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EaD 1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADORUNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD Coleção Educação a Distância Série Livro-Texto Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil 2009 Lurdes Marlene Seide Froemming Edimara Daronco Luciano Zamberlan Ariosto Sparemberger COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 2 2009, Editora Unijuí Rua do Comércio, 1364 98700-000 - Ijuí - RS - Brasil Fone: (0__55) 3332-0217 Fax: (0__55) 3332-0216 E-mail: editora@unijui.edu.br www.editoraunijui.com.br Editor: Gilmar Antonio Bedin Editor-adjunto: Joel Corso Capa: Elias Ricardo Schüssler Designer Educacional: Jociane Dal Molin Berbaum Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa: Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil) Catalogação na Publicação: Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí C737 Comportamento do consumidor e do comprador / Lurdes Marlene Seide Froemming ... [et al.]. – Ijui : Ed. Unijuí, 2009. – 104 p. (Coleção educação a distância. Série livro-texto). ISBN 978-85-7429-758-3 1. Consumidores. 2. Comportamentos. 3. Mercado organizacional. 4. Marketing. I. Froemming, Lurdes Marlene Seide. II. Título. III. Série. CDU : 658.3 658.8 EaD 3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR SumárioSumárioSumárioSumário APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................5 CONHECENDO OS AUTORES....................................................................................................7 O QUE VAMOS ESTUDAR .........................................................................................................13 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR .................15 Seção 1.1 – O que é Consumo? ...................................................................................................16 Seção 1.2 – O que é Comportamento do Consumidor? ............................................................16 Seção 1.3 – Por que Estudar o Comportamento do Consumidor? ..........................................19 Seção 1.4 – Modelo-Síntese do Comportamento do Consumidor ..........................................21 UNIDADE 2 – CARACTERÍSTICAS QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ................................................23 Seção 2.1 – Influência da Cultura, Etnia e Classe Social .......................................................24 Seção 2.2 – Influências Familiares e Domiciliares ....................................................................30 Seção 2.3 – Influências Pessoais e de Grupos ...........................................................................33 UNIDADE 3 – O CONSUMIDOR COMO INDIVÍDUO .........................................................39 Seção 3.1 – Necessidades e Motivações do Consumidor .........................................................40 Seção 3.2 – Percepção do Consumidor .......................................................................................43 Seção 3.3 – Aprendizagem ...........................................................................................................46 Seção 3.4 – As Atitudes do Consumidor .....................................................................................48 UNIDADE 4 – O PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA DO CONSUMIDOR ...............51 Seção 4.1 – Reconhecimento da Necessidade ...........................................................................55 Seção 4.2 – Busca de Informações ..............................................................................................58 EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 4 Seção 4.3 – Avaliação de Alternativas ........................................................................................59 Seção 4.4 – Compra .......................................................................................................................61 Seção 4.5 – Consumo ....................................................................................................................63 Seção 4.6 – Avaliação Pós-Compra .............................................................................................65 Seção 4.7 – Descarte ......................................................................................................................68 UNIDADE 5 – COMPORTAMENTO DO COMPRADOR ORGANIZACIONAL .................71 Seção 5.1 – Definindo o Mercado Organizacional ...................................................................72 Seção 5.2 – Características do Mercado Organizacional ........................................................75 Seção 5.3 – O Processo de Consumo do Mercado Organizacional .......................................79 Seção 5.4 – Situações de Compra Organizacional ...................................................................82 UNIDADE 6 – CONSUMIDOR SOCIALMENTE RESPONSÁVEL ......................................85 Seção 6.1 – Ética no Marketing ..................................................................................................86 Seção 6.2 – Movimentos Consumeristas e Direitos do Consumidor ......................................88 Seção 6.3 – O Aspecto Crítico do Consumo ..............................................................................90 Seção 6.4 – Consumidores Socialmente Responsáveis ............................................................93 CONCLUSÃO .................................................................................................................................97 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................99 ANEXO 1 ..................................................................................................................................... 103 EaD 5 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação Estudar comportamento do consumidor é uma tarefa gratificante, pois se trata de área extremamente motivadora. Para começar, somos todos consumidores natos, portanto, nada mais ameno para es- tudar do que algo que nos diz respeito diretamente. Um momento! A palavra empregada foi ameno? Não nos iludamos! Isso não quer dizer fácil. O estudo do comportamento do consumidor é desafiador e está em contínuo processo de interação com outras áreas do conhecimento, em especial com a Psicologia, Sociologia, Antropologia, Estatística, Marketing, Administração, Direito, entre outras. Essa interação é necessária, pois surge com muita velocidade um novo estilo de vida cheio de complexida- de, regendo o comportamento das pessoas, seja no campo econômico, psicológico ou social. Com meios tecnológicos e científicos cada vez mais desenvolvidos e com o aporte das diversas áreas do conhecimento, profissionais estão procurando identificar os desejos mais profundos dos consumidores, no sentido de conseguir sua adesão ao consumo de suas ofer- tas. O entendimento das atitudes do consumidor que se referem ao processo de tomada de decisão de compra é fundamental e para tanto é necessário prestar muita atenção aos hábi- tos, estímulos e atitudes das pessoas. Essa nova realidade está direcionando as empresas a buscar um alto nível de profissionalismo, exigindo muito dos colaboradores em todas as áreas em que atuam. E assim como nas demais áreas, o êxito ou o fracasso em marketing dependem, em muito, das reações dos consumidores, que se expressam sob a forma de padrões de compra, cabendo aos gestores procurar entender e atender seus desejos, encontrando as dimensões do com- portamento e tornando as ofertas da empresa compatíveis com as expectativas de seu públi- co-alvo. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 6 Estudar o comportamento do consumidor diante de um mercado altamente competiti- vo é de fundamental importância para todos os que buscam atuar no ramo da gestão de organizações. Faz-se necessário o entendimento de que aqueles cujo objetivo é proporcio- nar ofertas a um mercado, com público-alvo dimensionado, não podem deixar de ouvir o consumidor. Assim, o presente livro-texto sobre o Comportamento do Consumidor e do Comprador tem por objetivo apresentar um conjunto de pressupostos teóricos relacionados com o con- sumidor e com o comprador organizacional. Para isto, a obra está estruturada em seis uni- dades específicas sobre o tema: (1) Introdução ao comportamento do consumidor; (2) Ca- racterísticas que influenciam o comportamento do consumidor; (3) O consumidor como in- divíduo; (4) O processo decisório de compra do consumidor; (5) Comportamento do compra- dor organizacional e (6) Consumidor socialmente responsável. Desta forma, o livro-texto se constitui em mais uma ferramenta para profissionais que atuam ou que pretendem atuar na área do marketing, em especial no campo do conheci- mento sobre o comportamento do consumidor e do comprador, oferecendo subsídios teóri- cos que possam auxiliar as atividades dos gestores no seu dia-a-dia, de modo a facilitar seu trabalho. EaD 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Conhecendo os autoresConhecendo os autoresConhecendo os autoresConhecendo os autores Lurdes Marlene Seide Froemming Sou graduada em Administração e cursei especialização em Economia Rural na Unijuí. Esse período de formação coincidiu com o desenvolvimento da carreira profissional em outras institui- ções que mencionarei adiante. Ao descobrir que me dedicaria à carreira acadêmica, então já professora na Unijuí, fui em busca de Mestrado, que cursei no Coppead/UFRJ, no Rio de Janeiro. Foi então que precisei definir a área em que me aprofundaria, momento em que intensifiquei mi- nha relação com o Marketing. O Mestrado foi concluído em 1990. Em 1996 parti para Doutoramento, então no PPGA-UFRGS, em Porto Alegre, o que veio a resultar em 2001 em meu título de doutora em Administração, ênfase em Marketing e Estratégias de Competitividade. Minha carreira profissional teve início muito cedo. Aos 16 anos, enquanto cursava o Técnico em Contabilidade (equivalente ao Ensino Médio de hoje), comecei a trabalhar no escritório da Fábrica de Móveis Gritsch, passando pelos trabalhos administrati- vos da Novo Hamburgo Cia. de Seguros Gerais e tesouraria do Colégio Evangélico Augusto Pestana. Faço, então, um corte na carreira em organizações e me dedico à carreira de mãe. Retorno ao mundo profissional na Cotrijuí, onde permaneci até me tornar professora do plano de carreira da Unijuí. Também tive uma importante experiência em consultoria organizacional, tendo, juntamente com colegas professores, parti- cipado como sócia da Conesul Consultoria em Ijuí. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 8 Atualmente trabalho com as mais variadas áreas do Marketing no curso de Administração da Unijuí, em diversos cursos de espe- cialização e no Mestrado em Desenvolvimento, também da Unijuí. Sou gaúcha, nascida em São Borja-RS. Edimara Daronco É natural de Cruz Alta/RS, onde cursou o Ensino Funda- mental e Médio na Escola Santíssima Trindade. Filha de Edemar e Lourdes Daronco, empresários do ramo do comércio varejista de materiais de construção, logo cedo teve um contato direto com esse meio, o que a levou a cursar Administração. Então, com ape- nas 16 anos, ingressou no curso de Administração na Unijuí. Com o término do curso em 1997 continuou suas atividades na empresa da família, mas mesmo com essa atuação, considera- va-se muito jovem para parar de estudar. Foi no ano seguinte, então, no final de 1998, que iniciou no curso de Mestrado em Administração na UFRGS, com ênfase em Marketing, um sonho que se consolidava. Em agosto de 2001 ingressou na Unijuí como docente do DEAd – Departamento de Estudos da Administração –, a partir de um concurso para professor do plano de carreira, ainda na condi- ção de mestranda, pois naquele mesmo ano, em dezembro, defen- deu sua dissertação e recebeu a titulação de mestre em Adminis- tração com ênfase em Marketing. Paralelamente também atuava como docente do curso de Administração da Ulbra – campus Carazinho, RS. Logo se desligou dessa última instituição e passou a atuar no Iesa – Instituto de Ensino Superior de Santo Ângelo – e na Unicruz, sempre no curso de Administração. EaD 9 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Atualmente sua carreira acadêmica concentra-se como do- cente da Unijuí, alocada ao DEAd, com 20 horas de dedicação, e como professora hora-aula da Unicruz nos cursos de Graduação em Administração, nos componentes de Teorias da Administração, Marketing e Vendas. Em cursos de Pós-Graduação trabalha nes- tas duas instituições e em outras da região. Participa do Conselho Regional de Administração – CRA-RS – sendo representante da entidade, como forma de integração do meio acadêmico ao meio empresarial. Já foi coordenadora-adjun- ta do curso de Administração da Unijuí no campus Panambi, RS, onde exerceu suas atividades em 2006 e 2007. É “prata da casa na casa” pelo fato de a Unijuí ter feito parte da sua formação acadêmica e pela atuação profissional nesta ins- tituição. Edimara reside em Cruz Alta, RS, é casada com Mauricio Bastos Finger, que atua como servidor público federal – Justiça Federal. Ainda não possui filhos; este é um sonho a ser realizado nos próximos anos. Com essa breve descrição espera ter se tornado um pouco mais conhecida e desta forma contribuir para a construção do co- nhecimento de outros acadêmicos. Luciano Zamberlan Sou gaúcho, natural do município de Três de Maio, região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Sou bacharel em Admi- nistração. Em 1996 fiz parte do programa de pós-Graduação em Gestão Empresarial com ênfase em Recursos Humanos (Setrem/ EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 10 UFRGS). Em 1998 participei do curso de especialização em Siste- mas de Informação (UFSC). Comecei a atuar como docente em 1995 em cursos técnicos e a partir de 1997 no ensino superior. Nessa mesma época, paralelamente às atividades de ensino, pos- suía uma empresa que prestava assessoria na área de marketing. Ingressei na Unijuí em 1999 e desde então estou alocado ao DEAd – Departamento de Estudos da Administração –, que abriga o curso de Administração e o Programa de Formação Superior de Tecnologia em Gestão de Negócios. Motivado pelo ambiente de trabalho e pela incessante busca pelo aprimoramento contínuo da equipe de professores do DEAd, ingressei no Mestrado em Gestão Empresarial da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Atualmente sou doutorando em Administração e atuo como professor em cursos de Graduação e Pós-Graduação nas áreas de Administração de Marketing e Vendas, Sistemas de Informação e Pesquisa de Marketing, Serviços, Marketing Cooperativo, Marketing Governamental, Gestão de Produtos e Marcas, Marketing de Varejo, Endomarketing, Marketing Eletrônico e como coordenador de Estági- os Supervisionados em Administração da Unijuí. Além das atividades de ensino, também participo ativamente de projetos de pesquisa institucionais nas áreas de serviços e de agronegócios e também de um projeto de extensão na área do varejo. Ariosto Sparemberger É natural de Ijuí (RS), onde cursou o Ensino Fundamental e Médio. Realizou curso superior, incluindo Pós-Graduação em Ad- ministração na Unijuí. Em 2000 obteve o título de mestre em Ad- ministração na Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmen- te é aluno do Programa de Doutorado na Universidad Nacional de Misiones (Unam) – Argentina. EaD 11 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Sua atuação profissional é dividida basicamente em duas fases dis tintas. Com a conc lusão do curso superior em Cooperativismo, começou a trabalhar no sistema cooperativo gaú- cho, no qual atuou por 12 anos. Seu local de trabalho foi a Coope- rativa Tritícola Regional Sãoluizense Ltda., com sede administra- tiva no município de São Luiz Gonzaga (RS). Nesse período foi escolhido como funcionário destaque por dois anos consecutivos, em 1993 e 1994, por ter desenvolvido di- versos programas de melhorias no gerenciamento de processos, tais como: programas de redução de custos, aumento de receitas e aten- dimento ao cliente interno e externo. Atuou no setor de comuni- cação e educação e na área comercial gerenciando a rede de su- permercados da Cooperativa Tritícola Regional Sãoluizense Ltda. por três anos, período no qual participou de cursos voltados para a melhoria dos processos de trabalho. Tem formação como multiplicador do Total Quality Control (TQC), Desenvolvimento Interpessoal para Chefias e Administração de Vendas. Teve uma breve passagem pelo serviço público estadual, atu- ando como chefe administrativo da 32ª Delegacia de Educação com sede em São Luiz Gonzaga, quando elaborou, coordenou e executou um Programa de Qualidade na Educação, que proporci- onou diminuição no fluxo de documentos internos, redução de erros na realização das atividades desenvolvidas pelos servidores e melhoria no atendimento aos diretores, professores, funcionários de escolas e público em geral. Ingressou no ensino superior na Universidade Regional In- tegrada do Alto Uruguai e Missões (URI) – São Luiz Gonzaga – em 1998, atuando como professor e coordenador do curso de Ad- ministração. Desempenhou as mesmas funções na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) – campus de Carazinho – por dois anos. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 12 Na Unijuí é professor desde 2001, tendo ocupado a função de coordenador-adjunto do curso de Administração do campus de Santa Rosa, atividade que desempenha atualmente no curso de Tecnologia em Agronegócio. Foi coordenador do curso de Pós– Graduação em Marketing. Atualmente é um dos coordenadores do curso MBA Gestão de Varejo. Desenvolve projetos de pesquisa e de extensão na área da Gestão Organizacional. Representa o cur- so de Administração – campus Santa Rosa – no Conselho Regional de Administração. É casado com Odete de Fátima Sparemberger, professora es- tadual, e tem dois filhos, Alan Ricardo Sparemberger, de 17 anos, e Cristian Sparemberger, de 14 anos. Os dois são torcedores do Grê- mio, mesmo time do pai e da mãe. EaD 13 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR O que vamos estudarO que vamos estudarO que vamos estudarO que vamos estudar UNIDADE 1 – COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Nesta unidade você irá estudar o significado do consumo e a sua importância para compreendermos o comportamento do consumidor. Também apresentaremos a abordagem do comportamento do consumidor enquanto disciplina e sua relação com o marketing, além das razões para o estudo deste tema e descreveremos um modelo sintético dos fatores que o influenciam. UNIDADE 2 – CARACTERÍSTICAS QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Na unidade 2 vamos analisar as principais influências na determinação do comporta- mento do consumidor, uma vez que toda a nossa decisão de compra não é algo isolado, mas tem uma relação direta com o ambiente na qual vivemos. Assim, nós indivíduos acabamos sendo fruto do meio ao qual pertencemos. Então estudaremos a influência da cultura, etnia e a classe social, as influências familiares e domiciliares e as influências pessoais e de gru- pos sobre o comportamento dos consumidores. UNIDADE 3 – O CONSUMIDOR COMO INDIVÍDUO O consumidor possui características que são particulares a cada indivíduo e o conhe- cimento delas contribui para a compreensão do seu comportamento de consumo e auxilia na satisfação de suas necessidades e desejos. Nesta unidade abordaremos os aspectos rela- cionados às necessidades e motivações do consumidor, sua percepção, suas atitudes e como ocorre a aprendizagem. UNIDADE 4 – O PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA DO CONSUMIDOR O processo de compra envolve muitos aspectos que precedem e sucedem a ação de compra. Conhecer esse processo e compreender suas etapas contribui substancialmente para a elaboração de estratégias eficazes. Nesta unidade vamos apresentar como ocorre o proces- EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 14 so decisório de compra do consumidor e como ele influencia a sua escolha. Também descre- veremos cada uma das sete etapas do processo decisório de compra com a finalidade de lhes apresentar como cada estágio impacta nas decisões de marketing. UNIDADE 5 – COMPORTAMENTO DO COMPRADOR ORGANIZACIONAL Na unidade 5 nos propomos a estudar o comportamento do consumidor numa pers- pectiva organizacional. Muito do que iremos estudar neste livro-texto refere-se especifica- mente ao consumidor enquanto indivíduo que compra para si ou para o consumo de sua família ou domicílio. Há, no entanto, também indivíduos que compram para o uso ou trans- formação de bens e/ou produtos de empresas. São, portanto, relações que se estabelecem entre as empresas, ou seja, uma organização vendendo para outra organização. Vamos, desta forma, abordar nesta unidade especificamente a compra organizacional que ocorre a partir de uma decisão de um grupo de pessoas de uma organização que optam pelo que irão comprar de outras organizações. UNIDADE 6 – CONSUMIDOR SOCIALMENTE RESPONSÁVEL Apresentaremos os aspectos relacionados com a ética no marketing e caracterizare- mos o momento consumerista e seus impactos na proteção dos direitos do consumidor. Ana- lisaremos de que maneira o consumo pode ser prejudicial para as pessoas. Descreveremos ainda as características dos consumidores socialmente responsáveis e a conseqüente impor- tância desse comportamento. EaD 15 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Unidade 1Unidade 1Unidade 1Unidade 1 INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR OBJETIVOS DESTA UNIDADE • Caracterizar o consumo e descrever o significado do Comportamento do Consumidor en- quanto uma disciplina instituída nos estudos de marketing. • Compreender as razões principais para se estudar o Comportamento do Consumidor. • Apresentar o modelo teórico que sintetiza os estudos do Comportamento do Consumidor. AS SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 1.1 – O que é Consumo? Seção 1.2 – O que é Comportamento do Consumidor? Seção 1.3 – Por que Estudar o Comportamento do Consumidor? Seção 1.4 – Modelo-Síntese do Comportamento do Consumidor. O Comportamento do Consumidor é uma área de estudo empolgante. Todos nós so- mos consumidores, exercemos este papel nas relações de troca com o mercado quase de um modo contínuo, ousaríamos até mesmo dizer que durante 24 horas por dia. Mesmo dormin- do nosso organismo responderá a uma decisão anterior de compra. Afinal, o colchão está propiciando um bom sono, que nos deixará dispostos (ou não) no dia seguinte e, além do mais, estamos respirando, ou seja, consumindo ar. Essa constatação nos alça a pensar, então, o que é efetivamente CONSUMO, uma vez que nos propomos a entender um pouco mais sobre consumir como sendo um ato do indivíduo. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 16 Seção 1.1 O que é Consumo? Quando mencionamos o ar como algo a consumir, projetamos o consumo numa dimensão que vai além, transcende as trocas econômicas, pois ainda não estamos pagando o ar em valores pecuniários para consumi-lo. Em muitas cidades com alta concentração de poluição, como São Paulo e Hong Kong como exemplo, já estamos pagando com desconforto, problemas de saúde, necessidade de rotação de veículos pela má qualidade desse produto vital para a vida – o AR que respiramos. Com este exemplo quisemos trazer à tona a idéia de que consumo é bem mais abrangente do que o mero consumo de mercadorias, e que atualmente tem sido foco de críticas em que as pessoas, as entidades, confundem consumo com consumismo, que é a patologia do con- sumo. E é sim uma grande preocupação dos estudos avançados em marketing, que estare- mos abordando com vocês na última unidade deste livro. Seção 1.2 O que é Comportamento do Consumidor? No momento em que se reconhece que marketing rege as relações de troca (Froemming, 2008) temos presente que o consumidor se encontra em uma das extremidades deste processo. Logo, processos de troca, na abordagem de Mowen e Minor (2003), envolvem as unidades produtoras (ofertantes), unidades compradoras (demandantes) e também a principal aborda- gem deste nosso componente, os processos que interligam as trocas envolvidas na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e também idéias e valores. 1 1 Disponível em: <http://miriamsalles.info/wp/wp-content/uploads/consumo.jpg> Acesso em: 3 dez. 2008. EaD 17 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR O estudo de Comportamento do Consumidor enquanto disciplina com caráter especí- fico e independente é bastante recente. Os profissionais de marketing vinham observando que as teorias gerais de marketing não contemplavam o entendimento da maneira diferenciada com que os consumidores rea- giam às mesmas ofertas. O conceito de segmentação de mercado, pela primeira vez enunciado por Wendell Smith (apud Rocha; Christensen, 1999), e já estudado por vocês na Introdução ao Marketing, está na história que desemboca na necessidade de conhecer melhor o consumidor. “Seg- mentar um mercado é reconhecer sua natureza essencialmente heterogênea” (id. 1999, p. 35). Cada vez mais os consumidores buscam satisfazer, de forma mais precisa e individuali- zada, seus desejos e necessidades. Já começamos a perceber que estudar comportamento do consumidor é um desafio considerável, uma vez que ele é o cerne do sucesso de uma organização e, além disso, estu- dar pessoas é uma tarefa de alta complexidade. Para dar conta desse entendimento, o campo do marketing que trata do comporta- mento do consumidor busca contribuições em várias áreas do conhecimento, principalmen- te Psicologia, Sociologia, Antropologia e Economia. Para entendermos um pouco mais vejamos os principais aportes de cada área, de um modo resumido: A Economia, parafraseando Rocha e Christensen (1999), foi o campo inicial dos estu- dos ligados ao consumo e sensibilidade do consumidor às variações de ofertas. Atualmente o estudo do consumo tem se voltado mais às ciências comportamentais, preocupadas com o comportamento do homem, que é a área de estudo a seguir enunciada. A Psicologia contribui com o enfoque do estudo científico das atividades do homem como indivíduo (Psicologia Geral) e em suas relações com outros indivíduos (Psicologia Social). EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 18 Da Sociologia nos valemos do seu propósito de estudar os homens e também as insti- tuições, não mais na sua dimensão isolada, mas como membros de grupos. A Figura 1 compara o âmbito da atuação da Psicologia Geral, da Psicologia Social e da Sociologia, permitindo-nos o entendimento desta abrangência. Figura 1: Âmbito de atuação da Psicologia Geral, da Psicologia Social e da Sociologia Fonte: Rocha; Christensen, 1999, p. 56. E, por fim, temos a entender o papel da Antropologia, que se foca no ramo da Antro- pologia Social, que contribui com o marketing justamente no estudo de como o comporta- mento de compra é afetado por variáveis culturais. Cultura pode ser definida como “a soma total das crenças, valores e costumes aprendi- dos que servem para dimensionar o Comportamento de Consumo dos membros de determi- nada sociedade” (Schiffman; Kanuk, 2000, p. 286). Podemos considerar que cultura é a personalidade de uma sociedade. Entendemos, portanto, que cultura é um modo de vida. A influência dessas áreas do conhecimento em seus desdobramentos estaremos esmiu- çando em tópicos subseqüentes. EaD 19 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Desse modo, resumimos que o Comportamento do Consumidor concentra seus estu- dos para entender como as pessoas pensam e se comportam no suprimento de suas necessi- dades e desejos por meio da atividade do consumo. A importância desse estudo é o tema de nossa próxima seção. Seção 1.3 Por que Estudar o Comportamento do Consumidor? A introdução até aqui elaborada, com certeza, já deu indicativos das razões do estu- do, não concordam? Esmiucemos um pouco mais a questão, no entanto. Na visão de Mowen e Minor (2003, p. 4), “compreender os consumidores e o processo de consumo proporciona uma série de benefícios”, entre os quais podemos elencer: a) auxilia os responsáveis pela gestão de marketing em suas decisões; b) fornece uma base de conhecimento dos públicos, permitindo segmentação dos mercados e dando indicativos para o posicionamento das ofertas, lembrando que posicionamento é: “o modo como somos percebidos pelo consumidor”; c) auxilia o desenvolvimento de políticas públicas que abrangem o desenvolvimento de leis e regulamentos que exercem impacto sobre os consumidores no mercado; d) auxilia o consumidor a entender melhor seu procedimento de compra, propiciando-lhe decisões mais sábias no que tange a compras e consumo; e) amplia o entendimento das trocas nas áreas não voltadas especificamente a negócios eco- nômicos, lembrando as ações dos grupos sem fins lucrativos, em que o foco do marketing é o consumo consciente, adesão a causas de melhorias comuns a toda a sociedade. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 20 Para sintetizar, apresentamos o quadro elaborado por Mowen e Minor (2003, p. 7), muito adequado para este fim. 1. A análise do consumidor deve ser a base da administração de marketing. Ela ajuda os gerentes a: a) Elaborar o mix de marketing. b) Segmentar o mercado. c) Posicionar e diferenciar produtos. d) Realizar uma análise do ambiente. e) Desenvolver estudos de pesquisa de mercado. 2. O comportamento do consumidor deve desempenhar um papel importante no desen- volvimento de políticas públicas. 3. O estudo do comportamento do consumidor faz com que o indivíduo seja um consu- midor mais eficiente. 4. A análise do consumidor proporciona conhecimento sobre o comportamento humano como um todo. 5. O estudo de comportamento do consumidor fornece três tipos de informação: a) Uma orientação ao consumidor. b) Fatos sobre o comportamento humano. c) Teorias para orientar o processo de pensamento. Quadro 1: Motivos do estudo do comportamento do consumidor Fonte: Mowen; Minor, 2003, p. 7. EaD 21 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Bem, agora preparamo-nos para o estudo, dado que sua importância está justificada, e temos certeza de que, ao término deste componente curricular, vocês serão capazes de ampliar essa nossa lista. Seção 1.4 Modelo-Síntese do Comportamento do Consumidor Já delineamos que o propósito do marketing é satisfazer necessidades e desejos de seus clientes-alvo, ou poderíamos tam- bém denominar de segmentos visados, a que já nos referimos anteriormente. Concordamos que o Comportamento do Consu- midor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, idéias ou experiên- cias para satisfazer os desejos e necessidades. No arrazoado da seção anterior justificamos que as razões para estudar o cliente tem reflexo direto nas decisões para melhorar ou lançar produtos e serviços, determinar preços, projetar canais, elaborar mensagens e desenvolver outras atividades de marketing. Os pro- fissionais de marketing, na concepção de Kotler e Keller (2006), estão sempre em busca de novas tendências que ofereçam oportunidades de marketing. Então, para orientar os profissionais de marketing, entre os quais nos incluímos (nós, autores, e vocês, discípulos e propagadores), as unidades seguintes apresentam os temas centrais da disciplina de Comportamento do Consumidor. Para melhor visualizar e prepará-los para o que temos a seguir, apresentamos a síntese mais conceituada e utilizada, o modelo de Kotler e Armstrong (2000, p. 77), relacionando os fatores que influenciam o comportamento do consumidor. 2 2 Disponível em: <http://www.mp.ce.gov.br/destaquesv2/arquivos/consumidor.gif> Acesso em: 3 dez. 2008. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 22 Figura 2: Fatores que influenciam o comportamento do consumidor Fonte: Kotler; Armstrong, 2000, p. 77. Então, estamos prontos para esmiuçar os novos momentos do Comportamento do Consumidor? Antes de prosseguir, só nos cabe ainda um esclarecimento. Vocês devem estar se perguntando: Se a disciplina é denominada “Comportamento do Consumidor e do Com- prador”, por que até agora só nos deparamos com comportamento do consumidor? Calma! Já explicamos! O termo usual é consumidor por indicar um aglutinador de todos os papéis que desempenhamos no processo de decisão de compra. Comprador é um dos papéis, mas isso já é tema para a Unidade 4, que os aguarda lá adiante. SÍNTESE DA UNIDADE 1 Nesta unidade você deverá ter compreendido o que significa o con- sumo e a sua importância para entendermos o comportamento do consumidor e sua relação com o marketing. Você também analisou as razões para o estudo deste tema e dos fatores que influenciam o comportamento do consumidor. EaD 23 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Unidade 2Unidade 2Unidade 2Unidade 2 CARACTERÍSTICAS QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR OBJETIVO DESTA UNIDADE • Conhecer os principais fatores que influenciam a decisão do consumidor e como tais ele- mentos afetam o comportamento dos indivíduos. AS SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 2.1 – Influência da Cultura, Etnia e Classe Social Seção 2.2 – Influências Familiares e Domiciliares Seção 2.3 – Influências Pessoais e de Grupos Nesta unidade vamos tratar dos fatores que influenciam a decisão do consumidor, uma vez que a maioria dos indivíduos interage com outras pessoas no seu dia-a-dia, e nes- tas interações recebe, de alguma forma, algum tipo de influência que pode vir a afetar o seu comportamento enquanto consumidor. Os indivíduos apresentam-se de vários tamanhos, formas, cores e comportamentos dife- rentes, como já vimos anteriormente. São essas características que fazem de você um indiví- duo único. Mas, quais as causas que fazem você ser da forma como é? É uma predisposição genética, ambiental ou combinação disso tudo que o transformou em um indivíduo único? Uma coisa está clara – os consumidores são moldados por seu ambiente na medida em que vivem e interagem nele e, em contrapartida, afetam o ambiente pelo seu comportamento. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 24 Então o objetivo desta unidade é analisar estas influências que afetam o comporta- mento do consumidor. Dessa forma, a presente unidade tratará da influência da cultura, da etnia e da classe social, as influências familiares e domiciliares e as influências pessoais e de grupos sobre o comportamento dos consumidores, conforme estudaremos a seguir. Seção 2.1 Influência da Cultura, Etnia e Classe Social O estudo do comportamento do consumidor tem se focado nas diferenças individuais e nas tomadas de decisão individuais, temática que permanece importante porque enfatiza a forma como se pode atrair e se comunicar com os segmentos menores de consumidores. Então, cabe o estudo de como as influências culturais, étnicas e de classe social não apenas afetam os indivíduos para tomarem suas decisões de consumo, como também servem de base para as estratégias de segmentação de grandes grupos de indivíduos. Na concepção de Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 326), cultura refere-se a um conjunto de valores, idéias, artefatos e outros símbolos significativos que ajudam os indiví- duos a se comunicar, a interpretar e a se avaliarem como membros de uma sociedade. Pinheiro et al (2006, p. 37) destacam a cultura como um dos fatores mais importantes a ser levado em consideração no planejamento de produtos e na definição de estratégias de marketing. Pelo fato de ser um elemento fundamental na vida do indivíduo em sociedade, muitos dos fracassos em marketing são explicados pela falta de sensibilidade na considera- ção da realidade cultural em que se encontram inseridos os consumidores. Percebe-se, portanto, o quão importante é para o marketing e em especial para com- preendermos o comportamento do consumidor, estudar a cultura dos indivíduos. EaD 25 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR A cultura pode ser entendida como um conjunto de crenças, normas e valores de uma pessoa e que se refletem nas suas atitudes na sociedade. A cultura também pode ser definida como um conjunto de padrões, de comportamentos sociais, que são transmitidos simbolica- mente pela linguagem e por outros meios para os membros de uma sociedade (Blackwell; Miniard; Engel, 2005). Os valores culturais são a raiz do comportamento, na definição de De Mooij (2003), sendo necessário o entendimento da influência da cultura pelos que pretendem ser bem- sucedidos no mercado global. Schiffman e Kanuk (2000) definem cultura como a soma total de crenças, valores e costumes aprendidos, que servem para direcionar o comportamento de consumo dos mem- bros de determinada sociedade. Mais precisamente, crenças consistem no grande número de afirmações mentais ou verbais (Ex.: “...eu acredito...”) que refletem o conhecimento par- ticular de uma pessoa e a avaliação de alguma coisa. Valores também são crenças, servem como guia para o comportamento culturalmente apropriado, são duradouros e difíceis de mudar e são amplamente aceitos pelos membros de uma sociedade. E os costumes são maneiras de se comportar culturalmente, aprovadas ou aceitas em situações específicas. Logo, enquanto as crenças e os valores são guias de com- portamento, os costumes são maneiras comuns e aceitas de se comportar. A cultura reflete certas influências advindas de fatores como etnia, raça, religião e identidade nacional e regional, como podemos observar na Figura 1. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 26 Figura 1: Influências na Cultura Fonte: Blackwell; Miniard; Engel, 2005, p. 326. Como pode ser observado na figura anterior, a cultura engloba tanto os elementos abstratos quanto os materiais. Os elementos abstratos incluem valores, idéias, tipos de per- sonalidade e constructos sumários, como religião ou política. E os componentes materiais incluem coisas como livros, computadores, ferramentas, edifícios e produtos específicos, como um CD de determinado cantor. E as duas formas acabam, de alguma maneira, influencian- do o nosso comportamento enquanto consumidores. A cultura tem um profundo efeito em como e porque as pessoas compram e conso- mem produtos e serviços. Dessa forma, a cultura afeta de várias formas as necessidades, a busca e os estágios de avaliação de alternativas de como os indivíduos tomam as decisões de compra. Assim, percebe-se a influência da cultura nos diversos estágios do processo de compra dos consumidores. Schiffman e Kanuk (2000, p. 286) identificam as características da cultura como for- ma de compreender mais profundamente o escopo e a complexidade da cultura. São elas: EaD 27 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR • O impacto da cultura é tão natural e automático que sua influência sobre o comporta- mento costuma ser dada como certa. Isso porque quando as pessoas são questionadas sobre as razões que as levam a fazer determinadas coisas, elas respondem que tomaram tal atitude porque era o certo. • A cultura existe para satisfazer às necessidades das pessoas dentro de uma sociedade. Ela oferece ordem, direção e orientação em todas as fases da solução do problema humano, por meio do fornecimento de métodos “testados e aprovados” de satisfação das necessi- dades psicológicas, pessoais e sociais. • Ao contrário das características biológicas inatas (por exemplo: sexo, pele, cor de cabelos, etc.), a cultura é aprendida. Ainda na infância começamos a adquirir do nosso ambiente social um conjunto de crenças, valores e costumes que formam a nossa cultura. Para as crianças, o aprendizado desses valores e costumes culturais aceitáveis é reforçado pelo processo de interagir com seus brinquedos. Quanto às crianças, elas encenam e ensaiam importantes lições e situações culturais. Esse aprendizado cultural as prepara para as futuras circunstâncias da vida real. • A cultura é compartilhada e pode ser considerada uma característica cultural, uma cren- ça, um valor ou uma prática, e precisa ser adotada por uma parte significativa da socie- dade. Logo, a cultura freqüentemente é vista como costumes grupais que mantêm unidos os membros de uma sociedade. Várias instituições sociais em uma sociedade transmitem os elementos da cultura e tornam realidade o seu compartilhamento. A instituição-chefe é a família, que funciona como o principal agente da enculturação, a passagem das cren- ças culturais, valores e costumes básicos, conforme veremos a seguir. • E ainda, a cultura precisa evoluir continuamente, de modo a funcionar segundo os inte- resses da sociedade. Após essa exposição sobre a cultura, que teve o objetivo de refletir sobre como esta influencia, é necessário irmos adiante e abordarmos a etnia. A etnia é um importante ele- mento da determinação da cultura e da previsão das preferências e comportamento dos consumidores. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 28 A etnia é um processo de identificação em que as pessoas usam rótulos étnicos para se definir e definir os outros. Assim, temos as microculturas étnicas da América, os descenden- tes euro-americanos, cultura norte-americana nativa, as microculturas multiétnicas, a cul- tura negra ou afro-americana, a cultura hispânica ou latina, a cultura franco-canadense e as demais culturas, microculturas e etnias. Para elucidar como os aspectos culturais e étnicos influenciam diretamente a comercialização de produtos e serviços, trouxemos os resultados de uma pesquisa feita re- centemente sobre os consumidores brasileiros e australianos. De acordo com Torres e Paiva (2007), entre os australianos predomina o padrão cultural individualista, com maior impor- tância para os aspectos tangíveis de um produto ou serviço. Por outro lado, entre os brasilei- ros predomina um padrão cultural mais coletivista, que se correlaciona com um julgamento afetivo e um significado simbólico para com um produto ou serviço. Na definição da cultura, além da etnia, há também a classe social como influenciadora, tanto que se pode afirmar, segundo Pinheiro et al (2006, p. 39), que a classe social é um dos fatores mais empregados na segmentação de mercados, justamente por ser um indicador da posição social de um indivíduo perante os seus pares e diante da sociedade como um todo. A classe social é definida por Blackwell, Miniard e Engel (2005) como divisões rela- tivamente permanentes e homogêneas em uma sociedade, nas quais os indivíduos ou famílias, compartilhando valores, estilos de vida, interesses, riquezas, educação, posição econômica e comportamentos semelhantes, podem ser categorizados. Normalmente as pesquisas de marketing focam nas variáveis das classes sociais, posto que o mix de produtos que o consumidor é capaz de comprar é determinado em parte pela classe social. Continuamos nos valendo dos autores para apresentar o que eles consideram como as seis variáveis essencialmente úteis para a compreensão da classe social do consumidor, que são: a ocupação, o desempenho pessoal, as interações, as posses, os valores orientadores e a consciência de classe. EaD 29 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR • Ocupação: a ocupação é o melhor indicador único de classe social na maioria das pesqui- sas do consumidor. O trabalho que os consumidores desempenham afeta fortemente o seu estilo de vida e seus padrões de consumo. • Desempenho pessoal: o status de uma pessoa também pode ser influenciado pelo seu sucesso em relação aos outros na mesma ocupação, isto é, pelo desempenho pessoal do indivíduo. • Interações: as pessoas ficam mais à vontade quando convivem com pessoas de valores e comportamentos semelhantes. As interações sociais estão limitadas à classe social imedia- ta. Por exemplo, a maioria dos casamentos ocorre dentro das mesmas classes sociais ou classes adjacentes. • Posses: as posses são símbolos de associação de classe, não apenas o número de posses, mas a natureza das escolhas feitas. Posses e riquezas estão intimamente relacionadas. Assim, as posses que indicam a riqueza da família são importantes para refletir a classe social. • Valores de orientação: os valores indicam a classe social à qual o indivíduo pertence, mesmo em coisas mundanas, como se vestir e comer adequadamente. • Consciência de classe: é o grau que as pessoas pertencentes a uma classe social têm de consciência de si mesmas, como um grupo distinto, com interesses políticos e econômi- cos semelhantes. Assim, a partir do exposto, podemos perceber como a classe social influencia no com- portamento do consumidor. Os consumidores associam marcas, produtos e anúncios com as classes sociais específicas. Vistos estes primeiros influenciadores, a cultura, a etnia e a classe social, vamos seguir adiante estudando as influências familiares e domiciliares no comportamento do consumidor. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 30 Seção 2.2 Influências Familiares e Domiciliares O consumidor sofre a influência da cultura, da etnia e da classe social no seu compor- tamento de compra e, além disso, ele não decide sozinho, ou seja, a sua decisão de compra nem sempre é algo individual. E, neste sentido, a família pode ser considerada um dos mais importantes influenciadores no processo de decisão da compra (Pinheiro et al, 2006). Sendo a família a base do processo de socialização de consumo, os comportamentos de compra têm origem nela e não poderia ser diferente. Ainda mais sendo no Brasil a família um importante elemento de nossa realidade social, seu papel precisa ser constantemente avaliado pelos profissionais de marketing. Schiffman e Kanuk (2000) apresentam um conceito tradicional de família como sendo duas ou mais pessoas, ligadas por sangue, casamento ou adoção, que moram juntas. Em sentido mais dinâmico, os indivíduos que constituem uma família podem ser descritos como membros do grupo social mais básico, que vivem juntos e interagem para satisfazer as suas necessidades mútuas e pessoais. Embora as famílias, às vezes, sejam citadas como domicílios, nem todos os domicílios são famílias. Por exemplo, um domicílio pode incluir indivíduos que não estão ligados por sangue, matrimônio ou adoção, como casais não casados, amigos da família, colegas de pensionato e hóspedes. No contexto do estudo do comportamento do consumidor, entretan- to, domicílios e famílias geralmente são tratados como sinônimos, e vamos manter esta con- venção. Obviamente não podemos deixar de destacar que o papel e o tipo de constituição familiar têm mudado e muito nos últimos anos. Nesse sentido, trouxemos um apanhado sobre algumas teorias vigentes em relação ao conceito de família, baseados em Giglio (2002): • A família biológica: a função dos pais é prover a sobrevivência dos seus filhos até que eles tenham condições de inverter a situação; EaD 31 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR • A família psicológica: a função dos pais é prover a segurança emocional necessária aos filhos, para que estes desenvolvam suas capacidades e adaptações; • A família como realização pessoal: a família como fonte de concretização de sonhos não realizados pelos pais; • A família sociológica: a função dos pais é a de ensinar aos filhos os modos de convivência grupal, como chamamos as regras sociais e a ética social. • A família econômica: o papel dos pais é o de desenvolver as condições econômicas dos filhos e, em última análise, deles mesmos. A partir desses diversos modelos temos que observar que cada empresa deverá fazer pesquisas, pois tendo esse conhecimento pode-se melhorar a comunicação e saber de forma mais clara e precisa qual modelo de família, de fato, influencia o consumo do seu produto ou serviço. Para uma família funcionar como unidade coesa, papéis ou tarefas como lavar as rou- pas, fazer comida, arrumar a mesa de jantar, jogar fora o lixo e passear com o cachorro devem ser desempenhados por um ou mais membros da família (Schiffman; Kanuk, 2000). Esses papéis têm passado por uma constante mudança, como o número substancial de mulheres casadas que trabalham fora e o fato de os homens estarem assumindo, cada vez mais, as tarefas domésticas. Os profissionais de marketing devem ficar especialmente aten- tos a como esta troca de papéis na família pode afetar a composição de seus mercados-alvo. No processo decisório da família, observam-se oito papéis distintos. De acordo com Schiffman e Kanuk (2000, p. 251), são eles: • Influenciadores: membro(s) da família que oferece(m) informações a outros membros so- bre um produto ou serviço; • Fiscais internos: membro(s) da família que controla(m) o fluxo da informação sobre um produto ou serviço para a família. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 32 • Decisores: membro(s) da família que tem (têm) o poder de determinar unilateralmente ou em conjunto a ida às compras, o uso ou o consumo de determinado produto ou serviço; • Compradores: membro(s) da família que efetivamente compra(m) o produto ou o serviço; • Preparadores: membro(s) da família que transforma(m) o produto em uma forma adequa- da de consumo pelos outros membros da família; • Usuários: membro(s) da família que usa(m) ou consome(m) um produto ou serviço; • Mantenedores: membro(s) da família que conserta(m) o produto de modo que ele propor- cione satisfação contínua; • Eliminadores: membro(s) da família que inicia(m) ou executa(m) o descarte ou a descontinuação de um produto ou serviço específico. Pinheiro et al (2006, p. 36) indicam que o estágio no ciclo de vida da família também influencia o padrão de compra. Uma família de pais jovens com um filho recém-nascido tem um padrão de consumo completamente diferente de uma família com filhos adolescentes ou, então, formada por casais maduros, com filhos morando fora de casa. Além disso, em função da modificação dos padrões econômicos, sociais, culturais e educacionais, novos hábitos, divisões de papéis e configurações marcam as famílias con- temporâneas. Por exemplo, um dos segmentos que mais cresce no Brasil é o chamado merca- do single, voltado para homens ou mulheres adultos, descasados, que moram sozinhos. Cabe, então, ao profissional de marketing, a partir do conhecimento dessas influências que a família exerce sobre cada um de seus membros que são consumidores, estar atento à dinâmica da família, bem como às transformações observadas nas formas de relacionamen- to e de conveniência que tornam cada vez mais complexa a análise do papel das famílias no comportamento de compra. E, por fim, vamos conhecer as influências dos grupos de referência no comportamento dos consumidores. EaD 33 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Seção 2.3 Influências Pessoais e de Grupos Pelo fato de ser um processo social, o comportamento do consumo sofre a influência da ação de grupos humanos sobre os indivíduos. Por pertencerem a diversos grupos, e também, por al- mejarem participar de outros grupos, a influência das situações de interação social é de extrema importância na aquisição e es- tabilização das ações de compra dos indivíduos. Assim, indepen- dentemente da nacionalidade, etnia, raça ou gênero, as influên- cias pessoais e de grupos alteram nossas ações e os comporta- mentos dos seres humanos. O que são mesmo os grupos de referência? Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 414) conceituam gru- po de referência como qualquer pessoa ou grupo que influencia o comportamento de um indivíduo de forma significativa. Os va- lores, as atitudes, os comportamentos e as normas desse grupo exercem enorme influência nas avaliações, nos comportamentos e nas aspirações de outros indivíduos. Como “ninguém é uma ilha” e todos nós, seres humanos, temos essa necessidade gregária de convivência em grupo, nas relações sociais que estabelecemos no trabalho, no lazer e nos mais diversos meios, acabamos influenciando e também sendo influenciados por nossos “colegas de grupo”, nos mais diversos tipos de consumo, desde os mais básicos e diários até os mais especiais e sofisticados. E o mais interessante é que isso ocorre naturalmente, sem nos darmos conta. A Figura 2 resume os tipos de grupo de referência e os tipos de influências desses grupos. Gregário Significa que faz parte de um grupo. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 34 Figura 2: Influências Pessoais e de Grupos em um Indivíduo Fonte: Blackwell; Miniard; Engel, 2005, p. 414. Conforme a Figura 2, proposta pelos autores Blackwell, Miniard e Engel, (2005, p. 414), os grupos sociais podem assumir inúmeras formas e os indivíduos podem pertencer a vários grupos. Assim temos: • Primários: o maior impacto e a maior influência geralmente são exercidos pelos grupos primários, que são uma agregação social que é suficientemente íntima para permitir e facilitar interações frente a frente e irrestritas. O exemplo mais óbvio de um grupo primá- rio, que tem forte influência, é a família. • Secundários: também possuem interações frente a frente, porém são mais esporádicas, me- nos abrangentes e com menor influência ao moldar os pensamentos e comportamentos. São exemplos as associações profissionais, os sindicatos e as organizações comunitárias. • Formais: são grupos formados com uma estrutura definida, possuem lista de membros co- nhecidos e existência de regulamentos para se tornar um membro. Grupos religiosos e or- ganizações de serviço à comunidade são exemplos mais conhecidos deste tipo de grupo. • Informais: esses são menos estruturados que os formais, e baseados na amizade ou inte- resses. Embora haja normas rígidas neste tipo de grupo, elas raramente aparecem na forma de escrita, e seu efeito sobre o comportamento pode ser forte se os indivíduos forem motivados pelo desejo de aceitação social. EaD 35 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR • Associação formal: pode acontecer em grupos informais de pessoas com mesmo interesse ou família, ou podem ser grupos formais como religiosos, fraternidades, associações comerciais ou grupos de compradores, freqüentes em lojas de varejo. Há também as associações for- mais virtuais por meio de salas de bate-papo e outras formas de “associação” na Internet. • Aspiracionais: exibem desejo de adotar normas, valores e comportamentos de outros indi- víduos com quem ambicionam ser parecidos e se associar. Por exemplo, uma criança treinando futebol usará as cores e os emblemas, quando não a própria camiseta do seu time e jogador predileto. • Dissociativos: as influências também podem ser usadas por grupos dissociativos – grupos com os quais um indivíduo tenta evitar associações. Por exemplo, alguns adolescentes podem se dissociar de seus colegas ou pais vestindo-se como jovens da contracultura, pintando os cabelos de roxo e tatuando-se, mas ao se dissociar de um grupo está associ- ando-se a outro. • Virtuais: com o advento dos computadores e da Internet criaram-se as comunidades virtuais. São relações sociais entre as pessoas em vez de relacionamentos frente a frente. As salas de bate-papo permitem que indivíduos com interesses parecidos se conectem, interajam uns com os outros e troquem informações. Além desses tipos de grupos, os mesmos autores destacam três tipos de influências que afetam as decisões, os comportamentos, as compras e o estilo de vida das pessoas. As influências normativas ocorrem quando indivíduos alteram seus comportamentos e suas crenças para atender às expectativas de determinado grupo. Nessa situação as nor- mas do grupo influenciam alguns aspectos, como forma de se vestir ou a marca do carro que dirige. As influências de expressão do valor ocorrem quando a necessidade de associação psicológica com um grupo causa a aceitação de suas normas, valores, atitudes, comporta- mentos. Uma vez que a opinião dos outros é uma evidência crítica e realista da realidade, assim muitos consumidores tomam uma decisão de compra ou sobre sua vida. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 36 As influências informacionais ocorrem quando as pessoas têm dificuldade de acesso às características de um produto ou marca por meio da sua observação ou contato. Neste caso, elas vão aceitar as recomendações ou a experiência de outros como evidência sobre a natureza do produto e usar essas informações em suas decisões. Os grupos de referência afetam os consumidores em diferentes formas e graus, de- pendendo de suas características e das situações de compra do produto. Primeiramente, os grupos de referência criam a socialização de indivíduos. Em segundo lugar, são importan- tes no desenvolvimento e avaliação do autoconceito e de sua comparação com os outros. Em terceiro, os grupos de referência são uma forma de obter obediência às normas de uma sociedade. Então, podemos perceber que há uma estreita relação entre o estudo de marketing e as regras sociais estabelecidas pelos grupos. Essas regram ditam quem pertence ao grupo, quem se diferencia ou não, quem é melhor que o outro e outras divisões. Como o ser humano precisa de relacionamento e segurança, submete-se a elas. Giglio (2002) explica que tais regras podem incluir o que fazer e o que ter. Aqui entra- mos no reino do consumo. Para pertencer a um grupo de elite da diretoria de uma empresa, é possível que alguém admita seguir regras como: jogar tênis pela manhã, estudar alemão e comprar um carro importado. Já são três atividades de consumo. Para pertencer a um grupo de jovens de seu bairro (pois ser aceito é muito importante), alguém pode admitir regras sobre o que vestir, quais lugares freqüentar e quais músicas ouvir. Para cada grupo existe um conjunto de regras diferentes e um leque variado de com- portamentos de consumo. O profissional de marketing deve conhecer as regras dos grupos aos quais pertencem seus clientes e os modelos de consumo adotados. O cruzamento da análise das regras existentes no grupo com as regras pessoais e de relacionamento que o nosso cliente adota completará o conjunto de conhecimentos necessários para a compreen- são dos seus atos de consumo. EaD 37 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR SÍNTESE DA UNIDADE 2 Na unidade 2 você estudou as principais influências na determi- nação do comportamento do consumidor e que a nossa decisão de compra não é algo isolado, mas tem uma relação direta com o ambiente no qual vivemos. Você também conheceu a influência da cultura, etnia e da classe social, as influências familiares e domiciliares e as influências pes- soais e de grupos sobre o comportamento dos consumidores. Compreendendo este conteúdo, podemos ir adiante! EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 38 EaD 39 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Unidade 3Unidade 3Unidade 3Unidade 3 O CONSUMIDOR COMO INDIVÍDUO OBJETIVO DESTA UNIDADE • Apresentar características que são inerentes aos indivíduos e como elas contribuem para a compreensão do comportamento dos consumidores. AS SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 3.1 – Necessidades e Motivações do Consumidor Seção 3.2 – Percepção do Consumidor Seção 3.3 – Aprendizagem Seção 3.4 – As Atitudes do Consumidor Como consumidores, temos algumas características que são particulares a cada um de nós. O seu conhecimento contribui para a compreensão do comportamento do consumidor e auxilia na satisfação de suas necessidades e desejos. Nesta unidade abordaremos os as- pectos relacionados às necessidades e motivações do consumidor, sua percepção, suas ati- tudes e como ocorre a aprendizagem. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 40 Seção 3.1 Necessidades e Motivações do Consumidor Motivação pode ser descrita como a força motriz interna que nos impele à ação. Esta força é produzida por um estado de tensão, que existe em função de uma necessidade não satisfeita. Nós nos esforçamos – tanto consciente quanto inconscientemente – para reduzir essa tensão mediante um comportamento que es- peramos vá satisfazer nossas necessidades e, portanto, nos aliviar do estresse que sentimos (Schiffman; Kanuk, 2000). A motivação é o que nos move – é a força motriz de todo comportamento humano. Em termos mais formais, pode ser defi- nida como o estado de moção ou excitação que impele o compor- tamento na direção de um objeto-alvo (Sheth; Mittal; Newman, 2001). Em suma, a motivação refere-se aos processos que fazem com que as pessoas se comportem da forma que se comportam. Ocorre quando uma necessidade é despertada e o consumidor deseja satisfazê-la. Assim, uma vez que uma necessidade é ativa- da, um estado de tensão impulsiona o consumidor a tentar redu- zi-la ou eliminá-la. Solomon (2002) considera que essa necessidade pode ser utilitária – isto é, um desejo de obter algum beneficio funcional ou prático, como quando comemos legumes por razões nutricionais, ou hedônica – ou seja, uma necessidade de experiên- cia, envolvendo respostas ou fantasias emocionais, como quan- do pensamos com saudade em uma picanha suculenta. Moção Significa ato ou efeito de mover-se. EaD 41 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR O estado final desejado é o objetivo do consumidor. Objetivos são os resultados bus- cados pelo comportamento motivado. Todo comportamento é orientado para objetivos (Schiffman; Kanuk, 2000). Os profissionais de marketing tentam criar produtos e serviços que fornecerão os benefícios desejados e permitirão a nós consumidores reduzirmos a ten- são (Solomon, 2002) Seja a necessidade utilitária ou hedônica, existe uma discrepância entre o estado pre- sente do consumidor e algum estado ideal. Esse abismo cria um estado de tensão. A magni- tude da tensão determina a urgência que o consumidor sente para reduzi-la. Esse grau de excitação é chamado de impulso. Uma necessidade básica pode ser satisfeita de vários mo- dos, e o caminho específico que uma pessoa escolhe é influenciado por seu conjunto único de experiências e pelos valores projetados pela cultura em que foi criada. Os fatores pessoais e culturais combinam-se para criar um desejo, que é uma ma- nifestação de uma necessidade. Por exemplo, a fome é uma necessidade básica que deve ser satisfeita por todos; a falta de alimento cria um estado de tensão que pode ser redu- zido pela ingestão de produtos como pães, biscoitos recheados, peixe cru ou saladas (Solomon, 2002). A maneira especifica como nossas necessidades são satisfeitas dependem da historia única de cada um de nós, nossas experiências de aprendizagem e o ambiente cultural. A forma peculiar de consumo usada para satisfazer uma necessidade é chamada de desejo. Por exemplo, dois colegas seus podem sentir o estômago roncar durante a leitura deste livro à noite. Se nenhum deles comeu nada durante o dia, a força de suas respectivas necessidades (a fome) seria a mesma, porém os modos como cada um procede para satisfazer essa neces- sidade podem ser muito diferentes. A natureza dinâmica da motivação humana faz com que as necessidades e os objeti- vos possam se alterar. O Quadro 1, baseado em Shiffman e Kanuk (2000), sumariza esta abordagem. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 42 Quadro 1: Dinâmica das Necessidades Humanas Fonte: Adaptado de Schiffman; Kanuk, 2000. Necessidades e objetivos estão constantemente mudando Necessidade e objetivos estão crescendo e mudando constantemente em resposta à condição física de um indivíduo, ao ambiente, às interações com os outros e à experiência. À medida que os indivíduos alcançam seus objetivos, eles desenvolvem outros. Se não os alcançam, eles continuam a se dedicar a velhos objetivos ou desenvolvem objetivos substitutos. As necessidades nunca estão completamente satisfeitas A maioria das necessidades humanas nunca está completa ou permanentemente satisfeita. Por exemplo, em intervalos razoavelmente regulares, experimentamos necessidades de fome que devem ser satisfeitas. A maioria de nós busca regularmente a companhia e aprovação de outras pessoas para satisfazer nossas necessidades sociais. Novas necessidades emergem à medida que as velhas são satisfeitas Alguns teóricos asseveram que há uma hierarquia das necessidades e que necessidades novas, de uma posição mais alta, emergem à medida que necessidades de posições mais baixas são satisfeitas. Por exemplo, se conseguirmos satisfazer em grande parte nossas necessidades básicas podemos voltar nossos esforços para alcançar aceitação na sociedade associando-nos em clubes ou apoiando determinados candidatos políticos. O sucesso e o fracasso influenciam os objetivos A natureza dos objetivos que os indivíduos estabelecem para si próprios influencia o processo de motivação. Os indivíduos que realizam seus objetivos normalmente estabelecem outros novos e mais altos para si próprios; ou seja, eles aumentam seus níveis de aspiração. Isto provavelmente se deve ao fato de que o sucesso os torna mais confiantes em suas habilidades de alcançar objetivos mais altos. Por exemplo, um estudante que não consegue entrar para a faculdade de Medicina pode então tentar a faculdade de Odontologia; se não conseguir, ele pode estudar para ser farmacêutico. Objetivos substitutos Quando um indivíduo não consegue alcançar um objetivo específico ou um tipo de objetivo que ele supôs que iria satisfazer certas necessidades, o comportamento pode ser dirigido a um objetivo substituto. Embora de o objetivo substituto pode não ser tão satisfatório quanto o objetivo primário, ele possa ser suficiente para dissipar uma tensão desconfortável. Se pararmos de tomar leite integral porque estamos fazendo dieta podemos, na realidade, começar a preferir leite desnatado. EaD 43 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Seção 3.2 Percepção do Consumidor A percepção pode ser descrita da seguinte forma: “a maneira como vemos o mundo a nossa volta”. Dois indivíduos podem estar sujeitos aos mesmos estímulos e sob as mesmas condições aparentes, mas a maneira como cada um os reconhece, seleciona, organiza e interpreta é um processo altamente individual, baseado nas necessidades, valores e expec- tativas de cada pessoa. A percepção é definida como o processo pelo qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta estímulos visando a um entendimento significativo e coerente do mundo. Um estímulo é qualquer unidade de dados para qualquer um dos sentidos. Exemplos de estí- mulos (dados ou inputs, sensoriais) incluem produtos, embalagens, marcas, anúncios e comerciais. Receptores sensoriais são os órgãos humanos (os olhos, ouvidos, nariz, boca e pele) que recebem dados sensoriais. Suas funções sensoriais são ver, ouvir, cheirar, sentir o gosto e sentir o tato. Todas estas funções são solicitadas, individualmente ou combinadas, no processo de avaliação e uso da maioria dos produtos de consumo (Schiffman; Kanuk, 2000). Cada um de nos lida com um bombardeio de sensações, prestando atenção a alguns estímulos e eliminando outros. As mensagens que escolhemos para prestar atenção com freqüência acabam sendo diferentes das pretendidas por seus patrocinadores, à medida que cada um coloca sua “visão” nas coisas ao extrair significados que são coerentes com suas próprias experiências, concepções e desejos únicos (Solomon, 2002). Sheth, Mittal e Newman (2001) identificam um processo perceptual para o comporta- mento do consumidor. Esse processo inclui três passos: 1. Sensação: atender a um objeto ou evento do ambiente com um ou mais dos cinco senti- dos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Os exemplos incluem a sensação de um avião decolando ou a impressão da textura e do sabor de uma macarronada em determinado restaurante. O objeto ou evento do ambiente é tecnicamente chamado de estímulo. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 44 2. Organização: categorizar, classificando o estímulo percebido de acordo com as categorias semelhantes a objetos, armazenadas na memória. No exemplo de comer a macarronada, a organização ocorre quando identificamos todos os ingredientes e classificamos o ali- mento como um tipo específico semelhante ou diferente de outros que comemos anterior- mente. 3. Interpretação: acrescentar significado a um estímulo, formando uma “regra” sobre o objeto ser ou não apreciado, e também sobre que valor lhe seria atribuído por aquele que o percebe. No exemplo da macarronada, a interpretação ocorre quando julgamos se ela é gostosa e se gostamos mais ou menos desta que de outras consumidas anteriormente. Para esclarecer melhor esses processos perceptuais, consideremos um exemplo do coti- diano. Quando avistamos dois fachos de luz aproximando-se no escuro, “organizamos” es- ses dois elementos discretos de informação (ou seja, dois fachos de luz) como partes de um carro (e não de duas motocicletas) que se aproxima. Um pouco depois, a julgarmos pela velocidade – dependendo de o carro estar controlado e reduzindo a marcha à medida que se aproxima, ou estar perdido, sem controle e aproximando-se a uma velocidade acelerada –, nós o “interpretamos” como um veiculo amigável ou ameaçador. A sensação está relacionada à reação imediata de nossos receptores sensoriais (olhos, ouvidos, nariz, boca, dedos) e estímulos básicos como a luz, a cor, o som, os odores e as texturas. A percepção é o processo pelo qual essas sensações são selecionadas, organizadas e interpretadas. Assim, o estudo da percepção concentra-se no que acrescentamos a essas sensações, a fim de lhe conferirmos significado (Solomon, 2002). Como computadores, passamos por estágios de processamento de informações em que os estímulos são captados e armazenados. Diferentemente dos computadores, no entanto, não processamos passivamente qualquer informação que nos é apresentada. Em primeiro lugar, somente um pequeno número dos estímulos presentes em nosso ambiente é notado. Desses, um número menor ainda recebe nossa atenção. Os estímulos que realmente entram na consciência podem não ser processados objetivamente. O significado de um estímulo é interpretado pelo indivíduo, que é influenciado por concepções, necessidades e experiências únicas. Vamos considerar os sistemas sensoriais que nos fornecem as sensações. EaD 45 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Os estímulos externos, ou inputs sensoriais, podem ser recebidos por uma série de ca- nais. Podemos ver um outdoor, ouvir uma música, sentir a maciez de um suéter, provar o novo sabor de um sorvete ou sentir o cheiro de um casaco de couro. Os inputs captados por nossos cinco sentidos são os dados crus que iniciam o processo perceptivo. Por exemplo, dados sensoriais vindos do ambiente externo (como ouvir uma músicas no rádio) podem gerar experiências sensoriais internas, como quando uma música nos faz lembrar da primei- ra vez que dançamos com alguém e traz a nossa mente o perfume da pessoa ou a sensação do seu cabelo em nosso rosto. A qualidade sensorial única de um produto pode desempenhar um importante papel ao fazê-lo se sobressair em relação aos concorrentes, especialmente se a marca cria uma associação única com a sensação. A exposição ocorre quando um estímulo penetra na gama de receptores sensoriais de uma pessoas. Solomon (2002) cita nossos sentidos como elemen- tos que podem estimular ações de marketing: • Visão – Os profissionais de marketing confiam muito nos elementos visuais em publicida- de, design de lojas e embalagens. Os significados são comunicados no canal visual por meio da cor, tamanho e estilo de um produto. As cores podem até mesmo influenciar nossas emoções diretamente. Evidências sugerem que algumas cores (em especial a ver- melha) criam sentimentos de excitação e estimulam o apetite, enquanto outras (como a cor azul) são mais relaxantes. Cores saturadas como verde, amarelo, azul ciano e laranja são considerados os melhores tons para captar a atenção, mas não exagere: o seu uso extensivo pode oprimir as pessoas e causar a fadiga visual. Evidentemente a cor é um elemento importante no desenho das embalagens. • Olfato – Os odores podem despertar emoções ou criar uma sensação de tranqüilidade. Podem invocar recordações ou aliviar o estresse. Um estudo descobriu que os consumido- res que viam anúncios de flores e de chocolates passavam mais tempo processando as informações dos produtos e ficavam mais inclinados a experimentar diferentes alternati- vas dentro de cada categoria de produto. Algumas de nossas reações a aromas resultam de associações iniciais que invocam sensações boas ou más, e isso explica por que as empresas estão explorando conexões entre odor, recordação e estado de espírito. O odor é processado pelo sistema límbico, a parte mais primitiva do cérebro, e o lugar onde as emoções imediatas são vivenciadas. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 46 • Audição – Os consumidores gastam milhões de reais em gravações sonoras todo ano, os jingles de publicidade mantêm a consciência de marcas e a música de fundo cria estados de espírito desejados. A assim chamada “música funcional” é tocada em lojas, shoppings e escritórios, seja para acalmar ou estimular os consumidores. • Tato – Embora relativamente pouca pesquisa tenha sido feita sobre os efeitos da estimulação tátil sobre o comportamento do consumidor, a observação comum nos diz que este canal sensorial é importante. Estados de espírito são estimulados ou acalmados com base nas sensações que atingem a pele. As pessoas associam texturas de tecidos e outras superfícies com qualidade e alguns profissionais de marketing estão explorando o modo como o tato pode ser usado em embalagens para despertar o interesse do consumidor. • Paladar – Nossos receptores de paladar obviamente contribuem para nossa experiência com muitos produtos, e as pessoas desenvolvem fortes preferências por determinados sa- bores. Empresas especializadas, chamadas de “casas de sabor”, mantêm-se ocupadas com o desenvolvimento de novas misturas que agradem o mutável paladar dos consumi- dores. Seção 3.3 Aprendizagem A aprendizagem é uma mudança relativamente permanente no comportamento cau- sado pela experiência. O aprendiz não precisa vivenciar a experiência diretamente; nós tam- bém podemos aprender por meio da observação de eventos que afetam os outros. Aprendemos até mesmo quando não estamos tentando aprender: os consumidores re- conhecem muitos nomes de marcas e podem cantarolar vários jingles de produtos, por exemplo, mesmo que não os utilizem. Essa aquisição casual, não intencional, de conhecimento, é denominada de aprendizagem incidental (Solomon, 2002). EaD 47 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Quando alguém compra, usa ou paga um produto ou serviço, este não é um ato isolado. Quando uma pessoa precisa tomar uma decisão de mercado, esta não é sua primeira exposi- ção e resposta ao mercado. Os clientes trazem para cada decisão o aprendizado que acumula- ram durante toda a vida em relação ao mundo em geral e ao mercado em particular. Esse estoque de conhecimentos orienta o modo como eles respondem a novas informa- ções de mercado e afeta profundamente o que as pessoas aprendem sobre vários produtos e serviços. Essas atividades caracterizam as tarefas de percepção e aprendizado (Sheth; Mittal; Newman, 2001). A aprendizagem é um processo contínuo. Nosso conhecimento sobre o mundo é revi- sado constantemente, enquanto somos expostos a novos estímulos e recebemos contínuo feedback que nos permite modificar o comportamento quando nos encontramos em situa- ções semelhantes posteriormente. O conceito de aprendizagem é extenso, variando da simples associação do consumi- dor entre um estímulo, como o logotipo de um produto (como Coca-Cola) e uma resposta (como refrigerante refrescante), até uma série complexa de atividades cognitivas (como es- crever a respeito da aprendizagem em um teste sobre o comportamento do consumidor) (Solomon, 2002). Do ponto de vista do marketing, a aprendizagem do consumidor pode ser considerada o processo pelo qual os indivíduos adquirem o conhecimento e a experiência de compra e consumo que aplicam a um comportamento correlato futuro. Vale a pena destacar alguns pontos desta definição (Schiffman; Kanuk, 2000): • A aprendizagem do consumidor é um processo, ou seja, ela evolui continuamente e muda em função do conhecimento adquirido recentemente (que pode ser obtido pela leitura, por debates, pela observação, pelo pensar) ou em função da experiência. • Tanto o conhecimento adquirido recentemente quanto a experiência servem como feedback para o indivíduo e oferecem a base para o comportamento futuro em situações semelhantes. A aprendizagem resulta do conhecimento adquirido e/ou da experiência. Esta qualificação distingue a aprendizagem do comportamento instintivo, por exemplo, a sucção do bebê. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 48 • Boa parte da aprendizagem é também incidental, adquirida por acaso ou sem muito esfor- ço. Por exemplo, alguns anúncios podem induzir à aprendizagem (ex.: de marcas), mes- mo que nossa atenção esteja em outro ponto (em algum artigo de revista em vez do anúncio da página que vemos). Outros anúncios são procurados e cuidadosamente lidos pelos consumidores que contemplam uma importante decisão de compra. Enfim, o aprendizado é uma mudança no conteúdo da memória de longa duração. Os seres humanos aprendem porque isso os ajuda a responder melhor ao ambiente. Assim, uma criança que acidentalmente toca uma lâmpada quente aprende a nunca mais tocar algo que se pareça com esse objeto. Um cliente que é ludibriado e compra um produto de baixa qualidade de uma empresa de mala direta, que não lhe dá garantia de devolução caso o produto não agrade, nunca mais vai comprar alguma coisa dessa empresa. Uma empresa aprende a não contratar de novo um consultor depois de descobrir que ele estava vendendo os seus segredos comerciais para a concorrência (Sheth; Mittal; Newman, 2001). Seção 3.4 As Atitudes do Consumidor O termo atitude é muito usado na cultura popular. Poderiam lhe perguntar “Qual sua atitude com relação à liberação das drogas?”. Um pai ou uma mãe poderia dizer “Filho, eu não gosto de sua atitude”. Até mesmo alguns bares, de modo eufemístico, fazem referencia à happy hour como “um período de ajuste de atitudes”. Para nossos objetivos, porém, uma atitude é uma avaliação geral e duradoura de pessoas (incluindo elas próprias), objetos, anúncios e questões. Qualquer coisa em relação à qual uma pessoa tem uma atitude é chamada de objeto de atitude. Uma atitude é duradoura porque tende a persistir ao longo do tempo. É geral porque se aplica a mais de um evento momentâneo, como ouvir uma música muito alta, embora com o tempo você possa desenvolver uma atitude negativa contra todos os ruídos muito altos. Os consumidores têm atitudes em relação a uma ampla gama de objetos: desde EaD 49 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR comportamentos muito específicos com produtos até comportamentos mais gerais relati- vos ao consumo (como quanto à freqüência com que alguém deve escovar os dentes) (Solomon, 2002). Atitudes são predisposições aprendidas para responder a um objeto ou a uma classe de objetos de forma consistentemente favorável ou desfavorável (Sheth; Mittal; Newman, 2001). Essa definição tem algumas implicações: • As atitudes são aprendidas, ou seja, elas formam-se com base em alguma experiência com um objeto ou uma informação sobre ele. • As atitudes são predisposição e, como tais, residem na mente. • As atitudes causam uma resposta consistente. Elas precedem e produzem comportamentos. Assim sendo, as atitudes podem ser empregadas para prever comportamentos. Então, por exemplo, se sabemos que a atitude de alguém em relação a um candidato em uma eleição é positiva, podemos prever que essa pessoa provavelmente votará nesse candidato. Ou, se alguém tem uma atitude positiva em relação a salvar o ambiente, pode-se pre- ver que essa pessoa vai engajar-se na reciclagem e na compra de produtos não nocivos à natureza. Dessa forma, os profissionais de marketing usam mensurações de atitudes antes de lançar novos produtos. Por exemplo, se um cliente tem uma atitude favorável em relação a um novo conceito de produto, pode-se prever que, quando este estiver disponível, esse cliente provavelmente irá comprá-lo. Por outro lado, o comportamento pode ser utilizado para inferir as atitudes a ele subjacentes. Na vida cotidiana observamos o comportamento de alguém em relação a nós utilizamos essa observação para inferir se essa pessoa gosta de nós; usamos então essa atitude que foi inferida para prever como a pessoa vai comportar-se em relação a nós no futuro. Os profissionais de marketing também empregam essa lógica com freqüência. Quando os clientes compram um produto, esse comportamento de compra é utilizado para inferir uma atitude favorável em relação à classe de produtos relacionados, que, por sua vez, é um indica- dor da compra potencial de um item da classe de produtos (Sheth; Mittal; Newman, 2001). EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 50 SÍNTESE DA UNIDADE 3 Você estudou nesta unidade que o consumidor possui característi- cas que são particulares a cada indivíduo e que o conhecimento delas contribui para a compreensão do comportamento de compra de cada um. A partir deste estudo você aprenderá a facilitar a concretização de uma venda por parte da empresa onde prestará trabalho a partir da identificação das necessidades e desejos do consumidor, moti- vando-o e aguçando sua percepção em relação ao produto ofertado. Você percebe como o seu desempenho como profissional será im- portante? Vamos adiante! EaD 51 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Unidade 4Unidade 4Unidade 4Unidade 4 O PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA DO CONSUMIDOR OBJETIVOS DESTA UNIDADE • Compreender como ocorre o processo decisório de compra do consumidor e como este influenciam a escolha dos indivíduos • Descrever cada etapa do processo decisório de compra e compreender como cada estágio implica nas decisões organizacionais. AS SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 4.1 – Reconhecimento da Necessidade Seção 4.2 – Busca de Informações Seção 4.3 – Avaliação de Alternativas Seção 4.4 – Compra Seção 4.5 – Consumo Seção 4.6 – Avaliação Pós-Compra Seção 4.7 – Descarte Alguns consumidores têm maior atração por determinado tipo de produtos do que por outros. Para alguns, certos objetos são imprescindíveis, enquanto para outros eles são abso- lutamente dispensáveis. O consumidor tem suas preferências, que não são as mesmas para todos, pois cada um prefere aquilo com que se identifica mais. Estudar o consumidor signi- fica pesquisar seus mecanismos de aceitação e seus bloqueios, sua forma de ser, de pensar, de agir e de reagir (Karsaklian, 2000). EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 52 O objetivo desta unidade é ajudá-lo a desenvolver um modelo de processos decisórios do consumidor. Isto é um desafio, pois é necessário isolar corretamente os passos que a maioria das pessoas segue quando são tomadas decisões, assim como os sistemas de forças internas e externas que interagem e afetam como o consumidor pensa, avalia e age. Se não, tudo que for feito em marketing, provavelmente, seria abaixo do potencial. Muitos fatores podem moldar o resultado final, incluindo motivações internas e influên- cias externas, como pressões sociais e atividades de marketing. De alguma maneira, os indiví- duos organizam todos esses fatores e tomam decisões que são lógicas e coerentes para eles. A perspectiva de solução para este problema abrange todos os tipos de comportamen- to de satisfação de necessidade e uma ampla faixa de fatores motivadores e influenciadores. De maneira ampla, a tomada de decisão do consumidor tem os seguintes estágios (Engel; Blackwell; Miniard, 2000): 1. Reconhecimento da Necessidade – é uma percepção da diferença entre a situação deseja- da e a situação real, suficiente para despertar e ativar o processo decisório. 2. Busca de Informação – é a busca de informação armazenada na memória (busca interna) ou aquisição de informação relevante para a decisão no ambiente (busca externa). 3. Avaliação de alternativa pré-compra – é a avaliação de opções em termos de benefícios esperados e estreitamento da escolha para a alternativa preferida. 4. Compra – é a aquisição de alternativa preferida ou de uma substituta aceitável. 5. Consumo – é o uso da alternativa selecionada. 6. Avaliação pós-consumo – é a avaliação do grau em que a experiência de consumo produ- ziu satisfação. 7. Descarte – é desfazer-se do produto não consumido ou do que dele restou. É extremamente importante compreender de que forma ocorre o processo pessoal de decisão dos consumidores na hora da compra. A nossa tomada de decisão no ato da com- pra varia de acordo com o tipo de valor do objeto de compra (Kotler; Armstrong, 2000). EaD 53 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Isto significa que um produto de pequeno valor, como um creme dental, e a compra de um bem de maior valor, como um eletrodoméstico, por exemplo, envolve decisões bastante diferentes. A compra de um bem não é normalmente um ato espontâneo e passageiro, mas o efeito de um processo psicológico de conflitos internos. Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000), o comportamento do processo de decisão pode ser entendido como resultante da solução de um problema. Por solução de problema os autores se referem “à ação constante, ponderada, tomada para trazer satisfação de uma necessidade”. Na mesma linha de pensamento, Solomon (2002) descreve que o esforço despendido para o processo de tomada de decisão é diferente, dependendo da importância da decisão. Às vezes é quase automático, mediante julgamentos instantâneos com base em pouquíssimas informações. Outras vezes esse processo parece ser uma tarefa de tempo integral. Nesse sentido, muitos fatores podem influenciar o resultado, como motivações inter- nas e externas, pressões sociais e ações de marketing. A tomada de decisão é resultante da combinação de todos esses fatores e o indivíduo provavelmente decidirá com base naquilo que é lógico e coerente para ele. Engel, Blackwell e Miniard (2000) acreditam que quando o indivíduo age ponderando e avaliando cuidadosamente os atributos utilitários (ou funcionais) do produto, pode-se concluir que ele está a caminho de uma tomada de decisão racional. Por outro lado, benefí- cios hedonistas (orientados emocionalmente) poderão predominar, sendo o objeto de consu- mo visto simbolicamente em termos de prazeres sensoriais. A decisão pela compra e o consu- mo em geral refletem uma combinação dos benefícios utilitários e hedonistas. Como o tempo e o dinheiro são recursos finitos para o comprador, ele procura alocá- los da maneira mais sensata possível. A questão de saber se a compra deve ser feita é o primeiro nível de decisão; logo após o cliente toma uma outra decisão quanto a “o que comprar”, escolhendo entre as diversas marcas dos produtos, fazendo uma avaliação das alternativas levando em conta as características do produto, as marcas, as lojas, os fornece- dores, entre outros. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 54 Após escolhida uma alternativa, o consumidor irá decidir se compra ou não o produto e de que forma irá pagá-lo. Deve-se levar em conta que a avaliação pós-compra é importan- te, pois irá revelar a satisfação ou insatisfação com o produto ou serviço adquirido, o que se reflete diretamente nas compras futuras desse consumidor. Existem quatro tipos de comportamento de compra do consumidor baseados em seu grau de envolvimento e o grau de diferenças entre as marcas (Quadro 1). Quadro 1: Quatro tipos de comportamento de compra Fonte: Assael apud Kotler; Armstrong, 2000, p. 199. O comportamento de compra é complexo quando há alto envolvimento dos consumi- dores em uma compra, ligadas ao seu ego e auto-imagem, envolvendo risco financeiro, so- cial e pessoal. Conforme Schiffman e Kanuk (2000, p. 154), “as compras de alto envolvimento são aquelas mais importantes para o consumidor... e, portanto, provocam solução ampliada de problemas”. Geralmente dizem respeito a produtos que compramos que são mais caros, como ele- trodomésticos ou automóveis, e por isso o consumidor acaba dispensando mais tempo e energia nesse tipo de compra. O comportamento de compra com dissonância cognitiva re- duzida é quando o comprador está altamente envolvido em uma compra, mas vê pouca diferença entre as marcas, e acaba comprando um produto com uma certa rapidez, mas depois tenta obter informações que venham a sustentar sua decisão. Alto Envolvimento Baixo Envolvimento Diferenças significativas entre as marcas Comportamento de compra complexo Comportamento de compra em busca da variedade Poucas diferenças entre marcas Comportamento de compra com dissonância cognitiva reduzida Comportamento de compra habitual EaD 55 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR O comportamento de compra habitual é aquele que compreende uma categoria de produtos de baixo valor e adquiridos com freqüência, em que o consumidor não deposita tempo para procura de informações, criando muitas vezes um hábito em comprar determina- do produto, o qual muitas vezes nem passa pelo estágio de avaliação. E, por fim, o comportamento de compra em busca de variedade é aquela caracterizada por um baixo envolvimento, mas com diferenças significativas de marcas. Os consumidores querem experimentar diferentes marcas, devido a sua busca por variedade. A seguir abordaremos separadamente cada uma das sete etapas do “processo decisório de compra do consumidor”. Seção 4.1 Reconhecimento da Necessidade Nesse primeiro estágio o consumidor reconhece um problema e então é iniciado o processo de compra. Na abordagem de Engel, Blackwell e Miniard (2000) este momento é o da ativação e o reconhecimento de necessidade de consumo que levam o consumidor a um processo de tomada de decisão que determina a compra e o consumo do produto. Para que haja a ativação da necessidade é preciso levar em conta a influência de diversos fatores, como o tempo, a mudança de circunstâncias, a aquisição de produto, seu consumo, diferenças individuais e influências de marketing. 1 1 Disponível em: <http://www.coisasdosanduba.com/wp-content/uploads/VaicompraralgumaprodutoVisiteantesore.br_C1A8/ basket_shop3.jpg> Acesso em: 3 dez. 2008. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 56 A decisão do cliente começa com o reconhecimento do problema, que ocorre em virtude de uma pista interna que nasce de um estado de insatisfação experimentado pela pessoa, ou de estímulos externos que evocam esses motivos (Sheth; Mittal; Newman, 2001, p. 523). Semenik e Bamossy (1995) avaliam que dependendo do estado de necessidade, os con- sumidores darão diferentes graus de importância à decisão. Além disso, os desejos de infor- mação variam de um estado de necessidade para outro. Conhecendo quais são esses esta- dos, os profissionais podem adequar o design, o preço, ou a estratégia promocional de seu produto para que possa atender aos desejos de seus consumidores. Para Schiffman e Kanuk (2000), o reconhecimento da necessidade pode ser visto tanto do modo simples quanto do complexo. O modo simples pode ser descrito, por exemplo, quan- do alguém fica com fome e logo compra algum alimento para satisfazer essa necessidade. Já o modo complexo pode ser quando alguém, ao longo de um tempo, resolve trocar seu carro para evitar despesas futuras. Uma necessidade deve ser primeiro “ativada” antes que possa ser “reconhecida”. Um grande número de fatores influencia a probabilidade de uma necessidade em particular ser ativada. Tais fatores operam ao alternar os estados real e/ou desejado da pessoa. Engel, Blackwell e Miniard (2000) descrevem com pertinência esses fatores e neles nos baseamos: • Tempo – Uma pessoa que tenha feito sua última refeição há muito tempo sabe que a simples passagem deste pode ser um potente ativador de necessidades de consumo. O tempo pode influenciar o estado desejado também. À medida que envelhecemos passamos por mudan- ças em nossos gostos e valores que, por sua vez, alteram nosso estado desejado. • Mudança de circunstâncias – As necessidades freqüentemente são ativadas devido a mudanças nas nossas vidas. Muitos estudantes descobrem na formatura e ao começar um novo emprego que seu atual guarda-roupa precisa ser aumentado para que eles atuem mais confortavelmente dentro do seu ambiente de trabalho, sobretudo quando na firma existem expectativas fortes do que representa o vestuário apropriado. Mudanças dentro da família também podem acionar o reconhecimento de necessidade. O nascimento de um filho, por exemplo, resulta em exigências modificadas de alimentação, vestuário, móveis e moradia. EaD 57 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR • Aquisição de produto – A aquisição de um produto pode, por sua vez, ativar a necessida- de de produtos adicionais. Não é raro descobrir que a aquisição de novos móveis afeta a percepção da necessidade da troca do piso, da decoração e assim por diante. De forma semelhante, comprar uma casa nova normalmente exige a compra de produtos adicio- nais, especialmente para compradores de primeira vez. • Consumo de produto – O próprio consumo real pode adicionar o reconhecimento de necessida- de. Em muitas situações de compra, uma necessidade é reconhecida simplesmente devido a uma situação de falta de estoque. As últimas fatias de pão foram torradas para o café e será necessário mais para o jantar. Assim, o reconhecimento de necessidade ocorre por causa de uma necessidade antecipada no futuro imediato resultante de uma mudança na situação real. • Influências de marketing – Até aqui nos concentramos em fatores que exercem efeito no reconhecimento de necessidades, mas que não dizem respeito ao modo como as empresas podem influenciar diretamente a decisão. Estas, porém, têm ao seu dispor uma variedade de maneiras que podem afetar o reconhecimento da necessidade do consumidor. Na ver- dade, estimular a conscientização dos consumidores sobre suas necessidades é freqüentemente um objetivo importante, que quando negligenciado pode ter conseqüên- cias desfavoráveis para empresas e indústrias inteiras. O reconhecimento da necessidade, na concepção de Solomon (2002), pode ocorrer de várias formas. A qualidade do estado real da pessoa pode ser diminuída simplesmente ao faltar um produto, ou ao comprar um produto inadequado, ou quando o consumidor cria novas necessidades. Já o reconhecimento da oportunidade ocorre quando um consumidor é exposto a produtos diferenciados ou de melhor qualidade. É importante destacar que as compras sem- pre são feitas de acordo com a realidade do ambiente em que o indivíduo convive. Fica então a pergunta: como as empresas podem estimular o reconhecimento da ne- cessidade? Algumas vezes será suficiente simplesmente lembrar aos consumidores de uma necessidade. Os consumidores que correm os olhos pelas gôndolas de um supermercado podem encontrar um display que os lembre de uma necessidade de compra que foi reconhe- cida anteriormente, mas que havia sido esquecida. De maneira semelhante, um dentista pode mandar aos pacientes que estejam atrasados para um check-up e limpeza um simples lembrete da necessidade de marcar uma consulta. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 58 Seção 4.2 Busca de Informações Após reconhecer a necessidade, o consumidor vai buscar informações para que possa satisfazê-la. Para Schiffman e Kanuk (2000, p. 402), “A busca de pré-compra começa quan- do o consumidor percebe uma necessidade que pode ser satisfeita pela compra e o consumo de um produto”. Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000, p. 120), a busca pode ser de natureza interna ou externa. “A busca interna envolve a recuperação de conhecimento da memória, enquanto a busca externa consiste em coletar informações do mercado”. Caso o consumi- dor lembre-se de produtos ou serviços capazes de satisfazer sua necessidade, não precisará fazer o levantamento das alternativas. A busca de natureza interna ocorre depois do reco- nhecimento de necessidade. Busca interna nada mais é do que uma investigação na memória à procura do conhe- cimento relevante à decisão, armazenado na memória de longo prazo. Por exemplo, um estudo relata que muitos de nós quando precisamos de um serviço de oficina de carros nos baseamos em nosso conhecimento existente para fazer estas escolhas. De acordo com Sheth, Mittal e Newman (2001), o cliente baseia-se em um conheci- mento anterior, ou busca novas soluções por meio da aquisição, avaliação e integração de novas informações. A procura de informações varia entre consumidores e tipos de produtos, que podem manifestar comportamentos opostos numa determinada situação. Uns podem ser fiéis às marcas, outros levam em conta as características do produto, e alguns preferem os itens mais baratos. Segundo Underhil (1999, p. 34), “muitas decisões de compra são tomadas ou podem ser fortemente influenciadas no recinto da própria loja”. Os consumidores são influen- ciados por impressões e informações adquiridas na própria loja, e não só em propaganda ou fidelidade à marca. EaD 59 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Quando a busca interna se mostra inadequada, o consumidor pode decidir coletar informação adicional do ambiente. A busca externa que é impelida por uma decisão de compra futura é conhecida como busca pré-compra. Este tipo de busca externa pode ser comparado com um outro tipo chamado busca continuada, na qual a aquisição de informa- ção ocorre numa base relativamente regular, independentemente de necessidades de com- pra esporádicas. Por exemplo, um consumidor assinante de revistas de automóveis reflete uma atividade de busca continuada. Estas mesmas revistas também podem ser examinadas durante uma busca pré-com- pra, mas apenas quando o consumidor estiver procurando no mercado por um novo carro. A principal motivação da busca pré-compra é o desejo de fazer melhores escolhas de consumo (Engel; Blackwell; Miniard, 2000). Várias pessoas tendem a evitar a busca externa, mesmo quando essas informações teriam mais probabilidade de trazer benefícios, porém a maioria dos consumidores de produ- tos de vestuário tendem a fazer muita pesquisa externa. De acordo com Solomon (2002), mesmo que os riscos sejam financeiramente menores, essas decisões podem ter conseqüên- cias desagradáveis, caso seja feita uma escolha errada. Nesse caso o risco percebido é alto, ou seja, o produto pode ter conseqüências potencialmente negativas. Seção 4.3 Avaliação de Alternativas A avaliação de alternativas pode ser definida como o processo pelo qual uma alternativa de es- colha é avaliada e selecionada para atender às necessidades do consumidor. 2 2 Disponível em: <http://deconcreto.files.wordpress.com/2007/07/consumismo1.jpg> Acesso em: 3 dez. 2008. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 60 Embora apresentemos, por motivos pedagógicos, busca e avaliação de alternativas como estágios “separados”, devemos reconhecer que os dois estágios estão intrincadamente entrelaçados durante a tomada de decisão. A aquisição no ambiente de informação sobre o produto, por exemplo, leva, normal- mente, a alguma avaliação (como: “estes preços estão altos demais”), que pode então guiar a busca subseqüente (como: “vamos ver a loja do outro lado da rua”). A avaliação ocorre simultaneamente com o processo de busca, pois os consumidores aceitam, discutem, distorcem ou rejeitam as informações que chegam à medida que as rece- bem. Para Kotler e Armstrong (2000, p. 202), “os consumidores variam de acordo com os atributos que consideram mais relevantes e a importância associada a cada atributo. Eles prestarão mais atenção aos atributos que forneçam os benefícios buscados”. O consumidor precisa desenvolver um conjunto de critérios avaliativos para usar no mo- mento da seleção das alternativas. “Critério de avaliação pode ser definido como aquelas carac- terísticas que o consumidor considera ao escolher entre alternativas” (Boone; Kurtz, 1998, p.186). Segundo Sandhusen (1998, p. 194), cinco características de produto ajudam a expli- car a dinâmica desse estágio: • Atributos do Produto: são as características do produto que se relacionam com as necessi- dades do comprador. • Atributos Marcantes: são as características que “vêm à mente” dos compradores quando o produto é mencionado. • Imagem da Marca: compreende um conjunto das percepções do comprador, tanto favorá- veis quanto desfavoráveis, sobre cada atributo do produto. Estas podem estar em desa- cordo com a verdadeira imagem da marca, por causa da percepção seletiva e da retenção pelos compradores potenciais. • A Função Utilitária: define a variação da satisfação do comprador. Entender as funções utilitárias é especialmente importante no desenho e posicionamento dos produtos. • O Produto Ideal: é aquele que combina os atributos com os mais altos níveis utilitários desejados. EaD 61 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Nas palavras de Solomon (2002), existem três tipos de conjunto de alternativas: o conjunto evocado, que são as alternativas ativamente consideradas durante o processo de escolha de um consumidor; o conjunto inerente, ou seja, as alternativas das quais o consu- midor está consciente, mas que não consideraria ao comprar, e o conjunto inepto, isto é, aquelas que não fazem parte do jogo. A complexidade da avaliação de alternativa pré-compra varia drasticamente, depen- dendo do processo particular que os consumidores seguem ao tomar suas decisões de con- sumo. Quando a decisão é de natureza habitual, este estágio de tomada de decisão implica, simplesmente, que o consumidor forme a intenção de recomprar o mesmo produto de antes. De forma similar, os consumidores que não têm conhecimento necessário para selecio- nar o produto medicinal adequado, podem basear-se nas recomendações do farmacêutico, em vez de tentarem decidir sozinhos. Neste cenário, a avaliação de alternativas consiste em uma regra de decisão bastante simples: “Compre o que o especialista recomenda”. Às vezes, a avaliação de alternativa pré-compra é bastante complexa, como é o caso de muitos bens duráveis de preços altos que compramos. As decisões devem ser tomadas, inicialmente, em relação a que alternativas de escolha considerar e que critérios de avalia- ção (isto é, dimensões ou atributos) empregar ao avaliar alternativas. Depois, devem ser julgados os desempenhos relativos das alternativas consideradas ao longo dos critérios de avaliação. É então aplicada a estes julgamentos uma regra de decisão para selecionar uma alternativa em particular (Engel; Blackwell; Miniard, 2000). Seção 4.4 Compra Schiffman e Kanuk (2000) consideram que para um consumidor tomar uma decisão, é preciso que mais de uma alternativa esteja disponível (a decisão de não comprar também é uma alternativa). Nesse estágio o consumidor cria preferências entre as marcas do conjunto de escolha e forma uma intenção de comprar as preferidas. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 62 Kotler e Armstrong (2000), porém, consideram que uma pessoa próxima do consumi- dor pode influenciá-lo tanto positiva quanto negativamente na compra de determinado pro- duto, assim como os fatores situacionais imprevistos, como perda de emprego, desagrado com o vendedor ou urgência em comprar outros produtos primeiro. Nem todas as intenções de compra são consumadas, pois o consumidor sempre en- frenta a opção de abortar o processo neste ponto. Um grande número de fatores pode inter- vir, e aqui estão alguns exemplos relacionados por Engel, Blackwell e Miniard (2000): • Mudanças de motivações – a necessidade ativada é atendida de outras maneiras ou ou- tras necessidades tornam-se dominantes. • Mudança de circunstâncias – considerações econômicas ou outros fatores tornam a com- pra neste momento imprudente. • Nova informação – a avaliação de alternativa anterior mostrou-se deficiente. • Alternativas desejadas não estão disponíveis – escassez não prevista. O momento oportuno de uma compra também é alvo de consideração. Alguns produ- tos, por exemplo, são comprados, principalmente, de forma sazonal. Aparelhos de ar-condi- cionado em locais de climas frios, presentes de Natal e viagens de férias são exemplos. Ou- tros, como detergentes e comida congelada, são geralmente comprados apenas quando o estoque está esgotado. Depois, as intenções de compra não têm, geralmente, limites prévios, precisando assim de busca de informação adicional sobre qual alternativa selecionar. Esta é uma motivação importante no comportamento de fazer compras. O consumidor também se depara cada vez mais com diferentes opções de onde com- prar. Fazer compras para a casa, por exemplo, teve um crescimento notável na oferta de marcas e produtos para o lar. Muitos estabelecimentos de varejo foram empurrados para o marketing direto para complementar suas atividades normais. EaD 63 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Finalmente, o consumidor deve decidir como pagar. Há uma tendência de abandonar o pagamento em dinheiro pelo uso de cartões de crédito e outras formas de pagamento postergado. Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000), os consumidores podem ser classificados em três categorias, segundo sua intenção de compra: • Compra totalmente planejada: tanto o produto quanto a marca são escolhidos com ante- cedência. • Compra parcialmente planejada: há uma intenção de comprar um dado produto, mas a escolha da marca é adiada até a compra ser completada. • Compra não planejada: tanto o produto quanto a marca são escolhidos no ponto-de- venda. Em relação a esse último item, a compra não planejada é o formato mais complexo de se conceituar, pois envolve uma amplitude de fatores subjetivos. Engel, Blackwell e Miniard (2000) entendem que compra por impulso é aquela realizada sem o conhecimento das ne- cessidades antes da entrada da loja, tornando assim os termos relacionados a compras não planejadas e compras por impulso como sendo sinônimos. Seção 4.5 Consumo Antigamente o consumo não atraía muito o interesse de profissionais dos marketing, cujo objetivo principal era fechar a venda. Agora, houve uma drástica mudança com- petitiva em direção à satisfação e à retenção de clientes. 3 3 Disponível em: <http://www.decoradoronline.com.br/boas_ideias/imagens/consumo.jpg> Acesso em: 3 dez. 2008. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 64 O fracasso de desempenho de um produto não será aceito facilmente pelos comprado- res, sobretudo quando a compra tem elevada importância percebida. Reclamações e esfor- ços para conseguir reparação são comuns. A qualidade de serviço pós-venda pode fazer uma grande diferença. A decisão de consumir ou não consumir está sujeita a inúmeras influências. Engel, Blackwell e Miniard (2000) afirmam que a decisão pelo consumo ou o uso, que segue o ato de comprar, pode incluir várias formas: • uso na primeira oportunidade conveniente; • armazenamento de curto prazo em antecipação de oportunidades de uso posterior; • armazenamento de longo prazo sem uso específico ou antecipado em mente. Outra opção de tomada de decisão possível é abortar o processo de consumo. Isto pode ocorrer, antes de tudo, pela influência de fatores situacionais não-previstos, como uma demissão, discordância entre membros da família ou mesmo novas informações tornam a decisão já tomada inadequada. É provável que o produto seja devolvido se for possível fazê- lo ou descartado de outras maneiras, discutidas mais adiante nesta unidade. Você está agora vivenciando o arrependimento do comprador motivado pela dúvida pós-decisão (ou dissonância), um resultado comum inicial que pode ocorrer com ou sem um julgamento prévio de satisfação ou insatisfação. Aqui estão as circunstâncias que podem ativar esta resposta. • Um certo limiar de tensão motivada por dissonância é ultrapassado. Exemplo: você deci- diu por um produto, mas não tinha certeza; após ler informações mais detalhadas sentiu- se satisfeito com a decisão. • A ação é irrevogável. Exemplo: não existe possibilidade de troca. • Há outras alternativas preteridas com atributos não-semelhantes qualitativamente, mas desejáveis. Exemplo: você sabe que poderia ter feito outra escolha. • A escolha é feita inteiramente por livre-arbítrio ou vontade própria (isto é, você não foi coagido por pressões sociais ou parentais). EaD 65 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Você agora está motivado a tomar uma atitude para reduzir esta dissonância, e você tem duas opções básicas: (1) confirmação de sua escolha, ou (2) conclusão de que você tomou uma decisão insensata. Uma das melhores maneiras de acentuar que você fez a coisa certa é buscar por infor- mação de apoio, especialmente a fornecida pelo fabricante por meio de anúncios ou instru- ções para o novo comprador. Há evidências que confirmam que compradores que estão sen- tindo arrependimento são na verdade mais receptivos a estes tipos de materiais. A outra opção, concluindo que uma má escolha foi feita, é dolorosa e pode ter conse- qüências negativas para o profissional de marketing. No mínimo uma recompra será impro- vável, e é bem possível que o produto seja devolvido. Ainda mais crítica é a possibilidade de boca-a-boca negativo. Tenha em mente que estas dúvidas normalmente são transitórias e não significam, ainda, insatisfação. Elas são uma conseqüência inteiramente normal quando existem alter- nativas atraentes não-escolhidas. Não há necessidade de que elas degenerem em insatisfa- ção quando é tão fácil fornecer reforço por meio de uma intervenção pessoal ou material impresso. Seção 4.6 Avaliação Pós-Compra O consumidor mostrará satisfação ou insatisfação em relação ao produto comprado. Segundo Kotler e Armstrong (2000, p. 110), “se o produto não atender às expectativas, o consumidor ficará desapontado; se satisfizer às expectativas ele ficará satisfeito; se exceder as expectativas ele ficará encantado.” Por isso o vendedor deve dar informações reais sobre o desempenho do produto, para que os consumidores fiquem satisfeitos e não criem expec- tativas além do que o produto pode oferecer. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 66 Engel, Blackwell e Miniard (2000, p. 178) definem satisfação como sendo “a avalia- ção pós-consumo de que uma alternativa escolhida pelo menos atende ou excede as expec- tativas.” A satisfação serve para reforçar a lealdade do comprador, enquanto a insatisfação pode levar a reclamações, boca-a-boca negativo e tentativas para buscar reparação por meios legais. Nas palavras de Schiffman e Kanuk (2000, p. 413) “quando o produto sobrevive às expectativas, é provável que voltem a comprá-lo. Quando o desempenho do produto é decepcionante ou não corresponde às expectativas, porém, os consumidores irão procurar alternativas mais adequadas.” Essa avaliação pós-compra retorna ao campo psicológico do consumidor em forma de experiência e serve para influenciar futuras decisões ligadas ao produto. O consumidor também, muitas vezes, pode mostrar-se arrependido de ter tomado certa decisão. De acordo com Sheth, Mittal e Newman (2001), o processo pós-compra inclui quatro passos: confirmação da decisão, avaliação da experiência, satisfação ou insatisfação e res- posta futura (abandono, reclamação ou lealdade). Figura 1: Passos da fase pós-compra Fonte: Sheth; Mittal; Newman, 2001, p. 512. Confirmação da decisão Avaliação da experiência Satisfação/Insatisfação Resposta futura/Abandono/ Reclamação/Lealdade EaD 67 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Conforme mostra a Figura 1, a avaliação pós-compra envolve quatro etapas. 1 – A primeira delas é a confirmação da decisão. O consumidor busca confirmar se sua decisão foi realmente sensata, e pode passar pelo processo de dissonância cognitiva, que corresponde à dúvida que o cliente apresenta se realizou a melhor escolha entre as alternativas disponíveis. 2 – A segunda etapa é a avaliação da experiência, em que o produto ou serviço é realmente consumido, e o cliente irá fazer uma experiência em relação ao produto comprado, caso tenha sido a primeira vez. 3 – A terceira etapa compreende o processo de insatisfação ou satisfação do produto ou serviço. Se a experiência satisfaz as expectativas o resultado é a satisfação, mas se as expectativas não são satisfeitas, o que fica é a insatisfação. Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 513), “...a satisfação ou insatisfação nasce respectivamente da confir- mação ou não-confirmação das expectativas do cliente”. 4 – Após a experiência de satisfação ou insatisfação, os clientes têm três respostas possíveis: irão abandonar determinada marca de produto, se ficaram insatisfeitos com sua experiên- cia, decidindo jamais comprá-la novamente; irão reclamar e depois decidir se devem dar à empresa ou à marca uma nova chance, ou simplesmente não comprá-la mais; ou então o cliente após o estágio de satisfação pode permanecer leal à marca ou à loja em que com- prou determinado produto. Mesmo estando satisfeito com determinada marca, contudo, o cliente tende a experimentar novas marcas, sempre com o objetivo de que outra poderá, talvez, trazer maior satisfação do que a anterior. O problema de muitas organizações é acreditar que a relação com o consumidor aca- ba após ser realizada a compra. É importante, porém, que exista a preocupação de que o consumidor deve sentir-se satisfeito com o produto e os serviços oferecidos, pois do contrário poderá resultar em prejuízos para a empresa e uma imagem negativa da organização na mente desse consumidor. Resumindo, todos nós entramos numa compra com certa expectativa sobre como o produto ou serviço se comportará quando for usado, e a satisfação e o resultado esperado. Satisfação foi definida aqui como a avaliação pós-consumo de que uma alternativa escolhi- da pelo menos atende ou excede as expectativas. Em resumo, ela saiu-se pelo menos tão bem quanto você esperava. A resposta oposta é insatisfação. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 68 As pressões do consumerismo (tema que será abordado na Unidade 6) e o crescente desprezo público por níveis inferiores de qualidade trouxeram esse assunto para a dianteira na pesquisa do consumidor na ultima década. A resposta, sem surpresa, foi um aumento cada vez mais agressivo da indignação do cliente contra empresas aparentemente insensí- veis e os indivíduos que as representam no ponto-de-venda. Seção 4.7 Descarte O problema do descarte do produto depois do consumo sempre existiu, mas só recen- temente ele surgiu como foco de pesquisas e estratégias de marketing sérias, principalmente por causa das graves preocupações ambientais. Falando em termos amplos, a pesquisa pode ser dividida em três categorias principais: (1) descarte direto; (2) reciclagem e (3) remarketing (Engel; Blackwell; Miniard, 2000). É comum estabelecermos ligações e laços psicológicos reais com itens que acabaram assumindo o status de serem sagrados. Nada, entretanto, pode ser projetado para durar para sempre, e as dimensões do sagrado versus profano, inevitavelmente, mudam à medida que os rumos da vida se alteram. Desse modo, alguma forma de descarte revela-se, finalmen- te, uma necessidade. Quando um objeto se torna sagrado, o descarte geralmente envolve um ritual com graus variados de formalidade. Muitos de nós temos posses de infância a que damos grande valor e que atualmente não são usadas, mas ainda são exibidas proeminentemente como ícones do passado – ursinhos de pelúcia, medalhas conquistadas em esportes, etc. Talvez isto não seja descarte num sentido final, mas representa uma forma de despojamento. A reciclagem, claro, tornou-se lugar-comum, especialmente quando municípios, pre- feituras e outras unidades governamentais a tornam obrigatória em algumas áreas. O remarketing também apresenta crescimento notável na venda de itens usados até o ponto de os carros usados normalmente venderem mais do que seus correspondentes novos nos pátios dos revendedores. EaD 69 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Os varejistas têm um papel muito importante na decisão de compra. Cabe a eles escla- recer todas as informações necessárias de modo que os clientes possam compreendê-las e empregá-las facilmente, dando-lhes garantias da opção escolhida. Sabendo que a decisão da compra ocorre no ato da aquisição do produto, esta se dá após a avaliação das alternativas e de elencar a que teve o maior peso. Vale lembrar que o cliente pode mudar de opinião no momento de passar no caixa; portanto os varejistas de- vem estar preparados para ofertar outro tipo de mercadoria ou mesmo aceitar a devolução. A compra só se realiza no momento do pagamento ou do acerto das condições de pagamento (Levy; Weitz, 2000). SÍNTESE DA UNIDADE 4 Nesta unidade você aprendeu que o processo de compra envolve muitos aspectos que precedem e sucedem a ação de compra. Apren- demos que conhecer esse processo e compreender suas etapas con- tribui substancialmente para a elaboração de estratégias eficazes. Você estudou também como ocorre o processo decisório de compra do consumidor e como ele influencia a escolha, bem como cada uma das sete etapas do processo decisório de compra, quando lhe apresentamos como cada estágio impacta nas decisões de marketing. Se não ficou nenhuma dúvida sobre este conteúdo, passemos para a próxima unidade. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 70 EaD 71 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Unidade 5Unidade 5Unidade 5Unidade 5 COMPORTAMENTO DO COMPRADOR ORGANIZACIONAL OBJETIVOS DESTA UNIDADE • Avaliar o comportamento do consumidor na perspectiva de organizações, que compram produtos para transformação ou na condução de um negócio. • Abordar a compra organizacional que ocorre a partir da decisão de um grupo de pessoas de uma empresa que optam pelo que irão comprar de outras organizações. AS SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 5.1 – Definindo o Mercado Organizacional Seção 5.2 – Características do Mercado Organizacional Seção 5.3 – O Processo de Consumo do Mercado Organizacional Seção 5.4 – Situações de Compra Organizacional Até esta etapa nos referimos neste livro-texto ao consumidor considerando-o uma pessoa física que compra para si ou para presentear os outros, mas não poderemos deixar de destacar que, em alguns casos, o consumidor compra para uma empresa ou organização e daí temos a compra organizacional, que difere um pouco da compra pessoal, que ocorre a partir de uma decisão individual ou familiar. Nesta unidade vamos abordar especificamente a compra organizacional, que ocorre a partir da decisão de um grupo de pessoas de uma organização que decidem o que irão ad- quirir de outras organizações fornecedoras. É o que comumente chamamos de mercado business-to-business (B2B), ou seja, mercado entre negócios, o mesmo que mercado entre empresas, sendo uma a cliente organizacional e a outra a fornecedora. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 72 Trataremos dos seguintes tópicos: os conceitos do mercado organizacional, caracterís- ticas do mercado organizacional e diferenças entre os mercados: consumidor final e consu- midor organizacional, o processo de consumo no mercado organizacional e das situações de compra organizacional. Seção 5.1 Definindo o Mercado Organizacional Nesta seção trataremos dos conceitos e das principais características que compõem o estudo do comportamento do consumidor organizacional. Então, temos que o mercado organizacional é caracterizado pela realização de tran- sações entre empresas, ou seja, entre indústrias, empresas prestadoras de serviços, órgãos governamentais, atacadistas, varejistas, entre outros (Wilkie, 1994). Bunn (1993) destaca que a chave do sucesso nos mercados business-to-business é o entendimento do comportamento da compra organizacional. Tal entendimento é difícil de ser alcançado, porque o processo de compra organizacional é freqüentemente dinâmico e complicado. Compradores enfrentam um complexo conjunto de assuntos e seus comporta- mentos são influenciados por muitos fatores situacionais. O mercado organizacional, também conhecido e referenciado como business-to-business (B2B), caracteriza-se pela ocorrência de transações entre empresas que adquirem bens e serviços para utilizar na produção de outros produtos ou serviços que serão vendidos, alu- gados ou fornecidos a terceiros (Kotler, 1995). Já o mercado consumidor diz respeito às compras de bens e serviços, realizadas por indivíduos para fim pessoal. Nessa perspectiva, Giglio (2002, p. 189) propõe o seguinte questionamento: Será que podemos utilizar os mesmos modelos de compra e consumo que são aplicados à pessoa física no mercado organizacional? EaD 73 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR E o mesmo autor seguramente responde que não, posto que as pessoas da empresa constituem um grupo, no sentido da existência de regras, exercendo papéis configurados pelos objetivos do próprio grupo. O comportamento do consumidor organizacional tem recebido menos atenção na lite- ratura do que o do consumidor individual. Parte da razão para tal está em que o marketing, como instrumento gerencial, foi adotado mais rapidamente pelas empresas de bens de con- sumo (voltadas para o consumidor final) do que pelas de bens industriais (voltadas para as empresas). Outra razão seria o fato de as compras organizacionais envolverem um número muito maior de variáveis, o que torna o seu estudo mais complexo. Essa complexidade está relacionada à estrutura de mercado, que abrange desde os fornecedores de insumos a usuários até a organização de compra de cada uma das empresas envolvidas, que pode envolver vários departamentos ou setores. Além disso, em cada um desses setores ou departamentos pode haver vários indivíduos que desempenham diferentes papéis no processo de compra. Cada um desses papéis pode ser desempenhado por um ou mais indivíduos e cada indivíduo pode desempenhar mais de um papel. As compras em uma organização normalmente são realizadas por um grupo de pesso- as que desempenham a tarefa de suprir os diversos setores e departamentos. Há compras rotineiras e compras mais diferenciadas. Por conseguinte, nem todas as compras requerem o mesmo envolvimento e algumas necessitam da presença de outros profissionais da organi- zação, além dos indivíduos que já fazem parte do setor de compras, pois requerem um co- nhecimento mais específico em determinado aspecto. Outro fator importante é que os i tens a serem comprados terão sua demanda desencadeada nos mais diversos setores, onde houver uma falta, carência ou ausência de determinado produto ou serviço, ocorrendo assim, a partir desta percepção, uma emissão de pedido para aquisição destes para o setor de compras. As organizações compram de outras empresas produtos tais como materiais de escritó- rio (folhas, canetas, envelopes, etc.), materiais de limpeza, materiais para serem usados na cozinha e refeitórios (como exemplos: café e erva-mate no Rio Grande do Sul, para o tradicio- EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 74 nal chimarrão, e demais mantimentos), matérias-primas para que ocorra a produção, peças em geral, equipamentos, estruturas físicas (prédios, salas, galpões, etc.), hardware e software e embalagens. Também compram serviços de instalação e manutenção, serviço de limpeza, serviço de vigilância, serviço de Contabilidade (se não possui Contabilidade interna contrata um es- critório de Contabilidade), serviço de informática, serviço de consultoria e auditoria, presta- ção de serviço na parte jurídica, serviço de alimentação e demais serviços que são terceirizados pelas organizações e adquiridos então de outras empresas prestadoras. Assim, as organiza- ções podem se focar no seu negócio, havendo uma concentração no seu core business, ou seja, no seu negócio central, sem fugir do seu foco de atuação. Para elucidar o que estamos querendo mostrar tomemos o exemplo de uma montadora de automóveis que irá adquirir de seus diversos “sistemistas”, como são chamados os forne- cedores que se localizam nas imediações de uma grande empresa desse tipo, produzindo componentes exclusivos para esta, os diversos itens que compõem um automóvel, desde a lataria, o motor, os pneus, os vidros, etc. Vamos então iremos estudar o processo que ocorre quando uma empresa ou organiza- ção compra de outras os diferentes produtos e serviços necessários para que possa operar. É o comportamento do comprador organizacional no processo de suprir suas demandas. Voltando a trazer o papel dos compradores em uma organização, de acordo com Pi- nheiro et al. (2006) o pessoal de compras em uma empresa é avaliado em função de: • facilitar o trabalho dos departamentos ou indivíduos usuários do produto ou serviço a ser adquirido, assegurando qualidade e prazos de entrega; • obter preços aceitáveis; • adequar-se às expectativas e normas da empresa relativas às compras; • gerenciar os recursos para localização de fontes de suprimento; • adequar-se a outras políticas da empresa. EaD 75 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Assim, temos o que se espera de um comprador dentro de uma organização, uma vez que este é um facilitador para que se tenham os produtos e serviços na hora certa e nas quantidades corretas. Seção 5.2 Características do Mercado Organizacional Após a exposição realizada anteriormente sobre os conceitos e implicações do merca- do organizacional, cabe partirmos para as suas características, pois como já mencionamos, a decisão de compra neste mercado tem características peculiares. Segundo Kotler (1995), as principais são: • Poucos Compradores: no mercado entre empresas há menos organizações do que no mer- cado voltado ao consumidor final. O que significa que enquanto um varejo atende os inúmeros clientes cadastrados e não cadastrados nas suas operações diárias, no mercado industrial há um número mais limitado de clientes, pois esses clientes são organizações. Por exemplo: uma empresa brasileira de antenas de rádio de carro tem dois compradores: a Fiat e a General Motors. • Porte dos Compradores: compensando o volume de compradores, no mercado organizacional tem-se um número reduzido deles, mas com porte maior. Isso significa que enquanto um cliente final adquire um item, um cliente organizacional adquire algu- mas dúzias deste mesmo item, e em uma regularidade muito mais expressiva. Por exem- plo: uma distribuidora de bebidas compra caminhões inteiros de uma única marca. • Estreito Relacionamento Fornecedor-Comprador: neste mercado existe uma forte ten- dência ao estabelecimento de relações mais duradouras e sólidas. Pelas próprias caracte- rísticas deste mercado, há menos clientes de maior porte e com certa regularidade de transações, então se fortalecem mais rapidamente os laços, sem contar que os custos de rompimento de transação são muito maiores nestes mercados. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 76 • Demanda Derivada: os clientes vão até o varejo solicitar determinado bem e este por conseqüência o solicita à indústria, então há uma relação de demanda derivada neste tipo de mercado. Se houver, por exemplo, demanda de cerveja no verão, então haverá compra de componentes do produto da indústria. • Demanda Inelástica: a demanda total por muitos produtos ou serviços industriais não é muito sensível às mudanças de preços como ocorre no mercado voltado ao consumidor final; • Demanda Flutuante: a demanda de produtos e serviços organizacionais tende a ser mais volátil do que a demanda de produtos e serviços de consumo; • Compra Profissional: os bens organizacionais são adquiridos por profissionais e há a presença de comitês de compras, formados por especialistas técnicos e participantes da alta administração no caso do mercado organizacional em relação ao mercado consu- midor; • Influências nas Compras: mais pessoas interagem e influenciam nas decisões de compra no mercado organizacional. Há, entretanto, a semelhança desses mercados que pode ser percebida a partir da idéia de que o comprador organizacional se utiliza do mesmo modelo de tomada de decisão para realização de suas compras que o consumidor. Em ambos os casos os processos de compra envolvem a procura por alternativas de produtos, incluindo tendências sociais, de vendedo- res e de propagandas (Wilkie, 1994). No mercado consumidor e no mercado organizacional a aquisição pode ser realizada por um indivíduo ou por múltiplas pessoas. Essas compara- ções podem ser mais bem visualizadas no Quadro 1. EaD 77 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Quadro 1: Comparação entre Comprador Organizacional e Consumidor Fonte: Adaptado de Mowen apud Draghetti, 1998. De uma forma geral, as organizações possuem um centro de compras, que se envolve com a tomada de decisão, e, de outro lado, um centro de vendas, que lida com os clientes (Wilkie, 1994). A inter-relação entre esses dois centros são elementos característicos dos mercados organizacionais, conforme Figura 1. Comprador Organizacional Consumidor Produto Mais técnico; grande quantidade comprada: foco em serviço oferecido com o produto Menos técnico e mais padronizado; pequena quantidade comprada Preço Competição de preço, listas de preço em itens padrões Geralmente compram com base em listas de preço Promoção Confiam em informações de pessoal de vendas e revistas especializadas Relativamente grande ênfase em propaganda Distribuição Canais curtos; freqüentemente compram diretamente do fabricante Longos canais de distribuição; compras freqüentemente realizadas em armazéns varejistas ou mediante encomendas por correio Relação com Clientes Mais duradoura: foco complexo em estabelecer relacionamentos Em geral as transações são específicas e bastante simples; usualmente não é formado relacionamento de longa duração Processo de Decisão do Comprador Envolve mais pessoas na organização com diferentes conjuntos de necessidades; usa mais o processo de tomada de decisão estruturada Menos pessoas envolvidas no processo; processo de compra freqüentemente não estruturado EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 78 Figura 1: Processo de Troca no Mercado Organizacional Fonte: Adaptado de Hutt, 1995, apud Viana, 1999. Os tipos de trocas entre os centros irão depender da orientação de cada um dos envol- vidos no processo, podendo ser a longo ou curto prazo. É de fundamental importância res- saltar o papel do profissional de marketing industrial como elo importante na ligação entre centros de compra e venda e como catalisador para uma administração eficaz do relaciona- mento (Spekman; Johnston, 1986). Dentro desse contexto, Sheth (1996) considera que o comportamento da compra organizacional (Organizational Buying Behavior-OBB) mudou radicalmente nas décadas de 70 e 80, mencionando quatro razões para essas mudanças: primeiramente a competitividade global, em especial no setor manufatureiro, como processo de máquinas, automóveis e engenharia pesada, que tem revelado um avanço na competitividade; em segundo lugar, a emergência do TQM – a filosofia Total Quality Management – que tem encorajado o “marketing reverse”, começando com clientes externos e movendo para trás os processos de obtenção e práticas; a terceira razão refere-se à reestruturação da indús- tria por meio de fusões, aquisições e alianças; a última diz respeito ao uso de tecnologia de informação, incluindo as redes, EDI (Eletronic Data Interchange) e outros programas de suprimento de computador que reestruturam a filosofia, os processos e as plataformas de compras. CENTRO DE VENDAS Marketing Produção P&D Engenharia Distribuição física CENTRO DE COMPRAS Suprimentos Produção Engenharia P&D Marketing Vendedor Comprador Processo de troca Informação Solução problemas Negociação Amizade/confiança Pagamento Reciprocidade EaD 79 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Fundamentalmente, a conseqüência da mudança de paradigmas do comportamento da compra organizacional (OBB) é observada em duas dimensões de mudanças, como se apresenta na Figura 2. Figura 2: Transferência Bidimensional no Comportamento de Compra Organizacional Fonte: Sheth, 1996. Seção 5.3 O Processo de Consumo do Mercado Organizacional O ponto de partida para a análise do processo de con- sumo é o conjunto de regras da empresa. Enquanto não as conhecermos, não estamos aptos a criar teorias sobre o seu processo como um todo. Conforme Giglio, (2002, p. 197), esse conjunto de regras leva em consideração: RelacionamentoTransação Recursos globais Recursos dom ésticos Práticas passadas Práticas futuras 1 1 Disponível em: <http://images.quebarato.com.br/photos/big/4/C/6E64C_1.jpg> Acesso em: 3 dez. 2008. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 80 • sua história – fatos que marcaram/marcam seu crescimento e declínio e fatores relevantes sobre as relações entre as pessoas; • seus ciclos de propaganda, de pedido, de produção e de entrega – conhecendo essas regras sabemos como e onde entram as compras; • as regras de relações interpessoais dentro da empresa, como as que definem autoridade, hierarquia e poder de decisão; • as características do negócio em que a empresa atua. As regras de uma empresa, incluindo as de compra e consumo, podem se modificar e entre os principais níveis de influências que as afetam podemos citar: • o nível organizacional – mudanças na estrutura e dinâmica da empresa; • o macroambiente – conjunturas e cenários; • o nível interpessoal – as relações entre os participantes do negócio, como acionistas, dire- tores, gerentes, colaboradores, fornecedores e consumidores; • o nível individual – influência dos próprios donos de empresas familiares. Esquematicamente, Giglio (2002, p. 198) propõe um conjunto de variáveis que di- zem respeito às regras da empresa, bem como suas fontes de influências, conforme temos a seguir. Quadro 2: Variáveis que Influenciam a Formação das Regras de uma Empresa Fonte: Giglio, 2002, p. 198. NÍVEL DA ORGANIZAÇÃO NÍVEL DO AMBIENTE NÍVEL INTERPESSOAL NÍVEL INDIVIDUAL • Regras • História • Ciclos • Objetivos • Procedimentos • Estrutura • Demanda • Conjuntura econômica • Mudança tecnológica • Nível competitivo • Legislação e política • Autoridade • Status • Empatia • Persuasão • Idade • Renda • Educação • Posição do cargo • Personalidade • Atitude diante de risco EaD 81 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Tal como no caso das pessoas, o consumidor organizacional abrange vários partici- pantes no processo de consumo. A diferença é que os papéis são mais inflexíveis, facilitando a construção de relacionamentos. Basicamente, podemos citar os seguintes papéis desem- penhados no processo de compra: • Iniciadores: o iniciador pode simplesmente solicitar o produto, ou já indicar um fornecedor. Geral- mente são os usuários ou outras pessoas que controlam as necessidades de produtos e serviços. • Usuários: são aqueles que mostram a necessidade do produto e já oferecem alguma indi- cação de especificação, além de indicarem o fornecedor. São os que efetivamente consu- mirão o bem adquirido. • Influenciadores: geralmente são técnicos que conhecem as especificações do produto ou serviço e definem a qualidade do pedido. • Decisores: como o nome diz, decidem as qualidades do produto e dos fornecedores. • Compradores: fazem os contatos, recebem as propostas e escolhem um fornecedor. • Aprovadores: engenheiros ou diretores de finanças, ou donos, podem aprovar a proposta de compra. Não necessariamente conhecem os aspectos técnicos. Obviamente que a presença de todos esses participantes irá depender do tamanho da empresa e das regras que ela segue. Pode ocorrer que esses diversos papéis sejam desempe- nhados por uma única pessoa, no caso de uma empresa de pequeno porte, ou ainda por muitas pessoas em uma grande empresa. A seguir abordaremos as etapas do processo de compra de uma organização e que segue um raciocínio semelhante ao aplicado no caso do consumidor individual. Então te- mos, de acordo com Giglio (2002, p. 199): • Levantamento de expectativas: assim como uma pessoa tem planos, as empresas também os têm para a sua sobrevivência e lucro. Esses planos são o primeiro passo para o consu- mo. Assim, conhecer o planejamento estratégico da empresa auxilia na avaliação de quais produtos e serviços podem ser oferecidos. As empresas, diferentemente das pessoas, espe- cificam com maior detalhamento técnico suas expectativas. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 82 • Percepção dos estímulos: é necessário que despertar a percepção dos integrantes de uma organização para que ocorra a compra. Usa-se a apresentação do vendedor, a qualidade dos catálogos, dentre outras formas de atrair essa atenção. Revistas especializadas nos mais diversos setores são boas fontes de estímulos. • Levantamento de alternativas: os mesmos princípios de rapidez, facilidade e preço que guiam o consumidor individual podem ser aplicados no caso das empresas. É prática comum pedir referência cadastral para os fornecedores e solicitar uma proposta detalha- da de venda. Numa primeira compra aumenta-se as exigências. • Julgamento do consumo: é extremamente importante esse julgamento para as empresas, pois os empresários ficam temerosos de arriscar o prestígio da sua organização, ou ima- gem de marca, em certas compras que gerarão produtos que julgam interessantes, porém com restrições entre os acionistas, ou governo, ou o público em geral. • Compra propriamente dita: as empresas diferentemente das pessoas, precisam de rotinas de produção e, portanto, de compras. • Pós-compra: diferentemente de consumidores pessoas, que sofrem dissonâncias cognitivas por diferenças entre expectativas e resultados, compradores empresa chegam a um grau de especificação do produto e serviço que gera pouca diferença nos resultados. Seção 5.4 Situações de Compra Organizacional Há diferentes situações de compra no mercado organizacional, assim como ocorre no comportamento do consumidor final. Conforme a situação haverá um tipo de interação na compra. Assim, tipos distintos de compra organizacional promovem ní- veis distintos de esforços na busca de informações, análise das alternativas, envolvimento e margem de risco percebidas. 2 2 Disponível em: < http://showdecursos.com/images/negocios_varios.jpg> Acesso em: 3 dez. 2008. EaD 83 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Resumidamente, há três tipos de tomada de decisão do consumidor organizacional. São elas: • Recompra Direta – situação de compra rotineira. São aquelas compras que ocorrem no dia-a-dia da empresa, sem muito esforço e não exigindo excessivo envolvimento do comprador. • Recompra Modificada – situação que envolve tomada de decisão a respeito de modifica- ções de especificações em geral ou de fornecedor. Ocorre quando se está comprando um serviço ou um bem não muito usual, que se adquire com menos freqüência que o anteri- or, o que, neste caso, exige um certo envolvimento na busca de informações e detalhamento do que será adquirido. • Compra Nova – situação em que o comprador adquire um produto ou serviço pela primei- ra vez. São compras realmente diferentes, de itens que nunca até então foram adquiridos por aquela empresa. Exige-se, neste caso, um envolvimento muito maior do comprador na busca de informações precisas, existência de marcas, modelos no mercado, melhores usos, etc. SÍNTESE DA UNIDADE 5 Nesta unidade você estudou o comportamento do consumidor numa perspectiva organizacional, ou seja, as relações que se estabele- cem entre as empresas, quando uma organização vende para ou- tra organização. Você percebeu que a compra organizacional ocorre a partir de uma decisão de um grupo de pessoas de uma empresa que provisionem recursos para o funcionamento de sua própria empresa. É justamente a razão pela qual em inglês é uma ação definida como business-to-business, ou traduzindo: de empresa para empresa. Ótimo, passemos para a próxima unidade. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 84 EaD 85 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Unidade 6Unidade 6Unidade 6Unidade 6 CONSUMIDOR SOCIALMENTE RESPONSÁVEL OBJETIVOS DESTA UNIDADE • Chamar a atenção para os aspectos éticos que envolvem o consumo • Conclamar a participação dos consumidores, vendedores e estudiosos de marketing à cru- zada do marketing ético, consciente e cidadão a partir de cada ator envolvido nas trocas do mercado. AS SEÇÕES DESTA UNIDADE Seção 6.1 – Ética no Marketing Seção 6.2 – Movimentos Consumeristas e Direitos do Consumidor Seção 6.3 – O Aspecto Crítico do Consumo Seção 6.4 – Consumidores Socialmente Responsáveis Uma constatação é certa: consome-se verdadeiramente cada vez mais. Rochefort (1997) comenta a respeito: quanto mais o consumo nos invade mais nos cria dependências, mas também aumenta nossas potencialidades. “Esse consumo escravi- za-nos e liberta-nos simultaneamente” (p. 17). Essa afirmação nos desafia quando queremos pensar em consumo consciente, consu- mo cidadão e, por outro lado, ouvimos o eco acusatório de que o consumo é o “mal do século”, “o consumo levará à destruição do planeta”, “o consumo e o marketing dominam o consumidor ”, e seguem várias outras detratações ao marketing e ao consumo. Bem, é sobre estes temas e outros que queremos discorrer nesta unidade que finaliza nosso livro sobre Comportamento do Consumidor. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 86 Seção 6.1 Ética no Marketing Para começarmos a pen- sar neste patamar precisamos recorrer aos termos de Demo (2002), que afirma: “Conside- ra-se o consumidor e o consumo um fenômeno humano indissociável e complexo”. Assim sendo, ao pensar no consumi- dor, o ato de consumir está totalmente imbricado, e estaremos tratando de uma experiência vivenciada. Para dar conta dessas nossas angústias começamos com uma perspectiva do que é a ética no marketing. A evolução do conceito de marketing, passando pela ótica do produto, das vendas e do consumidor, já estudada por vocês na Introdução ao Marketing, marca uma transição do querer vender a qualquer custo para uma posição de parceria e de ma- nutenção de relacionamento contínuo entre os consumidores e seus provedores. Estas relações implicam um comportamento de troca favo- rável a ambas as partes, o tradicional ganha-ganha. Esta evolu- ção pressupõe comportamento ético e responsável. Não nos cabe aqui abordar aspectos filosóficos e legais da ética, mas sim investigar que implicações essa concepção agrega ao estudo do consumidor. 1 Detratação Significa que deprecia o mérito, a reputação ou fama de algo. 1 Veja como o fotoshop tem maquiado os produtos que consumimos! Você certamente já passou por experiência semelhante. Disponível em: <http://farm3.static.flickr.com/2073/2100352011_3bdfe6f74b.jpg?v=0>. Acesso em: 3 dez. 2008. EaD 87 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Sabemos que no mundo das trocas de bens e serviços, fraudes, manipulações, produ- tos defeituosos, produtos inócuos e até perigosos são freqüentes nessas relações. A legislação apregoa que os direitos são “absolutos, invioláveis e inegociáveis. Logro manifesto, baixa qualidade dos produtos, falta de resposta a queixas legítimas, poluição e outros atos nada mais são do que violação de direitos legítimos e devem ser vistos como tal” (Engel; Blackwell; Miniard, 2000, p. 9). Concomitantemente, tem havido uma mudança na consciência das pessoas, levando a um clamor crescente que exige comportamento moral e ético nos negócios, profissões e políti- ca. Fabricantes e varejistas e também profissionais liberais e prestadores de serviços enfren- tam, cada vez mais, protesto enérgico quando suas ações vão contra o consenso social. A ética, na visão de Pride e Ferrell (2001), é a dimensão da responsabilidade social (termo recorrente hoje na sociedade) que envolve princípios e padrões que definem uma conduta aceitável em marketing. As organizações devem ter consciência dos padrões éticos para a conduta aceitável, a partir de diversos pontos de vista – empresa, indústria, governo, consumidores, grupos de interesse social e a sociedade como um todo. Nossos autores lembram que quando as atividades de marketing se desviam dos pa- drões aceitáveis, o processo de troca pode se romper, resultando em insatisfação dos clien- tes, falta de confiança e até ações na Justiça (Pride; Ferrell, 2001, p. 69). Uma pergunta que atiça as querelas entre ofertantes e demandantes foi manchete em editorial do The Economist (publicação americana) no ano de 1993: “É possível ter ética e mesmo assim ter sucesso nos negócios?” Dizem os autores nos quais buscamos essa informação, Engel, Blackwell e Miniard (2000), que primeiramente a questão de ética deve ser claramente definida para não se trans- formar em chavões obscuros. Para tanto devem ser definidos códigos de ética assumidos e aplicáveis. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 88 Agora, com os preâmbulos até aqui enunciados estamos aptos a estudar o significado de consumerismo. Seção 6.2 Movimentos Consumeristas e Direitos do Consumidor Vamos começar com uma definição formal do que é consumerismo. Pride e Ferrel (2001, p. 56) apresentam o termo como refe- rente a: “uma enorme variedade de indivíduos, grupos e organiza- ções que buscam proteger os direitos do consumidor. As principais forças do movimento são os defensores dos consumidores indivi- duais, as organizações e certos grupos de interesse, a educação do consumidor e as leis do consumidor”. Então concluímos que consumerismo é um movimento que tem como foco a proteção e educação do consumidor. As leis de proteção ao consumidor de modo geral se relacionam com segurança do produto e divulgação de informações. Os efeitos reais da legislação são determinados pelo modo como as empresas e os tri- bunais interpretam as leis. As orientações federais para coibir a violação dessas leis repre- sentam uma tentativa de forçar as empresas e todos os ofertantes de serviços também a agirem de acordo com a lei. Então, já percebemos que o consumerismo tem relações com a ética e a legislação. 2 2 Disponível em: <http://www.tangaradaserra.mt.gov.br/procon/imagens/fot-direitos.gif>. Acesso em: 3 dez. 2008. EaD 89 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Foram os ativistas consumeristas, nos EUA, que em suas cruzadas se tornaram pionei- ros em fazer aprovar leis de proteção ao consumidor. As décadas de 60 e 70 iniciaram a Era do Consumerismo e o marco dessa época é uma famosa “carta de direitos” do consumidor redigida pelo presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy em 1962. Esses direitos incluem o direi- to à segurança, o direito de ser informado, o direito de escolha e o direito de ser ouvido. Esses fatos seminais, ocorridos nos EUA e que se estenderam a outros países, são o nascedouro do Código de Defesa do Consumidor brasileiro, Lei nº 8.078, de 11-9-1990. Almeida (2006, p. 10), analisando as leis de proteção ao consumidor no Brasil, adian- ta que: “hoje o consumidor brasileiro está legislativamente bem equipado, mas ainda se ressente de proteção efetiva, por falta de vontade pública e de recursos técnico e materiais. Mesmo assim há que ser festejado o grande avanço experimentado nos últimos anos, que alçou o país, nessa área, e em termos legislativos pelo menos, ao nível das nações mais avançadas do planeta.” Cabe também mencionar órgãos oficiais de defesa do consumidor e que desempenham papel importantíssimo no setor, constituindo-se na linha de frente responsável pelo atendi- mento inicial e direto ao consumidor. Citamos os órgãos estaduais de defesa do consumidor ou Procons, sigla do Programa Estadual de Orientação e Proteção ao Consumidor. Nos municípios os órgãos de defesa são conhecidos por Condecon ou “Procon Municipal” (Almeida, 2006, p. 23), que se constitu- em na base da pirâmide da rede de defesa do consumidor e têm a função de cuidar da maté- ria em âmbito local e prestar o primeiro atendimento à população, quer orientando, quer recebendo reclamações e determinando a apuração de fraudes e abusos. As informações sobre direto do consumidor estão aqui apenas enunciadas, mas quem desejar se aprofundar pode buscar literatura complementar e também acessar o próprio Código de Defesa do Consumidor, pois não poderíamos falar em ética, consumerismo, sem referirmos este avanço recente na legislação. 3 3 Disponível em: <http://www.mombacaonline.com.br/mixtoquente/consumidor.jpg>. Acesso em: 3 dez. 2008. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 90 A seguir vamos averiguar o que diferencia o consumismo do consumerismo. Seção 6.3 O Aspecto Crítico do Consumo Embora tenhamos a tendência a nos referir geralmente aos benefícios do consumo, devemos ter consciência de que ele pode acarretar prejuízos e danos. O consumo prejudicial ocorre, nas palavras de Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p. 8), quando “indiví- duos ou grupos tomam decisões de consumo que têm conseqüên- cias negativas para seu bem-estar ao longo do tempo”. As conseqüências negativas do consumo também podem atingir o grupo social do indivíduo e a sociedade em geral. Pro- curaremos compartilhar com vocês alguns enunciados nesse âm- bito que estão bastante ligados à preocupação vigente voltada à cidadania do consumo – o exercício consciente do ato de consu- mir. A seguir relacionamos alguns exemplos. Este comportamento antes referido como prejudicial vocês en- contrarão também com a denominação de comportamento negli- gente de consumidor. Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 132) assim a ele se referem: “o comportamento negligente coloca em risco o consumidor e as outras pessoas, impondo altos custos à sociedade, ou, então, deteriorando sua qualidade de vida a longo prazo”. Código de Defesa do Consumidor Esta importante lei está disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8078.htm>. Acesso em: 3 dez. 2008. 4 4 Disponível em: <http://static.hsw.com.br/gif/consumo-consciente-1.jpg>. Acesso em: 3 dez. 2008. EaD 91 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Os autores exemplificam comentando que no plano individual esses comportamentos incluem dirigir sob o efeito do álcool, ingerir drogas, jogar lixo nas estradas, entre outros. Esse comportamento quando avaliado em empresas inclui poluição ambiental, a venda de produtos perigosos, a utilização de ingredientes ou processos danosos na produção. Pensem em novos exemplos e certamente vários outros lhes ocorrerão. Relacione-os a seguir. Os pesquisadores do consumidor para entender esses comportamentos têm explorado, mediante estudos da Psicologia, os traços inter-relacionados entre consumo e posse. Schiffman e Kanuk (2000, p. 93) os apresentam como materialismo do consumidor, comportamento aficionado de consumo e comportamento compulsivo: a) Os materialistas – destacando o materialismo como traço de personalidade, são indivíduos que consideram as posses essenciais a sua identidade. b) Comportamento aficionado de compra – no ponto intermediário entre o materialismo e a compulsão ou vício de consumo, situa-se o aficionado em comprar ou possuir. O materialis- mo e o comportamento aficionado de compra ainda se encontram no limite do comporta- mento normal e socialmente aceito. Os aficionados não fazem segredo de seus objetos de compra e freqüentemente gostam de exibi-los e partilhar suas compras com os outros. c) Comportamento compulsivo de compra – ao contrário dos anteriores, este comportamen- to está inserido no comportamento anormal. Schiffman e Kanuk (2000, p. 95) alertam que este comportamento se caracteriza como um vício. Todos conhecemos alguém que está sempre comprando coisas que talvez nunca use, que já possui em quantidade suficien- te, ou aquele que compra mesmo que não possa pagar ou estando sem dinheiro. Os auto- res Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 357) definem compra compulsiva como “uma ten- dência crônica a comprar muito além do que determinam as necessidades e recursos”. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 92 A esse conjunto de anomalias do consumo pode-se ainda agregar o que se denomina consumo compulsivo, que é um pouco diferente do comprador compulsivo; neste caso os consumidores são usuários compulsivos de produtos e serviços. Enquanto a compra compulsiva ocorre para um conjunto variado de produtos, o con- sumo compulsivo, na abordagem de Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 359), limita-se a uma ou duas categorias de produtos ou serviços. Podemos citar exemplos: alcoolismo, ingestão inadequada de alimentos (obesidade mórbida, bulimia), jogar compulsivamente, fazer exercícios em excesso. Deixo para o conhecimento e experiência de vocês a continuidade da lista anterior. Então, podemos finalizar com o conceito de Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 359), que definem o consumo compulsivo como “um consumo descontrolado e obsessivo de um produto ou serviço, com freqüência e em quantidades excessivas, que tende, por fim, a cau- sar danos ao consumidor e a outras pessoas”. Bem, a intenção desta seção era chamar a atenção para a parte crítica do consumo, que habitualmente tem seu significado confundido. Atentemos, pois, que: • CONSUMO – é um ato inerente à sobrevivência. • CONSUMERISMO – trata da proteção, educação do consumidor, é a busca do exercício cidadão do consumo. • CONSUMISMO – trata das patologias do consumo, ou seja, o consumo pernicioso e descontrolado. Você ficou se analisando como consumidor? Quer finalizar esta unidade fazendo um teste para saber se é um comprador compulsi- vo? Procure-o no Anexo 1. A janela para o consumo com o teste que você encontra em anexo foi extraída do livro de Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 358) e vai lhe exigir um exercício matemático. EaD 93 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR Trata-se de fórmula estatística, então marque conforme indicação no teste e aplique sua escolha na equação multiplicando os valores. Por exemplo, na questão 2, no item a –, se você marcar a opção às vezes, seu número correspondente –3– é que será multiplicado pelo coeficiente na equação e assim o número alterará conforme a coluna que foi marcada. Bom exercício! Seção 6.4 Consumidores Socialmente Responsáveis Até aqui nos referimos aos consumidores como alguém a ser protegido, mas não há também consumidores que quebram as regras? Certamente que há e para trocas éticas e responsáveis as empresas devem agir com responsabilidade, mas os consumidores também têm responsabilidades. Perreault e McCarthy (2002, p. 414) alertam que alguns consumidores abusam com relação à devolução de mercadorias, trocam preços nas etiquetas em lojas de auto-atendi- mento, além de terem altas expectativas com pontos de venda atraentes, vendedores e atendentes gentis e bem treinados e desejam descontos nos preços! Alguns são abusivos com vendedores. Outros, ainda, não pensam em outra coisa a não ser tirar proveito da loja. O furto é um grande problema para a maioria dos varejistas. Nos supermercados o volume é tão acentuado que o percentual referente a roubos já é acrescido aos custos; as- sim, os consumidores honestos pagam pelos furtos com preços mais altos. Como consumidores-cidadãos, temos responsabilidades na “Arena do Consumo” – o denominado mercado –; isso inclui sermos clientes mais inteligentes, consumidores mais responsáveis, cidadãos mais éticos. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 94 Então, precisamos também nos desvestir do papel de consumidor vítima desses ditos vilões que são o mercado e o consumo. O modelo de consumo cidadão é o desejável, e só é viável com a formação e educação permanente dos consumidores. O cidadão consumidor pressupõe uma pessoa livre. Na visão de Pina e Arribas (2006, p. 92), liber- dade implica capacidade de escolher, detectar e apli- car alternativas justas e racionais. As autoras carac- terizam o consumidor cidadão como uma pessoa: a) consciente; b) crítica e solidária; c) responsável. Em suma, “o consumidor cidadão se constitui como a expressão subjetiva de um pro- jeto de valor e de um modelo de sociedade, o qual se configura em volta de três elementos que conformam o contrato entre consumidor e cidadão: escolha, liberdade e consciência” (Pina; Arribas, 2006, p. 93). Essa é uma mensagem e apelo que precisamos lançar sempre que se estuda comporta- mento do consumidor. Somos nós que nos envolvemos com este estudo que ajudaremos a fazer a diferença! 5 5 Observe como as organizações se aliam à causa do consumo consciente. Disponível em: <http://www.unimed.com.br/portal/conteudo/ materias/1162925515023ManuaConsumoConsciente.jpg>. Acesso em: 3 dez. 2008. EaD 95 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR SÍNTESE DA UNIDADE 6 Nesta última unidade apresentamos a vocês os aspectos relacio- nados com a ética no marketing e caracterizamos o momento consumerista e seus impactos na proteção dos direitos do consu- midor. Para que sua atuação profissional seja ilibada, é importan- te entender que o consumo pode, também, ser prejudicial para as pessoas. Você estudou ainda as características dos consumidores socialmente responsáveis e a conseqüente importância deste com- portamento. Se você chegou até esta unidade com pleno entendimento dos con- teúdos apresentados, parabéns! Ele lhe será muito útil em sua vida profissional. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 96 EaD 97 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR ConclusãoConclusãoConclusãoConclusão Bem, chegamos ao final desta obra, mas com certeza não exaurimos o tema. Como mencionamos no início, o estudo do comportamento do consumidor é desafia- dor e está em contínuo processo de interações com outras áreas do conhecimento, acolhen- do, a todo instante, novas visões, novos olhares, novas perspectivas. Este livro-texto teve como princípio alertá-los para os componentes seminais do estu- do, aqueles dos quais vocês não podem prescindir quando declararem ter estudado Compor- tamento do Consumidor. Esperamos ter atingido nosso objetivo, despertando em vocês o desejo de continuar vasculhando a literatura pertinente, de atentar aos procedimentos nas relações de troca e na disseminação do consumidor cidadão, pois este, uma vez instituído, será também seu difusor quando assumir papéis na área da oferta, atuando no mercado interativo – novo papel proposto ao marketing. EaD Lurd es Marlene Seid e Froemming – Edimara D aronco – Lucian o Zamberlan – Arios to Sparemberger 98 EaD 99 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DO COMPRADOR ReferênciasReferênciasReferênciasReferências ALMEIDA, J. B. Manual de direito do consumidor. São Paulo: Saraiva, 2006. BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W.; ENGEL, J. F. Comportamento do consumidor. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. BOONE, L. E.; KURTZ, D. L. Marketing contemporâneo. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1998. BUNN, M. D. Taxonomy of Buying Decision Approaches. Journal of Marketing, jan., 1993. DE MOOIJ, M. 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