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[050720144524]TEORIA_GERAL_PROCESSO

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EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 1 
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rsidade do Tocan ti ns
Universidade do Tocantins - UNITINS
Teoria Geral 
do Processo
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
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EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
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1ºPERÍODO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALMAS-TO/ 2005 
 
 
 
 
TEORIA GERAL DO PROCESSO 
Angela Issa Haonat 
Rosa Maria Leite 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
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LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
Art. - Artigo 
CC - Código Civil 
CDC - Código de Defesa do Consumidor 
CF - Constituição Federal 
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho 
CP - Código Penal 
CPC - Código de Processo Civil 
CPP - Código de Processo Penal 
Des. - Desembargador 
JEC - Juizado Especial Cível 
LICC - Lei de Introdução do Código Civil 
MP - Ministério Público 
OAB - Ordem dos Advogados do Brasil 
STJ - superior Tribunal de Justiça 
STF - Supremo Tribunal Federal 
TRF - Tribunal Federal de Recursos 
TJ - Tribunal de Justiça 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
 
 
Pode se dizer que a Teoria Geral do Processo funciona como o 
instrumento responsável pelo vínculo entre os valores vigentes na sociedade 
e os valores dispostos na norma jurídica. 
 
Então é desnecessário reafirmar sua importância para o estudo de 
direito, seja em seu aspecto formal ou material. Por assim dizer, não basta 
conhecer o direito material, mas é preciso conhecer e saber como usá-lo. 
Assim, a Teoria Geral do Processo, da forma que será apresentada, 
abrangerá o estudo das disciplinas de direito processual, no âmbito civil e 
penal, que serão estudadas à luz da Constituição Federal. 
 
Desse modo, a disciplina visa garantir um sustentáculo teórico a você, 
que no caso específico do Curso, lida diariamente com os aspectos práticos 
do processo, ampliando seu conhecimento e aparelhando-o para o melhor 
desempenho de suas funções no seu dia a dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PLANO DE ENSINO 
 
CURSO: Fundamentos e Práticas Judiciárias 
DISCIPLINA: Teoria Geral do Processo 
PROFESSORES: Ângela Issa Haonat /Rosa Maria Leite 
ANO/SEMESTRE: 2005/2 
 
 
TEORIA GERAL DO PROCESSO -TGP 
 
 
I – JUSTIFICATIVA 
 
A disciplina Teoria Geral do Processo possibilita um vasto conhecimento em 
torno de temas diversos e atuais e, no estudo da evolução do direito, visto 
como forma de controle social, é possível delinear, de forma clara, 
tendências jurídico-político-ideológicas refletidas na legislação, na doutrina e 
na jurisprudência, propiciando assim um conhecimento profundo e real sobre 
a disciplina estudada, conhecendo um pouco mais de perto as teorias que 
deram origens a institutos como a ação e o processo dentre outros. 
 
 
II - EMENTA 
 
O Estado-Juiz. Categorias jurisdicionais. Da norma processual. Da jurisdição 
e da competência. Do Poder Judiciário. Da organização judiciária do Estado 
do Tocantins. Do Ministério Público. Do Advogado. Da ação. Do processo. 
Do juiz. Das partes. Dos atos processuais. Do processo civil, do processo, 
dos procedimentos e das fases processuais. Do processo penal, do 
processo e dos procedimentos. 
 
III - OBJETIVO 
 
Desenvolver um estudo sistematizado em relação aos institutos e 
instrumentos de direito processual, que envolvem o objeto da Teoria Geral 
do Processo e ao mesmo tempo fomentar nos alunos a necessidade de 
despertar para uma consciência crítica acerca dos pontos controvertidos na 
disciplina. 
 
 
IV – CONTEÚDO 
 
- O homem e a solução dos conflitos em sociedade; 
- Formas de resolução de conflitos. Direito processual ou adjetivo e direito 
substancial ou material; 
- Fundamentos constitucionais e os princípios norteadores do Direito 
processual; 
- Da norma processual; 
-Da jurisdição; 
-Espécies de jurisdição; 
- Do Poder Judiciário; 
- Do Ministério Público. Do Advogado. Dos Auxiliares da Justiça; 
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-Da Organização Judiciária; 
- Da competência. 
 
V - METODOLOGIA 
 
Na primeira aula será feita a apresentação da equipe de professores e da 
disciplina. As aulas serão expositivas. Na medida do possível serão 
utilizados recursos como entrevistas, vídeo - tapes etc. 
 
VI - AVALIAÇÃO 
 
Provas objetivas que serão sempre antecedidas de revisão. 
 
VII - BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo. DINAMARCO, Cândido Rangel. 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
TEMA 01 - O homem e a solução dos conflitos em sociedade ...................07 
 
TEMA 02 - Formas de resolução de conflitos. Direito 
 processual ou adjetivo e direito substancial ou material............13 
TEMA 03 - Fundamentos constitucionais e os princípios 
 norteadores do Direito processual..............................................19 
 
TEMA 04 - Da norma processual..................................................................25 
 
TEMA 05 - Da jurisdição................................................................................32 
 
TEMA 06 - Espécies de jurisdição ................................................................37 
 
TEMA 07 - Do Poder Judiciário......... ...........................................................44 
 
TEMA 08 - O Ministério Público e o Advogado. dos Auxiliares da 
 Justiça..........................................................................................50 
 
TEMA 09 - Da Organização Judiciária..........................................................62 
 
TEMA 10 - Da Competência..........................................................................75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 9 
ubi societas 
ibi jus 
(onde está a 
sociedade, 
está o 
direito) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O HOMEM E A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS 
EM SOCIEDADE 
 
 
Objetivo: Apresentar um panorama sobre a evolução do homem e do 
direito, analisando conceitos básicos ao Direito Processual, como 
necessidade, bem, utilidade, interesse, conflito de interesse, pretensão, 
resistência e lide. 
 
 A solução dos conflitos entre os homens nem sempre se deu da 
forma que conhecemos hoje, seja na via judicial ou extrajudicial. Antes de o 
Estado chamar para si a tarefa de dizer o Direito, o que assistíamos era a 
solução dos conflitos via vingança privada, ou seja, sempre os mais fortes 
vencendo os mais fracos. 
 
Com o passar dos tempos, o Direito aparece como uma das
formas de controle social, com o fim de solucionar os conflitos de maneira 
mais justa. Surge então a importância de se definir os valores protegidos 
pelo Direito e também o que importa de forma específica para a nossa 
disciplina que são os procedimentos que devem ser observados na 
aplicação do Direito ao caso concreto. 
 
1. O Homem e o Direito 
Desde a antiguidade, o homem vê no Direito uma forma de 
instrumento de controle social. Embora, naquele tempo, o homem já 
sofresse igualmente a influência de outros instrumentos de controle social, 
como a moral e a religião. Daí a razão do brocardo jurídico: ubi societas ibi 
ius. 
 
A relação entre a sociedade e o direito encontra-se fundada na 
função de controle que o direito exerce na sociedade em função da sua força 
coativa. Assim, o direito representa a via de compatibilização entre as 
necessidades e os interesses que surgem em decorrência da vida em 
sociedade. 
 
Desta forma, para compreender necessidades e interesses na 
forma que interessam ao direito, são envolvidos na análise alguns conceitos 
básicos, a começar por necessidade, bem, utilidade, interesse, conflito de 
interesses, pretensão, resistência e lide. 
 
TEMA 01
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 10 
CARNELUTTI
Considerado
um dos
maiores
juristas
italiano do
século XX,
nascido em
1879 e
falecido em
1965.
Professor da
Universidade
de Milão.
A palavra necessidade, segundo o dicionário Houaiss, pode ser 
entendida como: 
 
As exigências mínimas para satisfazer condições materiais e 
morais de vida. Ex.: as necessidades básicas de uma família de classe 
média. Ou ainda, carências naturais do organismo humano, como beber, 
comer, dormir etc. 
 
José Eduardo Carreira Alvim (2005, p.2) explica que: 
 
O homem experimenta necessidades as mais 
diversas, sob variados aspectos, e tende a 
proceder de forma a que sejam satisfeitas; que 
desapareça a carência ou se restabeleça o 
equilíbrio perdido. A necessidade decorre do fato 
de que o homem depende de certos elementos, 
não só para sobreviver, como para aperfeiçoar-se 
social, política e culturalmente, pelo que não seria 
errôneo dizer que o homem é um ser dependente. 
 
O que nos remete a dedução, segundo Alvim (2005, p. 3) que as 
necessidades são satisfeitas mediante determinados elementos. Carnelutti 
apud Alvim (2005, p. 3) lecionava que bem é o ente capaz de satisfazer uma 
necessidade. Assim, para o direito, bem deve ser entendido de forma ampla, 
abrangendo tanto os bens materiais como os imateriais. 
 
 
BENS 
MATERIAIS IMATERIAIS 
Água Paz 
Alimento Liberdade 
Vestuário Honra 
Transporte Amor 
 
Visto o que são necessidades e bens, passa-se ao estudo do que 
é utilidade. Para Carnelutti, apud Alvim (2005, p. 3), utilidade é a 
capacidade ou a aptidão de uma coisa (bem) para satisfazer uma 
necessidade. 
 
O autor, porém, faz uma ressalva no sentido de que nem sempre 
que haja utilidade num bem, haverá também um interesse a ele 
compreendido. 
 
Para ilustrar usamos o exemplo de Carnelutti apud Alvim (2005, 
p. 3) para quem o pão sempre será um bem e sempre terá uma utilidade, 
mas não haverá interesse (no pão) para quem não tem fome ou não prevê 
que possa vir a tê-la. 
 
Do significado de necessidade, bens e utilidade chega-se à 
interesse que interessa propriamente ao Direito, quer pela importância, 
como pela discussão doutrinária sobre o tema. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
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Desta forma, a divergência doutrinária existente sobre o melhor 
significado para interesse, pode ser apontada segundo o entendimento de 
Carnelutti e de Ugo Rocco apud Alvim (2005, p. 4). Vamos conferir: 
 
INTERESSE 
CARNELUTTI UGO ROCCO 
O interesse é a posição favorável do 
homem em relação à satisfação de uma 
necessidade. 
Juízo formulado por um sujeito acerca de 
uma necessidade, sobre a utilidade ou 
sobre o valor de um bem, enquanto meio 
para a satisfação dessa necessidade. 
É a relação entre o ente (homem) que 
experimenta a necessidade e o ente 
(bem) apto a satisfazê-la. 
Ato da inteligência, que é dado pela 
representação de um objeto (bem), pela 
representação de uma necessidade e 
pela representação da aptidão do objeto 
(bem) para satisfazer a própria 
necessidade. 
 
Alvim (2005, p. 4) tece suas considerações no sentido de que o 
interesse consiste numa relação, o que pode ser deduzido da própria 
palavra. Esclarece que interesse deriva de quod inter est (que está entre): 
aquele que está entre uma necessidade e um bem apto a satisfazê-la, está 
numa posição que se chama interesse. 
 
Por outro lado, temos que considerar que nem sempre o homem 
estará numa posição de interesse. Pode-se citar como exemplo o fato de 
que se o homem está com fome e possui o alimento à sua disposição, estará 
em uma posição de interesse, o que não ocorrerá na hipótese do homem 
que tem fome e não possui o alimento à sua disposição. 
 
O interesse, no que toca à sua relação com o Direito, pode ser 
classificado num primeiro momento como: 
 
a) Interesse imediato; 
b) Interesse mediato. 
 
INTERESSE 
IMEDIATO MEDIATO 
Quando a situação se presta diretamente 
a satisfação de uma necessidade. 
Quando a situação apenas indiretamente 
presta-se à satisfação de uma 
necessidade, enquanto dela possa 
derivar uma outra situação 
(intermediária), que consegue a 
satisfação da necessidade 
Ex. quem possui o alimento presta-se 
diretamente à satisfação da necessidade 
de alimentar-se. 
Ex.: quem possui dinheiro para adquirir 
alimento, apenas indiretamente 
(mediatamente) se presta à satisfação da 
necessidade de alimentar-se. 
 
 
Outra classificação importa ainda quando se fala em interesses. 
Alvim (2005, p. 5) menciona que o interesse se classifica em: 
 
a) Interesse individual; e 
b) Interesse coletivo. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
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Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
Parágrafo único - A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
Passemos, portanto, a análise desses interesses de acordo com o 
que leciona esse autor. 
 
 
INTERESSE 
INDIVIDUAL COLETIVO 
Caracteriza-se quando existe uma 
situação favorável à satisfação de uma 
necessidade pode determinar-se em 
relação a um só indivíduo, de forma 
isolada. 
Caracteriza-se por uma situação 
favorável à satisfação de uma 
necessidade não pode determinar-se 
senão em relação a vários indivíduos. 
 
Moacir Amaral dos Santos apud Alvim (2005, p. 5) afirma que “no 
interesse individual, a razão está entre o bem e o homem, conforme suas 
necessidades; no interesse coletivo, a razão ainda está entre o bem e o 
homem, mas apreciadas as suas necessidades em relação a necessidades 
idênticas do grupo social.” 
 
 
Por outro lado, não se pode deixar de considerar os interesses 
difusos, assim definidos no art. 81 do Código de Defesa do Consumidor: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, os interesses ou direitos difusos podem ser compreendidos 
como os pertencentes a várias pessoas, que não podem ser 
individualizadas, ou seja, seus titulares são indeterminados, ligados apenas 
por circunstâncias de fato. Como exemplo de interesses difusos temos os 
danos ambientais, a publicidade abusiva etc. 
 
Conflito de Interesses, Pretensão, Resistência e Lide. 
 
Visto
o significado de necessidade, bem, utilidade e interesse são 
necessários tratar dos conceitos de conflito de interesses, pretensão, 
resistência e lide. Trataremos de cada um separadamente. 
 
Alvim (2005, p. 6) ensina que existe conflito de interesses quando 
”a situação favorável à satisfação de uma necessidade exclui, ou limita, a 
situação favorável à satisfação de outra necessidade.” 
 
Sabe-se, porém, que as necessidades do homem aumentam de 
forma ilimitada, enquanto que os bens tornam-se escassos frente a tantas 
necessidades a serem atendidas. Assim, é natural que surjam os conflitos de 
interesses quando o homem não pode satisfazer suas necessidades. 
 
O conflito de necessidade que envolve dois interesses e uma só 
pessoa pode ser chamado de conflito subjetivo. Ocorre quando o indivíduo 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 13 
tem mais de uma necessidade e tem que se decidir por uma delas em 
específico. 
 
Há também o que se pode chamar de conflito intersubjetivo, como 
chamou Carnelutti apud Alvim (2005, p. 6) que é o conflito de interesse que 
envolve duas ou mais pessoas. 
 
CONFLITOS 
CONFLITO SUBJETIVO CONFLITO INTERSUBJETIVO 
• Conflito entre dois interesses de 
um mesmo homem; 
• Em geral não ultrapassa da 
pessoa do próprio sujeito nele 
envolvido. 
 
• Conflito entre interesses de duas 
ou mais pessoas; 
• Tem importância para o Estado 
pelo fato do perigo que representa 
de uma solução violenta, quando 
ambos interessados recorrem à 
força para valer o seu direito. 
 
 
Os conflitos de interesses ocorrem, por assim dizer, quando 
estiver caracterizada a disputa pelos bens considerados limitados, ou ainda, 
sobre o exercício de direitos sobre esses bens, exigindo-se assim, o controle 
e a regulação por parte do Estado, através do Poder Judiciário. 
 
Devemos lembrar que os conflitos ocorrem em sede de interesses: 
 
• Individuais; 
• Coletivos; e 
• Difusos. 
 
Instalado o conflito de interesses entre as partes, chega-se ao que 
a doutrina tradicional denominou de lide. Passamos então, ao conceito de 
lide. Carnelutti apud Alvim (2005, p. 10), ao tratar de lide, leciona que lide é 
o conflito de interesses, qualificado pela pretensão de um dos interessados e 
pela resistência do outro. 
 
LIDE 
conflito de interesses, qualificado por uma pretensão resistida 
(discutida) ou insatisfeita. 
 
Ainda sob o que ensina Alvim (2005, 10/11), a lide compõe-se de 
um elemento material e um elemento formal. Como elemento material da lide 
temos o próprio conflito de interesses e como elemento formal temos a 
pretensão e a resistência, também chamada de oposição. 
 
ELEMENTOS DA LIDE 
ELEMENTO MATERIAL ELEMENTOS FORMAIS 
 
• Conflito de Interesse 
 
• Pretensão 
• Resistência 
 
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Assim, a lide é o próprio conflito de interesses, que pode ser 
representada, de um lado, por uma pessoa que formula uma pretensão 
contra outra pessoa, que irá a esta opor uma resistência. 
 
Contudo, não se pode deixar de ressaltar o conceito de lide, em 
que Carnelutti construiu o seu sistema, como nos ensina Alvim (2005, p. 11) 
é bastante controvertido. Desse modo, dentre as críticas que se faz ao 
conceito de Carnelutti encontra-se a de que “todo processo pressupõe uma 
lide, mas nem toda lide desemboca, necessariamente, num processo; o 
conceito seria, assim, mais sociológico que jurídico.” 
 
 
 
Atividades 
 
Exercícios de fixação do conteúdo 
 
1. Responda em breves linhas em que consiste os interesses mediatos e 
imediatos. 
 
2. No seu ponto de vista o que caracteriza os interesses individuais, 
coletivos e difusos? 
 
3. Quais os elementos formadores da lide? Como eles podem ser 
classificados? 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
Leitura Complementar 
 
CARNELUTTI, Fancesco. A arte do Direito. 4 ed. São Paulo: Bookseller. 
2005. 
 
 
 
 
 
 
 
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FORMAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS. DIREITO 
PROCESSUAL OU ADJETIVO E DIREITO SUBSTANCIAL OU 
MATERIAL 
 
OBJETIVOS: 
Analisar as formas de resolução dos conflitos como a autotutela, a 
autocomposição e o processo. 
Traçar um paralelo entre o Direito Processual e o Direito Material. 
 
Na primeira aula estudamos o significado de necessidade, bem, 
utilidade, interesse, conflito de interesses, pretensão e lide. A compreensão 
destes conceitos é essencial para a analise das formas de resolução de 
conflitos que será nosso objeto de estudo desta aula. 
 
Das formas de solução dos conflitos 
 
É importante ressaltar que num primeiro momento não existia a 
figura do Estado a regular os conflitos existentes em sociedade. Pode-se 
considerar que nesse tempo imperava a vingança privada. 
 
A vingança privada era caracterizada principalmente pelo uso da 
força, em que o grupo dos mais fracos acabava dizimado pelo grupo dos 
mais fortes. Com o passar do tempo, o Estado chama para si a tarefa de 
dizer o Direito, ou seja, o Estado passou a controlar os conflitos que 
aconteciam em sociedade. 
 
Assim, num primeiro momento, nós estivemos regulando os 
conflitos do homem, o que se chamou de autotutela, também chamada de 
autodefesa e caracterizada, conforme nos ensina Ada Pellegrini Grinover et 
al (2005, p. 21), por dois aspectos: (i) a ausência de juiz distinto das partes; 
e (ii) imposição da decisão por uma das partes à outra. 
 
Alvim (2005, p.13) ao falar sobre a autodefesa leciona que 
 
Esta forma de resolução dos conflitos é apontada como a 
mais primitiva, quando ainda não existia, acima dos 
indivíduos, uma autoridade capaz de decidir e impor sua 
decisão aos contendores, pelo que o único meio de defesa 
do indivíduo (ou do grupo) era o emprego da força material 
ou força bruta contra o adversário para vencer sua 
resistência. 
TEMA 02 
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 16 
AUTOTUTELA 
• Ausência de juiz distinto das partes; 
• Imposição da decisão por uma das partes à outra. 
 
 
 
 
 
Em resumo, como narra Alvim (2005, p. 13), não existia na 
época uma noção clara de individualidade da culpa. Assim, a ofensa a um 
integrante de determinado grupo era o mesmo que agredir todos os 
integrantes deste grupo. 
 
 Ressalta ainda o referido autor (2005, p. 14) que os Estados 
modernos reconhecem que em determinados casos não há como evitar 
lesões de Direito. Por isso, o próprio Estado criou mecanismos que permitem 
que o próprio indivíduo defenda o seu interesse, mesmo que seja necessário 
usar de força, desde que respeitados os limites impostos pelo próprio direito. 
 
Como exemplo de autodefesa no Estado moderno, Alvim (2005, 
p. 14) menciona: (a) Legítima defesa; (b) Desforço incontinenti;(c) 
Penhor legal; e (d) Direito de greve. Ilustra-se cada um deles a título de 
exemplo: 
 
 
Legítima 
defesa 
Prevista no Código Penal Brasileiro. 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem 
 
 
Desforço 
incontinenti 
Previsto no Código Civil Brasileiro
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em 
caso de turbação, restituído no caso de esbulho, e segurado de 
violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou 
restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os 
atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do 
indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
 
 
 
Penhor 
legal 
Código Civil Brasileiro 
Art.1.467. São credores pignoratícios, independentemente de 
convenção: 
I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, 
sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus 
consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas 
casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí 
tiverem feito; 
 II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis 
que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, 
pelos aluguéis ou rendas. 
 
 
 Direito de 
 greve 
 
Previsto na Constituição Federal, art. 9º e na Lei nº 7.783/89; 
Direito assegurado ao trabalhador, a fim de exercitá-lo sobre os 
interesses que devam por meio dele defender. 
 
Com a evolução do homem, mas ainda em tempos remotos, 
surgem outras formas de solução de conflitos, como a autocomposição, 
que pode ser considerada como um passo adiante na solução dos conflitos 
que se estabeleciam em sociedade. 
 
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O termo autocomposição, de acordo com Alvim (2005, p. 15), 
deve ser creditado a Carnelutti , que ao tratar dos equivalentes jurisdicionais, 
ali a incluiu. Assim, auto (próprio) e o substantivo composição, na 
linguagem do renomado mestre equivalem a solução, resolução ou 
decisão do litígio por obra dos próprios litigantes. 
 
Portanto, diversamente da autodefesa, a autocomposição 
demonstra vocação para a solução dos conflitos existentes, mesmo que o 
indivíduo tenha que mitigar, ou seja, abrandar a sua pretensão em relação a 
determinado direito que tenha sido lesado. Assim, pode se dizer com Alvim 
(2005, p. 15) que a autocomposição se traduz em atitudes de renúncia ou 
reconhecimento a favor do adversário. 
 
A autocomposição continua a existir no ordenamento jurídico, nas 
seguintes formas: a desistência, a submissão e a transação. Grinover et 
al (2005, p, 21) traz a definição de cada uma delas. 
 
 
Desistência Submissão Transação 
Renúncia à pretensão Renuncia à resistência 
oferecida à pretensão 
Concessões recíprocas 
 
 
Importante, porém, ressaltar que essas formas de 
autocomposição só podem se dar em razão dos direitos disponíveis. 
 
Direitos 
Disponíveis Indisponíveis 
Pode ser transacionado Não pode ser transacionado 
Pode haver renúncia Não pode haver renúncia 
Transigíveis Intransigíveis 
 
Desta forma, com o passar dos tempos, com a evolução do 
homem e do próprio Direito, passou-se a preferir, conforme leciona Grinover 
et al (2005 p, 21/22), a figura do árbitro, que atribuía ao caso concreto uma 
solução imparcial. 
 
Surge assim, conforme Alvim (2005, p. 16), a arbitragem 
facultativa, como forma bem mais evoluída de solução dos conflitos. 
 
Normalmente, a figura do árbitro na antiguidade era representada 
por um sacerdote, pois, acreditava-se que por estar intimamente ligado às 
divindades, o que por si só garantiria uma solução mais acertada. Outra 
figura que normalmente se utilizava como árbitro eram os anciões pois eram 
estes, dotados de sabedoria e conheciam os costumes do grupo social da 
época. 
 
Árbitros 
Sacerdote Ancião 
Ligação com as divindades; 
decisões acertadas. 
Sabedoria e conhecimento dos costumes 
locais 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 18 
A arbitragem facultativa, por seu turno, deu azo ao aparecimento 
do Processo, que pode ser considerado como a última etapa na evolução 
dos métodos compositivos do litígio conforme (ALVIM 2005, p. 17). 
 
De acordo com o que ensina Alvim (2005, p. 18), o processo se 
apresenta como um instrumento pronto a viabilização de maior número de 
soluções justas e pacíficas dos conflitos porque, quando se fala em 
processo, a contenda é solucionada por um terceiro sujeito, alheio as 
questões que estão sendo debatidas. 
 
Esclarece ainda o mesmo Autor (2005, p. 18) que para que o 
processo tenha efetividade é necessário que: 
 
Para que o processo produza resultados é preciso que esse 
terceiro imparcial que decide o conflito seja mais forte do 
que as partes litigantes, para que possa impor sua vontade, 
coativamente, frente a qualquer intuito de desobediência ou 
descumprimento por parte dos contendores. Compreende-
se, pois, que este terceiro seja o Estado. 
 
 
Vários doutrinadores preocuparam-se em definir o processo. Alvim 
(2005, p. 18/19) nos traz alguns conceitos cunhados na doutrina. Vamos a 
eles: 
 
• Definição de Niceto Alcalá - Zamora y Castillo 
 
Processo é o instrumento de que se serve o Estado para,no 
exercício da função jurisdicional, resolver os conflitos de interesses, 
solucionando-os. O instrumento previsto como normal pelo Estado para a 
solução de toda classe de conflitos jurídicos 
 
• Definição de Carnelutti 
 
O conjunto de atos destinados à formação ou à atuação de 
comandos jurídicos, cujo caráter consiste na colaboração, para tal fim, de 
pessoas interessadas (partes), com uma ou mais pessoas desinteressadas 
(juízes). O processo não se compõe de um único ato, mas de um conjunto 
de atos coordenados e ligados pelo fim perseguido, que é o de obter a justa 
composição da lide. Operação mediante a qual se obtém a composição da 
lide. 
 
• Definição de Couture 
Meio idôneo para dirimir imparcialmente, por ato de juízo da 
autoridade, um conflito de interesses com relevância jurídica. 
 
 
O Direito Processual 
 
Depois de estudar as formas de solução dos conflitos de 
interesses em sociedade, a par de toda a evolução do homem e as 
mudanças que ocorreram ao longo do tempo, passamos ao estudo do direito 
Processo -
Latim
Processus.
Proceder:
Avançar,
seguir
caminhando.
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 19 
processual propriamente dito, traçando um paralelo entre este e o direito 
material. 
 
Acompanhando o raciocínio de José de Albuquerque Rocha 
(2005, p. 31) segundo o qual: 
 Com o advento do Estado, principalmente do Estado 
burguês, as normas de conduta passaram a ser criadas, em 
sua quase totalidade, por órgãos específicos do Estado, 
através das leis e outros atos semelhantes, e também 
garantidas, em ultima instância, pelo próprio Estado, e não 
mais criadas e garantidas diretamente pela sociedade, como 
acontecia antes. 
 
Como estudado no módulo anterior, no início o homem resolvia os 
seus conflitos de interesses através da autotutela, que era marcada pela 
falta de intervenção do Estado. Este, apenas passou a intervir nos conflitos 
de interesses já bem mais adiante. 
 
Na clássica subdivisão do Direito em Direito Público e Direito 
Privado, o Direito Processual está colocado como ramo do Direito Público. 
 
Visto esta classificação do Direito em público e privado, deve-se a 
ela ater, de forma apenas doutrinária, passando a partir daqui, para a nossa 
disciplina em especial, a fazer um análise do ponto de vista macro, ou seja, 
nos ater a classificação do direito em direito substancial e processual. 
 
Aqui, importa ressaltar a diferença entre direito substancial e 
direito processual, ou ainda, direito material e direito formal, também 
denominados de direito substantivo e direito adjetivo. 
 
 Passemos então a uma breve revisão sobre o direito substancial 
e o direito processual,
de acordo com o que leciona Rocha (2005, p. 32-34) 
que assim ilustra a diferença entre ambos: 
 
 
DIREITO 
SUBSTANCIAL PROCESSUAL 
Conjunto de normas de 
valoração das condutas sociais, 
visando à proteção dos 
interesses considerados 
essenciais à manutenção de 
uma dada formação social cuja 
aplicação é garantida, pelo 
aparelho coativo do Estado. 
Conjunto de normas jurídicas 
que dispõem sobre a 
constituição dos órgãos 
jurisdicionais e sua 
competência, disciplinando essa 
realidade que chamamos 
processo. 
O direito substantivo disciplina 
as condutas materiais, isto é, 
condutas cuja realização não 
cria novas normas jurídicas, 
mas situações materiais. 
O direito processual é um 
conjunto de normas que tem por 
objetivo disciplinar os atos de 
vontade dos órgãos 
jurisdicionais e partes, para a 
criação da norma do caso 
concreto (decisão do conflito) e 
sua eventual execução. 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 20 
Assim, podemos concluir que o direito material consiste no 
conjunto de princípios e normas que regulam os fatos e relações sociais, ou 
seja, são as normas que disciplinam as condutas humanas e pode ser 
subdividido em: direito civil, administrativo, comercial, tributário, trabalhista, 
constitucional, penal etc. 
 
Por outro lado, o direito processual pode ser compreendido como 
o complexo de normas e princípios que regem o exercício da jurisdição. 
Podendo-se concluir que o direito processual é, assim, um instrumento 
para a concretização do direito material. 
 
 
Atividades 
 
1. A partir dos estudos sobre a classificação do direito, procure traçar 
um paralelo entre o direito substancial e o direito processual. 
 
2. Dentre as várias definições de processo destaque a que você mais se 
identifica. 
 
3. Disserte em poucas linhas sobre as formas de resolução de conflitos 
de interesses na fase anterior ao processo. 
 
4. A autotutela é admitida no direito moderno? Se for admitida quais 
exemplos você poderia citar? 
 
 
 
 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São 
Paulo: Atlas, 2005. 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 12 
ed. São Paulo: Melhoramentos, 2005. 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS E OS PRINCÍPIOS 
NORTEADORES DO DIREITO PROCESSUAL. 
 
 
Objetivo: Apresentar os princípios que dão forma ao Direito 
Processual, a partir da Constituição Federal, a fim de delinear a 
trajetória da disciplina estudada. 
 
 
O estudo dos princípios no âmbito da ciência jurídica é fator de 
grande relevância. Isto porque os princípios são como leitores de uma 
realidade. Dado serem considerados como sobre-normas que informam os 
fundamentos do Direito, sinalizam também uma varredura dos caminhos a 
serem percorridos pelo intérprete do Direito, que faz uso dos mesmos ao 
interpretar as normas em harmonia com os valores consagrados na 
Constituição Federal. 
 
1. Princípios gerais do Direito Processual 
 
 Ao tomar como ponto de partida o fato que nós vivemos em um 
Estado Democrático de Direito, não poderíamos deixar de iniciar o estudo 
sobre princípios relacionando estes à nossa ordem constitucional. 
 
Cândido Rangel Dinamarco (2001, p. 191) leciona que: 
 
A tutela constitucional do processo é feita mediante os 
princípios e garantias que, vindos da Constituição, ditam 
padrões políticos para a vida daquele. Trata-se de 
imperativos cuja observância é penhor da fidelidade do 
sistema processual à ordem político-constitucional do país. 
 
Vale ressaltar que no presente capítulo será dado ênfase aos 
princípios que se aplicam de forma geral à Teoria Geral do Processo e à 
medida que aprofundarmos no estudo do Direito Processual Penal e do 
Direito Processual Civil, realçaremos os princípios inerentes a cada uma 
dessas disciplinas. 
 
 
 
 
 
Tema 03
A esta altura você já estudou quais são as 
fontes do Direito. Vamos recordar quais são 
essas fontes? 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 22 
 
FONTES DO DIREITO 
MATERIAIS FORMAIS 
ESTATAIS NÃO ESTATAIS • Valores sociais; 
• Elementos culturais 
• Vontade do povo etc 
• Lei 
• Jurisprudência 
• Convenção 
Internacional 
• Costumes 
• Doutrina 
• Princípios 
Gerais do Direito 
 
Visto quais são as fontes do Direito, vimos que os princípios 
encontram-se entre elas. Ademais, a própria Lei de Introdução ao Código 
Civil - LICC, se reporta aos princípios como fonte de direito no seu art. 4º 
que dispõe o seguinte: “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de 
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” 
 
Para ilustrar a importância do estudo dos princípios, é necessário 
mencionar inicialmente as funções dos mesmos. Rocha (2005, p. 42 - 43) 
enumera três funções dos princípios no direito processual. São elas: 
 
Função 
Fundamentadora 
Função 
Orientadora da Interpretação
Função de 
Fonte Subsidiária 
Os princípios constituem a 
raiz de onde deriva a 
validez intrínseca do 
conteúdo das normas 
jurídicas. 
Quando o legislador se 
dispõe a normatizar a 
realidade social, o faz 
sempre, a partir de algum 
princípio. 
Os princípios são idéias 
básicas que servem de 
fundamento ao Direito 
Positivo. 
A função orientadora 
decorre da função 
fundamentadora do direito. 
Se as leis são informadas 
ou fundamentadas nos 
princípios, então devem ser 
interpretadas de acordo 
com os mesmos, porque 
são eles que dão sentido às 
normas. 
Os princípios servem, pois, 
de guia e orientação na 
busca do sentido e alcance 
das normas. 
Nos casos de lacunas da lei 
os princípios atuam como 
elemento integrador do 
direito. 
Como a lei funda-se nos 
princípios, estes servem 
seja como guia para a 
compreensão do seu 
sentido (interpretação), 
seja como guia para o juiz 
suprir a lacuna da lei, isto 
é, como critério para o juiz 
formular a norma do caso 
concreto. 
 
 
Uma discussão que se coloca presente quando falamos de 
princípios, já nos remetendo a matéria processual, é ao que a doutrina 
tende a nomear de princípios formativos do processo. Esta discussão se faz 
presente como leciona Dinamarco (2001, p. 195-196), porque 
 
A técnica processual inclui também um número extenso de 
regras de grande importância, desenvolvidas ao longo dos 
séculos e da experiência acumulada, sendo responsáveis 
pela boa ordem do processo e correto encaminhamento de 
suas soluções. Rigorosamente, contudo, não se qualificam 
como princípios porque tem lugar no interior do sistema e 
não atuam como pilares sobre os quais este se apóia. 
 
Dentre esses princípios técnicos destaca-se quase que de forma 
unânime pela doutrina: 
 
a) Princípio Econômico - voltado às questões de economia 
processual; 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 23 
Art. 2º . São Poderes da União,
independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário. 
 
Art. 95. Os juízes gozam das
seguintes garantias: 
I-Vitaliciedade (...); 
II - Inamovibilidade (...); 
III- Irredutibilidade
de subsídio
(...) 
Art. 5º, CF, incisos XXXVII e LIII 
XXXVII- Não haverá juízo ou
tribunal de exceção. 
LIII- ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade
competente. 
b) Princípio Lógico - seleção de meios eficazes à descoberta da 
verdade e das soluções corretas, evitando erros; 
c) Princípio Jurídico - postula a igualdade no processo e a 
fidelidade dos julgamentos ao direito substancial; 
d) Princípio Político - direcionado ao binômio representado pelo 
máximo possível de garantia social com o mínimo de sacrifício pessoal. 
 
Estudado os princípios informativos do processo, passamos ao 
estudo dos princípios de índole político - constitucional, ou ainda, dos 
princípios sustentáculos da Teoria Geral do Processo. Embora exista uma 
certa discussão doutrinária sobre quais são os princípios que integram a 
Teoria Geral do Processo, elegemos para nosso estudo os elencados por 
Rocha (2005, p. 45-49) que passamos a expor de forma sintetizada. 
 
 
a) Princípio da independência. 
O Princípio da independência pode ser 
visto sob duas óticas. Pode ser entendido 
sob a ótica da instituição judiciária (art. 2º 
da CF) ou do juiz, pessoa física (art. 95 da 
CF). Desta forma, por independência pode-
se entender tanto a ausência de sujeição a 
ordens de outros poderes, bem como as 
garantias de imparcialidade que garantem 
ao juiz certa estabilidade, especialmente 
nas causas em que o Estado é parte. 
 
b) Princípio da Imparcialidade. Significa em resumo, a 
eqüidistância do juiz das partes e seus interesses nos processos em que 
atua. A imparcialidade pode ser subjetiva (quando disser respeito das 
partes) e objetiva (quando disser respeito aos interesses). Vale lembrar 
porém que as idéias políticas do juiz não comprometem a sua 
imparcialidade, que só pode ser exigida sob a égide do caso concreto. 
 
 
c) Princípio do juiz natural. 
Estabelece um tríplice entendimento. 
Num primeiro momento, significa que a 
instituição dos juízos e tribunais devem 
ser anteriores ao fato ensejador de sua 
atuação. Num segundo momento, que a competência dos órgãos deve ser 
estabelecida por regra geral. E por último, requer que a designação dos 
juízes seja feita com base em critérios gerais estabelecidos por lei ou 
procedimentos fixados em lei. 
 
d) Princípio da exclusividade da jurisdição pelo Judiciário. 
Em síntese o princípio quer dizer que nenhum conflito pode ser excluído da 
apreciação do judiciário. Art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.” O princípio porém, comporta 
temperamentos, uma vez que a própria Constituição estabelece a exceção 
do art. 52, incisos I e II, que dita regra de competência privativa ao Senado 
Federal para processar e julgar o Presidente e o Vice - Presidente da 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 24 
Art. 5º, XXXV. A lei não excluirá 
da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a 
direito. 
República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de 
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos 
crimes da mesma natureza conexos com aqueles e, ainda, os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, o Procurador Geral da República e o Advogado 
Geral da União, nos crimes de responsabilidade. No âmbito 
infraconstitucional, ressalta-se também, a título de exceção do princípio da 
exclusividade da jurisdição pelo judiciário os conflitos dirimidos por árbitros à 
luz da Lei n. 9.307/1996. 
 
e) Princípio da inércia. O processo não pode principiar por 
iniciativa do juiz. Pode-se dizer que deriva do princípio da independência 
(visa resguardar a imparcialidade do juiz) e do acesso à justiça. 
. 
f) Princípio do acesso à 
justiça. É a possibilidade garantida pela 
Constituição Federal, no seu art. 5º, 
XXXV, para que todos possam pleitear a 
proteção jurisdicional do Estado. 
 
g) Princípio do devido processo legal. Princípio expresso 
insculpido no art. 5º, LIV, da Constituição Federal que estabelece “ninguém 
será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal”. Assim, cabe ao Judiciário observar o processo estabelecido em lei a 
fim de que este assegure o respeito às garantias e direitos fundamentais 
aos que a ele se submetem. 
 
h) Princípio da igualdade. Derivado do princípio do devido 
processo legal. Expresso na Constituição Federal no art. 5º caput : 
 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
 
Atualmente, temos que enxergar o princípio da igualdade não só 
sob a ótica da igualdade formal, mas também do aspecto da igualdade 
substancial. O nosso ordenamento jurídico prevê em muitos casos, a 
observância da aplicação do princípio da igualdade material, conforme 
aponta Fábio Alexandre Coelho (2004, p. 66): 
 
DIPLOMA ART DISPOSIÇÃO 
CLT 844 Solução distinta a falta de comparecimento do Reclamante 
(arquivamento) e do Reclamado (Revelia) 
CPP 386, VI O Réu deverá ser absolvido quando não existirem provas 
suficientes para a condenação. 
CPC 188 Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em 
dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou 
o Ministério Público 
10.471/03 71 e ss Prioridade na tramitação de todos atos e diligencias em 
qualquer instância que beneficia as partes com idade igual ou 
superior a 60 anos 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 25 
Art. 5º, LV . Aos litigantes, em
processo judicial ou
administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela
inerentes; 
Art. 93, IX. Todos os julgamentos dos órgãos do
Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo
a lei, se o interesse público o exigir, limitar a 
presença em determinados atos, às próprias
partes e as seus advogados, ou somente a estes; 
i) Princípio do contraditório. 
Decorre da própria estrutura dialética do 
processo. Pressupõe que a verdade só pode 
ser evidenciada pelas teses contrapostas das 
partes. Por este princípio o órgão judicante 
não pode decidir uma demanda sem ouvir a 
parte contra qual ela foi proposta. 
 
j) Princípio da ampla defesa. Previsto no art. 5º, inciso LV da 
Constituição Federal. Por este princípio entende-se que as partes podem 
produzir provas de maneira ampla, quando observados os meios lícitos 
conhecidos e permitidos pelo direito. A ampla defesa, em sentido amplo 
significa a observância de dois ângulos, ou seja, de dois elementos: a defesa 
técnica, que é a defesa através de advogado, e a defesa não técnica, que 
consiste no direito de presença. 
k) Princípio da liberdade da prova. Expresso na Constituição 
Federal, no seu art. 5º, LVI “são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meio ilícito”. Assim, serão admitidos todos os meios de prova em 
direito admitidas desde que não sejam obtidas por meio ilícito. 
l) Princípio da publicidade. O princípio da publicidade destina-
se: (a) às partes; e (b) ao público em geral. Possui grande relevância e 
também está expresso na 
Constituição Federal no seu 
art. 93, IX. 
 
 
m) Princípio dos recursos. No Brasil, o recurso constitui-se 
garantia fundamental inerente à ampla defesa. A própria estrutura dos 
órgãos judicantes induz a aceitação do princípio dos recursos, facultando a 
parte sucumbente a possibilidade de outro órgão jurisdicional reexaminar a 
decisão que lhe foi desfavorável. 
n) Princípio da motivação. A motivação das decisões encontra-
se expressa no art. 93, IX, portanto,
o juiz como intérprete e aplicador da lei, 
deverá motivar suas decisões, sob pena de cometer ato contrário ao direito. 
o) Princípio da coisa julgada. Visa assegurar a efetividade das 
decisões judiciais. Expresso na Constituição Federal no art. 5º, XXXVI “a lei 
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
p) Princípio da justiça gratuita. Pode ser considerado como a 
manifestação do princípio da igualdade material no processo. É princípio 
expresso na Constituição Federal no art, 5º LXXIV “o Estado prestará 
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos.” , bem como no art. 134 também da Constituição Federal: “A 
Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos 
necessitados na forma do art. 5º, LXXIV” 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 26 
ATIVIDADES 
 
1. Em que consiste o princípio do acesso à justiça? 
 
2. Em que consiste o princípio do juiz natural? 
 
3. Em que consiste o princípio do devido processo legal? 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001. v.1 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal. 5 ed. 
São Paulo: Saraiva, 1999. 
 
NERY JR, Nelson. Princípios do processo civil na Constituição Federal. 
8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA NORMA PROCESSUAL 
Objetivo:Conhecer a distinção entre as normas materiais e as normas 
instrumentais, ressaltando a importância destas que podem ser 
consideradas como instrumentos de proteção do direito material. 
 
A norma jurídica em sentido amplo tem por objeto a regulação da 
conduta humana criando direitos e estabelecendo obrigações. As normas 
processuais ao contrário disciplinam os meios de defesa dos direitos 
estabelecidos pela norma material. Desta forma, torna-se importante 
destacarmos um capítulo no presente estudo para tratarmos da norma 
processual e suas particularidades. 
Normas materiais e normas processuais 
Para realizar o estudo das normas processuais e sua finalidade 
vamos construir um paralelo entre estas e as normas materiais, 
estabelecendo assim suas diferenças e aplicações. Para tanto faremos uso 
da classificação fornecida por Coelho (2004, p. 151-152) 
Normas Materiais Normas Instrumentais 
Disciplinam os relacionamentos entre as 
pessoas, buscando dar uma prévia 
solução a possíveis conflitos de interesse 
que venham a surgir, estabelecendo qual 
dos interesses pode prevalecer. 
Visam assegurar o cumprimento das 
normas materiais, estabelecendo a forma 
de possíveis conflitos através da 
aplicação das normas substanciais. 
 
Objeto da norma processual. 
 Conforme leciona Coelho (2004, p, 151-152) o objeto maior das 
normas processuais é “disciplinar a atividade do Estado e dos litigantes, bem 
como o desenvolvimento do processo.” Pode assim concluir que a finalidade 
da norma processual é estabelecer a forma de solução dos conflitos através 
do processo. 
 
 
Aqui nos reportamos à clássica tripartição de poderes de 
Montesquieu, pela qual a atividade jurisdicional é reconhecida como uma 
Tema 04 
E como pode a lei processual ser aplicada na 
solução dos conflitos através do processo? 
Quem a aplica? 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 28 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho; 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre: 
XI - procedimentos em matéria processual; 
das funções do poder estatal, ao lado das funções administrativas e 
legislativas. 
 
Assim, para exercer a atividade jurisdicional no âmbito do 
sistema jurídico, faz-se necessário a verificação do disposto no princípio da 
investidura, pelo qual o juiz necessita estar investido do Poder delegado pelo 
Estado para exercer a atividade judicante e aplicar a norma material e a 
norma processual ao caso concreto. 
 
Divisão da norma processual na doutrina 
A doutrina classifica a norma processual em três grandes grupos: (a) 
normas processuais em sentido estrito; (b) normas de organização judiciária; 
e (c) normas procedimentais. Vejamos cada uma delas. 
Normas processuais 
em sentido estrito 
Normas de 
organização judiciária
Normas 
procedimentais 
Cuidam do processo como 
tal, atribuindo poderes e 
deveres processuais. 
Tratam primordialmente da 
criação e da estrutura dos 
órgãos judiciários e seus 
auxiliares. 
Dizem respeito apenas ao 
modus procedendi, 
inclusive a estrutura e 
coordenação dos atos 
processuais que compõem 
o processo. 
 
Grinover et al (2001, p. 89-90) explica, porém, que existe uma certa 
crítica em razão desta divisão, uma vez que a mesma esbarra no conceito 
moderno de processo, o que levaria as normas procedimentais serem 
consideradas também normas processuais. Lembram ainda que de acordo 
com a doutrina mais 
moderna existe a 
tendência de se envolver 
a organização judiciária 
na teoria geral do 
processo, o que também 
acarretaria serem as 
mesmas integrantes do 
direito processual. 
Advertem, porém, que esta divisão é a que é acatada pela própria 
Constituição Federal. Vide arts. 22, I e 24 XI da CF. 
 
Natureza da norma processual 
A norma processual é parte integrante do direito público, uma vez 
que é através da mesma que se desenvolve a atividade jurisdicional. Assim, 
quando falamos em norma processual não propriamente uma relação de 
coordenação, mas como nos ensinam Grinover et al. (2001, p.90) uma 
relação de “poder e sujeição, predominando sobre o interesse público na 
resolução (processual e, pois, pacífica) dos conflitos e controvérsias.” 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 29 
Lex fori - lei do 
foro onde se 
resolve o litígio, 
proferindo 
decisão, sendo 
competente, 
portanto, para 
reger a forma do 
processo. (Maria 
Helena Diniz, 
Dicionário 
Jurídico. São 
Paulo: Saraiva, 
1998. V.03, p. 
113) 
Apesar da norma processual possuir natureza de direito público, 
ela nem sempre é uma norma cogente. Mesmo sem a ocorrência de 
processo, em algumas situações a norma processual fica na dependência da 
vontade de uma das partes, o que se denomina normas dispositivas. Como 
exemplo de normas dispositivas temos a eleição de foro. 
Para melhor ilustrar a classificação das normas jurídicas 
processuais quanto à sua natureza, traçamos o quadro abaixo, distinguindo 
as normas processuais cogentes das normas processuais dispositivas. 
 
NORMAS PROCESSUAIS 
COGENTES DISPOSITIVAS 
• Devem ser cumpridas 
independentemente da vontade de quem é 
obrigado a cumpri-la. 
• Regras inderrogáveis pela vontade das 
partes. 
 
• Também devem
ser 
obedecidas, mas podem ser 
afastadas, nos limites fixados pela 
própria lei e pela vontade das partes. 
• Ex: regime de casamento do 
Código Civil. 
 
A título de conclusão pode-se dizer que as normas processuais 
possuem caráter eminentemente técnico. Como forma de fixação trazemos 
um quadro sinótico com as principais características das normas 
processuais. 
 
Características das normas processuais 
 
NORMAS DE DIREITO PROCESSUAL as regras processuais 
diferem das materiais, pois se referem à atividade jurisdicional. 
NORMAS DE DIREITO PÚBLICO decorrem da soberania estatal 
e estabelecem critérios para a atividade jurisdicional. 
NORMAS OBRIGATÓRIAS como regra são de ordem pública, 
cogentes e obrigatórias. (embora comportem temperamento) 
Eficácia da lei processual no tempo e no espaço 
Eficácia da lei processual no espaço 
A norma jurídica seja ela material ou processual, tem eficácia no 
tempo e no espaço, ou seja, aplica-se dentro de determinado período e 
território. 
Grinover et al. (2001, p. 96) explicam que o princípio que regula a 
eficácia espacial da norma processual é o da territorialidade. Assim, a estas 
se impõe sempre à aplicação da lex fori. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 30 
A territorialidade da aplicação da lei processual encontra-se 
expressa no art. 1º do Código de Processo Civil: 
Art. 1º A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida 
pelos juízes em todo território nacional, conforme as disposições que este 
código estabelece. 
Contudo, devemos observar que o princípio da territorialidade 
não significa como lecionam Grinover et al (2001, p. 97) que o juiz deva 
ignorar a regra processual estrangeira, pois, no caso do art. 231 do CPC 
esta constitui pressuposto para a aplicação da lei nacional. Os autores, 
contudo, alertam para o fato que não se pode confundir a aplicação da 
norma processual estrangeira com a aplicação da norma material 
estrangeira, referida pelo direito processual nacional, especialmente no art. 
7º do CPC. 
Aplicação da lei processual no tempo 
Como as demais normas jurídicas, a norma processual também é 
limitada no tempo, considerado o disposto no direito intertemporal. Dois 
aspectos devem ser levados em consideração. Vamos a eles: 
1. As leis processuais brasileiras submetem-se ao disposto na Lei 
de Introdução do Código Civil - LICC, no tocante a observância da a eficácia 
temporal das leis. Em regra, quando não se dispuser de forma contrária, ou 
no silencio da lei, a mesma entra em vigor, em todo o país, quarenta e cinco 
dias após sua publicação. 
2. Problema maior ocorre quando a lei incidir sobre situações 
idênticas, para se estabelecer qual das leis - se a anterior ou a posterior - 
deve ser aplicada ao caso concreto. Como nos ensina Grinover et. al. 
(2001, p. 98) o processo se constitui por uma série de atos que se 
desenvolvem e se praticam sucessivamente no tempo (atos processuais, 
integrantes de uma cadeia unitária, que é o procedimento), torna-se 
particularmente difícil e delicada a solução do conflito temporal de leis 
processuais. 
Ocorrendo o conflito de normas processuais no tempo devemos 
analisar os sistemas propostos por Grinover et. al. (2001, p.98) que 
poderiam ser em tese levados em consideração, realçando o sistema do 
isolamento dos atos processuais que é o sistema consagrado na doutrina 
brasileira, além de estar expresso no CPP e no CPC. São eles: 
a) Sistema da unidade processual: apesar de se desdobrar em 
vários atos, o processo apresenta uma unidade que somente poderia ser 
regulado por uma única norma, seja nova ou velha, devendo a velha se 
impor para não ocorrer a retroação da nova, com prejuízo dos atos 
praticados até a sua vigência. 
b) Sistema das fases processuais: sistema no qual distinguir-
se-iam fases processuais autônomas (postulatória, ordinatória, instrutória, 
decisória e recursal), cada uma delas, capaz de ser disciplinada por uma lei 
diferente. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 31 
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito. 
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais
a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 
 c) Sistema do isolamento dos atos processuais: pelo qual a 
lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas 
se aplica aos atos processuais a praticar, sem limitações relativas às 
chamadas fases processuais. 
Convém mais uma vez lembrar que o sistema do isolamento dos 
atos processuais é o que mais está representado na doutrina brasileira, 
encontrando-se ainda expresso no art. 2º do Código de Processo Penal - 
CPP nos seguintes termos: “a lei processual penal aplicar-se-á, desde logo, 
sem prejuízo da validade dos atos já realizados sob a vigência da lei 
anterior”. O sistema encontra, também, abrigo a luz do art. 1.211 do Código 
de Processo Civil - CPC, que dispõe: “ao entrar em vigor, suas disposições 
aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes.” 
Interpretação da lei processual 
Não podemos deixar de levar em consideração que a interpretação 
e a aplicação das normas processuais estão subordinadas às mesmas 
regras das normas materiais. Grinover et. al. (2001, p. 102) lecionam que as 
normas processuais seguem as disposições contidas nos arts. 4º e 5º da Lei 
de Introdução do Código Civil Brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
Esclarecem ainda os autores acima mencionados que para não 
deixar dúvidas quanto a aplicação daquelas regras, o Código de Processo 
Penal dispõe de forma expressa no seu art. 3º “a lei processual penal admitirá 
interpretação extensiva e a aplicação analógica, bem como o suplemento dos 
princípios gerais de direito”. 
Assim, a título apenas de fixação lembramos en passant as formas 
de interpretação que vocês estudaram na disciplina de Introdução ao Estudo 
do Direito. 
 
• Interpretação gramatical: análise literal do texto; 
• Interpretação lógica - sistemática: interpretação à luz das 
demais normas que compõem o ordenamento jurídico, juntamente com os 
princípios gerais que as norteiam; 
• Interpretação histórica: analisa a lei em sua perspectiva 
histórica; 
Vamos ver o que dizem estes 
artigos? 
Vamos lembrar: 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 32 
• Interpretação teleológica: por esse método leva-se em conta 
a identificação da causa da edição da norma e o resultado que ela pretendia 
alcançar. 
Importante ainda mencionar que as normas processuais, tais como 
as normas materiais necessitam por vezes que se preencha as lacunas da lei. 
Isto porque, por mais criativo que seja o legislador, este jamais poderia prever 
todas as situações evidenciadas pelo homem, dada a sua própria evolução 
social. Desta forma, para se preencher as lacunas verificadas na lei, poderão 
se fazer uso da integração, conforme Grinover et. al. (2001, p. 101). E 
também é o que se extrai da leitura do art. 126 do CPC “O juiz não se exime 
de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.” 
O preenchimento das lacunas da lei de acordo com Grinover 
(2001, p. 102) será feito através da analogia e dos princípios gerais do 
direito. 
 
 
 
• Analogia: resolução de casos não previstos na lei, 
mediante a utilização de regra jurídica relativa a hipótese semelhante; 
• Princípios gerais do direito: que compreendem não 
apenas os princípios decorrentes do próprio ordenamento jurídico, como 
ainda os que o informam e lhe são anteriores e transcendentes. 
 
ATIVIDADES 
 
1. Trace um paralelo entre normas cogentes e normas dispositivas. 
2. De quem é a competência para
legislar sobre o direito processual? 
3. Disserte sobre a eficácia da lei processual no tempo e no espaço. 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
Vamos lembrar, ainda que 
superficialmente, cada um deles:
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 33 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001. v.1 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA JURISDIÇÃO 
 
Objetivos: 
Conhecer o que é jurisdição. 
Demonstrar que a jurisdição possui como fim maior assegurar a 
aplicação do direito positivo ao caso concreto. 
 
Sabemos que o Estado para desempenhar sua função jurídica 
necessita de se ater a duas ordens de atividades, que num primeiro 
momento podem parecer distintas, mas ao se fazer uma análise 
aprofundada verificamos estarem estas ordens de atividades intimamente 
ligadas, são elas, respectivamente, a legislação e a jurisdição. 
 
Sob este prisma, a primeira ordem que é a legislação, estabelece 
as normas que regulam a vida em sociedade, ditando o que é licito e o que é 
ilícito, atribuindo direitos e obrigações. Porém, são normas de caráter 
genérico sem destinação a uma situação em concreto. Já a segunda ordem, 
que é a jurisdição, que se caracteriza pela atuação do Estado com o intuito 
de solucionar os conflitos de interesses, declara qual é o preceito que se 
aplica ao caso concreto. 
Vamos então à definição de jurisdição. 
 
 
Definição de jurisdição 
 
Juris + dictio = dizer o direito. 
 
Muitos autores, para definir o que é jurisdição, levam em conta 
apenas o significado literal da palavra, assim, para tentar defini-la, 
apoiamos-nos em Coelho (2004, p. 180). 
 
Pode-se considerar, num primeiro momento, que é a função do 
Estado, concretizada pelo Poder Judiciário, de dizer o direito. A preocupação 
do autor acima mencionado se dá por conta de ser tomado apenas o sentido 
literal e nesse sentido a jurisdição abrangeria em tese apenas o processo de 
conhecimento, o que não lhe daria total efetividade. Explica assim o Autor: 
Isto ocorre em razão do processo de conhecimento estar 
organizado para que o Poder Judiciário diga quem possui o 
direito, enquanto que o processo de execução serve para a 
satisfação do direito e o cautelar para assegurar, 
resguardar os processos de execução e de conhecimento. 
De qualquer modo a palavra jurisdição é utilizada para 
Tema 05 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 35 
Nemo judex sine actore = não há juiz sem autor 
Ne procedat judex ex officio = o juiz não deve proceder de ofício 
representar a atividade do Poder Judiciário como um todo – 
conhecimento, execução e cautelar. (2004, p. 180) 
 
Boa parte da doutrina prefere conceituar a jurisdição da seguinte 
forma: função do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos 
interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito 
que os envolve com justiça. (GRINOVER et al. 2001, p. 131). 
 
Jurisdição enquanto poder 
 
A jurisdição, enquanto manifestação do poder estatal pode ser 
conceituada como “a capacidade de decidir imperativamente e impor 
decisões” (GRINOVER et. al. 2001, p. 131). Assim, a jurisdição gera um 
poder de império, no qual as decisões, quando não acolhidas 
espontaneamente, são impostas a fim de gerar eficácia atingindo sua 
finalidade. 
 
Jurisdição enquanto função 
 
A jurisdição, como função do Estado representa de acordo com 
Coelho (2004, p. 181): 
 
a) poder – manifestação do imperium (autoridade, domínio) do 
Estado, por qual do qual impõe e determina o cumprimento coativo (através 
da força se necessário) de suas decisões; 
b) função – atribuição própria dos órgãos jurisdicionais de 
prestarem a tutela jurisdicional para que ocorra a pacificação social; 
c) atividade – complexo de atos praticados no processo pelos 
juízes e auxiliares como representantes do Estado. 
 
Características da jurisdição. 
 
Várias são as características da jurisdição. Dentre essas Coelho 
(2004, p 181 e182) destaca as seguintes: 
 
a) imparcialidade do juiz: o juiz como agente ou representante 
do Estado age de forma imparcial no processo; 
 
b) inércia: como decorrência da adoção do principio da ação ou 
da demanda é preciso acionar, movimentar o Poder Judiciário, pois seus 
órgãos são inertes de acordo com os brocardos jurídicos que ilustramos 
abaixo: 
c) observância do contraditório: no exercício da atividade 
jurisdicional do Estado está presente a possibilidade de contrariar, 
contradizer, contestar o que foi alegado pela parte contrária. O contraditório 
aqui se perfaz por dois elementos: (i) informação e (ii) reação. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 36 
d) coisa julgada e irrevogabilidade dos atos jurisdicionais 
pelos outros poderes: a coisa julgada é definida em nosso direito como 
sendo a eficácia que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais 
sujeita a recurso; 
 
e) atividade substitutiva: conforme Chiovenda apud (Coelho, 
2004, p. 182), a jurisdição é: 
a função do Estado que tem por escopo a atuação da 
vontade concreta da lei por meio da substituição, pela 
atividade dos órgãos públicos, da atividade de particulares 
ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da 
vontade da lei [processo de conhecimento], já no torná-la, 
praticamente efetiva, [processo de execução] 
 
f) atividade voltada para a solução de uma lide: a existência de 
uma lide ou litígio corresponde ao conflito de interesses caracterizado por 
uma pretensão resistida, é o fator que para Carnelutti identifica a jurisdição e 
serve para diferenciá-la das demais funções estatais; 
 
g) caráter público: essa característica decorre do fato da 
jurisdição estar relacionada ao Estado e ser voltada para a satisfação dos 
interesses públicos; 
 
h) instrumental: a jurisdição é o instrumento para a realização do 
direito material. Sua existência liga-se à suposta existência de uma relação 
jurídica material, servindo para tornar efetivo os comandos normativos que 
regulam os relacionamentos disciplinados pelo direito. 
 
i) inafastabilidade ou indeclinabilidade: (art. 5º, XXXV da CF) a 
lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de 
direito. Assim, não há como afastar o controle jurisdicional e os juízes, por 
outro lado, não podem declinar de suas atribuições, já que atuam em nome 
do Estado e não para a satisfação de interesses pessoais. 
 
j) presença do juiz natural: o juiz natural é aquele que se liga ao 
litígio antes mesmo de sua ocorrência. Sua competência para solucionar 
determinados tipos de conflitos é previamente estabelecida em lei. 
 
l) territorialidade: a atividade de dizer o direito adere a 
determinado território, consoante a idéias de soberania. 
 
Estas são, portanto, as características da jurisdição apontadas por 
Coelho (2004, p. 182),
sem prejuízo de outras que podem ser apontadas por 
outros doutrinadores. Visto suas características passamos ao estudo dos 
seus fins. 
 
 
Fins da Jurisdição 
 
Fredie Didier Junior (2003, p. 39) nos apresenta os fins da 
jurisdição. Segundo o autor a jurisdição encontra-se arrimada em três fins: 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 37 
a) O escopo jurídico – atuação da vontade concreta da lei. A 
jurisdição tem por fim primeiro, portanto, fazer com que se atinjam, em cada 
caso concreto, os objetivos das normas de direito objetivo substancial. A 
aplicação ou a realização do Direito objetivo não é uma atividade privativa ou 
específica da jurisdição. Os particulares, quando cumprem a lei, realizam o 
direito objetivo. 
b) O escopo social – Promover o bem comum, com a pacificação 
com justiça, pela eliminação dos conflitos além da consciência dos direitos 
próprios e respeito aos alheios. Como forma de expressão de poder do 
estado, deve canalizar fins do estado. Perceba que, aqui, o fim, é jurisdição 
em si mesma, não das partes, pois ninguém seria ingênuo de afirmar que 
alguém entra com uma ação condenatória contra outrem por interesses 
altruístas. 
c) O escopo político – Pelo qual o estado busca a afirmação de 
seu poder, além da participação democrática (ação popular, ações coletivas, 
presença de leigos nos juizados etc.) e a preservação do valor liberdade, 
com a tutela das liberdades políticas por meio dos remédios constitucionais 
(tutela constitucional da liberdade). 
 
Princípios da Jurisdição 
 
a) Princípio da Investidura: o Estado atua através de seus 
órgãos. E assim sendo, somente os agentes políticos investidos do poder 
estatal de aplicar o direito ao caso concreto é que podem exercer a 
jurisdição. 
A investidura se dá, em regra, por aprovação em concursos 
públicos de títulos e conhecimento jurídico e, além desta via, a investidura 
poderá ocorrer também, pela nomeação direta, por ato do chefe do Poder 
Executivo, nos casos previstos em lei, de pessoas com prévia experiência e 
notável saber jurídico. 
Ex.: ingresso na magistratura pelo quinto constitucional ou 
nomeação dos ministros dos tribunais superiores. 
 
b) Princípio da aderência ao território: o exercício da jurisdição, 
por força do princípio da territorialidade da Lei processual, esta atrelado a 
uma prévia delimitação territorial. Grinover (2001, p. 138) leciona que por 
existirem muitos juízes no mesmo país, distribuídos em comarcas, pode-se 
daí inferir que “cada juiz só exerce a sua autoridade nos limites do território 
sujeito por lei à sua jurisdição.” 
 
c) Princípio da Indelegabilidade: Como a jurisdição é investida 
após preenchimento de rigorosos critérios técnicos, como nos concursos 
públicos, por exemplo, não podem os investidos na função delegar o ônus 
que a própria Constituição lhe atribuiu com exclusividade. 
 
d) Princípio da Inevitabilidade: a situação das partes (autor e 
réu) será a de sujeição quanto ao decidido pelo órgão jurisdicional, 
independentemente da vontade das partes ser contrária à decisão proferida 
pelo Estado-juiz. 
 
e) Princípio do juiz natural: apregoa que todos têm direito de 
serem julgados por um juizo independente e imparcial, previsto como órgão 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 38 
legalmente criado e instalado anteriormente ao surgimento da lide. Ë 
diametralmente oposto aos Tribunais de Exceção. Ex. Tribunal de 
Nuremberg, criado após a Segunda Guerra para julgamento dos delitos 
praticados pelos nazistas. 
 
 
ATIVIDADES 
 
1. Como podemos definir o que é jurisdição? 
 
2. Quais são as características da jurisdição? 
 
3. O que representa o princípio da investidura para a jurisdição? 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
DIDIER JUNIOR, Fredie. Direito Processual Civil. 3 ed. São Paulo: 
Salvador, 2003. 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001. v.1 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO 
 
Objetivo: Demonstrar que a jurisdição é una, mas sem prejuízo de sua 
unidade, necessita ser classificada pelo critério de competência, 
delimitando-se, assim, o que compete a cada órgão do judiciário no 
tocante a aplicação do direito ao caso concreto. 
 
Visto o que é jurisdição e após o estudo de suas características, 
dos seus fins e dos seus princípios, passamos a estudar as espécies de 
jurisdição. Não se pretende aqui discutir a unidade da jurisdição, mas 
apenas classificá-la didaticamente para se compreender como um 
determinado juiz torna-se competente para julgar um caso concreto. 
 
Unidade da jurisdição 
 
Frisando mais uma vez que a jurisdição é una Rocha (2005, p. 92) 
nos lembra que 
 
(...) quando falamos em espécies de jurisdição, temos em 
vista não uma pluralidade de funções jurisdicionais, mas a 
diversidade das matérias sobre as quais se exerce a 
jurisdição, ou outras particularidades, que impõem a 
repartição das atribuições jurisdicionais entre diferentes 
órgãos, o que, contudo, não informa a tese de sua unidade, 
vez que em todas essas situações a jurisdição é, sempre, a 
mesma função soberana do Estado de dizer ou executar 
coativamente o direito no caso concreto, em ultima 
instância, e de modo definitivo e irrevogável. 
 
Reforçando a unidade da jurisdição, que é resultado do fato de ser 
esta uma atribuição fundamental do Estado exercida por ele em regime de 
exclusividade significa, segundo Rocha (2005, p. 91), “que só o Estado a 
exerce, através dos órgãos por ele instituídos, e que só esses órgãos podem 
prestar o serviço público da justiça, com aquelas características de 
criatividade, definitividade e irrevogabilidade. 
 
No nosso sistema jurídico, o princípio da unidade da jurisdição 
encontra-se expresso nos arts. 5º, incisos XXXV e XXXVII, art. 93 todos da 
Constituição Federal. No ordenamento infraconstitucional este princípio está 
insculpido no art. 345 do Código Penal. Vamos contextualizar o conteúdo 
dos artigos mencionados: 
Tema 06
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 40 
ART. 5º XXXV e XXXVII CF
XXXV - a lei não excluirá 
da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
XXXVII - não haverá juízo 
ou tribunal de exceção; 
ART. 345 C P. Fazer 
justiça pelas próprias 
mãos, para satisfazer 
pretensão, embora 
legítima, salvo quando a 
lei o permite: 
Pena - detenção, de 
quinze dias a um mês, ou 
multa, além da pena 
correspondente à 
violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desta forma, conforme nos explica Rocha (2005, p. 92) a 
jurisdição embora seja unitária é realizada por meios dos diversos órgãos 
jurisdicionais e de diversas formas. Por esta razão, ela pode ser classificada 
por diferentes critérios. Vamos a cada um deles. 
 
Jurisdição comum e jurisdição especial 
 
A jurisdição comum, como leciona
Rocha (2005, p. 92) é aquela 
que tem caráter geral, portanto diz respeito à generalidade dos interesses 
por tutelar. Ensina o autor que 
À jurisdição comum cabe conhecer de todas as 
controvérsias, excluídas apenas aquelas que a lei, reserva 
às jurisdições especiais. A jurisdição comum só está 
limitada no sentido negativo, pois conhece todas as causas, 
menos as que são cometidas a outras jurisdições. 
 
A jurisdição especial, ao contrário, é aquela que só conhece as 
matérias que a lei expressamente assim reconhece. Ou seja, de acordo com 
Rocha (2005, p.92), só opera em relação a certos interesses, tendo em vista 
sua natureza, a qualidade de seus titulares etc. 
 
A própria Constituição Federal dispõe sobre as justiças que 
exercem a jurisdição especial e as justiças que exercem a jurisdição comum. 
 
 Entre as que exercem jurisdição especial estão: 
 
• A Justiça Militar (artigos 122 a 124); 
• A Justiça Eleitoral (artigos 118 a 121); 
• A Justiça do Trabalho (artigos 111 a 117); e 
• A Justiça Militar Estadual (artigo 125, § 3.º). 
 
 
No âmbito da jurisdição comum estão: 
 
• A Justiça Federal (artigos 106 a 110); e 
• A Justiça Estadual Ordinária (artigos 125 e 126). 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 41 
O princípio do duplo grau de
jurisdição indica a possibilidade de
revisão, por via de recurso, das
causas já julgadas pelo juiz de
primeira instância. (GRINOVER,
2005, p. 75) 
Jurisdição penal e jurisdição civil 
 
A classificação da atividade jurisdicional em civil e penal é de 
cunho material. Apesar do direito material possuir vários ramos - Direito 
Administrativo, Direito de Empresa, Direito Tributário, Direito Previdenciário 
dentre outros - a tutela pode ser civil ou penal. 
Rocha (2005, p. 93) esclarece que a jurisdição penal “cuida dos 
conflitos disciplinados pelo direito penal comum e especial. É, pois, preposta 
à atuação das normas penais, que se caracterizam por definirem os fatos 
puníveis (crimes e contravenções) e lhes cominarem penas, que são as mais 
graves das sanções.“ 
A jurisdição civil, por seu turno, define-se como diz o mesmo autor, 
por exclusão da jurisdição penal. Para ele “tudo quanto não cabe na 
jurisdição penal, por exclusão, é jurisdição civil. Tem, pois, por objeto, todas 
as matérias que a lei não confia à jurisdição penal.” (ROCHA, 2005, p. 93) 
Jurisdição superior e inferior 
 
Grinover et al (2005, p. 155) mencionam que é próprio da natureza 
humana o inconformismo perante as decisões desfavoráveis do judiciário. 
Na maioria das vezes, a parte vencida quer nova oportunidade para 
demonstrar suas razões e reivindicar novamente os seus direitos. 
 
A classificação da jurisdição em superior e inferior se dá por conta 
da posição verticalizada dos órgãos judiciários na estrutura organizacional 
do Poder Judiciário. (ROCHA, 2005, p. 93) 
 
Grinover et al (2005, p. 155) resumem em breves linhas essa 
estrutura organizacional do Poder Judiciário. Ensinam eles que 
 
Chama-se jurisdição inferior àquela exercida pelos juizes 
que ordinariamente conhecem do processo desde o seu 
início (competência originaria): trata-se na Justiça Estadual, 
dos juizes de direito das comarcas distribuídas por todo o 
Estado, inclusive comarca da Capital. E chama-se jurisdição 
superior a exercida pelos órgãos a que cabem os recursos 
contra as decisões proferidas pelos juizes inferiores. O 
órgão máximo, na organização judiciária brasileira, e que 
exerce a jurisdição em nível superior ao de todos os outros 
juízes e tribunais é o Supremo Tribunal Federal. 
Rocha (2005, p. 93) recorre a uma pirâmide para ilustrar o Poder 
Judiciário, contendo na sua base os múltiplos órgãos do 1º grau e, no 
vértice, os órgãos do 2º e às vezes, do 3º grau. Exemplificando: 
 
 
 
 
 
 
 1º Grau 
← 2º e ou 3º 
Grau 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 42 
Esta divisão não possui conotação hierárquica, mas apenas 
distribuição de trabalho conforme a competência de cada um desses órgãos. 
E se dá por conta da observação do princípio do duplo grau de jurisdição. 
 
Atenção, não podemos confundir instância com entrância. Vamos 
traçar um paralelo e ver qual é a diferença entre ambas. 
 
 
INSTÂNCIA ENTRÂNCIA 
• GRAU DE JURISDIÇÃO • GRAU ADMINISTRATIVO DAS 
COMARCAS E DA CARREIRA 
DOS JUIZES ESTADUAIS E 
MEMBROS DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO. 
 
 
Jurisdição voluntária e jurisdição contenciosa 
 
 
 
 
 
Jurisdição é o poder exercido pelos órgãos 
do Poder Judiciário com o intuito de 
solucionar os conflitos de interesse. 
 
Porém, como nos adverte Rocha (2005, p. 94), a jurisdição pode 
exercer-se em face de um conflito ou não. Isto, porque muitas vezes aciona-
se o judiciário apenas para o reconhecimento de novas situações jurídicas. 
 
Assim, necessário estabelecer o que jurisdição voluntária e o que 
é jurisdição contenciosa. Comecemos pela jurisdição voluntária ou também 
chamada de jurisdição graciosa. 
 
 
Jurisdição Voluntária 
 
Didier (2003, p. 50) conceitua a jurisdição voluntária como “a 
atividade jurisdicional que integra a vontade das partes; sem a participação 
do Estado-juiz, tal interesse não poderia ser tutelado. Aqui, o órgão judicial 
atua como fiscalizador da produção de vontade.” 
 
Assim, a jurisdição voluntária se dá, no dizer do autor, como uma 
atividade integrativa e fiscalizadora, uma vez que, segundo o mesmo, há 
determinados atos jurídicos dos particulares que se revestem de tal 
importância, que os mesmos não poderiam se dar sem a participação do 
Estado juiz. 
 
A discussão que se coloca é que a doutrina costuma por não 
considerar tais atos como jurisdicionais, considerando mais uma atividade 
administrativa, ou seja, “uma espécie de administração pública de interesses 
Vamos lembrar o 
que é jurisdição?
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 43 
privados.” (DIDIER, 2003, p. 50). Contudo, o Código de Processo Civil – 
CPC, fala em jurisdição voluntária no seu art. 1º: 
 
Art. 1º. A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida 
pelos juízes, em todo território nacional, conforme as 
disposições que este Código estabelece. 
 
Didier (2003, p. 50-52) fornece argumentos para os que entendem 
a jurisdição voluntária como administração publica de interesses privados e 
para os que entendem a jurisdição voluntária como atividade jurisdicional. 
 
Abaixo apresentamos os argumentos presentes na defesa da 
jurisdição voluntária como administração pública dos interesses privados: 
 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA COMO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE INTERESSES 
PRIVADOS 
1) insuficiência de critério orgânico: não é por se tratar de atividades desenvolvidas pelo 
juiz que poderiam ser consideradas jurisdicionais. 
2) não atuação do direito: não se visa a atuação do direito ao caso concreto, mas sim a 
constituição de situações jurídicas novas. 
3) não haveria substitutividade: o magistrado se insere entre os participantes do negócio 
jurídico, não os substituindo. 
4) não existência de lide: não há lide e sim concurso de vontades. 
5) interessados: como não há conflito, não haveria partes e sim interessados. 
6) não haveria ação: pois esta consiste no poder de exercitar o judiciário 
7) não há processo: não havendo ação, também não haveria processo e sim 
procedimento. 
8) não haveria produção de coisa julgada material: os atos em jurisdição voluntária só 
produzem coisa julgada formal. O juiz nada declara com eficácia para fazer coisa julgada 
material. 
 
 
Na defesa da jurisdição voluntária como atividade jurisdicional 
pesam os seguintes argumentos: 
 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA COMO ATIVIDADE JURISDICIONAL 
1) redação legal:
o art. 1º do CPC fala em jurisdição voluntária. 
2) outros escopos: a jurisdição possui outros escopos que não a simples atuação do 
direito (que não lhe é característica exclusiva) 
3) preventividade: a lide jamais poderia ser da essência da jurisdição, pois se assim o 
fosse apenas as hipóteses de tutelas repressivas teriam esta qualidade. A jurisdição 
voluntária possui certa natureza preventiva. 
4) processo: a jurisdição voluntária se exerce por meio das formas processuais (petição 
inicial; sentença etc), além do que não seria razoável defender-se a inexistência de relação 
jurídica entre os interessados e o juiz. 
5) coisa julgada: não se trata de critério diferenciador do ato jurisdicional, pois há 
hipóteses de jurisdição contenciosa que não fazem coisa julgada material. 
6) conceito processual de parte: não há parte em sentido substancial, porquanto não haja 
conflito de interesse material. Mas parte é aquele que postula, daí ser inadmissível não ser 
parte nesta situação. 
7) substitutividade: o juiz intervém para assegurar a tutela de um interesse a que ele se 
mantém estranho, como terceiro imparcial mantendo sua independência. 
 
Antonio Carlos Marcato (2004, p. 22) leciona que não só o 
judiciário exerce a administração pública de interesses privados, mas 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 44 
também o tabelião ao lavrar uma escritura e a Junta Comercial quando 
arquiva um contrato social estão realizando atos de jurisdição voluntária. 
No que tange ao judiciário, a importância de certos institutos, 
como o casamento, são por demais importantes e mesmo para a dissolução 
amigável é necessário a participação do juiz como está previsto nos arts. 
1.120 a 1.124 do CPC. 
 
Jurisdição contenciosa 
 
A jurisdição contenciosa, na lição de Coelho (2004, p. 191) “é a 
exercida em função de um conflito, litígio, ou nas palavras de FRANCESCO 
CARNELUTTI, de um conflito de interesses qualificado por uma pretensão 
resistida.”. A doutrina costuma traçar um paralelo realçando as diferenças 
entre a jurisdição voluntária e a jurisdição contenciosa, que transcrevemos 
abaixo: 
 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
Atividade jurisdicional Atividade administrativa 
Composição de litigios Administração pública do direito privado 
Bilateralidade da causa Unilateralidade da causa 
Questionam-se os direitos ou obrigações 
de outrem 
Não se questionam obrigações ou 
direitos de outrem 
Envolve partes Envolve apenas interessados 
Há contraditório ou possibilidade de 
contraditório 
Não há contraditório 
Há jurisdição Não há jurisdição 
Há ação Não há ação 
Há processo Não há processo, mas apenas uma 
medida administrativa 
Legalidade estrita Não há obrigatoriedade de legalidade 
estrita 
Inter nolentes Inter volentes 
Há coisa julgada Não há coisa julgada 
Há revelia Não há revelia 
Em regra, não há provas determinadas 
de ofício 
Qualquer prova pode ser determinada de 
ofício 
Fonte: Maximilianus Cláudio Américo Fuhrer (2002, p. 48) 
 
Jurisdição de direito ou de equidade 
 
Coelho (2004, p. 192) leciona que a jurisdição por equidade 
encontra arrimo no disposto no art. 127 do CPC, que ora transcrevemos: “o 
juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.” Explica o Autor 
que decidir por equidade significa “decidir sem as limitações impostas pela 
precisa regulamentação legal; é que as vezes o legislador renuncia a traçar 
desde logo na lei a exata disciplina de determinados institutos”, fato, que 
deixa uma grande margem para a individualização da norma pelos órgãos 
jurisdicionais. Como exemplo o próprio autor trabalha três possibilidades: (i) 
a fixação de alimentos – art. 1.694 do CC; (ii) a decisão na arbitragem – art. 
11 da Lei n. 9.307/96; e a jurisdição voluntária – art. 1.109 do CPC. 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 45 
 
ATIVIDADES 
 
 
 1. O que é jurisdição contenciosa? 
 2. O que é jurisdição voluntária? 
 3. O que é também conhecida a jurisdição voluntária? 
 4. Trace um paralelo realçando as diferenças entre jurisdição contenciosa e 
jurisdição voluntária. 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DIDIER JUNIOR, Fredie. Direito Processual Civil. 3 ed. São Paulo: 
Salvador, 2003. 
 
FUHRER, Maximilianus, Cláudio Américo. Resumo de Processo Civil. 24 
ed. São Paulo: Malheiros, 2002. 
 
MARCATO, Antonio Carlos. Procedimentos especiais. 10 ed. São Paulo: 
Atlas, 2004. 
 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 46 
Sistema de
freios e
contrapesos –
posicionamen
to adotado
pelos norte-
americanos
para ressaltar
a
necessidade
de harmonia
e equilíbrio
entre os
poderes.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO PODER JUDICIÁRIO 
 
 
Objetivo: Apresentar o Poder Judiciário como um dos poderes 
integrantes da clássica tripartição de Montesquieu, indicando os seus 
órgãos e sua principal função. 
 
 
 
 
Um dos pressupostos para o reconhecimento do Estado 
Democrático de Direito é a existência dos três poderes independentes e 
harmônicos entre si: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder 
Judiciário. 
Ou seja, o Poder Judiciário compõe juntamente com o Poder 
Executivo e o Poder Legislativo os Poderes da União, de forma harmônica e 
independente, conforme o disposto no texto constitucional (art. 2º, CF) 
 
A importância de termos um Poder Judiciário independente e daí a 
necessidade de um capítulo para estudá-lo em separado, reside no fato que 
sua independência nos avaliza, principalmente, respeito aos direitos e 
garantias fundamentais abrigados na Constituição Federal, uma vez que a 
função típica do judiciário é a jurisdicional, garantindo-nos proteção até 
mesmo contra atos dos demais poderes. 
 
Do Poder Judiciário – uma breve visão. 
 
Como já falamos a título de introdução, o Brasil, que se constitui 
um Estado Democrático de Direito, adota a tripartição de poderes (Poder 
Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário). 
 
Coelho (2004, p. 329) afirma que esta classificação é a adotada por 
Montesquieu, segundo a qual “o poder do Estado é exercido pelo legislativo, 
pelo Executivo e pelo Judiciário, a fim de afastar o arbítrio que decorreria de 
sua concentração”. Este é o sistema de freios e contrapesos. 
 
O art. 2º da Constituição Federal de 1988 dispõe: 
 
“Art. 2º São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário.” 
 
Tema 07 
Porque estudar o Poder 
Judiciário na Teoria Geral do 
Processo?
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 47 
Princípio da 
inafastabilida
de da 
jurisdição. Art. 
5º, XXXV “a 
lei não 
excluirá da 
apreciação do 
Poder 
Judiciário 
lesão ou 
ameaça de 
Direito”. 
De acordo com a forma esposada, o Judiciário tem como função 
precípua a solução dos conflitos de interesses, além de assegurar os direitos 
e garantias individuais e coletivos afirmados pela
Constituição Federal. O 
que não quer dizer que não possua outras funções, como veremos mais 
adiante. 
 
 
O Poder Judiciário e o princípio da inafastabilidade da 
jurisdição. 
 
A importância do Poder Judiciário encontra-se expressa na 
disposição do art 5º, inc. XXXV, da Constituição, podendo-se daí extrair-se o 
princípio da inafastabilidade da apreciação judiciária, como um direito e 
garantia individual. É através do Poder Judiciário que se afirmam os direitos 
fundamentais, importando a solução dos conflitos de interesses. 
 
Coelho (2004, p.329) também adota a tese da importância do 
Poder Judiciário ser ressaltada pela adoção do princípio da inafastabilidade 
da jurisdição. Sobre o princípio da inafastabilidade da jurisdição o Autor 
ensina que devemos nos atentar para dois aspectos. São eles: 
 
1. No primeiro aspecto temos que a jurisdição é monopólio 
do Estado. 
Ao fazer tal afirmativa Coelho (2004, p. 329) faz um escorço 
histórico sobre o período que a jurisdição não dependia do Estado. Narra ele 
que: 
 
Os senhores feudais tinham jurisdição dentro de seu feudo: 
encontravam-se jurisdições feudais [senhores feudais] e 
jurisdições baronais [barões]. 
Lembre-se que os donatários das Capitanias Hereditárias no 
Brasil colonial dispunham da jurisdição civil e criminal nos 
territórios de seu domínio. 
No período monárquico brasileiro, tínhamos jurisdição 
eclesiástica, especialmente em matéria de família, a qual 
desapareceu com a separação entre Igreja e Estado. 
Agora só existe jurisdição estatal, confiada a certos 
funcionários, rodeados de certas garantias: os 
magistrados. (grifo nosso). 
 
2. No segundo aspecto temos que a jurisdição encontra-se 
vinculada ao Poder Judiciário. 
 
Quanto ao segundo aspecto o Autor relaciona-o à Revolução 
Francesa, que segundo ele foi a responsável por se atribuir ao povo a 
soberania, que é exercida pelo Estado, a quem incumbe, através do 
judiciário, monopolizar a administração da justiça. 
 
A possibilidade do Poder Judiciário exercer a missão de ser o 
guardião das liberdades e direitos individuais ocorre através da 
independência e imparcialidade, conforme esclarecem Grinover et. al. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 48 
FUNÇÃO TÍPICA DO PODER 
JUDICIÁRIO: SOLUÇÃO DOS 
CONFLITOS DE INTERESSE 
FUNÇÃO ATÍPICA DO PODER 
JUDICIÁRIO – LEGISLAR SOBRE OS 
SEUS REGIMENTOS INTERNOS 
 Art. 22.
Compete
privativamente à
União legislar
sobre:
I - direito civil,
comercial, penal,
processual,
eleitoral, agrário,
marítimo,
aeronáutico,
espacial e do
trabalho;
(2005, p. 171), daí a necessidade de se saber sobre as garantias e 
prerrogativas inerentes a esse Poder. 
 
 Assim, além de estabelecer no seu art. 2º que “são Poderes da 
União , independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário”, a Constituição Federal reservou ainda um capítulo próprio sobre 
o Poder Judiciário (arts. 92 a 126). 
 
 
Da unidade do Poder Judiciário 
 
Conforme nos ensina Coelho (2004, 330) ao indicar quais são os 
órgãos do judiciário, a Constituição menciona também os Tribunais e Juizes 
do Estado, dando assim, uma idéia de unidade do Poder Judiciário. Desta 
maneira, mesmo possuindo a justiça federal e a justiça estadual, nos não 
podemos perder de vista que o Poder Judiciário é uno. 
 
A própria Constituição Federal confirma o raciocínio da unidade do Poder 
Judiciário ao dispor sobre a competência privativa da União para legislar 
sobre matéria de direito seja material ou direito processual consoante o 
disposto no seu art. 22, I. 
 
 
Das funções do Poder Judiciário 
 
Grinover et. al. (2005, p. 166) 
consideram que o Poder Judiciário é uno, 
bem como sua função precípua que é a 
jurisdição. Contudo, ressalta que há de se 
observar que nem toda atividade do Poder Judiciário é jurisdicional, porque 
mesmo com a tripartição dos poderes não corresponde tamanha rigidez de 
funções, pois o Executivo e o Judiciário também legislam, o Legislativo e o 
Judiciário também administram, e o Executivo e o Legislativo também 
julgam. 
 
As outras funções que o judiciário 
exerce são: a legislativa ao 
elaborar a seus regimentos 
internos, ligadas ao poder de 
autogoverno, e a função 
administrativa, também inerentes ao autogoverno. 
 
Ressalta-se que essa autonomia e independência não são 
absolutas, pois há que se respeitar às regras de equilíbrio expressa na teoria 
dos freios e contrapesos, checks and balances, pela qual alguma 
participação haverá de ter de um Poder no outro, por exemplo, a nomeação 
do Ministro do Supremo Tribunal Federal é da competência do Chefe do 
Poder Executivo, ou seja, exclusividade do Presidente da República, como 
esclarece Dinamarco (2001, p. 359) 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 49 
A independência do Poder Judiciário e suas garantias 
 
Como já conversamos sobre a unidade do Poder Judiciário, 
precisamos também falar sobre a sua independência. 
 
Já falamos anteriormente que por possuir como função típica a 
atividade jurisdicional, ao Poder Judiciário é devido a proteção dos direitos e 
garantias fundamentais dispostos em nossa Constituição, bem como a 
solução dos conflitos entre particulares. 
 
Ocorre, que muitas vezes a solução desses conflitos envolve, 
além do interesses entre particulares, os demais poderes, ou seja, os 
Poderes Executivo e Legislativo. Assim, não fosse a independência do 
Poder Judiciário, não haveria para nós, jurisdicionados nenhuma garantia 
contra o arbítrio do Estado. 
 
Desta forma, Coelho (2004, p. 331) leciona que para garantir essa 
independência ao Poder Judiciário a ordem constitucional prevê duas ordens 
de garantia (i) as primeiras que visam a proteger o Poder Judiciário dos 
demais poderes; e (ii) as segundas que visam proteger os exercentes das 
funções jurisdicionais. 
 
As garantias do Poder Judiciário 
 
A Constituição Federal cuidou de assegurar ao Poder Judiciário a 
prerrogativa do autogoverno, assim o exercício das atividades 
administrativas e normativas, voltadas para a auto-organização e auto-
regulamentação de suas atividades além de função do Poder Judiciário, vão 
funcionar também como garantia de independência do mesmo. 
 
Entre as hipóteses de auto-organização e auto-regulamentação 
Coelho (2004, p. 332) destaca a autonomia administrativa e a autonomia 
financeira, que ilustramos no quadro abaixo. 
 
 
AUTONOMIA ADMNISTRATIVA AUTONOMIA FINANCEIRA 
• Eleição dos órgãos de direção 
dos tribunais; 
• Elaboração dos regimentos 
internos; 
• Organização das secretarias, 
serviços auxiliares e dos juízos 
vinculados; 
• Propor a criação de novas varas; 
• Preencher os cargos necessários 
à administração da justiça. 
• Conceder licenças, férias e 
afastamentos a seus membros. 
• Elaboração de sua proposta 
orçamentária e administração dos 
seus recursos financeiros. 
• A proposta orçamentária deverá 
observar os limites impostos pela 
Lei Complementar 101/2000 (LEI 
DE RESPONSABILIDADE FISCAL) 
– 6% da receita líquida da União 
ou do Estado – arts. 19 e 20 da Lei 
Complementar 101/2000 
 
 
Além destas hipóteses, a Constituição Federal prevê, no 
caso específico dos Tribunais Superiores (Supremo Tribunal Federal –
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 50 
STF, Superior Tribunal de Justiça –STJ, Tribunal Superior do Trabalho – 
TST, Tribunal Superior Eleitoral – TSE, Tribunal Superior Militar – TSM) e 
também dos Tribunais de Justiça, atribuições, além, das já 
mencionadas, quanto à: 
a) alteração do numero de membros dos tribunais inferiores; 
b) criação e extinção dos cargos e fixação
de vencimentos de 
seus membros, juízes e servidores auxiliares; 
c) criação ou extinção de tribunais inferiores; 
d) alteração da organização e divisão judiciária. 
 
 
 
 
Garantia dos magistrados 
 
Além das garantias concedidas ao Poder Judiciário como um 
todo, a Constituição Federal preocupou-se em conceder garantias 
específicas ao Magistrado. As garantias dadas em específico ao magistrado 
podem ser divididas em: (a) garantias à sua independência e (b) 
impedimentos. Veremos cada uma dessas garantias. 
 
a) Garantias de independência. 
 
As garantias de independência visam evitar que o juiz não seja 
submetido às ordens dos demais poderes, o que pode ser chamado de 
independência externa; e ainda, evitar que ele não seja submetido às 
orientações ou ordens advindas do próprio poder judiciário (independência 
interna). Assim, essas garantias podem ser elencadas como (i) 
vitaliciedade; (ii) inamovibilidade; e (iii) irredutibilidade de subsídios. 
 
VITALICIEDADE INAMOVIBILIDADE IRREDUTIBILIDADE DE 
SUBSÍDIOS 
• O juiz só perderá o 
cargo nos casos em que já 
houver sentença 
condenatória transitada 
em julgado (garantia 
conferida após o estágio 
probatório); 
• Busca preservar a 
instituição judiciária e não 
apenas a pessoa do juiz; 
• Garante o exercício 
imparcial da função 
judicante; 
• Pela vitaliciedade o 
magistrado só pode ser 
afastado por vontade 
própria ou por 
aposentadoria 
compulsória aos 70 anos 
de idade. 
• Impede que o juiz 
seja afastado de um lugar 
para outro, a não ser que 
ocorra o seu próprio 
consentimento; 
• Nem mesmo em 
caso de promoção poderá 
o juiz ser removido sem o 
seu consentimento; (esta 
regra comporta apenas a 
exceção contida no art. 93, 
VIII da CF, que determina 
que em caso de interesse 
público, havendo 
reconhecimento por 2/3 
dos membros do Tribunal, 
esse consentimento 
poderá ser dispensado) 
 
• Visa garantir que 
haja descontos no 
valor recebido pelo 
magistrado o que 
em tese poderia 
prejudicar sua 
imparcialidade. 
• Não existe porém 
vedação quanto à 
incidência de 
tributos, que 
recaem sobre as 
demais pessoas, 
como por exemplo 
o imposto de 
renda. 
 
 
 
Vamos conhecer as garantias 
dos magistrados previstos na 
Constituição Federais? 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 51 
b) impedimentos que funcionam como garantia. 
A Constituição Federal em seu art. 95 determina que é vedado 
aos juízes: 
(I) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo 
uma de magistério; 
(II) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em 
processo; 
(III) dedicar-se à atividade político-partidária. 
 
Deste modo, tanto as garantias de independência, como os 
impedimentos que são impostos aos membros do judiciário, oferecem aos 
jurisdicionados a garantia de imparcialidade dos magistrados 
independentemente das partes que forem litigantes. 
 
 
ATIVIDADES 
1.Em que consiste a vitaliciedade como garantia da magistratura? 
 
2. Em que consiste a inamovibilidade como garantia da magistratura? 
 
3. Em que consiste a irredutibilidade de vencimentos como garantia da 
magistratura? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001, v.1. 
 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
O MINISTÉRIO PÚBLICO E O ADVOGADO DOS AUXILIARES 
DA JUSTIÇA 
 
 
Objetivos: Compreender o papel a ser desempenhado pelo Ministério 
Público e pelo Advogado. 
 Conhecer quem são os auxiliares da justiça e qual a função 
que cada um deles desempenha. 
 
 
Enquanto estudávamos o tema da jurisdição, ficou evidente ser ela 
a função do Poder Judiciário, no sentido de que ele é o detentor desta 
função, uma vez que vimos que a jurisdição é una. 
 
Além disso, a análise dos princípios inerentes ao estudo da Teoria 
Geral do Processo nos leva a maiores reflexões quanto a atividade de 
pessoas e órgãos que são, por lei, considerados essenciais ao fiel 
desempenho da justiça. 
 
Assim, o tema 08 será destinado a conhecer um pouco das 
pessoas que exercem, ao lado do juiz, um papel fundamental para o 
exercício do devido processo legal. Começaremos estudando o Ministério 
Público. 
 
O Ministério Público 
 
É o órgão encarregado de defender os interesses da sociedade e 
de fiscalizar a aplicação e a execução da lei. 
 
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do 
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis - art. 
127 da Constituição Federal. 
 
No Brasil, o Ministério Público é dotado de autonomia, que não 
integra o Poder Judiciário (o Ministério Público não está subordinado a este 
Poder, sem dependência ou controle), embora desenvolva as suas funções 
essenciais, principalmente, no processo e perante os juízes e tribunais. 
Considerado função essencial à justiça, ligado, mas independente, ao Poder 
Executivo em razão do repasse de verbas orçamentárias. 
 
 
Tema 08 
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 53 
Princípios Constitucionais Atinentes ao Ministério Público 
 
Princípio da Unidade – significa que todos os membros do 
Ministério Público fazem parte de uma só corporação e são dirigidos 
administrativamente por um único superior, nos Estados, pelos 
Procuradores-Gerais de Justiça; na União, pelo Procurador-Geral da 
República. 
 
Princípio da Indivisibilidade – quer dizer que os membros do 
Ministério Público são substituídos um por outro em suas funções, de acordo 
com a forma e limitações definidas em lei, sem que, com isso, haja alguma 
alteração subjetiva nos processos em que atuam. O Ministério Público é 
quem está na relação processual e não a pessoa física de um promotor. 
Pouco importa qual o membro que venha atuar no processo. 
 
Princípio da Independência Funcional – Significa que cada um 
de seus membros age de acordo com sua própria consciência jurídica, 
devem atender somente à lei, sem ingerência do Poder Executivo, nem dos 
seus próprios órgãos superiores. Desse modo, os membros do Ministério 
Público não devem subordinação intelectual ou ideológica a quem quer que 
seja, nem mesmo ao superior hierárquico. Atuam segundo os ditames da lei, 
do seu entendimento pessoal e da sua consciência. 
 
Garantias Constitucionais do Ministério Público 
 
A Constituição Federal oferece uma gama de garantias ao Ministério 
Público, que se destacam: 
 
• A sua estruturação em carreira; 
• A sua autonomia administrativa e orçamentária ( art. 127, §§ 2º e 3º); 
• Limitações à liberdade do Chefe do Executivo para a nomeação e 
destituição do Procurador-Geral (art. 128, §§ 1º a 4º da CF); 
• Exclusividade da ação penal pública (art. 129, inciso I e § 2º da CF). 
 
Vejamos as principais garantias individuais outorgadas aos 
membros
do Ministério Público pela Constituição e pela Lei Orgânica 
Nacional do Ministério Público: 
 
• Vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos; 
• Ingresso aos cargos iniciais, mediante concurso público de provas e 
títulos; 
• Promoção voluntária, por antiguidade e merecimento, 
alternadamente, de uma para outra entrância ou categoria e da 
entrância ou categoria mais elevada para o cargo de Procurador de 
Justiça; 
• Sujeição à competência originária do Tribunal de Justiça nos crimes 
comuns e nos de responsabilidade, exceto ordem constitucional. 
 
 
 
 
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 54 
Ministério Público e o Processo Civil 
 
A natureza da atuação do Ministério Público é de destaque no 
processo civil pátrio. O Ministério Público possui muitas competências na 
esfera civil, estabelecidas não só na CF (ações diretas de 
inconstitucionalidade interventivas, defesa de interesses indígenas), como 
também no Código Civil, no Código de Processo Civil (defesa de interesses 
de incapazes, pedidos de interdição etc). 
 
Sua atuação tem destaque nos processos sobre interesses 
metaindividuais, em que o legislador conferiu-lhe legitimidade ativa e 
interventiva – CF, art. 129, III; Lei nº 7.347, de 24.7.1985, art. 5º e § 1º; Lei nº 
7.853, de 24.10.1989, arts 3º e 5º; Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 
8.078, de 11.9.1990, art. 82, I. O art. 129 da CF prevê que a legitimidade 
estende-se a outros interesses indisponíveis da sociedade. 
 
Em relação à natureza da função do Ministério Público 
encontramos inúmeras controvérsias. Na doutrina, o entendimento muito 
prestigiado aponta duas funções supostamente diferentes, ambas exercidas 
pelo Ministério Público no processo civil: PARTE E FISCAL DA LEI. 
 
O Ministério Público como parte 
 
O Código de Processo Civil, no art. 81 prevê as hipóteses em que 
o Ministério Público atua como parte no processo, prescrevendo que ele 
agirá nas hipóteses em que houver expressa determinação legal. Estas 
hipóteses estão distribuídas por todo o Código. 
 
As possibilidades de atuação do Ministério Público como parte são 
orientadas de acordo com o princípio da legalidade. Como parte, o Ministério 
Público pode atuar como representante ( por exemplo, no caso de 
propositura de ação civil pública para resguardo de interesse difuso) ou como 
substituto processual ( exemplo: na ação civil pública para resguardo de 
direitos individuais homogêneos). 
 
O Ministério Público como fiscal da lei - Custos legis 
 
O Ministério Público, mesmo quando não atua como parte, a lei 
obriga atuar em determinadas causas, como fiscal da regular aplicação da 
lei. Assume verdadeira posição de sujeito especial do processo, onde sua 
presença é demandada pelo interesse público na correta aplicação da lei. 
 
O art. 82 do CPC indica as hipóteses em que se exige a 
intervenção do Ministério Público como custos legis, vejamos: 
• Nas causas em que há interesses de incapazes; 
• Nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, 
curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposição 
de última vontade; 
• Nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e 
nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela 
natureza da lide ou qualidade da parte. 
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 55 
 
As duas primeiras hipóteses (art. 82, I e II) tratam sobre direitos 
privados, contudo, ou em virtude da hipossuficiência de uma das partes 
(incapazes), ou em virtude da natureza do direito material em litígio, tutelado 
de maneira especial pelo Estado, o legislador exige um maior controle em 
relação à correta aplicação da lei. 
 
Em relação ao inciso III do art. 82, estabelece regra genérica, 
permitindo a intervenção ministerial em todos os feitos em que se faça 
presente o interesse público não previsto expressamente pelo legislador. 
 
Falta de intervenção do Ministério Público nos casos em que 
a Lei considerar obrigatória 
 
 O CPC, em seu art. 84, exige a intimação do Ministério Público 
nos casos em que a lei considerar obrigatória a intervenção dele, 
cominando como sanção, para o descumprimento da imposição a nulidade 
do processo. 
 
Vantagens processuais do Ministério Público 
 
A lei processual estabelece ao Ministério Público diversas 
vantagens. Tais regras especiais não são benefícios estabelecidos em favor 
da instituição em si, mas para possibilitar uma melhor defesa dos interesses 
públicos. Em resumo, podemos citá-las: 
• Intimação pessoal do representante do Ministério Público de todos os 
atos do processo; 
• Não está sujeito ao pagamento antecipado de custas nem à 
condenação em sucumbência; 
• Quando o Ministério Público atuar como fiscal da lei, ele manifesta 
em último lugar; 
• Quando atuar como parte, ele tem prazo em quádruplo para contestar 
e em dobro para recorrer. Ainda persiste uma polêmica na 
jurisprudência quanto à extensão desse benefício ao Ministério 
Público nas funções de fiscal da lei. O Supremo Tribunal Federal já 
proclamou que, seja órgão agente (parte), seja órgão interveniente 
(fiscal da lei), terá o Ministério Público sempre o mesmo prazo em 
quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (RE – Recurso 
Extraordinário 93.531.1-SP, rel. Min. Oscar Correa, in DJU - Diário da 
Justiça da União de 1.7.1983, p.9998; RE 94.064-2, in DJU de 
17.12.1982, p. 13209). 
• Como sujeito do contraditório, o Ministério Público tem faculdades 
probatórias, podendo juntar documentos, requerer prova oral, assim 
como valer-se de todos os meios de provas admitidos em lei. 
 
 
 
 
 
 
 
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 56 
 
Ministério Público da União e Ministério Público Estadual 
 
QUADRO COMPARATIVO 
 
Ministério Público da União 
 
Ministério Público Estadual 
O Procurador-Geral da República é quem 
exerce a chefia do Ministério Público da 
União. Ele é nomeado pelo Presidente da 
República após aprovação pelo Senado 
Federal. A regra da escolha recai 
necessariamente entre integrantes da 
carreira e com a investidura garantida por 
2 anos, permitida uma recondução. 
A Procuradoria-Geral da Justiça e o 
próprio Parquet estadual são dirigidos 
pelo Procurador-Geral da Justiça, que 
será membro da carreira e figurante de 
uma lista tríplice apresentada pelo 
Ministério Público ao Governador. 
Ao Ministério Público da União é 
assegurada autonomia funcional, 
administrativa e financeira. Sendo as 
carreiras dos membros dos diferentes 
ramos independentes entre si. Dessa 
forma, para ser membro do MPF - 
Ministério Público Federal, deve-se 
prestar concurso público para o MPF. 
Para ser membro do MPT- Ministério 
Público da Trabalho, deve-se prestar 
concurso para o MPT, e assim por diante. 
Quanto à carreira técnico-administrativa, 
esta é única para todo o Ministério 
Público da União. O candidato presta 
concurso público para o Ministério 
Público da União e pode ser lotado em 
qualquer um dos ramos. 
Ao Ministério Público Estadual é 
assegurada autonomia funcional, 
administrativa e financeira. Os seus 
cargos são estruturados em carreira. O 
ingresso dá-se no cargo de promotor de 
justiça substituto. As promoções são 
feitas, alternadamente, pelos critérios do 
merecimento e Antigüidade. 
O Ministério Público da União (MPU), 
compreende os seguintes ramos: a) O 
Ministério Público Federal (MPF); b) O 
Ministério Público do Trabalho (MPT); c) 
O Ministério Público Militar (MPM); d) O 
Ministério Público do Distrito Federal e 
Territórios (MPDFT) 
Há junto à Justiça de cada Estado, um 
Ministério Público Estadual.
Há 
Promotores de Justiça em exercício 
perante juízos criminais ou cíveis, tanto 
na Capital ou no interior. Nos juizados 
especiais oficia sempre pelo menos um 
membro do Ministério Público, sob pena 
de inviabilidade do próprio juizado. 
O Ministério Público da União é regido 
pela Lei Complementar nº 75 de 20 de 
maio de 1993, que é a sua Lei Orgânica. 
 
O Ministério Público Estadual rege-se 
pela Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 
1993. Cada Estado organiza o seu 
Parquet mediante legislação própria e a 
do Estado do Tocantins é a Lei 
Complementar nº 12, de 29 de novembro 
de 1996, que institui a Lei Orgânica do 
Ministério Público do Estado do 
Tocantins. 
 
A Constituição Federal, no artigo 129, dispõe sobre as funções 
institucionais do Ministério Público, vejamos: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de 
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo 
as medidas necessárias a sua garantia; 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do 
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos 
e coletivos; 
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 57 
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de 
intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; 
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações 
indígenas; 
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua 
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na 
forma da lei complementar respectiva; 
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei 
complementar mencionada no artigo anterior; 
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito 
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações 
processuais; 
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis 
com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a 
consultoria jurídica de entidades públicas. 
 
 
O Ministério Público e o Processo Penal 
 
 
A ação penal pode ser pública incondicionada, exercida pelo 
Ministério Público; pública condicionada, exercida também pelo Ministério 
Público, mas só mediante representação do ofendido ou requisição do 
Ministro de Justiça; privada exclusiva, exercida por queixa, pelo ofendido 
ou seu representante legal, ou por sucessor; privada subsidiária, exercida 
por queixa, pelo ofendido, no caso de o Ministério Público não oferecer a 
denúncia no prazo legal; e privada personalíssima, que só pode ser 
exercida pelo próprio interessado, mediante queixa. 
 
O Ministério Público é o titular do direito de ação nos processos 
em que se tratar sobre crimes de ação pública. Desse modo, cumpre-lhe 
provocar a atividade jurisdicional, para que seja apreciada e decidida uma 
pretensão punitiva devidamente deduzida na acusação que é objeto da 
denúncia. 
 
O processo penal iniciado por ação pública. Esta é irretratável, 
assim, não é cabível renúncia ou transação. Na ação privada criminal, o 
acusador pode desistir da demanda. 
 
Vejamos o que é a denúncia e a queixa. 
 
Denúncia – É o ato pelo qual o promotor de justiça formaliza a 
acusação perante o juízo competente, dando início à ação penal. No 
processo penal, tanto nos crimes como nas contravenções, inicia-se pelo 
recebimento da denúncia, com os fatos devidamente descritos, a imputação 
da autoria, a classificação do crime e o nome das testemunhas. O prazo 
para o seu oferecimento é de 5 dias, quando o réu estiver preso; ou de 15 
dias, quando o réu estiver solto. 
 
Queixa – É uma petição inicial, coma qual se dá início à ação 
penal privada. Equivale à denúncia, portanto deve ser formulada como esta, 
juntando-se o inquérito policial. 
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 58 
 
O Ministério Público intervém em todos os termos do processo. 
Nos casos de ação privativa do ofendido, ele pode aditar a queixa, suprindo 
eventuais incorreções. Na ação privada subsidiária, ele pode não só aditar a 
queixa, como repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva. 
 
 
O Advogado 
 
 
Conhecemos sobre a atuação do Ministério Público, agora vamos 
estudar a atuação do advogado. 
 
O art. 133 da Constituição Federal determina que “O advogado é 
indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e 
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. 
 
Somente tem capacidade de postular em juízo aquele habilitado 
em curso superior jurídico e devidamente inscrito na Ordem dos Advogados 
do Brasil. O advogado é o técnico em direito que representa a parte em suas 
postulações no processo e no exercício das suas faculdades processuais. O 
processo no qual a parte se faça representar por quem não detém a 
habilitação legal para o exercício de advocacia, é absolutamente nulo. 
 
A lei prevê exceção quanto a esta regra geral, possibilitando a 
postulação diretamente pela parte: 
 
• Quando advoga em causa própria (CPC, art. 36); 
• Nas causas de competência do juizado especial cível, quando seu 
valor não ultrapassar vinte salários mínimos; 
• Mesmo quando não sendo advogado, não houver causídico no lugar 
ou os que existam tenham recusado o patrocínio da causa. São 
conhecidos como rábulas (art. 36, CPC). A situação descrita neste 
item se concretizará muito raramente. Na grande maioria das 
comarcas, existe mais de um advogado e dificilmente todos se 
negarão a defender a parte em juízo ou estarão impedidos de fazê-
lo. Terá que ser observado, também, se nas cidades vizinhas existe 
advogados para representá-lo. Somente esgotadas todas as 
alternativas possíveis é que se aplicará este dispositivo. 
 
A representação da parte pelo advogado, para ser válida é 
necessário o mandato (art. 38 do CPC), por instrumento público (obrigatório 
para os analfabetos) ou particular. Sem instrumento de mandato, o 
advogado não será admitido a postular em juízo. A procuração não pode ser 
dispensada. Contudo, há medidas de urgência que podem ser praticadas 
sem mandato, desde que, no prazo máximo de trinta dias, ele seja exibido 
no processo, sob pena de inexistência do ato e responsabilização do 
advogado pelas custas, perdas e danos gerados no processo. 
 
A substituição do Advogado pode dar-se pela vontade da parte 
manifestada nos autos. Assim, ocorre a revogação do mandato. O autor 
deverá constituir outro advogado, sob pena de extinção do processo. 
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 59 
“Vara” é a 
expressão 
que designa 
a própria 
circunscriçã
o em que o 
juiz exerce 
sua 
jurisdição 
 
Se, no decorrer do processo, sobrevier incapacidade ou morte do 
advogado, o feito será suspenso por vinte dias, para constituição de novo 
defensor pela parte, sob as penas de extinção ou revelia. 
 
 
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA 
 
O artigo 139 do Código de Processo Civil menciona quem são os 
auxiliares da justiça: o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o 
depositário, o administrador e o intérprete, além de outros, cujas 
atribuições são determinadas pelas normas de Organização Judiciária. 
 
Os auxiliares permanentes da Justiça ocupam cargos criados por 
lei, com denominação própria. São servidores integrados no quadro do 
funcionalismo público, ou serventuários – Código Judiciário, art. 209, I, III. 
Conforme dispõe a Lei de Organização Judiciária, disciplinando o acesso, 
impondo o regime disciplinar aos serventuários, o ingresso às carreiras se 
dá mediante concurso público. 
 
O Código de Processo
Civil menciona também como auxiliares 
da justiça o partidor (arts. 141, IV, c e 1023), o contador (arts. 141, IV, c, 
769, 770, 1.013, § 1º e 1.034), o perito (arts. 688, § único e 694) e o 
distribuidor (art. 253, § único). 
 
O escrivão 
 
A celeridade e a eficácia da justiça dependem da atuação deste 
serventuário. Exceto o Juiz, o escrivão é a autoridade mais importante da 
vara. Suas atribuições vêm discriminadas nos artigos 141, 166 e 167 do 
CPC e nas leis de Organização Judiciária. 
 
De acordo com o artigo 144 do Código de Processo Civil o escrivão tem fé 
pública, é responsável civilmente pelos prejuízos que acarretar às partes. 
Nos seus impedimentos, ele será substituído segundo as normas de 
Organização Judiciária e do artigo 142 do CPC. 
 
Sob sua responsabilidade estão os processos e todos os atos 
praticados na vara deve ter seu conhecimento. 
 
Incumbe ao escrivão (artigo 141, CPC): 
 
I – redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais 
atos que pertencem ao seu ofício; 
II – executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem 
como praticando todos os demais atos, que lhe foram atribuídos pelas 
normas de organização judiciária; 
III – comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para 
substituí-lo escrevente juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo; 
IV – ter, sob sua responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de 
cartório, exceto: 
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 60 
Petição inicial
é o modo
formal de
pleitear um
pedido para a
satisfação de
um interesse
em juízo.
a) quando tenham de subir à conclusão (quando o processo é remetido 
ao juiz para que este profira despacho ou sentença) do juiz; 
b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda 
Pública; 
c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor; 
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro 
juízo. 
V – dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ou termo do 
processo, observado o que dispõe o artigo 155 do CPC. 
 
“Na Justiça do Trabalho o escrivão é chamado de chefe de secretaria – 
artigo 710 da CLT. 
 
 
Há um escrivão junto a cada juízo. Do ponto de vista 
administrativo, o escrivão é também um chefe de seção – ofício de justiça, 
com funcionários subalternos sob sua direção – escreventes. É permitido 
que o escrivão seja substituído por um escrevente na realização de atos de 
seu ofício – art. 141, III do CPC e art. 808 do CPP. 
 
Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a autuará. 
Autuar a petição inicial significa colocar-lhe uma capa e lançar nesta os 
dados de identificação do processo. 
 
O oficial de justiça 
 
O oficial de justiça é encarregado pelas diligências externas do 
juízo – art. 143, CPC; art. 721, CLT. Ele deve cumprir estritamente as ordens 
do juiz, não podendo, em hipótese alguma, entender-se diretamente com a 
parte interessada no processo. O seu vencimento é fixo e mais os 
emolumentos dos atos funcionais praticados. 
 
Em cada juízo haverá um ou mais oficiais de justiça. Suas 
atribuições estão determinadas pelas normas de organização judiciária. 
 
Incumbe ao oficial de justiça (artigo 143, CPC): 
 
I – fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos seqüestro, 
busca e apreensão e demais diligências próprias do seu ofício, certificando 
no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora; 
II – executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; 
III – entregar, em cartório, o mandado, logo após cumprido; 
IV – estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na manutenção da 
ordem; 
 
 
PENHORA é a apreensão judicial de bens do devedor, destinada a garantir o 
pagamento da dívida. Os bens são retirados da posse do executado para garantirem 
a execução da dívida. 
ARRESTO é a apreensão judicial de bens do devedor com a finalidade de garantir a 
solvabilidade deste. O arresto recai em tantos bens quantos forem suficientes para 
cobrir o montante do débito. 
SEQÜESTRO é a apreensão judicial de um bem determinado, objeto da lide. O 
seqüestro pressupõe questão sobre uma coisa determinada. 
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 61 
 
O perito 
 
O perito é aquele que auxilia o juízo, realizando exames, vistorias 
ou avaliações que dependam de conhecimentos técnicos. O artigo 421 do 
Código de Processo Civil dispõe que quando a prova do fato depender de 
conhecimento técnico e científico, o juiz será assistido por perito. 
 
A perícia é um dos meios de provas que é realizada através de um 
laudo e será utilizada pelo juiz na interpretação de determinado evento 
relativo ao objeto do processo e que dependa de conhecimento técnico, 
científico etc. 
 
Os peritos deverão comprovar sua especialidade na matéria sobre 
que deverão opinar. 
 
O artigo 145, § 3º do Código de Processo Civil dispõe que nas 
comarcas onde não houver profissionais qualificados que preencham os 
requisitos exigidos pela lei, a indicação dos peritos será de livre escolha do 
juiz. 
 
O perito pode recusar-se do encargo de cumprir o ofício, alegando 
motivo legítimo. A recusa será apresentada dentro de 5 dias, contados da 
intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar 
renunciado o direito a alegá-la – art. 423, CPC. 
 
O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, 
responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado por 2 anos, 
a funcionar em outras perícias e incorrerá em sanções penais aplicadas ao 
caso – artigo 147, Código de Processo Civil. 
 
Uma vez nomeado, ele assume formalmente o compromisso de 
desempenhar o ofício. Recebe o nome de laudo o parecer apresentado por 
ele ao juiz, relatando o seu trabalho e formulando conclusões. Contudo, o 
laudo não vincula o juiz, podendo decidir segundo a sua convicção, mesmo 
com as conclusões do laudo pericial. 
 
 
 
“Fé Pública - O escrivão e o oficial de justiça têm fé pública, isto significa que 
suas certidões são consideradas verdadeiras, sem qualquer necessidade de 
demonstração de sua correspondência à verdade, até que o contrário seja 
provado”. 
 
 
 
Do depositário e do administrador 
 
Ao depositário e ao administrador serão confiadas a guarda e a 
conservação de bens penhorados, arrestados, seqüestrados ou 
arrecadados, não dispondo a lei de outro modo. 
 
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 62 
O depositário ou o administrador receberá, por seu trabalho, 
remuneração que o juiz fixará, atendendo à situação dos bens, ao tempo do 
serviço e às dificuldades de sua execução. 
 
 
 
 O Depositário, como regra, incube a guarda e a conservação do 
bem que lhe é confiado pelo juiz. 
 O Administrador terá um ônus a mais, qual seja, fará a gestão dos 
bens que lhe são confiados, buscando meios idôneos para que não 
se desvalorizem. 
 
 
 
 
O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por 
dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi 
arbitrada; contudo tem o direito a haver o que legitimamente 
despendeu no exercício do encargo. 
 
 
Do intérprete 
 
O intérprete tem funções relacionadas aos seus conhecimentos de 
língua estrangeira, linguagem de sinais dos surdos-mudos – art. 151, Código 
de Processo Civil, sua função é a de revelar o conteúdo da prova 
documental e/ou oral. 
 
Eventualmente, o juiz necessita do auxílio de um intérprete, para a 
produção da prova. O intérprete desempenha a função de revelar o 
conteúdo de documentos ou depoimentos, vertendo-os de idiomas 
estrangeiros ao português permitindo, desse modo, a compreensão pelas 
partes.
O artigo 151 do Código de Processo Civil determina que o juiz 
nomeará intérprete toda vez que o repute necessário para analisar 
documento de entendimento duvidoso, redigido em língua estrangeira; verter 
em português as declarações das partes e das testemunhas que não 
conhecerem o idioma nacional e traduzir a linguagem mímica dos surdos-
mudos, que não puderem transmitir a sua vontade por escrito. 
 
 
 
Haverá a necessidade da presença de intérprete da linguagem mímica 
somente se a pessoa com deficiência do sentido da fala e/ou auditivo 
não puder se expressar por escrito. 
 
 
 
Não pode ser intérprete quem não tiver a livre administração dos 
seus bens e for arrolado como testemunha ou serve como perito no 
processo. 
 
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 63 
ATIVIDADES 
 
 1. O Ministério Público atua como parte e como fiscal da lei 
(Custos Legais). Discorra sobre cada uma dessas funções. 
 
2. Cite as exceções que possibilitam a postulação de ação 
diretamente pela parte, não sendo necessário o advogado. 
 
3. Discorra sobre cada princípio constitucional atinente ao 
Ministério Público. 
 
4. O que significa quando se afirma que o escrivão e o oficial de 
justiça têm fé pública? 
 
 5. Cite quais são os auxiliares da justiça e comente sobre suas 
funções. 
5. Por que e quando o juiz poderá ser assistido por perito? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001, v.1. 
 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA 
 
Objetivo:Mostrar como é o funcionamento da organização judiciária. 
 
Depois de estudado o conteúdo de jurisdição, somado aos 
conteúdos vistos no tema 08, do Ministério Público, do Advogado e dos 
Auxiliares da Justiça, faz-se necessário o estudo da organização judiciária, 
tanto para compreender o seu funcionamento em si mesmo, como para nos 
prepararmos para o estudo do que vem a ser competência. 
 
Para iniciar o tema proposto vamos primeiro conhecer alguns 
princípios que norteiam a organização judiciária. 
 
 
 
 
Princípios de organização do poder judiciário 
 
 
A jurisdição como atividade do Estado visa a resolução dos 
conflitos, através do processo, pelo qual manifestará sua decisão. Para esse 
efetivo exercício surge a necessidade da criação de uma organização que 
seja capaz de exercer as atividades do Estado. 
 
E essa organização se faz pelo Poder Judiciário, que segundo 
expõe Rocha (2005, p.113): 
 
é, justamente, a organização preordenada ao exercício da 
função jurisdicional, ou seja, é um conjunto de elementos 
pessoais e materiais relacionados entre si, tendo em vista 
desempenhar a função jurisdicional do Estado. 
 
A formação do Poder Judiciário, por sua vez, se conduz por 
princípios e regras, que determinam as atribuições e suas relações. Esses 
princípios, como ensina Rocha (2005, p.114) são: 
 
a) princípio da desconcentração; 
b) princípio da territorialidade; 
c) princípio da adequação e 
e) o princípio do duplo grau de jurisdição. 
 
Tema 09 
Quais são os princípios de organização do 
Poder Judiciário? 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 65 
Passamos assim, ao estudo de cada um desses princípios. 
Comecemos pelo princípio da desconcentração. 
 
Princípio da desconcentração 
 
Pelo princípio da desconcentração, extrai-se a idéia de que 
desconcentrar é a repartição das funções dentro de uma mesma pessoa 
jurídica. E o Judiciário brasileiro traz esse aspecto da desconcentração, já 
que a prestação do serviço ocorre por uma multiplicidade de órgãos, o que 
contribui na solução dos conflitos. 
 
Princípio da territorialidade 
 
Os órgãos que compõe o aparato judiciário estão localizados por 
todo o território nacional, o que dá a noção do princípio da territorialidade, 
originando a chamada competência territorial, pois cada circunscrição 
apresenta suas atribuições, mostrando a sua relação com o princípio da 
desconcentração, garantindo o acesso das pessoas ao Poder Judiciário. 
 
Princípio da adequação 
 
O princípio da adequação ou também chamado princípio da 
especialização, representa a qualificação jurídica da matéria que versa a 
ação, das pessoas da ação proposta entre outras condições que a lei 
enumera. Assim, tem-se que os órgãos que compõem o judiciário constituem 
as justiças especiais e as justiças comuns. 
 
Princípio do duplo grau de jurisdição 
 
Pelo princípio do duplo grau de jurisdição entende-se que a parte ao invocar 
a jurisdição e estiver inconformada com a decisão de primeiro grau (dos 
juízos), poderá pedir um reexame (através de recurso) do seu processo para 
um órgão de segundo grau (os tribunais), o que também permite a correção 
de eventual decisão equivocada do juiz. 
 
 
Conceito de Organização Judiciária 
 
Conceito 
 
 Cabe a organização judiciária estabelecer as normas pelas 
quais se constituirão os órgãos no exercício da jurisdição, normas sobre a 
administração da justiça, no que diz respeito à composição dos juízos e suas 
atribuições, a estrutura judiciária, com a distribuição de competência, a 
fixação das épocas para as atividades forenses, bem como as garantias dos 
juízes e da Magistratura, consoante os ensinamentos de Dinamarco (2001, 
p. 349) 
 
O termo órgão é empregado em sentido amplo envolvendo não só 
as pessoas investidas de poderes na atuação da jurisdição, mas os próprios 
poderes atribuídos a elas, o meio material empregado para desenvolver as 
funções, bem como a esfera de competência. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 66 
 
Conceituando órgão Rocha (2005, p. 116) diz que é “um conjunto 
ordenado de elementos pessoais e materiais relacionados entre si, tendo em 
vista o desempenho de uma tarefa ou atribuição” . 
 
O autor explica ainda que os órgãos estão relacionados ao 
desempenho de suas funções para a qual foram instituídos, valendo-se dos 
meios e das pessoas com atribuições para o exercício da jurisdição. 
 
 
 Competência Legislativa 
 
 
 As normas básicas sobre organização judiciária estão 
disciplinadas na Constituição Federal, nos artigos 92 seguintes sobre todos 
os órgãos judiciários. E aos Estados cabe legislar sobre sua própria 
organização judiciária desde que observados os preceitos constitucionais e o 
Estatuto da Magistratura. 
 
 Desta forma, Dinamarco (2001, p. 356) aborda em geral a 
distribuição da competência, lecionando que a competência originária e 
recursal dos tribunais estaduais é regida pelas constituições estaduais, 
assim como o disposto no art. 125, § 1º, da Constituição Federal e, a 
organização das justiças estaduais é da competência das leis ordinárias do 
Estado, por iniciativa do Tribunal de Justiça (art. 125, § 1º, da Constituição 
Federal, 2ª parte) e os tribunais criarão em seus regimentos internos e as 
normas sobre
os seus serviços jurisdicionais e administrativos. 
 
 
Composição dos órgãos jurisdicionais 
 
 
 Os órgãos jurisdicionais brasileiros têm sua composição 
distribuída segundo a observação de duas formas: a monocrática, que são 
os juízos de 1º grau e o colegiado, composto pelos órgãos de 2º grau, bem 
como o Supremo Tribunal Federal, como órgão de 3º grau. 
 
 Outra classificação se destaca: os órgãos da Justiça Federal e 
os órgãos da Justiça Estadual. Assim, compõem os órgãos da Justiça 
Federal, ou seja, da Justiça da União, os seguintes órgãos: 
 
a) Supremo Tribunal Federal; 
b) Superior Tribunal de Justiça; 
c) Justiça Federal: Tribunais Regionais Federais, os Juízos 
Federais e os Juizados Especiais da Justiça Federal; 
d) Justiça do Trabalho:Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais 
Regionais do Trabalho e o Juízo do Trabalho; 
e) Justiça Eleitoral: o Tribunal Superior Eleitoral, os Tribunais 
Regionais Eleitorais, os Juízos Eleitorais e as Juntas Eleitorais; 
f) Justiça Militar: o Superior Tribunal Militar e os Conselhos de 
Justiça; 
g) Justiça do Distrito Federal e Territórios. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 67 
 
 Seguindo essa composição temos a composição das justiças 
Estaduais pelos seguintes órgãos: 
 
a) Tribunais de Justiça; 
b) Os Juízos de Direito; 
c) Justiça Militar dos Estados; 
d) Juizados Especiais; 
e) Justiças de Paz (está embutida no Poder Judiciário, porém não 
exerce a jurisdição, apenas tem atribuições administrativas, conforme 
explica Rocha (2001, p. 134). 
 
 Essa distribuição tem uma melhor visualização pelo 
organograma (em anexo), pois estabelece a composição dos órgãos 
jurisdicionais mencionados através de um critério entre planos verticais e 
horizontais, devido as constituições internas de cada um, conforme 
preleciona o Prof. Dinamarco (2001, p. 364) . 
 
 No plano vertical, observa-se o STF (Supremo Tribunal 
Federal) sobrepondo-se a todos os outros órgãos, assim como o STJ 
(Superior Tribunal de Justiça) sobrepõe-se à Justiça Federal e à Justiça dos 
Estados. Já no plano horizontal há um alinhamento das Justiças, cada qual 
com a matéria de sua jurisdição. 
 
 
ANEXO I 
 
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2004 
 
Altera dispositivos dos arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 
98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 
114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da 
Constituição Federal, e acrescenta os arts. 103-A, 
103B, 111-A e 130-A, e dá outras providências. 
 AS MESAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, nos termos do § 3º do 
art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: 
 Art. 1º Os arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 
125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal passam a vigorar com a seguinte redação: 
"Art. 5º..................................................... 
................................................................ 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração 
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
................................................................ 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem 
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos 
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação 
tenha manifestado adesão." (NR) 
"Art. 36. .................................................... 
................................................................. 
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral 
da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. 
IV (Revogado). 
................................................................" (NR) 
"Art. 52..................................................... 
................................................................ 
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho 
Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e 
o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
................................................................" (NR) 
"Art. 92 .................................................... 
................................................................ 
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 68 
I-A o Conselho Nacional de Justiça; 
................................................................ 
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais 
Superiores têm sede na Capital Federal. 
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o 
território nacional." (NR) 
"Art. 93. ................................................... 
I ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso 
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, 
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas 
nomeações, à ordem de classificação; 
II -............................................................. 
................................................................. 
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de 
produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos 
oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; 
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo 
voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada 
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; 
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do 
prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; 
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento, 
alternadamente, apurados na última ou única entrância; 
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de 
magistrados, constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso 
oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; 
................................................................ 
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal; 
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse 
público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho 
Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; 
VIIIA a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância 
atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II; 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a 
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; 
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo 
as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; 
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído 
órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo
de vinte e cinco membros, para o exercício das 
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se 
metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; 
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e 
tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, 
juízes em plantão permanente; 
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda 
judicial e à respectiva população; 
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos 
de mero expediente sem caráter decisório; 
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição."(NR) 
"Art. 95. ................................................... 
................................................................ 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
................................................................. 
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três 
anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração." (NR) 
"Art. 98. .................................................... 
................................................................. 
§ 1º (antigo parágrafo único) ........................ 
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços 
afetos às atividades específicas da Justiça." (NR) 
"Art. 99. .................................................... 
................................................................. 
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas 
orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo 
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 69 
considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei 
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo. 
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em 
desacordo com os limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes 
necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. 
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de 
despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes 
orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou 
especiais." (NR) 
"Art. 102. .................................................. 
I -.............................................................. 
................................................................. 
h) (Revogada) 
................................................................ 
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do 
Ministério Público; 
................................................................ 
III -............................................................ 
................................................................ 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. 
................................................................ 
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas 
ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão 
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. 
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das 
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a 
admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus 
membros." (NR) 
"Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de 
constitucionalidade: 
................................................................ 
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
................................................................ 
§ 4º (Revogado)." (NR) 
"Art. 104. ................................................. 
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo 
Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco 
anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria 
absoluta do Senado Federal, sendo: 
................................................................." (NR) 
"Art. 105. ................................................... 
I -............................................................... 
.................................................................. 
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas 
rogatórias; 
.................................................................. 
III -............................................................. 
................................................................. 
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; 
................................................................. 
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: 
I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, 
dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; 
II o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão 
administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do 
sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante." (NR) 
"Art. 107. ................................................... 
.................................................................. 
§ 1º (antigo parágrafo único) ........................ 
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de 
audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, 
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. 
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, 
constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em 
todas as fases do processo." (NR) 
"Art. 109. .................................................... 
................................................................... 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 70 
................................................................... 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior 
Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de 
competência para a Justiça Federal." (NR) 
"Art. 111. ...................................................... 
..................................................................... 
§ 1º (Revogado). 
§ 2º (Revogado). 
§ 3º (Revogado)." (NR) 
"Art. 112. A lei criará varas
da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não 
abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal 
Regional do T rabalho." (NR) 
"Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público 
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios; 
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e 
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato 
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o 
disposto no art. 102, I, o ; 
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de 
trabalho; 
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos 
órgãos de fiscalização das relações de trabalho; 
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e 
seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; 
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. 
§ 1º .......................................................... 
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é 
facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a 
Justiça do T rabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao 
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. 
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse 
público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do 
Trabalho decidir o conflito." (NR) 
"Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, 
recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre 
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: 
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e 
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o 
disposto no art. 94; 
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, 
alternadamente. 
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização 
de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva 
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. 
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, 
constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em 
todas as fases do processo." (NR) 
"Art. 125. ................................................ 
............................................................... 
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça 
Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, 
em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em 
que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos 
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a 
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do 
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. 
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os 
crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo 
ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes 
militares. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 71 
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras 
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do 
processo. 
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e 
demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se 
de equipamentos públicos e comunitários." (NR) 
"Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de 
varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. 
............................................................" (NR) 
"Art. 127. ............................................... 
.............................................................. 
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro 
do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de 
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, 
ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. 
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo 
com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários 
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. 
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de 
despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes 
orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou 
especiais." (NR) 
"Art. 128. .................................................. 
................................................................. 
§ 5º ........................................................... 
I -............................................................... 
.................................................................. 
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão 
colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, 
assegurada ampla defesa; 
.................................................................. 
II -.............................................................. 
.................................................................. 
e) exercer atividade político-partidária; 
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. 
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, 
V." (NR) 
"Art. 129. .................................................... 
................................................................... 
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, 
que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. 
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de 
provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, 
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas 
nomeações, a ordem de classificação. 
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. 
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata." (NR) 
"Art. 134. ...................................................... 
§
1º (antigo parágrafo único) ............................ 
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e 
administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de 
diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º." (NR) 
"Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os 
créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do 
Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em 
duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º." (NR) 
 Art. 2º A Constituição Federal passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 103-A, 
103-B, 111-A e 130-A: 
"Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante 
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, 
aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação 
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, 
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em 
lei. 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas 
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a 
administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos 
sobre questão idêntica. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 72 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou 
cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de 
inconstitucionalidade. 
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que 
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, 
anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja 
proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso." 
"Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de quinze membros com mais 
de trinta e cinco e menos de sessenta e seis anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma 
recondução, sendo: 
I - um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivo tribunal; 
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; 
III- um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; 
IV- um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; 
V- um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; 
VI- um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; 
VII- um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; 
VII- um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do 
Trabalho; 
IX- um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; 
X -um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da 
República; 
XI -um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da 
República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; 
XII- dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do 
Brasil; 
XIII- dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela 
Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 
§ 1º O Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, que votará 
em caso de empate, ficando excluído da distribuição de processos naquele tribunal. 
§ 2º Os membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de 
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. 
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a 
escolha ao Supremo Tribunal Federal. 
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder 
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras 
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: 
I zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da 
Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar 
providências; 
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a 
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo 
desconstituílos, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato 
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; 
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, 
inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de 
registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência 
disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar 
a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo 
de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; 
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou 
de abuso de autoridade; 
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e 
membros de tribunais julgados há menos de um ano; 
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, 
por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; 
VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a 
situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do 
Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da 
abertura da sessão legislativa. 
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor 
e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que 
lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: 
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos 
magistrados e aos serviços judiciários; 
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; 
III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores 
de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios. 
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do 
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 73 
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, 
competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou 
órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao 
Conselho Nacional de Justiça." 
"Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, 
escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados 
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: 
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e 
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o 
disposto no art. 94; 
II os demais dentre
juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura 
da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. 
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho. 
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: 
I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, 
cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na 
carreira; 
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a 
supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e 
segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante." 
"Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros 
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do 
Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: 
I o Procurador-Geral da República, que o preside; 
II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada 
uma de suas carreiras; 
III três membros do Ministério Público dos Estados; 
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior 
Tribunal de Justiça; 
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela 
Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados pelos 
respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei. 
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação 
administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus 
membros, cabendolhe: 
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir 
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; 
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a 
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União 
e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências 
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; 
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público 
da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência 
disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar 
a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo 
de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; 
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do 
Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano; 
V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a 
situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem 
prevista no art. 84, XI. 
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os 
membros do Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das 
atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes: 
I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do 
Ministério Público e dos seus serviços auxiliares; 
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral; 
III requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e 
requisitar servidores de órgãos do Ministério Público. 
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto 
ao Conselho. 
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público, competentes 
para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do 
Ministério Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho 
Nacional do Ministério Público." 
 Art. 3º A lei criará o Fundo de Garantia das Execuções Trabalhistas, integrado pelas multas 
decorrentes de condenações trabalhistas e administrativas oriundas da fiscalização do trabalho, além 
de outras receitas. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 74 
 Art. 4º Ficam extintos os tribunais de Alçada, onde houver, passando os seus membros a integrar 
os Tribunais de Justiça dos respectivos Estados, respeitadas a antigüidade e classe de origem. 
 Parágrafo único. No prazo de cento e oitenta dias, contado da promulgação desta Emenda, os 
Tribunais de Justiça, por ato administrativo, promoverão a integração dos membros dos tribunais 
extintos em seus quadros, fixando-lhes a competência e remetendo, em igual prazo, ao Poder 
Legislativo, proposta de alteração da organização e da divisão judiciária correspondentes, 
assegurados os direitos dos inativos e pensionistas e o aproveitamento dos servidores no Poder 
Judiciário estadual. 
 Art. 5º O Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público serão 
instalados no prazo de cento e oitenta dias a contar da promulgação desta Emenda, devendo a 
indicação ou escolha de seus membros ser efetuada até trinta dias antes do termo final. 
 § 1º Não efetuadas as indicações e escolha dos nomes para os Conselhos Nacional de Justiça e 
do Ministério Público dentro do prazo fixado no caput deste artigo, caberá, respectivamente, ao 
Supremo Tribunal Federal e ao Ministério Público da União realizálas. 
 § 2º Até que entre em vigor o Estatuto da Magistratura, o Conselho Nacional de Justiça, mediante 
resolução, disciplinará seu funcionamento e definirá as atribuições do Ministro-Corregedor. 
 Art. 6º O Conselho Superior da Justiça do Trabalho será instalado no prazo de cento e oitenta 
dias, cabendo ao Tribunal Superior do Trabalho regulamentar seu funcionamento por resolução, 
enquanto não promulgada a lei a que se refere o art. 111-A, § 2º, II. 
 Art. 7º O Congresso Nacional instalará, imediatamente após a promulgação desta Emenda 
Constitucional, comissão especial mista, destinada a elaborar, em cento e oitenta dias, os projetos de 
lei necessários à regulamentação da matéria nela tratada, bem como promover alterações na 
legislação federal objetivando tornar mais amplo o acesso à Justiça e mais célere a prestação 
jurisdicional. 
 Art. 8º As atuais súmulas do Supremo Tribunal Federal somente produzirão efeito vinculante 
após sua confirmação por dois terços de seus integrantes e publicação na imprensa oficial. 
 Art. 9º São revogados o inciso IV do art. 36; a alínea h do inciso I do art. 102; o § 4º do art. 103; e 
os §§ 1º a 3º do art. 111. 
 Art. 10. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, em 8 de dezembro de 2004 
Mesa da Câmara dos Deputados Mesa do Senado Federal 
Deputado João Paulo Cunha 
Presidente 
Senador José Sarney 
Presidente 
Deputado Inocêncio de Oliveira 
1º Vice-Presidente 
Senador Paulo Paim 
1º Vice-Presidente 
Deputado Luiz Piauhylino 
2º Vice-Presidente 
Senador Eduardo Siqueira Campos 
2º Vice-Presidente 
Deputado Geddel Vieira Lima 
1º Secretário 
Senador Romeu Tuma 
1º Secretário 
Deputado Severino Cavalcanti 
2º Secretário 
Senador Alberto Silva 
2º Secretário 
Deputado Nilton Capixaba 
3º Secretário 
Senador Heráclito Fortes 
3º Secretário 
Deputado Ciro Nogueira 
4º Secretário 
Senador Sérgio Zambiasi 
4º Secretário 
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. 31.12.2004
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 75 
 
ANEXO II 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADES 
 
 
1. Qual a função básica da organização judiciária? 
 
2. Onde estão disciplinadas as normas básicas de organização judiciária? 
 
3. Quais os princípios que regem a organização judiciária? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 76 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001, v.1. 
 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 77 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA COMPETÊNCIA 
 
Objetivo: Compreender como se estabelece o exercício da jurisdição. 
 
 
 
Estudamos que a jurisdição é uma das funções do Estado, exercida 
pelo Poder Judiciário, com a finalidade de aplicar a norma vigente ao caso 
concreto. Vimos também, que a jurisdição apesar de ser una está dividida 
em Justiças Especiais e Justiças Comuns. 
 
Esta regra, porém, não é suficiente para estabelecer qual juízo 
deverá julgar determinada causa, seja pelo assunto, ou ainda por conta do 
local da propositura da ação e ainda, em razão da pessoa que está 
propondo a ação. 
 
Ante a amplitude do nosso país, a forma que este é organizado, 
surge a necessidade de se determinar a competência, do juízo da causa, 
delimitando assim, a atividade jurisdicional em razão dos critérios que 
passaremos a analisar, após definirmos o que é competência. 
 
 
 
Da Competência 
 
Segundo Liebman, “a competência é a quantidade de jurisdição 
cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo de órgãos.”, apud Fabio de 
Vasconcellos Menna (2005, p. 42). Assim, podemos considerar a 
competência como a repartição do poder estatal entre os órgãos e seus 
respectivos agentes. 
 
Contudo, para se estabelecer a competência de determinado 
juízo, para julgar determinada causa, alguns critérios devem ser observados. 
Assim, Vicente Grecco (2002, p. 170) leciona que: 
 
A competência, portanto é o poder que tem um órgão 
jurisdicional de fazer atuar a jurisdição diante de um caso 
concreto. Decorre esse poder de uma delimitação prévia, 
constitucional e legal, estabelecida segundo critérios de 
especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de 
serviço. 
Tema 10
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 78 
Art. 88 do CPC. É competente a autoridade
judiciária brasileira quando: 
I.o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade,
estiver domiciliado no Brasil; 
II. no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III. a ação se originar de fato ocorrido ou de ato
praticado no Brasil 
Art. 89 do CPC. Compete à autoridade judiciária
brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I.conhecer de ações relativas a imóveis situados no
Brasil; 
II.proceder a inventário e partilha de bens, situados no
Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e
tenha residido fora do território nacional. 
 
Deste modo, vários critérios de determinação de competência terão 
que ser examinados a fim de que esta possa ser determinada. Comecemos 
pela Competência Internacional. 
 
Da competência internacional. 
 
 
Vincente Grecco (2002, p. 171) explica que, por conta de ser 
necessário a análise de múltiplas etapas para se apontar a competência de 
determinado órgão, a primeira etapa é a própria definição da competência 
internacional, segundo as normas dos arts. 88 a 90 do CPC, pois, se a lide 
não guarda nenhum elemento de conexão com o Brasil nenhum órgão 
jurisdicional brasileiro será competente para julgá-la. 
 
Assim, o art. 88 trata da competência concorrente, ou seja, nos 
casos que a autoridade judiciária brasileira é competente para julgar sem 
prejuízo da competência de 
outra jurisdição estrangeira. 
 
O art. 89 do CPC, por seu 
turno, trata da competência 
exclusiva; nesta hipótese, a 
autoridade judiciária 
brasileira se diz a única competente para conhecer dos conflitos, negando 
assim, qualquer solução que venha a ser proferida em outro país. 
 
E por último, o art. 90 do 
CPC impede que haja 
litispendência e conexão 
quando se tratar da matéria 
tratada no artigo antecedente, 
ou seja, impede a 
litispendência e a conexão de 
demandas interpostas no Brasil e perante tribunal estrangeiro. 
 
Da competência interna 
 
Visto a primeira etapa para saber se a autoridade brasileira é 
competente para julgar determinada demanda, passamos a tratar da 
competência interna observando os critérios que devem ser adotados para 
esta determinação. 
 
A primeira divisão que deve se observar é quanto a atribuição da 
justiça federal e da justiça estadual. A justiça federal tem sua competência 
fixada em âmbito constitucional (art. 109 da CF). Do art. 109 da Constituição 
Federal podemos extrair de acordo com o que ensina Carlos Eduardo Ferraz 
de Mattos Barroso (2000, p. 40/41) que dois critérios devem ser observados, 
o primeiro em relação à pessoa envolvida na demanda e o segundo, em 
relação a matéria objeto de analise. Assim, a competência da justiça 
estadual se dará por exclusão, ou seja, será a competência residual, 
segundo a qual, esta será competente para julgar as causas que não sejam 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 79 
Foro
Delimitação 
territorial 
onde o juiz 
exerce a sua 
atividade. 
de competência de qualquer outra justiça - federal, militar, do trabalho e 
eleitoral. 
 
 
CRITÉRIOS OBSERVADOS QUANTO À COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 
Em relação à pessoa Em relação à matéria 
• Causas em são partes a União, 
entidade autárquica ou empresa 
pública federal 
• Causas fundadas em tratado ou 
contrato da União com Estado 
estrangeiro ou organismo 
internacional 
• Causas entre Estado estrangeiro 
ou organismo internacional e 
Município ou pessoa domiciliada 
ou residente no País. 
 
• Demandas sobre direitos 
indígenas 
• Os mandados de segurança e os 
habeas data contra ato de 
autoridade federal. 
• Causas relativas à nacionalidade 
e a naturalização 
 
 - x- 
• Execução de sentenças 
estrangeiras homologadas pelo 
Supremo Tribunal Federal. 
 
 
 
Seguindo a análise dos critérios a serem observados para a 
determinação da competência temos os seguintes critérios: 
 
a) Competência territorial ou de foro - “ratione loci” 
 
O critério territorial determina o local que deverá ser ajuizada a ação. 
Assim, a competência territorial indicará a comarca onde a demanda deverá 
ser proposta. 
Como regra, o foro comum para a propositura da ação será 
sempre o do domicílio do réu (CPC, art. 94), porém, esta é uma regra que 
comporta temperamentos, uma vez que o próprio CPC estabelece 
temperamentos (arts. 95 a 101), conforme leciona Barroso (2000, p. 42): 
a) a natureza do direito versado nos autos; 
b) a qualidade especial da parte; 
c) a situação da coisa; 
d) o
local de cumprimento da obrigação ou da prática 
do ato ilícito. 
Importa ressaltar que a competência fixada em razão do território é 
relativa, ou seja, poderá ser derrogada por vontade das partes. A exceção 
quanto à competência territorial relativa, se dá por conta do art. 95 do CPC, 
que trata de ações fundadas em direito real sobre imóveis, tornando assim a 
competência absoluta, significando que não poderá ser modificada pela 
vontade das partes. 
 
b) Competência material - “ratione materiae” 
 
A competência fixada em razão da matéria será sempre de caráter 
absoluto, ou seja, em razão do interesse público não poderá ser modificada. 
A forma como será distribuída será determinada pelas normas de 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 80 
Art. 114 do CPC. Prorroga-se a 
competência, se o réu não 
opuser exceção declinatória 
do foro e de juízo, no caso e 
prazo legais. 
organização judiciária de cada Estado da Federação, conforme leciona 
Grecco (2002, p. 205). 
 
Desta forma, se a demanda versar sobre direito de família deverá 
ser proposta perante a Vara de Família. 
 
c) Competência em razão da pessoa - “ratione personae” 
 
Tal qual a competência em razão da matéria, a competência em 
razão da pessoa é absoluta, isto é, não pode ser mudada pela convenção 
das partes. A competência em razão da pessoa decorre do fato que 
determinadas pessoas, em razão do interesse público que representam, 
serem julgadas por juízes especializados. 
 
d) Competência fixada pelo valor da causa 
 
O valor da causa também é um dos critérios determinantes da 
competência. Só que de acordo com o art. 111 do CPC, tanto a competência 
em razão do território como a competência fixada em razão do valor da 
causa são consideradas como competências relativas, ou seja, podem ser 
modificadas em razão de convenção entre as partes. 
 
O exemplo mais ilustrativo da competência fixada pelo valor da 
causa é o do Juizado Especial Civil que fixa em 40 salários mínimos o teto 
máximo para as ações ali interpostas. 
 
QUADRO COMPARATIVO DAS COMPETÊNCIAS 
 
Competência absoluta 
 
Competência relativa 
Interesse público Interesse privado 
Nulidade absoluta Nulidade relativa (sanável) 
Reconhecível de ofício Depende de argüição da parte 
A qualquer tempo e grau de jurisdição Alegável no prazo da resposta do réu, 
sob pena de prorrogação 
Não tem forma prescrita em lei Forma prescrita em lei (exceção) 
 
Prorrogação de competência 
 
A prorrogação da competência se dá 
através do fenômeno, pelo qual o juiz, a 
princípio incompetente, torna-se competente 
para apreciar determinada demanda, por 
ausência de oposição do réu via exceção. 
 
Perpetuação da jurisdição 
 
A perpetuação da jurisdição de acordo com o art. 87 do CPC será 
determinada “no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as 
modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo 
quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão 
da matéria ou da hierarquia.” 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 81 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
1.Positivo: quando dois ou mais juízes reclamarem 
a competência de um mesmo processo. 
 
2. Negativo: quando dois ou mais juízes rejeitarem 
a competência de um mesmo processo.
 
 
DA JURISDIÇÃO ≠ PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
 
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO 
 
PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
• O juiz perde sua competência 
original, por força da alteração 
das regras de fixação de natureza 
absoluta. 
• O juiz adquire sua competência 
no curso do processo por 
ausência de oferecimento de 
exceção declinatória de foro. 
 
Conflito de competência 
 
De acordo com Menna (2005, p. 45-46) o conflito de competência 
ocorre quando dois ou mais juízes reclamarem ou rejeitarem a competência 
de um mesmo processo. 
O conflito de competência 
poderá ser positivo ou 
negativo. 
O conflito de 
competência poderá ser 
suscitado pelas partes, 
pelo Ministério Público, ou ainda, pelo próprio juiz que reclamar ou rejeitar a 
competência. 
 
ANEXO I 
Quadro sinótico Fredie (Didier Júnior, Direito Processual Civil) 
ABSOLUTA RELATIVA 
Regra de competência criada para 
atender interesse público 
Regra de competência criada para atender 
interesse particular 
A incompetência absoluta pode ser 
alegada a qualquer tempo, por qualquer 
das partes, podendo ser reconhecida ex 
officio pelo magistrado. 
A parte que deixar de alegar no primeiro 
momento que lhe cabe falar nos autos 
arcará com as custas do retardamento 
A incompetência relativa somente pode 
ser argüida pelo réu, no prazo de resposta 
(15 dias), sob pena de preclusão, não 
podendo o magistrado reconhece-la de 
ofício (STJ 33) 
Não há forma especial para argüição de 
incompetência absoluta. 
Há forma especifica de argüição de 
incompetência relativa: exceção 
instrumental. 
Reconhecida a incompetência absoluta, 
remetem-se os autos ao juiz competente 
e reputam-se nulos os atos decisórios já 
praticados. 
A incompetência absoluta não gera 
extinção do processo. 
Reconhecida a incompetência relativa, 
remetem-se os autos ao juiz competente e 
não se anulam os decisórios já 
praticados. A incompetência relativa não 
gera extinção do processo. Ver a questão 
dos Juizados Especiais. 
A regra de competência absoluta não 
pode ser alterada pela vontade das partes
As partes podem modificar a regra de 
competência relativa, quer pelo Foro de 
eleição, quer pela não oposição da 
exceção de incompetência. 
A regra de competência absoluta não 
pode ser alterada por conexão/ 
continência 
A regra de competência relativa pode ser 
modificada por conexão/continência 
Competência em razão da matéria, da 
pessoa, funcional, além dos limites do 
valor da causa e em algumas hipóteses 
de competência territorial 
Competência territorial (regra) e nas 
hipóteses em que se fica aquém do limite 
do valor da causa. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 82 
 
ATIVIDADES 
 
 
1. O que é competência em razão da matéria? Como ela é fixada? É 
absoluta ou relativa? 
 
2. O que é competência em razão do território? Como ela é fixada? É um 
critério absoluto ou relativo? Por quê? 
 
3. O que é a competência em razão da pessoa? Em que critérios o legislador 
se baseou para fixar a competência em razão da pessoa? 
 
4. Em sede constitucional como está fixada a competência da Justiça 
Federal? 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
GRECCO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 16 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2002. v.1 
 
MENNA, Fábio de Vasconcellos. Elementos do direito processual civil. 4 
ed. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2005. 
 
BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e 
processo de conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2000. v.11

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