Logo Passei Direto
Buscar

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

1 
O Signo Linguístico 
Sofia Fischer∗ 
FBAUL, 2006 
 
 
Sumário 
Introdução....................................................................................................................................... 1 
Signo Linguístico........................................................................................................................... 2 
Significação.................................................................................................................................... 3 
Princípios do signo......................................................................................................................... 3 
Planos linguísticos.......................................................................................................................... 4 
Conclusão....................................................................................................................................... 5 
Referências..................................................................................................................................... 6 
 
 
Resumo 
Apresenta-se um estudo do signo linguístico, dos seus componentes e organização, com base nos 
estudos já apresentados por autores como Saussure, Barthes e Hjelmslev entre outros. 
 
 
Introdução 
Neste trabalho é explorado o tema do signo linguístico, sob o ponto de vista de 
diversos estudos que foram sendo feitos no desenvolvimento da linguística, isto é, a ciência 
que estuda a linguagem humana com todos os seus aspectos e divisões. São deste modo 
referidos pensadores, tais como Saussure, Peirce, Hjelmslev, Barthes e Jakobson entre outros, 
que se debruçaram sobre este tema. Enunciam-se as suas teorias tendo em conta a evolução do 
estudo do signo, começado por Saussure, analisando como as suas noções foram sendo 
desenvolvidas e, em parte, corrigidas, por outros autores acima citados. 
No estudo do signo linguístico procederemos primeiramente à sua definição, assim 
como à dos seus componentes e dos processos que o definem, abordando seguidamente os 
princípios e características que o regem. Abordaremos deste modo os conceitos de 
significação, como processo de formação do signo, da sua arbitrariedade e linearidade, e os 
planos linguísticos através dos quais se organiza a nossa linguagem (paradigmático e 
sintagmático). 
 
 
∗
 sofiarfischer@hotmail.com. O trabalho responde à disciplina semestral Cultura Visual II do primeiro ano da 
Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, leccionada em 2006 por João Paulo Queiroz. 
 2 
 Signo Linguístico 
O signo, como unidade linguística complexa, teve várias definições ao longo do seu 
estudo, por parte de vários pensadores. 
Saussure vê a unidade linguística como um fenómeno duplo, complexo, resultante da 
aproximação de dois termos (Saussure, 1916). O signo linguístico une não uma imagem e um 
nome, mas sim um conceito (significado) e uma imagem acústica (significante). Aqui, o 
conceito é geralmente mais abstracto face à imagem acústica, que é de leitura sensorial, não 
sendo o som material e puramente físico mas sim a sua representação fornecida a nível dos 
sentidos. Deste modo, é diferente, e deve ser distinguido da palavra pronunciada em si 
(portanto das sílabas e sons que a compõem), já que mesmo sem qualquer manifestação a 
nível físico, a palavra existe também mentalmente. Signo significa então deste modo o total 
resultante da ligação entre significado e significante, sendo esta ligação tão forte, que nos 
parece impossível que, para o conceito subjacente à palavra ‘árvore’, determinemos uma outra 
imagem acústica (que não ‘árvore’), aparentemente tão desligada da realidade. 
Já segundo Peirce, signo «é aquilo que, sob certo aspecto ou modo representa algo para 
alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez 
um signo mais desenvolvido» (Peirce, 1995: 46) Para que algo seja um signo deve então 
representar alguma outra coisa, chamada seu Objecto, podendo este ser perceptível, 
imaginável ou mesmo inimaginável. 
Hjelmslev foi um pouco mais longe na definição de signo. Seguindo o que foi já 
iniciado por Saussure, dividiu também o conceito de signo em dois planos distintos: ao 
primeiro, a que Saussure chamara significado, chamou plano do conteúdo; ao segundo, para 
Saussure significante, designou plano da expressão. Introduziu, no entanto, uma variação: 
ambos os planos têm ainda dois strata: a forma (o que pode ser descrito em coerência apenas 
pela linguística, sem fenómenos extra-linguísticos) e a substância (conjunto de aspectos dos 
fenómenos linguísticos que não podem ser descritos sem recorrer a premissas extra-
linguísticas). Temos deste modo (Barthes, 1966: 33): 
• uma substância da expressão: a substância fónica articulatória, não funcional, 
estudada pela fonética; 
• uma forma de expressão: as regras paradigmáticas e sintáticas, podendo 
portanto ter duas forma de expressão diferentes, uma gráfica e outra fónica; 
• uma substância do conteúdo: aspectos emotivos e ideológicos do significado; 
 3 
• uma forma do conteúdo: uma organização formal dos significados entre si, pela 
presença ou ausência de uma marca semântica. 
 
Significação 
Ambos estes conceitos (de significante e significado) são relacionados no processo que 
se designa significação – portanto, a união do significado ao significante. 
A representação gráfica deste processo teve várias tentativas, uma vez que tem uma 
certa ambiguidade. Deste modo, Saussure representa-a como Se/So já que, na linguagem, o 
significado surge de certa forma atrás do significante uma vez que ao primeiro é apenas 
possível aceder através do segundo. Perto desta representação, Lacan, retomado por 
Laplanche e Leclaire, representa-a como S/s, distinguindo-se da representação saussuriana já 
que a barra separatória representa aqui o recalcamento do significado; o significante (S) é 
global, assumindo uma corrente metafórica), sendo que o significante e o significado 
coincidem em certos pontos apenas. A representação gráfica de Hjemslev é a mais distinta, 
designada como E R C, sendo que é a relação (R) entre o plano da expressão (E) e o plano do 
conteúdo (C) (Barthes, 1966). 
 
Princípios do Signo 
No seu Curso de Linguística Geral, ao estudar o signo, Saussure chegou a dois 
princípios base. Uma vez que não há qualquer ligação entre o significado e significante, já que 
a ideia pode ser representada por diferentes significantes, diz-se que «o laço que une o 
significante ao significado é arbitrário» (Saussure, 1916: 124). Prova-o a diferença entre as 
línguas, assim como a existência de várias línguas, em que determinada ideia é representada 
por significantes totalmente distintos entre si. Neste conceito é precisa, no entanto, alguma 
precisão: não deve ser entendido como se o utilizador possa utilizar um qualquer significante 
para determinado significado. O significante é, sim, imotivado relativamente ao significado, já 
que não mantêm qualquer relação lógica. É devido a esta arbitrariedade do signo que este não 
pode nunca ser designado símbolo, já que nunca é totalmente arbitrário: há sempre algum 
rudimento de ligação natural entre o significado e o significante (como é o exemplo da 
balança, símbolo de justiça). Este será deste modo o primeiro princípio, ao qual se podem 
apenas por duas objecções: a primeira, relativamente a onomatopeias que, por terem uma 
sonoridade sugestiva, parecem não ser arbitrárias quanto ao significante. No entanto, resultam 
sempre de fenómenos linguísticos, sendo que na sua raiz seriam totalmente arbitrários e, 
 4 
quanto às onomatopeias autênticas, a sua escolha é, de certo modo, arbitrária pois são 
imitações aproximadas e já meio convencionais de certos sons, que variam de
língua para 
língua. A segunda objecção diz respeito a exclamações, que seguem no entanto os mesmos 
princípios: tentam ser expressões espontâneas da realidade, mas não se pode dizer que haja 
uma relação entre significado e significante, já que variam também de língua para língua. 
Quanto a este primeiro princípio, Benveniste contestou o uso do termo ‘arbitrário’, 
defendendo que a associação do som e da representação da coisa é fruto de uma educação 
colectiva (como o é a aprendizagem global de uma língua). Deste modo, a significação não é 
arbitrária (já que nenhum indivíduo a poderia mudar) sendo deste modo necessária. Propôs-se 
então dizer que, em linguística, o processo de significação é imotivado, ou antes, parcialmente 
imotivado: tal como já referido por Saussure, na relação entre o significado e o significante há 
uma certa motivação no caso das onomatopeias, assim como nas séries de signos criados a 
partir da imitação de um certo protótipo de composição ou derivação. Diz-se então que de 
uma maneira geral, o vínculo entre o significado e o significante é contratual nesse princípio 
mas que esse contrato é colectivo, inscrito numa longa naturalidade e deste modo já 
naturalizado (Barthes, 1966: 42). 
O segundo princípio refere-se à linearidade do signo (Saussure, 1916: 128). O 
significante, porque é de natureza auditiva, desenvolve-se no tempo e a ele vai buscar as suas 
características: representa uma extensão e esta é mensurável numa só dimensão (uma linha). 
Os significantes acústicos só dispõem da linha do tempo; os seus elementos apresentam-se uns 
após outros, numa cadeia. No caso dos sinais gráficos, a linearidade temporal é substituído 
pela espacial. 
Saussure realça ainda que, se frente à ideia que representa o significante se apresenta 
de livre escolha, frente à comunidade linguística que o emprega ele não é livre, mas imposto, e 
o significante escolhido pela língua não é substituível por qualquer outro (Saussure, 1916: 
130). A língua aparece assim sempre como uma herança da geração precedente, produto de 
factores históricos que explicam o porque do signo ser imutável - isto é, porque resiste a 
qualquer substituição arbitrária. Saussure vê então a língua como uma herança a receber e 
manter intacta. 
 
Planos Linguísticos 
Para Saussure e Jakobson as relações entre os termos linguísticos podem ser 
desenvolver-se em dois planos, ambos com as suas características distintas. O primeiro, o dos 
sintagmas: é uma combinação de signos cujo suporte é a extensão, que na cadeia falada é 
 5 
linear e irreversível (dois elementos não podem ser pronunciados ao mesmo tempo); a 
actividade analítica que se aplica é o corte. 
O segundo plano é o das associações: fora do discurso, na memória, as unidades que 
têm entre si qualquer coisa de comum associam-se e formam grupos em que existem relações 
diversas (educação pode associar-se pelo sentido a ensino ou educar; e pelo som a armação ou 
organização.) A actividade analítica que se lhe associa é a da classificação. 
Deste modo, o plano sintagmático está muito mais ligado à fala e o associativo à língua 
em si, mas estão os dois de tal forma ligados que o sintagma só pode “avançar” por meio de 
apelos sucessivos fora do plano associativo. 
Jakobson estabelece ainda que, a cada um destes planos, corresponde uma actividade 
mental: ao plano sintagmático corresponde o discurso metonímico e ao plano sistemático 
corresponde o discurso metafórico, sublinhando, no entanto, que a qualquer discurso serão 
necessárias estas duas formas de actividade mental (Jakobson, apud Barthes, 1966). 
 Após Saussure o estudo do plano associativo recebeu um notável desenvolvimento 
passando a ser referido como plano paradigmático ou mesmo plano sistemático. Hejmslev, no 
entanto, refere-se às relações sintagmáticas como relações e as relações paradigmáticas como 
correlações, enquanto Jakobson as designa de contiguidades e similaridades, 
respectivamente. 
 
Conclusão 
 Podemos, como conclusão, apresentar a noção de que o signo não é, de todo, uma 
unidade fechada, mas que está constantemente em estudo e pode ser entendida de 
determinadas formas, dependendo de quem a analisa. 
 Deste modo, Saussure vê o signo como a união entre o significado e o significante 
(sendo esta arbitrária). Para Hjelmlsev o signo é constituído por um plano do conteúdo 
opostamente a um plano da expressão, que divide ainda em ‘forma’ e ‘substância’. Também 
quanto ao processo de significação todos estão de acordo quanto a tratar-se do processo 
através do qual um conceito se une a uma “imagem acústica”, veículo, e tem diversas 
interpretações diferentes a nível gráfico. Quanto à forma como o signo se organiza na 
linguagem, podemos falar em dois planos, paradigmático e sintagmático, assumindo diferentes 
designações para Saussure, Hjelmlsev e Jakobson, embora com as mesmas características. 
 
 6 
Referências 
BARTHES, R. (1966/1989), Elementos de Semiologia. Lisboa: Ed. 70 
SAUSSURE, F. (1916/1999), Curso de Linguística Geral. Lisboa: Dom Quixote 
PEIRCE, C. S. (1995) Semiótica. São Paulo: Perspectiva.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?