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O Direito Inglês. Prof. Fabrício Ferreira. 2 Contextualização ! Período marcado pelo nascimento de Estados Centralizados nas mãos de monarcas; ! A Europa vivia o renascimento comercial de suas cidades; ! Ascensão do comércio permitiu o estabelecimento de um estilo de vida urbano na Baixa Idade Média. – Nascimento de um novo grupo social: Burguesia (os comerciantes) • A partir do séc. XII os comerciantes se unem formando associações denominadas de hansas ou ligas • A mais importante foi a Liga Hanseática manteve um monopólio comercial sobre quase todo Norte da Europa 3 4 As Rotas Comerciais 5 A Burguesia ! Burgos: eram cidades comercias fortificadas, protegidas por altas muralhas. ! Situavam-se em áreas pertencentes a feudos, por isso os comerciantes pagavam pesados impostos. 6 A formação da monarquia inglesa ! A Inglaterra fez parte do Império Romano, até, aproximadamente, o Século V, quando este pedaço da Europa é tomado pelos Germânicos. – É interessante notar que, diferentemente de quase todo o Império Romano, a sua influência não se fez notar de forma marcante na Bretanha, pois, a sua população rejeitou tanto o poder de Roma quanto dos povos bárbaros. 7 A formação da monarquia inglesa ! Guilherme I, “O Conquistador”, duque da Normandia (atual França) invade e conquista a I n g l a t e r r a e m 1 . 0 6 6 , permanecendo como vassalo do Rei da França; – Dividiu a Inglaterra em condados, os shires, que eram governados pelos sheriffs, os quais tinham a au to r idade sobre senhores , burgueses e camponeses; – Iniciou uma centralização do direito, ao invés de deixá-lo nas mãos dos grandes proprietários de terras. 8 A formação da monarquia inglesa ! Os reis que sucederam Guilherme só fortaleceram o poder do monarca, e, em 1154, um nobre francês, Henrique Plantageneta herda o coroa da Inglaterra iniciando a Dinastia dos Plantagenetas; – “Henrique II (1154-1189), primeiro rei da dinastia dos Plantagenetas, conseguir impor leis válidas em todo o reino e não somente em seus domínios particulares” (CASTRO, 2008). – Neste período, além da unificação legislativa do reino, fato que levou à ampliação de seus poderes e a submissão da nobreza à common law (lei comum), houve também a retirada do poder judicial da igreja, colocando-o nas mãos de pessoas indicadas pelo Rei; – O julgamento dos clérigos era realizado nos Tribunais Comuns, e não mais pelos Tribunais Eclesiásticos; 9 A formação da monarquia inglesa ! O filho de Henrique II, Ricardo I, também conhecido por Ricardo Coração de Leão (1189-1199), não conseguiu dar continuidade a política de concentração de poder iniciada por seu pai, visto ser um homem mais voltado às armas. – Deixou o trono para combater na terceira cruzada (a cruzada dos reis em 1189) juntamente com Frederico Barba Rocha, da Prússia e Felipe Augusto, da França; – Dev ido sua ausênc i a o s s e n h o r e s f e u d a i s s e f o r t a l e c e r a m d e v i d o à s i n c o n f o r m i d a d e s c o m o aumento de impostos para patrocínio de sua Cruzada; 10 A formação da monarquia inglesa ! Seu irmão, João “Sem-Terra” (1199-1216), assume o poder após sua morte, e tenta dar continuidade a política de seu pai; – Era o filho mais moço de Henrique II e recebeu esse cognome porque não foi contemplado, quando seu pai doou províncias continentais a seus irmãos mais velhos. ! Opôs-se fortemente aos nobres; – Empreendeu uma política externa desastrosa, fato que lhe rendeu a perda de diversos feudos para os franceses; – Ao não acatar a nomeação do Arcebispo da Cantuária, indicação direta do Papa Inocêncio III, terminou excomungado em 1211. – A tal afronta, respondeu com o confisco dos bens eclesiásticos. 11 – Os nobres viram esta repreensão como um incentivo à revolta. Por fim, o país se encontrava em estado de quase guerra civil. – Para não perder o valioso apoio de Roma, no entanto, o monarca, em 1213, submeteu-se ao papa e enfeudou seus reinos à Santa Sé; – É o rei retratado nas histórias de “Hobin Hood”. – Em razão destes problemas, e, devido ao temor da usurpação do poder que possuíam, os nobres e o clero pressionam o monarca a assinar um documento intitulado: Magna Charta Libertatum. 12 Magna Charta Libertatum ! Documento assinado em 1.215, que limitou o poder monárquico; ! Era um tratado de direitos, mas principalmente de deveres, do rei para com os seus súditos – respeito às liberdades fundamentais; ! É considerado como o início da monarquia constitucional em Inglaterra; ! Tal documento terminou por implementar uma defesa das liberdades ainda não vista pela sociedade medieval. – A exemplo: o rei só podia aumentar os impostos com a aprovação do Grande Conselho, ou Conselho dos Nobres, que posteriormente veio a se transformar no Parlamento (1.265).; Criou Tribunais e os regulamentou; garantiu a liberdade de ir e vir (habeas corpus); ! Visava manter os poderes dos senhores feudais, mas terminou por unificar toda a Inglaterra; 13 Magna Charta Libertatum ! Preceitos – Governo representativo; – Organização das assembléias políticas; – Imunidades parlamentares; – Ilegitimidade das tributações sem participação dos representantes do povo; – O habeas corpus; – O tribunal do júri e numerosos princípios relacionados com os direitos e garantias individuais; 14 Magna Charta Libertatum ! Vejamos alguns dispositivos importantes: – Art. 43 – haverá em todo o Reino uma mesma medida para o vinho e a cerveja, assim como para os cereais; – Repressão à fraude e antecipação do sistema métrico; ! Garantias do cidadão: – Art. 48 – Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens, costumes e liberdades, senão em virtude de julgamento de seus pares, segundo as leis do país. – São disposições assecuratória das liberdades individuais, ir e vir, bem assemelhado ao direito hodierno. É a origem do habeas corpus. – Criava-se um freio aos abusos das autoridades judiciárias. ! Corvéia – Art. 29 – Nenhuma pessoa ou população poderá ser compelida, por meio de embargo de seus bens móveis, a construir pontes sobre rios, a não ser que haja contraído previamente esta obrigação” 15 A Guerra das Duas Rosas ! Porém, nem todos os reis, assim como o próprio João Sem-Terra, se submetiam a tal poder; ! Tal documento restou “esquecido” entre 1455 a 1485, em razão da Guerra das Duas Rosas; – lutas dinásticas pelo trono da Inglaterra, ocorridas ao longo de trinta anos de batalhas esporádicas; – Os Lancaster versus os York X 16 A Guerra das Duas Rosas Henrique VII pôs fim ao conflitos entre a nobreza, casando-se com Isabel de York , centralizou o poder e começou uma nova dinastia: TUDOR + 17 Henrique VIII ! Seu filho, Henrique VIII, casou-se com Catarina de Aragão, filha dos reis católicos espanhóis. – Em razão de seu desejo de se separar de sua esposa, e casar-se com Ana Bolena, rompe com a Igreja Católica e funda a Igreja Anglicana. – Após a sua morte, assume sua filha, Elizabeth I, que faz o absolutismo inglês chegar ao auge, principalmente após implementar uma política mercantilista extremamente bem sucedida; 18 Elizabeth ! Após a morte de Elizabeth, seu filho Jaime I sobe ao poder e defende a implementação de um absolutismo nos moldes franceses, baseado na concepção do Direito Divino, fato que não permitiria qualquer questionamento às suas decisões; ! Não obstante o absolutismo inglês, uma particularidade chama a atenção: o Parlamento continua a existir (ainda que como um mero formalismo); 19 A consolidação do Parlamento ! Posteriormente, Carlos I, tentando impor que a Escócia adotasse o culto anglicano, envolveu-se em uma guerra e, com isso, teve de submeter-se ao Parlamento para obter mais recursos; ! Entendendo que tal momento era propício, os parlamentares aproveitaram o momento para fazer com que o rei se submetesse ao texto da Petição de Direitos, documento feito para que tentar limitar seus poderes; ! Em razão disso, o rei tentou fechar o Parlamento, fato que culminou com a Revolução Puritana (população tentando proteger o Parlamento ao lado dos parlamentares) e o fortalecimento do parlamentarismo como sistema de governo e o enfraquecimento do poder real. 20 A Declaração de Direitos de 1689 – Bill of Rights ! Em 1.689 foi assinado um documento que laureou o poder do Parlamento, o Bill of Rights, que serviu, em grande parte, para limitar os poderes do rei, e submetê-lo aos comandos legais. – “O Rei não está acima da lei, portanto, ninguém pode estar”. ! O documento consolidou os ideais políticos do povo inglês: – Força ao parlamento: • Art. 1 – Que o suposto poder da autoridade real de suspender as leis ou a execução das leis sem o consentimento do Parlamento é ilegal. • Art. 6 – Que o recrutamento e a manutenção de um exército no reino, em tempo de paz, sem o consentimento do Parlamento, é contrário à lei. 21 Bill of Rights – Direito de petição • Art. 5 – Que é direito dos súditos apresentar petições ao rei e que são ilegais todos os encarceramentos e perseguições por causa dessas apresentações de petições. – Imunidade parlamentar • Art. 8 – Que a liberdade de palavra e dos debates ou procedimentos no interior do Parlamento não podem ser obstadas ou postas em discussão em nenhum Tribunal ou lugar que não seja o próprio parlamento. 22 A divisão do Direito Inglês ! Divide-se em quatro períodos históricos bem característicos: 1) período anglo-saxônico (séc. V - 1066); 2) período de criação e desenvolvimento do Common Law (1066-1485); 3) período de coexistência dualista entre Equity e Common Law (1485 – 1832); 4) período de ascensão do statute (1832 – hoje); 23 O Common Law ! A expressão “commom law” é utilizada para designar o direito comum da Inglaterra, por ocasião dos costumes locais, próprios de cada região, portanto um direito jurisprudencial mantido graças à autoridade reconhecida aos precedentes judiciários; ! A aplicação da common law orienta-se pelo princípio da obrigatoriedade do precedente judicial e que não deve ser confundido aqui com costume firmado pelo meio da prática continuada ou jurisprudência. 24 O Common Law ! Menor importância do Direito legislado (lei) em face da jurisprudência; ! Força do precedente – decisão dos tribunais; ! Formada pelos Juízes; ! Visa a dar solução a um caso e não formular uma regra geral de conduta para o futuro; ! Nasce como a lei, comum a todos os ingleses, em oposição aos direitos feudais; – Oriundo dos julgados dos Tribunais; – “É, portanto, um direito forjado por precedentes e não por legislações estabelecidas por legisladores especificamente; ! Vigente no Reino Unido, nos EUA, Nova Zelândia, Austrália, Canadá... 25 Fraqueza do Common Law e surgimento da Equity ! O formalismo rigoroso e o conteúdo puramente processual do Direito inglês faz surgir a EQUITY, com o objetivo de corrigir eventuais falhas existentes nos julgamentos dos juízes dos Tribunais Reais (séc. XV); ! Razoabilidade; ! Veio para suprir a estagnação da Common Law; 26 Equity ! Equity – sistema jurídico paralelo que visava, através de Tribunal da Chancelaria, o julgamento do caso com base no processo de Direito Canônico e na capacidade supletiva do Direito Romano; 27 Common Law X Equity ! Vicente Ráo as diferencia como: (...) a common law, formalmente, se apresenta como um direito jurisprudencial, mas substancialmente e por sua origem corresponde a um direito costumeiro, consagrado e perpetuado pela jurisprudência; Dentro deste regime, a lei (statute law) constitui, em relação ao direito comum e em certo sentido, um direito especial, que só disciplina, restritamente, as matérias que contempla, e só em relação a estas matérias prevalece, afastando-se da common law, que é o direito geral. A equity caracterizou-se, de início, não só como um meio de atenuar as regras do direito comum e do direito estatutário, senão, também, como modo de evitar a sua imobilidade, tendo, pois, a facultar a evolução do direito. 28 Modernização da Common Law ! O papel da lei cresce gradativamente ! Judicature Acts do século XIX (fusão entre common law e equity) – jurisdição única = Suprema Corte de Justiça 29 COMMON LAW X CIVIL LAW CIVIL LAW ! Países que se formaram sobre a base do direito romano (regras abstratas e genéricas); ! Séc XII – universidades; ! Séc XIX – codificação; COMMON LAW ! Formada por juízes ( r e g r a s m e n o s abstratas) ! Origem: 1066 (invasão normandos) ELEMENTO DIFERENCIADOR = IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA ÀS DECISÕES DO JUDICIÁRIO (JURISPRUDÊNCIA – PRECEDENTE) 30 A diferença ! Leis legisladas; ! Sentenças individuais (res inter alios); ! Doutrinário; ! Abstrato; ! Idealista/Rígido; ! Judge-made laws; ! Precedentes judiciais (stare decisis); ! Jurisprudencial; ! Concreto; ! Pragmático; 31 WORLD LEGAL SYSTEMS http://www.droitcivil.uottawa.ca/world-legal-systems/eng-monde-large.html