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Lei penal no espaço - Ivan Santiago

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Enviado por Bernardo Pupe em

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Rio, 15 de março de 2011 
Direito Penal
Lei penal no espaço
É a questão da territorialidade da lei penal brasileira – até onde posso aplicá-la? Exemplo: se alguém encomenda cocaína do Paraguai para o Brasil, a lei penal brasileira pode ser aplicada? E se alguém leva um tiro no Brasil e vai para a Argentina? E se um escocês esfaqueia um Frances em um navio italiano ancorado no Brasil?
Deve-se entender o conceito de lugar do crime. É o principal para começar a entender a questão da Lei penal no espaço. No artigo 6º do Código Penal, está indicada a noção de lugar do crime. Aqui o legislador leva em consideração: a ação (total ou parcial), o lugar do resultado, o lugar onde o resultado poderia ocorrer. O principal é entender se o crime ocorreu no Brasil ou não – se acontece no Brasil, aplica-se a lei penal brasileira. Um crime ocorre no Brasil quando a ação ou omissão aconteceu aqui – ou o seu resultado (conteúdo do artigo). Se a ação aconteceu aqui ou o resultado aconteceu aqui, podemos aplicar a lei brasileira. O Brasil é responsável pelos crimes em seu território. Exemplo de ação parcial: Se um homem dá um primeiro tiro no Brasil e termina por dar outros tiros e gerar a morte na Argentina. Dar vários tiros não corresponde a várias ações – mas sim a uma única ação divida em atos. 
A hipótese de “deveria produzir-se resultado” se aplica a crimes dentado (artigo 14 inciso II do CP). É uma tentativa de crime em que o resultado almejado não se produz por circunstância alheia a quem pratica a ação. Se uma pessoa é socorrida no Brasil, e, caso não fosse, resultaria em morte, ocorre um crime dentado que pode ser julgado pela ordem jurídica brasileira.
Se outro país irá julgar o mesmo crime ou não, isso é uma questão de soberania e deve ser respeitada.
O Código Civil utiliza a Teoria da Ubiqüidade no artigo 6º - indica que uma pessoa pode “estar em dois lugares ao mesmo tempo”. O tempo do crime indica a lei penal aplicável, enquanto o lugar do crime indica o ordenamento jurídico que possui legitimidade para julgar o crime. É um debate de soberania. Todo crime ocorrido em território nacional - se ocorrer a ação (ou parte dela) ou o resultado (ou o almejado) - poderá ser aplicada a lei penal brasileira. Não interessa a nacionalidade do autor do crime, da vítima do crime ou do bem jurídico protegido (isso é muito importante e deve ser acrescentado ao artigo 6º). Pode-se perceber que essa matéria tem caráter ufanista. 
Existem exceções relacionadas à imunidade diplomática que serão analisadas depois. 
Sobre o conceito de território – Artigo 5º do Código Penal traça o princípio da territorialidade. No caput, indica que todo o crime que ocorre no Brasil é julgado por lei brasileira, com a ressalva dos Tratados e Convenções Internacionais (a principal é a de Viena) que fazem com que a lei penal deixe de ser aplicada por um fato ocorrido aqui. Território Nacional é toda a faixa de terra e o mar territorial (12 milhas náuticas é a metragem que interessa para fins penais). Depois dessas milhas, é considerado alto-mar (nele, existe a ausência do exercício de soberania de qualquer país). 
Os parágrafos (1º e 2º) do artigo 5º CP indicam localidades que são consideradas extensões do território nacional. Ainda são casos de territorialidade (não de extraterritorialidade!). Exemplos são as aeronaves e os navios brasileiros a serviço do governo e o espaço aéreo brasileiro. A recíproca também é verdadeira: um navio estrangeiro é extensão territorial do país de origem do navio. O Brasil apenas pode aplicar sua lei nesse navio em uma hipótese de extraterritorialidade. No caso de aviões e navios privados brasileiros, somente poderá ser aplicada a lei brasileira se estiver em território brasileiro ou em alto-mar (onde não é soberania de nenhum país) – parágrafo 2º. Navios estrangeiros em território nacional serão julgados pela lei penal brasileira. 
Existem hipóteses de extraterritorialidade também. São crimes que ocorrem completamente fora do Brasil, mas que podem ser julgados por lei brasileira. Estão presentes no artigo 7º CP os casos de aplicação da extraterritorialidade.

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