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Princípios Básicos de Interpretação Constitucional- Thiago Varella

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Enviado por Bernardo Pupe em

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Princípios Básicos de Interpretação Constitucional
Força normativa da Constituição – derivado do pensamento de Konrad Hesse. Determina que a Constituição tem força de norma jurídica, não sendo apenas um conjunto de regras. Segundo Hesse, se a Constituição não tiver força de norma jurídica, as normas constitucionais serão apenas um pedaço de papel. Esta ideia passou a ser considerada um princípio básico de interpretação da Constituição a partir de uma decisão do Tribunal Constitucional Alemão. Nesta decisão, também foi determinado que o preâmbulo seria parte normativa da Constituição alemã.
Sobre o preâmbulo da CF/88, devemos saber que ele não tem força normativa como o da Constituição alemã, mas tem um viés interpretativo. É necessário interpretar a norma constitucional à luz do preâmbulo constitucional. A religiosidade do povo brasileiro está representada do preâmbulo, mas isso não tira o caráter laico da Constituição. O Brasil continua a ser um Estado laico por não ter religião oficial e isso não viola o direito dos ateus. Além disso, o preâmbulo não é constituído por artigos com os seus artigos, parágrafos, incisos de alíneas. É apenas uma declaração política.
Máxima efetividade – deve-se estabelecer uma busca incessante em direção à efetividade da norma constitucional. Os preceitos constitucionais devem ser aplicados em seu máximo, principalmente quando se trata de direitos fundamentais.
Proporcionalidade ou razoabilidade – é um dos princípios mais importantes dentre os princípios básicos de interpretação constitucional e vem ganhando destaque nos últimos tempos. É um chamado ao bom-senso do julgador e do legislador. O problema é que esse princípio vem sendo usado como uma “cananga real”. Portanto, entende-se que a razoabilidade, para ser usada como motivação de uma decisão judicial, deve vir acompanhada de outros três elementos:
Adequação – deve-se demonstrar que aquele provimento é adequado ao caso concreto.
Necessidade – quando se pondera princípios e valores, deve-se provar necessário sacrificar um princípio/direito em detrimento de outro.
Proporcionalidade em sentido estrito – como aquela decisão é adequada e necesssária, será também proporcional.
A proporcionalidade pode ser usada como técnica de hermenêutica, geralmente quando há conflitos de normas e valores, e como parâmetro de controle de constitucionalidade.
1) Nesse caso, a municipalidade alegou a Reserva do Possível. Os interesses da coletividade estariam em conflito com o mínimo existencial necessário à dignidade da pessoa humana. As condições indispensáveis à dignidade da pessoa humana em seu mínimo não são atendidas quando uma pessoa é surda. 
A doutrina majoritária entende que o mínimo ao qual não se pode renunciar é saúde, educação e renda mínima. Entende-se que quando está em jogo o mínimo existencial que mantém a dignidade da pessoa humana, não prevalece a reserva do possível.
2) É o mesmo caso da primeira questão. Foi alegada a reserva do possível, mas, nesse caso, não está em jogo o mínimo existencial da outra parte. O governo não pode custear um tratamento de infertilidade para todas as mulheres inférteis e determinar que ter um filho faz parte do mínimo existencial é como determinar que a função da mulher é reproduzir. Nesse caso, o interesse da coletividade prevalece. Na decisão também foi apresentada a possibilidade de adoção.
3) Um concurso público tem validade de dois anos. Ao fim desses dois anos, o órgão do poder público pode optar por prorrogá-lo por mais dois anos ou não (art. 37 II e III da CF). Nesse caso, o tribunal optou por não prorrogar. Os aprovados que não tomaram posse entratam com um Recurso Extraordinário. 
O novo entendimento do STJ determina que nessas hipóteses há direito adquirido dentro do número de vagas previstos pelo edital do concurso. Há um vínculo entre o órgão do poder público e o edital do concurso. Porém, esse caso foi anterior à mudança jurisprudencial do STJ e o tribunal, além de não prorrogar o concurso, abriu um novo edital para outro concurso.
O STF entendeu, portanto, que não era razoável não prorrogar esse concurso. Quando o Tribunal de Justiça baixa um novo edital para outro concurso, declara para a sociedade que precisa de juizes, então não é razoável fazer um novo concurso. Não é razoável fazer um novo concurso enquanto os 17 aprovados no concurso anterior não fossem nomeados.
Este foi o RE 192.568. Muitos dizem que essa decisão do Supremo que garante que os aprovados têm direito à nomeação, mas o que o STF determinou foi que não era razoável fazer um novo edital sem que os aprovados fossem nomeados. Esse entendimento foi dado pelo STJ tempos depois. Depois da mudança jurisprudencial, os aprovados podem, inlcusive, andar com um mandado de segurança já que é um direito líquido e certo.
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