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segundo livro de contabilidade

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FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 
 
 
 
 
 
Conselho Editorial EAD 
Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) 
Mara Lúcia Machado 
José Édil de Lima Alves 
Astomiro Romais 
Andrea Eick 
 
 
Obra organizada pela Universidade Luterana do 
Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade 
dos autores a emissão de conceitos. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido 
na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código 
Penal. 
 
 
ISBN: 978-85-7838-032-8 
Edição Revisada 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
SOBRE O AUTOR 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
É graduada em Ciências Contábeis, especialista em Controladoria pela 
Universidade Regional Integrada (URI-RS) com a temática “Sistemas 
de informação com foco no CRM” e mestra em Desenvolvimento Re-
gional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc-RS) com apro-
fundamento do tema “Lei de Responsabilidade Fiscal: estudo da exe-
cução orçamentária nos municípios da região metropolitana de Porto 
Alegre no período de 2000 a 2005”. Tem vasta experiência em qualifi-
cação e gestão pública e privada e – além de ser docente na Universi-
dade Luterana do Brasil (ULBRA) nos cursos de Ciências Contábeis e 
Administração de Empresas – é diretora de Consultoria em Projetos e 
Gestão Públicos e privados (PGPP), instituição onde responde pelos 
programas de planejamento Estratégico, Políticas e Estratégias Geren-
ciais e Desenvolvimento Regional. 
 
SUMÁRIO 
1 A CONTABILIDADE ......................................................................................... 13 
1.1 Conceito De Contabilidade ...................................................................... 14 
1.2 Objeto, Objetivos E Finalidade Da Contabilidade ....................................... 15 
1.3 Técnicas Utilizadas Pela Contabilidade Para Atingir Seus Objetivos ........... 15 
1.4 Patrimônio .............................................................................................. 16 
1.5 Patrimônio Líquido .................................................................................. 19 
1.6 Aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio ..................................... 21 
1.7 Investimentos Patrimoniais e as origens de recursos ................................. 22 
Ponto final .................................................................................................... 23 
Bibliografia .................................................................................................. 24 
2 FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA CONTABILIDADE .......................................... 26 
2.1 Princípios fundamentais de contabilidade ................................................ 26 
2.2 Convenções Contábeis ............................................................................ 30 
2.3 Regimes contábeis .................................................................................. 32 
Ponto Final ................................................................................................... 33 
Bibliografia .................................................................................................. 34 
3 OS RELATÓRIOS CONTÁBEIS ........................................................................... 36 
3.1 O Processo Decisório ............................................................................... 36 
3.2 Conceito de relatório contábil .................................................................. 38 
3.3 Demonstrações financeiras obrigatórias .................................................. 38 
 
 
10 
3.4 Demonstrações contábeis não obrigatórias .............................................. 43 
Ponto final .................................................................................................... 44 
Bibliografia .................................................................................................. 44 
4 BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................ 45 
4.1 O que é Balanço Patrimonial? .................................................................. 45 
4.2 Grupos de contas .................................................................................... 46 
4.3 Principais deduções do ativo e do Patrimônio Líquido ............................... 52 
Ponto final .................................................................................................... 55 
Bibliografia .................................................................................................. 56 
5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) ................................... 57 
5.1 Receitas e Despesas ............................................................................... 57 
5.2 Despesa e Custo ..................................................................................... 59 
5.3 Demonstração do resultado do exercício (DRE) ........................................ 60 
5.4 Reservas ................................................................................................. 65 
5.5 DRE Inovada ........................................................................................... 66 
Ponto Final ................................................................................................... 67 
Bibliografia .................................................................................................. 68 
6 CICLO CONTÁBIL: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ................................................ 69 
6.1 Plano de contas ...................................................................................... 70 
6.2 Sistemas Contábeis ................................................................................ 73 
6.3 Livros De Escrituração ............................................................................. 74 
6.4 Método De Escrituração .......................................................................... 76 
6.5 Balancete De Verificação ........................................................................ 76 
Ponto final .................................................................................................... 78 
Bibliografia .................................................................................................. 79 
7 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL ............................................................................. 80 
7.1 Conceito de escrituração ......................................................................... 80 
 
11 
7.2 Lançamento ............................................................................................ 81 
7.3 Erros de escrituração .............................................................................. 87 
Bibliografia .................................................................................................. 90 
Ponto final .................................................................................................... 91 
8 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ..................................................... 92 
8.1 Conceito ................................................................................................. 92 
8.2 Exemplo Prático ...................................................................................... 93 
Ponto Final ................................................................................................... 97 
9 INVENTÁRIO .................................................................................................. 98 
9.1 Classificação do Inventário...................................................................... 98 
9.2 Fases do inventário ................................................................................. 99 
9.3 Critérios de avaliação dos ativos ............................................................
101 
9.4 Critérios de avaliação de passivos .......................................................... 103 
Ponto Final ................................................................................................. 103 
REFERÊNCIAS POR CAPITULO ......................................................................... 105 
 
 
1 A CONTABILIDADE 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
A Contabilidade é tão antiga quanto a civilização e está ligada à neces-
sidade social de proteção à posse, controle e interpretação das varia-
ções patrimoniais. Desde os primórdios da história da humanidade 
observa-se o homem inventariando (de forma bem rudimentar) seu 
rebanho. Com a evolução da agricultura, do comércio e, na sequência, 
da industrialização, foram pensadas e estudadas as várias formas de 
registrar os fatos contábeis que ocorriam na gestão patrimonial, forma-
tando-se relatórios que evidenciassem o resultado dessa gestão. 
Sua evolução deu-se de forma gradativa e, hoje, a Contabilidade é tida 
como a linguagem dos negócios, como uma bússola que orienta os 
gestores (públicos e privados) na tomada de decisão. Seu estudo parte 
do entendimento e da apreensão de sua base conceitual. O objetivo 
deste capítulo é darmos nossos primeiros passos (de mãos dadas, não 
se preocupe) para que você vá descobrindo a ciência contábil e vendo o 
quanto ela faz parte da sua vida. 
E, partindo-se da máxima de que “ninguém ama o que não conhece”, 
vamos conhecê-la melhor. Tenho certeza de que você vai se surpreen-
der... 
Neste primeiro capítulo, estudaremos: 
• conceito de contabilidade; 
• usuários; 
• objeto, objetivos e finalidade da contabilidade; 
• técnicas contábeis; 
• patrimônio líquido; 
 
 
14 
• aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio; 
• investimentos patrimoniais e fontes de recursos. 
1.1 Conceito De Contabilidade 
A contabilidade é uma ciência social um sistema de informação e ava-
liação destinado a prover seus usuários com relatórios, demonstrações 
e análises de natureza econômico-financeira da empresa em determi-
nado momento e sua evolução em determinado período. 
Há na literatura alguns conceitos de contabilidade. Para Marion, a 
“ciência contábil é o instrumento que fornece o máximo de informa-
ções úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”. Já 
segundo Ribeiro, a “Contabilidade é uma ciência que permite, através 
de suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da 
empresa”. De acordo com Franco, contabilidade é “a ciência (ou a 
técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos 
ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demons-
tração expositiva e a revelação destes fatos, com o fim de oferecer in-
formações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resul-
tado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”. 
A partir dos conceitos apresentados, fica compreendido o motivo do 
estudo da contabilidade: você (enquanto gestor, gerente, investidor, 
funcionário, fornecedor, cidadão ou analista) necessita de informações 
que demonstrem a situação da empresa (e de seu patrimônio). Através 
da contabilidade torna-se possível coletar, processar e estruturar essas 
informações para você. 
Também é necessária a deposição de preconceitos, como o senso co-
mum de que a contabilidade somente atende às exigências do governo 
(fisco); muito além disso, ela é feita para auxiliá-lo na tomada de deci-
são através de um fluxo contínuo de informações sobre os mais varia-
dos aspectos da gestão econômico-financeira da empresa. 
Ora, se a contabilidade é um sistema de informação, quem são os usu-
ários desse sistema? Conforme destaca Marion, “são as pessoas que se 
utilizam da Contabilidade, que se interessam pela situação da empresa 
e buscam na Contabilidade as suas respostas”. É óbvio que não só os 
administradores se utilizam da contabilidade, vamos citar outros usuá-
rios: investidores, fornecedores, bancos, governo, sindicatos, emprega-
dos, concorrentes, analistas, órgãos públicos e consultores. 
 
15 
1.2 Objeto, Objetivos E Finalidade Da Contabilidade 
O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência. Na contabi-
lidade, o objeto de estudo é o patrimônio de uma entidade. 
No que se refere aos objetivos da contabilidade, ressaltamos: 
• apresentar corretamente o patrimônio; 
• apreender e analisar as causas das suas mutações (mudanças); 
• prover os diferentes usuários com informações sobre aspectos de 
natureza econômica, financeira e física do patrimônio (registros, 
diagnósticos, demonstrações, análises, prognósticos, relatos, pare-
ceres, planilhas entre outros). 
Sua finalidade, segundo Ribeiro, é permitir o estudo e o controle dos 
fatos decorrentes da gestão do patrimônio das entidades econômico 
administrativas. Entende-se como entidades econômico-
administrativas as organizações que reúnem pessoas, patrimônio, 
titular, capital, ação administrativa e fim determinado e que são classi-
ficadas como: 
• entidades com fins econômicos (empresas comerciais, agrícolas, 
industriais); 
• entidades com fins socioeconômicos (associações de classe, clubes 
sociais, ONGs, cooperativas etc.); 
• entidades com fins sociais (União, estados, municípios). 
1.3 Técnicas Utilizadas Pela Contabilidade Para Atingir 
Seus Objetivos 
Os meios utilizados pela contabilidade para atingir seus objetivos 
compreendem o conjunto de técnicas denominadas de técnicas contá-
beis, quais sejam: 
Escrituração – registro em livros próprios (Diário Razão, Caixa, Contas 
Correntes) de todos os fatos administrativos que ocorrem no dia a dia 
das empresas. 
Demonstrações Contábeis – confecção de quadros técnicos que apre-
sentam dados extraídos dos registros contábeis das empresas. As mais 
importantes são o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Re-
sultado do Exercício (DRE) que estudaremos mais adiante; 
 
 
16 
Auditoria e Perícia – verificação da exatidão dos dados contidos nas 
demonstrações contábeis, através de um exame minucioso dos regis-
tros e dos documentos que deram origem a estes registros; 
Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis – exame e inter-
pretação dos dados contidos nas demonstrações contábeis, transfor-
mando estes dados em informações (indicadores) úteis para os diver-
sos usuários da Contabilidade. 
1.4 Patrimônio 
Se o objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio, precisamos 
conceituá-lo para darmos prosseguimento ao nosso estudo. 
O termo patrimônio significa o conjunto de bens de uma pessoa (pessoa 
física) ou de uma empresa (pessoa jurídica). Compõem-se também de 
direitos (valores a receber) e de obrigações (valores a pagar). 
Assim, patrimônio significa, de um lado, o conjunto de bens e direitos 
pertencente a uma pessoa ou empresa; e de outro, inclui as obrigações 
a serem pagas, o que é representado a seguir. 
PATRIMÔNIO (de uma pessoa ou empresa) 
Bens 
Direitos (valores a receber) 
Obrigações (valores a pagar) 
 
1.4.1 Bens 
Segundo Ribeiro, bens são as coisas capazes de satisfazer as necessida-
des humanas, suscetíveis de avaliação econômica. Sob o ponto de vista 
contábil, podemos definir como bem tudo aquilo que a empresa possui 
para venda, troca ou consumo. Por exemplo: 
• bens de uso: balcões, prateleiras, computadores, impressora fiscal; 
• bens de troca: mercadorias, dinheiro etc.; 
• bens de consumo: material de expediente (embalagens, bobinas, 
cartuchos, A4, etc.), material de limpeza etc. 
Os bens podem, ainda, ser classificados em tangíveis e intangíveis: 
a) Bens Tangíveis (também chamados de bens materiais): possuem 
corpo, matéria física, são palpáveis. Ex.: veículos, imóveis, esto-
 
17 
ques de mercadorias, dinheiro, móveis e utensílios (móveis do es-
critório), ferramentas,
etc. 
Podem ser divididos em móveis e imóveis: 
• Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser 
retirados sem destruição ou danos. Por exemplo: edifícios, cons-
truções etc. 
• Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos. Por exemplo: 
máquinas, equipamentos, veículos, equipamentos, estoques de 
mercadorias etc. 
b) Bens Intangíveis (imateriais): não têm matéria, não são palpáveis. 
Por exemplo: marcas, patentes de invenção, benfeitorias em imó-
veis de terceiros, “ponto”, gastos de organização etc. 
1.4.2 Direitos 
Segundo Ribeiro, constituem direitos para a empresa todos os valores 
que ela tem a receber. Esses direitos são registrados nos livros contá-
beis da empresa, seguido da expressão a receber. Em relação às empre-
sas, o direito mais comum decorre de vendas a prazo, o pagamento 
não é feito no ato, mas no futuro o qual se denomina duplicatas a rece-
ber, títulos a receber, contas a receber, etc. Outros direitos: aluguéis a 
receber, promissórias a receber, banco conta movimento (depósitos) 
etc. 
Bens e direitos são representados como componentes do patrimônio 
positivos, dinâmicos, que produzem ganho para a empresa, daí esta-
rem representados no grupo patrimonial ATIVO. 
1.4.3 Obrigações 
São dívidas com outras pessoas e ou empresas. Em contabilidade, tais 
dívidas são denominadas exigíveis (pagamento na data do vencimen-
to). São obrigações exigíveis: salários a pagar, impostos a pagar, encar-
gos sociais a pagar, aluguéis a pagar, contas a pagar, fornecedores, 
empréstimos bancários etc. 
Obrigações são representadas como componentes patrimoniais negati-
vos, representando capitais de terceiros investidos na empresa, daí 
estarem representados no grupo patrimonial PASSIVO. Esses recursos, 
por sua vez, provêm de duas fontes: 
 
 
18 
a) débitos de funcionamento: obrigações que surgem em decorrência 
da gestão normal da empresa. Por exemplo: fornecedores, obriga-
ções fiscais, trabalhistas etc.; 
b) débitos de financiamento: recursos obtidos pela empresa mediante 
terceiros em forma de empréstimos. 
Observe que os direitos e obrigações são fáceis de se reconhecer: 
Direitos – são seguidos da expressão a receber; 
obrigações– são seguidos da expressão a pagar 
Mas, preste atenção: Clientes (direito) e fornecedores (obrigação) são exceções a 
essa regra. Da mesma forma que os compromissos que a empresa tem com 
entidades governamentais (impostos e encargos sociais, por exemplo) poderão ser 
contabilizados com a expressão a pagar ou a recolher 
1.4.4 Representação gráfica do patrimônio 
Na representação gráfica patrimonial, colocamos no lado esquerdo os 
bens e direitos e no lado direito as obrigações. Trata-se de uma con-
venção contábil, conforme é demonstrado a seguir: 
BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES 
Bens 
Dinheiro 
Mercadorias em estoque 
Veículos 
Imóveis 
Máquinas 
Ferramentas 
Móveis e utensílios 
Marcas e patentes 
Direitos 
Depósitos em bancos 
Duplicatas a receber 
Títulos a receber 
Aluguéis a receber 
Ações 
Obrigações 
Empréstimos a pagar 
Salários a pagar 
Fornecedores (duplicatas a pagar) 
Financiamentos 
Impostos a pagar 
Encargos sociais a pagar 
Aluguéis a pagar 
Títulos a pagar 
Promissórias a pagar 
Contas a pagar 
 
 
 
Outra convenção é chamar o lado positivo de Ativo (bens + direitos) e o 
lado negativo de Passivo (obrigações): 
Cia dos Doces 
 Valores em R$ 
 
19 
ATIVO 
BENS + DIREITOS 
PASSIVO 
OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS 
Bens 1.950 Obrigações 4.450 
Direitos 2.800 
Total 4.750 Total 4.450 
 
1.5 Patrimônio Líquido 
Definimos como Patrimônio Líquido (PL) a diferença entre os bens e 
direitos e as obrigações de uma entidade, em determinado momento. 
Assim, é possível apurar a riqueza líquida da empresa, também deno-
minada patrimônio líquido ou situação líquida. 
Por exemplo, tomando-se os dados do quadro anterior, temos: 
PL = (total dos bens + direitos) – obrigações 
PL = 4.750 – 4.450 = 300 
O quadro a seguir indica que, se a Cia dos Doces recebesse todos os 
seus direitos e vendesse todos os seus bens, daria para pagar suas 
dívidas e sobraria R$ 300,00, que corresponde ao seu Patrimônio Lí-
quido. 
Cia dos Doces 
Valores em R$ 
ATIVO PASSIVO 
Bens 1.950 Obrigações 4.450 
Direitos 2.800 Patrimônio Líquido 300 
Total 4.750 Total 4.750 
 
Como podemos observar na representação gráfica patrimonial da Cia 
dos Doces, o Patrimônio Líquido está representado junto com as obri-
gações (Passivo), o correto, então, seria chamar a coluna da direita 
como Passivo e Patrimônio Líquido, tendo em vista que ele completa a 
equação patrimonial. No Brasil, entretanto, convencionou-se chamá-la 
apenas de Passivo. 
1.5.1 Situações Líquidas Patrimoniais 
Os elementos patrimoniais equacionados poderão apresentar três 
situações líquidas patrimoniais diferentes: 
 
 
20 
• Situação líquida patrimonial ativa, positiva ou superavitária 
• Situação líquida patrimonial passiva, negativa ou deficitária 
• Situação líquida patrimonial nula, compensada ou inexistente 
Para compreender cada situação observe os exemplos apresentados 
nos quadros a seguir. 
Situação líquida patrimonial ATIVA, POSITIVA ou SUPERAVITÁRIA 
(valores em R$): 
ATIVO PASSIVO 
Bens 100 Obrigações 80 
Direitos 30 Situação líquida 50 
Total 130 Total 130 
 
Este balanço evidencia uma situação em que o total do Ativo (bens + 
direitos) é maior que o total do Passivo (obrigações), configurando-se 
uma situação líquida ativa, positiva ou superavitária. Suponha que se 
deseje liquidar a empresa nesse momento, realizando-se todos os direi-
tos, vendendo-se todos os bens e quitando-se as obrigações, ainda 
sobraria para os sócios da empresa o valor de R$ 50,00. 
Situação líquida patrimonial PASSIVA, NEGATIVA ou DEFICITÁRIA 
(valores em R$): 
ATIVO PASSIVO 
Bens 100 Obrigações 180 
Direitos 20 (-) Situação líquida (60) 
Total 120 Total 120 
 
Neste balanço, verificamos que o total das obrigações (R$ 180,00) é 
maior do que a soma dos bens e dos direitos (R$ 120,00), configurando-
se uma situação passiva, negativa ou deficitária (-R$ 60,00). Se a em-
presa for liquidada nesse momento, o valor referente à realização dos 
direitos e da venda dos bens será insuficiente para a quitação das obri-
gações, e faltaria R$ 60,00 para cobrirmos o total do Passivo (obriga-
ções). Essa situação é conhecida como PASSIVO A DESCOBERTO 
porque o total do Ativo não é suficiente para cobrir o total do Passivo. 
Situação líquida patrimonial NULA, COMPENSADA ou INEXISTEN-
TE (valores em R$): 
 
21 
ATIVO PASSIVO 
Bens 100 Obrigações 120 
Direitos 20 Situação líquida 0 
Total 120 Total 120 
 
No balanço apresentado, verificamos que a soma de bens e direitos é 
igual ao total das obrigações (R$ 120,00), tratando-se de uma situação 
nula ou inexistente. Se liquidarmos a empresa nesse momento, o mon-
tante apurado com a venda dos bens e o recebimento dos direitos será 
usado para cobrir apenas as obrigações, não restando nada para os 
sócios.
Nas três situações apresentadas, Ativo e Passivo sempre são maiores 
do que zero. Em raras ocasiões, eles podem ser iguais a zero. Nesse 
caso teremos duas possibilidades, conforme exemplificado nos qua-
dros que seguem. 
O PASSIVO é igual a zero (valores em R$): 
ATIVO PASSIVO 
Bens 100 Obrigações 0 
Direitos 20 Situação líquida 120 
Total 120 Total 120 
 
A constituição da empresa é um dos momentos em que a situação 
ilustrada pelo balanço acima poderá ocorrer, caracterizando uma situ-
ação líquida patrimonial ativa, positiva ou superavitária. 
O ATIVO é igual a zero (valores em R$): 
ATIVO PASSIVO 
Bens 0 Obrigações 40 
Direitos 0 Situação líquida (40) 
Total 0 Total 0 
 
O encerramento das atividades da empresa é um dos momentos em 
que a situação exemplificada poderá ocorrer, configurando-se uma 
situação patrimonial passiva, negativa ou deficitária. 
1.6 Aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio 
Todos os relatórios elaborados a partir da contabilidade e de sua escri-
turação devem ressaltar dois aspectos: 
 
 
22 
a Qualitativo: consiste em qualificar, dar nomes aos elementos com-
ponentes do respectivo relatório, permitindo que se conheça a na-
tureza de cada um (o quê). 
b Quantitativo: consiste em atribuir aos respectivos elementos seus 
valores em moeda (R$). 
As informações quantitativas que a contabilidade produz, quando 
aplicada a uma empresa, devem possibilitar ao usuário avaliar a situa-
ção e as tendências desta, com o menor grau de dificuldade possível. 
Devem, portanto, permitir ao usuário: 
• observar e avaliar o comportamento; 
• comparar seus resultados com o de outros períodos e/ou empre-
sas; 
• avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos; 
• obter subsídios para o planejamento das operações da empresa. 
1.7 Investimentos Patrimoniais e as origens de recursos 
Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo Passivo e 
Patrimônio Líquido (PL). Os recursos (financeiros ou materiais) são 
originados dos proprietários (ingresso de recursos e reinvestimento de 
lucros), fornecedores (vendas a prazo), governo (impostos e encargos a 
pagar), bancos e financeiras (empréstimos, financiamentos, adianta-
mentos de recebíveis, etc.), representando origens de recursos. Através 
do PASSIVO e do PATRIMÔNIO LÍQUIDO, portanto, identificam-se 
as ORIGENS DE RECURSOS investidos na empresa. 
O ATIVO, por sua vez, evidencia todas as APLICAÇÕES DE RECUR-
SOS: aplicação no caixa, em estoque, em máquinas, em imóveis etc. A 
empresa, só pode aplicar (Ativo) aquilo que tem origem (Passivo e 
Patrimônio Líquido); dessa forma, fica bastante simples entender por-
que o ativo será sempre igual ao passivo (recursos de terceiros) e pa-
trimônio líquido (recursos próprios representados pelo capital social , 
reservas, lucros, outros). 
 
23 
Figura 1.1 – Origens e aplicações de recursos 
 
Fonte: Adaptado de MARION, 2006, p. 56. 
Sem dúvida, as principais origens de recursos para a empresa são o 
capital* investido pelos sócios e o lucro obtido no negócio (PL), lem-
brando que o lucro obtido pela empresa não pertence a ela, mas a seus 
proprietários (sócios ou acionistas), pois são eles que assumem o risco 
do negócio. O lucro é, portanto, a remuneração do capital investido na 
empresa pelos proprietários, o qual é adicionado à conta do proprietá-
rio, ou seja, no patrimônio líquido. 
Empréstimos, financiamentos, factoring, crédito direto ao consumidor, 
ações, debêntures, incentivos fiscais etc. constituem outras fontes de 
recursos importantes para a empresa (capitais de terceiros). 
Ponto final 
Conhecer a base conceitual da contabilidade – conceito, usuários, obje-
to, objetivos, finalidade, patrimônio líquido, aspectos qualitativo e 
quantitativo do patrimônio, investimentos patrimoniais e fontes de 
recursos – é muito importante para que o estudante ou profissional da 
área pública possa amadurecer conceitos mais complexos que são 
exigidos no seu dia a dia. A seguir, um breve resumo dos tópicos a-
bordados: 
Contabilidade: ciência social que estuda o patrimônio das entidades, 
fornecendo informações para a tomada de decisão. 
Patrimônio: objeto de estudo da Contabilidade, consiste no conjunto de bens, 
direitos e obrigações pertencentes a uma pessoa física e/ou jurídica. 
Bens: do ponto de vista contábil, significa os itens de que dispõe a empresa ou 
entidade para a obtenção de seus fins. Em outras palavras, bem é tudo aquilo 
 
* O termo capital significa “recursos”. Capital próprio significa “recursos dos proprietários” (sócios ou 
acionistas) aplicados na empresa. Capital de terceiros, por outro lado, significa “recursos de outras 
pessoas” aplicados na empresa (fornecedores, bancos, etc.). 
 
 
24 
que a empresa possui para venda, troca ou consumo. Pode ser tangível e 
intangível, móvel ou imóvel. 
Direitos: representam o valor da dívida de terceiros para com a empresa; o 
poder de exigir alguma coisa (ou ter em “haver”): valores a receber, contas a 
receber, títulos a receber etc. Junto com os bens, formam a parte positiva do 
patrimônio estão representadas no Ativo. 
Obrigações: dívidas exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados, 
exigidos (pagamento na data do vencimento): duplicatas a pagar (ou 
fornecedores), títulos a pagar, impostos a pagar, financiamentos a pagar etc. 
Estão representadas no Passivo. 
Ativo: grupo patrimonial que representa os investimentos ou aplicações do 
patrimônio ou do capital das empresas; conjunto de bens e direitos de 
propriedade da empresa; são os itens positivos do patrimônio, trazem 
benefícios, proporcionam ganho para a empresa (representam a aplicação dos 
recursos). 
Passivo: grupo patrimonial que representa as fontes dos valores aplicados no 
Ativo; obrigações exigíveis da empresa, ou seja, dívidas que serão cobradas em 
seus respectivos vencimentos. Representa a parte negativa do patrimônio 
(representa, junto com o patrimônio líquido, a origem dos recursos da 
empresa). 
Patrimônio Líquido: valor resultante da diferença entre os valores do Ativo e 
as dívidas da empresa; riqueza líquida da empresa, composta pela diferença 
entre os bens e direitos (Ativo) e suas obrigações exigíveis (Passivo), em 
determinado momento. Também chamado de Situação Líquida Patrimonial. 
Situação Líquida Patrimonial ATIVA, POSITIVA ou SUPERAVITÁRIA: 
situação em que a soma dos bens e direitos é maior do que a soma das 
obrigações. 
Situação Líquida Patrimonial PASSIVA, NEGATIVA ou DEFICITÁRIA: 
situação em que a soma dos bens e direitos é maior do que a soma das 
obrigações. 
Situação Líquida Patrimonial NULA, INEXISTENTE ou COMPENSADA: 
situação em que a soma dos bens e direitos é igual à soma das obrigações. 
Aspecto Qualitativo do Patrimônio: natureza dos itens que compõem o 
patrimônio (o quê) 
Aspecto Quantitativo do Patrimônio: avaliação monetária dos itens 
patrimoniais (quanto) 
 
Bibliografia 
Livros-base utilizados neste capítulo: 
Contabilidade Básica – José Carlos Marion Ed. Atlas 
Contabilidade Fácil – Osni Moura Ribeiro Ed. Saraiva 
Curso de Contabilidade para Não contadores – Sérgio de Iudícibus e 
José Carlos Marion – Ed. Atlas 
 
25 
Nestas obras encontraremos um estudo introdutório, base da ciência
contábil, bem como exercícios que nos ajudam a compreendê-la me-
lhor. 
Como leitura complementar, sugerimos a leitura do artigo “ A História 
da Contabilidade” disponível em 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/ historia.htm. 
 
 
2 FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA CONTABILIDADE 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Existem regras de aplicação geral que orientam a prática do profissio-
nal contábil no exercício de sua atividade. Tais regras, conceitos ou 
princípios, segundo Marion (2003) visam um tratamento contábil pa-
dronizado e servem como guias para a auditoria examinar a qualidade 
dos relatórios contábeis. No presente capítulo estudaremos: 
- Os Princípios Fundamentais de Contabilidade; 
- As Convenções Contábeis 
- Os Regimes Contábeis 
2.1 Princípios fundamentais de contabilidade 
A Contabilidade tem um conjunto de regras que pode ser chamado de 
Estrutura Básica da Contabilidade. Ao pensarmos em estrutura, po-
demos relacionar a um prédio com alicerces, paredes e telhado. A 
parte mais importante do prédio é o alicerce, as colunas, os pilares que 
sustentam os demais componentes da construção. 
Os princípios são, portanto, a forma, o meio e a estrutura de que a 
contabilidade se utiliza para chegar a seus objetivos ou, às vezes, para 
compreender a prática contábil. Em outras palavras, são como placas 
de direção, são guias que “sinalizam” a direção do trabalho do conta-
dor. 
A Resolução do CFC 750/93 dispõe sobre os Princípios Fundamentais 
da Contabilidade e é composta dos seguintes princípios: 
a. Princípio da Entidade 
b. Princípio da Continuidade 
 
27 
c. Princípio da Oportunidade 
d. Princípio do Registro pelo valor original 
e. Princípio da Atualização Monetária 
f. Princípio da Competência 
g. Princípio da Prudência 
O estudo destes princípios é de relevante importância para a execução 
de trabalhos que envolvam a contabilidade, pois todas as empresas 
que sofreram algum tipo de autuação certamente deixaram de obede-
cer a um ou mais dos Princípios Fundamentais da Contabilidade. 
2.1.1 Princípio da Entidade 
O principio da entidade faz referência ao patrimônio que será adminis-
trado, estudado, avaliado, constituindo-se em elemento autônomo em 
relação aos detentores do capital aplicado, nesse mesmo patrimônio e, 
como se diz com frequência, o patrimônio dos sócios não se confunde 
com o da empresa (entidade). 
Reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade afirma a auto-
nomia patrimonial, a necessidade de diferenciação de um patrimônio 
particular no universo dos patrimônios existentes. É por este motivo 
que a Receita Federal solicita aos contribuintes duas declarações de 
renda: uma da pessoa física e outra da pessoa jurídica. Desse primeiro 
conceito deduz-se que a Contabilidade é mantida para a entidade 
como pessoa distinta de seus sócios. 
A moderna teoria contábil amplia o conceito do princípio da entidade 
num sentido econômico, organizacional e de controle. Evidencia que 
não há necessidade de apego tão somente à conotação jurídica (pessoa 
física/pessoa jurídica) para identificar-se uma entidade contábil, admi-
tindo a idéia da formação de entidades no sentido macro (consolidado) 
e micro (divisões da empresa). 
Assim, pode-se afirmar que, para a Contabilidade, qualquer indivíduo, 
empresa, grupo de empresas, setor ou divisão, desde que efetue ativi-
dade econômica, e que seja tão importante, a critério dos stakeholders 
(segmentos de pessoas interessadas como acionistas, credores, empre-
gados, governo, etc.), que justifique um relatório separado e individua-
lizado de receitas e despesas, de investimentos e de retornos, de metas 
e realizações, pode tornar-se uma ENTIDADE CONTÁBIL. 
 
 
28 
O conceito de entidade contábil, portanto, pode incluir o conceito jurídico 
(CNPJ/CPF), uma divisão da empresa ou uma superempresa, tal como a 
consolidação de várias firmas correlacionadas. A escolha da entidade contábil 
apropriada, em cada caso, depende dos objetivos dos demonstrativos e dos 
interesses dos usuários da informação. 
2.1.2 Princípio da Continuidade 
Os procedimentos contábeis devem considerar a continuidade dos 
negócios da entidade, uma vez que esses negócios se renovam por 
meio de seu ciclo de operações e investimentos. Esse segundo pilar é 
baseado no pressuposto de que a empresa é algo em andamento, em 
continuidade, que funcionará por prazo indeterminado, até forte evi-
dência em contrário (prejuízos sucessivos). 
Saliente-se que, os princípios da ENTIDADE e da CONTINUIDADE 
constituem os alicerces sobre os quais se baseia o edifício dos conceitos 
contábeis. De forma combinada poderíamos afirmar: 
A Contabilidade é mantida para as entidades, como pessoas distintas dos sócios 
que as integram e que, se supõe, continuarão operando por um período indefinido 
de tempo. 
Os demais princípios, constituem as paredes e a cobertura da constru-
ção contábil. Vamos a eles: 
2.1.3 Princípio da Oportunidade 
A integridade dos registros é de fundamental importância para a aná-
lise dos elementos patrimoniais, pois todos os fatos contábeis devem 
ser registrados, incluindo os das filiais, sucursais e demais dependên-
cias de uma mesma entidade. 
Este princípio tem muito a ver com o da tempestividade, pois implica 
registrar os fatos contábeis quando eles acontecem. 
2.1.4 Princípio do Registro pelo Valor Original 
Este princípio reza que os elementos patrimoniais devem ser registra-
dos pelo valor originado nas transações com os agentes externos a 
entidade e em moeda corrente do país, não se levando em conta os 
valores futuros de entradas ou de saídas. 
Qualquer variação patrimonial deverá ser reconhecida no momento de 
sua ocorrência e não no momento da entrada dos elementos patrimo-
niais. Quando as transações forem realizadas em moedas estrangeiras 
 
29 
as mesmas deverão ser convertidas para a moeda corrente em nosso 
país para a efetivação de seu registro contábil. 
O custo inicial, além dos provisionamentos normais que devem aten-
der à perda de valor econômico (depreciação, amortização, exaustão), 
precisa ser “conservado”, durante o tempo, mantendo o poder aquisi-
tivo inalterado. A tendência corrente dos princípios contábeis é CON-
SERVADORA, no sentido de não correr riscos na avaliação, a cada 
momento, sobre a potencialidade do ativo em gerar serviços futuros, o 
que poderia levar a erros de julgamento. A Contabilidade contenta-se 
em resguardar o valor original do ativo (com amortizações respecti-
vas), pelo menos como indicador de um valor econômico aproximado, 
na data da transação. 
2.1.5 Princípio da Atualização Monetária 
Deverão ser reconhecidas as variações do poder aquisitivo da moeda 
nacional nos registros contábeis das entidades e por conseqüência nas 
demonstrações contábeis. 
A legislação fiscal veio coibir esta atualização a partir de 01/01/1996 
por meio do artigo 4 da lei 9249 de 26/12/1995. 
"Fica vedado a utilização de qualquer sistema de correção monetária de 
demonstrações financeiras, inclusive para fins societários". A falta de aplicação 
do principio da atualização monetária traz uma perda na qualidade e utilidade 
das demonstrações contábeis, ainda que, estando a inflação estável. Certamente, 
os índices de rentabilidade em relação ao patrimônio líquido estarão 
irremediavelmente prejudicados. 
A resolução do CFC 900/01 estabelece a aplicação deste princípio 
quando a inflação acumulada no triênio atingir 100%, índice este calcu-
lado com base no IGPM - Índice Geral de Preços do Mercado. Esta 
resolução também determina que o IGPM será usado compulsoria-
mente e deverá ser amplamente divulgado nas demonstrações contá-
beis. 
2.1.6 Princípio da Competência 
Por este princípio entende-se que as receitas e as despesas devem ser 
consideradas para a apuração do
resultado do período a que se referi-
rem e no momento de sua ocorrência. 
Não importa o momento que a receita foi recebida ou o momento em 
que a despesa foi paga. Para a determinação do resultado do período a 
realização da receita deve ser reconhecida quando bens ou serviços são 
 
 
30 
transferidos a terceiros. As despesas, da mesma forma, devem ser 
registradas dentro do período e quando são consumidas (neste capítu-
lo vamos estudar os regimes contábeis – caixa e competência – e você 
entenderá melhor este princípio, não se preocupe). 
2.1.7 Princípio da Prudência 
O princípio da prudência deve ser observado quando surgirem dúvi-
das sobre a correção dos valores a serem registrados. Devemos reco-
nhecer o menor valor para o ativo e o maior valor para o passivo, em 
outras palavras, havendo mais de um critério de avaliação, prima-se 
sempre pelo menor resultado. 
2.1.8 Princípio da Essência sobre a Forma 
Este princípio não está na Resolução do CFC 750/93, porém é adotado 
pelo IBRACONa e pela CVMb. Tal princípio pode ser assim enunciado: 
“Sempre que possível, a contabilidade, ao contemplar o registro de uma transação, 
deverá observar sua forma legal e essência econômica. Entretanto, se a forma, de 
alguma maneira dissimular ou não representar claramente a essência econômica 
da transação, esta última deverá ser a base de registro para a Contabilidade”. 
(MARION, 2003, p.141) 
Uma empresa vende um ativo, uma máquina, por exemplo, e assume o 
compromisso de recomprá-la por um valor e data já determinados. 
Esta formalidade deve ensejar a contabilização de uma operação de 
financiamento (essência) e não de compra e venda (forma jurídica). 
Um contrato pode, juridicamente, estar atribuindo a forma de arren-
damento mercantil (leasing), mas a análise da operação evidencia 
tratar-se, na prática, de um operação de compra e venda financiada. 
Assim, consciente do conflito essência/forma, a Contabilidade registra 
como financiamento. 
 2.2 Convenções Contábeis 
As convenções são mais objetivas e têm a função de indicar a conduta 
adequada que deve ser observada no exercício profissional da Contabi-
lidade. São: convenção da objetividade, da materialidade, da consis-
tência e do conservadorismo. 
 
a Instituto Brasileiro de Contabilidade 
 
b Comissão de Valores Mobiliários 
 
31 
A Resolução CFC 750/93 não faz referência às Convenções Contábeis. 
Entretanto, é pertinente que conheçamos tais convenções, universal-
mente aceitas, dada a importância que elas representam para os regis-
tros contábeis como um todo. 
2.2.1 Convenção da Objetividade 
Refere-se ao sentido de neutralidade que se deve atribuir à Contabili-
dade nos registros dos fatos que envolvem a gestão do patrimônio das 
entidades. Os registros contábeis, sempre que possível, devem ser 
baseados em documentos que comprovem as respectivas transações. 
Segundo Marion (2003, p.141), para que não haja distorções nas infor-
mações contábeis, o contador deverá escolher, entre vários procedi-
mentos o mais objetivo para descrever um fato contábil. 
Assim, por exemplo, toda vez que um Contabilista tiver mais de uma 
opção de valores para atribuir a um dado bem, como um documento 
original de compra e um laudo pericial de avaliação do bem, deverá 
optar pelo mais objetivo – no caso, o documento de compra. Já na 
ausência do documento original de compra, utilizar-se-á laudos de 
avaliação, que fornecerão um valor objetivo para o contador desenvol-
ver, de forma imparcial, a contabilidade. 
É importante a impessoalidade (neutralidade) do contador (em relação 
aos usuários dos informes contábeis) que, quanto mais objetivo for, 
mais imparciais serão estes informes. 
2.2.2 Convenção da Materialidade 
Por meio da materialidade, define-se o que é material (relevante) e o 
que o contador deve informar em seus relatórios. Tal convenção esta-
belece que não se deve perder tempo com registros irrelevantes do 
ponto de vista contábil; registros cujos controles podem se tornar mais 
onerosos que os próprios valores a serem registrados. A aplicação 
dessa convenção é relativa em relação à natureza da empresa e seus 
registros, por isso exige bom senso. Há situações em que, embora os 
valores sejam irrelevantes, a respectiva importância em relação a um 
todo exige o registro. 
Como exemplo, podemos citar os materiais de expediente utilizados 
no escritório, como lápis, papéis, etc. Esses materiais, embora consu-
midos diariamente, podem ser contabilizados apenas ao final do perí-
odo por diferenças de estoques, dado os seus pequenos valores unitá-
rios. 
 
 
32 
Em resumo, há determinadas informações contábeis cujo custo para 
evidenciá-las (tempo do pessoal da contabilidade, material, computa-
dor, etc.) é maior que o benefício que trará aos usuários dessas infor-
mações. Portanto, para valores irrisórios em relação ao todo, a “mate-
rialidade” desobriga a um tratamento mais rígido que os itens de cifras 
relevantes. 
2.2.3 Convenção da Consistência 
De acordo com essa Convenção Contábil, os critérios adotados no 
registro dos atos e fatos administrativos não devem mudar frequente-
mente. No caso de necessidade de mudanças em tais critérios, devem 
ser informadas em notas explicativas. 
A quebra da consistência na escrituração provoca influências nos de-
monstrativos contábeis, o que prejudica a análise clara e eficiente em 
comparação com os demonstrativos de exercícios anteriores. 
2.2.4 Conservadorismo ou Prudência 
Estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma con-
duta mais conservadora (precaução) em relação aos resultados que 
serão apresentados, evitando que projeções distorcidas sejam feitas 
pelos usuários. Assim, se houver duas opções igualmente válidas de-
ve-se optar sempre por aquela que acusa um menor valor para os ati-
vos e para as receitas e o maior valor para os passivos e para as despe-
sas. 
 Em outras palavras, o conceito do conservadorismo tem como pre-
missa não dar uma imagem otimista em uma situação alternativa que, 
com o passar do tempo, poderá reverter-se. 
2.3 Regimes contábeis 
A Contabilidade, dependendo da necessidade do usuário da informa-
ção, pode utilizar diferentes regimes para contabilização das receitas, 
custos e despesas. Os chamados regimes contábeis referem-se à forma 
de reconhecimento das receitas, custos e despesas das entidades. São 
três os regimes contábeis: Caixa, Competência e Misto. Vejamos cada 
um deles: 
a. Regime de Caixa: baseia-se em reconhecer (registrar) as receitas, 
custos e despesas no ato do efetivo recebimento (receitas) ou pa-
gamento (despesas e custos). Seu reflexo está diretamente relacio-
 
33 
nado ao caixa. É aplicável às entidades sem fins lucrativos e facul-
tado às micro e pequenas empresas optantes pelo SIMPLESc; 
b. Regime de Competência: reconhece as receitas e despesas por 
ocasião do fato gerador. Assim, receitas e despesas são reconheci-
das no momento em que foram geradas ou incorridas, indepen-
dentemente se foram recebidas ou pagas. É o regime adotado e a-
ceito pela legislação do imposto de renda com base no lucro reald. 
c. Regime Misto: aplicável às entidades governamentais, o regime 
misto reconhece as receitas pelo regime de caixa (quando elas efe-
tivamente ingressam nos cofres públicos) e as despesas pelo regi-
me de competência (quando ocorrem – empenho). 
Ponto Final 
Conhecer a estrutura conceitual (científica) da Contabilidade é muito 
importante para você compreender melhor a ciência contábil e seus 
relatórios/informações. Para não esquecer, apresentamos um quadro-
resumo do que estudamos neste capítulo: 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE 
ENTIDADE 
Indivíduo, empresa, grupo de empresas ou entidades 
que efetue atividade econômica,
e que seja tão 
importante, a critério dos stakeholders (segmentos de 
pessoas interessadas como acionistas, credores, 
empregados, governo, etc.), que justifique um relatório 
separado e individualizado de receitas e despesas, de 
investimentos e de retornos, de metas e realizações 
CONTINUIDADE 
Contabilmente as empresas são consideradas 
empreendimentos em operação, em continuidade, em 
andamento. 
OPORTUNIDADE 
Refere-se à tempestividade e à integridade do registro 
do patrimônio e das suas mutações. 
REGISTRO PELO 
VALOR 
ORIGINAL 
Os registros contábeis são efetuados com base no valor 
de aquisição do bem ou pelo preço de fabricação 
(incluindo todos os gastos necessários para colocar o 
bem em condições de gerar benefícios para a empresa). 
ATUALIZAÇÃO Reconhecimento das variações do poder aquisitivo da 
 
c O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Lei 
Complementar nº 123, de 14.12.2006, aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno 
Porte, a partir de 01.07.2007. Para saber mais, pesquise em 
http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/sobre/perguntas.asp. 
 
d Lucro Real: regime tributário em que os impostos são calculados com base no lucro real da empresa, 
apurado considerando-se todas as receitas, menos todos os custos e despesas da empresa, de acordo com o 
regulamento do imposto de renda. Para saber mais, pesquise em: 
http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2005/PergResp2005/pr242a264.htm 
 
 
34 
MONETÁRIA moeda nacional nos registros contábeis das entidades e 
por consequência nas demonstrações contábeis. 
 
COMPETÊNCIA 
Reconhecimento da receita e da despesa de acordo com 
seu fato gerador, independentemente de recebimento 
(receita) e ou pagamento (custo/despesa). 
PRUDÊNCIA 
Havendo mais de um critério de avaliação, prima-se 
sempre pelo menor resultado. 
 
CONVENÇÕES 
OBJETIVIDADE 
Escolha de procedimentos objetivos (baseados em 
documentação) para descrição de um fato contábil. 
MATERIALIDADE 
Avaliação do custo/benefício para evidenciação da 
informação contábil. 
CONSISTÊNCIA 
Adotado um critério de contabilização, o mesmo não 
deve ser mudado para que não prejudique a 
comparabilidade dos resultados, a não ser que seja 
absolutamente necessário (neste caso deve ser 
informada a mudança de critério via nota explicativa) 
PRUDÊNCIA 
Sempre que se defrontar com alternativas igualmente 
válidas para atribuição de valores ao ativo e ao passivo, 
deve-se optar pelo valor mais baixo para o ativo e o 
mais alto para o passivo (menor resultado possível). 
REGIMES CONTÁBEIS 
CAIXA 
Registram-se as receitas quando de seu recebimento e as 
despesas quando de seu pagamento (acompanha-se o 
fluxo do caixa). Aplicável às entidades sem fins 
lucrativos e facultado às micro e pequenas empresas 
optantes pelo SIMPLES. 
COMPETÊNCIA 
Registram-se as receitas e despesas quando de sua 
ocorrência, observando o mês (ou período) a que se 
referem, independentemente do seu efetivo recebimento 
e ou pagamento. Aplicável às empresas com fins 
lucrativos. 
MISTO 
Adotado pela contabilidade pública, reconhece as 
receitas pelo regime de caixa (recebimento) e as 
despesas pelo regime de competência (quando de sua 
ocorrência). 
 
Bibliografia 
Livros-base utilizados neste capítulo: 
Contabilidade Empresarial de José Carlos Marion – Ed. Atlas 
Curso de Contabilidade para Não Contadores – de Sérgio de Iudícibus 
e José Carlos Marion. 
 
35 
Contabilidade Fácil – de Osni Moura Ribeiro. Ed. Saraiva 
Você vai encontrar nestes livros os fundamentos da Contabilidade: 
princípios, convenções, tipos de regimes contábeis. Tais informações 
permitem um melhor entendimento da ciência contábil e, conseqüen-
temente, o aprofundamento de seu estudo. Sugerimos a leitura do 
artigo CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DA ORIGEM E EVOLU-
ÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS GERALMENTE ACEITOS NO 
BRASIL de autoria de José Aparecido Moura Aranha – Professor da 
Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande e do Centro Universitário 
de Campo Grande – UNAES, Mestre em Ciências Contábeis e Atuária 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, disponí-
vel em 
www.fes.br/revistas/agora/ojs/include/getdoc.php?id=116&article=41&
mode=pdf. 
Referido artigo tem por objetivo evidenciar como se deu a origem e 
evolução dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos no Brasil. Atra-
vés de revisão de literatura os autores descrevem como se deu essa 
evolução até os atuais documentos conceituais de contabilidade. Bons 
estudos! 
 
 
 
3 OS RELATÓRIOS CONTÁBEIS 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Para continuarmos nosso estudo, neste capítulo veremos um pouco 
mais sobre as técnicas contábeis, com ênfase nas demonstrações finan-
ceiras (ou demonstrações contábeis). É um estudo precioso, preliminar 
ao estudo detalhado de cada uma das demonstrações; podemos dizer: 
um “tur” geral. Essas demonstrações fornecerão a você as informações 
necessárias para a tomada de decisão (percebeu a importância?) e, 
como queremos sempre tomar a melhor decisão, vamos nos deter com 
carinho a esse estudo. Combinado? 
Neste capítulo veremos os seguintes tópicos: 
• Processo Decisório 
• Tomadores de decisão externos à empresa. 
• Conceito de relatório contábil. 
• Principais demonstrações financeiras. 
• Complementação às demonstrações financeiras. 
• Requisitos para publicação das demonstrações financeiras. 
• Demonstrações contábeis não obrigatórias. 
3.1 O Processo Decisório 
A nossa vida é uma sequência de decisões e escolhas. A cada instante, 
para vivermos, temos que tomar decisões em graus variados de impor-
tância. Algumas são essenciais (papel social, religião, opção profissio-
nal), outras são operacionais (o que vestir hoje, onde almoçar, por qual 
caminho ir à aula). Nessa dinâmica, em muitos casos, temos respostas 
prontas para as situações, mas, via de regra, a vida sempre se apresen-
 
37 
ta com situações novas, para as quais temos que elaborar alternativas 
de ação e escolher entre elas. 
Dentro de uma empresa, isso não é diferente. Frequentemente os ges-
tores estão tomando decisões, todas elas importantes para a continui-
dade e sucesso do negócio. Como definir o preço de venda de um 
produto, contratar (ou não) um funcionário, financiar uma máquina ou 
pagá-la à vista, que quantidade de estoque manter de determinada 
mercadoria, como reduzir custos e produzir mais, entre outras, são 
decisões que fazem parte da rotina dos administradores. 
Para que possam tomar tais decisões, eles necessitam de dados, infor-
mações e subsídios que embasem tais escolhas e, é claro, minimizem os 
riscos. A contabilidade é o instrumento que auxilia a administração em 
suas decisões. Na prática, ela coleta todos os dados econômicos e fi-
nanceiros, registrando-os e sintetizando-os em forma de relatórios. 
Além dos administradores e gerentes (principais usuários da contabi-
lidade), outros segmentos, externos à empresa, também se utilizam dos 
relatórios contábeis (lembram dos usuários das informações contá-
beis?) em seu processo decisório quais sejam: investidores, fornecedo-
res, bancos, governo, sindicatos, analistas de mercado, outros. 
Vejamos o que cada usuário busca nos relatórios contábeis: 
1. Investidores: é através dos relatórios contábeis que se identifica a 
situação econômico-financeira da empresa, sendo que dessa for-
ma o investidor tem em mãos os elementos necessários para deci-
dir sobre as melhores alternativas de investimentos. Ressalte-se 
que tais relatórios evidenciam a capacidade da empresa em gerar 
lucros (principal interesse de quem quer investir), além de outras 
informações. 
2. Fornecedores de bens e
serviços: usam os relatórios para avaliar a 
liquidez da empresa, ou seja, sua capacidade de pagamento. 
3. Bancos: utilizam os relatórios/demonstrações contábeis para apro-
var empréstimos e definir o limite de crédito de uma empresa. 
4. Governo: não só usa os relatórios com a finalidade de arrecadação 
de impostos, como também para dados estatísticos, no sentido de 
melhor redimensionar a economia (IBGE, por exemplo). 
5. Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade 
do setor, fator fundamental para reajuste de salários. 
 
 
38 
6. Outros interessados: colaboradores, órgãos de classe, concorren-
tes, analistas de mercado, consultores etc. Avaliam as demonstra-
ções contábeis com o intuito de avaliar seu resultado. 
3.2 Conceito de relatório contábil 
Marion conceitua relatório contábil como a exposição resumida e or-
denada de dados colhidos pela contabilidade. Seu objetivo é relatar às 
pessoas que se utilizam da contabilidade (os usuários) os principais 
fatos registrados em determinado período. 
Tais relatórios devem ser elaborados de acordo com as necessidades 
dos usuários. Por exemplo: o relatório sobre o resultado anual de uma 
floricultura apresentará muito menos detalhes do que o de um banco, 
que normalmente tem muitos acionistas, grande volume de negócios, 
entre outros. 
Dentre os inúmeros relatórios (ou informes) contábeis, destacam-se 
aqueles que são obrigatórios de acordo com a legislação brasileira. 
Estes são conhecidos como demonstrações financeiras, ou ainda, de-
monstrações contábeis. 
3.3 Demonstrações financeiras obrigatórias 
A Lei 6.404/76 (retificada pela Lei 11.638/2007) estabelece que, ao final 
de cada exercício social, a empresa elabore, com base nos registros 
contábeis, demonstrações financeiras que exprimam com clareza a 
situação do patrimônio da empresa e as variações ocorridas. 
O tratamento dessas demonstrações varia de acordo com o tipo de 
constituição da sociedade empresarial. Há dois tipos principais: as 
sociedades anônimas (S.A.) e as sociedades por quota de responsabili-
dade limitada (Ltda). Vamos entender um pouco mais sobre elas antes 
de prosseguirmos. 
A sociedade anônima (ou companhia) se caracteriza por ter seu capital 
dividido em partes iguais chamadas ações (os proprietários, geralmen-
te, em grande número são denominados de acionistas) e tem a respon-
sabilidade de seus sócios ou acionistas limitada ao preço de emissão 
das ações subscritas ou adquiridas. Segundo a Lei 6.404/76, as S.A. 
devem publicar as demonstrações financeiras no Diário Oficial e em 
outro jornal de grande circulação editado na localidade onde se situa a 
empresa. 
 
39 
A sociedade por quotas de responsabilidade limitada se caracteriza por 
seu capital dividido em quotas (os proprietários, geralmente em pe-
queno número, são denominados sócios ou quotistas). Não precisa 
publicar as demonstrações financeiras em jornal, mas deverá apresen-
tá-las ao Imposto de Renda (IR), através do preenchimento da declara-
ção do IR ou para atender ao novo Código Civil. 
As demonstrações financeiras obrigatórias segundo a Lei 6404/76 eram 
as seguintes: 
a. Balanço Patrimonial (BP); 
b. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); 
c. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) – 
para as empresas que negociam ações na Bolsa de Valores e a De-
monstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) – para 
as Sociedades Anônimas de capital fechado; 
d. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). 
A Lei 11.638, sancionada em 31/12/2007, no intuito de adotar normas 
internacionais a partir de 2008, trouxe as seguintes alterações: 
a. Além das Demonstrações financeiras anteriormente previstas (BP, 
DRE e DLPA), a lei passa a requerer a Demonstração dos Fluxos 
de Caixa (DFC) – em substituição à DOAR – e a Demonstração do 
Valor Adicionado (DVA) – somente para as companhias abertas; 
b. Saliente-se que a Sociedade anônima fechada (que não negocia 
ações na bolsa de valores) com patrimônio líquido inferior a R$ 2 
milhões não será obrigada à elaboração e à publicação da DFC. 
Assim, a partir de 2008, as demonstrações contábeis obrigatórias pas-
saram a ser as seguintes: balanço patrimonial, demonstração do resul-
tado do exercício, demonstração das mutações do patrimônio líquido, 
demonstração dos fluxos de caixa, demonstração do valor adicionado. 
A seguir, vejamos um pouco mais sobre cada uma das demonstrações 
financeiras ou contábeis: 
DEMONSTRAÇÃO 
CONTÁBIL 
FORMATO 
 
Representa a fotografia da empresa em determinado 
período (seus bens, direitos, obrigações e patrimônio 
líquido). 
 
 
40 
Demonstração do 
Resultado do 
Exercício (DRE) 
Como o próprio nome já diz, evidencia a formação do 
resultado da empresa (lucro ou prejuízo), a sua 
distribuição (no caso de lucro). 
Demonstração das 
Mutações do 
Patrimônio Líquido 
(DMPL) 
Evidencia a movimentação de todas as contas do 
Patrimônio Líquido (não somente do lucro líquido do 
exercício). 
Demonstração dos 
Fluxos de Caixa 
Indica a origem de todo o dinheiro que entrou no 
caixa, bem com a aplicação de todo dinheiro que saiu 
do caixa em determinado período e, ainda, o resultado 
do fluxo financeiro. Assim como a DRE, a DFC é uma 
demonstração dinâmica. Ela vem esclarecer situações 
controvertidas na empresa, como, por exemplo, na 
comparação com o DRE, o porquê de a empresa ter 
um lucro considerável e estar com o caixa baixo, não 
conseguindo liquidar todos os seus compromissos. A 
DFC propicia ao gerente financeiro a elaboração de 
um melhor planejamento financeiro, sabendo-se o 
momento certo de buscar recursos para cobrir a 
insuficiência de fundos, bem como quando aplicar no 
mercado financeiro o excesso de dinheiro, 
proporcionando maior rentabilidade à empresa. 
Também serve a outros usuários, apresentando a 
forma como gerou caixa e como utilizou os recursos e 
os valores equivalentes ao caixa. A instituição, quando 
utiliza essa demonstração com as demais, supre de 
forma completa os usuários e, principalmente, os 
habilita à avaliação das mudanças de ativos líquidos 
de uma empresa e sua estrutura financeira, que 
podem ser explicadas nas questões de liquidez e 
solvência. Além disso, tem a melhora significativa no 
conhecimento dos prazos inerentes aos fluxos de 
caixa, proporcionando adaptação às circunstâncias e 
às oportunidades. É obrigatória para todas as 
companhias abertas e as fechadas com patrimônio 
líquido superior a R$ 2 milhões. 
Demonstração do 
Valor Adicionado 
(DVA) 
Obrigatória somente para as Sociedades Anônimas de 
Capital Aberto, desenvolve conceitos puramente 
econômicos, evidenciando quanto de valor a empresa 
agrega durante seu processo produtivo, ampliando os 
horizontes de seus usuários. As entidades devem 
utilizar-se da DVA para identificar, analisar e 
comunicar o montante de recursos adicionais gerados 
para a economia (local, regional, nacional, setorial 
etc.) bem como para relacionar quais as fontes e quais 
as aplicações dessa riqueza, ou seja, para quem ela foi 
distribuída. Segundo alguns autores, a DVA vem 
sendo considerada um dos melhores critérios para 
indicar a medida da eficácia da gestão empresarial. 
 
41 
Tudo isso dentro da concepção de que a missão 
moderna na empresa representa um papel econômico 
e social. 
 
 
Em resumo, os relatórios contábeis obrigatórios, segundo os diferentes 
modos como as empresas podem ser constituídas, são: 
a) Sociedade Anônima (Lei 6.404/76, retificada pela Lei 11.638/2007) 
– Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, 
Demonstração dos Fluxos de Caixa (obrigatória para todas as 
companhias de capital aberto e para as de capital fechado com pa-
trimônio líquido superior a R$ 2 milhões) e, além destas, especifi-
camente
as companhias de capital aberto requerem a Demonstra-
ção das Mutações do Patrimônio Líquido e a Demonstração do 
Valor Adicionado. 
b) Ltdas. e outras (Lei 10.406/2002 – Novo Código Civil) – Balanço 
Patrimonial e o Balanço do Resultado Econômico – equivale à 
Demonstração do resultado do Exercício e a Demonstração dos 
Lucros ou Prejuízos Acumulados (esta última evidencia a movi-
mentação da conta lucros ou prejuízos acumulados). 
Importante ressaltar que o exercício social ou período contábil, terá 
duração de um ano, não havendo necessidade de coincidir com o ano 
civil (de 1º de janeiro a 31 de dezembro), embora na maioria das vezes 
isso aconteça. Para fins de IR considera-se que o ano civil é igual ao 
exercício social. 
As sociedades anônimas de capital aberto (as que negociam suas ações 
na bolsa de valores) e as instituições financeiras (bancos, financeiras 
etc.) devem publicar suas demonstrações financeiras semestralmente 
para melhor informar ao público interessado. 
Apesar de a legislação definir a periodicidade anual para a publicação 
das demonstrações (salvo as exceções supracitadas), para atender às 
necessidades gerenciais, a contabilidade deve apresentar aos usuários 
relatórios contábeis com períodos mais curtos (semanal, quinzenal, 
mensal etc.). 
3.3.1 Complementação às demonstrações financeiras 
Quando da publicação das demonstrações financeiras, as S.A. também 
devem informar aos usuários desses relatórios dados adicionais. Isso 
ocorre por meio de um relatório da diretoria (logo após a identificação 
 
 
42 
da empresa), que dará ênfase a essas informações, normalmente de 
caráter não financeiro, destacando-se: 
a. dados estatísticos diversos; 
b. indicadores de produtividade; 
c. desenvolvimento tecnológico; 
d. contexto socioeconômico da empresa; 
e. políticas diversas: recursos humanos, exportação, gestão ambien-
tal etc.; 
f. expectativas em relação ao futuro; 
g. dados do orçamento de capital; 
h. projetos de expansão; 
i. desempenho em relação aos concorrentes etc. 
Além do relatório da diretoria, há ainda as notas explicativas ou notas 
de rodapé, que são complementos às demonstrações (sem serem de-
monstrações), destacadas após as referidas demonstrações. A publica-
ção de notas explicativas às demonstrações financeiras está prevista no 
§ 4º do artigo 176 da Lei 6.404/1976, visando fornecer as informações 
necessárias para esclarecimento da situação patrimonial. As principais 
notas explicativas referem-se a: 
a. Principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais; 
b. Investimentos em outras sociedades; 
c. Aumento de valores de elementos do ativo referente reavaliações; 
d. Garantias prestadas a terceiros e outras obrigações eventuais ou 
contingentes; 
e. Taxas de juros, datas de vencimento e as garantias das obrigações 
a longo prazo; 
f. Ajustes de exercícios anteriores; 
g. Eventos subsequentes à data de encerramento do balanço que 
tenham ou possam vir a ter efeito relevante sobre a situação finan-
ceira ou os resultados futuros da companhia. 
 
43 
 O parecer da auditoria complementa as demonstrações financeiras, 
sendo quesito obrigatório para as demonstrações das S.A, instituições 
financeiras e de outros casos específicos. Trata-se de parecer de auditor 
externo informando se as referidas demonstrações representam ade-
quadamente a situação patrimonial e financeira da empresa, se foram 
levantadas de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade 
e se há uniformidade em relação ao exercício anterior 
3.3.2 Requisitos para publicação das demonstrações financeiras 
São dados fundamentais na publicação das demonstrações: 
a. Denominação da empresa; 
b. Título de cada demonstração financeira (BP, DRE, DLPA, DMPL, 
DFC e DVA); 
c. Data do exercício social; 
d. Indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior (duas 
colunas: ano atual e ano anterior); 
e. Assinatura dos diretores e do profissional contábil após as notas 
explicativas. 
3.4 Demonstrações contábeis não obrigatórias 
Além das demonstrações financeiras obrigatórias, há relatórios contá-
beis não obrigatórios, mas igualmente importantes para a administra-
ção da empresa. O Balanço Social é um demonstrativo não obrigatório 
reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e 
ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mer-
cado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégi-
co para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social 
corporativa. 
Além do Balanço Social, outros relatórios podem ser formatados para 
que você, tenha as informações de que necessita para a gestão da em-
presa: orçamentos (vendas, matéria-prima, investimentos, mão de 
obra, estoques etc.), relatório de vendas realizadas, contas a receber e a 
pagar, controle de estoques, por exemplo. Juntamente com o contador 
você pode formatar o tipo de relatório de que necessita e estabelecer 
sua periodicidade. 
 
 
44 
Ponto final 
No capítulo 3, estudamos as demonstrações contábeis e entendemos o 
quanto elas são importantes para a tomada de decisão. Por meio das 
demonstrações contábeis são evidenciadas informações aos acionistas 
(investidores), administradores, governo, fornecedores e sociedade em 
geral sobre a situação patrimonial e financeira da empresa. 
Há demonstrações obrigatórias (constituídas pelo Balanço Patrimonial 
(BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração 
das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração dos 
Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA)) 
e demonstrações não obrigatórias, estas últimas podem ser formatadas 
de acordo com a necessidade de informação do gestor. Este estudo é 
precioso para que você faça a leitura das informações contidas nos 
relatórios contábeis com facilidade, transformando os dados apresen-
tados em informações estratégicas. Nos capítulos 4 e 5, estudaremos, 
em detalhes, o BP e a DRE, consideradas as duas demonstrações con-
tábeis mais importantes. Antes de prosseguirmos, realize as atividades 
propostas, elas vão te ajudar muito na compreensão da teoria apresen-
tada. Bons estudos! 
Bibliografia 
Livros-base que utilizamos na elaboração deste capítulo: 
Contabilidade Básica – José Carlos Marion – Ed. Atlas 
Contabilidade Ensino e Decisão Osni Hoss et al. Ed. Atlas 
Contabilidade Fácil – Osni Moura Ribeiro – Ed. Saraiva 
Referidos livros aprofundam o estudo acerca dos relatórios contábeis 
evidenciando sua importância para os diferentes usuários e assim, 
justificando a relevância deste estudo. Para complementar seus estu-
dos, sugerimos a leitura do texto “Balanço Social” do Instituto Brasilei-
ro de Análises Sociais e Econômicas, disponível em: 
<http://www.balancosocial.org.br> 
 
 
 
4 BALANÇO PATRIMONIAL 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Neste capítulo, vamos aprofundar a nossa compreensão da contabili-
dade, introduzindo-nos no estudo do Balanço Patrimonial (BP). Assim, 
aos poucos, vamos “descobrindo” as faces e nuances da demonstração 
contábil mais importante. Nosso objetivo é, ao final do estudo, mon-
tarmos nosso primeiro balanço. Aceitas o desafio? 
Para tanto, abordaremos os seguintes conteúdos: 
• Balanço Patrimonial – Conceito 
• Grupos de contas 
• Principais deduções do ativo e patrimônio líquido 
• Estrutura básica do balanço patrimonial, segundo a Lei 6.404/76 
4.1 O que é Balanço Patrimonial? 
É uma demonstração contábil que demonstra, resumidamente, o pa-
trimônio da empresa em um dado momento, ou seja, a situação finan-
ceira e patrimonial de uma entidade numa determinada data. O balan-
ço apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (obrigações) e o 
Patrimônio Líquido, que é resultante da diferença entre o total de ati-
vos
e passivos. O Balanço Patrimonial é uma das peças extraídas dos 
livros contábeis, que faz parte do conjunto das demonstrações finan-
ceiras, e é elaborado segundo os princípios contábeis geralmente acei-
tos. 
Segundo Matarazzo, o balanço patrimonial é a demonstração que 
apresenta todos os bens e direitos da empresa (Ativo), assim como as 
obrigações (Passivo Exigível) em determinada data. O Patrimônio 
Líquido, por sua vez, representa o capital investido pelos proprietários 
 
 
46 
da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa, 
quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente. 
Assim, temos a chamada equação patrimonial básica, conforme apre-
sentado a seguir. 
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
ou 
ATIVO – PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
É a principal demonstração contábil usada por bancos, governo, forne-
cedores, sindicatos, sócios e acionistas. A informação que esse demons-
trativo fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estru-
tura se apresentará relativamente diferente algum tempo após seu 
encerramento. É como se tirássemos uma foto da empresa e víssemos 
de uma só vez todos os bens, valores a receber (direitos) e valores a 
pagar (obrigações) em determinada data. 
Iudícibus e Marion explicam a expressão balanço patrimonial: 
O termo balanço decorre do equilíbrio Ativo = Passivo + PL, ou da igualdade 
Aplicações = Origens dos Recursos. Parte da idéia de uma balança de dois pratos, 
onde sempre encontramos a igualdade. Só que, em vez de denominarmos de 
balança (como a Balança Comercial) denominamos no masculino: Balanço. 
A expressão patrimonial origina-se do Patrimônio Global da empresa, ou seja, o 
conjunto de bens, direitos e obrigações. Daí origina-se a expressão Patrimônio 
Líquido, a riqueza líquida da empresa num processo de continuidade, a Situação 
Líquida. 
Compondo as duas expressões, teremos a expressão Balanço Patrimonial, o 
equilíbrio do Patrimônio, a igualdade patrimonial.(grifos do autor) 
4.2 Grupos de contas 
O Balanço Patrimonial é uma demonstração simples e fácil de ser en-
tendida sendo constituído de duas colunas, conforme convenção da 
Lei 6404/76, que regulamenta as sociedades por ações: 
a. A coluna do lado direito chama-se Passivo (obrigações e Patrimô-
nio Líquido); 
b. A coluna do lado esquerdo chama-se Ativo (bens e direitos). 
 
47 
Para facilitar a leitura, análise e interpretação do Balanço, Ativo e Pas-
sivo dividem-se em grupos de contas que apresentam as contas de 
mesmas características. Duas regras básicas orientam a distribuição de 
contas no Balanço Patrimonial: o prazo e o grau de liquidez decrescen-
te. Vejamos: 
a. Prazo: em contabilidade curto prazo significa, normalmente, o 
período de até um ano e, longo prazo, o período superior a um 
ano. Assim, na data de elaboração do Balanço, por exemplo, 
31/12/2007, todas as contas a receber até 31/12/2008 (um ano após a 
elaboração do balanço) serão agrupadas num mesmo título do A-
tivo (Ativo Circulante), assim como todas as contas a pagar até o 
final do ano seguinte serão agrupadas num mesmo título no Pas-
sivo (Passivo Circulante). O mesmo ocorre com as contas a longo 
prazo que são classificadas em Realizável a Longo Prazo (direitos 
realizáveis num período superior a um ano) e Exigível a Longo 
Prazo (obrigações vencíveis num período superior a um ano); 
b. Grau de liquidez decrescente: o termo liquidez vem do verbo 
“liquidar”, “pagar os compromissos”, assim os itens mais rapida-
mente conversíveis em dinheiro são classificados em primeiro 
plano. Desse modo, caixa, bancos, duplicatas a receber, mercado-
rias em estoque etc. 
A seguir, vamos conhecer os grupos de contas do Balanço Patrimonial: 
4.2.1 Ativo 
No ativo, as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de 
liquidez, ou seja, de acordo com a facilidade de conversão em dinheiro. 
Assim, os itens patrimoniais de maior liquidez (caixa, bancos, contas a 
receber, mercadorias) são classificados em primeiro plano. Os de 
menor liquidez (valores a receber a longo prazo, máquinas e 
equipamentos, veículos, terrenos etc.) aparecem num segundo plano – 
a grande vantagem da classificação de contas do Balanço Patrimonial 
por ordem de liquidez decrescente é de permitir uma fácil consulta e 
análise dos itens que a empresa tem disponíveis em valor primeira-
mente, deixando mais para baixo os estoques e imobilizados que não 
representam valor monetário real, mas sim investimentos. 
Os elementos registrados estão estruturados nos seguintes subgrupos 
(de acordo com o parágrafo 1º do artigo 178 da Lei 6.404/76): 
a. Ativo Circulante; 
 
 
48 
b. Ativo Realizável a Longo Prazo; 
c. Ativo Permanente (dividido em investimentos, imobilizado, 
intangível e diferido) 
IMPORTANTE: Para ser Ativo, é preciso preencher a quatro requisitos: 
a) ser classificado em bens e ou direitos; 
b) ser de propriedade da empresa; 
c) avaliável monetariamente (R$); 
d) representar benefícios presentes ou futuros. 
4.2.1.1 Ativo Circulante 
O Ativo Circulante engloba contas que constantemente estão em giro, 
em movimento (daí a expressão circulante). Constitui o capital de giro 
da empresa, no qual estão dispostas as contas caixa, bancos e outros 
itens que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a 
curto prazo, ou seja, dentro de um ano (contas a receber, bens de 
consumo, investimentos temporários, mercadorias para revenda etc.). 
De acordo com a Lei 6.404/76, o ativo circulante subdivide-se em: 
• Disponível - refere-se às contas nas quais são registrados os 
valores que representam o dinheiro em caixa, os saldos 
disponíveis em contas de movimento bancário e os saldos de 
contas relativas aos ativos imediatamente liquidáveis; 
• Direitos Realizáveis no Exercício Seguinte - incluem três 
subgrupos: 
� saldos relativos a aplicações em valores mobiliários, operações no 
mercado aberto; 
� contas a receber com vencimentos para o exercício seguinte, tais 
como: contas ou duplicatas a receber por vendas mercantis 
(inclusive cheques pré-datados); adiantamentos a empregados e 
outros; 
� parcela do imposto, relativa a opções por incentivos fiscais, até o 
momento do recebimento do Certificado de Investimento (CI); 
• Estoques – incluem três contas: 
 
49 
� estoque de mercadorias, matérias-primas, embalagens e materiais 
secundários empregados em processo de produção, materiais de 
consumo e produtos em trânsito, subprodutos e resíduos; 
� estoque de imóveis prontos para a venda ou em construção com 
prazo de entrega de até 12 meses (no caso de construtora); 
� estoque de materiais em poder de terceiros para beneficiamento. 
• Despesas Vencíveis (ou apropriáveis) no Exercício Seguinte – 
registra-se neste subgrupo os valores das despesas antecipadas, 
devendo ser contabilizado como: 
� Prêmios de seguros a vencer (ou a apropriar); 
� Despesas financeiras a vencer (ou a apropriar); 
� Aluguéis a vencer (ou a apropriar) 
A expressão a vencer refere-se ao princípio da competência no qual se 
deve reconhecer e classificar as contas de resultado (receitas e 
despesas) no período a que se referem, independentemente do seu 
efetivo recebimento (receitas) ou pagamento (despesas). Assim, se 
pago o aluguel da empresa antecipado, com vigência para 18 meses, é 
preciso registrar o valor pago antecipadamente como despesa 
apropriável e, mês a mês, fazer o “reconhecimento” da despesa no mês 
correto (aluguel de janeiro de 2008 contabilizado no mês de janeiro de 
2008). 
3.2.1.2 Ativo Realizável a Longo Prazo 
Neste subgrupo são registrados os direitos realizáveis após o 
encerramento do exercício seguinte (mais de 360 dias após o 
encerramento do BP): duplicatas a receber, adiantamentos ou 
empréstimos a fornecedores ou a sociedade coligada
ou controlada, 
adiantamentos ou empréstimos a diretores. 
Também são registradas as despesas apropriáveis após o encerramento 
do exercício seguinte, referentes a encargos financeiros exigíveis após o 
exercício seguinte ao do encerramento do balanço. 
3.2.1.3 Ativo Permanente 
O termo permanente associa-se a contas que pouco se movimentam, 
cujos valores não variam constantemente. É também chamado de Ativo 
Fixo e engloba contas de itens que dificilmente serão vendidos, pois 
 
 
50 
sua característica básica é não se destinarem à venda. Podemos dizer 
que são itens sem nenhuma liquidez para a empresa. Outra 
característica do Ativo Permanente é que são itens usados por vários 
anos (vida útil longa) e sua reposição é lenta. 
No Ativo Permanente encontramos: prédios, instalações, 
equipamentos, móveis e utensílios, veículos, terrenos, ferramentas, 
computadores e periféricos, máquinas, investimentos de caráter 
permanente etc. Divide-se em quatro subgrupos – investimentos, 
imobilizado, intangível e diferido, os quais estão descritos a seguir: 
a. Investimentos – No grupo investimento são registrados os valores 
referentes a: 
� participações permanentes em outras sociedades; 
� empreendimentos relativos ao plantio de florestas destinados 
à proteção do solo ou à preservação do meio ambiente, sem 
que se destinem à manutenção da atividade da empresa; 
� aplicações em incentivos fiscais, após o recebimento do 
Certificado de Investimento (CI), quando houver a intenção 
de manter esses valores como investimentos; 
� importâncias aplicadas na aquisição de imóveis, desde que 
não sejam para revenda ou destinadas à manutenção das 
atividades da empresa. Por exemplo: imóveis para aluguel; 
� aplicações em ouro, quando não constarem do objeto social da 
pessoa jurídica. 
b. Imobilizado - Registra-se nesse subgrupo os bens e os direitos que 
tenham por objeto bens destinados para a manutenção das ativi-
dades da empresa ou exercidos com essa finalidade. Subdivide-se 
em: máquinas, equipamentos, construções, direito de exploração 
de minas e jazidas, reservas florestais etc. 
c. Intangível – Registra-se neste subgrupo os direitos corresponden-
tes à propriedade industrial e comercial da empresa, as patentes 
de invenção, marcas, fórmulas e processos de fabricação, valor do 
ponto comercial e outros de idêntica natureza; 
d. Diferido – consiste em aplicações de recursos, despesas ou gastos 
que contribuem para a obtenção de receita ou para a formação do 
resultado de mais de um exercício social, ou seja, beneficiaram a 
empresa por vários anos. Segundo Iudícibus e Marion, o caso mais 
 
51 
comum de diferido são os gastos pré-operacionais, em que a em-
presa “investe” recursos antes de começar a funcionar (propagan-
da, contratação e treinamento de funcionários, despesas de legali-
zação, entre outros). São exemplos de ativos diferidos: gastos pré-
operacionais (antes da empresa começar suas atividades), gastos 
de reorganização e gastos em pesquisa e desenvolvimento de pro-
dutos. 
4.2.2 Passivo 
Em ordem decrescente de exigibilidade (vencimento), as contas do 
passivo são estruturadas nos seguintes grupos: 
a. Passivo Circulante – São registradas as obrigações da empresa 
que serão pagas no prazo de um ano (curto prazo). As principais 
contas do passivo circulante são: 
� fornecedores: originam-se das operações de compra a prazo, 
no mercado nacional ou exterior, de matérias-primas 
destinadas ao processo produtivo, de mercadorias com a 
finalidade de revenda ou outros materiais ou insumos; 
� atributos a pagar/recolher: compreendem as obrigações 
relativas a impostos, taxas e contribuições; 
� salários e encargos sociais: compõem-se das obrigações da 
empresa para com seus empregados e aos agentes 
arrecadadores de contribuições sociais, bem como as 
obrigações conhecidas como previsíveis e calculáveis na data 
do balanço; 
� empréstimos e financiamentos de instituições financeiras: 
compreendem os recursos obtidos pela empresa advindos de 
instituições financeiras do país com a finalidade de financiar 
imobilizações ou o próprio giro do negócio; 
� além dessas contas descritas, podemos encontrar muitas 
outras contas no passivo circulante, tais como: adiantamentos, 
contas a pagar, dividendos, gratificações e participações, 
empréstimos em moeda estrangeira etc. 
b. Passivo Exigível a Longo Prazo – Escrituram-se neste grupo as 
contas que representam as obrigações vencíveis após o prazo de 
um ano do encerramento do balanço. Classificam-se aqui as se-
guintes contas: 
 
 
52 
� financiamentos; 
� parcelamentos de débitos fiscais e sociais; 
� créditos de empresas coligadas e controladas etc. 
c. Resultados de Exercícios Futuros – São classificadas neste grupo 
as contas que representam receitas recebidas antecipadamente, 
pertencentes a exercícios futuros, diminuídas dos custos e despe-
sas geradas em decorrência dessas mesmas receitas. As receitas 
que figuram neste grupo são muito raras, pois só devem ser con-
sideradas as que não correspondem a obrigações de entrega de 
bens ou de prestação de serviços futuros, um exemplo como é o 
recebimento de aluguéis antecipados 
d. Patrimônio Líquido - Conforme já estudamos, o patrimônio lí-
quido é a diferença entre o Ativo e o Passivo. Representa os inves-
timentos dos proprietários (capital social), mais os lucros acumu-
lados (ainda não distribuídos ou não incorporados ao capital) e as 
reservas (reserva de capital, de lucros e de reavaliação). 
Importante ressaltar que as contas do Passivo Circulante e Passivo 
Exigível a Longo Prazo representam capitais de terceiros investidos na 
empresa. Já o Patrimônio Líquido representa os capitais próprios 
investidos pelos sócios na empresa (e que não serão “exigidos”). 
4.3 Principais deduções do ativo e do Patrimônio Líquido 
A seguir são apresentadas as principais deduções relacionadas ao ativo 
circulante, ao ativo permanente e ao patrimônio líquido. Entendendo-
se por contas dedutoras as contas que ajustam os valores dos itens 
patrimoniais. 
4.3.1 Deduções do Ativo Circulante 
No item duplicatas a receber (ou contas a receber) encontram-se duas 
deduções: 
a. a parcela estimada pela empresa que não será recebida 
(inadimplência), com o título provisão para devedores duvidosos 
(o cálculo é feito de acordo com a média considerada incobrável 
em exercícios anteriores); 
b. a parcela das duplicatas a receber (clientes) negociadas com as 
instituições financeiras (antecipação de recebíveis), com o título de 
duplicatas descontadas. 
 
53 
4.3.2 Deduções do Ativo Permanente 
No Ativo Permanente, como dedução (ajuste) do valor bruto, 
encontram-se as contas depreciação, amortização e exaustão. Tais 
contas registram a perda de valor dos bens do ativo permanente, ve-
jamos a aplicação de cada uma dessas contas: 
a. Depreciação – corresponde à perda do valor dos bens que têm por 
objeto bens físicos sujeitos à desgaste ou à perda de utilidade por 
uso, à ação da natureza ou por obsolescência técnica. A taxa anual 
de depreciação é determinada em função da vida útil do bem, isto 
é, do prazo durante o qual se possa esperar a utilização econômica 
dele na produção. A Secretaria da Receita Federal estabelece e pu-
blica as taxas de depreciação conforme o prazo de vida útil admis-
sível para cada item do Ativo Imobilizado; 
b. Amortização – corresponde à perda do valor do capital aplicado 
na aquisição de direitos de propriedade industrial ou comercial e 
quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada. 
São amortizáveis: fundo de comércio, custo das benfeitorias em 
imóveis de terceiros, despesas pré-organizacionais, pesquisas cien-
tíficas ou tecnológicas etc.. A taxa anual de amortização é fixada 
considerando-se: o número de anos restantes
da existência do di-
reito amortizável; número de períodos-base nos quais deverão ser 
usufruídos os benefícios decorrentes das despesas registradas no 
Ativo Diferido; legislação do IR (prazos mínimos e máximos). 
c. Exaustão – corresponde à perda do valor decorrente da explora-
ção de direitos cujo objeto são recursos minerais ou florestais, ou 
bens aplicados nessa exploração. As mineradoras podem conside-
rar como custo ou despesa, em cada exercício, o valor correspon-
dente à percentagem extraída de minério no período sobre o custo 
de aquisição ou prospecção dos recursos minerais explorados. O 
valor da quota de exaustão florestal em cada exercício é apurado 
através da identificação do percentual entre o volume de recursos 
florestais explorados em relação ao volume da floresta no início do 
período-base. 
4.3.3 Dedução do Patrimônio Líquido 
O Patrimônio Líquido pode ser reduzido quando há prejuízo do 
exercício. Assim como a conta lucros é acrescida ao Patrimônio 
Líquido, a conta prejuízo o reduz. 
 
 
54 
Na sequência, apresentamos a estrutura do Balanço Patrimonial 
segundo a Lei 6,404/76 alterada pela Lei 11.638/2007. 
ATIVO 
 
CIRCULANTE 
DISPONIBILIDADES 
Caixa 
Bancos conta corrente 
Aplicações de liquidez imediata 
CRÉDITOS 
Clientes 
(-) Provisão para devedores duvidosos 
(-) Duplicatas descontadas 
Títulos a receber 
Bancos conta vinculada 
Adiantamentos a terceiros 
Adiantamentos a funcionários 
Impostos a recuperar 
Depósitos restituíveis e valores 
vinculados 
Investimentos temporários 
ESTOQUES 
Mercadorias para revenda 
Matérias-primas 
Materiais de uso 
DESPESAS ANTECIPADAS 
Prêmios de seguros a apropriar 
Encargos financeiros a apropriar 
Aluguéis a apropriar 
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 
Clientes 
Bancos conta vinculada 
Títulos a receber 
Créditos de acionistas 
Créditos de diretores 
Créditos de coligadas e controladas 
Adiantamentos a terceiros 
Impostos a recuperar 
PERMANENTE 
Investimento 
Participação em sociedades (controladas 
e coligadas) 
Participações em outras empresas 
Participações em fundos de 
investimentos 
Obras de arte 
Imóveis não de uso – de renda 
Reservas Florestais 
PASSIVO 
 
CIRCULANTE 
Empréstimos 
Fornecedores 
Obrigações fiscais e sociais 
Adiantamento de clientes 
Utilidades e serviços a pagar 
Gratificações a empregados 
Gratificações a diretores e 
administradores 
Salários, férias e 13º. Salário a pagar 
Títulos a pagar 
Conta corrente de pessoas e 
empresas ligadas 
Debêntures 
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 
Empréstimos e financiamentos 
Títulos a pagar 
RESULTADO DE EXERCÍCIOS 
FUTUROS 
Receita de exercícios futuros 
(-) custos de despesas 
correspondentes às receitas 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital social 
(-) capital social a integralizar 
Reservas 
Lucros ou Prejuízos Acumulados 
Lucros acumulados 
(-) Prejuízos acumulados 
 
 
55 
(-) Exaustão Acumulada 
Imobilizado 
Terrenos 
Instalações 
Máquinas, aparelhos e equipamentos 
Móveis e Utensílios 
Veículos 
Ferramentas 
(-) depreciação acumulada 
Obras em andamento 
Intangível 
Marcas, direitos e patentes industriais 
Diferido 
Gastos de implantação e pré-
operacionais 
Pesquisa e desenvolvimento de 
produtos 
Gastos de reorganização 
(-) Amortização acumulada 
 
Fonte: Adaptado de BRASIL, 1976. 
Ponto final 
BALANÇO PATRIMONIAL 
ATIVO PASSIVO 
CIRCULANTE 
São contas que estão constantemente em 
giro – movimento – sendo que a 
conversão em dinheiro ocorrerá, no 
máximo, no próprio exercício social. 
CIRCULANTE 
São obrigações exigíveis que serão 
liquidadas nos próximos 365 dias 
após o levantamento do BP. 
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 
São bens e direitos que se transformarão 
em dinheiro um ano após o 
levantamento do BP. 
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 
São as obrigações (dívidas de longo 
prazo) que serão liquidadas com 
prazo superior a um ano após o 
levantamento do BP. 
PERMANENTE 
São bens e direitos que não se destinam 
à venda e têm vida útil (no caso dos 
bens) longa. Classificam-se em 
investimentos, imobilizado e diferido, a 
saber: 
Investimentos: são as inversões 
financeiras de caráter permanente que 
geram rendimentos e que não são 
necessárias à manutenção da atividade 
fundamental da empresa. 
Imobilizado: são itens de natureza 
permanente que serão utilizados para a 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
São os recursos dos proprietários 
aplicados na empresa. Tais recursos 
significam o capital mais o seu 
rendimento (lucros) e reservas. 
 
 
56 
manutenção da atividade básica da 
empresa. 
Intangível: bens e direitos que tenham 
por objeto bens incorpóreos destinados 
à manutenção da empresa ou exercidos 
com essa finalidade. 
Diferido: são aplicações que 
beneficiarão resultados de exercícios 
futuros. 
Fonte: IUDÍCIBUS; MARION, 2006, p. 31. 
Bibliografia 
Livros-base: 
Contabilidade Básica – de José Carlos Marion – Ed. Atlas 
Curso de Contabilidade para não Contadores – Sérgio de Iudícibus e 
José Carlos Marion – Ed. Atlas 
Contabilidade Fácil – Osni Moura Ribeiro – Ed. Saraiva 
Na bibliografia referenciada encontramos, numa linguagem simples 
uma introdução ao tema Balanço Patrimonial: sua representação gráfi-
ca, grupos de contas, contas redutoras. Para aprofundar seu estudo, 
sugerimos a leitura do texto “Estrutura do Balanço Patrimonial”, dis-
ponível em: 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/estruturabalanco.
htm. 
 Bons estudos! 
 
5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
A cada exercício social (normalmente um ano) a empresa apura o re-
sultado de seus negócios (lucro ou prejuízo). Para saber se obteve lucro 
ou prejuízo, a contabilidade confronta as receitas com as despesas. Se o 
total da receita for maior que a despesa, a empresa obteve lucro, se a 
receita for menor que a despesa, ela teve prejuízo. 
A apuração do resultado do exercício é evidenciada pela Demonstra-
ção do Resultado do Exercício - DRE. Esta se apresenta como um re-
sumo das receitas e despesas do período, facilitando-se a avaliação da 
gestão patrimonial. 
Antes de estudarmos a DRE propriamente dita, estudaremos os se-
guintes tópicos: 
• Receitas 
• Despesas 
• Despesas e Custos 
Na sequência, estudaremos: 
• Demonstração do Resultado do Exercício 
• Distribuição do Lucro 
• DRE Inovada 
5.1 Receitas e Despesas 
As receitas são valores que a empresa gera como fonte de recursos 
financeiros, para atender a seus gastos e manter as suas atividades. 
Constituem ingressos (entradas) de recursos correspondendo, em 
 
 
58 
geral, a vendas de mercadorias ou prestação de serviços. A receita 
sempre aumenta o Ativo. Ex.: 
- Vendas à vista - Aluguéis ativos 
- Vendas a prazo - Juros ativos 
- Receitas de Serviços - Descontos obtidos 
Se as receitas são entradas de recursos, as despesas constituem saídas, 
desembolsos de recursos (R$). Segundo Marion, despesa é todo o sacri-
fício, todo o esforço da empresa para obter receita. Em outras palavras, 
é o consumo de bens ou serviços utilizados pela empresa para a manu-
tenção de suas atividades. As despesas deveram ser registradas por 
ocasião do consumo dos bens ou dos serviços utilizados pela empresa 
para a manutenção, independentemente de seu efetivo pagamento. 
As despesas constituem saídas de recursos e se refletem no Balanço 
Patrimonial através da redução do saldo de caixa (ou banco conta 
corrente) quando é paga no ato (à vista), ou mediante o aumento de 
uma obrigação, quando é contraída no presente para ser paga no futu-
ro (a prazo). 
São exemplos de despesas: água e esgoto, material de expediente, 
aluguéis passivos, juros passivos, café e lanches, luz, descontos conce-
didos, salários, despesas bancárias, encargos
sociais, fretes, prêmios de 
seguros, impostos, telefone. 
Não esqueça: 
 
Receitas e despesas são contas de resultado. Aparecem durante o exer-
cício social (normalmente de 1º de janeiro a 31 de dezembro), encer-
rando-se ao final desse período. Não fazem parte do Balanço Patrimo-
nial, mas permitem apurar o resultado do exercício (estão na DRE). 
 
59 
Existem contas de resultado que podem aparecer tanto no grupo das 
despesas quanto das receitas (é o caso de aluguéis, juros e descontos). 
Desse modo, como saber quando representam despesas e quando 
representam receitas? A diferença está nos adjetivos empregados. 
PRESTE ATENÇÃO!!! 
- Aluguéis ativos, juros ativos e descontos obtidos representam, 
respectivamente, aluguéis, juros e descontos recebidos pela empresa, ou seja, 
ganhos. Portanto classificam-se como receitas. 
- Aluguéis passivos, juros passivos e descontos concedidos representam, 
respectivamente, aluguéis e juros pagos e descontos oferecidos pela empresa, ou 
seja, perdas, portanto classificam-se como despesas. 
Note que as palavras ativos e passivos nada têm a ver com Ativo e Pas-
sivo do Balanço Patrimonial. Devemos associá-los a positivo e negati-
vo, respectivamente. 
Assim: 
 
Bem, se receitas e despesas são contas de resultado, as contas que re-
presentam bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido (que você já 
conhece) são chamadas de contas patrimoniais. 
Fica fácil de diferenciar: 
 
5.2 Despesa e Custo 
Precisamos diferenciar despesa e custo. Quando a matéria-prima é ad-
quirida (comprada), constitui um gasto, ou seja, um desembolso (saída 
de dinheiro, pagamento) para a aquisição de um bem, sendo “estoca-
 
 
60 
da” no Ativo. No instante em que essa matéria-prima entra em produ-
ção, a reconhecemos como custo. 
Assim, todos os gastos no processo de industrialização que contribuem 
com a transformação da matéria-prima (fabricação) em produto são 
dados como custos: mão-de-obra, energia elétrica, desgaste de máqui-
nas utilizadas para a produção (depreciação), embalagens, aluguel da 
fábrica etc. 
Já os gastos referentes ao escritório e à administração são classificados 
em despesas. Pela Lei das Sociedades Anônimas, identificamos três 
tipos de despesas: de vendas, administrativas e financeiras. 
 
Numa empresa comercial o gasto da aquisição de mercadoria a ser 
revendida será tratado como custo; já numa empresa de prestação de 
serviços, a mão-de-obra aplicada no serviço prestado mais o material 
utilizado nesse serviço serão considerados custos. Para ambas as em-
presas, todos os gastos na administração, assim como na indústria, 
serão tratados como despesas. 
5.3 Demonstração do resultado do exercício (DRE) 
A DRE é um resumo ordenado das receitas e das despesas da empresa 
em determinado período (12 meses). É apresentada de forma dedutiva 
(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, 
indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). 
 
61 
RECEITA 
(-) DESPESA 
Lucro ou Prejuízo 
� 
 
A DRE pode ser simples para micro e pequenas empresas que não 
requeiram dados pormenorizados para a tomada de decisão, como é o 
caso de bares, farmácias, mercearias etc. Deve evidenciar o total de 
despesa deduzido da receita, apurando-se, assim, o lucro, sem destacar 
os principais grupos de despesas. 
A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores minúcias para a 
tomada de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque 
dos impostos etc. Assim: 
DRE (simples) 
RECEITA 
(-) DESPESA 
Lucro ou prejuízo 
 � 
DRE (completa) 
RECEITA 
(-) DEDUÇÕES 
 (-) CUSTOS 
(-) DESPESAS 
(-) _________ 
(-) _________ 
Lucro ou prejuízo 
 
IMPORTANTE: 
A DRE é elaborada a partir da conta lucros e perdas. Ela é uma demonstração 
financeira imprescindível para a elaboração do Balanço Patrimonial (deve, 
inclusive, preceder o seu levantamento). Normalmente o resultado do exercício das 
empresas é apurado no final do ano civil. Sua finalidade é melhor evidenciar o 
ganho, tendo em vista as necessidades de informações do usuário externo, bem 
como fornecer os dados essenciais à análise da formação do resultado do exercício. 
Como já vimos, para se apurar o resultado do exercício de uma empre-
sa, basta confrontar o total de despesas com o total das receitas ocorri-
das em um determinado período. 
Assim: 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO: 
 
 
62 
RECEITAS 
( - ) 
DESPESAS 
= L/P 
 
Se tivermos Receitas > Despesas então teremos lucro / superávit 
Se tivermos Receitas < Despesas então teremos prejuízo / déficit 
ESTRUTURA BÁSICA DA DRE 
Empresa Z 
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS 
Período de 01.01 a 31.12.x1 
 
 RECEITA BRUTA 
 ( - ) Tributos incidentes sobre vendas 
 ( - ) Devoluções e abatimentos 
 ( - ) Descontos incondicionais 
 = RECEITA LÍQUIDA 
( - ) Custo das mercadorias vendidas (se comércio) 
ou ( - ) Custo dos produtos vendidos (se indústria) 
ou ( - ) Custo dos serviços prestados (se empresas de serviços) 
 = RESULTADO BRUTO 
 ( + ) Outras receitas operacionais 
 ( - ) Despesas operacionais 
 - Vendas 
 - Administrativas 
 - Financeiras líquidas (despesas - receitas financeiras) 
 = RESULTADO OPERACIONAL 
 ( + ) ou ( - ) Resultado não operacional 
 = RESULTADO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 
 ( - ) Provisão para a contribuição social 
 = RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 
 ( - ) Provisão para o imposto de renda 
 = RESULTADO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA 
 ( - ) Provisão para participação de debenturistas 
 ( - ) Provisão para participação dos empregados 
 ( - ) Provisão para participação dos administradores 
 ( - ) Provisão para participação de partes beneficiárias 
 = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 
 
A preocupação na elaboração de um relatório contábil é a riqueza de 
detalhes, sem complicação, no sentido de propiciar um maior número 
de informações para a tomada de decisões. Entendamos melhor: 
 
63 
a. Receita Bruta – Inclui o total geral das vendas, sem nenhuma de-
dução. 
b. Receita Líquida – Resulta da receita bruta deduzida dos tributos 
incidentes sobre vendas – e se for o caso, de eventuais vendas can-
celadas (devoluções) e abatimentos (descontos). Esses tributos são 
os impostos e as taxas decorrentes da venda/prestação de serviços 
e que variam proporcionalmente às vendas/faturamento efetua-
dasa. Cumpre destacar que eles pertencem ao governo, e a empre-
sa é apenas uma intermediária que arrecada tributos junto ao con-
sumidor e recolhe do governo o resultado dessa arrecadação. Por 
isso, eles não devem ser considerados como receita da empresa, 
mas como recursos que transitam pelo caixa, razão pela qual são 
deduzidos da receita bruta da empresa. 
c. Resultado ou Lucro Brutob – É o valor que resulta da dedução dos 
custos no período sobre a Receita Líquida. Os custos incluem so-
mente os gastos da fábrica (gastos de produção), incluindo maté-
ria-prima, mão de obra, depreciação de bens da fábrica, aluguel da 
fábrica, energia elétrica da fábrica etc. No caso de uma empresa 
comercial, conforme já vimos, consideramos o custo das mercado-
rias vendidas; em uma empresa de prestação de serviços, o valor 
da mão de obra, acrescido do valor dos materiais utilizados na 
prestação do serviço. 
RECEITA LÍQUIDA 
( - ) CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS 
ou ( - ) Custo dos produtos vendidos 
ou ( - ) Custo dos serviços prestados 
= RESULTADO BRUTO 
Lucro Bruto é a diferença entre a venda de mercadorias e o custo a 
mercadoria vendida, sem considerar as despesas administrativas, de 
vendas e financeiras. Para uma empresa prestadora de serviços o ra-
ciocínio é o mesmo: lucro bruto é a diferença entre a receita e o custo 
do serviço prestado sem considerar
as despesas administrativas, de 
vendas e financeira. 
 
a Os Tributos Incidentes sobre as Vendas mais comuns são: o Imposto sobre Produtos Industrializados 
(IPI), a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Programa de Integração Social 
(PIS) – que são de competência federal –; o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – 
de competência estadual –; bem como o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) – de 
competência municipal. 
 
b O lucro bruto, após cobrir o custo de fabricação do produto (ou custo da mercadoria adquirida para 
revenda ou o custo do serviço prestado), é destinado à remuneração das despesas operacionais – 
comerciais (vendas), administrativas e financeiras – bem como ao pagamento de impostos e à 
remuneração dos proprietários das empresa (lucro líquido). 
 
 
64 
A expressão custo das vendas é bastante genérica, devendo por essa razão, ser 
especificada por setor na economia: 
- empresas industriais: Custo do Produto Vendido (CPV) 
- empresas comerciais: custo da Mercadoria Vendida (CMV) 
- empresas prestadoras de serviços: Custo dos Serviços Prestados (CSP) 
a. Resultado ou Lucro Operacional - Ao resultado bruto são soma-
das Outras Receitas Operacionais e, desse montante, são diminu-
ídas as Despesas Operacionais, encontrando-se o Resultado Ope-
racional. Quando ele é positivo, denomina-se Lucro Operacional. 
RESULTADO BRUTO 
( + ) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS 
( - ) DESPESAS OPERACIONAIS 
= RESULTADO OPERACIONAL 
Outras Receitas Operacionais são receitas marginais da empresa, sem grande 
expressão, que não são consideradas como objetivo primário da empresa. Por 
exemplo: aluguéis de imóveis disponíveis temporariamente, recuperações de 
impostos, recuperação de despesas etc. 
Despesas Operacionais são aquelas necessárias para vender mercadorias, produtos 
ou serviços, bem como administrar a empresa e financiar as operações. Portanto, 
são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional 
da empresa. Os principais grupos de despesas operacionais são: 
- Despesas de vendas (ou comerciais): salários do pessoal de vendas, marketing 
e pesquisa de mercado, distribuição, comissão sobre vendas, propaganda e 
publicidade, despesas com garantia, promoções de bonificações, fretes etc. 
- Despesas administrativas: salários do pessoal administrativo, encargos 
sociais, assistência médica, aluguéis, energia elétrica, condomínio, seguros, 
despesas de viagens, material de escritório, depreciação, impostos, remuneração da 
diretoria etc. 
- Despesas financeiras: juros passivos, descontos concedidos, despesas 
bancárias etc. Das despesas financeiras, deduzimos as receitas financeiras, a saber: 
juros ativos, descontos obtidos. 
a. Resultado antes da contribuição social - A Contribuição Social 
incide sobre o Lucro da Empresa. Quando se apura o Exercício So-
cial, declaram-se e recolhem-se aos cofres públicos 9% sobre o lu-
cro real apurado. Portanto, o Resultado antes da Contribuição So-
cial refere-se ao resultado (lucro) antes de calculado o referido tri-
buto. 
 
65 
b. Resultado antes do imposto de rendac - O imposto de renda incide 
sobre o lucro da empresa. Quando se apura o exercício social, de-
claram-se e recolhem-se aos cofres públicos 15% sobre o lucro a-
purado ou presumido. Portanto, calcula-se o valor do IR a pagar e 
deduz-se do Lucro Antes do Imposto de Renda. 
c. Resultado depois do imposto de renda – refere-se ao resultado 
antes do IR deduzido do valor do Imposto de Renda calculado. 
d. Resultado ou lucro líquido do exercício – Consiste na sobra per-
tencente aos proprietários ou à entidade. Após a dedução do IR 
devido, faz-se as deduções das participações previstas nos estatu-
tos: de empregados, de administradores etc. A sobra líquida é a 
parcela à disposição dos sócios ou acionistas. 
5.4 Reservas 
Conceito de reservas.... 
Os proprietários decidem a parcela do lucro líquido que ficará retida 
na empresa (reservas) e a parte que será distribuída aos donos do capi-
tal (dividendos). A distribuição do lucro será evidenciada na Demons-
tração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. A indicação do montante 
do lucro ou prejuízo líquido por ação é obrigatória por força do dispos-
to no art. 187, inciso VII, da Lei n° 6.404/76. 
Como regra geral, a administração tem ampla liberdade quanto à des-
tinação dos resultados apurados, desde que aprovada pelos sócios ou 
acionistas. O lucro do exercício pode ser utilizado para aumentar o 
capital social da empresa (reserva de capital), constituir as reservas de 
lucros, compensar prejuízos acumulados ou ser distribuído (dividen-
dos). Nas sociedades anônimas, entretanto, parte do lucro terá como 
destinação obrigatória a constituição da reserva legal e a distribuição 
de dividendos. 
Segundo Marion, as reservas de lucros são acréscimos ao patrimônio 
líquido que, quase sempre, são utilizados para aumento de capital 
social. São reservas constituídas pela apropriação de lucros da compa-
nhia (conforme a Lei 6.404/76), podendo assumir as seguintes caracte-
rísticas: 
a. Reserva legal: Do lucro líquido do exercício 5% serão aplicados, 
antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva le-
 
c Antes do IR é calculada a Contribuição Social que é uma taxa sobre o lucro (9%) para atender ao auxílio-
desemprego e outras finalidades sociais. 
 
 
66 
gal (que não poderá exceder o valor de 20% do capital social). Essa 
reserva tem por finalidade assegurar a integridade do capital soci-
al e somente será utilizada para compensar eventuais prejuízos ou 
aumentar o capital social. 
b. Reservas Estatutárias: são aquelas previstas no estatuto, sendo que 
a empresa pode prevê-las ou criá-las, desde que: 
• identifique, de modo preciso e correto, a sua finalidade; 
• fixe os critérios de determinação da parcela anual do lucro lí-
quido que será destinada à sua constituição; e 
• estabeleça o limite máximo da reserva. 
• Existem várias modalidades de reservas estatutárias, entre e-
las podemos citar as constituídas para aumento de capital so-
cial, reembolso de ações a acionistas dissidentes, resgate ou 
amortização de ações. 
a. Reserva para contingências: refere-se à destinação de parte do 
lucro líquido apurado no exercício para a formação de uma reser-
va cuja finalidade é compensar, futuramente, a diminuição do lu-
cro decorrente de perdas prováveis e mensuráveis monetariamen-
te. 
b. Reserva para plano de investimentos: constituída pela retenção de 
parcela do lucro líquido do exercício, para suportar os investimen-
tos discriminados no orçamento de capital da companhia. 
c. Reserva de lucros a realizar: Com a Lei 10.303/01, fica assegurado 
o cálculo da reserva de lucros a realizar apenas para pagamento 
de dividendo obrigatório. 
5.5 DRE Inovada 
É comum observarmos atualmente relatórios contábeis com a expres-
são Ebitda. 
Ebtida em inglês é identificado como Earning Before Interest, Taxes, De-
preciation and Amortization. Em português é chamado popularmente de 
Lajida – Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. 
De certa forma, Ebitda é o lucro operacional ajustado. Observe a com-
paração de uma DRE Tradicional e uma DRE inovada com Ebitda de 
uma empresa comercial. 
 
67 
DRE TRADICIONAL DRE INOVADA 
Receita 1.600.000 
(-) CMV (800.000) 
Lucro bruto 800.000 
(-) Despesas operacionais 
Vendas (200.000) 
Administrativasd 
(350.000) 
Financeiras (50.000) 
Lucro operacional
200.000 
(-) IR e Contr. Social (48.000) 
Lucro líquido 152.000 
Receita 1.600.000 
(-)CMV (800.000) 
Lucro bruto 800.000 
(-) Desp vendas (200.000) 
(-) Desp administrativas (290.000) 
EBITDA 310.000 
(-) Depreciação (60.000) 
(-) Desp financeiras (50.000) 
Lucro operacional 200.000 
(-) IR e Contr. Social (48.000) 
Lucro líquido 152.000 
 
Segundo Marion, o EBITDA abrange todos os componentes operacio-
nais (despesa e receita financeira não são operacionais) e os componen-
tes com potencial de afetar o caixa (depreciação não afeta o caixa), 
evidenciando a capacidade da empresa em gerar recursos consideran-
do seu negócio. 
Ponto Final 
A DRE pode ser considerada a mais importante demonstração da dinâmica 
patrimonial, pois é capaz de mostrar a receita bruta da entidade (vendas ou 
serviços prestados), o custo dessas receitas e demais despesas operacionais, 
evidenciando o lucro bruto e o lucro operacional. Demonstrar, ainda, outras 
receitas e despesas não operacionais, para evidenciar o lucro obtido em 
determinado período de tempo, normalmente um exercício social, em função da 
exploração das atividades da empresa. Sua finalidade básica, portanto, é 
descrever a formação do resultado gerado no exercício, mediante especificação 
das receitas, custos e despesas por natureza dos elementos componentes, até o 
resultado líquido final – lucro ou prejuízo. 
RECEITAS: As receitas são valores que a empresa gera como fonte de recursos 
financeiros, para atender a seus gastos e manter as suas atividades. Constituem 
ingressos (entradas) de recursos correspondendo, em geral, a vendas de 
mercadorias ou prestação de serviços. 
DESPESAS: são os gastos referentes ao escritório e à administração. Pela Lei das 
Sociedades Anônimas, identificamos três tipos de despesas: de vendas, 
administrativas e financeiras. 
CUSTOS: todos os gastos no processo de industrialização que contribuem com 
a transformação da matéria-prima (fabricação) em produto são dados como 
custos: mão de obra, energia elétrica, desgaste de máquinas utilizadas para a 
produção (depreciação), embalagens, aluguel da fábrica etc. 
 
 
 
d Incluída depreciação. 
 
 
68 
Bibliografia 
Livros-base: 
Contabilidade: ensino e decisão de Osni Hoss et al – Ed Atlas 
Contabilidade Empresarial - de José Carlos Marion, Ed Atlas 
Curso de Contabilidade para não contadores – de Sérgio de Iudícibus 
e José Carlos Marion – Ed Atlas 
As obras referenciadas possibilitam um “tur” geral na ciência contábil, 
trazendo casos práticos, questionamentos e ilustrações que auxiliam o 
entendimento do conteúdo estudado. 
 
6 CICLO CONTÁBIL: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
O ciclo contábil engloba desde a escrituração até a elaboração das 
demonstrações contábeis e sua análise. Em outras palavras, consiste no 
caminho que a contabilidade percorre até chegar ao seu produto final: 
os relatórios (ou demonstrações) contábeis. A figura abaixo evidencia 
as etapas que o compõem: 
1. Formatação do Plano de Contas; definição de softwares e equipa-
mentos; livros contábeis (obrigatórios e auxiliares); 
2. Escrituração; 
3. Ajustes (cálculo das provisões, depreciação, outros). 
4. Relatórios ou demonstrações contábeis. 
 
 
 
70 
Nosso objetivo neste capítulo é apresentar conceitos complementares à 
escrituração, de forma que você tenha uma visão geral do ciclo contá-
bil. Comecemos com o Plano de Contas. 
6.1 Plano de contas 
Segundo Ribeiro (2006, p.63), conta é o nome técnico que identifica um 
componente patrimonial (bem, direito, obrigação ou patrimônio líqui-
do) ou um componente de resultado (despesa, custo ou receita). 
Todos os acontecimentos que ocorrem diariamente na vida da empresa 
(compras, vendas, pagamentos, recebimentos, outros) são registrados 
pela Contabilidade em contas próprias através dos lançamentos em 
livros próprios (Diário, Razão, Caixa, Contas a Pagar, Contas e Rece-
ber, etc.). Assim, toda a movimentação de dinheiro efetuada na empre-
sa é registrada numa conta chamada Caixa; as mercadorias compradas 
e vendidas pela empresa são registradas na conta denominada Estoque 
de Mercadorias; movimentações bancárias (conta-corrente) são regis-
tradas na conta Banco Conta Movimento e assim por diante. 
As contas exercem importante papel no processo contábil. É através 
delas que a Contabilidade registra e controla os fatos decorrentes da 
gestão patrimonial, evidenciando seus resultados. Tais contas estão 
organizadas no Plano de Contas. Conforme Iudícibus e Marion 
(2006, p.223) “Plano de contas é um agrupamento ordenado de todas 
as contas que são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada 
empresa”. O plano de contas é um instrumento de grande importância 
no desenvolvimento do ciclo contábil pois uniformiza os registros 
contábeis. 
Cada empresa deverá elaborar o seu Plano de Contas tendo em vista 
suas particularidades e observando: 
a. Os Princípios Fundamentais da Contabilidade; 
b. As normas estabelecidas pela Lei 6.404/76 (retificada pela Lei 
11.638:07); 
c. A legislação específica do ramo de atividade exercido pela 
empresa. 
Um plano de contas deve registrar as contas que serão movimen-
tadas pela contabilidade em decorrência das operações da empre-
sa ou, ainda, contas que embora não movimentadas no presente, 
poderão ser utilizadas no futuro. Assim, quando um contador 
 
71 
planeja o agrupamento de contas para uma indústria de eletrodo-
mésticos, por exemplo, no que tange a impostos, incluirá as contas 
ICMS a Recolher, IPI a Recolher e, se houver expectativa da em-
presa prestar serviços de assistência técnica num futuro próximo, 
ainda, o ISS a Recolher. 
Na prática, o Plano de Contas sistematiza e padroniza os registros 
contábeis, uniformizando a nomenclatura a ser utilizada nos registros 
– um único título para cada conta evita que pessoas ligadas ao setor 
contábil registrem um mesmo fato e operação de formas diferentes. Ele 
é codificado de forma racional, o que facilita a contabilização por meio 
de processos eletrônicos ou mecânicos. 
É um guia que norteia os trabalhos contábeis de registro de fatos e atos 
inerentes à entidade, além de servir de parâmetro para a elaboração 
das demonstrações contábeis, constituído de um elenco de contas, 
manual das contas (comentários e indicações do funcionamento de 
cada conta - para que serve, o que deve conter e outras informações 
sobre critérios gerais de contabilização) e Modelos Padronizados de 
Demonstrações Contábeis. Entretanto, de acordo com os interesses de 
cada empresa, o Plano de Contas poderá conter outras informações 
complementares. 
6.1.1 Modelo simplificado de um plano de contas 
a. Contas patrimoniais 
BALANÇO PATRIMONIAL 
ATIVO PASSIVO 
Circulante 
Caixa 
Bancos Conta Movimento 
Duplicatas a Receber (ou Clientes) 
(-) Provisão para\Devedores 
Duvidosos 
(-) Duplicatas Descontadas 
Aplicações Financeiras (bancos) 
Estoque de Mercadorias 
Estoque de Material de Expediente 
Estoque de Material de Embalagem 
Estoque de Material de Limpeza 
Despesas do Exercício Seguinte 
Circulante 
Fornecedores (duplicatas a pagar) 
Impostos a Recolher 
Salários a Pagar 
Encargos Sociais a Recolher 
Empréstimos a Pagar 
Contas a Pagar 
Títulos a Pagar 
 
 Realizável a Longo Prazo 
Empréstimos a Empresas Coligadas e 
Controladas 
Empréstimos a Diretores 
Duplicatas a Receber (+ 360 dias) 
2.2 Exigível a Longo Prazo 
Financiamentos 
 
 
 
72 
Permanente 
Investimentos
1.3.1.1 Aplicações em Cias. Coligadas 
e Controladas 
1.3.1.2 Imóveis para Renda (aluguel) 
1.3.1.3 Terrenos 
 
Imobilizado 
1.3.2.1 Imóveis em uso 
1.3.2.2 Veículos 
1.3.2.3 Móveis e Utensílios 
1.3.2.4 Máquinas e Equipamentos 
1.3.2.5 Computadores e periféricos 
1.3.2.6 Instalações 
1.3.2.7 (-) Depreciação Acumulada 
 
 Intangível 
1.3.3.1 Marcas e Patentes Industriais 
1.3.3.2 Franquias 
1.3.3.3 (-) Amortização Acumulada 
 
Diferido 
1.3.4.1 Gastos Pré-operacionais 
1.3.4.2 Pesquisa e Desenvolvimento de 
Produtos 
1.3.4.3 Gastos de Reorganização 
1.3.4.4 (-) Amortização Acumulada 
3. Patrimônio Líquido 
3.1 Capital 
3.2 Lucros Acumulados 
3.3 Reservas 
 
b. Contas de Resultado 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 
4.1 Vendas Brutas 
4.2 (-) Deduções 
 4.2.1 IPI 
 4.2.2 ICMS 
 4.2.3 ISS 
 4.2.4 Devoluções 
 4.2.5 Abatimentos 
5.1 (-) Custos dos Produtos Vendidos 
 5.1.1 Matéria-prima 
 5.1.2 Mão-de-obra Direta 
 5.1.3 Aluguel da Fábrica 
 5.1.4 Energia Elétrica 
 5.1.5 Depreciação de Equipamentos 
5.2 (-) Despesas com Vendas 
 5.2.1 Comissão de Vendedores 
 5.2.2 Propaganda 
 5.2.3 Salários do pessoal de Vendas 
 
73 
 5.2.4 Devedores Duvidosos 
5.3 (-) Despesas Administrativas 
 5.3.1 Aluguel de Escritório 
 5.3.2 Honorários da Diretoria 
 5.3.3 Material de Escritório 
 5.3.4 Salário do Pessoal Administrativo 
 5.3.5 Encargos Sociais 
 5.3.6 (...) 
5.4 (-) Despesas Financeiras 
 5.4.1 Juros 
 5.4.2 Comissão bancária 
 5.4.3 Variação Cambial 
 5.4.4 Receita Financeira (+) 
 5.5.1 Provisão Para Imposto de Renda e CSLL 
 5.5.2 Participações 
 
Saliente-se que o Plano de Contas compõe-se de três partes: 
a Elenco de Contas (relação de contas); 
b Manual de Contas (quadro explicativo do uso de cada uma das 
contas: função, funcionamento e natureza do saldo) 
c Modelo das demonstrações contábeis e lançamentos especiais. 
6.2 Sistemas Contábeis 
Segundo Marion (2006, p.194), 
Entende-se por sistema de contabilidade o conjunto de atividades contábeis que 
engloba a compreensão da atividade empresarial (necessária para elaborar um 
plano de contas adequado), a análise e interpretação de cada fato contábil 
isoladamente, a contabilização e a elaboração das Demonstrações Financeiras, sua 
análise, interpretação e recomendações para aperfeiçoar o desempenho da empresa. 
Os sistemas contábeis podem ser: 
a Manual: instrumentos simples: canetas, livros ou fichas a serem 
escrituradas, máquina de calcular; 
b Sistema Maquinizado: máquina de datilografar, máquina de calcu-
lar, formulário denominado Ficha Tríplice (três vias); 
c Sistema Mecanizado: máquina específica para se fazer contabili-
dade (Ruf, Nacional, Olivetti, outras), slips, livros a serem escritu-
rados, outros; 
 
 
74 
d Sistema Eletrônico: computador, software. 
 Com o avanço da informática o trabalho do contador passou a ser feito 
com maior rapidez, segurança e credibilidade. O sistema eletrônico 
dos registros contábeis possibilitou o acesso quase que imediato às 
informações de que necessitam os usuários da Contabilidade, tornando 
desnecessárias tarefas repetitivas realizadas no sistema manual, ma-
quinizado e mecanizado, os quais, praticamente, caíram em desuso. 
Segundo Ribeiro (2006, p.158): 
Hoje, as informações extraídas dos documentos comprobatórios da ocorrência de 
Fatos Administrativos são processadas por meio de programas de Contabilidade 
instalados no computador da empresa. Esses programas – também conhecidos por 
softwares – fornecem informações em forma de relatórios, demonstrações, notas 
explicativas, as quais podem vir acompanhadas por uma infinidade de gráficos, 
mapas, quadros ou outros documentos (sintéticos ou analíticos). O acesso rápido a 
tais informações tende tanto às necessidades dos administradores e proprietários 
da empresa como às dos demais usuários. (grifos do autor) 
6.3 Livros De Escrituração 
São muitos os livros de escrituração utilizados pelas entidades. A 
quantidade e a espécie variam em função do porte, da forma jurídica e 
do ramo de atividade exercido por elas. Ex: Livro Diário, Razão, Con-
tas Correntes, Livro Caixa, Livro Registro de Duplicatas, Livro de 
Apuração do Lucro Real (LALUR), Registro de Entradas, Registro de 
Saídas, Registro de Inventário, Registro de Apuração do ICMS, Regis-
tro de Apuração de ISS, Atas do Conselho de Administração, Pareceres 
do Conselho Fiscal, Atas das Assembléias Gerais etc. 
Vamos estudar os dois principais livros, utilizados para o registro de 
todos os eventos do dia a dia das entidades, os Livros: Diário e o Ra-
zão. 
6.3.1 Livro Diário 
O Livro Diário é um livro obrigatório (exigido por lei) em todas as 
empresas. Registra os fatos contábeis em ordem cronológica (dia, mês e 
ano). A legislação determina que ele deverá ser encadernado com 
folhas numeradas, conter termos de abertura e encerramento e ser 
submetido à autenticação do órgão competente do Registro do Comér-
cio (Junta Comercial). 
 Os requisitos básicos de um Livro Diário são: 
 
75 
a Data da operação (transação); 
b Título da conta de débito e da conta de crédito; 
c Valor do débito e do crédito; 
d Histórico (dados fundamentais sobre a operação registrada). 
 Observe o exemplo de Livro Diárioa: 
Data Títulos das Contas e 
Histórico 
Código da 
Contab 
Débito Crédito 
2007 
Dez. 
02 Banco Conta Corrente 
 
Caixa 
Depósito no Banco do Brasil 
conforme recibo 7544. 
XXXXXX 
 
 
XXXXXX 
500,00 
500,00 
(**) De acordo com o Plano de Contas 
6.3.2 Livro Razão 
O Razão também é um livro obrigatório (que foi durante muito tempo 
facultativo). Consiste no agrupamento de valores em contas individua-
lizadas. Por exemplo: abre-se uma conta Banco Conta Corrente e nela 
se registram todas as operações que lhe afetem (abre-se sub-contas 
para cada banco em que a empresa tiver conta), debitando-se ou credi-
tando-se esta conta e, a qualquer momento, verificando seu saldo. A 
mesma coisa para cada um dos elementos patrimoniais: caixa, merca-
dorias, duplicatas a receber etc. 
Observe o exemplo de Livro Razão: 
Conta: Caixa Código: (Plano de contas) 
Data Histórico Débito Crédito Saldo 
 D/C Valores 
02/01/2008 Saldo anterior D 4.300,00 
02/01/2008 
Pagamento 
Duplicatas 
 1.100,00 D 3.200,00 
03/01/2008 
Compra 
Computador 
 1.800,00 D 1.400,00 
03/01/2008 
Recebimento de 
Duplicatas 
2.500,00 D 3.900,00 
 
 
a Não se preocupe em entender o registro, teremos tempo para isso. A ilustração do modelo de Livro 
Diário é só para facilitar a sua compreensão. 
 
b De acordo com o Plano de Contas da empresa. 
 
 
76 
Começamos a entender o funcionamento das contas, no caso da conta 
Caixa, a cada saída de dinheiro (desembolso) a conta é creditada (co-
luna do crédito) e seu saldo diminui; a cada ingresso (entrada) de di-
nheiro, a conta é debitada e seu saldo aumenta. Mas não se preocupe, 
em breve estudaremos o funcionamento das contas patrimoniais (bens, 
direitos, obrigações e patrimônio líquido) e das contas de resultado. 
Inicialmente vamos nos deter um pouco mais na conceituação de Con-
tas e Plano de Contas. 
6.4 Método De Escrituração 
O método utilizado para o registro dos fatos contábeis chama-se Mé-
todo das Partidas Dobradas. Ele foi desenvolvido pelo Frei Luca Pacio-
li, na Itália, no século XV e até hoje é universalmente aceito. Sua ado-
ção permite o controle de todos os componentes patrimoniais bem 
como das variações do
Patrimônio Líquido, que poderão resultar em 
lucro ou prejuízo. 
O método consiste no fato de que para qualquer operação (registro), 
débito(s) e crédito(s) têm igual valor. Em outras palavras, não há débi-
tos sem créditos correspondentes, ou seja, aplicações e origens. Por 
meio desse método, as operações são registradas inicialmente no Livro 
Diário e, posteriormente, no Livro Razão. No capítulo seguinte estuda-
remos na prática a mecânica do débito e crédito na contabilidade. 
6.5 Balancete De Verificação 
O Balancete de Verificação é uma relação de contas extraídas do Livro 
Razão, com seus saldos devedores ou credores. A Norma Brasileira de 
Contabilidade, NBC T.2.7, dispõe: 
“1- O Balancete de Verificação do Razão é a relação de conta, com seus 
respectivos saldos, extraídos do razão em determinada data. 
1. O grau de detalhamento do Balancete deverá ser consentâneo com 
sua finalidade. 
2. Os elementos mínimos que devem constar no Balancete são: 
a Identificação da entidade; 
b Data a que se refere; 
c Abrangência; 
d Identificação das contas e seus respectivos grupos; 
 
77 
e Saldos das contas, indicando se devedores ou credores; 
f Soma dos saldos devedores e credores. 
1. O Balancete que se destinar a fins externos à entidade deverá 
conter nome e assinatura do contador responsável, sua cate-
goria profissional e o número de registro no Conselho Regio-
nal de Contabilidade - CRC. 
2. O Balancete deve ser elaborado, no mínimo, mensalmente.” 
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO 
Cia. Exemplo 31/01/2008 
CONTAS SALDOS 
DEVEDOR CREDOR 
ATIVO 
Caixa 1.500 
Estoque de Mercadorias 8.000 
Clientes (ou duplicatas a receber) 2.000 
Móveis e Utensílios 3.000 
Subtotal 1 14.500 
PASSIVO e PL 
Fornecedores (ou duplicatas a pagar) 4.500 
Impostos a Pagar 2.000 
Capital Social 8.000 
Subtotal 2 14.500 14.500 
RECEITAS 
Vendas a Vista 16.000 
Subtotal 3 14.500 30.500 
DESPESAS (e custos)c 
CMV (Custo da Mercadoria Vendida) 9.000 
Comissões 1.200 
Aluguel 3.400 
Propaganda e Publicidade 1.100 
Salários 1.300 
TOTAL 30.500 30.500 
 
Observe que o Balancete de Verificação se assemelha ao Balanço Pa-
trimonial (digamos que é um “balanço simplificado”), sem o rigor da 
classificação em grupos patrimoniais, contendo, TODAS as contas 
movimentadas no período que possuem saldo no final de um período 
 
c Pode-se detalhar: despesas com vendas, administrativas e financeiras, fica a critério do usuário o 
“desenho” mais adequado do Balancete de Verificação. 
 
 
78 
qualquer (contas patrimoniais e contas de resultado). A apresentação 
do balancete deve destacar as contas patrimoniais e as contas de resul-
tado (receitas e despesas) e seus respectivos subtotais, de forma a con-
tribuir para o processo decisório da empresa. 
Dependendo da necessidade da empresa, o balancete pode ter duas, 
quatro, seis e até oito colunas. Quanto maior o número de colunas, 
maior a quantidade de dados fornecida ao usuário do balancete. Veja o 
exemplo de seis colunas (salientamos que esta não é uma “demonstra-
ção oficial” podendo ser formatada de acordo com a necessidade do 
gestor): 
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO 
Cia Exemplo 
 31/01/2008 
CONTAS SALDOS DO 
MÊS ANTERIOR 
MOVIMENTOS 
DO MÊS 
SALDOS DO 
FINAL DO MÊS 
DEVEDOR CREDOR DEVEDOR CREDOR DEVEDOR CREDOR 
Caixa 1.800 16.000 14.300 3.500 
 
 
 
As micro e pequenas empresas elaboram o Balanço Patrimonial apenas 
uma vez por ano, daí a importância do Balancete de Verificação como 
fonte de informação para decisões. Através de Balancetes (mensais, 
quinzenais...) a administração terá um resumo de todas as operações e 
conhecerá o resultado financeiro e econômico da empresa sem a neces-
sidade de estruturar um balanço completo. 
Ponto final 
A seguir a síntese dos principais tópicos estudados no presente capítu-
lo: 
CICLO CONTÁBIL: engloba desde a escrituração até a elaboração das 
demonstrações contábeis e sua análise. Em outras palavras, consiste no 
caminho que a contabilidade percorre até chegar ao seu produto final: 
os relatórios (ou demonstrações) contábeis. 
PLANO DE CONTAS: agrupamento ordenado de todas as contas que 
são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada empresa. 
 
79 
LIVRO DIÁRIO: é um livro obrigatório (exigido por lei) em todas as 
empresas. Registra os fatos contábeis em ordem cronológica (dia, mês e 
ano). 
LIVRO RAZÃO: também é um livro obrigatório (que foi durante muito 
tempo facultativo) que individualiza a movimentação das contas (co-
mo um extrato bancário, só que de cada uma das contas utilizadas nos 
registros contábeis). 
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO: É um relatório não obrigatório que 
consiste na relação de contas extraídas do Livro Razão, com seus sal-
dos devedores ou credores. 
Bibliografia 
1. Contabilidade Básica Fácil – Osni Moura Ribeiro – Ed Saraiva 
2. Contabilidade Básica – José Carlos Marion – Ed Atlas 
3. Curso de Contabilidade para Não Contadores – Sérgio de Iudíci-
bus e José Carlos Marion – Ed Atlas 
As três obras apresentam as entrelinhas do ciclo contábil até a formata-
ção das demonstrações financeiras que subsidiam a tomada de decisão 
dos diferentes usuários. Evidenciam como a contabilidade se equipara 
a uma “indústria”, processando informações numa metodologia pró-
pria (escrituração) e sintetizando-as no formato de relatórios. 
 
7 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Lembras das técnicas da Contabilidade? 
São elas: Escrituração, Demonstrações Contábeis, Auditoria e Perícia, 
Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis. Neste capítulo 
estudaremos a Escrituração, técnica contábil que consiste no REGIS-
TRO de todos os fatos administrativos que acontecem no dia a dia das 
empresas em livros próprios (Razão, Diário, Caixa, Contas Correntes 
etc.). Nosso estudo centra-se nos dois principais livros: Diário e Razão. 
Bons estudos! 
Neste capítulo abordaremos os seguintes assuntos: 
• Conceito de Escrituração. 
• Atos e Fatos Administrativos. 
• Livros utilizados na Escrituração. 
• Contas. 
• Plano de Contas. 
• Método de Escrituração. 
• Lançamentos. 
• Erros de escrituração. 
7.1 Conceito de escrituração 
Conforme já dissemos, escrituração é uma técnica que consiste em 
registrar nos livros próprios todos os fatos administrativos que ocor-
rem na empresa. Mas e o que são fatos administrativos? 
 
81 
7.1.1 Atos e fatos administrativos 
Atos Administrativos são aqueles que ocorrem na empresa e que não 
provocam alterações em seu Patrimônio, por exemplo: assinatura de 
um contrato de compra e venda, assinatura de um contrato de seguros, 
admissão de um empregado, fiança em favor de terceiros, etc. Por não 
provocarem modificações no patrimônio, os atos administrativos não 
precisam ser registrados. 
Entretanto, alguns atos administrativos poderão provocar alterações 
futuras no patrimônio da empresa. Por esse motivo, devem ser regis-
trados através das chamadas Contas de Compensação (ex: seguros 
contratados, bens recebidos em comodato, avais concedidos, etc.). 
Os Fatos Administrativos são aqueles que provocam modificações no 
patrimônio, sendo, portanto, objeto de contabilização através das con-
tas patrimoniais e ou das contas de resultado, podendo ou não alterar 
o Patrimônio Líquido. Podem ser classificados em três grupos: 
a Fatos permutativos, qualitativos e compensativos: representam 
trocas entre os elementos Ativos, Passivos, ou entre ambos simul-
taneamente, sem provocar variações no Patrimônio Líquido. Ex: 
compra de mercadoria para revenda à vista; pagamento de dupli-
cata; depósito em conta-corrente; compra a prazo de um compu-
tador; 
b Fatos modificativos
ou quantitativos: provocam variações no 
Patrimônio Líquido (aumentam ou diminuem, portanto envolvem 
contas de resultado – receitas e despesas). Ex: recebimento de alu-
guéis (aluguéis ativos); pagamento de seguro; pagamento de con-
domínio; 
c Fatos mistos: envolvem, ao mesmo tempo, fatos permutativos e 
modificativos (contas patrimoniais e de resultado). Ex: pagamento 
de duplicatas com juros; recebimento de duplicatas com desconto; 
pagamento de empréstimo com juros. 
7.2 Lançamento 
Lançamento é o meio pelo qual se processa a escrituração contábil. É a 
forma de se processar o registro dos fatos no Livro Diário. Tem como 
elementos essenciais (os mesmos do Livro Diário): 
a Local e data de ocorrência do fato; 
 
 
82 
b Conta(s) a ser debitada; 
c Conta(s) a ser creditada; 
d Histórico; 
e Valor. 
7.2.1 Débito e Crédito 
Débito na linguagem comum significa dívida, situação negativa, estar 
em débito com alguém, estar devendo para alguém etc. Crédito signifi-
ca ter crédito com alguém, situação positiva, poder comprar a prazo. 
Na terminologia contábil, o significado NÃO é esse. Vejamos: 
a Na representação gráfica do Balanço Patrimonial (em forma de T), 
no lado esquerdo é apresentado o DÉBITO e, no lado direito, o 
CRÉDITO; 
b Em relação às contas de resultados, despesas (e custos) são apre-
sentadas do lado esquerdo (portanto, do DÉBITO) e, receitas, do 
lado direito (portanto, do CRÉDITO). 
A representação gráfica do balanço fica assim: 
DÉBITO CRÉDITO 
Bens e Direitos (ATIVO) 
 
Despesas (e custos) 
Obrigações (PASSIVO) 
Patrimônio Líquido 
Receitas 
 
Para entender melhor, você precisa saber que todo fato administrativo 
ocorre em forma de troca, sendo envolvidos pelo menos dois elemen-
tos que possuem valores idênticos (débito e crédito). Assim, um dos 
recursos representa a origem dos recursos (crédito) e o outro a aplica-
ção do recurso (débito), ou seja, onde a empresa investiu esse valor. 
Dessa forma, temos: 
• Aplicação dos recursos = Débito; 
• Origem dos recursos = Crédito. 
Regras gerais: 
a. Todo aumento de Ativo e despesas: DEBITA-SE; 
b. Todo aumento de Passivo, Patrimônio Líquido e receitas: CREDITA-SE; 
 
83 
c. Toda diminuição de Ativo: CREDITA-SE; 
d. Toda diminuição de Passivo e Patrimônio Líquido: DEBITA-SE; 
e. Despesas são creditadas apenas para correção de erros de lançamentoa e ou 
quando da apuração do resultado do exercício; 
f. Receitas são debitadas apenas para correção de erros de lançamento e ou 
quando da apuração do resultado do exercício. 
7.2.1.1 Como elaborar um lançamento 
Vejamos o seguinte exemplo: Compra de um automóvel, FIAT, modelo 
UNO 1.0, ano 2007, conforme Nota Fiscal nº 2345, de AUTOMÓVEIS 
LTDA, no valor de R$ 18.000,00, pago com cheque nº 353012, do Banco 
do Brasil S/A. 
Para registrarmos tal fato no Livro Diário, precisamos identificar os 
cinco elementos essenciais que irão compor o lançamento. Para tanto, 
siga os passos: 
1º PASSO: identificar o local e a data da ocorrência do fato. O local é 
a cidade em que a empresa está estabelecida e a data é a constante 
no documento comprobatório da ocorrência do fato (no caso, a 
Nota Fiscal). Para fins didáticos, considere sempre a sua cidade e a 
data em que estiver estudando. 
2º PASSO: identificar os elementos envolvidos. Os elementos envol-
vidos no lançamento são: automóvel e banco (pagamento com 
cheque). 
3º PASSO: identificar as contas que serão utilizadas para registrar os 
elementos envolvidos no fato. Para tanto, teremos que definir as 
CONTAS a serem usadas e, para isso, você deverá procurá-las no 
ANEXO I – observe que se o elemento for um bem ou direito, será 
encontrado no ATIVO, se for uma obrigação ou Patrimônio Líqui-
do, no PASSIVO e, se for despesa ou receita, nas contas de resul-
tado. 
A empresa está comprando um automóvel (no Plano de Contas do 
Capítulo 6 você encontrará a conta VEÍCULO) e pagando com 
cheque do Banco do Brasil (Banco Conta Movimento). Esses são as 
duas contas envolvidas: Veículo (aplicação) e Banco Conta Movi-
mento – Banco do Brasil (origem). 
 
a A correção de erros de lançamento chama-se ESTORNO e estudaremos no próximo tópico. 
 
 
84 
4º PASSO: identificar a conta que será debitada e a conta que será 
creditada. Após identificadas as contas a serem utilizadas no lan-
çamento, precisamos saber qual delas será debitada e qual será 
creditada. Para isso, precisamos seguir as REGRAS GERAIS estu-
dadas anteriormente. Assim: 
a Veículo, conta de ATIVO, aumentou o saldo (compra), 
DEBITA-SE; 
b Banco Conta Movimento – Banco do Brasil, conta de A-
TIVO, diminuiu o saldo (quando se emite um cheque, 
diminui o saldo), CREDITA-SE. 
5º PASSO: preparar o histórico do lançamento. O histórico consiste 
na narração do fato ocorrido, devendo conter ao menos o número 
e a espécie de documento que comprova a operação, o nome da 
pessoa ou empresa com quem se transaciona e a identificação da 
“coisa” transacionada. Admite-se a utilização de abreviaturas no 
histórico contábil. Algumas mais comuns são: 
Cfe. = Conforme 
Ch. = Cheque 
Dep. = Depósito 
Dp. = Duplicata 
Fat. = Fatura 
NF = Nota Fiscal 
N/ = Nosso, nossa, nesse 
Pg. = Pago 
Ref. = Referente 
Transf. = Transferência 
Vl. = Valor 
 
85 
Assim, o lançamento deve ser escriturado no Livro Diário: 
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2008 
Jan. 
10 Veículo 
Banco Conta Movimento 
Banco do Brasil S/A 
Valor referente compra de um 
veículo FIAT, modelo UNO 1.0, 
conforme Nota Fiscal 2345, de 
AUTOMÓ-VEIS LTDA, pago 
com cheque nr. 353012 
1.3.2.04 
 
1.1.1.02.001 
 
18.000,00 
18.000,0 
 
Mais um exemplo? Vamos lá: Compra de um computador DELL, de 
Byte On Ltda, no valor de R$ 1.600,00, conforme Nota Fiscal nº 3458. 
Referido computador foi financiado pelo Banco do Brasil em 10 meses. 
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2008 
Jan. 
10 Máquinas, Equipamentos e 
Ferramentas 
Financiamentos a Pagar 
 Banco do Brasil S/A 
Valor referente compra de um computador, 
marca DELL, número de série ISR122344, 
de Byte e On Ltda, conforme Nota Fiscal 
3458, financiado pelo Banco do Brasil S/A 
– PROGER URBANO em 10 parcelas 
mensais e sucessivas. 
1.3.
2.03 
 
 
2.1.
1.1 
 
1.600,00 
 
 
 
 
 
1.600,00 
 
7.4.2 Fórmulas de lançamentos 
Há fatos que envolvem mais de duas contas, daí a existência de quatro 
fórmulas de lançamentos. Preste atenção: 
1ª FÓRMULA: Esse você já conhece, envolve uma conta no débito e 
uma conta no crédito. 
 
 
86 
D
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T
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C
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C
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o 
2008 
Jan. 
10 Imóveis 
Banco Conta Movimento 
 Banco do Brasil 
Compra de uma sala comercial, de 
Imobiliária Bons Negócios Ltda, 
conforme escritura pública nr. 
887655, lavrada no 1º. Tabelionato. 
Pagamento cheque 353013 
1.3.2.01 
 
1.1.1.02 
 
 
32.000,00 
 
 
 
 
 
32.000,00 
 
2ª FÓRMULA: Aparecem, no mesmo lançamento, uma só conta no 
débito e mais de uma no crédito: 
D
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C
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H
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D
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C
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2008 
Jan. 
10 Veículo 
Caixa 
 
Financiamentos a Pagar 
 Banco
do Brasil S/A 
Valor referente compra de um 
veículo FIAT, modelo UNO 1.0, 
conforme Nota Fiscal 2346, de 
AUTOMÓVEIS LTDA, entrada de 
R$ 1.800,00 e o restante financiado 
pelo Banco do Brasil S/A em 12 
parcelas mensais e sucessivas 
1.3.2.04 
 
1.1.1.01 
 
 
2.1.1.1 
 
 
18.000,00 
 
1.800,00 
 
16.200,00 
 
3ª FÓRMULA: Aparecem no lançamento mais de uma conta no 
débito e uma só no crédito: 
D
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C
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s 
e 
H
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C
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D
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C
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it
o 
2008 
Jan. 
10 
Caixa 
 
Banco Conta Movimento 
Banco do Brasil S/A 
1.1.1.01 
 
 
1.1.1.02 
 
 
 
 
3.100,00 
 
 
 
87 
Depósito em dinheiro conforme recibo 
123 
 
Fornecedores 
Pagamento duplicata 3456 de Vicente 
Dutra LTDA 
 
 
 
 
 
2.1.3 
1.100,00 
 
 
2.000,00 
 
4ª FÓRMULA: Aparecem no lançamento mais de uma conta no 
débito e mais de uma conta no crédito: 
D
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C
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D
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C
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o 
2008 
Jan. 
10 Móveis e Utensílios 
Compra de uma mesa para computador de 
Byte On Ltda, Nota Fiscal 34567 
 
Material de Expediente 
Compra de Papel e Cia. Ltda 
 
Caixa 
Pagamento em dinheiro Nota Fiscal 34567 
de Byte On Ltda 
 
Fornecedores 
Papel e Cia. duplicata 345796, com 
vencimento para 02/02 
1.3.2.02 
 
 
 
 
1.1.5.02 
 
 
 
1.1.1.01 
 
 
2.1.3 
180,00 
 
 
 
 
250,00 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
180,00 
 
 
250,00 
 
7.3 Erros de escrituração 
A escrituração deve ser completa, realizada em moeda e idioma cor-
rentes nacionais, com individualização e clareza, em ordem cronológi-
ca de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, bor-
raduras, rasuras e emendas. Erros cometidos são corrigidos por meio 
de lançamento de ESTORNO que retificam sem apresentar rasuras no 
Diário. 
Os erros mais comuns são erros de valores lançados a maior ou a me-
nor, troca de uma conta por outra, inversão de contas, omissão de 
lançamentos e lançamentos duplicados. Os modos de correção são: 
 
 
88 
estorno do lançamentob, lançamento complementar, lançamento retifi-
cativo. Veja os exemplos a seguir. 
7.3.1 Valores lançados a menor 
Considere que uma empresa pagou a Duplicata de Irmãos Andrés 
Ltda. nº 8765, no valor de R$ 700,00. Ao registrar o referido pagamento 
o contador, inadvertidamente, registrou o valor de R$ 600,00. As corre-
ções podem ser feitas da seguinte forma: 
a Estornar o lançamento e registrar corretamente; 
b Efetuar um lançamento complementar. 
Lançamento errado: 
Data Títulos das Contas e 
Histórico 
Código 
da 
Conta 
Débito Crédito 
2008 
Jan. 
7 Fornecedores 
Caixa 
Pagamento Duplicata 
8765 de Irmãos 
Andrés Ltda. 
 600,00 
 
600,00 
 
Correção 1: estornar o lançamento e registrar corretamente. Fazendo o livro razão 
dessas duas contas - do lançamento errado e do estorno - você perceberá que ANULOU 
o lançamento errado. Cabendo, após isso, realizar o registro corretamente. 
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D
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o 
2008 
Jan. 
8 Fornecedores 
Caixa 
Pagamento Duplicata 8765 de Irmãos 
Andrés Ltda. 
Estorno do lançamento efetuado a menor 
em 07/01/2008, referente ao pagamento de 
duplicata nº 8765, de Irmãos Andrés Ltda. 
 
 
600,00 
600,00 
 
 
 
 
 
 
2008-
Jan 
8 
Fornecedores 
Caixa 
Registro correto pagamento duplicata 8765 
de Irmãos Andrés Ltda. paga em 
07/01/2008 
 600,00 
 
600,00 
Correção 2: lançamento complementar. 
 
b Estornar significa lançar ao contrário, anulando o lançamento errado. 
 
89 
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2008 
Jan. 
8 Fornecedores 
Caixa 
Complemento do lançamento efetuado a 
menor em 07/01/2008 referente ao 
pagamento duplicata 8765 de Irmãos 
Andrés Ltda. 
 100,00 
 
100,00 
 
7.3.2 Valores lançados a maior 
Considere que uma empresa pagou impostos no valor de R$ 758,00 e, 
ao registrar, o contador lançou R$ 785,00. Podemos corrigir esse erro 
com um lançamento de estorno ou um lançamento retificativo (apenas 
pela diferença). Já sabemos fazer estorno total, então veremos somente 
o exemplo do lançamento retificativo. 
Lançamento errado: 
Data 
Títulos das Contas e 
Histórico 
Código 
da 
Conta 
Débito Crédito 
2008 
Jan. 
7 
PIS a Pagar 
Caixa 
Pagamento PIS 
 785,00 
 
 
785,00 
 
Correção: lançamento retificativo. Veja, o valor registrado a maior é de R$ 27,00 (785,00 
– 758,00), então basta fazer um estorno parcial, pela diferença para não precisar fazer 
dois novos lançamentos (estorno total e registro correto). Faça o razão das contas e 
verifique se o saldo fica correto. 
Data Títulos das Contas e Histórico Código da 
Conta 
Débito Crédito 
2008 
Jan. 
8 Caixa 
PIS a Pagar 
Estorno de parte do lançamento 
efetuado a maior em 07/01/2008, 
referente a pagamento de PIS. 
 27,00 
 
27,00 
 
7.3.3 Troca de uma conta por outra 
A empresa compra um veículo e na hora do registro o contador regis-
tra Móveis e Utensílios. A correção pode ser feita através de estorno e 
 
 
90 
registro correto ou estorno parcial (apenas da conta lançada incorreta-
mente). Vamos fazer um estorno parcial: 
Lançamento incorreto: 
Data Títulos das Contas e Histórico Código 
da Conta 
Débito Crédito 
2008 
Jan. 
7 Móveis e Utensílios 
Caixa 
Compra de um veículo FIAT 
UNO, ano 2005, nota fiscal 6543 
de Seminovos Ltda. 
 15.000,00 
15.000 
 
Estorno parcial: 
Data Títulos das Contas e 
Histórico 
Código 
da Conta 
Débito Crédito 
2008 
Jan. 
8 Veículos 
Móveis e Utensílios 
Transferência entre contas 
tendo em vista lançamento 
indevido em 07/01/2008, 
referente a compra de um 
automóvel, Nota Fiscal 6543 
de Seminovos Ltda. 
 15.000,00 
15.000 
 
7.3.4 Inversão de contas, duplicidade e omissão de lançamentos 
Outros erros comuns são inversão de contas (debita-se a conta que 
deveria ser creditada e vice-verso) e duplicidade de lançamentos (lan-
ça-se duas vezes o mesmo fato contábil). Em ambas as situações, pro-
cede-se o estorno total do lançamento incorreto, seguido do lançamen-
to correto no caso da inversão de contas. 
No que se refere à omissão de lançamentos (não registro de um fato 
contábil na data correta), procede-se o registro na data em que se veri-
ficou a omissão, mencionando no histórico o motivo e a data correto 
do evento. Quando a omissão implicar falta de recolhimento de impos-
tos, a empresa deverá providenciar os respectivos recolhimentos, es-
pontaneamente, acrescidos dos encargos correspondentes. 
Bibliografia 
1. Contabilidade Básica – de José Carlos Marion – Ed Atlas 
 
91 
2. Curso de Contabilidade para não-contadores – Sérgio de Iudícibus 
e José Carlos Marion – Ed Atlas 
3. Contabilidade Fácil – de Osni Moura Ribeiro – Ed Saraiva 
Nas obras citadas você encontra em detalhes a mecânica da escritura-
ção e suas regras, bem como uma série de exercícios que o auxiliarão a 
fixar o conteúdo estudado. Para aprofundar seu estudo, sugerimos a 
leitura do Texto Estornos e Retificação de Lançamentos, disponível em 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/estornoseretificlanc.ht
m. 
Ponto final 
Muitos
detalhes? Não se assuste, encare a escrituração como um ‘jogo, 
lembrando-se sempre da regra principal: 
ORIGEM = crédito (receitas, obrigações e patrimônio líquido) 
APLICAÇÃO = débito (bens, direitos e despesas) 
Tenha sempre em mãos o plano de contas e siga os passos da escritu-
ração: 
1ª PASSO: identificar o local e a data da ocorrência do fato. 
2ª PASSO: identificar os elementos envolvidos. 
3ª PASSO: identificar as contas que serão utilizadas para registrar os 
elementos envolvidos no fato. 
4ª PASSO: identificar a conta que será debitada e a conta que será 
creditada. Após identificadas as contas a serem utilizadas no lan-
çamento, precisamos saber qual delas será debitada e qual será 
creditada. Para isso, precisamos seguir as REGRAS GERAIS estu-
dadas anteriormente. 
5ª PASSO: preparar o histórico do lançamento. 
 
8 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Nos capítulos anteriores você aprendeu a registrar os fatos administra-
tivos. Neste capítulo você aprenderá a apurar o Resultado do Exercício 
de forma simplificada. Saliente-se que a apuração do resultado das 
empresas/entidades, envolve uma série de procedimentos: 
a. elaboração do balancete de verificação; 
b. inventários; 
c. conciliação de saldos de contas; 
d. apuração do resultado bruto e líquido; 
e. cálculos e contabilizações de provisões, participações, reservas e 
dividendos; 
f. elaboração das demonstrações financeiras. 
Assim, diante da complexidade de procedimentos envolvidos, adota-
mos o procedimento simplificadoa para que você, acadêmico do curso 
de Administração, compreenda a essência da apuração do resultado. 
Assim, neste capítulo nos dedicaremos aos procedimentos práticos de 
apuração do resultado do exercício, mãos à obra! 
8.1 Conceito 
Ao final de cada exercício social (período normalmente compreendido 
entre 01 janeiro e 31 de dezembro), as contas de resultado (receitas, 
 
a Cabe salientar que nesta apuração simplificada desconsideramos os cálculos e contabilizações de lucro 
bruto, Provisão para pagamento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido e Imposto de Renda, da 
Distribuição de Lucros, além de outros procedimentos que são comuns na apuração do resultado do 
exercício. Justifica-se esta metodologia pois o objetivo do presente capítulo é instrumentalizá-lo a dominar 
o mecanismo da apuração do resultado. 
 
93 
despesas, custos) têm seus saldos encerrados (zerados). Mas o que 
significa apurar o resultado do exercício? 
Apurar o resultado do exercício segundo Ribeiro (2009, p. 171), 
“consiste em verificar, por meio das Contas de Resultado (receitas e 
despesas), se a movimentação do Patrimônio da empresa apresentou 
lucro ou prejuízo durante o exercício social”. 
 
O referido autor apresenta um roteiro para apuração do resultado, a 
saber: 
1º. Elaborar um Balancete de Verificação, composto por contas cujos saldos 
serão extraídos do Livro Razão; 
2º Transferir os saldos das contas de despesas/custos para a conta transitória 
RESULTADO DO EXERCÍCIO (credita-se as contas de despesas/custos e 
debita-se a conta Resultado do Exercício); 
3º Transferir os saldos das contas de receitas para a conta transitória 
RESULTADO DO EXERCÍCIO (debita-se as contas de receitas e credita-se a 
conta Resultado do Exercício); 
4º Apurar, no livro Razão, o saldo da Conta Resultado do Exercício. Lembre-se 
que esta conta recebe a crédito o valor de todas as receitas e a débito o montante 
das despesas/custos, assim, se seu saldo final for credor significa dizer que o 
total das receitas supera o total de despesas/custos e, portanto, o resultado do 
exercício foi superavitário, portanto a empresa obteve lucro. Caso o saldo seja 
devedor, a empresa obteve déficit/prejuízo no exercício, tendo em vista que as 
despesas/custos superam o valor da receita do período; 
5º Transferir o saldo da Conta de RESULTADO DO EXERCÍCIO para Reservas, 
se for lucro e para Prejuízos Acumulados se for prejuízo (contas do Patrimônio 
Líquido conforme estudado anteriormente); 
6º. Apurar o Balanço Patrimonial; 
 
 
8.2 Exemplo Prático 
Observe o Balancete da Cia Progresso em 31/12/20XX (1º Passo para 
apuração do Resultado do Exercício): 
Cia Progresso Data: 31/12/XX 
CONTAS Saldo devedor Saldo credor 
Ativo 
Caixa 11.500 
Banco Conta Movimento 8.000 
 
 
94 
Estoque de Mercadorias 18.000 
Clientes 13.000 
Móveis e Utensílios 25.000 
Subtotal 1 75.500 
Passivo e PL 
Fornecedores 18.800 
Empréstimos 12.300 
Impostos a Recolher 7.000 
Aluguel a Pagar 1.200 
Capital Social 20.000 
Reservas 2.000 
Subtotal 2 61.300 
Receitas 
Vendas a Vista 36.000 
Vendas a Prazo 33.000 
Subtotal 3 69.000 
Despesas e Custos 
CMV 31.400 
Comissões 2.800 
Aluguel 4.000 
Impostos Incidentes sobre 
Vendas 
 5.000 
Salários e Encargos 11.600 
Subtotal 4 54.800 
Subtotal 5 130.300 130.300 
 
Na sequência (2º e 3º passos), vamos transferir os saldos das contas de 
despesas para a conta Resultado do Exercício, como segue: 
DATA TÍTULOS DAS CONTAS 
E CONTAS/HISTÓRICO 
CÓDIGO 
DA 
CONTA 
DÉBITO CRÉDITO 
31/12 
 
 
 
 
 
 
 
 
20XX 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resultado do Exercício 
CMV 
Comissões 
Aluguel 
Impostos Incidentes 
s/vendas 
Salários e Encargos 
Valor que transferimos 
pela apuração do 
 54.800 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31.400 
2.800 
4.000 
5.000 
11.600 
 
 
 
 
95 
31/12 
 
 
 
 
 
20XX 
 
 
 
 
 
resultado do exercício 
 
Resultado do Exercício 
Vendas a Vista 
Venda a Prazo 
Valor que transferimos 
pela apuração do 
resultado do exercício 
 
36.000 
33.000 
 
69.000 
 
 
 
 
 
Importante: 
O que significa transferir o saldo de uma conta para outra, quer seja de 
despesas para Resultado do Exercício? Significa zerar o saldo da conta 
de despesa (conta de origem) e lançar o respectivo saldo na conta de 
destino, no caso Apuração do Resultado do Exercício. Assim, se o valor 
da conta estiver no débito (como nas despesas), será lançado a débito 
na conta Resultado do Exercício (conta de destino); se o saldo da conta 
estiver no crédito (como nas receitas) será lançado a crédito na conta 
Resultado do Exercício (conta de destino). 
4º Passo: Apurar no livro Razão o saldo da Conta Resultado do Exercí-
cio 
Agora transferimos os total das receitas e despesas para a conta Resul-
tado do Exercício: 
Conta: Resultado do Exercício Código: 
Data Histórico Débito Crédito Saldo 
 D/C Valores 
 31/dez/20XX 
Saldo transf 
receitas 
 69.000 C 69.000 
31/dez/20XX 
Saldo transf 
despesas 
54.800 C 14.200 
 
Veja bem, agora que todas as contas de resultado (receitas e despe-
sas/custos) estão zeradas e seus respectivos saldos foram transferidos 
para a conta Resultado do Exercício, necessária se faz a apuração do 
saldo desta conta (credor ou devedor) para sabermos se a empresa 
apresentou lucro ou prejuízo em suas atividades no referido período. 
Como o saldo apurado é de R$ 14.200,00 credor, este saldo correspon-
de a lucro (pois o total das receitas (R$ 69.000,00) é superior ao total 
das despesas/custos (R$ 54.800,00). 
 
 
96 
5º. Passo: Transferir o saldo da conta Resultado do Exercício para a 
conta Reservas (se for lucro) ou Prejuízos Acumulados (se prejuízo). 
Saliente-se que na prática, o resultado do exercício, quando positivo 
(lucro) tem várias destinações: uma parcela vai para o governo (Con-
tribuição Social para o Lucro Líquido e Imposto de Renda); uma parte 
para remuneração de dirigentes e colaboradores (participação nos 
lucros); uma parte poderá ser destinada à constituição de reservas
(lucros retidos com finalidade específica: reserva legal, reserva de 
contingências, reservas estatutárias, reservas de lucros a realizar, etc.); 
uma parte será destinada aos titulares ou acionistas na forma de divi-
dendos. 
Caso no Balanço Patrimonial constem prejuízos acumulados em exer-
cícios anteriores, estes deverão ser compensados com parte ou total 
dos lucros apurados. No presente estudo, apenas para caracterizar o 
aumento do Patrimônio Líquido em decorrência do lucro apurado, 
vamos transferir todo o saldo credor da conta Resultado do Exercício 
para a conta Reservas. 
DATA TÍTULOS DAS 
CONTAS E 
CONTAS/HISTÓRICO 
CÓDIGO 
DA 
CONTA 
DÉBITO CRÉDITO 
31/12 
 
 
 
20XX Resultado do Exercício 
Reservas 
Transferência que se 
processa referente ao 
lucro líquido apurado 
no período. 
 14.200 
14.200 
 
 
 
6º. Passo: Apurar o Balanço Patrimonial 
Cia. Progresso 
Data: 31/12/XX 
CONTAS Saldo devedor Saldo credor 
Ativo 
Caixa 11.500 
Banco Conta Movimento 8.000 
Estoque de Mercadorias 18.000 
Clientes 13.000 
Móveis e Utensílios 25.000 
TOTAL 75.500 
 
97 
Passivo e PL 
Fornecedores 18.800 
Empréstimos 
 
12.300 
Impostos a Recolher 7.000 
Aluguel a Pagar 1.200 
Capital Social 20.000 
Reservas 16.200 
TOTAL 75.500 
 
Observe que na conta reservas tínhamos um saldo anterior de R$ 
2.000,00 que, acrescido aos R$ 14.200,00 apurados do resultado do 
exercício, resultou em R$ 16.200,00. 
Ponto Final 
Você já aprendeu que ao final de cada exercício social, o que normal-
mente coincide com o final de cada ano, o setor de Contabilidade da 
empresa realiza uma série de procedimentos visando à apuração do 
resultado do exercício. Tais procedimentos têm por finalidade verificar 
se a empresa obteve lucro ou prejuízo em suas operações. 
Para se apurar o Resultado do Exercício o primeiro procedimento é o 
levantamento do Balancete de Verificação, composto por todas as 
contas utilizadas durante o ano, com seus respectivos saldos extraídos 
do Livro Razão. De posse do Balancete de Verificação, a apuração do 
resultado envolve levantamentos físicos (inventário de mercadorias, de 
materiais e de documentos), apuração do resultado bruto (conta mer-
cadorias), apuração do resultado líquido (cálculos e contabilizações de 
depreciações, amortizações, provisões para créditos de liquidação 
duvidosa; ajustes em contas de despesas e receitas em atendimento ao 
princípio da competência); cálculos e contabilizações das deduções, 
participações e destinações do resultado do exercício, concluindo com 
a elaboração das demonstrações financeiras. 
Referências Bibliográficas 
FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 7ª Ed. Editora Ferreira: 
Rio de Janeiro, 2009. 
RIBEIRO, Osni Moura.Contabilidade Básica Fácil. 26ª Ed. Ampliada e 
Atualizada. São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
9 INVENTÁRIO 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Ainda sob o enfoque do ciclo contábil, cabe-nos estudar o inventário, 
função administrativa e contábil que consiste no levantamento dos 
elementos patrimoniais, sua classificação e seus valores. O inventário é 
a determinação e contagem, amostral ou total, dos elementos que inte-
gram o patrimônio de uma entidade (física ou jurídica).a 
9.1 Classificação do Inventário 
Considerando-se a importância que o inventário representa na vida 
econômica, financeira e patrimonial de uma entidade, é necessário 
observar-se e seguir alguns critérios quanto à sua classificação: 
a. Segundo os Fins: 
� Inventário de Exercício ou de Gestão (levantado no período 
normal da empresa, cuja avaliação dos bens obedece ao seu 
custo ou ao preço de reposição (raramente), ou ao preço mé-
dio ponderado; 
� Inventário de Instalação ou de Constituição (formação do ca-
pital social inicial); 
� Inventário de Fusão ou Aquisição (reunião dos patrimônios 
das empresas; o critério de avaliação obedece ao interesse das 
partes); 
� Inventário de Consignação e Transferência (passagem de ges-
tão de um diretor para outro e ou quando da entrega de al-
gum componente patrimonial à guarda de alguém); 
 
a A noção de que as expressões balanço e inventário têm o mesmo significado é equivocada. Inventário 
refere-se à contagem de todos os elementos patrimoniais, enquanto balanço é a representação gráfica do 
patrimônio. Pode-se fazer inventário sem se fazer balanço, entretanto, não se pode fazer balanço sem se 
fazer o inventário. 
 
99 
� Inventário de liquidação (extinção da entidade, por falência 
ou vontade própria dos sócios). 
b. Segundo a Extensão: 
� Completo, total ou geral (todos os elementos); 
� Parcial ou especial (abrange apenas parte do patrimônio da entidade 
– determinado grupo de elementos patrimoniais e ou uma amostra de 
todos os grupos). 
c. Quanto à Forma: 
� Analíticos ou descritivos (descrevem todas as características do 
elemento patrimonial); 
� Sintéticos ou genéricos (reunidos em grupo conforme a natureza do 
item). 
d. Quanto à Periodicidade 
� Ordinário (realizados em datas pré-fixadas); 
� Extraordinário (em casos especiais, auditoria, por exemplo). 
e. Quanto ao Aspecto Legal 
� Obrigatório ou legal (levantamento do estoque de mercadorias por 
ocasião do Balanço Patrimonial); 
� Estatutário (periodicidade, forma; extensão, fins definidos pelo 
estatuto) 
� Contratual; 
� Facultativo. 
f. Quanto às Fontes de Obtenção dos Dados 
� Contábil (baseados em documentos e registros de origem contábil); 
� De fato (contagem física); 
� Misto (ambos os critérios). 
9.2 Fases do inventário 
O Inventário constitui-se de fase pré-inventarial, execução do inventá-
rio, e registro de inventário. 
 
 
 
100 
9.2.1 Fase pré-inventarial 
Consiste no estabelecimento de regras que nortearão a execução do 
inventário: 
a. Fixação das datas de início e término do inventário; 
b. Designação das pessoas que irão trabalhar no inventário; 
c. Instruções detalhadas sobre a tarefa e sua importância (critérios de 
mensuração a serem observados, forma de registro dos dados co-
letados, procedimentos para análise das diferenças encontradas, 
providências objetivando as correções, roteiro do inventário, etc.); 
d. Formulários especiais a serem utilizados (listas dos materiais a 
inventariar, formulários de coleta de dados); 
e. Relatório do trabalho. 
9.2.2 Execução do inventário 
Após a preparação da unidade a ser inventariada (e dos agentes en-
volvidos no inventário) dá-se início ao levantamento físico dos itens 
patrimoniais. Atenção especial a algumas informações úteis: 
a. Materiais obsoletos devem ser destacados com antecedência e 
inventariados separadamente; 
b. Materiais de contagem impraticável devem ser mensurados por 
estimativa (areia e brita, por exemplo, devem ser quantificadas 
por m3); 
c. Materiais com embalagem-padrão, de manuseio inconveniente e, 
geralmente delicado, toma-se o número de embalagem e multipli-
ca-se pelo número de unidades (pregos, por exemplo). 
9.2.3 Registro de inventário 
O decreto no. 21.032, de 27/02/1971, instituiu o modelo especial de 
livro para\registro de inventário de estoques. Em seu artigo 8º. Estabe-
lece que o Livro de Registro de Inventário, modelo 7, destina-se a arro-
lar, pelos seus valores e com especificação que permita sua perfeita 
identificação, as mercadorias, as matérias-primas, os produtos inter-
mediários, os produtos manufaturados e os em fabricação existentes na 
época do balanço. Hoje, através da informatização, usa-se folhas avul-
sas que são posteriormente encadernadas. 
 
101 
9.3 Critérios de avaliação dos ativos 
Avaliação, segundo Ferreira (1986, p.205) é o “ato ou efeito de avaliar; 
apreciação; análise;
valor determinado pelos avaliadores”, dando uma 
noção mais restrita a itens monetários, enquanto mensuração, Ferreira 
(1986, p.119) coloca que é o “ato de medir ou mensurar; medição; de-
terminar a medida de...” enfatizando algo mais amplo englobando os 
itens monetários e não monetários. 
Sendo assim Mock & Grove, apud Guerreiro (1989, p.80) destacam que 
sistema de mensuração é o “conjunto de procedimentos que atribui 
números a objetos e eventos com o objetivo de prover informações 
válidas, confiáveis, apropriadas e econômicas para as tomadas de 
decisões”. 
A Lei 11.638/07 trouxe importantes e significativas alterações no que 
diz respeito aos critérios de classificação e avaliação dos ativos, aplicá-
veis tanto ao ativo circulante quanto ao não circulante. 
No que diz respeito aos critérios de avaliação, a nova lei introduziu o 
conceito de fair value, ou em português, valor justo, que corresponde 
ao montante pelo qual determinado item poderia ser transacionado 
em um mercado ativo entre participantes dispostos e conhecedores do 
assunto, em uma transação sem favorecimento. Embora valor justo e 
valor de mercado sejam conceitos diferentes, é possível assumir em 
determinadas circunstâncias, que ambos possuem valor igual ou pró-
ximo. 
A Lei 11.941/09 determinou que instrumentos financeiros, inclusive 
derivativos, direitos e títulos de crédito classificados no circulante ou 
realizável a longo prazo a serem avaliados a valor justo são aqueles 
destinados à negociação imediata ou disponíveis para venda futura. 
Tal critério implica ajustar o valor desses ativos (para maior ou para 
menor) cada vez que houver necessidade de publicar as demonstra-
ções financeiras. Tais ajustes terão como contrapartida o resultado do 
período para aqueles destinados à negociação imediata e uma conta de 
patrimônio líquido denominada AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRI-
MONIAL para aqueles disponíveis para venda futura. 
Para efeito de avaliação o valor justo será: 
a. Para as matérias-primas e bens do almoxarifado, o preço de repo-
sição, mediante compra no mercado; 
 
 
102 
b. Para os bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de 
realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e 
demais despesas necessárias para a venda e a margem de lucro; 
c. Para os investimentos, o valor pelo qual possam ser transferidos a 
terceiros; 
d. Para os instrumentos financeiros, a definição de valor justo, apre-
sentada anteriormente. 
IMPORTANTE: Caso não haja mercado ativo, a avaliação se fará por 
comparação a um instrumento financeiro similar. 
Os investimentos que se pretende resgatar apenas na data de seu ven-
cimento continuarão a ser registrados por seu valor original, ajustado 
por correções, juros, variações de câmbio ou outras formas contrata-
das. Se o valor de mercado na data de publicação inferior ao custo, 
deve-se provisionar a perda contra resultado. 
Os ativos não classificáveis como destinados à negociação imediata ou 
disponíveis para venda futura serão avaliados ao valor de custo ou 
emissão, ajustados pelo provável valor de venda (se este for inferior). 
No caso do imobilizado, o ajuste se fará se o valor de aquisição, dedu-
zido da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão for 
superior ao valor de realização. 
9.3.1 Outros Critérios De Avaliação De Estoques 
O custo das mercadorias estocadas é determinado com base no valor 
de aquisição constante das Notas Fiscais de compra, acrescido das 
despesas acessórias (frete, por exemplo) e dos impostos, taxas e contri-
buições que não forem recuperados pela empresa no momento da 
venda das mercadorias (notem bem, no caso do ICMS NÃO É CUS-
TO). 
A empresa poderá adquirir os mesmos tipos de mercadoria em datas 
diferentes, de fornecedores diversos, pagando por elas preços varia-
dos. Assim, adota-se como critério para determinação do custo dessas 
mercadorias: Custo Específico, PEPS (Primeiro a Entrar Primeiro a 
Sair); UEPS (Último a Entrar Primeiro a Sair) e Custo Médio Pondera-
do, a saber: 
a. CUSTO ESPECÍFICO: consiste em atribuir a cada unidade do 
estoque o preço efetivamente pago por ela. É um critério que só 
 
103 
pode ser utilizado por mercadorias de fácil identificação física, 
como imóveis para revenda, veículos usados, etc.; 
b. PEPS; adotando este critério para avaliação dos estoques a empre-
sa atribuirá às mercadorias estocadas os custos (preços de aquisi-
ção) mais recentes; 
c. UEPS: neste caso, a empresa considera os custos (preços de aquisi-
ção) mais antigos. Não é utilizado pela dificuldade de aplicação e 
pela não aceitação da legislação do Imposto de Renda; 
d. CUSTO MÉDIO PONDERADO: segundo este critério, as merca-
dorias são avaliadas pela média dos custos de aquisição, atualiza-
dos a cada compra efetuada. 
O critério mais utilizado é o custo médio porque espelha maior reali-
dade os Custos, no Lucro e no Estoque Final. Cabe ressaltar que na 
elaboração do Balanço Patrimonial, a avaliação de estoques obedecerá 
aos critérios estabelecidos no artigo 183 da Lei 6.404/76, ou seja, custo 
de aquisição deduzido da provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, 
quando este for inferior. 
9.4 Critérios de avaliação de passivos 
Para efeito de avaliação de passivos, observa-se: 
a. As obrigações encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclu-
sive IR a pagar com base no resultado do exercício, serão compu-
tadas pelo valor atualizado até a data do balanço; 
b. As obrigações em moeda estrangeira serão convertidas em moeda 
nacional à taxa de câmbio em vigor na data de elaboração das de-
monstrações financeiras; 
c. As obrigações, encargos e riscos classificados no Passivo Não 
Circulante serão ajustados ao seu valor presente (valor atual, des-
contando-se a taxa de juros implícita). 
Ponto Final 
No final de cada exercício, as empresas devem inventariar seus esto-
ques de materiais (matérias primas, materiais de embalagem, etc.), 
produtos acabados e em elaboração, serviços em andamento e merca-
dorias para revenda.Tal inventário deve ser escriturado no “Livro de 
Registro de Inventário”, sendo que devem ser observadas as prescri-
 
 
104 
ções fiscais exigidas (ICMS, IPI e Imposto de Renda). Além do inventá-
rio dos estoques, as empresas devem (re) avaliar os seus bens, conside-
rando-se a legislação vigente (Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09) abordada 
no presente capítulo. 
Referências Bibliográficas 
Lei 11.638/07. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm 
Lei 11.941/09. Disponível em 
http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Leis/2009/lei11941.htm 
CPC 12. Disponível em http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_12.pdf 
 
REFERÊNCIAS POR CAPITULO 
cAPÍTULO 1 
a Marion, 2006, p. 26. 
a Ribeiro, 2003, p. 14. 
a Franco, 1996, p. 31. 
a Marion, op. cit., p. 25. 
a RIBEIRO, 2002, p. 34. 
a RIBEIRO, 2003, p. 25. 
a Ibid., p. 27. 
 
CAPÍTULO 2 
a MARION, 2003, p. 39. 
a BRASIL, 1976. 
a BRASIL, 2007. 
a Id. 
 
a BRASIL, 2002. 
a BRASIL, 1976. 
 
CAPÍTULO 3 
a MATARAZZO, 2003, p. 43. 
a IUDÍCIBUS; MARION, 2006, p. 19. 
a BRASIL, 1976. 
a Id. 
a Ibid., p. 29. 
 
CAPÍTULO 4 
a MARION, 2006, p. 78. 
a Ibid., p. 386. 
a Ibid., p. 106.

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