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Farmacologia dos anti-hipertensivos Prof. Ryan dos Santos Costa Salvador, 2013 Sumário da aula 1. Mecanismos de controle da PA; 2. Hipertensão Arterial Sistêmica 3. Classificação dos fármacos anti-hipertensivos: – Diuréticos; – Agentes simpaticolíticos; – Vasodilatadores diretos; – Bloqueadores de canais de Ca2+; – Inibidores da enzima conversora; – Antagonistas do receptor de angiotensina II; – Inibidores de endotelina; Pressão Arterial “Pressão hidráulica que se aplica ao sistema arterial, de modo pulsátil, determinando o fluxo sanguíneo em toda a rede arterial.” • Os principais determinantes fisiológicos: Débito cardíaco; Resistência vascular periférica; Volume sanguíneo; Elasticidade arterial. Mecanismos de Controle da PA Manutenção da PA Neural Pressão arterial Fatores ambientais Fatores genéticos Humoral Local Órgãos efetores Débito cardíaco Resistência vascular periférica Volume sanguíneo Mecanismos de controle Controle neuro-hormonal da PA Regulação da PA Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) “é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA) , de acordo com os valores de referência para cada espécie” • Prevalência: 22 a 43 % da população urbana adulta brasileira; • Um dos mais importantes fatores de risco para doença cardiovascular: – 40% das mortes por AVC; – 25% das mortes por doenças coronarianas; – Insuficiência renal. • Assintomática em 70 a 80% dos casos. Etiologia da HAS • Predisposição genética; • Obesidade; • Inatividade Física; Primária ou essencial – 20% (cães e gatos) • Endócrina: • Hiperaldosteronismo Primário e Cushing; • Feocromocitoma; • Hiperparatireoidismo; • Uso de estrógeno; • Vasculopatias; • Neuropatias; • Doença renal; Hipertensão Secundária – 80% (cães e gatos) Tratamento Não-Medicamentoso Tratamento medicamentoso: princípios gerais O medicamento deve ser eficaz por via oral; Deve ser bem tolerado; Menor número possível de tomadas diárias; O tratamento iniciado com as menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica, podendo serem aumentadas gradativamente e/ou associar-se outro hipotensor de classe farmacológica diferente; Respeitar o período mínimo de 4 semanas para se proceder ao aumento da dose e/ou à associação de drogas, salvo em situações especiais. Terapia anti-hipertensiva • Animais com sinais clínicos de hipertensão e elevada pressão arterial devem receber, imediatamente, terapia anti-hipertensiva; • A decisão do tratamento e da droga anti-hipertensiva depende de vários fatores, incluindo a causa prevista da hipertensão, a presença de lesão em algum órgão e a gravidade da pressão sanguínea elevada; • Caso haja lesão em algum órgão, o tratamento da hipertensão é iniciado, usualmente, quando a pressão sanguínea ultrapassa 160 mm Hg. Caso não haja lesão em órgãos, o tratamento é indicado quando a pressão arterial sistólica é maior que 180 mmHg em três ocasiões separadas; Benefício do Tratamento Anti-Hipertensivo Tratamento medicamentoso Classes dos Anti-hipertensivos 1. Diuréticos • Ação central – agonistas 2 centrais • -bloqueadores – bloqueadores -adrenérgicos • -bloqueadores – bloqueadores 1-adrenérgicos 2. Simpaticolíticos (Inibidores adrenérgicos) 3. Vasodilatadores diretos 4. Bloqueadores dos canais de cálcio 5. Inibidores da enzima conversora de angiotensina 6. Antagonistas do receptor da angiotensina II Diuréticos • São fármacos que promovem a excreção renal de água e eletrólitos causando um balanço negativo de sódio; • Classificação Inibidores da Anidrase carbônica Tiazídicos Poupadores de Potássio Osmóticos De Alça de Henle Diuréticos Diuréticos Tiazídicos • No túbulo distal, o transporte ativo de NaCl é impulsionado pela bomba de Na+ K + ATPase na membrana basolateral, com entrada de Na+ a partir da luz , acompanhando de Cl- por intermédio de um transportador de Na+ / Cl- eletroneutro. • Os diuréticos tiazídicos atuam ao inibir este transportador. Representantes: 1. Clássicos: Hidroclorotiazida, bendrofluazida, ciclopentiazida. 2. Derivados das Sulfonamidas : Clortalidona e Indapamida. Diuréticos Diuréticos Tiazídicos São considerados saluréticos moderados porque mesmo quando são utilizadas doses máximas a excreção de sódio não ultrapassa 10%. Constituem os fármacos natriuréticos mais comumente prescritos para o tratamento da hipertensão A utilização a longo prazo pode desenvolver hipopotassemia. Diuréticos Diuréticos Tiazídicos • Farmacocinética Podem ser administrados tanto pela via oral quanto pela parenteral, sendo a oral de preferência; A clortalidona apresenta efeito natriurético prolongado ( 60 a 72 horas); Os compostos tiazídicos sofrem biotransformação hepática, eliminação hepática e renal. Diuréticos Diuréticos de Alça Inibem o canal tríplice (Na+, K+ e 2Cl-) no túbulo contorcido distal, aumentando a excreção dos três sais; São os mais poderosos de todos os diuréticos, capazes de provocar a excreção de 15 a 25% do sódio existente no filtrado depleção de volume plasmático e diminuição do débito cardíaco; • A despeito da acentuada diurese que ocorre após a sua administração, sua eficácia anti-hipertensiva é geralmente modesta. Principais representantes: Furosemida, bumetanida, piretanida e ácido etacrínico. Diuréticos Diuréticos de Alça • Os diuréticos de alça são quimicamente semelhantes aos diuréticos tiazídicos porém são muito mais potentes. Farmacocinética Via oral ou parenteral. Liga-se intensamente à proteínas plasmáticas e uma pequena fração é metabolizada e secretada. O efeito ocorre após 30 minutos perdurando por aprox 2 a 3 horas. A administração IM nos felinos parece ser mais vantajosa pois a diurese ocorrem mais rapidamente. Diuréticos Diuréticos poupadores de potássio 1. Inibidor da aldosterona: Espironolactona 2. Inibidores de canais de Na+: Amilorida, Triantereno (ambos disponiveis somente em fórmulas associadas) 3. Mecanismo de ação Espironolactona: Liga-se competitivamente a um receptor intracelular para mineralocorticoides, das células dos túbulos distais e túbulos coletores, impedindo seu efeito normal; Amilorida e triantereno: Bloqueio direto dos canais de sódio dos túbulos. 4. Uso Clínico • São pouco usados por não serem potentes hipotensores. Usados normalmente em associação com outros diuréticos por sua propriedade de evitar a hipocalemia. Diuréticos Diuréticos Osmóticos São substâncias inertes hidrofílicas que são absorvidas, passando para o filtrado glomerular no rim. Como não são absorvíveis pelas células tubulares sua presença cria uma pressão osmótica dentro do túbulo, impedindo a água de ser reabsorvida passivamente. A presença de soluto não absorvível na luz tubular diminui a reabsorção sódio promovendo a diurese osmótica. Principais representantes: Glicerina, Isossorbida, Manitol e Uréia. Diuréticos Diuréticos Osmóticos São filtrados livremente pelos glomérulos permanecendo na luz tubular em altas concentrações. Farmacocinética O manitol é administrado exclusivamente IV. O manitol é completamente excretado pela urina, não sofre biotransformação nem reabsorção. Agentes simpaticolíticos Agentes simpaticolíticos 1. Ação Central 1. Mecanismo de ação Vasodilatação por diminuição do efluxo simpático para a musculatura lisa dos vasos por estímulo 2 no SNC; A Clonidina e o Guanabenzo causam diminuição da freqüência cardíaca. 2. Uso Clínico Não são primeira escolha por apresentarem grande número de efeitos colaterais. Isoladamente tem ação hipotensora pequena, devendo ser associado a um diurético. A metildopa reduz a hipertrofia do VE. Os efeitos colaterais são menores se a dose diária não exceder 1g. Principais representantes: Metildopa, Clonidina, Guanabenzo Agentes simpaticolíticos 1. Ação Central Efeitos colaterais • Sonolência, pesadelos • Sedação • Boca seca • Hipotensão postural • Alfametildopa: anemia hemolítica, lesão hepática (não usar com disfunção hepática) • Clonidina: hipertensão rebote, boca seca+++ Agentes simpaticolíticos 2. Alfabloqueador 1. Mecanismo de ação Bloqueio pós sináptico, levando a inibição da vasoconstrição induzida pelos receptores 1 vasodilatação venosa e arteriolar. A ação dos receptores 2 pré sinápticos fica preservada. 2. Uso Clínico São eficazes na redução da pressão arterial, podem ser usados em portadores de insuficiência renal e produzem uma redução da resistência periférica com manutenção do débito cardíaco. No entanto estudos demonstraram um maior risco de AVC e insuficiência cardíaca durante o uso do Doxazosin, quando comparado ao uso de diuréticos tiazídicos, durante monoterapia inicial; Dessa forma não se recomenda o uso dos bloqueadores alfa como droga anti- hipertensiva de primeira escolha em monoterapia. Principais representantes: Prazosin, Doxazosin, Terazosim Agentes simpaticolíticos 3. Betabloqueador Mecanismo de Ação • Antagonismo dos receptores beta-adrenérgicos; • Redução da secreção de renina; • Readaptação dos barorreceptores; • Diminuição do débito cardíaco. Eficácia e Usos: • Redução da morbidade e mortalidade cardiovascular • 1ª opção em HAS com DAC ou Arritmias • Cefaléias de origem vascular • Tremores Principais representantes: Propranolol, Atenolol, Metoprolol, Esmolol, Timolol, Nadolol, Pindolol, Bucindolol, Carvedilol, Bisoprolol, Sotalol Efeitos Colaterais: • Insônia, pesadelos; • Disfunção sexual; • Bradicardia (<50 bpm); Bloqueios A-V; • Vasoconstrição periférica; • Broncoespasmo; • Intolerância à glicose, hipertrigliceridemia, HDL; • Suspensão brusca pode Hiperatividade simpática, isquemia miocárdica; • Contra-indicação absoluta (inclusive cardioseletivo): Asmáticos, DPOC. Não c/ baixas doses nem c/cardioseletivos Agentes simpaticolíticos 3. Betabloqueador Vasodilatadores Diretos • São substâncias que atuam produzindo relaxamento da musculatura lisa vascular, provendo: – Redução da pressão arterial – Aumento do fluxo sangüíneo tecidual – Redução da pressão venosa central • Principais: Hidralazina, Minoxidil, Diazóxido, Nitroprussiato de Sódio. Bloqueadores de Canais de Cálcio • Inibição do influxo de cálcio na célula muscular lisa, através do bloqueio competitivo com o Ca+ que entra pelos canais lentos voltagem dependentes. – São vasodilatadores de 1º escolha no tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS). – Também possuem ação anti-arrítmico. Principais representantes: 1.Diidropiridinas: Nifedipina, Nitrendipina, Isradipina, Amlodipina, Felodipina, Nisoldipina,Lacidipina, Lercanidipina 2. Fenil-alquilamina: Verapamil 3. Benzotiazepina: Diltiazem O Sistema de Renina-Angiotensina Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) Uso Clínico Eficientes em monoterapia ou em associação com diuréticos ou outros anti-hipertensivos; Diminuem a resistência vascular periférica sem causar taquicardia reflexa e sem diminuição do débito cardíaco; Aumentam o fluxo renal por ação preferencial de vasodilatação da arteríola eferente; São primeira escolha para o hipertenso diabético, retardam a evolução da nefropatia diabética e a microalbuminuria. Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) Captopril Usos Clínicos - Tratamento da hipertensão - Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) - Nefropatia diabética Farmacocinética - Via oral - Início de ação: 15 minutos - Tempo de ½ vida: 2 horas Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) Pró-fármacos • Devem ser hidrolisados no plasma para se tornarem ativos • Representantes: Benazepril (Lostensin), Enalapril (Vasotec), fosinopril (Monopril), quinalapril (Accupril) e ramipril ( Altace). • São agentes de 1ª escolha para hipertensão essencial e ICC. • Contra-indicados para pacientes com insuficiência renal e hepática. Antagonistas dos Receptores de Angiotensina 1. Mecanismo de ação • Bloqueio dos receptores AT1 da angiotensina II; • O bloqueio do receptor AT1 resulta na redução da pressão arterial e nos efeitos benéficos na ICC; • Os efeitos são similares aos inibidores da enzima conversora, com as vantagens de não atuar sobre a bradicinina; 2. Uso Clínico • Eficaz como monoterapia para a HAS; • Não são tão eficazes na redução da PA quanto os IECA; • Substitutos do IECA, devido à intolerância aos efeitos colaterais; • São úteis também no tratamento da IC. Principais representantes: Losartan, Valsartan, Irbesartan, Candersartan. Mecanismos de Compensação Esquemas Terapêuticos • Monoterapia: Os anti-hipertensivos preferenciais são: diuréticos, betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da ECA, bloqueadores do receptor AT1; O tratamento deve ser individualizado e a escolha inicial deve basear-se em: capacidade do agente a ser escolhido de reduzir a morbidade e a mortalidade cardiovasculares; perfil de segurança do medicamento; mecanismo fisiopatogênico predominante; características individuais; doenças associadas; condições socioeconômicas do paciente. Esquemas Terapêuticos • Terapia Combinada: Por falha do esquema de monoterapia e necessidade de controle mais rigoroso da PA, há a introdução mais precoce de terapêutica combinada de anti-hipertensivos como primeira medida medicamentosa; O esquema anti-hipertensivo instituído deve manter a qualidade de vida do paciente, de modo a estimular a adesão às recomendações prescritas; Existem evidências de que, para hipertensos com PA controlada, a associação de ácido acetilsalicílico em baixas doses diminui a ocorrência de complicações cardiovasculares, desde que não haja contra-indicação. Algoritmo de Tratamento de HAS Estágio 1 (Leve) OK OK NÃO CONTROLADO NÃO CONTROLADO NÃO DIABÉTICOS MONOTERAPIA: HCTZ 12,5 mg/d ou ATENOLOL 25 mg/d ou ENALAPRIL 5 mg/d CAPTOPRIL 25mg/d MONOTERAPIA – AS DOSES HCTZ 25 mg/d ou ATENOLOL 50 mg/d ou ENALAPRIL 10 mg/d CAPTOPRIL 50 mg/d AUMENTAR AS DOSES ENALAPRIL 10 mg/dia ou CAPTOPRIL 50 mg/d 1ª ESCOLHA: ENALAPRIL 5 mg/d ou CAPTOPRIL 25 mg/d MANTER CONDUTA MANTER CONDUTA ABORDAGEM NÃO FARMACOLÓGICA DIABÉTICOS OK OK Algoritmo de tratamento da hipertensão estágios 2 e 3 (moderada e grave) NÃO CONTROLADO OK OK NÃO CONTROLADO ASSOCIAÇÃO DE DROGAS: HCTZ 12,5 mg/d E ATENOLOL 50 mg/d HCTZ 12,5 mg/d E ENALAPRIL 10 mg/d OU HCTZ 12,5 mg/d E CAPTOPRIL 50 mg/d AUMENTAR AS DOSES HCTZ 25 mg/d E ATENOLOL 100 mg/d HCTZ 25 mg/d E ENALAPRIL 20 mg/d OU HCTZ 25 mg/d E CAPTOPRIL 100 mg/d MANTER CONDUTA MANTER CONDUTA NÃO CONTROLADO MANTER CONDUTA AUMENTAR ATÉ AS DOSES MÁXIMAS DAS ASSOCIAÇÕES UTILIZADAS OK NÃO CONTROLADO SE HIPERTENSÃO GRAVE E NÃO CONTROLADO, ADICIONAR: HIDRALAZINA 50 A 150 mg/d AVALIAR ADESÃO, PESQUISAR CAUSA SECUNDÁRIA ADICIONAR ATENOLOL, ENALAPRIL/CAPTOPRIL SE AINDA NÃO UTILIZADO. TROCAR A ASSOCIAÇÃO OU ADICIONAR NIFEDIPINA RETARD (20 a 40mg/dia)