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Resumo-análise de Meditações de René Descartes - Pré P2

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Enviado por Joao Vitor em

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Resumo/análise de “Meditações” de René Descartes
Descartes teve um papel de destaque na forma de produzirmos conhecimento do mundo e aprendê-lo. Analisando historicamente sua vida e o contexto social de sua época, a produção de novos saberes e seus estudos, a partir da época dos filósofos gregos da era clássica, como Aristóteles, eram atrelados aos conhecimentos teológicos e baseados na forma aristotélica de analisar os fenômenos. Todavia, Descartes apresenta em seu livro “Meditações” duas formas de se conhecer determinada coisa e provar sua existência, em especial a de Deus e da alma humana, aos pagãos e infiéis se daria pela razão e aos fieis pela fé, assim ele próprio cria o novo método de conhecimento, a racionalização, deste modo a fé não era tão necessária para se entender os fenômenos da natureza e análises da ciência até então produzidas, e sim a razão.
Inicialmente, a partir de suas meditações, tudo seria posto em dúvida, a dúvida cartesiana se baseia no questionamento de tudo o que foi produzido e o que ia ser produzido como conhecimento, pois segundo ele construiu-se todo o conhecimento em cima de idéias falsas e as aprendemos como verdadeiras, assim devemos verificá-las e desconstruí-las, contudo, de mesmo modo que podem existir proposições falsas, existem as verdades misturadas na própria ciência.
Todo o conhecimento seria testado a partir de sua própria base, Descartes retrata esta observação a partir de uma alegoria (“a ruína dos alicerces carrega necessariamente consigo todo o resto do edifício”), primeiramente coloca-se em dúvida o que ele chamou de Dúvida dos Sentidos, pois os sentidos (Sensações externas) são a primeira forma de se experimentar e conhecer as coisas. Entretanto, o próprio Descartes encontrou limitações na veracidade apresentada pelos sentidos, pois uma falha mental qualquer indica que eles estão ligeiramente errados, logo não se deve destruir as bases a partir da falta de razão.
Seguidamente, o filósofo vê a possibilidade de estarmos sonhando, o que destorceria nossa visão de “realidade”, levantando então a Dúvida dos Sonhos, de modo que o sonho (Sensações internas), construído a partir de coisas que se conhece ou existam, põe em duvida a capacidade de ver, dependendo da realidade em certo grau. Porém, há o questionamento de que esta análise pode ser feita no estado lúcido/acordado ou sonhando, uma vez que os objetos dos sonhos somente fazem referencia às coisas existentes. Assim, ciências, como a Astronomia, que dependem de várias considerações e demonstram caráter duvidoso e incerto, podem ser desconstruídas pelo sonho, logo elas não constituem as bases do conhecimento, que tratam de coisas mais simples e gerais e não deixam suspeitas de falsidade ou incerteza, como as matemáticas.
O que observamos até aqui é a desconstrução do modo que Aristóteles e Platão enxergavam como conhecimento, pois para eles o conhecimento era uma sensação (externa e interna, em que se chegaria a uma opinião) verdadeira com explicação. Depois Descartes percebe que pode existir um ser superior, que é poderoso e aparenta ter criado o mundo e os homens somente para vê-los analisar erroneamente os fenômenos e produzir ciências falsas, logo tudo o que lhe rodeia, todas as criações de Deus, são apenas ilusões e enganos, de mesmo modo, o que podemos ver como um quadrado que tem quatro lados pode ser na realidade algo diferente do que vemos, então se há duvida nos princípios matemáticos eles também não podem ser a base do conhecimento.
Ao fim o filosofo então supõe que não é Deus que nos engana, pois Descartes era católico e iria contra a própria religião, e sim um gênio maligno que se dispõe a enganar arduamente nossa compreensão, logo com esse argumento generaliza os argumentos anteriores (que se põem em dúvida as todas ciências), em seguida ele se vê necessário desprover dos sentidos e do corpo para que lhe reste somente uma falsa crença de lhes ter e existir e assim, a partir de seu juízo e preparação de espírito, estar apto a chegar ao conhecimento de qualquer verdade, chegando assim a um ceticismo completo.
Resumidamente as considerações cépticas que Descartes usou compreendem a de recordar que os sentidos por vezes nos conduzem no caminho do erro. Equívocos perceptivos, ilusões e alucinações podem levar, e ocasionalmente levam, a crenças falsas. Isto pode fazer com que não depositemos confiança no que pensamos conhecer através da experiência dos sentidos, ou, no mínimo, a sermos cautelosos a depositar confiança nela como fonte de verdade.
Encerrando sua primeira meditação, que adota a dúvida como método, apresenta o critério para a dúvida: tomar por falso todo o duvidoso e as razões para a dúvida: Engano dos sentidos, Composição pela imaginação, Sonho, Loucura, Deus enganador e Gênio maligno. Inicia-se a segunda meditação, da natureza do espírito humano encontra-se a primeira certeza “Eu penso. Eu existo”, da analise desta encontra-se a segunda certeza e na contraprova dessa conquista-se a terceira certeza ao fim.
Descartes questiona se não há nada de verdadeiro no mundo, uma vez que há um espírito enganador muito poderoso e ardiloso e, de certa forma, se há uma dependência do corpo e dos sentidos, de modo que não poderia se existir sem eles, e colocariam assim seus argumentos em contradição. Todavia, retomando sua persuasão de que nada existe e não há dependências sensoriais, ele se pergunta se o eu também não existe? Segundo o filósofo, “Não há pois, dúvida alguma de que sou”, mesmo havendo um espírito que parece sempre disposto a nos enganar, “não poderá fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa”. Logo a proposição “eu sou, eu existo” é de indubitavelmente verdadeira, vislumbrando aqui o sentido do cogito.
Seguidamente, sabendo-se ao certo de que “sou”, ainda ficam enevoado as respostas de “o que sou”, Descartes se depara com uma infinidade de perguntas sobre o que é ser, pode estar relacionado a estar provido de um corpo ou realizar ações cotidianas que são estas relacionadas à alma, entretanto no que se consiste a alma? De suas atribuições destacadas surgem reafirmações de seus argumentos anteriores, pois os enumerando obtemos: o caminhar e alimentar, mas se o filosofo se desproveu de corpo não há como realizá-los; sentir, mas não se pode sentir sem um corpo e também os sonhos deturpam os sentidos; por fim o pensar, neste, em especial, não pode se separar, pois o pertence.
De fato, conclui Descartes, “sou uma coisa verdadeira e verdadeiramente existente; [...] uma coisa que pensa”. O ser não é mais aqui definido como um conjunto de membros (corpo), nem algo que se possa imaginar, mas sim como um ser pensante, chega-se aqui na determinação da essência do eu. Uma coisa que pensa é uma coisa que duvida, que concebe, afirma, nega, que quer ou não, que imagina e sente, em verdade o próprio filósofo se considera desta maneira, pois em toda esta analise ele realizou cada uma destas ações.
Uma vez que pensamos, conhecemos e compreendemos as coisas corpóreas e suas imagens criadas em nosso pensamento? Descartes divide seu pensamento em duas partes de raciocínio, primeiramente ele explicita que o que permite reconhecer alguma coisa é sua identidade na medida em que essa coisa é uma coisa extensa, depois afirma que esse conteúdo só pode ser idéia e não imagem da extensão que o corpo ocupa, ou seja, podemos ter uma idéia do conteúdo da coisa e sua ocupação, entretanto não há uma imagem, já que o conteúdo pode ter uma finidade de modos de se ocupar por ser flexível. 
Fazendo uma alegoria com um pedaço de cera, o filósofo conclui que nada se pode conhecer através da percepção ou da imaginação sem compreender, através do pensamento, a essência da coisa, logo quando se percebe o “pedaço de cera”, seja compreendendo clara e distintamente sua natureza, seja imaginando-o ou tocando-o, uma coisa é certa: o “pensamento” é essencial para o “conhecimento”. Desta analise chega-se a terceira verdade: “o espírito é mais fácil de conhecer do que o corpo”, uma vez que
segundo ele “só concebemos os corpos pela faculdade de entender em nós existente e não pela imaginação ou pelos sentidos, mas somente por concebê-los pelo pensamento.”
Portanto, o 'método da dúvida' de Descartes implica pôr de lado qualquer crença ou conhecimento que admitam a menor dúvida possível, por mais improvável ou absurda que essa dúvida possa ser, no intuito de ver se alguma coisa resta. Se alguma coisa resta é precisamente porque é invulnerável à dúvida: é certo. Uma vez que o objetivo de Descartes (…) é o de descobrir o que pode ser conhecido com certeza, o método da dúvida é crucial, pois constitui o caminho para o seu objetivo, além de mostrar que o sujeito é uma necessidade do conhecimento. Logo, de mesma maneira, o cogito que é literalmente pensar com insistência (em coisa que se pretende resolver ou obter), mostra que é necessário intuir o Pensamento e a Existência de um modo unificado. "Eu penso, eu existo" e “Sou” sempre são verdadeiras se pensadas ou ditas.

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