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Introdução à química aquática

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO À 
QUÍMICA AQUÁTICA 
 
 
"A água é o constituinte mais característico da 
terra. Ingrediente essencial da vida, a água é talvez 
o recurso mais precioso que a terra fornece à 
humanidade. Embora se observe pelos países 
mundo afora tanta negligência e tanta falta de 
visão com relação a este recurso, é de se esperar 
que os seres humanos tenham pela água grande 
respeito, que procurem manter seus reservatórios 
naturais e salvaguardar sua pureza. De fato, o 
futuro da espécie humana e de muitas outras 
espécies pode ficar comprometido a menos que 
haja uma melhora significativa na administração 
dos recursos hídricos terrestres." 
J.W.Maurits la Rivière, Ph.D. em Microbiologia, 
Delft University of Technology, Holanda 
 
3.1 - A ÁGUA 
3.1.1 - A disponibilidade e usos da água 
 
A água é constituinte fundamental de todas as 
manifestações da vida e também é notável meio de 
transporte e tem servido para a evacuação de 
detritos humanos e industriais, tornando-se 
paradoxalmente um agente que pode até causar a 
morte. 
Foi na água que a vida floresceu, e seria difícil 
imaginar a existência de vida na ausência deste 
recurso vital. 
O homem a utiliza em quase todas suas 
atividades, desde as mais cotidianas, como higiene 
pessoal, preparo de alimentos e limpeza de 
moradias, até as mais complexas, como a irrigação 
de plantações e produção industrial. 
A água cobre cerca de 74% da superfície da 
Terra e, apesar disso, muitas localidades ainda não 
têm acesso a quantidades de água com 
características de potabilidade adequadas às 
necessidades do consumo humano. Somente 0,8% 
de água serve para consumo humano. 
A maior parte dos ecossistemas terrestres, 
além dos seres humanos, necessita de água 
doce para sua sobrevivência. Entretanto, cerca 
de 97% da água do nosso planeta está 
presente nos oceanos e mares, na forma de 
água salgada, ou seja, imprópria para o 
consumo humano. Quase toda a água do 
planeta está concentrada nos oceanos. Apenas 
uma pequena fração (menos de 3%) está em terra 
e a maior parte desta está sob a forma de gelo e 
neve ou abaixo da superfície (água subterrânea). 
Só uma fração muito pequena (cerca de 1%) de 
toda a água terrestre está diretamente disponível 
ao homem e aos outros organismos, sob a forma 
de lagos e rios, ou como umidade presente no solo, 
na atmosfera e como componente dos mais 
diversos organismos (FIGURA 3.1). 
 
 
FIGURA 3.1 – Distribuição da água no planeta. 
 
No nosso planeta, a água se apresenta em 
diferentes compartimentos, a saber: oceanos, 
geleiras e calotas polares, águas subterrâneas, 
lagos, mares, umidade do solo, atmosfera e rios. A 
quantidade de água presente em cada um destes 
compartimentos, assim como o seu tempo de 
residência, varia bastante. Os oceanos se 
constituem no maior destes compartimentos, onde 
a água tem um tempo de residência de 
aproximadamente 3 mil anos. Eles são ainda a 
fonte da maior parte do vapor d’água que aporta 
no ciclo hidrológico. Sendo grandes acumuladores 
do calor oriundo do sol, os oceanos 
desempenham um papel fundamental no clima da 
Terra. 
O segundo maior reservatório de água do 
planeta são as geleiras e calotas polares. O 
continente Antártico contém cerca de 85% de todo 
o gelo existente no mundo. O restante pode ser 
encontrado no Oceano Ártico e ainda na 
Groenlândia. 
As águas subterrâneas encontram-se abaixo 
da superfície em formações rochosas porosas 
denominadas aquíferos. Estas águas têm 
influência e também são influenciadas pela 
composição química e pelos minerais com os 
quais estão em contato. Os aquíferos são 
reabastecidos pela água que se infiltra no solo e 
eventualmente flui para reservatórios que se 
localizam abaixo de seu próprio nível. 
Corpos de água doce em contato direto com a 
atmosfera compreendem lagos, reservatórios, rios 
e riachos. Coletivamente, estas águas são 
chamadas de superficiais. A concentração de sais 
na água faz com que as águas superficiais sejam 
divididas em duas grandes categorias. 
 
 
 2 
Águas doces se distinguem de águas salinas 
pelo seu baixo conteúdo de sais, sendo 
normalmente encontradas em rios e lagos. 
O exemplo mais significativo de águas salinas é 
o das águas oceânicas. Via de regra, águas 
salinas apresentam níveis de cerca de 35 g/L de 
espécies dissolvidas, entre as quais as 
predominantes são formadas por íons de sódio e 
cloreto. O encontro das águas doces e salinas 
resulta em regiões denominadas estuários. Nestas 
regiões, observa-se geralmente um gradiente de 
salinidade, cujos níveis aumentam à medida que 
se aproxima da foz do rio. 
Do ponto de vista ambiental, um importante 
reservatório são os mangues, nos quais os níveis 
do lençol freático se encontram praticamente na 
superfície. Estes ecossistemas suportam uma 
vasta população de plantas e animais, 
constituindo-se em berçários bastante importantes 
para a vida selvagem. 
Finalmente, a atmosfera é o compartimento que 
contém a menor quantidade de água, além de ser 
aquele onde a água tem o menor tempo de 
residência, cerca de 10 dias. A atmosfera contribui 
para a precipitação, que em última instância é o 
meio através do qual a água que se evapora 
predominantemente dos oceanos é devolvida à 
terra. 
A água circula entre o meio físico e os seres 
vivos, continuamente, constituindo o denominado 
ciclo hidrológico (FIGURA 3.2). O ciclo hidrológico 
é o caminho que a água faz desde a atmosfera, 
passando por varias fases, até retornar de novo à 
atmosfera. 
Segundo o ciclo hidrológico as águas podem 
ser classificadas como: 
) Meteóricas – chuvas, neves, granizo. 
) Superficiais – rios, lagos, reservatórios, etc. 
) Subterrâneas – as águas subterrâneas podem 
estar em dois aqüíferos: 
− Freático: Aquele em que o lençol se 
encontra à pressão atmosférica (poço 
raso) e 
− Artesiano: Aquele em que o lençol se 
encontra à pressão superior à ATM. 
 
 
A água evaporada dos mares, lagos, rios, 
pântanos, vegetais e animais, forma as nuvens, as 
quais, alcançando regiões mais frias, condensam-
se e caem na forma de chuvas (precipitação). 
A água precipitada pode escoar sobre a 
superfície (escoamento superficial), formando os 
oceanos, lagos e rios, ou infiltrar-se no solo 
(infiltração), recarregando os mananciais (nascente 
de água). 
 
Nesse percurso, a água pode evaporar 
diretamente para a atmosfera ou ser captada pelos 
seres vivos (vegetais e animais). 
Os vegetais absorvem a água do solo pelas 
raízes e a perdem pela transpiração. Os animais 
obtêm a água diretamente do meio físico ou 
através dos alimentos, e a perdem por 
transpiração, respiração e excreção. 
 
FIGURA 3.2 – Ciclo da Água 
 
A quantidade de água livre sobre a Terra atinge 
1.370 milhões de km3. Dessa quantidade, apenas 
0,6% de água doce líquida se torna disponível, 
naturalmente, correspondendo a 8,2 milhões de 
km3. Desse valor, somente 1,2% se apresentam 
sob a forma de rios e lagos, sendo o restante 
(98,8%) constituído de água subterrânea, da qual 
somente a metade é utilizável, uma vez que a 
outra parte está situada abaixo de uma 
profundidade de 800m, inviável para captação 
pelo homem. Assim, restam aproveitáveis 
98.400km3 nos rios e lagos e 4.050.800km3 nos 
mananciais subterrâneos, o que corresponde a 
cerca de 0,3% do total de água livre do Planeta. 
Apesar de ser um recurso natural encontrado 
em grande quantidade na superfície da Terra, o 
uso desordenado e a ação poluidora do homem 
estão provocando o seu esgotamento, havendo 
crescente necessidade de sua preservação. 
 
3.1.2. Usos da água 
Nenhum recurso natural, exceto o ar, apresenta 
tantos usos legítimos quanto à água. Em nossa 
vida social e industrial, os recursos hídricos são 
utilizados para múltiplos fins, tais como:
abastecimento doméstico, abastecimento 
industrial, irrigação, dessedentação de animais, 
preservação da flora e fauna, recreação e lazer, 
geração de energia elétrica, navegação e diluição 
de despejos. 
Em todo o mundo, o maior uso que se faz da 
água é na agricultura. A irrigação retira 
aproximadamente 69% da água de boa qualidade 
do planeta. A irrigação consiste em um tipo de uso 
denominado consuntivo. Isto quer dizer que o 
recurso utilizado não retorna para a mesma fonte 
de onde é proveniente. As atividades industriais, 
 
 
 3
 
ao contrário, são consideradas não consuntivas, 
uma vez que a água, embora possa estar 
contaminada com determinados resíduos, retorna 
para sua fonte, permanecendo disponível. Estas 
atividades consomem cerca de 23% e o homem, 
através do uso direto, é responsável pelo consumo 
de 8% da água disponível no planeta, conforme 
FIGURA 3.3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 3.3 - Principais usos da água 
Certamente estes valores percentuais podem 
variar dependendo da disponibilidade da água, do 
grau de desenvolvimento da região e até mesmo 
de aspectos culturais. Em algumas partes dos 
Estados Unidos, por exemplo, o uso doméstico da 
água per capita pode atingir 600 L por dia. Em 
alguns países africanos, ao contrário, o uso de 
água não é superior a 10 L ao dia por habitante. 
 
3.1.3. Algumas propriedades da Água 
A água ("hidróxido de hidrogênio" ou "monóxido 
de hidrogênio" ou ainda "protóxido de hidrogênio") 
é uma substância líquida incolor, inodora e insípida, 
essencial a todas as formas de vida, composta por 
hidrogénio e oxigénio. É uma substância abundante 
na Terra, cobrindo cerca de 3/4 da superfície do 
planeta, encontrando-se principalmente nos 
oceanos e calota polares, mas também em outros 
locais em forma de nuvens, água de chuva, rios, 
aquíferos ou gelo. A fórmula química da água é 
H2O (FIGURA 3.4). 
 
 
Uma gota d'água 
Moléculas que 
formam a água. 
 
A água possui propriedades que a caracterizam, 
diferenciando-a dos ambientes terrestres e aéreo e 
que são responsáveis pela sobrevivência de 
grande variedade de animais e vegetais. 
As moléculas de água são mantidas juntas por 
ligações covalentes polares entre um átomo de O e 
dois átomos de H. A polaridade (distribuição 
desigual de carga) das ligações covalentes resulta 
da forte tendência do átomo de O em adquirir 
elétrons de outros átomos, tais como o H. 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 3.4 – Molécula de água (A - Fórmula 
pontilhada dos elétrons; B - Forma da molécula) Consumo 
humano 
− Estado Físico da Água 
A água é uma substância que pode ser 
encontrada, naturalmente, em todos os três 
estados físicos: sólido (gelo), líquido (água líquida) 
e gasoso (vapor). 
O estado líquido da água tem uma estrutura 
complexa e dinâmica, que envolve associação 
entre as moléculas. A forte e extensa ligação de 
hidrogênio entre as moléculas produz um valor 
muito alto de certas propriedades físicas, tais 
como temperatura de ebulição, viscosidade, 
tensão superficial, calor específico, entre outros. 
Se comparado com análogos, a temperatura de 
ebulição da água deveria ser -200 oC! A água, 
também, é um dos líquidos com a maior tensão 
superficial conhecida - que faz com que as gotas 
sejam esféricas e que alguns insetos possam 
caminhar sobre ela. Por capilaridade, a água 
consegue subir até a mais alta folha e uma árvore, 
contrariando a atração gravitacional da Terra. A 
estrutura do vapor (gás) da água é mais simples: 
as moléculas estão relativamente distantes e 
independentes uma das outras. 
 
A água é, sem dúvida, o mais comum e mais 
importante de todos os compostos. Graças às 
propriedades da água, a vida foi capaz de surgir e 
se desenvolver em nosso planeta. Estas 
propriedades são extremamente peculiares: a 
água sólida (gelo) é menos densa do que o líquido 
- por esta razão, o gelo bóia sobre a água líquida. 
Embora extremamente trivial, é exatamente o 
oposto do observado na grande maioria das 
substâncias. E, graças a esta habilidade, os 
peixes e plantas de lagos e rios que congelam, no 
inverno, não morrem, pois a capa de gelo que se 
forma SOBRE o lago funciona como uma barreira 
de proteção contra o frio. Se o gelo fosse mais 
denso, os peixes teriam um piso congelado, 
embaixo, e acima uma atmosfera fria. Uma 
situação muito mais sinistra! 
O simples fato da água ser líquida à 
temperatura ambiente já é completamente 
intrigante. Todos os compostos análogos à 
molécula H2O são gases. Se não conhecessemos 
a água, certamente iríamos deduzir que ela seria 
um gás, e iria se tornar líquido somente em 
temperaturas muito inferiores a 0 oC. Isto é 
extremamente importante para que ela possa ser 
 
 4 
usada por organismos vivos; além de promover a 
vida diretamente, ainda serve como meio de 
transporte, para recreação, e como um habitat para 
plantas e animais. Como é facilmente transformada 
em vapor (gás), pode ser transferida, pela 
atmosfera, dos oceanos até os continentes, onde 
pode precipitar sobre a forma de chuva. 
 
Estrutura gelo 
Iceberg – flutuando 
na água 
 
 
- Capacidade de dissolver substâncias 
Uma das propriedades mais importantes da 
água líquida é a sua capacidade de dissolver 
substâncias polares ou iônicas para formar 
soluções aquosas. O oceano, o sangue ou uma 
xícara de chá são exemplos de soluções aquosas. 
Todas as reações que ocorrem em nosso 
organismo se dão em soluções aquosas. A 
interação entre as moléculas do solvente (água) e 
as do soluto é que são responsáveis pelo processo 
de solubilização: quando uma substância iônica é 
dissolvida em água, os cátions são atraídos pelo 
lado "negativo" da molécula de água e os ânions 
pelos lados "positivos". Este processo é chamado 
de hidratação. A hidratação dos íons é que 
promove a "quebra" do retículo cristalino da 
substância iônica, ou seja, a dissolução: as forças 
existentes entre os cátions e ânions no sólido 
(ligação iônica) são substituídas por forças entre a 
água e os íons. 
 
Solbilização do cloreto de sódio em água 
 
− Peso específico 
 
O elevado peso especifico da água, em relação 
ao ar (cerca de 800 vezes maior) possibilita a 
existência, nesse ambiente, de uma fauna e flora 
que vivem em suspensão, compreendendo o 
plâncton. 
 
− Viscosidade 
Resistência que a água oferece ao 
deslocamento ou atrito dos corpos em suspensão. 
Também é mais elevada na água do que no ar. 
Permite a existência de grande nº de espécies 
animais e vegetais, microscópicas e 
macroscópicas. 
 
 
 
− Tensão superficial 
 
A água é um dos líquidos com a maior tensão 
superficial conhecida (0,07198 N m-1 a 25ºC) que 
faz com que as gotas sejam esféricas e que 
alguns insetos possam caminhar sobre ela. A 
película de tensão superficial existente no limite 
entre o ar e a água, permite que alguns 
organismos mantêm-se em superfície (ex.: aves 
aquáticas); outros animais, de pequeno peso, 
conseguem sustentar-se sobre a película; outros 
organismos, como os insetos, reproduzem-se 
dependurados nessa película. 
A introdução de substâncias tenso-ativas 
(sabões e detergentes) na água causa a redução 
ou o rompimento da película de tensão superficial, 
provocando problemas, como afundamento de 
aves e de outros organismos aquáticos e 
dificuldades à reprodução de alguns animais. 
 
Margarida abaixo do nível da água. A tensão à 
superfície previne a submersão da flor pela água 
 
 
Insetos aquáticos 
 
− Calor Específico 
 
O calor específico de uma substância, c, é a 
quantidade de energia necessária para aumentar 
a temperatura de um grama da substância em 10 
C. Assim, pela definição de caloria, o calor 
Fotomontagem 
com organismos 
pertencentes ao 
plâncton.
específico da água é 1 cal/(g ºC), ou seja, é um 
valor muito alto. Assim a água tem capacidade de 
absorver grandes quantidades de calor, sem 
elevação brusca da temperatura. Este é um 
 
 5 
fenômeno importante, pois proporciona que os 
imensos volumes de água dos oceanos 
absorvam grandes quantidades de calor 
durante o dia, devolvendo-as à noite, de forma 
que não ocorram elevadas variações de 
temperatura do ar atmosférico. 
 
3.1.4. Qualidade da água 
A água encontrada na Natureza possui uma 
série de impurezas que definem suas 
características físicas, químicas e biológicas. 
Essas impurezas podem torná-la imprópria para o 
consumo. 
As características da água são: 
 
− Físicas - Estão associadas 
geralmente à presença de sólidos na água que 
podem estar suspenso ou dissolvido. 
− Químicas - Pode ser interpretada 
como matéria orgânica (principalmente em 
decomposição) e inorgânica (mineral). 
− Biológicas – Seres presentes na 
água mortos ou vivos – pertencentes aos animais, 
vegetais e protistas (microscópios como bactérias, 
vírus e algas) 
 
A qualidade da água é fundamental para o bem 
estar da população. Uma água de má qualidade 
pode causar sérios riscos à saúde humana. 30% 
das mortes de crianças com menos de 1 ano 
ocorre por diarréia e 80% das enfermidades no 
mundo são contraídas por causa da água poluída. 
Vale então lembrar que 58% dos municípios do 
país não possuem ETA’s e que apenas 8% tratam 
corretamente os seus esgotos. 
A qualidade de uma determinada água é função 
do uso e da ocupação do solo em uma bacia 
hidrográfica. Desta forma devemos então 
considerar as condições naturais e a interferência 
do homem. 
As condições naturais afetam a qualidade da 
água inicialmente como ar, ao incorporar na água o 
material que está suspenso como partículas de 
areia, polens de plantas, gases. Em seguida, tem-
se o escoamento superficial no qual podem ser 
incorporadas partículas de solo (sólidos em 
suspensão) ou íons provenientes da dissolução de 
rochas (sólidos dissolvidos). Neste caso tem uma 
influencia o uso e ocupação do solo. 
A interferência do homem está associada às 
suas ações sobre o meio, através da geração de 
resíduos domésticos e industriais, de forma 
dispersa (como a aplicação de defensivos no solo) 
ou pontual (lançamento de esgoto). 
Temos aqui então a qualidade da água 
existente em contraposição à qualidade da água 
desejável para um determinado uso. 
Os Principais usos da água são: 
− Abastecimento Doméstico 
− Abastecimento Industrial 
− Irrigação 
− Dessedentação de Animas 
− Aqüicultura 
− Preservação Flora e Fauna 
− Recreação e Lazer 
− Paisagismo 
− Geração de Energia 
− Navegação 
− Diluição de Despejos 
 
Destes usos o abastecimento doméstico e 
industrial, a irrigação e a dessedentação de 
animais torna necessária a retirada da água de 
sua coleção hídrica. 
De uma forma geral, apenas os 
abastecimentos doméstico e industrial requerem 
um tratamento da água, a inter-relação entre o uso 
da água e a qualidade requerida para a mesma é 
direta. A água para um fim mais nobre como o 
abastecimento humano, requer a satisfação de 
diversos critérios de qualidade, enquanto a para 
diluição de dejetos não possui nenhum requisito 
especial. 
A água pode ter usos múltiplos, decorrendo daí 
à satisfação simultânea dos diversos critérios de 
qualidade. 
A água contém, geralmente, diversos 
componentes, os quais provêm do próprio 
ambiente natural ou foram introduzidos a partir de 
atividades humanas. 
 
− Padrões de Qualidade da Água 
Os teores máximos de impurezas permitidos na 
água são estabelecidos em função dos seus usos. 
Esses teores constituem os padrões de qualidade, 
os quais são fixados por entidades públicas, com 
o objetivo de garantir que a água a ser utilizada 
para um determinado fim não contenha impurezas 
que venham a prejudicá-lo. 
Os padrões de qualidade da água variam para 
cada tipo de uso. 
Assim, os padrões de potabilidade (água 
destinada ao abastecimento humano) são 
diferentes dos de balneabilidade (água para fins 
de recreação de contato primário), os quais por 
sua vez, não são iguais aos estabelecidos para a 
água de irrigação ou destinada ao uso industrial. 
Mesmo entre as indústrias, existem requisitos 
variáveis de qualidade, dependendo do tipo de 
processamento e dos produtos das mesmas. 
Uma forma de definir a qualidade das águas 
dos mananciais é enquadrá-los em classes, em 
função dos usos propostos para os mesmos, 
estabelecendo-se critérios ou condições a serem 
atendidos. 
− Classificação das Águas 
Um modo de definir critérios ou condições a 
serem atendidas pelos mananciais, é estabelecer 
uma classificação para as águas, em função dos 
seus usos. Os mananciais são enquadrados em 
classes, definindo-se, para cada uma, os usos a 
que se destina e os requisitos a serem 
observados. 
No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente 
– CONAMA aprovou e publicou, em 18.06.1986, a 
Resolução nº 20, que estabelece a classificação 
das águas, segundo a sua utilização, 
 
 6 
definindo os parâmetros de qualidade a serem 
atendidos para cada classe. 
Recentemente, a sobredita resolução foi 
integralmente revogada pela Resolução CONAMA 
nº 357, de 17.03.2005, que classifica os 
recursos hídricos, segundo seus usos 
preponderantes, em treze classes, sendo 5 de 
águas doces (com salinidade igual ou inferior a 
0,5 ‰); 4 de águas salinas (salinidade igual ou 
superior a 30 ‰); e 4 de águas salobras 
(salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰). 
Para cada classe, foram definidos os usos a 
que se destina, os quais estão indicados no 
QUADRO 3.1 
 
QUADRO 3.1 - Classificação das águas segundo seus usos preponderantes conforme a Resolução CONAMA 
357/2005 (Fonte: Resolução CONOMA Nº357, de 17 de Março de 2005.) 
CLASSIFICAÇÃO CLASSE USOS PREPONDERANTES 
Especial 
Águas destinadas ao abastecimento para consumo humano, com 
desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das comunidades 
aquáticas, e a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de 
conservação de proteção integral. 
1 
Águas destinadas ao abastecimento para consumo humano, após 
tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à 
recreação de contato primário, tais como: natação, esqui aquático e 
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; à irrigação de 
hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam 
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e à 
proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas. 
2 
Águas destinadas ao abastecimento para consumo humano, após 
tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à 
recreação de contato primário, tais como: natação, esqui aquático e 
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; à irrigação de 
hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e 
lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e à aqüicultura 
e a atividade de pesca. 
3 
Águas destinadas ao abastecimento para consumo humano, após 
tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, 
cerealíferas e forrageiras; a pesca amadora; a recreação de contato 
secundário; e a dessedentação de animais. 
Águas doces 
4 Águas destinadas à navegação; à harmonia paisagística. 
Especial 
Águas destinadas à preservação dos ambientes aquáticos em 
unidades de conservação de proteção integral; e à preservação do 
equilíbrio natural das comunidades aquáticas. 
1 
Águas destinadas à recreação de contato primário, conforme 
Resolução CONAMA nº 274, de 2000; à proteção das comunidades 
aquáticas e à aqüicultura e a atividade de pesca. 
2 Águas destinadas à pesca amadora; e a recreação de contato secundário. 
Águas Salinas
3 Águas destinadas à navegação; à harmonia paisagística. 
Especial 
Águas destinadas à preservação dos ambientes aquáticos em 
unidades de conservação de proteção integral; e à preservação do 
equilíbrio natural das comunidades aquáticas. 
1 
Águas destinadas à recreação de contato primário, conforme 
Resolução CONAMA nº 274, de 2000; à proteção das comunidades 
aquáticas; à aqüicultura e a atividade de pesca; ao abastecimento para 
consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; à irrigação 
de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam 
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à 
irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o 
público possa vir a ter contato direto. 
2 Águas destinadas à pesca amadora; e à recreação de contato secundário. 
Águas Salobras 
3 Águas que podem ser destinadas à navegação; e à harmonia paisagística. 
 
 
 7 
Os limites e condições a serem atendidos 
em cada classe também foram estabelecidos 
pela Resolução 357/05, estando alguns 
parâmetros indicados na TABELA 3.1. Além 
dos apresentados nesta TABELA, muitos 
outros limites e condições foram exigidos para 
cada classe. 
 
TABELA 3.1 – Alguns limites máximos permitidos para águas de classes 1, 2 e 3 conforme a Resolução 
CONAMA 357/05. 
Resolução 357/05 ÁGUAS DOCES CLASSES 1 e 2 CLASSE 3 
Parâmetros inorgânicos Valor máximo Valor máximo 
Alumínio dissolvido - 0,2 mg/L Al 
Arsênio total 0,01 mg/L As 0,033 mg/L As 
Bário total 0,7 mg/L Ba - 
Berílio total 0,04 mg/L Be - 
Boro total 0,5 mg/L B - 
Chumbo total 0,01mg/L Pb 0,033 mg/L Pb 
Cianeto livre 0,005 mg/L CN 0,022 mg/L CN 
Cobalto total 0,05 mg/L Co 0,2 mg/L Co 
Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu 0,013 mg/L Cu 
Selênio total - 0,05 mg/L Se 
Parâmetros orgânicos Valor máximo Valor máximo 
Benzeno 0,005 mg/L 0,005 mg/L 
Benzo(a)pireno 0,05 μg/L 0,7 μg/L 
2,4–D - 30,0 μg/L 
Endossulfan (a + b + sulfato) - 0,22 μg/L 
Fenóis totais (substâncias que reagem 
com 4-aminoantipirina) 0,003 mg/L C6H5OH 0,01 mg/L C6H5OH 
Lindano (g-HCH) - 2,0 μg/L 
Metoxicloro - 20,0 μg/L 
Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L - 
Toxafeno - 0,21 μg/L 
 
A classificação das águas é muito 
importante nos programas de controle da 
poluição, pois permite o enquadramento dos 
recursos hídricos de uma bacia hidrográfica. 
Após definida a classe de um determinado 
manancial, são adotadas as medidas 
preventivas e corretivas de controle da 
poluição, de modo a garantir-se que o mesmo 
atenda aos limites e condições para ela 
estabelecidos. 
− Padrões de Potabilidade 
Antes mesmo da promulgação da 
Constituição Federal de 1988, o decreto federal 
nº 79.367 de 9/3/1977 atribuía ao Ministério da 
Saúde competência para elaborar normas 
sobre o padrão de potabilidade da água, a 
serem observadas em todo o território nacional. 
Desde então o Ministério da Saúde sancionou 
4 portarias que dispõe sobre potabilidade de 
água para consumo humano: Portaria 
56Bsb/1977, Portaria 36GM/1990, Portaria 
1469/2000 e Portaria 518/2004 (esta última 
idêntica à Portaria 1469/00, à exceção de 
prazos para adaptação e alguns quesitos 
técnicos). 
 
A Portaria 518 atribui deveres e obrigações 
para diferentes níveis governamentais, sendo 
que as secretarias municipais de saúde têm o 
papel de exercer a vigilância da qualidade da 
água. Sendo assim, segundo a Portaria, a 
secretaria de saúde do município deve 
verificar, continuamente, se a água fornecida à 
população atende aos padrões de qualidade. 
A TABELA 3.2 contém os valores máximos 
permissíveis para parâmetros referentes à água 
potável conforme a Portaria 518/04. 
A seguir serão discutidos os principais 
indicadores de qualidade da água, separados sob 
os aspectos físicos, químicos e biológicos. 
Os parâmetros abordados a seguir podem ser 
utilizados de forma geral, tanto para caracterizar 
águas de abastecimento, águas residuárias, 
mananciais e corpos receptores. As águas 
residuárias serão aprofundados em outro item. 
 
− Indicadores de Qualidade Física 
Temperatura 
 
É medição da intensidade de calor, sendo 
originada de forma natural pela transferência de 
calor solo e ar (convecção e condução) ou pela 
radiação solar diretamente. Sua origem 
antropogênica são as iguais de torre de 
resfriamento e os despejos industriais. 
 A temperatura é uma condição ambiental 
muito importante em diversos estudos 
relacionados ao monitoramento da qualidade de 
águas. Sob o aspecto referente à biota aquática, a 
maior parte dos organismos aquáticos possue 
limites de tolerância térmica superior e inferior, 
temperaturas ótimas para crescimento, 
 
 8 
temperatura preferida em gradientes térmicos e 
limitações de temperatura para migração, desova 
e incubação do ovo. 
 
A temperatura da água é normalmente 
superior à temperatura do ar, uma vez que o 
calor específico da água é bem maior do que o 
do ar e varia pouco e de forma lenta, garantindo 
a sobrevivência dos seres aquáticos.
 
TABELA 3.2 – Padrões de aceitação para consumo humano, de acordo com a Portaria 518/04. 
PARÂMETRO Unidade VMP(1)
Alumínio mg/L 0,2 
Amônia (como NH3) mg/L 1,5 
Cloreto mg/L 250 
Cor Aparente uH(2) 15 
Dureza mg/L 500 
Ferro mg/L 0,3 
Manganês mg/L 0,1 
Odor - Não objetável(3)
Gosto - Não objetável(3)
Sódio mg/L 200 
Sólidos Dissolvidos Totais mg/L 1.000 
Sulfato mg/L 250 
Sulfeto de Hidrogênio mg/L 0,05 
Surfactantes mg/L 0,5 
Tolueno mg/L 0,17 
Turbidez UT(4) 5 
Zinco mg/L 5 
Xileno mg/L 0,3 
Nota: (1) Valor máximo permitido; (2) Unidade Hazen (mg Pt-Co/L); (3) Critério de referência e (4) Unidade de turbidez 
 
O aumento da temperatura provoca o aumento 
da velocidade das reações, em particular as de 
natureza bioquímica de decomposição de 
compostos orgânicos. Por outro lado, diminui a 
solubilidade de gases dissolvidos na água, em 
particular o oxigênio, base para a decomposição 
aeróbia. Estes dois fatores se superpõem, fazendo 
com que nos meses quentes de verão os níveis de 
oxigênio dissolvido nas águas poluídas sejam 
mínimos, freqüentemente provocando mortandade 
de peixes e, em casos extremos, exalação de 
maus odores devido ao esgotamento total do 
oxigênio e conseqüente decomposição anaeróbia 
dos compostos orgânicos sulfatados, produzindo o 
gás sulfídrico, H2S. Desta forma, a definição da 
temperatura de trabalho nos estudos de 
autodepuração natural faz-se necessária para a 
correção das taxas de desoxigenação e de 
reaeração, normalmente obtidas para a 
temperatura de referência de 20°C. 
Mudanças na temperatura podem levar a 
modificações em outras propriedades da água 
além do oxigênio dissolvido tais como: 
− A viscosidade da água diminui com a 
elevação da temperatura, podendo causar o 
afundamento de muitos microrganismos 
aquáticos, principalmente os fitoplânctons; 
− Reduções na temperatura da água 
causam o aumento da sua densidade. Esse 
fenômeno ocorre até a temperatura de 4 0C, 
abaixo da qual a densidade diminui. A água 
possui densidade máxima a 4 0C. 
 
Devido às importantes influências da 
temperatura sobre a configuração dos ambientes 
aquáticos, normalmente este parâmetro é incluído 
nas legislações referentes ao controle da poluição 
das águas. No Estado de Minas Gerais, é imposto 
como padrão de emissão de efluentes a 
temperatura máxima de 40oC, lançados 
diretamente nas águas naturais (Art. 15 (b) - DN 
COPAM 10/86). Além disso, nestas últimas não 
poderá ocorrer variação superior a 3oC com 
relação à temperatura na zona de mistura. Isto é 
importante para efluentes industriais produzidos a 
quente, como os de tinturarias, galvanoplastias, 
indústrias de celulose, etc. 
 
Transparência 
A transparência da coluna d’água pode variar
desde alguns centímetros até dezenas de metros. 
Essa região da coluna d’água é denominada zona 
eufótica e sua extensão depende, principalmente, 
da capacidade do meio em atenuar a radiação 
subaquática. O limite inferior da zona eufótica é 
geralmente assumido como sendo aquela 
profundidade onde a intensidade da radiação 
corresponde a 1% da que atinge a superfície. 
Do ponto de vista óptico, a transparência da 
água pode ser considerada o oposto da turbidez. 
Sua avaliação de maneira mais simples é feita 
através de um disco branco de 20 a 30 cm de 
diâmetro, denominado disco de Secchi. A medida 
é obtida mergulhando-se o disco branco no lado 
da sombra do barco, através de uma corda 
marcada. A profundidade de desaparecimento do 
disco de Secchi corresponde àquela profundidade 
 
 9 
na qual a radiação refletida do disco não é mais 
sensível ao olho humano. A profundidade obtida 
em metros é denominada transparência de disco 
de Secchi. 
A Importância deste parâmetro é que os 
raios solares podem penetrar a maior ou menor 
profundidade, e, em função disso, pode ocorrer 
maior ou menor atividade fotossintética. 
A elevação da cor ou da turbidez da água causa 
a diminuição da sua transparência, reduzindo a 
fotossíntese e, em conseqüência, o teor de 
oxigênio dissolvido, causando impactos sobre os 
organismos aquáticos aeróbios. 
 
Condutividade elétrica 
A condutividade elétrica é a capacidade que a 
água possui de conduzir corrente elétrica. Este 
parâmetro está relacionado com a presença de 
íons dissolvidos na água, que são partículas 
carregadas eletricamente. Quanto maior for a 
quantidade de íons dissolvidos, maior será a 
condutividade elétrica da água. Em águas 
continentais, os íons diretamente responsáveis 
pelos valores da condutividade são, entre outros, o 
cálcio, o magnésio, o potássio, o sódio, 
carbonatos, carbonetos, sulfatos e cloretos. O 
parâmetro condutividade elétrica não determina, 
especificamente, quais os íons que estão 
presentes em determinada amostra de água, mas 
pode contribuir para possíveis reconhecimentos de 
impactos ambientais que ocorram na bacia de 
drenagem ocasionados por lançamentos de 
resíduos industriais, mineração, esgotos, etc. 
A condutividade elétrica da água pode variar de 
acordo com a temperatura e a concentração total 
de substâncias ionizadas dissolvidas. Em águas 
cujos valores de pH se localizam nas faixas 
extremas (pH> 9 ou pH< 5), os valores de 
condutividade são devidos apenas às altas 
concentrações de poucos íons em solução, dentre 
os quais os mais freqüentes são o H+ e o OH-. 
A condutividade é normalmente expressa em 
micromhos/cm (μmho/cm). No Sistema 
Internacional de Unidades (SI) o inverso de ohm é 
o siemens (S) e a condutividade é expressa com 
milisiemens/m (mS/m); 1 mS/m = 10 μS/cm e 1 
μS/cm = 1 μmho/cm. Para expressar os resultados 
no SI de mS/m divide-se μmhos/cm por 10. 
De acordo com a literatura, a condutividade 
para as águas naturais varia de 0,5 a 2,0 μS/cm 
para água destilada, 10 a 100 μS/cm para as 
águas naturais e acima de 1000 μS/cm para águas 
poluídas. 
 
Cor 
A cor de uma amostra de água está associada 
ao grau de redução de intensidade que a luz sofre 
ao atravessá-la (e esta redução dá-se por 
absorção de parte da radiação eletromagnética), 
devido à presença de sólidos dissolvidos, 
principalmente material em estado coloidal 
orgânico e inorgânico. Dentre os colóides 
orgânicos pode-se mencionar os ácidos húmico e 
fúlvico, substâncias naturais resultantes da 
decomposição parcial de compostos orgânicos 
presentes em folhas, dentre outros substratos. 
Também os esgotos sanitários se caracterizam por 
apresentarem predominantemente matéria em 
estado coloidal, além de diversos efluentes 
industriais contendo taninos (efluentes de 
curtumes, por exemplo), anilinas (efluentes de 
indústrias têxteis, indústrias de pigmentos, etc.), 
lignina e celulose (efluentes de indústrias de 
celulose e papel, da madeira, etc.). 
Há também compostos inorgânicos capazes de 
possuir as propriedades e provocar os efeitos de 
matéria em estado coloidal. Os principais são os 
óxidos de ferro e manganês, que são abundantes 
em diversos tipos de solo. Alguns outros metais 
presentes em efluentes industriais conferem-lhes 
cor mas, em geral, íons dissolvidos pouco ou 
quase nada interferem na passagem da luz. 
O termo “cor” é usado aqui para significar cor 
real, que é a cor da água cuja turbidez foi 
removida. O termo “cor aparente” inclui não 
somente a cor devido à substâncias em solução, 
mas também àquela devida à matéria orgânica 
suspensa. A cor aparente é determinada na 
amostra original sem filtração ou centrifugação. 
Em alguns efluentes industriais altamente 
coloridos, a cor é principalmente contribuída por 
material coloidal ou suspenso. Em tais casos as 
cores aparente e real, deveriam ser determinadas. 
A cor é removida para tornar a água adequada 
para aplicações gerais e industriais. Efluentes 
industriais coloridos podem requerer uma remoção 
da cor antes da descarga em cursos de água. 
 
A cor é medida em UH, unidade de escala de 
Hanzen (mg Pt-Co/L). 
 
Turbidez 
Turbidez de uma amostra de água é o grau de 
atenuação de intensidade que um feixe de luz 
sofre ao atravessá-la (e esta redução se dá por 
absorção e espalhamento, uma vez que as 
partículas que provocam turbidez nas águas são 
maiores que o comprimento de onda da luz 
branca), devido à presença de sólidos em 
suspensão, tais como partículas inorgânicas 
(areia, silte, argila) e de detritos orgânicos, algas e 
bactérias, plâncton em geral, etc. A erosão das 
margens dos rios em estações chuvosas é um 
exemplo de fenômeno que resulta em aumento da 
turbidez das águas e que exige manobras 
operacionais, como alterações nas dosagens de 
coagulantes e auxiliares, nas estações de 
tratamento de águas. A erosão pode decorrer do 
mau uso do solo, em que se impede a fixação da 
vegetação. Este exemplo mostra também o 
caráter sistêmico da poluição, ocorrendo inter-
relações ou transferência de problemas de um 
ambiente (água, ar ou solo) para outro. 
Os esgotos sanitários e diversos efluentes 
industriais também provocam elevações na 
turbidez das águas. Um exemplo típico deste fato 
ocorre em conseqüência das atividades de 
mineração, onde os aumentos excessivos de 
turbidez têm provocado formação de grandes 
 
 10 
bancos de lodo em rios e alterações no 
ecossistema aquático. 
Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação 
enraizada submersa e algas. Esse 
desenvolvimento reduzido de plantas pode, por 
sua vez, suprimir a produtividade de peixes. Logo, 
a turbidez pode influenciar nas comunidades 
biológicas aquáticas. 
 
O movimento ascencional das bolhas de gás 
ocasiona o arraste de partículas orgânicas não 
totalmente degradadas, aumentando a demanda 
de oxigênio na massa líquida (demanda bentônica). 
A resolução n° 357/05 do CONAMA impõe 
limites de turbidez para as diversas classes de 
águas naturais. Nos problemas relativos às águas 
residuárias, os parâmetros cor e turbidez não são 
normalmente utilizados, dando-se preferência às 
medidas diretas dos valores de sólidos em 
suspensão e sólidos dissolvidos. Este fato é 
possível porque as faixas de concentração de 
sólidos são elevadas, permitindo obter uma 
precisão significativa na análise gravimétrica. Em 
águas de abastecimento, por outro lado, o uso da 
turbidez é muito mais expressivo do que a 
concentração de sólidos em suspensão medida 
diretamente. 
A turbidez também é um parâmetro que indica a 
qualidade estética das águas para abastecimento 
público. O padrão de potabilidade (portaria 
518/2004 do Ministério da Saúde) é de 5,0 UNT. 
A turbidez é medida em UNT – unidade 
nefelométrica. 
 
Gosto e odor 
Não produz sensação de odor
ou sabor nos 
sentidos humanos. Uma das principais fontes de 
odor nas águas naturais é a decomposição 
biológica da matéria orgânica. No meio anaeróbio, 
isto é, no lodo de fundo de rios e de represas e, em 
situações críticas, em toda a massa líquida, ocorre 
a formação do gás sulfídrico, H2S, que apresenta 
odor típico de ovo podre, de mercaptanas e 
amônia, esta última ocorrendo também em meio 
aeróbio. Águas eutrofizadas, isto é, águas em que 
ocorre a floração excessiva de algas devido à 
presença de grandes concentrações de nutrientes 
Outra fonte que causa probrlemas de sabor e 
odor nas águas para o abastecimento público 
refere-se à presença de fenóis. Esses compostos, 
mesmo quando presentes em quantidades 
diminutas (o padrão de portabilidade no Brasil é de 
0,1μg/L, a título de recomendação), reagem com o 
cloro residual livre foramando clorofenóis que 
apresentam odor caracterísitico e instenso. 
Além disso, afeta adversamente os usos 
domésticos, industrial e recreacional de uma 
água. 
Nas águas naturais, a presença da turbidez 
provoca a redução de instensidade dos raios 
luminosos que penetram no corpo d’água, 
influindo decisivamente nas características do 
ecossistema presente. Quando sedimentadas, 
estas partículas formam bancos de lodo onde a 
digestão anaeróbia leva à formação de gases 
metano e gás carbônico. Principalmente, além de 
nitrogênio gasosos e do gás sulfídrico, que é 
malcheiroso. 
Além destas fontes principais, existe ainda o 
gosto na água proveniente de metais, acidez ou 
alcalinidade pronunciadas, cloreto (sabor salgado), 
etc.. Na legislação brasileira aparece apenas a 
designação “não objetável” para sabor e odor, o 
que representa certa subjetividade. 
 
Sólidos 
Todas as impurezas da água, com exceção dos 
gases dissolvidos contribuem com a carga de 
sólidos presentes nos recursos hídricos. 
Em saneamento, sólidos nas águas 
correspondem a toda matéria que permanece 
como resíduo, após evaporação, secagem ou 
calcinação da amostra a uma temperatura pré-
estabelecida durante um tempo fixado. Em linhas 
gerais, as operações de secagem, calcinação e 
filtração são as que definem as diversas frações 
de sólidos presentes na água (sólidos totais, em 
suspensão, dissolvidos, fixos e voláteis). Os 
métodos empregados para a determinação de 
sólidos são gravimétricos (utilizando-se balança 
analítica ou de precisão), com exceção dos sólidos 
sedimentáveis, cujo método mais comum é o 
volumétrico (uso do cone Imhoff). 
 
 
 
Sólidos 
Totais 
Sólidos em 
Suspensão
Sólidos 
Dissolvidos
Fixos Fixos Voláteis Voláteis 
Cone Imhoff 
 
liberados de compostos orgânicos biodegradados, 
podem também manifestar sabor e odor. Sabe-se 
que certos gêneros de algas cianofíceas (algas 
azuis, resistentes às condições de severa 
poluição) produzem compostos odoríficos, em 
alguns casos até mesmo tóxicos. 
Outra fonte que causa problemas de sabor e 
odor nas águas para abastecimento público 
refere-se à presença de fenóis. 
 
 
 11
 
 
 
 
Definições das diversas frações 
 
a) Sólidos totais (ST): Resíduo que resta na 
cápsula após a evaporação em banho-maria de 
uma porção de amostra e sua posterior secagem 
em estufa a 103-105°C até peso constante. 
Também denominado resíduo total. 
b) Sólidos em suspensão (ou sólidos 
suspensos) (SS): É a porção dos sólidos totais que 
fica retida em um filtro que propicia a retenção de 
partículas de diâmetro maior ou igual a 1,2 µm. 
Também denominado resíduo não filtrável (RNF). 
c) Sólidos Voláteis (SV): é a porção dos 
sólidos (sólidos totais, suspensos ou dissolvidos) 
que se perde após a ignição ou calcinação da 
amostra a 550-600°C, durante uma hora para 
sólidos totais ou dissolvidos voláteis ou 15 minutos 
para sólidos em suspensão voláteis, em forno 
mufla. Também denominado resíduo volátil. 
d) Sólidos Fixos (SF): É a porção dos sólidos 
(totais, suspensos ou dissolvidos) que resta após a 
ignição ou calcinação a 550-600°C após uma hora 
(para sólidos totais ou dissolvidos fixos) ou 15 
minutos (para sólidos em suspensão fixos) em 
forno-mufla. Também denominado resíduo fixo. 
e) Sólidos Sedimentáveis (SSed): É a 
porção dos sólidos em suspensão que se 
sedimenta sob a ação da gravidade durante um 
período de uma hora, a partir de um litro de 
amostra mantida em repouso em um cone Imhoff. 
Os sólidos podem ser classificados de acordo 
com seu tamanho e características químicas 
(FIGURA 3.5). 
 
FIGURA 3.5 - Chave de classificação dos sólidos. 
 
Os níveis de concentração das diversas frações 
de sólidos resultam em um quadro geral da 
distribuição das partículas com relação ao tamanho 
que não é definitivo para se entender o 
comportamento da água em questão, mas 
constitui-se em uma informação preliminar 
importante. 
O nível de sólidos sedimentáveis nos 
efluentes finais descarregados pelas indústrias 
é também extremamente importante por se 
tratar de parâmetro da legislação. No Estado de 
Minas Gerais, por exemplo, o limite máximo é 
de apenas 1 mL/L para a descarga direta no 
corpo receptor. Também na Resolução n° 357 
de 17/03/2005 do CONAMA aparece como 
padrão de emissão 1 mL/L de sólidos 
sedimentáveis. 
Com relação ao abastecimento público de 
água, a Portaria nº 518, de 25 de março de 
2004 do Ministério da Saúde estabelece como 
padrão de potabilidade 1.000 mg/L de sólidos 
 
 
 
 12 
 
totais dissolvidos. No caso da Resolução 
CONAMA nº 357 de 17/03/2005, o valor máximo é 
de 500 mg/L. Na legislação estadual de Minas 
Gerais, Deliberação Normativa COPAM 10/86, o 
limite máximo permitido também é de 500 mg/L. 
 
− Indicadores de Qualidade Química 
 
pH 
O termo pH é usado para descrever o grau de 
acidez ou alcalinidade (basicidade) de uma 
solução. 
As medidas de pH são de extrema utilidade, 
pois fornecem inúmeras informações a respeito da 
qualidade da água. Às águas superficiais possuem 
um pH entre 4 e 9. As vezes são ligeiramente 
alcalinas devido à presença de carbonatos e 
bicarbonatos. Naturalmente, nesses casos, o pH 
reflete o tipo de solo por onde a água percorre. Em 
lagoas com grande população de algas, nos dias 
ensolarados, o pH pode subir muito, chegando a 9 
ou até mais. Isso porque as algas, ao realizarem 
fotossíntese, retiram muito gás carbônico, que é a 
principal fonte natural de acidez da água. 
Geralmente um pH muito ácido ou muito alcalino 
está associado à presença de despejos industriais. 
Como os ácidos se ionizam em íons hidrogênio 
(H+) e as bases em íons hidróxido (OH-), conclui-se 
que quanto mais íons hidrogênio em uma solução, 
mais ácida ela é. Alternativamente, quanto mais 
íons hidróxido em uma solução, mais básica 
(alcalina) ela é. 
 
A acidez ou a alcalinidade de uma solução é 
expressa em uma escala de pH que vai de 0 a 14. 
Em pH 7 (neutralidade), as concentrações de H+ e 
OH- são iguais. Um valor de pH acima de 7 indica 
uma solução alcalina (básica). 
A escala de pH é baseada no número de H+ em 
uma solução (expressa em concentração mol/L). 
Uma solução com valor 0 na escala de pH tem alta 
concentração de íons H+ e baixa concentração de 
íons OH-. Uma solução com pH 14, em contraste, 
tem alta concentração de íons OH- e baixa 
concentração de íons H+. 
O ponto central é 7, onde as concentrações de 
H+ e OH- são iguais. Uma solução com mais H+ 
que OH-, é ácida e tem pH abaixo de 7. Uma 
solução com mais OH- que H+, é básica (alcalina) e 
tem um pH acima de 7. 
Uma mudança de uma unidade inteira na 
escala de pH representa uma mudança de 10 
vezes em relação à concentração anterior. Isto 
significa que uma solução de pH 2 é 10 vezes 
mais concentrada que uma de pH 3. Isso se deve 
ao fato de que o pH é calculado com base numa 
escala logarítmica,
ou seja: 
pH = -log [H+]1
 
É possível calcular também o pOH de uma 
solução: 
 
pOH = -log [OH-] 
 
A soma entre pH e pOH de uma mesma 
solução será sempre igual a 14. 
 
A seguir estão alguns exemplos interessantes 
de substâncias comuns, seus valores de pH e a 
relação ambiental em alguns casos. 
 
Por influir em diversos equilíbrios químicos que 
ocorrem naturalmente ou em processos unitários 
de tratamento de águas, o pH é um parâmetro 
importante em muitos estudos no campo do 
saneamento ambiental. 
 
A influência do pH sobre os ecossistemas 
aquáticos naturais dá-se diretamente devido a seus 
efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. 
Também o efeito indireto é muito importante, 
podendo determinadas condições de pH 
contribuírem para a precipitação de elementos 
químicos tóxicos como metais pesados; outras 
condições podem exercer efeitos sobre as 
solubilidades de nutrientes. Desta forma, as 
restrições de faixas de pH são estabelecidas para 
as diversas classes de águas naturais, tanto de 
 
1 Quando se quer expressar a concentração de um íon, ele é 
colocado entre colchetes. Isso significa que [H+] é o mesmo que 
dizer concentração do íon H+. 
 
 
 13
acordo com a legislação federal (Resolução n° 
357/05 do CONAMA), como pela legislação do 
Estado de Minas Gerais (Deliberação Normativa 
COPAM 10/86). 
Em pHs ácidos os organismos tendem a sofrer 
de irritações e escamações de pele. 
O valor de pH é também um resultado 
importante para a composição dos chamados 
“índices de qualidade de águas”. No cálculo do 
IQA, o pH é um dos nove parâmetros 
contemplados. Os critérios de proteção à vida 
aquática fixam o pH entre 6 e 9. 
Nos ecossistemas formados nos tratamentos 
biológicos de esgotos o pH é também uma 
condição que influi decisivamente no processo. 
Normalmente, a condição de pH que corresponde 
à formação de um ecossistema mais diversificado 
e a um tratamento mais estável é a de 
neutralidade, tanto em meios aeróbios como nos 
anaeróbios. Nos reatores anaeróbios, a 
acidificação do meio é acusada pelo decréscimo 
do pH do lodo, indicando situação de desequilíbrio. 
A produção de ácidos orgânicos voláteis pelas 
bactérias acidificadoras e a não utilização destes 
últimos pelas metanobactérias é uma situação de 
desequilíbrio que pode ser devido a diversas 
causas. 
O decréscimo no valor do pH, que a princípio 
funciona como indicador do desequilíbrio, passa a 
ser causa se não for corrigido a tempo. É possível 
que alguns efluentes industriais possam ser 
tratados biologicamente em seus valores naturais 
de pH, por exemplo, em torno de 5,0. Nesta 
condição, o meio talvez não permita uma grande 
diversificação hidrobiológica, mas pode acontecer 
que os grupos mais resistentes, algumas bactérias 
e fungos, principalmente, tornem possível a 
manutenção de um tratamento eficiente e estável; 
mas, em geral, procede-se à neutralização prévia 
do pH dos efluentes industriais antes de serem 
submetidos ao tratamento biológico. 
O pH é padrão de potabilidade, devendo as 
águas para abastecimento público apresentar 
valores entre 6,0 e 9,5, de acordo com a Portaria 
518/2004 do Ministério da Saúde. 
Constitui-se também em padrão de emissão de 
esgotos e de efluentes líquidos industriais, tanto 
pela legislação federal quanto pela estadual. Na 
legislação do Estado de Minas Gerais, estabelece-
se faixa de pH entre 6,5 e 8,5 para o lançamento 
direto nos corpos receptores (DN COPAM 10/86). 
O pH é muito influenciado pela quantidade de 
matéria morta a ser decomposta, sendo que 
quanto maior a quantidade de matéria orgânica 
disponível, menor o pH, pois para haver 
decomposição desse material muitos ácidos são 
produzidos (como o ácido húmico). As águas 
conhecidas como Pretas (por exemplo, o Rio 
Negro, no Amazonas) possuem pH muito baixo, 
devido ao excesso de ácidos em solução. 
O pH de um corpo d'água também pode variar, 
dependendo da área (no espaço) que este corpo 
recebe as águas da chuva, os esgotos e a água do 
lençol freático (lembram da tal Bacia 
Hidrográfica?). Quanto mais ácido for o solo da 
Bacia, mais ácidas serão as águas deste corpo 
d'água. Por exemplo, um Cerrado, que tem 
excesso de alumínio, quando drenado, leva uma 
grande quantidade de ácidos para os corpos 
d'água, reduzindo o pH. Mais um bom motivo para 
se estudar todas as características da Bacia 
Hidrográfica antes de recolher amostras, pois a 
variável em questão, o pH, é muito influenciável 
pelo espaço e no tempo. 
Segundo MAIER (1987), os pHs dos rios 
brasileiros têm tendência de neutro a ácido. 
Alguns rios da Amazônia brasileira possuem pHs 
próximos de 3, valor muito baixo para suportar 
diversas formas de vida. 
Rios que cortam áreas pantanosas também 
têm águas com pH muito baixo, devido à presença 
de matéria orgânica em decomposição. Rios de 
mangue estão incluídos nesta categoria. 
 
Eh (Potencial de oxi-redução) 
 
Determina a característica do ambiente se 
redutor ou oxidante, controlando inúmeros 
processos químicos que ocorrem na natureza. É 
medido com um potenciômetro. 
 
Matéria orgânica (MO) 
 
Pode ser de origem natural ou de atividades 
antrópicas. Determina a carga orgânica dos corpos 
d’água e efluentes. Os principais parâmetros para 
avaliar a MO são: 
 
− Demanda Bioquímica de oxigênio (DBO) 
A expressão Demanda Bioquímica de Oxigênio 
(DBO), utilizada para exprimir o valor da poluição 
produzida por matéria orgânica oxidável 
biologicamente, corresponde à quantidade de 
oxigênio que é consumida pelos microorganismos 
do esgoto ou águas poluídas, na oxidação 
biológica, quando mantida a uma dada 
temperatura por um espaço de tempo 
convencionado. Essa demanda pode ser 
suficientemente grande, para consumir todo o 
oxigênio dissolvido da água, o que condiciona a 
morte de todos os organismos aeróbios de 
respiração subaquática. 
− Demanda Química do Oxigênio (DQO) 
O teste de Demanda Química de Oxigênio 
(DQO) baseia-se no fato de que todos os 
compostos orgânicos, com poucas exceções, 
podem ser oxidados pela ação de um agente 
oxidante forte em meio ácido. Uma das limitações, 
entretanto é o fato de que o teste não diferencia 
matéria orgânica biodegradável e matéria orgânica 
não biodegradável, a primeira determinada pelo 
teste de DBO. A vantagem é o tempo de teste, 
realizado em poucas horas, enquanto o teste de 
DBO requer no mínimo 5 dias (período de 
incubação). 
− Oxigênio dissolvido 
Provém do ar e da atividade fotossintética dos 
vegetais aquáticos. Dele depende a sobrevivência 
dos organismos. Quanto maior for à agitação da 
água (velocidade, quedas d’água), maior 
 
 
 14 
 
quantidade de oxigênio será absorvida. Em águas 
paradas, é importante a transparência do líquido, 
pois quanto mais elevada for a mesma, maior será 
a penetração da luz e consequentemente, maior 
será a produção de oxigênio. 
A determinação do oxigênio dissolvido é de 
fundamental importância para avaliar as condições 
naturais da água e detectar impactos ambientais 
como eutrofização e poluição orgânica. 
Do ponto de vista ecológico, o oxigênio 
dissolvido é uma variável extremamente 
importante, pois é necessário para a respiração da 
maioria dos organismos que habitam o meio 
aquático. Geralmente o oxigênio dissolvido se 
reduz ou desaparece, quando a água recebe 
grandes quantidades de substâncias orgânicas 
biodegradáveis encontradas, por exemplo, no 
esgoto doméstico, em certos resíduos industriais, 
no vinhoto, e outros. Os resíduos orgânicos 
despejados nos corpos d’água são decompostos 
por microrganismos que se utilizam do oxigênio na 
respiração. Assim, quanto maior a carga de matéria 
orgânica, maior o número de microrganismos 
decompositores e, conseqüentemente,
maior o 
consumo de oxigênio. A morte de peixes em rios 
poluídos se deve, portanto, à ausência de oxigênio 
e não à presença de substâncias tóxicas. 
A quantidade de oxigênio dissolvido depende da 
temperatura da água (lembram da solubilidade dos 
gases?) e da pressão atmosférica. Quanto maior a 
pressão, maior a dissolução, e quanto maior a 
temperatura, menor a dissolução desse gás. 
Naturalmente existem duas fontes de oxigênio 
para os sistemas aquáticos: o primeiro é a 
atmosfera, como vimos, e o segundo é a 
fotossíntese, realizada pelos seres vivos. Por isso 
a medida de oxigênio é muito importante para se 
determinar o estado de saúde do sistema. Quando 
se têm pouco oxigênio, é provável que haja algum 
problema no sistema. Por exemplo, despejo de 
esgotos ou retirada de areia do fundo. Essa 
retirada levanta o material depositado no fundo 
(sedimento), promovendo o aumento da 
decomposição e conseqüente diminuição do 
oxigênio pela demanda microbiana. 
Existe, como em todos os outros parâmetros, 
uma variação da quantidade de oxigênio. Nos 
casos apresentados os valores estão em 
porcentagem de saturação deste gás, que é a 
porcentagem existente de gás na água de acordo 
com o máximo possível. Esse máximo é 
determinado pela temperatura e pela pressão. Por 
exemplo, a uma pressão de 760 mmHg, 100% de 
umidade relativa a uma temperatura de 0ºC, 
solubilizam-se 14,6 mg de oxigênio por litro de 
água, enquanto que nas mesmas condições e à 
temperatura de 30ºC, solubilizam-se apenas 7,59 
mg de oxigênio por litro de água, ou seja, cerca da 
metade do valor a 0º C. 
A porcentagem de saturação pode ser 
calculada através da seguinte fórmula: 
 
A determinação do oxigênio dissolvido na água 
pode ser feita através do método "Winkler" ou 
eletrométrico. 
Acidez 
 
Acidez da água é sua capacidade em resistir 
às mudanças de pH causadas pelas bases. A 
acidez total representa o teor de dióxido de 
carbono livre, ácidos minerais, e sais de ácidos 
fortes, os quais por dissociação resultam em íons 
hidrogênio na solução. É devida principalmente à 
presença de gás carbônico livre (pH entre 4,5 e 
8,2). Usualmente é expressa em mg CaCO3/L. 
 
Ácidos minerais fortes, ácidos fracos tais como 
carbônico e acético, e sais hidrolizáveis tais como 
sulfatos de ferro ou alumínio podem contribuir 
para a medida de acidez de acordo com o método 
de determinação. 
A acidez pode ocorrer devido a origens naturais 
ou antropogênicas. Como origem natural tem-se: 
CO2 absorvido na atmosfera ou resultante da 
decomposição da matéria orgânica e gás 
sulfídrico. Como origem antropogênica tem-se: 
despejos industriais (ácidos minerais ou orgânicos) 
e passagem da água por minas abandonadas, 
vazadouros de mineração e dos rejeitos de 
mineração. 
Não há praticamente nenhuma relação com o 
gás carbônico, sob o ponto de vista da saúde 
pública. Os ácidos minerais que possivelmente 
teriam, são identificados pela manifestação de 
sabor azedo em concentrações relativamente 
baixas. A grande importância no controle da acidez 
das águas reside nos estudos de corrosão, que 
pode ser provocada tanto pelo gás carbônico 
(presente em águas naturais) como pelos ácidos 
minerais (presentes em efluentes industriais). O 
parâmetro “acidez” não se constitui, apesar de sua 
importância, em qualquer tipo de padrão, seja de 
potabilidade, de classificação das águas naturais 
ou de emissão de esgotos; o efeito da acidez é 
controlado legalmente pelo valor do pH. 
 
Alcalinidade 
É a quantidade de Íons na água que reagirão 
para neutralizar os íons de hidrogênio. É uma 
medida da capacidade da água de neutralizar os 
ácidos (capacidade tampão – resistir a mudanças 
de pH). Os principais constituintes da alcalinidade 
são os bicarbonatos (HCO3-), carbonatos (CO32-) e 
os hidróxidos. 
 
 
 
 
 
 15
A distribuição entre as três formas é função do 
pH. Só podem existir simultaneamente 2 tipos de 
alcalinidade. Uma das origens naturais da 
alcalinidade é a dissolução do CO2 na água. Uma 
vez em solução ele reage para formar o acido 
carbônico. Outros sais de ácidos fracos 
inorgânicos, como boratos, silicatos, fosfatos, ou 
de ácidos orgânicos, como sais de ácido húmico, 
ácido acético etc., também conferem alcalinidade 
às águas, mas seus efeitos normalmente são 
desconsiderados por serem pouco representativos. 
Além disto, esta particularização permite o cálculo 
dos três componentes da alcalinidade, 
individualmente. 
 
 
 
 
 
 
 
Os bicarbonatos e, em menor extensão, os 
carbonatos, que são menos solúveis, dissolvem-se 
na água devido à sua passagem pelo solo. Se este 
solo for rico em calcáreo, o gás carbônico da água 
o solubiliza, transformando-o em bicarbonato, 
conforme a reação: 
 
 
Os carbonatos e hidróxidos podem aparecer em 
águas onde ocorrem florações de algas 
(eutrofizadas), sendo que em período de intensa 
insolação o saldo da fotossíntese em relação à 
respiração é grande e a retirada de gás carbônico 
provoca elevação de pH para valores que chegam 
a atingir 10 unidades. A principal fonte de 
alcalinidade de hidróxidos em águas naturais 
decorre da descarga de efluentes de indústrias, 
onde se empregam bases fortes como soda 
cáustica e cal hidratada. Em águas tratadas, pode-
se registrar a presença de alcalinidade de 
hidróxidos em águas abrandadas pela cal. 
A alcalinidade pode ocorrer devido a origens 
naturais ou antropogênicas. Como origem natural 
tem-se: dissolução de rochas, reação do CO2 com 
a água (CO2 resultante da atmosfera ou da 
decomposição da matéria orgânica). Como origem 
antropogênica tem-se os despejos industriais. 
A sua importância é na prevenção de 
incrustação e corrosão em tubulações, relação 
com a coagulação e na redução da dureza. Não 
tem significado sanitário de carbono – bicarbonato 
controla o pH nos sistemas biológico. 
 
Dureza 
É causada por cátions metálicos polivalentes 
em solução. Os mais frequentemente associados à 
dureza são o Ca2+ e Mg2+, em condições de 
supersaturação, esses cátions reagem com ânions 
na água, formando precipitados. 
A dureza pode ser classificada como dureza 
carbonato e dureza não carbonato (temporária e 
permanente), depende do ânion com a qual ela 
está associada. Ela pode ainda ser classificada em 
dureza cálcio e dureza do magnésio. 
No caso da dureza temporária, estes cátions 
estão na forma de bicarbonato e com o calor se 
transformam em carbonatos que são insolúveis ou 
pouco solúveis. 
 
 
A dureza permanente (não carbonato) está 
associada à presença de sulfatos ou cloretos de 
cálcio ou magnésio em solução. O calor não tem 
efeito, apenas em soluções alcalinas. CO2 + H2O H+ + HCO3- H+ + CO3-2
pH 
4,5 
pH 
8,3 
A sua origem natural é da dissolução de rochas 
calcíneas ou outros minerais que contenham Ca e 
Mg ou se for antropogênica é devido a despejos 
industriais. 
Sua importância está na redução da formação 
de espuma, incrustação nas tubulações de água 
quente, caldeiras e aquecedores, em 
concentrações elevadas pode ter efeito laxativo. 
 
Interpretação: 
• Dureza < 50 mg/L CaCO3 – água mole 
• Dureza 50 a 150 mg/L CaCO3 – dureza 
moderada 
• Dureza 150 a 300 mg/L CaCO3 – água 
dura 
• Dureza > 300 mg/L CaCO3 – água muito 
dura 
 
 
Corrosividade 
Pode ser devido à presença de ácidos minerais 
(casos raros) ou pela existência em solução de 
oxigênio, gás carbônico e gás sulfídrico. O 
oxigênio de maneira geral é fator de corrosão de 
produtos ferrosos, o sulfídrico dos não-ferrosos e o 
carbônico dos materiais à base de cimento. 
 
− Nutrientes (Fósforo e Nitrogênio) 
 
Fósforo 
O fósforo é encontrado na água geralmente nas 
formas de ortofosfato, Polifosfato e fósforo 
orgânico. Os ortofosfatos são diretamente 
disponíveis para os microrganismos
(metabolismo 
biológico) sem a necessidade de conversão à 
formas mais simples. Os ortofosfatos apresentam-
se na água nas formas H2PO4, HPO4-2; PO4-3 e 
H3PO4 em função do pH. Na faixa mais usual de 
pH encontramos a forma HPO4-2. Os polifosfatos 
são moléculas mais complexas com dois ou mais 
átomos de fósforo. O fósforo orgânico é 
normalmente de menor importância. 
A principal preocupação no material biológico é 
assegurar fósforo suficiente para suportar o 
crescimento microbial. Embora o esgoto sanitário 
seja rico em fósforo, alguns efluentes industriais 
podem ser deficientes em nutrientes, devido à alta 
concentração de carboidratos (relação C:N:P). 
 
 
 16 
 
Os seguintes valores de fósforo total podem ser 
utilizados como indicativos aproximados do estado 
de eutrofização de lagos (lagos tropicais 
provavelmente aceitam concentrações superiores): 
 
• P < 0,01-0,02 mg/L: não eutrófico 
• P entre 0,01-0,02 e 0,05 mgL: estágio 
intermediário 
• P > 0,05 mg/L: eutrófico 
Os compostos de fósforo são um dos mais 
importantes fatores limitantes à vida dos 
organismos aquáticos e a sua economia, em uma 
massa d’água, é de importância fundamental no 
controle ecológico das algas. 
O fósforo é o nutriente limitante no crescimento 
de algas. Microrganismos requerem carbono, 
nitrogênio e fósforo como nutrientes majoritários. 
Assim como as reações químicas deixam de se 
processar quando um reagente limitante é 
totalmente consumido, o crescimento de algas é 
limitado pela disponibilidade de nutrientes na água. 
A transformação de nutrientes em biomassa ocorre 
em uma proporção média de C:N:P = 110:15:1. O 
carbono nunca é a espécie limitante na água, uma 
vez que sua presença é suprida pelo CO2 
atmosférico. Algas verde-azuladas podem suprir as 
necessidades em termos do nitrogênio, pois são 
capazes de fixar o nitrogênio atmosférico. Assim 
sendo, o fósforo é usualmente o elemento limitante, 
embora seja necessário na menor quantidade. 
Nas décadas de 50 e 60 sais de fosfato eram 
utilizados em grandes quantidades na formulação 
de detergentes, visando regular o pH da solução 
de lavagem e também para manter íons como Ca2+ 
em solução (abrandando a dureza e produzindo 
mais espuma). Como conseqüência, são inúmeros 
os registros de eutrofização em lagos e 
reservatórios de todo o mundo, contidos na 
literatura. Os chamados Grandes Lagos, 
localizados ao norte dos Estados Unidos e sul do 
Canadá, são exemplos de ambientes aquáticos 
severamente atingidos pelo fenômeno da 
eutrofização artificial. 
Despejos orgânicos, especialmente esgotos 
domésticos, bem como alguns tipos de despejos 
industriais, podem enriquecer as águas com esse 
elemento. As fontes de origem natural são a 
dissolução de compostos do solo e decomposição 
da matéria orgânica. 
 
Nitrogênio 
O nitrogênio é um dos elementos mais 
importantes à vida mas, em geral, muito escasso 
nas águas. Suas fontes principais são: o ar 
(assimilado por algumas algas), adubos e matéria 
orgânica em decomposição (folhas ou esgotos). 
Em limnologia (estudo das águas interiores), 
quando se encontra referência à concentração de 
"amônia", na maioria dos casos estão englobadas 
as concentrações das duas formas de nitrogênio 
amoniacal (NH3 e NH4+). 
O íon amônio (NH4+) é muito importante para os 
organismos produtores, especialmente porque sua 
absorção é energeticamente mais viável. Para este 
íon, não há necessidade de redução no interior da 
célula, como ocorre com o nitrato (outra forma de 
nitrogênio encontrada na água). O nitrato é a maior 
fonte de nitrogênio para os vegetais aquáticos 
(plantas superiores e algas microscópicas). 
Altas concentrações do íon amônio podem ter 
grandes implicações ecológicas, como por 
exemplo: influenciando na quantidade do oxigênio 
dissolvido na água, uma vez que para oxidar 1,0 
miligrama do íon amônio são necessários cerca de 
4,3 miligramas de oxigênio. Outra forma de ação 
pode ser em pH básico (alcalino), onde este íon se 
transforma em gás amônia (NH3 livre, gasoso), 
que, dependendo da concentração, pode ser 
tóxico para os peixes. 
Portanto, quando se encontra muito nitrogênio 
amoniacal na água, pode-se dizer que esta é 
pobre em oxigênio dissolvido e que o ambiente 
deve ter muita matéria em decomposição. 
Dentro do ciclo do nitrogênio na biosfera, ele 
alterna-se entre varias formas e estados de 
oxidação. No meio aquático, o nitrogênio pode ser 
encontrado nas seguintes formas: a) Nitrogênio 
Molecular (N2) liberado para a atmosfera; b) 
Nitrogênio Orgânico (dissolvido e em suspensão); 
c) Amônia; d) Nitrito (NO2-) e e) Nitrato (NO3-). 
FIGURA 3.6 
Nos despejos industriais, são analisados 
frequentemente o nitrogênio e o fósforo, para 
assegurar uma quantidade suficiente de nutriente 
para o sistema biológico. Nas águas, o nitrogênio 
na forma de amônia livre é tóxica para os peixes e 
os nitritos e nitratos (nitrogênio inorgânico) são 
utilizados pelas plantas para a fotossíntese. 
Valores elevados de nitrogênio podem causar a 
proliferação exagerada de plantas e algas levando 
a eutrofização desde corpo d’água 
 
FIGURA 3.6 – Ciclo do Nitrogênio 
. 
A origem antropogênica inclui despejos 
domésticos, industriais, excrementos de animais e 
fertilizantes, enquanto a natural inclui constituinte 
de proteínas, clorofila e vários outros compostos 
biológicos. 
Nos processos bioquímicos há conversão de 
amônia a nitrito e este a nitrato, consumindo o 
oxigênio dissolvido do meio. Em um corpo d’água, 
a determinação da forma predominante do 
nitrogênio pode fornecer informações sobre o 
estagio da poluição (poluição recente está 
 
 
 
 17
associada ao nitrogênio na forma amoniacal ou 
orgânica; enquanto que na poluição mais remota 
está associada ao nitrogênio na forma de nitrato). 
 
− Ânions 
 
Cloretos 
Todas as águas naturais, em maior ou menor 
escala, contêm íons resultantes da dissolução de 
minerais. Os cloretos (Cl-) são oriundos da 
dissolução de sais. Ex: cloreto de sódio. 
A forma que eles se encontram na água é de 
sólidos dissolvidos. Sua origem natural é da 
dissolução de minerais e da intrusão salina 
enquanto que a origem antropogênica são os 
despejos domésticos e industriais e as águas 
utilizadas em irrigação. 
A sua importância reside no fato de inferir um 
sabor salgado à água. É utilizado na caracterização 
de águas brutas e a unidade é mg/L. Valores 
elevados de cloretos podem interferir na 
coagulação. A Resolução n° 357 de 17/03/2005 do 
CONAMA estabelece como limite para as classes 1 
e 2 o valor de 250 mg/L. 
Fluoretos 
O flúor é o mais eletronegativo de todos os 
elementos químicos, tão reativo que nunca é 
encontrado em sua forma elementar na natureza, 
sendo normalmente encontrado na sua forma 
combinada como fluoreto. 
Traços de fluoreto são normalmente 
encontrados em águas naturais e concentrações 
elevadas geralmente estão associadas com fontes 
subterrâneas. Em locais onde existem minerais 
ricos em flúor, tais como próximos a montanhas 
altas ou áreas com depósitos geológicos de origem 
marinha, concentrações de até 10 mg/L ou mais 
são encontradas. A maior concentração de flúor 
registrada em águas naturais é de 2.800 mg/L, no 
Quênia. 
Alguns efluentes industriais também 
descarregam fluoreto nas águas naturais. São os 
casos das indústrias de vidro e de fios condutores 
de eletricidade. 
O uso tópico de fluoreto contribui para uma 
absorção maior. O fluoreto ingerido através da 
água é quase completamente absorvido pelo corpo 
humano, enquanto que o flúor presente nos 
alimentos não é totalmente absorvido; em alguns 
casos como através de peixes e outras carnes, 
chega apenas a 25%. 
Uma vez absorvido, o fluoreto é distribuído 
rapidamente pelo corpo humano, grande parte é 
retida
nos ossos, enquanto que uma pequena 
parte é retida nos dentes. O fluoreto pode ser 
excretado pela urina e sua excreção é influenciada 
por uma série de fatores tais como o estado de 
saúde da pessoa e seu grau de exposição à esta 
substância. O fluoreto é adicionado às águas de 
abastecimento público para conferir-lhes proteção 
à cárie dentária. O fluoreto reduz a solubilidade da 
parte mineralizada do dente, tornando mais 
resistente à ação de bactérias e inibe processos 
enzimáticos que dissolvem a substância orgânica 
protéica e o material calcificante do dente. 
 
Constitui-se também em meio impróprio ao 
desenvolvimento de lactobacilus acidophilus. 
Por outro lado, acima de certas dosagens o 
fluoreto provoca a fluorose dentária, ou seja, o 
mosqueamento do esmalte dos dentes. O assunto 
até hoje ainda é polêmico entre os especialistas, 
sendo que os odontólogos sanitaristas contrários à 
fluoretação em águas de abastecimento, alertam 
para a possibilidade de ocorrência de outros 
problemas como a descalcificação de ossos de 
idosos, a chamada fluorose óssea. 
Frequentemente ocorrem novas propostas para a 
administração alternativa de fluoreto. 
Nesse sentido, a fluoretação das águas deve 
ser executada sob controle rigoroso, utilizando-se 
bons equipamentos de dosagem e implantando-se 
programas efetivos de controle de residual de 
fluoreto na rede de abastecimento de água, o que 
nem sempre tem acontecido. 
 
Sulfatos 
O Sulfato é o ânion SO4−2, um dos mais 
abundantes íons na natureza. Surge nas águas 
subterrâneas através da dissolução de solos e 
rochas, como o gesso (CaSO4) e o sulfato de 
magnésio (MgSO4) e pela oxidação de sulfatos 
(exemplo: pirita, sulfeto de ferro). O enxofre pode 
ser encontrado na natureza em quatro estados de 
oxidação que se transformam entre si: 
 
Nas águas superficiais, ocorre através das 
descargas de esgotos domésticos (por exemplo, 
através da degradação de proteínas) e efluentes 
industriais (exemplos: efluentes de indústrias de 
celulose e papel, química, farmacêutica,etc.). Em 
águas tratadas o sulfato é proveniente do emprego 
de coagulantes como o sulfato de alumínio, sulfato 
ferroso e sulfato férrico. 
Nas águas para abastecimento público, o 
sulfato deve ser controlado porque provoca efeitos 
laxativos, sendo o padrão de potabilidade fixado 
em 250 mg/L pela Portaria 518 do Ministério da 
Saúde. 
As concentrações de sulfato em águas naturais 
variam em geral na faixa de 2 a 80 mg/L, embora 
possam exceder a 1000 mg/L em áreas próximas 
a descargas industriais ou em regiões áridas onde 
sulfatos minerais, tal como o gesso, estão 
presentes. 
Nas águas para o abastecimento industrial, o 
sulfato provoca incrustações em caldeiras e 
trocadores de calor. É bastante conhecido o 
problema da ocorrência da corrosão em coletores 
de esgoto de concreto, motivada pela presença de 
sulfato. 
 
Cianeto 
Não é comum encontra-lo em águas naturais. 
O cianeto é o ânion (CN)- que aparece nas águas 
naturais devido a descargas de efluentes 
industriais, principalmente os provenientes de 
seções de galvanoplastias. Também as fecularias 
 
 
 
 18 
 
de mandioca apresentam efluentes contaminados 
com cianeto. 
O cianeto é um ânion tóxico, prejudicando o 
abastecimento público de água, bem como os 
ecossistemas naturais e os dos reatores para o 
tratamento biológico de esgotos. A dosagem 
máxima diária suportada pelo homem é de 0,05 
mg/kg e o padrão de potabilidade fixado pela 
Portaria 518 do Ministério da Saúde é de 0,07 
mg/L. 
Os peixes são sensíveis à presença de cianeto, 
sendo que alguns poucos miligramas por litro são 
suficientes para causar a morte de certas espécies 
em menos de uma hora. 
A Resolução n° 357 do CONAMA impõe limites 
para a concentração de cianeto para as diversas 
classes de águas nacionais interiores e costeiras. 
Para as águas classes 1 e 2 é estipulado um valor 
de cianeto livre igual a 0,005 mg/L. No Estado de 
Minas Gerais a Deliberação Normativa COPAM 
10/86 estabelece o limite máximo de 0,2 mg/L para 
o lançamento de efluentes diretamente no corpo 
receptor. A legislação federal (Resolução n° 357 do 
CONAMA) também impõe 0,2 mg/L como padrão 
de emissão. 
No caso das águas naturais, a concentração do 
íon cianeto é reduzida pelo ácido carbônico e 
outros ácidos transformando a forma iônica em 
ácido cianídrico, que é volátil. No entanto, o 
principal mecanismo de diminuição dos níveis de 
cianeto em águas é a oxidação, incluindo a 
oxidação bioquímica, seguida pela hidrólise: 
 
A forte radiação solar e estações úmidas 
favorecem a oxidação bioquímica, causando, por 
conseguinte a redução da concentração dessa 
espécie em águas. O cianeto, essencialmente em 
sua forma iônica, é facilmente adsorvido pelo 
material particulado suspenso e sedimento de 
fundo. 
 
Fenóis 
São definidos como os hidróxidos derivados do 
benzeno. Nas águas naturais sua presença está 
relacionada com a decomposição de folhas e 
matéria orgânica, ácidos húmicos e fúlvicos. 
Porém, está principalmente associada a processos 
de contaminação por pesticidas, hidrólise e 
oxidação de pesticidas organofosforados, 
degradação bacteriológica de herbicidas do ácido 
fenoxialquílicos, etc. 
Os fenóis são tóxicos ao homem, aos 
organismos aquáticos e aos microrganismos que 
tomam parte dos sistemas de tratamento de 
esgotos sanitários e de efluentes industriais. Em 
sistemas de lodos ativados, concentrações de 
fenóis na faixa de 50 a 200 mg/L trazem inibição, 
sendo que 40 mg/L são suficientes para a inibição 
da nitrificação. Na digestão anaeróbia, 100 a 200 
mg/L de fenóis também provocam inibição. 
Estudos recentes têm demonstrado que, sob 
processo de aclimatação, concentrações de fenol 
superiores a 1000 mg/L podem ser admitidas em 
sistemas de lodos ativados. Em pesquisas em que 
o reator biológico foi alimentado com cargas 
decrescentes de esgoto sanitário e com carga 
constante de efluente sintético em que o único tipo 
de substrato orgânico era o fenol puro, conseguiu-
se ao final a estabilidade do reator alimentado 
somente com o efluente sintético contendo 1000 
mg/L de fenol. 
No Estado de Minas Gerais o índice de fenóis 
constitui também padrão de emissão de efluentes 
diretamente no corpo receptor, sendo estipulado o 
limite de 0,2 mg/L para índice de fenóis pela 
legislação do Estado de Minas Gerais (DN 
COPAM 10/86), quanto pela Legislação Federal 
que estipula o valor de 0,5 mg/L para fenóis totais 
(Artigo 34 da Resolução n.º 357/05 do CONAMA). 
Nas águas naturais, os padrões para os 
compostos fenólicos são bastante restritivos, tanto 
na legislação federal quanto na do Estado de 
Minas Gerais. Nas águas tratadas, os fenóis 
reagem com o cloro livre formando os clorofenóis 
que produzem sabor e odor na água. Por este 
motivo, os fenóis constituem-se em padrão de 
potabilidade, sendo imposto o limite máximo 
bastante restritivo de 0,001 mg/L pela Portaria 518 
do Ministério da Saúde. 
 
Óleos e Graxas 
Óleos e graxas, de acordo com o procedimento 
analítico empregado, consiste no conjunto de 
substâncias que em determinado solvente 
consegue extrair da amostra e que não se 
volatiliza durante a evaporação do solvente a 
100oC. Estas substâncias, ditas solúveis em n-
hexano, compreendem ácidos graxos, gorduras 
animais, sabões, graxas, óleos vegetais, ceras, 
óleos minerais, etc. Este parâmetro costuma ser 
identificado também por MSH - material solúvel em 
hexano. 
Os óleos e graxas são substâncias orgânicas 
de origem mineral, vegetal ou animal. Estas 
substâncias geralmente são hidrocarbonetos, 
gorduras, ésteres, entre outros. São raramente 
encontrados em águas naturais, normalmente 
oriundos de despejos e resíduos industriais, 
esgotos domésticos, efluentes de oficinas 
mecânicas,
postos de gasolina, estradas e vias 
públicas. 
Os despejos de origem industrial são os que 
mais contribuem para o aumento de matérias 
graxas no corpos d'água. Dentre os despejos 
podemos citar os de refinarias, frigoríficos, 
saboarias, etc. A pequena solubilidade dos óleos e 
graxas constitui um fator negativo no que se refere 
à sua degradação em unidades de tratamento de 
despejos por processos biológicos e, quando 
presentes em mananciais utilizados para 
abastecimento público, causam problemas no 
tratamento d'água. A presença de material graxo 
nos corpos d'água, além de acarretar problemas 
de origem estética, diminui a área de contato entre 
a superfície da água e o ar atmosférico, impedindo, 
 
 
 
 19 
dessa maneira, a transferência do oxigênio da 
atmosfera para a água. 
Os óleos e graxas em seu processo de 
decomposição reduzem o oxigênio dissolvido 
elevando a DBO5,20 e a DQO, causando alteração 
no ecossistema aquático. Na legislação brasileira 
não existe limite estabelecido para esse 
parâmetro; a recomendação é de que os óleos e 
as graxas sejam virtualmente ausentes para as 
classes 1, 2 e 3. 
No Estado de Minas Gerais os óleos e graxas 
constituem também padrão de emissão de 
efluentes diretamente no corpo receptor, sendo 
estipulado o limite de 20 mg/L de acordo com a DN 
COPAM 10/86. A Legislação Federal também 
estipula o valor de 20 mg/L (Artigo 34 da 
Resolução n.º 357/05 do CONAMA). 
 
Surfactantes 
Analiticamente, isto é, de acordo com a 
metodologia analítica recomendada, detergentes 
ou surfactantes são definidos como compostos que 
reagem com o azul de metileno sob certas 
condições especificadas. Estes compostos são 
designados "substâncias ativas ao azul de 
metileno" (MBAS - Metilene Blue Active 
Substances) e suas concentrações são relativas 
ao sulfonato de alquil benzeno linear (LAS) que é 
utilizado como padrão na análise. 
Os esgotos sanitários possuem de 3 a 6 mg/L 
de detergentes. As indústrias de detergentes 
descarregam efluentes líquidos com cerca de 2000 
mg/L do princípio ativo. Outras indústrias, incluindo 
as que processam peças metálicas, empregam 
detergentes especiais com a função de 
desengraxante, como é o caso do percloretileno. 
As descargas indiscriminadas de detergentes 
nas águas naturais levam a prejuízos de ordem 
estética provocados pela formação de espumas. 
Um dos casos mais críticos de formação de 
espumas, ocorre no Município de Pirapora do Bom 
Jesus, no Estado de São Paulo. Localiza-se às 
margens do Rio Tietê, a jusante da Região 
Metropolitana de São Paulo, recebendo seus 
esgotos, em grande parte, sem tratamento. A 
existência de corredeiras leva ao desprendimento 
de espumas que formam continuamente camadas 
de pelo menos 50 cm sobre o leito do rio. Sob a 
ação dos ventos, a espuma se espalha sobre a 
cidade, contaminada biologicamernte e se 
impregnando na superfície do solo e dos materiais, 
tornando-os oleosos. 
Além disso, os detergentes podem exercer efeitos 
tóxicos sobre os ecossistemas aquáticos. Os 
sulfonatos de alquil benzeno de cadeia linear 
(LAS) têm substituído progressivamente os 
sulfonatos de aquil benzeno de cadeia ramificada 
(ABS), por serem considerados biodegradáveis. 
No Brasil esta substituição ocorreu a partir do 
início da década de 80 e embora tenham sido 
desenvolvidos testes padrão de 
biodegradabilidade, este efeito não é ainda 
conhecido de forma segura. Os testes de 
toxicidade têm sido melhor desenvolvidos e há 
certa tendência em passarem a ser mais utilizados 
nos programas de controle de poluição. 
Os detergentes têm sido responsabilizados 
também pela aceleração da eutrofização. Além de 
a maioria dos detergentes comerciais empregados 
ser rica em fósforo, sabe-se que exercem efeito 
tóxico sobre o zooplâncton, predador natural das 
algas. Segundo este conceito, não bastaria 
apenas a substituição dos detergentes 
superfosfatados para o controle da eutrofização. 
Existem correntes atuais de pesquisadores que 
têm preferido o controle das fontes de nitrogênio 
para barrar processos de eutrofização, 
considerando que existem poucas espécies de 
algas fixadoras do nitrogênio atmosférico.
No Estado de Minas Gerais os detergentes 
constituem também padrão de emissão de 
efluentes diretamente no corpo receptor, sendo 
estipulado o limite de 2,0 mg/L de acordo com a 
DN COPAM 10/86. 
 
− Ferro e Manganês 
 
O ferro na maioria das vezes está associado ao 
manganês, e confere a água um sabor amargo 
adstringente e coloração amarelada e turva. 
Quando na ausência de oxigênio (águas 
subterrâneas ou de lagos profundos) estes metais 
encontram-se na forma reduzida (ferroso e 
manganoso) que são solúveis. 
Quando expostos ao oxigênio ou outro oxidante 
eles se tornam insolúveis (Fe3+ e Mn4+) deixando a 
água com uma coloração amarronzada. Para água 
de consumo humano (potabilidade) a portaria 
518/2004 do Ministério da Saúde fixa o valor de 
0,3 mg/L para o ferro e 0,1 mg/L para o Mn. 
Os sais ferrosos são facilmente oxidados, 
formando os hidróxidos férricos, que tendem a 
flocular e decantar. 
A fonte natural destes metais são os sólidos em 
suspensão ou dissolvidos e a fonte antropogênica 
se deve despejos industriais. 
 
Ferro 
O ferro aparece principalmente em águas 
subterrâneas devido à dissolução do minério pelo 
gás carbônico da água, conforme a reação: 
 
Fe + CO2 + ½ O2 → FeCO3
 
O carbonato ferroso é solúvel e frequentemente 
é encontrado em águas de poços contendo 
elevados níveis de concentração de ferro. 
Nas águas superficiais, o nível de ferro 
aumenta nas estações chuvosas devido ao 
carreamento de solos e à ocorrência de processos 
de erosão das margens. Também poderá ser 
importante a contribuição devida a efluentes 
industriais, pois muitas indústrias metalúrgicas 
desenvolvem atividades de remoção da camada 
oxidada (ferrugem) das peças antes de seu uso, 
processo conhecido por decapagem, que 
normalmente é procedida através da passagem da 
peça em banho ácido. 
 
 20 
Nas águas tratadas para abastecimento público, 
o emprego de coagulantes à base de ferro provoca 
elevação em seu teor. 
Basicamente, o ferro pode se apresentar nas 
águas nos estados de oxidação Fe+2 e Fe+3. O íon 
ferroso (Fe+2) é mais solúvel do que o férrico (Fe+3). 
Portanto, os inconvenientes que o ferro traz às 
águas devem ser atribuídos principalmente ao ferro 
“ferroso”, que, por ser mais solúvel, é mais 
freqüente. Quando se pretende determinar apenas 
a fração solúvel, as amostras de água são filtradas 
antes de serem submetidas à determinação da 
concentração de ferro. Este parâmetro é 
denominado “ferro solúvel”. É também comum o 
uso da expressão “ferro coloidal”, pois as partículas 
de ferro podem apresentar tal comportamento na 
água. 
O ferro, apesar de não se constituir em um 
tóxico, traz diversos problemas para o 
abastecimento público de água. Confere cor e 
sabor à água, provocando manchas em roupas e 
utensílios sanitários. Também traz o problema do 
desenvolvimento de depósitos em canalizações e 
de ferro-bactérias, provocando a contaminação 
biológica da água na própria rede de distribuição. 
Por estes motivos, o ferro constitui-se em padrão 
de potabilidade, tendo sido estabelecida a 
concentração limite de 0,3 mg/L na Portaria 518 do 
Ministério da Saúde. No Estado de Minas Gerais, 
estabelece-se o limite de 10 mg/L para 
concentração de ferro solúvel em efluentes 
lançados diretamente em cursos d’água (DN 
COPAM 10/86). 
 
Manganês 
O comportamento do manganês nas águas é 
muito semelhante ao do ferro em seus aspectos os 
mais diversos, sendo que a sua ocorrência é mais 
rara. O manganês desenvolve coloração negra na 
água, podendo-se se apresentar nos estados de 
oxidação Mn+2 (forma mais solúvel) e Mn+4 (forma 
menos
solúvel). 
A concentração de manganês menor que 0,05 
mg/L geralmente é aceitável em mananciais, 
devido ao fato de não ocorrerem, nesta faixa de 
concentração, manifestações de manchas negras 
ou depósitos de seu óxido nos sistemas de 
abastecimento de água. 
 
Sódio 
Todas águas naturais contêm algum sódio já que 
seus sais são na forma de sais altamente solúveis 
em água, podendo ser considerado um dos 
elementos mais abundantes na Terra. 
Ele se encontra na forma iônica (Na ), e na 
matéria das plantas e animais, já que é um 
elemento essencial para os organismos vivos. 
Aumento dos níveis na superfície da água podem 
provir de esgotos, efluentes industriais e uso de 
sais em rodovias para controlar neve e gelo. A 
+
última fonte citada também contribui para 
aumentar os níveis de sódio nas águas 
subterrâneas. Nas áreas litorâneas a intrusão de 
águas marinhas pode também resultar em níveis 
mais altos. 
Concentrações de sódio na superfície natural 
das águas varia consideravelmente dependendo 
das condições geológicas do local, descargas de 
efluentes e uso sazonal de sais em rodovias . 
Valores podem estender-se de 1 mg/L ou menos 
até 10 mg/L ou mais em salmoura natural. O limite 
estabelecido pela WHO para sódio nas águas 
potáveis é 200 mg/L. 
Muitas superfícies de água, incluindo aquelas 
que recebem efluentes, tem níveis bem abaixo de 
50 mg/L. Entretanto, as concentrações das águas 
subterrâneas freqüentemente excedem 50 mg/L. 
Sódio é comumente medido onde a água é 
utilizada para beber ou para agricultura, 
particularmente na irrigação. Quando elevado o 
sódio em certos tipos de solo, sua estrutura pode 
degradar-se pelo restrito movimento da água 
afetando o crescimento das plantas. 
 
− Metais Pesados em Águas 
 
Definição 
Metais pesados são elementos químicos que 
apresentam número atômico superior a 22. 
Também podem ser definidos por sua singular 
propriedade de serem precipitados por sulfetos. 
Entretanto, a definição mais difundida é aquela 
relacionada com a saúde pública: metais pesados 
são aqueles que apresentam efeitos adversos à 
saúde humana. 
 
Fontes de metais pesados nas águas naturais 
Os metais pesados surgem nas águas naturais 
devido aos lançamentos de efluentes industriais 
tais como os gerados em indústrias extrativistas de 
metais, indústrias de tintas e pigmentos e, 
especialmente, as galvanoplastias, que se 
espalham em grande número nas periferias das 
grandes cidades. Além destas, os metais pesados 
podem ainda estar presentes em efluentes de 
indústrias químicas, como as de formulação de 
compostos orgânicos e de elementos e compostos 
inorgânicos, indústrias de couros, peles e produtos 
similares, indústrias do ferro e do aço, lavanderias 
e indústria de petróleo. 
 
Importância nos estudos de controle de 
qualidade das águas 
Os metais pesados constituem contaminantes 
químicos nas águas, pois em pequenas 
concentrações trazem efeitos adversos à saúde. 
Desta forma, podem inviabilizar os sistemas 
públicos de água, uma vez que as estações de 
tratamento convencionais não os removem 
eficientemente e os tratamentos especiais 
necessários são muito caros. Os metais pesados 
constituem-se em padrões de potabilidade 
estabelecidos pela Portaria 518 do Ministério da 
Saúde. Devido aos prejuízos que, na qualidade de 
 
tóxicos, podem causar aos ecossistemas 
aquáticos naturais ou de sistemas de tratamento 
biológico de esgotos, são também padrões de 
classificação das águas naturais e de emissão de 
efluentes, tanto na legislação federal quanto na do 
 
 21 
Estado de Minas Gerais. Nesta última, são 
definidos limites para as concentrações de metais 
pesados em efluentes lançados diretamente nos 
corpos receptores, que são mais rígidos. 
Nas águas naturais, os metais podem se 
apresentar na forma de íons hidratados de 
complexos estáveis (como os formados com ácido 
húmico e fúlvico), de partículas inorgânicas 
formando precipitados (como, por exemplo, os 
precipitados de hidróxidos e sulfetos metálicos) que 
se mantêm em suspensão, podem ser absorvidos 
em partículas em suspensão que se mantêm na 
massa líquida, ou se misturam nos sedimentos do 
fundo. Podem também ser incorporados por 
organismos vivos. Os caminhos preferenciais pelos 
quais os metais são transportados na água 
dependem de diversos fatores de naturezas físicas, 
químicas e biológicas. De uma maneira geral, as 
águas que recebem efluentes contendo metais 
pesados apresentam concentrações 
elevadas destes no sedimento de fundo. 
Quando lamas insolúveis contendo metais são 
lançadas em grandes quantidades, estes podem 
sofrer transformações químicas inclusive sob ações 
biológicas, sendo lançados lentamente na corrente 
líquida. 
Alguns metais pesados como o chumbo, por 
exemplo, podem ser absorvidos através das raízes 
das plantas e se acumularem nas folhas, sendo 
devolvidos para as águas quando estas se 
desprendem. 
Os metais pesados atingem o homem através 
da água, do ar e do sedimento, tendendo a se 
acumular na biota aquática. Alguns metais são 
acumulados ao longo da cadeia alimentar, de tal 
forma que os predadores apresentam as maiores 
concentrações. No entanto, os invertebrados são 
os organismos que apresentam concentrações 
mais elevadas. O chumbo e o cádmio solúvel se 
acumulam preferencialmente em 
macroinvertebrados, fito e zooplâncton e em 
peixes. O mercúrio solúvel se acumula mais 
intensamente em peixes. 
As características gerais dos principais metais 
pesados são apresentadas a seguir: 
 
Chumbo 
O chumbo está presente no ar, no tabaco, nas 
bebidas e nos alimentos, nestes últimos, 
naturalmente, por contaminação e na embalagem. 
Está presente na água devido às descargas de 
efluentes industriais como, por exemplo, os 
efluentes das indústrias de acumuladores 
(baterias), bem como devido ao uso indevido de 
tintas e tubulações e acessórios à base de 
chumbo. Constitui veneno cumulativo, provocando 
um envenenamento crônico denominado 
saturnismo, que consiste em efeito sobre o sistema 
 
nervoso central com conseqüências bastante 
sérias. 
Outros sintomas de uma exposição crônica ao 
chumbo, quando o efeito ocorre no sistema 
nervoso central, são: tontura, irritabilidade, dor de 
cabeça, perda de memória, entre outros. Quando o 
efeito ocorre no sistema periférico o sintoma é a 
deficiência dos músculos extensores. A toxicidade 
do chumbo, quando aguda, é caracterizada pela 
sede intensa, sabor metálico, inflamação 
gastrointestinal, vômitos e diarréias. O chumbo é 
padrão de potabilidade, sendo fixado o valor 
máximo permissível de 0,01 mg/L pela Portaria 
518 do Ministério da Saúde. É também padrão de 
emissão de efluentes lançados diretamente nos 
cursos d’água. No Estado de Minas Gerais, a DN 
COPAM 10/86 estabelece o limite de 0,1 mg/L 
para concentração de chumbo, enquanto que a 
legislação federal em efluentes lançados 
diretamente em cursos d’água (DN COPAM 10/86) 
estipula um valor de 0,5 mg/L.. 
Aos peixes, as doses fatais, no geral, variam de 
0,1 a 0,4 mg/L, embora, em condições 
experimentais, alguns resistam até 10 mg/L. 
Outros organismos (moluscos, crustáceos, 
mosquitos quironomídeos e simulídeos, vermes 
oligoquetos, sanguessugas e insetos tricópteros) 
desaparecem após a morte dos peixes, em 
concentrações superiores a 0,3 mg/L. A ação 
sobre os peixes é semelhante à do níquel e do 
zinco. 
 
Bário 
O bário pode ocorrer naturalmente na água, na 
forma de carbonatos em algumas fontes minerais. 
Decorre principalmente das atividades industriais e da 
extração da bauxita. Não possui efeito cumulativo, 
sendo que a dose fatal para o homem é considerada 
de 550 a 600 mg. Provoca efeitos no coração, 
constrição dos vasos sanguíneos elevando a pressão 
arterial e efeitos sobre o sistema nervoso.
O padrão 
de potabilidade é 0,7 mg/L (Portaria 518). 
Os sais de bário são utilizados industrialmente na 
elaboração de cores, fogos de artifício, fabricação de 
vidro, inseticidas, etc.. Em geral, ocorre nas águas 
naturais em concentrações muito baixas, de 0,7 a 900 
µg/L. 
 
Cádmio 
O cádmio se apresenta nas águas naturais devido 
às descargas de efluentes industriais, principalmente 
as galvanoplastias, produção de pigmentos, soldas, 
equipamentos eletrônicos, lubrificantes e acessórios 
fotográficos. É também usado como inseticida. A 
queima de combustíveis fósseis consiste também 
numa fonte de cádmio para o ambiente. 
Apresenta efeito agudo, sendo que uma única 
dose de 9,0 gramas pode levar à morte e efeito 
crônico, pois concentra-se nos rins, no fígado, no 
pâncreas e na tireóide. O cádmio não apresenta 
nenhuma qualidade, pelo menos conhecida até o 
presente, que o torne benéfico ou essencial para os 
seres vivos. Estudos feitos com animais demonstram 
a possibilidade de causar anemia, retardamento de 
crescimento e morte. 
O padrão de potabilidade é fixado pela Portaria 
518 em 0,005 mg/L. O cádmio ocorre na forma 
inorgânica, pois seus compostos orgânicos são 
instáveis; além dos malefícios já mencionados, é 
um irritante gastrointestinal, causando intoxicação 
aguda ou crônica sob a forma de sais solúveis. A 
 
 22 
literatura, no entanto, registra o caso de quatro 
pessoas que, por longo tempo, ingeriram água com 
teor de 0,047 mg/L de cádmio, nada apresentando 
de sintomas adversos. No Japão, um aumento de 
concentração de cádmio de 0,005 mg/L a 0,18 
mg/L, provocado por uma mina de zinco, causou a 
doença conhecida como “Doença de Itai –Itai”. A 
ação do cádmio sobre a fisiologia dos peixes é 
semelhante às do níquel, zinco e chumbo. 
Está presente em águas doces em 
concentrações traços, geralmente inferiores a 1 
µg/L. É um metal de elevado potencial tóxico, que 
se acumula em organismos aquáticos, 
possibilitando sua entrada na cadeia alimentar. O 
cádmio pode ser fator para vários processos 
patológicos no homem, incluindo disfunção renal, 
hipertensão, arteriosclerose, inibição no 
crescimento, doenças crônicas em idosos e câncer. 
 
Arsênio 
O arsênio (As) é um semimetal, muito 
quebradiço, cristalino, e sob aquecimento oxida-se 
rapidamente para óxido arsenioso, incolor e 
inodoro. Pode apresentar-se em duas formas 
alotrópicas: o cinza metálico e o amarelo, e, 
ocasionalmente, ser encontrado na forma livre, 
porém o mais comum é na forma de minerais. O 
mineral mais comum rico em arsênio é a 
arsenopirita (FeAsS). 
 
 
O arsênio ocorre naturalmente na crosta 
terrestre, podendo ser encontrado em ampla faixa 
de concentração no solo, sedimento, água, ar e 
organismos vivos. Mas uma quantidade 
considerável de arsênio é adicionada ao ambiente 
humano através do uso de inseticidas, preservativo 
de madeira, veneno para formiga, pigmento de 
tinta, papel de parede, papel pega mosca, banho 
para peles, aditivos de vidro e em atividades 
relacionadas com a mineração. No corpo humano 
arsênio é encontrado em níveis que variam em 
torno de 0,0005 a 0,032 mg/g (sangue), na urina os 
níveis considerados normais são em torno de 0,01 
mg/g e no cabelo os níveis normais são abaixo de 
1 mg/g. Em moluscos, até 100 mg/Kg, sendo que a 
ingestão de 130 mg é fatal. Também é encontrado 
em verduras e frutas. 
Em águas naturais, o arsênio está presente 
principalmente na forma de compostos inorgânicos, 
onde possui as valências 3+ e 5+. A toxicidade das 
diversas espécies de arsênio decresce na seguinte 
ordem: compostos de As3+ inorgânico > 
 
compostos de As5+ inorgânico> compostos de 
As3+ orgânico> compostos de As5+ orgânico. Em 
termos de intensidade, o As3+ inorgânico é 60 
vezes mais tóxico que o As5+ inorgânico. 
Nos últimos anos tem se tornado crescente o 
interesse na determinação da concentração de 
cada espécie química de As presente no ambiente, 
principalmente devido a toxicidade diferenciada. É 
sabido que os compostos inorgânicos de As são 
cerca de 100 vezes mais tóxicos do que as formas 
metiladas (MMA e DMA). O arsenito é cerca de 60 
vezes mais tóxico do que o arsenato, entretanto, 
ambas as formas têm comprovadamente efeitos 
carcinogênicos. Em ambientes aquáticos naturais, 
o arsênio pode ser encontrado freqüentemente nos 
estados de oxidação +3 e +5, formando as 
espécies inorgânicas arsenato [AsO43-] e arsenito 
[AsO33-] e orgânicas ácido dimetilarsínico (DMA) 
[(CH3)2AsO(OH)] e ácido monometilarsônico 
(MMA) [CH3AsO(OH)2]. 
Águas subterrâneas contêm 
predominantemente arsênio nas formas arsenito e 
arsenato, ao passo que em águas de superfície, as 
espécies arsenito e arsenato ocorrem 
concomitantemente com as espécies orgânicas 
MMA e DMA. Ademais, quantidades consideráveis 
de As e diversos outros elementos podem ser 
liberadas ao meio ambiente com o uso de 
combustíveis fósseis (carvão, xisto e petróleo). 
Encontra-se o As em quantidades variáveis na 
água, solo e vegetais. Pode ser concentrado por 
organismos marinhos e depositado em volumes 
apreciáveis em rochas sedimentares ou ainda 
liberado como gás volátil (AsH3 – arsina) sob a 
influência de fungos arsenófilos ou agentes 
redutores presentes em águas que contenham o 
As. 
Os principais modos de intoxicação por arsênio 
ocorrem via consumo de águas poluídas e por 
ingestão de solos contaminados. A intoxicação por 
arsênio pode resultar em efeitos tóxicos, agudos 
ou crônicos, relativos a exposições curtas ou 
longas, respectivamente, ocasionando diferentes 
patologias. 
Os efeitos carcinogênicos da intoxicação por As 
estão associados à exposição crônica por vários 
anos. Os tipos de câncer associados à exposição 
crônica são o câncer de pele, pulmão (inalação), 
próstata, bexiga, rim e fígado. 
A intoxicação aguda e crônica por As provoca 
diversas outras patologias não cancerígenas à 
saúde humana: cutâneas (hiperpigmentação, 
hiperqueratose); gastrintestinais (diarréia, 
hemorragias gastrintestinais); cardiovasculares 
(arritmias cardíacas, hipotensão e falha congestiva 
no coração, problemas no sistema circulatório 
vascular levando à gangrena); hematológicos 
(anemia), pulmonares (fibrose); neurológicos 
(dores de cabeça, confusão mental, coma); 
endocrinológicos (problemas no metabolismo de 
carboidratos e respiração celular); reprodutivos e 
de desenvolvimento como abortos espontâneos e 
fetos com baixo peso. 
Em 1984 a Organização Mundial de Saúde 
(WHO) sugeriu que as águas potáveis deveriam ter 
no máximo 50 µg/L de As. Com base em novas 
evidências toxicológicas, a WHO rebaixou em 1993 
a concentração máxima de As em água para 10 
 
 
 23
µg/L. Atualmente no Brasil o limite máximo 
permitido é de 10 µg/L. 
 
Selênio 
Este não-metal se apresenta nas águas devido 
às descargas de efluentes industriais. É tóxico 
tanto para o homem quanto para os animais. 
Provoca a chamada “doença alcalina” no gado, 
cujos efeitos são permanentes. Aumenta e 
incidência de cáries dentárias e suspeita-se que 
seja potencialmente carcinogênico, de acordo com 
os resultados de ensaios feitos com cobaias. O 
padrão de potabilidade é 0,01 mg/L (Portaria 518). 
 
Cromo 
O cromo é largamente empregado nas 
indústrias, especialmente em galvanoplastias, 
onde a cromeação é um dos revestimentos de 
peças mais comuns. Pode ocorrer como 
contaminante de águas sujeitas a lançamentos de 
efluentes de curtumes e de circulação de águas de 
refrigeração, onde é utilizado para o controle da 
corrosão. A forma hexavalente é mais tóxica do 
que a trivalente. Produz efeitos corrosivos no 
aparelho digestivo e nefrite. O padrão de 
potabilidade fixado pela Portaria 518 é 0,05 mg/L. 
 
Mercúrio 
O mercúrio encontra-se amplamente distribuído 
no meio ambiente; biologicamente é um elemento
não essencial ou não benéfico. Quantidades 
mensuráveis deste metal têm sido encontradas em 
todos os lugares: no ar, água, solo, rochas, 
sedimentos, plantas, animais e homem. Parte é 
oriundo de fontes naturais e parte de poluição 
industrial ou a partir da agricultura. A principal fonte 
natural de mercúrio é a própria massa terrestre e 
seu processo geotérmico. O mercúrio tende a 
vaporizar-se, por isso é encontrado no ar sobre 
depósito de minério, em níveis elevados (0,2 - 20 
µg Hg/m3 ), é encontrado também, mas em 
pequenas quantidades (0,003 - 0,009 µg /Hg/m3), 
sobre áreas de terra não mineralizada e em 
quantidades insignificantes sobre os oceanos 
(0,001µg Hg/m3). 
O mercúrio é largamente utilizado no Brasil nos 
garimpos, no processo de extração do ouro 
(amálgama). O problema é em primeira instância 
ocupacional, pois o próprio garimpeiro inala o 
vapor de mercúrio, mas, posteriormente, torna-se 
um problema ambiental, pois normalmente 
nenhuma precaução é tomada e o material acaba 
por ser descarregado nas águas. Casos de 
contaminação já foram identificados na região do 
Pantanal, no norte brasileiro e em outras. O 
mercúrio é também usado em células eletrolíticas 
para a produção de cloro e soda e em certos 
praguicidas ditos mercuriais. 
Pode ainda ser usado em indústrias de 
produtos medicinais, desinfetantes e pigmentos. 
A contaminação por mercúrio é considerada um 
dos piores riscos entre os impactos 
antropogênicos sobre o meio ambiente. O 
mercúrio é um dos poucos metais que já causou 
mortes por ingestão de alimentos contaminados. 
A principal forma de acesso ao homem do 
MeHg, seja qual for a sua utilização ou forma de 
liberação no ambiente é, quase exclusivamente, 
através de organismos aquáticos, principalmente 
os peixes, o que é o caso também na região da 
Amazônia. 
O mercúrio é ligado a um radical metila através 
do metabolismo de bactérias e a forma metilada 
acumula-se ao longo da cadeia alimentar. Os 
organismos de cada área devem representar os 
níveis de mercúrio característicos do seu 
ecossistema. Estes, por sua vez, devem variar de 
acordo com sua posição e nível na cadeia 
alimentar, o que significa diferentes taxas de 
ingestão. 
A concentração em invertebrados aquáticos 
tem representividade limitada como indicador 
biológico devido a fatores como a alta variabilidade 
apresentada por este grupo com relação a hábitos 
alimentares de herbivoria ou carnivoria. 
 
 
FIGURA 3.7 – Ciclo do Mercúrio 
 
− Formas físico-químicas e suas 
transformações 
 
O mercúrio é um metal de cor prateada, 
extremamente pesado, líquido à temperatura 
ambiente e sem odor. Tem a propriedade de 
formar amálgamas (ligas) com diversos metais, 
como o ouro e a prata. O mercúrio emite vapores 
perceptíveis mesmo a frio. Começa a evaporar em 
temperatura em torno de 40º C e o seu vapor não 
tem cor e nem cheiro. 
Possui duas características principais, que 
fazem dele um dos contaminantes ambientais mais 
importantes: 
− Volatilidade; 
− biotransformação (propriedade de 
se acumular na cadeia alimentar). 
O mercúrio se apresenta sob vários estados de 
oxidação com números de valência 0, 1+, 2+, 
sendo que no meio ambiente podemos destacar as 
três formas químicas mais importantes, que são: 
 
Mercúrio elementar 
A forma metálica sem carga (Hgº) é a 
dominante na atmosfera (> 80%), onde pode ter 
um tempo de residência de pelo menos alguns 
meses ou até de um a dois anos, tendendo a estar 
 
 
 24 
uniformemente distribuída na troposfera. O Hgº é 
oxidado na atmosfera a formas solúveis que 
tendem a se depositar. Estes processos parecem 
ser substancialmente aumentados em situações de 
elevada umidade. 
 
Mercúrio inorgânico divalente (Hg ) 2+
A forma divalente (Hg ) possui extrema 
afinidade por ligantes inorgânicos e orgânicos em 
organismos, especialmente os radicais sulfidrila de 
enzimas, inativando-as. A forte ligação do mercúrio 
com grupos SH- de proteínas reduz sua velocidade 
de excreção. O balanço líquido entre taxas de 
incorporação elevadas e taxas de excreção muito 
baixas leva à acumulação progressiva do mercúrio 
no organismo. 
2+
Quando dissolvido apresenta-se em ambientes 
aquáticos, mais comumente nas formas de cloreto, 
hidróxidos, ou preferencialmente complexado a 
ácidos úmicos e fúlvicos. 
 
Metil mercúrio ( CH Hg ) 3 +
O metil-mercúrio (CH3Hg ou MeHg ) é solúvel 
em água onde pode se apresentar na forma de um 
complexo aquoso CH -Hg-OH2+ , sendo a 
formação de complexos com Cl-, Br- e OH- muito 
rápida e controlada por processos de simples 
difusão. O metil-mercúrio é bastante estável em 
ambientes aquáticos, tem grande afinidade tanto 
por lipídios como por grupos sulfidrila com os quais 
forma fortes ligações covalentes, sendo 
rapidamente eliminado de organismos biológicos. 
+ +
3
Pode ser formado a partir de Hg2+ por 
inúmeros processos biologicamente mediados, 
mas também abióticos, sendo que os primeiros 
têm maior importância, de uma forma global. 
É altamente resistente a degradação ambiental, 
sendo muito vagarosamente degradada por 
organismos vivos. 
A forma orgânica di-metilada (( CH ) Hg ou 
Me Hg) (volátil em águas alcalinas) tem baixa 
estabilidade em águas ácidas, tendendo a se 
quebrar formando MeHg. 
3 2
2
 A taxa de formação de metil-mercúrio em 
ambientes aquáticos é, pois, de fundamental 
importância na determinação da quantidade de Hg 
que pode ser acumulado por organismos 
aquáticos. 
 
− Danos causados pelo mercúrio 
É altamente tóxico ao homem, sendo que doses 
de 3 a 30 gramas são fatais. Apresenta efeito 
cumulativo e provoca lesões cerebrais. É bastante 
conhecido o episódio de Minamata no Japão 
(1953), onde, apareceu uma estranha epidemia 
entre os pescadores que viviam ao longo da Baía 
de Minamata no Japão. A doença teve como 
origem a ingestão de mercúrio orgânico acumulado 
no pescado e marisco. A fonte de contaminação do 
metil-mercúrio foram os efluentes de uma indústria 
química, que lançavam seus efluentes na Baía de 
Minamata. Neste caso provocando graves lesões 
neurológicas e mortes. 
 
 
 
Até abril de 1992, um total de 2940 vítimas 
haviam sido reconhecidas e indenizadas pela 
indústria, na baía de Minamata, com quase 1200 
mortes. O número de vítimas levemente afetadas 
pode chegar a 10000. (Indústria de acetaldeídos). 
 
− Os efeitos tóxicos do mercúrio vão 
depender de sua forma química. 
 
Assim, o mercúrio metálico é absorvido 
principalmente pelos pulmões e pela pele. Se 
distribui pelo sangue e se acumula no cérebro e 
nos rins. Atravessa facilmente a barreira 
hematoencefálica e a placentária. 
O mercúrio inorgânico é absorvido pela via 
digestiva e por inalação. No sangue, se liga a 
proteínas e é transportado até os rins. Se deposita 
principalmente nos rins, fígado e trato intestinal e 
não atravessa a barreira encefálica. 
Já o mercúrio orgânico pode ser absorvido pela 
via respiratória, cutânea e digestiva. Se acumula 
nos tecidos mais gordurosos, como o cérebro, 
fígado e hemácias. Atravessa a barreira 
hematoencefálica e a placenta. 
O metilmercúrio em gestantes passa para o 
feto, cujo sistema nervoso em desenvolvimento é 
mais sensível, produzindo efeitos mais graves do 
que em adultos. 
A intoxicação provocada pelo mercúrio pode 
ser aguda ou crônica. 
Na intoxicação aguda, pode ocorrer bronquite, 
insuficiência respiratória, tremor e excitabilidade. 
 A intoxicação crônica provoca sintomas 
inespecíficos como fadiga, fraqueza, perda de 
memória, insônia, irritabilidade, tremor das mãos, 
perda da coordenação, modificações da 
personalidade e do comportamento, timidez 
excessiva, alucinações, delírio, mau caráter, 
lesões no cérebro do feto, etc. 
O padrão de potabilidade fixado pela
Portaria 
518 do Ministério da Saúde é de 0,001 mg/L. Os 
efeitos sobre os ecossistemas aquáticos são 
igualmente sérios, de forma que os padrões de 
 
 
 
 
 25 
classificação das águas naturais são também 
bastante restritivos com relação a este parâmetro. 
 
Níquel 
O níquel é também utilizado em galvanoplastias. 
Estudos recentes demonstram que é 
carcinogênico. Não existem muitas referências 
bibliográficas quanto à toxicidade do níquel; 
todavia, assim como para outros íons metálicos, é 
possível mencionar que, em soluções diluídas, 
estes elementos podem precipitar a secreção da 
mucosa produzida pelas brânquias dos peixes. 
Assim, o espaço inter-lamelar é obstruído e o 
movimento normal dos filamentos branquias é 
bloqueado. O peixe, impedido de realizar as trocas 
gasosas entre a água e os tecidos branquias, 
morre por asfixia. Por outro lado, o níquel 
complexado (niquelcianeto) é tóxico quando em 
baixos valores de pH. Concentrações de 1,0 mg/L 
desse complexo são tóxicas aos organismos de 
água doce. 
 
Zinco 
O zinco é também bastante utilizado em 
galvanoplastias na forma metálica e de sais tais 
como cloreto, sulfato, cianeto, etc. A presença de 
zinco é comum nas águas naturais, excedendo em 
um levantamento efetuado nos EUA a 20 mg/L em 
95 dos 135 mananciais pesquisados. O zinco é um 
elemento essencial para o crescimento, porém, em 
concentrações acima de 5,0 mg/L, confere sabor à 
água e uma certa opalescência à águas alcalinas. 
Os efeitos tóxicos do zinco sobre os peixes são 
muito conhecidos, assim como sobre as algas. A 
ação desse íon metálico sobre o sistema 
respiratório dos peixes é semelhante à do níquel, 
anteriormente citada. As experiências com outros 
organismos aquáticos são escassas. Entretanto, é 
preciso ressaltar que o zinco em quantidades 
adequadas é um elemento essencial e benéfico 
para o metabolismo humano, sendo que a atividade 
da insulina e diversos compostos enzimáticos 
dependem da sua presença. A deficiência do zinco 
nos animais pode conduzir ao atraso no 
crescimento. Nos EUA, populações consumindo 
águas com 11 a 27 mg/L não tiveram constatada 
qualquer anormalidade prejudicial à saúde. Os 
padrões para águas reservadas ao abastecimento 
público indicam 5,0 mg/L como o valor máximo 
permissível. 
 
Alumínio 
O alumínio é abundante nas rochas e minerais, 
sendo considerado elemento de constituição. Nas 
águas naturais doces e marinhas, entretanto, não 
se encontra concentrações elevadas de alumínio, 
sendo esse fato decorrente da sua baixa 
solubilidade, precipitando-se ou sendo absorvido 
como hidróxido ou carbonato. Nas águas de 
abastecimento e residuárias, aparece como 
resultado do processo de coagulação em que se 
 
emprega sulfato de alumínio. Aparece nas frutas e 
em outros vegetais em concentrações superiores a 
3,7 mg/kg e em alguns cereais em quantidades 
maiores que 15 mg/kg. O total de alumínio na dieta 
normal é estimado de 10 a 100 mg/dia. Pequenas 
quantidades de alumínio do total ingerido são 
absorvidas pelo aparelho digestivo e quase todo o 
excesso é evacuado nas fezes. O total de alumínio 
presente no organismo adulto é da ordem de 50 a 
150 mg. Não é considerado tóxico ou prejudicial à 
saúde, tanto que não está incluído em nenhum 
padrão de qualidade de águas para abastecimento 
público. Apesar disso, existem estudos que o 
associam à ocorrência do mal de Alzheimer. 
Os padrões para águas reservadas ao 
abastecimento público indicam 0,2 mg/L como o 
valor máximo permissível. (Portaria 518/04). 
 
Estanho 
O estanho (Sn) é um dos metais usuais, de cor 
branca, relativamente leve e muito maleável. O 
estanho é inalterável ao ar e encontrado na 
natureza, sobretudo sob a forma de óxidos. Este 
metal apresenta baixa solubilidade em águas, 
mesmo com aquecimento. Em soluções 
concentradas de hidróxidos alcalinos, reage 
desprendendo hidrogênio. Praticamente não existe 
bibliografia sobre a sua toxicidade aos organismos 
aquáticos, bem como quanto aos seus possíveis 
efeitos à saúde humana. 
 
Prata 
A prata ocorre em águas naturais em 
concentrações baixas, da ordem de 0 a 2,0 μg/L, 
pois muitos de seus sais são pouco solúveis; a 
não ser no caso de seu emprego como substância 
bactericida ou bacteriostática, ou ainda em 
processos industriais, esse elemento não é muito 
abundante nas águas. A prata tem ação 
oligodinâmica, assim como o cobre. Esse 
elemento é cumulativo, não sendo praticamente 
eliminado do organismo. A dose letal para o 
homem é de 10 g como nitrato de prata. A ação da 
prata sobre a fauna ictiológica é semelhante às do 
zinco, níquel, chumbo e cádmio. 
 
Cobre 
O cobre ocorre geralmente nas águas, 
naturalmente, em concentrações inferiores a 20 
μg/L. Quando em concentrações elevadas, é 
prejudicial à saúde e confere sabor às águas. 
Segundo pesquisas efetuadas, é necessária uma 
concentração de 20 mg/L de cobre ou um teor 
total de 100 mg/L por dia na água para produzirem 
intoxicações humanas com lesões no fígado. No 
entanto, concentrações de 5 mg/L tornam a água 
absolutamente impalatável, devido ao gosto 
produzido. Interessante é notar, todavia, que o 
trigo contém concentrações variáveis de 190 a 800 
mg/kg de cobre, a aveia 40 a 200 mg/kg, a lentilha 
110 a 150 mg/kg e a ervilha de 13 a 110 mg/kg. As 
ostras podem conter até 2000 mg/kg de cobre. O 
cobre em pequenas quantidades é até benéfico ao 
organismo humano, catalisando a assimilação do 
ferro e seu aproveitamento na síntese da 
hemoglobina do sangue, facilitando a cura de 
anemias. Para os peixes, muito mais que para o 
 
 26 
homem, as doses elevadas de cobre são 
extremamente nocivas. 
Assim, trutas, carpas, bagres, peixes vermelhos 
de aquários ornamentais e outros, morrem em 
dosagens de 0,5 mg/L. Os peixes morrem pela 
coagulação do muco das brânquias e consequente 
asfixia (ação oligodinâmica). Os microrganismos 
perecem em concentrações superiores a 1,0 mg/L. 
O cobre aplicado em sua forma de sulfato de 
cobre, CuSO4.5H2O, em dosagens de 0,5 mg/L é 
um poderoso algicida. O Water Quality Criteria 
indica a concentração de 1,0 mg/L de cobre como 
máxima permissível para águas reservadas para o 
abastecimento público 
Os padrões para águas reservadas ao 
abastecimento público indicam 2,0 mg/L como o 
valor máximo permissível (Portaria 518). 
 
 
− Indicadores Biológicos 
Coliformes 
O rio é habitado, normalmente, por muitos tipos 
de bactérias, assim como por várias espécies de 
algas e de peixes. Essas bactérias são 
importantíssimas porque, alimentando-se de 
matérias orgânicas, são elas que consomem toda 
a carga poluidora que lhe é lançada, sendo assim 
as principais responsáveis pela auto-depuração, ou 
seja, limpeza do rio. 
Porém, quando o rio recebe esgotos, ele passa 
a conter outros tipos de bactérias que não são da 
água e que podem ou não causar doenças às 
pessoas que beberem dessa água. 
A detecção dos agentes patogênicos, 
principalmente bactérias, protozoários e vírus, em 
uma amostra d’água é extremamente difícil, em 
razão de suas baixas concentrações. 
Este obstáculo é superado através do estudo 
dos organismos indicadores de contaminação 
fecal. Estes organismos não são patogênicos, mas 
suas presenças são indicadores da potencialidade 
da água transmitir doenças. 
Os organismos mais comumente utilizados para 
esta finalidade são as bactérias do grupo 
coliforme. As razões para a escolha delas são: o 
grande número contida nas fezes humanas (1/3 a 
1/5 do peso das fezes); elas aparecem em grande 
numero apenas nas fezes humanas e nas de 
animais de sangue quente e apresentam 
resistência similar a maioria das bactérias 
patogênicas intestinais. 
Bactérias coliformes não causam doenças. 
Elas, ao contrário, vivem no interior do intestino de 
todos
nós, auxiliando a nossa digestão. É claro 
que nossas fezes contém um número astronômico 
dessas bactérias: cerca de 200 bilhões de 
coliformes são eliminados por cada um de nós, 
todos os dias. Isso tem uma grande importância 
para a avaliação da qualidade da água dos rios: 
suas águas recebem esgotos, fatalmente 
receberão coliformes. 
A presença das bactérias coliformes na água de 
um rio significa, pois, que esse rio recebeu 
matérias fecais, ou esgotos. Por outro lado, são as 
fezes das pessoas doentes que transportam, para 
as águas ou para o solo, os micróbios causadores 
de doenças. Assim, se a água recebe fezes, ela 
pode muito bem estar recebendo micróbios 
patogênicos. Por isso, a presença de coliformes na 
água indica a presença de fezes e, portanto, a 
possível presença de seres patogênicos. 
Esse parâmetro permite identificar o efeito 
nocivo da poluição sem a necessidade do estudo 
analítico de identificação dos patógenos, o que 
seria muito mais custoso. Além disso, é mais 
seguro, uma vez que a simples verificação de 
ausência dos patógenos em uma pequena amostra 
não permitiria inferir a sua ausência na água a ser 
consumida, ao passo que a ausência de coliformes 
permite, sem dúvida, concluir a ausência de 
matéria fecal. 
Como o grupo dos coliformes totais inclui 
gêneros que não são de origem exclusivamente 
fecal, isto limita a aplicação como indicador 
específico de contaminação fecal. Partiu-se então 
para a determinação de um sub-grupo de 
coliformes chamados de termotolerantes pela sua 
capacidade de fermentar a lactose a 44,5°c. 
Embora tenha sido um avanço, dentro deste 
grupo há outros coliformes, alem da Escherichia 
coli, que não são de origem fecal (como 
Klebsiella). Em razão disso a tendência é a 
detecção especifica de Escherichia coli por ser de 
origem exclusivamente fecal. 
 
Escherichia coli 
 
De acordo com SPERLING, 1996 a relação 
entre coliformes fecais e streptococos fecais 
(CF/EF) é um bom indicador sobre a origem da 
contaminação. Quanto maior o valor da razão 
CF/EF, considera-se que seja maior a contribuição 
de origem humana. 
A razão entre as concentrações de Coliformes 
fecais e Estreptococos fecais permite fazer 
inferências sobre a origem das eventuais 
contaminações fecais, utilizando o critério 
empírico a seguir: 
 
Comunidade planctônica 
A origem humana de uma contaminação orgânica pode ser 
inferida de uma relação empírica entre os índices de coliformes 
e estreptococos fecais (SPERLING, M.V., 1998): 
Se CF/EF > 4 – a contaminação é predominantemente 
humana; 
Se CF/EF < 1 – a contaminação predominante é devida a 
outros animais de sangue quente; 
Se a CF/EF está compreendida entre 1 e 4, a interpretação 
é duvidosa. 
 
 
 27
O conjunto de alterações que ocorrem num 
reservatório, ao longo de uma escala temporal 
variada, desencadeia diferentes respostas por 
parte da comunidade planctônica, que podem ser 
utilizadas como parâmetros em estudos 
limnológicos. A utilização da comunidade 
fitoplanctônica como bioindicadora de um 
ecossistema aquático se fundamenta na avaliação 
da base de uma cadeia alimentar, na qual os 
efeitos oriundos das alterações ambientais serão 
refletidos em todos os seus componentes e, 
conseqüentemente, no bioma como um todo. 
Mudanças na dinâmica da comunidade 
fitoplanctônica são reflexos das alterações físicas, 
químicas e/ou biológicas que ocorrem num corpo 
d’água. 
amostras de água coletadas, pode-se considerar 
que os respectivos corpos de água que estão 
sendo avaliados não apresentam condições 
adequadas para a manutenção da vida aquática. 
 
3.1.5. POLUIÇÃO HÍDRICA 
A poluição da água resulta da introdução de 
resíduos na mesma, na forma de matéria ou 
energia, de modo a torná-la prejudicial ao homem 
e a outras formas de vida, ou imprópria para um 
determinado uso estabelecido para ela. 
Quando a poluição da água resulta em 
prejuízos à saúde do homem diz-se que a mesma 
está contaminada. Assim, contaminação é um 
caso particular de poluição. Uma água está 
contaminada quando contém microrganismos 
patogênicos ou substâncias químicas ou 
radioativas, causadores de doenças e/ou morte ao 
homem. 
 
− Parâmetros Ecotoxicológicos 
 
Ensaios de Toxicidade Crônica Os poluentes podem alcançar as águas 
superficiais ou subterrâneas através do 
lançamento direto, precipitação, escoamento pela 
superfície do solo ou infiltração. 
Com ampla utilização nos países 
desenvolvidos, e em uso em alguns estados do 
Brasil, os testes de toxicidade complementam a 
metodologia tradicionalmente adotada através de 
padrões de emissão e de qualidade para controle 
de poluição das águas. Servem de instrumento à 
melhor compreensão e fornecimento de respostas 
às ações que vêm sendo empreendidas no sentido 
de se reduzir a toxicidade do despejo líquido, de 
seu efeito sobre o corpo receptor, e, em última 
instância, promover a melhoria da qualidade 
ambiental. 
A poluição pode ocorrer de diversas formas, a 
saber: 
) Poluição térmica - decorre do lançamento, 
nos rios, da água aquecida usada no processo 
de refrigeração de refinarias, siderúrgicas e 
usinas termoelétricas. 
) Poluição química - é um tipo de poluição 
de águas que atinge rios e oceanos. Dois tipos de 
poluentes caracterizam a poluição química: 
Os ensaios de toxicidade consistem na 
determinação do potencial tóxico de um agente 
químico ou de uma mistura complexa, sendo os 
efeitos desses poluentes detectados através da 
resposta de organismos vivos. 
a) Biodegradáveis - São produtos químicos 
que ao final de um tempo, são decompostos pela 
ação de bactérias. São exemplos de poluentes 
biodegradáveis o detergente, inseticidas, 
fertilizantes, petróleo, etc. 
No ensaio de toxicidade crônica o organismo 
aquático utilizado é o microcrustáceo Ceriodaphnia 
dubia. São utilizadas as denominações Agudo, 
Crônico e Não Tóxico, para eventuais descrições 
dos efeitos deletérios
 
sobre os organismos 
aquáticos. O efeito agudo é caracterizado por uma 
resposta severa e rápida a um estímulo, a qual se 
manifesta nos organismos aquáticos em tempos 
relativamente curtos (0 a 96 horas), sendo o efeito 
morte o mais observado. O efeito crônico 
caracteriza-se pela resposta a um estímulo que 
continua por longos períodos de exposição do 
organismo ao poluente (1/10 do ciclo vital até a 
totalidade da vida do organismo), que pode ser 
expressa através de mudanças comportamentais, 
alterações fisiológicas, genéticas e de reprodução, 
etc. 
b) Persistentes - São produtos químicos que 
se mantém por longo tempo no meio ambiente e 
nos organismos vivos. Estes poluentes podem 
causar graves problemas como a contaminação de 
alimentos, peixes e crustáceos. São exemplos de 
poluentes persistentes o DDT, o mercúrio, etc. 
 Geralmente o mercúrio é utilizado na 
mineração para separar o ouro nos rios. Se um 
peixe contaminado por mercúrio for ingerido por 
pessoas, este peixe contaminado pode levar estas 
pessoas até a morte se não tomarem providências 
imediatas. 
 
 
) Poluição física (por lançamento, por 
exemplo, de material em suspensão); 
Garimpo de ouro 
) Poluição biológica - A água pode ser 
infectada por organismos patogênicos, existentes 
nos esgotos. Assim, ela pode conter: Ceriodaphnia dubia. − Bactérias - Provocam infecções 
intestinais epidérmicas e endêmicas (febre 
tifóide, cólera, shigelose, salmonelose, 
leptospirose etc.). 
Quando da ocorrência de eventos 
caracterizando efeito agudo ou crônico nas 
 
 
 
 28 
− Vírus - provocam hepatites, infecções nos 
olhos etc. 
− Protozoários - Responsáveis pelas 
amebíases e giardíases, etc. 
− Vermes - Esquistossomose e outras 
infestações. 
 
− Fontes de Poluição das Águas 
 
Os poluentes
podem alcançar as águas 
superficiais ou subterrâneas através do lançamento 
direto, precipitação, escoamento pela superfície do 
solo ou infiltração. 
As fontes de poluição da água podem ser: 
) Fontes pontuais (localizadas): 
compreendem a descarga de efluentes a partir de 
indústrias e estações de tratamento de esgoto, 
dentre outras. Estas fontes são de identificação 
bastante fácil e, portanto, podem ser facilmente 
monitoradas e regulamentadas. É relativamente 
fácil se determinar a composição destes resíduos, 
 
 
 
assim como definir seu impacto ambiental. Além 
disso, é possível responsabilizar o agente 
poluidor, caso haja necessidade. Como exemplos 
de fontes 
localizadas têm-se: as tubulações emissárias de 
esgotos domésticos ou industriais e as galerias de 
águas pluviais. 
) Fontes difusas (não localizadas): 
apresentam características bastante 
diferenciadas, pois se espalham por inúmeros 
locais e são particularmente difíceis de serem 
determinadas, em função das características 
intermitentes de suas descargas e também da 
abrangência sobre extensas áreas. Fontes difusas 
incluem o escoamento superficial urbano, 
escoamento superficial de áreas agrícolas, 
deposição atmosférica (seca e úmida), etc. 
Esse tipo de poluição tem como origem 
diversas fontes associadas ao tipo de uso e 
ocupação do solo. Cada uma dessas fontes 
possui características próprias quanto aos 
poluentes que carreiam. 
As principais fontes de poluição da água são: 
− Fontes de Poluição das Águas 
FONTES EXEMPLOS 
Águas 
Superficiais 
− Esgotos domésticos 
− Esgotos industriais 
− Pesticidas 
− Fertilizantes 
− Detergentes 
− Precipitação de poluentes atmosféricos (sobre o solo ou a água) 
− Alterações nas margens dos mananciais, provocando o carreamento de solo, como 
conseqüência da erosão. 
Águas 
Subterrâneas 
− Infiltração de esgotos a partir de sumidouros ou valas de infiltração (fossas 
sépticas) 
− Infiltração de esgotos depositados em lagoas de estabilização ou em outros 
sistemas de tratamento usando disposição no solo. 
− Percolação do chorume resultante de depósitos de lixo no solo. 
− Vazamentos de tubulações ou depósitos subterrâneos. 
− Injeção de esgotos no sub-solo. 
− Resíduos de outras fontes: cemitérios, minas, depósitos de material radioativo. 
− Infiltração de águas superficiais poluídas. 
− Infiltração de outras impurezas presentes no solo. 
 
− Poluição natural e acidental 
 
Trata-se de um tipo de poluição não associada 
à atividade humana, associada às chuvas e 
escoamento superficial, salinização, decomposição 
de vegetais e animais mortos e a acidental é 
proveniente de derramamentos acidentais de 
materiais na linha de produção ou transporte. 
Este tipo de poluição costuma fugir ao alcance 
de medidas controladoras diretas, o que justifica a 
não realização de um levantamento específico para 
o caso. 
Salinização é a alteração provocada pela 
irrigação indevida em regiões áridas e semi-áridas. 
Por ação da evaporação, o sal contido no subsolo 
se desloca através de espaços vazios existentes 
no solo e atinge a superfície prejudicando a 
produção agrícola. A atividade agrícola intensiva, a 
 
ocupação indevida do solo nas áreas urbanas e a 
retirada de material de áreas concentradas (areia, 
barro, etc.) tem provocado, em muitos casos, 
processos erosivos. 
 
− Poluição industrial 
Constitui-se de resíduos líquidos gerados nos 
processos industriais de uma maneira geral. É 
quase sempre o fator mais significativo em termos 
de poluição. Para os efluentes industriais há uma 
maior diversificação nos contaminantes lançados 
nos corpos d'água, em função dos tipos de 
matérias-primas e processos industriais utilizados. 
As principais indústrias poluidoras são as 
seguintes: 
) papel e celulose; 
) refinarias de petróleo; 
 
 29
) usinas de açúcar e álcool; 
) siderúrgicas e metalúrgicas; 
) químicas e farmacêuticas; 
) minerações; 
) abatedouros e frigoríficos; 
) têxteis; 
) curtumes. 
 
− Poluição Urbana 
É aquela proveniente dos habitantes de uma 
cidade, que geram esgotos domésticos, lançados 
direta ou indiretamente nos corpos d'água, além de 
resíduos sólidos dispostos, na maioria das vezes, 
de forma incorreta. No entanto, esse é um tipo de 
fonte poluente que dispõe de tecnologia de 
controle. 
Os esgotos domésticos apresentam compostos 
orgânicos biodegradáveis, nutrientes e 
microrganismos patogênicos. Se lançados de 
forma inadequada, tanto o esgoto quanto o lixo 
doméstico acabam atingindo os corpos hídricos. 
Quando não são enviados diretamente a esses 
corpos, podem ser transportados através da chuva. 
O deflúvio superficial urbano contém, geralmente, 
todos os poluentes que se depositam na superfície 
do solo. Na ocorrência de chuvas, os materiais 
acumulados em valas, bueiros, etc., são arrastados 
pelas águas pluviais para os cursos d'água 
superficiais, constituindo-se numa fonte de 
poluição tanto maior quanto menos eficiente for a 
coleta de esgotos ou a limpeza pública. 
 
− Poluição agropastoril 
A poluição agropastoril é decorrente das 
atividades ligadas à agricultura e pecuária, através 
de defensivos agrícolas, fertilizantes, excrementos 
de animais e erosões. 
Quanto à atividade agrícola, seus efeitos 
dependem muito das práticas utilizadas em cada 
região e da época do ano em que se realizam as 
preparações do terreno para o plantio, assim como, 
do uso intensivo dos defensivos agrícolas. A 
contribuição representada pelo material 
proveniente da erosão de solos intensifica-se 
quando da ocorrência de chuvas em áreas rurais. 
Os agrotóxicos com alta solubilidade em água 
podem contaminar águas subterrâneas e 
superficiais através do seu transporte com o fluxo 
de água. 
Esse tipo de fonte é de difícil controle e 
necessita de um esquema de conscientização 
elevado, de modo a se obter resultados positivos. 
 
− Principais contaminantes dos 
recursos hídricos 
 
Contaminação microbiológica 
Os poluentes aquáticos mais sérios são os 
microrganismos patogênicos, ou seja, aqueles 
causadores de doenças e, até mortes. Estes 
microorganismos encontram-se freqüentemente 
presentes nos excrementos de seres humanos e 
de animais, podendo ser bactérias, vírus ou outros 
parasitas. Através de águas residuárias, os 
microrganismos aportam em corpos aquáticos 
 
receptores e podem assim contaminar novos 
indivíduos. 
 
 
Medidas de adotadas visando minimizar 
doenças transmitidas através da água envolvem, 
prioritariamente, duas estratégias: 
1. o tratamento e desinfecção da água 
destinada ao abastecimento público; 
2. a coleta e tratamento do esgoto. 
Em virtude da falta de condições básicas de 
saneamento, especialmente tratamento da água e 
do esgoto, uma fração significativa da população 
mundial se encontra cronicamente infectada com 
organismos patogênicos. 
 
− Contaminação por metais 
pesados 
O termo "metal pesado" se refere a um grupo 
de elementos químicos considerados tóxicos. 
A definição de metal pesado varia ligeiramente 
segundo a perspectiva puramente química ou a 
considerada do ponto de vista da química 
ambiental. Assim, segundo a perspectiva 
ambiental, definem-se os metais pesados como 
elementos traço (que ocorrem na litosfera abaixo 
de 0,1%) ou o grupo de elementos químicos que 
apresentam características tóxicas e prejudiciais 
aos seres vivos. Eles formam uma classe de 
substâncias químicas que não se degradam no 
ambiente e a sua toxidez depende do tipo de metal 
e da espécie química formada por ele. 
Os metais pesados mais perigosos são: o 
chumbo, mercúrio, arsênio, cádmio, estanho, 
cromo, zinco e cobre. Estes metais são 
largamente utilizados na indústria, particularmente 
na laminação de metais. Alguns deles estão,
também, presentes em determinados pesticidas e 
até mesmo em medicamentos. São ainda usados 
em pigmentos, esmaltes, tintas e corantes. Em 
virtude deste vasto espectro de utilidades, os 
metais aportam em sistemas aquáticos por várias 
fontes e espécies diferentes. 
Cabe ressaltar que o arsênio não é realmente 
um metal, mas um metalóide (ou semimetal), já 
que suas propriedades são intermediárias entre as 
dos metais e as dos não-metais. Contudo, por 
conveniência, ele é normalmente abordado como 
metal. 
Um outro aspecto importante a respeito da 
presença de metais em ambientes aquáticos diz 
respeito à forma com que a espécie metálica se 
encontra em solução. Os elementos metálicos se 
diferenciam pela quantidade com que estão 
 
 
 30 
presentes, mas também em função das interações 
que possuem com outras espécies dissolvidas. 
É importante observar que a toxicidade do 
metal é dependente de diversos fatores, tais como 
a forma como está ligado ou seu estado de 
oxidação e não apenas da sua concentração na 
água. Nas suas formas de elementos livres, eles 
não são particularmente tóxicos. 
No entanto, o limite de concentração deve ser 
obedecido já que, independente da sua forma, em 
teores mais elevados os metais se apresentarão 
tóxicos. 
Este limite é estabelecido por uma legislação 
federal, a Resolução CONAMA N.º 357, de 17 de 
março de 2005, que dispõe sobre a classificação 
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o 
seu enquadramento, bem como estabelece as 
condições e padrões de lançamento de efluentes, 
e dá outras providências. Por ser mais restritiva, 
ela substitui a Deliberação Normativa COPAM N.º 
10, de 16 de dezembro de 1986. 
 
Contaminação por compostos orgânicos 
sintéticos 
Entre os compostos orgânicos sintéticos, uma 
classe preocupante são os hidrocarbonetos 
halogenados, ou seja, compostos orgânicos onde 
um ou mais átomos de hidrogênio são substituídos 
por átomos de cloro, flúor, bromo ou iodo. Dentre 
estes, os hidrocarbonetos clorados são os mais 
comuns. Estes compostos são vastamente 
empregados na indústria de plásticos (cloreto de 
polivinila - PVC), pesticidas (DDT), solventes 
(tetracloroetileno) e de isolamento elétrico 
(bifenilas policloradas - PCB), dioxinas, entre 
outras (FIGURA 3.7). 
 
FIGURA 3.7 - Exemplos típicos da estrutura de uma 
dioxina e um PCB 
 
Uma curiosidade 
 
 
 
Muitos destes compostos químicos sintéticos 
têm sido encontrados em concentrações 
relativamente elevadas em tecidos de peixes e 
outros animais aquáticos, especialmente daqueles 
localizados em rios e lagos próximos a grandes 
centros industriais. Concentrações relativamente 
elevadas, neste caso, significam µg/L (ppb) ou até 
mesmo mg/L (ppm). 
 
A evidência dos efeitos tóxicos destas 
substâncias é causa de grande preocupação e, 
conseqüentemente, a legislação tem estabelecido 
restrições no consumo de peixes provenientes de 
regiões poluídas. Os peixes que vivem em águas 
poluídas, quando em contato com estas 
substâncias tendem a acumular muitos destes 
compostos através de um processo denominado 
bioacumulação. Isto ocorre quando uma 
substância presente na água é absorvida pela 
gordura do peixe. A gordura funciona, neste caso, 
como um solvente que extrai a substância química 
da água. Se este peixe é consumido, o 
contaminante pode ser transferido através da 
cadeia alimentar. 
 
3.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Resumindo o que foi visto, enquanto os 
poluentes caem em três categorias básicas, eles 
podem ser ainda classificados por propriedades 
indesejáveis e origens químicas ou biológicas. 
 
− Materiais flotantes: óleos, graxas, 
espuma e outros sólidos que são mais leves 
do que a água, além de tornarem o fluxo 
desagradável à vista, retardam o crescimento 
de plantas bloqueando a passagem de luz 
através da água. O óleo, em particular, 
interfere com a reação natural do fluxo, destrói 
a vegetação natural ao longo das margens e é 
tóxico aos peixes e à vida aquática. Um 
potencial de incêndio é também criado quando 
existe quantidade excessiva de óleo na 
superfície. 
 
Matéria suspensa: Materiais 
insolúveis, tais como resíduos minerais, 
aderem às margens como uma lama ou lodo 
desagradáveis à vista, ou assentam 
vagarosamente no fundo. Se a camada do 
fundo é suficientemente densa, ela sufoca 
microorganismos purificadores úteis e arruína 
os campos de alimentação de peixes. Quando 
a matéria suspensa é de natureza orgânica, 
ela se decompõe progressivamente, usando o 
oxigênio dissolvido para produzir gases 
nocivos e odores. 
− Impurezas dissolvidas: Ácidos, 
álcalis, metais pesados, inseticidas, cianetos 
e outros tóxicos, tornam a água não potável e 
destroem a vida aquática. Traços de fenóis 
causam gosto e odor indesejáveis. A matéria 
orgânica é atacada por micróbios 
consumidores de oxigênio. O oxigênio é 
também esgotado por agentes químicos 
redutores, tais como compostos à base de 
sulfetos e ferrosos. Nitrogênio e fósforo 
 
 31 
estimulam o crescimento de algas 
desagradáveis à vista. Sem suficiente 
oxigênio dissolvido, peixes e vegetação 
morrem. 
− Temperatura: A descarga de água de 
despejo quente aumenta a temperatura do fluxo 
receptador. Isto diminui a solubilidade do 
oxigênio na água e aumenta a taxa na qual os 
micróbios consumidores de oxigênio atacam o 
despejo orgânico. O resultado é o esgotamento 
acelerado de oxigênio dissolvido e interrupção da 
vida aquática. O problema é agravado quando o 
fluxo é lento e a temperatura ambiente alta. 
− Cor: A cor é, principalmente, 
indesejável de um ponto de vista estético. 
Embora não seja prejudicial para a maioria dos 
usos, a cor interfere com a atividade biológica, 
retardando a transmissão de luz solar na água. A 
cor também indica a presença de sólidos 
suspensos e dissolvidos indesejáveis. Por 
exemplo, íons de cromato dissolvidos, são 
amarelos, cobre é azul. 
− Gosto e odor: Os odores são 
ofensivos quando suficientemente pronunciados 
para poluir o ar em uma área. Para a maioria das 
águas, o gosto e o odor são importantes 
indicadores de impurezas indesejáveis. A água 
de despejo, propriamente dita, pode conter os 
agentes químicos responsáveis, tais como 
compostos fenólicos ou sulfeto de hidrogênio. Os 
odores também vêm da decomposição cética de 
despejos orgânicos. 
− Radioatividade: Despejos radioativos 
sólidos ou líquidos, altamente concentrados, são 
removidos sob condições cuidadosamente 
controladas. Porém, algum despejo radioativo 
diluído ou de baixo nível, invariavelmente 
alcança os esgotos e fluxos. Os limites máximos 
permissíveis de radioatividade foram 
estabelecidos para a água potável e para a água 
de despejo de instituições que usam materiais 
radioativos. 
 
− Composto químico: Uma variedade 
extremamente larga de impurezas químicas 
(orgânica e inorgânica) é adicionada pelo 
homem ou está presente em águas de solo ou 
de superfície. Todas devem ser consideradas 
poluentes potenciais, pois, se suficientemente 
concentradas, podem afetar adversamente a 
água para um ou mais usos benéficos. 
Entretanto, se estas impurezas são 
suficientemente diluídas, a água será inofensiva 
para todos os usos. A seguinte relação de 
compostos químicos são impurezas típicas em 
suprimentos de água e águas de despejo: 
agentes redutores, ácidos, álcalis, arsênio, bário, 
boro, cádmio, césio, cloretos, cromo, cobre, 
sulfeto de hidrogênio, cianetos, selênio, gases 
dissolvidos, detergentes, corantes, fluoretos, 
fungicidas, dureza, hidrocarbonetos, inseticidas, 
estrôncio, ferro, chumbo, manganês, nitratos, 
níquel, químicos orgânicos, agentes 
oxidantes, fenóis, potássio, sulfetos, sulfatos, 
sulfitos, alcatrão, uréia, zinco, etc. 
− Matéria biológica: Matéria viva, 
tanto
plantas como animais, afetam 
diretamente a qualidade e o uso da água. 
Bactérias podem produzir odores e podem 
atacar e destruir outras plantas e animais. 
Sob condições controladas, as bactérias 
ajudam a estabilizar a matéria orgânica e 
desempenham um papel importante no 
tratamento da água de despejo. Os fungos 
são similares às bactérias. As algas, em 
quantidade excessiva, usam todo o oxigênio 
e trazem problemas de gosto e odor. Animais 
microscópicos, tais como os protozoários, 
são valiosos varredores de bactérias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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