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Contexto histórico e nascimento da sociologia A sociologia nasceu no séc. XVII, decorrente das mudanças sociais da Revolução Industrial (mudanças econômicas) e a Revolução Francesa (mudanças políticas). Revolução Industrial - Modificações na área econômica, consolidando o capitalismo: Utilização da máquina, concentração do capital, novas formas de produção e de utilização do trabalho, divisão do trabalho, grandes empresas. - Modificações sociais: Desemprego, êxodo rural, crescimento demográfico, urbanização crescente e desorganizada (sem saneamento, prostituição como forma de sobrevivência, mulheres e crianças expostas a longas jornadas de trabalho, violência, doenças). - Modificações políticas: Surgimento do proletariado e sua consciência de classe (momento em que o homem perde sua capacidade de produção total e vai para as fábricas. Ex: Desaparecimento dos artesãos independentes, pequenos produtores proprietários). Revolução Francesa - Trouxe poder político para a burguesia. Destruiu os fundamentos da sociedade feudal e promove profundas transformações sociais. - Surge o positivismo: Pensadores da época, concentram reflexões sobre as consequências da revolução. São pensadores de afirmação dessa nova ordem social, freiam cada possível revolução dos trabalhadores apaziguando-os. São contrários aos Iluministas, sendo seu lema Ordem e Progresso. - Outros fatores: Mudanças na forma de pensamento, renunciando as explicações teológicas e adotando posturas racionais. (séc. XVII -> racionalistas -> avanço científico). - Iluministas: Eram contra o sistema feudal, criticavam as instituições. Teóricos Fundadores da Sociologia - August Comte -> positivista - Saint Simon -> positivista - Emile Durkhein -> inspirado no positivismo para criar a teoria funcionalista August Comte Conservador, favorável ao capitalismo. Para haver coesão e equilíbrio na sociedade, era preciso restabelecer a ordem nos conhecimentos, criando crenças comuns a todos os homens. O espírito positivo levaria a organização social. A sociologia seria o elo que ligaria a ordem da sociedade ao progresso. Saint Simon Conservador (porém menos que Comte). O industrialismo satisfaria as necessidades da população e que a paz e o progresso viriam com o progresso econômico. A elite (industriais, cientistas) deveria fornecer melhores condições de vida para a classe trabalhadora e propiciar a “ordem, paz e progresso”, processo de acomodação da classe trabalhadora. A sociologia deveria orientar a indústria e a produção. Divisão do trabalho - Positivistas: Gerador de solidariedade - Marxistas: Exploração do trabalhador, contradições sociais e classes sociais em conflito. Função da sociologia - Positivistas: Conservação social e reorganização da nova ordem social, o capitalismo. - Marxistas: Ciência que deve instrumentalizar a classe trabalhadora. Função de transformação social. Neutralidade científica - Positivistas: Só é estudo científico se for neutro. Deve-se afastar da análise juízos de valor, ideologia e posição política. - Marxistas: Não existe neutralidade porque o pesquisador pertence a uma classe social e tende a reproduzir os interesses da mesma. É científico o estudo que desvenda as causas do fenômeno. - Weber: Seleciona o que é importante, estuda através dos valores. Em um primeiro momento deve-se escolher o essencial pra estudar, recorrendo aos seus valores, não havendo neutralidade. Em um segundo momento há o estudo neutro, com a construção de um instrumento de análise (tipo ideal). Durkhein Teoria FUNCIONALISTA - Objeto de estudo: Fatos sociais. Maneiras de agir, pensar e sentir. Maneiras: coercivas, generalizadas, independentes e exteriores aos indivíduos. - Definição de sociologia: “Ciência das instituições, de sua gênese e funcionamento.” A sociedade funciona porque tem instituições que exercem um papel social, e nós estamos inseridos neste sistema de sociedade. - Função da sociologia: Determinar os efeitos sociais úteis das instituições. Detectar e buscar soluções para os problemas sociais, restaurando a normalidade social e acabando com a anomia (ausência de regras). Manter a coesão social. - Método: Método das ciências da natureza, preocupando-se com a neutralidade e objetivo da pesquisa. Objetivismo positivista: Observação, experimentação e comparação para determinar as leis sociais. Os fatos sociais devem ser considerados “coisas” exteriores aos indivíduos. - Visão de sociedade: Pela divisão do trabalho há a solidariedade, cooperação e integração. Sistema harmônico integrado com os papéis dos indivíduos nas instituições. A sociedade é um organismo vivo. Solidariedade Mecânica: Individuo – Sociedade. Relações diretas com condutas orientadas por normas gerais. Consciência coletiva uniforme. Pequenas divisões do trabalho: Semelhanças de atividades, semelhanças de representações (maneira de pensar). Há moralidade alta (Igreja, escola, Estado). Solidariedade Orgânica: Indivíduo – Instituições – Sociedade. Relações indiretas com consciência coletiva fragmentada. Há grande divisão do trabalho: Diferentes atividades com funções especializadas, diferentes representações (enfraquecendo a moralidade e a coesão social – há divergências), ocasionando anomia. - Desigualdade social: É algo normal, derivada da ausência de regras sociais. - Mudança social: Admite-a no sentido evolutivo, para estabelecer e restaurar a ordem. A ordem estabelecida não muda, apenas ocorrem correções. Os fatores que podem desencadear mudanças são de natureza geográfica (terremotos, secas, inundações), de natureza biológica (epidemias, crescimento demográfico) ou de natureza cultural (descobertas científicas, invenções). Max Weber Teoria COMPREENSIVA - Objeto de estudo: Ações humanas. Ações entre os indivíduos assumem formas duráveis que constituem o fundamento das estruturas sociais. - Definição de sociologia: Ciência voltada para a compreensão interpretativa das ações sociais e, por essa via, para a explicação e os efeitos das mesmas. Damos uma ação por compreendida quando seu sentido nos parecer evidente. O grau máximo de evidência de uma ação é compreendido de uma ação racional. - Função da sociologia: Compreender os motivos das ações individuais, oferecer ao homem de ação entendimento claro de sua conduta, desenvolvimento da racionalidade na administração da sociedade. - Método: Histórico comparativo, propondo o tipo ideal, que serve para determinar o sentido subjetivo da ação. Hipóteses de interpretação que devem ser comprovadas com a observação estatística. O tipo ideal serve para perceber os desvios no desenvolvimento esperado da ação racional. Ações racionais com relação a fins (objetos a serem alcançados). Ações racionais com relação a valores (ético, poético, religiosos). Ações afetivas (emotivas). Ações tradicionais (costumes). - Visão de sociedade: Racionalização: Resultado da especialização e da diferenciação técnica peculiar da civilização ocidental. Capitalismo: Expressão da modernização e uma forma de racionalização crescente. Burocracia: Baseia-se na racionalidade e converte-se no destino inelutável da sociedade. Leva a um mundo intelectualizado e artificial. - Desigualdade social: Dominação racional, baseada em leis. A sua forma típica seria a burocracia. Dominação tradicional, baseada nos costumes, teria como forma típica a gerontocracia (idosos), patriarcalismo (pai) e patromonialismo (soberanos). Dominação carismática seria através do carisma, tendo como forma típica os profetas, chefes guerreiros. Karl Marx Teoria MARERIALISTA HISTÓRICA - Objeto de estudo: Relações de produção, classes sociais e contradições da sociologia. - Definição de sociologia: Teoria ligada à prática. A prática seria a ponte entre a teoria e a realidade. - Função da sociologia: Contribuir para a transformação da sociedade, onde a teoria deve estar ligada à prática revolucionária. - Método: Materialismo dialético. Materialismo: 1ª Materialidade do mundo: Todos os fenômenos são materiais. 2ª A matéria é anterior à consciência, que é reflexo da realidade social. 3ª O mundo é conhecível. Somos capazes de conhecer a essência, a causa dos fenômenos e a realidade. Dialética: Obriga a análise mais ampla das situações. - Visão de sociedade: Totalidade complexa, dinâmica e contraditória. O homem com suas relações e seu trabalho modifica a sociedade. Constituída de classes sociais antagônicas e em constante conflito e contradição, gerando transformações. Infraestrutura¹ e superestrutura² expressam a relação existente entre o nível econômico e os níveis jurídicos. (1 estrutura econômica formando a base 2 corresponde a ideias sociais e instituições) - Mudança social: Através de rupturas há a resolução social, fruto do conflito de classes. Positivo quando muda a estrutura da sociedade. - Fontes do pensamento europeu: Socialismo utópico, dialética e economia política. Desigualdade Social Emile Durkhein A desigualdade é normal, derivada da ausência de regras sociais (anomia). Gera um sistema de indivíduos em camadas sociais hierarquizadas (conforme bens ou status). A desigualdade é funcional, pois serve de motivação para grandes cargos e para que haja mais especialização para que se alcancem cargos chaves, como recompensa. É algo universal, encontrado em todas as sociedades. Max Weber Há três elementos de diferenciação social: Classe, status e partido. - Classe: Grupos que se definem por interesses comuns no mercado, exprimindo relações sociais no âmbito da produção econômica. - Status: Se definem por estilos de vida específicos, exprimindo relações sociais no âmbito do consumo. - Partido: Grupo explicitamente orientado para a aquisição e manutenção da liderança política. * Os três elementos são fenômenos de distribuição de poder, que para Weber não está necessariamente ligado à dominação econômica. Karl Marx As desigualdades sociais são estabelecidas pela própria sociedade e são a base da excelência das classes sociais. No capitalismo as desigualdades são provocadas pelas relações de produção as quais dividem os homens em proprietários e não proprietários dos meios de produção. O surgimento da propriedade é o pressuposto básico da divisão social do trabalho e o incremento do nível de riquezas por ele gerado. A sociedade se divide em duas classes antagônicas ligadas por uma relação de exploração (burguesia x proletariado). Cultura (Você tem cultura? Roberto da Matta) Usa-se cultura como sinônimo de sofisticação, de sabedoria, de educação no sentido restrito do termo, referindo-se a um certo estado educacional das pessoas, querendo indicar com isto sua capacidade de compreender ou organizar certos dados e situações. Neste sentido, a cultura é usada para classificar as pessoas e, as vezes, grupos sociais, servindo como uma arma discriminatória contra algum sexo, idade, etnia ou mesmo sociedades inteiras (senso comum). Em antropologia social e sociologia, cultura é um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. E justamente por compartilharem deste código que um conjunto de indivíduos com interesses e capacidades distintas e até mesmo opostas, transforma-se num grupo e pode viver junto sentindo-se parte de uma totalidade. Podem, assim, desenvolver relações entre si porque a cultura lhes forneceu normas que dizem respeito aos modos, o comportamento correto diante de certas situações. Por outro lado, a cultura não é um código que se escolhe. É algo que está dentro e fora de cada um de nós, como as regras de um jogo de futebol, por exemplo. As regras que formam a cultura são o que permite relacionar indivíduos entre si e com o ambiente onde vivem. Teríamos a cultura e culturas particulares e adjetivadas (popular, indígena, nordestina, de classe baixa, etc.) como formas secundárias, incompletas e inferiores da vida social. No sentido antropológico, portanto, cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Ela indica maneiras gerais e exemplos de como pessoas que viveram antes de nós se comportavam. Embora cada cultura contenha um conjunto finito de regras, suas possibilidades de atualização, expressão e reação em situações concretas são infinitas. O conceito de cultura, ou cultura como conceito, então, permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente porque diz que não há homens sem cultura e permite comparar culturas como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores. A cultura permite traduzir melhor a diferença entre nós e os outros e, assim fazendo, resgatar a nossa humanidade no outro e a do outro em nós mesmos.