Prévia do material em texto
RISCOS: CONCEITUAÇÃO, EVOLUAÇÃO HISTÓRICA E NATUREZA GERÊNCIA E INSPEÇÃO DE RISCOS CONCEITUAÇÃOS Perigo (definição da BS 8800, hazard): fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente, ou uma combinação destes. Risco (definição da BS 8800, risk): combinação da probabilidade de ocorrências e da consequência de um determinado evento perigoso. NORMAS BS 8800: É uma norma sobre Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho publicada em maio de 1996, estruturada e de responsabilidade do órgão britânico de Normas Técnicas denominado British Standards, e cuja base é a forma de implantação de um sistema de gerenciamento relativo à Segurança do Trabalho. NORMAS OHSAS 18001: consiste em uma série de normas britânicas para orientação de formação de um Sistema de Gestão e certificação da Segurança e Saúde Ocupacionais (SSO). É uma ferramenta que fornece orientações sobre as quais uma organização pode implantar e ser avaliada, com relação aos procedimentos de saúde e segurança do trabalho. NORMAS OHSAS é uma sigla em inglês para Occupational Health and Safety Assessment Services, cuja melhor tradução é Série de Avaliação da Segurança e Saúde no Trabalho. O sistema de gestão proposto pela OHSAS pode ser integrado aos sistemas de gerenciamento ambiental e também aos sistemas de qualidade, mas sua funcionalidade independe dos outros. NORMAS ISO 9000: um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da qualidade para organizações em geral, qualquer que seja o seu tipo ou dimensão. A adoção das normas ISO é vantajosa para as organizações uma vez que lhes confere maior organização, produtividade e credibilidade, aumentando a sua competitividade nos mercados nacional e internacional. NORMAS Os processos organizacionais necessitam ser verificados através de auditorias externas independentes. A sigla ISO significa International Organization for Standardization, ou seja, Organização Internacional de Normalização. Ela é uma organização não governamental presente em cerca de 120 países, fundada em 1947 em Genebra, e sua função é promover a normalização de produtos e serviços. CONCEITUAÇÃOS Identificamos PERIGOS; Avaliamos RISCOS. Se falamos em PERIGOS, denotamos que apenas identificamos condições com potencial para causar danos. Se alguém se manifesta em termos de RISCO, indica que, de alguma forma, já foram avaliadas consequências e probabilidade de ocorrência do evento gerador de danos. CONCEITUAÇÃOS Exemplo simples: um leão preso em uma jaula. Enquanto a fechadura da jaula se mantiver íntegra e as pessoas respeitarem a distância segura definida pela cerca de isolação, o risco para se concretizar um acidente é mínimo, mas o perigo intrínseco representado pelo leão se mantém presente. CONCEITUAÇÃOS Exemplo simples: um leão preso em uma jaula. No entanto, se a manutenção da fechadura é deficiente e a mesma falha em travar, ou se alguém aproximar-se da jaula, o risco de ocorrência de um acidente tornar-se-á altíssimo, para aquele mesmo perigo. CONCEITUAÇÃOS Situações de risco não são exclusividades dos tempos atuais, ao contrário, os seres humanos sempre tiverem que se defrontar com ocorrências que punham a sua própria vida em riscos. Algumas destas situações lhes eram impostas pela própria natureza, tais como terremotos e as ameaças representadas por animais selvagens, enquanto outras surgiam como decorrência das atividades humanas, como as guerras entre tribos e povos, e a navegação. CONCEITUAÇÃOS À medida que o processo de industrialização foi se desenvolvendo, os riscos relacionados às atividades produtivas passaram a ficar mais próximos da população em geral, deixando de ficar restritos apenas aquelas pessoas diretamente ligadas à produção. Ex: explosões, acidentes ambientais, ... CONCEITUAÇÃOS Podemos relacionar os conceitos de perigo e de risco pela seguinte razão: Risco=Perigo/salvaguardas Onde: para um dado perigo podemos sempre reduzir o risco aumentando as salvaguardas (meios p/ mitigar os riscos: proteção, treinamento, manutenção preventiva, etc.); a única forma de eliminação total de um risco é por meio da supressão da fonte de risco (perigo). EXEMPLO O simples fato de instalarmos uma esfera de GLP (gás liquefeito de petróleo – fogões e veículos) em uma Unidade de Processamento de Gás Natural, já se constitui em um perigo para as pessoas, dado à característica de inflamabilidade do GLP. Poderíamos minimizar os riscos através de um projeto e montagem criteriosos, obedecendo-se às normas pertinentes, instalando sensores de detecção de gás e de incêndio, prevendo válvulas de alívio de pressão e várias outras medidas. Porém, por mais que investíssemos em salvaguardas, o risco jamais seria nulo - isto só ocorreria se a esfera não fosse instalada. CONCEITUAÇÃOS De forma quantitativa, o risco de um acidente pode ser definido pela seguinte correlação: Risco = f { frequênciacenário , consequências } O cenário de um acidente descreve a sequência completa de ocorrência do mesmo, desde a causa básica (ou evento iniciador), sua evolução (que depende do sucesso ou falha das salvaguardas) até se configurar as consequências. CONCEITUAÇÃOS A frequência do cenário é, pois, a frequência esperada para se configurar o acidente, em toda a sua extensão. Às consequências indesejadas podem ser expressas em número de mortes, ferimentos, doenças etc. Também podem ser expressas em unidades monetárias (custo das perdas materiais), quando se desejar estimar os riscos econômicos. Mais recentemente foram inseridas nessa relação às consequências relativas aos impactos ambientais. EXEMPLO Para ilustrar melhor esta correlação, comparemos o risco de viajar de avião com o risco de viajar de ônibus. Intuitivamente, muitas pessoas são levadas a crer que o avião é menos seguro, devido ao fato das consequências de um acidente de avião são, em geral, muito severas (ocorrências até superiores a cem fatalidades, sendo relativamente comum não haver sobreviventes). Já os acidentes com ônibus, geram bem menos vítimas fatais (da ordem de unidades ou, no máximo, poucas dezenas). EXEMPLO Psicologicamente, temos uma tendência a olharmos apenas para o componente "consequências" do risco, e esquecemo-nos de avaliar o outro componente, a frequência de ocorrência do acidente. Este tipo de comportamento - o impacto psicológico que nos causa acidente de grandes proporções, mesmo que sejam pouco frequentes - é conhecido como "aversão ao risco". Apesar de apresentar consequências muito mais severas, acidentes com aviões ocorrem com frequência bem inferior a daqueles com ônibus, a ponto de o risco de viajar de avião ser bem inferior ao risco de viajar de ônibus. QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS Risco Social: Alguns acidentes têm potencial para atingir um grande número de pessoas. O risco social é uma forma de se estimar o nível de risco a que está exposto todo um grupo de pessoas, aos efeitos de um acidente. O risco social é resultado do produto entre a magnitude dos danos que podemser causados sobre a comunidade como um todo e as frequências esperadas dos acidentes capazes de provocar estes danos. QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS Ou seja, para um dado cenário de acidente: Risco Social = frequênciacenário x Consequênciascenário E, considerando todos os riscos associados à instalação, podemos calcular o que se chama de risco social médio, a somatória de todos os riscos sociais para cada cenário considerado: Risco Social Médio =∑i fi X Ci QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS Onde: fi é a frequência esperada de ocorrência de cada i-ésimo cenário e Ci equivale à magnitude das consequências caso este cenário venha a se configurar. Este indicador, o risco social médio, foi muito utilizado aplicado até alguns anos atrás. QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS Atualmente, os riscos sociais são expressos em gráficos chamados de curvas F-N (Frequência - Número de vítimas), que fornecem mais informações do que aquelas contidas no risco social médio, um parâmetro global. Estas curvas relacionam a frequência esperada de acidentes (normalmente expressa em ocorrências / ano) para um dado número de vítimas, maior ou igual ao valor considerado, conforme mostrado na Figura 1.1. QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS As curvas F-N nos permitem visualizar, de uma só vez, todo o espectro dos riscos sociais da instalação, notadamente os acidentes de grandes proporções, que causam grande impacto psicológico (avião versus ônibus). Porém, em certas ocasiões, uma planta pode ter seus riscos sociais dentro de faixas consideradas aceitáveis, mas pode ocorrer de que o nível de risco a que esteja exposto um determinado indivíduo esteja muito elevado. Para se avaliar este aspecto, foi criado o conceito de risco individual. QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS Risco Individual: frequência esperada (tipicamente expressa numa base anual) de que um indivíduo situado em uma determinada posição (nas imediações de uma Indústria de Processos Químicos) venha a sofrer certo nível de dano (morte, ferimento, perda econômica, inconveniência etc.) em decorrência de acidentes na instalação analisada. Risco individual = Risco Social / Nº Indivíduos Expostos QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS Em outras palavras, o risco individual é o risco social para apenas um indivíduo (N=1). Exemplo: Se, em uma estrada, ocorrem 100 acidentes por ano (f = 100 acidentes / ano), e se ocorre, em média, 1 morte a cada 10 acidentes (C = 0,1 morte / acidente), então, o Risco Social Médio nesta estrada é: Risco Social Médio = f x C = 100 (acid./ano) x 0,1 (morte/acid.) = 10 mortes /ano QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS Por outro lado, se transitam pela estrada 100.000 pessoas, durante o período considerado (número de indivíduos exposto ao risco), o Risco Individual para cada pessoa é: Risco Individual = risco social / nº de indivíduos expostos = 10 (mortes/ano) / 100.000 (pessoas) = 10-4 (mortes/pessoa/ano) A Tabela 1.2 nos dá uma idéia da ordem de grandeza de alguns riscos individuais a que estamos expostos (voluntários e involuntários). QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS A FAR (Fatal Accidental Rate - Taxa de Acidentes Fatais) é um índice também muito utilizado e corresponde ao número de mortes a cada 100 milhões de horas de exposição ao risco. FAR = [(N° de mortes) x HHER] / 108 hora HHER é o nº de homens-hora de exposição ao risco. O valor de 108 horas equivale, aproximadamente, ao número total de horas trabalhadas por um grupo de 1.000 trabalhadores em 40 anos. QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS A FAR pode ser facilmente convertida para risco individual (/ano) de um determinado trabalhador pela expressão a seguir: Risco Individual = FAR x (Htrab) / (108) Htrab é o número de horas trabalhadas por ano para aquele trabalhador. CONCEITUAÇÃOS Incidente: Evento não planejado que tem o potencial de levar a um acidente. Acidente: Evento não planejado que resulta em morte, doença, lesão, dano ou outra perda. CONCEITUAÇÃOS Gerência de Riscos: é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos humanos e materiais de uma organização, no sentido de minimizar os efeitos dos riscos sobre essa organização ao mínimo possível. É um conjunto de técnicas que visa reduzir ao mínimo os efeitos das perdas acidentais, enfocando o tratamento aos riscos que possam causar danos pessoais, ao meio ambiente e à imagem da empresa. CONCEITUAÇÃOS Identificação de Perigos Análise de Riscos Avaliação de Riscos Tratamento de Riscos Gerência de Riscos CONCEITUAÇÃOS Perigo Risco Acidente Danos GERÊNCIA DE RISCOS Abordagem Tradicional - a segurança operacional de instalações industriais era considerada uma atribuição específica de uma determinada gerência da unidade, a qual deveria prevenir e minimizar a ocorrência de acidentes. Na época, a prevenção de acidentes era entendida como a minimização dos acidentes com perda de tempo, os quais apenas eram acompanhados por indicadores. GERÊNCIA DE RISCOS Abordagem Tradicional - indicadores: taxa de frequência de acidentes com afastamento, que permitiam comparar o desempenho de uma empresa com outras que possuíam um padrão de excelência na gestão de segurança. Este acompanhamento é necessário - tanto que é realizado ainda hoje em dia -, mas não é suficiente para manter os riscos dentro de níveis aceitáveis. GERÊNCIA DE RISCOS Abordagem Atual - visa identificar todos os possíveis eventos iniciadores de acidentes que possam vir a ocorrer na planta, e propor medidas mitigadoras eficazes para tornar remota a sua probabilidade de ocorrência. Fazendo um contraponto à antiga forma de tratar a função segurança, atualmente a mesma é vista com uma responsabilidade de todos os empregados da empresa, desde a alta gerência até quem executa a operação ou atividade. GERÊNCIA DE RISCOS Abordagem Atual – passou-se a pensar em: 1. O que pode acontecer de errado? 2. Com que frequência isto pode ocorrer? 3. Quais são as consequências? 4. De que forma podemos reduzir os riscos? EXERCÍCIO 1. Diferencie Risco de Perigo. 2. Conceitue Acidente e Incidente. 3. Explique o que é gerenciamento de riscos. 4. Qual o objetivo da gerência de riscos? 5. Descreva o significado das siglas: ISO, OSHAS, NBR, NR´s e BS. EXERCÍCIO 6. Qual a diferença no gerenciamento de riscos entre o método tradicional e o atual ? 7. Calcule o risco médio social da seguinte situação: em uma estrada, ocorrem 500 acidentes por ano e ocorre, em média, 1 morte a cada 50 acidentes. 8. Calcule o risco individual da situação descrita no item anterior (7): transitam pela estrada 200.000 pessoas, durante o período de um ano. HISTÓRICO No passado as plantas de processo eram de dimensões reduzidas, processavam pequenos inventários de produtos perigosos e utilizavam tecnologias simples. Os acidentes geravam impactos menores Aceleração do processo de industrialização. Até 1970 a SST era uma questão interna nas indústrias. Resultou HISTÓRICO Crescimento de Problemas Ambientais e de Segurança Empregados Comunidade Com o aumento da industrialização favoreceua ocorrência de acidentes catastróficos (Ver Tabela). HISTÓRICO BLEVE são as iniciais de "Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion" ou explosão do vapor expandido pelo líquido em ebulição. Trata-se de um fenômeno físico, pouco comum atualmente, resultante da liberação repentina de um líquido mantido a uma temperatura acima do seu ponto de ebulição a pressão atmosférica (líquido superaquecido). Em outras palavras, o BLEVE é o fenômeno de explosão de um tanque com projeção de fragmentos. HISTÓRICO Como resposta ao aumento do número e da severidade dos acidentes, houve uma progressiva conscientização e mobilização por parte da sociedade, levando à elaboração de diversas leis, normas e regulamentações específicas relacionadas com a mitigação dos riscos industriais. HISTÓRICO Os conceitos confiabilidade de sistemas e de risco, originários das normas militares americanas, nos anos 70, passaram a ser aplicados na indústria nuclear e, posteriormente, nas de processo químico, como ferramentas para a prevenção de acidentes ampliados. HISTÓRICO Da sua parte, a indústria passou a criar diversas técnicas de análise e gerenciamento dos riscos inerentes aos seus processos, visando a sua identificação, avaliação e controle, e, consequentemente, minimizar as perdas econômicas, aumentar a segurança dos empregados e comunidades vizinhas e reduzir os impactos ambientais. Ao mesmo tempo, satisfazia às novas exigências legais e normativas e melhorava a sua imagem perante os seus consumidores.