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1 (Título) Respostas de sensibilidade de Azolla caroliniana (Pteridophyta: Azollaceae) e Lemna sp (Angiospermae: Lemnaceae) ao arsênio. (Autores) Fernando César de Oliveira Souza Matrículas Flávia Maria da Silva Carmo Juraci Alves de Oliveira Rosane Maria de Aguiar Euclydes Introdução De forma geral, as atividades humanas causam alterações na natur eza física dos ambientes naturais. Essas alterações ou distúrbios induzem mudanças nos padrões de riqueza e de abundância de espécies em comunidades biológicas (Connell, 1978). Além de afetar os indivíduos por intoxicação levando-os eventualmente à morte, poluentes afetam as rotas metabólicas usadas no consumo de recursos, o que por sua vez afeta as taxas de crescimento de populações (Landis & Ming-Ho, 1995). A Azolla caroliniana é uma pteridófita aquática flutuante de pequeno porte e crescimento rápido, amplamente distribuída na região tropical (Tyron & Tryon, 1982). Já a espécie Lemna gibba é uma monocotiledônea, também aquática flutuante e de pequeno porte, encontrada em várias regiões do mundo, que exibe alta capacidade adaptativa. As duas espécies são apontadas como potenciais fitorremediadoras (Jain et al. 1990; Outridge & Hutchinson, 1990; Outridge et al. 1991; Zayed et al. 1998; Axtell et al.,2003; Mkandawire et al., 2004; Mkandawire & Dudel, 2005). O objetivo deste trabalho foi testar a hipótese de que indivíduos de Azolla caroliniana são mais sensíveis ao arsênio do que aqueles de Lemna gibba. Material e Métodos – A produção de biomassa foi utilizada como parâmetro para avaliar a sensibilidade das espécies à presença de arsênio (As) no meio. Foram preparadas soluções nutritivas segundo Clark, acrescidas de As na forma de arsenato de sódio (Na2HAsO4.7H2O), nas concentrações 0,0, 0,5, 1,5, 2,5, 3,5, 5,5 e 5,5 mg/L, (modificado de Guimarães, 2006), em pH 6,5 1 . Em unidades experimentais individuais foram adicionados 250,0ml de solução nutritiva segundo as concentrações acima e a cada uma foram adicionados 20 indivíduos de Azolla caroliniana ou de L gibba, sendo assim constituídos os tratamentos, com três repetições cada. O pH das soluções nutritivas foi corrigido a cada dois dias e as soluções nutritivas foram trocadas a cada sete dias durante quatro semanas, mantendo-se as concentrações de As inalteradas, conforme os tratamentos. As plantas de ambas as espécies foram então retiradas das unidades experimentais, lavadas com ácido nítrico a 1%, e depois com água destilada, secas superficialmente entre folhas de papel de filtro e pesadas em balança digital para tomada de massa fresca. Transferidas para recipientes adequados, foram levadas á estuda de secagem por 24h a 65 0 C, e então foram tomados os valores de massa seca das amostras populacionais Resultados (Os resultados podem ser apresentados na forma de tabela, gráfico ou ambos) Tanto a massa fresca quanto a massa seca dos indivíduos de ambas as espécies estudadas responderam ás concentrações crescentes de arsênio em solução nutritiva. Os indivíduos de Azolla caroliniana (Ac) mostraram significativo incremento de massa fresca (MF) com o aumento da concentração de arsênio (As) em solução nutritiva, ao contrário do que ocorreu com os indivíduos de Lemna sp (F=6,8974, P>F=0,0122, α=1%). Já quanto a massa seca, as espécies não evidenciaram diferenças significativas entre si (F=0,2258, P>F=0,6373, α=1% (Fig. 1). ITENS OBRIGATÓRIOS NO TRABALHO ESTÃO EM VERMELHO. 2 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 Espécies fitorremediadoras M as sa fr es ca e m as sa s ec a (m g) Massa Fresca Massa Seca Azolla caroliniana a Lemna sp b a a Figura 1. Acúmulo de massa fresca e de massa seca por indivíduos de espécies fitorremediadoras cultivadas em solução nutritiva contento diferentes quantidades de arsenato de sódio. As barras da mesma série de dados acompanhadas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si a 1% de probabilidade. As análises das respostas populacionais individuais à presença do arsênio evidenciaram o comportamento diferenciado das espécies em relação ao acúmulo de massa fresca (A. caroliniana MF= 0,24634+0,0108*As, F=1,8591, P>F=0,1887; Lemna sp MF=0,34909-0,07266*As, F=30,0101, P>F<0,0001) Figs 2 e 3) 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 Arsênio em solução nutritiva (mg/L) Ma ss a f re sc a d e i nd iví du os de Az oll a c ar oli nia na (m g) Figura 2. Acúmulo de massa fresca por indivíduos de A. caroliniana cultivadas em solução nutritiva contento diferentes quantidades de arsenato de sódio. -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 Arsenio em solução nutritiva (mg/L) M as sa fr es ca d ed in div íd uo s de L em na s p (m g) Figura 3. Acúmulo de massa fresca por indivíduos de Lemna sp cultivadas em solução nutritiva contento diferentes quantidades de arsenato de sódio. A produção real de biomassa, mensurada pela massa seca (MS), mostrou que tanto A. caroliniana quanto Lemna sp tiveram seu desenvolvimento afetado pela crescente concentração de arsênio no meio, mas o comportamento das populações foi diferente entre si.. Para A. caroliniana houve perda contínua de biomassa, numa correlação linear negativa com o aumento da concentração de arsênio no meio. Já para Lemna sp, a perda de biomassa foi proporcionalmente menor, estabilizando em torno da concentração de 4,5 mg Arsenato de sódio/L de solução nutritiva 3 (A. caroliniana MS= 0,01555-0,00017*As, F=0,2406, P>F=0,6294; Lemna sp MS=0,02956- 0,00981*As+0,00094*As 2 , F=56,3661, P>F<0,0001) Figs 4 e 5) 0,0144 0,0146 0,0148 0,015 0,0152 0,0154 0,0156 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 Arsenio em solução nutritiva (mg/L) M as sa S ec a de in div íd uo s de Az oll a ca ro lin ian a (m g) Figura 4. Acúmulo de massa seca por indivíduos de A. caroliniana cultivadas em solução nutritiva contento diferentes quantidades de arsenato de sódio. 0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 Arsenio em solução nutritiva (mg/L) M as sa se ca de in div ídu os de Le m na sp (m g) Figura 5. Acúmulo de massa seca por indivíduos de Lemna sp cultivadas em solução nutritiva contento diferentes quantidades de arsenato de sódio. Discussão Uma possível explicação para tais resultados pode estar na diferença de resposta das membranas celulares de cada espécie ao arsênio resultando em teores internos de água nos indivíduos de A. caroliniana. Quanto ao acúmulo de biomassa, os dados evidenciam que os indivíduos de ambas as espécies reagem diferentemente ao aumento de arsênio na meio, a partir de determinada concentração desse metalóide. Os dados confirmam a hipótese proposta, corroborando os dados de Guimarães (2006), que afirma que a A. caroliniana é bastante sensível a presença do metalóide arsênio, enquanto L. gibba pode ser considerada hiperacumuladora. Desta forma, embora A caroliniana possa ser utilizada como fitorremediadora de poluição por arsênio, seu emprego deve ser cuidadosamente precedido de investigações quanto á concentração do metalóide no meio. Investigações acerca da associação das duas espécies e das respostas morfofisiológicas de cada ao arsênio estão sendo desenvolvidas no sentido de determinar se são espécies que podem co- habitar e aumentar seus potenciais como biorremediadoras. Agradecimentos: A FAPEMIG, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerias, pelo apoio financeiro e pela concessão da Bolsa de Iniciação Científica do primeiro autor. Referências Bibliográficas Axtell, N.R., Stenberg, S.P.K. & Claussen, K. 2003. Lead and nickel removal using Microspora and Lemna minor. Bioresource Technology 89:41-48 Connell, J. (1978). Diversity in tropical rainforests and coral reefs. Science 199, 1302-1310. 4 Guimarães, F. P. (2006). Potencial de macrófitas para remoção de arsênio e atrazine em solução aquosa. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG Jain, S.K.; Vasudevan, P. & Jha, N.K. 1990. Azolla pinnata R.Br. and Lemna minor L. for removal of lead and zinc from polluted water. Water research 24:177-183. Landis, W. & Ming-Ho, Y. (1995). Introduction to environmental toxicology. Impact of chemicals upon ecological systems. Boca Raton: Lewis Publishers. 328p Mkandawire, M. & Dudel, E. G. (2005). Accumulation of arsenic in Lemna gibba l.(duckweed) in tailing waters of two abandoned uranium mining sites in Saxony, Germany. The Science of the Total Environmental, 336, 81-89. Mkandawire, M. ; Taubert, B., Dudel, E. G .2004. Capacity of Lemna gibba L. (Duckweed) for Uranium and Arsenic Phytoremediation in Mine Tailing Waters. International Journal of Phytoremediation 6(4):347-362. Outridge, P.M. & Hutchinson, T.C. 1990. Effects of cadmium on integration and resource allocation in the clonal fern Salvinia molesta. Oecologia, 84:215-223. Outridge, P.M.; Rauser, W.E. & Hutchinson, T. C. 1991. Changes in metal-binding peptides due to acclimation to cadmium transferred between ramets of Salvinia minima. Oecologia, 88:109-115. Tyron, R.M. & Tryon, A.F. 1982. Ferns and allied plants. New York: Springer Verlag. p. 770-776 Zayed, A. Gowthaman,S. & Terry, N. 1998. Phytoaccumulation of trace elements by wetland plants: I. Duckweed. Journal of Environmental Quality 27:715-717.