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CASTRO, Celso. Evolucionismo Cultural: Textos de Morgan, Tylor e Frazer. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005. É necessário para se entender todo o processo de surgimento dos conceitos a serem tratados que o contexto antropológico vivido durante o século XIX marcava na Antropologia um processo de consolidação e por busca de seu objeto de pesquisa. Sendo assim entendem-se através de Celso Castro os conceitos do pensamento que formaram as bases do evolucionismo cultural, que tratava de como responder e entender o processo evolutivo humano e suas incógnitas. Podem-se frisar dentro desse contexto, como referencial de elaboração desse conceito, três pensadores, Morgan, Tylor e Franzer, eles tinham grande influência dos postulados Darwinistas, sendo assim, tinham como referencial a base cientifica de que a raça humana teria um mesmo ancestral comum, dessa forma a grande questão que surgiu foi: como pode haver uma grande diversidade cultural entre os povos se há somente uma origem comum? Sendo assim, a resposta que encontraram foi que existia na humanidade um processo de evolução linear, que saia da selvageria, para a barbárie e depois para a civilização. “pode-se afirmar agora, com base em convincente evidência, que a selvageria precedeu a barbárie em todas as tribos da humanidade, assim como se sabe que a barbárie precedeu a civilização. A história da raça humana é uma só – na fonte, na experiência, no progresso”. (CASTRO, 2005, p.44) Morgan teve grande influência de Marx e Angels, dessa forma pensava que o desenvolvimento da idéia de propriedade teria sido o processo decisivo para o surgimento da civilização. Acreditava também que através do conhecimento antropológico contemporâneo poderia se encontrar a ferramenta para entender a história passada, sendo assim, estudou sobre os Aborígenes Australianos, Índios Iroqueses, Astecas, Gregos e Romanos. Entende-se través de Morgan o conceito de unidade psíquica humana, pois se entendia que a humanidade progrediu a partir de um grupo comum e especifico, estando presente no desenvolvimento uma homogeneidade por natureza, porém com níveis diferentes de evolução nas civilizações. Pode-se também frisar os conceitos de Tylor, pois foi considerado ser o pai de antropologia cultural, por ter sido o primeiro a afirmar o conceito de cultura. Usava de observações típicas de literatura de viagem,através das inúmeras viagens que ele fez, dando atenção ao período pré-colombiano, acreditando na superioridade Estadunidense sobre a Colômbia. Era estudioso em relação à pré-história humana, usava do auxilio da arqueologia e antropologia. Nessa época eram bastante comuns os chamados antropólogos de gabinetes, que não iam a campo fazer suas observações, seus estudos eram baseados muitas vezes em relatórios de viajantes, sendo assim Tylor se baseia na idéia do estudo da recorrência dos fatos em diferentes lugares. Ele assinala, em primeiro, lugar, que se deve tentar obter diversos relatos sobre o mesmo sobre o mesmo objeto, submetendo-os assim, a um “teste de recorrência”. Caso relatos independentes de elementos culturais em épocas ou lugares diferentes sejam convergentes, ficaria difícil, segundo Tylor, atribuí-los ao acaso ou a uma fraude intencional. (CASTRO, 2005, p.33) Franzer era interessado pelos costumes clássicos ( autores gregos e a romanos) sendo assim acabou escrevendo um livro sobre a mitologia clássica.Ele também se deteve a estudar e elaborar conceitos sobre a trajetória de evolução do homem, sendo assim acreditava na superioridade do povo europeu, vendo os não acidentais como “selvagens” “ou museu vivo” de acordo com o autor “eles eram representantes de etapas anteriores da trajetória universal do homem rumo a condições dos povos mais avançados”(CASTRO, 2005, p.29) Nessa época a arqueologia não era tão desenvolvida, sendo assim acreditava-se que as observações dos povos que eles creditavam ser selvagem, contemporâneos a eles era a forma de se ter uma idéia sobre o comportamento dos povos primitivos, chamado de método comparativo podendo se exemplificar através da seguinte frase, “Os europeus podem encontrar entre os habitantes da Groelândia ou entre maoris muitos elementos para reconstruir o quadro de seus ancestrais primitivos” Tylor (apud CASTRO , 2005, p.31) Como também a observação de comportamentos contemporâneos para se encontrar vestígios daquilo que eles acreditavam ser traços que permaneceram do passado da humanidade, como as crenças, superstições e crendices. Condição que proporcionava a antropologia não só estudar as sociedades “selvagens”, mas como também sua própria sociedade. Pode-se perceber a grande perspectiva de olhar etnocêntrica que marca o pensamento presente nesses autores, porém os citados evolucionistas foram bastante criticados por antropólogos que usavam de outro tipo de explicação sobre a questão da diversidade cultural, usando a idéia de difusão, não de evolução. Sendo esse conceito explicitado através do autor da seguinte maneira: Para a escola difusionista, a ocorrência de elementos culturais semelhantes em duas regiões geograficamente afastadas não seria a prova da existência de um único e mesmo cominho evolutivo, como pensava os evolucionistas; o pressuposto difusionista, diante do mesmo fato, era que deveria ter ocorrido a difusa de elementos entre esses mesmo lugares(por comercio, guerra, viagens ou quaisquer outros meios).(CASTRO, 2005 ,p.35) Pode-se citar também outra quebra com o evolucionismo cultural, através de pensadores como, Franz Boas e Bronislaw Mlinowski, trazendo a perspectiva de pensamento a importância da pesquisa de campo, para o entendimento preciso da pesquisa antropológica como também ressaltavam a visão de multiplicidade cultural, trazendo o termo “as cultura”. Dentro do conceito de evolução cultural, entra duas linhas de investigação uma formada por investigação e descobertas e outra por instituição primarias. Sendo assim explana-se que a civilização só passou a ser constituída através da concepção de propriedade e a partir daí se formou a idéia de política e governo, caracterizando o progresso humano. Pode-se perceber que mesmo com os rompimentos antropológicos aos conceitos do evolucionismo cultural, eles ainda se mostram bastantes presentes em meio ao senso comum, pois ainda se percebe entre os seres humanos, o pensamento etnocêntrico de superioridade, o que fez durante a história ocorrer tantos massacres de uma cultura sobre a outra.