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AAuullaa 11:: CCáárriiee ddeennttáárriiaa:: tteeoorriiaass,, mmooddeellooss eexxpplliiccaattiivvooss,, ddeeffiinniiççããoo ee ccoonntteexxttoo aattuuaall Teorias, Modelos Explicativos e Conceitos Atuais da Cárie Teoria da Verminose – 5.000 a.C Teoria Humoral - Grécia Teoria Vital – Idade Média Teoria Química – 1819 Teoria Parasitária – 1843 Teoria de Miller – 1890 (Químico-parasitária) Modelos Explicativos Tríade de Keys Modelo de Keys (1962) – para haver o desenvolvimento da doença, três fatores deveriam estar presentes, agindo de forma concomitante no hospedeiro, ou seja, o biofilme, uma dieta rica em carboidratos fermentáveis e as superfícies dentárias. Modelo de Newbrum Newbrum (1988) - mostrou que a doença só se desenvolve se os desequilíbrios nos processos bioquímicos de des e re ocorridos na interface dente/biofilme ocorrerem de forma frequente no hospedeiro (PEREIRA, 2009, P. 316). Modelo Epidemiológico Fejerskov e Manji (1990) Modelo Ecoepidemiológico “Nesta perspectiva, as variáveis mais distantes que as biológicas não seriam consideradas confundidoras da relação causal. Certamente elas são partes de uma rede de possíveis causas”. COSTA et al., 2012 CÁRIE DENTÁRIA - CONCEITOS: “A cárie dentária é uma doença crônica e portanto, progride lentamente na maioria dos casos, levando à destruição dentária.” “A destruição localizada nos tecidos duros, geralmente denominada lesão é o sinal da doença.” Fejerskov; Nyvad; Kidd, 2004 • Caráter dinâmico: perda e ganho de minerais • Caráter multifatorial: interação de fatores (biofilme, açúcar dependente). • Caráter crônico: não há um desenvolvimento imediato, mas sim, progressivo e razoavelmente lento da lesão. • Disbiose desencadeada pelo consumo de açúcar. • Caráter infeccioso? Não. • Caráter contagioso? Não. CÁRIE é uma... Causas Presente em condição de saúde? Característica dos microorganismos Tratamento Doença infecciosa Uma espécie de microorganismo Não (Invasor) Patogênicos Antimicrobiano Disbiose Diferentes espécies de microorganismos (polimicrobiana) Sim (Residente; comensalismo) Potencial patogênico em condição de desequilíbrio Reestabelecer o equilíbrio “É uma doença crônica e, portanto, um processo que progride de forma muito lenta, na maioria dos indivíduos, sendo que raramente é autolimitante e, na ausência de tratamento, progride até destruir totalmente a estrutura dentária.” “Doença crônica e multifatorial, evidenciada pela destruição localizada dos tecidos mineralizados do dente, em decorrência da produção de ácidos, a partir da fermentação bacteriana de carboidratos da dieta.” Kidd; Fejerskov, 2004 “A partir da mudança do entendimento de que a cárie dentária não é uma doença infecciosa clássica e sim pertencente a um grupo de doenças complexas de ordem multifatorial, constata-se que a interação de vários fatores é imprescindível para o seu desenvolvimento.” Fejerskov, 2004 ““Dessa forma, a literatura científica vem, consideravelmente, enfocando não só a influência dos fatores de ordem biológica, como também a relação entre a presença e severidade da doença com os fatores de ordem social e comportamental, importantes para o conhecimento de sua manifestação nos diferentes contextos socioeconômicos e culturais.”” Peres; Bastos ; Latorre , 2000 A cárie dentária pode ser considerada uma disbiose? O que é uma disbiose? Disbiose desencadeada pelo consumo de açúcar “A cárie dentária é uma doença multifatorial, não transmissível e dinâmica, mediada pelo biofilme e pela dieta, resultando em perda mineral líquida de tecidos duros dentais [Fejerskov 1997; Pitts et al., 2017]. É determinada por fatores biológicos, comportamentais, psicossociais e ambientais. Como consequência desse processo, desenvolve-se uma lesão de cárie.” Fonte: Terminology of Dental Caries and Dental Caries Management: Consensus Report of a Workshop Organized by ORCA and Cariology Research Group of IADR. Caries Res 2020;54:7–14. Aula 2: Etiopatogenia da cárie dentária (parte I): dinâmica des-re e histoquímica da cárie dentária ESMALTE / SALIVA E A DINÂMICA DO DESENVOLVIMENTO DA CÁRIE HISTOLOGIA DO ESMALTE Definição: Tecido densamente mineralizado de aparência vítrea, constituído por cristais de hidroxiapatita, firmimente unidos, formando os prismas. Constituintes: 1. Porção Inorgânica - 96% (fosfato de cálcio na forma de hidroxiapatita); 2. Porção Orgânica + água – 4% (proteínas solúveis, insolúveis e peptídeos). Composição química do esmalte e dentina: Compostos minerais à base de apatita: Ca10 (PO4)6 (OH)2 10Ca2+ 6PO4 3- 2OH- (Cálcio, Fosfato e Hidroxila) Ca10(PO4)6(OH)2 10 Ca 2+ + 6 PO4 -3+ 2 OH-1 Quando as hidroxilas são substituídas pelo íon flúor: Fluorapatita (FA) • Menos solúvel • Mais externamente Fluohidroxiapatita SALIVA 1- Composição: 99% Água 1% Sólidos * proteínas * eletrólitos Componentes Orgânicos: • Glicoproteínas/ Mucinas • Proteínas Antimicrobianas • Amilase • Carboidratos • Lipídeos Componentes Inorgânicos: • H+ • Ca+2 • Fosfato • F- • Íon Bicarbonato 2- Funções: Lavagem físico-química da cavidade bucal; Cobertura: lubrificação, hidratação e formação de barreira impermeável Regulagem do equilíbrio de cálcio e fosfato; Antiácido e neutralização de materiais deletérios; Digestão: formação do bolo alimentar e deglutição; amilase salivar, auxilia na quebra do amido em moléculas menores Lubrificante: mucina – facilita a deglutição e a fala Solvente – sabor: Agentes flavorizantes e aromatizantes Defesa: composição proteica IV- ESMALTE / SALIVA E A DINÂMICA DO DESENVOLVIMENTO DA CÁRIE Constante trocas iônicas entre esmalte e meio bucal Mecanismos de desmineralização e remineralização – perda e reposição mineral. Presença de cálcio e fosfato no esmalte e na saliva. “O processo carioso é resultante da dinâmica des-remineralização decorrente do metabolismo bacteriano e que pode, havendo predominância da desmineralização, resultar em perda mineral e consequente possibilidade de cavitação.” Saliva – Solução Remineralizante • Capacidade da saliva de repor perdas minerais do esmalte, quando em supersaturação. • Controle da supersaturação da saliva: - pH do meio; - Concentrações de cálcio e fosfato Capacidade Tampão da Saliva “A capacidade tampão da saliva é responsável pela neutralização dos ácidos e aumenta à medida que o fluxo salivar se eleva.” pH ácido pH básico Queda de pH e Consequências • Aumento da solubilidade da Hidroxiapatita e Fluorapatita. • pH abaixo de 5,5 → subsaturação da saliva → migração de íons cálcio, fosfato e hidroxila do esmalte para a saliva → DESMINERALIZAÇÃO → retorno do pH aos níveis iniciais → supersaturação da saliva → reposição mineral junto ao esmalte → REMINERALIZAÇÃO Atingidos os pH críticos para esmalte ou dentina, estes perderão cálcio e fosfato, sofrendo desmineralização. Lesões de Mancha Branca de Cárie As primeiras manifestações da progressão da cárie dentária são denominadas lesões de mancha branca. Desmineralização da superfície e subsuperfície do esmalte, sem que ocorra cavitação. Capacidade de serem revertidas. Espessura normal do esmalte, com alteração de translucidez local. Em áreas de acúmulo de biofilme, normalmente margem gengival, superfícies oclusais e proximais dos dentes. O esmalte na área desmineralizada torna-se opaco, porque o esmalte poroso dispersa a luz mais do que o esmalte sadio. Aspectos clínicos das lesões: ativas (rugosas e opacas) e inativas (lisas e brilhantes). pH crítico para o esmalte: 5,5 (para hidroxiapatita) 4,5 (para fluorapatita) pH crítico para dentina: 6,5 Sugestão de Leitura: MÜNCHOW, E. A.; CENCI, M. S. Cariologia Contextualizada nas Evidências Atuais. In: SILVA, A. F.; LUND, R. G. Dentística restauradora do planejamento à execução. 1. ed. Rio de Janeiro: Santos, 2016. Disponível no formato E-book na biblioteca virtual do UNIFIP.