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O MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL (Perry Anderson) Economia natural Trabalho e terra não eram mercadorias Camponês ligado à terra por uma relação social específica, embora não fossem proprietários dela Os senhores feudais, que controlavam a terra, extraíam o excedente dos camponeses através de uma coerção extra-econômica Os senhores tinham a propriedade condicional da terra (propriedade era uma questão de grau) Os suseranos exerciam o poder jurídico, modalidade primordial de poder político Parcelarização da soberania Parte das terras eram de uso comunitário (setor significativo da autonomia e da resistência dos camponeses) Permitia a existência de cidades com organização política e militar autônoma, gerando uma oposição dinâmica entre cidade e campo Ambigüidade no cimo de toda a hierarquia de dependências feudais → ameaça à estabilidade O MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL (Biriukovitch e Levitski) Idade Média: período entre a ruína da sociedade escravista e o início do capitalismo Periodização da Idade Média: Feudalismo primitivo: formação e fortalecimento das relações feudais Feudalismo desenvolvido: apogeu da sociedade feudal Etapa final: decomposição e crise do modo de produção feudal, início das relações capitalistas As fronteiras cronológicas que separam as etapas diferem segundo as regiões Origem do feudalismo: O feudalismo sucedeu o regime escravista quando suas forças produtivas entraram em contradição com suas relações de produção, levando a uma revolução social: o trabalho escravo já não podia garantir um desenvolvimento superior das forças de produção A resistência dos escravos minou o regime escravista e enfraqueceu o Império Romano, que caiu com as invasões bárbaras A passagem do escravismo para o feudalismo é parte integrante do processo de revolução social, embora suas formas tenham variado A comunidade rural livre se desintegrou: as diversas formas de propriedade da terra passaram para as mãos da aristocracia Os agricultores, livres ou não, transformaram-se em camponeses dependentes Esse processo foi mais agudo no Ocidente do que no Oriente O modo de produção feudal tinha mais possibilidades de se desenvolver porque os camponeses tinham certo interesse em seu trabalho: por serem proprietários de parte dos meios de produção, podiam levar sua exploração de maneira independente A propriedade feudal da terra como base do feudalismo: a propriedade dos senhores sobre a terra, combinada com a pequena exploração independente dos camponeses, era o traço característico da economia feudal, assim como a dependência pessoal dos camponeses ante os senhores e a coação extra-econômica, que fazia com que existisse tal dependência. A renda feudal e as formas de dependência feudal dos camponeses: a renda feudal representava um conjunto de diversos procedimentos (corvéia, renda-produto e renda-dinheiro) e se traduzia no que é chamado de renda feudal. O camponês era obrigado a ceder ao senhor toda sua produção, exceto o mínimo necessário para sua própria sobrevivência, a de sua família e a reprodução de sua exploração. As cidades e a produção mercantil sob o feudalismo: as mercadorias produzidas não entravam em circulação a não ser eventualmente e de forma pouco expressiva. As forças produtivas se desenvolveram lenta, mas regularmente, e com seu crescimento acentuou-se a divisão social do trabalho, produzindo certo desenvolvimento. As cidades passaram de centros administrativos e religiosos para centros de artesanato e comércio. O desenvolvimento da produção mercantil fez progredirem as forças produtivas. Com o fortalecimento econômico das cidades, elas entraram em contradição com os senhores feudais. A luta de classes na sociedade feudal e sua importância: o desenvolvimento social e econômico supôs a formação definitiva das principais classes da sociedade feudal, opondo camponeses e senhores feudais. O período do feudalismo pleno caracterizou-se por insurreições camponesas muito importantes que ocorreram em vastos territórios. O Estado feudal na Idade Média: no Ocidente, grandes conjuntos de Estados não podiam se manter devido à limitação imposta pelo domínio exclusivo da economia natural. O aumento das forças produtivas, a formação de um mercado interno e as lutas de classes provocaram mudanças na superestrutura política da sociedade, centralizando os Estado feudais. No Oriente, o Estado feudal era centralizado devido à propriedade estatal da terra e à importância das obras de irrigação. SOBRE O FEUDALISMO (Charles Parain) Características gerais da sociedade feudal: Relações de produção estabelecidas em torno da terra Os trabalhadores têm sobre a terra direitos de utilização e de ocupação, mas não de propriedade Há uma rede de laços pessoais entre trabalhadores e senhores, ligada a um sistema de deveres Superestrutura: desaparecimento do estado soberano, justiça exercida pelo senhor Os aspectos progressivos do modo de produção feudal: o modo de produção feudal representa um passo em frente em relação ao modo de produção antigo, pois, apesar de caracterizar a pequena cultura, encontra-se em um nível técnico sensivelmente mais elevado. A propriedade individual dos meios de produção, de usufruto hereditário, representava um incentivo ao trabalho. Formação do regime feudal: na ausência de uma classe revolucionária, a passagem para o regime social se deu de forma lenta, caracterizando adaptações a novas necessidades instituições romanas + germânicos + guerras → servidão Servidão: a servidão não ocorreu apenas na idade média. Porém nela, tal regime não resultou de uma imposição repentina, mas de uma convergência sob a pressão das classes dominantes e dos estatutos pessoais. Comunidade rural x senhor feudal: a existência de áreas comunitárias limitava a exploração a que os camponeses eram submetidos, porém esse equilíbrio era instável. Expansão do regime feudal: Até o século X, o feudalismo ainda estava em formação Entre 1000 e 1150, há um feudalismo ascendente. Há renovação técnica, o que estende a base econômica do sistema, e o poder político está muito fragmentado, fortalecendo a autoridade do senhor. O comércio ressurge e as cruzadas expandem territórios Entre os sécs. XII e XIV, o feudalismo está em seu apogeu, com as forças produtivas atingindo seus limites. A população cresce em demasia, pressionando a subsistência. As cidades passam a se tornar mais atraentes. A nobreza busca se fortalecer nas monarquias Evolução das relações de produção: a partir do séc. XII, a corvéia não é mais tão constante, ganhando força a renda-produto, que por fim se torna renda-dinheiro no séc. XIII. A desagregação do regime feudal no campo: na Europa, nos séculos XIV e XV, inicia-se a crise geral da sociedade feudal, que não favorece o desenvolvimento das forças produtivas. Têm início revoltas camponesas e guerras por território. As massas são mais exploradas devido ao caráter parasitário da nobreza. Quando os camponeses conseguiram consolidar sua possa da terra e os direitos coletivos, instaurou-se uma comunidade camponesa livre. Quando isso não ocorreu, os senhores impuseram uma segunda servidão. HISTÓRIA ECONÔMICA E SOCIAL DA IDADE MÉDIA (Henri Pirenne) Cidades e comércio →transformações do mundo feudal Cidade: concentração de comércio e de recursos humanos Smith: divisão social do trabalho A cidade depende da produção do campo Produtividade Marx: concentração de capital e trabalho Desordem econômica medieval: invasões islâmicas (séc. VI) acabam com o comércio no Mediterrâneo A cidade não pode mais se reproduzir → sociedade agrária Renascimento do comércio (séc. X-XII) Fim das invasões: 902 Paz e restauração: 989 Igreja + Cruzadas Resultados: Crescimento populacional, comercial, territorial e da produção agrícola Fortalecimento das cidades: ampliação generalizada do comércio na Europa Veneza: tradição comercial + aliança com Constantinopla (1 mi hab, tecidos de seda) = comércio de luxo distribuição de produtos para a Europa potência naval Gênova e Pisa: Expansão da fé cristã (Cruzadas): 1015-16 Expulsão dos árabes da Itália Abertura do Mediterrâneo Flandres: Comércio no Norte da Europa: ligação entre o Norte e o Sul Indústria têxtil Comércio + cidades = transformação no campo Subordinação do campo à cidade (quebra das estruturas feudais) Cidade como fonte de renda Produção deixa de ser só para subsistência Busca de novas terras cultiváveis Desenvolvimento do comércio: Itália e Flandres (constituição lenta e gradual do capitalismo comercial a partir do séc. XII) → comerciante: busca incessante do lucro Pirenne: Senhor: excedente limite da absorção populacional no campo Cidades ↘ crescimento urbano Camponês: excedente ↘ redução da servidão Cidade = liberdade A EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO (Maurice Dobb) Definições de capitalismo já oferecidas e seus problemas Escola Austríaca: Capitalismo = laissez-faire Problema: definição restritiva demais Sombart e Weber: Capitalismo = Zeitgeist: prudência e racionalidade, busca do lucro Homem natural: supre suas necessidades x capitalista: acumulação Problema: definição pouco restritiva Pirrene/Escola Histórica Alemã: Capitalismo = relação cidade-comércio Comércio de longa distância Problema: definição pouco restritiva Definição de Dobb (marxista) Capitalismo = modo de produção relações sociais de produção estágio de desenvolvimento das forças produtivas meios de produção e sua propriedade Pressupostos: dissociação entre trabalho e meios de produção aumento da divisão social do trabalho acumulação de capital propriedade privada Transição do feudalismo ao capitalismo: Transição = mudança na relação social de produção predominante Feudalismo (modo de produção feudal) = servidão Transformação da exploração do trabalho: mudanças técnicas produtividade do trabalho desenvolvimento de trocas separação entre trabalho e meios de produção surgimento do proletário Transição para o capitalismo: subordinação do trabalho ao capital ocorre na Inglaterra, com o fim do estatuto servil Mais do que simples mudanças quantitativas, há uma mudança qualitativa que caracteriza uma ruptura revolucionária Não houve um capitalismo mercantil, pois a classe dominante é a mesma Momentos decisivos da transição: Revolução de Cromwell e Revolução Industrial O feudalismo está em crise desde o séc. XIV, com o surgimento das cidades O crescimento do comércio e o desenvolvimento de uma economia monetária não são condições suficientes para o declínio do feudalismo Crise do feudalismo: Modo de produção feudal: baixo nível técnico produção limitada pouca divisão do trabalho (subsistência) Renda feudal = trabalho do servo Desenvolvimento do feudalismo senhores buscam ampliar as rendas aumento da exploração servil fugas e rebeliões As cidades eram uma ímã para os servos (e eram fruto do próprio feudalismo, pois o comércio nunca desapareceu) Diferentes reações frente à crise: segunda servidão x afrouxamento da servidão Terra escassa com relação à mão-de-obra → maior a rentabilidade da terra → arrendamento Terra abundante com relação à mão-de-obra → menor rentabilidade → assalariamento Fatores que levam os senhores a buscar ampliar as rendas Extravagância da nobreza Guerras (cruzadas) elementos endógenos ao modo de Subenfeudação (fortalecimento dos senhores) produção feudal Aumento das classes parasitárias TRANSIÇÃO: Pirenne: comércio, cidades, circulação monetária (externos ao modo de produção) Ok, mas e a Europa Oriental (segunda servidão)? A produção de mercadorias nem sempre se transforma em capitalismo Dobb: elementos endógenos ao modo de produção Marx, o capital, livro III: Economia ineficiente Renda: trabalho do servo O que sobra? A subsistência, que pode se reduzir ao longo do tempo Sempre que o senhor feudal precisar aumentar sua renda, entrará em conflito com a subsistência do servo Ok, mas porque a busca de ampliação da renda? Segundo Dobb, o desenvolvimento do feudalismo leva a um aumento da extravagância, das guerras, da subenfeudação e a um crescimento da classe parasitária, gerando uma tendência ao aumento da exploração servil, levando a fugas e rebeliões que podem por sua vez levar a concessões ou à repressão Europa Ocidental: 1000-1300: aumento da população e da produção 1300: guerra + fome + peste = crise geral 1315/16: fome → guerra (conquista de terras) → peste Séc. XIII: revoltas camponeses (jacqueries, etc) Agente da transformação: servo Substituição das relações servis: corvéia vira pagamento em dinherio Arrendamento: aumenta a produtividade, dá início ao assalariamento O DEBATE DA TRANSIÇÃO (Paul Sweezy) Segundo Sweezy, a transformação do feudalismo se deve a causas externas ao modo de produção: as razões apontadas por Dobb não são tendências imanentes ao sistema Síntese da Interpretação de Dobb: Baixo nível técnico, pouca divisão do trabalho → ineficiência Produção para uso: sobrevivência dos servos e dos senhores, quase não há excedente Trabalho compulsório Descentralização política Prestação de serviços Senhor tem o poder jurídico * feudalismo = servidão (modo de produção) Crítica de Sweezy: o sistema é rígido e quase estático, porque ele muda? A mudança é externa (ao modo de produção), e está ligada ao sistema de produção, que envolve as trocas e o comércio, criando dinâmica Produção para uso x produção para o mercado: torna-se mais eficiente comprar do que produzir, a existência de valor de troca altera o comportamento Desenvolvimento das cidades: atração para a liberdade, pressão para aumento de salários Crise do feudalismo: Dobb: feudalismo ineficiente + aumento da demanda para venda Guerras Crescimento das classes parasitárias Aumento do consumo Fugas dos servos Sweezy: Sempre existiram guerras Não houve aumento relativamente às classes trabalhadoras (mas se houve subenfeudação, provavelmente houve relativamente às terras para trabalho) Se deve ao estímulo externo do comércio Só ocorrem se há para onde fugir Desequilíbrio feudal Dobb: aumento da extração de excedente → perda da subsistência servil → fugas e revoltas → a servidão perde força Sweezy: imobilismo → transformação externas: comércio (renda) + cidades (liberdade) ↘ produção busca ampliar a comercialização Nova lógica de produção: + produtividade, + divisão do trabalho ↘ desenvolvimento das forças produtivas ↘possibilidade de um novo sistema Personagem: Dobb: servo como ator da transformação ↘ gera instabilidade interna Via revolucionária: pequeno produtor transforma a produção Ruptura: Revolução Inglesa (1640) Sweezy: comerciantes se opõem ao monopólio e desenvolvem o trabalho assalariado Período da transição: Dobb: estatuto de 1646 na Inglaterra (revolução burguesa) → fim da servidão (fim do processo com a revolução de 1688) Sweezy: transição como processo, com o desenvolvimento de um sistema pré-capitalista de mercadorias (Dobb: indefinição, sem classe dominante, revolução burguesa perde o significado) O que é capitalismo? Dobb: relação de trabalho/modo de produção Sweezy: relações/atividades comerciais ROBERT BRENNER: Aproximação com Dobb: servidão, modo de produção Instabilidade endógena (ineficiência, exploração) (Contradição do sistema feudal: incapacidade de garantir sua reprodução) Divergências: Acumulação política: Enfraquecimento da nobreza Reconstrução das relações feudais Formação do estado absolutista A transição na Inglaterra Séc. XVI/XVII: cercamentos Propriedade privada Mão-de-obra livre Produtividade Arrendamento (Arrendamento: os senhores não conseguem ter suas terras trabalhadas pelos servos eficientemente) Ator: Dobb: pequeno produtor (servo/putting out system) Brenner: arrendatário/comerciante (assume o risco da produção) produtividade trabalhador assalariado A ORIGEM DO CAPITALISMO (Ellen Wood) Há respostas distintas à crise do feudalismo e apenas na Inglaterra ela gera o capitalismo Capitalismo = modo de produção = assalariamento Extração econômica do excedente Mercado como regulador da vida social: reprodução social acumulação competição Quando/onde? Séc. XVI/XVII Europa: crescimento comercial → mercado como oportunidade ganho ñ-competitivo grandes navegações (circulação) Inglaterra: arrendamento → ganhos competitivos (produção) ↘ mercado como imperativo Inglaterra: Unificação: séc. XI Acumulação política: desmilitarização do campo (o estado centralizado assumo o poder militar) O senhor não pode mais extrair a renda coercitivamente Séc. XVI/XVII: cercamentos Arrendatário: lógica de produção voltada ao mercado Competição Concentração de terra e renda (em favor do arrendatário quando há inflação) Reforça a competição → reforça o mercado França: Acumulação política: absolutismo → reposição das relações feudais: aumento da extração extra-econômica (até 1789: servidão) Ética do melhoramento: propriedade se argumento pelo lucro (ou pelo trabalho produtivo?) culmina em 1688, com os cercamentos parlamentares Mercado competitivo: nasce no campo da Inglaterra Avanço do capitalismo: expansão do mercado competitivo (para poder comercializar com a Inglaterra) Preocupação com a globalização e o crescimento do mercado INSTITUIÇÕES E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO NOS SÉCULOS XVIII-XIX (Thomas e North) Revolução industrial inovações institucionais mudanças nos direitos de propriedade Tese: mudanças no produto e nos preços relativos dos fatores, inicialmente induzidos por uma pressão populacional malthusiana, e mudanças no tamanho dos mercados induzidas por uma conjunto de inovações institucionais fundamentais canalizaram os incentivos para atividades econômicas que aumentam a produtividade. No século dezoito essas inovações permitiram a superação do ciclo malthusiano. Crescimento do mundo ocidental: instituições → produtividade Ciclo malthusiano Séc. XII: crescimento da população, ocupação de terras aráveis, crescimento do produto bruto e per capita Fim do séc. XII: a pressão populacional levou a mudanças nos preços relativos, levando a aumento dos aluguéis e a queda do salário real Séc. XIV: decréscimo populacional, peste (1347-51), crescimento dos salários reais, queda dos preços agrícolas Em algum ponto do séc. XV a população voltou a crescer, inicialmente ocupando terras livres e acompanhada de aumentos de produtividade, até que a pressão populacional se torna excessiva Inglaterra, 1680: bases para o crescimento sustentável (expansão de patentes) Revolução Industrial: instituições → técnicas/ganhos de produtividade Teoria da mudança institucional Instituição: arranjos entre unidades econômicas que cria incentivos, determinando as interações entre elas e o resultado agregado das ações econômicas Inovação institucional: indução de ganhos de produtividade As inovações, voluntárias ou governamentais, aumentam os benefícios para os agentes Fontes do aumento da produtividade causado por mudanças institucionais: Economias de escala: desenvolvimento tecnológico (patentes, S/A) Redução dos custos de transação Externalidades: incentivos para investimento Riscos Informação Só ocorrem mudanças institucionais quando os benefícios superam os custos; logo, é preciso haver fatores que induzam desequilíbrios: Mudanças de longo prazo no produto relativo e no preço relativo dos fatores Mudanças no tamanho do mercado (economias de escala) Mudanças nas regras de decisão do governo A transição do feudalismo para o capitalismo: Mundo medieval (até 110): terra abundante, trabalho relativamente abundante, comércio regional, pouca inovação Fonte de desequilíbrio: mudanças populacionais, que alteraram a relação de preço como resultado dos retornos decrescentes e da expansão dos mercados. Crescimento populacional relativo à oferta fixa de terra levou a um aumento relativo dos preços não-agrícolas, levando a uma queda no valor da terra e nos salários reais. A colonização e as diferenças entre as dotações de fatores nas regiões fez com que o comércio aumentasse, tornando interessante o arrendamento de terras e a apropriação das terras comunais. O crescimento do comércio levou ao surgimento dos contratos formais e à unificação política e administrativa. Houve uma reversão temporária nesse processo e seguiu-se o conflito social, o resultado dependendo da distribuição do poder No século XVI as mudanças nos preços relativos retornam, dessa vez acompanhados da revolução comercial, de divisão do trabalho e de inovações Período das transformações: mercantilismo Estado: leis para inovação Bancos A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO (Max Weber) Europa: tradição racional que a difere culturalmente Ex.: música, direito, universidades, ciências, arquitetura Capitalismo: “expectativa de lucros pela utilização das oportunidades de troca” Capitalismo aventureiro: especulativo e incerto “irracional” sem cálculos e projeções Ex.: grandes navegações Capitalismo moderno (“burguês”): Diferente de lucro! Racionalização: busca pacífica do lucro utilização racional dos recursos utilização de cálculos e projeções separação dos negócios e dos assuntos pessoais/familiares contabilidade Formas peculiares: desenvolvimento tecnológico utilização da ciência avanço econômico vigoroso Surgimento do espírito capitalista Condições necessárias para o desenvolvimento da racionalidade na Europa Ocidental: Certo grau de desenvolvimento técnico Direito racional Capacidade/disposição para aceitar a racionalidade Espírito capitalista Ascese protestante (puritana) dinheiro = expressão de virtude Acumulação como finalidade Ética protestante: Trabalho como vocação Acumulação de riqueza é a realização da vontade divina (predestinação) A riqueza pertence a Deus, e não aos homens Resultado: ética social da cultura capitalista (teleológica) aceitação moral da busca do lucro A FORMAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTISTA (Perry Anderson) O Estado absolutista tem vários inícios e vários momentos de crise Início do absolutismo: crise do feudalismo (séc. XIV-XV) Sentido do Estado Absolutista: Engels: aliança entre o rei e a burguesia Marx: estado burguês (burocracia, desenvolvimento comercial) (se a burguesia não tivesse seus direitos restritos, não teria razões para se revoltar contra o estado) Perry Anderson: o absolutismo é uma tentativa de manter o poder feudal sob uma nova roupagem (novo aparelho de dominação feudal) a nobreza estava enfraquecida com a redução da servidão e já não conseguia controlar o campo em crise a classe dominante, política e economicamente, era a mesma do feudalismo a centralização do poder foi um meio para que a nobreza mantivesse o poder e a extração de renda o poder real tinha a função de reprimir as massas na base da sociedade a presença da burguesia impediu a nobreza ocidental de impor uma segunda servidão, e esse processo foi endógeno porque a existência de cidades era decorrência da dispersão hierárquica de soberanias → dupla determinação do Estado absolutista (luta de classes) o fim da servidão não significou o fim das relações sociais a dependência pessoal e a coerção extra-econômica persistem o produtor direto continua associado aos instrumentos de produção não há um mercado de terras livre ou mobilidade efetiva da mão-de-obra imposto como nova forma de exploração Transformações da época: Centralização do poder: aumenta a capacidade de controle social (perda política) Cobrança de impostos pelo Estado (ganho econômico): diminuição das obrigações feudais Senhor feudal passa a ocupar um cargo público na organização do novo sistema, fazendo o meio de campo entre o poder local e o Estado Condições para ascensão da burguesia: Motivos econômicos: mercantilismo (Estado busca se aliar/cooptar a burguesia), unificação dos mercados (no entanto, a burguesia reivindicava mercados mais livres) Motivos políticos/jurídicos: presença da idéia de propriedade privada apoiada pelo Estado (a propriedade da terra deixava de ser condicional), divisão entre direito público e civil Absolutismo como representação do feudalismo: Exército: a nobreza já não luta, mas ela coordena/comanda o exército, recorrendo a mercenários estrangeiros para conter revoltas camponesas, para não armar os próprios camponeses em larga escala. O estado absolutista era uma arma de guerra, a forma mais fácil da conquistar riquezas Comércio (mercantilismo): visa ao fortalecimento do Estado Tributação: a nobreza preserva seu poder (manutenção da classe parasitária) assumindo cargos de cobrança (e a burguesia pode comprar cargos). O sistema tributário tem caráter flagrantemente parasitário, concentrando-se nos mais pobres, a nobreza sendo isenta. Diplomacia: defesa dos interesses da dinastia, não da nação. Existia, no entanto, entre os populares, um protonacionalismo, indício da presença burguesa no seio do sistema político. Conclusão: estado de transição que marca o último elemento de sustentação dos grupos feudais, mas que gera ao mesmo tempo oportunidades para a burguesia. Representa a nobreza, mas cria meios para assegurar os interesses básicos das classes mercantis e manufatureiras Sentido do absolutismo: assegurar a acumulação primitiva do capital, o que foi possível graças à existência de um campo de compatibilidade potencial entre a natureza do estado absolutista e as operações do capital mercantil e manufatureiro, que não se opunha de todo à ordem agrária por não serem ainda industrializados. MERCANTILISMO (Heckscher) Período histórico que compreende o final da Idade Média e o início da era liberal Política econômica: conjunto de práticas econômicas (não é uma escola econômica porque a ciência econômica estava apenas começando a se desenvolver, apesar de ter contribuído muito para seu desenvolvimento) nascidas da necessidade de fortalecer o Estado, não de um ideário [competição entre os países: se um deles adota a política mercantilista, os outros têm de fazer o mesmo] Unidade: o Estado é o sujeito e o objeto da político econômica do mercantilismo Idade Média: particularismo (descentralização) x universalismo (religião) o universalismo perde força com a reforma e o mercantilismo se opõe ao particularismo para construir a nação Mercantilismo: sistema unificador + propensão ao poder →meio econômico de alcançar o poder do Estado (o mercantilismo só se interessa pela riqueza enquanto fundamento do poder do Estado) Meios do mercantilismo: Balança comercial favorável Protecionismo (pacto colonial) Crescimento do comércio Metalismo (medida de poder de uma nação) internacional Industrialismo (Colbert) Mercantilismo = prática econômica para competição entre nações ↘ Comércio externo como método de expansão das riquezas Grandes navegações: retomada da competição comercial Rotas monopolistas Pacto colonial Metalismo (Portugal/Espanha) Formas de mercantilismo: Bullionismo: Portugal e Espanha acumulam ouro e prata Colbertismo: França se volta para o industrialismo Protecionismo e apoio financeiro estatal Produtos manufaturados de luxo Problema: indústria artificial, não sobrevive sem a política de defesa Inglaterra: balança comercial favorável 1651: atos de navegação (competição com a Holanda) → ganhos nos fretes e nos mercados Acumulação: formas mais eficientes de produção