema saiu do campo médico biológico tomando 
dimensão social.
Essa problemática acaba por ser compreensível, analisando-se do viés em que o 
conceito de saúde não se resume apenas na doença ou ausência de doença, mas compreende 
o ser humano como um todo, levando em consideração suas condições psíquicas e sociais, 
muito além do apenas olhar para a doença, mas considerar o ser humano, total e completo, 
devendo ser ele o foco do tratamento e não a doença em si, surgindo o conceito da medicina 
centrada na pessoa, em que temos o paciente, ou a pessoa, estando ativa no seu tratamento, 
sendo ouvida e, na medida do possível, com as demandas atendidas, considerando-se os 
fatores, sociais e psicológicos que englobam o ser Humano.
Nesse norte, o profissional da saúde deve ter em mente que as pessoas carregam 
consigo as suas crenças e valores, os quais não podem ser desrespeitados ou desprezados, sob 
a penalidade de se perder o vínculo com o paciente, acarretando a perca de confiança, fator 
essencial ao tratamento médico, uma vez que o paciente necessita de ter confiança no 
tratamento médico para poder e querer executá-lo de forma correta.
Na situação-problema o Dr Ricardo deverá assumir uma postura diferente dos 
profissionais de saúde anteriores. Os desafios que serão por ele enfrentados deverão 
considerar a importância social das parteiras enquanto pessoas ativas na saúde da 
comunidade, uma vez que elas detêm o respeito daquela população no cuidado à saúde. 
Respeitando essa situação, ele poderá utilizar as parteiras como a ligação com a comunidade 
no sentido de facilitar os tratamentos e prevenção nos cuidados médicos. 
O médico deverá ouvir e entender as demandas da população, suas concepções de 
saúde, de doença, de seus cuidados, respeitando os valores de cada paciente e integrando-os 
às práticas médicas, no sentido de fortalecer a aplicação médica científica à população, algo 
que será trabalhado em conjunto médico e comunidade, e não somente imposto, pelo fato do 
médico ser o detentor do conhecimento e da técnica científica a cada situação. 
Deve se considerar que a humanização deve estar integrada com o conhecimento 
científico para que se verifique a realização do tratamento necessário à situação apresentada, a 
final, o ser humano e um ser completo, afetuoso e que necessita criar esse vínculo de 
confiança agindo ativamente na sua cura, fato que será desencadeado a partir do 
comportamento do médico, que sendo o profissional da saúde, irá, além de direcionar o 
tratamento necessário com as técnicas científicas, atuar para a aplicação fática do tratamento, 
cuja atuação tem que considerar os demais fatores, já elencados, além da doença em si.
 
Referências Bibilográficas
CZERESNIA, Dina; MACIEL, Elvira Ma. G. de S.; OVIEDO, Rafael A. Malagón. Os 
sentidos da saúde e da doença. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, p. 2013. (texto para o 
estudo sobre o tópico Concepções de saúde e doença)
BATISTELLA, Carlos. Saúde, doença e cuidado: complexidade teórica e necessidade 
histórica. In: FONSECA, Angélica F.; CORBO, Ana Mª. D. O território e o processo saúde-
doença. Rio de Janeiro: EPSJV/ FIOCRUZ, 2007. (texto para o estudo do tópico História das 
práticas médicas)
GIDDENS, A. Sociologia do corpo: saúde, doença e envelhecimento. In: Sociologia. 4. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2010. (trechos selecionados do texto para o estudo sobre o paradigma 
biomédico)
KEMPS, Kênia. A relação saúde-doença. In: GUERREIRO, Silas (org.). Antropos e Psique: o 
outro e a subjetividade. Olho D’água: São Paulo, 2012. (texto para o estudo sobre noção de 
sistema médico)
OLIVEIRA, Elda Rizzo de. O que é medicina popular. São Paulo: Brasiliense, 1985. (texto-
base para o estudo de caso)
VASCONCELOS, E. M. Educação Popular e a terapêutica médica. In: Educação Popular: 
outros caminhos. João Pessoa: Ed UFPB, 2001. p. 123-134. (texto-base para o estudo de caso)