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Liderança no grupo democrático “É provável que sem liderança nenhum grupo possa agir acertadamente na direção de seus fins. Porém, o que é liderança?” (pg. 26) “Creem muitos que o líder projeta sua personalidade sobre o grupo, mas, frequentemente, é o inverso que ocorre. O mito no “líder nato” pertence ao passado e não resiste à moderna pesquisa”. (pg. 26) “Líderes chefes militares. A organização em que eles atuam é permanente e tão completamente preparada que os deveres e responsabilidades de cada nível de chefia estão previamente definidos. A “cadeia de comando” é inviolável e, dentro dessa estrutura, até mesmo o indivíduo com poucas qualidades de líder pode trabalhar efetiva e eficientemente. Muitas organizações o adotam, embora a militar seja a mais característica. O líder deste tipo de grupo tem sido muito adequadamente chamado de líder institucional”. (pg. 27) “Líder passivo. Possui seguidores, não por haver qualquer esforço deliberado de sua parte, mas porque apresenta certas qualidades, aptidões e características muito admiradas.” (pg. 27) “Líder carismático. Todas as grandes religiões foram fundadas por líderes desse teor e muitos políticos possuem tal qualidade. Os ditadores começam assim, embora logo se vejam forçados a solidificar seu poder procurando legitimá-lo. Fazem prosélitos devido à sua atração pessoal ou “carisma” e logo convencem a maioria dos seus seguidores de que essa liderança dará grandeza aos fins que almejam”. (pg. 28) Liderança democrática “O líder democrático surge naturalmente do grupo a que pertence e não por atrair seguidores. É inevitável que sempre haja alguém cujas ideias influenciem mais do que as de outros. Nesse caso surge uma opinião comum de que esses indivíduos estão mais capacitados para o desempenho de certas funções. Numa crise todos os procuram e não aos que ainda não foram experimentados. São líderes verdadeiramente democráticos.” (pg. 28) “No grupo democrático, o líder geralmente sintetiza em si as regras e valores do seu grupo. Percebe, também, intuitivamente, as tendências da ação do grupo e orienta-o na direção acertada. Sua antevisão dos meios e modos de ajudá-lo é muito grande e essa razão é que o faz escolhido.” (pg. 28) “A democracia move-se devagar. Um dos motivos é não ser o líder democrático normalmente muito superior ao grupo. Quando este se forma é, em geral, constituído de pares, ou iguais.” (pg.28) “São raros os tipos puros de liderança. Paul Pigors, no livro Leadership or Domination, comenta: “A liderança é um processo de estímulo mútuo, pelo qual, por meio de ações recíprocas, e a energia humana que delas deriva, encaminhada em benefício de uma causa comum”. Segundo a lógica dessa definição, líder é a pessoa cujas ideias auxiliam o grupo a orientar-se na direção dos seus objetivos. Parafraseando, uma vez mais: Líder é aquele que, em uma dada situação social, influencia por suas ideias e ações o pensamento e as atitudes dos outros”. (pg.29) “Pode-se ver imediatamente que este conceito atribui maior importância à liderança que ao líder. Quando o grupo democrático atinge o seu mais alto desenvolvimento, a liderança não se manifesta concentrada, mas distribuída entre os membros. Quanto mais distribuída, tanto mais democrático é grupo”. (pg.29) “Sendo a liderança, como dissemos, o processo de influenciar pessoas por meio de ideias, não há limite ao número de líderes dentro do grupo. Na verdade, quanto mais, tanto melhor, porque o próprio ato de liderar, observado sob qualquer ângulo, desenvolve a iniciativa, o espírito inventivo e o sentido de responsabilidade.” (pg. 30) “A liderança é aprendida, e qualquer um pode aprimorá-la pelo estudo e aplicação; varia também com a situação e no grupo teórico muda de titular conforme a tarefa a ser feita”. (pg. 30) “No grupo verdadeiramente democrático, a liderança está distribuída. Qualquer membro é líder quando apresenta a solução apropriada no momento preciso. A liderança passa de pessoa a pessoa à proporção quês estas contribuem com alguma coisa para a consecução dos objetivos do grupo”. (pg. 30) “Um dos pontos fracos do grupo democrático está simbolizado na frase “se conhecidos os fatos”. Com frequência as decisões são tomadas emocionalmente, sem conhecimento de causa. Isto suscita outro ponto. Como todos os membros do grupo democrático são líderes em potencial, é dever deles conhecer os problemas do grupo. Tendo, possivelmente, de tomar decisões e apresentar sugestões, hão de aceitar responsabilidades, as quais exigem conhecimentos: do grupo e seus fins, dos vários meios que conduzem aos fins, e do campo de ação do grupo. Fechamos, deste modo, o circulo, apontando a relação entre democracia e educação”. (pg. 30) “As soluções adequadas, muitas vezes, devem ser procuradas fora do grupo – com os peritos e consultores. A capacidade de procurar informações onde as possa obter é sinal de maturidade no indivíduo, e assim também no grupo. A atitude anti-intelectual menospreza o valor do conhecimento e da especialização com prejuízo para todos”. (pg. 30) “A democracia é de importância vital na vida americana. Muitas decisões que culminam sendo adotadas como normas nacionais tem suas raízes nos grupos, onde as ideias costumam nascer. Para que tiremos o máximo benefício deste fato, devemos ter todos algum conhecimento sobre os processos de liderar; reconhecer a grande importância de cada membro sentir-se um líder, ou pelo menos, um possível líder, e de estar pronto a aceitar as responsabilidade que isto acarreta”. (pg. 30) A dinâmica interna dos grupos “Os indivíduos trazem para o grupo certas características que lhes são peculiares, tais como interesses, aptidões, intenções e desejos, inibições e frustrações, e seus correspondentes ajustamentos – em outras palavras, suas personalidades. A resultante, a integração e a transformação de todas estas forças, foi chamada de dinâmica interna do grupo”. (pg. 59) “Embora a palavra dinâmica possa parecer muito repetida, é a única cujo sentido abrange todos os elementos do fenômeno – isto é, as energias e forças derivadas dos indivíduos, as respectivas interações, a resultante e a transformação dessas forças num comportamento ativo, em oposição ao comportamento estático.” (pg. 59) Atmosfera “Atmosfera do grupo é o estado de espírito, o modo de sentir e de agir, que se permeia no grupo como um todo.” (pg. 61) “As condições onde o grupo atua são importantes. A iluminação, a ventilação, a monotonia ou a vivacidade do ambiente são fatores que contribuem para a determinação dessa atmosfera. A arrumação da sala tem influencia, a colocação das cadeiras em circulo ou elipse, de onde todos possam ver e ser vistos, onde não haja posições dominantes, pode criar uma atmosfera amistosa e informal.” (pg.61-62) “Atmosfera de medo ou suspeita: medo de ser ridicularizado ou rejeitado, suspeita de não gozar da confiança dos outros, de não ser compreendido nos seus motivos e na sua sinceridade; também pode ser agressiva: a luta de todos contra todos; apática: sem vida ou vitalidade, cada um esperando que o outro faça ou fale algo.” (pg. 62) “Pode ser amistosa, acolhedora e permissiva, todos se sentindo à vontade, opinando livremente e participando de uma franca e irrestrita troca de ideias e sentimentos”. (pg. 62) “Atmosfera autoritária: a responsabilidade cabe a autoridade e ninguém inicia ou participa de qualquer ação sem ordem do líder autoritário. Há a presunção de que a autoridade conhece melhor o que o grupo deve pensar e fazer. O comportamento do individuo é dirigido para os fins predeterminados pela autoridade”.( pg. 62) “Atmosfera democrática: a liderança é compartilhada por todos, e os membros do grupo empenham-se por identificar e desempenhar tarefas benéficas a produtividade. Tanto o líder formal como os demais membros tem a responsabilidade de criar condições – e atmosfera – para o trabalho conjunto que vise aos fins escolhidos”. (pg. 63) “O início de qualquer reunião é um momento crucial na formação da atmosfera. A atitude do líder, o modo como apresenta o assunto, o tempo que fala, sua segurança, a exposição do que espera dos componentes do grupo são fatores importantes para a criação de um bom ambiente.” (pg. 63) “Há certos aspectos fundamentais a serem considerados no estabelecimento de uma atmosfera amistosa, acolhedora e permissiva. Deve existir a convicção sincera na dignidade do homem, no valor do indivíduo, e um honesto respeito pelos seus pontos de vista. Junto a isto, os membros devem cultivar uma sensibilidade social (compreensão dos traços pessoais de cada um e das interações sociais) para com o grupo e os outros, que os habilite a determinar e responder as preocupações, desejos e necessidades do grupo e de seus componentes. A existência desta sensibilidade social talvez seja o fator mais importante para o estabelecimento de uma atmosfera acolhedora”. (pg. 63) Padrões de comunicação “Entendemos por comunicação o processo pelo qual transmitimos aos outros nossas ideias, crenças e sentimentos. Embora identifiquemos geralmente a comunicação com a linguagem falada, podemos, também, nos expressar por representações visuais, gestos e imitações. A linguagem, entretanto, é a principal forma de interação social entre os homens. Através dela aprendemos a conhecer as pessoas, permutar experienciais, ideias, sentimentos e convicções e, assim conceituar, diagnosticar e resolver nossos problemas comuns.” (pg. 64) “Os membros de um grupo tendem a sentir-se abandonados e inseguros quando não há reciprocidade de comunicação. Mesmo em caso de hostilidade, os ressentimentos são menores quando há ampla comunicação, de lado a lado. Também há maior produtividade quando o membro sabe que nenhum assunto lhe é vedado, que tem acesso aqueles diretamente relacionados com a sua pessoa ou as tarefas que desempenha. È de suma importância a existência de meios que permitam a comunicação fácil entre os componentes do grupo”. (pg. 64-65) “Quando as comunicações formais são suprimidas ou ignoradas, aparecem as informais. Nas organizações em que há uma liderança dominadora, as estruturas informais que surgem não raro possuem objetivos que se chocam com a estrutura formal”. (pg. 65) Participação “Uma das forças internas mais importantes na participação no grupo é o empenho pessoal e psicológico dos indivíduos nos negócios grupais. Geralmente julgam que a participação no grupo é apenas uma expressão pública, manifesta por discurso, debates e ações; há, entretanto, outros tipos mais sutis de comportamento, como gestos, atitudes e maneiras, que são também participação. A participação pode ser estudada em termos de quantidade - quantos membros participam; intensidade – a frequência e interesse de suas intervenções; tipos de manifestação – como os indivíduos respondem entre si. Quando uma pessoa inicia uma discussão, outras a acompanham? Poucos monopolizam os debates ou há oportunidade para a participação de todos? Há estímulo para que todos participem? É o tipo de participação centralizado no líder ou distribuído pelo grupo?” (pg. 66) “A pesquisa parece indicar que a produtividade do indivíduo e do grupo relaciona-se com as oportunidades de participação dos membros na fixação dos objetivos, dos meios de alcança-los e dos outros aspectos dos debates para tomada de decisões”. (pg. 66) “Quanto maior a participação do membro tanto mais favoráveis suas atitudes para com o grupo e tanto maior seu interesse pelo e identidade com o grupo”. (pg. 67) “Os membros que mais participam são os que compreendem as finalidades e funções básicas do grupo, que sabem o que este espera de seus membros, que se sentem seguros nos seus desempenhos de funções, conhecem a importância delas para o objetivo final e o funcionamento do grupo. Realizam-se também com a sua participação”. (pg. 67) Padrões do grupo “Padrões do grupo são os níveis de execução considerados aceitáveis pelo próprio grupo. Alguns deles destacam-se pelos altos requisitos que estabelecem a admissão, a conduta ou a participação de seus membros nas atividades grupais bem como pelos processos democráticos de deliberação e a perfeita execução dos trabalhos. Outros tornam-se conhecidos pela negligencia com que são conduzidas as reuniões, pelas discussões ineptas e trabalhos mal feitos ou parcialmente executados”. (pg. 68) “os padrões do grupo podem ser implícita ou claramente mencionados. Servem para fixar o que o grupo espera de seus membros, e o que os membros, por sua vez, esperam do grupo. Servem também de referencia para a apreciação dos padrões de expectativa de grupos associados”. (pg. 68) “Esses padrões devem ser realísticos – estar de acordo com as possibilidades do grupo – e devem ser compreendidos por todos os membros. Raramente há perfeita conformidade entre os padrões e a prática, mas os limites de tolerância são bem aceitáveis”. (pg. 68) “Na maioria dos casos, são determinados padrões mais altos quando todo o grupo coopera na sua fixação e não apenas uma parte ou indivíduo. Os membros ficam mais motivados em obedecê-lo e em fiscalizar a conduta dos demais”. (pg. 69) “Em termos de frustração e satisfação, é importante que os padrões sejam coerentemente seguidos – que não sejam exigidos rigidamente numa reunião e frouxamente noutra. Esta coerência é mais importante do que o nível em que os padrões são fixados”. (pg. 69) “Em geral, quanto mais o indivíduo se mantém dentro dos padrões e normas do grupo, tanto maiores serão a sua reputação e a sua satisfação”. (pg. 69) Controle social “Os meios que o grupo emprega para satisfazer a expectativa de seus membros chamam-se controle social. Este pode tomar de recompensas para os que obedecem aos padrões do grupo, tais como o reconhecimento ostensivo, a eleição para algum posto importante, a elevação de categoria ou qualquer medida tangível como a entrega de um botão de comparecimento”. (pg. 70) “O controle pode também assumir a forma de punição. As censuras, o ridículo, a rejeição, a perda de posição e de privilégios ou até atos físicos contra o transgressor são exemplos deste tipo de controle”. (pg. 70) “Todo grupo tem seus padrões próprios e os faz através de vários graus de controle social. Uns utilizam principalmente incentivos e recompensas, outros, temores e punições”. (pg. 70) “É também importante que o controle social seja aplicado igualmente sobre todos os membros, o que provoca problemas, pois raramente as regras sociais são obedecidas de modo absoluto. O controle é, assim exercido não tanto quando a norma deixa de ser seguida à risca, mas quando o grau de obediência normal é violado. O grupo, ou o líder, deve sempre estar atento ao problema de quando usar o controle”. (pg. 70) “O controle é muito eficaz quando o simples afastamento dos padrões existentes põe em ação não uma, mas várias sanções. Este complexo sistema de controles reduz bastante as violações futuras”. (pg. 71) “O grau e a eficiência do controle relacionam-se com a importância que o membro atribui a sua aceitação pelo grupo. A identidade e o sentimento do “nós” que o membro sente em relação ao grupo e a relativa importância deste na sociedade influem na eficácia dos controles sociais”. (pg. 71) “Em muitos casos o afastamento das normas do grupo é justificável, pois os membros são também parte de vários outros que igualmente possuem normas e padrões”. (pg. 71) “Sentimento do nós” ou identidade “Sentimento do nós” ou identidade é o laço , a simpatia comum, a consciência de que existe união dentro do grupo. Esta força é, algumas vezes, conceituada como solidariedade, moral ou esprit de corps. Os indivíduos sentem um interesse comum – a participação no que acontece com os outros membros e com o grupo. Sentem que pertencem ao grupo, que são parte dele. Pode ser dito que esses sentimentos de simpatia e identificação mutua são naturalmente expressos pela palavra “nós” ”. (pg. 72) “Os pronomes pessoais fazem a distinção entre o grupo a que o indivíduo pertence e os outros – o “nosso grupo” e o “grupo estranho”. (pg. 72) “Dentro do grupo há, no entanto, grande variação no “sentimento do nós”, ou identidade com o grupo. Os membros sentem diferentemente o meu grupo, “o grupo cujos membros eu conheço, cujos propósitos eu compartilho, cujas tradições eu respeito, por cujos objetivos eu luto, e por cujo prestigio eu trabalho”. (pg. 72-73) “A identidade é, em grande parte, emocional, e daí a dificuldade de conceitua-la racionalmente. Conquanto baseada nos ideais, na filosofia ou nos objetivos do grupo, pode também ser construída sobre sentimentos em relação a pessoas, experiências passadas ou, mesmo, algum símbolo que o grupo transmite ao indivíduo”. (pg. 73) “A identidade mais forte e duradoura é aquela baseada na combinação de vários aspectos”. (pg. 73) “Em geral, as pessoas estão identificadas com vários grupos, embora algumas vezes estes se choquem em razão de seus fins ou seus meios”. (pg. 73) “As condições que aproximam os membros do grupo favorecem a interação e, em consequência, o sentimento de identidade; contrariamente, a falta de intimidade e a separação pessoal dificultam-na”. (pg. 73) Definição da função geral “A expressão função geral é usada aqui no sentido da expectativa dentro do grupo sobre o papel dos membros e dos subgrupos. Contrariamente, funções de interação, a serem discutidas posteriormente, são as atribuições específicas dentro do processo de grupo. A dissertação abaixo esclarecerá o uso da expressão função geral”. (pg. 74) “As organizações que definem expressamente o papel dos membros tem maior probabilidade de atingir seus objetivos do que aquelas que não o fazem. À proporção que o grupo se desenvolve e os contatos se tornam mais formais, aumenta a necessidade de existirem normas expressas”. (pg. 75) “Se a função do membro esta mal definida e este não compreende a relação entre ela, as outras e as finalidades do grupo em geral, é bem provável que o membro não fique muito incentivado para o trabalho. Pode ficar sem condições para reconhecer as tarefas que deve fazer, ou com receio de estar usurpando as tarefas de outrem”. (pg. 75) “A definição das funções, entretanto, não garante a produtividade do grupo. É obvio que somente da resultado quando os objetivos e os padrões de trabalho são explícitos e iguais para todos”. (pg. 75) Papéis de ação conjunta nas funções dos membros do grupo “Na presente descrição há dois pontos de referencia principais. O primeiro diz respeito ao processo de ação dos grupos que tentam resolver seus problemas pelo debate e a cooperação. A classificação das ações conjuntas pode ser feita segundo a importância funcional de cada uma na resolução dos problemas. Em sentido lato, são chamadas de papeis das Funções do grupo. Todo grupo enfrenta também o problema de lidar com as personalidades individuais e com as relações emocionais orientadas pelo grupo”. (pg. 77) “1) Papéis das funções do grupo: Papeis dos participantes em razão das funções que o grupo preencher. Tem por finalidade facilitar e coordenar o esforço do grupo no equacionamento e resolução de um problema comum”. (pg. 77) “2) Papéis de fortalecimento e conservação do grupo. Nesta categoria incluem-se os papéis orientados para o funcionamento do grupo como grupo. Destinam-se a alterar ou manter o modo de trabalho do grupo, fortalecendo, regulando e mantendo a sua coesão”. (pg. 77) “3) Papéis individuais. Visam à satisfação das necessidades individuais dos participantes, isto é, à consecução de objetivos de ordem particular, que, em geral, não são relevantes para os propósitos do grupo como um todo. São, todavia, de grande importância para os problemas de desenvolvimento e maturidade do grupo, da sua eficiência em tarefas específicas”. (pg. 77) Papéis das funções do grupo “Os papéis são classificados segundo a facilidade e coordenação que permitem às atividades do grupo na resolução de problemas. Cada membro pode, naturalmente, desempenhar mais de um papel em qualquer unidade de participação e uma larga série durante o prosseguimento dos trabalhos”. (pg. 78) “a) O iniciador-contribuinte sugere ou propõe ao grupo novas ideias ou diferentes maneiras de abordar os problemas e finalidades do grupo. As propostas podem referir-se a novos objetivos do grupo, diferentes conceituações dos problemas, ou apresentação de soluções para vencer as dificuldades que o grupo encontra ou, ainda, a novos métodos de ação ou nova maneira de organizá-lo para o trabalho. b) O curioso de informações é aquele que pede esclarecimento sobre a eficiência de determinada ação, o valor das fontes de informações e sobre fatos que dizem respeito aos problemas em pauta. c) O curioso de opiniões, cujo interesse principal não é as circunstancias do caso, mas o esclarecimento dos valores, referentes ao empreendimento do grupo ou relacionados com as sugestões apresentadas. d) O informador oferece fatos e generalizações “fidedignas” ou relata suas próprias experiências nos problemas do grupo. e) O opinoso expressa suas opiniões e convicções sobre as sugestões e soluções apresentadas, defendendo-as particularmente, para que se tornem as do grupo. Baseia-se mais nos juízos de valores que em fatos e informações relevantes. f) O elaborador apresenta sugestões com exemplos e dissertações, desenvolve raciocínio sobre as sugestões já feitas e procura deduzir os resultados futuros de qualquer ideia ou sugestão, se adotadas pelo grupo. g) O sintetizador reúne ideias, sugestões e comentários dos membros do grupo e as decisões deste para situar a respectiva posição doutrinária ou método de ação. h) O coordenador-integrador estabelece as relações entre as v´rias ideias e sugestões, seleciona as ideias chaves das contribuições dos membros, procurando integrá-las num conjunto harmonioso. Procura também coordenar e integrar as atividades dos membros e subgrupos. i) O orientador define a posição do grupo em relação aos seus objetivos, indica os pontos em que o mesmo se afasta de sua orientação, ou objetivos, e orienta as discussões do grupo. j) O discordante adota pontos de vista diferentes, argumenta contra, insinua erros nos fatos e no raciocínio. Discorda das opiniões, valores, sentimentos, decisões e modo de proceder. l) O crítico-avaliador compara as realizações do grupo com os existentes padrões de funcionamento. Pode assim avaliar ou por em dúvida a “praticabilidade”, a “lógica”, os “fatos”, ou os “processos” de uma sugestão ou debate. m) O dinamizador incita o grupo a ação ou decisão, tenta estimulá-lo para obter “maior” ou “melhor” atividade. n) O técnico em serviço gerais movimenta o grupo, executando as tarefas de rotina, por exemplo, distribuindo material, transportando objetos, arrumando cadeiras, manejando os gravadores de som, etc. o) O registrador anota as sugestões, as decisões do grupo e o resultado das discussões. Desempenha o papel de “memória do grupo”. (pg. 78-79) Papéis de fortalecimento e conservação do grupo a) O animador elogia, concorda e aceita a contribuição dos outros. Mostrando afeto e solidariedade nas suas atitudes em relação aos demais membros recomenda-os e os elogia, demonstrando, por várias maneiras, que os compreende e respeita seus pontos de vista, ideias e sugestões. b) O harmonizador é o mediador das diferenças entre os membros; procura conciliar as discordâncias e aliviar as tensões, as vezes pilheriando, outras botando água na fervura. c) O conciliador está envolvido no conflito de ideias ou de posições. Pode propor acordos, cedendo condições, admitindo erros, sacrificando-se para manter a harmonia do grupo, ou “indo até certo ponto” para não se afastar do grupo. d) O guardião e expedidor procura manter desembaraçadas as vias de comunicação, encorajando a participação dos outros. e) O padronizador ou ideal do ego apresenta padrões que o grupo deve tentar alcançar, ou aplica-os para avaliar a qualidade dos processos de grupo. f) O observador do grupo e comentador registra os vários aspectos do processo de grupo e apresenta os dados que possui com a respectiva interpretação para que o grupo avalie o seu próprio processo. g) O acompanhador mantém-se a par do movimento do grupo aceitando as ideias dos outros mais ou menos passivamente, no papel de ouvinte dos debates e da decisões do grupo. (pg. 79-80) Papéis “individuais” “As tentativas dos membros do grupo para a satisfação de suas necessidades pessoais que não tem valor para o trabalho comum, nem contribuem para o desenvolvimento e a conservação do grupo, põem em destaque a importância do treinamento individual e de conjunto desses membros. Uma alta incidência de participação individualista, em detrimento da orientada para o grupo, exige que este sempre se reexamine”. (pg. 80) “A supressão radical das funções individualista privará o grupo dos dados necessários, á diagnose e a uma terapia realmente adequada”. (pg. 81) a) O agressor pode agir de muitas maneiras: menoscabando as posições e desaprovando os valores, atos e sentimentos dos outros; atacando o grupo e o trabalho que está fazendo, invejando a contribuição dos outros, tentando atrair as glórias para si, etc. b) O bloqueador tende a ser negativista, obstinado, intransigente, discordante, opondo-se sem razão ou argumento, e procurando manter aberta, ou reabrir, uma questão já rejeitada pelo grupo. c) O desejoso de reconhecimento age de muitas maneiras para chamar atenção sobre si próprio, elogiando-se, contando suas façanhas, comportando-se diferentemente das outras pessoas, lutando para não ser posto em posição de inferioridade, etc. d) O confessor aproveita a audiência que o grupo lhe permite para exprimir “sentimentos”, “perspicácia”, “ideologia”, etc., sob o ponto de vista pessoal, não dirigido para o grupo. e) O “playboy” exibe falta de adesão aos processos do grupo sob a forma de cinismo, indiferença, chalaça e outras maneiras mais ou menos estudadas de comportamento impróprio. f) O dominador procura firmar sua autoridade ou superioridade manipulando o grupo e certos membros. O domínio pode tomar a forma de lisonja, exibição de sua categoria superior ou direito de ser ouvido, comportamento autoritário, pouca importância a contribuição dos outros, etc. g) O fraco tenta atrair a “comiseração” dos outros membros ou de todo o grupo através de demonstrações de insegurança, indecisão, ou autocensura. h) O defensor de interesses especiais fala pelos “pequenos comerciantes”, a “comunidade”, as “donas-de-casa”, os “proletários”, etc., normalmente disfarçando seus preconceitos e prevenções sob os estereótipos que melhor se adaptem às suas necessidades. (pg. 81) Aptidões para as relações humanas “Considera-se aptidão a capacidade que tem alguém para utilizar com eficiência os seus conhecimentos. Pode ser natural ou adquirida”. (pg. 82) “São os indivíduos que, no grupo, realizam as relações humanas. Cada membro possui o seu próprio nível de compreensão e vocação para tais relações. Do mesmo modo, diferentes grupos possuem diferentes níveis médios de eficiência. Os grupos amadurecidos aprendem, com o tempo, a trabalhar em conjunto e a verificar quais os processos, programas e divisões de trabalho a serem executados, podendo ser dito, então, que o grupo desenvolveu sua capacidade de relação humanas. Conforme a intensidade que tiver, restringirá a velocidade de ação do grupo na obtenção dos objetivos e, mesmo, modificará de certo modo esses objetivos”. (pg. 82-83) “Não havendo moderador qualificado dentro do grupo, será preciso vir alguém de fora, ou que os membros estudem e ensaiem previamente, ou, ainda que seja adotada outra técnica que não requeira tanta habilidade para evitar incidentes”. (pg. 83) “É ponto pacifico que o grupo tem o dever de “auxiliar o amadurecimento de seus membros”. Isso significa que, de certo modo, os membros precisam conhecer o grau de relações humanas de cada um e cooperar para o entendimento e a criação de situações sociais que favoreçam esse amadurecimento”. (pg. 83) “As normas e aptidões fundamentais dessas qualidades de relações humanas podem ser aprendidas e comunicadas”. (pg. 83) “A motivação, a participação, a produtividade e a satisfação são maiores quando os membros do grupo possuem grau relativamente alto de relações humanas. A finalidade grupal das atividades prevalece sobre os interesses individuais de cada um”. (pg. 84) “Foi verificado, também, que muitos indivíduos julgam suas aptidões de relações humanas insuficientes para lhes permitirem ingressar em grupos formais”. (pg. 84) Heterogeneidade – homogeneidade “O conceito de heterogeneidade – presença de diferenças – é abordado aqui para mostrar, em poucas palavras, que cada membro representa um certo potencial. O grupo precisa reconhecer e mobilizar todos os recursos existentes, dentro e fora dele, que o ajudem a progredir. Primeiramente, portanto, necessita conhecê-los. Em muitos casos há membros excelentemente dotados que não são aproveitados por não serem conhecidas suas qualidades”. (pg. 85) “O grupo e os membros devem servir-se mutuamente. Os interesses e problemas específicos destes últimos precisam ser compreendidos para que o grupo se desenvolva. Poderemos perceber as razões do interesse, da falta de interesse das atividades individualistas e da agressão, bem como das limitações que dificultam as realizações, as técnicas e a consecução dos objetivos, se tivermos consciência da heterogeneidade do grupo”. (pg. 85) “A nossa tendência é associarmos-nos em grupos, formais ou informais, de relativa homogeneidade – presença de semelhanças – de interesses, situação pessoal, inteligência e ocupação. Apesar disso, há sempre grande heterogeneidade – diferenças - nesses grupos, se os estudarmos em relação à idade, aos padrões de moralidade, ao grau de educação e juízo de valor dos membros. Os grupos que analisam a homogeneidade e a heterogeneidade dos seus quadros utilizam melhor as suas possibilidades e atingem maior produtividade”. (pg. 85) Volume do grupo “O volume do grupo é um fator de importância considerável. O assunto é particularmente importante para a escolha das técnicas a serem usadas na consecução de objetivos específicos. Umas são apropriadas para grupos menores, outras, para maiores, entre as quais contam-se as que procuram aproveitar as vantagens dos grupos pequenos nos grupos grandes. O volume, como os demais fatores, influi particularmente naquilo que o número e a qualidade da comunicação entre os membros”. (pg. 86) “De modo geral, todos aceitam que é mais difícil a coordenação das atividades de um grupo grande. Neles aparece a tendência para a formação de subgrupos, os membros paulatinamente deixam de considerar os demais como personalidades distintas identificando-os com os subgrupos e facções e deixando, por conseguinte, de tratá-los como indivíduos distintos”. (pg. 87) “Nos grupos de 5 a 12 pessoas, com tempo de discussão limitado, há menos possibilidades de acordo geral dos membros”. “Nos grupos pequenos, os membros estão mais dispostos a mudar de opinião em beneficio do consenso geral que nos grupos de 12 ou mais pessoas”. “Nos grupos de mais de 12 aparece a tendência à formação de facção”. (pg. 87) “Na discussão dos grupos maiores os líderes tem menor influencia e os membros comuns ficam menos satisfeitos devido à falta de tempo para se manifestarem completamente. Nota-se que nos grupos primários, suficientemente pequenos para permitir a participação franca e demorada nas discussões, esses membros auferem maior satisfação. Nos grupos maiores a interação é mais limitada e os membros tendem a sentir a perda de importância das opiniões pessoais e a julgar que as mesmas não merecem ser apresentadas ao grupo”. (pg. 87) “A pesquisa tem verificado que há vantagem em subdividir-se os grupos maiores ou formar pequenos grupos para a execução de certas tarefas. Há certa probabilidade de que o melhor número de participantes nos grupos de discussão seja cinco”. (pg. 88) “A explicação para isso repousa em vários fatores: 1) este número permite suficiente participação de todos na discussão oferecendo maior margem de concordância e de resultados práticos; 2) reira a possibilidade de impasse por ser um número ímpar; 3) a divisão de opiniões tende a formar uma maioria de três e uma minoria de dois membros, deste modo não acarretando o isolamento de qualquer; 4) é suficientemente grande para trocar de funções entre os membros de maneira que os mesmos ficam em condições de discutir todos os assuntos sem que qualquer deles passe a segundo plano”. (pg. 88) “A participação no preparo das decisões e no processo de planejamento cria maior motivação à ação e perdura até completar-se esta”. (pg. 88) Avaliação do grupo “A avaliação é uma poderosa força interna que influi na produtividade do grupo. Está sempre presente, pois com maior ou menor sistematização, consciente ou inconscientemente, todos nós avaliamos nosso papel e posição social dentro do grupo, nossa contribuição e sentimentos em relação a ele e o modo pelo qual nossos interesses e necessidades estão sendo atendidos. Avaliamos, também, os ouros membros e os grupos ao redor de nós, e, da mesma maneira, somos avaliados”. (pg. 89) “Os líderes que procuram avaliar, por vários processos, o rendimento do trabalho próprio e do grupo são, geralmente, os mais eficientes”. (pg. 90) “É altamente desejável que exista sistema de avaliação periodicamente organizado, de todos os aspectos do processo e do progresso do grupo” (pg. 90) A dinâmica externa dos grupos “As forças externas afetam todas as atividades grupais; nenhum grupo existe num vácuo social. Forças como os valores e as expectativas da comunidade, valores institucionais, filiação e controle de grupos matrizes, competições intergrupais, prestigio e posição social influem em todo o grupo – na motivação, objetivos e meios de seus membros e nas atividades correntes. Estas forças refletem-se intensamente nas convicções, sentimentos e ações dos membros”. (pg. 91) “As comunidades são formadas de pessoas que se influenciam mutuamente, como indivíduos e dentro dos grupos, para desempenhar as atividades que consideram necessárias à satisfação de suas necessidades. A liberdade com que o grupo desenvolve suas atividades e funções relaciona-se diretamente com a expectativa média da comunidade sobre a função e o papel desse grupo”. (pg. 91-92) “As forças externas podem ser consideradas “restritivas”, quando o grupo sente que certos objetivos e meios desejados não podem ser adotados; ou, por outro lado, como “expansivas”, quando sente a pressão para aceitar novos e as vezes mais amplos conceitos de seus objetivos e meios”. (pg. 92) A comunidade “Toda comunidade tem um sistema de valores, com padrões de aceitação dos objetivos. A posição social dos indivíduos e grupos na comunidade é função da maneira como aceitam e realizam (com meios aprovados) os objetivos importantes desta comunidade”. (pg. 92) “O papel do grupo está relacionado a sua posição social – ou o que a comunidade espera dele”. (pg. 92) Organizações matrizes “Muitos grupos locais filiam-se a organizações existentes fora da comunidade. A maioria dos grupos filiados possui alto grau de autonomia local, mas, em muitos casos, a “organização geral” exerce influencia através de assessoramento, orientação, programas e sistemas, pedidos ou recomendações, e de programas de auxilio. É importante reconhecer a existência dessas forças externas, que afetam o funcionamento do grupo e que devem ser levadas em consideração por quem queira compreende-lo”. (pg. 93) “Os grupos com filiações externas à comunidade precisam muitas vezes caminhar na corda bamba entre os interesses individuais dos membros, valores da comunidade, e os valores da “organização geral”. Nem sempre, porém, estes últimos são inteiramente aceitáveis”. (pg. 93) “Outro tipo de grupo aparece em quase todas as comunidades: aquele que é a subdivisão de uma estrutura social formal”. (pg. 93) “Muitas comunidades tem grupos independentes de qualquer organização formal que se estenda além delas. Esses grupos refletem, geralmente, os valores da comunidade e o nível social da maioria de seus membros. A influencia da comunidade deve ser considerada para compreender-se do funcionamento do grupo”. (pg. 94) Múltipla filiação aos grupos “A filiação dos membros de um grupo a outros grupos faz aparecer novo tipo de força. Esses membros, normalmente, pertencem a vários grupos, como a família, a igreja, a maçonaria, os clubes de amizade, de opiniões e os sindicatos. A participação do indivíduo num grupo baseia-se nas avaliações que faz sobre a importância relativa dos objetivos grupais, vistos em termos dos objetivos pessoais, isto é, do seu sistema de valores ou filosofia de vida”. (pg. 94) “Todo indivíduo deseja segurança, reconhecimento, resposta e novas experiências. A importância relativa que dá a esses desejos resulta das experiências passadas que se refletem no sistema de valores pessoal”. (pg. 94) “Geralmente o tempo é escasso. A intensidade da participação do indivíduo no grupo depende do que o mesmo pode fazer com seu tempo. De maneira geral, a pessoa procura os grupos que oferecem maiores oportunidades de satisfazer seus desejos básicos. Estes baseiam-se no sistema de valores pessoais”. (pg. 94) “Para continuar a existir e desfrutar sua posição, deve o grupo ter uma justificativa social, segundo os valores globais da comunidade: possuir objetivos relacionados com os da comunidade”. (pg. 95) Conhecimento das forças externas “Os membros que desejam compreender as forças externas que atuam sobre seus grupos no quadro total da comunidade devem perguntar a si próprios o seguinte: 1) Como o grupo se amolda ao sistema de valores da comunidade, isto é: a) Estão seus objetivos em harmonia com os da comunidade? b) estão seus métodos de trabalho em harmonia com os da comunidade? c) Qual a importância que o grupo atribui a esta harmonia? 2) Possui o grupo conexões com organizações exteriores à comunidade? Caso positivo,qual é a natureza do sistema de valores organizacionais extracomunitários? Harmonizam-se com os sistemas de valores comunitários e suas expectativas? 3) Quais são as outras associações dos membros do grupo? 4) Como os membros olham o grupo: a) Como definem seus fins, objetivos e limitações? b) Qual a importância que lhe dão, em relação aos demais grupos a que pertencem? 5) Qual a posição do grupo na comunidade, em relação ao demais? 6) O que a comunidade espera do grupo: a) Em termos de fins, objetivos, realizações, áreas de responsabilidade e atividade? b) Em termos de como o grupo cumpre suas atividades? (pg. 95-96) “As respostas a estas perguntas devem permitir a compreensão das forças externas que influenciam o funcionamento do grupo. A pessoa pode, também, estimar razoavelmente a reação da comunidade a qualquer ação especifica que o grupo deseje tomar”. (pg. 96)