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I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A Qualidade da água água é um elemento vital para as atividades humanas e para a manutenção da vida. Para satisfazer as necessidades humanas e ambientais, é necessário que a água tenha certas características que variam com o seu uso. A água utilizada para análises clínicas, por exemplo, deve ser tanto quanto possível isenta de sais e outras substâncias em solução ou suspensão. Já para a navegação e para a geração de energia, por exemplo, a água deve apenas atender ao requisito de não ser excessivamente agressiva às estruturas. Para os processos biológicos incluindo a manutenção dos ecossistemas, a alimentação humana e a dessedentação animal, as exigências são intermediárias. Poluição da água Entende-se por poluição da água a alteração de suas características por quaisquer ações ou interferências sejam elas ou não provocadas pelo homem (Braga et al., 2005). A origem da palavra poluição está relacionada à condição estética da água, que parece suja quando a poluição pode ser percebida a olho nu. Entretanto, a alteração da qualidade da água não se manifesta apenas em características estéticas. A água aparentemente limpa pode conter micro-organismos patogênicos e substâncias tóxicas. As fontes de poluentes da água são divididas em pontuais ou difusas, dependendo da facilidade com que se visualiza o ponto em que os poluentes estão sendo lançados no rio, lago ou corpo d’água receptor. Cargas pontuais de poluentes são introduzidas por lançamentos facilmente identificáveis e individualizados, como os despejos de esgoto de uma indústria. Poluentes difusos são lançados de forma distribuída e não é fácil identificar como são produzidos, como no caso das substâncias provenientes de áreas agrícolas, ou dos poluentes associados à drenagem pluvial urbana. Parâmetros de qualidade de água A qualidade da água é avaliada de acordo com algumas características físicas, químicas ou biológicas denominadas parâmetros de qualidade de água. Freqüentemente, mas Capítulo 19 A W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 252 não necessariamente, estes parâmetros são apresentados como concentração de certas substâncias presentes na água. Os valores destes parâmetros são importantes para a caracterização da água frente aos usos a que ela se destina. Por exemplo, para ser bebida a água não pode ter uma concentração excessiva de sais. Alguns dos principais parâmetros de qualidade de água são apresentados a seguir. Temperatura A temperatura é uma das características mais importantes da água de um rio ou lago porque a temperatura da água afeta as características físicas e químicas da água, como, por exemplo a solubilidade dos gases e a densidade. A temperatura exerce um efeito sobre as reações químicas e a atividade biológica na água. A velocidade das reações químicas duplica para cada 10º. C de aumento de temperatura da água. A temperatura também controla a concentração máxima de oxigênio dissolvido na água (Benetti e Bidone, 1993). Poluição térmica pode existir se um corpo d’água recebe um efluente de alguma atividade humana que altera profundamente a temperatura da água. Este é o caso típico de usinas termoelétricas a carvão ou nucleares. Estas usinas normalmente são construídas próximas a grandes corpos de água porque utilizam a água no seu processo de resfriamento. A água é retirada de um rio, lago, ou mesmo do oceano, a temperatura ambiente e é devolvida alguns graus acima da temperatura ambiente. Outra fonte de poluição térmica é uma barragem em que a água descarregada para jusante é retirada de camadas muito profundas do reservatório localizado a montante. No fundo de um reservatório a temperatura da água pode ser bastante inferior à temperatura normal da água do rio. Oxigênio Dissolvido O Oxigênio Dissolvido (OD) é necessário para manter as condições de vida dos seres que vivem na água, e, portanto, é um parâmetro importante na análise da poluição de um rio. O OD é consumido pelos seres vivos, especialmente os organismos decompositores de matéria orgânica. A concentração de OD na água aumenta por fotossíntese de plantas e algas aquáticas ou por reareação, no contato com a atmosfera. O OD tem uma concentração máxima para dadas condições de temperatura e salinidade da água, que é conhecida como concentração de saturação. A concentração de saturação aumenta com a redução da temperatura da água. A tabela 19.1 apresenta valores de concentração de saturação de Oxigênio Dissolvido na água com salinidade zero e em condições de pressão atmosférica média ao nível do mar. I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 253 Tabela 19. 1: Concentração de OD de saturação para diferentes temperaturas da água. Valores correspondem à água doce (salinidade zero) e pressão atmosférica média ao nível do mar. Temperatura da água (oC) Concentração de OD (mg.l-1) 0 14,6 5 12,7 10 11,3 15 10,1 20 9,1 25 8,2 30 7,5 40 6,4 Um valor de concentração de 4 mg.l-1 é, normalmente, tomado como limite inferior de tolerância para peixes, porém este valor depende da espécie. Valores inferiores a 3 mg.l- 1 tendem a ser prejudiciais para a maior parte dos vertebrados aquáticos. A velocidade com que o OD é consumido pela decomposição da matéria orgânica, as taxas de reoxigenação, e alguns cálculos simples em rios e lagos são apresentados nos itens seguintes deste capítulo. pH O pH expressa o grau de acidez ou alcalinidade da água, em valores de 0 a 14, sendo que valores inferiores a 7 indicam águas ácidas e valores superiores a 7 indicam águas alcalinas (Benetti e Bidone, 1993). O pH do meio (água) controla as reações químicas de muitos outros poluentes. Valores baixos de pH aceleram a decomposição de materiais potencialmente tóxicos. Valores altos de pH podem levar a um aumento na concentração de amônia, que é tóxica para os peixes DBO A água dos rios e de esgotos cloacais e industriais contém matéria orgânica. Esta matéria orgânica é decomposta por microorganismos que, em geral, consomem oxigênio no processo de decomposição. A DBO, ou Demanda Bioquímica de Oxigênio, representa o consumo potencial de oxigênio para decompor a matéria orgânica existente na água. A DBO é medida a partir de uma coleta de amostra que deve ser mantida a 20º. C. A Concentração inicial de oxigênio na amostra é medida e a amostra fica mantida por cinco dias em um recipiente de vidro, livre da influência da luz. Ao longo destes cinco dias o oxigênio vai sendo consumido por bactérias e a concentração de OD é medida ao final dos cinco dias. A diferença entre a concentração inicial de OD (mais alta) e a concentração final (mais baixa) é o valor da DBO5, denominada assim porque está baseada num teste realizado em 5 dias. Os processos de transformação de matéria orgânica na água, e o conseqüente consumo de OD, são analisados novamente nos próximos itens deste capítulo. W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 254 Coliformes fecais Obviamente existem inúmeros tipos de micro-organismos nas águas, e alguns destes podem indicar presença de dejetos de origem animal. A água com micro-organismos de origem humana é potencialmente nociva, porque muitos tipos de doenças são transmitidas via a água. Entretanto, testar a água para todos os micro-organismos potencialmente patogênicos seria muito caro, assim é mais comum a verificação da presença ou concentração da bactéria Escherichia coli. Escherichia coli é uma bactéria presente nos sistemas digestivos de animais de sangue quente, que normalmente não é nociva, mas que é usada como indicativo de contaminação com fezes humanas (ou mais raramente de outros animais). A presença de E.coli e sua concentração é medida e expressa através da concentração de coliformes fecais em Número Mais Provável (NMP) por 100 ml de água, ou seja NMP/100ml. Mistura Aspectos fundamentais da qualidade da água são, normalmente, apresentados em termos de concentração de substâncias na água. A concentração é expressa como a massa da substância por volume de água, em mg.l-1, ou g.m-3. Por exemplo, ao acrescentar e dissolver 12 mg de sal em um litro de água pura, obtém-se água com uma concentração de 12 mg.l-1. De forma semelhante, quando são misturados volumes de água com concentrações diferentes, a concentração final equivale a uma média ponderada das concentrações originais, o mesmo ocorrendo no caso de vazões. Assim, se um rio com vazão QR e concentração CR recebe a entrada de um afluente com vazão QA e com concentração CA. Admitindo uma rápida e completa mistura das águas, a concentração final é dada por: AR AARR F QQ CQCQC + ⋅+⋅ = (19.1) EXEMPLO 1) Uma cidade coleta todo o esgoto cloacal, mas não tem estação de tratamento. Assim, a vazão de esgoto de 0,5 m3.s-1 com uma concentração de 50 mg.l-1 de Nitrogênio Total é lançada em um rio com uma vazão de 23 m3.s-1 e com uma concentração de 1 mg.l-1 de Nitrogênio Total. Considerando mistura completa qual é a concentração final no rio a jusante da entrada do esgoto. A concentração final, considerando mistura completa e imediata é I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 255 AR AARR F QQ CQCQC + ⋅+⋅ = ou seja 04,2 5,23 505,0123 = ⋅+⋅ =FC portanto a concentração final é de 2,04 mg.l-1. A carga ou fluxo de um poluente ou substância é dada pelo produto entre a vazão e a concentração. No exemplo anterior, o fluxo de Nitrogênio Total no rio, a jusante da entrada de esgoto é dado por: 1 3 .4804,25,2304,25,23 −=⋅= ⋅ ⋅ ⋅=⋅= sKg s Kg ls mgmCQW FFF Na realidade, a mistura de um poluente lançado no rio com a água deste rio não é imediata. Ao longo de um trecho L a jusante do ponto de lançamento a água não pode ser considerada completamente misturada. Um exemplo clássico deste fenômeno é a confluência dos rios Amazonas e Negro – o Encontro das Águas – que fluem lado a lado por vários km até que suas águas se misturem. A rapidez com que um poluente se mistura à água do rio depende da turbulência e a turbulência depende da velocidade e da quantidade de obstáculos e curvas. Uma estimativa útil para um lançamento lateral em um rio pode ser obtida pela equação a seguir (Yotsukara, 1968 apud Chapra, 1997): ⋅⋅= H BU528L 2 m , (19.2) onde Lm é a distância a partir do ponto de lançamento para a qual pode se considerar que a mistura é completa (m); B é a largura média do rio (m); H é a profundidade média do rio (m); e U é velocidade da água (m.s-1). EXEMPLO 2) Esgoto industrial é lançado diretamente em um pequeno rio com vazão de 1,8 m3.s-1, largura média de 15 m, em que a velocidade da água é de 0,3 m.s-1 e a profundidade média é de 0,4 m. Qual é a distância percorrida até que possa se considerar que o esgoto lançado está completamente misturado à água do rio? A distância a jusante do lançamento onde a mistura pode ser considerada completa pode ser estimada por: m1438 40 1530528 H BU528L 22 m = ⋅⋅= ⋅⋅= , ,,, W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 256 ou seja, Lm = 1438 m. O tempo para a água percorrer esta distância é: d t= 1438/0,3 = 4793 s Assim, a distância é de 1438 m e o tempo para ocorrer mistura completa é de 1 hora e 20 minutos. Transformação de poluentes Os poluentes da água podem ser classificados em conservativos e não conservativos, dependendo da ocorrência ou não de transformações destes poluentes que afetam a sua concentração na água. Poluentes ou parâmetros de qualidade de água conservativos não reagem com o meio ou com outras substâncias, e não alteram a sua concentração por processos físicos, químicos e biológicos, exceto a mistura. Um exemplo simples é o sal. Poluentes ou parâmetros de qualidade não conservativos se transformam em contato com o meio ou reagem com outras substâncias, alterando sua concentração ao longo do tempo. Exemplos de poluentes não conservativos são os coliformes fecais e a DBO. As substâncias não conservativas podem alterar sua concentração pelos seguintes tipos de transformações: reações químicas; consumo na cadeia trófica; sedimentação; trocas com a atmosfera. As reações que ocorrem com os poluentes são descritas matematicamente supondo que existem relações relativamente simples entre as taxas de transformação e a concentração do poluente analisado e de outras substâncias. Uma das representações mais simples e mais utilizadas é o chamado modelo de cinética de reações de primeira ordem, em que se supõe que a taxa de reação é proporcional à concentração da substancia analisada (equação 19.3). Ck dt dC ⋅−= (19.3) onde C é a concentração, t é o tempo, e k um coeficiente de decaimento, que tem unidades de tempo. A solução desta equação diferencial é dada pela equação 19.4, em que C0 é a concentração em t=0. tk 0 eCC ⋅− ⋅= (19.4) Transformação da DBO e consumo de OD Um dos poluentes não conservativos mais importantes é a DBO. A transformação da matéria orgânica consumidora de oxigênio (DBO) pode ser razoavelmente bem I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 257 representada por equações de primeira ordem, como a equação 19.3. Se uma amostra de água com uma pequena quantidade de matéria orgânica degradável for mantida num frasco sem luz e sem oxigenação, a concentração de OD ao longo do tempo normalmente tem um comportamento como o ilustrado na Figura 19. 1. A matéria orgânica se degrada e o OD da água é consumido ao longo deste processo, como mostra o gráfico. O gráfico da Figura 19. 1 corresponde a um processo de reação ou decaimento de primeira ordem, do tipo descrito pela equação 19.3. No caso da matéria orgânica, muitas vezes é utilizada a letra L para representar a concentração de DBO. Assim, a equação diferencial e sua solução são normalmente escritas como: Lk dt dL 1 ⋅−= (19.5) tk 0 1eLL ⋅−⋅= (19.6) onde t é o tempo; L é a concentração de DBO e k1 é um coeficiente com unidades de tempo-1. Já o OD é consumido em uma velocidade que depende da concentração de DBO, o que corresponde à equação 19.7. Lk dt dC 1 ⋅−= (19.7) onde C é a concentração de OD. Considerando a equação 19.6, a solução daequação diferencial 19.7 é a seguinte: ( )tk00 1e1LCC ⋅−−⋅−= (19.8) onde C0 é a concentração de OD no instante t=0. Quando é medida a DBO5,20 de uma amostra de água é calculada a diferença entre a concentração de OD no dia inicial e a concentração de OD cinco dias depois. Usando a equação 19.8, pode-se expressar a equação correspondente a esta medição: Figura 19. 1: Concentração de OD e DBO ao longo do tempo em um frasco com uma pequena quantidade de matéria orgânica degradável, sem reoxigenação. W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 258 ( )( ) ( )5k0205 5k 00050205 1 1 e1LDBO e1LCCCCDBO ⋅− ⋅− −⋅= −⋅−−=−= , , (19.9) onde k1 deve ser utilizado com unidades de dia -1. Então, ao longo de 5 dias a matéria orgânica degradável consome uma quantidade de OD que é medida pela DBO5,20. Para saber a quantidade total de OD que a matéria orgânica poderia ter consumido, se houvesse tempo para isso, é necessário estimar o valor de L0, que é conhecida como DBO Última ou DBO Total. A DBO Última ou DBO Total pode ser estimada considerando que o processo seguiria a partir do quinto dia de acordo com um decaimento de primeira ordem. Utilizando a equação 19.9 podemos encontrar o valor de L0 a partir do valor da DBO5,20 e de uma estimativa do coeficiente k1: ( )5k 2050 1e1 DBO L ⋅− − = , (19.10) Valores típicos de k1 podem ser encontrados a partir de medições de consumo de OD com duração maior do que 5 dias. Na literatura são citados valores de k1 entre 0,1 e 0,35 para ensaios de laboratório. Os valores mais altos ocorrem para efluentes não tratados e os valores mais baixos para água relativamente limpa. Em rios e lagos a degradação da matéria orgânica pode ocorrer com velocidades maiores do que em frascos de laboratório, especialmente se a temperatura da água for alta, como descrito no próximo item. Figura 19. 2: Concentração de OD e DBO ao longo do tempo em um frasco com uma pequena quantidade de matéria orgânica degradável, sem reoxigenação, com indicação da forma como é medida a DBO5,20. I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 259 EXEMPLO 3) Para uma amostra de esgoto foi medido o valor de DBO5,20 de 300 mg/l. Estime o valor da DBO total considerando que o coeficiente de decaimento é de 0,35 dia-1. A DBO total ou última pode ser calculada a partir da DBO5,20 por: ( ) ( ) 363e1 300 e1 DBO L 53505k 205 0 1 = − = − = ⋅−⋅− , , Assim, a DBO total é de 363 mg/l.. Em um frasco lacrado, impedindo a reoxigenação da água, obviamente não é possível consumir 363 mg/l de OD, ou mesmo 300 mg/l de OD da água porque a concentração máxima de OD na água a 20oC é da ordem de 9 mg/l. Medições de DBO neste caso são feitas diluindo a amostra inicial em água destilada. Além disso, compostos de Nitrogênio também podem consumir OD. Isto normalmente ocorre após o consumo de DBO inicial. Para diferenciar os dois tipos a demanda inicial de DBO, que é utilizada pelas bactérias para degradar compostos orgânicos de carbono é conhecida como DBO carbonácea e a DBO associada aos compostos de Nitrogênio é conhecida como DBON, ou DBO nitrogenada. Para manter a abordagem deste texto simples, será considerada apenas a DBO carbonácea. Autodepuração de rios Uma característica importante dos rios é que eles podem se recuperar do impacto causado pelo lançamento de poluentes, desde que respeitados alguns limites de tolerância e após um certo período de tempo. Uma situação típica é a poluição da água pelo lançamento de matéria orgânica com alta demanda bioquímica por oxigênio (DBO), como a que existe no esgoto doméstico e nos efluentes de muitas indústrias alimentícias e de bebidas. Considere um rio com água bastante limpa, em que a DBO é próxima de zero e a concentração de OD está próxima da saturação. Em um ponto é lançado um efluente com alta concentração de DBO e concentração de OD próxima de zero. Admitindo mistura completa e imediata, no ponto de lançamento do efluente poluído ocorre um aumento súbito da concentração de DBO e uma redução da concentração de OD, como mostra a Figura 19. 3. W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 260 Na Figura 19. 3 o afluente poluído entra no rio e a mistura imediata faz a concentração de OD cair do nível de saturação para um valor inferior ao de saturação. Ao mesmo tempo, a concentração de DBO se eleva e o déficit de OD em relação à concentração de saturação (D) também aumenta. A partir do ponto de lançamento, a DBO vai sendo degradada, e o processo consome OD. A concentração de DBO vai diminuindo de forma contínua, entretanto a concentração de OD inicialmente diminui, mas depois volta a aumentar, finalmente atingindo os níveis equivalentes à concentração de saturação a uma certa distância do local de lançamento. Observa-se na figura que é mantida a relação D = CODsat – COD. Figura 19. 3: Gráfico de concentrações de OD e DBO num rio : o ponto de entrada de um afluente poluído corresponde ao Km 20 (OD é o Oxigênio Dissolvido; OD sat é a concentração de OD na saturação; D é o déficit de oxigênio dissolvido em relação à concentração de saturação; e DBO é a concentração de DBO) Em um rio a DBO pode se decompor, consumindo OD, e pode sedimentar, ficando depositada junto ao fundo. O OD é consumido pela degradação da matéria orgânica, o que pode ser parcialmente ou completamente compensado pelo processo de reoxigenação, que ocorre na superfície da água. Transformação da DBO em rios e lagos Em rios e lagos a concentração de matéria orgânica consumidora de OD pode ser reduzida tanto pela degradação realizada pelas bactérias, como pela sedimentação, quando é depositada no fundo. A parte da DBO que é depositada não consome OD I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 261 imediatamente, porém uma demanda associada com sua decomposição por organismos bentônicos pode ocorrer mais tarde. Em termos da coluna de água de rios e lagos, a DBO é removida com uma taxa que depende tanto do decaimento bioquímico como da sedimentação. Pode-se admitir que existe um coeficiente de remoção (kr) dado pela soma de um coeficiente de decaimento (kd), que é semelhante ao k1 definido antes, e de um coeficiente de sedimentação (ks), como mostra a equação 19.11. sdr kkk += (19.11) Neste caso, as equações 19.5 e 19.6, utilizadas para descrever o processo em laboratório, podem ser reescritas numa forma mais adequada para rios e lagos como: Lk dt dL r ⋅−= (19.12) tk 0 reLL ⋅−⋅= (19.13) onde t é o tempo; L é a concentração de DBO e kr é um coeficiente com unidades de tempo-1. Pode-se considerar que a sedimentação não provoca consumo de OD, mas apenas o decaimento bioquímico. Assim, o OD é consumido em uma velocidade que depende da concentração de DBO, e do coeficiente kd: Lk dt dC d OD ⋅−= (19.14) onde COD é a concentração de OD e L é a concentração de DBO. Os valores dos coeficientes kr, ks e kd dependem das características do escoamento e da temperatura. Rios rasos tem valores de kd superiores a 1 dia-1. Em rios com profundidade superior a 2,4 m o valor de kd pode ser considerado igual a 0,3 dia-1. Uma equação empírica, freqüentemente utilizada para estimar o valor de kd para rios com menos de 2,4 m de profundidade é a equação abaixo (Chapra, 1997): Figura 19. 4: Valor do coeficiente kd de decaimento de DBO em rios, de acordo com a profundidade da água (Chapra, 1997). W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 262 4340 d 42 h300k , , , − ⋅= (19.15) onde kd é o coeficiente de decaimento da DBO em rios (dia -1); e h é a profundidade em metros. O valor do coeficiente de decaimento kd também depende da temperatura. Quanto maior a temperatura, mais intenso o metabolismo das bactérias responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, o que acelera o decaimento da DBO. Valores de kd de referência são, normalmente, estimados para uma temperatura de 20oC. Estimativas para outras temperaturas da água podem ser obtidas a partir da equação 19.16: ( )( )20T20dTd 0471kk −⋅= ,,, (19.16) onde kd,T é o valor do coeficiente kd corrigido para a temperatura T; kd,20 é o valor de referência, a uma temperatura de 20 oC; e T é a temperatura em oC. A importância da sedimentação de DBO é maior em rios de pequena profundidade e quando a concentração de DBO é alta. Muitas vezes, no entanto, a sedimentação é desprezada, utilizando um valor de ks igual a zero. Reoxigenação A direção e a magnitude do fluxo de oxigênio depende da diferença entre a concentração real e a concentração de saturação. Esta diferença é chamada déficit de saturação de OD. Concentração de saturação de OD na água varia com a temperatura. A água fria tem valores mais altos de OD na saturação (valores máximos da ordem de 14 mg/l). Já a água quente tem menos OD na saturação, conforme mostra a Tabela 19. 1. Os valores da concentração de saturação de OD na água doce podem ser estimados pela equação 19.17. ++++= 432ODsat T e T d T c T b aC exp (19.17) onde T é a temperatura em graus Kelvin (T=oC+273,15) e os coeficientes são dados a seguir: a = -139,34411 b = 1,575701 . 105 I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 263 c = -6,642308 . 107 d = 1,243800 . 1010 e = -8,621949 . 1011 Pode-se considerar que a reoxigenação também é um processo de primeira ordem, em que a taxa de aumento de concentração de oxigênio depende do déficit, como expresso na equação que segue: ( )ODODsataOD CCkdt dC −⋅= (19.18) onde COD é a concentração de OD na água; onde CODsat é a concentração de OD na condição de saturação; e ka é um coeficiente com unidades de tempo -1. A mesma equação pode ser expressa em termos de déficit de OD: Dk dt dD a ⋅−= (19.20) onde D = CODsat – COD. A reoxigenação ou reaeração depende da turbulência da água. Quanto maior a velocidade da água, mais turbulento é o escoamento e o coeficiente de reoxigenação ka pode atingir valores próximos a 10 dia-1. Já quanto maior a profundidade da água, menor é o coeficiente de reoxigenação, atingindo valores mínimos próximos inferiores a 1 dia-1. Diversas fórmulas empíricas foram desenvolvidas relacionando o valor do coeficiente de reoxigenação (ka) com a velocidade e a profundidade da água em rios (Tabela 19. 2). Estas fórmulas foram obtidas a partir de dados de rios com características diversas e sua aplicação deve respeitar as faixas de valores de velocidade e profundidade utilizadas no seu ajuste. W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 264 Tabela 19. 2: Equações empíricas para estimative do coeficiente de reoxigenação a partir das características do escoamento (unidades: ka (dia-1); u (m.s-1); h (m) - fonte: Chapra, 1997). Autores Equação Faixa de valores considerados no ajuste da equação O’Connor e Dobbins 5,1 5,0 93,3 h uka ⋅= 0,3 < h < 9,14 0,15 < u < 0,49 Churchill 67,1026,5 h uka ⋅= 0,61 < h < 3,35 0,55 < u < 1,52 Owens e Gibbs 85,1 67,0 32,5 h uka ⋅= 0,12 < h < 0,73 0,03 < u < 0,55 Em lagos e reservatórios considera-se que o coeficiente de reoxigenação depende da profundidade e da velocidade do vento, como mostra a equação que segue (Broecker et al., 1978 apud Chapra, 1997): h U8640k wa ⋅= , (19.21) onde Uw é a velocidade do vento a 10 m da superfície (m.s -1) e h é a profundidade média do lago ou reservatório (m). Em transições bruscas como quedas de água ou em vertedores de barragens ocorre uma rápida reoxigenação da água. A reoxigenação nestes pontos depende da qualidade da água e das características da queda ou da descarga existente na barragem. Chapra (1997) descreve uma equação empírica para estimar a razão entre o déficit de OD a montante e a jusante da transição: ).().(. T04601H1101Hba3801r ⋅+⋅⋅−⋅⋅⋅⋅+= (19.22) onde: r é a razão entre o déficit de OD a montante e a jusante da barragem; H é a diferença do nível da água a montante e a jusante da barragem (metros); T é a temperatura da água (°C); a é um coeficiente empírico que depende da qualidade de água; e b é um coeficiente empírico que depende do tipo de barragem. Valores do coeficiente a variam de 0,65 para água muito poluída até 1,8 para água limpa. Valores do coeficiente b variam de valores entre 0,8 e 1,0 para quedas naturais ou vertedores verticais, até valores inferiores a 0,1 para descarregadores de fundo. O coeficiente de reoxigenação também depende da temperatura, e normalmente se considera os valores de referencia válidos para a temperatura de 20 oC. Valores de ka para outras temperaturas podem ser ajustados segundo a equação a seguir: I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 265 ( )( )20T20aTa 0241kk −⋅= ,,, (19.23) onde ka,T é o valor do coeficiente ka corrigido para a temperatura T; ka,20 é o valor de referência, a uma temperatura de 20 oC; e T é a temperatura em oC. O modelo de Streeter-Phelps Um método simplificado para representar matematicamente o processo de autodepuração de rios foi proposto na década de 1920 por dois pesquisadores americanos (H. W. Streeter e E. B. Phelps) que analisavam os problemas de qualidade de água do rio Ohio. Em homenagem a estes autores, o método passou a ser conhecido como Modelo de Streeter-Phelps. Embora seja atualmente superado por modelos mais complexos, baseados em métodos numéricos, o modelo de Streeter-Phelps permite analisar casos simples de lançamentos de efluentes com concentrações de DBO relativamente altas em um rio e permite prever conseqüências do lançamento sobre o OD do rio. Na versão mais simples do modelo de Streeter-Phelps considera-se um rio que recebe contribuição localizada e constante de um efluente com alto DBO. O rio apresenta escoamento uniforme e permanente, o que significa que a vazão e a velocidade da água não variam ao longo do tempo e do espaço. Após a mistura inicial do efluente com a água do rio, que se considera imediata (equação 19.1), considera-se que a água percorre o rio sem se misturar mais, isto significa que é desprezada a difusão ou dispersão turbulenta. No modelo de Streeter-Phelps o escoamento de água ao longo de um rio pode ser entendido como uma fila de tanques que se movimentam, sem que a água de um Figura 19. 5: O escoamento em um rio na versão mais simples do modelo Streeter-Phelps pode ser entendido como uma fila de tanques de água que seguem com uma velocidade constante. W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 266 tanque possa se misturar com a água do tanque ao lado, como mostra a Figura 19. 5. Em cada tanque ocorre decaimento de DBO, consumo de OD e reoxigenação, mas a água dos tanques não se mistura. Para cada “tanque” do modelo Streeter-Phelps a variação da concentração de DBO é descrita pela equação 19.13 e a variação de OD pode ser calculada pela equação diferencial a seguir: ( )ODsatODaDBOdOD CCkCkdt dC −⋅+⋅−= − (19.24) ou, em termos de déficit de OD em relação à saturação (D), a equação fica: DkLk dt dD ar ⋅−⋅= (19.25) onde kr é o coeficiente de remoção de DBO (kr=kd+ks); ka é o coeficiente de reoxigenação; L é a concentração de DBO. Combinando a equação acima com a equação 19.13, encontra-se uma equação diferencial cuja solução é dada pela equação 19.26 (Chapra, 1997): ( )tktk ra 0dtk 0 ara ee kk Lk eDD ⋅−⋅−⋅− −⋅ − ⋅ +⋅= (19.26) onde D0 é o déficit de OD no ponto de lançamento. Considerando que o escoamento é permanente e uniforme no trecho de rio, o tempo e a distância se relacionam diretamente, isto é x = u . t; e a variável t na equação anterior pode ser substituída por x/u. Reescrevendo, a equação fica: −⋅ − ⋅ +⋅= ⋅−⋅−⋅− u xk u xk ra 0du xk 0 ara ee kk Lk eDD (19.27) onde x é a distância a partir do ponto de lançamento do efluente e u é a velocidade. A equação 19.27 pode ser utilizada para calcular o déficit de OD em relação à saturação num ponto qualquer a jusante do lançamento. É importante lembrar que x, k, t e u devem ser usadas em unidades compatíveis. Por exemplo, as unidades poderiam ser: x em km; kr , kd e ka em dia -1; t em dias; e u em km.dia-1. A equação 19.26 pode ser utilizada para encontrar o tempo (e a distância a partir do ponto de lançamento) em que ocorre o maior déficit. Este tempo, denominado tc, I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 267 pode ser encontrado derivando a equação 19.26 em relação ao tempo, e igualando a derivada a zero. ( ) ⋅ −⋅ −⋅⋅ − = 0d ra0 r a ra c Lk kkD1 k k kk 1 t ln (19.28) e o déficit crítico, que ocorre em t=tc, pode ser calculado por: ( ) − − ⋅ −⋅ −⋅⋅ ⋅ = ra a kk k 0d ra0 r a a 0d c Lk kkD1 k k k Lk D (19.29) As equações 19.28 e 19.29 não podem ser usadas quando COD chega a zero no meio do trecho. Neste caso o rio está numa condição anaeróbica. O tempo ti em que inicia a situação anaeróbica é caracterizado pela igualdade D = CODsat. Usando a equação 19.26, encontrar o valor de ti corresponde a encontrar a raiz da função f(t) dada na equação 19.30, o que pode ser feito numericamente por um método como bissecção ou Newton, ou usando o Solver do Excel. ( ) ( ) ODsattktk ra 0dtk 0 Ceekk Lk eDtf ara −−⋅ − ⋅ +⋅= ⋅−⋅−⋅− (19.30) A partir de ti até um tempo tf perdura a condição anaeróbica. Neste período a taxa de decaimento da DBO depende da reoxigenação. Desprezando a sedimentação de DBO isto significa que: ODsata Ckdt dL ⋅−= (19.31) Assim, entre os tempos ti e tf, isto é, enquanto dura a situação anaeróbica, a DBO pode ser calculada por: ( )iODsatatk0 ttCkeLL ir −⋅⋅−⋅= ⋅− (19.32) O tempo tf em que termina a condição anaeróbica ocorre quando a reoxigenação volta a ficar igual ao consumo potencial de OD, isto é, quando: LkCk dODsata ⋅=⋅ (19.33) Combinando as equações 19.32 e 19.33, verifica-se que isto corre quando: W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 268 ODsata ODsata tk 0d d if Ck CkeLk k 1 tt ir ⋅ ⋅−⋅⋅ ⋅+= ⋅− (19.34) A partir deste ponto, voltam a valer as equações 19.13 para DBO e 19.26 para OD. Numa análise baseada com o modelo de Streeter-Phelps é importante considerar as suas suposições e limitações: • Escoamento permanente e uniforme. • Despreza outros tipos de consumo de OD, exceto DBO. Usos da água e qualidade da água No Brasil existe a resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente que regulamenta classes de uso e de qualidade de água dos rios e outros corpos de água. A RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, de 17de março de 2005, define classes de acordo com os usos da água e define qualidade da água mínima para cada uso. As águas doces são classificadas em cinco grupos: classe especial e classes 1 a 4, descritas brevemente a seguir. Os limites de valores de alguns parâmetros de qualidade de água para cada classe são apresentados na tabela Tabela 19. 3. Classe especial São águas destinadas ao abastecimento para o consumo humano, com desinfecção simples. Também servem para a preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e para a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. Classe 1 São águas que podem ser destinadas ao à recreação de contato primário, como natação e vela; à proteção das comunidades aquáticas; à aqüicultura e à atividade de pesca; ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parque, jardins, campos de esportes e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto. Classe 2 São águas que podem servir ao consumo humano após tratamento convencional; podem ser destinadas à pesca amadora; e à recreação de contato secundário. Também I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 269 podem ser usadas para irrigação de hortaliças e plantas frutíferas, e de áreas de lazer, com as quais o público possa vir a ter contato direto. Classe 3 São águas que podem ser destinadas ao consumo humano após tratamento convencional ou avançado; podem servir à irrigação de culturas arbóreas ou cereais; e podem servir à dessedentação de animais. Classe 4 São águas que podem ser destinadas à navegação e à harmonia paisagística. Tabela 19. 3: Valores limites de alguns parâmetros de qualidade de água para diferentes classes, de acordo com a resolução CONAMA de 2005. Parâmetros Classes especial 1 2 3 4 DBO5,20 (mg/l) 3≤ 5≤ 10≤ - Oxigênio Dissolvido (mg/l) 6≥ 5≥ 4≥ 2≥ Nitrogênio Total (mg/l) Fósforo total (ambiente lêntico) (mg/l) 0200,≤ 0300,≤ 0500,≤ - Fósforo total (ambiente lótico) (mg/l) 100,≤ 100,≤ 150,≤ - Temperatura (oC) Coliformes fecais (NMP/100 ml) Leituras adicionais Aspectos de qualidade de água não são, normalmente, analisados em livros introdutórios de Hidrologia. Uma boa opção é o capítulo sobre o Meio Aquático, no livro Introdução à Engenharia Ambiental (Braga et al., 2005). Um dos livros mais completos sobre o assunto da qualidade de água, com ênfase à representação matemática da qualidade da água em rios e lagos, é o livro Surface Water Quality Modeling, de Steven Chapra (1997). Em língua portuguesa um livro dedicado a relação entre hidrologia e qualidade de água, com bastante ênfase em modelos de simulação, é Hidrologia Ambiental, editado pela ABRH, escrito por vários autores e organizado por Rubem Porto (1991). W . C O L L I S C H O N N – I P H - U F R G S 270 Exercícios 1) Considere um rio que recebe um afluente poluído, com as características dadas na tabela abaixo. Verifique se a concentração de OD no rio permanece acima de 4 mg/l no trecho a jusante da entrada do afluente. Considere que a temperatura da água do rio e do afluente é de 20oC. Variável Rio Afluente Vazão (m3/s) 5,0 0,3 Área molhada (m2) 20 Profundidade (m) 1,5 DBO5,20 (mg/l) 1 30 OD (mg/l) 7 0 2) Considere um rio que recebe um afluente poluído, com as características dadas na tabela abaixo. Calcule a concentração de OD no rio 20 km a jusante da entrada do afluente. Considere que a temperatura da água do rio e do afluente é de 25oC. Variável Rio Afluente Vazão (m3/s) 5,0 0,3 Área molhada (m2) 20 Profundidade (m) 1,5 DBO5,20 (mg/l) 1 30 OD (mg/l) 7 0 3) Um frigorífico lança uma vazão de 0,1 m3.s-1 de efluente com uma concentração de 500 mg.l-1 de DBO em um rio. A vazão de diluição é definida como a vazão necessária para diluir este efluente até que a concentração final da mistura seja inferior a um dado limite. Calcule as vazões de diluição para que a mistura permaneça nas classes 1, 2 e 3 definidas pelo CONAMA. 4) Uma cidade coleta todo o esgoto doméstico, mas não tem estação de tratamento. Assim, a vazão de esgoto de 0,5 m3.s-1 com uma concentração de 50 mg.l-1 de Nitrogênio Total é lançada em um rio num ponto em que a curva de permanência é dada pela figura que segue (próximo problema). O órgão ambiental estadual obrigará a cidade a pagar multas toda vez que a concentração de Nitrogênio Total no rio ultrapassar o limite de 0,4 mg.l-1. Considerando que a concentração de Nitrogênio Total no rio a montante da entrada do esgoto é constante e igual a 0,2 mg.l-1, qual é a porcentagem do tempo em que o limite será ultrapassado? Considere mistura completa e imediata das águas do esgoto no rio. I N T R O D U Z I N D O H I D R O L O G I A 271 5) Uma usina termoelétrica será instalada às margens de um rio, em um local em que a curva de permanência é apresentada na figura abaixo. A temperatura da água do rio é de 17oC e uma vazão água utilizada para resfriamento, de 1,3 m3.s-1 será lançada pela usina termelétrica, com temperatura de 43 oC. Qual será a temperatura final do rio a jusante do lançamento considerando mistura completa? Considere como referência a Q95.