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BIOSSÍNTESE DAS PROTEÍNAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO 
DMFA – Área de Bioquímica e Biofísica 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 
 
 
 
BIOSSÍNTESE DAS PROTEÍNAS 
 
Como já foi visto, a informação genética é armazenada na molécula de DNA. Deste é 
transcrita uma porção para uma molécula de mRNA (RNA mensageiro), que é 
sintetizada tomando o primeiro como molde. Uma vez transcrita para o RNA, um 
código genético é aplicado para traduzir a seqüência do mRNA em uma seqüência de 
aminoácidos de uma proteína. O transcrito é transportado do núcleo na forma de 
mRNA, que é lido e decodificado no ribossomo. Moléculas menores de RNA de 
transferência (tRNA), específicas para cada aminoácido, são utilizadas para coletar e 
transportar aminoácidos ativados, um por vez, para o ribossomo. Estes são 
constituídos por RNA ribossômicos (rRNA) e proteínas associados. No ribossomo, os 
aminoácidos são seqüencialmente unidos durante a síntese da cadeia polipeptídica de 
uma proteína. A seqüênica de aminoácidos, derivada da seqüência de bases do DNA, 
é especificada pelo código genético, utilizando as quatro base do RNA (A, U, G e C), 
em um arranjo de três em três (código de tripletes). No código de triplets, há 64 
combinações possíveis, chamadas de códons, das quais três são sinais de terminação 
e as outras 61 combinações possíveis determinam os 20 aminoácidos, com uma certa 
redundância. No processo de tradução, o RNA mensageiro liga-se temporariamente 
ao tRNA. As moléculas de tRNAs levam seus aminoácidos até o ribossomo, 
sucessivamente, e laços peptídicos são sintetizados para unir os aminoácidos de 
modo covalente e formar a cadeia polipeptídica crescente. Um sinal de terminação no 
mRNA termina a cadeia protéica, que, então, é liberada do ribossomo. 
 
O CÓDIGO GENÉTICO 
 
A mensagem genética está contida em um código universal de tripletes, sem vírgulas 
e degenerado. Um código de tripletes significa que uma seqüência de três bases 
(códon ou trinca de bases) é necessária para especificar um aminoácido, sem haver 
superposição, isto é, sem que nenhuma base seja compartilhada entre códons 
consecutivos; o ribossomo move-se ao longo do mRNA de três bases a cada vez, e 
não de não de uma ou duas por vez. Se o ribossomo se movesse mais do que três 
bases de uma vez, isto significaria a presença de “vírgula entre os códons”. Uma vez 
que não há bases intervindo entre os códons, diz-se que o código não tem vírgulas. 
Em um código degenerado, mais de um triplete pode codificar o mesmo aminoácido. 
Existem 64 tripletes possíveis para as quatro base que ocorrem no RNA, e todos eles 
são utilizados para codificar codificar os 20 aminoácidos ou um dos três sinais de 
parada. Os 64 tripletes decorrem da combinação de 4 bases três a três, ou seja, uma 
combinação que resulta em 43 (=64) combinações. Um código universal é um 
mesmo código para todos os organismos. Esta universalidade foi observada em vírus, 
procariotos e eucariotos; as únicas exceções são as diferenças em alguns códons 
observados na mitocôndria. A origem evolucionária dessas diferenças não é 
conhecida até o momento. 
Os 64 códons têm significados conhecidos, sendo que 61 deles codificam para 
aminoácidos e os três restantes servem como sinais de terminação (Tabela 1). 
Dois aminoácidos, o triptofano e a metionina, têm apenas um códon cada, mas os 
demais apresentam mais de dois códons. Um único aminoácido pode ter seis códons, 
como é o caso da leucina, da serina e da arginina. Os códigos múltiplos de um único 
aminoácido não ocorrem ao acaso, ma tendem a ter uma ou duas bases em comum, 
como se vê na Tabela 1. As bases que são comuns em vários códons são usualmente 
a primeira e a segunda bases, como mais variações na terceirabase, que é designada 
como base “oscilante” (wobble) 
.
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 2 
 
 
 
 
 
Tabela 1. O significado dos 64 códons Tripletes na seqüência 5’3’ do mRNA 
Base no 
terminal 5’ do 
códon 
Base no meio do códon Base no 
terminal 3’ do 
códon 
 U C A G 
 
U 
Phe 
Phe 
Leu 
Leu 
Ser 
Ser 
Ser 
Ser 
Tyr 
Tyr 
Terminação 
Terminação 
Cys 
Cys 
Terminação 
Trp 
U 
C 
A 
G 
 
C 
Leu 
Leu 
Leu 
Leu 
Pro 
Pro 
Pro 
Pro 
His 
His 
Gln 
Gln 
Arg 
Arg 
Arg 
Arg 
U 
C 
A 
G 
 
A 
Ile 
Ile 
Ile 
Met (iniciação) 
Thr 
Thr 
Thr 
Thr 
Asn 
Asn 
Lys 
Lys 
Ser 
Ser 
Arg 
Arg 
U 
C 
A 
G 
 
G 
Val 
Val 
Val 
Val 
Ala 
Ala 
Ala 
Ala 
Asp 
Asp 
Glu 
Glu 
Gly 
Gly 
Gly 
Gly 
U 
C 
A 
G 
 
 
PAREAMENTO CÓDON-ANTICÓDON E POSIÇÃO OSCILANTE (WOBBLE) 
 
Um códon pareia suas bases com um anticódon complementar de um tRNA durante a 
incorporação de um aminoácido na síntese de proteínas. Alguns tRNAs ligam-se 
exclusivamente a um códon, mas vários deles podem reconhecer mais de um códon 
por causa de variações nos padrões possíveis de pontes de hidrogênio. Essa variação 
é chamada oscilante (Fig. 1), e aplica-se à primeira base de um anticódon, a que está 
na extremidade 5’, mas não à segunda ou à terceira bases (o RNA é sempre lido do 
terminal 5’ para o 3’). A primeira base (oscilante) de um anticódon faz ponte de 
hidrogênio com a terceira base do códon, no terminal 3’. A base da posição oscilante 
de um anticódon pode parear-se com várias bases diferentes no códon, não apena 
com a especificada pelo pareamento de Watson-Crick (Tabela 2). 
 
G C C
C G G
5' 3'
5'3'
base
“oscilante”
códon no 
mRNA
anticódon
no tRNA
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Pareamento do anticódon do tRNA com o 
códon no mRNA. Observa-se a base oscilante na 
extremidade 5’ do anticódon. 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 3 
 
 
 
Tabela 2. Combinações de pareamento de bases com a posição “oscilante” 
Base no terminal 5’ do anticódon Base no terminal 3’ códon 
I
* 
G 
U 
A 
C 
A, C, ou U 
C ou U 
A ou G 
U 
G 
I
*
 = hipoxantina 
Há variações nas bases pareadas quando a posição oscilante está ocupada por A ou C. 
 
 
De acordo com a Tabela 2, quando a posição oscilante estiver ocupada pela uracila, 
ela poderá parear-se não só com a adenina, como também com a guanina, a outra 
purina. Quando a posição oscilante estiver estiver ocupada pela guanina, ela poderá 
parear-se com a citosina, e tabém com a uracila, a outra pirimidina. O nucleosídeo 
purínico inosina freqüentemente ocorre na posição oscilante em muitos tRNAs, e pode 
formar par com adenina, citosina e uracila. A adenina e a citosina não formam outros 
pareamentos além dos esperados com a uracila e a guanina, respectivamente. 
A hipótese da posição oscilante ajuda a entender o fenômeno da degeneração do 
código genético. Os códons degenerados para um certo aminoácido diferem na 
terceira base, a qual pareia-se com a base oscilante do anticódon. Desse modo, um 
número menor de tRNAs diferentes é necessário, já que um dado RNA pode parear-se 
com vários códons. Assim sendo, a célula não precisa gastar energia na síntese dos 
tRNAs necessários. Essas oscilações também reduzem os danos causados por 
possíveis erros de leitura. Por exemplo, se códon da leucina, CUU, for lido errado 
como CUC, CUA ou CUG durante a transcrição do mRNA, esses códons seriam 
sempre traduzidos como leucina durante a síntese protéica sem haver danos para o 
organismo. 
N
N
N
N
O
H
R
N
N
N
N
O
H
R
N
N
N
N
O
H
R
N
N
N
N
N
H
H
R
N
N
N
O
H
H
R
N
N
O
O
H
R
Pareamento
adenina-hipoxantina Pareamento
uracila-hipoxantina
Uracila
Hipoxantina
Adenina
Hipoxantina
Citosina
Hipoxantina
Pareamento
citosina-hipoxantina
Figura 2. Possíveis pareamentos envolvendo a hipoxantina 
com a adenina, a citosina e a uracila.
 
 
ETAPAS
DA SÍNTESE PROTÉICA 
 
ATIVAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS – IMPORTÂNCIA DAS AMINOACIL-TRNA-SINTETASES 
 
Para que o aminoácido possa ser incorporado a uma cadeia polipeptídica, é preciso, 
como foi visto, que este se ligue covalentemente à extremindade 3’ de um tRNA. Este 
processo é mediado pelas aminoacil-tRNA-sintetases, enzimas de alta especificidade 
que reconhecem cada aminoácido e seu tRNA específico. Existem 20 aminonoacil-
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 4 
 
 
tRNA-sintetases diferentes, cada uma específica para o reconhecimento de um par 
aminoácido/tRNA predeterminado. 
A formação do aminoacil-tRNA ocorre em duas etapas, ambas catalisadas pela 
mesma enzima. Primeiro, o aminácido forma uma ligação covalente com um 
nucleotídeo de adenina, produzindo um aminoacil-AMP. 
 
R CH C
O
O
-
NH2
tRNA R CH C
O
tRNA
NH2
+
ATP AMP + PPi
Aminoacil-tRNA-sintetase
E + ATP R CH C
O
O
-
NH2
+
E:
O
H
Adenina
H
OH
H
OH
CH2
H
OP
O
O
O
-
R CH C
O
NH2
PPi
Adenosina-3'-OH
+
RCHC
O
NH2
-oAdenosina-3'-
AMP
tRNA
tRNA-aminoacil
(A)
(B)
Figura 3. Formação do aminoacil-tRNA: (A) Reação mostrada de forma 
simplificada; (B) reação detalhada. Primeiro ocorre a ativação do 
aminoácido, catalisada pela aminoacil-tRNA-sintetase, com a formação do 
aminoacil-fosfoadenosina; em seguida, pela mesma enzima, o aminoacil é 
transferido por esterificação com a ogrupamento 3'-hidroxil da adenosina 
da extreminada 3' de um tRNA específico.
O
H
Adenina
H
OH
H
OH
CH2
H
OP
O
O
O
-
R CH C
O
NH2
E:
+
E
 
 
INICIAÇÃO DA CADEIA POLIPEPTÍDICA 
 
Tanto nos eucariontes como nos procariontes, a síntese das proteínas se inicia com o 
códon do mRNA que especifica a metionina (AUG). Nos procariontes, este códon de 
início fica a cerca de 10 bases depois de uma seqüência de mRNA conservada 
durante a evolução, conhecida como seqüência de Shine-Dalgarno (Figura 4). Esta 
seqüência se pareia com seqüência complementar na extremidade 3’ do rRNA 16S, 
posicionando assim o códon de iniciação dentro do ribossomo. Os mRNAs 
eucariótiocos não têm uma seqüência de Shine-Dalgarno possa se parear com o 
rRNA. Em vez disso, a tradução geralmente começa no primeiro códon AUG da 
molécula de mRNA. . . . A A A A C C
A G G A G
C U A U U U U G C A A C A . . .A U G
A U C A C U A G . . .
mRNA
rRNA
5'
3'
U C C U C
 
 
 
 
 
 
O códon de iniciação é reconhecido por um tRNA iniciador “carregado” com metionina. 
Este tRNA não reconhece outros códons de metionina que ocorrem em outra parte do 
Figura 4. Alinhamento de uma seqüência de Shine-Dalgarno com o rRNA 16S. A 
seqüência de Shine-Dalgarno, em rosa, no mRNA para a proteína ribossômica S12 
faz pares com uma região complementar, em violeta, na extremidade 3’ do rRNA 
16S, o que ajuda a posicionar o ribossomo no início da tradução. 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 5 
 
 
mRNA. Em Escherichia coli, a metionina do tRNA iniciador é modificada pela 
transferência de uma formila do tetra-hidrofolato. Este radicala aminoacil passa a ser 
designado fMet, e o tRNA iniciador como tRNAf
Met: 
CH3
S
CH2
CH2
CH C ONHCH
O O
tRNAf
Met
N-Formil metionina-tRNAf
Met
fMet-tRNAf
Met
 
 
 
 
 
 
Em E. coli, são necessários três fatores de iniciação (IFs, initiation factors) chamados 
de IF1, IF2 e IF3. O IF3, juntamente com o IF1, liga-se à subunidade ribossômica 
menor, promoveno a dissociação das subunidades grande e pequena. O fMet-tRNAf
Met 
liga-se à subunidade 30S (a menor) com a ajuda do IF2, uma proteína ligante de GTP. 
O IF1 bloquei o sítio A da subunidade ribossômica menor, forçando tRNA de inicação 
ligar ao sítio P, onde está o códon AUG (Figura 6). 
Uma fita de mRNA pode se ligar à subunidade 30S, antes ou depois de o tRNA estar 
ligado, o que indica que a interação códon-anticodon não é essencial para inicial a 
síntese protéica. O mRNA se enrola ao redor da subunidade 30S, passando por dois 
túneis, tal que apenas dois códons são totalmente expostos no espaço entre as 
subunidades grande e pequena (Figura 6). 
 
 
FI1 + FI3
FI1FI3
FI3FI1
30S
50S
FI1FI3
30S
50S
FI2
GTP
tRNA
f
M et
fMet
FI2
GTP
mRNA
A U G
FI1FI3
30S
FI1 FI3
30S
FI2
GDP+Pi
50S
A U G
Sítio
P
Sítio
A
mRNA
5'
mRNA
5'
 
 
 
O ALONGAMENTO DA CADEIA POLIPEPTÍDICA 
 
Figura 5. Formil-aminoacil-tRNA. Como a amina do resíduo de 
fMet contém uma radical, esta não pode formar ligação peptídica 
na ponte N, somente na extremidade carboxil. Em seguida, o 
grupo formil ou toda a unidade fMet pode ser removida. 
Figura 6. Resumo do início da biossíntese protéica em E. coli. Processo 
semelhante ocorre em eucariontes, onde as subunidades riobssômicas são 40S 
e 60S se associam após a ligação de Met-tRNAi
Met
. 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 6 
 
 
Ligação do aminoacil-tRNA no sítio A 
Em cada ciclo da fase de alongamento da cadeia polipeptídica, um aminoacil-tRNA 
entra no sítio A do ribossomo. O tRNA de iniciação é o único que entra no sítio P sem 
primeiro se ligar ao sítio A. Os aminoacil-tRNAs são levados para o ribossomo em 
complexo com o Fator de Alongamento (EF; do inglês, elongation factor) que se liga 
também a um GTP. Em E. coli, conhecido como EF-Tu e que é uma das proteínas 
mais abundantes nessa bactéria, cerca de 100.000 cópias por célula, o suficiente para 
se ligar a todos as moléculas de aminoacil-tRNA. In vitro, uma molécula de aminoacil-
tRNA pode se ligar por si mesma a um ribossomo, mas a EF-Tu aumenta a taixa de 
ligação in vivo. 
Como o EF-Tu reconhece qualquer aminoacil-tRNA, o que compreende mais de vinte 
moléculas diferentes, este deve reconhecer elementos comuns da estrutura do tRNA, 
que é a haste receptora e uma parte a alça TC. Uma reentrância muito conservada 
na proteína acomoda o grupamento aminoacil. Apesar das diferenças estruturais de 
cada um, todos os aminoacil-tRNAs ligam-se com a mesma intensidade à EF-Tu. 
Quando o tRNA encontra-se descarregado, a afinidade entre este último e a EF-Tu 
diminui sensivelmente. 
A seleção do aminocil-tRNA que vai entrar no sítio A é feito com base na combinação 
entre o seu anticódon e o códon do mRNA. 
As interações entre o rRNA 16S e o códon no mRNA, à medida que este faz par com o 
anticódon do tRNA, faz o mRNA dentro do ribossomo se dobrar num ângulo de 45o 
entre os códons A e P, permitindo uma justaposição dos dois tRNAs dentro do 
ribossomo. O pareamento incorrento de bases na primeira e segunda posições do 
códon gera uma distorção detectável numa hélice formada entre mRNA-tRNA. 
Pareamento de bases não padrão na terceira posição do códon não são monitorados 
por esses tipos de interação. A interação entre o rRNA sensor e o mRNA podem 
alterar a conformação da subunidade 30S de modo que esta se ligue mais fortemente 
ao tRNA ou transmita um sinal ao centro ativo da subunidade 50S. Ao mesmo tempo, 
a EF-Tu, que é uma proteína G, hidrolisa GTP a GDP + Pi. Esta reação altera a 
conformação da EF-Tu, que permite que esta saia do ribossomo deixando o aminoacil-
tRNA livre para ocupar o sítio A na subunidade 50S. 
Se o anticódon do tRNA não estiver apropriadamente pareado com códon no ponto A, 
a aminoacil-tRNA se dissocia do ribossomo sem disparar as mudanças de 
conformação de 30S ou a hidrólise de GTP pelo EF-Tu. Como a ligação peptídica não 
pode se formar sem antes haver a hidrólise do GTP, o EF-Tu garante que a ligação 
peptídica não ocorroa a menos que o aminoacil-tRNA correto esteja posicionado no 
sítio A. A demora entre a ligação do aminoacil-tRNA e a hidrólise de GTP pelo EF-Tu é 
conhecida como revisão
cinética, ou edição cinética. Este mecanismo evita a 
polimerização do aminoácido errado e limita a taxa de erro na tradução. 
EF-Tu
GTP
mRNA
5'
EF-Tu
GTP
mRNA
5'
EF-Tu
GDP
EF-Tu
GTP
Aminoacil-tRNA
incorreto
EF-Tu
GTP
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
EF-Tu
GTP
Ribossomo com um 
tRNA mal pareado
mRNA
5'
Ribossomo pronto para
a transpeptidação
 
Formação da ligação peptídica 
Figura 7. Ação da EF-Tu no alongamento da tradução. O EF-
Tu-GTP leva o aminoacil-tRNA para o sítio A do ribossomo. Se 
o anticódon do tRNA se parear como códon do mRNA, o EF-
Tu hdrolisa a seu GTP e se dissocia do ribossomo, deixanod o 
aminoacil-tRNA no sítio. Se o anticódon e o códon estiverem 
mal pareados, o aminoacil-tRNA se dissocia antes que o EF-
Tu hidrolise GTP 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 7 
 
 
Quando o sítio A contiver um aminoacil-tRNA e o sítio P contiver um peptidil-tRNA (ou, 
antes da primeira ligação peptídica, fMer-tRNAf
Met), a atividade de peptidil-transferase 
da subunidade 50S catalisa uma reação de transpeptidação na qual a amina do 
radical aminoacil do tRNA do sítio A ataca a ligação éster que liga o grupamento 
peptidil ao tRNA no sítio P. Esta reação aumenta o radical peptidil em um aminoácido 
na sua ponta C-terminal. Assim, uma cadeia polipetídica cresce no sentido NC. Não 
é necessária qualquer fonte externa de energia livre para a transpeptidação, porque a 
energia livre da ligação éster rompida é aproximadamente igual à da ligação peptídica 
formada. 
 
 
O centro ativo da peptidil transferase fica em uma região altamente conservada do 
subunidade 50S, e a ligação peptídica recém formada dista cerca de 18Å da proteína 
mais próxima. O que sugere que esta atividade no ribossomo é feita por ribozima (um 
RNA catalisador). A teoria é que uma Guanina (G2447) e uma Adenina (A2451) 
possam participar de um mecanismo de catálise ácido-básica. 
 
TRANSLOCAÇÃO 
 
Durante a transpeptidação, o grupamento peptidil para o tRNA no sítio A, e o tRNA no 
sítio P desacilado move-se para fora do ribossomo. O mRNA, que ainda faz pares de 
bases com o anticódon do peptidil-tRNA, avança pelo ribossomo em um códon. O 
ribossomo pode então receber outro aminoacil-tRNA para outra rodada de 
transpetidação. O movimenot do tRNA e do mRNA que permite que o próximo códon 
seja traduzido, é conhecido como translocação. Este processo requer uma proteína G 
chamada de fator G de alongamento (EF-G) em E. coli. 
O EF-G é muito semelhante ao complexo EF-Tu-tRNA e os locais de ligação para as 
duas proteínas no ribossomo é o mesmo, sugerindo que o complexo EF-G-GTP 
desloca fisicamente o peptidil-tRNA no sítio A, fazendo com que mude para o sítio P. A 
ligação de EF-G ao ribossomo também alarga o canal de ligação da subunidade 30S, 
facilitando a translocação do mRNA. 
A atividade GTPásica das proteínas G (EF-Tu e EF-G) permite que o ribossomo 
circule eficientemente por todas as etapas da tradução. Como a hidrólise do GTP é 
irreversível neste processo, os processos de transpeptidação e translocação ocorrem 
em um único sentido (Figura 9). As células eucarióticas contêm fatores de 
NH
CH
C
NH
CH
C
O
tRNA
R
O
R
O
...
O
tRNA
C
CH
:NH2
O
R
OH
tRNA
NH
CH
C
NH
CH
C
R
O
R
O
...
O
tRNA
C
CH
NH
O
R
Sítio P Sítio A Sítio P Sítio A
Figura 8. Reação da peptidil-transferase. O ataque do grupo nucleofílico da amina ao 
grupamento peptidil provoca a quebra da ligação do peptidil com o tRNA, e produz um tRNA 
livre no sítio P e um novo peptil-tRNA no sítio A.
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 8 
 
 
alongamento que funcionam de modo semelhante a EF-Tu e EF-G. Estas proteínas 
Gsão continuamente recicladas durante a síntese de proteínas. Em alguns casos, 
proteínas acessórias ajudam a substituir o GDP ligado pelo GTP, preparando a 
proteína G para outro ciclo de reação. 
 
 
EF-Tu
GTP
mRNA
5'
mRNA
5'
EF-Tu
GDP
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
GTP
EF-G-GTP
GTP
GDP
EF-G-GDP
 
 
 
 
TERMINAÇÃO DA CADEIA POLIPETÍDICA (OU TÉRMINO DA TRADUÇÃO) 
 
A tradução termina quando o ribossomo encontra um códon de terminação (UAA, UAG 
ou UGA). Com um códon de terminação na posição A, o ribossomo não pode se ligar 
a um aminoacil-tRNA, mas liga-se a uma proteína conhecida como fator de liberação 
(RF, de release factor). Em bactérias tais como E. coli, existem três fatores de 
liberação RF1, RF2 e RF3. RF1 reconhece os códons de terminação UAA e UAG, e 
RF2 reconhece UAA e UGA. Em eucariontes, uma proteína chamada eRF1 reconhece 
todos os três códons de terminação. As RFs inclui estruturas que imitam um 
“anticódon” de terminação e a ponta aceptora de um tRNA. O RF reconhece 
especificamente o códon de terminação do mRNA, do mesmo modo que a EF-G, que 
é um outro imitador de tRNA. Experimentos de seqüência de mutagêneses nessas 
proteínas identificaram a seqüência de três aminoácidos que imitam um anticódon (p. 
ex, Pro-Ala-Tre em RFE1, e Ser-Pro-Fen em RF2) que interagem com a segunda e a 
terceira bases do códon de terminação. Um RF ancorado no sítio A do ribossomo 
estimula a transferência do grupamento peptidil do ponto P para a água (reação de 
hidrólise), a fim de que a cadeia polipeptídica possa ser liberada e saia do ribossomo. 
Em E. coli, um RF adicional (RF3), que se liga a GTP (portanto, é uma proteína G), 
promove a ligação de RF1 ou RF2 ao ribossomo. O eRF eucariótico é em si uma 
proteína G. A hidrólise do GTP ligado a RF3 permite que os fatores de liberação se 
dissociem, e também as subunidades ribossômicas, o mRNA e último tRNA (Figura 
10). 
Figura 9. Ciclo de alongamento da cadeia peptídica 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 9 
 
 
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
 U A G
 (U A A)
 (U G A)
+
RF3
GTP
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
 U A G
 (U A A)
 (U G A)
RF1
(RF2)
RF3
GTP
Peptidil-transferase
H O2
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
mRNA
5'
 U A G
 (U A A)
 (U G A)
RF3
GTP
RF3
GDP
+ + + +
 
 
 
 
MODIFICAÇÕES SOFRIDAS PELA CADEIA POLIPEPTÍDICA APÓS A TRADUÇÃO 
 
No etágio final da síntese proteica, a cadeia polipeptídica nascente é dobrada e 
processada para assumir sua biologicamente ativa. Durante ou após sua síntese, o 
polipeptídeo assume progressivamente sua conformação nativa, com a formação das 
pontes de hidrogênio e de van der Waals, e com as interações iônicas e hidrofóbicas 
apropriadas. Desse modo, mensagem genética linear, ou unidimensional, do RNA é 
convertida na estrutura proteica tridimensional. Algumas proteínas recém produzidas, 
tanto procarióticas e eucarióticas, não atingem sua comformação biologicamente ativa 
final até terem sido alteradas por uma ou mais reações de processamento 
denominada modificações pós-translacionais, descritas a seguir. 
 
MODIFICAÇÕES AMINO-TERMINAIS E CARBOXIL-TERMINAIS. 
O primeiro resíduo inserido em todis polipeptídeos é a N-formilmetionina (em 
bactérias) ou metionina (em eucariotos). No entanto, o grupo formil, o resíduo Met 
amino-terminal, e frequentemente um amino-terminal a mais (e, em alguns casos, 
carboxi-terminal) podem ser removidos enzimaticamente na formação da proteína 
funcional final. Em até 50% das proteínas eucarióticas, o grupo amino do resíduo 
amino-terminal é acetilado após a translação. Os resíduos carboxil-terminais também 
são modificados algumas vezes. 
 
PERDA DE SEQUENCIA SINALIZADORA. 
De 15 a 30 resíduos na extremidade
amino-terminal desempenham um papel no 
direcionamento da proteína ao seu destino final na célula. Tais sequencias 
sinalizadoras são removidas por último por peptidases específicas. 
 
MODIFICAÇÕES DE AMINOÁCIDOS INDIVIDUAIS. 
O grupo hidroxila de alguns resíduos Ser, Thr e Tyr de algumas proteínas são 
fosforiladas enzimaticamente pelo ATP; os grupos fosfatos adicionam cargas 
negativas a esses polipeptídeos. O significado funcional dessas modificações varia de 
uma proteína para outra. Por exemplo, a proteína do leite caseína tem muitos grupos 
fosfoserina que se ligam ao Ca2+. Cálcio, fosfato e aminoácidos são todos importantes 
para o lactente, de modo que a caseína proporcina eficientemente esses três 
nutrientes essenciais. Em outras circunstâncias, os ciclos de fosforilação-
desfosforilação regula a atividade de muitas enzimas e de proteínas reguladoras. 
Figura 10. Terminação da cadeia polipeptídica. 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 10 
 
 
Grupos carboxílicos extras podem ser adicionados a resíduos de glutamato de 
algumas proteínas. Por exemplo, a proteína da coagulação sanguínea protrombina 
contem uma quantidade de resíduos -carboxiglutamato na sua região amino-terminal, 
introduzidos por uma enzima que requer vitamina K. Esses grupos carboxilas se ligam 
ao Ca2+, que é necessário para dar início ao mecanismo de coagulação do sangue. 
Resíduos de monometil- e dimetilisina ocorrem em algumas proteínas do músculo e no 
citocromo c. A calmodulina da maioria das espécies contêm um resíduo de trimetilisina 
em uma posição específica. Em outras proteínas, os grupos carboxilas de alguns 
resíduos de glutamato sofrem metilação, removendo sua carga negativa. 
P O
O
-
O
-
COO
-
C
CH2
NH3
+
H
O
COO
-
C
CH2
NH3
+
H
O
P
O
O
-
O
-
COO
-
C
CH
NH3
+
H
CH3
P O
O
-
O
-
O
Fosfoserina
Fosfotreonina
Fosfotirosina
COO
-
C
CH2
NH3
+
H
CH
O
-
OC COO
-
COO
-
C
CH2
CH2
CH2
CH2
NH2
+
CH3
NH3
+
H
COO
-
C
CH2
CH2
CH2
CH2
NH
+
CH3
NH3
+
H
CH3
COO
-
C
CH2
CH2
CH2
CH2
N
+
CH3
NH3
+
H
CH3
CH3
COO
-
C
CH2
NH3
+
H
CH2
C O
O
CH3
Metilisina Dimetilisina
Trimetilisina
Metilglutamato
(a)
(b)
(c)
Fig. 11. Alguns resíduos de aminoácidos modificados. 
(a) Aminoácidos fosforilados; (b) aminoácido carboxilado e 
(c) alguns aminoácidos metilados.
-Carboxiglutamato
 
 
INCLUSÃO DE CADEIAS LATERAIS DE CARBOIDRATOS. 
As cadeias laterais de carboidratos são adicionadas covalentemente às glicoproteínas 
durante ou após a síntese do polipetídeo. Em algumas glicoproteínas, a cadeia lateral 
de carboidrato é adicionada enzimaticamente a resíduos de asparagina (Asn) 
(oligossacarídeos N-ligados). Muitas proteínas que funcionam em nível extracelular, 
assim como as proteoglicanas lubrificantes que recobrem as membranas mucosas, 
contem cadeias laterais de oligossacarídeos. 
 
ADIÇÃO DE GRUPOS ISOPRENILAS. 
Algumas proteínas eucarióticas são modificadas pela adição de grupos derivados do 
isopreno (grupos isoprenilas). Uma ligação tioéter é formada entre o grupo isoprenila e 
um resíduo de cisteína (Cys) da proteína. Os grupos isoprenilas são derivados de 
intermediados pirofosforilados da via de biossíntesedo colesterol, tais como o farnesil-
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 11 
 
 
pirofosfato. Proteínas modificadas nesta via incluem as proteínas Ras, produzidas 
pelos oncogenes proto-oncogenes ras, e as proteínas G, e laminas, proteínas 
encontradas na matriz nuclear. O grupo isoprenilas ajuda a ancorar as proteína na 
membrana. A atividade transformadora (carcinogênica) do oncogene rasi perdida 
quando a isoprenilação da proteína Ras é bloqueada, um achado que estimulou o 
interesse em identificar inibidores dessa via de modificação postranslacional para uso 
em quimioterapia. 
P
O
O O CH2
CH3
CH3
CH3
CH3
O
-
P
O
O
-
O
-
SH SH
Proteína Ras
Ras
SH S CH2
CH3
CH3
CH3
CH3
Ras
PP
i
Farnesil pirofosftato
Proteína Ras farnesilada
Fig. 12. Farnesilação de um resíduo de cisteína. A ligação tioéster é 
mostrada em vermelho. A proteína Ras é o produto da oncogênese ras.
 
 
ADIÇÃO DE GRUPOS PROSTÉTICOS. 
Um grupo prostético, como já definido no texto sobre aminoácidos e proteínas, se 
refere a uma coenzima ou um íon metálico que está fortemente associado ou 
covalentementel ligado a uma proteína. Muitas proteínas procarióticas e eucarióticas 
requerem para sua atividade grupos prostéticos ligados covalentemente. Dois 
exemplos são a biotina da acetil-CoA carboxilase e o grupo heme da hemoglobina ou 
citocromo c. 
 
PROCESSAMENTO PROTEOLÍTICO. 
Muitas proteínas são inicialmente sintetizadas na forma de precursores polipeptídicos 
grandes e inativos, os quais são recortadas proteoliticamente para formarem suas 
formas menores, mas ativas. Como exemplos, tem-se a proinsulina, algumas 
proteínas virais e proteases como o quimotripsinogênio e o tripsinogênio. 
 
FORMAÇÃO DE LIGAÇÕES DISSULFETO CRUZADAS. 
Após o dobramento em suas conformações nativas, algumas proteínas formam pontes 
intra- e intercadeias entre resíduos de cistína (Cys). Nos eucariotos, ligações dissulfeto 
são comuns em proteínas que irão ser exportadas da célula. A ligação cruzada 
formada desse modo irá proteger a conformação nativa da molécula proteica da 
denaturação no meio extracelular, que pode diferir grandemente das condições 
intracelulares sendo geralmente oxidante. 
 
 
 
 
 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 12 
 
 
INIBIÇÃO DA SÍNTESE PROTEICA POR ANTIBIÓTICOS E TOXINAS 
 
A síntese proteica é o alvo primário de muitos antibióticos e toxinas de ocorrência 
natural. Com algumas exceções, estes antibióticos inibem a síntes proteica em 
bactérias. As diferenças entre a síntese proteica das bactérias e a eucariótica, embora 
sutis em alguns casos, são suficientes para que a maioria dos compostos aqui 
apresentados sejam relativamente inofensivos às células eucarióticas. A seleção 
natural tem favorecido a evolução de compostos que exploram pequenas diferenças 
com o objetivo de afetar sistemas bacterianos seletivamente, de modo que essas 
armas bioquímicas sejam sintetizadas por alguns microrganismos e sejam 
extremamente tóxicos a outros. Como quase toda etapa na síntese proteica pode ser 
inibida especificamente por um ou outro antibiótico, essas substâncias têm se tornado 
importantes ferramentas no estudo da biossíntese proteica. A seguir, são descritos os 
antibióticos e toxinas inibidores da síntese proteica mais comuns. 
 
Puromicina, produzido pela Actinobactéria (Actinomycetes) Streptomyces alboniger, é 
um dos mais conhecidos antibióticos inibidores. Sua estrutura é muito parecida à 
terminação 3’ de um aminoacil-tRNA, impedindo que este se ligue ao sítio A do 
ribossomo, produzindo peptidil-puromicina. No entanto, como se assemelha apenas ao 
terminal 3’, não permite a translocação e se dissocia do ribossomo logo após se ligar 
ao terminal caroboxila do peptídeo. Isso termina prematuramente a síntese do 
polipeptídeo. 
 
 
 
 
 
Fig. 13. Puromicina (a) e peptidil puromicina (b). 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 13 
 
 
 
Tetraciclina inibe a síntese proteica em bactérias bloqueando o sítio A no ribossomo, 
evitando a ligação dos aminoacil-tRNAs. 
 
Clorafenicol inibe a síntese proteica em ribossomos de bactérias, mitocôndrias e 
cloroplastos, bloqueando a peptidil transferase. 
OH O OH O
OH CONH 2
OH
OHCH3 N
CH3
CH3
H
NO2 CH
OH
CH
CH2
OH
NH C
O
CHCl 2
Tetraciclina
Clorafenicol
 
Cicloheximida, de modo recíproco, bloqueia a peptidil transferase da subunidade 80S 
dos ribossomos eucarióticos, mas não na subunidade ribossomal 70S bacteriana (ou 
mitocondrial ou cloroplástica). 
 
Estreptomicina, um trissacarídeo básico, causa erro de leitura do código genético 
(em bactérias) em concentrações relativamente baixas e inibe a iniciação em 
concentrações maiores. 
Fig. 14. Rompimento da formação da 
ligação peptídica pela puromicina. O 
antibiótico puromicina se assemelha à 
terminação de um tRNA carregado, 
permitindo que este se ligue ao sítio A do 
ribossomo e participe na formação da 
ligação com o peptídeo. O produto desta 
reação, ao invés de ser translocado para o 
sítio P, se dissocia do ribossomo, causando 
a terminação prematura da cadeia 
peptídica. 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 14 
 
 
O
CH3
CH3
CHOH
CH2
N
H
OO
O
O
OH
OH
CH2OH
H3CN
O O
OH
OH
OH
O
NH C NH2
NH
C
NH
NH2
Cicloheximida Estreptomicina
 
 
Toxina diftérica (Mr 58.330) catalisa a ADP-ribosilação de um resíduo diftamida (uma 
hisitidina modificada) do fator de alongamento eucariótico eEF2, consequentemente 
inativando-o. 
 
Ricina (Mr 29.895), uma proteína extremamente tóxica do “feijão de castor” (Ricinus 
comunis L.), também conhecida como mamona, que inativa a subunidade 60S dos 
ribossomos eucarióticos pela depurinação de uma adenosina específica no rRNA 23S. 
 
ENDEREÇAMENTO DAS PROTEÍNAS 
 
Como a célula eucariótica é constituída de muitas estruturas, compartimentos e 
organelas, cada uma com funções específicas, que requerem diferentes tipos de 
proteínas e enzimas, as proteínas são sintetizadas com um endereçamento pré 
determinado. 
Proteínas destinadas à secreção, ou inclusão na membrana citoplasmática ou inclusão 
em lisossomos, compartilham as primeiras poucas etapas de uma via de síntese que 
começa no retículo endoplasmático. Proeteínas destinadas à mitocôndria, cloroplastos 
ou núcleo, usam três mecanismos separados. As proteínas destinadas ao citossol 
simplesmente permanecem onde são sintetizadas. 
O mais importante elemento da maioria dessas vias de endereçamento é uma curta 
sequência de aminoácidos chamada de sequência sinal, cuja função foi inicialmente 
postulada por Günter Blobel e cols. em 1970. A sequência sinal direciona a proteína à 
sua localização adequada na célula e, em muitas proteínas, é removida durante o 
transporte ou após a proteína alcançar seu destino final. Nas proteínas determinadas 
ao transporte para mitocôndrias, cloroplastos, ou RE, a sequência sinal está localizada 
na ponta amino-terminal do polipeptídeo recém sintetizado. A degradação seletiva das 
proteínas que a célula não necessita mais também é determinada amplamente por um 
conjunto de sinais incorporado à estrutura proteica. 
 
Modificações Postradução de Proteínas Eucarióticas 
 
O sistema de endereçamento mais tipificado começa no RE. A maioria das proteínas 
lisossomais, de membrana ou secretadas têm uma sequência sinal amino-terminal que 
as marca para translocação ao lumen do RE; centenas dessas sequências sinal já 
foram determinadas. A extremidade carboxila da sequência sinal é definida por um 
ponto de clivagem, onde a ação de protease remove a a sequência após a proteína 
ser introduzida no RE. As sequencias sinal variam de 13 a 36 resíduos de 
aminoácidos, mas todas têm a seguinte características: 
1) Cerca de 10 a 15 resíduos de aminoácidos hidrofóbicos; 
2) Um ou mais resíduos de aminoácidos carregados positivamente; 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 15 
 
 
3) Uma sequência curta, próxima ao terminal carboxila (ponto de clivagem), 
que é relativamente polar, tipicamente de resíduos de aminoácidos de 
cadeias laterais curtas (especialmente Ala) na posição próxima ao ponto de 
clivagem. 
 
Tipo de proteína Seqência sinalizadora 
Virus da influenza 
humana A 
 
Preproinsulina humana 
Hormônio de 
crescimento bovino 
 
Promelitina da abelha 
 
Proteína de cola da 
Drosophila 
 
Met Lys Ala Lys Leu Leu Val Leu Leu Tyr Ala Phe Val Ala GlyAsp Gln – 
 
Met Ala Leu Trp Met Arg Leu Leu Pro Leu Leu Ala Leu Trp Gly Pro Asp Pro Asp Pro Ala Ala AlaPhe Val – 
 
Met met Ala Ala Gly Pro Arg Thr Ser Leu Leu Ala Phe Ala Leu Leu Cys Leu Pro Trp Thr Gln Val Val GlyAla Phe – 
 
Met Lys Phe Leu Val Asn Val Ala Leu Val Phe Met Val Val Ty Ile Ser Tyr Ile Tyr Ala Ala Pro – 
 
 
Met Lys Leu Leu Val Val Ala Val Ile Ala Cys Met Leu Ile Gly Phe Ala Asp Pro Ala Ser GlyCys Lys – 
 
Fig. 15. Translocação para o RE direcionado sequência de sinal amino-terminal de 
algumas proteínas eucarióticas. O core hidrofóbico (amarelo) é precedido por um ou 
mais resíduos de aminoácidos básicos (azul). Os resíduos de aminoácidos polares de 
cadeia lateral curta precedem, à esquerda, o ponto de clivagem, indicado pela seta 
vermelha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como demonstrou George Palade, a sequencia sinalizadora ajuda, por si só, a 
direcionar o ribossomo para o RE, de acordo com as etapas de 1 a 8, na Fig. 16: 
(1) A via de endereçamento começa com a iniciação da síntese proteica em 
ribossomos livres. 
(2) A sequência sinal aparece logo no processo de síntese, porque esta se localiza 
na extremidade amino que, como foi visto, é sintetizada primeiro. 
Fig. 16. Direcionamento de proteínas eucarióticas, através da sinalização 
apropriada, para o RE. Este processo envolve o ciclo SRP, translocação e 
quebra do polipeptídeo nascente. O SRP é complexo em forma de bastão 
contendo um RNA de 300 nucleotídeos (7SL-RNA) e seis diferentes proteínas 
(Mr 325.000, combinadas). Uma subunidade de proteína SRP liga-se 
diretamente à sequência sinalizadora, inibindo o alongamento por bloqueio 
estereo dos aminoacil-tRNAs e inibindo a peptidil transferase. Uma outra 
subunidade liga-se e hidrolisa GTP. O receptor SRP é um heterodímero de 
subunidades α (Mr 69.000) e β (M.r 30.000), ambas se hidrolisam multiplas 
moléculas de GTP durante o processo 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 16 
 
 
(3) Logo quando emerge do ribossomo, a sequencia sinal, e o próprio ribossomo, 
são reconhecidos pela partícula reconhecedora de sinal (SRP); a SRP então 
se liga a um GTP e pára o alongamento do polipeptídeo quando este está com 
cerca de 70 aminoácidos de comprimento e a sequência sinal se emerge 
completamente do ribossomo. 
(4) A SRP ligada ao GTP agora direciona o ribossomo (ainda ligado ao mRNA) e o 
polipeptídeo incompleto ao receptor de SRP-GTP localizado na face citossólica 
do RE; o polipeptídeo nascente é entregue ao complexo de translocação de 
peptídeo no ER, que pode interagir diretamente com o ribossomo. 
(5) A SRP se dissocia do ribossomo, acompanhada pela hidrólise de GTP tanto na 
SRP como no receptor de SRP. 
(6) O alongamento do polipeptídeo é então retomado, com o complexo de 
translocação, dirigido por ATP, introduzindo a cadeia polipeptídica em 
crescimento no lúmen do RE. 
(7) A sequência sinal é removida pela sinal peptidase no lumen do RE. 
(8) Completada a síntese da cadeia polipeptídica, o ribossomo é dissociado e 
reciclado. 
 
Glicosilação de Proteínas 
 
Após a remoção das sequências sinalizadoras, os polipeptídeos são dobrados, as 
ligações dissulfeto são formadas, muitas proteínas são glicosiladas para formar 
glicoproteínas. Em muitas glicoproteínas a ligaçao com os seus oligossacarídeos é 
feito através do N amídico de um resíduo de asparagina (Asn). Apesar dos tipos de 
oligossacarídeos serem variados, a via através da qual este se formam tem um 
primeira etapa em comum. Um núcleo de oligossacarídeo com 14 resíduos, por 
exemplo, é montado de uma forma gradual, transferido de uma molécula
dolicol 
fosfato doadora para determinados resíduos de Asn na proteína. A transferase que 
executa este processo está localizada no lúmen do RE, e por isso não pode catalizar a 
glicosilação de proteínas citoplasmáticas. Após a transferência, o núcleo de 
oligossacarídeo é “aparado” de diferentes maneiras em diferentes proteínas, mas 
todos os oligossacarídeos N-ligados retêm um núcleo de pentassacarídeo derivado do 
oligossacarídeo original de 14 resíduos. Alguns antibióticos interferem em um ou mais 
etapas da glicosilação das proteínas. O mais bem caracterizado é a tunicamicina, 
que mimetiza a etrutura da UDP-N-acetilglicosamina e bloqueia a primeira etapa do 
processo. 
N
NH
O
O
O
OH
OH
CH2OH
NH
CH3
O
O
NH
OH
O
OH
CH2
O
CHOH
OH OH
C
CH
CH
O
(CH2)n
CH
CH3 CH3
Uracila
N-Acetilglucosamina
Tunicamina
Cadeia lateral
de acil graxo
Tunicamicina
 
 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Roteiro de Estudo 
 
1. O código genético: verificar o conceito de código genético, a relação entre o 
sistema de trincas (tripletes) de bases e os aminoácidos correspondentes. 
2. Procurar entender a relação entre a base oscilante no anticódon e os diferentes 
códons no mRNA para um mesmo aminoácido. Verificar a diferença entre 
pareamento oscilante e pareamento de Watson-Crick. 
3. A partir da compreensão dos conceitos abordados nos itens anteriores, 
entender a razão dos 64 códons possíveis. 
4. Ver, no processo de ativação dos aminoácidos, o papel da aminoacil-tRNA-
sintase, a importância da conformação do tRNA e a especificidade desta 
enzima para a fidelidade da síntese protéica. 
5. Verificar o processo de iniciação da cadeia polipeptídica: a importância dos 
fatores de iniciação; importância do códon de iniciação; a importância da 
subunidade 30S; procurar ver como se situam os códons dentro do ribossomo 
após concluída a etapa de iniciação. 
6. Como agem os fatores de iniciação e a importância do GTP nesse processo. 
7. Procurar entender como, após concluída a etapa de iniciação, como são 
adicionados os aminoácidos seguintes, determinados pela código genético; 
Fig. 17. Síntese do núcleo oligossacarídico das glicoproteínas. As primeiras 
etapas (1 e 2) ocorrem na face citossólica do RE. (3) A translocação leva o 
oligossacarídeo incompleto através da membrana e (4) e a conclusão do núcleo 
ocorre dentro do lúmen. O precursor que contribui com os resíduos adicionais de 
glicose e manose são derivados de dolicol fosfato. Na primeira etapa da construção 
da porção conjugada do N-oligossacarídeo da glicoproteína (5 e 6), o núcleo 
oligossacarídeo é transferido do dolicol fosfato para um resíduo Asparagina da 
proteína de dentro do lúmen do RE. O núcleo oligossacrídeo é então modificado no 
ER e em vias do complexo de Golgi, que diferem para diferentes proteínas. Os 5 
resíduos de açúcar marcados em bege (após etapa 7), são mantidos na estrutura 
final de todos os oligossacarídeos N-conjugados. (8) O dolicol livre pirofosfatado é 
translocado novamente de modo que o grupo pirofosfato fique na face citossólica do 
RE, então, (9) o um fosfato é removido hidroliticamente para regenerar o dolicol 
fosfato. 
 Bioquímica - Prof. Marcos José Correia 18 
 
 
entender como atuam os fatores de alongamento (EF ou EF-Tu em E. coli) no 
processo de alongamento da cadeia; a importância do GTP como fator 
controlador do processo. 
8. Entender como a peptidil-transferase realiza a formação da ligação peptídica, 
promovendo o crescimento da cadeia. 
9. Após o a transferência do grupamento peptidil para um aminoácido recem 
adicionado à cadeia, o ribossomo é deslocado em um códon. Procure entender 
como ocorre esse processo, conhecido como translocação, e a importância do 
fator de translocação (EF-G), como este atua, o papel do GTP como fator 
controlador do processo. 
10. Procure entender o processo de terminação da síntese protéica: verifique o 
papel de dos códons de termiação; como atuam os fatores de terminação (RF1, 
RF2 e RF3) no processo de terminação e como é induzia a hidrólise da ligação 
peptidil-tRNA para a liberação da cadeia peptídica. 
11. Os fatores: FI2 (de iniciação), EF-Tu (de alongamento), EF-G (de translocação) 
e RF3 (de liberação) são denominados genericamente de proteínas G. 
Explique o motivo dessa denominação. 
12. Procure entender o que é tradução, o que são modificações pós trandução, e o 
que é translocação de um polipeptídeo. 
13. Procure entender as seguintes modificações que podem ocorrer numa proteína 
e suas respectivas implicações à sua funcionalidade: 
a) Modificações amino- e carboxiterminais; 
b) Perda da sequência sinalizadora 
c) Modificações de (resíduos) aminoácidos individuais (fosforilação, 
carboxilação, metilação); 
d) Glicosilação; 
e) Adição de isoprenilas; 
f) Adição de grupos prostéticos; 
g) Processamento proteolítico; 
h) Formação de pontes dissulfetos. 
14. Procure entender o que é endereçamento de proteína levando em 
consideração: 
a) O que define endereçamento da proteína e importância para sua 
funcionalidade 
b) O que é sequência sinalizadora; 
c) A relação entre sequência sinalizadora e a membrana do RE; 
d) O que é uma partícula reconhecedora de sinal (SRP); 
e) De que consiste o complexo de translocação e como é provida a energia a 
este processo.

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