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GESTÃO FINANCEIRA E CUSTOS
Prof. Adrian Dambrowski
Prof. Carlo Enrico Bressiani
U n i v e r s i d a d e R e g i o n a l
d e B l u m e n a u
Reitor
Prof. Dr. Eduardo Deschamps
Vice-Reitor
Prof. Dr. Romero Fenili
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Profa. Ms. Sônia Regina de Andrade
Pró-Reitor de Administração
Prof. Dr. Edesio Luiz Simionatto
Pró-Reitor de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão
Prof. Dr. Clodoaldo Machado
Divisão de Modalidades de Ensino
Coordenação Geral
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Equipe Multidisciplinar Técnica
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Alexandre Adaime da Silva
Gerson Luís de Souza
Léo Fath
Equipe Multidisciplinar Pedagógica
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Diego Fernando Negherbon
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Profa. Ms. Iris Weiduschat
Administrativo
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Odair José Albino
Centro de Formação
Profissional SAPIENCE Ltda
Dirigente
Prof. Ms. Kiliano Gesser
Equipe Administrativa
Prof. Carlos Alberto Alves de Oliveira
Prof. Dr. Carlo Enrico Bressiani
Prof. Ms. Kiliano Gesser
Coordenação Pedagógica
Profª Olga Sansão Gesser
Diagramação
Alvin Noriler
2008
FURB – Universidade Regional de Blumenau
Divisão de Modalidades de Ensino
Rua Antônio da Veiga, 140
Bairro: Victor Konder
Blumenau – SC - 89012-900
Fone: (47) 3321-0577
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SAPIENCE Educacional
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Bairro: Santa Terezinha
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Fone: (47) 3330-5100
E-mail: secretaria@centrosapience.com.br
Site: www.centrosapience.com.br
Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1825,
de 20 de dezembro de 1907.
“Impresso no Brasil / Printed in Brazil”
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca Universitária da FURB
 Dambrowski, Adrian
 D156g Gestão financeira e custos / Adrian Dambrowski,
 Carlo Enrico Bressiani. - Blumenau : Edifurb ; Gaspar :
 SAPIENCE Educacional, 2008.
 102 p. : il. - (Pós-Graduação.Modalidade a distância)
 Bibliografia: p. 101-102.
 ISBN: 978-85-7114-212-1
 1. Ensino a distância. 2. Administração financeira.
 3. Custos. I. Bressiani, Carlo Enrico. II. Título.
 CDD 378.03
Professor Adrian Dambrowski
Graduado em Administração (Gestão Empresarial) pela Fundação Universidade Regional de
Blumenau (FURB), mestre em Administração (Gestão de Organizações) pela mesma instituição
e especialista em Gestão Financeira e Custos pelo Instituto Catarinense de Pós Graduação
(ICPG). Atualmente é funcionário do Banco do Brasil, docente na Sociedade Blumenauense de
Ensino Superior (IBES) e atua no programa de pós-graduação a distância do convênio FURB/
Sapience.
Professor Carlo Enrico Bressiani
Engenheiro Civil pela Universidade Regional de Blumenau, MBA em Gestão de Empresas
Industriais pelo Institut Quimic de Sarrià e Dr. em Administração e Direção de Empresas pela
Universitat Ramon Llull de Barcelona. Professor de graduação e pós-graduação em disciplinas
da área financeira e gestão de projetos, gerente financeiro da Unidade Design de Eventos,
Diretor Administrativo-Financeiro da Sapience e consultor na área financeira.
Também atua como parecerista em projetos de pesquisa da Universidade Presbiteriana
Mackenzie e referee em revistas da área de administração de empresas.
SUMÁRIO
1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA ...................................................... 11
1.1 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO FINANCEIRA .........................................................12
1.1.1 Conceito de Finanças .......................................................................................12
1.1.2 Objetivo do Administrador Financeiro ................................................................13
1.1.3 Diferença Entre Gestão Financeira e Gestão Contábil ......................................13
1.1.4 Regime de Caixa x Regime de Competência ....................................................14
1.2 QUADROS FINANCEIROS ..................................................................................15
1.2.1 Investimentos ....................................................................................................15
1.2.2 Amortizações e Depreciações ..........................................................................16
1.2.3 Métodos de Depreciação..................................................................................22
1.2.4 Receitas............................................................................................................23
1.2.5 Receita Bruta ....................................................................................................23
1.2.6 Impostos ...........................................................................................................24
1.2.7 Custos ..............................................................................................................25
1.2.8 Estoques ...........................................................................................................25
1.2.9 Despesas .........................................................................................................31
1.3 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ...................................................................31
1.3.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ..............................................32
1.3.2 Balanço Patrimonial ..........................................................................................33
1.3.4 Fluxo de Caixa ..................................................................................................38
1.4 CAPITAL DE GIRO...............................................................................................40
1.4.1 Necessidade de Capital de Giro .......................................................................41
1.4.2 Saldo de Tesouraria ..........................................................................................42
1.4.3 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro ................................................................43
2 DECISÕES DE FINANCIAMENTOS E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .............47
2.1 DECISÕES DE FINANCIAMENTOS ....................................................................47
2.1.1 Custo de Capital ...............................................................................................48
2.1.2 Efeitos dos Impostos sobre a Renda .................................................................48
2.1.3 Custo de Capital Próprio ...................................................................................49
2.1.4 Custo do Capital de Terceiros ...........................................................................49
2.2 ALAVANCAGEM..................................................................................................49
2.2.1 Alavancagem Operacional ................................................................................50
2.2.2 Alavancagem Financeira ...................................................................................53
2.2.3 Alavancagem Combinada .................................................................................54
2.3 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ..........................................................................55
2.3.1 Pay Back Simples .............................................................................................57
2.3.2 Pay Back Descontado.......................................................................................59
2.3.3 Valor Presente Líquido (VPL) ............................................................................60
2.3.4 Taxa Interna de Retorno .....................................................................................62
3 CUSTOS ................................................................................................................67
3.1 FUNDAMENTOS DE CUSTOS ...........................................................................68
3.1.1 Separação de Custos, Despesas, Investimentos e Perdas ...............................68
3.1.2 Avaliação de Estoques ......................................................................................70
3.1.3 Custo das Compras ..........................................................................................71
3.2 MÉTODOS DE CUSTEIO ....................................................................................74
3.2.1 Custeio Direto e Indireto ....................................................................................74
3.2.2 Custeio por Absorção .......................................................................................77
3.2.3 Custeio Variável ................................................................................................81
3.2.4 Custeio ABC .....................................................................................................86
3.3 ANÁLISES DE CUSTOS .....................................................................................95
3.3.1 Análise das Relações Custo, Volume e Lucro....................................................95
3.3.2 Ponto de Equilíbrio ............................................................................................97
3.4 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA ................................................................98
3.4.1 Impostos ...........................................................................................................98
3.4.2 Markup ..............................................................................................................99
REFERÊNCIAS ......................................................................................................103
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Bem vindo(a) à disciplina Gestão Financeira e Custos.
Este é o nosso Caderno de Estudos, material elaborado com o objetivo de contribuir
para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus conhecimentos sobre o assunto.
A carga horária desta disciplina é de 45 horas e cabe a você administrar sua
aprendizagem e determinar o tempo para seus estudos e o aprofundamento dos temas tratados.
Lembre-se, porém, de que há um prazo limite para a conclusão dos estudos. Você deverá
realizar as avaliações presenciais nas datas previstas no cronograma do curso.
Os capítulos foram organizados de forma didática e complementar. Eles apresentam
os textos básicos, com questões para reflexão e indicam outras referências a serem
consultadas.
Desejamos a você um bom trabalho e que aproveite ao máximo o estudo dos temas
abordados nesta disciplina!
11
C
A
P
ÍT
U
LO
1
1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Objetivos de Aprendizagem
1. Relacionar o significado do termo "finanças", o papel do administrador
financeiro e as diferenças entre gestão financeira e gestão contábil.
2. Demonstrar o que são investimentos, amortizações e depreciações,
bem como sistemas de amortizações existentes e os mais usados
no Brasil; as formas de se determinar a depreciação de bens; a
relação de investimentos com a incidência de impostos e a
discriminação dos impostos existentes no Brasil; a gestão de
despesas e custos, além de formas de custeio e a administração
dos estoques, gerindo a ordem de saída destes para, desta forma,
apurar o custo da mercadoria armazenada por meios matemáticos.
3. Explicar a demonstração contábil denominada DRE (Demonstração
do Resultado do Exercício) bem como a sua estrutura; interpretar o
conceito de Balanço Patrimonial e a disposição dos elementos que
constituem essa demonstração contábil e demonstrar o conceito e
aplicação do fluxo de caixa.
4. Levantar o conceito de Capital de Giro bem como apurar a sua
necessidade; a determinação do saldo de tesouraria, do ciclo
operacional e financeiro - e como estes se relacionam.
INTRODUÇÃO
Podemos conceituar finanças como a arte de gerir recursos que, para o
caso de uma organização empresarial, se concentra no estudo do planejamento
financeiro, administrando os ativos e captando fundos para a mesma. Ou seja,
estamos tratando do estudo e da gerência dos ativos empresariais, analisando
projetos de investimentos. Você vai perceber que gestão financeira está
intimamente relacionada com a contabilidade e com a economia, podendo ser
vista como uma forma de economia aplicada, fundamentada em conceitos
econômicos e fazendo uso de informações contábeis.
Nesse primeiro capítulo de nossa jornada será abordada a relação
triangular entre a administração financeira, a contabilidade e a economia. A
relevância do fator econômico para o desenvolvimento do meio financeiro vai
nos levar à necessidade de se situar no ambiente operacional no qual estão
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
12
inseridas as organizações. Estamos falando de dois conceitos econômicos tratados
por macroeconomia (ambiente global em que a organização opera) e da
microeconomia (ambiente interno onde se contemplam as estratégias operacionais).
Assim, vamos dar início ao nosso estudo conhecendo a importância da gestão
financeira onde, além de lhe explicarmos o conceito de finanças e o objetivo do
administrador financeiro, também trataremos da distinção entre gestão financeira e
gestão contábil, onde a primeira fará uso do regime de caixa, ao passo que a segunda
trabalha com o regime de competência, que serão definidos e explicados no decorrer
do estudo.
Teremos ainda a oportunidade de lhe demonstrar os quadros financeiros,
que nos levarão a interpretar o que ocorre quando tratamos de investimentos, levando
em consideração diversos fatores tais como: amortizações, depreciações, custos,
despesas e estoques, considerando ainda a incidência do fator tributário (impostos).
Ainda nesse primeiro capítulo, explicaremos também algo sobre as
demonstrações financeiras comumente usadas no dia-a-dia dos setores financeiros
das organizações; conhecendo ferramentas como a Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE), o balanço patrimonial e o fluxo de caixa; o que nos permitirá a
compreensão dos ciclos: operacional e financeiro, levando-nos a situações nas
quais vamos explicar do que se trata, na administração do capital de giro.
1.1 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO FINANCEIRA
A gestão financeira representa o conjunto de ações e procedimentos
administrativos que tem por tarefa o planejamento, a análise e o controle das
atividades financeiras da organização. Trata-se de tarefa administrativa que permita
visualizar a atual situação da empresa. Para melhor entendimento da importância
da gestão financeira, primeiramente vamos entender do que tratam as finanças.
1.1.1 Conceito de Finanças
Finanças podem ser definidas como uma técnica ou ciência de administrar
fundos. Praticamente todas as pessoas, sejam físicas ou jurídicas, obtêm receitas
ou levantam fundos, gastam ou investem. A gestão financeira detém a tarefa de gerir
o relacionamento de instituições, mercados e instrumentos envolvidos na
transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos (GITMAN, 2002).
Antes de adentrarmos no assunto em questão, é importante que você
compreenda o significado de finanças, que corresponde a um conjunto de recursos
disponíveis circulantes em espécie, que podem ser usados em transações e
negócios com transferência e circulação de dinheiro. A importância de se distinguir
esse conceito é justificada pela necessidade de se analisar essas questões para
prover o conhecimento da real situação econômica dos fundos da empresa, a qual
está sendo administrada, com relação aos seus bens e direitos garantidos
(FREZATTI, 2000).
Se você observar o cotidiano de uma organização, vai perceber que as
finanças fazem parte
do dia-a-dia dela. Isso fica claro no controle de recursos para
compras e aquisições, tal como no gerenciamento e na própria existência da
empresa em suas respectivas áreas: marketing, produção, contabilidade e,
principalmente, na administração geral de nível tático, gerencial e estratégico, por
usar dados e informações financeiras para orientar a tomada de decisão na gestão
da empresa (FREZATTI, 2000).
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
13
A gestão financeira é uma ferramenta ou técnica utilizada para controlar da
forma mais eficaz e eficiente possível uma série de tarefas do dia-a-dia de uma
organização, tais como a liberação de crédito e a determinação de prazos para
clientes e a análise de investimentos, buscando meios viáveis para a obtenção de
recursos que são destinados a financiar as operações e atividades da empresa,
objetivando sempre o desenvolvimento da mesma, evitando desperdícios e gastos
desnecessários, e procurando sempre os melhores meios para uma segura
condução financeira da empresa (GITMAN, 2002).
Agora que vimos o que são finanças e o conceito mais apurado da gestão
financeira, vamos situar o gestor financeiro e seus objetivos nesse contexto
empresarial.
1.1.2 Objetivo do Administrador Financeiro
Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de
todos os tipos de empresas, sejam elas financeiras ou não, grandes ou pequenas,
privadas ou públicas. Esses profissionais desempenham uma série de tarefas,
tais como orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa,
administração do crédito, análise de investimentos. Necessita ser um membro
alocado na alta administração, pois o bom ou mau desempenho deste pode
ocasionar êxito ou insucesso para a empresa, caso não consiga cumprir a sua
tarefa principal: minimizar riscos e maximizar lucros (FREZATTI, 2000).
Gestores financeiros e contabilistas trabalham lado a lado, utilizando muitas
vezes as mesmas ferramentas ou informações. Porém, o tratamento que é dado
para essas informações diverge nas suas atividades. Portanto, é importante
diferenciarmos a gestão financeira da gestão contábil.
1.1.3 Diferença Entre Gestão Financeira e Gestão
Contábil
A gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos
que englobam o planejamento, a análise e o controle das atividades financeiras de
uma organização, objetivando maximizar os resultados econômicos e financeiros
oriundos de suas atividades operacionais (GITMAN, 2002).
No decorrer desse estudo, você vai perceber que, em função dos benefícios
e informações que a contabilidade proporciona para a gestão financeira e pelo
relacionamento próximo que se tem de interdependência, é que muitas vezes se
confunde a compreensão e a distinção dessas duas áreas, já que as mesmas se
relacionam estreitamente e geralmente se sobrepõem.
É preciso esclarecer que a principal função do contador é desenvolver e
fornecer dados para mensurar a performance da empresa, avaliando sua posição
financeira em presença dos impostos, contabilizando todo seu patrimônio,
elaborando suas demonstrações, reconhecendo as receitas no momento em que
são incorridos os gastos (denominado regime de competência). Porém, o que
diferencia as atividades financeiras das contábeis é que a administração financeira
enfatiza o fluxo de caixa, que nada mais é do que a entrada e saída de dinheiro
na linha do tempo, que demonstrará realmente a situação e capacidade financeira
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
14
para satisfazer suas obrigações e adquirir novos ativos (bens ou direitos de
curto ou longo prazo) ,a fim de atingir as metas da empresa (SANTOS, 2007).
Atenção
A gestão financeira não substitui a gestão contábil, assim como a
gestão contábil não substitui a gestão financeira. Elas caminham
juntas. Trabalham com as mesmas informações. Apenas dão
tratamento diferenciado para essas informações.
Todavia, os contadores admitem a importância do fluxo de caixa, tal como
o administrador financeiro se utiliza do regime de competência, mas cada um
com suas especificidades e maneiras de transpassar ou descrever a situação
da empresa, sem desapreciar a importância de cada atividade, já que uma
depende da outra, no que diz respeito à circulação de dados e informações
necessárias para o exercício de cada uma.
Diante do que vimos, julgo importante a diferenciação detalhada e
exemplificada que encontraremos a seguir, ao diferenciar o regime de caixa do
regime de competência.
1.1.4 Regime de Caixa x Regime de Competência
Em finanças, o fluxo de caixa (designado em inglês por cash flow - Cf),
refere-se ao montante de caixa recebido e gasto por uma empresa no decorrer
de um período de tempo determinado, algumas vezes ligado a um projeto
específico.
Na Contabilidade, uma projeção de fluxo de caixa (que será discutido
com mais profundidade no item 1.3.3) apresenta todos os pagamentos e
recebimentos esperados em um determinado período de tempo. O gestor do
fluxo de caixa precisa de uma visão holística de todas as funções da empresa,
como: pagamentos, recebimentos, compra de matéria-prima, compra de
materiais secundários, salários e outros, porque é necessário prever o que se
poderá gastar no futuro dependendo do que se consome no presente.
Regime de competência é o que apropria receitas e despesas ao período
de sua realização, independentemente da ocorrência ou não dos recebimentos
das receitas ou dos pagamentos das despesas (SANTOS, 2007).
Exemplo: Aquisição de mercadorias para pagamento a prazo.
Se a compra ocorreu no mês de janeiro com pagamento em fevereiro,
a despesa deverá constar nos registros de janeiro, embora o
pagamento seja feito em fevereiro. Para a contabilidade, em janeiro é
computada a despesa, criando-se uma obrigação em contas a pagar,
e em fevereiro, em função do pagamento, deduz-se o valor pago de
contas a pagar, reduzindo o valor do caixa.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
15
Tal fato ocorre porque a contabilidade utiliza o regime de competência,
regime este em que são contabilizados como receita ou despesa os valores
dentro do mês de competência, na data onde ocorreu o fato gerador (data de
compra do material, venda do bem ou artigo, prestação de serviço, etc.), não
importando quando será pago ou recebido, mas sim quando ocorreu o fato.
Dica
A diferença entre o regime de caixa e o regime de competência está
exatamente na disposição da ocorrência na linha do tempo.
Como observamos, no regime de competência o registro do documento
se dá na data do fato gerador, não importando quando será pago ou recebido; ao
passo que no regime de caixa o registro do valor ocorre efetivamente na data do
pagamento, pois este, pelo seu conceito, somente considera o registro de um
documento quando o mesmo for pago, liquidado ou recebido, assim como você
pode observar no extrato de sua conta bancária.
Para a mensuração dos resultados de uma empresa é recomendada a
utilização do regime de competência, pois considera também a depreciação,
algo que no regime de caixa não é contemplado. A depreciação de um bem será
discutida com mais profundidade no 1.2.2. Trata-se de um item importante para
a gestão financeira de uma organização, pois no futuro a empresa precisará
repor o bem que esta depreciando, levantando assim a necessidade de averiguar
se o lucro obtido nas operações empresariais contempla a cobertura da
depreciação do maquinário e/ou demais bens (SANTOS, 2007).
Até o momento, foi abordado o significado do termo finanças, o papel do
administrador financeiro e as diferenças entre gestão financeira e gestão contábil.
Fizemos isto para que você possa situar-se no cenário do gestor financeiro das
organizações, permitindo a análise dos quadros financeiros com os olhos desses
profissionais.
1.2 QUADROS FINANCEIROS
1.2.1 Investimentos
Investimento é o que você faz quando aplica
seus recursos em algum
negócio (empresarial ou bancário) com a esperança de receber algum retorno
no futuro e que este seja superior ao aplicado, compensando até mesmo a perda
de uso desse recurso durante o período de aplicação.
Num sentido mais abrangente, o termo aplica-se tanto à aquisição de
máquinas, equipamentos e imóveis para a instalação de unidades produtivas
como à compra de títulos financeiros (letras de câmbio, ações). Ou seja,
investimento é toda aplicação de dinheiro com expectativa de lucro.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
16
Em economia, investimento significa exatamente a aplicação de capital
em meios que levam ao crescimento da capacidade produtiva (instalações,
máquinas, meios de transporte), ou seja, em bens de capital, podendo ser dividido
em dois tipos: Investimento bruto e Investimento líquido (GITMAN, 2002).
O investimento bruto corresponde a todos os gastos realizados com bens
de capital (máquinas e equipamentos) e formação de estoques, ao passo que
investimento líquido não leva em consideração as despesas com manutenção e
reposição de peças, equipamentos e instalações desgastadas pelo uso. Como
está diretamente ligado à compra de bens de capital e, portanto, à ampliação da
capacidade produtiva, o investimento líquido mede com mais exatidão o
crescimento da economia.
São exemplos de Investimentos:
Investimento Liquidez Rentabilidade Segurança
Poupança
Ações
Imóveis
Veículos
Máquinas e
Equipamentos
Alta
Alta
Baixa
Alta
Baixa
Baixa
Alta
Alta
Alta
Baixa
Baixa
Baixa
Alta
Alta
Média
QUADRO 1 - Exemplos de investimentos e fatores de decisão.
FONTE: Os autores
Como você deve ter observado, ao exemplificar os tipos de investimentos
mais comuns apresentados acima, estes foram classificados quanto a três
importantes indicadores utilizados na tomada de decisão ao se optar por uma
linha de investimento para seu dinheiro. Estamos tratando da liquidez, da
rentabilidade e da segurança: um investimento líquido é aquele que é de venda
rápida (fácil solvência), isto é; que possa ser trocado por moeda rapidamente. A
rentabilidade é o que mede o retorno sobre o capital investido e a segurança é o
item que avalia o potencial de perda o capital investido.
Todos os investimentos passam por um processo natural de depreciação,
que deve ser computado financeiramente. Em alguns casos, como no de
investimentos financeiros, os mesmos são passíveis de amortizações, como
veremos a seguir.
1.2.2 Amortizações e Depreciações
Amortização é um procedimento de eliminação de uma dívida por meio
de pagamentos periódicos, realizados através de um planejamento, de modo
que cada prestação corresponde à soma do pagamento do capital ou com o
pagamento dos juros do saldo devedor, podendo ser o reembolso de ambos,
com os juros sempre calculados sobre o saldo devedor (NOGUEIRA, 2002).
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
17
No Brasil, encontramos a amortização contábil, que em seu conceito,
além da diminuição de dívidas, contempla também direitos intangíveis
classificados no ativo, provenientes da teoria de dimensão econômica dos fundos
contábeis. Assim, associamos a expressão amortização contábil à depreciação
contábil, que trata da redução de bens tangíveis, e à exaustão contábil, tratando
de recursos naturais (SÁ, 1990).
Para Figueiredo (2004), existe uma série de tipos de sistemas de
amortização, a seguir:
z Sistema Francês de Amortização (Tabela price)
z Sistema de Amortização Constante (SAC)
z Sistema de Amortização Misto (SAM)
z Sistema Americano de Amortização
z Sistema Americano com Sinking Fund
z Sistema de Amortização Variável
z Sistema Alemão de Amortização
z Arrendamento Mercantil (Leasing)
Saiba Mais
No Brasil, os sistemas comumente utilizados são: o sistema francês
de amortização, seguido pelo arrendamento mercantil; e em outras
situações o sistema de amortização constante. Confira o artigo de
Daiani Furtado acessando o site abaixo:
http: / /www.microepequenasempresas.com.br/sistema-de-
amortizacao/
O sistema francês de amortização faz uso da Tabela Price. Trata-se de
um método usado em amortização de empréstimo, construído por juros
compostos, caracterizado por prestações iguais. O método de amortização
baseado nas tabelas de Richard Price, na realidade foi idealizado pelo seu autor
para pensões e aposentadorias. Porém, somente depois da 2ª revolução industrial
que sua metodologia de cálculo foi aproveitada para cálculos de amortização de
empréstimo (NOGUEIRA, 2002).
O processo de cálculo da tabela price é iterativo. Tomando como exemplo
um empréstimo de R$10.000,00 para ser pago em 10 parcelas mensais, com
juros de 1% ao mês.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
18
TABELA 1 – Sistema Francês de Amortização.
FONTE: Os autores
Primeiramente você precisa determinar o valor de cada parcela pela
seguinte fórmula:
PMT = (PV x i) / 1 – (1 + i ) - n
Onde:
PV = Valor Presente (valor a ser financiado)
i = Taxa (sempre em %)
n = Período (número de parcelas)
PMT= Parcela (o valor de cada parcela a ser paga)
Assim, PMT = R$ 1.055,82
z O valor do juro será sempre o valor do saldo devedor do período anterior,
multiplicado pela taxa (Nesse caso: 1% ou 0,01).
z O valor da amortização será resultado da diferença entre o valor da parcela
e o valor do juro. Ou seja, em cada mês, apura-se o juro para identificar
quanto da parcela paga corresponde à quitação do valor que se está
devendo.
z O saldo devedor em cada momento será o resultado do saldo devedor
anterior, subtraindo a amortização que ocorreu no período.
Atenção:
Juros - Valor devido pelo prazo de pagamento, acrescentado ao
saldo devedor na transição do mês anterior para o atual;
Amortização - O quanto da dívida foi paga, levando-se em
consideração os juros;
Saldo Devedor - O quanto da dívida está pendente para ser paga.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
19
Abaixo, alguns termos usados no meio econômico/financeiro em relação
à amortização, que julgamos interessante lhe explicar:
Devedor ou mutuário
Taxa de juros
Prazo de carência
Prazo de utilização
Prazo de amortização
Parcelas de amortização
Prestação
Pessoa que recebe algo pelo empréstimo.
Taxa acordada entre as partes. Calculada sobre
o saldo devedor. Custo do dinheiro.
Período entre o prazo de utilização e o pagamento
da primeira amortização.
Intervalo de tempo em que o empréstimo é
transferido do credor ao devedor.
Intervalo de tempo em que são pagas as
amortizações.
Parcelas de devolução do principal. Prestações
menos juros.
Soma da amortização acrescida de juros e
encargos.
QUADRO 2 - Termos usados no meio econômico/financeiro.
FONTE: MATHIAS, Washington Franco; GOMES, José Maria, Matemática
Financeira. São Paulo, Ed. Atlas,1989.
O leasing ou arrendamento mercantil é um contrato por meio do qual a
arrendadora ou locadora (entidade que se dedica à exploração de leasing) compra
um bem escolhido por seu cliente para, em seguida, locar ao mesmo, por um
prazo definido. Ao fim do contrato o arrendatário pode optar por renová-lo por
mais um período, por devolver o bem arrendado à arrendadora ou dela adquirir o
bem, pelo valor de mercado ou por um valor residual previamente definido no
contrato. O cliente deste tipo de crédito é, tipicamente, uma empresa, podendo,
no entanto, ser, também, contratado por pessoa física (BLATT, 1998).
Existem três formas de Leasing: Financeiro, Operacional e Leasing back.
Na operação de leasing operacional, a arrendadora arca com os custos de
manutenção dos equipamentos, e a arrendatária pode desfazer o contrato
bastando apenas esperar o período mínimo de noventa dias a contar do início do
contrato, assim como determina o Banco Central, e aviso prévio para a empresa
ou pessoa física
contratante. O Leasing Financeiro se assemelha a um aluguel,
com a diferença que se pode comprar o bem no final do prazo pré-determinado
por um valor já determinado anteriormente. Já o Leasing Back ocorre quando
uma empresa necessita de capital de giro. Ela vende seus bens a uma empresa
que a aluga novamente à primeira (BLATT, 1998).
No sistema de amortização constante (SAC) a parcela de amortização
da dívida é calculada tendo por base o total da dívida, também denominado saldo
devedor, dividido pelo prazo do financiamento, como um percentual fixo da dívida,
considerando um sistema linear. No SAC a prestação inicial é um pouco maior
que na Tabela Price, pois o valor que é pago da dívida, ou amortização, é maior,
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
20
assim, você estará liquidando mais da dívida desde o inicio do financiamento e
pagando menos juros ao longo de contrato (MATHIAS; GOMES, 1989).
Conforme a dívida é amortizada, a parcela dos juros e, por conseguinte a
prestação, tendem a decrescer, pois o próprio saldo devedor está sendo reduzido.
Com isso, no SAC, o saldo devedor e a sua prestação tendem a decrescer de
forma constante desde o início do financiamento e não permite a ocorrência de
valor residual ao término das prestações, desta forma, você estará menos
exposto em caso de aumento do indexador do contrato (a TR, TJLP ou INCC)
durante o financiamento (MATHIAS; GOMES, 1989).
Vejamos então o mesmo exemplo do caso anterior (price), como ele se
comporta pelo sistema de amortização constante:
Tratamos novamente de um empréstimo de R$10.000,00 para ser pago
em 10 parcelas mensais, com juros de 1% ao mês, porém dessa vez pelo SAC.
TABELA 2 - Sistema de Amortização Constante.
FONTE: Os autores
z Assim como no sistema francês de amortização, o valor do juro será
sempre o valor do saldo devedor do período anterior, multiplicado pela
taxa, porém diferente em cada momento, pois a formação do saldo
devedor, nesse caso, não soma juros retidos de períodos passados.
z O valor da amortização será determinado ao dividir o valor financiado pelo
número de parcelas em que será dividido.
z O saldo devedor em cada momento será o resultado do saldo devedor
anterior, descontando a amortização que ocorreu no período, que neste
caso será um valor fixo.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
21
Dica
Nesse sistema de amortização, a parcela não será fixa, sendo calculada
sempre pela soma da amortização ao valor dos juros, referente ao
saldo devedor. Compare a Tabela 1 com a Tabela 2.
Por depreciação devemos interpretar como sendo o custo ou a despesa
decorrente da deterioração ou da obsolescência dos ativos imobilizados
(máquinas, veículos, móveis, imóveis e instalações) da empresa. Ao longo do
tempo, com a obsolescência natural ou desgaste com uso na produção, os
ativos vão perdendo valor. Essa perda de valor deve ser apropriada pela
contabilidade periodicamente, até que esse bem tenha valor reduzido a zero
(SILVA, 2005).
Contudo, ao determinar a depreciação, o administrador pode estabelecer
fórmulas mais adequadas a sua realidade empresarial. Assim, um veículo,
mesmo tendo uma vida útil de 5 anos ou mais, deverá ser depreciado em 5 anos
no máximo, pois passado este período estará completamente obsoleto. Na
possibilidade desse veículo ainda ter condições de ser utilizado, deverá ser feita
uma reavaliação do bem, atribuindo a ele um novo valor, baseado em dados
técnicos. A partir de então, continua-se com a depreciação até a completa
exaustão do bem.
Conforme o art. 25 da IN SRF nº 11/96, os bens depreciáveis são:
z Edifícios e construções;
z Projetos florestais destinados à exploração dos respectivos frutos;
z Bens móveis e imóveis utilizados no desempenho de atividades de
contabilidade;
z Bens imóveis utilizados como estabelecimento da administração;
z Bens móveis utilizados nas atividades operacionais, instalados em
estabelecimento da empresa;
z Veículos do tipo caminhão, caminhonete de cabine simples ou utilitários,
utilizados no transporte de mercadorias e produtos adquiridos para
revenda, de matéria-prima, produtos intermediários e de embalagem,
aplicados a produção;
z Veículos do tipo caminhão, caminhonete de cabine simples ou utilitário;
as bicicletas e motocicletas utilizadas pelos cobradores, compradores e
vendedores, nas atividades de cobrança, compra e venda; bem como os
utilizados nas entregas de mercadorias;
z Veículos utilizados no transporte coletivo de empregados;
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
22
z Bens móveis e imóveis utilizados em pesquisa e desenvolvimento de
produtos e processos;
z Bens móveis e imóveis próprios, locados pela pessoa jurídica, e que
tenham a locação como objeto de sua atividade;
z Bens móveis e imóveis, objeto de arrendamento mercantil nos termos da
Lei 6099/74, pela pessoa jurídica arrendadora;
z Veículos utilizados na prestação de serviços de vigilância móvel, pela
pessoa jurídica que tenha objeto essa espécie de atividade (art. 307 do
RIR/99).
1.2.3 Métodos de Depreciação
Conforme determina o art. 305 do RIR/99, podemos computar como custo
ou encargo, em cada período de apuração, o valor correspondente à diminuição
do valor dos bens do ativo, resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza e
obsolescência normal. Esse artigo determina ainda os seguintes métodos de
depreciação:
z Método Linear
O método linear é o mais freqüentemente utilizado e se caracteriza pela
aplicação de taxas constantes durante o tempo de vida útil estimado para o
bem. Exemplo: Um bem tem vida útil de 10 anos, com taxa de depreciação de
10%.
Taxa de Depreciação = 100% / tempo de vida útil
TD = 100% / 10 anos = 10% a.a.
z Método das Horas de Trabalho
Este método consiste em determinar o número de horas de trabalho
durante o tempo de vida útil previsto para o bem. A parcela de depreciação será
obtida dividindo-se o número de horas trabalhadas no período pelo número de
horas de trabalho estimadas durante a vida útil do bem. Este método é próprio
das empresas industriais.
z Métodos das Unidades Produzidas
Também utilizado por empresas industriais. Consiste em determinar a
quantidade total de unidades que devem ser produzidas pelo bem no decorrer
de sua vida útil. A parcela de depreciação de cada período será obtida dividindo-
se o número de unidades produzidas no período pelo número de unidades
estimadas, a serem produzidas ao longo de sua vida útil.
Calculamos a depreciação, dentre outros motivos, para deduzi-la das
receitas e, assim, termos uma apuração mais real dos lucros obtidos nas
operações empresariais. Para tanto, vamos ver a seguir o que são essas receitas
de onde as depreciações e/ou amortizações serão descontadas.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
23
1.2.4 Receitas
Receita é o aporte de valores que ocorre em uma entidade (Contabilidade)
ou patrimônio (Economia). Normalmente esse aporte vem em forma de dinheiro
ou créditos representativos de direitos. Nas empresas privadas a receita
normalmente corresponde ao produto de venda de bens ou serviços – aqui
denominado faturamento – classificando-se em operacionais e não-operacionais
(SÁ, 1990).
Segundo Neves; Viceconti (2001), as receitas operacionais são oriundas
do objeto de exploração da empresa, podendo ser classificadas da seguinte
forma:
z Receita da atividade técnica ou principal - relacionada à atividade principal
da empresa como venda de produtos, mercadorias ou serviços.
z Receita acessória ou complementar - decorrente da receita da atividade
principal e representa rendimentos complementares. No Brasil denomina-
se contabilmente esse grupo de receitas de Outras Receitas
Operacionais, que devem ser compostos basicamente de Receitas
Financeiras (juros, aluguéis, rendimentos).
z Receitas não-operacionais - ingressos de valores no caixa derivados
de
transações não inclusas nas atividades principais ou acessórias da
empresa.
1.2.5 Receita Bruta
A receita bruta, para a contabilidade, é o produto da venda de bens e
serviços. Ou seja, é a receita total decorrente das atividades-fim da empresa
(atividades para as quais a empresa foi constituída, segundo seus estatutos ou
contrato social), também visto como o faturamento da organização (SÁ, 1990).
Porém, para fins tributários, no Brasil, a Receita Bruta tem diferentes
composições. Considera-se receita bruta, para fins de aplicação do Simples
Nacional, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria,
o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia,
tais como comissões recebidas, dentre outros, não incluídas as vendas
canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
Para fins de legislação do PIS e COFINS, a receita bruta é o total de
receitas contabilizadas, independentemente de originária do faturamento, o que
motivou muitas empresas a questionarem este conceito na justiça, visando
redução de contribuições a pagar.
São excluídos do conceito da receita bruta, para fins tributários: o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), quando cobrado pelo
vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
24
Para a contabilidade, a receita líquida é representada pela receita bruta
com deduções, como no exemplo a seguir:
Receita bruta de Vendas R$ 50.000,00
(-) Devoluções de Vendas R$ 1.500,00
(-) Descontos Comerciais R$ 5.000,00
(-) Impostos R$ 8.500,00
(=) Receita Líquida R$ 35.000,00
Da Receita Líquida, podem ser feitas ainda as seguintes deduções:
(=) Receita Líquida R$ 35.000,00
(-) Custos R$ 4.000,00
(=) Lucro bruto R$ 31.000,00
(-) Despesas R$ 10.000,00
(=) Lucro líquido R$ 21.000,00
1.2.6 Impostos
Imposto é uma contribuição percentual paga obrigatoriamente por
pessoas ou organizações para um governo, a partir de uma base de cálculo e
de um fato gerador. É uma forma de tributo que tem como principal finalidade,
custear o Estado (SÁ, 1990).
Impostos podem ser pagos em moeda (dinheiro) ou em mercadorias,
embora o pagamento em mercadorias nem sempre seja permitido ou classificado
como imposto em todos os sistemas tributários. No Brasil, os tributos somente
são aceitos em forma de dinheiro. Esses tributos podem incidir sobre renda ou
patrimônio. Renda diz respeito ao valor recebido pelo trabalho de indivíduos ou
de organizações e patrimônio são os bens de posse que têm valor como imóveis
e veículos (SMITH, 1983).
São exemplos de impostos:
Impostos federais
z II - Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros;
z IE - Imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados;
z IR - Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza;
z IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados;
z IOF - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas
a Títulos ou Valores Mobiliários;
z ITR - Imposto Territorial Rural.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
25
Impostos estaduais
z ICMS - Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e
prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação;
z IPVA - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);
z ITCMD - Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de
Qualquer Bem ou Direito.
Impostos municipais
z IPTU - Imposto sobre a Propriedade predial e Territorial Urbana;
z ITBI - Imposto sobre Transmissão inter vivos de Bens e Imóveis e de
direitos reais a eles relativos;
z ISSQN - Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).
Tanto os impostos pagos quanto os substituídos, no orçamento
empresarial, são computados como custos e agregados assim ao valor do
produto ou serviço produzido. Assim, a seguir, vamos discorrer acerca do tema
custos, que será mais amplamente abordado no terceiro capítulo de nosso
estudo.
1.2.7 Custos
Os custos são medidas monetárias dos dispêndios financeiros com os
quais uma organização, uma pessoa ou um governo, precisa arcar para atingir
seus objetivos, sendo considerados como objetivos a utilização de um produto
ou serviço qualquer, utilizados na obtenção de outros bens ou serviços. A
Contabilidade gerencial incorpora esses e outros conceitos econômicos para
fins de elaborar relatórios de custos de uso da administração da empresa
(LEONI, 1996).
Sob a visão contábil, os custos são medidas monetárias derivadas da
aplicação de bens e serviços na produção de outros bens e serviços, durante o
processo de fabricação.
Não adentraremos mais no tema custos porque este será tema do capítulo
3. Outro importante item acerca dos custos das mercadorias é a relação que a
empresa tem com sua gerência de estoques. A armazenagem de matéria prima,
de produtos acabados ou em processos de fabricação gera outro custo para as
organizações, que será tratado a seguir.
1.2.8 Estoques
Estoques são recursos disponíveis em um determinado momento, que
uma empresa pode aproveitar para dar origem a um bem. São quantidades
armazenadas ou em processo de produção, com a o objetivo de criar uma
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
26
independência entre os vários estágios da cadeia produtiva. (Compra-Venda,
Compra-Produção, Produção-Distribuição) (LUBBEN, 1989).
A gestão de estoques é um conceito que está presente em todo tipo de
empresa, assim como na vida quotidiana das pessoas. Desde o início da sua
história que a humanidade tem usado estoques de variados recursos, de modo
a suportar o seu desenvolvimento e sobrevivência, tais como ferramentas e
alimentos (LUBBEN, 1989).
No meio empresarial, o excesso de estoques representa custos
operacionais e de oportunidade do capital empatado, porém níveis baixos de
estoque podem originar perdas de economias e custos elevados devido à falta
de produtos. A tarefa de encontrar o ponto ideal de estoques (também determinado
ponto de equilíbrio) é bastante árdua (LUBBEN, 1989).
Uma das vantagens dos estoques é o fato de poderem ser usados para
enfrentar uma situação de privação do que é necessário podendo enfrentar
variações ou balanços da procura, mesmo sendo essa procura mais ou menos
constante, possibilitando também adquirir a baixos preços para se revender
quando os preços são elevados, e evitam o desconforto devido a entregas e
aquisições com elevada freqüência. Ou seja, devido ao fato das operações entre
entregas e utilizações se efetuarem em tempos diferentes, pode-se dizer que
os estoques servem de reguladores, entre esses dois processos (LUBBEN,
1989).
O armazenamento de materiais compreende dois tipos de custos: fixos
e variáveis. Nos custos variáveis podemos considerar os custos de operação e
manutenção dos equipamentos, manutenção dos estoques, materiais
operacionais e instalações, obsolescência e deterioração e custos de perdas.
Já nos custos fixos, equipamentos de armazenagem e manutenção, seguros,
benefícios a funcionários e folha de pagamentos e utilização do imóvel e mobiliário
(LEONI, 1996).
Quando a empresa detém estoques desnecessários, ocorre um
desaproveitamento de estoque, o que vai significar uma perda de espaço físico
e perdas de investimento. Quando existe a compreensão que os estoques geram
desperdícios e quando se identificam as razões que indicam a necessidade de
estoques, o propósito é usá-las de uma forma eficiente (LUBBEN, 1989).
Para Leoni (1996), em relação aos custos associados à gestão de
estoques, estes podem ser separados em três áreas principais: Custos de
manutenção de estoques; Custos de pedido e Custos de falta.
Custos de manutenção de estoques
são custos proporcionais à
quantidade armazenada e ao tempo que ela fica em estoque. Um dos custos
mais importante é o custo de oportunidade do capital, pois representa a perda
de receitas por ter o capital investido em estoques e não tê-lo investido em outra
atividade econômica. Uma visão comum é considerar o custo de manutenção
de estoque de um produto como uma pequena parte do seu valor unitário (LEONI,
1996).
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
27
Custo de pedido são custos referentes a uma nova encomenda, podendo
esses custos ser tanto variáveis como fixos. Os custos fixos associados a um
pedido são o envio da encomenda, receber essa mesma encomenda e a
inspeção. O exemplo principal de custo variável é o preço por unidade de compra
dos artigos encomendados (LEONI, 1996).
Custos de falta são custos derivados de quando não existe estoque
suficiente para atender a procura dos clientes em um dado período de tempo.
Esses custos ocorrem com o pagamento de multas contratuais, perdas de venda,
deterioração de imagem da empresa, perda de market share, e ativação de
planos de contingência (LEONI, 1996).
Para Lubben (1989), existem diversas classificações dos estoques. De
acordo com a natureza dos produtos fabricados e da atividade da empresa, os
estoques recebem diferentes denominações. Do ponto de vista do processo
produtivo em uma empresa industrial, podemos ter: estoque de produtos em
processo; de matéria-prima e materiais auxiliares; operacional e de produtos
acabados.
O estoque de produtos em processo baseia-se essencialmente em todos
os artigos solicitados, necessários à fabricação ou á montagem do produto final,
que se encontram nas várias fases de produção. No estoque de matéria-prima
e materiais auxiliares encontramos materiais secundários, como componentes
que iram integrar o produto final. São usualmente compostos por materiais brutos
destinados à transformação. O estoque operacional é um tipo de estoque criado
para evitar possíveis interrupções na produção por defeito ou danos de algum
equipamento. É constituído por lubrificantes ou quaisquer materiais destinados
à manutenção, substituição ou reparos tais como componentes ou peças
sobressalentes. E por fim, o estoque de produtos acabados, que é composto
pelo produto que teve seu processo de fabricação finalizado. Em empresas
comerciais é chamado de estoque de mercadorias. Usualmente são materiais
que se encontram em depósitos próprios para expedição. São formados por
materiais ou produtos em condições de serem vendidos (LUBBEN, 1989).
Fora do ciclo produtivo de uma empresa, temos também estoque de
materiais administrativos, que é formado de materiais destinados ao
desenvolvimento das atividades da empresa e utilizados nas áreas administrativas
da mesma, tais como, impressos, papel, formulários, etc. E como suporte à
operação da empresa, podemos também ter um estoque de segurança, que
são as quantidades guardadas para assegurar o andamento do processo produtivo
caso ocorram aumento na demanda do item por parte do processo ou atraso no
abastecimento futuro (LUBBEN, 1989).
Os estoques de segurança evitam que ocorram problemas inesperados
em alguma fase produtiva interrompendo as atividades sucessivas de
atendimento da demanda. A existência de estoques de segurança em uma fábrica
evita que o processo produtivo pare em caso de uma avaria, alimentando as
máquinas subseqüentes durante o reparo. São ainda utilizados para prevenir
uma empresa de incertezas nas suas operações logísticas (LUBBEN, 1989).
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
28
Quanto aos critérios de avaliação de estoques, podemos considerar três
critérios usualmente utilizados, sendo eles:
PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair);
UEPS (último a entrar, primeiro a sair);
Preço médio ponderado.
PEPS
No método PEPS, usamos o custo do lote mais antigo quando ocorre
venda da mercadoria até que se esgotem as quantidades desse estoque. Em
seguida, partimos para o segundo lote mais antigo e assim sucessivamente
(GARCIA, 2006).
Existem várias desvantagens nessa metodologia. Uma delas é que
precisamos controlar vários lotes para identificarmos sempre o custo do mais
antigo. Nesse caso o PEPS provocará um estoque com valor mais alto e um
custo mais baixo, formando assim um lucro maior, fazendo com que a empresa
pague mais impostos e mais dividendos (GARCIA, 2006).
UEPS
Já o UEPS funciona de forma muito parecida com o PEPS, apenas que
utilizamos o preço do último lote comprado para custearmos as vendas (GARCIA,
2006).
O UEPS possui também suas desvantagens em relação ao PEPS, pois
mesmo que não se acabe de usar todo um lote, abandona-se este e começa-se
a usar o último mais recente. Com isso precisamos controlar diversos lotes
com saldos no qual usamos parcialmente os custos (GARCIA, 2006).
Preço médio ponderado
Essa técnica é muito fácil de ser usada, pois custo médio será sempre a
divisão do saldo financeiro pelo saldo físico. A Média é a técnica indicada para a
elaboração dos cálculos de custos pela contabilidade, mas não é recomendada
para se usar na formação dos preços de vendas (GARCIA, 2006).
Para a contabilidade de custos não existe outra saída, pois a Média nos
dá um custo mediano, um lucro mediano e um estoque mediano, inclusive no
Brasil é obrigatório também o custeio por absorção real onde todos os custos
contábeis são agregados e rateados na produção do mês (GARCIA, 2006).
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
29
Observe a aplicação dos três métodos citados, em uma mesma situação.
TABELA 3 - Situação hipotética
FONTE: Os autores
TABELA 4 - PEPS
FONTE: Os autores
TABELA 5 - UEPS
FONTE: Os autores
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
30
TABELA 6 - MÉDIA
FONTE: Os autores
A gestão de estoques é o principal critério de avaliação de eficiência do
sistema de administração de materiais. Abrange uma série de atividades, que
vão desde a programação e planejamento das necessidades de materiais em
estoque, até ao controle das quantidades adquiridas, para medir a sua localização,
movimentação, utilização e armazenagem de modo a responder com regularidade
aos clientes em relação a preços, quantidades, e prazos (LUBBEN, 1989).
A programação e planejamento são as atividades relativas à definição
dos modelos necessários para a utilização de técnicas estatísticas, aplicáveis
às previsões de necessidades e à gestão de estoques da empresa, dentro de
uma produção e programação de vendas antecipadamente estabelecidas. O
controle é a etapa executiva responsável pela atualização e coleta dos dados de
movimentação que voltam a alimentar o processo de administração de estoques,
e que faz com que algumas decisões sejam tomadas em função de uma série
de parâmetros anteriormente estabelecidos (GARCIA, 2006).
Apesar da sua importância, extensão e complexidade, freqüentemente a
gestão de estoques é negligenciada em muitas empresas, sendo considerada
como uma questão não estratégica e limitada à tomada de decisões em níveis
organizacionais mais baixos. Algumas empresas já perceberam como a gestão
de estoques pode ser utilizada ao longo de toda a cadeia de suprimentos da qual
fazem parte, e de todas as vantagens competitivas que isso pode vir a trazer,
desfrutando assim destas vantagens (LUBBEN, 1989).
A boa administração dos estoques é de vital importância para a saúde
financeira das empresas, uma vez que grande parte do capital das empresas
está nos materiais envolvidos na produção, sendo comum representarem 50%
de todo o seu capital. Assim, reduções no montante estocado se traduz na
liberação de grande volume do capital necessário ao andamento do negócio
como um todo (LUBBEN, 1989).
Como vimos, estoques são custos, porém custos e despesas não são
sinônimos. Veja a seguir.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
31
1.2.9 Despesas
Para a contabilidade, despesa é o dispêndio necessário para a obtenção
de receita. As despesas são gastos que não se identificam com o processo de
transformação ou produção de bens e produtos. Estão sempre relacionadas
aos valores gastos com a estrutura administrativa e comercial da empresa tais
como aluguel, salários e encargos, telefone, propaganda, impostos, comissões,
dentre outros. Elas ainda são classificadas em fixas e variáveis, sendo as fixas
aquelas cujo valor a ser pago não depende do volume, ou do valor das vendas,
enquanto que as variáveis são aquelas cujo valor a ser pago está diretamente
relacionado ao valor vendido (SÁ, 1990).
Atenção: Custos diferente Despesas
Custo é o gasto aplicado à produção de um bem. No comércio,
aquisição de mercadorias. Na indústria, aquisição de matérias-
primas, insumos e mão-de-obra.
Despesas são os gastos usados para a obtenção de receitas não
relacionadas diretamente no produto: aluguel, telefone, material
de escritório, propaganda, comissões de vendedores, etc.
No Brasil, as despesas de entidades privadas e com fins lucrativos
aparecem na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), conforme as
normas brasileiras de contabilidade, logo abaixo do lucro líquido operacional. As
empresas sem fins lucrativos lançam as despesas na demonstração do déficit/
superávit do exercício, as quais constituem os grupos de despesas com vendas,
administrativas e financeiras, e também no grupo despesas não-operacionais,
daquela demonstração.
É importante salientar que, contabilmente, despesa não é igual a custo,
uma vez que este último, como você identificará no item 1.2.5, é relacionado
com o processo produtivo de bens ou serviços, enquanto que despesa diz
respeito aos gastos com a manutenção das atividades da entidade.
Com base do que já vimos até o momento, certamente você está habilitado
a partir para o próximo passo de nosso estudo: As demonstrações financeiras.
1.3 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Vamos perceber nesse item que demonstrações financeiras são
representações estruturadas da posição financeira e do desempenho financeiro
de uma determinada organização. Os seus objetivos se concentram em propiciar
informações que orientem as tomadas de decisão, mostrando os resultados
obtidos em determinados períodos.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
32
1.3.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração
contábil dinâmica que tem por objetivo evidenciar a formação do resultado líquido
em um exercício, por meio do confronto das receitas, custos e despesas,
apuradas segundo o princípio contábil do regime de competência (SÁ, 1990).
A DRE é estruturada da seguinte forma:
Faturamento Bruto
(-) IPI Faturado
= Receita Operacional Bruta (Venda Bruta)
Vendas de Mercadorias, Produtos ou Prestação de Serviços
(-) Deduções e abatimentos
Devoluções de vendas
Descontos e abatimentos comerciais
Vendas anuladas e canceladas
Impostos sobre vendas
= Receita Operacional Líquida
(-) Custos das Mercadorias, Produtos ou Serviços Vendidos
= Lucro Operacional Bruto
(-) Despesas Operacionais
Despesas com vendas / comerciais
Despesas administrativas
Encargos financeiros
Outras despesas operacionais
+ Outras Receitas Operacionais
Receitas de aluguéis, Dividendos recebidos, Ganhos em participações societárias, reversões de
provisões
(=) Resultado Operacional Líquido
+ Receitas Não Operacionais
Vendas de permanentes, lucro apurado em coligadas e controladas pela equivalência
patrimonial
(-) Despesas não operacionais
Custo dos Permanentes Vendidos, prejuízo apurado em coligadas e controladas, provisão para perdas
prováveis em investimentos
= Resultado do Exercício antes da Contribuição Social
(-) Provisão para Contribuição Social
= Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda (não é necessariamente a base para o IR)
(-) Provisão para o Imposto de Renda
= Resultado do Exercício após o Imposto de Renda
(-) Participações
Debêntures
Empregados
Administradores
Partes beneficiárias
Contribuições para instituições ou Fundo de Assistência ou Previdência dos Empregados
= Resultado Líquido do Exercício
Lucro ou Prejuízo por Ação do Capital
FIGURA 1 - Estrutura da DRE
FONTE: BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as
sociedades por ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/
L6404consol.htm>. Acesso em: 28 ago 2008. Alterada pela Lei 11.638/07 de 28
de dezembro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 28 ago 2008.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
33
A demonstração do resultado do exercício oferece um resumo financeiro
dos resultados operacionais e não operacionais de uma empresa em certo
período. Embora sejam elaboradas anualmente para fins legais de divulgação,
normalmente são feitas mensalmente para fins administrativos e trimestralmente
para fins fiscais (HELFERT, 2000).
Observe um exemplo com números.
TABELA 7 - Exemplo de DRE
FONTE: Os autores
A DRE está intimamente ligada ao Balanço Patrimonial, porém dá
posicionamentos diferentes de um mesmo período. Observe abaixo o que ocorre
com as informações nessa ferramenta de demonstração financeira.
1.3.2 Balanço Patrimonial
Partimos da idéia de uma balança de dois pratos, onde sempre
encontramos a igualdade. Mas em vez de se denominar balança, denomina-se
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
34
balanço. Já o termo patrimonial tem origem no patrimônio da empresa, ou
seja, o conjunto de bens, direitos e obrigações. Juntando os dois conceitos
temos o balanço patrimonial, equilíbrio do patrimônio, ou igualdade
patrimonial, que evidencia a situação patrimonial da empresa em determinada
data (PADOVEZE, 2004).
O balanço é uma demonstração contábil que tem por finalidade
apresentar a posição contábil, financeira e economica de uma empresa em
determinada data, representando uma posição estática (situação do
patrimônio em determinada data) (SÁ, 1990).
Saiba Mais
A palavra balanço vem do equilíbrio ou da igualdade expresso nas
seguintes fórmulas contábeis:
z Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido
z Aplicações = Origens.
Confira mais no site do SEBRAE acessando o link abaixo:
http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-um-negocio/
planeje-sua-empresa/administracao/1114/BIA_1114/integra_bia
O Balanço apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (obrigações)
e o Patrimônio Líquido, que é resultante da diferença entre o total de ativos e
passivos. É a demonstração contábil que evidencia, resumidamente, o patrimônio
da empresa, quantitativa e qualitativamente (PADOVEZE, 2004).
As contas do Ativo sujeitas à depreciação, à amortização, à exaustão e à
provisão para créditos de liquidação duvidosa e outras provisões aparecerão,
no Balanço Patrimonial, deduzidas das respectivas depreciações, amortizações,
exaustões ou provisões para créditos de liquidação duvidosa e outras provisões
(PADOVEZE, 2004).
Atenção
Na contabilidade, o ativo circulante é uma referência aos bens e
direitos que podem ser convertidos em dinheiro em curto prazo.
São ativos que podem ser considerados como circulantes: dinheiro em
caixa, conta movimento em banco, aplicações financeiras, contas a receber,
estoques, despesas antecipadas, numerário em caixa, depósito bancário,
mercadorias, matérias-primas e títulos (PADOVEZE, 2004).
O ativo circulante é aquele que irá se cumprir até o exercício social
seguinte e é equivalente ao capital de giro. O Capital de giro ou Capital Circulante
Líquido é a diferença do Ativo Circulante do Passivo Circulante, conforme a
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
35
terminologia do DOAR ( Demonstração de origens e aplicações de recursos)
dada pela Lei Federal
Brasileira 6.404/76. Esta era obrigatória para as companhias
de capital aberto e para as de capital fechado que apresentassem na data do
balanço patrimonial, um patrimônio líquido superior a R$ 1.000.000,00 (atualizado
pela Lei no 9.457/97). A DOAR indica as modificações na posição financeira da
companhia. E a partir de janeiro de 2008, a DOAR foi substituida pelo DFC
(Demonstração de Fluxo de Caixa) de 2007.
Ativo realizável a longo prazo é representado por um conjunto de bens e
direitos que irão realizar-se após 360 dias da data da publicação do balanço a
que faz parte. Exemplos: impostos a recuperar, contratos de mútuo valor,
empréstimos a sócios ou diretores (direitos a receber que, mesmo pressuponto
recebimento a curto prazo, devem ser classificados no realizável a longo prazo).
Tal fato ocorre por que a empresa não vai acionar seu diretor se este não pagar
na data combinada. Entram também no ativo realizável a longo prazo os direitos
realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de
vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas,
diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem
negócios usuais na exploração do objeto da companhia (PADOVEZE, 2004).
Passivo circulante são as obrigações que normalmente são pagas dentro
de um ano tais como contas a pagar, dívidas com fornecedores de mercadorias
ou matérias-prima, impostos a recolher, empréstimos bancários com vencimento
nos próximos 360 dias, provisões para despesas incorridas, geradas, ainda não
pagas, porém reconhecidas pela empresa tais como imposto de renda, férias,
13° salário, dentre outros (PADOVEZE, 2004).
São considerados exemplos de passivo circulante:
z Fornecedores (duplicatas a pagar) z Encargos sociais a pagar
z Empréstimos bancários z Salários a pagar
z Títulos a pagar z Impostos a pagar
Passivo exigível a longo prazo são as dívidas de uma empresa que serão
liquidadas com prazo superior a um ano, tais como financiamentos e títulos a
pagar, dentre outros. Trata-se das obrigações com terceiros, como duplicatas a
pagar, notas promissórias a pagar, fornecedores, impostos a recolher, contas a
pagar, títulos a pagar, contribuições a recolher e outras, que terão seu vencimento
360 dias após a data da publicação do balanço de que fazem parte (SÁ, 1990).
Patrimônio líquido representa os valores que os sócios ou acionistas têm
na empresa em um determinado momento. No balanço patrimonial, a diferença
entre o valor dos ativos e dos passivos e resultado de exercícios futuros
representa o Patrimônio Líquido (PL), que é o valor contábil devido pela pessoa
jurídica aos sócios ou acionistas, baseado no princípio da entidade (SÁ, 1990).
A seguir temos um modelo mais completo de Balanço Patrimonial:
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
36
QUADRO 3 - Estrutura do Balanço Patrimonial
FONTE: Os autores
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
37
Observe como se comportam os números aplicados ao modelo exposto:
TABELA 8 - Exemplo de Balanço Patrimonial
FONTE: Os autores
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
38
Visto a Demonstração do Resultado do Exercício e a Balanço Patrimonial,
nos resta o fluxo de caixa, que trata-se de outra ferramenta de demonstração
financeira. Veja a seguir.
1.3.4 Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa é uma ferramenta desenvolvida para a execução do
planejamento e do controle financeiro a curto, médio e longo prazo da Empresa.
Ele não indica apenas o total de dinheiro em caixa necessário para a manutenção
das operações da empresa, mas também, o período em que serão obtidos e/ou
desembolsados. Além disso, o fluxo de caixa serve como um ponto de referência
em relação a qual os valores realizados podem ser comparados (CAVALHEIRO,
1989).
Defasagens significativas podem indicar que os programas da empresa
não estão correndo segundo o planejado, mostrando que deverão ser tomadas
medidas corretivas e/ou saneadoras. Estas defasagens podem informar que os
programas da empresa tornaram-se irreais em vista da ocorrência de
acontecimentos imprevistos e incontroláveis (DAMODARAN, 1997).
O fluxo não é nada mais que um plano escrito, expresso em termos de
unidades monetárias. Trata-se de uma ótima ferramenta para auxiliar o
administrador de determinada empresa nas tomadas de decisões. É através
deste demonstrativo que os custos fixos e variáveis são evidenciados, permitindo-
se desta forma um controle efetivo sobre determinadas questões empresariais
(DAMODARAN, 1997).
Para Pensar
O fluxo de caixa pode ser utilizado também por pessoas físicas que
tenham interesse em uma organização financeira pessoal mais
eficiente?
O fluxo de caixa poderá ser elaborado com relativa precisão e ter em
vista várias finalidades. A principal será indicar as necessidades de dinheiro para
atendimento dos compromissos que a empresa costuma ter com prazos certos
para serem saldados.
Observe o modelo de fluxo de caixa que é apresentado a seguir.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
39
TABELA 9 - Modelo de Fluxo de Caixa
FONTE: Os autores
Vantagens do Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa também pode ser uma ferramenta de uso pessoal.
Pessoas físicas que tenham interesse em uma organização financeira pessoal
mais eficiente podem fazer uso dessas técnicas. Inclusive, existem hoje no
mercado diferentes tipos de ferramentas que têm por objetivo facilitar a confecção
do fluxo de caixa pessoal.
Segundo Damodaran (1997), as principais vantagens do uso de um fluxo
de caixa são:
z demonstrar ao gestor financeiro o momento exato para as retiradas de
caixa, sem acarretar problemas financeiros para a empresa;
z propiciar ao gestor financeiro meios de pôr em funcionamento suas
disponibilidades de caixa de maneira racional e lucrativa, sem
comprometer a liquidez da empresa;
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
40
z projetar as necessidades financeiras futuras, permitindo que se busquem
alternativas de suprimento de caixa mais rápidas e em tempo hábil quando
se fizer necessário;
z destacar os pontos negativos e os pontos positivos, antecipando ao gestor
financeiro a atitude, em termos, das medidas cabíveis para cada situação
projetada para a empresa;
z auxiliar na verificação dos períodos em que a empresa terá excedentes
de caixa, estimar os valores dos saldos de caixa e os períodos em que
eles irão ocorrer;
z permitir a escolha de alternativas mais eficazes para suprir eventuais
faltas de saldo de caixa, visto que o fluxo estabelece os objetivos e as
metas a atingir pela empresa.
Ainda segundo o mesmo autor, as principais desvantagens do uso de
um fluxo de caixa são:
z quanto ao planejamento - os erros cometidos pelo gestor financeiro
vinculam-se às estimativas do fluxo de caixa que, por sua vez, dependem
da exatidão das projeções de vendas que lhe servirão de base para todo
o sistema orçamentário global;
z apresentará restrições por parte de alguns grupos da empresa quanto a
mudanças de planejamento e de controles orçamentários;
z poderá haver um imediatismo por parte do gestor financeiro ou de algumas
pessoas na obtenção dos resultados, através da utilização do fluxo de
caixa;
z haverá sempre a necessidade de comparar os resultados apurados com
os projetados pela empresa, visando o melhor planejamento de ingressos
e de desembolsos de caixas futuros;
z as instabilidades do mercado poderão prejudicar o desempenho do fluxo
de caixa da empresa, em função das variações nas atividades econômico-
financeiras para o período projetado.
A projeção do fluxo de caixa consiste em uma importante e fiel ferramenta
para se apurar o lucro real obtido no período e a falta deste, que deve ser suprido
pelo capital de giro, assim como descrito no próximo item.
1.4 CAPITAL DE GIRO
Agora vamos começar a tratar das
finanças a curto prazo, que tem como
preocupação principal a análise das decisões que afetam os ativos e passivos
circulantes. Nesse contexto, observa-se que, com certa freqüência, a expressão
capital de giro é associada à tomada de decisões financeiras a curto prazo.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
41
Saiba Mais
De acordo com a Lei das S/A's (Lei 6.404 de 15/12/1976, em seus
artigos 179 e 180), o curto prazo é delimitado por um período igual ao
de um exercício social, que normalmente é de um ano. Na prática, as
decisões financeiras tipicamente de curto prazo envolvem entradas e
saídas de caixa que ocorrem no prazo de um ano ou menos; tais
como encomendas de matéria prima, pagamentos à vista ou descontos
na venda de produtos acabados.
Confira acessando o site abaixo:
http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1976/6404.htm
Obs: Em 28 de dezembro de 2007, foi publicada a Lei 11.638/07 que
altera a Lei 6.404/76. Confira as mudanças no site abaixo:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/
L11638.htm
Uma boa parte dos fundos de uma empresa destina-se ao que chamamos
de capital de giro, ativos circulantes ou ativos correntes. Em geral, estes ativos
compreendem os saldos mantidos pela empresa nas contas disponibilidades,
investimentos temporários, contas a receber e estoques (matérias primas,
mercadorias para venda, produção em andamento e produtos acabados). A soma
destes saldos, em qualquer momento, representa o montante investido pela
empresa nestes itens.
Vamos determinar, a seguir, como se apura a necessidade de levantar
ou aprovisionar recursos para o capital de giro nas finanças das empresas.
1.4.1 Necessidade de Capital de Giro
Capital de giro é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer
seus negócios acontecerem. Em geral, boa parte do total dos ativos de uma
empresa são destinados a este capital. Além de sua participação sobre o total
dos ativos da empresa, o capital de giro exige um esforço para ser administrado
pelo gestor financeiro maior do que aquele requerido pelo capital fixo (SÁ, 1990).
Atenção
O capital de giro precisa ser monitorado constantemente, pois
sofre o impacto das diversas mudanças econômicas enfrentadas
pela empresa. As dificuldades relativas ao capital de giro numa
empresa são originadas pela ocorrência dos seguintes fatores:
z Redução das vendas;
z Crescimento da inadimplência;
z Aumento das despesas financeiras;
z Aumento dos custos.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
42
A necessidade de capital de giro surge em função do ciclo financeiro da
empresa (que será explicado no item 1.4.3). Quando o ciclo financeiro é longo, a
necessidade de capital de giro é maior e vice-versa. Assim, a redução do ciclo
de caixa - em resumo, significa receber mais cedo e pagar mais tarde - deve ser
uma meta da administração financeira. Entretanto, a redução do ciclo de caixa
requer a adoção de medidas de natureza operacional, envolvendo o encurtamento
dos prazos de estocagem, produção, operação e vendas. O cálculo através do
ciclo financeiro (desenvolvido no item 1.4.3) possibilita mais facilmente prever a
necessidade de capital de giro em função de uma alteração nas políticas de
prazos médios ou no volume de vendas.
Através do saldo das contas no Balanço Patrimonial, pode-se determinar
a necessidade de capital de giro da seguinte forma:
NCG = Contas a Receber + Estoque - Contas a Pagar.
Dessa forma, podemos determinar o valor necessário para que as
operações financeiras da empresa mantenham-se com um status de saudável.
Porém, é muito importante a conciliação do fluxo de caixa, visto anteriormente,
para determinarmos também os períodos em que será necessário cada montante
do capital de giro apurado como necessário.
Se não obtivermos o valor necessário para o capital de giro, nos resta
crer que esta organização, ao invés de necessitar de recursos para fechar seu
período, está com recursos extras, além do necessário. Trata-se de uma situação
bastante saudável e confortável. A esta situação, dá-se o nome de saldo de
tesouraria.
1.4.2 Saldo de Tesouraria
Tesouraria é o setor de uma organização encarregado da contabilidade e
do armazenamento do dinheiro - caixa (SÁ, 1990). O saldo de tesouraria é obtido
pela diferença entre o ativo financeiro e o passivo financeiro:
T = Ativo Financeiro – Passivo Financeiro,
Você também pode determinar pelo valor residual decorrente da diferença
entre o Capital de Giro e a necessidade de capital de giro, da seguinte forma:
T = CDG – NCG
Ou seja, trata-se da diferença entre o valor que se tem em caixa e o valor
que é necessário para saldar as obrigações no período. Quando positivo é sinal
que existe dinheiro sobrando no caixa, que pode ser investido na produção, algum
ativo financeiro, ou até mesmo financiar um prazo maior aos clientes. Quando
negativo, observa-se a evidência de que não há dinheiro suficiente para o
cumprimento das obrigações, levando as organizações a buscar soluções para
esse fechamento, que comumente se dá em buscar dinheiro no mercado
financeiro, através de empréstimos ou venda de capital.
Um saldo positivo de tesouraria representa uma reserva financeira da
empresa para fazer frente a eventuais expansões da necessidade de
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
43
investimento operacional em giro, principalmente aquelas de natureza sazonal.
A condição fundamental para que a empresa esteja em equilíbrio financeiro é
que seu saldo de tesouraria seja positivo.
Tanto situações de necessidade de capital de giro quanto em que ocorrem
saldo de tesouraria, podem ser visualizadas nos ciclos empresariais: operacional
e financeiro. Veja a seguir do que se trata.
1.4.3 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro
Podemos dizer que os ativos correntes constituem o capital de empresa
que circula até transformar-se novamente em dinheiro, dentro de um ciclo de
operações. Nota-se assim que o curto prazo, como duração desse ciclo de
operações, na verdade varia conforme a natureza das operações da empresa,
e se resume ao tempo exigido para que uma aplicação de dinheiro em insumos
variáveis gire inteiramente, desde a compra de matéria prima e o pagamento de
funcionários, até o recebimento correspondente à venda do produto ou serviço
(MATIAS, 2007).
A figura abaixo representa graficamente o ciclo operacional de uma
empresa.
Caixa
Estoque
de
Matéria
Prima
Estoque
de
Produtos
Acabados
Duplicatas
a
Receber
>>>>> >>>>> >>>>>
Compra de
Matéria Prima Produção
Vendas à
prazo
Vendas à vista
W
W
FIGURA 2 - Ciclo Operacional
FONTE: Os autores
Observe que existe certa dificuldade em visualizar uma empresa real em
funcionamento e examinar o processo pelo qual as etapas são vencidas nesse
ciclo, principalmente quando se considera que uma empresa certamente terá
vários ciclos em andamento, simultaneamente e em etapas distintas a cada
momento.
Atenção
As empresas mantêm capital de giro para sustentar um dado volume
de operações. Os investimentos que ela faz, em cada item, dependem
da natureza das operações às quais a empresa se dedica e das
peculiaridades do setor em que ela atua.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
44
Vamos distinguir o Ciclo Operacional do Ciclo Financeiro (ou de caixa).
Suponha o seguinte exemplo: num certo dia (data zero) você adquire
mercadorias no valor de R$ 100.000,00 a serem pagos em 30 dias. Após 60
dias desta compra, você vende estas mercadorias por R$ 120.000,00 para
pagamento num prazo de 45 dias. Cronologicamente, estes eventos podem
ser resumidos conforme quadro a seguir:
TABELA 10 - Cronologia de Eventos
Compra de Mercadorias
Evento
Pagamento da Compra
Venda da Mercadoria a prazo
Recebimento da venda
0
30
60
105
Dia Caixa
(R$ 100.000,00)
R$ 140.000,00
FONTE: Os autores
A primeira observação pertinente é que o ciclo completo, desde o momento
da compra até o recebimento de caixa levou 105 dias. Denominamos este período
de Ciclo Operacional. O seja, o ciclo operacional é o período que vai desde a
compra da mercadoria até seu recebimento.
Observe ainda que este ciclo possui dois componentes distintos. A primeira
parte é o tempo que leva para comprar e vender a mercadoria, denominado de
Prazo de estocagem, representado por 60 dias no exemplo acima. A segunda
parte é o tempo necessário para receber a venda, denominado de Período de
Contas a Receber, representado por 45 dias no caso do exemplo.
Desta forma, temos:
Ciclo Operacional = Prazo de Estocagem + Prazo de Recebimento de Vendas
Onde, período de Estocagem representa o período entre a compra e a
venda da mercadoria; e Prazo de Recebimento de Vendas é determinado pelo
intervalo entre a venda da mercadoria e o recebimento da venda.
Assim:
Ciclo Operacional = 60 dias + 45 dias = 105 dias.
Outra observação pertinente sobre o exemplo é que os fluxos de caixa e
os outros eventos não estão sincronizados. Note que nada se pagou pelo estoque
até 30 dias após a compra. A este prazo denominamos Prazo de Contas a Pagar:
período entre o recebimento do estoque e seu pagamento.
Houve então um desembolso de R$100.000,00 no dia 30 e, no entanto,
não houve qualquer recebimento até o dia 105, o que evidencia a necessidade
de financiamento dos R$100.000,00 por 75 dias (105 – 30). A este período
denominamos Ciclo Financeiro, representando o número de dias transcorridos
desde o pagamento do estoque até o recebimento da venda.
Capítulo 1 Q Fundamentos da Gestão Financeira
45
Com base nestas definições, temos então que o Ciclo Financeiro que
pode ser calculado como a diferença entre o Ciclo Operacional e o Prazo de
Contas a Pagar
Ciclo de Caixa = Ciclo operacional – Prazo de contas a pagar
A figura a seguir representa as atividades operacionais a curto prazo e os
fluxos de caixa de uma empresa comercial típica, mostrando a linha de tempo
do fluxo de caixa.
FIGURA 3 - Ciclo Operacional
FONTE: Os autores
A necessidade de uma administração financeira a curto prazo fica evidente
nesta figura, quando se observa a defasagem entre as entradas e as saídas de
caixa. Esta defasagem está relacionada à extensão do Ciclo Operacional e do
Prazo de Contas a Pagar, cuja diferença gera o Ciclo Financeiro.
A gestão dessa defasagem entre entradas e saídas de caixa a curto prazo
passa por opções gerenciais, tais como:
Empréstimos de curto prazo;
Manutenção de Reserva de Liquidez (caixa ou títulos);
Alteração no Prazo de Estocagem;
Alteração no Prazo de Contas a Receber;
Alteração no Prazo de Contas a Pagar.
Neste capítulo, aprendemos que:
Finanças podem ter seu conceito representado pela técnica ou ciência de
administrar fundos. Nesse contexto, os administradores financeiros administram
as finanças de todos os tipos de empresas, desempenhando uma série de tarefas
relacionadas à movimentação de valores.
Apesar de a administração financeira ter, como vimos, esse contato íntimo
com a contabilidade, entendemos que a primeira tem como visão o fluxo de caixa,
representado pelas seqüências de pagamentos ou recebimentos; ao passo que a
contabilidade tem suas atenções voltadas ao regime de competência, apropriando
receitas e despesas ao período de sua realização, independentemente da
ocorrência ou não dos recebimentos das receitas ou dos pagamentos das
despesas.
Toda essa atenção à movimentação de fundos em uma organização tem
um objetivo: monitorar e gerir operações de investimentos (aplicação de algum
tipo de recurso com a esperança de receber no futuro um retorno superior ao
investimento), amortizando (eliminação de uma dívida por meio de pagamentos
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
46
periódicos) e depreciando-os quando possível ou necessário. Por depreciação
entendemos os custos ou as despesas decorrentes do desgaste ou da
obsolescência dos bens adquiridos. São fatores importantes na apuração do lucro
e, por conseqüência, incisivos na apuração dos resultados para a base de cálculo
do imposto de renda. Essas despesas são normalmente descontadas das receitas,
que tratam do aporte de valores que ocorre em uma empresa. A receita, quando
apurada, vai se chamar de receita bruta e somente após as devidas deduções
(despesas, custos, estoques, impostos, etc.), se apresenta como receita líquida.
Com todas essas informações financeiras que vimos, conseguimos dispô-
las em formas de demonstrações financeiras tais como o DRE (Demonstração
do Resultado do Exercício), que tem por objetivo evidenciar a formação do resultado
líquido em um exercício confrontando receitas, custos e despesas apuradas. Com
essas informações podemos ainda construir o chamado Balanço Patrimonial, que
objetiva apresentar a posição contábil, financeira e econômica de uma empresa
em determinada data, representando a situação do patrimônio; ou ainda alimentar
uma terceira ferramenta que vimos, chamada fluxo de caixa, onde ocorre todo o
planejamento e o controle financeiro a curto, médio e longo prazos da empresa.
Tratando-se das finanças de curto prazo, vimos com freqüência a expressão
capital de giro, associada à tomada de decisões financeiras. Trata-se de um
conjunto de valores necessários para a empresa realizar suas operações, pois
boa parte do total dos ativos de uma empresa é destinada a este capital. Surge aí
a atenção aos ciclos empresariais - operacional e financeiro – onde o primeiro vai
tratar do tempo de estocagem de produtos, somado ao prazo para o recebumento
das vendas dos mesmos; e o segundo, o resultado do ciclo operacional,
descontando-se o prazo para o pagamentos decorrentes das atividades
empresariais.
Assim, podemos acreditar que você está pronto para realizar a atividade
abaixo recomendada.
Atividade Complementar
1) Do que trata a gestão financeira?
2) Qual a função do gestor financeiro?
3) Qual a diferença entre a gestão financeira e a contabilidade?
4) Defina amortização e depreciação, citando a importância dessa tarefa.
5) Qual a diferença entre despesas e custos?
6) O que é um DRE? Para que serve?
7) Qual o princípio fundamental do Balanço Patrimonial?
8) O que é um fluxo de caixa e como este pode ajudar na determinação
da necessidade de capital de giro?
47
C
A
P
ÍT
U
LO
2
2 DECISÕES DE FINANCIAMENTOS E ANÁLISE DE
INVESTIMENTOS
Objetivos de Aprendizagem
1. Distinguir a formação do custo de capital, seja ele próprio ou de
terceiros e os efeitos dos impostos sobre a renda.
2. Propor as formas de alavancagem empresarial: operacional,
financeira ou combinada (operacional e financeira).
3. Analisar a viabilidade de um investimento por meio de técnicas
matemáticas: Pay Back Simples, Pay Back Descontado, Valor
Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).
INTRODUÇÃO
Podemos tratar do termo financiamento como uma ação organizacional/
empresarial realizada para pagar um produto/serviço por meio de um empréstimo.
Financiamentos normalmente são oferecidos por instituições financeiras, tais
como bancos, cobrando juros sobre os valores. Tecnicamente, o financiamento
diferencia-se do empréstimo pelo vínculo direto que ocorre com algum bem ou
serviço. Para a escolha e decisão das formas de financiamentos a se adotar,
faz-se necessária a prática de análise dos investimentos pelo gestor financeiro
da empresa. Esta tarefa objetiva quantificar as vantagens e as desvantagens do
projeto que a empresa pretende realizar.
 Assim, esse capítulo almeja orientá-lo nas decisões de financiamentos,
onde se faz necessário demonstrar o conceito de custo de capital (próprio ou de
terceiros), para assim podermos projetar alavancagens (operacionais e/ou
financeiras) e analisarmos a viabilidade dos investimentos por técnicas
que serão
abordadas, tais como: o Pay Back (que contempla o tempo de retorno de um
investimento), o VPL (Valor Presente Líquido, que consiste em trazer todos os
fluxos previstos em um projeto ao valor presente),e a determinação da TIR (Taxa
Interna de Retorno, que nada mais é do que apurar a taxa de rendimento que os
fluxos projetados nos retornará).
2.1 DECISÕES DE FINANCIAMENTOS
O financiamento das atividades executadas pelas empresas é realizado
por meio da aplicação de diferentes tipos de fundos obtidos externamente ou
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
48
gerados no decorrer das operações. Uma classificação bem simples divide esses
fundos em duas categorias: capital próprio e capital de terceiros, a serem
estudados a seguir, dentre outros tópicos adjacentes.
2.1.1 Custo de Capital
Quando você detém um capital, ao investir ou aplicar esse recurso em
uma determinada entidade, exige-se um retorno mínimo a título de remuneração
do seu patrimônio. A taxa de captação dos recursos entregues à administração
da empresa, levado em conta o princípio contábil da entidade, significa o custo
de capital que representa a taxa de financiamento da entidade. Ou seja, o custo
do capital pode ser representado pela taxa de juros que as empresas usam para
calcular, descontando o valor do dinheiro no tempo (ATKINSON et al, 2000).
O custo do capital tem efeito sobre as operações da empresa que,
consequentemente vem afetar a sua lucratividade. Este pode ser obtido
considerando todas as fontes dos recursos postos à disposição da empresa,
de acordo com a participação percentual do capital próprio e de terceiros
(ATKINSON et al, 2000).
O Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC é obtido pelo custo de
cada fonte de capital ponderado por sua respectiva participação na estrutura de
financiamento da empresa.
Exemplo: Analisando as contas de uma empresa, observou-se que esta
apresenta um Patrimônio Líquido de R$ 70.000 e dívidas de R$ 30.000. Portanto,
há 70% de capital próprio e 30% de capital de terceiros. Sabe-se que:
z a remuneração requerida pelos acionistas é de 20% ao ano;
z o custo da dívida é de 10% ao ano;
Então:
CMPC = (20% x 70%) + (10% x 30%) = 17% ao ano.
Ao custo do capital, agrega-se outro fator: o tributário. Observe a seguir a
influência dos impostos sobre a renda nas atividades empresariais pertinentes
aos nossos estudos neste caderno.
2.1.2 Efeitos dos Impostos sobre a Renda
O imposto de renda é um imposto devido onde cada indivíduo ou empresa
é obrigado a deduzir certa porcentagem de sua renda média anual para o governo.
Esta percentagem pode variar de acordo com a renda média anual, ou pode ser
fixa em uma dada percentagem.
No Brasil, o imposto de renda é cobrado mensalmente e no ano seguinte
o contribuinte prepara uma declaração de ajuste anual de quanto deve do imposto
ou se tem restituição de valores pagos a mais, sendo que esses valores deverão
ser homologados pelas autoridades tributárias.
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
49
Vamos observar, ao analisar as contas empresariais, que a questão
tributária afeta tanto o uso do capital próprio quanto quando usamos capital de
terceiros. Não importa como conduzimos estas questões, os impostos estarão
sempre presentes.
2.1.3 Custo de Capital Próprio
O custo do capital próprio é calculado a partir da expectativa de retorno
sobre o patrimômio líquido durante um determinado período (normalmente um
ano) baseado em níveis de taxa de juros e retorno de mercado do mesmo no
tempo. Para a obtenção do retorno, o risco de patrimônio líquido se aproxima do
risco de mercado comum. Então, podemos afirmar que o custo do patrimônio
líquido é representado pela taxa de retorno que os investidores exigem para
realizar um investimento patrimonial em uma empresa (ATKINSON et al, 2000).
2.1.4 Custo do Capital de Terceiros
Para calcular o custo do capital de terceiros, basta você identificar a taxa
de captação de capital externo para fazer parte da estrutura de capital da sua
empresa.
O efeito do crescimento do montante do capital de terceiros, no custo de
capital da empresa, se dá na forma que a taxa de capitalização do patrimônio
líquido cresce na medida da redução do custo do capital de terceiros. O valor de
mercado total de qualquer companhia é independente da sua estrutura de capital,
e pode ser encontrado pela capitalização das expectativas de retorno futuras
descontadas a uma taxa apropriada, considerado o risco do negócio (ATKINSON
et al, 2000).
Com os conhecimentos somados até o momento, podemos entrar no
campo da alavancagem empresarial, que ora vai promover melhorias
operacionais, ora financeiras e ora ambas simultaneamente.
2.2 ALAVANCAGEM
Para Martins (2006), as grandes organizações estão sempre buscando
alternativas para incrementar o seu potencial produtivo, ter lugar de destaque no
mercado e diante da concorrência. O lema hoje é a diminuição de custo, mas se
possível sem que isso tenha reflexo no volume de vendas e, acima de tudo, na
rentabilidade e lucratividade da empresa.
Para Pensar
O que podemos sugerir aos gestores financeiros das organizações
diante de uma economia de mercado que se apresenta muitas vezes
conturbada?
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
50
Vamos tentar identificar o comprometimento que existe na relação custo,
volume e lucro para a tomada de decisão e de controle, e a importância significativa
da participação dos gestores.
Diante de uma economia de mercado tão conturbada quanto a que
estamos vivendo, podemos perceber certo receio dos gestores financeiros das
organizações. Nesse cenário, diante de uma tomada de decisão, é necessário
ter cautela na hora de optar pela melhor decisão, no intuito de se alcançar o
melhor desempenho.
Saiba Mais
Na física, alavancagem é representada pelo emprego de uma alavanca
para erguer um objeto, empregando menos força. Conforme a posição
do ponto de apoio em relação ao objeto a ser movido, emprega-se
mais ou menos força na ponta da alavanca. Daí o termo alavancar.
Para nós, essa expressão terá o significado de promover e estimular
um negócio ou obter fundos para custear um projeto com recursos
externos à empresa.
O estudo da relação custo, volume e lucro é algo de grande importância
para a contabilidade gerencial e de custo, pois favorecem uma visão clara que
envolvem várias vertentes dentro do sistema contábil, do operacional, no que se
refere a importante responsabilidade da administração, onde o que importa é a
análise dos seus próprios produtos e ver o comprometimento econômico de
cada um deles e, em seguida, identificar as causas e as potencialidades
estratégicas dos resultados; ao financeiro, que representa a diferença entre a
obtenção de recursos de terceiros a um determinado custo e a aplicação desses
recursos no ativo da empresa a uma determinada taxa; essa diferença provoca
alteração na taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (MARTINS 2006).
O estudo da alavancagem pressupõe uma análise operacional e financeira
da empresa, onde podemos combinar os efeitos da alavancagem operacional
que parte da relação entre variação no lucro sobre variação no volume, e da
alavancagem financeira, que leva em consideração o lucro líquido, patrimônio
líquido médio, despesas financeiras e ativo total médio. Assim, se uma
organização tiver uma boa alavancagem financeira e operacional, pequenas
mudanças nas vendas produzirão grandes flutuações nos lucros. Grande
importância deve ser dada ao Grau de Alavancagem, pois ele reflete o nível de
operacionalização da empresa do controle interno a contabilidade, estando
inseridos todos os quocientes analíticos das demonstrações contábeis (NEVES;
VICECONTI, 2001).
Nesse contexto, vamos dar início trabalhando a alavancagem operacional,
apresentada e discriminada com mais detalhes no próximo item.
2.2.1 Alavancagem Operacional
Para Neves; Viceconti (2001), a alavancagem operacional representa o
efeito desproporcional entre a força efetuada no nível de produção e a força obtida
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
51
na obtenção dos lucros. Ou seja, pode ser definido como sendo a variação
percentual nos lucros operacionais, relacionada com determinada variação
percentual no volume de vendas. Faz-se necessária à junção dos fatores: custos
variáveis e custos fixos, para termos a alternância entre lucro e prejuízo.
A Alavancagem Operacional é aferida pela proporção dos custos fixos
em relação aos custos variáveis. Pode-se dizer que para os produtos que tem
uma alta alavancagem operacional, caracterizada por altos custos fixos e baixos
custos variáveis, pequenas alterações no volume de vendas irão resultar em
grandes mudanças nos lucros. Já para os produtos que têm uma baixa
alavancagem operacional, caracterizada por baixos custos fixos e altos custos
variáveis, as mudanças no volume de vendas não resultarão em grandes
mudanças nos lucros (MARTINS 2006).
Atenção
O nível de alavancagem operacional necessita ser bem analisado,
pois reflete o comprometimento da empresa em relação ao seu nível
de produção e com isso o grau de risco, no que se refere a sua
lucratividade.
No caso da Alavancagem Operacional, leva-se em consideração que,
quanto maior for o volume de produção e quanto mais distante a empresa estiver
de seu ponto de equilíbrio, ou seja, a quantidade mínima a se produzir para que
não tenha prejuízo, menor será o seu grau de alavancagem operacional, pois a
variação no volume de produção provocará menor impacto no percentual de
lucro. Embora o Grau de Alavancagem Operacional (GAO) tenda a diminuir de
valor quando se encontra acima do ponto de equilíbrio, também será menor o
risco de a empresa entrar em prejuízo caso sofra uma redução na atividade
produtiva (NEVES; VICECONTI, 2001).
Caso o GAO for alto, ou seja, esteja abaixo do ponto de equilíbrio, isso
representa que a empresa está trabalhando próxima ao ponto de equilíbrio e o
risco de melhorar ou piorar seu resultado é bastante elevado. Por si só a Margem
de contribuição não estabelece que a baixa de vendas implique diretamente em
lucro ou prejuízo. Um fator que influencia na rápida passagem de lucro para
prejuízo (ou de prejuízo para lucro) é o alto valor dos custos fixos, basta verificar
que, quando não há custo fixo, não importa quão alta seja à margem de
contribuição, nunca haverá prejuízo (NEVES; VICECONTI, 2001).
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
52
Saiba Mais
Todo empreendimento necessita identificar a sua margem de risco,
ou seja, o seu ponto de equilíbrio. É necessário buscar condições,
tanto operacionais quanto financeiras, para que não se opere dentro
dessa margem, pois o resultado pode não ser satisfatório e pode se
tornar irreversível para a empresa.
Veja mais no site abaixo:
http://www.administradores.com.br/artigos/ponto_de_equilibrio_uma_
ferramenta_de_gestao_eficiente/22411/
Assim sendo, faz-se necessária a junção desses dois fatores: Margem
de Contribuição e Custos Fixos - ou, no nosso caso, como o preço de venda é
constante, assim como os custos fixos, conseguimos com isto ter uma visão
mais facilmente do nível de alavancagem e sua relação com o nível de produção
(para mais e para menos), refletindo diretamente na lucratividade da empresa.
Então, a alavancagem operacional ocorre quando um crescimento de
x% nas vendas provoca um crescimento de n vezes x% no lucro bruto. O efeito
de alavancagem ocorre pelo fato de que os custos fixos são distribuídos por um
volume maior de produção, fazendo com que o custo unitário da mercadoria
seja reduzido, sendo que o fator n é o que representa o grau de alavancagem
operacional. Pode ser definida como a capacidade que a empresa possui de
usar custos operacionais fixos para aumentar os retornos de seus investidores
(MARTINS, 2006).
EXEMPLO:
Se uma empresa que produz um tipo de computador, com as seguintes
características:
Custos Variáveis R$ 1.400/un
Custos + Despesas Fixas R$ 100.000/mês
Preço de Venda R$ 2.400/un
PE = 100.000 / (2.400 – 1.400) = 100 unidades por mês
Suponhamos que esteja produzindo e vendendo 120 unidades / mês,
obtendo com isso um lucro de: 20 un x $ 1.000 = $ 20.000/ mês
Sua margem de segurança é de 20 unidades, pois pode ter esta redução
sem entrar na faixa de prejuízo. Em termos percentuais está com uma margem
de segurança de 16,67%. (MS = (20 / 120) x 100 = 16,67%)
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
53
Em volume de receitas segue-se o mesmo raciocínio:
MS = (((120 x 2.400) – (100 x 2.400))/(120 x 2.400)) x 100 = 16,67%
Se passar a produzir 144 unidades por mês, seu lucro será de:
44 un x R$1.000,00 = R$ 44.000,00
Comparando com a situação anterior temos:
z aumento do volume: 24 un, ou seja, 20%;
z aumento no lucro: $ 24.000,00, ou seja, 120% (44000/20000);
Um acréscimo de 20% no volume de atividades, que correspondeu a
um aumento de 120% no resultado, com uma alavancagem de: GAO =
variação nos lucros / variação nas vendas.
Então:
GAO = 120% / 20% = 6 vezes
Além da alavancagem operacional, podemos também promovê-la com
vistas financeiras. Observe no item 2.2.2.
2.2.2 Alavancagem Financeira
Alavancagem Financeira é a capacidade da empresa em usar encargos
financeiros fixos para maximizar os efeitos de variações no lucro antes de
descontar os juros e imposto de renda sobre o lucro por ação. Isso quer dizer
que a alavancagem financeira acontece, positiva, quando os capitais de terceiros
de longo prazo produzem efeitos positivos sobre o patrimônio líquido sendo
vantajoso para uma empresa, os capitais de terceiros de longo prazo, somente
quando o retorno sobre o ativo for superior ao retorno sobre o patrimônio líquido.
Então podemos definir a alavancagem financeira como a alavanca que esta
captação produz ou não no retorno aos acionistas (NEVES; VICECONTI, 2001).
O resultado da alavancagem financeira pode ser melhor interpretado pela
fórmula e seu coeficiente, ao qual denominamos de Grau de Alavancagem
Financeira (GAF), que fica representada efetivamente pelo quociente entre o
retorno sobre Patrimônio Líquido (RsPL) e o retorno sobre o ativo (RsA) da
empresa.
Dica
Se GAF = 1,0 => a alavancagem financeira nula
Se GAF > 1,0 => a alavancagem financeira favorável
Se GAF < 1,0 => a alavancagem financeira desfavorável
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
54
Tomando-se por exemplo uma indústria com os seguintes dados:
2007 2008
Ativo 75.000 90.000
Exig.L.Prazo 15000 20.000
Lucro Líquido 3000 4.000
P.Líquido 12000 18.000
GAF em 2000
RsPL = 3.000 / 15.000 x 100 = 20,00%
RsA = 12.000 / 75.000 x 100 = 16,00%
GAF = RsPL / RsA = 20,00% / 16,00% = 1,250
GAF EM 2001
RsPL = 4.000 / 20.000 x 100 = 22,50%
RsA = 18.000 / 90.000 x 100 = 20,00%
GAF = RsPL / RsA = 22,50% / 20,00% = 1,125
A conclusão que você pode extrair é a de que, em 2007, o grau de
alavancagem, embora positivo, tinha um resultado de 1,250. No ano de 2001, a
empresa fez crescer seu ativo incorporando mais recursos e o grau de
alavancagem, embora positivo, diminuiu para 1,125.
Os resultados de 1,250 e 1,125 têm o seguinte significado:
z em 2007 – a alavancagem financeira é favorável em 125,00%, ou seja,
os capitais de terceiros contribuem para gerar um retorno adicional de
25,00% sobre o patrimônio líquido;
z em 2008 – a alavancagem financeira é favorável em 112,50%, ou seja,
os capitais de terceiros contribuem para gerar um retorno adicional de
12,50% sobre o patrimônio líquido.
Tendo visto que podemos alavancar uma empresa tanto operacionalmente
quanto financeiramente, podemos combinar então essas duas formas de
alavancagem, como será observado
no próximo passo nesse estudo.
2.2.3 Alavancagem Combinada
É a capacidade da empresa usar custos fixos, tanto operacionais como
financeiros, para aumentar os efeitos de variações nas vendas sobre o lucro
liquido.
Exemplo: Uma empresa vende 10.000 unidades de certo produto a
R$5,00/unidade. Seus custos variáveis são de R$ 2,00/unidade, os custos fixos
R$5.000,00. Paga juros de R$10.000,00 e dividendos referenciais de R$6.000,00.
Sabendo-se que possui 1.250 ações ordinárias e que a alíquota do IR é de 40%,
determinar o efeito da alavancagem combinada para uma venda estimada de
15.000 unidades.
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
55
TABELA 11 - Alavancagem
FONTE: Os autores
O Grau de Alavancagem Combinada (GAC) é dado pela razão entre duas
variações percentuais do lucro por ação "LPA" e a variação percentual nas vendas.
GAC = UUUUU% do lucro por ação / UUUUU% das vendas
Então: GAC = 300% / 50% = 6 vezes
Sempre que o quociente for superior a 1, verifica-se a existência de
alavancagem combinada, que será tanto maior quanto maior for o total dos custos
fixos operacionais e financeiros. Assim, o Grau de Alavancagem Combinada
está relacionado com o risco total da empresa e com a capacidade da empresa
de cobrir seus custos fixos, tanto operacionais como financeiros.
Saindo do contexto da alavancagem empresarial, vamos passar agora a
discutir itens importantes nas análises de investimentos. Trata-se de elementos
que nos permitem decidir em que opção de investimentos aplicarmos os nossos
recursos.
2.3 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Tanto os indivíduos como as organizações querem ganhar dinheiro para
gastá-lo no futuro, em outro momento. Porém, muitas vezes o consumo presente
é mais desejável que o consumo futuro, e isto é assim exatamente, porque o
futuro é muito incerto. Por isto, é melhor ter um real hoje do que um real de hoje
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
56
daqui a um ano. Para que optemos por querer esse valor no futuro, deve ser
dado algo extra para conseguir que nós adiemos esta satisfação (SILVA, 2005).
Existem consumidores e negociantes que realmente precisam do valor
o presente e estão dispostos a reembolsar mais do que este no futuro.
Negociantes podem investir os fundos de empréstimos de capital para criar lucros
que são suficientes para reembolsar os fundos de empréstimo mais os juros.
Os consumidores e governos pedem emprestado por várias razões, mas
espera-se que tenham renda suficiente no futuro para reembolsar o principal e
os juros. Isto é o que chamamos de valor do dinheiro no tempo (CAVALHEIRO,
1989).
Dica
Aplicar o conceito de valor do dinheiro no tempo é sem dúvida
fundamental, pois é ele que determina a análise das alternativas de
investimentos.
Acesse o site abaixo e conheça mais sobre o valor do dinheiro no
tempo:
http://www.bertolo.pro.br/Adminfin/Manual_VDT.htm
Os investimentos estão classificados em dois grupos principais: a)
Investimentos Empresariais - ativos de um investimento empresarial (por exemplo,
uma nova fábrica) têm um prazo longo e predefinido de duração, no qual todos
os dados previstos de entradas e saídas de caixa precisam ser confirmados
ano a ano e; b) Investimentos Financeiros - realizados no mercado financeiro,
aplicando dinheiro em títulos e ações, normalmente com liquidez imediata ou
pequena.
Para Pensar
Qual a principal dificuldade na análise de investimentos?
Quando as estimativas sobre os dados do investimento são imprecisas,
é recomendável que a análise de investimentos utilize três hipóteses: provável,
otimista e pessimista. Desse modo, a análise de investimentos produzirá um
PayBack (tempo de retorno do investimento) e um Valor Presente Líquido
máximo, médio e mínimo esperados (SILVA, 2005).
O desenvolvimento de critérios econômicos de decisão Consiste em
analisar uma, duas ou mais propostas de investimento para concluir se é
financeiramente vantagem efetivá-la ou qual delas é a mais rentável
financeiramente, ou seja, qual a que trará maior lucro em dinheiro (DAMODARAN,
1997).
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
57
Ao realizar suas projeções para analisar um investimento, vai-se perceber
que a principal dificuldade será a obtenção de dados confiáveis, principalmente
as projeções de entradas de caixa, que se originam de estimativas de vendas e
não de certezas de vendas e/ou recebimento das mesmas.
Para analisar os investimentos você deve utilizar os seguintes indicadores:
z Pay Back Simples,
z Pay Back Descontado,
z Valor Presente Líquido,
z Taxa Interna de Retorno.
Antes de iniciarmos a discussão acerca desses indicadores, é importante
demonstrar um outro elemento que; com exceção do Pay Back Simples, que
aparece logo a seguir no próximo tópico; nos aparecerá como fator de
comparação na tomada de decisão. Trata-se da Taxa Mínima de Atratividade
(TMA). Essa taxa é específica para cada empresa e representa a taxa de retorno
que a empresa está disposta a aceitar em um investimento de risco, para abrir
mão de um retorno certo num investimento sem risco no mercado financeiro; e
a mínima taxa que podemos aceitar para a aplicação do capital da empresa
num investimento.
2.3.1 Pay Back Simples
Pay Back Simples significa o tempo necessário para obtermos o retorno
do investimento feito, sem considerarmos o valor do tempo no dinheiro, isto é
sem considerar uma taxa de rendimento para este capital investido
(DAMODARAN, 1997).
Uma empresa está analisando um investimento para colocar gás no seu
veículo de entregas. Os dados são:
z Instalação do gás: R$ 3.000,00;
z Economia em combustível: R$ 150,00 mensais.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
58
TABELA 12 - Fluxo com pay back simples.
FONTE: Os autores
Com estas informações você pode determinar que o Pay Back Simples
deste investimento será de 20 meses. Vale lembrar que não estamos
considerando o valor do dinheiro no tempo, pois quando obtivermos o retorno de
R$150,00 no décimo mês, já não terá mais o mesmo poder de compra como no
dia de hoje. Por esse motivo, o Pay Back Simples não é o melhor indicador para
uma tomada de decisão em investimento financeiro. Nessa linha de raciocínio
(tempo para recuperar o investimento), sugere-se a utilização do Pay Back
Descontado, como a seguir.
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
59
2.3.2 Pay Back Descontado
Tente realizar o mesmo exemplo, porém desta vez com uma taxa mínima
de atratividade.
z Instalação do gás: R$ 3.000,00;
z Economia em combustível: R$ 150,00 mensais;
z Taxa Mínima de Atratividade: 1,00 % a.m.
TABELA 13 - Fluxo com Pay Back Descontado
FONTE: Os autores
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
60
Pay Back Descontado significa o tempo necessário para obtermos o
retorno do investimento feito, considerando o valor do tempo no dinheiro, isto é;
considerando uma taxa de rendimento para este capital investido. Payback é a
relação entre o valor do investimento e o fluxo de caixa do investimento. O tempo
de retorno indica em quanto tempo ocorre à recuperação do capital investido
(DAMODARAN, 1997).
Percebeu? Ao considerar o valor do capital no tempo, podemos concluir
que o retorno do investimento somente se dará entre o 22º e o 23º mês, quando
o capital começa a ser recolocado positivamente.
Outra forma de se analisar uma proposta de investimento é pelo método
do valor presente líquido, onde trazemos todos os fluxos de uma projeção ao
valor presente, considerando uma taxa de desconto. Veja a seguir.
2.3.3 Valor Presente Líquido (VPL)
O valor presente líquido (VPL) de um projeto de investimento é igual ao
valor presente de suas entradas de caixa, menos o valor presente de suas saídas
de caixa. A tarefa é trazer os retornos do investimento
ao valor presente e analisar
se o investimento deve ser feito ou não.
Podemos ter as seguintes possibilidades para o Valor Presente Líquido
de um projeto de investimento:
z Maior do que zero: significa que o investimento é economicamente atrativo,
pois o valor presente das entradas de caixa é maior do que o valor presente
das saídas de caixa.
z Igual a zero: o investimento é indiferente, pois o valor presente das entradas
de caixa é igual ao valor presente das saídas de caixa.
z Menor do que zero: indica que o investimento não é economicamente
atrativo porque o valor presente das entradas de caixa é menor do que o
valor presente das saídas de caixa.
Dica
Entre vários projetos de investimento, o mais atrativo é aquele que
tem maior Valor Presente Líquido.
Vamos usar o mesmo exemplo e determinar o VPL da decisão do
proprietário do veículo ao instalar o Kit Gás no véu veículo, trazendo cada um
dos fluxos positivos de R$ 150,00 ao momento presente (Mês 0), pela regra dos
juros compostos onde PV = FV / (1 + TMA)n.
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
61
Sendo:
PV = Valor Presente
FV = Valor Futuro
n = Período
TABELA 14 - Valor Presente Líquido
FONTE: Os autores
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
62
Então, o valor presente líquido que você obteria nesse investimento seria
de R$ 68,37.
Além do VPL, outro indicador importante no processo decisório no que
diz respeito à aplicação de capital é a Taxa Interna de Retorno. Observe abaixo
do que se trata e veja ao final da explicação as situações em que apenas o VLP
não nos ajuda na escolha de onde investir.
2.3.4 Taxa Interna de Retorno
A Taxa Interna de Retorno (TIR), em inglês IRR (Internal Rate of Return),
é a taxa necessária para igualar o valor de um investimento (valor presente)
com os seus respectivos retornos futuros ou saldos de caixa. Sendo usada em
análise de investimentos significa a taxa de retorno de um projeto (SILVA, 2005).
Atenção
Um projeto será atrativo se o mesmo tiver uma TIR maior do que
TMA. O cálculo dessa equação pode ser obtido pelo processo
iterativo (tentativa e erro), ou diretamente com o uso de
calculadoras financeiras ou planilhas de cálculo.
A Taxa Interna de Retorno de um investimento pode ser:
z Maior do que a Taxa Mínima de Atratividade: significa que o investimento é
economicamente atrativo.
z Igual à Taxa Mínima de Atratividade: o investimento está economicamente
numa situação de indiferença.
z Menor do que a Taxa Mínima de Atratividade: o investimento não é
economicamente atrativo, pois seu retorno é superado pelo retorno de
um investimento com o mínimo de retorno.
Dica
Entre vários investimentos, o melhor será aquele que tiver a maior
Taxa Interna de Retorno.
Matematicamente, a Taxa Interna de Retorno é a taxa de juros que torna
o valor presente das entradas de caixa igual ao valor presente das saídas de
caixa do projeto de investimento. A TIR é a taxa de desconto que faz com que o
Valor Presente Líquido (VPL) do projeto seja zero. Um projeto é atrativo quando
sua TIR for maior do que o custo de capital do projeto (DAMODARAN, 1997).
No caso supra citado, temos:
PV = 3000 PMT = 150 n =23
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
63
3000 CHS PV 150 PMT 23 n i
i = 1,20% a.m.
então TIR = 1,20% a.m.
Como o VPL foi representado por um valor positivo, certamente a TIR
seria maior do que a TMA.
Para Pensar
Quando analisar um investimento pelo VPL e quando analisar pela
TIR?
Observe os exemplos:
TABELA 15 - Comparação de investimentos iguais
FONTE: O autor
TABELA 16 - Comparação de investimentos diferentes
TMA = 9,00% a.a.
Ano PROPOSTA 1 PROPOSTA 2
 0 R$ (10.000,00) R$ (10.000,00)
 1 R$ 2.500,00 R$ 3.000,00
 2 R$ 3.000,00 R$ 2.500,00
 3 R$ 3.000,00 R$ 3.000,00
 4 R$ 3.000,00 R$ 2.500,00
 5 R$ 2.500,00 R$ 3.000,00
 VPL = R$ 885,27 R$ 893,90
 TIR = 12,34% 12,40%
No caso ao lado, temos
duas propostas de
investimentos para R$
10.000,00, projetando os
retornos prováveis para
os 5 anos propostos na
operação. Como o valor
do investimento foi o
mesmo, onde tiver maior
VPL teremos também a
maior TIR. O indicador
que será usado na
escolha é indiferente.
FONTE: Os autores
TMA = 9,00% a.a.
Ano PROPOSTA 1 PROPOSTA 2
 0 R$ (20.000,00) R$ (30.000,00)
 1 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
 2 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
 3 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
 4 R$ 5.000,00 R$ 15.000,00
 5 R$ 5.000,00 R$ 15.000,00
 VPL = R$ 12.104,73 R$ 15.688,30
 TIR = 33,68% 25,86%
Já no segundo caso,
temos duas propostas
de investimentos com
valores diferentes. Como
os valores do
investimento não são os
mesmos, optamos pela
maior TIR, pois apesar
da proposta 2 apresentar
maior VPL, a proposta 1
apresenta maior retorno
sobre o investimento.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
64
Neste capítulo, aprendemos que:
Quando das decisões de financiamentos, precisamos antes interpretar
o custo de capital. Ao investir ou aplicar recursos em uma determinada entidade,
esperamos um retorno mínimo a título de remuneração do patrimônio. A taxa de
captação dos recursos entregues à administração da empresa significa o custo
de capital (taxa de financiamento da entidade). Assim, o custo do capital pode
ser representado pela taxa de juros que as empresas usam para calcular,
descontando o valor do dinheiro no tempo. Este fator tem relevante efeito sobre
as operações da empresa, pois conseqüentemente vem afetar a sua
lucratividade. Assim, o custo do capital próprio é calculado a partir da expectativa
de retorno sobre o patrimômio líquido durante um determinado período, baseado
em níveis de taxa de juros e retorno de mercado do mesmo no tempo. Ou seja,
o custo do patrimônio líquido é representado pela taxa de retorno que os
investidores exigem para realizar um investimento patrimonial em uma empresa,
ao passo que o custo do capital de terceiro é determinado pela taxa de captação
de capital externo para fazer parte da estrutura de capital da empresa.
Todas as organizações estão sempre buscando alternativas para melhorar
o seu potencial, brigando por um lugar de destaque no mercado diante da
concorrência. Para isso, costumam buscar a redução de custos e que isso
tenha reflexo no volume de vendas e, por conseqüência, na rentabilidade e
lucratividade da empresa. Assim, a alavancagem operacional representa o efeito
desproporcional, entre a força efetuada no nível de produção e a força obtida na
obtenção dos lucros, pela união de dois fatores que nos permitem a alternância
entre lucro e prejuizo: custos variáveis e custos fixos. Já a alavancagem financeira
visa usar encargos financeiros fixos para maximizar os efeitos de variações no
lucro, antes de descontar os juros e o imposto de renda. Assim, a alavancagem
financeira é positiva quando os capitais de terceiros de longo prazo produzem
efeitos positivos sobre o patrimônio líquido, gerando vantagem para a empresa.
Conhecendo essas duas formas de alavancagem, podemos criar um modo
combinado entre ambas, usando custos fixos, tanto operacionais como
financeiros, para aumentar os efeitos de variações nas vendas sobre o lucro
liquido.
Vimos que a principal dificuldade na tarefa de análise de investimentos é
a obtenção de dados confiáveis, principalmente as projeções de entradas de
caixa, que se originam de estimativas de vendas e não de certezas de vendas e/
ou recebimento das mesmas. Desse modo, a análise de investimentos produzirá
um PayBack
(tempo de retorno do investimento) e um Valor Presente Líquido
máximo, médio e mínimo esperados. Com estes, podemos definir se um possível
investimento é viável ou não.
Mais uma vez, você certamente se encontra preparado para, com esses
conceitos, responder às questões propostas na atividade abaixo relacionada.
Capítulo 2 Q Decisões de Financiamentos e Análise de Investimentos
65
Atividade Complementar
1) Por que o gestor financeiro de uma organização deve estar atento ao
seu custo de capital?
2) No caso de capital de terceiros, quem pode estar financiando este a
uma organização?
3) Qual a diferença entre alavancagem operacional e financeira?
4) Como podemos combinar formas de alavancagem?
5) No que consiste analisar um investimento?
6) O que quer dizer “trazer valores a valor presente”?
7) Qual a influência da TMA em uma decisão de investimento?
8) Quando um investimento é economicamente viável?
66
67
C
A
P
ÍT
U
LO
3
3 CUSTOS
Objetivos de Aprendizagem
1. Distinguir as diferenças entre os tipos de gastos.
2. Separar os custos diretos dos indiretos.
3. Comparar o método de custeio por absorção, direto e indireto e Baseado
em Atividades.
4. Analisar os resultados do custeio
INTRODUÇÃO
Neste Capítulo trataremos de alguns temas relacionados aos custos.
Este é um assunto de extrema importância para qualquer gestor e, assim sendo,
o conteúdo é extremamente extenso. Não há intenção de esgotarmos as
possibilidades de estudo, pelo contrário, o objetivo é aguçar a curiosidade e dar
alguns dos possíveis caminhos para um aprofundamento futuro.
Daremos os primeiros passos no aprendizado da identificação e
classificação dos gastos de uma organização. A tarefa dos registros está ligada
à contabilidade geral ou financeira, já o controle dos custos está ligado à
contabilidade gerencial (você deve imaginar que esta área da contabilidade é
importantíssima para os administradores de todos os tipos de organização).
A gestão e a análise dos custos trabalham com a precificação dos
produtos ou serviços, com a apuração dos resultados, com as decisões de
materiais e mão-de-obra e com a avaliação dos estoques, dentre outros temas.
O custo real das compras também é um assunto que será tratado.
Os diferentes métodos de custeio serão o cerne do Tópico 2 do presente
capítulo. Nele observaremos as diferenças, vantagens e desvantagens de cada
método apresentado.
Já no Tópico 3 faz-se uma exposição de algumas questões referentes à
análise dos custos. No derradeiro tópico deste capítulo, e não menos importante,
há uma mostra básica de como podemos utilizar os custos para a precificação
ou, no mínimo, para compararmos com os preços que utilizamos atualmente na
nossa empresa.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
68
Dando continuidade aos estudos de Gestão Financeira e Custos,
iniciaremos nosso estudo com a classificação dos gastos, que servirá de base
para os demais itens que vem a seguir.
Desejamos um ótimo estudo a todos!
3.1 FUNDAMENTOS DE CUSTOS
3.1.1 Separação de Custos, Despesas, Investimentos e
Perdas
Todas as empresas efetuam gastos no seu dia-a-dia para o seu
funcionamento. Esses gastos podem ser efetuados para administrar, vender,
produzir, pagar os salários, energia elétrica, treinamento, gerenciamento de um
projeto ou uma área, manutenção dos equipamentos, aluguel, compra de
matérias-primas, compra de embalagens, investimento em veículos para
transportar os seus produtos. Podemos observar que as empresas,
independentemente de seu ramo de atividade, possuem vários tipos de gastos.
A contabilidade nasceu como uma forma de organizar a informação.
Imaginem uma empresa que tenha no seu portfólio 40 produtos, 80 fornecedores
e 280 clientes. Dá para imaginar a informação que cada um deles gera (faturas,
recibos, notas fiscais, impostos, etc,)! Com esta variedade de dados se faz
necessária uma classificação para que os administradores possam entender a
informação, organizá-la e tomar decisões mais precisas.
Para Pensar
E você, em sua empresa, já observou a quantidade de informação
disponível?
Esta informação está organizada?
Você é capaz de entender esta organização?
Simplificando a linguagem contábil, podemos chamar todos os
desembolsos (saídas de caixa) como gastos. O gasto pode advir da entrega
(desembolso presente) ou da promessa de entrega (desembolso futuro) de
dinheiro. Os gastos podem ser classificados basicamente como investimentos,
custos, despesas e perdas.
Os desembolsos consistem no pagamento do bem ou serviço,
independentemente de quando o produto ou serviço foi ou será consumido. Para
a imputação dos custos utiliza-se o princípio da competência.
Capítulo 3 Q Custos
69
Para continuar os estudos é importante entender o significado do
regime de competência. Neste regime, o registro das receitas e
despesas deve ser feito de acordo com a real ocorrência,
independentemente de sua realização ou quitação. Por exemplo, se
foram empregadas 40 toneladas de matéria-prima no mês de maio
que somente serão quitadas em julho, o lançamento contábil do gasto
deve ser feito em maio. Já o registro financeiro do desembolso será
registrado no mês de julho. Portanto, não se pode confundir custo e
despesa com desembolso.
Os INVESTIMENTOS, segundo Tessari (2006), representam gastos que
são ativados, constam no balanço patrimonial da empresa e esses gastos ficam
ali até o momento em que são utilizados ou consumidos, recebendo uma
classificação como custos ou despesas. Por exemplo: a matéria prima, no
momento de sua aquisição por um determinado valor, estará contabilizada no
estoque de mercadorias, sendo um ativo para a empresa e este irá gerar um
benefício futuro. Outro exemplo mais comum são as máquinas e equipamentos
adquiridos para a empresa poder produzir os seus produtos. Também podemos
conceituar os investimentos como gastos em itens que darão retorno para a
empresa, em forma de produtos e serviços, no decorrer do(s) próximo(s)
exercícios.
Dica
Chamamos de exercício o período que está sendo analisado pela
contabilidade. Por exemplo: queremos apurar os custos do mês de
setembro de 2008. O exercício será o mês de setembro. O exercício
pode ser anual, semestral, trimestral, mensal, semanal, etc.,
dependendo da necessidade e disponibilidade de informação da
empresa.
Um prédio, uma máquina ou um terreno normalmente é comprado para
dar retorno (ser utilizado pela empresa) durante um período maior do que um
exercício (um mês, um ano, etc.). Correto? Então ele é um investimento. O
caso de uma compra de matéria-prima que não será utilizada também é um
investimento, mas quando ela for gasta já é outra história.
Os CUSTOS de uma organização são os gastos que foram consumidos
na fabricação de um produto ou serviço. Esses gastos podem ser com o
consumo de salários, ordenados e encargos, prêmios de produção, material de
embalagem, matérias-primas, energia elétrica, depreciação dos equipamentos
(perda de valor), transporte, alimentação, plano de saúde, treinamento,
manutenção, materiais diversos, enfim; todos os gastos que possam ser gerados
ou consumidos para fabricar um produto e/ou serviço.
As DESPESAS de uma organização, segundo Sens (2008, p. 15):
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
70
[...] são os gastos que foram gerados ou consumidos fora do ambiente de
fabricação de um produto ou serviço. O departamento de contabilidade,
financeiro, vendas, efetua gastos para o desenvolvimento da sua atividade no
dia a dia, não participando da fabricação do produto e ou serviço. Como
exemplos de despesas podemos ter os salários, materiais de escritório,
consumo de energia, consumo de água, depreciação dos computadores
utilizados no ambiente da administração, impostos prediais, treinamento dos
funcionários e diversos outros.
As PERDAS representam
bens ou serviços consumidos de forma
anormal e involuntária. Podemos citar um gasto não intencional, decorrente de
fatores externos extraordinários ou atividade produtiva normal da empresa. Um
exemplo seria a queda de um meteorito na empresa (trágico) ou em caso de
enchente em que se perde parte da matéria-prima.
Agora que você já conhece como separar os tipos de gastos, vamos
aprender como avaliar os estoques da empresa para estimar corretamente os
custos.
3.1.2 Avaliação de Estoques
Um dos objetivos da gestão de custos é avaliar corretamente os estoques.
A princípio parece ser que não há nenhuma dificuldade neste processo. Quando
começamos a observar as diferentes compras que fazemos de uma mesma
matéria-prima percebemos que nem sempre ela tem o mesmo valor unitário de
aquisição. Também temos que ter em mente o estoque de produtos em processo
e produtos finais. Afinal, qual é o valor do estoque?
Dica
Um ponto muito importante a ser frisado é a existência de três tipos de
estoque na empresa:
z Matérias-Primas e Outros Materiais;
z Produtos em Processo;
z Produtos Finais.
A questão do Produto em processo é um pouco complexa. Imaginemos
uma empresa que fabrica petroleiros ou aviões. O prazo de fabricação, do início
ao fim do processo produtivo, pode ultrapassar facilmente um ano. O valor dos
produtos que estão sendo fabricados é um valor considerável do Balanço
Patrimonial desta empresa.
Saber esta resposta é extremamente importante para a empresa. Um
estoque elevado significa que recursos financeiros que poderiam ser direcionados
a algo mais rentável estão parados! No item estoques, do presente caderno,
nós já estudamos os três tipos de avaliação de Estoque: PEPS, UEPS e PMP.
Capítulo 3 Q Custos
71
Agora que podemos avaliar corretamente os estoques, é importante
sabermos como poderemos incorporar os custos das compras aos materiais
utilizados no produto ou serviço.
3.1.3 Custo das Compras
Quando falamos do custo de um material, matéria-prima ou serviço, temos
que lembrar que este custo deve ser calculado tendo-se em conta todos os
gastos que ocorrerão, até que ele esteja dentro da empresa (ou do cliente).
Devem ser computados custos de importação (impostos, por exemplo), fretes,
seguros, armazenamento, etc. Este cálculo se faz necessário para que possamos
comparar diferentes fornecedores do mesmo produto ou serviço.
Vamos fazer um exemplo para fixar este conteúdo:
A empresa Vênus Ltda. realizou as seguintes compras:
z 1.500 unidades da Matéria-prima A a R$ 2,50 cada uma;
z 3.000 unidades da Matéria-prima B a R$ 8,00 cada uma.
Sabendo-se que o departamento de Compras da presente empresa tem
custo de R$ 2.000,00, que os custos de importação da MP A foram de R$ 200,00
e que frete da MP B foi de R$ 1.000,00, calcule o custo de compra unitário das
duas matérias-primas.
Resolução:
Custo Final da Matéria-prima A:
Custo de Aquisição – 1.500 x R$ 2,50 = R$ 3.750,00
Divisão do departamento de Compras: R$ 2.000,00 / 2 = R$ 1.000,00
Custos de Importação = R$ 200,00
Custo total da MPa = R$ 3.750,00 + R$ 1.000,00 + R$ 200,00 = R$ 4.950,00
Custo Unitário final = R$ 4.950,00 / 1.500 = R$ 3,30 a unidade
Custo Final Matéria-prima B:
Custo de Aquisição – 3.000 x R$ 8,00 = R$ 24.000,00
Divisão do departamento de Compras: R$ 2.000,00 / 2 = R$ 1.000,00
Custos de Frete = R$ 1.000,00
Custo total da MPb = R$ 24.000,00 + R$ 1.000,00 + R$ 1.000,00 = R$ 26.000,00
Custo Unitário final = R$ 26.000,00 / 3.000 = R$ 8,67 a unidade
Quando a empresa adquire um material para a fabricação de produtos,
os impostos sobre valor agregado (IPI e ICMS) podem, ou não, ser recuperáveis,
dependendo do regime tributário que ela trabalha. Caso eles sejam recuperáveis,
deverão ser deduzidos do valor total da nota fiscal de compra. Se não forem
recuperáveis, passarão a fazer parte do custo do material.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
72
Faremos um exemplo para fixar o conteúdo:
Realizaremos uma compra de 10.000 kg de matéria-prima e os dados
da nota fiscal são os seguintes:
Total da Nota Fiscal (compra a prazo, vencimento 60 dias) R$ 600.000,00
Valor do IPI (10%) R$ 60.000,00
ICMS (12%) R$ 72.000,00
O custo real da mercadoria, no caso dos impostos serem recuperáveis,
será o seguinte:
Total da Nota Fiscal R$ 600.000,00
( - ) IPI R$ 60.000,00
( - ) ICMS R$ 72.000,00
CUSTO DO MATERIAL = R$ 468.000,00
O custo da mercadoria no caso do IPI não ser recuperável será o seguinte:
Total da Nota Fiscal R$ 600.000,00
( - ) ICMS R$ 72.000,00
CUSTO DO MATERIAL = R$ 528.000,00
Para Pensar
Na empresa onde você trabalha, quais são os custos que podem ser
incorporados às compras?
Capítulo 3 Q Custos
73
Atividade Complementar
1) Classificar os gastos da tabela abaixo, colocando I para investimentos,
D para despesas, C para os custos e P para perdas.
TABELA 17 - Tipos de Gastos
Gastos Valor R$
Embalagens 31.000,00
Salário dos funcionários do departamento financeiro 32.500,00
Salário dos funcionários do departamento de comercial 23.000,00
Matéria-prima em não utilizada neste exercício 15.000,00
Materiais Indiretos 12.000,00
Depreciação dos equipamentos da fábrica 10.200,00
Depreciação dos equipamentos administrativos 1.500,00
Uma enchente estragou matéria-prima 2.000,00
Energia elétrica consumida na fabricação dos produtos 1.800,00
Energia elétrica consumida no depto. Administrativo 1.200,00
Matéria-prima consumida no processo produtivo 13.000,00
Aluguel da fábrica 21.500,00
Aluguel de uma sala comercial 31.350,00
Salário do funcionário que trabalha na fábrica 1.800,00
Compra de um veículo 45.000,00
Compra de uma Máquina 55.000,00
FONTE: Os autores
Colocar abaixo o total de cada conceito:
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
74
2) A empresa Marte Ltda. realizou as seguintes compras:
z 1.000 unidades da Matéria-prima A a R$ 3,50 cada uma;
z 2.000 unidades da Matéria-prima B a R$ 7,00 cada uma.
Sabendo-se que o departamento de Compras da empresa tem custo
de R$ 1.000,00, que os custos de importação da MP B foram de R$
1.200,00 e que o frete da MP A foi de R$ 500,00, calcule o custo de
compra unitário das duas matérias-primas.
3) Com os mesmos dados da atividade anterior, calcular o valor líquido
da compra, sabendo-se que o IPI (10%) e o ICMS (17%) são
reembolsáveis.
Obs: O cálculo é apenas sobre o custo de aquisição, sem fretes e
custos de importação.
Acabamos de conhecer alguns conceitos, como a separação dos gastos,
os métodos de avaliação de estoques e os custos de compras e sua incorporação
aos materiais, que são a base para o entendimento dos métodos de custeio que
veremos a continuação.
3.2 MÉTODOS DE CUSTEIO
Os métodos de custeio são, basicamente, diferentes formas de ratear
os custos indiretos. O método mais simples (e mais utilizado nas empresas) é
o custeio por absorção. O método do custeio variável também é trabalhado na
maioria das empresas, principalmente pela necessidade de calcular o ponto de
equilíbrio de cada produto. Na vanguarda dos custos está o método ABC, que é
incrivelmente mais justo, porém muito mais complexo de se implantar.
Iniciaremos o nosso estudo pelo mais simples dos métodos: o custeio
direto e indireto e iremos trabalhando o aumento de complexidade no decorrer
desta seção.
Agora, mãos à obra!
3.2.1 Custeio Direto e Indireto
Quando queremos determinar os custos de um determinado produto ou
serviço encontramos duas classes de custos e despesas: as diretas e as
indiretas. Os custos e despesas diretos são os mais fáceis de controlar, pois
vão diretamente aos produtos.
Um exemplo é o caso da fabricação de uma mesa. A madeira, o aço, os
parafusos e a tinta seriam os materiais diretos; a mão-de-obra de corte da
madeira, montagem da mesa e de pintura é a mão-de-obra
direta (MOD); já os
materiais como o óleo das máquinas e o material de manutenção são
Capítulo 3 Q Custos
75
considerados materiais indiretos; e a mão-de-obra do controle da qualidade e da
supervisão é considerada mão-de-obra indireta (MOI).
Materiais Diretos: compreendem a matéria-prima (componente físico
que compõe o produto), materiais secundários e embalagem. São
facilmente mensuráveis (quantidade por unidade) e compõem o
produto final.
Materiais Indiretos: são os materiais empregados na fabricação do
produto, mas, devido à dificuldade de cálculo quanto à quantidade
utilizada em cada produto fabricado, são considerados materiais
indiretos.
Podemos identificar com precisão os custos diretos pelo seu real
consumo por produto. Geralmente para esta identificação temos um controle de
medida, uma ficha técnica de produto, um controle interno. Neste controle temos
a quantidade precisa dos componentes integrantes do produto. Voltando ao nosso
exemplo, teríamos 0,50 m2 de madeira (18 mm de espessura), 2 kg de barras
de aço 8x4, 16 parafusos 25x17 e 200 ml de tinta preta para aço. Com base
nesta “receita” e os valores unitários de cada material podemos saber o custo
dos materiais diretos desta mesa.
De maneira similar podemos calcular os custos da mão-de-obra direta.
Nesta mesma mesa utilizamos 0,5 hora de mão-de-obra para cortar a madeira,
1 hora para a montagem e mais 0,4 hora para a pintura e acabamento. Sabendo-
se o custo por hora de trabalho de cada um destes profissionais, podemos
calcular facilmente o custo de MOD.
Matéria-prima é o principal material que entra na composição do
produto final. Ela sofre a transformação no processo de fabricação. É
o material que, do ponto de vista da quantidade, é o mais empregado
na produção. As matérias-primas em estoque serão aplicadas
diretamente no produto e, ao serem transferidas do estoque para o
processo produtivo, transformam-se em custos de produção. Exemplo:
a madeira na fabricação de mesas e o aço.
Material Secundário é o material direto, de caráter secundário; não é
o componente básico na composição do produto, mas é perfeitamente
identificável ao produto. Exemplo: parafusos na mesa.
Embalagens são materiais utilizados para embalagem do produto ou
seu acondicionamento para remessa. São materiais diretos devido à
fácil mensuração com o produto. Exemplo: caixa onde é embalada a
mesa.
Para calcularmos a mão-de-obra direta é extremamente importante medir
o tempo de cada processo na produção de um produto ou serviço. No valor total
do custo de mão-de-obra é importantíssimo estarem incorporados todos os
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
76
gastos com aqueles funcionários, ou seja, salário bruto, FGTS, férias, 13º salário,
vale-transporte, vale alimentação e demais benefícios que houver.
Para empresas onde só há um tipo de produto, ou ainda, em que um
funcionário trabalhe em uma máquina que faz apenas um produto ou serviço, é
extremamente fácil medir quantas horas ele trabalha e calcular o custo para o
produto ou serviço em questão. Já nos casos em que o funcionário trabalha
com vários produtos ou serviços, só é considerada mão-de-obra direta caso
você possa medir a quantidade de tempo que ele se dedica a cada um dos
produtos.
Vamos a um exemplo para melhor entendermos os Custos Diretos.
Voltando ao nosso exemplo, teríamos 0,50 m2 de madeira (18 mm de espessura),
2 kg de barras de aço 8x4, 16 parafusos 25x17 e 200 ml de tinta preta para aço.
Nesta mesma mesa utilizamos 0,5 hora de mão-de-obra para cortar a madeira,
1 hora para a montagem e mais 0,4 hora para a pintura e acabamento.
Valor Unitário da Madeira: R$ 50,00 o m2
Valor Unitário do aço: R$ 10,00 p kg
Valor Unitário do Parafuso: R$ 0,05 o parafuso
Valor Unitário da Tinta: R$ 10,00 o litro
Obs: Nestes valores já estão incorporados os fretes, seguros,
armazenamentos e demais despesas referentes às compras.
Valor do salário-hora do cortador: R$ 6,00
Valor do salário-hora do montador: R$ 4,00
Valor do salário-hora do pintor: R$ 8,00
Encargos e Benefícios: 67% dos salários
Resolução
Materiais Diretos
Madeira: 0,50 x R$ 50,00 = R$ 25,00
Aço: 2 x R$ 10,00 = R$ 20,00
Parafusos: 16 x R$ 0,05 = R$ 0,80
Total materiais diretos: R$ 45,80
Mão-de-obra Direta
Cortador: (R$ 6,00 + 67%) x 0,5 = R$ 5,01
Montador: (R$ 4,00 + 67%) x 1,0 = R$ 6,68
Pintor: (R$ 8,00 + 67%) x 0,4 = R$ 5,50
Total mão-de-obra direta: R$ 17,19
Valor total dos custos diretos: R$ 45,80 + R$ 17,19 = R$ 62,99
Os custos indiretos são aqueles em que temos alguma dificuldade para
medir exatamente a quantidade que é utilizada na produção de uma unidade de
um bem. Um funcionário que opera uma máquina, na qual são fabricados vários
Capítulo 3 Q Custos
77
produtos, e não é possível medir o tempo de produção de cada produto, devemos
classificar esta mão-de-obra como indireta. Outros exemplos de custos indiretos
são a energia, aluguéis, depreciação de máquinas, etc.
Segundo Crepaldi (2002, p. 18) “os custos indiretos são os que, para
serem incorporados aos produtos, necessitam da utilização de algum critério
de rateio. Na prática, a separação dos custos em diretos e indiretos leva em
conta a relevância e o grau de dificuldade de medição.” O exemplo clássico é a
energia elétrica, onde o custo é direto, porém a dificuldade de medição é tão
grande que a maioria das empresas considera como indireto.
Dica
Há várias formas de se ratear os custos indiretos. Você vai perceber
que esta é a única parte em que atuam os diferentes métodos de
custeio. No método mais simples, que é o custeio por absorção,
simplesmente criaremos um critério de rateio e aplicaremos
diretamente. Já no método por departamentalização, primeiro
alocaremos todos os custos aos departamentos e depois ratearemos,
dentro dos departamentos, aos produtos. Já no custeio ABC, utilizamos
atividades como base de rateio para os custos e despesas indiretas.
Visto o método de custeio direto e indireto, agora vamos trabalhar
conceitos um pouco mais avançados, com o custeio por absorção. O fato de
termos trabalhado primeiro o estudo dos materiais diretos é explicado pela sua
utilização em todos os demais métodos de custeio.
3.2.2 Custeio por Absorção
No custeio por absorção devemos escolher um critério para fazermos o
rateio dos custos indiretos aos produtos. Com base neste critério, calcula-se,
proporcionalmente, os valores de cada um dos custos indiretos que devem ser
absorvidos por cada produto. Os critérios mais comuns são as horas de mão-
de-obra direta e a quantidade produzida.
O método de custeio por absorção é um dos métodos válidos para a
elaboração das demonstrações financeiras, obedecendo aos princípios
fundamentais de contabilidade para a apuração dos lucros e, por conseqüência,
o recolhimento do imposto de renda.
Neste método de custeio todos os custos de produção devem ser
incorporados aos produtos no período. Os custos diretos (materiais diretos e
mão-de-obra direta) e os custos indiretos (depreciação, aluguel de fábrica,
manutenção, etc).
Muito importante observar que ao custo de produção somente serão
incorporados os gastos de produção, custos diretos e indiretos. As despesas
não serão incorporadas ao cálculo do custo de produção de um produto ou
serviço, não estão incorporadas na conta de custo do produto vendido, constando
apenas na Demonstração de Resultados do Exercício.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
78
No exemplo abaixo utilizaremos como critério de rateio as horas de mão-
de-obra:
A empresa Sillas SA. É especializada em produzir cadeiras, sendo suas
principais linhas a Standart (Ps), Médium (Pm) e Premium (Pp). Os dados obtidos
junto ao controller da empresa no fim do exercício a ser analisado foram:
- Vendas: Ps = 10.000 unidades a R$ 26,00 cada
Pm =10.000 unidades a R$ 34,00 cada
Pp = 10.000 unidades a
R$ 60,00 cada
- Matéria-prima: R$ 200.000,00 madeira
 R$ 150.000,00 aço
- Materiais Diversos de Fábrica: R$ 50.000,00
- Energia Elétrica Fábrica: R$ 60.000,00
- Despesas Gerais: Fábrica: R$ 25.000,00
Demais: R$ 25.000,00
- Salários: Fábrica: R$ 200.000,00
Demais: R$ 50.000,00
- Depreciação Fábrica: R$ 80.000,00
Demais: R$ 10.000,00
- Aluguel: Fábrica: R$ 12.000,00
Escritório: R$ 5.000,00
- Armazenagem de produtos acabados: R$ 12.000,00
- Comissões sobre vendas: R$ 45.000,00
Custos Diretos:
- Madeira: 35% Standart
35% Médium
30% Premium
- Aço: 25% Standart
30% Médium
45% Premium
- Mão-de-obra: 15% Standart
25% Médium
40% Premium
Pede-se:
1) Calcule as Vendas de cada produto e o total da empresa.
2) Separe os Custos das Despesas.
3) Aproprie os Custos Diretos.
4) Aproprie os Custos Indiretos em função da MOD.
5) Elabore a DRE.
Capítulo 3 Q Custos
79
Resolução:
1. Receita
Ps = 10.000 X R$ 26,00 = R$ 260.000,00
Pm = 10.000 X R$ 34,00 = R$ 340.000,00
Pp = 10.000 X R$ 60,00 = R$ 600.000,00
2. Custos Diretos
2.1 Materiais Diretos
2.1.1 Madeira
Custo Total da Madeira: R$ 200.000,00
Divisão: 35% Ps = R$ 200.000,00 x 35% = R$ 70.000,00
35% Pm = R$ 200.000,00 x 35% = R$ 70.000,00
30% Pp = R$ 200.000,00 x 30% = R$ 60.000,00
2.1.2 Aço
Custo Total do Aço: R$ 150.000,00
Divisão: 25% Ps = R$ 150.000,00 x 25% = R$ 37.500,00
30% Pm = R$ 150.000,00 x 30% = R$ 45.000,00
45% Pp = R$ 150.000,00 x 45% = R$ 67.500,00
2.2 Mão-de-obra Direta
Salários de Fábrica: R$ 200.000,00 (esta é a parte dos salários que são
custos, pois estão ligados à produção dos produtos, dentro deste valor estão a
Mão-de-obra Direta e a Mão-de-obra Indireta).
Divisão: 15% Ps = R$ 200.000,00 x 15% = R$ 30.000,00
25% Pm = R$ 200.000,00 x 25% = R$ 50.000,00
40% Pp = R$ 200.000,00 x 40% = R$ 80.000,00
Obs: O restante (20%) é considerado Mão-de-obra Indireta.
3. Critério de Rateio
Utilizaremos como critério de rateio a MOD.
MOD: R$ 30.000,00 + R$ 50.000,00 + R$ 80.000,00 = R$ 160.000,00
O percentual dos Custos Indiretos que vão a cada tipo de Produto será
calculado como a divisão entre o valor de MOD de cada um pelo total de MOD
da empresa.
Ps = R$ 30.000 ÷ R$ 160.000,00 = 18,75%
Pm = R$ 50.000,00 ÷ R$ 160.000,00 = 31,25%
Pp = R$ 80.000,00 ÷ R$ 160.000,00 = 50,00%
Assim sendo, 18,75% dos custos indiretos vão para o Ps, 31,25% para o
Pm e 50,00% para o Pp.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
80
4. Custos Indiretos
São considerados custos indiretos os gastos ligados à produção de bens
ou serviços. No nosso exemplo estes gastos são:
- Materiais Diversos de Fábrica: R$ 50.000,00
- Energia Elétrica Fábrica: R$ 60.000,00
- Despesas Gerais: Fábrica: R$ 25.000,00
- Salários: Fábrica: R$ 200.000,00
- Depreciação Fábrica: R$ 80.000,00
- Aluguel: Fábrica: R$ 12.000,00
Valor total dos Custos Indiretos: R$ 427.000,00
5. Rateio dos Custos Indiretos
Seguindo o que havíamos determinado nos critérios de rateio:
Ps = R$ 427.000,00 x 18,75% = R$ 80.062,50
Pm = R$ 427.000,00 x 31,25% = R$ 133.437,50
Pp = R$ 427.000,00 x 50,00% = R$ 213.500,00
6. Cálculo dos Custos Totais e Unitários por Produto
Para calcular os custos totais, somaremos os custos diretos (materiais
e mão-de-obra) e os custos indiretos. Para calcular os custos unitários,
dividiremos os custos totais pelas unidades produzidas.
Custo Direto:
Ps = R$ 70.000,00 + R$ 37.500,00 + R$ 30.000,00 = R$ 137.500,00
Pm = R$ 70.000,00 + R$ 45.000,00 + R$ 50.000,00 = R$ 165.000,00
Pp = R$ 60.000,00 + R$ 67.500,00 + R$ 80.000,00 = R$ 207.500,00
Custo Direto + Indireto
Ps = R$ 137.500,00 + R$ 80.062,50 = R$ 217.562,50
Pm = R$ 165.000,00 + R$ 133.437,50 = R$ 298.437,50
Pp = R$ 207.500,00 + R$ 231.500,00 = R$ 439.000,00
Custos Unitários
Ps = R$ 217.562,50 ÷ 10.000 = R$ 21,76 a unidade
Pm = R$ 298.437,50 ÷ 10.000 = R$ 29,84 a unidade
Pp = R$ 439.000,00 ÷ 10.000 = R$ 43,90 a unidade
7. Despesas
Dos gastos que tínhamos inicialmente, alguns não foram contabilizados
como custos. As opções são: Investimentos (não havia); Perdas (não havia) e
Despesas.
Capítulo 3 Q Custos
81
As despesas, por sua vez, podem ser classificadas em Administrativas,
Comerciais e Financeiras. As despesas financeiras são basicamente gastos
com juros, o que também não há.
Sobraram as despesas comerciais e financeiras. As comerciais são
aquelas ligadas à comercialização, armazenagem e distribuição dos produtos
finais, as restantes são consideradas administrativas.
Despesas Comerciais:
- Armazenagem de produtos acabados: R$ 12.000,00
- Comissões sobre vendas: R$ 45.000,00
O total de despesas comerciais é de: R$ 67.000,00
Despesas Administrativas:
- Despesas Gerais: Demais: R$ 25.000,00
- Salários: Demais: R$ 50.000,00
- Depreciação: Demais: R$ 10.000,00
- Aluguel: Escritório: R$ 5.000,00
O total de despesas administrativas é de R$ 90.000,00
8. DRE
TABELA 18 – Demonstração do Resultado do Exercício
FONTE: Os autores
Após o estudo do sistema de rateio de custos indiretos mais simples,
aprendemos que existe a necessidade de um critério para a divisão deste tipo
de custo. No custeio variável estudaremos uma outra opção, além de separar
os custos de uma forma distinta.
3.2.3 Custeio Variável
Neste método de custeio, leva-se em consideração o comportamento do
custo. Quanto ao comportamento os custos, podem ser classificados em:
variáveis, fixos e semi-fixos.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
82
Já havíamos visto, na seção anterior, os custos diretos. Aqui eles se
chamam custos variáveis. Ao longo desta seção trabalharemos com as questões
relacionadas a este tipo de comportamento dos custos.
Custos Variáveis
Quando medimos o nível de atividade em unidades produzidas, há custos
que são sempre iguais por unidade. A quantidade de madeira utilizada na
fabricação de um tipo de mesa sempre será a mesma. Quando falamos do
comportamento dos custos como variáveis significa que eles variam em função
da quantidade produzida. Se produzimos uma mesa, consumimos 0,2 metros
cúbicos de madeira, por exemplo. Já se produzimos 10 mesas, utilizaremos 0,2
x 10 mesas = 2 metros cúbicos, isto é; varia proporcionalmente à quantidade
produzida.
Graficamente ficaria da seguinte forma:
X X
SS SS
X
T
C
U
ST
O
 T
O
TA
L
C
U
ST
O
 U
N
IT
ÁR
IOCUSTO
VARIÁVEL
TOTAL
CUSTO VARIÁVEL UNITÁRIO
UNIDADES UNIDADES
FIGURA 4: Comportamento dos Custos Variáveis
AUTOR: Os autores
Você pôde observar que o custo variável unitário se mantém fixo (a
quantidade de madeira que gasta em uma mesa, por exemplo) e o valor total do
custo variável cresce proporcionalmente à quantidade produzida. A seguir
estudaremos a sua antítese, os custos fixos.
Custos Fixos
São componentes do custo final do produto que não apresentam variação
com a mudança no nível de atividade (número de unidades produzidas) pela
empresa. Utilizando ainda a fábrica de mesas, o valor do seguro da fábrica ou o
salário do supervisor não variam em função das unidades que são produzidas.
Capítulo 3 Q Custos
83
Graficamente ficaria da seguinte forma:
X X
SS SS
X
\
C
U
ST
O
 T
O
TA
L
C
U
ST
O
 U
N
IT
ÁR
IO
CUSTO FIXO TOTAL
CUSTO FIXO
UNITÁRIO
UNIDADES UNIDADES
FIGURA 5: Comportamento dos Custos Fixos
FONTE: Os autores
Afirmam Bruni e Fama (2004) que os custos fixos existem mesmo que
não haja produção. Uma forma de agrupá-los é:
z Custo Fixo de Capacidade (CFC): custos relativos às instalações da
empresa, como depreciação, amortização, etc.
z Custo Fixo Operacional (CFO): relativos à operação das instalações da
empresa, como seguro, imposto predial, etc.
Você deve estar atento aos custos fixos, que não variam
em função
da produção e sim de outros fatores. Por exemplo, se uma conta de
telefone apresenta valores diferentes todos os meses, porém não
correlacionados com a produção, esses gastos devem ser
classificados como fixos - mesmo que possuam variações mensais.
Ao estudarmos os custos variáveis e fixos, ficaram claras as diferenças
entre eles. O fato dos custos variáveis unitários manterem-se sempre no mesmo
nível, enquanto os custos fixos unitários são decrescentes, é um ponto a se
seguir de perto. Outra questão extremamente importante é o custo variável total,
que cresce proporcionalmente à quantidade, enquanto os custos fixos não se
alteram. Como na vida nada é simplesmente preto e branco, há também os
custos semi-fixos, que estudaremos a seguir.
Custos Semi-fixos
São custos que não se alteram até determinado patamar, tornando-se
variáveis a partir de então. Ocorre normalmente quando fechamos “pacotes”
com empresas, onde se contrata uma quantidade fixa de algum insumo e, após
este patamar, o excedente passa a ser variável. Contas de água, telefone e
casos de fornecimento específico de energia se enquadram nesta denominação.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
84
Como você pode perceber, a classificação dos custos em fixos e variáveis
é, em teoria, extremamente simples, já a sua aplicação na prática é um pouco
mais complicada. A outra opção que temos, e devemos tomar cuidado para não
confundir, são os custos semi-variáveis.
Custos Semi-variáveis
São aqueles custos que trabalham como degraus de uma escada. Mantêm-
se constante até atingirem um certo patamar e depois crescem verticalmente.
Um exemplo é o custo do encarregado (supervisor) de cada turno. Até X pessoas
operando naquele turno (por exemplo, 20), ele pode trabalhar sozinho; ao chegar
a 21 pessoas se faz necessária a contratação de mais um supervisor. O mesmo
ocorre com o aluguel: até que um galpão não esteja totalmente ocupado, o aluguel
será de apenas um galpão, caso a empresa necessite de mais espaço ela
dificilmente consegue alugar apenas alguns metros quadrados, ela tem que alugar
outro galpão. Assim os custos semi-variáveis trabalham em saltos.
Agora que conhecemos as quatro maneiras de classificar os custos, em
função de seu comportamento unitário (fixos, variáveis, semi-fixos e semi-variáveis),
vamos montar uma demonstração de resultados utilizando os custos fixos e
variáveis.
DRE pelo Método do Custeio Variável
Para os gestores de empresas é de extrema importância o conceito de
margem de contribuição. Também chamada de contribuição marginal, ela se define
como a “sobra” de recursos, já deduzidos os custos e despesas variáveis. Este
método de apresentação de resultados não é permitido para fins de apresentações
públicas e/ou fiscais, porém tem um importante olhar sobre o gerenciamento do
dia-a-dia das empresas, sendo base para a tomada de decisão.
Neste método consideramos apenas os custos e despesas variáveis para
calcular o custo final do produto, tanto vendido como em estoque. Também é de
extrema importância, pois é a base para o cálculo do ponto de equilíbrio, tema que
veremos no próximo tópico.
Segue abaixo a estrutura de uma DRE pelo método do Custeio Variável:
Receita Operacional Bruta
(-) Impostos sobre Vendas
(=) Receita Operacional Líquida
( - ) Custo do Produto Vendido Variável
( - ) Despesas Variáveis
( = ) Margem de Contribuição
( - ) Custos Fixos
( - ) Despesas Fixas
( = ) Resultado
Capítulo 3 Q Custos
85
Na demonstração acima você pode observar que, para o cálculo da
margem de contribuição, deduzimos a receita já líquida (após impostos) dos
custos e despesas variáveis. A margem de contribuição da DRE (a soma das
margens dos diversos produtos) deve ser superior aos custos e despesas fixas
do período para que o resultado seja positivo.
Para Pensar
Você já tentou fazer uma DRE da sua empresa?
Mesmo que os valores não sejam totalmente reais vamos completar o
esquema abaixo:
Receita Operacional Bruta
(-) Impostos sobre Vendas
(=) Receita Operacional Líquida
( - ) Custo do Produto Vendido Variável
( - ) Despesas Variáveis
( = ) Margem de Contribuição
( - ) Custos Fixos
( - ) Despesas Fixas
( = ) Resultado
Vamos resolver o exemplo a seguir para melhor entender o funcionamento
deste método:
A empresa do Zé S.A. teve a seguinte estrutura de custos no ano de
2007:
Materiais diretos R$ 100.000,00
Mão-de-obra direta R$ 300.000,00
Custo Indireto Variável de Fabricação R$ 50.000,00
Custo Indireto de Fixo de Fabricação R$ 250.000,00
Preço Unitário do Produto: R$ 20,00 a unidade
Quantidade Produzida: 40.000 unidades
1) Elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício pelo Método de
Custeio direto e ou variável.
2) Qual é a margem de contribuição?
Resolução:
1. Receita = 40.000 unidades x R$ 20,00 a unidade = R$ 800.000,00
2. Custos e Despesas Variáveis =
R$ 100.000,00 + R$ 300.000,00 + R$ 50.000,00 = R$ 450.000,00
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
86
4. Custos e Despesas Fixas = R$ 250.000,00
3. DRE
Receita R$ 800.000,00
(-) Custos e Despesas Variáveis R$ 450.000,00
(=) Margem de Contribuição R$ 350.000,00
(-) Custos e Despesas Fixas R$ 250.000,00
(=) Resultado R$ 100.000,00
Vistos os métodos de custeio por absorção e o custeio variável, onde
também trabalhamos a DRE e a margem de contribuição; duas das ferramentas
mais importantes para um gestor; agora seguiremos nosso estudo com o método
de custeio ABC, onde necessitamos dos conceitos de custos diretos e indiretos
e aprenderemos o que é e como se comporta uma atividade.
3.2.4 Custeio ABC
Custeio baseado em atividades, ou custeio ABC (Activity Based Costing),
é um método de custeio onde o rateio dos custos indiretos se faz em função das
atividades ligadas ao processo produtivo da empresa.
Esta metodologia foi desenvolvida pelos professores americanos Robert
Kaplan e Robin Cooper em meados da década de 80, em Harvard. O sistema
de custeio baseado em atividades procura amenizar as distorções provocadas
pelo rateio, necessário aos métodos tratados anteriormente.
Segundo Martins (2003, p. 87), o Custeio Baseado em Atividades “é uma
metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções
provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”.
A idéia básica é atribuir primeiramente os custos às atividades e
posteriormente atribuir custos das atividades aos produtos. Conforme Eller (2000,
p.82), “o Custeio Baseado em Atividades parte da premissa de que as diversas
atividades desenvolvidas geram custos e que os produtos consomem essas
atividades”. Segundo Martins (2003, p.96) para atribuir custos às atividades e
posteriormente aos produtos utilizam-se de direcionadores. Martins (2003, p.96)
diz que: “há que se distinguir dois tipos de direcionador: [...] direcionador de
custos de recursos, e os [...] direcionadores de custos de atividades”. Já
Nakagawa (2001, p.42), explica atividade “como um processo que combina, de
forma adequada, pessoas, tecnologias, materiais, métodos e seu ambiente, tendo
como objetivo a produção de produtos”.
O início de qualquer trabalho pelo método ABC é a definição de quais
atividades serão medidas. Elas devem ser importantes para a produção do bem
ou serviço.
Um dos diferenciais do método de custeio ABC é que a sua utilização,
por exigir controles mais rígidos, possibilita a implantação e o aperfeiçoamento
dos controles internos da empresa. Existe a necessidade de mensurar vários
aspectos relacionados às atividades. O nível de detalhamento pode variar de
empresa a empresa, dependendo da sua necessidade.
Capítulo 3 Q Custos
87
O esquema de custos ABC segue o seguinte esquema:
1º Diagnóstico das Atividades que serão o critério de rateio.
2º Determinação dos Custos e Despesas Indiretas.
3º Incorporação dos Custos Indiretos às Atividades.
4º Cálculo
do número de vezes que cada Atividade é realizada para cada
Produto.
 5º Incorporação das Atividades aos Produtos.
Exemplo:
O Hotel Alfa possui apartamentos das categorias Básico simples e duplo,
e de categoria Fashion simples e duplo. Os preços das diárias são de R$ 70,00
o básico simples (BS), R$ 110,00 o básico duplo (BD), R$ 130,00 o fashion
simples (FS) e R$ 200,00 o fashion duplo (FD). A taxa de ocupação média dos
quartos básicos é de 70% e dos quartos fashion é de 65%, durante o ano.
A quantidade de quartos de cada tipo:
z Básico Simples (Bs) – 10 quartos
z Básico Duplo (Bd) – 20
z Fashion Simples (Fs) – 5 quartos
z Fashion Duplo (Fd) – 15 quartos
Os custos diretos e os preços são os seguintes:
TABELA 19 – Custos Diretos e Preços Unitários
Standard Luxo
Simples Duplo Simples Duplo
15 30 20 35
75 100 150 200
 Custos Diretos R$ / apto.
 Preço da diária R$ / apto.
FONTE: Os autores
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
88
Por meio de entrevistas, análise de dados na contabilidade, etc. verificou-
se que os principais custos indiretos referiam-se às seguintes atividades
relevantes:
TABELA 20 - Atividades
Atividades R$ ano
Inspecionar apartamentos 149.600
Recepcionar hóspedes 147.553
Requisitar materiais 134.900
Lavar roupa (enxoval) 147.500
Total 579.553
FONTE: Os autores
Os custos e despesas fixos estruturais totalizam R$ 387.467,00 por ano,
e não devem ser rateados.
A administração fez um levantamento dos direcionadores de custos
dessas atividades. São eles:
TABELA 21 – Direcionadores de Custos
Standard Luxo
Simples Duplo Simples Duplo
300 h 1.500 h 500 h 1.100 h
1 por
diária
700
5.000
2 por
diária
4.230
37.000
1 por
diária
670
4.000
2 por
diária
1.500
13.000
 Tempo gasto por inspeção
 Nº de hóspedes
 Nº de requisições
 Quilogramas de lavagem
FONTE: Os autores
Pede-se calcular:
a) A Margem Bruta, em porcentagem, por categoria de apartamento;
b) O custo de cada categoria, pelo ABC;
c) O lucro operacional do Hotel.
Capítulo 3 Q Custos
89
Resolução:
RECEITA
Número de Diárias:
Número de Quartos x Taxa de Ocupação x Dias do Ano (365)
Bs = 10 x 70% x 365 = 2.555 diárias
Bd = 20 x 70% x 365 = 5.110 diárias
Fs = 5 x 65% x 365 = 1.186 diárias
Fd = 15 x 65% x 365 = 3.559 diárias
Receita: Número de Diárias x Preço por Categoria
Bs = 2.555 x R$ 70,00 = R$ 178.850,00
Bd = 5.110 x R$ 110,00 = R$ 562.100,00
Fs = 1.186 x R$ 130,00 = R$ 154.180,00
Fd = 3.559 x R$ 200,00 = R$ 711.800,00
Receita Total: R$ 1.606.930,00
CUSTOS
Custos Diretos: Número de Diárias x Custo Direto Unitário
Bs = 2.555 x R$ 15,00 = R$ 38.325,00
Bd = 5.110 x R$ 30,00 = R$ 153.300,00
Fs = 1.186 x R$ 20,00 = R$ 23.720,00
Fd = 3.559 x R$ 35,00 = R$ 124.565,00
Custos Indiretos: devemos dividir os custos indiretos (inspecionar
apartamentos, recepcionar hóspedes, requisitar materiais e lavar roupa) pela
quantidade total dos direcionadores destes custos (tempo de inspeção, número
de hóspedes, número de requisições e quilogramas de lavagem):
Inspecionar Apartamentos: R$ 149.600,00
Total de horas de Inspeção: (300 + 1.500 + 500 + 1.100) = 3.400 horas
Custo/h de Inspeção:
R$ 149.600,00 ÷ 3.400 = R$ 44,00 por hora de inspeção
Bs = 300 horas x R$ 44,00/hora = R$ 13.200,00
Bd = 1.500 horas x R$ 44,00/hora = R$ 66.000,00
Fs = 500 horas x R$ 44,00/hora = R$ 22.000,00
Fd = 1.100 horas x R$ 44,00/hora = R$ 48.400,00
Recepcionar Hóspedes: R$ 147.553,00
Total Hóspedes: (2.555 + 2x5.110 + 1.186 + 2x3.559) = 21.079 hóspedes
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
90
Custo de recepção por hóspede =
R$ 147.553,00 ÷ 21.079 = R$ 7,00 por hóspede
Bs = 2.555 hóspedes x R$ 7,00/hóspede = R$ 17.885,00
Bd = 10.220 hóspedes x R$ 7,00/hóspede = R$ 71.540,00
Fs = 1.186 hóspedes x R$ 7,00/hóspede = R$ 8.302,00
Fd = 7.118 hóspedes x R$ 7,00/hóspede = R$ 49.826,00
Requisitar Materiais: R$ 134.900,00
Número de Requisições: (700 + 4.230 + 670 + 1.500) = 7.100 requisições
Custo unitário da requisição =
R$ 134.900,00 ÷ 7.100 = R$ 19,00 por requisição
Bs = 700 requisições x R$ 19,00/requisição = R$ 13.300,00
Bd = 4.230 requisições x R$ 19,00/requisição = R$ 80.370,00
Fs = 670 requisições x R$ 19,00/requisição = R$ 12.730,00
Fd = 1.500 requisições x R$ 19,00/requisição = R$ 28.500,00
Lavar Roupa: R$ 147.500,00
Número de Quilogramas:
(5.000 + 37.000 + 4.000 + 13.00) = 59.000 quilogramas lavados
Custo do kg lavado = R$ 147.500,00 ÷ 59.000 = R$ 2,50 por kg
Bs = 5.000 kg x R$ 2,50/kg = R$ 12.500,00
Bd = 37.000 kg x R$ 2,50/kg = R$ 92.500,00
Fs = 4.000 kg x R$ 2,50/kg = R$ 10.000,00
Fd = 13.000 kg x R$ 2,50/kg = R$ 32.500,00
Total Custos Indiretos:
Inspeção + Recepção + Requisição + Lavar Roupa
Bs = Inspecionar - R$ 13.200,00
Recepcionar - R$ 17.885,00
Requisitar - R$ 13.300,00
Lavar - R$ 12.500,00
Total: R$ 56.885,00
Bd = Inspecionar - R$ 66.000,00
Recepcionar - R$ 71.540,00
Requisitar - R$ 80.370,00
Lavar - R$ 92.500,00
Total: R$ 310.410,00
Fs = Inspecionar - R$ 22.000,00
Recepcionar - R$ 8.302,00
Requisitar - R$ 12.730,00
Lavar - R$ 10.000,00
Total: R$ 53.032,00
Capítulo 3 Q Custos
91
Fd = Inspecionar - R$ 48.400,00
Recepcionar - R$ 49.826,00
Requisitar - R$ 28.500,00
Lavar - R$ 32.500,00
Total: R$ 159.226,00
a) Margem Bruta
Para calcularmos a Margem Bruta (MB) devemos deduzir os Custos
Diretos (CD) e os Custos Indiretos (CI) das Receitas.
TABELA 22- Demonstração de Resultados do exercício por produtos e total
FONTE: Os autores
b) Custo Total por Categoria: CD + CI
Bs = R$ 38.325,00 + R$ 56.885,00 = R$ 95.210,00 ÷ 2.555 = R$ 37,26 / unidade
Bd = R$ 153.300,00 + R$ 310.410,00 = R$ 463.710,00 ÷ 5.110 = R$ 90,75 / unidade
Fs = R$ 23.720,00 + R$ 53.032,00 = R$ 76.752,00 ÷ 1.186 = R$ 64,72 / unidade
Fd = R$ 124.565,00 + R$ 159.226,00 = R$ 283.791,00 ÷ 3.559 = R$ 79,74 / unidade
c) Lucro Operacional
Nós o calcularemos deduzindo os custos e despesas fixas estruturais
da Margem Bruta já calculada:
Lucro Operacional: R$ 687.467,00 – R$ 387.467,00 = R$ 300.000,00
Como nós pudemos observar, o custeio ABC (por atividades) é mais
justo no rateio dos custos indiretos, porém é necessário muito mais
informação para que possamos calculá-lo de forma correta.
No exemplo acima as atividades e os direcionadores de custos já
estavam delimitados, facilitando, e muito, o nosso trabalho. Tente você,
na sua empresa, encontrar as principais atividades e os direcionadores
de custos e montar um sistema de custeio ABC. Você pode se
surpreender!!!
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
92
Atividade Complementar
1) A empresa Ventanas Ltda. É especializada em produzir janelas, sendo
suas principais linhas a Standart (Js), Médium (Jm) e Premium (Jp).
Os dados obtidos junto ao controller da empresa no fim do exercício a
ser analisado foram:
- Vendas: Vs = 1.000 unidades a R$ 36,00 cada
Vm = 1.000 unidades a R$ 44,00 cada
Vp = 1.000 unidades a R$ 50,00 cada
- Matéria-prima: R$ 40.000,00 madeira
 R$ 50.000,00 aço
- Materiais Diversos de Fábrica: R$ 5.000,00
- Energia Elétrica Fábrica: R$ 6.000,00
- Despesas Gerais: Fábrica: R$ 2.500,00
Demais: R$ 2.500,00
- Salários: Fábrica: R$ 20.000,00
Demais: R$ 5.000,00
- Depreciação Fábrica: R$ 8.000,00
Demais: R$ 1.000,00
- Aluguel: Fábrica: R$ 1.200,00
Escritório: R$ 500,00
- Armazenagem de produtos acabados: R$ 1.200,00
- Comissões sobre vendas: R$ 2.500,00
Custos Diretos:
- Madeira: 25% Standart
25% Médium
50% Premium
- Aço: 25% Standart
40% Médium
35% Premium
- Mão-de-obra: 35% Standart
35% Médium
30% Premium
Pede-se:
1) Calcule as Vendas de cada produto e o total da empresa;
2) Separe os Custos das Despesas;
3) Aproprie
os Custos Diretos;
4) Aproprie os Custos Indiretos em função da MOD;
5) Elabore a DRE.
Capítulo 3 Q Custos
93
2) Os elementos seguintes podem ser classificados em custos (e
despesas) fixos (CF), custos (e despesas) variáveis (CV),
investimentos (I) ou perda (P).
TABELA 23 – Tipos de Gastos
Elemento
a) Comissões sobre venda
b) Consumo de madeira para a fabricação de uma mesa
c) Energia elétrica consumida na área administrativa
d) Energia elétrica consumida na área de produção
e) Distribuição de mercadorias vendidas
f) Compra de caminhões
g) Fretes e Seguros sobre as matérias-primas compradas
h) Depreciação máquina da fábrica
i) Depreciação dos equipamentos de informática para a administração
j) Manutenção das máquinas
k) Compra de maquinário
l) Seguros da fábrica
m) Seguros das lojas comerciais
n) Supervisão da linha de produção
o) Limpeza e conservação do prédio administrativo
p) Consumo de materiais indiretos
q) Custos de um Incêndio
r) Matéria-prima
s) Material de escritório
t) Embalagem para os produtos
u) Salários do pessoal administrativos
v) Despesas dos carros dos vendedores
CV CF P I
FONTE: Os autores
3) A Empresa Você S.A. possui duas classes de produto e duas variações
de cada classe. O Produto A Luxo e Premium e o Produto B Luxo e
Premium. Os preços dos produtos são de R$ 10,00 o A Luxo (Al), R$
11,00 A Premium (Ap), R$ 13,00 o B Luxo (Bl) e R$ 20,00 o B Premium
(Bp).
A quantidade de vendas de cada tipo:
- Al 4.000 unidades
- Ap 8.000 unidades
- Bl 2.500 unidades
- Bp 7.000 unidades
Os custos diretos e os preços são os seguintes:
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
94
TABELA 24 - Custos Diretos e Preços Unitários
FONTE: Os autores
Por meio de entrevistas, análise de dados na contabilidade, etc.
verificou-se que os principais custos indiretos referiam-se às seguintes
atividades relevantes:
TABELA 25 - Atividades
 Atividades R$ ano
 Cortar Produtos 15.000
 Transportar Produtos 14.000
 Montar Produtos 17.000
 Acabar Produtos 14.500
 Total 60.500
FONTE: Os autores
Os custos e despesas fixos estruturais totalizam R$ 30.000,00 por ano e
não devem ser rateados.
A administração fez um levantamento dos direcionadores de custos dessas
atividades. São eles:
TABELA 26 - Direcionadores de Custo
A B
Luxo Premium Luxo Premium
R$ 1,50 R$ 3,00 R$ 2,75 R$ 4,75
R$ 10,00 R$ 11,00 R$ 13,00 R$ 20,00
 Custos Diretos
 Preço
Standard Luxo
Simples Duplo Simples Duplo
3.000 h 15.000 h 5.000 h 11.100 h
3.200
700
5.000
1.600
4.230
37.000
800
670
4.000
1.250
1.500
13.000
 Tempo gasto em corte
 Metros de transporte
 No de montagens
 Tempo gasto em acabamento
FONTE: Os autores
Capítulo 3 Q Custos
95
Pede-se calcular:
a) A Margem Bruta, em porcentagem, por produto;
b) O custo de cada produto, pelo ABC;
c) O lucro operacional da Empresa.
Aqui chegamos ao final do estudo dos métodos de custeio deste caderno.
Estudamos o comportamento dos custos em duas vertentes – os custos diretos
e indiretos e os custos fixos, variáveis, semi-fixos e semi-variáveis – além dos
métodos de custeio – por absorção, direto e indireto e ABC (baseado em
atividades). Pudemos também comprovar que a única diferença entre os métodos
está no rateio dos custos indiretos (nos custos diretos todos os métodos realizam
os mesmos cálculos). O seguimento do nosso estudo depende da compreensão
do que vimos até aqui, já que a análise dos custos só pode ser realizada se
entendemos a natureza deles.
3.3 ANÁLISES DE CUSTOS
Após entendermos os métodos de custeio, faremos uma breve exposição
de alguns tipos de análise que podem ser feitas com os dados obtidos pelos
métodos de custeio. A análise das relações custo, volume e lucro e o ponto de
equilíbrio são, comumente, as ferramentas mais utilizadas no dia-a-dia. Não é
nossa pretensão esgotar o tema, que é assunto de livros inteiros na bibliografia
financeira.
A seguir trabalharemos com a relação entre custo, volume e lucro, que é
influenciada pelo comportamento (fixo, variável, semi-fixo e semi-variável) dos
custos.
3.3.1 Análise das Relações Custo, Volume e Lucro
Conforme já vimos no tópico anterior, há custos e despesas que são
fixas. Muitas vezes nos deparamos com gestores repetindo o mantra: “devemos
produzir e vender mais para diluir os custos e despesas fixas”.
Esta é uma questão que requer análise, já que é real. Quanto maior a
quantidade produzida, menor o peso dos custos e despesas fixas no custo total
do produto ou serviço.
Imaginemos o seguinte exemplo:
A empresa Ordenadores S.A. fabrica computadores de última geração.
Ela recebe uma proposta de exclusividade onde a empresa TLMKT Ltda
compraria a produção de um ano de atividades. A proposta da TLMKT Ltda é a
compra de 10.000 unidades a um preço unitário de R$ 1.200,00 reais, já
deduzidos os impostos sobre venda. Os custos e despesas variáveis de cada
computador são de R$ 800,00 e os custos e despesas totais fixas são de R$
2.000.000,00. Vamos calcular o resultado da operação?
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
96
Receita
10.000 unidades x R$ 1.200,00 a unidade = R$ 12.000.000,00
Custos e Despesas Variáveis
10.000 unidades x R$ 800,00 a unidade = R$ 8.000.000,00
Custos e Despesas Fixas
R$ 2.000.000,00 ao ano
DRE
Receita R$ 12.000.000,00
(-) Custos e Despesas Variáveis R$ 8.000.000,00
(=) Margem de Contribuição R$ 4.000.000,00
(-) Custos e Despesas Fixas R$ 2.000.000,00
(=) Resultado R$ 2.000.000,00
Como nós podemos observar, o Resultado corresponde a 16,67% (R$
2.000.000,00 ÷ R$ 12.000.000,00) da Receita e a Margem de Contribuição
corresponde a 33,33% da Receita (R$ 4.000.000,00 ÷ R$ 12.000.000,00).
Vamos propor uma modificação? Imagine que a TLMKT Ltda resolva
comprar 20% a mais de computadores neste ano, ou seja, 12.000 unidades. A
estrutura da Ordenadores S.A. suporta este incremento sem nenhum tipo de
modificação (não variam os custos fixos). O que aconteceria com o Resultado
do período? E com a Margem de Contribuição?
Receita
12.000 unidades x R$ 1.200,00 a unidade = R$ 14.400.000,00
Custos e Despesas Variáveis
12.000 unidades x R$ 800,00 a unidade = R$ 9.600.000,00
Custos e Despesas Fixas
R$ 2.000.000,00 ao ano
DRE
Receita R$ 14.400.000,00
(-) Custos e Despesas Variáveis R$ 9.600.000,00
(=) Margem de Contribuição R$ 4.800.000,00
(-) Custos e Despesas Fixas R$ 2.000.000,00
(=) Resultado R$ 2.800.000,00
Como nós podemos observar, o Resultado corresponde a 19,44% (R$
2.800.000,00 ÷ R$ 14.400.000,00) da Receita e a Margem de Contribuição
corresponde a 33,33% da Receita (R$ 4.800.000,00 ÷ R$ 14.400.000,00).
Interpretando o resultado, um incremento de 20% na Receita resultou
um incremento de 40% no Resultado da empresa. Esta é uma análise custo-
volume-lucro. Com base nestes dados, os gestores podem tomar decisões sobre
incrementos da produção, descontos, etc.
Capítulo 3 Q Custos
97
A análise custo, volume e lucro é de extrema importância para qualquer
gestor. Juntamente com o estudo da margem de contribuição, que já vimos no
custeio variável, são duas importantes ferramentas para os gestores. O item
que ainda nos falta para ter o tripé básico para gerenciar as informações
decorrentes dos custos é o ponto de equilíbrio, que utiliza conceitos de custos
fixos e variáveis. Vamos a ele!
3.3.2 Ponto de Equilíbrio
O ponto de equilíbrio é o número mínimo de unidades de um determinado
produto, que deve ser produzido e vendido para que sejam cobertos os custos e
despesas relativas ao ele. Na literatura acadêmica você também pode encontrar
a expressão em inglês break even point. É importante frisar que o ponto de
equilíbrio só poderá ser calculado quando utilizamos a metodologia
do custeio
variável.
No ponto de equilíbrio o resultado operacional de um dado produto é igual
a 0. Para calculá-lo devemos utilizar os valores unitários do preço e dos custos
e despesas variáveis, e o total dos custos fixos. A fórmula de cálculo segue
abaixo:
Ponto de equilíbrio = Q = CF ÷ (pv-cv)
Onde,
Q = Quantidade de unidades do ponto de equilíbrio;
CF = Custos e Despesas Fixas Totais;
pv = Preço unitário de venda;
cv = Custo variável unitário.
Façamos um exemplo para fixar o conteúdo: Supondo que uma empresa
tenha custos operacionais fixos (CF) equivalentes a R$ 25.000,00, que o preço
(pv) de venda por unidade de produto seja igual a R$ 100,00 e que o custo
operacional variável por unidade (cv) seja de R$ 50,00; para se obter o volume
de vendas no ponto de equilíbrio, aplicando a equação acima, teremos:
 R$ 25.000,00
Q = ------------------------ = 500 unidades
R$ 100,00 - 50,00
Resultado projetado:
Receita de Vendas R$ 50.000,00
(-) Custos Variáveis operacionais - R$ 25.000,00
(=) Margem de Contribuição R$ 25.000,00 Dtaxa de M.C: 2.500/5.000 = 0,50
(-) Custos Fixos operacionais - R$ 2.500,00
(=) LAJIR R$ zero
Conclusão: Caso a empresa venda 500 unidades do produto,
correspondendo a um volume de vendas de R$ 50.000,00, o lucro operacional
da empresa deve se igualar a zero. Nesse nível de vendas, portanto, os custos
fixos e variáveis estão cobertos.
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
98
Atividade Complementar
1) Determinar o ponto de equilíbrio operacional, em quantidade de vendas,
de uma empresa a partir dos seguintes dados e fazer a demonstração
de resultado:
Preço unitário de venda: R$ 60,00
Custos variáveis unitários: R$ 20,00
Margem de contribuição: R$ 40,00
Custos operacionais fixos: R$ 400.000,00
Agora que já conhecemos as principais formas de se analisar as
informações geradas pelos custos, coletando e calculando os dados para utilizá-
los para a tomada de decisão, vamos aproveitar o conhecimento que já
acumulamos para aprender a formar o preço mínimo de venda e compará-lo
com o que o mercado trabalha.
3.4 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA
Os conceitos de custos são de extrema importância para a formação, ou
ao menos para o controle, do preço de venda. Estes dados são úteis para que a
empresa não atue no mercado com o preço abaixo dos custos e, a cada vez
que vende mais, perca mais dinheiro. Caso ela deseje vender abaixo do custo
ao menos será consciente disso.
A gestão de preços é algo muito particular de cada organização,
envolvendo questões estratégicas. É importante que o gestor tenha a informação
sobre cada produto e, se possível, sobre cada cliente.
3.4.1 Impostos
Para calcularmos um preço, ou ao menos um valor orientativo, é de suma
importância conhecer o seu regime tributário, seja Lucro Real, Lucro Presumido
ou Super-Simples na esfera federal. Também não podemos esquecer dos
impostos estaduais e municipais, quando for o caso.
Para as empresas que trabalham no Lucro Real os impostos são os já
conhecidos (ver Capítulo 1 do presente material). No regime do Lucro Presumido,
o fisco presume margem de lucro na maioria das atividades industriais, costuma
ser igual a 8% da receita operacional bruta e a alíquota a ser aplicada sobre
essa base presumida será de 15% a 25% mais a CSLL. Para outros serviços as
margens podem ser de 16% ou 32%
Capítulo 3 Q Custos
99
Imposto de Renda Mensal
TABELA 27 – Impostos sobre diferentes atividades
FONTE: ASSEF (1999, p.27).
As questões tributárias devem estar muito claras na hora de analisar os
preços praticados por uma empresa. Não é o objetivo deste material ser um
guia de tributos; desta forma, utilizaremos alguns exemplos mas não entraremos
nos pormenores da questão.
3.4.2 Markup
O método de custeio utilizado pela empresa é de fundamental importância
na sua precificação. Além do conceito de custeio por absorção,
departamentalização ou ABC, a empresa necessita adicionar o montante das
despesas operacionais aos custos para chegar ao conceito de gasto total para
formar os seus preços.
O markup nada mais é que um marcador. É o ponto, ou o preço, em que
deveria estar o produto para gerar a margem de contribuição (ou lucro,
dependendo do caso) mínima que a empresa exige.
Na constituição do markup precisamos conhecer todos os gastos
relacionados diretamente com as vendas, tais como: comissões, Pis/Cofins,
ICMS, distribuição e um lucro desejado.
Vamos a um exemplo: a nossa empresa de mesas e cadeiras (para que
mudar se ela vai tão bem)? Imagine que a empresa paga 7% de comissões,
3,65% de PIS/COFINS, 12% de ICMS e quer obter 20% de lucro.
Para constituir um markup devemos somar os percentuais incidentes
sobre o preço de venda, ou todos os gastos proporcionais ao preço de venda,
que no nosso exemplo seria:
TABELA 28 - Gastos Variáveis sobre o Preço Final
FONTE: Os autores
Gasto Percentual
Comissões 8,0 %
Pis/Cofins 3,65%
ICMS 12%
Lucro 20%
Somatória 43,65%
Gestão Financeira e Custos Q FURB / SAPIENCE
100
Para calcular o preço dos produtos devemos fazer o seguinte cálculo:
100% - 43,65% = 56,35%. Com este valor fazemos a seguinte divisão: 1 ÷ 56,35%
= 1,7746. O que significa isso? Significa que devemos multiplicar o valor que é o
somatório dos custos e despesas por 1,7746 para obtermos o preço final, ou ao
menos o preço orientativo. Imaginemos que o somatório dos custos e despesas
da nossa mesa tenha sido de R$ 85,00; então o valor orientativo de venda, dado
o lucro que a empresa deseja, os impostos e as despesas com comissões,
será de R$ 85,00 x 1,7746 = R$ 150,84.
COMPROVAÇÃO
TABELA 29 - Demonstração de Resultados
Preço de Venda R$ 150,84 100%
(-) COMISSÕES R$ 12,07 8%
(-) ICMS R$ 18,10 12%
(-) PIS/COFINS R$ 5,51 3,65%
(-) Custos e Despesas R$ 85,00 56,35%
(=) Resultado da mercadoria R$ 30,16 20%
FONTE: Os autores
Saiba Mais
Para você que quer se aprofundar no assunto, há mais informações
(e extremamente atualizadas) sobre custos em:
http://www.abcustos.org.br/
http://www.portaldecontabilidade.com.br/
101
REFERÊNCIAS
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Campus, 1999.
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