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Fundamentos de Aeronáutica I Aula 6 Asas & Fuselagem 2012 Prof. Dr. Odenir de Almeida Laboratório de Mecânica dos Fluidos UFU – Universidade Federal de Uberlandia Conteúdo 1. Fuselagem; 2. Asas; 3. Empenagens; Fuselagem Fuselagem • Do francês fusel, que significa “em forma de fuso”; • A fuselagem é parte fundamental da estrutura do avião, onde são fixadas as asas e empenagem, e em muitas aeronaves monomotoras o motor e seus acessórios são montados na fuselagem; • A fuselagem aloja a carga paga (pilotos, passageiros e bagagens). Algumas vezes, o combustível também está contido na fuselagem, porém as modernas aeronaves transportam o seu combustível em tanques na asa; • A estrutura da fuselagem pode ser classificada em três tipos: treliça, monocoque e semi-monocoque; Fuselagem Fuselagem tipo Treliça (truss-type fuselage) • Feita geralmente de tubos sem costura, utilizando ligas de metais como aço cromo-molibdênio ou alumínio-zinco. A treliça é geralmente revestida com tela ou chapa metálica. A tela é retesada com dope, pintada e encerada para tornar a superfície lisa e polida. Todavia, a cobertura de tela adiciona pouca resistência à fuselagem. Este tipo de construção é ainda usado na construção de algumas aeronaves. Longarina Membros ou braços diagonais Membros ou braços verticais Fuselagem Fuselagem tipo Treliça (truss-type fuselage) • A construção básica da fuselagem que se manteve em uso por muitos anos foi a tipo Pratt, que consiste de longarinas de tubos de aço soldados e membros de compressão reforçados com braços diagonais de arame ou hastes. Isto, eventualmente, abriu caminho para a construção de treliça tipo Warren, a qual usa madeira ou tubos de aço soldados e braços diagonais. • Além da função de transportar a carga paga, a fuselagem serve como ponto de fixação para as superfícies da empenagem, asas, trem de pouso e motor. Como todos os pontos de cargas passam pela fuselagem, uma resistência extra é essencial nos pontos de junção. Independentemente do material do qual a fuselagem é construída, os pontos de fixação serão de metal. Fuselagem Fuselagem tipo Monocoque (Monocoque) • Do francês e significa “revestimento único”; • Esse tipo de construção de fuselagem baseia-se na resistência do revestimento para suportar a carga principal. O revestimento reforçado é rebitado por completo à estrutura dos membros estruturais. Esta estrutura apresenta anéis verticais (cavernas) que servem para dar forma ao conjunto. • A estrutura monocoque é raramente usada em sua forma verdadeira, sendo mais comum o uso de uma variante chamada semi-monocoque. Revestimento Caverna Anteparo Pontos de fixação da asa Revestimento Caverna ou anteparo Fuselagem Fuselagem tipo Semi-Monocoque (Semi-Monocoque) • Uma modificação chamada de "construção semi-monocoque" é a mais frequentemente usada hoje. Os esforços não são suportados somente pelo revestimento e cavernas, mas também por dois novos membros estruturais longitudinais: longarinas (longerons) e perfis reforçadores. • O revestimento é rebitado às cavernas e reforçadores, o que dá à fuselagem seu formato e garante uma resistência extra. Além disso, a ausência de braços diagonais internos proporciona um espaço maior para o transporte de cargas. A fuselagem semi-monocoque é de fácil construção no formato aerodinâmico. Rebites escareados são usados para diminuir o arrasto. Proteção de fogo Asas Asas - Nomenclatura • As asas de uma aeronave são os membros que suportam o seu peso. Em vôo elas devem não só suportar seu próprio peso como também o peso total da aeronave. Existem inúmeros tipos de asas, tamanhos e formas de acordo com o projeto de cada construtor aeronáutico; • As asas podem ser fixadas na parte superior, intermediária ou inferior da fuselagem e portanto são ditas: asa-alta, asa-média ou asa-baixa; • Todas as asas possuem, basicamente, a mesma estrutura não importando para que tipo de aeronave elas foram projetadas. A secção de uma asa tem o formato de um aerofólio pré-determinado. A asa é construída de madeira ou metal e coberta com tela, plástico, fibra de vidro, ou metal. É fixada à fuselagem através de sua seção da raiz; • As asas são reforçadas, tanto interna como externamente, com montantes ou cabos. Independente de suas características, elas devem suportar todo peso para o qual foram projetadas para transportar, com um substancial fator de segurança. Asas Asas - Nomenclatura • Aeronaves com um único conjunto de asas recebem a nomenclatura de monoplanos; • As aeronaves com dois conjuntos de asas recebem a nomenclatura de biplanos; Monoplano Biplano Asas Asas - Nomenclatura • Longarinas: As longarinas são os elementos principais da estrutura da asa, devendo suportar esforços de flexão, compressão, torção, e cisalhamento. As longarinas estendem-se por todo o comprimento da asa, da raiz à ponta, e podem ser de madeira ou metal (liga de alumínio). Normalmente, a estrutura da asa é projetada com duas longarinas, isto é, uma estrutura consistindo de duas longarinas, suportes de compressão e interligadas por hastes. • Nervuras: As nervuras presas às longarinas, são os membros que dão formato à asa e transmitem as cargas aerodinâmicas do revestimento para as longarinas. As nervuras, quando feitas de madeira, são presas às longarinas de madeira por meio de pregos e cola. Quando de metal, elas são fixadas às longarinas de madeira através de braçadeiras ou grampos. As nervuras são frágeis aos esforços de flexão, e por isso devem ser reforçadas contra empenos laterais. Quando fixadas em longarinas de metal, as nervuras de metal são rebitadas ou soldadas. O bordo de ataque é usualmente coberto com uma chapa de alumínio, a qual garante ao mesmo um formato bem definido. Asas Asas - Nomenclatura • Revestimento: O revestimento da asa pode ser de compensado, metal ou tela. Quando usando tela, o material usado é um tecido protegido por fitas e costurado às nervuras. Dope é aplicado ao tecido para esticá-lo e torná-lo impermeável. O compensado usado em algumas aeronaves vendidas em “kits” compõe uma cobertura resistente e de longa duração. Muitas das asas em madeira são também cobertas com tela. Hoje, o revestimento de metal é o mais usado. Ele se torna parte integrante da estrutura e, como o compensado, auxilia na absorção da maioria dos esforços. Asas Asas - Nomenclatura Revestimento Flape Aileron Ponta da asa Nervuras Longarina Tanque de Combustível Asas Asas - Nomenclatura Asas Asas – Classificação quanto à fixação na fuselagem • Asa Cantilever: Cantilever literalmente significa “uma barra ou longarina, rigidamente fixada em uma extremidade". Quando isto é aplicado para uma asa de avião, significa que não há nenhum montante externo. A asa inteira é suportada somente pela fixação de sua raiz à fuselagem. A maioria dos aviões leves com asa baixa usa asas cantilever. Note-se também, que a extremidade é livre para movimentar-se para cima ou para baixo, causado pela variação da carga ou pela turbulência do ar. Como uma ponte, a asa é flexível, torce e flexiona com as rápidas variações da carga e da turbulência. • Este tipo de asa, se usada em aeronaves de asa baixa, tem várias vantagens. Por ser mais espessa na raiz do que na ponta, é capaz de alojar um trem de pouso quando recolhido. Trens retráteis para aeronaves de asa alta não são facilmente projetados. Nesses casos, trens fixos são mais frequentemente usados. As rodas, sendo fixadas na asa, podem ser mais afastadas, dando mais estabilidade à aeronave, quando no solo. Asas Asas – Classificação quanto à fixação na fuselagem • Uma asa cantilever é frequentemente construída em dois painéis (direito e esquerdo) e fixada através de vários parafusos e placas de reforço dentro da fuselagem. Alguns tipos de aviões empregam tanques de combustível de ponta de asa. Em princípio, pode parecer que os tanques impõem carga e esforços indevidos às asas. Entretanto, eles são aerodinamicamente projetados para prover estabilidade lateral, deslocamento mais suave e um aumento na resistência das asas durante exposição às cargas de rajadas. Asas Asas – Classificação quanto à fixação na fuselagem • Asa Semi-Cantilever: São as asas ligadas pela extremidade, usualmente fixadas à seção central da fuselagem, através de dois parafusos e um suporte aerodinâmico. O suporte deve ser grande e resistente para absorver esforços de tração e compressão. O arrasto provocado pelo suporte é desprezível já que as asas assim montadas são mais finas e mais eficientes. Se nenhum suporte for empregado, toda a carga será suportada pelas longarinas. Esse suporte é, geralmente, denominado, montante ou estal. Cessna 172 Asas Asas – Classificação quanto à fixação na fuselagem • Asa Hubanada (Biplano): Esse tipo de aeronave possui duas asas, uma sobre a outra. Nessas aeronaves, normalmente, existem algum tipo de suporte necessário para transmitir a carga das asas para a fuselagem e vice versa. Um dos métodos mais antigos emprega cabos e montantes. Esses cabos são de aço, e suportam toda a carga sob tensão. Vicker Asas Asas – Classificação quanto à fixação na fuselagem Asas Asas – Classificação quanto ao número de asas e localização na fuselagem • A maioria dos aviões enquadra-se em duas categorias de classificação, quanto ao número de asas: monoplano e biplano. Algumas exceções são os triplanos, como o Fokker da 1ª. Guerra Mundial. Fokker DR-1 Triplano Asas Asas – Classificação quanto ao número de asas e localização na fuselagem • Para as aeronaves monoplano, a classificação difere conforme a posição da asa: • Asa baixa, quando o fuselagem assenta-se sobre a parte superior das asas ou através da parte inferior da fuselagem; • Asa média: quando as asas passam através do centro da fuselagem; • Asa alta: quando a asa passa pela parte superior da fuselagem; • Asa pára-sol: quando a fuselagem está suspensa abaixo da asa por meio de suportes; • Asa gaivota ou Gaivota invertida: é também empregada, seja por razões de estabilidade aerodinâmica ou para livrar a hélice, como no caso dos aviões anfíbios ou o F4U Corsair, caça da Segunda Guerra Mundial. Asas Asas – Classificação quanto ao número de asas e localização na fuselagem Asas Asas – APLICAÇÃO Asa Alta Aviões de Carga • Menor altura da fuselagem em relação ao solo; • Possibilidade do uso de rampas de embarque; • Menor espaço sob o piso; • Menor capacidade de alongamento da fuselagem; • Trens de pouso maiores e mais complexos; • Menor ação do efeito solo. Asas Asas – APLICAÇÃO Asa Média Aviões de Treinamento e Combate • Menor arrasto a grandes velocidades; • Estrutura mais complexa; • Comprometimento do espaço interno; Asas Asas – APLICAÇÃO Asa Baixa Aviões de Passageiros • Possibilidade de alongamento da fuselagem; • Maior aproveitamento do espaço interno da fuselagem; • Menor peso da fuselagem; • Maior espaço sob o piso; • Maior efeito solo; • Menor altura do motor em relação ao solo (se instalado sob a asa); • Maior altura da fuselagem em relação ao solo. Asas Asas – Classificação quanto ao formato • Quando se olha uma asa de cima para baixo pode-se ter uma visão do seu plano. Cada asa tem um formato particular, ditado pelos requisitos para o qual a aeronave foi projetada, levando em conta custo e desempenho. • Tipicamente, o formato da asa visa otimizar a estabilidade lateral, diminuir o número de Mach crítico, reduzir o arrasto induzido. • Os formatos de asa mais comuns são: – Retangular – Trapezoidal (afilada) – Elíptica – Enflexada – Delta (geometria fixa ou variável) Asas Asas – Classificação quanto ao formato Austrian Pc 6 F-104 Spitfire Convair B-58A Hustler Asas Asas – Classificação quanto ao formato F-14 Variable Wing Asas Asas – Redutores de vórtice de ponta de asa • A turbulência (vórtice) de ponta de asa é aerodinamicamente prejudicial e cria, muitas vezes, um grande arrasto. Para reduzir este efeito, são utilizados dispositivos para modificar a geometria das pontas das asas, seja afilando as pontas ou utilizando dispositivos como winglets e tanques de ponta de asa. • Pode-se observar que, com exceção das asas retangulares, todos os planos de asa tentam atingir esse objetivo, A asa elíptica é provavelmente a mais eficiente desses planos subsônicos, mas sem dúvida, é uma das mais caras para construção. Asas Asas – Winglets • Muitas aeronaves modernas de alta velocidade utilizam uma pequena aleta nas pontas das asas. Essas aletas, voltadas para cima, evitam o vórtice de ponta de asa diminuindo o arrasto, e denominam-se de “winglets”. Asas Asas – Conceitos Aerodinâmicos • Afilamento: Com o bordo de ataque sendo inclinado para trás, o bordo de fuga pode, igualmente, ser inclinado para frente e, dessa forma, conseguir a desejada redução do “vórtice" de ponta de asa, sem dificuldades para a engenharia e construção, encontradas nas asas de formato elíptico. Esse afilamento do plano da asa é menos encontrado em aviões leves. Um afilamento na espessura das asas da raiz à ponta, é encontrado com frequência em aviões leves com asa cantilever. Asas Asas – Conceitos Aerodinâmicos • Diedro: O diedro, como visto de frente para a aeronave, é o ângulo de inclinação da asa para cima ou para baixo da raiz para a ponta, em relação ao eixo transversal da aeronave. A ação deste ângulo positivo é aumentar a estabilidade lateral. Asas Asas – Conceitos Aerodinâmicos • Enflexamento: O enflexamento é, também, uma técnica empregada para prover maior estabilidade à aeronave. A inclinação do bordo de ataque para trás (enflexamento positivo) tende a melhorar a estabilidade direcional; a inclinação para frente (enflexamento negativo) tende a gerar forças que diminuem a estabilidade direcional. • O enflexamento também resulta no decréscimo do tamanho da ponta da asa, diminuindo, dessa forma, o vórtice sempre presente. Asas Asas – Conceitos Aerodinâmicos • Asas de geometria variável: O uso de asas com geometria variável visa adequar o tamanho das asas à condição de vôo: asas menores para alta velocidade e asas maiores para baixa velocidade. Esta técnica é essencial para aviões ultra-sônicos, porque à medida que alcançam maiores velocidades não precisam de toda a sustentação que as asas podem produzir. Em altas velocidades o avião pode dispensar parte de suas asas, o que lhe dá a vantagem adicional de reduzir o arrasto. Uma das soluções adotadas é o enflexamento variável das asas, que é usado em alguns aviões supersônicos. Asas Asas – Conceitos Aerodinâmicos • Incidência: O ângulo formado entre a corda da asa e o eixo longitudinal da aeronave é denominado ângulo de incidência. Ele é fixo e depende do projeto da aeronave. Empenagem Empenagem • O nome correto para a seção da cauda de uma aeronave é Empenagem. A empenagem inclui todo os componentes da cauda, consistindo de superfícies fixas como os estabilizadores horizontais e verticais. As superfícies móveis são o leme e profundor e uma ou mais superfícies de ajustes “trim tabs”. Profundor Leme Estabilizador Vertical Estabilizador Horizontal Compensadores Empenagem Empenagem • Outro tipo de empenagem não requer um profundor. Ao invés, incorpora em uma peça só, um estabilizador horizontal que pivota ou gira através de um eixo central posicionado na cauda. Estabilizador Ponto de pivotamento Antiservo Empenagem Empenagem • Os tipos mais comuns de empenagens são: Empenagem Empenagem – Cauda em V • O Beech Bonanza tornou a cauda em V popular, onde duas superfícies em ângulo fazem o papel das superfícies horizontais e verticais usadas na maioria das caudas convencionais. A porção fixa das duas superfícies atua como estabilizadores vertical e horizontal. As superfícies móveis podem mover-se juntas para agir como profundores comandadas puxando ou empurrando o manche, ou podem mover-se diferencialmente para atuar como leme de direção, comandadas pelos pedais do leme. Empenagem Empenagem – Cauda em V Referências O presente material foi baseado nas seguintes referências: 1. Gouvea, R. P., FAMAER Familiarização Aeronáutica, Manual de Treinamento – Embraer, 2006. 2. FAA-H-8083-25, Pilot’s Handbook of Aeronautical Knowledge, US Department of Transportation, 2003.