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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Faculdade de Matemática Álgebra Matricial 2 Introdução. Esta apostila1 tem o objetivo de servir de material de apoio à disciplina de Álgebra Matricial, que começou a ser oferecida a partir de 2007/1 para os novos alunos dos cursos de Licenciatura em Matemática, Licenciatura em Física, Bacharelado em Física Médica, Engenharia da Computação, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia de Computação, Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Engenharia de Controle e Automação e Engenharia de Produção. Um dos objetivos da Álgebra Matricial é trabalhar conceitos de Álgebra Linear em espaços vetoriais de dimensão finita. As aulas são nos laboratórios de informática da Faculdade de Matemática, e a ferramenta computacional utilizada é o Matlab. O Matlab é um programa utilizado tanto no meio acadêmico, por pesquisadores, professores e alunos, quanto fora da universidade, por profissionais de diversas áreas. Assim sendo, o uso desta apostila se justifica, visto que não há um livro que seja totalmente adequado aos objetivos da Álgebra Matricial. A apostila está dividida em capítulos, de modo que é possível usá-la de acordo com o cronograma de cada turma. No final de cada capítulo, há uma lista de exercícios que devem ser trabalhados para fixação dos conceitos. No final da apostila, há uma lista de referências bibliográficas e alguns links, onde podem ser encontrados textos de apoio ao uso do Matlab, e onde podem ser baixados programas livres que funcionam de modo semelhante ao Matlab. 1 Apostila de apoio elaborada pelo Professor Luiz Eduardo Ourique, versão 2010/1. 3 Índice Capítulos Página 1. Operações com matrizes .....................................................................4 2. Resolução de sistemas lineares .........................................................11 3. Teoria dos sistemas lineares ..............................................................14 4. Combinação linear ............................................................................ 22 5. Espaços vetoriais ............................................................................... 30 6. Transformações lineares e representação matricial ..................... 37 7. Autovalores e autovetores ................................................................ 43 8. Cálculo das iteradas de uma transformação linear ....................... 49 9. Diagonalização de uma matriz ........................................................ 53 10. Potências de uma matriz diagonalizável .......................................64 11. Fatoração LU .................................................................................. 66 12. Decomposição em valores singulares .............................................72 4 Capítulo 1. Operações com Matrizes Uma matriz é um conjunto retangular de números. Uma matriz é geralmente denotada por uma letra maiúscula. Uma matriz A pode ser representada pela notação A = (aij), onde aij é o elemento ou coeficiente que está na i-ésima linha e j-ésima coluna. Exemplo 1. A = − 50 32 . A é uma matriz 2x2. Temos a11 = 2 , a12 = –3 , a21 = 0 e a22 = 5. Exemplo 2. B = − 953 401 . B é uma matriz 2x3. Temos b11= 1, b12 = 0, b13 = – 4, b21= 3, b22= 5 e b23 = 9. Para definir uma matriz no Matlab, devemos digitar os seus coeficientes e armazenar a matriz numa variável. Por exemplo, para criar a matriz M = 42 31 , escrevemos no Matlab o comando abaixo, pressionamos enter, e o resultado virá a seguir: >> M = [ 1 3 ; 2 4] M = 1 3 2 4 Podemos usar a vírgula para separar os elementos em cada linha. Isto é, a matriz M pode ser obtida assim: >> M = [ 1,3;2,4] M = 1 3 2 4 Se quisermos ver um elemento Mij em particular da matriz M, basta digitar M(i,j) e pressionar enter. Por exemplo: >> M(1,2) A resposta do programa será ans = 3 Se quisermos alterar um elemento ou um conjunto de elementos da matriz M, podemos fazer de várias formas. Por exemplo, se quisermos redefinir o coeficiente M12 como igual a 10, fazemos: >> M(1,2)=10 M = 1 10 2 4 A seguir, alguns exemplos de comando e a resposta do programa são apresentados. Para executar cada comando, pressione enter no Matlab: Exemplo. Para calcular o determinante de M, fazemos : >> det(M) ans = –16 5 Obs: O desenvolvimento cálculo do determinante 2x2 é efetuado da seguinte forma: det(M) = 42 101 = 1*4 – 2*10= 4 – 20= –16. A variável ans é uma variável global do Matlab para armazenar o resultado do último comando executado. Para multiplicar todos os elementos de M por 4, basta escrever 4*M: >> 4*M ans = 4 40 8 16 Para calcular a matriz M2, fazemos no Matlab: >> M^2 ans = 21 50 10 36 Para multiplicar duas matrizes, digamos, M= 42 101 e N = − 30 75 , definimos a matriz N e usamos o comando M*N no Matlab: >> N = [ 5 7 ; 0 –3] ; >> M*N ans = 5 –23 10 2 Desenvolvimento: 42 101 * − 30 75 = −++ −++ )3(*47*20*45*2 )3(*107*10*105*1 = − 210 235 . Observação : em notação usual, escrevemos MN = − 210 235 . A matriz transposta ( troca de linhas por colunas e vice-versa) de uma matriz M é obtida pelo comando M' : >> M' ans = 1 2 10 4 O vetor b = 9 5 é chamado de vetor-coluna, pois tem 1 coluna e 2 linhas. Pode ser definido usando o comando abaixo: >> b=[ 5 ; 9] b = 5 9 6 Se quisermos agora que a primeira coluna de M seja substituída pelo vetor b, fazemos: >> M(:,1) = b M = 5 10 9 4 Da mesma forma, se quisermos agora que a primeira linha de M seja substituída por um valor constante, digamos igual a 8, fazemos: >> M(1,: ) = 8 M = 8 8 9 4 Veja que a matriz M foi modificada em relação a definição inicial. A matriz M, com as últimas modificações, é a que “vale”. Para definir uma matriz cujos coeficientes são dados por uma fórmula, podemos usar o comando for. Para ver como funciona, digite help for no Matlab. Exemplo. Definir a matriz N3x3, cujo coeficiente é Nij = 2i + 5j. >> for i=1:3 for j=1:3 N(i,j)=2*i+5*j; end end Assim, para i =1 e j =1 , o Matlab calcula N(1,1) = 2*1 + 5*1 = 7; para i=1 e j=2, o Matlab calcula M(1,2) = 2*1 + 5*2= 12. Para enxergar o resultado no Matlab, basta escrever N e pressionar enter: >> N N = 7 12 17 9 14 19 11 16 21 Por exemplo, o elemento N11 é N11 = 2*1+5*1 = 7; já o elemento N23 é igual a N23 = 2*2+5*3 = 19. E assim por diante. Matriz identidade. A matriz identidade nxn, denotada por Inxn, ou simplesmente In, é a matriz In = (aij), onde aij = ≠ = jise,0 jise,1 .No Matlab, é obtida com o comando eye(n): Exemplo. Obter a matriz identidade I3. >> eye(3) ans = 1 0 0 0 1 0 0 0 1 Exemplo. Obter no Matlab a matriz 4x4 diagonal C = ( cij) , onde cij = ≠ = jise,0 jise,5 . >> C = 5*eye(4) 7 C = 5000 0500 0050 0005 Matriz Inversa. Dada uma matriz Anxn, a matriz inversa de A é a matriz Bnxn tal que A*B=B*A = In . No Matlab, a matriz inversa é calculada com o comando inv(A) ou A^(–1). Notação: a matriz inversa de A é denotada por A–1. Exemplo. Calcular a matriz inversa de A = 43 32 no Matlab. >> A = [2,3 ; 3,4] A = 2 3 3 4 >> B=inv(A) B = – 4.0000 3.0000 3.0000 –2.0000 Verificação: efetuamos as operações A*B e B*A, para verificação das igualdades AB= I e BA = I. >> B*A ans = 1 0 0 1 >> A*B ans = 1 0 0 1 Assim, A = 43 32 e sua matriz inversa é A–1 = − − 23 34 . IMPORTANTE: Uma matriz A tem matriz inversa se e só se det(A)≠ 0. Por exemplo, a matrix M= 64 32 não tem matriz inversa, pois det(M) = 0. 8 Exercícios. 1. Defina no Matlab as matrizes A= − 1273 1084 951 ,B= −−− 4.91.34.5 1286 753 , o vetor y= 7 5 3 e efetue as seguintes operações : a) 2*A b) A + B c) A2 d) det(A) e) Ay f) det(A)*det(B) g) det(A*B) ( compare com o resultado do item f ) h) AB i) BA ( compare com o resultado do item h ) j) A′ ( a transposta da matriz A ) k) diag(A) l) A.2 m) substitua a primeira coluna de A pelo vetor y n) substitua a segunda coluna de B pela terceira coluna de A. o) inv(A) ( calcula a matriz inversa de A ) 2. Defina no matlab a matriz C, tamanho 3x3, com todos os coeficientes iguais a zero. Dica: escreva help zeros no Matlab. 3. Defina no matlab a matriz D, tamanho 3x4, com todos os coeficientes iguais a um. Dica: escreva help ones no Matlab. 4.Defina a matriz F4x4 cujo termo genérico é Fij = 4i 2+ 3j. Calcule det(F). Caso exista, calcule a matriz inversa de F. 5. Definir no Matlab a matriz H4x4, cujo elemento é hij= ≠ =− jise,0 jise,3 . 6. Defina a matriz A5x5, cujo coeficiente é dado por += −=− = = .casosdemaisnos,0 1jise,1 1jise,1 jise,2 )j,i(A Para tanto, use o comando for encadeado com o comando if. Para ver como funciona este comando no Matlab, digite help if. 7. Um construtor tem contratos para construir 3 estilos de casa: moderno, mediterrâneo e colonial. A quantidade unitária de material empregada em cada tipo de casa é dada pela tabela ( valores fictícios ) : Ferro Madeira Vidro Tinta Tijolo Moderno 5 20 16 7 17 Mediterrâneo 7 18 12 9 21 Colonial 6 25 8 5 13 9 a) Se ele vai construir 5, 7 e 12 casas dos tipos moderno, mediterrâneo e colonial, respectivamente, quantas unidades de cada material serão utilizadas ? b) Suponha agora que os preços por unidade de ferro, madeira, vidro, tinta e tijolo sejam, respectivamente, 15, 8 , 5, 1 e 10 unidades monetárias. Qual é o gasto com material de cada tipo de casa? c) Qual o custo total do material utilizado? 8. Uma rede de comunicação tem cinco locais com transmissores de potências distintas. Estabelecemos que aij = 1 , na matriz abaixo, significa que a estação i pode transmitir diretamente à estação j, aij = 0 significa que a transmissão da estação i não alcança diretamente a estação j. Observe que a diagonal principal é nula, ou seja, uma estação não transmite diretamente para si mesma. = 01000 10100 01010 01101 11110 A a) Qual seria o significado da matriz A2 ? b) Seja A2 = (cij ) . Calcule o elemento c42 , desenvolvendo pela definição de multiplicação de matrizes e interprete o resultado. c) Seja A2 = (cij ) . Calcule o elemento c13 , desenvolvendo pela definição de multiplicação de matrizes e interprete o resultado. Respostas dos exercícios: 1a. 2*A = − 24146 20168 18102 ; 1b. A+B= − 4.211.104.8 22162 202 ; 1c.A2= − 24115511 1641146 1671088 ; 1d. det(A)= –52; 1e. A*y= 128 98 91 ; 1f. det(A)*det(B)= – 842.4;1g. det(A*B) = –842.4; 1h. AB = 8.1752.788.97 218115114 6.1379.626.75 ; 1i. BA = −−− 4.1926.1172.21 27817810 1611044 10 1j. A´ = − 12109 785 341 ; 1k . diag(A) = 12 8 1 ; 1l. A.2 = 144499 1006416 81251 1m. A(:,1) = y produz A= 1277 1085 953 ; 1n. B(:,2) = A(:,3) produz B= −− 4.9124.5 12106 793 1o. inv(A) produz A–1 = −− − −− 5385.01538.00000.1 8846.02885.05000.1 4231.00577.05000.0 . 2.C=zeros(3) produz C = 000 000 000 ; 3. D=ones(3,4) produz 1111 1111 1111 4. A seqüência abaixo no Matlab produz a matriz F: for i = 1: 4 for j=1:4 F(i,j)= 4*i^2+3*j; end end F = 76737067 48454239 28252219 1613107 Não existe matriz inversa de F, pois det(F) = 0. No Matlab, ao tentar calcular a inversa de F com o comando inv(F), o programa apresenta um resultado, seguido de uma mensagem ( ‘warning’ ) . Neste exemplo, o cálculo do determinante mostra que a matriz inversa de F não existe. 5. H = − − − − 3000 0300 0030 0003 6. A = − − − − 21000 12100 01210 00121 00012 7. a) As quantidades unitárias de Ferro, Madeira, Vidro, Tinta e Tijolo são, respectivamente, 146 , 526, 260, 158 e 388. b) Na forma vetorial, a resposta é 465 528 492 c) 11736 unidades monetárias. 11 Capítulo 2. Resolução de sistemas lineares Um sistema de equações pode ser resolvido diretamente no Matlab. Para tanto, usamos a representação matricial de um sistema na forma Ax = b, onde devemos armazenar os coeficientes do sistema na variável A e os valores do lado direito das equações na variável b. A matriz A é a matriz dos coeficientes do sistema e b é o vetor independente. Feito isto, o comando A\b resolve diretamente o sistema. Como exemplo, resolvemos o sistema abaixo: Exemplo 1. =+ =+ 4.9x8x5 5x3x2 21 21 Neste caso A = [ 2,3 ;5,8] e b = [5;9.4] Solução: no Matlab, basta executar x=A\b . A resposta é x = − 2.6 8.11 . Interpretação: A solução do sistema é x1 = 11.8 e x2 = – 6.2. Verificação: 2*11.8 + 3*(–6.2) = 23.6 – 18.6 = 5 5*11.8 + 8*(–6.2) = 59 – 49.6 = 9.4 Notação usual: a solução é x = − 2.6 8.11 . Exemplo 2. −=−+ =+− =+ 5.39x6x2.4x8 72.102x2.7x2x3 4.25x2x 321 321 31 . Neste caso, A=[1,0,2;3,–2,7.2;8,4.2,–6] e b = − 5.39 72.102 4.25 Executamos o comando x = A \ b ( ‘A contra-barra b’ ) : >> x=A\b x = 6.2000 –7.5000 9.6000 Temos x1= 6.2 , x2= –7.5 e x3= 9.6. Verificação: 6.2 + 2*9.6 = 6.2 + 19.2 = 25.4 3*6.2 – 2*(–7.5) +7.2*9.6 = 18.6 + 15 + 69.12 = 102.72 8*6.2 +4.2*(–7.5)–6*9.6 = 49.6 – 31.5 –57.6 = – 39.5 A verificação mostra que esta é a solução do sistema. Em notação usual, a solução é x = − 6.9 5.7 2.6 . Exemplo 3. =+ =− =+ =− 55x7x9 1x5x7 27x3x5 5xx3 21 21 21 21 . Neste caso, A = − − 79 57 35 13 e b = 55 1 27 5 . O comando x = A \ b calcula a solução: x1= 3 e x2 = 4. A verificação fica por conta do leitor. 12 Matriz ampliada de um sistema. Um sistema Ax = b pode ser representado através da notação de matriz ampliada, que consiste da matriz de coeficientes e o vetor b. Exemplo. A matriz ampliada do sistema =+ =+ 4.9x8x5 5x3x2 21 21 é a matriz 4.985 532 . Exemplo. A matriz ampliada do sistema −=−+ =+− =+ 5.39x6x2.4x8 72.102x2.7x2x3 4.25x2x 321 321 31 é −− − 5.3962.48 72.1022.723 4.25201 . Exercícios. Calcular a solução dos sistemas de equações lineares no Matlab: 1. =++ −=++ =++ 11x4x3x5 5x2x3x 16x7xx2 321 321 321 2. =++ =++ =++ 11x9x8x7 5x6x5x4 1x3x2x 321 321 321 3. =−+++++ −=+−−−+− =++++++− =−+−+−+ =+−+−+− =++−+++− −=−+++− 94.1377x36x5x24x53x22x71x8 048.67x86x35x54x73x92x21x6 55.1437x76x85x34x113x42x51x5 91.537x46x45x4x83x102x81x4 808.927x56x55x4x33x2x91x 24.267x36x65x124x93x82x31x9 108.07x6x45x94x63x91x3 4. =+ =−++ =−+ =−+ =− 87x4x2 39xx4x2 47xx4x2 10xx4x2 50xx4 54 543 432 321 21 5. −=+− =−+ 14.74x2.9x5x4.3 8.50x5x3x2 321 321 PROBLEMAS. Para cada problema, escreva o sistema de equações correspondente e calcule a sua solução: 6. Uma dieta requer 7 unidades de gordura, 9 unidades de proteínas e 16 unidades de carboidratos para a refeição principal e uma certa pessoa dispõe de três alimentos com os quais pode montar sua dieta: Alimento 1: cada medida contém 2 unidades de gordura, 2 unidades de proteína e 4 unidades de carboidratos. Alimento 2: cada medida contém 3 unidades de gordura, 1 unidade de proteína e 2 unidades de carboidratos. 13 Alimento 3: cada medida contém 1 unidade de gordura, 3 unidades de proteína e 5 unidades de carboidratos. Sejam x,y e z o número de medidas que a pessoa consome dos alimentos 1,2 e 3, respectivamente, em sua refeição principal. Encontre um sistema linear em x,y e z cuja solução diz quantas medidas de cada alimento deve ser consumida pela pessoa para atender à dieta. 7. Encontre três números reais cuja soma é igual a 12, tais que a soma do dobro do primeiro com o segundo e o dobro do terceiro é 5 e tais que o terceiro número é um a mais do que o primeiro. Encontre um sistema linear cujas equações descrevem este problema e resolva-o. 8. Faça o balanceamento das reações: a) N2O5 → NO2 + O2 b) HF + SiO2 → SiF4 + H2O c) (NH4)2CO3 → NH3 + H2O + CO2 Respostas dos exercícios e problemas: 1. x1= 3 ; x2= – 4 ; x3= 2 2. A solução não existe ( sistema impossível) . 3. x1= –2.8352; x2= 13.2316; x3= 2.1099; x4=27.1104; x5=6.1382; x6= – 44.3192;x7=13.2430. 4. x1=12.4299; x2= –0.2803; x3=13.7386; x4=7.3939 ; x5=18.0530. 5. Este sistema tem infinitas soluções: x1 = – 0.1287x3 + 1.5633 e x2 = 1.75x3 + 15.89 , onde x3 é um número real qualquer. 6. Somando as quantidades de gordura nos alimentos 1, 2 e 3, resulta 2x +3y + z = 7 ; somando as quantidades de proteína nos alimentos 1,2 e 3, resulta 2x + y + 3z = 9 ; somando as quantidades de carboidrato, resulta 4x + 2y + 5z = 16. Assim, devemos resolver o sistema : 2x + 3y + z = 7 2x + y + 3z = 9 4x + 2y + 5z = 16 cuja solução é x = 1 ; y = 1 ; z = 2. Assim, a dieta deve conter 1 unidade do alimento 1, 1 unidade do alimento 2 e 2 unidades do alimento 3. 7. O sistema a ser resolvido é x + y + z = 12 2x + y + 2z = 5 –x + z = 1 cuja solução é x = – 4, y = 19 e z = –3. 8. a) N2O5 → 2 NO2 + O2 b) 4HF + SiO2 → SiF4 + 2H2O c) (NH4)2CO3 → 2NH3 + H2O + CO2 14 Capítulo 3. Teoria dos sistemas lineares Quanto à existência de soluções, um sistema de equações lineares pode ser 1) possível e determinado: quando só existe uma única solução 2) possível e indeterminado: quando existem infinitas soluções 3) impossível : quando não existe solução. Resumo da classificação dos sistemas lineares: Sistemas : )soluçãotemnão( possíveisIm )SoluçõesInfinitas(adominerdetIn )ÚnicaSolução(adominDeter )soluçãotem( Possíveis Classificação de sistemas com n equações e n incógnitas. De acordo com o teorema de Cramer, a solução de um sistema de equações lineares com n equações e n incógintas Ax = b, onde x = [xi]i , i = 1,2,...,n, é dada pela fórmula:xi = ∆ ∆ ix , onde ∆ = det(A) e ∆xi é o determinante da matriz obtida pela substituição da i-ésima coluna de A, pelos valores do vetor-coluna b, para cada i =1,...,n. Assim, se ∆ ≠ 0, a solução do sistema é única, dada pela fórmula xi = ∆ ∆ ix , para i=1,2,...,n. Se ∆ = 0 , então o sistema é indeterminado ou impossível. Para diferenciar um caso do outro, podemos usar o teorema de Cramer: se ∆ = 0 e se todos os determinantes ∆xi forem nulos, então o sistema é indeterminado. Se ∆ = 0 e se ∆xi ≠ 0, para algum i , i=1,...,n, então o sistema é impossível. Assim, podemos resumir que um sistema de equações lineares nxn é: 1) possível e determinado, isto é, tem solução única, quando ∆ ≠ 0. 2) possível e indeterminado, isto é, tem infinitas soluções, se ∆ = 0 e ∆xi = 0, para todo i=1,...,n. 3) impossível, isto é, não tem solução, se ∆ = 0 e ∆xi≠ 0, para algum i , i=1,...,n. 3.1 Sistemas homogêneo de equações Um sistema de equações é homogêneo se o vetor b é o vetor nulo, isto é, é um sistema na forma Ax = 0. De acordo com o teorema de Cramer, um sistema homogêneo nxn tem somente a solução trivial se e somente se o determinante da matriz dos 15 coeficientes for diferente de zero. Dito de outra forma, um sistema homogêneo com n equações e n incógnitas tem solução diferente da trivial se e somente se a matriz dos coeficientes tiver determinante igual a zero. Exemplo 1. =+ =+ 9.48x5x 53x2x 21 21 1º ) ∆ = 85 32 = 16 − 15 = 1 ≠ 0 :sistema possível e determinado ( solução única ) 2º ) ∆x1 = 84.9 35 = 40 − 28.2 = 11.8 ∆x2 = 4.95 52 = 18.8 − 25 = − 6.2 3º ) x1 = ∆ ∆ 1x = 1 11.8 = 11.8 e x2 = ∆ ∆ 2x = 1 6.2- = −6.2 A solução é x1 = 11.8 e x2 = – 6.2. Verificação : 2*11.8 +3*(–6.2) = 23.6– 18.6=5 5*11.8 +8*(–6.2) = 59 – 49.6 = 9.4 Exemplo 2. =++ =−+ =+− 12xxx- 4x32xx 1x3x2x 321 321 321 1º ) ∆ = 211 321 132 − − − = 14. Portanto, este sistema tem solução única. Cálculo do determinante pela regra de Sarrus: Obs: ∆ = 11 21 32 211 321 132 − − − − − = 8 – 9 + 1 – ( – 2 – 6 – 6 ) = 0 – ( – 14 ) = 14. 2º ) ∆x1 = 211 324 131 − − = 42 ∆x2 = 211 341 112 − − = 28 e ∆x3 = 111 421 132 − − = 14 3º ) x1 = ∆ ∆ 1x = 14 42 = 3 ; x2 = ∆ ∆ 2x = 14 28 = 2; x3 = ∆ ∆ 3x = 14 14 = 1 A solução é : x1 = 3; x2 = 2 ; x3 = 1. O desenvolvimento de cada determinante acima e a verificação da solução ficam a cargo leitor. 16 Exemplo 3. =++ =++ =++ 119x8x7x 56x5x4x 13x2xx 321 321 321 ∆ = 987 654 321 = 0 : sistema impossível ou indeterminado ∆x1 = 9811 655 321 = − 6 ; ∆x2 = 9117 654 311 =12 ; ∆x3 = 1187 554 121 = −6 Conclusão: como ∆xi ≠ 0 , para i =1,2 e 3, e ∆ = 0, concluímos que o sistema é impossível, isto é, não admite solução. Exemplo 4. =+ =+ 126x4x 63x2x 21 21 ∆ = 64 32 = 12 – 12 = 0 ; ∆x1 = 612 36 = 36 – 36 = 0 ; ∆x2 = 124 62 = 24 – 24 = 0. Conclusão: como todos os ∆’s são nulos, o sistema é indeterminado, isto é, admite infinitas soluções. Neste caso, a solução é x1 = – 3x2/2 + 3. Assim, se x2 = 0, então x1= 3; se x2 = 2, então x1 = 0, se x2 = 6, então x1 = –6, e assim por diante. Como existem infinitas escolhas para x1, existem infinitas soluções deste sistema. Podemos escrever que algumas destas soluções são os pares: ( 3 , 0) , ( 0, 2 ) , ( –6, 6) . Observação: para obter a solução acima, usar o comando solve no Matlab. >> [ x1, x2 ] = solve )'122x*61x*4','62x*31x*2(' =+=+ x1 = -3/2*x2+3 x2 = x2 17 Observação sobre o método de eliminação de Gauss: Podemos concluir que um sistema só tem uma solução, ou tem infinitas ou é impossível mediante a aplicação do método de eliminação de Gauss. O método de Gauss é o mais eficiente dos métodos usados na resolução de sistemas de equações lineares, por exigir um menor número de operações aritméticas na sua implementação. Exemplos. O sistema =− =+ 0xx 2xx 21 21 admite solução única, pois somando as duas linhas, chegamos ao sistema = =+ 2x2 2xx 1 21 . Logo, x1 = 1 e x2 = 1. Já o sistema =+ =+ 1xx 2xx 21 21 claramente é impossível, pois 1 ≠ 2. Já o sistema =+ =+ 4x2x2 2xx 21 21 admite infinitas soluções. De fato, multiplicando a primeira linha por 2 e subtraindo da segunda linha, resulta : = =+ 00 2xx 21 . Logo, x2 = 2 – x1. Assim, se x1= 0, x2 = 2; se x1= 1, então x2 = 1, e assim por diante. A mesma lógica aplica-se a sistemas com m equações e n incógnitas. Após a eliminação e o escalonamento do sistema, a análise das equações restante permite classificar o sistema quanto ao número de soluções. Vejamos um exemplo 3x3: =−+ =+− =−+ 8x6xx4 4x4x3x2 2x5x2x 321 321 321 A matriz aumentada do sistema é − − − 8614 4432 2521 Multiplicando a primeira linha por 2 subtraindo da segunda linha; multiplicando a primeira linha por 4 e subtraindo da terceira linha, resulta: − − − 01470 01470 2521 . Subtraindo as duas últimas linhas, resulta: − − 0000 01470 2521 Dividindo por –7 a segunda linha, resulta : 18 − − 0000 0210 2521 Conclusão: o sistema resultante é x1 + 2x2 – 5x3 = 2 x2 – 2x3 = 0 Logo , a solução é x2 = 2x3 , x1 = 2 + x3 . Como x3 é um número real qualquer, podemos escrever que a solução é : x1= 2 + k x2 = 2k ou 3 2 1 x x x = 0 0 2 + k 1 2 1 x3 = k Portanto, o sistema =−+ =+− =−+ 8x6xx4 4x4x3x2 2x5x2x 321 321 321 é indeterminado, isto é, admite uma infinidade de soluções. Por exemplo, se k = 0, uma solução é 3 2 1 x x x = 0 0 2 . Se k=1, outra solução é 3 2 1 x x x = 0 0 2 + 1 2 1 = 1 2 3 , e assim por diante. Por outro lado, o sistema =−+ =+− =−+ 0x6xx4 4x4x3x2 2x5x2x 321 321 321 é impossível, pois as mesmas operações com linhas levariam a : − − 1000 0210 2521 A última equação é 0x1 + 0x2 + 0x3 = 1, que é impossível. 19 Exercícios. Resolva os sistemas abaixo, conforme solicitado em cada item: 1. Classificar e resolver o sistema =++ −=++ =++ 119x4x3x 52x3xx 167xx2x 321 321 321 . 2. Escrever na forma usual o sistema de equações dado na forma matricial Ax = b, onde A4x4 = += =+ casosdemais0, 1jise,i jise2j,i 2 e b4x1 = [ 2i−1 ] i=1:4 . 3. Escrever na forma usual o sistema de equações dado na forma matricial Ax = b, onde Ax = b, onde A5x5 = −= =+ casosdemais0, 1jise4j, jisej),1/(i e b5x1 = [ 3i 2 − 3 ] i=1:5 . 4. Calcular a equação da reta que passa pelos pontos (–1,1) e (2,5), usando sistemas lineares. 5. Seja y = ax2 + bx +c. Calcule os valores de a, b e c , sabendo que esta curva passa pelos pontos (–2; –5,36) , ( 1,2 ; 1,68) e (3,2; 8,68), usando sistemas lineares e o cálculo da solução pelo método de Gauss. 6. Um sistema de equações lineares Ax = b é dito homogêneo se o vetor independente b é igual ao vetor nulo. Todo sistema homogêneo tem uma solução, a saber, a solução trivial ( x = 0) . Calcule os valores de k tais que o sistema homogêneo =+ =++ =+− 0kzx2 0zyx 0z2y5x2 tenha uma solução diferente da trivial. 7. Calcule o valor de m para que a matriz A = m1 43 tenha matriz inversa. Calcule A–1, se m = 2. 8. Calcule a primeira coluna da matriz inversa de A = − − 415 252 031 . Respostas dos exercícios: 1. A= 943 231 712 ; b = − 11 5 16 ; 20 ∆ = 943 231 712 = 0; ∆x1 = 9411 235 7116 − = 0; ∆x2 = 9113 251 7162 − = 0; ∆x3 = 1143 531 1612 − = 0. Conclusão: =++ −=++ =++ 119x4x3x 52x3xx 167xx2x 321 321 321 é um sistema indeterminado. A solução é x1=– 3 67 x 3 19 2 − , x2 ∈ R e x3 = 3 26 x 3 5 2 + . 2. A= 121600 0990 0064 0003 ; b = 7 5 3 1 . Notação usual: =+ =+ =+ = 7x12x16 5x9x9 3x6x4 1x3 43 32 21 1 ∆ = 121600 0990 0064 0003 = 1944 ∆x1 = 121607 0995 0063 0001 =648 ; ∆x2 = 121670 0950 0034 0013 = 540 ∆x3 = 12700 0590 0364 0103 =540 ; ∆x4 = 71600 5990 3064 1003 = 414 Usando a fórmula xi = ∆ ∆ ix , para i=1,2,3 e 4, concluímos que a solução do sistema é x1=0.3333, x2=0.2778, x3= 0.2778, x4= 0.2130. Em forma vetorial, a solução é 21 x= 2130.0 2778.0 2778.0 3333.0 3. A = 1.00000 20125.0000 0161667.000 001225.00 00085.0 ; b = 72 45 24 9 0 . A solução é x = 10^9 * − − 000000720.0 000114840.0 011024784.0 529189596.0 467033536.8 = − − 720 114840 11024784 529189596 8467033536 . 4. y = 3 7x4 + 5. y = 0,25x2 +2,4x –1,56 6. O sistema terá solução diferente da trivial se e somente se ∆ = 0, onde é o determinante da matriz dos coeficientes do sistema. Logo, se k = 2, o sistema terá solução diferente da trivial. 7. Se m ≠ 4/3 , a matriz A tem matriz inversa. Para m = 2, temos A = 21 43 e a matriz inversa de A é A–1= − − 5,15,0 21 . 8. A primeira coluna de A–1 é o vetor − 75,0 5,0 5,0 . 22 Capítulo 4. Combinação Linear Neste capítulo, são estudados os conceitos de vetor, combinações lineares entre vetores, conjuntos linearmente independentes e linearmente dependentes de vetores. É feita uma aplicação destes conceitos na definição de conjuntos ortogonais, bases ortogonais e ortonormais. Definição. Um par ordenado (x,y) é um vetor do R2 e uma tripla ordenada (x,y,z) é um vetor do R3. Os conjuntos R2 e R3 são exemplos de espaços vetoriais. Cada elemento destes conjuntos é um vetor. Representamos geometricamente estes vetores por uma flecha orientada, geralmente com origem no ponto que representa o vetor nulo do espaço e com extremidade no ponto correspondente às coordenadas do vetor, como nas figuras abaixo. Exemplos: 1. v = ( 2, 3) é um vetor do R2. Figura 1. Um vetor do R2. 2. u = ( 2, 3, 4 ) é um vetor do R3. Figura 2. Um vetor do R3. x 2 3 y z 4 3 y 2 x 23 Adição de Vetores Se u = ( x1 , y1 ) e v = ( x2 , y2 ), então u + v = ( x1 + x2, y1 + y2 ) Multiplicação por escalar Se u = ( x1 , y1 ) e a é um escalar, então au = (ax1 , ay1 ) . Igualdade de Vetores Dados u = ( x1,y1 ) e v = ( x2,y2) , a igualdade u = v ocorre se e somente se x1 = x2 e y1 = y2. Analogamente, definimos a soma de vetores, a multiplicação por escalar e a igualdade no R3. Exemplos. 3. u = ( 2 , 3) e v = (4 , 1 ) u + v = ( 2 + 4, 3 + 1 ) = ( 6 , 4 ) e 5u= ( 5*2, 5*3) = ( 10 , 15) 4. u = ( 2 , 5, 0 ) e v = ( 1 , 0 , 3 ) u – v = ( 2 – 1, 5 – 0 , 0 – 3 ) = ( 1 , 5 , – 3) e 4u + 5v = 4*(2,5,0) + 5*(1,0,3) = (8,20,0)+(5,0,15)=(13,20,15). 5. u = ( 2 , 5 ) e v = ( x + 1, y + 7) Se u = v , então : x + 1 = 2 e y + 7 = 5 , logo x = 1 e y = – 2. Combinação Linear de Vetores Dado um conjunto de n vetores, { u1 , u2 , ... , un } , dizemos que um vetor v é combinação linear dos vetores dados se existem números reais a1, a2, ..,an tais que v = a1u1 + a2u2 + ... + anun. Exemplos. 6. Dados { ( 1, 0) , (0,1 ) } e v = (3,4) então v é combinação linear dos vetores dados, pois (3,4) = 3(1,0) + 4(0,1). Isto é, se u1 = (1,0) e u2 = (0,1), então v =3u1+4u2. 7. Se B={u1=(1,0,0),u2 = (0,1,0),u3 = (0,0,1)} e v = (2,7,–4) , então v= 2u1+ 7u2–4u3. Logo, v é uma combinação linear dos vetores u1, u2 e u3. 24 8. O vetor v = ( 8,–2 ) é combinação linear dos vetores u1 = (1,1 ) e u2= ( 1,–1) ? Se for, então: ( 8, –2) = a(1,1) + b(1,–1) = (a,a)+(b, –b)= ( a + b , a – b ) Igualando as coordenadas correspondentes, resulta o sistema: −=− =+ 2ba 8ba cuja solução é a = 3 e b = 5 . Conclusão: O vetor ( 8,–2) é combinação linear dos vetores u1 = (1,1) e u2=(1,–1), pois (8, –2) = 3(1,1) + 5(1,–1) . Simbolicamente, escrevemos v = 3u1 + 5u2. 9. O vetor v = ( 1, 4 , 10 ) é combinação linear dos vetores u1 = (1,2,3 ) e u2= ( 4,5,6) e u3 =(7,8,9) ? Se for, então : (1,4,10) = a ( 1,2,3) + b(4,5,6) + c( 7,8,9) (1,4,10) = ( a,2a,3a) + (4b,5b,6b) + ( 7c,8c,9c) (1,4,10) = ( a + 4b +7c, 2a + 5b + 8c, 3a + 6b +9c ) Igualando as coordenadas, resulta o sistema de equações : =++ =++ =++ 10c9b6a3 4c8b5a2 1c7b4a Analisando os determinantes, vemos que ∆ = 0 , e ∆x1 = – 9. Portanto, pelo teorema de Cramer, o sistema acima não tem solução. Conclusão: o vetor v = ( 1, 4 , 10) não é combinação linear dos vetores u1 = (1,2,3 ) e u2= ( 4,5,6) e u3=(7,8,9). 10. O vetor v = (48,57, 66) é combinação linear dos vetores u1=(1,2,3 ) e u2= ( 4,5,6) e u3=(7,8,9) ? Se for, então : (48 ,57 ,66) = a(1,2,3) + b(4,5,6) + c(7,8,9) (48 ,57 ,66) = (a,2a,3a) + (4b,5b,6b) + (7c,8c,9c) (48 ,57 ,66) =( a + 4b+7c , 2a + 5b + 8c , 3a + 6b + 9c ) Igualando as coordenadas, resulta o sistema: =++ =++ =++ 66c9b6a3 57c8b5a2 48c7b4a Para eliminar a incógnita a da segunda equação, multiplicando a primeira equação por 2 e subtraímos da segunda equação. Ao mesmo tempo, multiplicamos a primeira equação por 3 e subtraímos da terceira equação, resultando o sistema −=−− −=−− =++ 78c12b6 39c6b3 48c7b4a A segunda e a terceira equações são iguais. Logo: b = 13 – 2c. Substituindo este resultado na primeira equação, resulta a = 48 – 4b – 7c = 48 – 4(13–2c) – 7c = c – 4. 25 A solução é a = c – 4, b = –2c +13, e c é um número real qualquer. Escolhendo c = 1, resulta: a = – 3, b = 11 e c = 1. Assim, v = –3u1 + 11u2 + u3 , ou seja, o vetor v é uma combinação linear dos vetores u1, u2 e u3. 11. O vetor v=( 10, 15 , 8 , 3) é uma combinação linear dos vetores u1=(2,5, 0, 1) e u2=(1, 0, 2, 0 ) ? Se for, existem números a e b tais que v = au1 + bu2. Isto é: ( 10, 15 , 8 , 3) = a(2,5, 0, 1) + b(1, 0, 2, 0 ) ; (10, 15 , 8, 3 ) = (2a, 5a , 0 , a ) + ( b, 0 , 2b, 0) (10, 15 , 8, 3 ) = (2a + b , 5a , 2b , a ) Igualando as coordenadas correspondentes, resulta: = = = =+ 3a 8b2 15a5 10ba2 A solução é a = 3 e b = 4. Logo, a combinação linear é: ( 10, 15 , 8 , 3) = 4(2,5, 0, 1) + 3(1, 0, 2, 0 ), ou v = 4u1 + 3u2. Vetores Linearmente Dependentes ( LD ) e Linearmente Independente ( LI ) Um conjunto de vetores dados { u1 , u2 , ... , un } é Linearmente Dependente, ou simplesmente LD, se existir um deles que é combinação linear dos demais. Caso isto não ocorra, o conjunto de vetores é chamado de Linearmente Independente ( LI ). Isto implica que { u1 , u2 , ... , un } é um conjunto linearmente independente se e somente se a combinação linear a1u1 + a2u2 + ... + anun = 0 tem com única solução todos os coeficientes ai iguais a zero. Exemplos. 11. O conjunto { ( 1,2 ) , (2,4) } é LD, pois ( 2,4) = 2*(1,2) . 12. O conjunto { ( 1,0) , (0,1) } é LI, pois ( 1,0) ≠ k*(0,1) , para qualquer valor de k. 13. O conjunto { (0,0) , ( 3,4) } é LD, pois (0,0) = 0*(3,4). 14. O conjunto { (1,0,0) , (0,1,0), (3,4,0) } é LD, pois (3,4,0) = 3*(1,0,0) + 4*(0,1,0). 26 Observação: a multiplicação 3*(1,0,0) será escrita daqui por diante como 3(1,0,0), por simplicidade. Critério prático: para determinar se um conjunto de n vetores {u1,u2,...,un} do R n é LI ou LD, usamos o determinante D = det(u1,u2,...,un). Se D ≠ 0 , então o conjunto é LI; do contrário , é LD, isto é, um deles é combinação linear dos demais. No caso particular de dois vetores, um conjunto { u1, u2 } é LD se e somente se existe uma constante k tal que u1 = ku2. Porém, para um conjunto de m vetores do R n, com m diferente de n, este critério prático não funciona, e devemos usar a definição. Exemplos. 15. { ( 1,1) , (–1,1) } é LI ou LD ? Solução: 11 11 − = 2 , logo, o conjunto {(1,1), (–1,1)} é LI. Isto significa que os dois vetores não são colineares. Nenhum dos dois vetores é múltiplo do outro. 16. { (1,2,3),(4,5,6),(7,8,9)} é LI ou LD ? Solução: 963 852 741 = 0 , logo, o conjunto { (1,2,3),(4,5,6),(7,8,9) } é LD. Neste caso, isto significa que os três vetores são coplanares. Existe um vetor que é combinação linear dos demais, por exemplo, (7,8,9) = 2(4,5,6) – (1,2,3). 17. { (1,2,3,4), (5,6,7,8), (9,10,11,12)} é LI ou LD ? Solução: são três vetores do R4. Usamos a definição: a(1,2,3,4) + b(5,6,7,8) + c(9,10,11,12) = (0,0,0,0) (a,2a,3a,4a) + (5b,6b,7b,8b) + (9c,10c,11c,12c) = ( 0,0,0,0 ) ( a + 5b + 9c, 2a + 6b + 10c, 3a + 7b + 11c, 4a + 8b + 12c ) = ( 0, 0, 0, 0) Igualando as coordenadas correspondentes, resulta o sistema: =++ =++ =++ =++ 0c12b8a4 0c11b7a3 0c10b6a2 0c9b5a Multiplicando a primeira equação por 2 e subtraindo da segunda equação, a segunda equação fica : – 4b – 8c =0. Logo, b = – 2c. Substituindo na primeira equação, resulta a = c. Assim, uma solução possível é c = 1, b = – 2, e a = 1. Logo: 27 1*(1,2,3,4) + (–2)*(5,6,7,8)+1*(9,10,11,12) = (0,0,0,0). Conclusão: o conjunto de vetores { (1,2,3,4), (5,6,7,8), (9,10,11,12)} é LD ( Linearmente Dependente ) . Uma combinação linear entre os vetores é a seguinte : 1*(1,2,3,4) + 1*(9,10,11,12) = 2*(5,6,7,8) . 28 Exercícios. Verifique se os conjuntos são LI ou LD. Caso o conjunto seja LD, tente identificar uma combinação linear entre os vetores, como no exemplo 16. 1. { ( 1, 1 ) , ( 5,5 ) } 2. { ( 2, 3 ) , (–1, 4) } 3. { ( 0,0 ) , ( 2, 5) } 4. { ( 1,1,1) , (1,1,0) , (1,0,0) } 5. { (1,1,4,6) , (5,6,8,9) , (–18, –22 , –24 , – 24)} 6. { (3,1,–1),(1,–2,1),(11,–7,–1) } 7. { ( 1,2,5, 10) , ( 0,0,0,0)} 8. {( 1,1) , (–2,–2) } 9. Determinar o valor de m para que o conjunto de vetores {(1,2), ( 3, m)} seja LI. 10. Determinar o valor de m para que o conjunto de vetores {(1,2,4),(3,4,5),(1,0,m)} seja LI. Respostas dos exercícios: 1. { ( 1, 1 ) , ( 5,5 ) } é LD, pois (5,5) = 5(1,1). 2. { ( 2, 3 ) , (–1, 4) } é LI, pois se fizermos a(2,3) + b(–1,4)=(0,0), resulta (2a, 3a) +( –b,4b)=(0,0) , ou seja , ( 2a –b, 3a +4b) =(0,0). Temos o sistema =+ =− 0b4a3 0ba2 , cuja solução única é a= 0 e b=0, pois 0 43 12 ≠ − . Logo, o conjunto { ( 2, 3 ) , (–1, 4) } é LI( Linearmente Independente ). 3. { (0,0) , (2,5) } é LD , pois (0,0) = 0(2,5). 4. { ( 1,1,1) , (1,1,0) , (1,0,0) } é LI, pois 001 011 111 = – 1. Analogamente ao exercício 2, se fizermos a combinação linear a(1,1,1) + b(1,1,0) + c(1,0,0) = (0, 0 , 0 ), resulta (a,a,a ) + (b,b,0) + (c,0,0) = (0 , 0, 0) , isto é : (a + b + c, a + b , a) = ( 0,0,0) , ou seja , o sistema = =+ =++ 0a 0ba 0cba . A terceira equação implica a = 0; substituindo na segunda equação, vem b = 0; da primeira equação, já que a = 0 e b = 0, resulta c = 0. Portanto, como a única solução deste sistema é a solução trivial, o conjunto { ( 1,1,1) , (1,1,0) , (1,0,0) } é LI. De fato, tal conclusão segue da regra prática, uma vez que o determinante do sistema de equações é 001 011 111 = – 1. Lembremos que, pela regra de Cramer, se o 29 determinante da matriz dos coeficientes é diferente de zero, o sistema tem solução única. 5. Suponhamos uma combinação linear igual ao vetor nulo do R4: a(1,1,4,6) + b(5,6,8,9) + c(–18,–22, –24 , –24) = ( 0,0,0,0) ( a,a,4a,6a ) + ( 5b,6b,8b,9b) + ( –18c, – 22c, – 24c, –24c) = ( 0, 0, 0, 0 ) ( a + 5b–18c , a + 6b–22c, 4a+8b–24c, 6a +9b –24c) = ( 0, 0 , 0 , 0 ) Igualando as coordenadas, resulta o sistema homogêneo: =−+ =−+ =−+ =−+ 0c24b9a6 0c24b8a4 0c22b6a 0c18b5a Subtraindo as duas últimas equações, resulta –2a – b = 0, ou seja, b = – 2a. Substituindo na 1ª equação, resulta: a + 5(–2a) – 18c = 0, o que implica a = – 2c, e c ∈ R. Portanto, escolhendo c = 1, resulta a = – 2, e b = 4. Portanto, o conjunto de vetores dados {(1,1,4,6),(5,6,8,9),(–18, –22,–24, –24)} é linearmente dependente. De fato, a igualdade –2 (1,1,4,6) + 4 (5,6,8,9) + 1(–18, –22 , –24 , – 24) = (0,0,0,0) significa que podemos escrever um dos vetores como combinação linear dos demais. Por exemplo: (–8,–22,–24, –24) = 2(1,1,4,6) – 4(5,6,8,9). 6. { (3,1,–1),(1,–2,1),(11,–7,–1) } é LI, pois 1711 121 113 −− − − = 24. 7. { ( 1,2,5, 10) , ( 0,0,0,0)} é LD, pois (0,0,0,0)= 0*(1,2,5,0) 8. {( 1,1) , (–2,–2) } é LD, pois (–2,–2) = –2*(1,1). 9. O conjunto de vetores {(1,2), ( 3, m)} é LI se e somente se ∆= m2 31 for diferente de zero. Calculando: ∆= m – 6, resulta que o conjunto de vetores {(1,2), ( 3, m)} é LI se e somente se m ≠ 6. 10. Os vetores dados são LI se e somente se m ≠ –3. 30 Capítulo 5. Espaços vetoriais Neste capítulo, é dada uma noção intuitiva de espaço vetorial, sem a formalização usual. São vistos exemplos de subespaços vetoriais do R2 e do R3, que são mais simples e podem ser representados geometricamente. O conceito de base é introduzido, com exemplos de representação com o uso da base canônica e de outras bases do R2 e R3. Espaços gerados. Suponhamos que V seja um espaço vetorial e B = { v1, v2 ,...,vn } ⊂ V é um conjunto de vetores linearmente independentes, então o conjunto de todas as combinações lineares dos vetores de B é um subespaço vetorial de V, gerado por B. Isto é, o espaço gerado por B é o conjunto {a1v1+ a2v2 + ... + anvn / ai ∈ R}. Este conjunto é um subespaço vetorial de V, com dimensão igual a n. Exemplo 1. V = R2. B = { ( 1,2 ) } O conjunto de todos os vetores múltiplos ou combinações lineares do vetor (1,2) é a reta que passa pela origem com equação y = 2x. Esta reta é um subespaço vetorial do R2, de dimensão 1. Figura 3. A reta y = 2x é um subespaço vetorial do R2 de dimensão 1. 31 Exemplo 2. V = R3 B = { (1,0,0) , (0,1,0) } O conjunto de todos os vetores que são combinações lineares dos vetores (1,0,0) e (0,1,0) é um plano contido no R3, em que cada vetor tem a terceira coordenada nula. Este plano é um subespaço vetorial do R3, de dimensão 2. Figura 4. O plano xOy é um subespaço vetorial do R3 de dimensão 2. Base. Um conjunto B={v1,v2,...,vn} de vetores de um espaço vetorial V é chamado de base de V se é Linearmente Independente e se gera V. Isto é, todo vetor de V é uma combinação linear do conjunto de vetores v1,v2,...,vn e os vetores são LI. Exemplo 3. V = R2. B = { (1,0), (0,1) } é a base canônica do R2 De fato: B = { (1,0), (0,1) } é LI , pois 10 01 = 1≠ 0 e B gera o R2, pois qualquer vetor (x,y) é combinação linear dos vetores (1,0) e (0,1): (x,y) = x(1,0) + y(0,1). Em particular: (3, 4) = 3(1,0) + 4(0,1) 32 Exemplo 4. V = R2. B = { (1,1), (–1,1) } é uma base do R2 De fato, B= { (1,1), (–1,1) } é LI , pois 11 11 − = 2 e todo vetor (x,y) é combinação linear dos vetores de B. Por exemplo, expressar o vetor u=(1,5) nesta base. Solução: (1,5) = a(1,1) + b( –1,1) (1,5) = (a–b, a + b) Resulta o sistema : =+ =− 5ba 1ba . Somando as duas linhas do sistema, resulta: 2a = 6 , logo a = 3 . Da segunda equação, vem : b = 5 – 3 = 2. Conclusão: (1,5) = 3(1,1) + 2(–1,1) . Logo, as coordenadas do vetor (1,5) na base B={(1,1),(–1,1)} são 3 e 2. Resumindo: na base canônica {(1,0),(0,1)}, temos u = (1,5). Na base B={(1,1), (–1,1)}, temos u=(3, 2) . Figura 5. Uma combinação linear no R2. Analogia: na base 10, o número doze é escrito como 12 ( 1 dezena mais duas unidades ); na base 2, o número 12 é representado pelos símbolos 1100. Base 10 : 12= 1*10 + 2*100 Base 2 : 11002 = 1*2 3 + 1*22 + 0*21 + 0*20 = 12 Exemplo 5. V = R3 B = { (1,0,0) , (0,1,0) , (0,0,1) } é a base canônica do R3 De fato, B é um conjunto LI, pois 100 010 001 = 1 e todo vetor (x,y,z) do R3 é uma combinação linear dos vetores do conjunto B: (x,y,z) = x(1,0,0) + y(0,1,0) + z(0,0,1) Em particular: (3,4,5) = 3(1,0,0) + 4(0,1,0) + 5(0,0,1) u=3u1+2u2 2u2 3u1 y x 33 Exemplo 6. V = R3 B = { (0,2,0), (3,0,3),(– 4,0,4)} é base do R3. De fato, B é um conjunto LI, pois 430 002 430 − = – 48. Todo vetor do R3 é uma combinação linear destes três vetores. Exercício. Determinar as coordenadas do vetor v=(3,4,5) na base B do exemplo 6. Solução : (3,4,5) = a(0,2,0) + b(3,0,3) + c(–4,0,4) (3,4,5) = (0,2a,0) + (3b,0,3b) + (–4c,0,4c) (3,4,5) = (3b–4c, 2a , 3b+4c) Equivale ao sistema : =+ = =− 5c4b3 4a2 3c4b3 Logo: a = 2 , b = 4/3 e c= ¼ Isto é, na base B, as coordenadas do vetor v são (2, 4/3, 1/4) ,isto é, (3,4,5) = 2(0,2,0) + 3 4 (3,0,3) + 4 1 (– 4, 0 , 4) . Produto Escalar. O produto escalar de dois vetores (do Rn) u= (u1,u2,..,un) e v=(v1,v2,...vn) é vu ⋅ = ∑ = n 1i iivu No Matlab, o produto escalar é calculado de u e v é calculado pelo comando dot(u,v). Uma aplicação do produto escalar é a detecção de erros em código de barras, conforme artigo publicado na revista Revista do Professor de Matemática, número 68. Exemplo 7. Calcular o produto escalar dos vetores u =(1,2) e v = (3,5). Solução: vu ⋅ = 31 ⋅ + 52 ⋅ = 3 + 10 = 13. Exemplo 8. Calcular o produto escalar dos vetores u =(1,2, –1) e v = (0,3,5). Solução: vu ⋅ = 01 ⋅ + 32 ⋅ + 5)1( ⋅− = 0 + 6 – 5 = 1. Vetores Ortogonais. Dois vetores u e v são ortogonais se vu ⋅ = 0. Exemplo 9. Os vetores u = (1,1) e v = (–1,1) são ortogonais, pois vu ⋅ = )1(1 −⋅ + 11⋅ = –1 + 1 = 0. Os vetores do exemplo 8 não são ortogonais. Geometricamente, dois vetores do R2 ( ou do R3 ) são ortogonais se o ângulo entre eles for igual a 90o. Exemplo 10. Os vetores u = (1, 2 , 3) e v = ( 1,1,0) não são ortogonais, pois vu ⋅ = 1*1 + 2*1 + 3*0 = 3 . Como o produto escalar entre u e v não é igual a zero, os vetores não são ortogonais. 34 Conjunto Ortogonal. Um conjunto M={v1,v2,...,vn} de um espaço vetorial V é ortogonal se 0vv ji =⋅ , para cada par i , j, com i ≠ j. Por exemplo, o conjunto M={(1,–1,0), (2,2,4), (4,4,–4) } é ortogonal. A verificação fica a cargo do leitor. Base Ortogonal. Uma base B={v1,v2,...,vn} de um espaço vetorial V é ortogonal se 0vv ji =⋅ , para cada par i , j, com i ≠ j. Exemplo 11. As bases canônicas do R2 e do R3 são ortogonais. Exemplo 12. A base B = { (1,1), (–1,1) } é uma base ortogonal do R2. Normalização de um vetor. Dado um vetor u = (u1,u2,...un) do R n, o módulo de u é dado por | u | = 2n 2 2 2 1 u...uu +++ . Se | u | = 1, então u é um vetor unitário. Todo vetor u com módulo não-nulo pode ser normalizado, fazendo-se v = |u| u . No Matlab, o módulo de u é calculado através de norm(u). Exemplo 12. u = (3,4) Módulo de u : | u | = 22 43 + = 25 = 5. | u | = 5. Versor de u : v = |u| u = 5 )4,3( (3/5 , 4/5 ) . Observe que | v | = 1. O vetor v = ( 3/5, 4/5), chamado de versor de u, é um vetor unitário que tem a mesma direção de u. Base Ortonormal. É uma base ortogonal formada por vetores unitários. Exemplo 13. B = { (1,1) , (–1,1) } é uma base ortogonal, mas não é ortonormal, pois cada vetor da base B tem módulo igual a 2 ; a base B’ = { ( 1/ 2 , 1/ 2 ) , ( – 1/ 2 , 1/ 2 ) } é uma base ortonormal do R2. No Matlab, obtemos | (1,1) | = | (–1,1) | = 1.4142. Logo, a base ortonormal é B’ = { (0.7071, 0.7071) , (–0.7071, 0.7071)} . Exemplo 14. O conjunto {(–1,2,3), (2,–2,2)} é LI. Acrescentar um terceiro vetor a este conjunto para que ele se transforme numa base ortogonal do R3. Obter uma base ortonormal do R3. Solução: procuramos um vetor v = (a,b,c) do R3 tal que 0)3,2,1()c,b,a( =−⋅ 0)2,2,2()c,b,a( =−⋅ Equivale ao sistema : –a + 2b + 3c = 0 2a – 2b + 2c = 0 Somando as duas equações , resulta: a + 5c = 0, logo, a = –5c. 35 Substituindo na primeira equação, resulta: b = – c. Se c = 1, então a = –5 e b = –4.O vetor é v = (–5,– 4,1). Verificação: =−⋅−− )3,2,1()1,4,5( 5 + (–8) + 3 = 0 =−⋅−− )2,2,2()1,4,5( –10 + 8 + 2 = 0 Assim, uma base ortogonal do R3 é o conjunto B = {(-1,2,3), (2,-2,2), (–5,–4,1)}. Para obter uma base ortonormal do R3, basta dividir cada vetor de B pelo seu módulo. Assim, uma base ortonormal do R3 é o conjunto B’={(-0.2673,0.5345,0.8018),(0.5774,–0.5774,0.5774),(–0.7715,–0.6172,0.1543)} Cada vetor do conjunto B’ é unitário e os vetores são ortogonais dois a dois. Exercícios. 1.Calcular as coordenadas do vetor v=( 3, 5) na base B={(1,2),(–2,1)}. 2. Dado o vetor vB = (2, –2, –1) na base B={(1,1,1),(1,1,0),(1,0,0)} expressar este vetor na base canônica do R3 . 3. Verificar se o conjunto B={(1,1,3),(2,3,6),(3,4,9)} é ou não base do R3. 4. Verificar se o conjunto B = {(1,1,1,3),(0,0,1,–4),(1,0,5,9),(1,0,9,4)} é ou não base do R4. Calcular as coordenadas do vetor (5, 2, 23, 25) na base B. 5. Verificar se o conjunto B = {(0,0,1,–4),(1,0,5,9),(1,0,9,4)} é LI ou LD. 6 . O conjunto B={(1,1,1),(–1,1,0)} é LI. Adicionar um terceiro vetor não-nulo a este conjunto de modo que o conjunto resultante seja ortogonal. 7. Normalizar o conjunto B ={ (1,2),(–2,1)}. 8. Calcular as coordenadas do vetor v=(7,7,7) na base B={(1,1,1),(1,1,0),(1,0,0)}. 9. Calcular as coordenadas do vetor v=(2,6) na base B={(1,1),(–1,1)} . Representar graficamente. Respostas dos exercícios: 1. Suponhamos (3,5) = a(1,2) + b(–2,1) (3,5) = ( a, 2a) + (–2b, b) = (3,5) = ( a – 2b, 2a +b) Igualando as coordenadas, resulta o sistema : a – 2b =3 2a + b = 5 Cuja solução é a = 2.6 e b = – 0.2 . Assim, as coordenadas do vetor v= (3,5) na base B={(1,2) , (–2,1)} são (2.6 , – 0.2). Notação vB = ( 2.6 , –0.2 ) 2. v = 2(1,1,1) – 2(1,1,0) –1(1,0,0) = ( 2,2,2) – (2,2,0)–(1,0,0) = ( –1,0,2) 3. O conjunto B não é base do R3, pois é um conjunto Linearmente Dependente, já que o determinante formado pelos vetores é igual a zero. Observe que u3 = u1 + u2. 36 4. Primeiro, devemos mostrar que o conjunto é Linearmente Independente. A matriz M formada pelos vetores tem det(M) = 11. Logo, o conjunto é LI. Como a dimensão do espaço vetorial R4 é igual a 4, este conjunto é uma base. As coordenadas do vetor v na base B são vB = ( 2 , –1, 1 , 3) . 5. Se o conjunto for LD, então deve haver uma combinação linear entre os vetores, por, exemplo : (0,0,1, – 4) = a(1,0,5,9) + b(1,0,9,4) (0,0,1, – 4) = ( a ,0 ,5a , 9a) + (b ,0 , 9b ,4b) (0,0,1, – 4) = ( a + b, 0, 5a +9b , 9a+4b ) Igualando as coordenadas correspondentes, resulta o sistema : a +b = 0 5a +9b =1 9a+4b = – 4 Como este sistema não tem solução, significa que o conjunto de vetores é LI (Linearmente Independente). 6. Suponhamos que o terceiro vetor seja o vetor ( a, b, c ) . Para que o conjunto seja ortogonal, o produto escalar deve ser igual a zero, entre cada par de vetores diferentes. Assim: (1,1,1)(a,b,c) = 0 (–1,1,0)(a,b,c) = 0 Desenvolvendo o produto escalar, resulta: a + b + c = 0 –a + b = 0 O sistema acima tem a solução b = a , c = – 2a, onde a ∈ R. Escolhendo a = 1, resulta b = 1 e c = –2. Assim, o conjunto resultante é B’ = {(1,1,1),(–1,1,0),(1,1,–2)}. 7. Basta dividir cada vetor pelo seu módulo. O conjunto fica B’={ (0.4472, 0.8944) , (–0.8944, 0.4472)}. 8. Devemos supor (7 , –7 , 7 ) = a(1,1,1) + b(1,1,0) + c(1,0,0)}. Montando e resolvendo o sistema, resulta a = 7,b = – 14, c=14. Assim, as coordenadas de v na base B são vB=(7,–14,14.). 9. Analogamente ao exercício 8, chegamos a vB= ( 4,2) . 37 Capítulo 6. Transformações lineares e representação matricial Sejam V e W espaços vetoriais; T: V → W é uma transformação linear se T satisfaz as duas seguintes propriedades: i) T ( u + v ) = T(u) + T(v) , para quaisquer u e v ∈ V ii) T(au) = aT(u) , para qualquer a ∈ R e u ∈ V. Exemplo de uma transformação linear T : R → R , onde T(x) = 2x . Neste exemplo, estamos considerando o conjunto dos números reais como um espaço vetorial. A transformação é definida por T(x)=2x. Assim, T(x+y)= 2(x+y) = 2x + 2y = T(x) + T(y) e T(ax)=2(ax)=a(2x)=aT(x). Logo, T é uma transformação linear. Exemplo de uma transformação não-linear. T: R → R, onde T(x) = 2x + 3. Para mostrar que esta transformação não é linear, basta mostrar um par de vetores de R para os quais T(x+y)≠ T(x)+T(y).Por exemplo, x = 2 e y = 4; T(2 + 4) = T(6) = 15 e T(2)+T(4) = 7+11= 18. Assim, T(2+4) ≠ T(2) + T(4). Logo, esta transformação não é linear. Propriedade de uma transformação linear. Se T: V → W é uma transformação linear do espaço vetorial V no espaço vetorial W, então T(0) = 0. Assim, no exemplo 2, como T(0) = 3, T não é uma transformação linear, de acordo com a definição acima. Representação matricial de uma transformação linear Uma transformação linear T: Rn → Rm pode ser representada na base canônica por uma matriz Amxn. Neste texto, sempre serão consideradas as bases canônicas do R n. Notação: A ou [T]. Assim, se A é a matriz que representa a transformação linear T, o cálculo de T no vetor v equivale a multiplicação matricial de A por v, ou seja, : T(v)=Av. Exemplo 1. T: R2 → R3 definida por T(x,y)=(x+y, x–y, 2x); calculando a imagem dos vetores da base canônica, obtemos T(1,0)=(1,1,2) e T(0,1)=(1,–1,0), logo a matriz de T é a matriz A = 2x3 02 11 11 − . Nesta notação, a transformação T(v) é interpretada como a multiplicação de A pelo vetor v= y x : − + 2x yx yx = − y x 02 11 11 . Assim, a matriz que representa esta transformação é A= 2x3 02 11 11 − ou [T]= 2x3 02 11 11 − 38 Exemplo 2. T : R2 → R2 definida por T(x,y)=(x+3y,4x+2y); calculando a imagem dos vetores da base canônica, obtemos T(1,0)=(1,4) e T(0,1)=(3,2) ,logo a matriz de T é A= 2x2 24 31 . Nesta notação, a transformação é interpretada como a multiplicação de A por v = y x : + + 2y4x 3yx = y x 24 31 Por exemplo, T(1,1) = ( 1+3, 4+2) = (4,6) ou 1 1 24 31 = + + 24 31 = 6 4 Exemplo 3 .T: R3 → R3 definida por T(x,y,z)= ( x+y+z , x+y+2z, x–y) . Na base canônica do R3, a matriz de T é A = − 011 211 111 . Nesta notação, a transformação é interpretada como a multiplicação de A por v = z y x . Exemplo 4. A transformação linear T: R3 → R3 tem representação matricial igual a −− 420 321 401 . Calcule T(1,4,7). Solução : w = T(1,4,7); w = −− 420 321 401 7 4 1 = − 36 14 29 Logo, T(1,4,7) = (29, –14, 36) ou como vetor-coluna, w = − 36 14 29 Exemplo 5. Seja T: R2 → R2 uma transformação linear tal que T(1,0)=(2,5) e T(0,1)=(– 4,1). Calcular T(x,y). Solução : na base canônica, (x,y) = x(1,0) + y(0,1) T(x,y)=T(x(1,0) + y(0,1))=xT(1,0)+yT(0,1)=x(2,5)+y(–4,1) T(x,y)=( 2x – 4y, 5x+y) A matriz de T é a matriz A = − 15 42 . Observe que as colunas da matriz A são as imagens dos vetores da base canônica. Esta propriedade vale em geral. 39 Exemplo 6. Dada a transformação T do exemplo 2, calcular a lei da transformação linear L: R2 → R2 , dada por L(x,y)= T10(x,y). Solução: A matriz de T é A = 24 31 . Calculando A10, resulta 40 Exercícios. 1. Seja T: R2 → R2 a transformação linear T(x,y)= (2x+2y,–x+5y). Calcule T(0,0), T(1,1) , T(T(2,4)). Deduza uma regra prática para calcular T(T(x,y)). 2. Seja T: R2 → R2 a transformação linear T(x,y)= (2x+2y,–x+5y). Calcule os vetores v=(x,y) tais que T(x,y)=(0,0). 3. Sejam T1: R 2 → R2 , T1(x,y)= (2x+2y,–x+5y) e T2: R 2 → R2 , T2(x,y)= (x+y,x– 2y). Calcule T1(T2(3,4)) ; calcule T2(T2(3,4)); calcule T2(T2(T2(T2(3,4)))). Qual a maneira mais rápida de efetuar este cálculo ? 4. Seja T: R2 → R2 dada por T(x,y) = (x+2y, y) . Calcule T(0,0),T(1,0), T(1,1) e T(0,1). 5. A transformação que efetua uma rotação de um ângulo θ ( no Matlab, deve ser dado em radianos2 ) no R2 é representada pela matriz A = θθ θ−θ )cos()sin( )sin()cos( . Calcule a imagem do vetor u=(3/5, 4/5) por uma rotação de 600 do plano. Representa geometricamente. Compara o módulo de u com o módulo de T(u). 6.A matriz A = θθ θ−θ 100 0)cos()sin( 0)sin()cos( é uma transformação linear do R3 no R3 que representa uma rotação em torno do eixo z por um ângulo θ. a) Se u = ( 2, 0, 4) , qual a imagem de u por uma rotação de 900 em torno do eixo z ? Calcule no Matlab e represente graficamente no R3. Calcule o módulo de T(u) e compare com o módulo de u. b) Se u = ( 1, 0 , 1) , qual a imagem de u por uma rotação de 450 em torno do eixo z ? Calcule no Matlab e represente graficamente no R3. Calcule o módulo de T(u) e compare com o módulo de u. 7. Seja T: R3 → R3 dada pela matriz A= − − 7/37/67/2 7/27/37/6 7/67/27/3 . Calcule w=T(1,2,3) e compare | (1,2,3) | e | T(1,2,3) |. O que observa ? 8. Seja T: R3 → R3 , uma transformação linear tal que T(1,0,0)=(2,3,4), T(0,1,0)=(1,– 1,2) e T(0,0,1)=(–1,2,0). Calcule a matriz de T e T(3,4,5). 2 pi radianos equivale a 1800 . Portanto, x graus equivale a y = 180 xpi radianos. 41 Respostas dos exercícios: 1.T(0,0) = (0,0) ; T(1,1)=(4,4) ; T(T(2,4))=(60,78) 2. O único vetor cuja imagem é o vetor nulo é o vetor nulo. 3. T1(T2(3,4))=( 4, –32) ; T2(T2(3,4)) =(2, 17); T2 4(3,4)=(–13,83) Se A é a matriz de T, basta fazer A4 multiplicado por u=(3,4). 4. T(0,0)=(0,0) , T(1,0) = (1,0) , T(1,1)=(3,1) e T(0,1)=(2,1). 5. A matriz de T é a matriz − )3/cos()3/sin( )3/sin()3/cos( pipi pipi ; u = ( 0.6 , 0.8). T(u)=(–0.3928 , 0.9196); | u | = 1 e | T(u) | = 1. 6. a) u = (2,0,4) ; v=T(u)= (0,2,4) , | u | = | v | = 4.4721 b) u = (1,0,1) ; v = T(u) = (0.7071 , 0.7071, 1). | u | = | v | = 1.4142. Solução do item a. Solução do item b. (0.7, 0.7, 1) (1,0,1) z x y (0,2,4) (2,0,4) x z (–0.39 , 0.9) (0.6 , 0.8) y x y 42 7. . Seja T: R3 → R3 dada pela matriz A= − − 7/37/67/2 7/27/37/6 7/67/27/3 . Calcule w=T(1,2,3) = ( 3.5714 , 0.8571 ; 0.7143 ) . Vemos que | u | = 3.74 e | T(u) | = 3.74. 8. A matriz de T é a matriz [T]= − − 024 213 112 e T(3,4,5)=( 5 , 15 , 20). 43 y x x Capítulo 7. Autovalores e autovetores Definição de autovalor e autovetor. Seja T: Rn → Rn uma transformação linear. Se existe um vetor não-nulo v tal que T(v)=λv, para algum escalar λ, então λ é dito um autovalor da transformação linear e cada vetor não-nulo v tal que T(v)=λv é dito um autovetor da transformação linear, associado a λ. Como a cada Transformação Linear T: Rn → Rn corresponde uma matriz Anxn que a representa, os valores de λ e v da definição acima são chamados também de autovalor ( valor próprio ) e autovetor ( vetor próprio ) da matriz A, respectivamente. Exemplo 1. Verificar que o vetor v=(1,1) é um autovetor da transformação T: R2 → R2 dada por T(x,y)=(2x+2y,–x+5y), associado ao autovalor λ=4. Solução: a matriz de T é A = − 51 22 . Multiplicando por v = 1 1 , obtemos: − 51 22 1 1 = +− + 51 22 = 4 4 = 4 1 1 . Resumindo: T(v) = 4v, onde v=(1,1), ou equivalentemente, Av = 4v. Figura 6. O vetor v=(1,1) . Figura 7. O vetor T(v) = 4v. Exemplo 2. Verificar que o vetor v=(4,2) é um autovetor da transformação T:R2→R2 dada por T(x,y)=(2x+2y,–x+5y), associado ao autovalor λ=3. Solução: a matriz de T é A = − 51 22 . Multiplicando por v= 2 4 , obtemos: − 51 22 2 4 = +− + 104 48 = 6 12 = 3 2 4 . Resumindo: T(v) = 3v, onde v=(4,2), ou equivalentemente, Av=3v. v y T(v)=4v 44 x Exemplo 3. A rotação de 45o no plano xy não tem nenhum autovetor. y y x v v T(v) CÁLCULO DOS AUTOVALORES E AUTOVETORES Para o cálculo dos autovalores e autovetores de uma transformação linear T: Rn → Rn representada pela matriz A, devemos resolver a equação Av= λv, ou seja, Av = λIv, onde I é a matriz identidade nxn. Isto é, devemos procurar soluções não-triviais do sistema (A– λI) v = 0 Para que tal ocorra, a matriz A – λI deve ser singular ( det(A– λI)=0 ), isto é, os autovalores da matriz A são as raízes da equação det(A-λΙ) =0, chamada de equação característica de A. Os autovetores associados ao autovalor λ formam o espaço- solução ou auto-espaço de A associado a λ. Resumindo: para calcular os autovalores de uma Transformação Linear T: Rn → Rn representada pela matriz A, calculamos as raízes da equação característica det(A-λI) =0 , que é uma equação de grau n. Depois, para cada autovalor calculado, o autovetor é dado pela solução não-trivial do sistema (A– λΙ) v = 0 . Exemplo 4. Calcular os autovalores da transformação linear T: R2 → R2 dada por T(x,y)=( 2x+2y,– x+5y ). Determinar os autoespaços associados. Solução: neste caso n = 2, logo I = 10 01 ; A= − 51 22 . A equação característica é det(A–λI) = 0, ou seja, λ λ −− − 51 22 = 0. Resulta: (2– λ)(5–λ)+2=0, ou seja, λ2 – 7λ + 12 = 0, donde, os autovalores são λ = 3 ou λ = 4. No Matlab: para obter o polinômio característico da transformação, basta definir a matriz T e usar o comando poly(T). Os autovalores são obtidos pelo comando roots(poly(T)). Resultados do Matlab para o exemplo acima: T = − 51 22 poly(T) = 1 – 7 12 roots(poly(T)) = 4 3 Traduzindo: o polinômio característico de T é p(λ) = λ2 – 7λ + 12 e a equação característica de T é λ2 – 7λ + 12 = 0 ; os autovalores de T são λ = 4 e λ = 3. Para obter os autovetores, devemos calcular para cada autovalor diferente. Para λ = 4 , o autovetor v = (x,y) ≠ (0,0) deve satisfazer T(x,y) = 4(x,y), ou seja (2x+2y,–x+5y) = ( 4x, 4y ) . Igualando as coordenadas correspondentes, resulta : 2x + 2y = 4x –x + 5y = 4y A solução deste sistema é 2x = 2y , isto é, x = y. Assim, todo vetor em que a primeira coordenada é igual a segunda é um autovetor associado a λ = 4 . Por exemplo, se v = ( 2 , 2 ) , então T(v) = T(2,2) = ( 2*2+ 2*2, – 2+ 5*2) =(8,8) = 4(2,2). 46 Portanto, o autovetor associado ao autovalor λ = 4 é o autovetor v = x(1,1) , x ≠ 0, ou simplesmente, v = ( 1 , 1). Se tomarmos o conjunto de todos os múltiplos do vetor (1,1) , teremos a reta y = x, que passa pela origem do R2 e é um subespaço vetorial do R2, chamado de autoespaço associado ao autovetor v = (1,1) . Um autovetor normalizado é v = ( 2 1 , 2 1 ) . Para λ = 3 , o autovetor v = (x,y) ≠ (0,0) deve satisfazer T(x,y) = 3(x,y) , ou seja, (2x+2y,–x+5y) = ( 3x, 3y ) . Igualando as coordenadas correspondentes, resulta : 2x + 2y = 3x –x + 5y = 3y A solução deste sistema é x = 2y. Logo, v = x (2,1) , x ≠ 0 , é o autovetor associado ao autovalor λ = 3. Por exemplo, se v = ( 4,2 ) , então T(v) = T(4,2) = (2*4 + 2*2, –4 + 5*2) = ( 12, 6 ) = 3( 4,2) , isto é, T(v)=3v. O autoespaço associado é a reta que passa pela origem e tem a direção do vetor v = ( 4,2) . CÁLCULO NO MATLAB No Matlab, os autovalores e autovetores de uma matriz T são obtidos com o comando [ P, D ] = eig( T ) . Os autovetores são dados na forma normalizada. No exemplo acima, se T = [ 2 2; –1 5] , o comando [P,D] = eig(T) resulta : P = –0.8944 –0.7071 –0.4472 –0.7071 D = 3 0 0 4 Interpretação: autovalor λ = 3 associado ao autovetor v1 = (– 0.8944 , – 0.4472 ) autovalor λ = 4 associado ao autovetor v2 = (– 0.7071 , – 0.7071 ) Exemplo 5. Diagonalização No exemplo 4, vimos que − 51 22 tem autovalor λ = 3 associado ao autovetor v1=(–0.8944,–0.4472) e autovalor λ=4 associado ao autovetor v2=(–0.7071,–0.7071). Defina a matriz P cujas colunas são os autovetores: P = −− −− 7071.04472.0 7071.08944.0 e calcule P–1*T*P. O resultado é chamado de diagonalização da transformação. Significa que se tomarmos como base do R2 o conjunto B={v1,v2} a transformação é representada pela matriz diagonal D= 40 03 . No Matlab, a matriz P é obtida diretamente com o comando [P,D]=eig(A). 47 Exercícios. 1. Calcule no Matlab os autovalores e autovetores da transformação linear T : R2 → R2 dada por T(x,y) = ( –14x + 12y, –20x + 17y) . Calcule o polinômio característico de T, os autovetores na forma normalizada, associados a cada autovalor. Depois, escreva identificando a proporção entre as coordenadas, como na tradução ( exemplo acima ). 2. Considere a transformação linear T: R2 → R2, dada por T(x,y) =(x,x+2y) . Escreva o polinômio característico de T. Calcule os autovalores e autovetores de T. Diagonalize T, como no exemplo 5. 3. Verifica se v = − 0 1 0 1 é autovetor da matriz A= − 1000 0210 0101 0200 . Em caso afirmativo, identifica o autovalor λ correspondente. 4. Calcule no Matlab o polinômio característico, os autovalores e autovetores da matriz M= − − 102 012 104 . Escreva os autovetores na forma normalizada, e na forma usual, associados a cada autovalor. 5. Calcule o polinômio característico, os autovalores e autovetores da transformação linear representada pela matriz − 95200 97540 00531 01042 00001 . Respostas dos exercícios: 1. O polinômio característico de T é p(λ) = λ2 – 3λ + 2. Os autovalores são λ1 = 1 associado ao autovetor v1 = ( –0.6247 , –0.7809) , e λ2 = 2, associado ao autovetor v2= ( –0.6 , – 0.8 ) . Na forma usual, temos : λ1 = 1 associado ao autovetor v1 = ( 1 , 1.25) e λ1 = 2 associado ao autovetor v2 = ( 3 , 4 ). 2. A matriz de T é T = 21 01 . O polinômio característico de T é p(λ) = λ2 – 3λ + 2. Os autovalores são λ1 = 1 associado ao autovetor v1 = ( 0 , 1 ) , e λ2 = 2, associado ao autovetor v2= ( 0.7071 , – 0.7071 ) . Na forma usual, temos : λ1 = 1 associado ao autovetor v1 = ( 0 , 1) e λ1 = 2 associado ao autovetor v2 = ( 1 , –1 ). 48 3. O vetor v é uma autovetor da matriz A, pois Av = – 2v. Neste caso, o autovalor associado é λ = 2. 4. O polinômio característico de M é p(λ) = λ3 – 6λ2 +11λ +6. Os autovalores são λ1=1, associado ao autovetor v1=(0,1,0), λ2 = 3 associado ao autovetor v2=(0.5774,– 0.5774,– 0.5774) e λ3 = 2, associado ao autovetor v3=(–0.3333, 0.6667, 0.6667 ) . Na forma usual, temos: autovalor λ1 = 1, associado ao autovetor v1=(0,1,0) , autovalor λ2 = 3, associado ao autovetor v2=(1,–1,–1) e autovalor λ3 = 2, associado ao autovetor v3 =(–1, 2 , 2 ). 5. O polinômio característico de A é p(λ) = λ5 –26λ4 + 211λ3 – 709λ2 + 982λ – 459. Autovalores e autovetores associados abaixo. Autovalor Autovetor λ1 = 14.5219 v1= (0 , –0.07, –0.02 , 0.74 , 0.66) λ2 = 1.6248 v2= (0 , –0.32, 0.29 , –0.77 , 0.44) λ3 = 4.0498 v3= (0 , 0.28, –0.88 , –0.01 , 0.37) λ4 = 4.8035 v4= (0 , –0.05, 0.87 , 0.04 , –0.47) λ5 = 1 v5= (0.40 , –0.008, –0.09 , 0.78 , –0.46) 49 Capítulo 8. Cálculo das iteradas de uma transformação linear Em alguns casos, aplicação sucessiva de uma transformação linear gera uma seqüência de vetores que converge a um vetor fixo, chamado de vetor de equilíbrio. Isto pode ocorrer em algumas aplicações ( por exemplo, em Cadeias de Markov ) , onde se procura o estado de equilíbrio de uma distribuição de fatias de mercado, veja em Ben Noble. Para ilustrar esta aplicação, calculamos as iteradas de uma transformação linear num dado vetor u0, e analisamos o limite )(uTlim 0 n ∞→n . Estudando os autovalores e autovetores da transformação ( ou da matriz que a representa ) , podemos justificar o que acontece em cada caso. Exemplo. Dado o vetor u0 = 5.0 5.0 , calculadas as iteradas da transformação representada pela matriz T = 6.08.0 4.02.0 . Solução : calculando as cinco primeiras iteradas, obtemos: u1 = T*u0 = 6.08.0 4.02.0 * 5.0 5.0 = 5.0*6.05.0*8.0 5.0*4.05.0*2.0 = 7.0 3.0 u2 = T*u1 = 6.08.0 4.02.0 * 7.0 3.0 = 7.0*6.03.0*8.0 7.0*4.03.0*2.0 = 66.0 34.0 u3 = T*u2 = 6.08.0 4.02.0 * 66.0 34.0 = 66.0*6.034.0*8.0 66.0*4.034.0*2.0 = 668.0 332.0 u4 = T*u3 = 6.08.0 4.02.0 * 668.0 332.0 = 668.0*6.0332.0*8.0 668.0*4.0332.0*2.0 = 6664.0 3336.0 u5 = T*u4 = 6.08.0 4.02.0 * 6664.0 3336.0 = 668.0*6.0332.0*8.0 668.0*4.0332.0*2.0 = 6667.0 3333.0 Tais resultados podem ser obtidos diretamente no Matlab com o seguinte laço, usando o for ( os resultados vão ser omitidos aqui no texto ): >> u0=[0.5;0.5] ; >> T=[0.2,0.4;0.8,0.6] ; >> for i=1:5 T^i*u0 end Resumindo, vemos que o as iteradas tendem ao vetor de equilíbrio 6667.0 3333.0 . Para justificar tal resultado, calculamos os autovalores e autovetores da transformação T no Matlab: >>T=[0.2,0.4;0.8,0.6]; >>[m,n]=eig(T) m = 50 –0.7071 –0.4472 0.7071 –0.8944 n = –0.2000 0 0 1.0000 Temos : autovalor λ1 = – 0.2 associado ao autovetor v1=(–1,1) autovalor λ2 = 1 , associado ao autovetor v2 = ( 1, 2 ) Tomando a base B ={ (–1,1) , (1,2) } como base do R2, o vetor inicial u0= ( 0.5 ; 0.5 ) pode ser escrito como a seguinte combinação linear dos vetores de B: (0.5 ; 0.5 ) = – 6 1 (–1,1) + 3 1 (1,2) Assim, aplicando sucessivamente a transformação linear T no vetor u0, o autovetor v1 é multiplicado sucessivamente pelo autovalor λ1=–0.2, tendendo ao vetor nulo; por outro lado, o autovetor v2= (1,2) é multiplicado sucessivamente pelo autovalor λ2=1 . Devido a combinação linear u0= – 6 1 v1 + 3 1 v2, a tendência é a seqüência das iteradas convergir para o vetor de equilíbrio 3 1 v2 = ( 1/3 ; 2/3 ), como verificado no Matlab. Exercícios. Calcular as iteradas da transformação dada no vetor inicial dado. Justificar o resultado obtido, analisando os autovetores e autovalores de T. 1. T = − 6.00 24.0 , u0 = 3 2 2. T = 9.02.0 1.08.0 , u0 = 5.0 5.0 3. = 0.10.40.3 0.30.20.2 0.60.40.5 T , u0 = 0 1 0 4. = 184 072- 003 T , u0 = 3 1 1 51 Respostas dos exercícios: 1. T = − 6.00 24.0 , u0 = 3 2 λ1 = – 0,4 v1 = ( 1 , 0 ) λ2 = 0,6 v2 = ( 2 , 1 ) Escrevendo o vetor dado u0 = (2, 3 ) como combinação dos autovetores: ( 2, 3) = a( 1, 0 ) + b( 2,1 ) = ( a,0) + (2b, b) = ( a + 2b, b) a + 2b = 2 b = 3 Logo , a = 2 – 2b = 2 – 2*3 = 2–6 = – 4 ( 2, 3) = (– 4)*( 1,0 ) + 3*(2,1 ) T(2,3) = (–4)*T(1,0) + 3*T(2,1)= –4*(–0,4)*(1,0)+3*0,6*(2,1) = ( 5,2 ; 1,8) Aplicando a transformação sucessivas vezes, resultam as iteradas: u0 u1 u2 u3 u4 u5 u6 u7 u8 2 5,2 1,52 1,5520 0,6752 0,5075 0,2636 0,1745 0,0982 3 1,8 1,08 0,6480 0,3888 0,2332 0,1400 0,0840 0,0504 Neste exemplo, as iteradas de T no vetor u0=(2,3) correspondem às combinações de multiplicações sucessivas dos autovetores pelos seus autovalores.Como | –0,4 | = 0,4 < 1 e | 0,6| = 0,6 < 1, a multiplicação sucessiva faz com que as iteradas tendam a zero. Escrevemos : = +∞→ )(uTlim 0 n n 0 0 . Seja qual o vetor u0 escolhido inicialmente, as iteradas vão tender ao vetor nulo, neste caso, pois os dois autovalores tem módulo menor do que 1. Esta propriedade pode ser verificada experimentalmente no Matlab. 2. T = 9.02.0 1.08.0 , u0 = 5.0 5.0 λ1 = 0,7 v1 = (–1 , 1 ) λ2 = 1 v2 = ( 1 , 2 ) Escrevendo o vetor dado u0 = (0,5 ; 0,5 ) como combinação dos autovetores: ( 0,5 ; 0,5) = a(–1, 1 ) + b( 1,2 ) = (–a,a) + (b, 2b) = (–a + b, a + 2b) Resulta o sistema : –a + b = 0,5 52 a + 2b = 0,5 A solução é : a = – 6 1 e b = 3 1 . Então : ( 0,5 ; 0,5) = – 6 1 *( –1, 1 ) + 3 1 * ( 1,2 ) Aplicando a transformação sucessivas vezes, resultam as iteradas: u0 u1 u2 u3 u4 u5 u10 u15 u20 0,5 0,45 0,415 0,3905 0,3734 0,3613 0,3529 0,3366 0,3339 0,5 0,55 0,585 0,6095 0,6267 0,6387 0,6471 0,6634 0,6661 Aplicar as iteradas de T no vetor u0 = ( 0,5 ; 0,5 ) é a mesma coisa que multiplicar sucessivas vezes o autovetor v1 = (–1 , 1 ) por 0,7 e o autovetor v2 = ( 1 , 2 ) por 1. Logo, a contribuição do autovetor v1 = (–1,1 ) tende a desaparecer, pois |0,7| < 1, resultando no limite apenas a parcela que equivale a 3 1 * ( 1,2 ) . No Matlab, obtemos ( 0.3333;0.6667) , o que é a mesma coisa. Se escolhermos como vetor inicial um autovetor da transformação, duas coisas podem acontecer: se o vetor inicial for múltiplo de v1 , então as iteradas tendem ao vetor nulo, pois λ1= 0,7. Se o vetor inicial for múltiplo de v2, as iteradas serão iguais ao próprio vetor, pois λ2 =1 e tendem ao próprio vetor. Qualquer outra escolha do vetor inicial com coordenadas positivas cuja soma seja igual 1, produzirá uma seqüência de vetores que tenderá ao vetor (0.3333;0.6667), chamado de vetor de equilíbrio. Esta propriedade pode ser verificada experimentalmente no Matlab. 3. As iteradas desta transformação tendem ao vetor de equilíbrio v=(0.5042, 0.2269, 0.2689), uma vez que seus autovalores são 1 , 0.0414 e –0.2414, associados aos autovalores. 4. A aplicação sucessiva desta transformação não converge a um vetor de equilíbrio, pois os autovalores de T são 1, 7 e 3. O autovetor associado ao autovalor λ1=1 é o autovetor v1= (0,0,1) . Assim, escolhendo um vetor inicial que não seja múltiplo de v1, a aplicação das iteradas de T deve divergir. 53 Capítulo 9. Diagonalização de uma matriz Vimos que toda transformação linear T:Rn →Rn tem uma matriz canônica que a representa. Portanto, podemos associar a cada matriz nxn uma transformação linear do Rn no Rn. Por exemplo, a matriz T1= − 100 0)4/cos()4/sin( 0)4/sin()4/cos( pipi pipi é uma rotação por um ângulo de pi/4 em torno do eixo z num sistema de coordenadas xyz. Já a matriz T2 = 9.02.0 1.08.0 pode ser interpretada como uma matriz de probabilidade que pode ser usada para descrever o comportamento de uma população de indivíduos divididos em duas classes( por exemplo, fumantes e não-fumantes). No caso da matriz T2, vimos que seus autovalores e autovetores são respectivamente: autovalor λ1= 0.7, associado com o autovetor v1 = (–1, 1) e autovalor λ2 = 1, associado com o autovetor v2 = ( 1 , 2 ). Isto significa que T2(v1) = 0.7*v1 e T2(v2)=1*v2. Dizemos que a matriz T2 tem uma base de autovetores, pois os autovetores v1=(–1,1) e v2=(1,2) são linearmente independentes, logo o conjunto {(–1,1) , (1,2)} é uma base do R2. Relacionado com esta propriedade, está o conceito importante de diagonalização de uma matriz. Antes de vermos como diagonalizar uma matriz, vamos ver dois exemplos de cálculo de autovalores e suas multiplicidades algébrica e geométrica. Exemplo 1. Encontrar a multiplicidade algébrica e geométrica dos autovalores de A = − 353 031 002 Solução: o polinômio característico de A é p(λ) = λ3 – 8λ2 + 21λ – 18. No Matlab, fazemos: >> A = [ 2 0 0 ; 1 3 0 ; – 3 5 3]; >> poly(A) ans = 1 -8 21 -18 Portanto, p(λ) = λ3 – 8λ2 + 21λ – 18. As raízes deste polinômio são os autovalores da matriz A, obtidas pelo comando abaixo: >> roots(poly(A)) ans = 3.0000 + 0.0000i 3.0000 - 0.0000i 2.0000 54 Interpretação. Os autovalores da matriz A são λ = 2 , com multiplicidade algébrica 1 λ = 3 , com multiplicidade algébrica 2 Os autovetores correspondentes podem ser calculados no Matlab : >> [m, n] = eig(A) m = 0 0 0.1231 0 0.0000 -0.1231 1.0000 -1.0000 0.9847 n = 3 0 0 0 3 0 0 0 2 Interpretação : Autovalor λ = 2 associado ao autovetor v = [ 0.1231; –0.1231; 0.9847 ] Autovalor λ = 3 associado ao autovetor v = [ 0; 0 ; 1 ] Veja que os vetores [ 0 ; 0 ; 1 ] e [ 0 ; 0 ; – 1] são LD, portanto, basta considerar apenas um deles. Portanto: autovalor λ = 2 tem multiplicidade geométrica 1 autovalor λ = 3 tem multiplicidade geométrica 1. Isto é, a cada autovalor corresponde um sub-espaço vetorial do R3 de dimensão 1, associado ao autovalor, gerado pelos múltiplos do autovetor. Exemplo 2. Calcular a multiplicidade algébrica e geométrica dos autovalores de A = − 301 121 200 Solução: o polinômio característico de A é p(λ) = λ3 – 5λ2 + 8λ – 4. No Matlab, fazemos: >> A=[ 0 0 -2;1 2 1;1 0 3] A = 0 0 -2 1 2 1 1 0 3 >> poly(A) ans = 1 -5 8 -4 >> roots(poly(A)) ans = 2.0000 2.0000 1.0000 Interpretação: os autovalores de A são λ = 1 , com multiplicidade algébrica 1 55 λ = 2 , com multiplicidade algébrica 2 Para obter os autovetores, fazemos no Matlab: >> [m,n]=eig(A) m = 0 -0.8165 0.7071 1.0000 0.4082 0 0 0.4082 –0.7071 n = 2 0 0 0 1 0 0 0 2 Interpretação : λ = 1 , associado com o autovetor [ – 0.8165 ; 0.4082 ; 0.4082] λ = 2 , associado aos autovetores [0;1;0] e [ 0.7071;0 ;–0.7071 ] .Como estes vetores são LI, temos: λ = 1 , com multiplicidade geométrica 1 λ = 2 , com multiplicidade geométrica 2 Isto é, o sub-espaço associado ao autovalor λ = 1 é uma reta pela origem do R3, que tem dimensão 1; o sub-espaço associado ao autovalor λ = 2 é um plano pela origem do R3, que tem dimensão 2. A importância dos autovalores e autovetores se baseia no seguinte fato: é possível diagonalizar uma matriz a partir de seus autovetores, como mostra o seguinte método: Diagonalização de uma matriz Anxn com n autovetores linearmente independentes Passo 1. Calcule os n autovetores linearmente independentes da matriz A, digamos v1,v2,...,vn. Passo 2. Forme a matriz P = [v1,v2,...,vn] . Isto significa que cada coluna de P é um autovetor. Passo 3. Calcule a matriz D= P–1AP . A matriz D é diagonal, sendo que a diagonal de D é formada pelos autovalores λi . Exemplo 3. Diagonalização de uma matriz A = − 301 121 200 Solução: λ = 1 , associado com o autovetor v1= [ – 0.8165 ; 0.4082 ; 0.4082] λ = 2 , associado aos autovetores v2=[0;1;0] e v3=[0.7071;0 ;–0.7071] (LI) Logo:P=[v1,v2,v3]= − − 7071.004082.0 014082.0 7071.008165.0 é uma matriz que diagonaliza a matriz A. No Matlab : 56 >>[P,D]=eig(A) P = 0 –0.8165 0.7071 1.0000 0.4082 0 0 0.4082 –0.7071 D = 2 0 0 0 1 0 0 0 2 Observação: as colunas de P estão trocadas em relação ao resultado acima, pois os autovalores estão em correspondência. Para efeito da diagonalização, não há problema nisto. >>P=[0 1 0;–0.8165 0.4082 0.4082; 0.7071 0 –0.7071]; O comando inv(P) nos dá a matriz inversa de P , ou seja , P–1: >> inv(P) ans = 1.0000 1.0000 1.0000 -2.4495 0 -2.4495 -1.4142 0 -2.8284 A matriz diagonal é obtida fazendo inv(P)*A*P: >> inv(P)*A*P ans = 2.0000 0 0 0 1.0000 0 0 -0.0000 2.0000 Observe que o resultado é a matriz D, isto é, P–1AP = D. Exemplo 4 . Uma matriz não diagonalizável. A matriz − 353 031 002 tem autovalores λ1 = 2 e λ2 = 3 e os autovetores associados são v1= [ 1; – 1; 8 ] e v2 = [ 0; 0 ; 1 ] . Estes autovetores são linearmente independentes, pois estão associados a autovalores diferentes. Porém, é impossível determinar um terceiro autovetor LI. Portanto, esta matriz não é diagonalizável. Matrizes semelhantes. Se A e C são matrizes quadradas de mesma ordem, dizemos que A e C são matrizes semelhantes se existe uma matriz invertível P tal que a igualdade C=P–1AP é válida. 57 Teorema. a) Matrizes semelhantes tem o mesmo determinante. b) Matrizes semelhantes tem o mesmo polinômio característico e, portanto, tem os mesmos autovalores com as mesmas multiplicidades algébricas. Teorema. Uma matriz Anxn com n autovalores distintos é diagonalizável. Exercícios. Encontre o polinômio característico de cada matriz, calcule seus autovalores e autovetores correspondentes, a matriz que diagonaliza a matriz dada e efetue a diagonalização: 1. A = − − 1720 1214 2. A = −16 01 3. A = 110 110 001 4. A = − 300 030 202 5. A= − − 3100 0300 0020 0002 6. A= −− − 3000 0300 5520 0002 Respostas dos exercícios ( solução no Matlab ) : 1. A = − − 1720 1214 >> clear A >> clear P;clear D; >> A=[ –14 12; –20 17] ; >> [P,D]=eig(A) P = –0.6247 –0.6000 –0.7809 –0.8000 58 D = 1.0000 0 0 2.0000 >> inv(P) ans = –25.6125 19.2094 25.0000 –20.0000 >> inv(P)*A*P ans = 1.0000 0.0000 –0.0000 2.0000 A matriz P = −− −− 8000.07809.0 6000.06247.0 é uma matriz que diagonaliza a matriz A. As colunas de P são os autovetores da matriz A. A matriz P–1*A*P é uma matriz diagonal, cujos elementos são os autovalores da matriz A: P–1*A*P = D. − − 0000.200000.25 2094.196125.25 − − 1720 1214 −− −− 8000.07809.0 6000.06247.0 = 20 01 P–1 A P = D Equivale a dizer que : A = P*D*P–1 .No Matlab: >>D=inv(P)*A*P D = 1.0000 0.0000 –0.0000 2.0000 >>P*D*inv(P) ans = -14.0000 12.0000 -20.0000 17.0000 Observe que a multiplicação PDP–1 resulta igual a A, isto é, PDP–1 = A. 2. A = −16 01 >> clear A;clear P;clear D; >> A=[1 0;6 -1] A = 1 0 6 –1 59 >> [P,D]=eig(A) P = 0 0.3162 1.0000 0.9487 D = –1 0 0 1 Lembre que : na diagonal da matriz D aparecem os autovalores de A. >> P1=inv(P) % um nome para a inversa de m P1 = –3.0000 1.0000 3.1623 0 >> clear D; >> P1*A*P % verificação da diagonalização ans = –1.0000 -0.0000 0 1.0000 Conclusão : a matriz A = −16 01 é diagonalizável e uma matriz que diagonaliza A é P = 9487.01 3162.00 . A inversa de P é P1= − 0000.01623.3 0000.10000.3 . Verificação : − 0000.01623.3 0000.10000.3 −16 01 9487.01 3162.00 = − 10 01 Equivale a dizer que: A = P*D*P–1 . 9487.01 3162.00 − 10 01 − 0000.01623.3 0000.10000.3 = −16 01 P D P–1 = A 3. A = 110 110 001 >> clear A;clear P;clear D;clear P1; >> A=[1 0 0;0 1 1;0 1 1]; >> [P,D]=eig(A) P = 0 1.0000 0 60 –0.7071 0 0.7071 0.7071 0 0.7071 D = 0 0 0 0 1 0 0 0 2 >> P1=inv(P) % a matriz inversa de P P1 = 0 –0.7071 0.7071 1.0000 0 0 0 0.7071 0.7071 >> P1*A*P ans = 0 0 0 0 1 0 0 0 2 Conclusão: a matriz A = 110 110 001 é diagonalizável e uma matriz que diagonaliza A é a matriz P= − 7071.007071.0 7071.007071.0 010 . A inversa de P é a matriz P1= − 7071.07071.00 001 7071.07071.00 =P–1.Na forma diagonal,a matriz fica D= 200 010 000 , pois os autovalores de A são λ1 = 0 , λ2 = 1 e λ3 = 2. Então: P–1 * A * P = D − 7071.07071.00 001 7071.07071.00 110 110 001 − 7071.007071.0 7071.007071.0 010 = 200 010 000 Equivale a dizer que : A = P*D*P–1 . 110 110 001 = − 7071.007071.0 7071.007071.0 010 200 010 000 − 7071.07071.00 001 7071.07071.00 61 4. A = − 300 030 202 >> clear A;clear P;clear D;clear P1; >> A=[2 0 -2;0 3 0;0 0 3]; >> [P,D]=eig(A) P = 1.0000 0 -0.8944 0 1.0000 0 0 0 0.4472 D = 2 0 0 0 3 0 0 0 3 >> P1=inv(m) % a matriz inversa de m P1 = 1.0000 0 2.0000 0 1.0000 0 0 0 2.2361 Conclusão: a matriz A = − 300 030 202 é diagonalizável e uma matriz que diagonaliza A é a matriz P= − 4472.000 010 8944.001 . A inversa de P é a matriz P1= 2361.200 010 0000.201 = P–1 . Na forma diagonal, a matriz fica D= 300 030 002 , pois os autovalores de A são λ1 = 2 , λ2 = 3 e λ3 = 3. Então : P–1* A*P =D 2361.200 010 0000.201 * − 300 030 202 * − 4472.000 010 8944.001 = 300 030 002 Equivale a dizer que : A = P*D*P–1 . − 300 030 202 = − 4472.000 010 8944.001 * 300 030 002 * 2361.200 010 0000.201 62 5. A= − − 3100 0300 0020 0002 >> clear A; clear P;clear D;clear P1;A=[-2 0 0 0;0 -2 0 0 ;0 0 3 0 ; 0 0 1 3]; >> [P,D]=eig(A) P = 1.0000 0 0 0 0 1.0000 0 0 0 0 0 0.0000 0 0 1.0000 -1.0000 D = -2 0 0 0 0 -2 0 0 0 0 3 0 0 0 0 3 Temos dois autovetores v1 = [ 1;0 ; 0; 0] e v2 =[0 ; 1; 0;0 ] que são Linearmente Independentes (LI) associados ao autovalor λ1 = – 2, portanto , este autovalor tem multiplicidade algébrica igual a 2 e multiplicidade geométrica igual a 2; os autovetores [ 0 ; 0; 0 ; 1 ] e [ 0; 0 ; 0 ; – 1] são Linearmente Dependentes (LD) , logo, devemos considerar apenas um, isto é, o autovalor λ2 = 3 tem multiplicidade algébrica igual a 2, mas multiplicidade geométrica igual a 1. Assim, a matriz A não é diagonalizável. 6. A= −− − 3000 0300 5520 0002 >> clear A;clear P;clear D;clear P1; >> A=[-2 0 0 0;0 -2 5 -5 ;0 0 3 0 ; 0 0 0 3]; >> [P,D]=eig(A) P = 1.0000 0 0 0 0 1.0000 0.7071 -0.7071 0 0 0.7071 0 0 0 0 0.7071 D = -2 0 0 0 0 -2 0 0 0 0 3 0 0 0 0 3 63 Conclusão : a matriz A é diagonalizável, pois cada um dos autovalores tem dois autovetores LI associados. Assim, uma matriz que diagonaliza a matriz A é a matriz P = − 7071.0000 07071.000 7071.07071.010 0001 . Resumindo: Multiplicidade algébrica: número de vezes que um autovalor aparece como raiz de p(λ) = 0. Multiplicidade geométrica: número de autovetores LI associados a um autovalor. Exemplo. A = − 301 121 200 O polinômio característico de A é p(λ) = λ3 – 5λ2 + 8λ – 4 . As raízes de p(λ) = 0 são 1 ( uma vez ) e 2 ( duas vezes ). Os autovalores de A são : λ = 1 , com multiplicidade algébrica 1 λ = 2 , com multiplicidade algébrica 2 Para obter os autovetores, fazemos no Matlab: >> clear A; clear P;clear D; A=[0 0 -2;1 2 1; 1 0 3] >> [P,D]=eig(A) P = 0 -0.8165 0.7071 1.0000 0.4082 0 0 0.4082 -0.7071 D = 2 0 0 0 1 0 0 0 2 Interpretação: λ = 1 , associado com o autovetor [ – 2 ;1 ; 1] λ = 2 , associado aos autovetores [0 ; 1 ; 0 ] e [ 0.7071;0 ;–0.7071 ] .Como estes vetores são LI, temos: λ = 1 , com multiplicidade geométrica 1 λ = 2 , com multiplicidade geométrica 2 Relações entre multiplicidade algébrica e geométrica Teorema Se A é uma matriz quadrada, então: a) A multiplicidade geométrica de um autovalor de A é no máximo igual a multiplicidade algébrica. b) A é diagonalizável se, e somente se, a multiplicidade geométrica de cada autovalor de A é igual à multiplicidade geométrica. Portanto, este teorema justifica porque a matriz do exemplo 5 acima não é diagonalizável. 64 Capítulo 10. Potências de uma matriz diagonalizável Existem muitas aplicações que exigem o cálculo de potências elevadas de matrizes quadradas. Para minimizar o tempo de processamento e diminuir o consumo de energia, bem como diminuir os erros de arredondamento, existem algumas técnicas que podem reduzir a quantidade de operações necessárias nestas aplicações. Consideremos A uma matriz nxn diagonalizável e P a matriz que diagonaliza a matriz A. Então: D =P–1AP (1) onde D é uma matriz diagonal, cujos elementos são os autovalores de A. A matriz D é denotada por D = diag(λ1, λ2,...,λn). A equação (1) equivale a: A = PDP–1 (2) Suponhamos que precisemos calcular A2 .Pela equação (2) : A2 = (PDP–1)( PDP–1) = PD(P–1 P)DP–1 = PDIDP–1 = PD2P–1 A2=PD2P–1 (3) Logo para calcular Ak, onde k é um inteiro positivo, devemos fazer: Ak=PDkP–1 (4) Esta equação, que é válida para uma matriz A diagonalizável, expressa a k-ésima potência de A em termos das k-ésimas potências de D, portanto, sendo mais fácil de calcular, pois sendo D uma matriz diagonal, então Dk= diag( k1λ , k 2λ ,..., k nλ ). Por exemplo, se D= 200 020 001 , então D4 = 4 4 4 200 020 001 . Exemplo 1. Usar a fórmula (4) para calcular a potência A13 da matriz diagonalizável A = − 301 121 200 . Solução: como vimos, uma matriz que diagonaliza a matriz A é P = −− 011 101 012 . A inversa de P é P–1 = −− 111 201 101 e D = P–1AP= 200 020 001 . Assim: 65 A13=PD13P–1= −− 011 101 012 13 13 13 200 020 001 −− 111 201 101 = −− 1638308191 819181929191 1638208190 Para calcular A2 = A*A, por definição, é necessário efetuar 3 multiplicações e 2 adições no cálculo de cada elemento do produto, isto é, 5 operações. Assim, para calcular 9 elementos, são necessárias 45 operações aritméticas. Logo, para calcular A13 = A*A*...*A, são necessárias 12*45= 540 operações. Pela fórmula (4), foram necessárias 3 operações de potenciação com expoente 13, que equivalem a 36 operações de multiplicação, além da multiplicação da matriz diagonal por P–1, e deste resultado por P. No total, foram necessárias 36 + 90 = 126 operações aritméticas, ou seja, uma redução de 77% do esforço computacional. Além disto, a multiplicação por uma matriz diagonal é mais simples, pois muitos de seus elementos são zeros: 13 13 13 200 020 001 −− 111 201 101 = −− 131313 1413 222 202 101 . Além disto, é possível realizar os cálculos ‘no braço’. 66 Capítulo 11. Fatoração LU Na aula anterior, vimos que, de acordo com o Teorema de Cramer, um sistema Ax= b, nxn, possui solução única se ∆=det(A)≠ 0; neste caso, a solução é dada por xi = ∆ ∆ ix , onde ∆ = det(A) e ∆xi é o determinante da matriz obtida pela substituição da i-ésima coluna de A, pelos valores do vetor-coluna b, para cada i =1,...,n. Porém, esta forma de calcular a solução é muito dispendiosa, pois exige o cálculo de (n+1) determinantes de ordem n. Uma técnica utilizada no cálculo da solução é baseada na decomposição ou fatoração LU da matriz A. Isto é, consiste em escrever A = LU onde L é triangular inferior ( matriz tal que Lij = 0, se i < j ) e U é triangular superior ( matriz Uij = 0, se i > j ) . Objetivo: resolver o sistema Ax = b, usando a fatoração A=LU. Passo 1. Reescrever Ax = b como LUx = b. Passo 2. Definir uma nova incógnita y por Ux = y; o sistema Ax=b fica igual a Ly=b. Passo 3. Resolver o sistema Ly = b, na incógnita y. Passo 4. Resolver o sistema Ux = y. Este procedimento de resolução é conhecido como método da decomposição LU. Exemplo 1. Verificar a igualdade: −− 294 083 262 = − − 734 013 002 100 310 131 A = L U e usar este resultado para resolver o sistema −− 294 083 262 3 2 1 x x x = 3 2 2 A x = b Solução : definimos L = − − 734 013 002 e U = 100 310 131 . Multiplicando estas matrizes, obtemos : 67 LU= − − 734 013 002 100 310 131 = ⋅+⋅−+⋅⋅+⋅−+⋅⋅+⋅−+⋅ ⋅+⋅+⋅−⋅+⋅+⋅−⋅+⋅+⋅− ⋅+⋅+⋅⋅+⋅+⋅⋅+⋅+⋅ 173)3(14071)3(34070)3(14 103113001133000113 103012001032000012 = −− 294 083 262 = A Isto é, A = LU, ou −− 294 083 262 = − − 734 013 002 100 310 131 A = L U Temos, então: − − 734 013 002 100 310 131 3 2 1 x x x = 3 2 2 L U x = b Definimos o sistema do passo 2: 100 310 131 3 2 1 x x x = 3 2 1 y y y U x = y onde − − 734 013 002 3 2 1 y y y = 3 2 2 L y = b ou equivalentemente : 2y1 = 2 –3y1 + y2 = 2 4y1 – 3y2 + 7y3 = 3 cuja solução é y1 = 1 ; y2 = 5 ; y3 = 2. Resolvemos agora U x = y , isto é: 100 310 131 3 2 1 x x x = 2 5 1 ou : x1 + 3x2 + x3 = 1 x2 + 3x3 = 5 x3 = 2 Resolvendo este sistema por retrossubstituição, obtemos: x3 = 2 , x2 = – 1, x1 = 2 . 68 Conclusão: a solução do sistema −− 294 083 262 3 2 1 x x x = 3 2 2 é x3 = 2, x2 = – 1, x1 = 2. Em notação usual, o sistema dado é 2x1 + 6x2 + 2x3 = 2 –3x1 – 8x2 = 2 4x1 + 9x2 + 2x3 = 3 Verificação: A solução é x1 = 2 , x2 = – 1, x3 = 2 , pois 2*2 + 6*(–1)+2*2= 4–6+4=2 –3*2 – 8*(–1) = –6 + 8 = 2 4*2 + 9*(–1)+2*2 = 8 – 9 + 4 = 3 Em notação matricial, a solução é x = − 2 1 2 . Exemplo 2. Resolução do sistema −− 11 82 2 1 x x = − − 2 2 . Temos A= −− 11 82 e b = − − 2 2 . Note que este sistema equivale a −=−− −=+ 2xx 2x8x2 21 21 . Solução no Matlab: definimos a matriz A = −− 11 82 no Matlab e depois fazemos: >> [L,U]=lu(A) L = 1.0000 0 –0.5000 1.0000 U = 2 8 0 3 Então : A = −− 11 82 = − 15.0 01 30 82 A = L U Resolvemos o sistema Ly = b − 15.0 01 2 1 y y = − − 2 2 69 No Matlab, usando o comando y = L\b, resulta y = 2 1 y y = − − 3 2 . Resolvemos no Matlab o sistema Ux = y : 30 82 2 1 x x = − − 3 2 No Matlab, a solução é obtida pelo comando x = U\y: x = 2 1 x x = −1 3 Conclusão: a solução do sistema −− 11 82 2 1 x x = − − 2 2 é 2 1 x x = −1 3 . Verificação : −− 11 82 −1 3 = −⋅−+⋅− −⋅+⋅ )1()1(3)1( )1(832 = − − 2 2 O comando lu tem duas opções no Matlab. A opção [l,u]=lu(A) apresenta uma matriz L que sofre permutações e não tem, em geral, o formato triangular inferior. A opção [l,u,p]=lu(A) apresenta a matriz L como matriz triangular inferior, a matriz U como triangular superior e a matriz de permutação P tal que A = P–1LU, ou seja, PA = LU. Deste modo, se usarmos a opção [l,u,p] do comando, para resolver o sistema Ax=b, devemos multiplicar o vetor b por P. Em alguns casos, a matriz P é a matriz identidade, o que não altera o vetor b. Para resolver o sistema Ax = b, usando o comando [L,U,P]=lu(A), devemos seguir os seguintes passos: 1) Definir a matriz A e o vetor b; 2) Usar o comando [L,U,P]=lu(A) ; 3) Definir o vetor b1=P*b ; 4) Calcular y = L\b1 . 5) Calcular x = U\y. A solução do sistema Ax = b é o vetor x, obtido no passo 5. 70 Exercícios. Resolver os sistemas abaixo, usando a fatoração LU da matriz dos coeficientes do sistema. Apresentar as matrizes L,U,P, os vetores y e x. Na solução apresentada abaixo, foi usada a opção [l,u,p] do comando lu. 1. =+− =− 1x5x2 0x6x3 21 21 2. −=+− =+ =− 7x2x10x2 5x3x 1x3x 321 32 21 3. =+ =+− −=+−+ =+− 7x5x 3x2x 1x6x2x3x2 5xx 43 32 4321 31 Respostas dos exercícios: 1. Fatoração LU − − 52 63 = − 13/2 01 − 10 63 ; b= 1 0 A = L U y = L\b = 1 0 ; x = U\y = 1 2 é a solução do sistema. De fato: 3*2 – 6*1 = 0 –2*2 + 5*1 = 1 2. Fatoração LU − − 2102 310 031 = 15.00 015.0 001 − − 5.300 120 2102 ; A = L U P = 010 001 100 ; b= − 7 5 1 ; b1 = P*b= − 5 1 7 y = L\b1 = − 75.2 5.4 7 ; x = U\y = 7857.0 6429.2 9286.8 . Verificação: a cargo do leitor. 71 3. Fatoração LU − − − 5100 0210 6232 0101 = − − 15.000 016667.00 0015.0 0001 − 4000 2200 305.10 6232 ; A = L U P= 1000 0100 0001 0010 ( Esta matriz permuta as linhas 1 e 2 , mantendo as linhas 3 e 4) b= − 7 3 1 5 ; b1 = P*b = − 7 3 5 1 ; y = L\b1 = − 4 6 5.4 1 ; x = U\y = − 1 2 1 3 . Verificação: a cargo do leitor. 72 Capítulo 12. Decomposição em valores singulares Se A é uma matriz quadrada nxn de posto k ( isto é, tem k linhas linearmente independentes ), então A tem uma decomposição em valores singulares A = USVT, na qual: a) V= [ v1 ,v2 ,...,vn] diagonaliza a matriz A TA. b) As entradas não-nulas de S são σ1= 1λ , σ2= 2λ ,..., σn= nλ , onde λ1,λ2,...λn são os autovalores de ATA associados aos vetores-coluna de V. c) Os vetores-coluna de V são ordenados de tal modo que σ1 ≥ σ2 ≥ ... ≥ σn > 0. Os valores σ1 , σ2 ,... , σn são os valores singulares de A. d) ui = i i Av 1 σ , i=1,2,...,k e) [ u1,u2,..., uk ] é uma base ortonormal do espaço gerado pelas colunas de A. f) [ u1,u2,..., uk, uk+1,...,un ] é uma extensão de a uma base ortonormal de R n. OBSERVAÇÃO: No caso especial em que det(A) é diferente de zero, então o número de linhas LI de A é igual a n. Assim, não há zeros na diagonal de S. Neste caso, k = n e não é necessária a extensão mencionada no item f. Exemplo 2. Encontre a decomposição em valores singulares da matriz A = 30 23 . Solução: o primeiro passo é encontrar os autovalores da matriz ATA= 32 03 30 23 = 732 323 . No Matlab: >> A=[ sqrt(3) 2; 0 sqrt(3)]; >> A′ %calcula a matriz transposta de A ans = 1.7321 0 2 1.7321 >> aux=A′*A % calcula o produto ATA >> aux = 73 3.0000 3.4641 3.4641 7.0000 >> poly(aux) % calcula o polinômio característico de ATA ans = 1 –10 9 O polinômio característico de ATA é p(λ) = λ2 – 10λ + 9. Calculamos os autovalores e autovetores de ATA no Matlab : >> [m,n]=eig(aux) m= – 0.8660 0.5000 0.5000 0.8660 n = 1 0 0 9 Os autovalores de ATA são λ1= 1 e λ2 = 9, com autovetores dados pelas colunas da matriz m: v1 = − 5000.0 8660.0 e v2 = 8660.0 5000.0 >> v1=m(:,2); v2=m(:,1); Os valores singulares de A são σ1= 1λ = 1 = 1 e σ2= 2λ = 9 = 3. No Matlab: >>sigma=sqrt(diag(n)) sigma = 1 3 Os vetores u1 e u2 podem ser calculados pelas fórmulas abaixo: u1 = 1 1 Av 1 σ = 1 1 30 23 − 5000.0 8660.0 = − 8660.0 5000.0 , u2 = 2 2 Av 1 σ = 3 1 30 23 8660.0 5000.0 = 5000.0 8660.0 No Matlab: >> u1=1/sigma(1)*A*v1; u2=1/sigma(2)*A*v2; >> U=[u1,u2] U = – 0.5000 0.8660 0.8660 0.5000 >> V=[v1,v2] 74 V = –0.8660 0.5000 0.5000 0.8660 e portanto: U = [ u1, u2] = − 5000.08660.0 8660.05000.0 e V =[v1,v2]= − 8660.05000.0 5000.08660.0 A matriz S é uma matriz diagonal dada pelos valores singulares: S= σ σ 2 1 0 0 . No Matlab, como a matriz A é 2x2, fazemos um for com 2 voltas: >> for i=1:2 S(i,i)=sigma(i); end >>S S = 1 0 0 3 Conclusão: a decomposição em valores singulares de A é 30 23 = − 5000.08660.0 8660.05000.0 30 01 − 8660.05000.0 5000.08660.0 A = U S VT Observação: neste exemplo VT = V, mas isto não ocorre de modo geral. Exercícios. 1. Efetuar a decomposição em autovalores A = PDP–1 para a matriz A = 422 242 224 . 2. Use o resultado obtido no item A para calcular a potência A4. 3. Seja M = − 300 030 202 . Use a diagonalização de M para calcular M6. 4. Efetuar a decomposição em valores singulares da matriz − 22 21 . 5. Efetuar a decomposição em valores singulares da matriz A= 40 64 . Verifique no Matlab a igualdade A= USVT. 75 6. Efetuar a decomposição em valores singulares da matriz A= 300 012 021 . Verifique no Matlab a igualdade A= USVT. Respostas dos exercícios: 1. A diagonalização de A= 422 242 224 é − − 5774.05774.05774.0 07071.07071.0 8165.04082.04082.0 422 242 224 − − 5774.008165.0 5774.07071.04082.0 5774.07071.04082.0 = 800 020 002 P–1 A P = D Isto é, P–1AP = D, onde D = 800 020 002 . 2.A4=PD4P–1= − − 5774.008165.0 5774.07071.04082.0 5774.07071.04082.0 4 4 4 800 020 002 − − 5774.05774.05774.0 07071.07071.0 8165.04082.04082.0 A4= 137613601360 136013761360 136013601376 3. M= − 300 030 202 . A diagonalização de M é − 300 030 202 = − 4472.000 010 8944.001 300 030 002 2361.200 010 0000.201 =PDP–1. Logo, M = P D P–1 M6 = PD6P–1= − 4472.000 010 8944.001 6 6 6 300 030 002 2361.200 010 0000.201 = − 72900 07290 1330064 76 4. A decomposição em valores singulares da matriz − 22 21 é − 22 21 = −− − 4472.08944.0 8944.04472.0 20 03 − −− 4472.08944.0 8944.04472.0 = U S VT . 5. A decomposição em valores singulares da matriz A= 40 64 é 40 64 = − 8944.04472.0 4472.08944.0 20 08 − 4472.08944.0 8944.04472.0 = U S VT 6. A decomposição em valores singulares da matriz A= 300 012 021 é 300 012 021 = − −− 001 7071.07071.00 7071.07071.00 100 030 003 − −− 07071.07071.0 07071.07071.0 100 A = U S VT 77 Referências: 1. Noble, Ben. Applied Applied linear algebra. 3. ed. Englewood Cliffs: Prentice- Hall, 1981. 521 p. 2. Boldrini, Jose Luis. Álgebra linear. 3. ed. São Paulo : Harbra, 1986. 411 p. 3. Claudio, Dalcidio Moraes. Cálculo numérico computacional: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 464 p. 4. Barroso, Leônidas et. al. Cálculo numérico ( com aplicações ). 2. ed. São Paulo: Harbra, c. 1987. 367 p. 5. Anton, Howard. Álgebra linear: com aplicações. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 572 p. Nos links abaixo, você encontra programas que “simulam” o Matlab e são programas livres : http://freemat.sourceforge.net/download.html http://www.scilab.org/ Links para manuais do Matlab: http://www.mat.ufmg.br/~regi/topicos/intmatl.html http://www.del.ufms.br/tutoriais/matlab/apresentacao.htm