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Interações medicamentosasInterações medicamentosas ProfaProfa. . FabianeFabiane HiratsukaHiratsuka Veiga de SouzaVeiga de Souza fhveiga@unb.brfhveiga@unb.br Interação medicamentosa Resposta farmacológica ou clínica à administração de dois ou mais medicamentos diferente daquela esperada quando da administração de cada um separadamente. Interação medicamentosa • Pode ser lesiva: toxicidade, redução de eficácia; • Pode ser benéfica: sinergismo, redução de toxicidade, redução de custos. Interação medicamentosa • Qualitativa: resposta diferente da habitual; • Quantitativa – Efeito do fármaco pode aumentar (sinergia): • Adição (quando os efeitos dos fármacos isolados são somados na associação); • Potenciação (quando o efeito resultante é maior que a soma dos efeitos isolados); – Efeito do fármaco pode diminuir (antagonismo parcial); – Efeito do fármaco pode ser anulado (antagonismo total e antidotismo). Incidência de interações medicamentosas • Aumenta proporcionalmente de acordo com o número de fármacos prescritos; • Maior propensão para interações adversas evidencia-se em idosos, crianças, insuficientes renais, hepáticos, cardíacos e respiratórios, pacientes com hipotireoidismo, epilepsia grave, asma aguda e diabetes descompensado; • Estudos apresentam taxas de incidência bastante variáveis (de 2,2 a 70,3%), pois utilizam diferentes critérios de definição e a porcentagem de pacientes que de fato apresentaram problemas foi menor que 11,1%. Stockley’s Drug Interactions. K. Baxter (ed). Pharmaceutical Press, 8ª. ed. London, 2008. Classificação • As interações medicamentosas podem ser classificadas de acordo com a intensidade do efeito. Interações Conseqüências Exemplo Leves Alterações clínicas limitadas, não requerem alterações na terapia Hidralazina aumentando o efeito farmacológico da furosemida Moderadas Frequentemente requerem alterações na dosagem ou monitorização Combinação de rifampicina e isoniazida: aumento de ocorrência de hepatotoxicidade Graves Devem ser evitadas sempre que possível, pois resultam em toxicidade acentuada Cetoconazol e cisaprida, leva ao desenvolvimento de arritmias ventriculares Robertson & Penzak. Drug Interactions. In: Principles of Clinical Pharmacology, 2ª. ed. 2007 Classificação • As interações medicamentosas também podem ser classificadas por seu mecanismo de instalação. Interações Fase ou sítio Farmacêuticas (físico-químicas) in vitro Farmacocinéticas absorção distribuição biotransformação excreção reabsorção Farmacodinâmicas mesmo receptor receptores diferentes enzimas Interações farmacêuticas • Também chamadas de interações físico-químicas ou incompatibilidade medicamentosa; • Ocorrem antes dos fármacos serem administrados ao organismo; • Devem-se a reações físico-químicas que resultam em: – Alterações organolépticas; – Diminuição da atividade de um ou mais dos fármacos originais; – Inativação de um ou mais dos fármacos originais; – Formação de novo composto (ativo, inócuo, tóxico); – Aumento da toxicidade de um ou mais dos fármacos originais. Exemplos de interações farmacêuticas Fármaco Causa de incompatibilidade Interação resultante Amicacina amido hidroxietílico em glicose 5% e NaCl 0,9% formação de cristais Aminofilina amido hidroxietílico em glicose 5% e NaCl 0,9% formação de cristais soluções ácidas precipitação Anfotericina B glicose 5% e solução de Ringer lactato precipitação álcool benzílico inespecífica NaCl 0,1 - 0,9% inespecífica Soluções com pH < 5 inespecífica Furosemida soluções ácidas com pH < 5,5 inespecífica frutose precipitação Metronidazol alumínio precipitação Fenitoína glicose 5% precipitação/cristais NaCl 0,45 - 0,9% cristais Farmacologia Clínica: Fundamentos da Terapêutica Racional. FD. Fuchs et al. (eds) 2010. Interações farmacocinéticas • São aquelas que podem afetar os processos pelos quais os fármacos são absorvidos, distribuídos, metabolizados e excretados (interações ADME); • Podem resultar na alteração da concentração do fármaco no sítio de ação, com conseqüente toxicidade ou redução da eficácia. Interações que modificam a absorção de fármacos • Taxa de absorção x quantidade total absorvida; • Efeitos de alterações no pH gastrintestinal; • Formação de complexos no trato gastrintestinal; • Alterações na motilidade gastrintestinal; • Indução ou inibição do transporte de proteínas; • Má absorção induzida por drogas; • Alterações na flora bacteriana. Interações que modificam a absorção de fármacos Tetraciclina forma um quelato menos solúvel com o ferro no estômago. Isto reduz a absorção e diminui a concentração sérica e os efeitos antibacterianos. Exemplos de interações que afetam a absorção de fármacos Fármaco afetado Fármaco interativo Efeito da interação digoxina metoclopramida redução da absorção da digoxina propantelina aumento da absorção da digoxina (alteração na motilidade GI) digoxina, levotiroxina, varfarina colestiramina redução da absorção devido a complexação com a colestiramina cetoconazol antiácidos, antag. receptor H2, inibidores da bomba de prótons redução da absorção do cetoconazol devido a menor dissolução penicilamina antiácidos com Al+3 e/ou Mg+2, preparações com ferro, alimentos redução da absorção da penicilamina devido a formação de quelatos menos solúveis metotrexato neomicina má absorção induzida pela neomicina quinolonas antiácidos com Al +3 e/ou Mg+2, leite, Zn+2, Fe+3 formação de complexos de fraca absorção Adaptado de Stockley’s Drug Interactions. K. Baxter (ed). 8ª ed. 2008. Interações que alteram a distribuição de fármacos • Interações envolvendo proteínas plasmáticas; Ex. Ácido acetilsalicílico e naproxeno: competição pelas proteínas plasmáticas • Indução ou inibição de proteínas de transporte de fármacos. Interações que alteram a biotransformação (metabolização) de fármacos • Alterações no metabolismo de primeira passagem; • Indução enzimática; • Inibição enzimática; • Fatores genéticos no metabolismo de fármacos; • Enzimas do citocromo P450 e predição de interações. Interações que alteram a biotransformação (metabolização) de fármacos Interação envolvendo indução enzimática. Rifampicina aumentou o metabolismo da ciclosporina no paciente. O paciente morreu porque seu coração transplantado foi rejeitado. Interações que alteram a excreção de fármacos • Alterações no pH urinário; • Alterações na excreção tubular ativa; • Alterações no fluxo sanguineo renal; • Excreção biliar e ciclo entero-hepático. Interações que alteram a excreção de fármacos Interação com efeitos sobre a excreção. Interações farmacodinâmicas • Interações sinérgicas (Ex. álcool e ansiolíticos; amoxicilina e clavulanato) • Interações antagônicas (Ex. Naloxona e morfina; flumazenil e benzodiazepínicos) Interações antagônicas Vantagens e desvantagens das interações medicamentosas • Vantagens das sinergias Aumento da eficácia terapêutica (agonista 2 + glicocorticóide) Redução dos efeitos tóxicos (furosemida + espironolactona) Maior duração de efeito (amoxicilina + probenecida) Combinação de latência curta com duração de efeito prolongada Impedimento/retardo no surgimento de resistência bacteriana e de células malignas (cisplatina + paclitxel) Inibição da multiplicação viral (lamivudina e zidovudina) Maior adesão ao tratamento • Desvantagens das sinergias Somação de efeitos indesejáveis (aminoglicosídeos e vancomicina) • Vantagens dos antagonismos Anulação dos efeitos indesejáveis de outro fármaco (naloxona e morfina) Inativação de composto causador de intoxicação (paracetamol e N-acetil-cisteína) • Desvantagens dos antagonismos Anulação dos efeitos terapêuticos (tetraciclina e cálcio) Vantagens e desvantagens das interações medicamentosas Classificação do valor clínico das interações medicamentosas Nível de Evidência Intensidade Definida Provável Possível Implausível Grave 1 1 2 5 Moderada 2 2 3 5 Leve 3 3 4 5 Recomendações: 1- Altíssimo risco, contra-indicada 2- Alto risco, ajuste posológico e avaliação de risco-benefício 3- Risco médio, ajuste posológico e acompanhamento 4- Baixo risco, nenhuma ação é requerida 5- Não há interação É impossível memorizar todas as interações clinicamente relevantes, mas fique atento para os fármacos com maior potencial : – Varfarina e outros anticoagulantes – Anticonvulsivantes – Drogas citotóxicas – Fármacos para HIV/AIDS – Imunossupressores – Digoxina e outra drogas antiarrítmicas – Agentes hipoglicemiantes orais – Alcalóides do grupo das xantinas (ex. teofilina) – Inibidores da MAO Manejo das interações medicamentosas Perfis de maior risco • Paciente idoso, com doença grave e em uso de polifarmácia; • Paciente imunodeprimido, com infecção grave e, em uso de esquema antimicrobiano múltiplo; • Emprego de medicamentos mais sujeitos a interações; • Vias comuns de biotransformação; • Elevado clearance pré-sistêmico; • Estreito índice terapêutico • Efeitos adversos dose-dependentes (tipo A). Combinações em doses fixas • Vantagens? • Desvantagens?