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Celso Furtado: comparação do fluxo de renda nas economias açucareira e mineratória + desenvolvimento econômico autopropulsionado da mineração. Açúcar: Aspecto singular da economia escravista: não geração de renda pelo emprego de mão-de-obra. MDO escrava configura-se custo fixo. Toda renda da produção se dá na forma de lucro sobre a produção, remuneração do capital. A concentração da remuneração estava nas mãos dos senhores de engenho, e que se esvaía para fora da colônia. O escoamento da renda se dava na forma de bens de consumo, bens de capital referente à escravaria e bens de capital físicos. A economia açucareira estava totalmente exposta ao mercado externo. Independente do desempenho do mercado externo, a economia açucareira era razoavelmente resiliente em função de sua estrutura de custos: Os senhores continuavam operando o engenho já que faturar alguma coisa é melhor que nada. Crescimento atrelado ao mercado externo. O crescimento se dava em extensão, duplicação da estrutura fixa de produção, uma vez que atingisse seu limite. Não havia ganhos de produtividade e também não havia limitação territorial. Prosperidade e altas no preço se refletem nos altíssimos ganhos de capital de Furtado. Crises e queda persistente dos preços do açúcar, com o agravante da concorrência antilhana, afetou desempenho da colônia portuguesa, mas efeitos negativos foram parcialmente compensados pela operação dos engenhos em prejuízo. A prova de que não houve ganhos de produtividade para furtado foi que a atividade açucareira foi retomada 2 séculos mais tarde com as mesmas características Mineração: Furtado: O ouro de aluvião possui a propriedade tanto da rápida exploração quanto do rápido esgotamento. Assim, as regiões mineiras que observaram os maiores crescimentos econômicos iniciais foram também as que apresentaram os maiores e mais rápidos declínios. Em seus cálculos para mostrar o nível de renda gerado pela extração de ouro, demonstra que esse valor era muito abaixo do aquele observado na indústria do açúcar. No entanto, esta renda tinha uma distribuição muito melhor que no primeiro caso, dada as próprias características de mobilidade social dessa economia (maior participação de indivíduos livres e/ou libertos). Além disso, a renda gerada tendia a concentrar-se internamente, dadas as dificuldades de importar-se produtos da metrópole em uma área tão distante quanto a das minas. O menor coeficiente de importação evidencia um maior desenvolvimento interno. Some-se isso à idéia de que a economia mineratória atuava como um pólo catalisador de uma divisão regional do trabalho no Brasil (demanda por gado e mula) e ter-se-á a perspectiva de que a colônia finalmente poderia desenvolver um mercado interno auto-impulsionado, capaz de sustentar-se independentemente de condicionantes externos, ditados pela metrópole. Mas não foi isto que aconteceu. Para que aquele mercado em vias de autonomia pudesse sustentar-se internamente efetivamente, seria necessário que dispusesse de uma economia manufatureira. O Brasil, no entanto, não possuía as condições técnicas para desenvolver manufaturas já que os imigrantes lusos tinham pouca ou nenhuma experiência manufatureira. Os motivos pelos quais Portugal não desenvolveu uma base manufatureira, a qual poderia ter sido implementada no Brasil mesmo à revelia da metrópole, para Furtado estão relacionados ao tratado de Methuen.