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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE FÍSICA
FÍSICA PARA CIÊNCIAS
AGRÁRIAS
1- Introdução
A Física é composta por um conjunto de teorias, coerentes entre si, elaboradas
sob o pressuposto de existência de regularidades objetivas.
Em conseqüência, essas teorias são passíveis de serem testadas, comparando-se
suas explicações e predições com os fenômenos e dados empíricos. Os testes devem ser
múltiplos, realizados de maneiras independentes e por diferentes pessoas.
A Física, contudo, não é uma ciência exata e sim precisa. Daí, para decidir se
diferentes testes concordam entre si, é necessário:
- explicitar o grau de incerteza (ou imprecisão) dos valores obtidos experimentalmente.
- adotar procedimentos compatíveis entre si e as mesmas regras no tratamento dos dados.
2- Resultado Experimental
Um resultado experimental, obtido direta ou indiretamente, após várias repetições
de um experimento, deve conter a melhor estimativa para a medida de uma grandeza.
Ao mesmo tempo deve explicitar a incerteza na medida, ou dito de outra forma, deve
evidenciar o intervalo de confiabilidade dessa melhor estimativa. Assim, um resultado
experimental para uma grandeza X deve ser escrita como Xm X , onde Xm representa
a Melhor Estimativa e X, sempre positivo, o Erro Absoluto ( ou incerteza).
Por exemplo, se a massa de um objeto for expressa por m = 316,2 + 0,5 g , isto
significa que a medida da massa é confiável dentro dos limites 316,7 g e 315,7 , mas a
melhor estimativa (valor mais provável) vale 316,2 g .
2-1. Erro Absoluto
O intervalo X representa a região em torno da Melhor Estimativa onde são
encontrados os valores da medida X obtidos após uma série de repetições do experimento.
Sua determinação independe do valor da grandeza X e, por isto, é chamado de Erro
Absoluto.
Observe que X é definido como um valor sempre positivo. Em conseqüência, se
o resultado experimental de uma grandeza vale X = Xm X , então, X = | X - Xm |
2
2-2. Erro Relativo
Se o comprimento de uma grandeza foi determinado como sendo igual a 400 + 2m
e o de outra 100 + 2 m, então, a comparação entre os valores relativos 2/400 e 2/100 dará
uma idéia mais clara, comparativamente com o erro absoluto, sobre o significado da
incerteza numa ou noutra determinação.
Este valor relativo, ER = X / X , é definido como sendo o Erro Relativo.
Na forma de percentagem, esta razão deve ser multiplicada por 100. Assim, no
exemplo apresentado, ER vale 0,5 % no primeiro caso e 2 % no segundo.
A figura 1 abaixo (conforme ref. 1) representa um valor experimental:
Intervalo de valores prováveis
\ /
| ( | X ) | |
|
0 1 2 3
4
|
Melhor estimativa de X
Fig.1 - Nesta figura, a melhor estimativa de uma determinada grandeza X é mostrada em uma escala linear. A
medida de X foi repetida várias vezes e todos os valores encontrados estão espalhados em um intervalo
assinalado pela região entre parênteses. Este é o intervalo de valores prováveis, ou seja, se mais uma medida
for realizada, ela tem grande probabilidade de se encontrar neste intervalo .
2-3. Comparação entre Resultados Experimentais
Quando comparamos dois resultados experimentais, ou um valor predeterminado
com um outro medido, nosso grau de certeza sobre a igualdade entre os dois valores
dependerá do grau de superposição entre os intervalos de valores prováveis. Devemos,
então, comparar tanto as melhores estimativas como as incertezas a elas associadas,
conforme exemplificado na figura 2 (obtida da ref. 1) :
3
Provavelmente Talvez Provavelmente
iguais iguais desiguais
Medida 1 | | ( x )| | | | ( x |) | | | ( x ) | |
0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Medida 2 | | ( x ) | | | (| x ) | | | ( x )| | |
0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Fig.2 - Temos nesta figura a comparação do resultado de duas medidas em três
situações distintas. Pode-se considerar os valores destas duas medidas como
provavelmente iguais, talvez iguais, ou como provavelmente desiguais,
dependendo do grau de superposição de suas incertezas, como pode ser
observado pelo grau de superposição dos parênteses na primeira e segunda
linhas correspondentes a cada caso.
Define-se discrepância como sendo a diferença entre duas melhores estimativas.
A discrepância é significante se os intervalos de valores prováveis não se superpõem. Em
outras palavras, se XA XA e XB XB representam duas medidas da grandeza X, a
discrepância será dada por | XA melhor estimativa - XB melhor estimativa | e será significante
se esta diferença for maior do que (XA + XB ) .
A figura 3 ( ref. no 1) mostra mais claramente a diferença entre incerteza e discrepância:
Incerteza x
| ( | X ) | | |
0 1 2 3 4
discrepância
<-------------------------->
| | | ( X ) | |
0 1 2 3 4
<----->
Incerteza x
Fig.3 - Diferença entre incerteza e discrepância
A presença de discrepância entre duas determinações de uma grandeza coloca a
questão de se saber qual é a resposta correta, uma vez que o valor exato não é conhecido.
Na verdade procede-se da seguinte maneira: elimina-se, tanto quanto possível, as falhas
(erros grosseiros); quando possível, aumenta-se a precisão dos instrumentos de medida e
realiza-se um número razoável de repetições. Outros pesquisadores repetem o
experimento, repetem os cálculos e os resultados são comparados. À medida que a
precisão aumenta (X diminui) a teoria é melhor comprovada. O resultado é aceito
quando vários experimentalistas estão de acordo. Se existe discrepância significante entre
o valor aceito e o valor obtido em uma medida, conclui-se que esta medida foi inacurada.
4
Entretanto, tal conclusão não é necessariamente correta pois existe a possibilidade de que
os experimentalistas que determinaram o valor correntemente aceito podem não ter se
apercebido de algum detalhe importante, só reconhecido posteriormente. Estas situações
são bastante raras, mas quando ocorrem são de enorme importância. Observe que a
inacurácia só surge quando duas determinações diferentes são feitas, enquanto a incerteza
(imprecisão) ou erro absoluto aparece em uma única determinação.
Na figura 4 abaixo, obtida da ref. 1., mostra-se a distinção entre imprecisão e
inacurácia. Em (a) a medida foi mais precisa do que em (b), porém mais inacurada.
Diminuindo-se a precisão de uma medida, aumenta-se a probabilidade dela ser acurada,
isto é, mais provável será o acordo entre dois valores (ou entre predição e determinação).
No entanto, a validade de uma teoria aumenta quando tanto a precisão como a acuidade
com que ela é testada aumentam!
INACURÁCIA
Valor aceito como verdadeiro
/
(a) | ( | X ) V | | |
0 1 2 3 4
IMPRECISÃO
Valor aceito como verdadeiro
/
(b) | ( | X V |) | |
0 1 2 3 4
Fig.4 - Nesta figura encontra-se a distinção entre imprecisão e inacurácia.
O "V", localizado na escala, se
encontra na posição do valor aceito como verdadeiro, e X, no valor mais provável de uma determinação
experimental. Os parênteses delimitam a incerteza em X.
3. TIPOS DE ERROS
Em Física, a palavra erro tem um significado bem amplo e não se reduz às falhas
cometidas por distração ou inabilidade na realização de um experimento. Discutimos
acima a terminologia empregada em descrever os erros em medidas, mas não
mencionamos as causas dos vários tipos de erros. Daremos a seguir uma idéia das
possíveis fontes dos variados tipos de erros experimentais e veremos que algumas
incertezas sempre estarão presentes nas determinações de uma grandeza. Contudo, vale
ressaltar que num trabalho experimental de qualidade, procura-se incessantemente reduzir
ao mínimo essas incertezas.
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3.1 Erros de Acurácia
Falhas (ou Erros Grosseiros): São erros cometidos por desconhecimento do
assunto tratado, inabilidade, distração etc, e, portanto, desqualificam o experimentalista.
Podem surgir através de uma leitura errônea da escala utilizada, de um erro aritmético, da
aplicação da teoria onde ela não é válida etc.
Exemplos: Se no cálculo da área de um retângulo de lados a e b, usamos a
expressão A = 2 a b, o fator errôneo 2 produz um erro grosseiro. O mesmo acontece se, na
montagem de um circuito elétrico, esquece-se de conectar um dos dispositivos do circuito.
A prática e o cuidado na realização dos experimentos reduzem drasticamente tais falhas.
Ao compararmos resultados, temos que ter certeza que esses tipos de erros não estão
presentes.
Erros Sistemáticos: São assim chamados por levarem, sistematicamente, os
resultados para mais ou para menos. Podem ser causados por falhas no aparelho de
medida; por calibração incorreta (por exemplo, uma balança acusa valor diferente de zero
mesmo na ausência de qualquer massa sobre o seu prato); por aproximações teóricas
incorretas que muitas vezes representam apenas uma primeira aproximação ao problema e
que num experimento com relativa precisão podem aparecer como discrepância (por
exemplo, ao se calcular o tempo de queda de um corpo de uma altura h, admitir
desprezível a resistência do ar pode produzir um erro sistemático).
Tais erros acima podem ser eliminados totalmente ou reduzidos a algum valor
extremamente pequeno. Agora vamos tratar com tipos de erros inerentes ao processo de
medição.
3.2 Erros de Precisão
Erro Instrumental (ou Erro de Escala): Na obtenção de medidas utilizamos
equipamentos, então, estes devem ser calibrados a partir de padrões convenientemente
definidos. A construção de uma escala implica a escolha de subdivisões, em partes iguais,
da unidade padrão. No entanto, pode ocorrer que a grandeza a ser medida não
corresponda a um número inteiro das subdivisões existentes no aparelho. Deparamo-nos,
desta forma, com o problema de estimar a fração da subdivisão considerada. Ao
estimarmos esta fração, introduzimos o Erro Instrumental que indica o grau de precisão
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de um dado instrumento. Assim, quanto mais preciso for um instrumento, menor será o
valor do erro instrumental. O Erro Instrumental representa a limitação do instrumento.
Obtenção do Erro Instrumental
A estimativa do Erro Instrumental, envolvido na medida de uma grandeza,
depende do instrumento utilizado e da habilidade do experimentador. Às vezes, a escala é
tão grande que é possível estimar se o valor medido está, nitidamente, aquém ou além da
metade (ou de um quarto) da menor escala. Nesta situação, pode-se considerar como erro
instrumental 1/4 (ou 1/8) da menor escala. Em outras situações, ao contrário, as
subdivisões são tão juntas que não é possível distingüir o traço de referência entre duas
subdivisões sucessivas. Neste caso, deve-se tomar como o erro instrumental a menor
divisão da escala.
No entanto, neste curso, sempre que possível, o Erro Instrumental será tomado
como sendo igual à metade da menor divisão da escala do instrumento.
Assim se, por exemplo, a menor subdivisão de uma régua for o centímetro (cm),
então o erro instrumental será de 0,5cm, ou se em um voltímetro a menor subdivisão for o
milivolt (mV), o erro instrumental será 0,5 mV. Isto se justifica pois 1/2 divisão implica
uma imprecisão total de +1/2-(-1/2)=1 divisão, que é a menor subdivisão da escala do
aparelho.
Erro Aleatório: As condições sob as quais um experimento é realizado podem
não ser exatamente as mesmas a cada vez que se repete o experimento. Suponhamos que
se queira estimar o tempo de queda de um corpo que se encontra a uma altura h. Ao se
repetir o processo, se o corpo estiver ligeiramente acima ou abaixo do que na situação
anterior, haverá uma incerteza na altura h, que produzirá uma incerteza no tempo de
queda. Vê-se, neste caso, que uma das variáveis do experimento não está bem controlada,
produzindo flutuações aleatórias em torno de um valor, chamado de valor mais provável.
Esta margem de flutuação, decorrente de processos puramente aleatórios, é o que se
denomina de Erro Aleatório. Talvez você possa imaginar algum mecanismo que reduza
drasticamente esta incerteza, o que implicará um menor erro aleatório, mas, seguramente,
surgirá aleatoriedade se formos além do grau de precisão deste mecanismo. Assim, o erro
aleatório é inerente a todo processo de medida e deve ser convenientemente tratado. No
erro de natureza aleatória, existe uma probabilidade igual de se errar para mais ou para
menos, e o procedimento natural que se usa para tratá-los é a análise estatística que, para
os propósitos desta disciplina, resume-se no seguinte:
7
Melhor Estimativa
Após cuidadosas repetições dos mesmos procedimentos, obtém-se um certo
número de medidas da grandeza que se quer medir. A melhor estimativa da medida desta
grandeza será obtida tomando-se a média aritmética dos valores obtidos. Por exemplo: em
um experimento qualquer, efetuamos N medidas de uma grandeza x, obtendo os valores,
x1, x2, x3,..., xN . A melhor estimativa do valor x é dada por x , onde
x
x
N
i
i
N
1
Cálculo do Erro Aleatório
O erro aleatório é obtido calculando-se a dispersão das diversas medidas, obtidas
experimentalmente, com relação ao valor médio (Melhor Estimativa). Para isto, utiliza-se
o conceito estatístico de variância de uma medida, que é dada por:
x
i
i
N
x x
N
2
2
1
1
( )
A idéia existente na expressão acima é a seguinte: a diferença ( )x xi para cada
um dos N valores de x, dá uma medida de quanto o valor de cada medida xi se afasta do
valor médio x .
O efeito acumulativo destas diferenças é obtido tomando-se a soma dos quadrados
das diferenças, isto é, ( )x xi 2 . Observe que a soma de quadrados é uma soma de
termos positivos, logo, apenas o valor absoluto do desvio é importante (de fato, é fácil
mostrar que a soma dos desvios ( )x xi é sempre igual a zero). Em seguida, determina-se
a média desses desvios quadráticos. Contudo, existem apenas (N - 1) desvios
independentes, pois, a média x representa um vínculo entre os N valores, isto é, se
conhecemos a média x e (N - 1) dos valores x1,x2 ... xN, o n-ésimo pode ser obtido. Assim,
(N - 1) é o denominador correto.
Para servir como medida do desvio na grandeza x, é necessário que a expressão
tenha a mesma dimensão de x e, assim, a raiz quadrada é tomada, chegando-se à
expressão para a Estimativa do Desvio Padrão que será utilizada como sendo o Erro
Aleatório da série de medidas realizadas, ou seja:
8
x
i
i
N
x x
N
( )2
1
1
OBS.
A repetição de um experimento num número limitado de vezes pode ser vista
como uma Amostra de uma População Estatística que no caso corresponderia a repetir
infinitamente o experimento.
A utilização da média aritmética como a Melhor Estimativa (valor mais provável)
para o valor de uma grandeza medida e do Desvio Padrão, obtido com os desvios
quadráticos da “amostra” (confira a equação acima), como uma Estimativa do Desvio
Padrão da População1, encontra fundamentação na Teoria Estatística, desde que esta
Amostra obedeça certas condições de tamanho e critério de escolha etc.
Neste curso, vamos supor que essas condições estarão sendo satisfeitas.
Erro Experimental Absoluto
Foi dito anteriormente que ao relatar um resultado experimental, além da Melhor
Estimativa, devemos também relatar a margem de confiabilidade deste valor. Como
decidir, em meio a tantos tipos diferentes de erros, qual a margem de confiabilidade? Para
responder à pergunta acima, devemos levar em consideração a natureza de cada tipo de
erro.
Como regra geral, parte-se do pressuposto de que o experimentalista fez todos os
esforços para eliminar os vários tipos de falhas ou erros sistemáticos. Por este motivo
erros de acurácia não são relatados. Assumindo que as falhas (erros grosseiros) e os
erros sistemáticos foram eliminados, restam os erros instrumentais e aleatórios.
Suponhamos que os erros aleatórios sejam muito maiores que a precisão do
equipamento de medida. Neste caso sabe-se que o equipamento é capaz de medir com
uma precisão maior do que as flutuações que surgem a cada repetição da medida.
Obviamente, neste caso, o erro aleatório é o dominante e é o valor que deve ser relatado
como erro experimental.
Agora, suponhamos que as flutuações nas várias repetições das medidas sejam
menores do que a precisão de cada medida. Neste caso, não se pode determinar a medida
com precisão maior do que a precisão do instrumento; logo, o erro no experimento é o
erro instrumental2.
1No caso do cálculo do Desvio Padrão da População e não de sua estimativa, a equação a ser utilizada difere
da equação acima pelo fato de o valor N substituir (N-1).
2Se não for possível repetir várias vezes a medida de uma grandeza, o erro aleatório será indeterminado e o
erro total será dado pelo erro instrumental. Neste caso, a melhor estimativa da grandeza será dada pelo único
9
Entretanto, se os dois tipos de erros forem comparáveis, o valor do Erro
Experimental Absoluto será dado pela adição dos erros envolvidos, ou seja:
X exp = X ins trumental + X aleatório = X instrumental +
4. ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS
Como vimos, grande parte das medidas físicas envolvem leituras de escalas e, não
raro, deparamo-nos com um resultado que não coincide exatamente com uma das linhas
de divisão de escala. Teremos, então, que estimar o algarismo final da leitura. Este
algarismo estimado é, até certo ponto, incerto. No entanto ele é significativo, no sentido de
que ele nos fornece informações úteis sobre a quantidade que está sendo medida. Os
algarismos significativos de uma medida são aqueles razoavelmente confiáveis. Na
leitura de uma medida física, um e apenas um algarismo estimado ou incerto deve ser
retido.
Para facilitar a compreensão do que foi dito acima, vejamos um exemplo: Um
observador, medindo um comprimento com uma régua milimetrada, registra o resultado
da medida como sendo igual a 3,28cm. Como a régua é milimetrada, o algarismo 8 desta
leitura foi estimado. Talvez o resultado da estimativa pudesse ser 7 ou 8 , de qualquer
forma ela dá uma certa informação sobre o comprimento; logo, é útil. A leitura feita pelo
observador possui três algarismos significativos. Um fato importante a se destacar é o de
que a localização da vírgula nada tem a ver com o número de algarismos significativos. O
resultado da medida, feita no exemplo acima, poderia ter sido escrita como 32,8mm ou
0,0328m; apesar da vírgula decimal ter sido deslocada, o número de algarismos
significativos continua a ser três em cada caso.
A presença de zeros em uma certa medida pode causar dificuldades que,
entretanto, podem ser superadas se possuirmos as seguintes informações:
a) Se os zeros se localizam no início de um número (à esquerda no número), isto é,
se estão lá apenas para localizar a vírgula, eles não são considerados significativos, como
no caso 0,0328m do exemplo anterior, onde existem três algarismos significativos.
b) Se os zeros se localizam entre dois algarismos significativos, então eles são
sempre significativos: por exemplo se a leitura de um termômetro nos dá 30,8oC , o zero é
significativo e este resultado possui, então, três algarismos significativos.
valor medido.
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c) Se os zeros estiverem no final de um número (à direita no número), é necessário
que se tenha certo cuidado. Se não temos informações explícitas sobre a leitura feita, não
sabemos, a princípio, se é um algarismo significativo ou se está lá apenas para localizar o
ponto decimal.
Por exemplo: em uma determinação da distância entre duas cidades obteve-se
como resultado 325000 m, mas a acuidade da medida não passou da casa dos quilômetros.
Então, este resultado será melhor expresso por 3,25 x 105 m, ficando claro que dispomos
de apenas três algarismos significativos.
Outro exemplo: medindo-se um determinado comprimento com uma régua
milimetrada (que permite ler milímetros com exatidão e estimar décimos de milímetro),
um resultado registrado como 20,00 cm é totalmente correto, significando que o último
zero foi obtido como a melhor estimativa dos décimos de milímetros. Seria errado
representar o resultado por 20 cm, pois este registro, assim como está, nos informa
erroneamente que o instrumento de medida somente nos permite estimar centímetros. A
leitura registrada deve sempre expressar o grau de precisão da medida.
Segundo uma das regras do trabalho científico, devemos registrar medidas
guardando apenas os algarismos significativos quando realizamos cálculos envolvendo
grandezas medidas diretamente. Incluir algarismos não significativos adicionais dão uma
idéia falsa da medida e pode confundir as pessoas que venham a usar estes dados, pois eles
acreditarão que todos os algarismos são significativos.
Na determinação de uma dada grandeza, quanto mais precisas forem as medidas,
maior o número de algarismos significativos que aparecem no resultado. Se medirmos
uma pequena espessura com uma régua milimetrada, teremos uma leitura com menos
algarismos significativos do que a leitura da mesma espessura medida com um
micrômetro. Quando escrevemos um resultado com quatro algarismos significativos
estamos informando, a quem o consultar, que um quinto algarismo não teria qualquer
significado.
Por exemplo: uma medida de comprimento é feita com uma régua milimetrada e
registrada como 28,356 cm. O algarismo 6 não tem significado algum, pois a tentativa de
estimar os centésimos de milímetros em uma régua milimetrada não tem sentido.
Ao serem feitas manipulações aritméticas com resultados de medidas, é preciso ter
cuidado para não introduzir, nas respostas, algarismos não significativos.
O número de algarismos significativos que devem ser mantidos depende do
número de algarismos significativos dos dados experimentais e das operações aritméticas
usadas. As regras comumente utilizadas nestas operações são as seguintes:
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1)ADIÇÃO e SUBTRAÇÃO
Regra: antes de efetuar a adição ou a subtração, deve-se arredondar as grandezas
para a casa decimal do número com menor precisão.
Exemplo 1:
13,2 cm 13,2
+ 18,86 cm
-------> 18,9 Resposta: 32,3 cm
0,210 cm 0,2
_____ ___
32,3
Exemplo 2:
96 cm 96
+ 7,6 cm -------> 8 Resposta: 104 cm.
0,32 cm 0
_____ ___
104
Observe, neste exemplo, que o resultado, 104 cm, apresenta a casa das unidades como
estimada, coerentemente com o fato de o valor 96 cm possuir o mesmo grau de
confiabilidade. Observe, também, que o aumento do número de algarismos significativos
decorre de cálculos e não compromete a precisão com que os resultados foram obtidos.
Exemplo 3:
545,36 m 545,4
__ 32,5 m -------> 32,5 Resposta: 512,9 m
_____ ____
512,9
Exemplo 4:
1,93 m 1,93
__ 1,91 m -------> 1,91 Resposta: 0,02 m ou
_____ ____ 2 x 10-2 m.
0,02
Observe, neste exemplo, que o resultado da subtração deve ser apresentado apenas com
um algarismo significativo embora as duas medidas iniciais possuíssem três algarismos
significativos.
12
1)MULTIPLICAÇÃO e DIVISÃO
Regra: na multiplicação ou na divisão, o resultado deve apresentar o mesmo
número de algarismos significativos da medida que apresentar o menor número de
algarismos significativos.
Exemplo 1:
12,387 N
x 8,23 m Resposta: 102 J
________ Obs. : N x m = J
101,94501
Exemplo 2:
157,20 m
x 39,3 s Resposta: 4,00 m/s.
_____
4
Observe, neste caso, que embora a divisão seja exata, a resposta deve ser dada com três
algarismos significativos, coerentemente com a medida que possui o menor número de
algarismos significativos (39,3 s).
Observações:
1) As regras estabelecidas acima referem-se a resultados de medidas. Existem certos
valores que resultam de contagem e, portanto, não estão sujeitos a incertezas. Por
exemplo, o número de alunos em uma turma ou o número de oscilações de um pêndulo.
Igualmente, números resultantes de definições, por exemplo, o número de metros
existentes em um kilômetro, ou a relação entre o volume e o raio de uma esfera podem ser
apresentados com absoluta precisão, isto é, podem ser considerados com um número
infinito de algarismos significativos.
2) Arredondamentos:
Ao se desprezar algarismos não significativos nas operações aritméticas, as
seguintes regras devem ser utilizadas:
a) se o primeiro algarismo a ser desprezado for maior do que 5 ou se for um 5
seguido de algarismos diferentes de zero, o resultado deve ser acrescido de uma unidade.
Exemplo: 8,35796
torna-se 8,36 se arredondado para três algarismos significativos;
13
torna-se 8,3580 se arredondado para cinco algarismos significativos;
torna-se 8,4 se arredondado para dois algarismos significativos;
b) se o primeiro algarismo a ser desprezado for menor do que 5, simplesmente
despreza-se este e os sucessivos algarismos.
Exemplo: 7,3623
torna-se 7,362 se arredondado para quatro algarismos significativos;
torna-se 7 se arredondado para um algarismo significativo;
c) se o primeiro algarismo a ser desprezado for um 5 não seguido por qualquer
outro algarismo, ou se for um 5 seguido apenas de zeros, então, existem diferentes regras
na literatura. Neste curso, vamos adotar a seguinte: acrescenta-se-lhe sempre um
algarismo.
Exemplos:
38,2500 torna-se 38,3 se arredondado para três algarismos significativos;
8,35 torna-se 8,4 se arredondado para dois algarismos significativos;
As manipulações algébricas com resultados de medidas ocorrem quando
procuramos obter a Melhor Estimativa ou o Erro Aleatório, e, principalmente, quando
queremos determinar indiretamente alguma grandeza que depende de duas ou mais
grandezas ( a densidade é um exemplo, pois depende da massa e volume). Os erros em
cada uma destas medidas se "propagam" para outras grandezas. Veremos a seguir como o
erro se propaga e como determinar o número de algarismos significativos em uma
grandeza determinada por duas ou mais medidas.
5. PROPAGAÇÃO DE ERROS
Sempre que trabalhamos com dados experimentais, nos deparamos com situações
onde é necessário que se efetuem cálculos envolvendo duas ou mais grandezas às quais já
estão associados os seus respectivos erros. Os valores resultantes destes cálculos, em geral,
são menos precisos do que os valores determinados, se possível, através de uma medida
direta da grandeza. Isto porque os erros vão se acumulando na medida em que
manipulamos matematicamente as grandezas envolvidas.
Os erros em uma quantidade calculada podem ser determinados a partir dos erros
em cada uma das quantidades usadas, como veremos a seguir.
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5.1 Soma
Consideremos duas grandezas A e B representadas, respectivamente, por
a=a±Da e b=b±Db
Se tivermos que calcular uma quantidade c = a + b, adotaremos o seguinte
procedimento:
c a b a b ( ) ( )
ou seja, tomamos como Melhor Estimativa da grandeza c, a soma das melhores
estimativas de a e b:
c a b
e o erro absoluto associado a c é dado pela soma dos erros associados a a e b:
5.2 Subtração
O mesmo raciocínio usado acima para a adição pode ser estendido à subtração. Se
queremos calcular uma quantidade c=a -b, teremos:
c=a−b ±a b
ou seja,
c=a−b
e, c= ab
Talvez você possa ter estranhado o fato de o erro absoluto asssociado à subtração
ser dado pela soma dos erros absolutos individuais. Isto ocorre porque, como já sabemos,
os erros vão se acumulando à medida que efetuamos cálculos envolvendo grandezas que já
os contém. Portanto, se tivéssemos dito que c = a - b, estaríamos afirmando que um
erro compensa o outro, o que é incorreto
5.3 Produto Simples
Suponha que precisamos estimar o erro cometido no cálculo de grandezas físicas
dadas por expressões do tipo:
c = a . b
c a b
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Sabemos que o resultado deste produto deve ser uma expressão do tipo:
c=c±c
Como o valor da variável c está compreendido no intervalo ( cmin=c−c e
cmax=c c ), obteremos uma expressão para c calculando:
cmax=amax . bmax= aa bb =abbaa b ab
cmin=amin . bmin= a−a b− b =ab−ba−abab
admitindo que
a
a
e
b
b
<< 1 podemos desprezar o termo a.b. Assim,
cmax=abbaab
cmin=a b−b aab
obtendo-se, então, c=ab±b Daab
Em conseqüência,
c=a b
e,
c=baab
Dividindo ambos os lados da equação por c=a b
c
c
=
a
a
b
b
ou seja, o erro relativo do produto é igual à soma dos erros relativos dos fatores.
5.3 Divisão
Suponhamos agora que desejamos obter o erro associado à divisão de duas
grandezas, na forma c=a/b = a . (1/b).
Usando a regra anterior estabelecida para a multiplicação,
c= a 1/ b a1/b ;
Ec R = EaR + EbR
16
precisamos, então, obter o erro associado à grandeza z = 1/b, sabendo que b = b + b.
Observe que
b=∣z−z∣=∣1 /b−1 /b∣=∣b−b∣/b b
mas, ∣b−b∣=b , logo
b=b /b bb =b /b2 1 b/ b .
Admitindo-se que b /b≪1 , obteremos
Conseqüentemente,
c=a /b = baa b / b2 .
Dividindo ambos lados da equação acima por c=a /b , obteremos
c
c
=
a
a
b
b
ou,
ou seja, aqui também os Erros Relativos adicionam-se.
Conclusão
O Erro Absoluto, associado a uma grandeza obtida a partir da adição ou
subtração de duas outras, é obtido a partir da soma dos Errros Absolutos associados a
estas grandezas.
No caso da multiplicação ou divisão de duas grandezas, o Erro Relativo da
grandeza resultante será igual à soma dos Erros Relativos associados àquelas grandezas.
6. Referências
1. Dana Roberts, Errors,
discrepancies, and the nature of physics, The Physics
Teacher, 155, March (1983).
2. D. H. Garrison, Random error experiment for beginning physics laboratory, The
Physics Teacher, 356. 13 (1975)
z= (1/b) = b/b2
Ec R = EaR + EbR
17
3. Christopher G. Deacon, Error Analysis in the Introductory Physics Laboratory,
The Physics Teacher, 368. 30 (1992)
4. N. H. Cook e E. Rabinowicz, Physical Measurement and Analysis, Addison-Wesley
Publishing Company, (1965).
5. N.C.Barford, Experimental Measurements:Precision, Error and Truth, John-Wiley
& Sons, 2a edição, (1985).
18
Gráficos: Elaboração e Interpretação
1. Introdução
Uma lei física é uma relação de causa e efeito entre dois eventos. Se os eventos são
mensuráveis, a lei física resultante expressará relações entre quantidades físicas e que
podem ser representadas de várias maneiras:
em palavras, através de enunciados;
em símbolos, através de uma equação ou relação matemática;
pictoricamente, através de um gráfico.
A escolha depende do uso que se precisa fazer da informação. Por exemplo, se quizermos
fazer cálculos, então uma equação é o meio de expressão mais adequado. O gráfico, no
entanto, expressa mais claramente o modo com que uma quantidade varia em função da
outra. É de extrema utilidade quando a relação formal entre as quantidades não é
conhecida a priori, o que impede a utilização das outras formas mencionadas acima.
2. Tipos de Gráficos
Existem vários tipos de gráficos. Interessa-nos aqui, particularmente, aquele em
que os pontos experimentais são lançados em eixos coordenados e uma curva suave seja
traçada da forma que melhor se ajusta aos pontos.
Uma hipótese tacitamente admitida na construção de um gráfico é a de que se os
pontos experimentais não caem todos sobre uma curva suave é porque erros experimentais
influíram nas medidas (isto pode ser verificado repetindo-se o experimento algumas
vezes).
Gráficos são também úteis para expressar visualmente relações (funções) já
conhecidas entre duas grandezas. Para isto toma-se a expressão e prepara-se uma tabela
contendo o valor de uma grandeza para cada valor da outra. Esses dados são usados para
traçar uma curva que passa pelos pontos calculados e permite uma rápida interpolação
para se obter valores de uma grandeza para valores intermediários da outra.
Para que todo o intervalo investigado de uma das grandezas esteja representado é
necessário que se defina uma escala. Os vários tipos de gráficos que veremos nesta
disciplina se distinguem pela escala adotada:
19
Gráficos bilineares: Ambas as escalas, nos eixos horizontal e vertical são
lineares. Este é o tipo mais comum de gráfico para o qual utilizamos um papel
milimetrado, formado por um reticulado com linhas igualmente espaçadas.
Gráficos mono-log: Uma das escalas é linear e a outra é logarítmica. Uma escala
logarítmica é aquela em que as distâncias entre as linhas no papel de gráfico são
proporcionais aos logaritmos dos valores que estão sendo grafados.
Gráficos log-log: Ambas as escalas são logarítmicas.
2.1 Construção de um Gráfico
Para melhor padronizar os gráficos é preciso que determinadas regras sejam
seguidas na sua construção, a saber:
1. Todo gráfico deve ser contruído a partir de dados adequadamente tabulados. A
tabela deve conter duas colunas (ou linhas) adjacentes, uma para cada grandeza: variável
independente (isto é, aquela que se está variando no experimento e, portanto, adquire
valores pré-determinados) e variável dependente (isto é, aquela que depende ou se mede
em função do parâmetro que está sendo variado no experimento).
2. Os valores da variável independente devem ser lançados ao longo da escala das
abscissas (eixo - x) e os da variável dependente devem ser lançados ao longo da escala das
ordenadas (eixo - y). Os eixos devem ser traçados com linhas visualmente destacadas.
Nem sempre é necessário que a origem (ponto de intersecção entre a abscissa e ordenada)
comece com zero. A origem pode ser escolhida a partir dos menores valores grafados e, se
for conveniente, pode incluir o zero. Nota: em escalas logarítmicas o valor "zero" não
pode ser representado no gráfico pois logaritmo de zero não é definido (isto será melhor
discutido mais à frente).
3. O tamanho do gráfico deve ser escolhido de acordo com a acuidade dos valores
tabulados. Em geral, a curva deve preencher a maior parte da folha. No entanto, se a
variação entre o menor e o maior dos valores tabulados é pequena, deve-se evitar espalhar
muito o gráfico. Um gráfico deve refletir a acuidade dos valores experimentais. Não tem
significado físico a leitura de um gráfico com mais algarismos significativos que os da
medição.
20
4. As divisões da escala devem ser destacadas de modo a facilitar visualmente as
subdivisões. As escalas sobre os eixos x e y podem ser diferentes, se assim for necessário,
para acomodar os dados. Deve-se buscar valores múltiplos e submúltiplos de 10, pois esta
escolha facilita as subdivisões.
5. Nunca escreva os valores dos dados tabulados nos eixos coordenados pois isto
prejudica a visualização da escala e das subdivisões.
6. Se os dados têm valores excepcionalmente grandes ou pequenos, deve-se buscar
representá-los em potências de 10 e lançar os dados com até dois algarismos
significativos.
7. As grandezas representadas no gráfico, (i.e, as variáveis, não os seus valores!) e
suas respectivas unidades devem ser indicadas ao longo dos eixos.
8. Para cada par de dados na tabela deve ser localizado o ponto no gráfico que lhe
corresponde. O mesmo par de eixos pode ser utilizado para mais de uma série de dados
(ou seja, para que sejam traçadas mais de uma curva). Neste caso, para diferenciá-los,
deve-se utilizar símbolos distintos (pequenos triângulos, quadrados, círculos, etc.) ou
cores diferentes. Tal procedimento permite uma rápida comparação visual das diversas
séries de medições.
9. Para cada ponto deve ser marcado o intervalo de flutuação correspondente a
cada uma das grandezas. O uso desta informação possibilita que o erro associado a cada
medição seja visualizado. Os intervalos de flutuação para cada uma das variáveis são
delimitados com pequenos traços, estabelecentdo-se assim as barras de erro de cada ponto
do gráfico.
10. Uma curva suave deve ser traçada de forma a passar dentro do intervalo
estabelecido pelas barras de erro. A menos que haja explícita recomendação, um gráfico
nunca deve ser feito interligando os pontos por segmentos de reta.
11. Todo gráfico deve conter um título que deve ser facilmente visualizado. Além
disto, qualquer símbolo apresentado deve ter sua explicação em legenda.
Lembre-se de que os gráficos não são feitos exclusivamente para você, pois eles
são um dos principais meios de comunicar aos outros os seus resultados, e,
conseqüentemente, clareza é fundamental! Assim, um gráfico deve conter todas as
21
informações necessárias para a sua interpretação. A falta de indicação clara da escala, ou
do que está sendo representado, ou de uma legenda no caso de curvas múltiplas em um
mesmo gráfico, em suma, a falta de clareza prejudica a compreensão do gráfico e pode
acarretar interpretações errôneas.
3. Análise e Interpretação de Gráficos
Uma das vantagens do uso de gráficos é a simplicidade com que novas informações
podem ser obtidas através da observação de suas formas. Em particular, se o gráfico for
linear, a inclinação e interseção da reta com os eixos coordenados podem ser rapidamente
analisadas, como veremos a seguir.
A forma do gráfico indica imediatamente se uma variável (dependente) cresce ou
decresce quando a outra (independente)
cresce. Permite também uma clara distinção de
intervalos onde a variação de uma variável em função da outra é rápida ou lenta.
3.1. Escalas lineares
Para se estabelecer uma escala linear divide-se o eixo coordenado em intervalos
regulares e associa-se números como na figura abaixo:
...| | | | | | | | | | | ...
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
As distâncias entre os pontos no eixo variam linearmente com a grandeza
representada. Assim, o ponto correspondente ao valor 0,5 é exatamente o ponto médio do
intervalo entre 0 e 1. O ponto correspondente ao valor 2,1 é o ponto a um décimo da
distância entre 2 e 3, à direita do ponto marcado com 2.
3.2 Gráficos bilineares e Grandezas Proporcionais
Gráficos bilineares são geralmente utilizados para descrever a interdependência de
duas grandezas. São particularmente úteis quando as grandezas envolvidas em uma
medida dependem linearmente uma da outra.
É bom distinguir aqui os casos de dependência linear e proporcionalidade direta. A
variação linear indica simplesmente uma dependência através de uma curva do 1o grau,
ou seja, por uma linha reta. A proporção direta entre as variáveis é mais forte do que
22
isso! Quando duas variáveis são diretamente proporcionais uma à outra ocorre que se uma
se anula a outra também. Neste caso a reta no gráfico tem que passar necessariamente pela
origem do sistema de coordenadas. Dois são os parâmetros importantes em uma
dependência linear: o coeficiente angular da reta (inclinação) e o ponto de corte com os
eixos coordenados. Discutiremos primeiramente o coeficiente angular da reta.
É preciso distinguir claramente entre os valores físicos e geométricos da inclinação
da reta (coeficiente angular). O valor físico da inclinação obtém-se trançando um triângulo
grande, como indicado na figura 1, e dividindo Dy por Dx, usando, para cada um, as
escalas e unidades que foram escolhidas para os eixos. O resultado é independente da
escolha (arbitrária) feita para as escalas e pode expressar um fator significativo sobre a
relação entre as variáveis lançadas. Por exemplo, num gráfico de velocidade contra o
tempo a inclinação física (derivada) dará a aceleração.
No caso do exemplo acima, a inclinação física m da reta é:
m y y
x x
y
x
( )
( )
2 1
2 1
Em contraste com a inclinação física, a inclinação geométrica, definida como a
tangente do ângulo q entre a reta e o eixo - x (é como se os dois eixos não possuíssem
unidades e as escalas fossem iguais). Na análise de gráficos bilineares é sempre a
inclinação física que tem significado (este já não é o caso em gráficos mono-log e log-
log; veja à frente).
Figura 1 - Gráfico bilinear da velocidade vs tempo para um móvel com
aceleração constante a = 0,2 m/s2. Note que o ponto onde a reta corta o eixo das
velocidades não é zero, o que indica que o móvel já possuía uma velocidade de
aproximadamente 3,2m/s no instante t=0. As barras de erro indicam a incerteza
nos valores medidos em cada ponto experimental. Seu tamanho depende da
precisão com que o experimento foi realizado. No presente caso, a barra de erro
vertical tem comprimento equivalente a 1 m/s, o que corresponde a um erro na
medida da velocidade de +/-0,5m/s. A barra horizontal tem um comprimento
total de 1 s, o que corresponde a uma indeterminação no instante em que a
velocidade foi medida de +/- 0,5 s. No presente caso todas as barras de erro têm
tamanhos iguais mas isto não é uma regra, pois cada ponto experimental pode ter
um erro que é próprio às condições em que as medidas foram feitas. As retas de
máxima e mínima inclinações são utilizadas para estimar o erro na determinação
da inclinação (que no caso representa a aceleração "a" do móvel) e do ponto de
corte (que neste caso representa a velocidade inicial)
Outra informação significante pode também ser obtida determinando-se a interseção
da reta com um eixo coordenado. No caso do exemplo da figura 1, a interseção da reta
com o eixo das velocidades determina um valor que corresponde à velocidade do corpo
23
quando t = 0, isto é, quando o observador começou a marcar o tempo. O fato da interseção
com o eixo do tempo, no presente exemplo, ser negativa indica a duração do intervalo que
antecedeu ao momento em que o observador acionou seu cronômetro e começou a marcar
o tempo, quando o corpo estava com velocidade nula (tempo de reação).
3.2.1. Estimando Erros na Inclinação e no Ponto de Corte
Cada ponto representado no gráfico possui dois erros associados a ele, um para cada
coordenada que define o ponto. Como dito anteriormente, estes erros, ou margem de
credibilidade dos pontos, são indicados graficamente através de pequenas barras de
tamanho apropriado. Dissemos também que ao construir um gráfico devemos traçar uma
curva suave que passe pelas barras de erro. Note que existe mais de uma reta que passa por
todas as barras de erro. Na verdade existe um número infinito delas. A figura 1 mostra que
podemos definir 3 retas: uma que poderíamos chamar de mais provável, uma com
inclinação máxima, e outra com inclinação mínima. Note que todas as três passam pelas
barras de erro. Dizemos então que a inclinação m da reta é aquela da reta mais provável.
Podemos definir um erro, ou uma incerteza, m para esta inclinação baseado na
observação dela se encontrar entre uma inclinação máxima mmax e uma inclinação mínima
mmin através da seguinte expressão:
m m m ( )max min 2
Observe que os pontos de corte com a ordenada (y) das retas de máxima e mínima
inclinações são diferentes. Assim, para uma reta do tipo
y mx b
podemos também estabelecer limites inferior bmin e superior bmax para o ponto de corte e
definir um erro b para este parâmetro como:
b b b ( )max min 2
3.3. Escalas logarítmicas
Uma escala logarítmica é estabelecida pela divisão do eixo coordenado em intervalos
regulares, e uma associação numérica a esses intervalos como na figura abaixo:
24
| | | | | | | | | | |
10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102 103 104 105
A escala é logarítmica porque as distâncias entre os pontos apresentam uma relação
logarítmica com os valores representados. Considerando cada intervalo como uma
unidade de distância, temos que as distâncias entre o ponto correspondente ao valor 100 e
um ponto qualquer é igual ao logaritmo do número correspondente a esse ponto. Por
exemplo, entre os pontos 100 e 101 temos uma unidade da escala, de modo que o
logaritmo de 101 na base 10 é igual a 1. Da mesma forma, entre os pontos 100 e 104 temos
quatro unidades da escala, de modo que o logaritmo de 104 na base 10 é 4. Para os pontos
à esquerda do ponto correspondente ao valor 100 associa-se um valor negativo para o
logaritmo, de modo que o logaritmo de 10-3 na base 10 é -3, visto que o ponto
correspondente a 10-3 dista de três unidades à esquerda do ponto 100.
Na escala logarítmica, pode-se também, marcar valores com expoentes francionários.
Por exemplo, o valor correspondente à raiz cúbica de 10, ou seja 101/3 é o ponto
localizado a um terço (da unidade de escala) de 100, no intervalo entre 100 e 101.
É claro que podemos construir a escala logarítmica em qualquer base. Por exemplo, a
escala acima, cujos intervalos variam com 10n (base 10), na base 2 teria os intervalos
variando com 2n.. Entretanto como a mudança de base pode ser feita de forma trivial, e no
nosso
dia a dia adotamos o sistema decimal, a escala logarítmica universalmente adotada
para gráficos é a de base 10. No comércio é fácil encontrar papéis para gráficos com uma
ou com duas escalas logarítmicas de base 10. Diferentemente das escalas milimetradas
comuns, em que o espaçamento do reticulado é sempre constante, em escalas logarítmicas
temos a marcação de números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 em intervalos cada vez menores, de
modo que as distâncias estejam relacionadas com o logaritmo dos números representados
(veja figura 2).
Nos papéis comerciais a escala vem dividida em intervalos iguais assinalados pelos
números 10 ,11 ,12 , ... etc. (veja figura 2). As distâncias entre os números 10 e 11 e entre
11 e 12 são iguais, porque tais pontos correspondem aos valores 10n (n inteiro), de modo
que a distância entre esses pontos é tomada como uma unidade da escala, como visto
anteriormente.
Podemos associar qualquer número que possa ser representado na forma 10n, com n
inteiro positivo, negativo ou nulo, a qualquer dos números 1 apresentados na escala.
Assim, se marcamos o valor 1 no ponto assinalado 10, então o número 2 subseqüente,
corresponde ao valor 2, o 3 ao 3, e assim sucessivamente. Já o ponto assinalado 11
corresponde ao valor 10, e o próximo número 2 corresponde ao valor 20, o 3 ao 30 e
25
assim por diante. O ponto assinalado 12 deve corresponder ao valor 100, o número 2
subseqüente corresponde a 200, o 3 a 300, e assim por diante.
Note que podemos transladar os valores o quanto quisermos. Podemos, por exemplo,
tomar para o ponto 10 o valor 10-6. Neste caso o ponto 11 obrigatoriamente toma o valor
10-5, o ponto 12 toma o valor 10-4 e assim por diante.
3.4. Gráficos Log-Log e funções do tipo { y(x)=axn }
Faz-se uso dos gráficos log-log quando desejamos analisar os parâmetros de uma
relação do tipo y(x) = axn. Este tipo de relação descreve diversos fenômenos físicos. A
relação entre o tempo de queda de um partícula partindo do repouso, no vácuo, e a
distância percorrida é um exemplo típico. Neste caso, com y=distância e x=tempo de
queda, temos a = 1/2 g e n = 2.
Observe que, exceto para n=1, os gráficos bilineares dessas funções não são retas.
Entretanto, é possível linearizar tal classe de funções fazendo-se uso da propriedade dos
logaritmos. Se tomarmos o logaritmo em ambos os lados da expressão
y x axn( )
obtemos,
log( ( )) log( ) log( )y x a n x
ou seja, a relação entre log y e log x é uma relação linear, onde n é a declividade da reta e
log a é o ponto em que a reta corta o eixo das ordenadas. Ou, de outra forma, chamando:
log( )
log( )
log( )
y Y
a A
x X
podemos escrever a expressão anterior na forma
Y A nX
que é a equação de uma reta com declividade n e que intercepta o eixo Y no ponto A.
Isto significa que, se na tabela abaixo, x e y mantém uma relação do tipo y = axn,
então se tomarmos log x, log y e traçamos o gráfico de log y versus log x, devemos obter
uma reta.
26
----------------------------------------------------------------------------------
x y log x log y
----------------------------------------------------------------------------------
0,5 1,5 -0,30 0,18
1,0 2,0 0,00 0,30
2,7 2,5 0,43 0,43
7,4 3,3 0,87 0,52
20,0 4,2 1,30 0,62
55,0 5,4 1,74 0,73
148,0 7,0 2,17 0,84
403,0 9,0 2,60 1,05
1097,0 11,5 3,04 1,06
----------------------------------------------------------------------------------
Uma rápida análise da tabela mostra que log x varia linearmente com log y, pois a
variação de log x se dá a um passo praticamente constante de aproxidamente 0,44 e log y
também varia a um passo constante de 0,11. A declividade da reta é 0,11/0,44 = 0,25. O
ponto em que a reta cruza o eixo das ordenadas (X=log(x)=0) é Y=0,3. Deste modo, temos
que a relação é dada por
log y=0, 300,25log x
Aplicando a relação inversa obtém-se:
y=2x0, 25
Para evitar cálculos adicionais dos logaritmos dos valores experimentais, utilizamos o
papel log-log, que possui duas escalas logarítmicas. A escala logarítmica nos permite
representar no gráfico os logaritmos de x e y diretamente sem que tenhamos que calculá-
los. Neste tipo de papel a unidade de escala é 10 cm (confira, pois isto pode variar de
fabricante para fabricante), e as subdivisões, que são espaçadas proporcionalmente ao
logaritmo do número, nos permitem marcar diretamente os valores correspondentes a x e
y.
Figura 2 - Gráfico Log-Log dos dados da tabela da página anterior. As barras
de erro, que não estão especificados na tabela, foram incluidas no gráfico para
exemplificar as retas de máxima e mínima inclinações e dos pontos de corte
a(max) e a(min) utilizados na determinação do erro na melhor estimativa da
constante a (veja 3.5.1). Observe que o ponto de corte se dá no ponto x=1. Este
gráfico foi gerado por computador e as escalas logarítmicas horizontal e
vertical não guardam as mesmas proporções, como é o caso do papel log-log
comercial.
27
3.5 Análise de Gráficos Log-Log
Na análise de gráficos com escalas logarítmicas, devemos lembrar que as distâncias
(medidas com régua comum) mantêm uma relação com os logaritmos dos números
marcados, mas os valores lidos na escala são os próprios números.
Assim,o valor da declividade n da reta é obtida através da divisão y/x, onde y e x
são os comprimentos lidos diretamente de uma régua comum. Como esses comprimentos
são arbitrariamente escolhidos (pode-se escolher qualquer x e medir o y
correspondente), procure adotar para x um valor que facilite a divisão. Por exemplo, se
escolhemos x = 10cm, o valor de y dividido por 10 já é o valor correspondente da
declividade n.
O valor da constante a, na relação y=axn, é obtida diretamente da leitura da escala
logarítmica (veja o exemplo da figura 2). O valor corresponde ao ponto de interseção entre
a reta e o eixo das ordenadas (na escala logarítmica o eixo das ordenadas corta a abscissa
no ponto onde Log(x=1)=0).
3.5.1 Estimando Erros no expoente n e na constante a
Os erros em n e em a podem ser estimados da mesma maneira discutida em 3.2.1,
com a única ressalva de que o papel adotado no presente caso é o log-log. Assim, o erro no
expoente, n, pode ser estimado pelas inclinações máxima e mínima no gráfico log-log,
como mostrado na fig 2. Da mesma forma, o erro na constante a, a, pode ser estimado
pelo pontos de corte ( com o ponto x=1) superior e inferior (veja a fig. 2)
3.6 Gráficos Mono-Log e funções exponenciais
Gráficos com escalas mono-log são úteis para analisarmos funções exponenciais.
Iniciaremos este estudo com função exponencial na base decimal, já que as escalas
logarítmicas são normalmente apresentadas nesta base.
Seja, então, uma função do tipo y x a bx( ) 10 , onde a e b são constantes. Calculando
o logaritmo em ambos os membros da equação, temos:
log logy a bx
Se chamamos Y = log y, A = log a, temos a expressão:
Y(x) = A + bx,
28
que é a equação de uma reta. Desse modo, se traçarmos o gráfico de Y em função de x
devemos obter uma reta. É claro que se fizermos o mesmo para log y versus x em escala
bilinear, devemos obter a mesma reta. A escolha do papel de gráfico mono-log tem a
vantagem de se obter a reta diretamente sem se precisar calcular o log y para cada valor.
O valor da constante A é obtido por leitura direta do ponto de interseção da reta com o
eixo - y, e a declividade é obtida da relação
b y y
x x
log log2 1
2 1
Note que log y
2
- log y
1
é igual à distância y, dada em cm, dividida por 9,06, que
para os papéis mono-log comerciais é a equivalência entre uma unidade na escala
logarítmica e a unidade de distância
(confira se uma unidade da escala mede 9,06cm, pois
este número pode variar de fabricante para fabricante), e (x
2
- x
1
), é calculada diretamente
da diferença entre os valores x
2
e x
1
(e não o valor medido com a régua).
Com os valores das duas constantes a e b, determinados numericamente, a função
exponencial y x a bx( ) 10 fica completamente determinada.
Vários fenômenos físicos, no entanto, são descritos por funções exponenciais na base
neperiana, e = 2,718281828... (2,718), ou seja, y x=a ebx . Apesar da base não ser 10,
podemos utilizar o papel mono-log (cuja base é 10), para linearizar a curva. Tomando o
logaritmo decimal de ambos os membros temos
log y=log alog ebx
=log abx log e
Chamando Y=log y , A=log a e B=b l og e temos
Y=ABx
Então a é tirado por leitura direta, como anteriormente, e b é dado por
b=
log y2−log y1
x2− x1 log e
Note que
log e=0, 434294481 .
29
Pré-Relatório I : Medidas e Erros
Procure desenvolver as questões abaixo estudando o texto sobre Erros e Algarismos
significativos no início desta apostila.
1) O que é discrepância ?
2) O que significa dizer que a discrepância entre duas grandezas não é significante?
3) O que é inacurácia? Quais as suas principais causas?
4) Faça a distinção entre inacurácia e imprecisão?
5) O que caracteriza um erro sistemático?
6) Segundo a regra adotada neste curso, indique o erro instrumental de:
a) um dinamômetro cuja menor divisão mede 0,1N
b) um dinamômetro cuja menor divisão mede 0,05N
c) uma régua milimetrada
d) um voltímetro digital cuja menor divisão seja 1 milivolt.
8) Qual a origem dos erros aleatórios?
9) Qual a expressão matemática que, do ponto de vista estatístico, melhor estima o erro
aleatório em uma medida repetida N vezes?
10) Considerando que x1 = 5,3, x2 = 5,2, x3 = 5,4, x4 = 5,6, x5 = 5,3 correspondem a cinco
medidas feitas de uma grandeza x qualquer, cada medida com um erro
instrumental de 0,5, aplique a expressão descrita no item anterior para calcular o
erro aleatório (você deve obter 0,1516..., no entanto, como se deve relatar o erro
com um algarismo significativo escreve-se apenas 0,2!).
11) Calcule o valor médio dos dados fornecidos no item 10). Como escrever o valor final
da medida? Que erro você deve relatar, o erro instrumental ou aleatório? Por quê?
12) E se as medidas de x fossem escritas da seguinte forma: x1 = 5,30, x2 = 5,20, x3 = 5,40,
x4 = 5,60, x5 = 5,30, todas com erro instrumental de 0,05, o valor do erro aleatório
30
seria diferente do obtido no item 10)? Entretanto, para o valor final da medida, que
erro você deve relatar, o instrumental ou o aleatório? Explique.
Como parte da atividade que precede o experimento, é necessário que você leia
com atenção o roteiro do experimento I. Verifique se as perguntas e orientações contidas
no roteiro fazem sentido para você. Se isto não acontecer procure esclarecê-las
prontamente para que não venham a perturbar o andamento das medidas. Um estudo
prévio do roteiro é fundamental para realizar as suas atividades no laboratório. Procure
fazer um planejamento, ou um sumário, das atividades que você deve desenvolver no
laboratório.
31
Experimento I - Medidas e Erros
Introdução
Será que alguma medida é exata? Como você viu no tópico "Medidas, Erros e
Algarismos Significativos", nenhuma medida possui exatidão absoluta. Como fazer
então para obter um conhecimento mais profundo, ou seja, quantitativo, sobre a natureza,
se não conseguimos chegar a um acordo sobre uma dada medida? A resposta é a seguinte:
não é necessário ter exatidão absoluta para que saibamos descrever determinados
fenômenos, mas sim, é necessário ter exatidão suficiente e reconhecer a partir de onde ela
se torna inexata. Se você souber estimar a margem de incerteza e identificar a sua origem,
então seus resultados podem se encontrar de acordo com o de outros, desde que os
resultados sejam iguais dentro das respectivas margens de incerteza, ou margem de erro.
É importante que você leia a discussão contida no referido tópico.
Objetivos
Neste experimento você:
- verá exemplos que confirmam a afirmativa de que a toda medida está associada
um grau de incerteza;
- aprenderá a distingüir os diferentes tipos de erros, em particular, o erro
instrumental e o aleatório;
- utilizará as regras da teoria de erros e as de algarismos significativos no
tratamento de dados;
- verificará que a incerteza associada a uma medida pode ser reduzida
aumentando-se a precisão do instrumento de medida;
- obterá indiretamente a medida de uma grandeza a partir de outras e verá como os
erros associados a elas propagam-se nesse processo.
Procedimento
32
Antes de iniciar o experimento vale aqui um lembrete: não se esqueça de anotar
em seu livro de atas tudo de relevante que estiver fazendo. Responda as questões e realize
os procedimentos indicados abaixo.
Leia as informações sobre o Micrômetro e o Paquímetro anexadas ao final deste
roteiro; caso tenha dúvidas, solicite o auxílio do monitor ou do professor para entender
como usar estes instrumentos de medida.
Questão 1. Quais são os erros instrumentais de cada um dos instrumentos de
medida que você dispõe?
Vai aqui mais uma pergunta para o seu grupo:
Questão 2. Se vocês fizerem uma só medida de uma das dimensões dos objetos que
lhes foram entregues, vocês terão a certeza de que se fizerem uma segunda medida, ela vai
ser exatamente igual à primeira? O que pensar de uma terceira, ou de uma quarta medida?
Que tal experimentar?
Etapa 1.
Pegue o cilindro oco e meça algumas vezes (quantas vezes? Decida!) o seu
diâmetro interno com a régua milimetrada. É sempre útil registrar os seus dados em
tabelas.
Questão 3. O processo de medida envolve pegar o tubo e colocar a régua sobre
ele.Não é o mesmo que deixar a régua sobre ele e fazer a leitura várias vezes (será que
não? por quê?).
Repita o procedimento e meça o diâmetro com o paquímetro e o micrômetro.
Q uestão 4 . Há variação entre as medidas obtidas com os diferentes instrumentos?
Verifique! Apenas observando os dados contidos nas suas tabelas (sem nada calcular)
você poderia estimar qual o valor da variação? Procure quantificá-las. O valor médio das
medidas feitas com os diferentes instrumentos é a mesma?
Questão 5. Existem erros de acurácia? E erros aleatórios? Em quais dessas
medidas devemos acreditar? Verifique se você está usando o número correto de
algarismos significativos.
Calcule o Desvio Padrão para as medidas feitas com cada um dos instrumentos
utilizados, usando para isso a fórmula:
s=∑ i xi−x 2N−1
33
onde, xi são os valores de cada uma das medidas, N é o número total de medidas, x é o
valor médio das medidas, e é o chamado desvio padrão. O desvio padrão corresponde à
expressão que melhor quantifica a margem de erro do ponto de vista estatístico, isto é,
quando consideramos que as variações nas medidas são de natureza puramente aleatória.
Questão 6. Como o valor do erro calculado se compara às suas estimativas
baseadas puramente na observação das tabelas?
Etapa 2
Vejamos agora o que acontece quando temos que realizar uma medida que se
compõe de duas ou mais outras medidas independentes. Por exemplo, como determinar a
densidade de uma folha de papel? Para determinar a densidade você precisa encontrar a
massa e o volume da folha ( = m/V). Você precisará medir as dimensões da folha. Com o
equipamento que você possui, encontre uma maneira de medir essas dimensões. O volume
é obtido multiplicando-se cada uma das dimensões.
Questão 7. Se você conhece o erro absoluto
(ou o relativo) em cada uma das
dimensões, como é que se determina o erro no volume? Utilize a regra de propagação de
erros para o produto simples (pág. 20):
Questão 8. Qual seria o erro cometido ao se calcular a densidade? Use a regra para
a divisão (pág. 21).
Note que os erros se propagam, ou seja, grandezas calculadas a partir de outras que
possuem incertezas serão também incertas, mas de quanto elas serão incertas dependerá da
forma como elas estão relacionadas entre si, ou seja, da relação funcional entre elas.
Anote todas as suas observações, analise seus dados (as perguntas feitas nesse
roteiro ajudam a cobrir alguns tópicos dessa análise) e conclua o relatório com um
sumário das suas observações mais importantes, procurando contar o que você aprendeu,
o que deixou de aprender, os pontos fracos e fortes deste experimento, ou como você
gostaria de vê-lo melhorado.
34
Micrômetro
O micrômetro, mostrado na figura abaixo, é um instrumento de medida construído
de maneira a determinar a distância entre dois pontos; sendo um fixo, no extremo da garra
fixa "A'' e um móvel, no extremo da garra móvel "B'', que pode ser deslocado por meio de
um parafuso conhecido como parafuso micrométrico. A rosca desse parafuso tem passo
constante. A maioria dos micrômetros que temos no laboratório tem passo de 0,5mm, isto
é, a cada volta completa do parafuso ele avança (ou retrocede) 0,5mm, de modo que a
variação da distância entre os dois pontos é de 0,5mm por volta do parafuso. Alguns
outros micrômetros que dispomos no laboratório tem parafusos micrométricos com passo
de 1mm.
O número de voltas completas do parafuso micrométrico, e conseqüentemente o
deslocamento da garra móvel, pode ser determinado através da escala linear "D''. A fração
de cada volta do parafuso pode ser determinada através da escala circular "E'' presa ao
parafuso e subdividida em 50 partes iguais (ou 100 partes para o micrômetros com passo
de 1 mm) de modo que se pode detetar variações menores que um cinqüenta-avos de volta
(ou menos), o que corresponde a distâncias da ordem de 0,01mm (10 micras) ou menos,
dependendo das subdivisões na escala.
Para deslocamento rápido da garra fixa, pode-se girar o tambor "F'' a partir de sua
parte mais rugosa mas para medir objetos deve-se girar a catraca "G'', no extremo do
micrômentro, de modo a exercer uma pressão adequada entre as garras e o objeto sem que
haja deformação da peça ou do próprio micrômetro.
Em micrômetros profissionais existem outros recursos tais como a trava "C'', que
permite fixar a posição da garra móvel, ou isolante térmico que protege o arco do
micrômetro de modo a evitar a dilatação térmica do metal em contato com a mão.
Paquímetro
35
O paquímetro, mostrado na figura abaixo, é, assim com o micrômetro, um instrumento
projetado para medir as dimensões de um objeto, tanto em centímetros, com auxílio da
escala "A'', quanto em polegadas, através da escala "B''. A leitura das escalas é realizada
com auxílio do nônio "C'' e "D'', que permite uma medida mais precisa do que a leitura
direta em uma régua, como veremos a seguir. As medidas externas de um objeto são
determinadas, com o auxílio das garras inferiores "E'', a largura de fendas e reentrâncias,
são determinadas com auxilio das garras superiores "F'' e a profundidade das fendas são
medidas usando-se a lâmina "G''. A trava "H'' permite fixar a parte móvel do paquímetro
para uma medida mais acurada.
36
A menor variação de distância possível de ser detetada com o paquímetro que dispomos
no laboratório é da ordem de 5 centésimos de milímetro. Isto é possível através de uma
escala auxiliar conhecida como nônio (ou escala vernier), inventada no século XVI pelo
matemático português Pedro Nunes e difundida pela Europa pelo geômetra francês Pierre
Vernier por volta de 1631. Essa escala auxiliar, acoplada à escala principal, é construida
de tal maneira que uma divisão da escala auxiliar seja uma fração da escala principal. Por
exemplo, na figura 3 a escala auxiliar (escala Vernier) tem divisões igual a nove décimos
da escala principal, de modo que dez divisões da escala auxiliar coresponde a mesma
distância dada por nove divisões da escala principal. Sendo assim, se um traço da escala
principal coicide com um traço da escala auxiliar, o traço adjacente da escala vernier
encontra-se a um décimo de distância do próximo traço da escala principal. O traço
seguinte da escala vernier encontra-se a dois décimos de distância do traço seguinte da
escala principal e assim sucessivamente. Ou seja, a cada passo a distância entre os traços
das duas escalas defasam de um décimo de distância. Essa característica da escala vernier
faz com que o mesmo seja útil para estimar frações de valores da menor divisão da escala
principal como veremos a seguir.
37
FIGURA 4
Considere o zero do nônio como um ponteiro para a escala principal, de modo que se esse
traço do nônio se posiciona entre o primeiro e o segundo traço da escala principal, como
mostra a figura 4, o valor indicado é igual a uma unidade mais a fração correspondente à
distância excedida pelo cursor sobre a escala principal. A forma de estimar esta fração
usando o nônio é bastante simples; basta procurar identificar qual traço da escala vernier
coicide (ou o que mais se aproxima) de um traço da escala principal (que na figura
corresponde ao sexto traço da escala vernier) de modo que a fração correspondente à
distância excedida pelo cursor é de seis décimos da unidade da escala principal. Isso
porque a cada traço subseqüente ao zero do nônio corresponde a uma defasagem de um
décimo. Portanto, o tamanho da peça neste exemplo é 1,6 unidades. A escala Vernier dos
paquímetros que dispomos no laboratório possui 20 divisões: 10 divisões numeradas de 1
a 10 e outras 10 divisões intermediárias localizadas entre aquelas numeradas. Assim, cada
traço da escala Vernier corresponde a uma distância de 0,05 unidades da escala principal,
ou seja, milímetros. Assim o paquímetro possui uma precisão de 0,05mm= 50m.
38
EXPERIÊNCIA 2
EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS
1. INTRODUÇÃO
Um dos pontos fundamentais em projetos de engenharia é a construção de
estruturas suficientemente rígidas, capazes de se manter inalteradas sob a ação de forças
que nelas atuam. Por exemplo, os pilares de uma ponte devem ser suficientemente fortes
para não desmoronar sob o peso da ponte e o tráfego sobre ela. Da mesma forma, as
fundações de um edifício devem ser capazes de sustentar toda a carga prevista, etc.
A contribuição de um curso elementar de física em tais projetos, é a possibilidade
de se fazer previsões teóricas das forças exercidas pelos corpos sobre a base de
sustentação, a partir de leis fundamentais da física.
2. OBJETIVOS
Ao final da experiência, o aluno deverá ser capaz de enunciar as condições de
equilíbrio de um corpo rígido, definir torque ou momento de uma força e explicar os
efeitos do torque sobre um corpo.
A partir de dados experimentais, o aluno deverá dizer se as condições de equilíbrio
foram satisfeitas.
3. RESUMO TEÓRICO
O movimento de um corpo pode ser estudado como sendo composto de um
movimento de rotação e de um movimento de translação. Quando uma única força atua
sobre um corpo, podemos ter uma mudança tanto no seu movimento de translação, quanto
no seu movimento de translação e de rotação simultaneamente. Entretanto, quando várias
forças atuam sobre um corpo, podemos ter situações em que não há mudança nem em seu
movimento de translação e nem em seu movimento de rotação. Em tal situação dizemos
que o corpo está em equilíbrio.
3.1. Primeira condição de equilíbrio
39
Se, sobre um ponto material, inicialmente
em repouso, aplicamos duas forças de
igual intensidade, mas de sentidos opostos, como na figura abaixo, o ponto material
permanece em repouso.
F2 F1
É o que se observa em um "cabo de guerra" quando as forças dos oponentes são iguais em
módulo. Matematicamente, dizemos que a somatória das forças (ou a força resultante) é
nula. Para perceber essa afirmação, podemos fazer a soma vetorial dos dois vetores pelo
método gráfico.
Para somar
F1 com
F2 , devemos fazer com que a origem do vetor
F2 coincida com
a extremidade do vetor
F1 como na figura abaixo,
F1
F2
e assumir como vetor resultante, a seta que une a origem do vetor
F1 com a
extremidade do vetor
F2 . Note que, no exemplo, a extremidade de
F2 coincide
com a origem de
F1 , portanto o vetor resultante tem módulo igual a zero (vetor nulo).
Outra forma de ver que o vetor resultante é nulo, é através do método analítico,
que consiste em decompor os vetores nos eixos cartesianos. Nesse método, a origem de
cada vetor deve ser posicionada na origem do sistema de coordenadas.
No nosso caso, podemos tomar os dois vetores sobre o eixo x,
F 2 F 1
- F 0 F x
de modo que a única componente do vetor
F1 diferente de zero é a componente x, que é
igual ao seu módulo. Da mesma forma, a única componente do vetor
F2 diferente de zero é
também a componente x. Porém, o valor dessa componente é igual ao valor negativo do
módulo do vetor, isto porque a projeção do vetor situa-se do lado negativo do eixo x.
40
As componentes do vetor resultante é a soma dos componentes dos vetores em
cada eixo. Assim, retornando ao nosso exemplo, a componente x do vetor resultante é
F + (-F) = 0
as demais componentes do vetor resultante são zero, por construção, de modo que o vetor
resultante é o vetor com todas as componentes nulas, ou seja, é o vetor nulo.
De uma forma geral, podemos dizer que um ponto material permanece em repouso
desde que a resultante das forças que nele atuam seja nula. Esta é a primeira condição de
equilíbrio.
3.2. Segunda Condição de Equilíbrio
O movimento dos corpos não só depende da soma das forças que nele atuam, mas
depende também do ponto de aplicação das forças. Tome como exemplo as duas forças
que atuam sobre a haste na figura a seguir:
F1
F 2
Mesmo considerando que o módulo das forças
F1 e
F2 são iguais de modo a satisfazer a
primeira condição de equilíbrio, a haste não está em equilíbrio, visto que ela tende a girar,
até que
F1 e
F2 sejam colineares.
F 2 F 1
41
Para melhor entender o problema das rotações, considere uma haste de massa
desprezível, sobre um apoio, 0, e mantida na horizontal sob a ação das forças F 1 e F 2
como mostra a figura abaixo.
F 1 F 2
Se o ponto de apoio localiza-se exatamente no meio da haste, então para manter o
sistema em equilíbrio, é necessário que a intensidade da força F 1 seja igual a
intensidade da força F 2 . Note que tal imposição não é decorrência da primeira condição
de equilíbrio.
Pela primeira condição devemos ter a resultante das forças que atuam sobre a haste
seja igual a zero; entretanto, perceba que tanto F 1 quanto F 2 estão orientadas para
baixo, de modo que a soma das duas forças não pode ser zero. O que equilibra essas duas
forças e faz com que a primeira condição seja satisfeita é a força de ação normal que o
apoio exerce sobre a haste.
N
F1 F2
Assim, temos que o módulo da força normal, N é igual a
N = F1 + F2
Note que se o ponto de apoio for deslocado para a esquerda, de modo a se situar a
L/3 da extremidade à esquerda e a 2L/3 da extremidade à direita,
42
F1
F2
L/3 2L/3
para manter a haste em equilíbrio, é necessário que o módulo da força F 1 seja bem maior
do que o módulo da força F 2 . De fato, o módulo de F 1 tem que ser o dobro do
módulo da força F 2 . Por outro lado, se o ponto de apoio fosse colocado a L/4 da
extremidade à esquerda, e consequentemente a 3L/4 da extremidade à direita, então o
módulo de F 1 deveria ser o triplo do módulo de F 2 .
Podemos notar que o produto F1L1 deve ser sempre igual ao produto F2L2
F1
F2
L1 L2
Definimos o produto da força pela distância perpendicular, do ponto de referência
à linha de ação da força como sendo o torque ou momento da força em relação ao ponto
de referência. No caso de se ter apenas forças atuando em um único plano, (o plano da
folha), podemos definir como positivo todo torque que tende a girar o sistema no sentido
anti-horário em relação a um eixo de referência, e como negativo, todo torque que tende a
girar o sistema no sentido horário em relação a um eixo de referência. Desse modo, no
exemplo anterior, podemos dizer que o torque da força F , em relação ao ponto de apoio
é positivo e igual a L1 e o torque da força F 2 , em relação ao ponto de apoio é negativo e
igua a -F2 L2. Como o produto F1 L1 deve ser igual ao produto F2 L2 a fim de que a haste
43
esteja em equilíbrio, então podemos afirmar que a soma dos torques das forças F 1 e F 2
em relação ao ponto de apoio é zero.
De fato, a segunda condição de equilíbrio nos garante que para um corpo não girar,
a somatória dos torques em relação a qualquer eixo deve ser igual a zero.
4. APARATO EXPERIMENTAL
Nesta experiência iremos fazer uso de uma régua de madeira, dois dinamômetros,
fios suspensos no teto, ganchos de arame rígido e um peso móvel.
5. PROCEDIMENTO
a) Monte o sistema mostrado na figura abaixo.
b) Zere as escalas dos dois dinamômetros.
c) Pendure o peso no gancho móvel.
d) Desloque a posição do peso de 10 em 10 cm e a cada nova posição anote os valores
indicados em cada um dos dinamômetros.
e) Desmonte o sistema e determine o valor do peso móvel.
f) Faça o gráfico dos valores das forças indicadas em cada dinamômetro em função da
posição do peso na régua.
g) Verifique se a soma das duas forças é sempre constante e compare com o peso do
objeto pendurado. Comente em seu relatório o que você esperava obter teoricamente.
h) Calcule o módulo do torque das forças exercidas pelos dois suspensórios, em relação ao
ponto de aplicação do peso móvel. Verifique se os torques são iguais a cada nova
posição do peso e comente em seu relatório o que você esperava obter.
i) Calcule o torque do peso móvel em relação a uma das extremidades e o torque da força
exercida pelo suspensório oposto à essa mesma extremidade. Verifique se os valores dos
torques calculados é o mesmo a cada nova posição. Comente o que você esperava obter
teoricamente.
44
Dinamômetro Dinamômetro
Gancho
Régua
45
EXPERIÊNCIA 3
LEI DO RESFRIAMENTO DE NEWTON
1. INTRODUÇÃO
Vimos na parte teórica deste curso que a atividade radiativa de um material decai
exponencialmente com o tempo. Veremos nesta experiência que tal forma de decaimento
não é exclusiva de atividade radiativa; podemos encontrá-la em um número muito grande
de aplicações; dentre elas, a lei do resfriamento de Newton.
2. OBJETIVOS
Esta prática tem a finalidade de exercitar a análise de relações exponenciais entre
grandezas físicas. Após o treinamento, o aluno deverá estar apto a explicar a melhor forma
de coletar dados para verificar se uma dada relação entre duas grandezas é exponencial
por meio de análise de tabelas. Uma vez identificado que a relação é exponencial, o aluno
deverá ser capaz de expressá-la analiticamente, simplesmente analisando a tabela. O aluno
também deverá ser capaz de identificar relações exponenciais pela simples observação de
gráfico mono-log,
bem como expressá-la analiticamente através de análise do gráfico.
3. RESUMO TEÓRICO
Se temos um objeto ligeiramente mais quente do que o meio ambiente, então pela
lei do resfriamento de Newton, devemos ter:
t = to exp (-k t)
onde t é a diferença de temperatura entre o objeto e o meio ambiente,
to é a diferença de temperatura entre o objeto e o meio ambiente no tempo igual a
zero,
46
exp representa a função exponencial na base neperiana,
k é uma constante que depende do objeto em estudo, e
t é o tempo transcorrido.
Assim, se temos os seguintes dados da tabela abaixo relativos ao refriamento de
um objeto em função do tempo,
t (s) 00 10 20 30 50 80 130 180 280
T(oC) 66,4 63,9 61,6 59,4 55,4 50,3 43,7 38,8 32,7
e sabendo que a temperatura ambiente era de 26,0 oC, para verificar a lei do resfriamento
de Newton, precisamos calcular primeiro, a diferença de temperatura entre o objeto e o
meio ambiente para depois analisar os resultados ou seja, precisamos da tabela
t (s) 00 10 20 30 50 80 130 180 280
T(oC) 40,4 37,9 35,6 33,4 29,4 24,3 17,7 12,8 6,7
Note que se tivéssemos todos os intervalos de tempo constantes, seria fácil
verificar se a relação entre as grandezas tempo e temperatura é realmente exponencial (v.
apostila crescimento e decrescimento exponencial), ou seja que a lei de Newton é
realmente válida para este caso. Tendo em vista a escolha pouco adequada para
realizarmos a análise de tabelas, mais fácil é verificar a relação existente entre as
grandezas através de um gráfico mono-log.
Em nossa experiência também devemos tomar alguns cuidados antes de analisar os
resultados obtidos. Em primeiro lugar, devemos lembrar que a lei do refriamento de
Newton refere-se à diferença entre a temperatura do objeto e a temperatura do meio
ambiente, de modo que não podemos deixar de medir a temperatura ambiente para poder
subtrair do valor da temperatura do objeto, medido ao longo do tempo.
Outro cuidado que devemos ter é tomar intervalos regulares de tempo de modo a
verificar diretamente da tabela se a relação entre as grandezas obedece mesmo a lei do
resfriamento de Newton.
47
4. APARATO EXPERIMENTAL
O material utilizado nesta experiência é bem simples; consiste apenas de um
aquecedor de água com recipiente de vidro apropriado, um cronômetro e um termômetro.
5. PROCEDIMENTO
a) Meça a temperatura ambiente.
b) Pegue o recipiente de vidro sobre o aquecedor, encha-o de água e recoloque-o sobre o
aquecedor.
c) Ligue o aquecedor e espere até a água alcançar a temperatura de aproximadamente 80
graus Celsius.
d) Coloque o termômetro dentro do recipiente de modo que o bulbo fique imerso na água.
e) Faça com que um de seus colegas prepare o cronômetro e um outro anote os dados a
serem lidos.
f) Retire o termômetro de dentro do recipiente com água.
g) Anote o valor da temperatura marcada no termômetro a cada 20 segundos.
h) Acrescente mais uma coluna na tabela e anote os valores da diferença entre a
temperatura do bulbo do termômetro e a temperatura ambiente para cada instante de
tempo.
i) Faça análise da tabela e verifique se a diferença de temperatura decai exponencialmente.
j) Escreva a relação entre a temperatura e o tempo usando a função exponencial na base 2
e na base neperiana.
k) Faça o gráfico mono-log relativo à segunda tabela apresentada neste roteiro
l) Determine a relação entre as grandezas t e T através de uma análise do gráfico.
m) Escreva a relação obtida usando função exponencial na base 10, na base 2 e na base
neperiana.
48
EXPERIÊNCIA 4
CALOR EXPECÍFICO DOS SÓLIDOS
1. INTRODUÇÃO
Desde o século passado, o estudo do calor específico de sólidos tem ajudado a
conhecer melhor a estrutura da matéria. A lei de Dulong Petit, por exemplo, além de nos
fornecer uma forma bastante simples de saber o valor do calor específico de um grande
número de substâncias, também nos permite verificar a validade de modelos para a
estrutura de sólidos. Já o estudo do calor expecífico a baixas temperaturas, nos leva a
novos modelos para a matéria, visto que a lei de Dulong-Petit deixa de ser válida.
2. RESUMO TEÓRICO
O tempo necessário para ferver dois litros de água é praticamente o dobro do
tempo necessário para ferver um litro de água (quando usamos os mesmos equipamentos);
isto porque, é necessário fornecer duas vezes mais energia térmica à massa de dois litros
de água do que para a massa de um litro de água. Por outro lado, se fornecermos a mesma
energia térmica necessária para ferver um litro de água a igual massa de óleo, seguramente
a variação de temperatura do óleo será diferente da variação de temperatura da água, visto
que se trata de substâncias diferentes.
2.1. Capacidade térmica
Para um estudo mais detalhado da variação de temperatura em função da variação
da energia térmica de um dado material, torna-se importante definir novas grandezas
físicas.
Definimos capacidade térmica de um objeto através da relação:
49
C=DQ
DT
onde Q é a variação de energia térmica do objeto e
T é a variação da temperatura do objeto
2.2. Calor Específico
Quanto maior a massa de um objeto, maior será a sua capacidade térmica. Desse
modo, a capacidade térmica de um objeto de cobre de 200 g é igual ao dobro do valor da
capacidade térmica de um objeto de 100g. Com isso, a capacidade térmica de um objeto
pode ser escrita na forma:
C = m c
onde m é a massa do objeto e
c é uma grandeza que só depende do material que é formado o objeto.
De fato, c é chamado de calor específico, definido como:
c= 1
m
DQ
DT
2.3. Determinação do calor específico de uma substância
Um dos métodos mais simples para determinar o calor específico de um material é
o método das misturas que consiste em colocar em contato térmico duas substâncias a
temperaturas diferentes até que elas atinjam uma temperatura de equilíbrio. Consideramos
que a energia térmica perdida pelo objeto à temperatura mais elevada seja completamente
transferida ao objeto à temperatura mais baixa, de modo que não há perda de energia para
o meio externo. De acordo com esse procedimento, suponha que 200g de água a 50oC seja
colocado em contato térmico com 500g de alumínio a 25oC, até atingirem o equilíbrio
térmico. Em tal situação, a variação de energia térmica da água, E, é dada pela equação:
E = m c (Tf - Ti)
onde m é a massa de água,
c é o calor específico da água
Tf é a temperatura final da água e
Ti é a tempertura inicial da água.
50
No nosso exemplo, se a temperatura final do sistema é 41,3 C então a variação de
energia térmica da água é dada por:
E = 200 x 1,0 x (41,3 - 50) = - 1740 cal
Visto que a variação de energia térmica foi negativa, dizemos que a água perdeu energia
térmica. Pela lei da conservação da energia, podemos dizer que a variação de energia
térmica do alumínio foi de 1740 cal, de modo que o sistema água-alumínio, como um todo
permanece com a mesma energia térmica inicial.
Usando a expressão:
E = m c (Tf - Ti)
sendo agora,
E a variação de energia térmica do alumínio
m a massa do alumínio
Tf a temperatura final do alumínio
Ti a temperatura inicial do alumínio,
podemos determinar o calor específico do alumínio. Ou seja,
c=DE
mT f −T i
c=1740
500 41 ,3−25
=1740
8150
=0,213 cal / g C
3. APARATO EXPERIMENTAL
Utilizaremos nesta experiência, um calorímetro, um termômetro, uma balança, um
aquecedor de água e blocos de alumínio.
51
3.1. Calorímetro
O calorímetro é constituído de um vaso de alta condutividade térmica blindada do
meio externo por meio de um vaso maior. Os dois vasos são isolados entre si por meio de
um material de baixa condutividade
térimica. A perda de energia por convecção é mínima
e a perda por radiação pode ser minimizada se os vasos tem cor clara e sejam bem polidos.
A tampa de madeira, com dois orifícios, permite a introdução do termômetro e do
agitador, além de impedir a corrente de convecção entre o ar no interior do calorímetro e o
meio externo.
Tampa de madeira
Vaso interno
Vaso externo
Agitador
4. PROCEDIMENTO
a) Coloque água para aquecer dentro do recipiente de vidro do aquecedor.
b) Determine a massa do vaso interno do calorímetro e recoloque-o dentro do vaso maior.
c) Meça a temperatura ambiente.
d) Quando a água atingir cerca de 50oC, desligue o aquecedor e espere alguns segundos até
a temperatura estabilizar.
e) Anote a temperatura da água.
f) Coloque água dentro do recipiente menor do calorímetro até a metade de sua
capacidade.
52
g) Feche o calorímetro com a tampa de madeira com o agitador e o termômetro em seus
respectivos orifícios.
h) Agite a água afim de uniformizar a temperatura até que o sistema atinja o equilíbrio
térmico.
i) Retire o termômetro, a tampa de madeira e o agitador com cuidado, de modo a não
derramar água de dentro do calorímetro.
j) Retire o vaso interno com a água e determine a massa do vaso com a água.
l) Em seu relatório, calcule a massa de água que foi colocada no calorímetro, e determine
a capacidade térmica do calorímetro.
m) Jogue a água fora e seque o calorímetro.
n) Determine a massa da amostra do material que se deseja medir o calor específico.
o) Coloque a amostra dentro do calorímetro.
p) Meça a temperatura da água no aquecedor. Estando por volta de 50oC, anote a
temperatura e coloque a água dentro do vaso menor do calorímetro até a metade de sua
capacidade.
q) Feche o calorímetro e agite a água até que o sistema atinja o equilíbrio térmico. Anote a
temperatura final de equilíbrio.
r) Antes de jogar a água, determine a sua massa.
s) Em seu relatório, determine o calor específico da amostra.
53
ROTEIRO DA EXPERIÊNCIA 5
PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES
OBJETIVOS DA EXPERIÊNCIA
Verificar a validade do princípio de Arquimedes. Verificar a dependência do empuxo em
relação a outras grandezas físicas.
LISTA DE MATERIAL
Um kit por grupo contendo:
1 tripé com haste
1 dinamômetro de 10 N
1 proveta de 1 litro
1 cilindro de alumínio
1 bequer de 100 ml
Material de uso coletivo
2 balanças
solução composta de água e sal
álcool etílico
PREPARAÇÃO DO EXPERIMENTO
1. Discuta com sua equipe como realizar o experimento usando o material disponível
em laboratório. Você lembrou de abrir a ata e registrar tudo que é importante na
forma seqüencial? Não esqueça também de fazer o revezamento entre os membros
de sua equipe nas atividades desenvolvidas em laboratório.
2. Faça uma discussão a respeito dos fatores que influem no empuxo. Com o material
disponível em laboratório, você seria capaz de verificar se o empuxo depende do
volume do líquido deslocado? Da densidade do corpo mergulhado? Do volume do
corpo mergulhado? Da densidade do líquido? Do campo gravitacional?
3. Comenta-se em alguns livros que foi solicitado de Arquimedes que fosse feita a
verificação se uma dada coroa de ouro era realmente de ouro maciço, sem destruí-
la. Tal problema, segundo os livros, levaram Arquimedes à formulação do
princípio que tem seu nome em meio a um banho, de onde surgiu a famosa
54
exclamação “ Eureka” . Você seria capaz de dizer como o princípio de
Arquimedes pode ser útil para determinar a composição da coroa?
4. O caso discutido acima é um exemplo de método não destrutivo para verificar a
composição de um objeto. Até hoje, nas mais diferentes áreas, tais como na física
de semicondutores, química, geologia e arqueologia, tem-se a necessidade de
realizar testes em amostras no sentido de caracterizá-las. Muitos testes destroem a
amostra e alguns testes não destroem. Você seria capaz de citar alguma situação
dessa natureza em sua área em que se podem usar métodos de análise destrutivos e
métodos não destrutivos?
5. Muitas vezes usa-se um instrumento conhecido como densímetro para medir a
densidade relativa de um líquido. Esse instrumento é um dispositivo que flutua na
água, onde a variação de densidade do líquido pode ser percebida pela variação da
parte que fica submersa no líquido. Discuta como funciona esse dispositivo. Seria
essa forma de medir densidade mais precisa do que medir a massa e o volume de
uma amostra?
6. Desenhe o sistema apresentado na figura abaixo e represente as forças que atuam
sobre o peso submerso.
EXECUÇÃO DO EXPERIMENTO
1. Verifique a lista de material disponível para realizar o experimento e monte o
sistema acima. Você se lembrou de abria a ata e anotar a data de realização do
experimento?
2. Faça um teste preliminar, observando a precisão com que é possível realizar a
medida de empuxo. Discuta com sua equipe: se no lugar do dinamômetro, você
usasse uma mola helicoidal com constante elástica razoavelmente baixa, de tal
55
modo que a distensão provocada unicamente pelo peso fosse de cerca de 10 cm, a
precisão em suas medidas seria maior ou menor do que no sistema proposto?
3. Antes de realizar o experimento, discuta com sua equipe: O que você espera obter
se traçar o gráfico do empuxo versus volume do líquido deslocado? Que alterações
você esperaria observar na curva obtida mudando o líquido usado no experimento?
E se você fizer o gráfico do empuxo versus a massa do líquido deslocado?
4. Embora cada equipe esteja realizando o experimento sob condições ligeiramente
diferentes, haveria alguma forma de verificar se seus resultados são compatíveis
com de outras equipes? Se você marcar os resultados de outras equipes no gráfico
empuxo versus massa de líquido deslocado, os pontos experimentais devem estar
sobre a mesma reta? Por quê?
5. Realize seu experimento usando três líquidos diferentes: água de torneira, água e
sal e álcool.
6. Faça as análises necessárias para atingir os objetivos propostos.
7. Escreva seus resultados e conclusões em sua ata
.
56
ROTEIRO DA EXPERIÊNCIA 6
COEFICIENTE DE VISCOSIDADE
OBJETIVOS DA EXPERIÊNCIA
Determinar o coeficiente de viscosidade de líquidos, a partir de comparação de
tempos de escoamento atraves de um tubo capilar e verificar a dependência do coeficiente de
escoamento com a temperatura.
LISTA DE MATERIAL
Um kit por equipe contendo:
1 viscosímetro de Ostwald com tripé
1 bequer de 80 ml
1 termômetro
1 aquecedor de água
1 cronômetro
Materal de uso coletivo
2 balanças
água destilada
2 misturas de água e glicerina em proporções diferentes
PREPARAÇÃO DO EXPERIMENTO
1. Leia os textos de apoio: “Coeficiente de viscosidade” e “Variação da viscosidade
com a temperatura”.
2. Discuta com sua equipe como realizar o experimento para atingir os objetivos
propostos. Não se esqueça de usar os procedimentos básicos para a boa utilização do
caderno de atas, anotando tudo em sua ata na forma seqüencial, desde a data até os
resultados das discussões em grupo. Para informações mais detalhadas, procure rever
os roteiros anteriores. Não esqueça também de manter o esquema de rodizio das
atividades dentro de seu grupo de trabalho.
3. Veja o viscosímetro de Ostwald no laboratório e estude o seu funcionamento. Mostre
que pode-se determinar o coeficiente de viscosidade de um líquido em relação a um
outro usando a relação:
h1
h2
=
ρ1 Dt1
ρ2 Dt2
onde 1 e 2 são os coeficientes de viscosidade dos líquidos 1 e 2, 1 e 2 são as
respectivas densidades e t1 e t2 são os tempos de escoamento de um dado
volume de fluido através do tubo capilar.
4. Discuta como proceder
para determinar a dependência do coeficiente de viscosidade
com a temperatura experimetalmente.
5. Com os dados fornecidos na tabela, seria possível obter alguma relação aproximada
para o coeficiente de viscosidade da água em função da temperatura? Seria possível
estimar o valor do coeficiente de viscosidade para valores de temperatura que não
estão na tabela? Compare uma estimativa de valor de coeficiente de viscosidade para
a água a 25 oC com o valor 0,893 centipoises.
Texto de apoio: Coeficiente de viscosidade.
Considere uma camada de fluido contida entre duas placas planas paralelas de área A
e espaçamento d como apresentado na figura.
Aplicando-se uma força
F , constante, sobre a lâmina, no regime estacionário
observa-se que o líquido em contato com a superfície inferior, em repouso, também
permanece em repouso, ao passo que o líquido em contato com a superfície superior move-
se com a mesma velocidade da lâmina. Para camadas intermediárias, se a camada de fluido é
consideravelmente delgada, a velocidade cresce praticamente de maneira uniforme, de
camada para camada.
Esse tipo de movimento do líquido é conhecido como escoamento lamelar, ou seja,
as camadas do líquido deslizam umas sobre as outras, de forma que as distâncias relativas
entre as particulas em camadas diferentes estão mudando continuamente; ou seja, o líquido
encontra-se num processo de deformação contínua.
Em casos como nosso, quando a força aplicada sobre a superfície é paralela à
superfície (e não perpendicular), chamamos de tensão de cisalhamento, T , à razão entre a
força aplicada e a área da superfície como tensão de cisalhamento.
T
F
A
A deformação resultante da tensão de cisalhamento é conhecida como deformação
de cisalhamento. No caso de fluidos, a deformação de cisalhamento não é constante; ela
aumenta continuamente com a velocidade. Desse modo, é conveniente definir taxa de
deformação de cisalhamento, , como sendo taxa de variação da velocidade entre as
camadas do fluido.
dv
dy
No regime estacionário, a deformação de cisalhamento é proporcional à tensão de
cisalhamento, portanto, podemos escrever a relação:
F
A
dv
dy
A constante de proporcionalidade, , é chamada de coeficiente de viscosidade do
fluido. A unidade de no sistema internacional é dado por N.s/m2. A unidade mais
empregada na prática é o centipoise (cp). O fator de conversão entre essas unidades é:
1 cp = 1x10-2 poise = 1x10-3 N.s/m2
Lei de Hagen-Poiseuille
Considere o escoamento de um fluido viscoso através de um tubo cilíndrico de
comprimento l e seção circular de raio R . Em regime estacionário, o fluido sujeito a uma
diferença de pressão p p1 2 apresenta uma vazão, V , dada pela lei de Hagen-Poiseuille:
V
R p p
l
4
1 2
8
Questão optativa
Leia a “Demonstração da lei de Hagen-Poiseuille” e acrescente a demonstração
em seu relatório.
Texto de apoio: Demonstração da lei de Hagen- Poiseuille
A força que atua sobre o fluido contido dentro do cilíndro de raio r , devido à
diferença de pressão (suposta constante nas áreas de corte transversal) nos dois lados do tubo
é dado por:
F p p r 1 2 2
a força de cisalhamento na superfície lateral do cilindro tem a mesma intensidade, mas está
orientada em sentido oposto. Assim, a tensão de cisalhamento na superfície lateral do
cilíndro é:
F
A
p p rr
r l
p p
l
r
1 2
2
1 2
2 2
como
F
A
dv
dr
temos que
dv
dr
p p
l
r
1 2
2
ou
dv
p p
l
r dr
1 2
2
Integrando ambos os membros, desde um raio arbitrário r , onde a velocidade do fluido é
v r , até o raio R , onde a velocidade do fluido é nula (já que o fluido está em contato com a
parede do tubo), temos a expressão:
v r p p
l
R r
1 2 2 2
4
Para calcular a vazão V , ou seja, o volume por unidade de tempo que escoa através
de uma seção transversal do tubo, considere primeiro, a contribuição dV associada ao fluido
que escoa no anel de raio r e espessura dr .
dV v r r dr p p
l
R r rdr
2
2
1 2 2 2
em seguida, integre o último termo de zero até R . Isto resulta na expressão correspondente à
lei de Hagen-Poiseuille.
Questão Optativa:
Use o texto de apoio: “Classificação de óleos lubrificantes” para enriquecer o seu
experimento.
Texto de apoio: Classificação de óleos lubrificantes
Além do coeficiente de viscosidade absoluto, na prática usa-se também o coeficiente
de viscosidade cinemático, , definido como
A unidade do coeficiente de viscosidade cinemático na prática recebe o nome de
stokes, onde um stokes é igual a um centímetro quadrado por segundo. No sistema técnico e
no sistema internacional, o coeficiente de viscosidade é dado em metros quadrados por
segundo.
A classificação de óleos lubrificantes, em geral, é dada com base em sua viscosidade
cinemática ou com base em sua densidade. Na classificação adotada pela Sociedade de
Engenheiros de Automóveis dos Estados Unidos (SAE), usa uma numeração arbitrária (20,
30, 40, etc) que dá intervalos de valores para o coeficiente de viscosidade cinemática a uma
temperatura pré-estabelecida (210 oF)
Na tabela abaixo, apresentamos alguns intervalos de valores para o coeficiente de
viscosidade (em centistokes) para óleos lubrificantes (a 210 oF) na classificação SAE
óleo SAE viscosidade
minima
(centistokes)
viscosidade
máxima
(centistokes)
20 5,8 10,0
30 10,0 10,3
40 10,3 10,6
50 10,6 20,3
Questão optativa
Use o texto sobre a variação de viscosidade com a temperatura para elaborar um
procedimento para o seu experimento.
Texto de apoio: Variação da viscosidade com a
temperatura
A variação de temperatura provoca variações tanto na densidade quanto na
viscosidade do fluido. Em geral a densidade tanto dos gases quanto dos líquidos diminuem
com o aumento da temperatura (a água no intervalo entre zero e quatro graus é uma
exceção), devido ao aumento do volume ocupado pelo fluido, como decorrência do aumento
da agitação térmica das moléculas que o constitui.
Já no caso da viscosidade, o comportamento dos gases difere sensivelmente do
comportamento dos líquidos. Quando a temperatura aumenta, o coeficiente de viscosidade
dos gases também aumenta, ao passo que com o aumento da temperatura o coeficiente de
viscosidade do líquido diminui, como podemos observar nos dados apresentados na tabela
abaixo.
Temperatura (oC) viscosidade da águaem centipoises
viscosidade do ar
em micropoises
0 1,792 171
20 1,005 181
40 0,656 190
60 0,469 200
80 0,357 208
100 0,284 218
A diferença de comportamento entre os gases e os líquidos pode ser compreendida se
analisarmos os fatores que influem na viscosidade de um fluido, que são: as forças de coesão
entre as moléculas do fluido e as colisões entre as moléculas.
Nos líquidos, a força de coesão é consideravelmente forte e faz com que as
moléculas fiquem muito próximas umas das outras. Como essa força diminui com a
distância entre as moléculas, a viscosidade do líquido deve diminuir com a temperatura, na
medida que a contribuição da agitação térmica das moléculas na viscosidade é desprezível.
Já nos gases, como as moléculas encontram-se muito afastadas a força de coesão é
muito pequena. Isso resulta em uma baixa contribuição da força de coesão na viscosidade do
fluido. Por outro lado, o movimento molecular é muito intenso. Com o aumento da
temperatura, a força de coesão entre as moléculas de um gás praticamente não se altera,
mas
o movimento das moléculas aumenta consideravelmente. Em consequência, o coeficiente de
viscosidade de um gás deve aumentar com a temperatura.
EXECUÇÃO DO EXPERIMENTO
1. Prenda o viscosímetro na mufa presa à base de ferro. Cuidado na execução da
montagem, visto que o material é muito frágil. Você se lembrou de abrir seu caderno
de atas e escrever a data de execução do experimento?
2. Observe que o líquido deve ser colocado no viscosímetro pelo ramo aberto, oposto
ao ramo que contém o tubo capilar. O volume de líquido deve ser o suficiente para
cobrir a parte inferior do viscosímetro, mas não deve atingir o nível inferior do tubo
capilar. O que acontece se colocarmos mais líquido do que o necessário? E se
colocarmos menos líquido?
3. A diferença de nível de líquido nos dois ramos do tubo é feita por sucção, vedando-
se a extremidade do ramo com capilar com uma rolha de borracha com furo que se
conecta com um tubo de borracha. A sucção é feita através de um tubo de vidro
esterelizado conectado à extremidade do tubo de borracha.
4. A sucção do líquido deve ser feita até que o nível esteja cerca de um centímetro
acima da marca superior do viscosímetro.
5. Para manter o nível do líquido parado, aperte o tubo de borracha com os dedos. Se o
nível do líquido continuar baixando é provavel que a rolha não esteja vedando a
passagem de ar ou então a borracha não está sendo comprimida suficientemente.
6. Para medir o tempo, o cronômetro deve ser preparado antes de deixar que o nível de
fluido comece a baixar. Quando o nível passar pela marca superior do viscosímetro,
deve-se acionar o cronômetro, e quando o nível passar pela marca inferior do
viscosímetro deve-se parar o cronômetro e anotar o tempo de escoamento.
7. Como nos demais experimentos, deve-se verificar se o erro aleatório é muito grande,
fazendo-se um teste na medida de tempo de escoamento pelo menos três vezes. Se a
variação nos resultados é bem maior do que a precisão do instrumento de medida,
deve-se realizar um número maior de medidas para determinar o valor mais provável
e o erro associado.
Questão optativa
Leia o texto sobre construção de histogramas e, usando um cronômetro capaz de
medir centésimos de segundos, faça cerca de 100 medidas de tempo de
escoamento para um dado fluido e construa um histograma com os dados
obtidos.
8. Desejando-se verificar a variação da viscosidade com a temperatura, deve-se levar em
consideração a variação de temperatura durante o experimento.
OBJETIVOS DA EXPERIÊNCIA
LISTA DE MATERIAL
PREPARAÇÃO DO EXPERIMENTO
EXECUÇÃO DO EXPERIMENTO
OBJETIVOS DA EXPERIÊNCIA
LISTA DE MATERIAL
PREPARAÇÃO DO EXPERIMENTO
Texto de apoio: Coeficiente de viscosidade.
Lei de Hagen-Poiseuille
Questão optativa
Texto de apoio: Demonstração da lei de Hagen-Poiseuille
Questão Optativa:
Texto de apoio: Classificação de óleos lubrificantes
Questão optativa
Texto de apoio: Variação da viscosidade com a temperatura
EXECUÇÃO DO EXPERIMENTO
Questão optativa