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2 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 1 CONCEITO ...................................................................................................... 5 2 CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE ........................................................ 5 3 CRIMES DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ............................................. 9 4 CRIMES DE TRÂNSITO ............................................................................... 13 5 CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER ............................................................................................................. 17 6 CRIMES PREVISTOS NA LEI DE INTORPECENTES ................................. 26 6.1 Infrações penais de menor potencial ofensivo prevista na Nova Lei de Drogas ................................................................................................. 32 6.2 Crimes apenados de detenção ............................................................ 33 6.3 Crimes apenados com reclusão .......................................................... 34 6.4 Causas de aumento da pena ............................................................... 36 6.5 Inimputabilidade e Semi imputabilidade .............................................. 37 6.6 Delação premiada ................................................................................ 38 7 ESTATUTO DO DESARMAMENTO ............................................................. 38 8 JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL ................................................................. 41 8.1 Conceito .............................................................................................. 41 8.2 Princípios ............................................................................................. 41 8.3 Competência ....................................................................................... 45 8.4 Medidas Despenalizadoras ................................................................. 46 8.5 Representação criminal nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas .............................................................................................. 47 8.6 Impeditivos processuais ...................................................................... 48 8.7 Execução ............................................................................................. 49 8.8 Recursos ............................................................................................. 49 9 REFERÊNCIAS BIBIOGRAFICAS ............................................................... 52 4 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 CONCEITO Lei especial é a que a Constituição confia à disciplina de matéria determinada, e o direito penal especial é direcionado a uma classe de indivíduos de acordo com sua qualidade especial, e atos ilícitos particularizados. Pode-se falar em legislação penal especial como sendo as normas penais que não se encontram no referido estatuto, mais é constituída pelos demais diplomas legais aplicados por órgãos especiais constitucionalmente previstos. 2 CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE A Lei 13.869/19 cuja vigência substituiu a predecessora lei 4.898/65, e cuida dos crimes de abuso de autoridade tendo em vista que o ordenamento jurídico observou a necessidade da adoção de tipos penais mais taxativos para os delitos, visando que autoridades no exercício da sua função poderá ser responsabilizada em três esferas: penal, cível e administrativa. Na nova legislação da Lei de Abuso de Autoridade o artigo 1º estabelece o seguinte: Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. (BRASIL, 2019) 6 Para caracterizar o abuso de autoridade é necessário que haja o dolo específico conforme previsto na lei, as finalidades exigidas e específicas para configurar esse crime, são: - Prejudicar outrem - Beneficiar a si mesmo - Beneficiar terceiros - Por mero capricho - Por satisfação pessoal O artigo 2º da lei nº 13.869/2019 se trata de crime próprio, praticado pelos agentes públicos e dispõe o seguinte: Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: I - Servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II - Membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder Executivo; IV - Membros do Poder Judiciário; V - Membros do Ministério Público; VI - Membros dos tribunais ou conselhos de contas. Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. (BRASIL, 2019) Os agentes públicos que mantem vínculo com o Estado atuarão como sujeito ativo do delito de abuso de autoridade, e os agentes políticos, conforme o entendimento do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) são considerados agentes públicos para efeito da lei. O art. 3º da Lei n. 13.869/19 dispõe que os crimes previstos são de ação penal pública incondicionada: 7 Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. (BRASIL, 2019) Os efeitos da condenação são todos os resultados que direta ou indiretamente, atingem a pessoa do condenado por sentença transitada em julgado. É possível concluir que o efeito da condenação constante do art.4º, inciso I da lei 13.869/19 – obrigação de reparar o dano causado pelo crime – é um efeito extrapenal obrigatório em relação aos crimes de abuso de autoridade. Já os art.5º ,6º e 7º da Lei n.13.869/2019, dispõe que: Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei são: I - Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; II - Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis. Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração. Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal. 8 Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (BRASIL, 2019) A sentença absolutória não exerce influência sobre o processo civil e administrativo, salvo que haja inexistência categoricamente material do fato ou que afaste autoria e participação. De tudo isso destaca-se a importância de se analisar em conjunto o art. 386 do CPP cujos os incisos dispõem sobre os fundamentos da sentença absolutória. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - Estar provada a inexistência do fato; neste caso o juiz formou sua convicção no sentido na inocorrência do fato, excluindo assim responsabilização em qualquer esfera. II - Não haver prova da existência do fato; esta decisão é proferida quando, por ocasião da sentença, persistir dúvida quanto a existência do fato delituoso. Trata-se de decisão baseada na regra do in dubio pro reo. Logo, não faz coisa julgada no âmbito cível e administrativo. III - não constituir o fato infração penal; não constituir o fato infração penal não significa ca que o fato não causou prejuízo a outrem, ou seja, passível de responsabilização civil ou administrativa. IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) Nos mesmos moldes do inciso I essa decisão é baseada em um juízo de certeza e, portanto, afasta responsabilização em todas as esferas uma vez que o sujeito não concorreu para pratica do ato. V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) O juízo penal para condenação deve ser baseado em um juízo de certeza, convicção de que o indivíduo concorreu de alguma maneira para infração penal. Uma vez não tendo convicção de tal autoria ou participação não resta ao juiz decisão outra que absolver o réu, porém, como as regras de responsabilização administrativas e civis por envolverem bens disponíveis são mais maleáveis, tal sentença penal não interfere em outras esferas. VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 19 VII – não existir prova sufi ciente para a condenação. (BRASIL, 2019) A nova lei vale destacar: Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: (Promulgação partes vetadas) Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 9 Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de: I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível. (BRASIL, 2019) No art.13 da Lei de abuso de autoridade é nítido a preocupação com a honra do preso/detento: Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; III - (VETADO). (Promulgação partes vetadas) III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. (BRASIL, 2019) O art. 14 em sua redação original previa a conduta de fotografar ou filmar o detento sem sua autorização mediante constrangimento. Contudo tal dispositivo foi vetado sob argumentação de causar insegurança jurídica por se tratar de tipo penal aberto. 3 CRIMES DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA A interceptação telefônica quanto à natureza jurídica consiste no ato de interferir nas comunicações telefônicas para ter acesso ao seu conteúdo, é uma obtenção de prova, uma captação (sem interrupção) de conversa telefônica alheia, sem que os interlocutores tenham ciência da ingerência de um terceiro na comunicação. Sendo assim, a art. 5º, inciso XII da CF/88 é de clareza solar, ele diz o seguinte: “A interceptação telefônica pode ser utilizada na investigação criminal ou instrução processual penal, ou seja, a interceptação somente vale como prova criminal. ” (BRASIL,1988) 10 A Lei 13.869/2019 que foi sancionada em 05 de dezembro de 2019, revogou expressamente a antiga Lei 4.898/1965, além de alterações relevantes na Lei de Prisão Temporária, na Lei das Interceptações Telefônicas, no Código Penal e no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. Vale ressaltar que a interceptação telefônica é uma medida regrada pela Lei nº 9.296/96, tendo legitimidade a autoridade policial e o Ministério Público para representação e requerimento. O juiz também é legitimado na fase inquisitorial bem como na fase processual com o surgimento da Lei 13.964/2019, intitulada de Lei Anticrime, com o objetivo de combater o crime organizado, a violência e principalmente a corrupção, e passou a prever a competência do Juízo da Execução Penal: Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (BRASIL, 2019) A Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, modificou a redação do caput e do parágrafo primeiro do artigo 75 do Código Penal, para modificar o limite de 30 para 40 anos: Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (BRASIL, 2019) Cumpre destacar que a modificação só será aplicada para os crimes cometidos após o início de vigência da Lei 13.964/2019, por se tratar de lei penal posterior que prejudica o réu. A interceptação por ser uma medida de extrema gravidade tem alguns requisitos: 11 - Autorização judicial - esse instrumento constitui uma restrição do direito à intimidade, e cabe ao Juiz de Direito analisar a procedência do pedido e determinar a medida, que também chamamos de cláusula de reserva de jurisdição. - Último meio de prova disponível - a interceptação telefônica será utilizada quando todos os outros meios de prova falharem. - Existência de indícios suficientes de autoria ou participação em infração penal é preciso verificar os indícios suficientes para que o Juiz possa determinar a interceptação telefônica, ou seja, essa medida não se verificará quando houver mera suspeita, é necessário que haja evidências plausíveis para indicar determinada pessoa como autor ou partícipes de um delito. - Crime deve ser punido com reclusão – é necessário que haja o deferimento de prova, ou seja, que o crime que está sendo apurado. - Seja punido com reclusão - esse processo só é permitido em crimes mais graves, como: homicídio, roubo, falsidade ideológica, tráfico de drogas, extorsão mediante sequestro, entre outros. Cabe às seguintes autoridades requererem a captura das conversas telefônicas: o Delegado de Polícia durante o inquérito policial, e o representante do Ministério Público a qualquer tempo, e Juiz analisará o pedido e o autorizará ou não. Quanto à gravação clandestina, ela ocorre quando um dos interlocutores realiza a gravação sem o consentimento do outro. Essa medida é feita para provar algum crime ou escuta por quem está realizando o ato, e, segundo os Tribunais Superiores, é uma prova lícita. Vale alertar que realizar interceptação telefônica sem autorização é crime previsto no art. 10º da Lei nº 9.296/96, com punição de reclusão de dois a quatro anos: 12 Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei nº 13.869 de 2019) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.869 de 2019) Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei. (Incluído pela Lei nº 13.869 de 2019) Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) De acordo com a Constituição Federal e a Lei de Interceptação Telefônica, essa medida é utilizada em instruções penais, ou processuais penais, havendo uma ressalva feita pelos Tribunais Superiores que permite a aplicação dessa prova em procedimentos administrativos. O entendimento do STJ é que as captações de conversas telefônicas são como ”provas emprestadas” nos processos administrativos, ou seja, esse meio de prova não pode ser deferido originalmente com base em litígio administrativo, e podendo ser usado a interceptação para observar todos os pressupostos. Em vista disso, nota-se que a interceptação telefônica é um meio de prova importante no esclarecimento de algumas situações, e deve ser utilizado com muito cuidado para que não sejam feridos direitos fundamentais do cidadão. 13 4 CRIMES DE TRÂNSITO Os atos que são considerados crimes de trânsito estão previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) da Lei nº 9.503/97 sendo um documento legal que define atribuições de diversas autoridades e órgãos ligados ao trânsito do Brasil, estabelece normas de conduta, fornece diretrizes para a engenharia de tráfego, infrações e penalidades para usuários desse complexo sistema. No dia 13 de outubro de 2020 foi criada a Lei nº 14.071/20 E que traz normas gerais de circulação e conduta, mas não se trata de um novo código, é apenas uma lei com alteração à redação final do CTB (lei 9.503/97). Trataremos de algumas das principais mudanças: - Aumento na validade da CNH-todos os documentos emitidos a partir de hoje passam a valer 10 anos para condutores de até 50 anos de idade, acima dessa idade será a cada 5 anos. E para idosos acima de 70 anos de idade anos devem emitir um novo documento a cada três anos: “Art. 147, § 2º O exame de aptidão física e mental, a ser realizado no local de residência ou domicílio do examinado, será preliminar e renovável com a seguinte periodicidade: I - A cada 10 (dez) anos, para condutores com idade inferior a 50 (cinquenta) anos; II - A cada 5 (cinco) anos, para condutores com idade igual ou superior a 50 (cinquenta) anos e inferior a 70 (setenta) anos; III - a cada 3 (três) anos, para condutores com idade igual ou superior a 70 (setenta) anos. § 4º Quando houver indícios de deficiência física ou mental, ou de progressividade de doença que possa diminuir a capacidade para conduzir o veículo, os prazos previstos nos incisos I, II e III do § 2º deste artigo poderão ser diminuídos por proposta do perito examinador. § 6º Os exames de aptidão física e mental e a avaliação psicológica deverão ser analisados objetivamente pelos examinados, limitados aos aspectos técnicos dos procedimentos realizados, conforme regulamentação do Contran, e subsidiarão a fiscalização prevista no § 7º deste artigo. § 7º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, com a colaboração dos conselhos profissionais de medicina e psicologia, deverão fiscalizar as entidades e os profissionais responsáveis pelos exames de aptidão física e mental e pela avaliação psicológica no mínimo 1 (uma) vez por ano. ” (NR). (BRASIL, 2020) 14 - Nova pontuação - a partir de agora há uma gradação no aumento na pontuação da carteira e dependendo da gravidade da infração o condutor pode perder o documento com 20, 30 ou 40 pontos acumulados no prazo de 1 ano (12 meses). Para quem é motorista profissional a regra é sempre de 40 pontos e os que se enquadram nesse perfil são os taxistas, motoristas de aplicativos, moto taxistas e caminhoneiros. - Curso de reciclagem somente 30 pontos - os profissionais dessa área que acumularem 30 pontos em 1 ano (12 meses) será necessário fazer o curso de reciclagem para só assim zerar a pontuação: “§ 5º No caso do condutor que exerce atividade remunerada ao veículo, a penalidade de suspensão do direito de dirigir de que trata o caput deste artigo será imposta quando o infrator atingir o limite de pontos previsto na alínea c do inciso I do caput deste artigo, independentemente da natureza das infrações cometidas, facultado a ele participar de curso preventivo de reciclagem sempre que, no período de 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, conforme regulamentação do Contran. ” (BRASIL, 2020) - Multas viram advertências – as infrações leves ou médias sem reincidência no prazo de 1 ano (12 meses) se tornam apenas advertências, e os pedestres não poderão mais ser multados. - Porte da CNH não obrigatório – essa mudança possibilita que o condutor possa conduzir sem a CNH, salvo se acontecer alguma abordagem e for possível identificação ao sistema informatizado e comprove que o motorista está habilitado (CNH digital). A CNH digital também passa a valer como um documento de identidade em todo o território nacional. - Exames toxicológicos – o condutor que for flagrado dirigindo em velocidade acima de 50% do limite permitido, não terá apreensão imediata, nem a suspensão da carteira, o motorista entrará em um processo administrativo para perder a CNH. 15 - Licenciamento só depois do recall - essa alteração se refere à obrigatoriedade do recall. Os veículos que não comparecerem ao recall em prazo superior a 1 ano (12 meses) terá isso registrado no CRVL. Sendo assim, o motorista só poderá ser licenciado novamente depois de comprovado o atendimento para reparo. - Faróis acesso - pelo novo texto é obrigatório o uso de farol baixo apenas em rodovias de via simples. E passa a ser obrigatório por lei acender as luzes em qualquer tipo de túnel, sob neblina ou cerração. Já as motos a obrigatoriedade é manter as luzes acessas o tempo todo. - Cadeirinhas - por obrigatoriedade foi mantida o uso da cadeirinha, e o código prevê multa gravíssima para o não cumprimento, o que mudou é o limite de altura: Crianças de 1,45 metro de até 10 anos devem usar o dispositivo de retenção por lei. E motos, motonetas, ciclomotores só poderão transitar com crianças acima de dez anos. - Prazo estendido para defesa prévia - o prazo para indicar o condutor e para apresentação de defesa prévia sobe de 15 para 30 dias. - Multa ao parar em ciclovia – o condutor que será passível de multa caso utilizar ciclovias ou ciclo faixas como embarque ou desembarque, ou até mesmo se utilizar como estacionamento. De acordo com o texto, o motorista poderá receber multa de R$ 195,23 (infração grave) e soma de 5 pontos na CNH. Vale ressaltar que agora é considerado um ato passível de multa ultrapassar ciclistas, podendo receber multa gravíssima de R$ 293,47 e soma de 7 pontos na carteira. - Fim da prisão alternativa aos condutores condenados por homicídio culposo - essa norma impede que ocorra uma substituição da prisão por apenas alternativa aos condutores que sob efeito de substancias psicóticas, álcool, provocarem lesão corporal ou morte. A ideia é proibir que o motorista que cometer algum desses atos possa cumprir penas alternativas ao invés da prisão. 16 - Multa mais leve para motociclistas sem viseira ou óculos – quem conduzir motocicleta, motoneta ou ciclomotor com capacete sem viseira/óculos de proteção ou com viseira/óculos em desacordo com o Contran estará cometendo uma infração média. Sendo assim, o condutor será passível de multa de R$ 130,16, além da retenção do veículo para regularização: “Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta ou ciclomotor: I - Sem usar capacete de segurança ou vestuário de acordo com as normas e as especificações aprovadas pelo Contran; IV - (revogado); V - Transportando criança menor de 10 (dez) anos de idade ou que não tenha, nas circunstâncias, condições de cuidar da própria segurança: Infração - gravíssima; Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir; Medida administrativa - retenção do veículo até regularização e recolhimento do documento de habilitação; X - Com a utilização de capacete de segurança sem viseira ou óculos de proteção ou com viseira ou óculos de proteção em desacordo com a regulamentação do Contran; XI - transportando passageiro com o capacete de segurança utilizado na forma prevista no inciso X do caput deste artigo: Infração - média; Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo até regularização; XII – (VETADO). (BRASIL, 2020) Essa iniciativa do Governo Federal veio como uma aposta de campanha, com intuito de torna-lo mais adequado a nossa realidade, eliminando os excessos que causam grande desconforto a população. A partir de agora o CTB passa a ter a seguinte norma: “Art. 134. No caso de transferência de propriedade, expirado o prazo previsto no § 1º do art. 123 deste Código (30 dias) sem que o novo proprietário tenha tomado as providências necessárias à efetivação da expedição do novo Certificado de Registro de Veículo, o antigo proprietário deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do 17 Estado ou do Distrito Federal, no prazo de 60 (sessenta) dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação. Parágrafo único. O comprovante de transferência de propriedade de que trata o caput deste artigo poderá ser substituído por documento eletrônico com assinatura eletrônica válida, na forma regulamentada pelo Contran.” (NR) (BRASIL, 2020) Verifica-se nesse caso que houve o aumento do prazo, antes era de 30 dias, e agora são 60 dias para a comunicar a venda, possibilitando que os processos sejam eletrônicos. No artigo 233 do CTB também houve modificação, esse trata da infração propriamente dita. Houve a diminuição da pontuação e consequentemente do valor da multa quando o cidadão não concluir o procedimento de transferência dentro do prazo legal junto ao Detran. Sendo considerada infração média. 5 CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER Essas agressões têm graves consequências por serem complexas, desumanas e não ocorrerem isoladamente, podendo ser considerado ato de violação aos direitos humanos, vejamos os tipos de violência: A violência física é qualquer conduta que que ofenda a integridade ou saúde corporal: espancamento, atirar objetos, sacudir e apertar os braços, estrangulamento ou sufocamento, lesões com objetos cortantes ou perfurantes, ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo e tortura. A violência psicológica é qualquer conduta que cause danos emocionais, diminuição da autoestima, perturbação do desenvolvimento, ou atitudes que tente controlar ações, crenças e comportamentos (decisões), exemplos: humilhação, ameaças, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insultos, limitação no direito de ir e vir, etc. A violência sexual pode ser qualquer conduta não desejada que constranja, mediante uso de força, ameaça ou coação: estupro, obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causem desconforto ou repulsa, impedir o uso de 18 métodos contraceptivos ou forçar a mulher ao aborto, forçar matrimônio, prostituição, limitar ou anular o exercício dos direitos reprodutivos da mulher. Na violência patrimonial o companheiro usa o dinheiro ou toma posse dos bens materiais para controlar a mulher, visando satisfazer suas necessidades e passa a: controlar o dinheiro, não paga a pensão alimentícia, destruição de documentos, extorsão ou dano, estelionato, etc. E a violência moral é qualquer calúnia, difamação ou injúria: acusar a mulher de traição, críticas mentirosas, expor a vida íntima, etc. A Lei nº 11.340, no dia 07 de agosto de 2006 conhecida como Lei Maria da Penha, dispõe que todo caso de violência doméstica ou intrafamiliar é crime. Esses crimes serão julgados por: Juizados Especializados de Violência Doméstica contra a Mulher. O artigo 5º, da Lei 11.340/06, define o que configura violência doméstica e familiar: Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015) I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. (BRASIL, 2006) Valéria Diez Scarance Fernandes (2015) leciona sobre a violência física: Normalmente, a violência física manifesta-se por tapas, socos, empurrões e agressões com instrumentos, contundentes ou cortantes, que podem provocar marcas físicas e danos à saúde da vítima. Conforme a gravidade do resultado e as circunstâncias do fato, pode ser tipificada como vias de fato, lesão corporal, tortura ou feminicídio (FERNANDES, 2015, p. 60) 19 Lei Maria da Penha: É vista como uma das leis mais famosas do país, esse instrumento legislativo ganhou destaque por refletir na vida de várias mulheres que sofrem violência, seja ela física, psicológica, moral ou sexual. A lei Maria da Penha está intimamente ligada a atuação de diversas áreas profissionais, o que eleva ainda mais a sua importância, essa lei é um instrumento legislativo que tem como objetivo principal criar mecanismos para coibir, prevenir e proteger qualquer violência de gênero em âmbito doméstico e familiar tentado contra a vida da mulher. Além de ter se tornado um dispositivo legal para punir rigorosamente quem cometa esse tipo de violência. Um dos pontos que se destacam são: concessão de medida protetiva de urgência em até 48 horas; decretação de prisão preventiva do agressor; tipificação da violência doméstica e familiar contra a mulher; renúncia da denúncia somente peranteo juiz; e proibição de penas pecuniárias ao agressor (pagamento de multas ou cestas básicas). Muitos dos casos, a violência se relaciona com uma forte presença de cultura machista, que acaba resultando na maioria das vezes em vítimas do sexo feminino. Essa cultura machista imposta na sociedade, dá a mulher papéis pré- estabelecidos, como por exemplo, cuidar dos filhos, do ambiente doméstico, e muita das vezes mesmo que tenha um trabalho, e tenha autonomia financeira, ainda assim terá que se dividir em várias, para conseguir assumir todas as responsabilidades anteriormente impostas. Temos também a violência de gênero, que é composta de resultados de construção social, ou seja, é resultado de uma dominação do sexo masculino sobre o sexo feminino, que acaba por resultar e se justificar as violências físicas, sexuais, morais ou patrimoniais, deles contra elas. Muitos autores que praticam violência doméstica, tendem a culpabilizar a vítima e negar sua responsabilidade pelo episódio agressivo, usando várias desculpas como por exemplo, interferência de terceiros na relação, comportamento indevido da companheira, os cuidados com os filhos e os afazeres domésticos. É o que se depreende de alguns relatos: 20 Ela me incomoda. Às vezes não dá pra aguentar; ela que quer tá certa; ela humilha, magoa a gente. A minha mulher não se preocupa em fazer a comida pra quando eu chego em casa e ainda por cima às vezes quando vou comer se foi ela que comprou me provoca dizendo que eu vou comer a comida dela. Ela quer mandar em casa!!! Quer dominar, quer sempre que a gente faça... Seja a perfeição ... o que é a perfeição.... não ir com os amigos depois do trabalho no armazém, não fazer nada. 'a própria língua delas desestrutura o homem, daí o cara não tem como, começa a rebaixar, daí vai indo, daí uma hora não tem limite, daí ele já está no ponto'; Não cheguei a bater... não... fisicamente... é que a minha mulher escutava muito os outros lá de fora... Daí eu virava num bicho. (ROSA et al, 2008, p. 156,157 e 158) Sendo assim, a reeducação do agressor é imprescindível para uma eficácia do processo preventivo e protetivo, pois a partir daí que o autor da violência doméstica adotará novas condutas ao se relacionar com a mulher, e com isso evitará reincidência no crime contra a mesma vítima ou relacionamentos futuros. Conceito: Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, ou seja, é como se as mulheres tivessem menos direitos do que os homens. A Lei nº 13.104/2015 veio para mudar esse panorama, e previu que o feminicídio deve ser punido como homicídio qualificado. Luciana Maibash Gebrim e Paulo César Corrêa Borges (2014), doutrinam sobre o conceito de feminicídio: O femicídio/feminicídio representa uma violência extrema contra a mulher pelo fato tão somente de ser mulher e ataca o principal bem jurídico protegido pelo Direito Penal, a vida; porém, apresenta caráter sistemático, decorrente de relações de poder, de discriminação e de opressão baseadas no patriarcado, que transformam a mulher em um ser inominado, sem vontade própria, incapaz de reverter a situação na qual se encontra. (GEBRIM; BORGES, 2014) 21 Francisco Dirceu Barros (2015), também define o feminicídio: O feminicídio pode ser definido como uma qualificadora do crime de homicídio motivada pelo ódio contra as mulheres, caracterizado por circunstâncias específicas em que o pertencimento da mulher ao sexo feminino é central na prática do delito. Entre essas circunstâncias estão incluídos: os assassinatos em contexto de violência doméstica/familiar, e o menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Os crimes que caracterizam a qualificadora do feminicídio reportam, no campo simbólico, a destruição da identidade da vítima e de sua condição de mulher. Também conhecido como “crime fétido”, vem a ser uma expressão que vai além da compreensão daquilo designado por misoginia, originando um ambiente de pavor na mulher, gerando o acossamento e sua morte. Compreendem as agressões físicas e da psique, tais como o espancamento, suplício, estupro, escravidão, perseguição sexual, mutilação genital, intervenções ginecológicas imotivadas, impedimento do aborto e da contracepção, esterilização forçada, e outros atos dolosos que geram morte da mulher. (BARROS, 2015) O feminicídio por ser um crime de ódio, é também um processo contínuo de violência, a mulher é morta devido ao seu gênero, e violência se torna rotina em seu lar. Nestes termos: Trata-se de um crime de ódio. O conceito surgiu na década de 1970 com o fim de reconhecer e dar visibilidade à discriminação, opressão, desigualdade e violência sistemática contra as mulheres, que, em sua forma mais aguda, culmina na morte. Essa forma de assassinato não constitui um evento isolado e nem repentino ou inesperado; ao contrário, faz parte de um processo contínuo de violências, cujas raízes misóginas caracterizam o uso de violência extrema. Inclui uma vasta gama de abusos, desde verbais, físicos e sexuais, como o estupro, e diversas formas de mutilação e de barbárie (MENICUCCI, 2015) Vale ressaltar a distinção dos conceitos de “feminicídio” e “Femicídio”. Este último é o homicídio perpetrado contra a mulher, e feminicídio consiste em homicídio perpetrado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. É dizer, não é todo homicídio de mulher que configura um feminicídio, mas apenas aqueles os quais se revele as denominadas “razões de sexo feminino” (BELDEL, 2017, p.461-490). 22 Rogério Sanches Cunha (2016) leciona sobre a diferenciação entre Feminicídio e Femicídio: Matar mulher, na unidade doméstica e familiar (ou em qualquer ambiente ou relação), sem menosprezo ou discriminação à condição de mulher é FEMICÍDIO. Se a conduta do agente é movida pelo menosprezo ou discriminação à condição de mulher, aí sim temos FEMINICÍDIO. (SANCHES, 2016) Bianchini (2015) disserta sobre o feminicídio: [...]a violência doméstica e familiar que configura uma das razões da condição de sexo feminino (art. 121, § II-A) e, portanto, feminicídio, não se confunde com a violência ocorrida dentro da unidade doméstica ou no âmbito familiar ou mesmo em uma relação íntima de afeto. Ou seja, pode-se ter uma violência ocorrida no âmbito doméstico que envolva, inclusive, uma relação familiar (violência do marido contra a mulher dentro do lar do casal, por exemplo), mas que não configure uma violência doméstica e familiar por razões da condição de sexo feminino (Ex. marido que mata a mulher por questões vinculadas à dependência de drogas). O componente necessário para que se possa falar de feminicídio, portanto, como antes já se ressaltou, é a existência de uma violência baseada no gênero (Ex.: marido que mata a mulher pelo fato de ela pedir a separação). (BIANCHINI, 2015, p. 3) Tipologia: O feminicídio ocorrer de diversas maneiras, sendo necessário apresentar sua tipologia. Nesses termos descrevem Borges e Gebrim (2015): Feminicídio íntimo, que é aquele em que a vítima tinha ou havia tido uma relação de casal com o homicida, não se limitando às relações com vínculo matrimonial, mas estendendo-se aos conviventes, noivos, namorados e parceiros, além daqueles praticados por um membro da família, como o pai, padrasto, irmão ou primo. (BORGES; GEBRIM, 2015) Já no feminicídio não íntimo, o agressor não possuí nenhum tipo de relacionamento íntimo, familiar ou de convivência com a vítima. A vítima tem é uma relação de confiança ou amizade. 23 Os autores Borges e Gebrim (2015) se posicionam acerca do feminicídio não íntimo: [...] feminicídio não íntimo, aquele em que a vítima não tinha qualquer relação de casal ou familiar com o homicida. Incluem-se nessa categoria a morte provocada por clientes – em se tratando de trabalhadoras sexuais –, por amigos, vizinhos ou desconhecidos, assim como a morte ocorrida no contexto do tráfico de pessoas, sempre tendo o motivo sexual como fundamental para sua qualificação como feminicídio. (BORGES; GEBRIM, 2015) Cunha (2015) afirma que o autor do crime de feminicídio pode ser qualquer pessoa, não importando se o autor é homem ou mulher. A incidência da qualificadora reclama situação de violação praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e submissão pratica por homem ou mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade. (CUNHA, 2015, p. 01) Aspectos jurídicos: A Lei nº 13.104/2015 desde sua promulgação, tem despertado discussões acerca de sua eficácia, abrangência, necessidade, natureza jurídica, constitucionalidade, assim como possíveis equívocos legislativos. Ao contrário, os doutrinadores Aline Bianchini e Luiz Flávio Gomes (2015), entendem que a qualificadora do feminicídio não é de natureza objetiva, e subjetiva: A qualificadora do feminicídio é nitidamente subjetiva. Sabe-se que é possível coexistência das circunstâncias privilegiadoras (§ 1º do art. 121), todas de natureza subjetiva, com qualificadoras de natureza objetiva (§ 2º, III e IV). Quando se reconhece (no júri) o privilégio (violenta emoção, por exemplo), crime, fica afastada, automaticamente, a tese do feminicídio (posição de Rogério Sanches, que compartilhamos). É impossível pensar num feminicídio, que é algo abominável, reprovável, repugnante à dignidade da mulher, que tenha sido praticado por motivo de relevante valor moral ou social ou logo após injusta provocação da vítima. Uma mulher usa minissaia. Por esse motivo fático o seu marido ou namorado lhe mata. E mata por uma motivação aberrante de achar que a mulher é de sua posse, que a mulher é objeto, que a mulher não pode contrariar as vontades do homem. Nessa motivação há uma ofensa à condição de sexo feminino. 24 O sujeito mata em razão da condição do sexo feminino. Em razão disso, ou seja, por causa disso. Seria uma qualificadora objetiva se dissesse respeito ao modo ou meio de execução do crime. A violência de gênero não é uma forma de execução do crime, sim, sua razão, seu motivo. Por isso que é subjetiva (BIACHINI; GOMES, 2014) Eduardo Luiz Santos Cabette (2015) também entende que a qualificadora do feminicídio é subjetiva: Perceba-se que a qualificadora do feminicídio não é objetiva como pode parecer em uma análise perfunctória. Não basta que a vítima seja mulher (fato objetivo), mas a isso deve aliar-se o dolo específico de que a morte tenha por motivação a violência de gênero, o menosprezo ou a discriminação à condição de mulher. Dessa forma, a qualificadora em estudo é de natureza subjetiva e, portanto, incompatível com o homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, do CP), que prevê diminuição de pena, todas elas de natureza também subjetiva. Ou seja, na figura do feminicídio não é possível o reconhecimento do chamado “homicídio privilegiado-qualificado”, mas tão somente do homicídio qualificado (CABETE, 2015, p. 33) Fernando Capez (2018), entende que a qualificadora do feminicídio é de natureza subjetiva. Neste sentido dispõe: Importante destacar que a qualificadora do feminicídio é de natureza subjetiva, ou seja, está relacionada com a esfera interna do agente (“razões de condição de sexo feminino”). Não pode ser considerada como objetiva, pois não tem relação com o modo ou meio de execução da morte da vítima. (CAPEZ, 2018, p. 129) Já para Luciano Anderson de Souza e Paula Pécora de Barros (2016), a natureza da qualificadora é mista, carregando traços objetivos e subjetivos, respectivamente nos incisos I e II: Isso porque se considera violência doméstica e familiar de acordo com o conceito extraído da Lei Maria da Penha, em seu art. 5º.2 Em vista disso, a qualificadora pode ser considerada de natureza objetiva, constituindo “quadro fático-objetivo não atrelado, aprioristicamente, aos motivos determinantes da execução do ilícito”. Seguindo tal interpretação, no entanto, considera-se possível que a qualificadora 25 seja aplicada em casos em que não houver propriamente discriminação por condição de ser mulher, demonstrando possível equívoco de tal dado objetivo estar inserido em disposição que trata de circunstâncias de natureza subjetiva, ou seja, pela motivação do crime em razão da condição de sexo feminino. A norma presente no inciso II, por outro lado, dependerá de interpretação do aplicador, que deverá definir a extensão da expressão menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Esse inciso abarca cenário maior do que violência doméstica ou familiar, e será aplicado em qualquer situação de fato que não ocorra no âmbito doméstico, familiar ou de relação íntima entre o agente e a vítima, devendo necessariamente nesse inciso haver menosprezo ou discriminação contra a mulher. (SOUZA; BARROS, 2016) Antônio Miguel José Feu Rosa (1995), define motivo torpe: Aquele que se contrapõe ostensivamente às mínimas regras éticas e morais da sociedade, que afronte os bons costumes, que imprime ao crime, além do aspecto reprovável normal, o caráter de baixeza e indignidade. (ROSA, 1995, p.74) Rogério Greco (2015) leciona sobre motivo fútil ou torpe: Motivo fútil é aquele motivo insignificante, gritantemente desproporcional. Torpe é o motivo abjeto, vil que nos causa repugnância, pois atenta contra os mais basilares princípios éticos e morais. Exemplo do primeiro caso seria o caso do agente agredir o garçom que, equivocadamente, debitara-lhe uma cerveja a mais em sua conta; já com relação ao segundo, temos as hipóteses citadas por 25 Mirabete daquele que espanca uma meretriz que não quer ser explorada ou a testemunha que prestou depoimento contra os interesses do agente (GRECO,2015, p.647) Ao prever a qualificadora do feminicídio na lei 13.104/15 não houve nada de novo, o que mudou foi o nome da conduta. Antes do advento da referida Lei, o homicídio de uma mulher por razões de gênero, era qualificado como homicídio torpe ou fútil. Neste mesmo sentido Daniel Wollz Marques e Isaac Sabbá Guimarães (2015): O feminicídio enquadra-se perfeitamente no conceito de Direito Penal Simbólico, uma vez que se trata de criminalização de uma conduta originada sem um estudo Político-Criminal, justificada apenas em dados estatísticos de violência contra a mulher, visando, de maneira clara, instituir tranquilidade na população e transparecer que o legislador está cumprindo com seu dever. Há, outrossim, a ausência de observação do princípio da legalidade, pois a lei trouxe um conceito 26 aberto, dando margem a uma vasta interpretação sobre o que seria “menosprezo e discriminação à condição de mulher”, bem como uma criminalização desnecessária, pois o agente matar uma mulher pelo simples fato de ter menosprezo e/ou discriminação pela condição do gênero dela, subsume-se ao inciso I,do § 2º do art. 121 (homicídio qualificado por motivo torpe). (MARQUES; GUIMARÃES, 2015) Luís Flávio Gomes e Aline Biachini (2015), sustentam que o feminicídio já era qualificadora classificada como crime hediondo, devido ao motivo torpe ou fútil: A rigor, o feminicídio já poderia (e, em alguns casos, já era) classificado como crime hediondo (homicídio por motivo torpe, fútil etc.). Afinal, não há como negar torpeza na ação de matar uma mulher por discriminação de gênero (matar uma mulher porque usa minissaia ou porque não limpou corretamente a casa ou porque deixou queimar o feijão ou porque quer se separar ou porque depois de separada encontrou outro namorado etc. (BIACHINI; GOMES, 2015, p.15) Considera-se que antes mesmo da criação da Lei 13.104/2015, o homicídio contra a mulher por razões de gênero, já era qualificado pelo motivo torpe ou fútil, sendo que a criação da referida lei, ocorreu sem um estudo político- criminal, se baseando apenas em dados estáticos. 6 CRIMES PREVISTOS NA LEI DE INTORPECENTES A Lei nº 11.343/06, no dia 23 de agosto de 2006 revogou expressamente duas leis anteriores que existiam em relação a tóxicos, a Lei nº 6.368/76 e a Lei nº 10.409/02, e a nova lei é um mecanismo para inibir o tráfico de drogas. Temos a diferenciação do traficante e usuário de drogas no art. 28, §2º da referida lei (lei 11.343/06): § 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. (BRASIL, 2006) 27 A Organização Mundial da Saúde deixa claro que as drogas podem modificar praticamente todas as funções do organismo do indivíduo quando introduzida, estas substâncias causar modificações no comportamento e consciência das pessoas. Rosa Del Olmo afirma que: A droga possui uma face oculta que a transforma em mito. Afirma a autora que a grande divulgação de informações distorcidas levaram a uma confusão entre conceitos morais, dados falsos e sensacionalistas, o que contribui para que o conceito de droga se associasse a ideia de desconhecido, proibido, temido e responsável por todos os males que afligem a sociedade contemporânea. (OLMO, 1990. p. 22) O crime previsto na Lei de tóxicos estabelece norma penal em branco, que se refere aos crimes que necessitam de um complemento para sua definição legal. O complemento da Lei de Drogas é feito pela Portaria Ministerial nº 344/98 da Secretaria da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, e é nesta portaria que consta a lista das substâncias que complementam os crimes de tóxicos. A Portaria nº 344/98, mesmo sendo ultrapassado, é periodicamente atualizada por Resoluções da Diretoria Colegiada da ANVISA. Em virtude das inovações de entorpecentes sintéticos, se não fossem essas Resoluções da Diretoria Colegiada atualizando tal Portaria, com certeza teríamos a ineficácia na lei de tóxicos por não acompanhar a fabricação, e tão pouco a fabricação e elaboração desses entorpecentes. E essa nova Lei de Drogas faz uso do termo “drogas” para designar substâncias entorpecentes, ou para determinar dependência física ou psíquica. O crime comum é classificado por tipos e conteúdo variado, pode ser de perigo abstrato, comissivo e doloso. O indivíduo que tem a droga em depósito, que transporta ou guarda, ou traz consigo, resulta em delito permanente. Já a conduta de cultivar a droga, está tipificada no inciso II, do parágrafo 1º, resultando de delito habitual. A Lei de Drogas abrange aspectos para prevenção e repressão do uso ilícito de entorpecentes e do tráfico, buscando medidas para combater o uso indevido, o que fica claro no art. 1º da Lei nº 11.343/06, diz: 28 Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. (BRASIL, 2006) E com a nova Lei é possível concentrar um conjunto de órgãos que cuidam da repressão e prevenção ao uso indevido e tráfico ilícito de entorpecentes, no órgão de Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas (SISNAD). Em seu artigo 4º, tem como princípios: Art. 4º São princípios do Sisnad: I – o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade; II – o respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes; III – a promoção dos valores éticos, culturais e cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados; IV – a promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o estabelecimento dos fundamentos e estratégias do SISNAD; V – a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da participação social nas atividades do Sisnad; VI – o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito; VII – a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito; VIII – a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do SISNAD; IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de 18 drogas, repressão à sua produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. X – a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social; XI – a observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional Antidrogas – CONAD. (BRASIL, 2006) 29 O SISNAD tem como objetivo a inclusão social, em seu art. 5º da supracitada lei está estabelecido seus objetivos: Art. 5º O SISNAD tem os seguintes objetivos: I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados; II - promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país; III - promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios; IV - assegurar as condições para a coordenação, a integração e a articulação das atividades de que trata o art. 3º desta Lei. (BRASIL, 2006) Os princípios e objetivos do SISNAD é a busca pela colaboração entre os poderes públicos, os mecanismos de combate, de prevenção ao tráfico de drogas, e o fim do seu uso indevido. Como podemos ver no art. 7º da lei de Tóxicos: Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação central e a execução descentralizada das atividades realizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal e se constitui matéria definida no regulamento desta Lei. (BRASIL, 2006) Art. 7º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) (BRASIL, 06) Já o art.3º dispõe o seguinte sobre o SISNAD: Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com: I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. § 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, programas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 30 § 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social - SUAS. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019). (BRASIL, 2006) É notório a precariedade de locais especializados combater e tratar esses indivíduos (usuários de drogas). Encontra-se nesse sentido diversos recursos ao judiciário, cuja solicitação é de internação compulsória, e várias delas é pela falta de lugares especializados para tratamento de dependentes de drogas. Portanto, a legislação aceita a criação de Organizações para combater o tráfico e o uso de drogas. No Brasil temos projetos, várias as ONGS. E grande parte desses projetos e ações de combate do uso e tráfico de drogas, são oferecidas por instituições que não tem vínculo direto com o poder público, e a maioria solicita o consentimento do paciente para iniciar o tratamento dele e também o apoio à família na recuperação. Dependência da Droga: Na doutrina existe uma diferenciação em relação a dependência física e psicológica, lembrando que a dependência é uma situação de habitualidade, de costume, de habitualidade em relação a determinada droga, e essa dependência pode ser: I. Física – é um quadro de caráter psicológico e de caráter físico em relação a abstinência da droga, que provoca uma síndrome chamada de síndrome de abstinência, e a falta do entorpecente pode levar o indivíduo a óbito (morte). II. Psíquica – o indivíduo se acostuma com a droga e a falta dela pode causar um mal-estar, causando dores de cabeça, um vazio ou sentimento de ausência, não havendo necessariamente risco de óbito (morte). 31 Crimes previstos na Lei de Drogas: Crime apenado apenas com medidas educativas, sem pena privativa ou restritiva, mais tal conduta não deixou de ser crime. Vejamos o art. 28º da Lei 11.343/06: Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. § 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. § 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. § 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. § 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - admoestação verbal; II - multa. § 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. (BRASIL, 2006) 32 6.1 Infrações penais de menor potencial ofensivo prevista na Nova Lei de Drogas O art. 33º determina que: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274) Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) (BRASIL, 2006) 33 Já o art. 38 da Lei cuida do único crime culposo previsto na Lei de Drogas, que consiste em: Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. (BRASIL, 2006) Prescrever, trata-se de crime próprio, ou seja, só poderá ser praticado por médico ou dentista, por serem pessoas habilitadas para receitar. E o verbo ministrar, a lei não diferencia quem pode praticar o crime, que deixa claro que não demanda nenhuma qualificação especifica, sendo crime comum e possível de ser praticado por qualquer indivíduo. 6.2 Crimes apenados de detenção Criar uma ideia que não exista, significa induzir o indivíduo, ou seja, a pessoa não estava pensando em consumir drogas e alguém fez nascer a ideia de usar e a partir daí ela passa a consumir drogas, está explícito no art. Art. 33, § 2º, já mencionado. Lembrando que a pena de detenção é de 1 a 3 anos e multa de 100 a 300 dias multa. À vista disso, o crime é consumado com a mera conduta de induzir, instigar ou auxiliar, sem a necessidade de consumir a droga. No art. 39º da Lei de drogas, é uma rara hipótese que há três modalidades de pena previstas no direito penal: Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. (BRASIL, 06) 34 Esse crime se caracteriza quando um indivíduo conduz um meio de transporte de navegação nas águas ou navegação aérea após o uso de drogas. 6.3 Crimes apenados com reclusão Em relação aos crimes graves da lei de tóxicos, a lei determina que a droga apreendida será destruída imediatamente, e essa destruição só é permitida mediante autorização judicial efetivada por autoridade policial. Tais crimes considerados graves, têm a expressa previsão da proibição de alguns, assim como mostra no artigo 44: Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. (BRASIL, 2006) O crime plurissubjetivo exige a presença de duas ou mais pessoas com a finalidade de praticar crimes dos artigos 33, 33, § 1º e 34 da Lei de Drogas, é um uni subsistente, e por isso não admite tentativa, por que ao se associarem o crime já está caracterizado. Caso alguém praticar crime de tráfico ou o crime de petrechos para o tráfico, irá responder por concurso material de crime, assim, terá o crime do artigo 35: Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. (BRASIL, 2006) Vale destacar a inexistência de quadrilha para o tráfico, como mencionado acima, se duas ou mais pessoas se associarem para traficar, incorrerão no 35 art.35, porém o STF em seu entendimento relacionado a este crime, deve valer a pena prevista na Lei dos Crimes Hediondos, sendo assim, se uma quadrilha é formada voltada para a prática de crimes hediondos ou assemelhados (que exige 4 ou mais pessoas) possuirá a pena de 3 a 6 anos, porque em tese, se 4 pessoas reunidas podem oferecer perigo e essas 4 pessoas para praticarem latrocínio, estupros, dentre outros crimes hediondos, terá a pena de 3 a 6 anos por questão de equidade (lógica) quando dois ou mais indivíduos associam-se para traficar, tal conduta teria lesividade menor do que aquela com 4 (ou mais pessoas), assim, a pena de 3 a 6 anos e não a de 3 a 10 anos e multa. O art.36º da Lei nº. 11.343/06 se refere à Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos art. 33, § 1º, e 34 desta Lei, deixando claro que aquela pessoa que sustenta (financeiramente) o tráfico ilícito de entorpecentes, ou seja, os crimes previstos no artigo 33, caput e § 1 e no artigo 34, esse custeio agora é apenado com reclusão de 8 a 20 anos e multa de.1500 a 4.000 dias multas. Se o crime de tráfico é assemelhado ao hediondo, esse crime também deverá ser, sendo que no caso do custeio, os indivíduos realizam o financiamento e o tráfico. Sendo assim, haverá a absorção do financiamento, ou custeio, em relação ao crime de tráfico, e ocorrerá essa consunção, o que se assemelha ao crime hediondo. E esse custeio deve ser praticado de forma habitual e não ocasional, ou caso contrário teremos a causa de aumento e pena prevista no art. 40º, VII, da Lei nº 11.343/06, que dispõe “as penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: VII- o agente financiar ou custear a prática do crime. ” (BRASIL, 2006) O indivíduo (colaborador ou informante) que ajuda o grupo, a organização ou associação especializada para o tráfico, a pena será de 2 a 6 anos e pagamento de 300 a 700 dias-multa. A colaboração é apenas a título de informante, não se enquadra ao indivíduo que colabora entregando a droga ao traficante ou buscando a droga para o traficante, pois neste caso o indivíduo responderá por tráfico ilícito de entorpecentes. 36 Assim dispõe o art. 37º da lei de Tóxicos: Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. (BRASIL, 2006) 6.4 Causas de aumento da pena No art. 40º da Lei 11.343/06 existe a delimitação na Lei da incidência dessas causas de aumento de pena, incidindo apenas dos artigos 33 a 37 da Lei 11.343/06, que dispõe: Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: I - A natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; II - O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; IV - O crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; V - Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; VI - Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. (BRASIL, 2006) 37 6.5 Inimputabilidade e Semi imputabilidade A Lei de Tóxicos, trata desses institutos nos artigos 45, 46 e 47, em que diz que o sistema biopsicológico ainda é usado, e esse sistema é mantido e utilizado para definição do inimputável, o que muda é a base biológica para caracterizar inimputabilidade e semi imputabilidade: Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado. Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para tratamento, realizada por profissional de saúde com competência específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei. (BRASIL, 2019) Sendo assim, em decorrência de uma das razões anteriores citadas, a lei diz, que, se o Juiz constatar que o indivíduo é inimputável, deverá ser absolvido, entretanto, no art. 45º, parágrafo único, a lei determina que o inimputável decorrente de droga não será submetido à medida de segurança, mais sim, a tratamento médico. E em relação ao semi imputável, caso no momento da ação ou omissão o indivíduo tiver parcial capacidade de autodeterminar-se o caráter ilícito do fato, a pena deverá ser reduzida e diminuída de 1 a 2/3. 38 6.6 Delação premiada A lei de drogas permite o direito premial, em que prevê a colaboração do indivíduo com as autoridades públicas, e, em contrapartida esse indivíduo recebe um prêmio legal, como fica claro pelo art. 41º da lei 11.343/06: Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. (BRASIL, 2006) Sendo que, a análise de quanto se diminui, será feita através da maior ou menor na eficácia da colaboração do agente. 7 ESTATUTO DO DESARMAMENTO O Estatuto do Desarmamento entrou em vigor dia 23 de dezembro de 2003 e é uma política de controle de armas, com o objetivo de diminuir a circulação de armas, estabelecendo penas rigorosas para os crimes de porte ilegal e o contrabando. Em edição ao extra do Diário Oficial da União (DOU) o Governo Federal dispões de um pacote de alterações dos referidos Decretos, nº 9.845, 9.846, 9.847 e 10.030, de 2019 e que normalizam a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento. Observando a necessidade da Lei nº 10.826, de 2003, os decretos sugerem uma série de medidas com a finalidade de desburocratizar procedimentos, aumentando assim, a clareza das normas que regem a posse e porte de armas de fogo e a atividade dos colecionadores, atiradores e caçadores (CACs), para reduzir a discricionariedade de autoridades públicas na concessão de posse e porte de armas, estendendo as garantias de contraditório e ampla 39 defesa dos administrados, e adequando o número de armas, recargas e munições. As alterações também visam a concretizar o direito que as pessoas autorizadas pela lei têm à aquisição e ao porte de armas de fogo, e atividade de colecionar nos limites permitidos pela lei. Esses Decretos flexibilizam o uso e compra de armas de fogo em nosso país, são atos do Presidente da República que devem regulamentar leis e por isso não passam pela aprovação do Congresso. O que muda com os novos decretos: - No limite de armas houve o aumento de 4 (quatro) para 6 (seis) no número de armas de fogo para o cidadão comum, que preencha devidamente todos os requisitos do Certificado de Registro de Arma de Fogo. No caso dos agentes penitenciários, os membros do Ministério Público e policiais, o limite subiu para 8 (oito). - Nas mudanças do porte de armas, o Governo agora passa aceitar expressamente o porte simultâneo de 2 (duas) arma, que significa o poder de circulação com a arma, sendo que antes a regra dizia que o porte deveria se valer apenas para a arma nele especificada. - Na aptidão psicológica para CACs (colecionadores, atiradores e caçadores), o decreto anterior dizia que para terem armas deveriam comprovar a aptidão psicológica através de laudo fornecido por psicólogo cadastrado na Polícia Federal, sendo que agora, a nova regra determina que basta o laudo ser assinado por psicólogo com registro no Conselho Regional de Psicologia. - Munição e armas para CACs antes, caçadores, atiradores e colecionadores conseguiam comprar por ano até mil munições, para cada arma de fogo do uso restrito (com maior controle do Estado), e cinco mil e cinco mil munições para cada arma de uso permitido. Com as alterações, agora, poderão comprar por ano, insumos para recarga de até dois mil cartuchos nas armas de uso restrito, e, para armas de uso permitido, insumos para recarga de até cinco Mil cartuchos, e caçadores poderão extrapolar em duas vezes esse limite com a permissão do 40 comando do Exército. Agora, as CACs precisarão de autorização do Exército para comprar armas acima do limite determinado em decreto anterior (cinco unidades para cada modelo para os colecionadores; 15 unidades para caçadores; e 30 para atiradores), e essas quantidades valem tanto para as armas de uso permitido e restrito. - Ficou determinado que não serão produtos controlados pelo comando do Exército, itens como: miras como as holográficas, telescópicas e reflexivas, armas de fogo obsoletas que tenha projeto anterior a 1900 e utilizem pólvora negra, projéteis de munição para armas de porte ou portáteis, até o calibre máximo de 12,7 mm — não vale para projéteis químicos, perfurantes, traçantes e incendiários. E quando relacionado à produto controlado, o Exército será responsável por autorizar, fiscalizar e regulamentar a fabricação, a comercialização e o uso. - Foi ampliado também a lista de categorias profissionais com o direito de adquirir armas e munições, desde que sejam controladas pelo Exército. Foram acrescentados os integrantes da Receita Federal, Ministério Público, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), tribunais que formam o Poder Judiciário e os integrantes de Receita Federal. Já estavam contemplados também: legislativos da Câmara de do Senado, os policiais, membro do Gabinete Institucional de Segurança da Presidência da República (GSI), e membros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O novo decreto diz ainda, que os profissionais dessas categorias, poderão adquirir por um ano insumos para recarga de no máximo cinco mil cartuchos, como constar nos registros os calibres da arma de fogo. - No decreto anterior, em relação a prática de tiro desportivo por adolescente entre 14 e 18 anos, já era permitido praticar tiro, com autorização da família tiro nas instituições permitidas pelo comando do Exército. Agora, o adolescente, poderá praticar o tiro com a arma emprestada de algum colega, também atirador 41 desportista, sendo que antes era permitido praticar somente com arma do clube de tiro ou dos pais. 8 JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 8.1 Conceito Nos Juizados Especiais Criminais (JECRIM) é um órgão da justiça que existe no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal, tendo competência para processo e julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo, conciliação, mediante a oralidade e abreviação do rito pelo procedimento sumaríssimo. Os juizados especiais sempre que possível, tentará um acordo entre as partes, podendo haver uma indenização, mediante pagamento de determinada quantia a ser pago pelo autor. Os processos afetados aos Juizados Especiais devem ser orientados pelos princípios da simplicidade, informalidade, oralidade, celeridade e economia processual, com o propósito de promover a transação ou conciliação e dar efetividade à rápida tramitação das causas, como forma de solução do conflito litigioso. A Lei nº 9.099 foi sancionada no dia 26 de setembro de 1995, em seu art. 62º dispõe que: Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603, de 2018) (BRASIL, 1995) 8.2 Princípios a) Princípio da Oralidade Este princípio deixa claro que os atos processuais do processo penal devem ser realizados na presença dos participantes processuais, e oralmente, e 42 não impede que tais atos praticados oralmente sejam registrados ou documentos, assim dispõe o art. 99º do CPP. As vantagens desse princípio além da celeridade, é a descoberta da verdade através da percepção do diálogo, da reação dos depoentes, isso ajuda na realização da tarefa. E as desvantagens são a perenidade e a subjetividade decorrentes da oralidade e a eventual falta de registo. O princípio da oralidade teve relevância a partir da Lei no 9.099/95, onde se encontram os seguintes conhecimentos: serão determinadas de forma acessível todas as questões que possam influenciar na prossecução da audiência (arts. 28 e 29); o pedido originário da parte poderá ser planejado “oralmente” diante do Juizado (art. 14, § 3o); as impugnações de declaração poderão ser orais (art. 49) e o começo da execução de sentença poderá ser verbal (art. 52, IV); o mandato ao advogado poderá ser verbal (art. 9°, § 3°); a contestação poderá ser oral (art. 30); já no resultado das perícias de objetos ou indivíduos por auxiliares do juízo poderá ser unificado em relatório informal (art. 35, parágrafo único). b) Princípio da Simplicidade Esse princípio é para facilitar a aplicação da lei através de práticas que não atrapalhem o trâmite do processo auxiliando para a celeridade, para a redução de documentos reunidos bem como as novas formas, como a pena de resolução do conflito social e a pena privativa de liberdade. É importante mencionar que simplicidade é apenas a necessidade de evitar algo desnecessário, podendo ser simples e relevante, como é o caso do processo penal, que se refere a infrações penais de menor potencial ofensivo. c) Princípio da Informalidade Nos procedimentos realizados pelos juizados especiais desprovidos de forma, abrange atos que possuem um certo desapego de formalidade. Nos juizados tramitam processos de menor complexidade que é considerado 43 alternativa mais simplificada do processo comum, com intuito de oferecer uma forma mais rápida a solução do litígio. A informalidade não pode ser razão para nulidade dos atos, pois o objetivo é a agilidade, uma forma de simplificação do litígio. A Lei nº 9.099/95, estabelece sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências: Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei. § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação. § 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão. § 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos que o instruem. (BRASIL, 1995) De acordo com esse preceito, os atos processuais precisam ser aplicados com o mínimo de formalidade possível. É fato que o ato se torna mais acessível, simples e efetivo quando destituído de formas. A informalidade não deve ser compreendida como uma justiça de “segunda classe”, uma diminuição ou desprestígio da prestação jurisdicional, mas como uma instrumentalidade mais eficaz na resolução dos conflitos sociais, devendo ser considerada uma forma de prestar jurisdição caracterizando um avanço legislativo de princípio extremadamente constitucional, que conta com o acolhimento dos antigos anseios de todos os cidadãos mais principalmente da população menos favorecida, representa um mecanismo eficiente na ampliação do acesso à ordem jurídica justa. d) Princípio da Economia Processual Esse princípio objetiva a melhor conclusão no processo, retrocedendo na redução das custas processuais. Também está voltado para a gratuidade 44 processual às pessoas que necessitam deste benefício para darem continuação a algum litígio que estejam envolvidos. O princípio da economia processual tem no processo dos Juizados Cíveis outro sentido, que se relaciona com a gratuidade do acesso ao primeiro grau de jurisdição, em que o requisitante fica dispensado do pagamento das despesas, e com a opção de assistência das partes por advogado pelo barateamento de custos aos litigantes embasado na economia de despesas, que, com a de atos e de tempo representa uma das maiores conquistas e preocupações do Direito Processual Civil moderno. Tal princípio desenha a modernização do direito processual civil, contando com a rapidez dos processos nos Juizados Cíveis, onde o período processual deve ser mais eficaz. O princípio da economia processual objetiva a aquisição do máximo rendimento da lei com o mínimo de atos processuais. Já o princípio da gratuidade, dispõe que, da propositura da ação até o julgamento pelo juiz singular, em regra as partes estão isentas do pagamento de taxas, custos ou despesas, porém, o juiz condenará o suplantado ao pagamento dos custos e honorários advocatícios no caso de litigância de má-fé, conforme dispõe o arts. 54 e 55 da Lei 9.099/95: Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas. Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita. Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa. Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, salvo quando: I - reconhecida a litigância de má-fé; II - improcedentes os embargos do devedor; III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do devedor. (BRASIL, 1995) Nos casos de gratuidade dos benefícios judiciários, os requisitantes precisam comprovar este ato, e nos casos de má-fé, o juiz pode imediatamente condenar o mesmo ao pagamento pertencente ao ato. 45 e) Princípio da Celeridade Processual A Emenda Constitucional de n. 45º, de 08, de dezembro de 2004, inseriu ao inciso LXXVIII, no art. 5º na Constituição Federal de 1988, dispondo que: “todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Sendo assim, a celeridade caracteriza um princípio que não orienta somente os processos nos Juizados Especiais, mas todo o processo administrativo ou judicial ao qual se obedece às partes. Conforme o princípio da celeridade, todos possuem direito a uma tutela judicial concreta e uma solução ágil do conflito, ou seja, o Judiciário atua efetivamente e utiliza o direito ao caso concreto, satisfazendo as partes, sem arruinar as suas expectativas pela passagem do tempo. Para a solidificação da celeridade no Judiciário brasileiro, foi necessário o desenvolvimento de normas e princípios processuais, principalmente nos Juizados Especiais Cíveis. 8.3 Competência Verifica-se que com a adoção dos procedimentos processuais desencadeados pela Lei9.099/95, abriu-se uma fenda no rígido sistema processual-penal, sobrepondo-se, assim, a aplicação do princípio da obrigatoriedade da ação penal, atenuando-o através da adesão do princípio da discricionariedade regrada, em que o Ministério Público, titular da ação penal, tornará, cumpridos os requisitos legais, dispor da ação penal. Apesar da implantação das novas técnicas processuais, é importante explicar que o tradicional processo penal não foi extinto de nosso sistema jurídico. O que aconteceu foi que este passou a ser usado tão somente aos crimes de média e alta potencialidade lesiva, autorizando assim, que os métodos empregados pela nova lei abreviassem o longo caminho antes percorrido. Havendo ligação entre crime cuja competência seja do juízo penal comum ou do 46 tribunal do júri e crime de menor potencial ofensivo, será este, último competente para julgamento e processamento de ambas as infrações. Entretanto, não haverá impedimento do oferecimento pelo Órgão Ministerial, das propostas despenalizadas no que diz respeito às infrações penais de pequeno potencial ofensivo. Em relação a competência designada aos Juizados Especiais Criminais, dispõe o art. 60 da Lei nº 9.099/95 da seguinte maneira: Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006) Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. (Incluído pela Lei nº 11.313, de 2006) (BRASIL, 1995) 8.4 Medidas Despenalizadoras A Lei 9.099/95 trouxe ao ordenamento jurídico, uma série de medidas despenalizadoras que impede que suspenda o prosseguimento da ação penal ou a deflagração criminal. O Estado criou medidas legais que visam evitar o cumprimento da pena privativa de liberdade, daí a designação de Medidas despenalizadoras, são elas: renúncia da representação na ação penal pública condicionada, composição civil dos danos: gera renuncia ao direito de queixa na ação penal privada ou com a consequente extinção da punibilidade, e transação penal que autoriza o cumprimento imediato de uma pena de multa ou restritiva de direito, e por outro lado evita a instauração do processo, conforme dispõe os artigos 75 e 76 da Lei 9.099/95: Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. 47 Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. (BRASIL, 1995) 8.5 Representação criminal nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas A Representação Criminal forma-se numa condição objetiva de possibilidade sem que a vítima ofereça a denúncia o delegado, e o promotor, não poderá dar continuidade, exceto, se a vítima interpor representação criminal nos crimes de lesão corporal culposa e de lesão corporal leve, dentro de um prazo de 6 (seis) meses, a contar do momento que tomar conhecimento do indivíduo que é o autor do crime. 48 Se no período desses 6 (seis) meses, a vítima não ofertar representação a contar da ciência do autor dos fatos, entrará em decadência, levando à extinção da punibilidade e não haverá mais nada a se fazer para responsabilizar o infrator, conforme artigo 69, parágrafo único da referida Lei: Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002) (BRASIL, 1995) 8.6 Impeditivos processuais O impeditivo ocorre quando o autor tenha participado da audiência preliminar e aceitado a transação penal, caso haja ausência dos requisitos que impedem a transação penal, ou, pela ausência, e o autor não tenha aceito a transação, assim o Ministério Público oferecerá de imediato, denuncia oral, exceto, se houver necessidades de novas diligencias, conforme artigo 77, parágrafo 3º da Lei 9.099/95: Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. 3º na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei. (BRASIL, 1995) O autor da infração, já sairá ciente da data da nova audiência de julgamento e a audiência de instrução, sairão igualmente cientes o advogado, o Ministério Público, e o ofendido. Vale lembrar que no Juizado Especial Criminal 49 não são realizadas citações por editais, se o acusado não for encontrado para ser citado, o Juiz encaminhara as peças ao Juizado Comum, podendo a citação ser realizado por edital. 8.7 Execução A sentença transitada em julgado que tem aplicado pena de multa, o réu terá 10 (dez) dias de prazo, para efetuar o pagamento na própria secretária do Juizado. O que dispõe o art. 50º do Código Penal: Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) aplicada isoladamente; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) concedida a suspensão condicional da pena. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Conversão da Multa e revogação (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 1940) 8.8 Recursos Temos vários recursos possíveis no âmbito dos Juizados Especiais Federais. Vamos destacar alguns: 50 Recurso de Medida Cautelar: Em tese, as decisões interlocutórias em sede de Juizados Especiais Federais, são decisões irrecorríveis, conforme o art. 5º da Lei 10.259/2001. Não obstante, conjugando-se os arts. 4º e 5º, há de se verificar a possibilidade de recorrer de decisões que versem sobre medida cautelar que engloba decisões sobre qualquer tipo de tutela de urgência. Embargos de declaração: São uma espécie de recursos, já conhecida desde o Código de Processo Civil, que também se incorporou ao microssistema dos Juizados Federais. Sendo a funcionalidade a mesma da que é prevista no diploma legal geral. O prazo para interposição, é o mesmo previsto no CPC (5 dias úteis), do mesmo jeito para resposta, que acarretará a suspensão do prazo, para interposição de outros recursos quando interposto contra sentença, e quando interposto contra acórdão o caso será de interrupção do prazo. Recurso inominado: O recurso inominado, é cabível de sentenças proferidas nos Juizados que extinguem o feito com ou sem resolução do mérito (art. 5º, Lei 10.259/2001), se interposto no prazo de 10 (dez) dias. Deve haver um preparo em até 48h, após a interposição, sob pena de pagamento a 1% do valor da causa e sob pena de deserção (salvo quando se tratar de beneficiário da AJG). Em geral, o recurso é recebido apenas em seu efeito devolutivo, conseguindo ser concedido efeito suspensivo, quando for para evitar dano irreparável à parte (art. 43, Lei 9.099/95). Não havendo previsão de reexame necessário (art. 13, Lei 10.259/2001), e muito menos, a possibilidade de interposição de recurso adesivo. 51 Recurso extraordinário: A previsão para esse recurso está estabelecido no artigo 102, inciso III da Constituição Federal de 1988. O referido artigo dispõe que caberá recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, quando for a única ou última instância, e a decisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição, ou se for declarada inconstitucionalidade de lei federal ou tratado. O prazo para interposição será de 15 (quinze) dias úteis, do mesmo modo para resposta, e deverá conter preparo, bem como porte de retorno e de remessa (salvo em caso de beneficiário da Gratuidade da Justiça). Mandado de segurança: Não se enquadra como recurso em sentido estrito, o mandado de segurança pode ser empregado em alguns casos específicos, dentro dos JEFs. A competência é da turma recursal, processar e julgar o mandado de segurança, contra ato de juizado especial, encontra-se na súmula nº 376, do STJ. Nesse sentido, vale relembrar, que basicamente esse instrumento serve para proteger direito líquido e certo, e não é amparado por habeas corpus ou habeas data (sempre que ilegalmente ou com abuso de poder qualquer pessoa jurídica ou física sofrer violação). 52 9 REFERÊNCIAS BIBIOGRAFICAS BINCHINI, Alice; GOMES, Luiz Flávio. "Feminicídio: entenda as questões controvertidas da Lei 13.104/2015". Revista Síntese Direito Penal e Processual Penal. vol. 16, n. 91, pp. 9-22, abr./maio. 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