Logo Passei Direto
Buscar
Material

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 1
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: 
1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às 
pessoas. 
1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 
2 Inquérito policial. 
3 Ação penal. 
4 Competência. 
5 Prova. 
6 Juiz, ministério público, acusado, defensor, assistentes e auxilia-
res da justiça, atos de terceiros. 
7 Prisão e liberdade provisória. 
7.1 Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária). 
8 Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos fun-
cionários públicos. 
9 Habeas corpus e seu processo. 
10 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual 
penal. 
 
1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em rel1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em rel1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em rel1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relaaaação às ção às ção às ção às 
pessoas. pessoas. pessoas. pessoas. 
1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 
 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
 Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por 
este Código, ressalvados: 
 I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
 II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos 
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da Repúbli-
ca, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsa-
bilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); 
 III - os processos da competência da Justiça Militar; 
 IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, 
art. 122, no 17); 
 V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 
 Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos 
referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não 
dispuserem de modo diverso. 
 Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de 
direito. 
Código de Processo PenalCódigo de Processo PenalCódigo de Processo PenalCódigo de Processo Penal é o conjunto de regras e princípios 
de Direito Processual Penal ou Processo Penal, destinados à organização 
da justiça penal e aplicação dos preceitos contidos no Direito Penal e na Lei 
das Contravenções Penais. 
 
2 Inquérito policial. 2 Inquérito policial. 2 Inquérito policial. 2 Inquérito policial. 
 
INQUÉRITO POLICIAL E OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO 
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução 
Dedica-se este capítulo ao estudo das variadas formas de investigação 
que possibilitem a formação de um quadro probatório prévio,justificador da 
ação penal, em nome da segurança mínima exigida para a atividade estatal 
contra alguém no campo criminal. Muitos deles de alçada constitucional — 
que, em nome da dignidade da pessoa humana, busca-se um Estado 
democrático de Direito em todas as áreas, mormente em Direito Penal e 
Processual Penal, motivo pelo qual não se pode investir contra o indivíduo, 
investigando sua vida privada, garantida naturalmente pelo direito constitu-
cional à intimidade, bem como agindo em juízo contra alguém sem um 
mínimo razoável de provas, de modo a instruir e sustentar tanto a materiali-
dade (prova da existência da infração penal) como indícios suficientes de 
autoria (prova razoável de que o sujeito é autor do crime ou da contraven-
ção penal). 
O Estado pode e deve punir o autor da infração penal, garantindo com 
isso a estabilidade e a segurança coletiva, tal como idealizado no próprio 
texto constitucional (art. 5.º, caput, CF), embora seja natural e lógico exigir-
se uma atividade controlada pela mais absoluta legalidade e transparência. 
Nesse contexto, variadas normas permitem que órgãos estatais 
investiguem e procurem encontrar ilícitos penais ou extrapenais. O principal 
instrumento investigatório no campo penal, cuja finalidade precípua é 
estruturar, fundamentar e dar justa causa à ação penal, é o inquérito 
policial. Aliás, constitucionalmente, está prevista a atividade investigatória 
da polícia judiciária — federal e estadual (art. 144, § 1º, IV, e § 4º CF). Por 
isso, o Código de Processo Penal dedica um capítulo específico a essa 
forma de investigação, ainda que não seja a única possível a dar alicerce à 
ação penal, como veremos a seguir. 
Conceito de inquérito policial 
O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de 
caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita 
preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua 
autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do representante 
do Ministério Público, mas também a colheita de provas urgentes, que 
podem desaparecer, após o cometimento do crime. Não podemos olvidar, 
ainda, que o inquérito serve à composição das indispensáveis provas pré-
constituídas que servem de base à vítima, em determinados casos, para a 
propositura da ação penal privada. Tornaghi fornece conceito ampliativo do 
inquérito policial, dizendo que “o processo, como procedimento, inclui 
também o inquérito. Não há erro, como por vezes se afirma, em chamar 
processo ao inquérito. Deve subtender-se que a palavra não está usada 
para significar relação processual, a qual, em regra, se inicia pela 
acusação” (Compêndio de processo penal, t. I, p. 39). 
A denominação inquérito policial, no Brasil, surgiu com a edição da Lei 
2.033, de 20 de setembro de 1871, regulamentada pelo Decreto-lei 4.824, 
de 28 de novembro de 1871, encontrando-se no art. 42 daquela Lei a 
seguinte definição: “O inquérito policial consiste em todas as diligências 
necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de suas 
circunstâncias e de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a 
instrumento escrito”. Passou a ser função da polícia judiciária a sua 
elaboração. Apesar de seu nome ter sido mencionado pela primeira vez na 
referida Lei 2.033/71, suas funções, que são da natureza do processo 
criminal, existem de longa data e tornaram-se especializadas com a 
aplicação efetiva do princípio da separação da polícia e da judicatura. 
Portanto,já havia no Código de Processo de 1832 alguns dispositivos sobre 
o procedimento informativo, mas não havia o nomen juris de inquérito 
policial (cf. Tourinho Filho, Processo penal, v. 3, p. 175-176; Canuto 
Mendes de Almeida, Princípios fundamentais do processo penal, p. 62). 
É importante repetir que sua finalidade precípua é a investigação do 
crime e a descoberta do seu autor, com o fito de fornecer elementos para o 
titular da ação penal promovê-la em juízo, seja ele o Ministério Público, seja 
o particular, conforme o caso. Nota-se, pois, que esse objetivo de investigar 
e apontar o autor do delito sempre teve por base a segurança da ação da 
Justiça e do próprio acusado, pois, fazendo-se uma instrução prévia, 
através do inquérito, reúne a polícia judiciária todas as provas preliminares 
que sejam suficientes para apontar, com relativa firmeza a ocorrência de 
um delito e o seu autor. O simples ajuizamento da ação penal contra 
alguém provoca um fardo à pessoa de bem, não podendo, pois, ser ato 
leviano, desprovido
de provas e sem um exame pré-constituído de 
legalidade. Esse mecanismo auxilia a Justiça Criminal a preservar 
inocentes de acusações injustas e temerárias, garantindo um juízo 
inaugural de delibação, inclusive para verificar se se trata de fato definido 
como crime. 
O inquérito é um meio de afastar dúvidas e corrigir o prumo da 
investigação, evitando-se o indesejável erro judiciário. Se, desde o início, o 
Estado possuir elementos confiáveis para agir contra alguém na esfera 
criminal, torna-se mais difícil haver equívocos na eleição do autor da 
infração penal. Por outro lado, além da segurança, fornece a oportunidade 
de colher provas que não podem esperar muito tempo, sob pena de 
perecimento ou deturpação irreversível (ex.: exame do cadáver ou do local 
do crime). 
Assim sendo, em nível ideal, somente deveríamos admitir que as 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 2
provas colhidas no inquérito policial fossem usadas para instruir a peça 
inicial acusatória, já que a razão de sua existência e sua finalidade não 
condizem com outra conclusão. Não se poderia pensar em coletar provas 
sem a participação do investigado ou de seu defensor para depois utilizá-
las livremente durante a instrução do processo criminal. Seria nítido 
contraste com o princípio constitucional da ampla defesa, infringindo ainda 
o contraditório. Pois bem. Por outro lado, se o inquérito colhe as provas 
perecíveis — como as periciais — não é possível que estas sejam 
desprezadas pelo juiz. Esse é o seu caráter conflituoso: pretende ser um 
instrumento de garantia contra acusações levianas, mas acaba funcionando 
contra o próprio investigado/réu, que não pôde contrariar a prova colhida 
pela polícia. 
O ideal é que o juiz tenha discernimento para tomar as seguintes 
medidas, assegurando todos os enfoques necessários (segurança pública e 
garantia individual de ampla defesa) ao devido processo legal: a) deve 
desprezar toda e qualquer prova que possa ser renovada em juízo sob o 
crivo do contraditório (ex.: não deve levar em conta os depoimentos das 
testemunhas colhidos pela polícia, uma vez que pode colhê-los 
diretamente); b) deve permitir à defesa que contrarie, em juízo, os laudos e 
outras provas realizadas durante o inquérito, produzindo contraprova; c) 
deve tratar como mero indício e jamais como prova direta eventual 
confissão do indiciado; d) deve exercer real fiscalização sobre a atividade 
da polícia judiciária, aliás, é para isso que há sempre um magistrado 
acompanhando o desenrolar do inquérito; e) deve ler o inquérito antes de 
receber a denúncia ou queixa para checar se realmente há justa causa para 
a ação penal; O pode aceitar toda prova colhida na fase policial, desde que 
seja incontroversa, ou seja, não impugnada pelas partes, em momento 
algum. 
Lembremos que a Lei 11.690/2008 trouxe subsídios para que o juiz 
busque maior equilíbrio entre os envolvidos durante a investigação criminal. 
O art. 155, caput, do CPP recomenda que o magistrado concentre a 
formação da sua livre convicção em provas produzidas em contraditório 
judicial. O art. 156, I, do CPP permite ao magistrado determinar, antes de 
iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes. Nesse campo, portanto, as partes porventura 
participantes do inquérito (indiciado e Ministério Público) devem ser 
intimadas a acompanhar referida produção antecipada de provas. Além 
disso, passa-se a permitir, em exames periciais oficiais, a formulação de 
quesitos pelos interessados e a indicação de assistentes técnicos (art. 159, 
§ 3º, CPP). Por isso, torna-se imprescindível considerar o inquérito um 
período pré-processual relevante, de natureza inquisitiva, mas que já se 
reveste de alguns contornos garantistas. 
Polícia judiciária 
Preceitua o art. 144 ser a segurança pública um dever do Estado, 
valendo-se este da polícia para a preservação da ordem pública, da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio. Os órgãos policiais são a 
polícia federal, a polícia rodoviária federal, a polícia ferroviária federal, as 
polícias civis, as polícias militares e o corpos de bombeiros militares. Além 
disso, cabe à polícia federal, órgão mantido pela União, “apurar infrações 
penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços 
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas 
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão 
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se 
dispuser em lei” (art. 144, § 1.º, I CF) e “exercer, com exclusividade, as 
funções de polícia judiciária da União” (art. 144, § 1.º,IV, CF). Quanto à 
polícia civil, menciona a Carta Magna o seguinte: “Às polícias civis, dirigidas 
por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência 
da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, 
exceto as militares” (art. 144, § 4º CF). Portanto, cabe aos órgãos 
constituídos das polícias federal e civil conduzir as investigações 
necessárias, colhendo provas pré-constituídas e formar o inquérito, que 
servirá de base de sustentação a uma futura ação penal. O nome polícia 
judiciária tem sentido na medida em que não se cuida de uma atividade 
policial ostensiva (típica da Polícia Militar para a garantia da segurança nas 
ruas), mas investigatória, cuja função se volta a colher provas para o órgão 
acusatório e, na essência, para que o Judiciário avalie no futuro. 
A presidência do inquérito cabe à autoridade policial, embora as 
diligências realizadas possam ser acompanhadas pelo representante do 
Ministério Público, que detém o controle externo da polícia. 
Outras investigações criminais 
Podem ser presididas, conforme dispuser a lei, por outras autoridades. 
É o que se dá, por exemplo, quando um juiz é investigado. Segundo dispõe 
o art. 33, parágrafo único, da Lei Complementar 35/79, “quando, no curso 
de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, 
a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao 
Tribunal ou Órgão Especial competente para o julgamento, a fim de que 
prossiga na investigação”. Os Regimentos Internos dos tribunais 
especificam como se realiza a investigação. 
Outras investigações legalmente previstas existem, como as realizadas 
por Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), pelas autoridades 
florestais, por agentes da Administração (sindicâncias e processos 
administrativos), pelo promotor de justiça, presidindo o inquérito civil, entre 
outras. Não é possível admitir-se a produção de provas por quem não está 
autorizado legalmente a colher elementos para dar fundamento à ação 
penal, como, por exemplo, colher “declarações de pessoas em notários, 
que não têm atribuição legal para isso. 
A classificação das infrações penais pela autoridade A classificação das infrações penais pela autoridade A classificação das infrações penais pela autoridade A classificação das infrações penais pela autoridade policialpolicialpolicialpolicial 
O ideal é que a autoridade policial, justamente porque lhe compete a 
apuração da materialidade das infrações penais e da sua autoria, proceder 
à classificação dos crimes e contravenções que lhe chegarem ao 
conhecimento. Quando indiciar o suspeito, o delegado deve indicar o tipo 
penal no qual considera incurso o investigado (ex.: art. 121, § 2.º, incisos II 
e IV, do Código Penal). Ensina Roberto Lyra Filho que a lei processual 
penal utiliza, indiferentemente, os termos classificação das infrações penais 
e definição jurídica do fato, quando se refere à tipificação de um fato, 
embora teoricamente haja diferença. Dar a definição jurídica do fato é 
adequar
a conduta concreta ao modelo legal incriminador (tipo penal), 
enquanto a classificação é o resultado dessa análise. O fato sem 
classificação é o chamado fato bruto, enquanto o fato classificado é 
considerado o fato-infração penal. Assim, a autoridade policial, ao receber a 
notitia criminis ou a delatio criminis, constata a existência de um fato bruto. 
Investigando, deve, se for o caso, dar a sua definição jurídica, classificando-
o. 
Naturalmente, a classificação feita pela autoridade policial não vincula 
o Ministério Público, nem tampouco o juiz, porém a imputação indiciária 
favorece o conhecimento dos procedimentos adotados pelo condutor do 
inquérito. Possui, ainda, reflexos na concessão ou não de fiança, no valor 
estabelecido para esta, no estabelecimento inicial da competência (se foro 
central ou regional, por exemplo) e até mesmo para a determinação de 
realização de exame complementar, em caso de lesão corporal grave. 
Em certas situações, a classificação feita pela autoridade policial é 
extremamente relevante, como se pode constatar, após a edição da Lei 
11.343/2006. Afinal, o usuário de drogas, conforme disposto no art. 28 da 
referida Lei, jamais será submetido, ainda que condenado, à pena privativa 
de liberdade. As sanções que lhe foram destinadas são muito mais 
brandas, variando entre uma mera advertência, passando pela prestação 
de serviços à comunidade e freqüência a cursos, até atingir o ápice, que é a 
multa. Como se observa pela leitura do art. 48, § 2.º, da Lei 11.343/2006, o 
usuário não poderá ser preso em flagrante, nem ficará detido em hipótese 
alguma, submetendo-se seu processo ao Juizado Especial Criminal, nos 
termos da Lei 9.099/95. Por outro lado, o traficante de drogas poderá terá 
sua prisão preventiva decretada, conforme a gravidade do fato e de sua 
conduta, ao longo da instrução do processo, recebendo, ao final, penas 
muito superiores e rigorosas. Ora, ilustremos com a conduta de trazer 
consigo drogas, prevista tanto no art. 28, que cuida do usuário, como no art. 
33, que trata do traficante. Se Fulano é encontrado trazendo consigo 
determinada quantidade de substância entorpecente será levado à 
presença da autoridade policial. Comprovada a materialidade do delito, 
dependendo da imputação indiciária, pode ser imediatamente colocado em 
liberdade pelo delegado, como pode ser preso em flagrante, por vezes sem 
direito à liberdade provisória, conforme o caso concreto. A diferença é 
relevante e não pode ser ignorada. Aliás, preceitua o art. 52, I, da Lei 
11.343/2006, dever a autoridade policial relatar sumariamente as 
circunstâncias do fato, ao término do inquérito,justificando as razões que a 
levaram à classificação do delito. Em suma, há situações em que a 
mencionada classificação, feita ainda na fase policial, é fundamental, 
envolvendo diretamente o status libertatis do indiciado. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 3
Início do inquérito policial 
Há, basicamente, cinco modos de dar início ao inquérito: a) de ofício, 
quando a autoridade policial, tomando conhecimento da prática de uma 
infração penal de ação pública incondicionada (as ações públicas 
condicionadas e as ações privadas dependem de provocação do ofendido), 
instaura a investigação para verificar a existência do crime ou da 
contravenção penal e sua autoria; b) por provocação do ofendido, quando a 
pessoa que teve o bem jurídico lesado reclama a atuação da autoridade; c) 
por delação de terceiro, quando qualquer pessoa do povo leva ao 
conhecimento da autoridade policial a ocorrência de uma infração penal de 
iniciativa do Ministério Público; d) por requisição da autoridade competente, 
quando o juiz ou o promotor de justiça (ou procurador da República) exigir, 
legalmente, que a investigação policial se realize, porque há provas 
suficientes a tanto; e) pela lavratura do auto de prisão em flagrante, nos 
casos em que o agente é encontrado em qualquer das situações descritas 
no art. 302 do Código de Processo Penal (“está cometendo a infração 
penal”; “acaba de cometê-la”; “é perseguido, logo após, pela autoridade, 
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser 
autor da infração”; “é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, 
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração”). 
Identificação da espécie de ação penal para efeito de investigIdentificação da espécie de ação penal para efeito de investigIdentificação da espécie de ação penal para efeito de investigIdentificação da espécie de ação penal para efeito de investigaaaaçãoçãoçãoção 
A regra no processo penal é a seguinte: se a ação é pública 
incondicionada (o Ministério Público pode agir sem qualquer tipo de 
autorização e sempre que houver prova suficiente da ocorrência de uma 
infração penal), o tipo penal incriminador, previsto no Código Penal, nada 
menciona a respeito. Do contrário, se a ação é pública condicionada, estará 
expresso: “somente se procede mediante representação” ou “mediante 
requisição”. Caso seja privada, estará mencionado: “somente se procede 
mediante queixa”. Tomaremos a esse ponto no capítulo referente à ação 
penal. 
É importante destacar que, em se tratando de ação pública 
condicionada e de ação privada, o inquérito somente pode iniciar-se 
igualmente se houver provocação do ofendido (representação para a ação 
pública condicionada; requerimento para a ação privada) ou do Ministro da 
Justiça (requisição). 
Notitia criminisNotitia criminisNotitia criminisNotitia criminis 
É a ciência da autoridade policial da ocorrência de um fato criminoso, 
podendo ser: a) direta, quando o próprio delegado, investigando, por 
qualquer meio, descobre o acontecimento; b) indireta, quando a vítima 
provoca a sua atuação, comunicando-lhe a ocorrência, bem como quando o 
promotor ou o juiz requisitar a sua atuação. Nesta última hipótese (indireta), 
cremos estar inserida a prisão em flagrante. Embora parte da doutrina 
denomine essa forma de notitia criminis de coercitiva, não deixa ela de ser 
uma maneira indireta da autoridade policial tomar conhecimento da prática 
de uma infração penal. 
Delatio criminisDelatio criminisDelatio criminisDelatio criminis 
É a denominação dada à comunicação feita por qualquer pessoa do 
povo à autoridade policial (ou a membro do Ministério Público ou juiz) 
acerca da ocorrência de infração penal em que caiba ação penal pública 
incondicionada (art. 5º § 3.º CPP). Pode ser feita oralmente ou por escrito. 
Caso a autoridade policial verifique a procedência da informação, mandará 
instaurar inquérito para apurar oficialmente o acontecimento. 
Investigações criminais contra autoInvestigações criminais contra autoInvestigações criminais contra autoInvestigações criminais contra autoridades com prerrogativa de fororidades com prerrogativa de fororidades com prerrogativa de fororidades com prerrogativa de foro 
Vale destacar que determinadas autoridades (conforme será estudado 
no capítulo relativo à competência) detêm foro privilegiado, isto é, somente 
podem ser investigadas e processadas em determinados tribunais. Dessa 
forma, não pode a autoridade policial instaurar inquérito e colher provas 
diretamente. Caso, durante uma investigação qualquer, encontre indícios 
de participação de pessoa com prerrogativa de foro, deverá remeter os 
autos do inquérito ao juízo competente. Exemplos: deputados e senadores 
são processados no Supremo Tribunal Federal. O delegado não pode 
instaurar inquérito contra essas autoridades sem a fiscalização e 
autorização do Pretório Excelso, com acompanhamento da Procuradoria 
Geral da República. Muitas vezes, tomando conhecimento da prática de 
crime de autoria de um deputado
federal, o delegado envia os autos ao 
STF. A partir daí, o Ministro dessa Corte, encarregado de acompanhar o 
caso, determina que a Polícia Federal realize diligências investigatórias, 
mas sob sua fiscalização direta, bem como do Ministério Público Federal. 
Requisição, requerimento e representação 
Requisição é a exigência para a realização de algo, fundamentada em 
lei. Assim, não se deve confundir requisição com ordem, pois nem o 
representante do Ministério Público, nem tampouco o juiz, são superiores 
hierárquicos do delegado, motivo pelo qual não lhe podem dar ordens. 
Requisitar a instauração do inquérito significa um requerimento lastreado 
em lei, fazendo com que a autoridade policial cumpra a norma e não a 
vontade particular do promotor ou do magistrado. Aliás, o mesmo se dá 
quando o tribunal requisita do juiz de primeiro grau informações em caso de 
habeas corpus. Não está emitindo ordem, mas exigindo que a lei seja 
cumprida, ou seja, que o magistrado informe à Corte o que realizou, dando 
margem à interposição da impugnação. 
Requerimento é uma solicitação, passível de indeferimento, razão pela 
qual não tem a mesma força de uma requisição. É lógico que muitos 
requerimentos, quando não acolhidos, podem acarretar o direito de 
interposição de recurso, embora quem o rejeite possa fazê-lo dentro de 
uma avaliação discricionária. A parte faz um requerimento ao juiz, 
pleiteando a produção de uma prova, por exemplo. O magistrado pode 
acolher ou indeferir, livremente, ainda que o faça fundamentando. Nesse 
caso, no momento propício, pode o interessado reclamar ao tribunal a 
realização da prova, mas nada obriga o juiz a produzi-la. 
Representação é a exposição de um fato ou ocorrência, sugerindo ou 
solicitando providências, conforme o caso. Trata-se do ato da autoridade 
policial, como regra, explicando ao juiz a necessidade de ser decretada 
uma prisão preventiva ou mesmo de ser realizada uma busca e apreensão. 
Pode não ser atendida. Por outro lado, pode cuidar-se do ato do ofendido 
que, expondo à autoridade competente o crime do qual foi vítima, pede 
providências. Nesse caso, recebe a denominação de delatio criminis 
postulatória. A representação não precisa ser formal, vale dizer, 
concretizada por termo escrito e expresso nos autos do inquérito ou do 
flagrante. A jurisprudência tem aceitado, com razão, a representação 
informal, que é a manifestação da vontade do ofendido de ver investigado e 
processado o seu agressor sem que tenha manifestado por termo o seu 
intento. Destarte, em um depoimento, por exemplo, pode ficar clara a 
vontade da vítima de representar, razão pela qual pode a autoridade policial 
agir sem mais delongas. 
Difere a representação do requerimento pelo fato de que este é 
apresentado pela parte interessada, enquanto aquela é oferecida por 
autoridade ou pessoa desinteressada no deslinde da causa (investigação 
ou processo). Registre-se: ainda que realizada pelo ofendido, não tem 
esse, no caso de ação pública, interesse direto no deslinde da causa, uma 
vez que não é parte (autor da ação penal será o Ministério Público). 
Negativa de cumprimento à requisição 
É possível que a autoridade policial refute a instauração de inquérito 
requisitado por membro do Ministério Público ou por Juiz de Direito, desde 
que se trate de exigência manifestamente ilegal. A requisição deve lastrear-
se na lei; não tendo, pois, supedâneo legal, não deve o delegado agir, pois, 
se o fizesse, estaria cumprindo um desejo pessoal de outra autoridade,o 
que não se coaduna com a sistemática processual penal. 
Registre-se, ainda, que a Constituição, ao prever a possibilidade de 
requisição de inquérito, pelo promotor, preceitua que ele indicará os 
fundamentos jurídicos de sua manifestação (art. 129, VIII). O mesmo se 
diga das decisões tomadas pelo magistrado, que necessitam ser 
fundamentadas (art. 93, IX, CF). Logo, quando for incabível o cumprimento, 
por manifesta ilegalidade, não é caso de ser indeferida a requisição, mas 
simplesmente o delegado oficia, em retomo, comunicando as razões que 
impossibilitam o seu cumprimento. 
Conteúdo da requisição, do requerimento e da representaçãoConteúdo da requisição, do requerimento e da representaçãoConteúdo da requisição, do requerimento e da representaçãoConteúdo da requisição, do requerimento e da representação 
Requisições dirigidas à autoridade policial, exigindo a instauração de 
inquérito contra determinada pessoa, ainda que aponte o crime, em tese, 
necessitam conter dados suficientes que possibilitem ao delegado tomar 
providências e ter um rumo a seguir. Não é cabível um ofício genérico, 
requisitando a instauração de inquérito contra Fulano, apenas apontando a 
prática de um delito em tese. A requisição deve sustentar-se em fatos, 
ainda que possa ser desprovida de documentos comprobatórios. Caso o 
delegado, de posse de um oficio de requisição, contendo a descrição 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 4
pormenorizada (ou instruído com peças suficientes para a constatação do 
ocorrido) de um fato criminoso, recuse-se a instaurar inquérito, responderá 
funcional e, conforme o caso, criminalmente pelo desatendimento. 
Entretanto, instaurando, conforme legalmente exigido, não poderá ser 
considerado autoridade coatora, em caso de revolta do indiciado. Este 
necessita voltar-se contra a autoridade que encaminhou a requisição. Caso, 
no entanto, a autoridade policial instaure uma investigação totalmente 
descabida (ex.: inquérito para apurar o não pagamento de dívida civil), 
embora cumprindo requisição, poderá responder, juntamente com a 
autoridade que assim exigiu, por abuso de autoridade. Note-se que 
eventual habeas corpus para trancar o inquérito, indevidamente instaurado, 
por requisição de juiz ou promotor, deve ser ajuizado no tribunal, mas a 
responsabilidade pelo ato manifestamente ilegal será tanto de quem 
requisitou quanto de quem indevidamente cumpriu. Justifica-se essa 
postura pelo fato do delegado não ser um leigo, mas um bacharel 
concursado, com conhecimento específico na área, não devendo seguir 
exigências ilegais, salvo se com elas compactuar, o que o toma co-autor do 
abuso. 
O mesmo se dá com o requerimento e com a representação. Aliás, no 
tocante ao requerimento, preceitua o Código de Processo Penal que ele 
conterá, sempre que possível, “a narração do fato, com todas as 
circunstâncias”, “a individualização do indiciado ou seus sinais 
característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor 
da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer” e “a nomeação 
das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência” (art. 5º § 
1.º) 
Não fosse assim e inquéritos seriam instaurados levianamente, o que 
não se coaduna com os princípios garantistas da Constituição Federal, 
vedando abusos do Estado contra o indivíduo. 
Recusa da autoridade policial àRecusa da autoridade policial àRecusa da autoridade policial àRecusa da autoridade policial à instauração do inquérito quainstauração do inquérito quainstauração do inquérito quainstauração do inquérito quannnndo oferdo oferdo oferdo ofere-e-e-e-
cido requerimento do ofendidocido requerimento do ofendidocido requerimento do ofendidocido requerimento do ofendido 
Diz a lei que cabe recurso ao chefe da Polícia, que, atualmente, 
considera-se o Delegado-Geral de Polícia, superior máximo exclusivo da 
Polícia Judiciária. Há quem sustente, no entanto, cuidar-se do Secretário da 
Segurança Pública. Entretanto, de uma forma ou de outra, quando a vítima 
tiver seu requerimento indeferido, o melhor percurso a seguir é enviar seu 
inconformismo ao Ministério Público ou mesmo ao Juiz de Direito da 
Comarca,
que poderão requisitar a instauração do inquérito, o que, 
dificilmente, deixará de ser cumprido pela autoridade policial. 
Destaquemos, ainda, que o anonimato é forma inadmissível e 
insuficiente para a instauração de inquérito, ao menos na modalidade da 
delatio criminis. Ao encaminhar a comunicação por escrito, deve a pessoa 
identificar-se. Se a forma escolhida for oral, a autoridade policial colherá, no 
ato, os dados identificadores do indivíduo. Lembra, com precisão, Tourinho 
Filho que a comunicação falsa de delito pode dar ensejo à configuração de 
um crime, motivo pelo qual não se deve aceitar a delatio anônima (Código 
de Processo Penal comentado, v. 1, p. 35). Entretanto, somos levados a 
acreditar que as denúncias anônimas podem e devem produzir efeito. Não 
nos esqueçamos que a autoridade policial pode investigar algo de oficio e, 
para tanto, caso receba uma comunicação não identificada, relatando a 
ocorrência de um delito de ação pública incondicionada, pode dar início à 
investigação e, com mínimos — mas suficientes — elementos em mãos, 
instaurar o inquérito. Embora não se tenha configurado uma autêntica 
delatio criminis, do mesmo modo o fato pode ser averiguado. 
Procedimento da autoridade policial 
Quando a notitia criminis lhe chega ao conhecimento, deve o delegado: 
a) “dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais”; b) 
“apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos 
peritos criminais”; c) “colher todas as provas que servirem para o 
esclarecimento do fato e suas circunstâncias”; d) “ouvir o ofendido”; e) 
“ouvir o indiciado”; f) “proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a 
acareações”; g) “determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo 
de delito e a quaisquer outras perícias”; h) “ordenar a identificação do 
indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos 
sua folha de antecedentes”; i) “averiguar a vida pregressa do indiciado, sob 
o ponto de vista individual,, familiar e social, sua condição econômica, sua 
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e 
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu 
temperamento e caráter” (art. 6.º, CPP). 
Indiciamento e constrangimento ilegal 
Indiciado é a pessoa eleita pelo Estado-investigação, dentro da sua 
convicção, como autora da infração penal. Ser indiciado, isto é, apontado 
como autor do crime pelos indícios colhidos no inquérito policial, implica um 
constrangimento natural, pois a folha de antecedentes receberá a 
informação, tomando-se permanente, ainda que o inquérito seja, 
posteriormente, arquivado. Assim, o indiciamento não é um ato 
discricionário da autoridade policial, devendo basear-se em provas 
suficientes para isso. Ensina Sérgio Marcos de Moraes Pitombo, sobre o 
indiciamento: “não há de surgir qual ato arbitrário da autoridade, mas 
legítimo. Não se funda, também, no uso de poder discricionário, visto que 
inexiste a possibilidade legal de escolher entre indiciar ou não. A questão 
situa-se na legalidade do ato. O suspeito, sobre o qual se reuniu prova da 
autoria da infração, tem que ser indiciado. Já aquele que, contra si, possui 
frágeis indícios, ou outro meio de prova esgarçado, não pode ser indiciado. 
Mantém ele como é: suspeito. Em outras palavras, a pessoa suspeita da 
prática de infração penal passa afigurar como indiciada, a contar do 
instante em que, no inquérito policial instaurado, se lhe verificou a 
probabilidade de ser o agente” (Inquérito policial: novas tendências, citado 
em acórdão do TACRIM-SP, atualmente incorporado ao TJSP, RT 702/363, 
grifamos). 
É cabível o habeas corpus, dirigido ao juiz de direito da Comarca, caso 
alguém se sinta injustamente convocado à delegacia para ser indiciado. 
Nessa hipótese, o magistrado pode fazer cessar a coação, se ilegal, 
impedindo o indiciamento ou mesmo determinando o trancamento da 
investigação. É conduta excepcional, pois o Estado tem o dever de 
investigar toda e qualquer infração penal, razão pela qual somente em 
último caso obriga-se à cessação precoce do inquérito. Sustentamos que a 
autoridade policial deve ser clara ao convocar alguém a ir à delegacia para 
ser ouvido e indiciado, quando já sabe, de antemão, que tal conduta será 
adotada. Excepcionalmente, ouvindo várias pessoas no mesmo dia, pode a 
autoridade policial formar sua convicção no ato e resolver indiciar um dos 
sujeitos inquiridos. Nessa hipótese, resta ao indiciado recorrer ao juiz, 
através do habeas corpus para fazer cessar os efeitos do indiciamento ou 
mesmo para trancar a investigação, se for o caso. 
Requisição de indiciamento 
Cuida-se, em nosso entendimento, de procedimento equivocado, pois 
indiciamento é ato exclusivo da autoridade policial, que forma o seu 
convencimento sobre a autoria do crime, elegendo, formalmente, o suspeito 
de sua prática. Assim, não cabe ao promotor ou ao juiz exigir, através de 
requisição, que alguém seja indiciado pela autoridade policial, porque seria 
o mesmo que demandar à força que o presidente do inquérito conclua ser 
aquele o autor do delito. Ora, querendo, pode o promotor denunciar 
qualquer suspeito envolvido na investigação criminal, cabendo-lhe, apenas, 
requisitar do delegado a “qualificação formal, a identificação criminal e o 
relatório sobre sua vida pregressa”. 
Motivação do indiciamento 
A lei não exige que a autoridade policial, providenciando o indiciamento 
do suspeito, esclareça, nos autos do inquérito, as razões que a levaram 
àquela eleição. Todavia, como o indiciamento é ato constrangedor, poderia 
haver, realmente, exigência legal para a motivação do ato. Nesse sentido, 
confira-se o posicionamento de Mário Sérgio Sobrinho: “A legislação 
brasileira deveria evoluir, adotando a regra da explicitação das razões para 
a classificação do fato em determinado tipo penal, principalmente nos casos 
que possam resultar na desclassificação de delitos punidos com penas 
mais elevadas para aqueles que cominem sanções mais brandas, tais 
como homicídio doloso tentado e lesão corporal de natureza grave, ao 
mesmo tempo em que a lei deveria fixar a obrigatoriedade da motivação do 
ato de indiciamento. E inegável que o ato de indiciamento exige juízo de 
valor, o qual, nos meandros do inquérito policial, é exercitado pela 
autoridade policial que preside a investigação. Por isso, dever-se-ia exigir 
desta a explicitação de suas razões, ao determinar o indiciamento, as quais 
deveriam ser apresentadas no inquérito policial para que fossem 
conhecidas pelo indiciado e seu defensor, pelo órgão do Ministério Público 
e, quando necessário, pelos juízes e tribunais” (A identificação criminal, p. 
100). 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 5
O indiciado como objeto da investigação 
É a posição natural ocupada pelo indiciado durante o desenvolvimento 
do inquérito policial. Não é ele, como no processo, sujeito de direitos, a 
ponto de poder requerer provas e, havendo indeferimento injustificado, 
apresentar recurso ao órgão jurisdicional superior. Não pode, no decorrer 
da investigação, exercitar o contraditório, nem a ampla defesa, portanto. 
Deve acostumar-se ao sigilo do procedimento, não tendo acesso direto aos 
autos, mas somente através de seu advogado. Por isso, é considerado 
como objeto da investigação. 
É verdade que existe decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, 
aparentemente, em sentido contrário. Reproduzimos e comentamos: “A 
unilateralidade das investigações preparatórias da ação penal não autoriza 
a Polícia Judiciária a desrespeitar as garantias jurídicas que assistem ao 
indiciado,
que não mais pode ser considerado mero objeto de 
investigações. O indiciado é sujeito de direitos e dispõe de garantias legais 
e constitucionais, cuja inobservância pelos agentes do Estado, além de 
eventualmente induzir-lhes a responsabilidade penal por abuso de poder, 
pode gerar a absoluta desvalia das provas ilicitamente obtidas no curso da 
investigação policial” (HC 73.271-SP, rel. Celso de Mello, citado em 
despacho no Inquérito 1.504-DF, rel. Celso de Mello, 17.06.1999, DJ 
28.06.1999, p. 25). 
O que nos parece tenha querido dizer o Ministro Celso de Mello é que 
há direitos e garantias individuais, aplicáveis à fase do inquérito policial, a 
todo suspeito ou indiciado. Assim, tem este o direito ao silêncio, merece ter 
a sua integridade física preservada, não pode ser submetido a qualquer 
procedimento vexatório (direito à imagem), pode constituir advogado para 
acompanhar a investigação, enfim, como pessoa que é, deve ter 
preservados seus direitos constitucionais. Isso não o transforma em sujeito 
de direitos no contexto do procedimento investigatório e inquisitivo, na 
essência. Ao afirmar-se ser o indiciado objeto da investigação não significa 
dizer que ele é sujeito desprovido de direitos, isto é, uma coisa qualquer, no 
sentido inanimado que o termo pode representar, mas tão-somente 
representa o valor de ser o suspeito o alvo da investigação produzida, sem 
que possa nesta interferir, como faz, regularmente, no processo penal 
instaurado. 
Regras do interrogatório 
Vale-se o delegado dos mesmos critérios do juiz de direito, conforme 
previsão feita nos arts. 185 a 196 do Código de Processo Penal, com as 
adaptações naturais, uma vez que o indiciado não é ainda réu em ação 
penal. Lembremos, no entanto, que se deve respeitar e aplicar o direito ao 
silêncio, constitucionalmente assegurado ao investigado (art. 5.º LXIII, CF). 
Com a edição da Lei 10.792/2003, os arts. 185 a 196 sofreram 
alterações, embora muitas dessas modificações sejam aplicáveis somente 
ao processo e não à fase do inquérito. Exemplos: não é obrigatória a 
presença de defensor no interrogatório feito na polícia (art. 185, CPP), nem 
tampouco há o direito de interferência, a fim de obter esclarecimentos (art. 
188, CPP), pois tais disposições dizem respeito ao direito à ampla defesa, 
que não vigora na fase inquisitiva do inquérito. 
Identificação datiloscópica 
É a colheita das impressões digitais do indiciado, objetivando a sua 
correta identificação, por se tratar de método científico e seguro. Ocorre 
que a Constituição Federal, no art. 5.º, LVIII, preceituou que “o civilmente 
identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei”. 
Trata-se de norma de indevida inserção na Carta Magna, que, à época 
da sua elaboração, teve por finalidade corrigir a publicidade que se 
costumava dar ao fato de determinada pessoa — especialmente as 
conhecidas do grande público — ser criminalmente identificada, como se 
isso fosse inconveniente e humilhante. A norma tem contorno de direito 
individual, unicamente porque o constituinte assim desejou (formalmente 
constitucional), mas não é matéria para constar em uma Constituição 
Federal. É certo que muitos policiais exorbitaram seus poderes e, ao invés 
de garantir ao indiciado uma colheita corriqueira do material datiloscópico, 
transformaram delegacias em lugares de acesso da imprensa, com direito à 
filmagem e fotos daquele que seria publicamente indiciado, surpreendido na 
famosa situação de “tocar piano”. 
Ora, por conta da má utilização do processo de identificação criminal, 
terminou-se inserindo na Constituição uma cláusula pétrea que somente 
problemas trouxe, especialmente ao deixar de dar garantia ao processo 
penal de que se está acusando a pessoa certa. Bastaria, se esse era o 
desejo, que uma lei fosse editada, punindo severamente aqueles que 
abusassem do poder de indiciamento, especialmente dando publicidade 
indevida ao ato, para que se resolvesse o problema. Ao contrário disso, 
preferiu-se o método mais fácil, porém inconveniente: quem já possuísse 
identificação civil não mais seria identificado criminalmente, gerando muitos 
erros judiciários, hoje amplamente divulgados e comprovados, pois a 
subtração de documentos civis (RG) alheios tomou-se comum e criminosos 
passaram a apresentar aos delegados falsificações perfeitas, colocando, 
em seus lugares, inocentes. 
Enfim, embora a Constituição tenha aberto a oportunidade de se prever 
a amplitude da identificação criminal, mencionando que isso se daria “nas 
hipóteses previstas em lei”, houve um lapso de doze anos para que, 
finalmente, a lei fosse editada. 
Atualmente, diante do texto da Lei 10.054. de 7 de dezembro de 2000. 
vê-se que não seria necessário constar do texto constitucional tal 
dispositivo, bastando previsão do assunto em legislação infraconstitucional. 
Dispõe a referida lei que “o preso em flagrante delito, o indiciado em 
inquérito policial, aquele que pratica infração penal de menor gravidade (art. 
61, caput, e parágrafo único do art. 69 da Lei 9.099, de 26 de setembro de 
1995), assim como aqueles contra os quais tenha sido expedido mandado 
de prisão judicial, desde que não identificados civilmente, serão submetidos 
à identificação criminal, inclusive pelo processo datiloscópico e fotográfico” 
(art. 1.º, caput) . E preceitua, ainda, que “o civilmente identificado por 
documento original não será submetido à identificação criminal, exceto 
quando: 
I — estiver indiciado ou acusado pela prática de homicídio doloso, 
crimes contra o patrimônio praticados mediante violência ou grave ameaça, 
crime de receptação qualificada, crimes contra a liberdade sexual ou crime 
de falsificação de documento público; 
II — houver fundada suspeita de falsificação ou adulteração do 
documento de identidade; 
III — o estado de conservação ou a distância temporal da expedição de 
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos 
caracteres essenciais; 
IV — constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes 
qualificações; 
V — houver registro de extravio do documento de identidade; 
VI — o indiciado ou acusado não comprovar, em 48 (quarenta e oito) 
horas, sua identificação civil” (art. 3.º). Finalmente, para conferir segurança, 
preceitua que “cópia do documento de identificação civil apresentada 
deverá ser mantida nos autos de prisão em flagrante, quando houver, e no 
inquérito policial, em quantidade de vias necessárias” (art. 4º)• Será, ainda, 
obrigatoriamente, identificado datiloscopicamente o indiciado pela prática 
de crime organizado (art. 5.º da Lei 9.034/95). 
Reconstituição do crime 
Em casos específicos, pode tornar-se importante fonte de prova, até 
mesmo para aclarar ao juiz (e aos jurados, no Tribunal do Júri) como se 
deu a prática da infração penal (art. 7.º, CPP). A simulação é feita utilizando 
o réu, a vítima e outras pessoas convidadas a participar, apresentando-se, 
em fotos e esquemas, a versão oferecida pelo acusado e a ofertada pelo 
ofendido ou outras testemunhas. Assim, visualizando o sítio dos 
acontecimentos, a autoridade judiciária, o representante do Ministério 
Público e o defensor poderão formar, com maior eficácia, suas convicções. 
Ressalte-se, no entanto, que o réu não está obrigado a participar da 
reconstituição do crime, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si. 
Somente o fará, se houver interesse da defesa. 
Veda-se a reconstituição do crime que ofenda a moralidade (regras 
éticas de conduta, espelhando o pudor social) e a ordem pública 
(segurança e paz sociais). Não se fará reconstituição de um crime sexual 
violento, usando vítima e réu, por exemplo, o que contraria a moralidade, 
nem tampouco a reconstituição de uma chacina, num lugar onde a 
população ainda está profundamente revoltada com o crime, podendo
até 
buscar o linchamento do réu. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 6
Prazo para a conclusão do inquérito 
Como regra, há o prazo de 30 dias para a conclusão do inquérito 
policial, na esfera estadual. Entretanto, em face do acúmulo de serviço, 
torna-se inviável o cumprimento do referido prazo, motivo pelo qual a 
autoridade policial costuma solicitar a dilação ao juiz, ouvindo-se o 
representante do Ministério Público. Em suma, quando o indiciado está 
solto, termina não existindo prazo certo para o término da investigação, 
embora sempre haja o controle judicial do que está sendo realizado pela 
polícia. 
Quando o indiciado está preso em flagrante ou preventivamente, deve 
ser cumprido à risca o prazo de dez dias (art. 10, CPP), pois há restrição ao 
direito fundamental à liberdade. Note-se que o decêndio é o mesmo tanto 
no caso de prisão em flagrante, quanto no momento em que, durante a fase 
de investigação, representar a autoridade policial pela preventiva, sendo 
esta deferida pelo magistrado. É importante destacar que eventuais 
diligências complementares, eventualmente necessárias para a acusação, 
não são suficientes para interromper esse prazo de dez dias — ou outro 
qualquer estipulado em lei especial — devendo o juiz, se deferir a sua 
realização, determinando a remessa dos autos de volta à polícia, relaxar a 
prisão, colocando o suspeito em liberdade. Outra alternativa, contornando o 
relaxamento, é o oferecimento de denúncia pelo órgão acusatório, desde 
que haja elementos suficientes, com formação de autos suplementares do 
inquérito, retornando estes à delegacia para mais algumas diligências 
complementares. 
A jurisprudência tem admitido, no entanto, a compensação de prazo, 
quando evidenciado não ter havido prejuízo ao indivíduo preso. Portanto, se 
o delegado tem dez dias para concluir o inquérito e o promotor, cinco dias 
para oferecer a denúncia, há um percurso necessário de quinze dias para a 
ação penal ter início. Logo, caso a autoridade policial remeta o inquérito no 
11.º dia ao fórum, mas, em compensação o promotor denunciar no 12.º 
dia, encontra-se um ganho de três dias, não se justificando, pois, a 
materialização de constrangimento ilegal. Parece-nos sensato o raciocínio, 
uma vez que o Estado-investigação e o Estado-acusação,juntos, possuem 
15 dias para manter o réu preso, caso o juiz não o libere antes (através de 
liberdade provisória), até que a ação penal comece. 
Há outros prazos para a conclusão do inquérito. Na hipótese de réu 
preso, tem a autoridade policial federal o prazo de 15 dias para concluir o 
inquérito (Lei 5.010/66, que organiza a Justiça Federal de primeira 
instância), sujeito à prorrogação por outros 15 dias, se necessário (art. 66: 
“O prazo para conclusão do inquérito policial será de 15 (quinze) dias, 
quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze 
dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e 
deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo. Parágrafo 
único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a 
autoridade policial deverá apresentar o preso ao Juiz”). 
Outro prazo é o previsto na Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), que é de 
30 dias, em caso de indiciado preso, bem como de 90 dias, quando solto 
(art. 51, caput). Esses prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvindo-se, 
previamente, o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade 
policial (art. 51, parágrafo único). Está-se, basicamente, no cenário do 
tráfico ilícito de drogas, não se aplicando tais previsões ao usuário de 
substância entorpecente, que não mais pode ser preso (art. 28 c.c. art. 48, 
Lei 11.343/2006). 
Preceitua a Lei 1.521/51 (Crimes contra a Economia Popular) que o 
prazo de conclusão do inquérito é sempre de 10 dias (art. 10, § 1.º) esteja o 
sujeito preso ou solto, possuindo o promotor apenas 2 dias para oferecer 
denúncia (art. 10, § 2.º). 
O inquérito militar tem, segundo o Código de Processo Penal Militar, o 
prazo de 20 dias para ser concluído, se o réu estiver preso, ou 40 dias (art. 
20, caput), prorrogáveis por outros 20, se estiver solto (art. 20, § 1.º). 
Quando se tratar de crimes de competência originária dos tribunais 
(foro especial por prerrogativa de função), cujo procedimento está previsto 
na Lei 8.03 8/90, estando o réu preso, o Ministério Público tem o prazo de 5 
dias para oferecer denúncia (art. 1.º, § 2.º, a); caso esteja solto, o prazo é 
de 15 dias (art. 1.º, caput) . Lembremos, ainda, que a Lei 8.658/93 prevê 
(art. 1.º) a aplicação dos arts. 1.º a 12 da Lei 8.03 8/90 às ações penais de 
competência originária dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, e dos Tribunais Regionais Federais. 
Contagem dos prazos 
Trata-sede norma processual penal material, que lida como direito à 
liberdade, logo, não deixa de ter cristalino fundo de direito material. Por 
isso, entendemos deva ser contado como se faz com qualquer prazo penal, 
nos termos do art. lOdo Código Penal, incluindo-se o primeiro dia (data da 
prisão) e excluindo o dia final. Assim, se alguém, por exemplo, for preso em 
flagrante no dia 10, tem a polícia judiciária até o dia 19, no final do 
expediente, para remeter o inquérito a juízo. Outra solução implicaria a 
dilação do prazo, como se fosse um simples prazo processual, situação 
inadmissível para quem se encontra cautelarmente detido. 
Não se usa, por óbvio, a contagem processual que prorroga o prazo 
vencendo em final de semana ou feriado para o dia útil subseqüente, 
devendo a autoridade policial cuidar de antecipar a entrega dos autos à 
Vara competente, antes de adentrar data que prevê o fechamento do fórum, 
sob pena de configuração do constrangimento ilegal. Não se utiliza, 
tampouco, a prorrogação do início da contagem de um sábado, quando o 
sujeito foi preso em flagrante, para a segunda-feira, quando há expediente 
forense. O prazo, nesta hipótese, começa a contar no próprio sábado. Aliás, 
como bem ressalta Tourinho Filho, outro entendimento colocaria em choque 
a prisão em flagrante e a prisão preventiva, pois esta última prevê, 
claramente, que o prazo começa a ser contado a partir do dia em que se 
executar a prisão (Código de Processo Penal comentado, v. 1, p. 52). 
Há posição em contrário, tanto na doutrina, quanto na jurisprudência. 
Os argumentos são, em síntese, os seguintes: “Esse entendimento não 
convence também porque: a uma, todos os prazos procedimentais, quando 
o réu está preso, também incidem obliquamente sobre sua liberdade e nem 
por isso são contados pelo direito penal; a duas, pode levá-lo à redução de 
dois dias, restando, portanto, somente oito, repetimos, oito dias para 
elaboração do inquérito policial, como aconteceria quando: a) a captura 
fosse efetuada nas últimas horas do dia, pelo que a lavratura do respectivo 
auto somente se iniciaria no dia imediato; b) a cidade onde o inquérito 
policial fosse elaborado distasse razoavelmente da sede da comarca” 
(Maurício Henrique Guimarães Pereira, Habeas corpus e polícia judiciária, 
p. 236-237). 
Sobre tais colocações, pode-se contrapor o seguinte: quanto ao fato de 
serem os prazos processuais contados a teor do disposto no art. 798, § 1.º, 
do CPP, inclusive para o réu preso, nada mais correto, até porque cuida de 
prazo para que as partes se manifestem e que o juiz possa instruir o feito, 
logo, privilegia o contraditório e a ampla defesa, o que não ocorre com o 
prazo para o delegado, autoridade administrativa, terminar rapidamente 
investigação contra pessoa presa, sem que tenha havido ajuizamento de 
ação penal. A prisão decorrente de flagrante obriga o término da 
investigação em dez dias,
contado o dia em que ela se deu, uma vez que 
não se cuida de prazo processual, este sim possuidor de regra específica. 
Assim, a prisão deve ser restritivamente interpretada e não ampliada ao 
máximo sem que haja formal acusação. Quanto ao segundo fator — se a 
prisão for feita nas últimas horas do dia ou se a Comarca é distante — 
trata-se de questão alheia ao interesse do preso, cuja liberdade foi privada 
pelo Estado. Este que encontre mecanismos ágeis e eficientes para dar 
conta de findar a investigação no prazo legal. Aliás, problemas 
administrativos da polícia judiciária não podem influenciar na liberdade de ir 
e vir de qualquer indivíduo. 
Cômputo do período de prisão temporária 
Sobre a prisão temporária, consultar o capítulo próprio, com definição e 
casos de aplicação. No tocante ao prazo de dez dias para findar o inquérito 
de réu preso, cremos que se inclui nesse montante o tempo de prisão 
temporária. Essa espécie de prisão possui o prazo de cinco dias, 
prorrogáveis por outros cinco, totalizando dez (art. 2.º, caput, da Lei 
7.960/89), exatamente o que é previsto para um indiciado ficar 
preventivamente preso durante o inquérito, antes da denúncia. 
Além disso, a possibilidade de decretação da prisão preventiva durante 
a investigação foi inserida na lei quando inexistia a temporária. Atualmente, 
dispondo a polícia judiciária desta última, cremos estar praticamente 
encerrada a possibilidade de se decretar a preventiva durante o inquérito, 
salvo raríssimas exceções (como, por exemplo, quando já houver 
elementos suficientes para a direta decretação da preventiva de pessoa 
solta para, em seguida, haver o oferecimento de denúncia, dispensando-se 
a temporária). 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 7
Em se tratando de crime hediondo, no entanto, a prisão temporária é 
de trinta dias, prorrogável por igual período, em caso de imperiosa 
necessidade (art. 2.º, § 4.º da Lei 8.072/90). Ora, nessa situação, que é 
manifestamente excepcional, não tem cabimento, além dos trinta dias (que 
se podem tornar sessenta) permitir mais dez, que seriam decorrentes da 
preventiva. Logo, não há cabimento para a decretação desta última 
modalidade de prisão cautelar ao final da temporária. Simplesmente, deve-
se considerar inexistente a possibilidade de se decretar a prisão preventiva 
durante o inquérito de pessoa já detida por trinta ou sessenta dias, em 
virtude de temporária. 
Pode-se considerar, entretanto, possível a seguinte situação: de início, 
o suspeito fica temporariamente preso. Libertado, continuam as 
investigações, para, ao final do inquérito, a autoridade policial representar 
pela decretação da preventiva. Decretada esta, tem o Estado dez dias para 
iniciar a ação penal. 
Prisão preventiva decretada durante oPrisão preventiva decretada durante oPrisão preventiva decretada durante oPrisão preventiva decretada durante o inquérito policialinquérito policialinquérito policialinquérito policial 
Os requisitos para a decretação da preventiva estão previstos no art. 
312 do Código de Processo Penal, abrangendo prova da materialidade e 
indícios suficientes de autoria, além de outros. Ora, esses dois são 
justamente os necessários para que uma denúncia seja recebida, motivo 
pelo qual, existindo a prisão temporária para garantir investigações policiais 
eficientes e dinâmicas, toma-se rara a oportunidade de decretação da 
prisão preventiva com retorno dos autos à delegacia para a conclusão do 
inquérito. 
Cremos que o juiz deve vedar excessos nesse campo, isto é, se o 
promotor detém elementos suficientes para denunciar, não há cabimento 
em pedir a preventiva — ou concordar com o solicitado pela autoridade 
policial — e, ao mesmo tempo, pedir o retomo do inquérito para 
prosseguimento da investigação. Deve denunciar e, sendo o caso, 
requisitar, em autos apartados, uma diligência a mais, que julgar 
imprescindível, ao delegado. 
Instrumentos do crime e objetos de prova 
Os instrumentos do crime são todos os objetos ou aparelhos usados 
pelo agente para cometer a infração penal (armas, documentos falsos, 
cheques adulterados, facas etc.) e os objetos de interesse da prova são 
todas as coisas que possuam utilidade para demonstrar ao juiz a realidade 
do ocorrido (livros contábeis, computadores, carro do indiciado ou da vítima 
contendo vestígios de violência etc.). 
Ao mencionar a lei (art. 11, CPP) que os instrumentos e os objetos 
acompanharão os autos do inquérito, quer-se dizer que devem ser 
remetidos ao fórum, para que possam ser exibidos ao destinatário final da 
prova, que é o juiz ou os jurados, conforme o caso. Além disso, ficam eles à 
disposição das partes para uma contraprova, caso a realizada na fase 
extrajudicial seja contestada. 
Particularidades do inquérito policial 
InquisitivoInquisitivoInquisitivoInquisitivo 
O inquérito é, por sua própria natureza, inquisitivo, ou seja, não permite 
ao indiciado ou suspeito a ampla oportunidade de defesa, produzindo e 
indicando provas, oferecendo recursos, apresentado alegações, entre 
outras atividades que, como regra, possui durante a instrução judicial. Não 
fosse assim e teríamos duas instruções idênticas: uma, realizada sob a 
presidência do delegado; outra, sob a presidência do juiz. Tal não se dá e 
é, realmente, desnecessário. O inquérito destina-se, fundamentalmente, ao 
órgão acusatório, para formar a sua convicção acerca da materialidade e 
autoria da infração penal, motivo pelo qual não necessita ser contraditório e 
com ampla garantia de defesa eficiente. Esta se desenvolverá, 
posteriormente, se for o caso, em juízo. 
Lamentavelmente, muitos magistrados valem-se do inquérito para 
calcar suas decisões, como se fosse instrumento produzido sob o crivo do 
contraditório e da ampla defesa. Utilizar o inquérito para sustentar a 
condenação do acusado é, nitidamente, inconstitucional. 
A vantagem e praticidade de ser o inquérito inquisitivo concentram-se 
na agilidade que o Estado possui para investigar o crime e descobrir a 
autoria. Fosse contraditório, tal como o processo, e poderia não apresentar 
resultado útil. Portanto, deve-se buscar a exata medida para considerar o 
inquérito inquisitivo, embora sem que possua caráter determinante ao 
magistrado no momento da sentença. 
SigilosoSigilosoSigilosoSigiloso 
O inquérito policial, por ser peça de natureza administrativa, inquisitiva 
e preliminar à ação penal, deve ser sigiloso, não submetido, pois, à 
publicidade que rege o processo. Não cabe a incursão na delegacia, de 
qualquer do povo, desejando acesso aos autos do inquérito policial, a 
pretexto de fiscalizar e acompanhar o trabalho do Estado-investigação, 
como se poderia fazer quanto ao processo-crime em juízo. 
As investigações já são acompanhadas e fiscalizadas por órgãos 
estatais, dispensando-se, pois, a publicidade. Nem o indiciado, 
pessoalmente, aos autos tem acesso. É certo que, inexistindo 
inconveniente à “elucidação do fato” ou ao “interesse da sociedade”, pode a 
autoridade policial, que o preside, permitir o acesso de qualquer 
interessado na consulta aos autos do inquérito. Tal situação é relativamente 
comum em se tratando de repórter desejoso de conhecer o andamento da 
investigação ou mesmo do ofendido ou seu procurador. Assim, também não 
é incomum que o delegado, pretendendo deixar claro que aquela específica 
investigação é confidencial, decrete o estado de sigilo. Quando o faz, afasta 
dos autos o acesso de qualquer pessoa. 
Entretanto, ao advogado não se pode negar acesso ao inquérito, pois o 
Estatuto da Advocacia é claro nesse sentido: Lei 8.906/94, art. 7.º — “São 
direitos do advogado: (...) XIV — examinar em qualquer repartição policial,
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos”. 
Em síntese, o sigilo não é, atualmente, de grande valia, pois se alguma 
investigação em segredo precise ser feita ou esteja em andamento, pode o 
suspeito, por intermédio de seu advogado, acessar os autos e descobrir o 
rumo que o inquérito está tomando. 
É verdade que há posição doutrinária e jurisprudencial em sentido 
contrário, inviabilizando o acesso do advogado do indiciado às 
investigações sob o pretexto de que o interesse público concentrado na 
segurança deve prevalecer sobre o individual. Com isso não concordamos, 
uma vez que o sigilo não pode jamais ferir a prerrogativa do defensor, além 
do que, embora no inquérito não se exercite a ampla defesa, não deixa ela 
de estar presente, na exata medida em que pode o indiciado, por seu 
advogado, verificar o estágio das investigações realizadas contra sua 
pessoa. Recentemente, a 1.ª Turma do Supremo Tribunal Federal 
reafirmou o direito de acesso do advogado ao inquérito, ainda que corra 
sob sigilo, pois se cuida de direito fundamental e prerrogativa profissional. 
Além da consulta aos autos, pode o advogado participar, apenas 
acompanhando, da produção das provas. E conseqüência natural da sua 
prerrogativa profissional de examinar os autos do inquérito, copiar peças e 
tomar apontamentos. Pode, pois, verificar o andamento da instrução, desde 
que tenha sido constituído pelo indiciado, que, a despeito de ser objeto da 
investigação e não sujeito de direitos na fase pré-processual, tem o 
específico direito de tomar conhecimento das provas levantadas contra sua 
pessoa, corolário natural do princípio constitucional da ampla defesa. 
Nem se diga que este princípio somente se concretiza na fase 
processual, uma vez que se sabe ser o inquérito o momento único para a 
produção de determinadas provas que não mais se repetem (vide o 
exemplo das periciais). E não olvidemos, ainda, o costume praticamente 
generalizado dos juízes e tribunais de levarem em conta até mesmo os 
depoimentos de testemunhas e reconhecimentos de pessoas e coisas 
produzidos nessa fase ao julgarem o feito. Aliás, não há fundamento para a 
exclusão do advogado da produção da prova, embora no seu 
desenvolvimento não possa intervir — fazendo reperguntas às 
testemunhas, por exemplo —, mas somente acompanhar, porque os atos 
dos órgãos estatais devem ser pautados pela moralidade e pela 
transparência. 
Dir-se-á que o inquérito é sigiloso (ausente a publicidade a qualquer 
pessoa do povo) e não contestamos tal afirmativa, o que não pode significar 
a exclusão da participação do advogado como ouvinte e fiscal da 
regularidade da produção das provas, caso deseje estar presente. 
Torna-se nítida essa viabilidade quando se analisa o disposto no art. 
3.º § 2.º, da Lei 1.579/52 (modificada pela Lei 10.679/2003): “O depoente 
poderá fazer-se acompanhar de advogado, ainda que em reunião secreta” 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 8
(grifo nosso). O dispositivo citado cuida da formação e atuação da 
Comissão Parlamentar de Inquérito, que poderá exercer suas atividades em 
sessão secreta, mas jamais excluindo o advogado. Registremos que a CPI 
tem poderes investigatórios típicos do juiz (art. 58, § 3.º CF), logo, maiores 
que os da autoridade policial, motivo pelo qual, com maior razão, não 
poderá o delegado determinar o afastamento do defensor do 
acompanhamento da produção da prova na fase inquisitorial, a pretexto de 
manter o sigilo da investigação. 
Incomunicabilidade do indiciadoIncomunicabilidade do indiciadoIncomunicabilidade do indiciadoIncomunicabilidade do indiciado 
Cremos estar revogada essa possibilidade pela Constituição Federal 
de 1988. Note-se que, durante a vigência do Estado de Defesa, quando 
inúmeras garantias individuais estão suspensas, não pode o preso ficar 
incomunicável (art. 136, § 3.º IV, CF), razão pela qual, em estado de 
absoluta normalidade, quando todos os direitos e garantias devem ser 
fielmente respeitados, não há motivo plausível para se manter alguém 
incomunicável. Além disso, do advogado jamais se poderá isolar o preso 
(Lei 8.906/94, art. 7.º, III). Logo, ainda que se pudesse, em tese, admitir a 
incomunicabilidade da pessoa detida, no máximo, seria evitar o seu contato 
com outros presos ou com parentes e amigos. 
Há outra posição na doutrina, admitindo a vigência da 
incomunicabilidade e justificando que o art. 136, § 3.º, IV, da Constituição, 
voltou-se unicamente a presos políticos e não a criminosos comuns. Aliás, 
como é o caso da previsão feita pelo Código de Processo Penal (art. 21). 
Preferimos a primeira posição, aliás a incomunicabilidade somente teria 
sentido, para garantir efetivamente uma investigação sem qualquer 
contaminação exterior, se o detido pudesse ficar em completo isolamento. 
Ora, não sendo possível fazê-lo no que concerne ao advogado, fenece o 
interesse para outras pessoas, pois o contato será, de algum modo, 
mantido. Pela revogação da incomunicabilidade: 
Tourinho Filho (Código de Processo Penal comentado, v. 1, p. 66) e 
Mirabete (Código de Processo Penal interpretado, p. 62-63). Pela 
manutenção do dispositivo: 
Damásio Evangelista de Jesus (Código de Processo Penal anotado, p. 
17), Vicente Greco Filho (Manual de processo penal, p. 86). 
Relatório final 
A autoridade policial deve, ao encenar as investigações, relatar tudo o 
que foi feito na presidência do inquérito, de modo a apurar — ou não — a 
materialidade e a autoria da infração penal. Tal providência é sinônimo de 
transparência na atividade do Estado-investigação, comprobatória de que o 
princípio da obrigatoriedade da ação penal foi respeitado, esgotando-se 
tudo o que seria possível para colher provas destinadas ao Estado-
acusação. Ainda assim, pode o representante do Ministério Público não se 
conformar, solicitando ao juiz o retorno dos autos à delegacia, para a 
continuidade das investigações, devendo, nesse caso, indicar 
expressamente o que deseja. Se a autoridade policial declarou encenados 
os seus trabalhos, relatando o inquérito, não é cabível que os autos 
retomem para o prosseguimento, sem que seja apontado o caminho 
desejado. 
Por outro lado, a falta do relatório constitui mera irregularidade, não 
tendo o promotor ou o juiz o poder de obrigar a autoridade policial a 
concretizá-lo. Trata-se de falta funcional, passível de correção disciplinar. E 
natural que, determinando a lei que o relatório seja feito, a autoridade 
policial deve prezar a sua função, concretizando-o, o que não impede, em 
absoluto, ainda que o faça de modo muito resumido ou confuso, o 
prosseguimento do feito. Aliás, é o mais adequado, pois o relatório não tem 
nenhuma utilidade probatória para a instrução do processo, destinando-se 
ao esclarecimento do promotor acerca do que foi feito pelo Estado-
investigação. 
Pensamos ser inadequado determinar o retorno dos autos do inquérito 
à polícia judiciária somente porque o delegado declarou encenada a 
investigação sem empreender o relatório minucioso a respeito do caso. 
Prossegue-se, com ofício comunicativo à Corregedoria da Polícia, para as 
providências cabíveis. Processualmente, não deve ter maiores reflexos. 
Indeferimento de novas diligências requeridas pelo Ministério PIndeferimento de novas diligências requeridas pelo Ministério PIndeferimento de novas diligências requeridas pelo Ministério PIndeferimento de novas diligências requeridas pelo Ministério Púúúúblicoblicoblicoblico 
O juiz não deve indeferir o requerimento formulado pelo representante 
do Ministério Público, quando solicitar novas diligências
para formar o seu 
convencimento, ainda que a autoridade policial já tenha apresentado o 
relatório final. Afinal, sendo ele o titular da ação penal, pode necessitar de 
outras colheitas, antes de ofertar a denúncia ou pedir o arquivamento. 
Entretanto, cremos ser mais rápido, quando for possível, que o 
promotor, indeferido o retorno dos autos do inquérito à polícia judiciária, por 
intransigência do juiz, requisite diretamente à autoridade policial a diligência 
almejada. Nessa situação, a sociedade sai ganhando e o inquérito tem sua 
conclusão apressada, ao invés de se interpor demorada correição parcial. 
Excepcionalmente, quando a diligência necessária não prescindir dos 
autos, que estão em cartório, outro remédio não cabe senão o recurso ao 
tribunal. Se os indeferimentos forem sucessivos, por mero capricho do juiz, 
a questão desloca-se para a esfera correcional, cabendo representação do 
promotor junto à Corregedoria Geral da Justiça. O mais importante é 
assegurar à sociedade a conclusão célere da investigação, com início da 
ação penal, ultrapassando-se as fronteiras das suscetibilidades pessoais. 
Por outro lado, quando o magistrado notar que o promotor está apenas 
ganhando tempo, requerendo diligência inútil, deve oficiar ao Procurador-
Geral da Justiça, comunicando a ocorrência para as providências funcionais 
pertinentes. Indeferir a solicitação, no entanto, buscando obrigar o promotor 
a denunciar, é o caminho menos indicado, pois mais arrastado. 
Inquérito como base da denúncia ou queixa e sua dispensabilidInquérito como base da denúncia ou queixa e sua dispensabilidInquérito como base da denúncia ou queixa e sua dispensabilidInquérito como base da denúncia ou queixa e sua dispensabilidaaaadededede 
A natureza do inquérito, como já se viu, é dar segurança ao 
ajuizamento da ação penal, impedindo que levianas acusações tenham 
início, constrangendo pessoas e desestabilizando a justiça penal. Por isso, 
ao oferecer a denúncia, deve o representante do Ministério Público — o 
mesmo valendo para a vítima — ter como suporte o inquérito policial, 
produzido pela polícia judiciária, na sua função de Estado-investigação, 
órgão auxiliar do Poder Judiciário nessa tarefa. 
Eventualmente, é possível dispensar o inquérito, desde que o acusador 
possua provas suficientes e idôneas para sustentara denúncia ou a queixa, 
o que não deixa de ser hipótese rara. As situações em que o inquérito 
policial deixa de ser feito são representadas pela realização de outros tipos 
de investigação oficial — como sindicâncias, processos administrativos, 
inquéritos militares, inquéritos parlamentares, incidentes processuais —, 
bem como pela possibilidade, não comum, de se conseguir ajuizar a 
demanda simplesmente tendo em mãos documentos, legalmente 
constituídos. 
Termo circunstanciado 
É um substituto do inquérito policial, realizado pela polícia, nos casos 
de infrações de menor potencial ofensivo (contravenções penais e crimes a 
que a lei comine pena máxima não superiora dois anos, cumulada ou não 
com multa). Assim, tomando conhecimento de um fato criminoso, a 
autoridade policial elabora um termo contendo todos os dados necessários 
para identificar a ocorrência e sua autoria, encaminhando-o imediatamente 
ao Juizado Especial Criminal, sem necessidade de maior delonga ou 
investigações aprofundadas. É o que dispõe a Lei 9.099/95, no art. 77, § 
1.º: “Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no 
termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito 
policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a 
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova 
equivalente” (grifamos). 
Curador 
Tratava-se da pessoa que tinha por função proteger e orientar o menor 
de 21 anos, tanto no interrogatório da fase policial quanto no interrogatório 
prestado em juízo, suprindo-lhe as naturais deficiências trazidas pela 
imaturidade e zelando para que não houvesse qualquer arbítrio ou coação 
indevida contra sua pessoa. Estava vinculado à defesa do menor e não 
podia depor contra seus interesses, revelando dados sigilosos, protegidos 
por lei. 
Preceitua a Lei 10.406, de 10.01.2002 (Código Civil), no art. 5.º, caput, 
que a menoridade cessa aos 18 (dezoito) anos completos, quando a 
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil”. Nota-se que 
a evolução da sociedade, dos seus hábitos e costumes está a evidenciar a 
desnecessidade de se tutelar o maior de 18 anos e menor de 21 anos com 
as cautelas antes exigidas pela sua pretensa inexperiência e ingenuidade. 
Sabe-se que a pessoa, ao atingir os 18 anos, atualmente, encontra-se 
perfeitamente habilitada para desempenhar todos os atos da vida civil e 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 9
penal: pode celebrar, sozinha, um contrato de compra e venda de bens 
móveis ou imóveis, como pode, também, responder penalmente pelas 
infrações penais que praticar. Logo, inexiste qualquer fundamento lógico 
para se manter a figura do curador, no contexto do processo penal. 
Relembremos que o curador só tem prestado desserviços ao acusado 
menor de 21 anos, pois, lamentavelmente, há farta jurisprudência aceitando 
o seu depoimento em juízo para confirmar a confissão extrajudicial do réu, 
validando, pois, uma condenação. Portanto, não se deve mais considerar 
menor a pessoa que tenha menos de 21 anos, necessitando, pois, de 
curador. 
Embora o art. 564, III, c, CPP preceitue constituir nulidade a não 
nomeação de curador ao réu menor de 21 anos, está, naturalmente, 
referindo-se ao incapaz para desenvolver todos os atos da vida civil, enfim, 
àquele que sempre fora, pelo direito brasileiro, considerado relativamente 
incapaz. Interpretando-se de maneira lógica e sistemática o preceito, é 
preciso considerar que a modificação trazida pelo Código Civil deve 
produzir efeitos imediatos na legislação processual penal, que padece de 
falta de renovação geral e sistemática há anos. A isso acrescente-se que a 
Lei 10.792/2003 revogou o art. 194 do CPP, eliminando a presença do 
curador para o interrogatório judicial do réu menor de 21 anos, bem como a 
Lei 11.689/2008 suprimiu do art. 449, cujo conteúdo foi transferido ao art. 
457, a presença do curador para o acusado menor de 21 anos. 
Poder-se-ia argumentar que o Código Penal continua a prever 
atenuante ao menor de 21 anos que cometa crime, bem como a calcular a 
prescrição pela metade a quem possua menos de 21 anos na data do fato 
criminoso. Entretanto, cuida-se, nessa situação, de outro enfoque. São 
benefícios concedidos a quem, segundo a lei penal, não atingiu, ainda, a 
plena maturidade, motivo pelo qual, embora possa compreender o caráter 
ilícito do que fez, merece uma reprimenda mais leve. 
Não se pode deixar de considerar que, no futuro, tais normas possam 
ser, também, revistas, pois os tempos são outros e o maior de 18 anos 
pode ser, para todos os efeitos, equiparado a qualquer outro réu,já que o 
amadurecimento lhe chega muito mais cedo, tanto em virtude da 
quantidade, quanto da qualidade das informações que lhe são passadas 
regularmente. Mas, por se tratar de benefícios penais expressos, não se 
pode considerá-los revogados pela interpretação lógico-sistemática. 
Continuarão a merecer a atenuante e a prescrição pela metade os menores 
de 21 anos. 
No contexto processual penal, no entanto, é diferente, pois a presença 
do curador, ao lado do réu, já vinha sofrendo constantes mutações, trazidas 
pela própria jurisprudência, que não somente pacificou o entendimento de 
que a figura do curador pode ser substituída, sem qualquer ranhura, pela do 
defensor — aliás, muito mais lógico que se garanta advogado
ao acusado, 
seja de que idade for, do que o contato com um leigo qualquer, 
simplesmente porque ele tem mais de 21 anos — como também passou a 
considerar nulidade relativa a falta de curador ao réu menor de 21 anos, o 
que somente merece aplauso. 
Enfim, toma-se incompreensível que alguém, habilitado a todos os atos 
da vida civil (casar-se, comprar e vender quaisquer bens, exercer atividade 
pública, entre outros importantes atos), porque atingiu a maioridade aos 18 
anos, não possa ser ouvido pela autoridade policial ou judicial sem a 
presença de alguém ao seu lado que possua mais de 21 anos. 
Arquivamento do inquérito e outras providências 
Encerradas as investigações policiais e remetidos os autos do inquérito 
policial ao Ministério Público, há quatro providências que o titular da ação 
penal pode tomar: a) oferecer denúncia; b) requerer a extinção da 
punibilidade (por exemplo, pela ocorrência de prescrição); c) requerer o 
retorno dos autos à polícia judiciária para a continuidade da investigação, 
indicando as diligências a realizar; d) requerer o arquivamento. 
Somente o Ministério Público, titular da ação penal, órgão para o qual 
se destina o inquérito policial, pode pedir o seu arquivamento, dando por 
encerradas as possibilidades de investigação. Não é atribuição da polícia 
judiciária dar por findo o seu trabalho, nem do juiz, concluir pela 
inviabilidade do prosseguimento da colheita de provas. 
É possível, no entanto, que o representante do Ministério Público 
requeira o arquivamento, a ser determinado pelo magistrado, sem qualquer 
fundamento plausível. Ora, sendo a ação penal obrigatória, cabe a 
interferência do juiz, fazendo a remessa dos autos ao Procurador-Geral de 
Justiça (dirigente do Ministério Público estadual) para que, nos termos do 
art. 28 do Código de Processo Penal, possa dar a última palavra a respeito 
do caso (no caso federal, há regra diferenciada que será vista em tópico 
particular). Por outro lado, caso as investigações sejam manifestamente 
infrutíferas e o promotor deseje prosseguir com o inquérito somente para 
prejudicar alguém, é possível a concessão de ordem de habeas corpus 
para trancar a investigação por falta de justa causa. Esta situação, no 
entanto, deve ser sempre excepcional. 
Controle do arquivamento do inquérito policial e de peças de informa-
ção 
Conforme já abordamos, tendo em vista que a ação penal, como regra, 
é pública, regida pelo princípio da obrigatoriedade, o controle é feito pelo 
Judiciário. Trata-se de atuação administrativa e não jurisdicional, portanto 
anormal. Logo, não cabe ao promotor, embora seja o titular da ação penal, 
a exclusiva deliberação acerca do oferecimento de denúncia ou do 
arquivamento do inquérito. Deve submeter o seu pedido ao juiz que, 
analisando o material recebido e as razões invocadas pelo órgão 
acusatório, pode acatá-lo ou não. 
Determinando o arquivamento, somente se reabre a investigação 
havendo novas provas. Entretanto, desacolhendo o pedido, o magistrado 
deve remeter o inquérito ou as peças de informação ao Procurador-Geral, 
que deliberará a respeito. Não se trata de uma avaliação de conveniência e 
oportunidade, mas de legalidade e justa causa para a ação penal. 
Caso o chefe do Ministério Público entenda que a razão está com o 
promotor, devolve o inquérito ou as peças ao juiz, insistindo no 
arquivamento e dando a sua fundamentação. Nesse caso, está o 
magistrado obrigado a acolher o pedido, uma vez que não pode dar início à 
ação penal, sem a participação ativa do Ministério Público. 
Crendo, no entanto, que a razão se encontra com o magistrado, o 
Procurador-Geral pode denunciar diretamente — o que não costuma fazer 
— ou designar outro promotor para oferecer, em seu nome, a denúncia — o 
que é mais comum. Trata-se de uma delegação e, por esse motivo, o 
promotor designado não poderá recusar-se a dar início à ação penal, sob 
pena de falta funcional. Ele age em nome do Procurador-Geral, razão por 
que não há escusa para deixar de ofertar denúncia. 
Registremos poder o Procurador-Geral de Justiça determinar a 
realização de diligências, requisitando-as à polícia judiciária, para sanar 
alguma dúvida, antes de se pronunciar pelo arquivamento ou pela 
propositura da ação penal. 
Utilização do art. 28 do CPP no caso da suspensão condicional do pro-
cesso 
Estabelece a Lei 9.099/95 (art. 89) a possibilidade de o representante 
do Ministério Público propor, para crimes cuja pena mínima cominada for 
igual ou inferior a um ano, a suspensão do processo, por dois a quatro 
anos, fixadas determinadas condições (§ 1.º do referido art. 89), desde que 
haja merecimento do acusado. É o que se denomina sursis processual. 
Nasceu, no entanto, polêmica a respeito de ser esta proposta de 
suspensão do processo uma faculdade do promotor ou um direito do réu. 
Adotando-se a primeira posição, quando não concordar com a recusa do 
Ministério Público em ofertar a proposta, o juiz deve valer-se, por analogia, 
do disposto no art. 28 do CPP, enviando os autos ao Procurador-Geral de 
Justiça para analisar o caso e, se este entender cabível, poder formulá-la 
em lugar do promotor de 1.º grau. Acolhendo-se a segunda, poderia o juiz 
fixar, desde logo, a suspensão condicional do processo, ainda que o 
membro do Ministério Público não concordasse. 
A melhor corrente, em nosso entender, é a primeira, uma vez que a lei 
foi bem clara ao estipular que o beneficio (sursis processual) somente pode 
existir se o promotor propuser a sua concessão. Logo, trata-se, em 
verdade, de um acordo entre as partes, não podendo o juiz substituir a 
vontade do titular da ação penal, atuando como se fosse parte parcial. 
Atualmente, a questão encontra amparo na Súmula 696 do Supremo 
Tribunal Federal: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da 
suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de 
Justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-
Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 10 
Requerimento de arquivamento em competência originária 
Quando o inquérito é controlado diretamente pelo Procurador-Geral de 
Justiça (ou da República, conforme o caso), por se tratar de feito de 
competência originária (o processo inicia-se diretamente em grau 
jurisdicional superior, não passando pela 1ª instância), o pedido de 
arquivamento é dirigido diretamente ao tribunal (cabe ao relator determinar 
o arquivamento, segundo a maioria dos Regimentos Internos dos tribunais). 
Não há, nesse caso, como utilizar o art. 28, sendo obrigatório o 
acolhimento do pedido. E mais, não tendo sido requerido o arquivamento 
pelo Ministério Público, não é possível ao tribunal encerrar a investigação 
de oficio. 
Arquivamento de inquérito de crimes contra a economia popular ou 
contra a saúde pública 
Segue-se o disposto no art. 7.º da Lei 1.521/51, submetendo o juiz a 
decisão ao segundo grau de jurisdição obrigatoriamente (é o que se 
denomina recurso de ofício). Dando provimento ao recurso, o tribunal 
determina a remessa dos autos ao Procurador-Geral, que decidirá a 
respeito do acerto ou desacerto do promotor. Pode insistir no arquivamento, 
devendo o juiz acatar o sugerido, como pode ainda designar membro do 
Ministério Público para denunciar o indiciado. 
Não pode o tribunal determinar que o promotor denuncie, pois isso fere 
a titularidade da ação penal, não pertencente ao Poder Judiciário. Entendeu 
o legislador, nesse caso, que deveria haver um controle a mais no tocante 
ao arquivamento de autos de inquérito e também no que toca às 
absolvições proferidas. Exclui-se do contexto dos crimes
contra a saúde 
pública, para o fim de submeter o arquivamento de inquérito a segundo 
grau de jurisdição, todas as infrações penais referentes a drogas ilícitas, 
pois regidas por lei especial (Lei 11.343/2006). 
Recurso institucional contra arquivamento promovido pelo Procurador-
Geral 
Preceitua o art. 12, XI, da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do 
Ministério Público), que cabe ao Colégio de Procuradores de Justiça “rever, 
mediante requerimento de legítimo interessado, nos termos da Lei 
Orgânica, decisão de arquivamento de inquérito policial ou peças de 
informação determinada pelo Procurador-Geral de Justiça, nos casos de 
sua atribuição originária”. 
Obrigatoriedade de oferecimento de razões e o denominado arquiva-
mento implícito 
Cabe ao representante do Ministério Público oferecer as razões 
suficientes para sustentar o seu pedido de arquivamento. Sem elas, devem 
os autos retomar ao promotor, a mando do juiz, para que haja a 
regularização. O mesmo procedimento deve ser adotado, quando há vários 
indiciados e o órgão acusatório oferece denúncia contra alguns, silenciando 
no tocante aos outros. 
Não existe, tecnicamente, pedido de arquivamento implícito ou tácito. E 
indispensável que o promotor se manifeste claramente a respeito de cada 
um dos indiciados, fazendo o mesmo no que concerne a cada um dos 
delitos imputados a eles durante o inquérito. Assim, não pode, igualmente, 
denunciar um por crime e calar quanto a outro ou outros. Recusando-se a 
oferecer suas razões, devemos autos ser remetidos ao Procurador-Geral 
para as medidas administrativas cabíveis, uma vez que o promotor não está 
cumprindo, com zelo, a sua função. Contrariamente, admitindo a hipótese 
de pedido de arquivamento implícito, está a lição de Mirabete (Código de 
Processo Penal interpretado, p. 71-72). 
Arquivamento indiretoArquivamento indiretoArquivamento indiretoArquivamento indireto 
Seria, segundo parcela da doutrina, a hipótese de o promotor deixar de 
oferecer denúncia por entender que o juízo é incompetente para a ação 
penal. Cremos que tal situação é inadmissível, pois o Ministério Público 
deve buscar, sempre que possível, a solução que lhe compete para superar 
obstáculos processuais. Assim, caso entenda que o juízo é incompetente, 
mas há justa causa para a ação penal (materialidade e indícios de autoria), 
deve solicitar a remessa dos autos ao magistrado competente e não 
simplesmente deixar de oferecer denúncia, restando inerte. 
Caso o juiz, após o pedido de remessa, julgue-se competente, poderá 
invocar o preceituado no art. 28, para que o Procurador-Geral se manifeste. 
Entendendo este ser o juízo competente, designará outro promotor para 
oferecer denúncia. Do contrário, insistirá na remessa. Caso, ainda assim, o 
magistrado recuse-se a fazê-lo, cabe ao Ministério Público providenciar as 
cópias necessárias para provocar o juízo competente. Assim 
providenciando, haverá, certamente, a suscitação de conflito de 
competência, se ambos os juÍzes se proclamarem competentes para julgar 
o caso. Logo, a simples inércia da instituição, recusando-se a denunciar, 
mas sem tomar outra providência não deve ser aceita como arquivamento 
indireto. 
Arquivamento requerido pelo Ministério Público Federal 
Cabe a um órgão colegiado a análise do pedido de arquivamento feito 
por procurador da república e rejeitado por juiz federal. Dispõe a Lei 
Complementar 75/93, cuidando da organização, das atribuições e do 
Estatuto do Ministério Público da União, que “as Câmaras de Coordenação 
e Revisão do Ministério Público Federal são os órgãos setoriais de 
coordenação, de integração e de revisão do exercício funcional na 
instituição” (art. 58), sendo compostas “por três membros do Ministério 
Público Federal, sendo um indicado pelo Procurador-Geral da República e 
dois pelo Conselho Superior, juntamente com seus suplentes, para um 
mandato de 2 (dois) anos, dentre integrantes do último grau da carreira, 
sempre que possível” (art. 60). Cabe-lhes, entre outras atribuições, 
“manifestar-se sobre o arquivamento de inquérito policial, inquérito 
parlamentar ou peças de informação, exceto nos casos de competência 
originária do Procurador-Geral” (art. 62, IV). 
Ilustrando, a Resolução 6/93, do Conselho Superior do Ministério 
Público, modificada pela Resolução 20/96, criou e organizou as Câmaras 
de Organização e Revisão, constituindo atribuição de uma delas a matéria 
criminal e o controle externo da polícia judiciária. 
Determinação de retorno dos autos de inquérito à polícia para novas di-
ligências 
É inviável que o juiz, discordando do pedido de arquivamento do 
promotor, determine que a polícia judiciária faça novas diligências, ao invés 
de remeter o caso à apreciação do Procurador-Geral. Não sendo ele o 
titular da ação penal, não lhe cabe discernir acerca das provas suficientes 
para o oferecimento de denúncia. Cabe correição parcial contra decisão 
que determine o retorno à delegacia para novas diligências, após pedido de 
arquivamento formulado pelo promotor. 
Trancamento do inquérito policial 
Admite-se que, valendo-se do habeas corpus, a pessoa eleita pela 
autoridade policial como suspeita possa recorrer ao Judiciário para fazer 
cessar o constrangimento a que está exposto, pela mera instauração de 
investigação infundada. O inquérito é um mecanismo de exercício de poder 
estatal, valendo-se de inúmeros instrumentos que certamente podem 
constranger quem não mereça ser investigado. 
O indiciamento, como já se viu, é mais grave ainda, pois faz anotar, 
definitivamente, na folha de antecedentes do sujeito a suspeita de ter ele 
cometido um delito. 
Por tal razão, quando se perceber nítido abuso na instauração de um 
inquérito (por exemplo, por fato atípico) ou a condução das investigações 
na direção de determinada pessoa sem a menor base de prova, é cabível o 
trancamento da atividade persecutória do Estado. Entretanto, é hipótese 
excepcional, uma vez que investigar não significa processar, não exigindo, 
pois, justa causa e provas suficientes para tanto. Coíbe-se o abuso e não a 
atividade regular da polícia judiciária. 
ProsProsProsProsseguimento das investigações após o encerramento do iseguimento das investigações após o encerramento do iseguimento das investigações após o encerramento do iseguimento das investigações após o encerramento do innnnquéritoquéritoquéritoquérito 
A decisão que determina o arquivamento do inquérito não gera coisa 
julgada material, podendo ser revista a qualquer tempo, inclusive porque 
novas provas podem surgir. Ocorre que a autoridade policial, segundo o 
preceituado em lei, independentemente da instauração de outro inquérito, 
pode proceder a novas pesquisas, o que significa sair em busca de provas 
que surjam e cheguem ao seu conhecimento. 
Para reavivar o inquérito policial, desarquivando-o, cremos ser 
necessário que as provas coletadas sejam substancialmente novas — 
aquelas realmente desconhecidas anteriormente por qualquer das 
autoridades —, sob pena de se configurar um constrangimento ilegal. 
Nesse sentido, a Súmula 524 do Supremo Tribunal Federal: 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 11 
“Arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do 
Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas 
Entretanto, se o arquivamento ocorrer com fundamento na atipicidade 
da conduta é possível gerar coisa julgada material. A conclusão extraída 
pelo Ministério Público (órgão que requer o arquivamento), encampada pelo 
Judiciário (órgão que determina o arquivamento), de se tratar de fato atípico 
(irrelevante penal) deve ser considerada definitiva. Não há sentido em 
sustentar
que, posteriormente, alguém possa conseguir novas provas a 
respeito de fato já declarado penalmente irrisório. Nesse sentido já decidiu 
o Supremo Tribunal Federal: HC 83.346-SP, rel. Sepúlveda Pertence, 
17.05.2005, Informativo 388. 
Em nosso ponto de vista, o mesmo deveria ocorrer se o arquivamento 
se der por exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, afirmando o Ministério 
Público ao juiz que deixa de denunciar o indiciado ou investigado, tendo em 
vista inexistir crime. Da mesma forma que a solução acerca da atipicidade, 
cremos estar formada a coisa julgada material, em caso de arquivamento, 
sem possibilidade de continuidade das investigações no futuro. 
Fonte: MANUAL DE PROCESSO PENAL E EXECUÇÃO PENAL – 
Guilherme de Souza Nucci – Editora Revista dos Tribunais – São Paulo - 
SP 
3 Ação penal. 3 Ação penal. 3 Ação penal. 3 Ação penal. 
 
DA AÇÃODA AÇÃODA AÇÃODA AÇÃO 
MougenotMougenotMougenotMougenot 
1. O DIREITO DE AÇÃO1. O DIREITO DE AÇÃO1. O DIREITO DE AÇÃO1. O DIREITO DE AÇÃO 
Uma vez que o Ministério Público — ou o particular, para aqueles 
crimes aos quais o Código Penal reserva a ação de iniciativa privada — 
reúna elementos de prova que lhe convençam da prática de uma conduta 
criminosa, torna-se necessário prosseguir na persecução penal com o 
ajuizamento de uma ação penal. 
Com efeito, o Ministério Público, as polícias, no exercício da função 
judiciária, ou o particular não podem, por conta própria, proceder à 
aplicação da pena que entendam justa em face dos fatos que 
eventualmente apurarem. A aplicação da pena, como manifestação do 
poder jurisdicional do Estado, é reservada aos órgãos aos quais seja 
atribuído o exercício da jurisdição. 
Assim, aquele que promover a acusação, para obter guarida à sua pre-
tensão punitiva, será obrigado a provocar a manifestação do órgão encar-
regado do exercício da jurisdição (em regra, o Poder Judiciário). 
Dessa forma, o direito de ação constitui o direito (ou poder) que tem o 
acusador de, dirigindo um pedido ao Poder Judiciário, provocar sua 
manifestação sobre esse pedido. 
Essa conceituação de direito de ação abrange tanto a ação penal 
quanto a civil, o que mais uma vez denota a unidade da disciplina do direito 
processual como um todo. A diferença entre uma e outra reside tão-
somente na natureza da matéria alegada, ou seja, nas normas de direito 
material que servem de fundamento para o pedido veiculado em uma ou 
em outra. Dessa diferença é que se determinará, ainda, o órgão que 
exercerá a jurisdição diante do caso que se apresente. 
2. DIREITO DE AÇÃO OU PODER DE AÇÃO2. DIREITO DE AÇÃO OU PODER DE AÇÃO2. DIREITO DE AÇÃO OU PODER DE AÇÃO2. DIREITO DE AÇÃO OU PODER DE AÇÃO 
A natureza jurídica da ação é objeto de intensa discussão doutrinária. 
Conquanto a definição clássica de ação a trate como um direito, cujo objeto 
consiste em peticionar perante o Poder Judiciário — a definição de 
Frederico Marques2 é no sentido de que a ação constitui “o direito de agir 
exercido perante os juízes e tribunais da justiça criminal” —, parte 
significativa da doutrina vê a ação como um poder, na medida em que sua 
contrapartida constitui uma sujeição. 
De fato, o Estado, por meio do Poder Judiciário, encontra-se em 
relação de sujeição em face de quem deseje provocar-lhe a manifestação. 
Uma vez ajuizada a ação, não é dado ao Poder Judiciário não se 
manifestar (daí se dizer que no sistema jurídico impera a vedação ao non 
liquet, ou seja, a proibição de não decidir, portanto, uma dupla negativa). 
Ainda que seja para denegar sumariamente o pedido, o ajuizamento da 
ação, penal ou civil, implica a criação de um dever para o Estado de emitir 
uma decisão. 
Dessa forma, mais do que um direito, pode-se vislumbrar verdadeiro 
poder de ação. Saliente-se, entretanto, que boa parte da doutrina 
prossegue adotando a noção de ação enquanto direito, motivo pelo qual 
não se adotará, peremptoriamente, nesta obra, um ou outro conceito. 
3. CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL3. CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL3. CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL3. CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL 
A doutrina clássica atribui ao direito de ação penal as seguintes 
características: 
a) Caráter público: a ação penal é direito público, porquanto, do ponto 
de vista subjetivo, é exercido em face do Poder Público (Estado), e, do 
ponto de vista objetivo, contém uma pretensão de elevada relevância social 
(uma pretensão punitiva, fundada em direito material penal). Além disso, o 
direito de ação é sempre exercido em face do Estado, já que tem por 
objetivo último provocar a aplicação do direito penal material a um fato 
concreto. 
b) Constitui direito subjetivo: o direito de ação, categoria na qual se 
inclui o direito de ação penal, constitui uma faculdade — ou dever, no caso 
da ação penal pública, como adiante se verá — de agir, com a finalidade de 
obter tutela a determinado interesse. 
c) É direito autônomo: a autonomia do direito de ação penal significa 
que sua existência e a possibilidade de que seja exercido independem de 
qualquer relação jurídica material. Sua autonomia decorre da própria 
autonomia do direito processual com relação ao direito material, já 
anteriormente abordada. 
d) É direito abstrato: essa característica da ação penal é, também, 
decorrente da autonomia do direito de ação em relação ao direito material. 
A doutrina que classifica a ação como direito abstrato contrapõe-se à 
corrente, outrora dominante, que a encara como direito concreto, segundo a 
qual o direito de ação surge da situação concreta em que ocorra violação 
de um direito material. Com efeito, o direito de ação, ou seja, o direito (ou 
poder) de obter um pronunciamento do Poder Judiciário, ao contrário do 
que inicialmente se considerava, não decorre da violação de direito 
material. Qualquer pessoa que tenha capacidade de agir poderá exercer o 
direito de ação, ainda que nenhuma violação a direito tenha ocorrido. A 
circunstância de que o autor da ação não tenha razão, ou de que não se 
tenham preenchido os requisitos necessários para que obtenha a tutela 
pleiteada, não obsta à concretização do direito de ação, uma vez que em 
todos esses casos o Poder Judiciário estará obrigado a manifestar-se, 
ainda que seja para decidir contra o autor da ação, ou para declarar extinto 
o processo sem julgamento do mérito. É, pois, direito abstrato porque 
independe do provimento jurisdicional, seja ele favorável ou desfavorável, 
justo ou injusto. 
4. FUNDAMENTO LEGAL4. FUNDAMENTO LEGAL4. FUNDAMENTO LEGAL4. FUNDAMENTO LEGAL 
A despeito de se constituir o direito de ação instituto de natureza 
eminentemente processual, no sistema jurídico brasileiro a ação penal é em 
parte disciplinada pelo Código Penal. Com efeito, o Título VII da Parte Geral 
do Código Penal (arts. 100 a 106) dedica-se integralmente a disciplinar o 
exercício da ação penal. 
No Código de Processo Penal, a ação penal é disciplinada no Título III 
do Livro I (arts. 24 a 62). 
5. CONDIÇÕES DA AÇÃO5. CONDIÇÕES DA AÇÃO5. CONDIÇÕES DA AÇÃO5. CONDIÇÕES DA AÇÃO 
Conquanto a expressão “condições da ação” tenha enorme aceitação 
na doutrina do direito processual como um todo, é certo que o direito de 
ação, em si, não é condicionado, conforme já mencionado. Qualquer 
pessoa do povo, bem como os órgãos do Ministério Público, podem 
livremente ajuizar ações perante o Poder Judiciário, após o que o Órgão 
provocado estará obrigado a conceder ao autor uma resposta, ainda que 
seja para negar seguimento à ação ajuizada. 
Por isso, ao contrário do que ensinava a doutrina tradicional, não é 
propriamente o exercício do direito de ação que é condicionado, mas sim o 
direito de que o movimento desencadeado pelo ajuizamento da ação se 
desenvolva, por meio do processo, em direção a um julgamento de mérito. 
Nesse sentido, a definição de Liebman, segundo a qual as
condições da 
ação constituem as “condições essenciais para o exercício da função 
jurisdicional com referência à situação concreta deduzida em juízo”. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 12 
Em outros termos, pode-se dizer que toda ação ajuizada contém em si 
dois pedidos, ainda que um deles possa ser implícito: o primeiro pedido 
refere-se ao direito material sobre o qual versa a ação — que, no caso do 
direito processual penal, constituirá requerimento no sentido de que o 
acusado seja condenado pela prática de determinada infração penal. O 
segundo, por sua vez, é de natureza processual e consiste em 
requerimento no senti -do de que seja constituída a própria relação jurídica 
processual, cujo desenrolar permitirá o pronunciamento jurisdicional final. 
Observe-se que somente após o atendimento do segundo pedido é que 
será possível apreciar o primeiro, motivo pelo qual as questões referentes 
ao processo em si são prejudiciais à apreciação do pedido referente ao 
direito material (e, nesse sentido, efetivamente condicionam, como disse 
Liebman, a atuação da jurisdição com relação a esse pedido). 
O pedido referente ao direito material constitui o mérito da demanda. 
Dessa forma, quando enfrentado pelo julgador — seja para ser acolhido ou 
desacolhido—, ensejará a chamada decisão de mérito. Entretanto, para que 
essa decisão seja proferida, faz-se necessário que sejam preenchidas 
algumas condições precedentes, sem as quais o processo será extinto sem 
julgamento do mérito, ou seja, sem que seja apreciada aquela questão de 
direito material que se apresenta ao julgador. Essas condições é que são, 
imprecisamente, denominadas “condições da ação”. 
6. CONDIÇÕES GENÉRICAS6. CONDIÇÕES GENÉRICAS6. CONDIÇÕES GENÉRICAS6. CONDIÇÕES GENÉRICAS 
A doutrina processual usualmente identifica três condições genéricas 
da ação. São classificadas como genéricas porque são aplicáveis a 
qualquer ação judicial, pouco importando a natureza — penal ou civil — da 
pretensão veiculada por meio da ação, ou quem seja seu titular. 
São condições genéricas da ação penal: 
a) Possibilidade jurídica do pedido. No caso específico do direito 
processual penal, a possibilidade jurídica do pedido expressa-se na 
circunstância de que a conduta imputada na peça acusatória pelo autor da 
ação penal seja típica, ilícita e culpável. Dessa forma, para que o pedido 
seja juridicamente possível, é preciso que haja um dispositivo de lei 
determinando que a conduta descrita pelo acusador e imputada ao acusado 
constitua delito de natureza penal (crime ou contravenção). Em outros 
termos, é preciso haver um tipo penal incriminando a conduta que, segundo 
o acusador, foi praticada pelo acusado. Diferentemente ocorre na seara do 
Direito Processual Civil, em que o pedido veiculado por meio da ação não 
pode ser vedado pelo ordenamento jurídico. 
b) “Legitimatio ad causam” (legitimação para agir). A legitimidade ad 
causam consiste em existir previsão legal para que as partes que figuram 
no processo ocupem suas respectivas posições processuais. Fala-se, 
assim, em legitimidade ativa, referindo-se à existência de previsão legal no 
sentido de que o autor da ação figure como parte acusadora no processo, e 
em legitimidade passiva, quando se cogita de análoga qualificação, porém 
com relação ao réu. 
A ação penal, via de regra, deverá ser proposta pelo único titular do jus 
puniendi (direito de punir): o Estado. No caso específico da propositura da 
ação penal, o Estado agirá por meio do órgão do Ministério Público, titular 
da ação penal (art. 129, I, da Constituição Federal). Essa instituição, 
portanto, na maioria dos casos, deterá a legitimidade ativa para o 
ajuizamento — por meio de seus órgãos — da ação penal: será o dominus 
litis. 
Em certos casos, detalhados adiante, será legitimado para a 
propositura da ação penal um particular: determinada pessoa do povo ou, 
mesmo, uma pessoa jurídica. Nesse caso, o próprio particular — e não um 
órgão do Estado — é que atuará no processo, militando para a condenação 
do acusado. 
Importa ressaltar que esses casos, ao contrário do que pode parecer, 
não constituem exceção à regra de que o direito de pleitear a punição dos 
infratores da lei penal assiste ao Estado. Com efeito, o particular, ajuizando 
a ação penal e conduzindo o processo postulará pleiteando direito alheio 
em nome próprio. A pretensão punitiva, portanto, pertence sempre ao 
Estado, em caráter de monopólio, de modo que ocorre, no caso da ação 
penal de iniciativa privada, o fenômeno da substituição processual 
(legitimação extraordinária), em que aquele que exerce a ação penal não é 
— nem necessita ser — titular do direito material que a ação visa pleitear. 
Quanto à legitimidade passiva, no processo penal ela ocorre quando a 
pessoa a que se atribui a prática da infração penal pode, do ponto de vista 
jurídico, sofrer a sanção determinada na lei penal. O ajuizamento da ação 
penal, com efeito, visa, do ponto de vista do acusador, à imposição de uma 
penalidade ao acusado. Se o acusado não pode, sequer em tese, ser 
penalmente punido — seja porque contava, na data do crime a ele 
imputado, menos de 18 anos, seja porque em seu favor incide uma causa 
de imunidade —, não poderá figurar no pólo passivo do processo, sendo, 
portanto, parte ilegítima, de modo que o processo contra ele, acusado, não 
poderá ser instaurado. 
c) Interesse de agir (interesse processual). Em geral, o interesse de 
agir é entendido como a reunião de três requisitos, sejam eles: a 
necessidade de agir em juízo, a adequação da medida pleiteada e a 
utilidade do provimento jurisdicional final. Parte da doutrina inclui nesse rol, 
ainda, um quarto elemento: a justa causa para o ajuizamento da ação. 
A necessidade de agir em juízo consubstancia-se na circunstância de 
que a pretensão do autor não possa ser satisfeita por outro meio senão 
pelo pronunciamento jurisdicional. Ocorre que, ao contrário do que se 
verifica no âmbito do processo civil, toda pretensão de natureza penal 
somente poderá ser satisfeita pelo poder jurisdicional, após o devido 
processo legal. 
Enquanto o devedor cível sempre poderá quitar voluntariamente a 
dívida cobrada, o infrator penal jamais poderá voluntariamente submeter-se 
à sanção penal sem que antes disso tenha sido devidamente julgado e 
condenado. Por isso, no âmbito do direito processual penal, a necessidade 
de agir em juízo consubstancia-se com a existência de uma situação de 
fato, concreta, que tenha constituído infração penal. Uma vez que o 
acusador afirme a ocorrência de infração penal, far-se-á necessário, pelo 
menos em tese, o pronunciamento jurisdicional. 
A adequação, por sua vez, emerge da compatibilidade entre o fato 
narrado pelo autor da ação e a conseqüência jurídica que ele pleiteia com 
fundamento nesse fato. No caso do processo penal, será adequado o 
pedido quando, narrada uma conduta típica, o acusador pleitear a 
condenação do acusado, de acordo com os parâmetros do tipo 
incriminador, que estabelece a punição objetivamente adequada para cada 
delito. 
No que tange à utilidade, expressa-se ela no caso concreto na 
idoneidade do processo para ensejar, em seu final, os efeitos que dele se 
deseja. A ação penal condenatória tem por finalidade impor determinada 
pena ao acusado. Se por qualquer motivo existente no caso concreto essa 
pena não mais possa ser imposta (v.g.: a ocorrência de prescrição da 
pretensão punitiva), então o ajuizamento da ação será inútil, de modo que 
será inexistente o interesse de agir. 
A chamada “prescrição virtual” ou “prescrição antecipada” — hipótese 
em que, embora não tenha efetivamente ocorrido a prescrição, seria ela 
provável
(ou possível) com base na provável pena in concreto a ser 
aplicada ao autor do fato (se condenado) — não afeta o interesse de agir, 
uma vez que “é impossível a rejeição da denúncia face ao reconhecimento 
antecipado da prescrição retroativa, vez que isso implicaria em antecipação 
de tutela jurisdicional, que, no domínio penal, é inadmissível, configurando 
verdadeiro prejulgamento, em detrimento do réu, que poderia vir a ser 
absolvido” (RJDTACrim 22/492). Anote-se, ainda, que a “prescrição virtual” 
é instituto não amparado pelo ordenamento jurídico, já que a peça acusa-
tória não será recebida quando já estiver extinta a punibilidade, e não 
quando a causa extintiva for provável. E o que estabelece o art. 395, II, do 
CPP, ao prever que a denúncia ou queixa será rejeitada se ausente 
“condição para o exercício da ação penal”. 
7. JUSTA CAUSA PARA7. JUSTA CAUSA PARA7. JUSTA CAUSA PARA7. JUSTA CAUSA PARA O AJUIZAMENTO DA AÇÃO PENALO AJUIZAMENTO DA AÇÃO PENALO AJUIZAMENTO DA AÇÃO PENALO AJUIZAMENTO DA AÇÃO PENAL 
Além das três condições genéricas abordadas, mencionou-se a 
existência de um quarto elemento, constituído pela justa causa para o 
ajuizamento da ação penal. A justa causa — identificada por parte da 
doutrina como uma condição da ação autônoma — consiste na 
obrigatoriedade de que exista, no momento do ajuizamento da ação, prova 
acerca da materialidade delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a 
existir fundada suspeita acerca da prática de um fato de natureza penal. Em 
outros termos, é preciso que haja provas acerca da possível existência de 
uma infração penal e indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor 
desse delito. 
Não obstante a posição daqueles que entendem que ajusta causa 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 13 
constitui condição autônoma da ação — isto é, distinta das três condições 
genéricas já mencionadas —, tem-se que esse requisito não expressa mais 
do que a existência, em cada caso concreto, do interesse de agir e da 
legitimidade passiva ad causam. Com efeito, as provas acerca da 
materialidade delitiva demonstram a necessidade de que seja instaurado 
um processo para que se apure o fato narrado. Já os indícios de autoria é 
que tornarão possível determinar, ainda que de forma relativamente incerta, 
a pessoa que deverá constar no pólo passivo da demanda. 
Necessário ressaltar que a falta de justa causa para a ação penal 
constitui ilegalidade e enseja impetração de habeas corpus nos termos do 
art. 648, I, do CPP 
8. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL8. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL8. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL8. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL 
Além das condições genéricas da ação, aplicáveis de modo geral a 
todas as espécies de ação, há também as condições específicas, que 
representam requisitos para o exercício da ação apenas em algumas 
circunstâncias. 
Também chamadas de condições de procedibilidade, são condições 
exigidas pela lei para o exercício da ação penal em determinados casos. 
Entre as principais, a doutrina destaca: 
a) representação do ofendido ou de seu representante; 
b) requisição do Ministro da Justiça; 
c) ingresso do agente em território nacional, em crimes praticados fora 
do território nacional (extraterritorialidade da lei penal). 
Diante do rol, vê-se logo que essas condições nem sempre devem ser 
satisfeitas para que se afigure admissível o ajuizamento da ação penal. De 
fato, a representação do ofendido ou de seu representante, ou a requisição 
do Ministro da Justiça, apenas condicionam o exercício da ação penal 
naqueles casos em que a própria lei determina que o exercício da ação 
penal fica obstado sem sua ocorrência. Se nada for dito a respeito, assume-
se que não existe o condicionamento. 
O mesmo raciocínio deve ser aplicado em relação ao ingresso do 
agente em território nacional: trata-se de requisito objetivo que se coloca ao 
exercício do ius puniendi estatal naqueles casos em que o crime tenha sido 
cometido fora do território nacional. 
Atualmente, a doutrina tem entendido que tanto as condições genéricas 
como as condições específicas da ação constituem espécies das condições 
de procedibilidade, ou seja, condições que, se não satisfeitas, impedem o 
prosseguimento do processo rumo ao pronunciamento quanto ao mérito da 
questão. 
Diante da inexistência, no caso concreto, de qualquer das condições da 
ação penal, o juiz deverá decretar a carência da ação, anulando o processo 
“ab initio “, extinguindo-o sem proceder ao julgamento do mérito, que, no 
processo penal, é a pretensão punitiva do Estado. O exame acerca do 
atendimento, em cada caso concreto, dessas condições pode ser realizado 
a qualquer momento durante o processo. Caso seja verificada a ausência 
de condição da ação no momento do oferecimento da exordial acusatória, 
deve o magistrado rejeitá-la com fulcro no art. 395, II, do CPP. Não 
obstante esse controle prévio acerca das condições da ação, caso o 
processo continue indevidamente, a qualquer tempo poderá ser decretada 
a nulificação do feito, com base no art. 564, II, do CPP. 
9. CONDIÇÕES DA AÇÃO E CONDIÇÕES OBJETIVAS DA 9. CONDIÇÕES DA AÇÃO E CONDIÇÕES OBJETIVAS DA 9. CONDIÇÕES DA AÇÃO E CONDIÇÕES OBJETIVAS DA 9. CONDIÇÕES DA AÇÃO E CONDIÇÕES OBJETIVAS DA 
PUNIBPUNIBPUNIBPUNIBIIIILIDADELIDADELIDADELIDADE 
Não há confundir as condições, genéricas ou específicas, da ação com 
as chamadas condições objetivas de punibilidade. Os institutos não têm 
qualquer relação, a despeito de a nomenclatura ser semelhante. 
As condições da ação constituem fatos relacionados ao direito 
processual e que são necessários para que o exercício da ação penal 
possa originar validamente um processo penal. Já as condições objetivas 
da punibilidade são institutos contidos no plano do direito material. São 
fatos, externos ao tipo penal, que devem ocorrer para que a prática do tipo 
penal constitua fato punível. Constitui condição objetiva de punibilidade, por 
exemplo, a ocorrência de prejuízo no caso de crime de introdução ou 
abandono de animais em propriedade alheia. 
Também é necessário se estabelecer uma distinção entre as condições 
da ação e as escusas absolutórias, que atingem diretamente o direito de 
punir do Estado, fazendo com que a pena deixe de ser imposta por 
circunstâncias pessoais do agente. Como exemplos de escusas 
absolutórias temos a imunidade parlamentar (prevista no art. 53 da 
Constituição Federal) e aquelas previstas nos arts. 181 e 348, § 2º, do 
Código Penal. 
10. PE10. PE10. PE10. PENDÉNCIA DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVONDÉNCIA DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVONDÉNCIA DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVONDÉNCIA DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO 
Tema que tem causado debate na doutrina e na jurisprudência diz 
respeito à possibilidade de que seja ajuizada ação penal na pendência de 
procedimento administrativo referente ao fato criminoso — seja um 
inquérito policial, procedimento de natureza administrativa, seja 
procedimento de natureza diversa. 
A jurisprudência dos tribunais superiores (Supremo Tribunal Federal e 
Superior Tribunal de Justiça) tem sido constante no sentido de não 
reconhecer, no mais das vezes, relação de dependência entre os 
procedimentos investigativos de natureza administrativa e o ajuizamento da 
ação penal. 
O fundamento para tal entendimento baseia-se na noção de que o 
órgão do Ministério Público, como dominus litis, tem liberdade para ajuizar a 
ação assim que entender existentes indícios suficientes de autoria e provas 
da materialidade do delito, independentemente de haver sido concluído ou 
não procedimento administrativo eventualmente existente. 
Há, entretanto, relevantes
hipóteses em que a pendência de 
procedimento administrativo objetivamente impede o ajuizamento da ação 
penal, ou implica sua suspensão. 
Nesse sentido, vale mencionar que o art. 9º da Lei n. 10.684/2003, ao 
determinar a possibilidade de que débitos existentes perante o Fisco ou a 
Previdência Social sejam parcelados pelos respectivos devedores, passou 
a favorecer os autores de crimes contra aquelas entidades — previstos nos 
arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária) e nos arts. 
168-A e 337-A do Código Penal (referente ao não-recolhimento de valores 
devidos à Previdência Social) — com a suspensão da pretensão punitiva 
durante o período em que as pessoas jurídicas por meio das quais os 
agentes tenham cometido os crimes mencionados permaneçam em 
situação regular no cumprimento do parcelamento ajustado na forma da lei. 
Nesse período, não poderá ser proposta a ação penal, sendo suspensas 
aquelas que estiverem pendentes. 
Importa destacar, entretanto, que essa hipótese não implica 
propriamente exceção ao princípio da independência entre as esferas 
administrativa — à qual pertence o parcelamento previsto na Lei n. 10.684 
— e penal. 
De fato, o motivo que impede a propositura ou o seguimento da ação 
penal nesse caso não é a mera existência de procedimento administrativo, 
mas sim a suspensão da própria pretensão punitiva do Estado. Suspensa a 
pretensão punitiva durante o período que a lei determina (a permanência da 
pessoa jurídica no programa de parcelamento que institui), as condutas 
criminosas previstas nos arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137 e nos arts. 168-A e 
337-A do Código Penal deixam, ainda que temporariamente, de ser 
puníveis. O instituto, portanto, atinge a própria eficácia do direito material, e 
não o direito de obter pronunciamento judicial (direito de ação). A ação 
penal, nesse caso, somente não pode ser julgada em seu mérito porque o 
Ministério Público será carecedor de interesse de agir, uma vez que seria 
inútil o ajuizamento do processo se de qualquer maneira o agente não 
puder ser punido. 
Ainda sobre o tema das relações entre as esferas administrativa e 
penal, merecem menção os casos em que a própria materialidade do delito 
fica dependente da atuação administrativa. E o que ocorre nos crimes 
materiais ou de resultado tipificados na mencionada Lei n. 8.137/90. 
Nesses casos, a existência do crime necessariamente pressupõe a 
preexistência de um tributo, cujo pagamento possa ser sonegado pelo 
agente. Há que verificar, entretanto, que o entendimento jurisprudencial dos 
tribunais pátrios adota, majoritariamente, a noção de que o tributo, 
enquanto obrigação de pagar determinada quantia ao Fisco, apenas passa 
a existir juridicamente após o lançamento, ato administrativo que teria, 
portanto, o condão de criar a obrigação jurídica consistente no dever de 
verter determinada quantia aos cofres governamentais. Sem o lançamento 
simplesmente inexistiria qualquer tributo a sonegar, motivo pelo qual não 
seria possível cogitar da prática de crime. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 14 
Adotado esse entendimento, será lógica a conclusão — adotada pelos 
tribunais — de que a pendência de recurso que questione a própria 
existência do crédito tributário, atacando os fundamentos do lançamento 
realizado pela Administração Pública, impede o ajuizamento da ação penal 
enquanto não definitivamente julgado. Isso porque na pendência de 
procedimento administrativo haverá a possibilidade de que o tributo devido 
seja desconstituído, hipótese em que da mesma forma seria impossível 
identificar conduta criminosa no seu não-pagamento. A incerteza acerca do 
elemento exigido pelo tipo penal, segundo o entendimento pretoriano, 
redundaria na inexistência de materialidade delitiva e, dessa forma, na 
carência de interesse de agir, motivo pelo qual a ação penal não poderia 
ser proposta. 
Novamente, dessarte, o motivo impeditivo do seguimento da ação 
penal não será a pendência do recurso administrativo em si, mas sim a 
circunstância de que não é possível identificar a prática de crime. 
Por essa razão, é evidente que nem todo recurso administrativo será 
apto a obstar a ação penal. Somente aqueles recursos que 
consistentemente impugnam a existência de tributo é que terão esse 
condão, não se prestando a esse efeito os recursos meramente formais ou 
procrastinatórios. A possibilidade de seguimento da ação penal, portanto, 
terá de ser apreciada caso a caso, diante das peculiaridades de cada 
situação, e a questão, ao que parece, será resolvida menos pela 
consideração que se atribui à existência de processo administrativo como 
condição objetiva de punibilidade ou condição de procedibilidade da ação 
penal e mais pelo resultado naturalístico que remete à tipicidade. 
11. DENÚNCIA E QUEIXA11. DENÚNCIA E QUEIXA11. DENÚNCIA E QUEIXA11. DENÚNCIA E QUEIXA----CRIMECRIMECRIMECRIME 
11.1. Conceito11.1. Conceito11.1. Conceito11.1. Conceito 
A ação penal é promovida por meio do oferecimento de uma petição 
inicial, que, despachada pelo juiz, dá início ao processo penal. Nos casos 
em que o órgão do Ministério Público apresenta a peça acusatória, esta 
recebe o nome de “denúncia”. Quando couber ao ofendido ou a seu 
representante legal dar início à persecutio criminis in iudicio, deverão fazê-
lo por meio do oferecimento de “queixa-crime”, nome dado à peça 
acusatória nas ações penais privadas (exclusivas ou subsidiárias). 
Segundo José Frederico, a peça acusatória é “o ato processual que 
formaliza a acusação”, por isso deve atender a requisitos formais, as 
condições da ação (genéricas e específicas), e a pressupostos processuais. 
11.2.11.2.11.2.11.2. Requisitos formais da denúnciaRequisitos formais da denúnciaRequisitos formais da denúnciaRequisitos formais da denúncia 
Os requisitos formais que a peça acusatória deve preencher estão 
contidos no art. 41 do Código de Processo Penal e analogicamente no 
disposto no art. 282 do Código de Processo Civil, que elenca os requisitos 
da petição inicial. Tais requisitos se resumem, basicamente, nos elementos 
identificadores da ação (partes, pedido e causa de pedir). Assim, deve a 
peça acusatória conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias (o que em última análise constitui a causa de pedir, pois é a 
exposição do fato que — ao menos em tese — violou a norma penal 
objetiva), e a classificação do crime; a qualificação do acusado ou 
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, bem como a 
identificação do órgão do Ministério Público (ou querelante) e sua 
assinatura (ou seja, a qualificação das partes); o pedido de condenação 
(completando os elementos da ação); por fim, há de ser a peça acusatória 
redigida em vernáculo, contendo o devido endereçamento e o pedido de 
citação do réu para que integre o processo. 
Ao elaborar a denúncia, deve o membro do Ministério Público ater-se 
ao seguinte: 
“I — mencionar todos os nomes e apelidos usados pelo acusado, bem 
como as folhas dos autos em que se encontra a sua qualificação; 
II — indicar, sempre que possível, dia, hora e lugar da infração; 
III — descrever o fato delituoso com todas as suas circunstâncias; 
IV — nos casos de co-autoria, descrever a participação isolada de cada 
um dos co-autores, quando desenvolverem condutas distintas; 
V — consignara motivação dos crimes dolosos e, nos delitos culposos, 
descrever o fato caracterizador da culpa e sua modalidade (imprudência, 
imperícia e negligência); 
VI — mencionar o tipo penal ao qual se subsume o fato descrito, 
indicando, quando for o caso, a aplicação combinada das normas atinentes 
à co-autoria, ao concurso de delitos, à tentativa,
às circunstâncias 
agravantes e às qualificadoras; 
VII— indicar o rito processual; 
VIII— formular o pedido de condenação ou pronúncia; 
IX — apresentar o rol de testemunhas”. 
A denúncia e a queixa devem ser elaboradas de maneira sintética, 
tendo em vista que a finalidade da exordial é simplesmente imputar uma 
conduta tipificada em lei como crime ou contravenção a alguém. Nela não 
se realiza análise de provas, bastando a descrição do fato criminoso com 
todas as suas circunstâncias, sendo inadequada, inclusive, a transcrição de 
excertos doutrinários e jurisprudenciais em seu corpo. 
Ademais, o órgão do Parquet deverá, ao oferecer a inicial acusatória, 
formular, em folha apartada que a precederá, um ou alguns dos seguintes 
requerimentos, desde que pertinentes ao caso concreto: 
I — de prisão preventiva, quando cabível, explicitando os elementos 
dos autos que justificam a medida; 
II — de juntada da folha de antecedentes e certidões dos processos 
que nela constar; 
III — de remessa a juízo dos laudos periciais faltantes, inclusive os 
complementares; 
IV — de juntada de fotografia do réu, quando necessária para o 
reconhecimento em juízo; 
V — de juntada de certidões de peças de outros procedimentos, 
quando relacionadas ao fato narrado na denúncia; 
VI— pedido de arquivamento do inquérito em relação aos indiciados 
não denunciados; 
VII — de realização de exame pericial complementar na vítima, se 
necessário à exata capitulação do crime; 
VIII — de certidão de remessa a juízo, juntamente com o inquérito, das 
armas e instrumentos do crime e de outros objetos apreendidos na fase do 
inquérito policial, fiscalizando o seu recebimento pelo Cartório, através do 
respectivo termo nos autos. 
11.3.11.3.11.3.11.3. Requisitos formais da queixaRequisitos formais da queixaRequisitos formais da queixaRequisitos formais da queixa----crimecrimecrimecrime 
A queixa-crime, petição inicial da ação penal privada, deve obedecer 
aos mesmos requisitos da denúncia previstos no art. 41 do Código de 
Processo Penal, complementados pela aplicação analógica do art. 282 do 
Código de Processo Civil. O art. 44 do Código de Processo Penal, no 
entanto, exige que a queixa seja proposta por procurador com poderes 
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do 
querelado e a menção do fato criminoso. Na rejeição da queixa pela falta 
desses requisitos, a ação pode ser renovada, desde que o prazo 
decadencial não tenha decorrido. Tem ainda a jurisprudência entendido que 
tais requisitos são dispensáveis na procuração desde que a queixa seja 
assinada também pelo querelante (RJDTACrim, 2/139). 
Essas exigências permitem, além do exercício da ampla defesa pelo 
acusado, que passa a conhecer com precisão todos os limites da 
imputação, a viabilização da aplicação da lei penal, pois permite ao órgão 
jurisdicional dar adequada correspondência normativa ao fato narrado. 
11.4.11.4.11.4.11.4. Rejeição da petição inicialRejeição da petição inicialRejeição da petição inicialRejeição da petição inicial 
Será rejeitada a petição inicial, nos termos do art. 395 — aplicável à 
generalidade de procedimentos por força do art. 394, § 4º quando: 
I — for manifestamente inepta: a denúncia e a queixa não podem ser 
elaboradas ao bel-prazer de seu autor, devendo preencher os requisitos 
formais elencados pelo art. 41 do CPP, combinados com o disposto no art. 
282 do CPC, aplicado por analogia. A ausência de um desses requisitos, 
como, por exemplo, a não-identificação do querelado, impede que a 
prefacial acusatória produza seus normais efeitos jurídicos, razão pela qual 
será, de plano, rejeitada. A inépcia, portanto, traduz-se na ausência de 
aptidão da petição inicial para a produção de efeitos jurídicos; 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 15 
II — faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da 
ação penal: a inexistência de pressupostos processuais — requisitos 
necessários à existência e ao desenvolvimento válido do processo — e das 
condições genéricas ou específicas da ação penal impõe a rejeição da 
petição inicial. Vimos, por exemplo, que a possibilidade jurídica do pedido 
— condição genérica da ação — consubstancia-se na existência de um tipo 
penal que incrimine a conduta que, segundo o acusador, foi perpetrada pelo 
réu. Portanto, quando o fato narrado na exordial não constituir crime ou 
contravenção penal, deverá a peça acusatória ser rejeitada. Imagine-se que 
o autor da ação narre na peça vestibular a prática de incesto. Apesar de 
moralmente reprovável, tal conduta não constitui crime ou contravenção 
penal, não podendo instaurar-se, por impossibilidade jurídica do pedido, a 
relação jurídica processual. 
III —faltar justa causa para o exercício da ação penal: A previsão de 
falta de justa causa para a ação penal sequer deveria ter sido prevista 
como hipótese autônoma de rejeição da petição inicial, por estar englobada 
no inciso anterior, já que se trata de condição genérica da ação penal, em 
que pese a divergência doutrinária no sentido de ser ela condição 
autônoma ou requisito do interesse de agir. Com efeito, a justa causa nada 
mais é do que a prova da materialidade e de indícios de autoria. Não se 
verificando cumulativamente esses requisitos, resta ao magistrado não 
receber a denúncia ou queixa. 
Sobre a hipótese de rejeição parcial da peça acusatória, é admissível 
desde que, “imputando (a peça acusatória) fatos diversos ao mesmo 
acusado, se verifica que um deles evidentemente não constitui crime”, ou, 
de igual modo, se faltam elementos informativos mínimos acerca da autoria 
e materialidade de um dos crimes”, sendo, no entanto, incabível se implicar 
indevida antecipação do juízo de mérito. 
11.5.11.5.11.5.11.5. RecursoRecursoRecursoRecurso 
Da decisão que não recebe a denúncia ou queixa caberá, regra geral, 
recurso em sentido estrito (art. 581, I, do CPP). Nos crimes de imprensa e 
nas infrações penais de menor potencial ofensivo, a decisão desafia a 
apelação (art. 44, § 2º, da Lei n. 5.250/67 e art. 82 da Lei n. 9.099/95 
respectivamente). 
O STF, por meio da Súmula 707, estabeleceu que “constitui nulidade a 
falta de intimação do denunciado para oferecer contra-razões ao recurso 
interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor 
dativo”. 
Assim, também, valerá pelo recebimento da peça inicial o acórdão que 
provê o recurso contra a rejeição da denúncia, “salvo quando nula a 
decisão de primeiro grau” (Súmula 709 do STF). 
A rejeição da peça acusatória de competência originária dos tribunais 
comporta agravo para o órgão especial, Seção ou Turma no prazo de 5 
dias (art. 39 da Lei n. 8.038/90). 
Da decisão que recebe a denúncia ou queixa não cabe recurso, 
podendo a parte impetrar habeas corpus, se for o caso. Com exceção 
novamente dos crimes de imprensa, nos quais decisão que recebe a 
denúncia ou queixa desafia recurso em sentido estrito sem suspensão do 
processo (art. 44, § 1º, da Lei n. 5.250/67). 
Contra a decisão do juiz que se julgar incompetente, por sua vez, 
caberá recurso em sentido estrito (art. 581, II, do Código de Processo 
Penal). 
11.6.11.6.11.6.11.6. Imputação alternativaImputação alternativaImputação alternativaImputação alternativa 
A denúncia (ou queixa) alternativa consubstancia-se na peça 
acusatória em que se atribui mais de uma conduta criminosa provável ao 
mesmo agente, mas apenas uma delas foi efetivamente realizada, como, 
por exemplo, a denúncia que imputa ao acusado o delito de furto ou de 
receptação, em virtude do quadro probatório não se apresentar claro 
quanto à configuração de um ou de outro delito. 
Essa medida,
segundo a corrente a que nos filiamos, atinge 
diametralmente o princípio da ampla defesa, obrigando o acusado a 
apresentar argumentos defensivos em vários sentidos, sem saber, no 
entanto, efetivamente contra qual conduta será ele perseguido penalmente. 
Nesse sentido, a Súmula I das Mesas de Processo Penal, realizadas na 
Faculdade do Largo São Francisco, coordenadas por Ada Pellegrini 
Grinover: “A acusação deve ser determinada, pois a proposta a ser 
demonstrada há de ser concreta. Não se deve admitir denúncia alternativa, 
principalmente quando haja incompatibilidade lógica entre os fatos 
imputados”. Contudo, força é convir que, em situações excepcionais que 
não importem “incompatibilidade lógica” entre as condutas imputadas 
alternativamente, o rigor do posicionamento deve ser atenuado em face da 
impossibilidade de uma imputação estrita e precisa. 
Outros autores entendem contrariamente ao exposto, admitindo que a 
imputação alternativa, não vedada pelo Código de Processo Penal, torna 
apenas mais complexa a defesa do acusado, não a suprimindo. Ademais, 
segundo essa vertente doutrinária, os fatos imputados ao réu são certos e 
determinados, o que possibilita o exercício da ampla defesa e, sobretudo, 
atende ao princípio da correlação. E pacífica, porém, a impossibilidade de 
condenação alternativa. 
11.7. Aditamento 11.7. Aditamento 11.7. Aditamento 11.7. Aditamento à à à à petição inicialpetição inicialpetição inicialpetição inicial 
Aditar significa acrescer, ampliar, complementar. Em sentido jurídico, 
toma igualmente o significado de “retificar”, de qualquer sorte, inovando, de 
alguma forma, o sentido original. O aditamento nada mais é do que o 
complemento da peça inicial acusatória, que tem por finalidade a correção 
de erros materiais, a mudança da acusação (em virtude da prova produzida 
no curso do processo) ou a inclusão de co-réu. 
A primeira hipótese de aditamento consta no art. 569 do CPP, segundo 
o qual as omissões da denúncia ou queixa-crime podem a qualquer tempo, 
antes da sentença, ser sanadas. Contudo, não é toda e qualquer omissão 
que pode ser suprida pelo aditamento, como erroneamente se pode 
concluir da leitura do dispositivo. O acusado se defende dos fatos a ele 
imputados, que devem estar devidamente narrados, com todas as suas 
circunstâncias, na exordial (art. 41 do CPP). Por conta disso é que somente 
as omissões ou erros materiais, que não obstem o exercício da ampla 
defesa, é que podem ser corrigidos por meio do aditamento. Se o vício for 
insanável, a hipótese será de nulidade absoluta, insuscetível de 
convalidação. 
Também pode ocorrer o aditamento em caso de mutatio libelli, prevista 
no art. 384, caput, do CPP Durante a instrução criminal, com a produção da 
prova, podem surgir fatos novos, que impliquem a necessidade de 
mudança da acusação. Imagine-se, por exemplo, uma denúncia por crime 
de furto simples (art. 155, caput, do CP). Com a produção da prova, 
verifica-se que, na verdade, trata-se de crime de roubo (art. 157 do CP). Há 
a evidente necessidade de mudança da acusação — mutatio libelli. 
Finalmente, o aditamento pode ser usado para a inclusão de co-réu. 
Nesse caso, em atendimento ao devido processo legal, deve haver citação 
e as demais providências previstas no procedimento cabível em relação ao 
acusado que passará a integrar a relação jurídica processual. No rito do 
júri, tal medida é prevista no art. 417 do CPP, segundo o qual se dos autos 
constarem indícios de autoria ou de participação de outros indivíduos não 
compreendidos na denúncia ou queixa, o juiz, ao proferir a decisão de 
pronúncia ou impronúncia, ordenará que os autos voltem ao Ministério 
Público, por 15 dias, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 80. 
Assim, o Ministério Público ou o querelante aditará a inicial ou requererá a 
separação de processos, com o oferecimento de denúncia (ou queixa) 
contra o co-autor ou partícipe. Conquanto a lei mencione como momento 
processual a prolação da decisão de pronúncia ou impronúncia, é certo que 
a qualquer momento da primeira fase do procedimento pode o juiz abrir 
vista ao Ministério Público para aditamento, bem como este, ex officio, pode 
fazê-lo. 
Da decisão que rejeita o aditamento caberá recurso em sentido estrito, 
com base no art. 581, I, do CPP, embora alguns autores entendam ser 
cabível apelação, com fulcro no art. 593, II, do CPP. De qualquer forma, o 
recurso deverá ser recebido e processado, em razão do princípio da 
fungibilidade, positivado no art. 579 do CPP. Caso o juiz baixe os autos ao 
Ministério Público para aditamento e este não concorde, deve haver 
aplicação analógica do art. 28 do CPP, com a remessa dos autos ao 
Procurador-Geral de Justiça (esfera estadual) ou à Câmara de 
Coordenação e Revisão (esfera federal). 
12. CLASSIFICAÇÃO12. CLASSIFICAÇÃO12. CLASSIFICAÇÃO12. CLASSIFICAÇÃO 
Dentre os diversos critérios classificatórios da ação penal, ganhou 
relevância aquele que se embasa na titularidade do direito de exercê-la — 
vale dizer, o critério de classificação segundo os sujeitos que detêm a 
legitimidade ativa. A classificação encontra sólido respaldo na doutrina e é 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 16 
adotada pela própria lei, conforme se verá. 
De acordo com esse critério, encontram-se dois gêneros (duas 
categorias) de ação penal: a ação penal de iniciativa pública e a ação penal 
de iniciativa privada, denominadas na lei e na majoritária doutrina, mais 
simplesmente, ação penal pública e ação penal privada. 
Conquanto o uso corrente tenha consagrado essa terminologia, tem-se 
que as expressões “ação penal pública” e “ação penal privada” não 
coadunam de forma precisa com os conceitos que representam. Com 
efeito, conforme se viu anteriormente, a ação penal é sempre um direito 
público. Não é, dessa forma, de todo correto afirmar a existência de uma 
ação penal privada. Privada não é a ação, mas sim a qualificação do sujeito 
que irá exercê-la. A ação, seja enquanto direito, seja enquanto poder, é 
pública mesmo quando exercida por um acusador que não atue em nome 
do Estado. 
Dessarte, onde a lei fizer referência à ação penal pública e à ação 
penal privada, deve-se compreender que as expressões mais adequadas 
para designá-las seriam “ação penal de iniciativa pública” e “ação penal de 
iniciativa privada”. De fato, entre um e outro tipo de ação não há diferenças 
essenciais. O que varia é tão-somente o sujeito legitimado para a 
propositura da ação: no caso da ação penal pública, somente o Ministério 
Público poderá ajuizá-la. Por outro lado, a ação penal privada é aquela 
ajuizada por um sujeito privado. 
Feita a ressalva — e admitindo o uso corrente da nomenclatura que 
resulta na distinção entre ação penal pública e privada —, é de destacar 
também que cada um desses gêneros contém espécies. 
A ação penal pública pode ser incondicionada ou condicionada, 
enquanto a ação penal privada poderá ser principal (ou exclusiva), 
subsidiária da ação penal pública ou personalíssima. 
Haveria também, ainda adotando o critério da legitimidade ativa, um 
terceiro gênero, que abarca a chamada ação penal popular. Há 
divergências, entretanto, acerca da sobrevivência desse instituto jurídico. 
Enquanto parte da doutrina reconhece sua existência em nosso 
ordenamento, vislumbrando seu fundamento no art. 14 da Lei n. 1.079/50, 
há aqueles que, em pólo oposto, defendem a inexistência desse gênero, 
entendendo não haver, em nosso sistema, ação penal popular de natureza 
condenatória 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA.AÇÃO PENAL PÚBLICA.AÇÃO PENAL PÚBLICA.AÇÃO PENAL PÚBLICA. 
1. CONCEITO1. CONCEITO1. CONCEITO1. CONCEITO 
A ação penal pública
— que, como se viu, seria mais precisamente 
denominada ação penal de iniciativa pública — é a ação penal (direito ou 
poder de obter a manifestação jurisdicional) quando exercida pelo Estado, 
por meio do Ministério Público, representando o próprio interesse social. 
“Ela intenta defender a sociedade”, como lecionou Faustin Hélie, “a 
protegê-la, a reapertar o liame que a une, a rechaçar os atos que ameaçam 
esta sociedade, porque ela tem por missão fazer reinar o direito, que é o 
fundamento da vida social e de manter as leis, que são o patrimônio de 
todos os cidadãos”’. 
A ação pública é a regra no direito processual penal. Com efeito, 
conforme determinação do art. 100 do Código Penal, “a ação penal é 
pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido”. 
Dessa forma, quando a lei penal, tipificando uma infração penal, não 
determinar expressamente que a ação deva ser movida pelo ofendido, 
deve-se assumir que a ação penal será de iniciativa pública. 
Além disso, dispõe o art. 24, § 2º, do Código de Processo Penal, que, 
nos crimes praticados em detrimento do patrimônio ou interesse da União, 
Estado e Município, a ação será sempre pública. 
2. TITULARIDADE2. TITULARIDADE2. TITULARIDADE2. TITULARIDADE 
Cabe exclusivamente ao Ministério Público o exercício da ação penal 
pública (art. 129, I, da Constituição Federal), por meio do oferecimento de 
denúncia, devendo, também, atuar durante todo o curso do processo até a 
sentença final, desenvolvendo a acusação, velando pela legalidade do 
procedimento e interpondo os recursos cabíveis. 
3. PRINCÍPIOS QUE REGE3. PRINCÍPIOS QUE REGE3. PRINCÍPIOS QUE REGE3. PRINCÍPIOS QUE REGEM A AÇÃO PENAL PUBLICAM A AÇÃO PENAL PUBLICAM A AÇÃO PENAL PUBLICAM A AÇÃO PENAL PUBLICA 
A ação penal pública rege-se pelos seguintes princípios: 
Princípio da oficialidade. Tendo em conta que a ação penal pública é, 
por definição, aquela em relação à qual a legitimidade ativa cabe ao 
Estado, aplica-se à ação penal pública o princípio da oficialidade. Segundo 
esse princípio, a ação penal pública somente poderá ser proposta por um 
órgão do Estado: o Ministério Público. Mais do que isso, o Ministério 
Público, conforme já se viu, desde que se convença da existência de um 
fato criminoso, tem o dever de ajuizar de ofício a ação penal. A prerrogativa 
do órgão do parquet vem consubstanciada nos ditames da Constituição 
Federal, que estabelece como uma das funções institucionais do Ministério 
Público promover privativamente a ação penal pública, na forma da lei (art. 
129, I), ação essa que será exercida por meio de denúncia (art. 24, caput, 
do Código de Processo Penal). 
Princípio da obrigatoriedade (legalidade). O representante do Ministério 
Público, se dispuser de elementos suficientes para amparar a acusação 
(prova da materialidade e indícios suficientes da autoria), estará obrigado a 
oferecer denúncia, exercendo o poder-dever de ação. A obrigatoriedade 
decorre do próprio texto legal (art. 24 do Código de Processo Penal). Esse 
princípio fundamenta a vedação a que o órgão do Ministério Público, 
finalizado o inquérito policial, determine o seu arquivamento. Finalizada a 
investigação, caso o representante do Ministério Público entenda não haver 
elementos de prova suficientes para fundamentar o ajuizamento da ação 
penal (Justa causa), deverá ele propor o arquivamento do inquérito ao juiz 
competente, ficando a decisão acerca do arquivamento sob o controle — 
exclusivamente no que tange ao atendimento do princípio da 
obrigatoriedade — do magistrado perante o qual oficia o órgão do Ministério 
Público. Acerca do procedimento adotado em situações de impasse entre o 
juiz e o órgão do parquet, veja-se o capítulo referente ao inquérito policial. 
O princípio da obrigatoriedade, antes considerado absoluto, veio a ser 
mitigado com o advento da Lei n. 9.099/95, que instituiu um modelo 
consensual no processo penal, adotando o princípio da discricionariedade 
regrada, também chamado de princípio da disponibilidade temperada, para 
as infrações de menor potencial ofensivo. 
Princípio da indisponibilidade. A obrigatoriedade da ação penal 
estende-se durante o curso do processo. Não pode o Ministério Público 
desistir da ação penal (art. 42 do Código de Processo Penal). Com efeito, o 
órgão do parquet, ao ajuizar a ação e conduzir a acusação, não age em 
interesse próprio. Representa o Estado, titular do direito defendido, que em 
última análise pertence à sociedade como um todo. Assim, não tem o 
Ministério Público poder para transigir, abrindo mão de interesse que não 
lhe pertence. A Lei n. 9.099/95, no art. 89, ao estabelecer a possibilidade de 
suspensão condicional do processo, excepcionou o princípio em tela com a 
possibilidade de o Ministério Público oferecer a suspensão do curso do 
processo, com a imposição de determinadas condições ao beneficiado, 
durante certo período de prova, que poderá levar à extinção da 
punibilidade. 
Princípio da intranscendência. A ação penal será promovida sempre e 
somente contra as pessoas a quem se atribui a prática de uma infração 
penal. 
Princípio da divisibilidade. Há discordância acerca da aplicabilidade, no 
caso de ação penal pública, do princípio da indivisibilidade da ação penal, 
insculpido no art. 48 do Código de Processo Penal. Tourinho Filho defende 
a indivisibilidade da ação penal pública, o que equivaleria a dizer que a 
ação penal obrigatoriamente deverá ser ajuizada contra todos os autores da 
infração penal, havendo exceção somente nos casos de separação do 
processo. 
Em posicionamento contrário, a jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça reconhece expressamente (RSTJ, 23/145) a divisibilidade da ação 
penal pública, tendo decidido no sentido de que “o fato de o Ministério 
Público deixar de oferecer denúncia contra quem não reconheceu a 
existência de indícios de autoria na prática do delito não ofende o princípio 
da indivisibilidade da ação penal, pois o princípio do art. 48 do Código de 
Processo Penal não compreende a ação penal pública, que, não obstante, 
é inderrogável”. 
A posição do tribunal superior chancela a majoritária da jurisprudência, 
que reconhece ser a ação penal pública regida pelo princípio da 
divisibilidade. Dessa forma, especialmente em casos complexos em que 
estejam envolvidos diversos investigados, o Ministério Público poderá 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 17 
oferecer denúncia em face daqueles acerca dos quais houver reunido 
indícios suficientes de autoria. Com a continuidade das investigações, 
poderá, mais tarde, aditar posteriormente a denúncia para a inclusão de co-
réu(s), ou mesmo propor, separadamente, nova ação penal contra os 
indivíduos cuja autoria somente venha a ser suficientemente esclarecida 
em ocasião posterior. 
O que não pode ocorrer, evidentemente, é o Ministério Público, de 
forma discricionária, deixar de oferecer denúncia em face de um ou outro 
suspeito contra o qual militem provas significativas. Entretanto, essa 
vedação não é mais do que expressão do princípio da obrigatoriedade da 
ação penal. 
4. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA4. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA4. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA4. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
É aquela promovida pelo Ministério Público sem que haja a 
necessidade de manifestação de vontade de terceira pessoa 
(representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça) para sua 
propositura. 
No silêncio da lei, a ação penal pública será incondicionada. Vale dizer, 
a regra em nosso direito é que a ação penal pública não dependa da 
manifestação de terceiros. A exigência de prévia manifestação, portanto, 
somente existirá se
for expressamente prevista em lei, por meio de 
expressões como “somente se procede mediante representação”, ou 
“somente se procede mediante requisição do Ministro da Justiça”. 
Se a lei nada prevê, o Ministério Público, convencendo-se da prática de 
crime, ajuizará a ação ex officio, oferecendo a denúncia. 
Há, porém, outro critério para determinar o caráter público da ação 
penal. Se o delito for perpetrado em detrimento do patrimônio ou interesse 
dos entes políticos (União, Estados-Membros, Distrito Federal ou 
Municípios), a ação penal, conquanto originariamente privada, será pública 
(art. 24, § 2º, do CPP). 
5. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA5. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA5. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA5. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
Em determinados casos, a lei sujeitará expressamente (art. 24, caput, 
do Código de Processo Penal e art. 100, § 1º, do Código Penal) a 
propositura da ação penal pública ao implemento de uma condição, qual 
seja, a representação do ofendido (ou de quem o represente), ou a 
requisição do Ministro da Justiça. 
A natureza da manifestação de vontade que condiciona o ajuizamento 
da ação penal é controvertida. A doutrina ora a classifica como condição 
suspensiva de procedibilidade, ora como condição objetiva de punibilidade, 
ou mesmo como condição de procedibilidade. O entendimento majoritário, 
entretanto, é no sentido de que a representação e a requisição do Ministério 
da Justiça constituem instituto processual e não material. 
5.1.5.1.5.1.5.1. RepresentaçãoRepresentaçãoRepresentaçãoRepresentação 
O que a lei chama de representação nada mais é do que a 
manifestação de consentimento no sentido de que o Ministério Público 
possa proceder ao ajuizamento da ação penal (ou de que a polícia judiciária 
possa proceder à instauração de inquérito policial), nos termos do art. 5º, § 
4º, do Código de Processo Penal. 
Repise-se: a representação é manifestação de mero consentimento. 
Não constitui pedido, embora, evidentemente, nada impeça que o ofendido 
ou seu representante legal requeiram a instauração de inquérito ou o 
ajuizamento da ação penal. 
A representação somente é necessária quando a lei determina 
expressamente que o ajuizamento da ação penal é a ela condicionado. O 
crime de ameaça, previsto no art. 147 do Código Penal, é um exemplo de 
delito de ação penal pública condicionada à representação. O parágrafo 
único do referido dispositivo estabelece que: “Somente se procede 
mediante representação”. 
Além das hipóteses em que o próprio Código Penal determina que a 
ação penal será condicionada, também a Lei n. 9.099/95 prevê a exigência 
de representação do ofendido para as ações penais relativas aos crimes de 
lesões corporais leves e lesões corporais culposas (art. 88). Ademais, a 
Súmula 714 do Supremo Tribunal Federal declara ser concorrente a 
legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, 
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime 
contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. 
5.2. Titularidade5.2. Titularidade5.2. Titularidade5.2. Titularidade 
Tem legitimidade para promover a representação, em princípio, o 
ofendido ou quem tenha qualidade para representá-lo (art. 24 do Código de 
Processo Penal). A representação pode ser exercida pessoalmente ou por 
meio de procurador, desde que possua esses poderes especiais (art. 39 do 
Código de Processo Penal). 
Alguma controvérsia existe quanto à representação do ofendido que 
tenha entre 18 e 21 anos de idade. Para a doutrina majoritárias, com o 
advento do novo Código Civil, que passou a reconhecer o maior de 18 anos 
como plenamente capaz, a regra contida no art. 34 do Código de Processo 
Penal (aplicada por analogia aos casos de representação) teria caído no 
vazio, não mais cabendo a representação legal do ofendido capaz, maior 
de 18 anos. Adotado esse posicionamento, há que ter por inaplicável a 
Súmula 594 do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que “os direitos de 
queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo 
ofendido ou por seu representante legal”. 
No entanto, para outros, uma vez que o art. 34 do Código de Processo 
Penal não se refere à maioridade, mencionando nominalmente os limites de 
idade para os quais haveria representação legal, persistiria a necessidade 
de que o ofendido maior de idade que conte menos de 21 anos ainda deva 
ser assistido legalmente no exercício desse direito, vigendo integralmente a 
disposição do art. 34 do diploma processual penal. 
Optando por esse entendimento, é importante esclarecer que, no caso 
em que o ofendido seja maior de idade mas menor de 21 anos, o “direito de 
representação” pertencerá, de maneira independente, tanto ao ofendido 
quanto a quem o represente, conforme determinação da mencionada 
Súmula 594 do Supremo Tribunal Federal. Assim, se um deles se 
manifestar favoravelmente às investigações ou ao ajuizamento da ação 
penal, o outro não terá poderes para impedir o seguimento das 
investigações ou da ação penal. Cada um dos dois, isoladamente, portanto, 
poderá exercer de forma eficaz a representação. 
No caso de ofendido menor de 18 anos, como visto, a titularidade da 
representação será de seu representante legal. Se durante a fluência do 
prazo a vítima atingir a maioridade civil, terá integralmente os 6 meses para 
representar, independentemente do prazo já decorrido de seu 
representante legal. 
Há certa discussão, entretanto, no caso da completação de 18 anos 
pelo menor após transcorrido o prazo de seu representante legal. 
Parcela da doutrina, com fulcro na Súmula 594 do STF, sustenta que 
não há deflagração do prazo para o menor até que atinja a maioridade civil, 
existindo, portanto, dois prazos decadenciais — o primeiro, do 
representante legal, contado da data do conhecimento da autoria; o 
segundo, do menor, após o atingimento da maioridade civil. 
Noutro sentido cremos estar a solução mais adequada sobre a 
controvérsia. Com o transcurso, sem manifestação do representante legal, 
do prazo de 6 meses para o exercício do direito de representação, estará a 
punibilidade (possibilidade jurídica de imposição de sanção penal) extinta, 
nos termos do art. 107, IV, do CP. A extinção da punibilidade é imutável, 
uma vez que o Estado perde o seu jus puniendi. Dessa forma, o não-
exercício do direito de representação pelo único titular — no caso, o 
representante legal — acarreta a irreversível decadência, causa extintiva da 
punibilidade. Entendemos, portanto, com fulcro no princípio da segurança 
jurídica, que não há possibilidade alguma de a vítima, ao completar 18 
anos, oferecer representação se decorrido o prazo de seu representante 
legal. 
Morto o ofendido — seja em decorrência do próprio crime, seja por 
evento superveniente — ou declarado ausente, o direito de representação 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, §1º, do 
Código de Processo Penal). A ordem em que os legitimados são 
mencionados pelo preceito legal determina uma escala de precedência. 
Explica-se: morto ou declarado ausente o ofendido, sucedê-lo-á no “direito 
de representação”, o cônjuge. Somente inexistindo esse é que o direito 
passa aos ascendentes (art. 36 do Código de Processo Penal, aplicável por 
analogia ao art. 24, § 1º). 
Sendo o ofendido menor de 18 anos, ou absolutamente incapaz, 
poderá o seu representante legal realizar a representação; no entanto, se o 
incapaz não tiver representante legal, ou se os interesses do representante 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 18 
colidirem com os seus — se, por exemplo, o representante legal for o 
próprio agressor, ou
se for conivente com a agressão —, o juiz nomeará, de 
ofício ou a requerimento do Ministério Público, curador especial para 
exercer por ele a representação. O curador, evidentemente, não é obrigado 
a exercer a representação (o que descaracterizai-ia, como tal, a ação penal 
pública condicionada), devendo avaliar a conveniência, de acordo com os 
interesses do ofendido, de que seja ela exercida. O art. 33 do Código de 
Processo Penal, embora faça referência ao direito de queixa, aplica-se, por 
analogia, ao exercício da representação. 
As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas 
também poderão exercer o direito de representação (art. 37 do Código de 
Processo Penal, aplicável por analogia à representação), desde que 
representadas por quem seus atos constitutivos designarem ou, no silêncio 
destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 
5.3.5.3.5.3.5.3. FormaFormaFormaForma 
A representação define-se como a declaração da vítima ou de seu 
representante legal autorizando — ou requerendo — o Estado a proceder à 
persecutio criminis. A lei não lhe prescreve forma, de modo que poderá ela 
ser formulada por escrito, ou oralmente, sendo reduzida a termo, se 
necessário (art. 39, § 1º). Sua apresentação é opcional, cabendo ao 
interessado decidir se deseja ou não permitir o início das investigações. 
A determinação do art. 39, § 2º, do Código de Processo Penal, no 
sentido de que a peça deve conter todas as informações que possam servir 
à apuração do fato a da autoria, não constitui exigência formal para que se 
repute válida a representação. De fato, a representação não precisa sequer 
ser expressa. A simples circunstância de que o ofendido se dirija à 
delegacia relatando a existência dos fatos criminosos demonstra sua 
concordância, podendo ser tomada como exercício da representação. A 
norma insculpida no referido § 2º constitui tão-somente, assim, “norma 
ritual”, nas palavras de Hélio Tornaghi. A representação, como mera 
autorização para que se proceda à investigação de um fato criminoso, não 
tem, por si só, essência investigativa, de modo que a circunstância de que 
não seja ela acompanhada de todas as informações necessárias para a 
apuração do fato não lhe pode acarretar nulidade. 
5.4. A quem se dirige a representação5.4. A quem se dirige a representação5.4. A quem se dirige a representação5.4. A quem se dirige a representação 
A representação pode ser dirigida diretamente à autoridade policial, ao 
órgão do Ministério Público ou ao próprio juiz (art. 39, caput, do Código de 
Processo Penal). Nos dois últimos casos, entendendo pertinente a narrativa 
do ofendido ou de seu representante, o juiz ou o Ministério Público 
determinarão à autoridade policial que inicie o inquérito policial (art. 39, § 
4º) 
O Código de Processo Penal prevê, entretanto, que, nos casos em que 
a representação venha acompanhada de elementos suficientes para o 
ajuizamento da ação penal, o Ministério Público poderá dispensar a 
realização de inquérito policial (art. 39, § 5º). 
5.5.5.5.5.5.5.5. PrazoPrazoPrazoPrazo 
O exercício da representação está sujeito ao prazo decadencial de 6 
meses (art. 38, caput, do Código de Processo Penal). O termo a quo desse 
prazo será o dia em que o ofendido — ou quem quer que seja titular do 
direito de representação — vem a saber quem é o autor do crime. 
Menos clara é a determinação do dies a quo do prazo decadencial na 
hipótese em que esteja morto ou ausente o ofendido. O art. 38, parágrafo 
único, do CPP determina que a decadência verifica-se no mesmo prazo (6 
meses) quando ocorrerem as hipóteses previstas nos arts. 24, parágrafo 
único, e 31. 
O art. 24, § 1º, e o art. 31 fazem referência ao caso de morte ou 
ausência do ofendido. Nessa circunstância, o entendimento da doutrina é 
no sentido de que o dia inicial do prazo decadencial deve ser aquele em 
que morre o ofendido, caso já antes fosse conhecido o ofensor, ou o dia em 
que o titular do direito de representação venha a conhecer o autor do crime, 
nos casos em que isso somente venha a ocorrer após a morte ou ausência 
do ofendido. 
O direito de representação dos familiares do ofendido, portanto, 
independeria, no que diz respeito ao prazo, do direito do próprio ofendido. 
Seguindo esse mesmo raciocínio, deve-se entender que, naqueles 
casos em que aquele que detém a legitimidade para representar morra ou 
se torne ausente, o prazo decadencial do novo legitimado (aquele que se 
encontra na posição seguinte do rol determinado no art. 24, § 1º) é, 
também, de 6 meses. Parte da doutrina, entretanto, argumenta no sentido 
de que, com a morte de um legitimado, o direito de representação transfere-
se ao próximo por sucessão, sub-rogando-se o novo legitimado ao direito 
do legitimado anterior. Ora, se assim é, não pode o prazo decadencial 
iniciar-se novamente, pois ninguém pode transferir direito maior do que 
aquele que detém. Segundo esse entendimento, o prazo decadencial 
continuaria a fluir, restando ao novo legitimado apenas a parcela de prazo 
que ainda faltava escoar com relação ao legitimado anterior. 
Em todos os casos, a contagem do prazo decadencial segue a regra do 
art. 10 do Código Penal, que determina seja incluído na contagem o dia do 
começo. 
5.6.5.6.5.6.5.6. RetrataçãoRetrataçãoRetrataçãoRetratação 
Ao exercício da representação — ou seja, a manifestação de 
autorização para que se desenvolva a persecução penal — segue um lapso 
de tempo durante o qual o titular da representação poderá retratar-se desse 
exercício. Com efeito, o art. 25 do Código de Processo Penal, repetido pelo 
art. 102 do Código Penal, determina que a representação é retratável 
enquanto o órgão acusatório não oferecer a denúncia. 
A doutrina majoritária entende, ainda, ser possível a retratação da 
retratação (ou a revogação da retratação). Nesse caso, basta que o 
ofendido ofereça nova representação, após haver-se retratado, para que 
possa prosseguir a persecução penal (desde que não expirado o prazo 
decadencial correspondente). 
5.7.5.7.5.7.5.7. Renúncia à representaçãoRenúncia à representaçãoRenúncia à representaçãoRenúncia à representação 
A Lei n. 9.099/95, em seu art. 74, parágrafo único, estabelece hipótese 
em que se admite a renúncia ao direito de representação. Determina 
referido dispositivo que o acordo civil homologado acarreta a renúncia ao 
direito de queixa e de representação. Uma vez aceita a composição civil, 
portanto, extingue-se o direito de representação, tornando-se impossível o 
prosseguimento da ação penal pública condicionada. 
Nos casos em que a infração tenha sido cometida por vários agentes, a 
composição civil dos danos somente implica renúncia com relação ao autor 
que houver concordado em reparar o dano, salvo se ocorrer reparação 
integral. Assim também, quando houver pluralidade de vítimas, o acordo 
civil celebrado por uma delas não impedirá que a outra exerça seu direito 
de representação ou de queixa. 
A possibilidade de renúncia ao direito de representação, ressalte-se, 
somente existe nos crimes que se processam pelo rito estabelecido na 
referida Lei n. 9.099/95 (crimes de menor potencial ofensivo). 
6. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 6. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 6. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 6. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À À À À REQUISIÇÃO DO REQUISIÇÃO DO REQUISIÇÃO DO REQUISIÇÃO DO 
MINISTRO DA JUSTIÇAMINISTRO DA JUSTIÇAMINISTRO DA JUSTIÇAMINISTRO DA JUSTIÇA 
Nos crimes cuja apuração dependa de requisição ministerial, o 
inquérito policial só poderá ser iniciado após a manifestação de vontade do 
Ministro da Justiça. 
Requisição é a autorização, fundamentada em razões políticas, para 
que o Ministério Público promova a ação penal pública. A requisição é 
prevista como condicionante para o exercício da ação penal em certos 
crimes de cunho eminentemente político
(crimes contra a honra praticados 
contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro, 
por exemplo), motivo pelo qual se justifica que a persecução penal fique 
condicionada ao prudente arbítrio do Ministro da Justiça, que julgará a 
conveniência e oportunidade de que seja ajuizada ação penal para cada 
caso que se lhe apresente. 
Não obstante o termo “requisição” signifique “ordem”, esta não vincula 
o órgão do Ministério Público, sendo mera autorização para que o Parquet 
promova a ação penal. 
A requisição, como a representação, não exige forma especial. Deve, 
entretanto, conter, quando possível, informações acerca do fato e sua 
autoria. 
Diferentemente da representação, o exercício da requisição não está 
sujeito à decadência. Poderá ser exercida a qualquer tempo, enquanto não 
surgir causa extintiva da punibilidade (prescrição da pretensão punitiva, por 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 19 
exemplo). 
Quanto à possibilidade de retratação da requisição, a doutrina divide-se 
em duas correntes. Há os que defendem a possibilidade de retratação, 
aplicando-se por analogia, nesse caso, os dispositivos referentes à 
retratação da representação. Outros, ao contrário, entendem que a 
retratação não é possível, por inexistir expressa disposição legal acerca da 
Possibilidade de retratação da requisição, não havendo, no caso, 
possibilidade de analogia com os dispositivos legais referentes à 
representação em face da diferença essencial entre esta e a requisição, ato 
político de autoridade do Estado que é o Ministro da Justiça. 
AÇÃO PENAL PRIVADAAÇÃO PENAL PRIVADAAÇÃO PENAL PRIVADAAÇÃO PENAL PRIVADA 
1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO 
Via de regra, a ação penal deverá ser exercida pelo Poder Público. E o 
que acontece na grande maioria das vezes. Nesses casos, a ação penal 
será ajuizada pelo Ministério Público, instituição à qual a Constituição 
Federal (art. 129) atribui, privativamente, a iniciativa para sua propositura. 
Em certas ocasiões, entretanto, a própria lei reserva o exercício da 
ação penal a um particular. São aqueles casos em que, por determinação 
legal, a ação penal será de iniciativa privada (ou, abreviadamente, os casos 
de ação penal privada). 
Conforme já se disse, ao transferir para o ofendido o exercício da ação 
penal (jus accusationis), o Estado continua a deter, com exclusividade, o 
direito de punir (jus puniendi). O particular, ajuizando e conduzindo a ação 
penal, na verdade, defende não apenas seu próprio interesse em ver 
punido o suposto autor de uma conduta criminal que se perpetra contra ele, 
mas também, e principalmente, o interesse social em que sejam 
perseguidos e devidamente punidos aqueles que infringem a lei penal. 
Nesse ponto, a denominação consagrada do instituto — ação penal 
privada — pode induzir a erro. A ação penal, seja a de iniciativa pública, 
seja a de iniciativa privada, é sempre direito público, uma vez que exercido 
perante um poder público. Além disso, não obstante seja iniciada e 
conduzida por um particular, tem por conteúdo uma pretensão cuja 
titularidade é, também, pública. Dessarte, o caráter privado da assim 
denominada ação penal privada restringe-se tão-somente ao sujeito que 
detém a titularidade da ação. 
É exatamente porque o particular, ao exercer o direito de ação, 
defende um direito público que se justifica a obrigatória atuação do 
Ministério Publico durante toda a marcha processual, O órgão do parquet, 
embora em princípio não atue no processo na qualidade de parte, atuará 
constantemente na condição de custos legis (fiscal da lei), velando pela 
legalidade do processo, sendo irrelevante, nesse caso, se a ação penal 
tenha sido ajuizada por ser a única cabível (ação penal privada exclusiva) 
ou se tenha ela sido ajuizada em caráter subsidiário (ação penal privada 
subsidiária da pública). 
2. PRINCÍPIOS2. PRINCÍPIOS2. PRINCÍPIOS2. PRINCÍPIOS 
Não é difícil perceber que a situação em que o ajuizamento da ação 
penal cabe a um particular é substancialmente diversa daquela situação em 
que é o Poder Público que ajuíza e conduz a ação. A ação privada, com 
efeito, rege-se por regras processuais próprias, sujeitando-se, inclusive, a 
um conjunto de princípios diverso daquele que informa a ação penal 
pública. 
2.1.2.1.2.1.2.1. Princípio da oportunidade (ou conveniência)Princípio da oportunidade (ou conveniência)Princípio da oportunidade (ou conveniência)Princípio da oportunidade (ou conveniência) 
O princípio da oportunidade contrapõe-se ao princípio da 
obrigatoriedade, que rege a ação penal pública. Enquanto o órgão do 
Ministério Público, se dispuser de elementos de prova que o convençam da 
prática de crime, estará obrigado a ajuizar a lei penal, no caso da ação 
penal privada isso não ocorre. De fato, a lei confere à vítima ou a seu 
representante legal a faculdade, e não a obrigação, de promover a ação 
penal. O particular é livre para formar seu próprio juízo de conveniência. 
Somente iniciará o processo, ajuizando a ação penal, se assim o desejar, 
ou seja, se julgar que o ajuizamento da ação é conveniente para si. Caso 
contrário, poderá evitar o strepitus iudicii, se julgá-lo inoportuno, deixando 
impune a conduta criminosa. 
2.2. Princípio da disponibilidade2.2. Princípio da disponibilidade2.2. Princípio da disponibilidade2.2. Princípio da disponibilidade 
Ainda em contraposição ao princípio da obrigatoriedade, rege a ação 
penal privada o princípio da disponibilidade. Segundo esse princípio, o 
titular da ação penal privada terá diversos meios de dela dispor, 
efetivamente decidindo se deseja que o suposto infrator da norma penal 
seja julgado. Com efeito, o titular da ação pode simplesmente deixar de 
exercê-la, permitindo, por sua inércia, a decadência desse direito. Poderá, 
também, renunciar ao direito de exercê-la. Já durante o curso do processo, 
poderá ainda, simplesmente, abandoná-la. 
Nos casos de ação penal privada exclusiva, o titular da ação poderá 
ainda perdoar o querelado (termo que designa o acusado quando a ação 
penal é privada) ou perimi-la, possibilidades inexistentes quando a ação 
privada for subsidiária da ação pública. 
2.3.2.3.2.3.2.3. Princípio da intranscendênciaPrincípio da intranscendênciaPrincípio da intranscendênciaPrincípio da intranscendência 
Não pode a ação penal privada atingir pessoas estranhas à autoria do 
fato, alcançando tão-somente os autores, co-autores e partícipes da 
infração penal. 
2.4.2.4.2.4.2.4. Princípio da indivisibilidadePrincípio da indivisibilidadePrincípio da indivisibilidadePrincípio da indivisibilidade 
O titular da ação penal privada poderá decidir livremente se deseja ou 
não ajuizar a ação penal. Uma vez que se decida pelo seu ajuizamento, 
entretanto, deverá incluir no pólo passivo da ação todos os agentes da 
infração penal. Não poderá o titular da ação, portanto, decidir-se por ajuizar 
a ação contra um dos autores, mas não contra outro. Com efeito, determina 
expressamente o art. 48 do Código de Processo Penal que o oferecimento 
de queixa (meio pelo qual se exerce a ação penal privada) contra qualquer 
dos autores do crime obrigará a que todos sejam processados. Cabe ao 
órgão do Ministério Público velar pelo respeito ao princípio da 
indivisibilidade da ação penal privada. 
Ademais, ainda como reflexo do princípio da indivisibilidade, o art. 49 
do Código de Processo Penal determina que a renúncia ao direito de 
queixa em relação a qualquer dos autores da infração deve 
necessariamente aproveitar aos outros co-autores ou partícipes. 
Desrespeitado o princípio da indivisibilidade, deve o Ministério Público, 
como fiscal da lei,
agir para que sejam processados todos os infratores. A 
doutrina e a jurisprudência divergem, nesse ponto, acerca da possibilidade 
de que o Ministério Público venha a aditar a queixa para incluir os autores 
indevidamente excluídos da lide. Sobre essa questão, existem três 
posições: 
a) Para alguns, o membro do parquet, cumprindo ex officio seu dever 
de agir como fiscal da lei, deverá aditar a peça acusatória, de forma a incluir 
os agentes que haviam sido omitidos. 
b) Para outros, o aditamento da queixa por parte do Ministério Público 
representaria usurpação ao direito de ação, que, no caso específico da 
ação penal privada, cabe exclusivamente ao particular. Dessa forma, seria 
vedado ao órgão do parquet aditar a queixa para nela incluir outros co-
autores ou partícipes. Para os adeptos desse entendimento, portanto, a 
omissão do autor da ação em incluir esses co-autores ou partícipes deverá 
ser interpretada como o exercício de renúncia em relação a eles. Ocorre, 
entretanto, que, por força do mencionado art. 49 do Código de Processo 
Penal, a renúncia exercida em face de uns necessariamente aproveita aos 
demais, de modo que a hipótese redundaria na renúncia do querelante com 
relação a todos os co-autores ou partícipes, equivalendo, em seus efeitos, à 
renúncia à ação penal como um todo. 
b) Finalmente, uma terceira corrente, posicionando-se entre as duas 
anteriores, defende que, muito embora seja vedado ao membro do parquet 
substituir-se ao ofendido para incluir os outros autores, existe a 
possibilidade de que o representante do Ministério Público, ao deparar-se 
com a situação de que um ou mais agentes tenham sido omitidos pelo 
querelante, suscite a ocorrência da omissão, de modo a abrir a 
oportunidade para que o querelante proceda, desejando, ao seu 
aditamento. Somente a recusa do querelante em proceder, por conta 
própria, ao aditamento da queixa consubstanciar-se-ia em renúncia ao 
direito de queixa, nos termos do art. 49 do Código de Processo Penal. 
Outra situação que pode ensejar dúvida é aquela em que nem todos os 
autores da infração penal sejam conhecidos no momento em que seja 
oferecida a queixa. Nesse caso, não se poderá exigir que querelante e 
acusado permaneçam à espera de que sejam localizados os demais 
autores ou partícipes do crime para que venha a ser ajuizada a ação penal. 
Por outro lado, o processo não poderá produzir efeitos com relação àqueles 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 20 
que não sejam partes no processo, já que a extensão subjetiva da coisa 
julgada (ou seja, o alcance dos efeitos de uma sentença ou acórdão que 
tenha transitado em julgado), em especial no que diz respeito a sentenças 
ou acórdãos condenatórios, limita-se necessariamente àquelas pessoas 
que efetivamente atuaram no processo na qualidade de partes. 
A Súmula 16 das Mesas de Processo Penal da Universidade de São 
Paulo estabelece: “Em face dos princípios que regem a ação privada, não é 
possível o aditamento à queixa pelo Ministério Público para inclusão de co-
réu”. 
Assim, a solução proposta pela doutrina’ é no sentido de que a queixa 
seja oferecida, tão logo o deseje o querelante, em face daqueles acerca de 
quem já existam indícios suficientes de autoria. Mais tarde, a queixa poderá 
vir a ser aditada para que constem os demais autores da prática delituosa, 
conforme venham estes a ser conhecidos. Se já iniciada a instrução, 
deverão ser novamente realizados os atos a ela referentes, ao menos com 
relação aos novos querelados. Se, no entanto, já houver sido prolatada 
sentença, somente restará a possibilidade de que se ajuíze nova ação, que 
deverá tramitar perante o mesmo juízo que houver julgado os demais 
querelados. Encontra-se, nessa hipótese, uma exceção ao princípio da 
indivisibilidade da ação penal privada. 
3. TITULARIDADE3. TITULARIDADE3. TITULARIDADE3. TITULARIDADE 
Tem legitimidade para propor a ação penal o ofendido ou seu 
representante legal (art. 30 do Código de Processo Penal e art. 100, § 2º, 
do Código Penal). 
Também poderá promovê-la o representante legal, nos casos em que o 
ofendido seja menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou tenha 
desenvolvimento legal incompleto, ou o curador especial, se o ofendido não 
dispuser de representante legal, ou ainda naqueles casos em que colidam 
os interesses do incapaz e de seu representante (v.g., se o próprio 
representante for suspeito de haver praticado o crime acerca do qual se 
cogita o ajuizamento da ação penal). Nessas hipóteses, o art. 33 do Código 
de Processo Penal determina a nomeação de um curador especial pelo 
magistrado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público. O curador, 
evidentemente, não estará obrigado a exercer a ação penal, que, sendo 
privada, é disponível. Em vez disso, deverá, diante do caso concreto, 
avaliar a conveniência, de acordo com os interesses do ofendido, de que 
seja ela exercida. 
Na hipótese de morte do ofendido, seja em decorrência do próprio 
crime, seja por evento superveniente, ou se for esse declarado ausente por 
decisão judicial, passará o direito ao seu cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão, os quais poderão prosseguir na ação penal já instaurada (art. 31 
do CPP e art. 100, § 4º, do CP). Nas ações privadas ditas personalíssimas, 
não se verifica essa sucessão, extinguindo-se o direito com a morte de seu 
único e exclusivo titular, o ofendido. 
Analogamente ao que ocorre com relação ao art. 24, §1º, do Código de 
Processo Penal, entende-se que a ordem de legitimidade determinada pelo 
preceito legal é sucessiva, ou seja, havendo cônjuge supérstite, este é 
quem assumirá a ação penal, somente passando a legitimidade ao 
ascendente (e, sucessivamente, aos demais) na ausência daquele (art. 36 
do Código de Processo Penal). 
Alguma controvérsia existe quanto ao exercício do direito de queixa 
nos casos em que o ofendido tenha entre 18 e 21 anos de idade. Para parte 
da doutrina, com o advento do novo Código Civil, que passou a reconhecer 
o maior de 18 anos como plenamente capaz, a regra contida no art. 34 do 
Código de Processo Penal teria caído no vazio, não cabendo mais a 
representação legal do ofendido capaz, maior de 18 anos. Adotado esse 
posicionamento, ha que ter por inaplicável a Súmula 594 do Supremo 
Tribunal Federal, no sentido de que “os direitos de queixa e de 
representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou 
por seu representante legal”. 
Para outros, uma vez que o art. 34 do Código de Processo Penal não 
se refere à maioridade, mencionando nominalmente os limites de idade 
para os quais haveria representação legal, persiste a necessidade de que o 
ofendido maior de idade que conte menos de 21 anos ainda deva ser 
assistido legalmente no exercício desse direito, vigendo integralmente a 
disposição do art. 34 do diploma processual penal. 
Optando por esse entendimento, é importante esclarecer que, no caso 
em que o ofendido seja maior de idade mas menor de 21 anos, o direito de 
queixa pertencerá, de maneira independente, tanto ao ofendido quanto a 
quem o represente, conforme determinação da mencionada Súmula 594 do 
Supremo Tribunal Federal. Assim, se qualquer deles ajuizar a ação penal, o 
outro não terá poderes para impedir seu seguimento. Cada um dos dois, 
isoladamente, portanto, poderá exercer seu direito de forma eficaz. 
A queixa deverá ser oferecida por procurador com poderes especiais 
(art. 44 do Código de Processo Penal), não bastando para tanto o mandato 
ad judicia simples. A pedido do querelante comprovadamente pobre, caberá 
ao juiz nomear-lhe advogado para propor a ação penal (art. 32, caput, do 
Código de Processo Penal). Vale, quanto a isso, ressaltar que a lei
processual define como pobre aquele que não puder prover às despesas do 
processo sem que para isso tenha de privar-se dos recursos indispensáveis 
ao próprio sustento, ou ao de sua família (art. 32, § 1º, do Código de 
Processo Penal). 
As pessoas jurídicas legalmente constituídas podem propor ação 
privada, desde que representadas por quem seus atos constitutivos 
designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes 
(art. 37 do Código de Processo Penal). 
4. REQUERIMENTO DO TITULAR DA AÇÃO PENAL PRIVADA4. REQUERIMENTO DO TITULAR DA AÇÃO PENAL PRIVADA4. REQUERIMENTO DO TITULAR DA AÇÃO PENAL PRIVADA4. REQUERIMENTO DO TITULAR DA AÇÃO PENAL PRIVADA 
Nos delitos cujo processamento deva dar-se por meio de ação penal 
privada, a instauração de inquérito policial ficará condicionada a 
requerimento de quem seja o titular da ação penal (art. 5º, § 5º, do Código 
de Processo Penal). Essa manifestação de vontade, como ocorre com a 
representação, não está sujeita a formalidade, podendo adotar forma 
escrita ou oral (caso em que será reduzida a termo). O direito de exercer o 
requerimento também está sujeito a prazo decadencial. 
O requerimento, sempre que possível, conterá: a) a narração dos fatos, 
com todas as suas circunstâncias; b) a individualização do autor ou seus 
sinais característicos, caso em que deverá o ofendido aduzir as razões que 
geraram sua convicção ou presunção acerca da autoria. Quando da 
impossibilidade de identificar o autor da infração deverá o requerimento 
mencionar os motivos impeditivos; c) a nomeação das testemunhas e sua 
qualificação (art. 5º, § 1º, do Código de Processo Penal). Embora a redação 
do dispositivo possa sugerir a obrigatoriedade de que esses elementos 
estejam presentes para que seja válido o requerimento, o não-atendimento 
dessas especificações não impedirá o início do inquérito policial, 
constituindo mera irregularidade. 
O Código de Processo Penal prevê que o requerimento do ofendido 
possa ser recusado, designando até mesmo a autoridade a quem se dirigirá 
o recurso cabível nesse caso. Com efeito, o art. 5º, § 2º, do Código de 
Processo Penal prevê que, caso o requerimento seja indeferido pelo 
delegado de polícia, o solicitante poderá interpor recurso ao “chefe de 
polícia”. 
Inexistindo, atualmente, a figura do chefe de polícia, parte da doutrina 
tem entendido que a autoridade competente para o julgamento desse 
recurso será o Delegado-Geral de Polícia, enquanto outros autores 
sustentam que a competência é do Secretário da Segurança Pública. 
A possibilidade de indeferimento não constitui, como bem destaca 
Tourinho Filho, exceção à obrigatoriedade de que o delegado de polícia 
instaure o inquérito tão logo receba notícia da ocorrência de fato criminoso. 
O indeferimento do pedido de instauração somente pode ocorrer: i) se o 
particular não trouxer ao conhecimento da autoridade elementos suficientes 
para caracterizar o crime; ii) se os fatos trazidos ao seu conhecimento pelo 
particular não constituírem crime ou iii) se for evidente a existência de 
alguma circunstância extintiva da punibilidade do autor do fato (se houver 
prescrito, por decurso do prazo, a pretensão punitiva estatal, por exemplo). 
Ressalvadas essas exceções, o delegado estará obrigado a instaurar o 
inquérito policial. 
Nos crimes de ação privada, uma vez concluído o procedimento 
investigatório, o Código de Processo Penal prevê duas hipóteses: a) a 
remessa dos autos do inquérito ao juízo competente, aguardando em 
cartório a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal; ou b) o 
traslado dos autos do inquérito à vítima ou seu representante legal (art. 19 
do Código de Processo Penal). 
5. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS PRIVADAS5. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS PRIVADAS5. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS PRIVADAS5. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS PRIVADAS 
De acordo com a circunstância que enseja a determinação, sempre 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 21 
excepcional, da titularidade da ação penal a um particular, a ação penal 
privada pode ser classificada sob dois gêneros diversos: a ação penal 
privada exclusiva, que tem, ainda, como subespécie, a ação penal privada 
personalíssima, e a ação penal privada subsidiária. 
5.1.5.1.5.1.5.1. Ação privada exclusivaAção privada exclusivaAção privada exclusivaAção privada exclusiva 
Também chamada de ação privada propriamente dita ou ação privada 
principal, é aquela que deve ser proposta pelo ofendido ou por quem 
legalmente o represente para a persecução de determinados crimes, cuja 
apuração e julgamento ficam sujeitos, por expressa determinação legal, à 
exclusiva iniciativa do ofendido. 
É o caso padrão de ação penal privada, aplicável quando a lei 
determina que a ação deva ser proposta mediante queixa, mas não 
especifica seu caráter personalíssimo, nem condiciona sua propositura à 
inércia do Ministério Público em ajuizar a ação penal pública. 
5.2. Ação privada personalíssima5.2. Ação privada personalíssima5.2. Ação privada personalíssima5.2. Ação privada personalíssima 
Em certos casos, a ação privada somente poderá ser promovida pelo 
próprio ofendido, sem que, por sua morte ou ausência, esse direito se 
transmita aos sucessores previstos no art. 31 do Código de Processo Penal 
(daí sua qualificação como personalíssima). 
A doutrina identificava como hipóteses de ação privada personalíssima 
apenas os casos de adultério e de induzimento a erro essencial e ocultação 
de impedimento, crime contra o casamento. Com o advento da Lei n. 
11.106/2005, que revogou o art. 240 do CP, que tipificava o crime de 
adultério, resta apenas uma hipótese de ação privada personalíssima, 
portanto. 
A ação penal relativa ao crime de induzimento a erro essencial e 
ocultação de impedimento somente poderá ser proposta mediante queixa 
do contraente enganado, e não poderá ser intentada senão depois de 
transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, 
anule o casamento (art. 236, parágrafo único, do Código Penal). 
5.3. Ação privada subsidiária da pública5.3. Ação privada subsidiária da pública5.3. Ação privada subsidiária da pública5.3. Ação privada subsidiária da pública 
Se, nos casos em que a ação penal seja ordinariamente de iniciativa 
pública, o Poder Público, por meio do Ministério Público, não intenta a ação 
penal no prazo legal, o ofendido ou seu representante legal poderão, 
subsidiariamente, ajuizá-la. A ação penal privada subsidiária da ação penal 
pública é prevista em sede constitucional (art. 5º, LIX, da Constituição 
Federal), encontrando ainda previsão legal tanto no Código de Processo 
Penal (art. 29) quanto no Código Penal (art. 100, § 3º). 
O exercício da queixa-crime fica, também nesse caso, sujeito ao prazo 
decadencial para o exercício da ação penal privada (6 meses, nos termos 
do art. 103 do Código Penal e do art. 38 do Código de Processo Penal), 
que se conta, nesse caso, a partir da data em que houver expirado o prazo 
legal para o exercício da ação penal pública (art. 46 e § 1º). 
A existência da ação penal privada subsidiária da pública constitui 
garantia constitucional do ofendido contra possível desídia ou arbitrariedade 
do Estado. Mitiga o dogma da exclusividade do exercício da ação penal 
pública em favor dos interesses do ofendido e da sociedade em verem 
punidos eventuais infratores da ordem penal, ainda que permaneça inerte e 
silente o órgão público designado por lei para promover a persecução. 
6. LEGITIMIDADE6. LEGITIMIDADE6. LEGITIMIDADE6. LEGITIMIDADE 
Além do próprio ofendido e de seu representante legal, o Código de 
Defesa do Consumidor passou a prever outros legitimados para a 
propositura
de ação penal privada subsidiária: 
a) as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, 
especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos do 
consumidor, ainda que não tenham personalidade jurídica; 
b) as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano que 
incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos do 
consumidor, dispensada para tanto a autorização assemblear (art. 80, em 
combinação com o art. 82, III e IV, da Lei n. 8.078/90). 
7. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA AÇÃO PENAL PRIV7. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA AÇÃO PENAL PRIV7. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA AÇÃO PENAL PRIV7. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA AÇÃO PENAL PRIVAAAADA DA DA DA 
SUBSIDIÁRIASUBSIDIÁRIASUBSIDIÁRIASUBSIDIÁRIA 
Ainda que não tenha ajuizado a ação penal no prazo legalmente 
assinalado, o Ministério Público, nos termos do art. 29 do Código de 
Processo Penal, uma vez ajuizada a ação penal privada subsidiária, poderá 
tomar parte no processo, independentemente dos motivos que ensejaram a 
perda do prazo. 
Para a doutrina, o Ministério Público atua, nesse caso, como 
verdadeiro assistente litisconsorcial. O mencionado art. 29 determina a 
obrigatória intervenção do órgão do parquet, no processo que se originar do 
ajuizamento de ação privada subsidiária para: 
a) aditar a queixa, suprindo qualquer omissão da peça acusatória, seja 
para incluir outros autores da infração, seja para adicionar novos elementos 
ou circunstâncias olvidados pelo querelante; 
b) repudiar a queixa oferecida, se reconhecê-la inepta, oferecendo 
nesse caso denúncia substitutiva; 
c) intervir em todos os termos do processo, sob pena de nulidade (art. 
564, III, d, do Código de Processo Penal). A nulidade resultante da não-
intervenção do Ministério Público, nesses casos, constituirá nulidade 
relativa, sanável e argüível apenas em caso de prejuízo (art. 563 do Código 
de Processo Penal); 
d) fornecer elementos de prova, participando ativamente da instrução, 
comparecendo a audiências e requerendo a produção das provas que 
julgar relevantes; 
e) interpor recurso; 
f) retomar a ação como parte principal, a qualquer tempo, no caso de 
negligência do querelante na condução do processo. A existência desse 
dever toma inexistente nos casos de ação penal privada subsidiária o 
fenômeno da perempção. Nas hipóteses de o querelante abandonar a ação 
ou mesmo perdoar o réu, caberá ao Ministério Público assumir a posição de 
parte do processo, passando a conduzir a acusação. 
8. AÇÃO PENAL PRIVADA CONCORRENTE8. AÇÃO PENAL PRIVADA CONCORRENTE8. AÇÃO PENAL PRIVADA CONCORRENTE8. AÇÃO PENAL PRIVADA CONCORRENTE 
Além das hipóteses já mencionadas, a doutrina e a jurisprudência 
debateram acerca da questão da legitimidade para a propositura da ação 
penal nos casos dos crimes contra a honra cometidos contra funcionário 
público em razão do exercício de suas funções. 
A questão se põe problemática porque a regra geral da legitimidade 
para agir no caso dos crimes contra a honra (arts. 138 a 140 do Código 
Penal) é a da iniciativa privada, ou seja, o processamento desses crimes 
somente se procede se o próprio ofendido ou seu representante legal ajuíza 
e conduz por conta própria a ação penal. Essa a regra insculpida no art. 
145 do diploma penal, à qual, entretanto, o próprio Código impõe exceção, 
na hipótese em que esses crimes tenham sido cometidos contra i) o 
Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro (quando o 
ajuizamento da ação penal dependerá de requisição do Ministro da Justiça) 
ou ii) funcionário público, em razão do exercício de suas funções, caso em 
que a ação será condicionada à representação do ofendido (arts. 145, 
parágrafo único, dc o 141, I e II, ambos do Código Penal). 
Nesses casos, portanto, a ação penal será pública condicionada. 
Especificamente em se tratando da hipótese em que a ofensa à honra se 
dirija contra funcionário público no exercício de suas funções, a 
determinação de que a legitimação ativa caberia ao Ministério Público em 
princípio se deveria constituir num favor ao funcionário público, que, 
ofendido em razão do exercício da função, ficaria desonerado de arcar com 
os custos e os ônus de propor e conduzir a ação penal contra seu ofensor. 
Entretanto, vêm entendendo os tribunais superiores que a defesa da 
honra é garantida na forma de direito subjetivo constitucional de cada 
indivíduo (art. 5º, X, da Lei Maior), de modo que seria incabível subtrair de 
alguém a possibilidade de defendê-la pessoalmente perante o Poder 
Judiciário. Assim, a jurisprudência tem reiteradamente afirmado que o 
entendimento conforme à Constituição Federal implica reconhecer que a 
legitimidade do Ministério Público para a propositura da ação penal nos 
casos de crimes contra a honra cometidos em prejuízo do funcionário 
público não subtrai do ofendido o direito de proceder ao processo mediante 
queixa. Em vez disso, e de modo a homenagear a determinação do 
mencionado dispositivo constitucional, persistiriam concomitantemente 
vigentes ambas as regras de legitimação, resultando na possibilidade de 
que tanto o Ministério Público, exercendo a ação penal pública, quanto o 
ofendido, exercendo a ação penal privada, possam ajuizar ação com 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 22 
fundamento na ocorrência dos crimes contra a honra do funcionário público. 
O entendimento, em que pesem as críticas que recebeu, tornou-se 
dominante, tendo sido sumulado pelo STF em 2003 (Súmula 714). 
Ademais, também o Superior Tribunal de Justiça tem adotado a tese. 
Além disso, tal interpretação tem sido aplicada também nos crimes 
contra a honra praticados por meio da imprensa, tipificados na Lei n. 
5.250/67 (Lei de Imprensa), e cujo art. 40, I, b, prevê disposição análoga à 
do art. 145, parágrafo único, do Código Penal. 
9. FUNDAMENTO9. FUNDAMENTO9. FUNDAMENTO9. FUNDAMENTO 
A existência de hipóteses em que a titularidade da ação penal, fugindo 
à regra geral, é do particular deve-se a uma escolha de política processual, 
decorrente da busca de um equilíbrio naquelas situações em que 
potencialmente exista conflito entre os interesses públicos e os interesses 
da vítima de cada delito penal, no que tange ao ajuizamento da ação penal. 
Em determinados casos, o Estado, ao legislar, privilegia a posição da 
vítima, subordinando o direito de punir do Estado ao interesse privado do 
particular, concedendo a esse a possibilidade de julgar, a partir de seus 
próprios critérios, a conveniência de ajuizar a ação penal e, com isso, 
expor-se aos eventuais constrangimentos que esse ato possa lhe causar. 
Com efeito, os casos em que a lei prevê a ação penal privada exclusiva 
geralmente envolvem situações relativas à intimidade e à vida privada do 
ofendido (v.g.: algumas hipóteses de crimes contra a liberdade sexual; 
crime de injúria sem violência). 
Tourinho Filho, a seu turno, sustenta que a ação penal privada é 
admitida atendendo: “a) a tenuidade da lesão à sociedade; b) o assinalado 
caráter privado do bem jurídico tutelado; c) o strepitus judicii (o escândalo 
do processo, a publicidade dada ao fato em decorrência do processo) que 
pode ser muito mais prejudicial ao interesse da vítima que a própria 
impunidade do culpado etc.”. 
Já nos casos de ação privada subsidiária, o que existe é a proteção 
aos interesses da vítima e da sociedade, como um todo, de ver processado 
e julgado o autor de uma infração penal que lhes fira os valores tutelados 
pela lei penal. Assim, a própria Constituição (art. 5º, LIX) garante que, na 
inércia do órgão oficial acusatório — independentemente dos motivos que a 
ocasionem —, qualquer particular
poderá a ele substituir-Se, reforçando, 
dessa forma, o princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5º, 
XXXV, da Constituição Federal), e assegurando a eficácia da lei penal 
material. 
10. RENÚNCIA10. RENÚNCIA10. RENÚNCIA10. RENÚNCIA 
O direito de queixa, plenamente disponível pelo seu titular, pode ser 
objeto de renúncia. A renúncia consiste em manifestação de vontade do 
ofendido por meio da qual ele desiste de exercer seu direito de ação. 
Uma vez exercida a renúncia, expressa ou tacitamente, nos termos do 
art. 104, caput, do Código Penal, o direito de queixa não mais poderá ser 
exercido. A renúncia expressa implica manifestação formalizada, assinada 
pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador que tenha 
poderes especiais para tanto (art. 50 do Código de Processo Penal). Já a 
renúncia tácita ocorre em qualquer hipótese em que o titular da ação penal 
se porte de forma inequivocafliente incompatível com a vontade de ajuizá-la 
(art. 104, parágrafo único, do Código Penal). A prova da renúncia tácita 
pode ser feita por qualquer meio lícito de prova (art. 57 do Código de 
Processo Penal). 
O mesmo art. 104, parágrafo único, do Código Penal estabelece 
ressalva no sentido de que a aceitação de reparação pecuniária pelos 
danos causados pelo crime não implica renúncia tácita. Essa disposição, 
entretanto, encontra exceção naqueles casos em que o rito cabível é o da 
Lei n. 9.099/95. Isso porque a referida lei, em seu art. 74, parágrafo único, 
determina que o acordo civil homologado acarreta renúncia ao direito de 
queixa — e também ao direito de representação, conforme já se viu. A 
regra geral, portanto, é a de que a aceitação de indenização civil não 
implica renúncia, exceto nos casos em que se manifesta o rito da Lei n. 
9.099/95, aplicável por especialidade. 
Ainda sobre a hipótese do art. 74, parágrafo único, da Lei n. 9.099, se a 
infração houver sido cometida por vários agentes, a composição civil dos 
danos somente implica renúncia com relação ao autor que houver 
concordado em reparar o dano, salvo se ocorrer reparação integral. Assim 
também, quando houver pluralidade de vítimas, o acordo civil celebrado por 
uma delas para obter o ressarcimento do dano que lhe toca não impedirá 
que a outra exerça seu direito de representação ou de queixa. 
A renúncia é ato unilateral, pois seus efeitos operam 
independentemente de qualquer manifestação de vontade do autor da 
infração. Deve ocorrer antes do início da ação penal, porquanto seja 
impossível renunciar a direito já exercido. O exercício da renúncia ao direito 
de queixa extingue a punibilidade do autor da infração penal (art. 107, V, do 
Código Penal). 
Nos termos do art. 49 do Código de Processo Penal, a renúncia ao 
exercício do direito de queixa em relação a um dos autores do crime a 
todos aproveitará. O dispositivo é corolário do princípio da indivisibilidade 
da ação penal privada. 
A renúncia poderá ser exercida por qualquer indivíduo que, contando 
18 anos ou mais, não seja incapaz. Em virtude da entrada em vigor do novo 
Código Civil, o parágrafo único do art. 50 do Código de Processo Penal não 
encontra mais aplicação, já que inexiste a figura do indivíduo que, contando 
18 anos, seja ainda menor de idade. Referindo-se a lei, nesse caso, 
expressamente ao limite de idade, não deixa espaço para dúvidas acerca 
da eventual persistência do limite anterior, de 21 anos. 
A renúncia exercida pelo particular não impede que o Ministério 
Público, naqueles casos em que se tratar de ação privada subsidiária, 
promova a ação penal pública em caráter principal. Prevalece, nesse caso, 
a obrigatoriedade da ação penal pública sobre a discricionariedade do 
particular, já que a finalidade da ação penal privada subsidiária limita-se a 
permitir o ajuizamento da ação penal pelo particular nos casos de inércia do 
órgão oficial, não podendo, portanto, prevalecer sua vontade se o órgão do 
Ministério Público decidir exercê-la. 
11. PERDÃO DO OFENDIDO11. PERDÃO DO OFENDIDO11. PERDÃO DO OFENDIDO11. PERDÃO DO OFENDIDO 
O perdão do ofendido consiste na desistência da demanda, 
manifestada por seu autor. Dessa forma, por sua própria essência, deverá 
ser exercido posteriormente à propositura da ação penal — já que não se 
pode, tecnicamente, desistir de direito ainda não exercido. Por outro lado, o 
perdão somente poderá ser exercido até o trânsito em julgado da sentença 
condenatória (art. 106, § 2º, do Código Penal). 
O perdão, diversamente do direito de renúncia à queixa-crime, é um 
ato bilateral. A mera manifestação do querelante não é suficiente para que 
se obste o prosseguimento do processo penal. Uma vez ajuizada a ação, o 
querelado tem o direito de ser processado até a prolação de sentença, já 
que terá legítimo interesse jurídico em provar sua própria inocência acerca 
dos fatos que lhe sejam imputados. Dessa forma, o perdão somente 
produzirá efeitos se aceito pelo querelado. Nesse caso, ensejará a extinção 
da punibilidade do querelado (art. 107, IV, in fine, do Código Penal). 
O perdão somente é cabível nas hipóteses de ação privada exclusiva, 
referente aos crimes em que somente se procede mediante queixa (art. 105 
do Código Penal). O fundamento da possibilidade de que o querelante 
perdoe o querelado é o princípio da disponibilidade, que rege a ação penal 
privada exclusiva. No caso da ação penal privada subsidiária da pública 
não existe a possibilidade de desistência, já que, subtraindo-se o particular 
do processo, o Ministério Público deverá assumir a posição de acusador. 
O perdão do querelante, ressalte-se, não se confunde com a figura do 
Perdão judicial, concedido por sentença, que configura, também, uma 
causa extintiva da punibilidade. O perdão judicial é aquele concedido pelo 
próprio juiz da causa, desde que concorram os elementos exigidos pela lei 
para que se conceda (p. ex.: a hipótese prevista no art. 121, § 5º, do 
Código Penal, que autoriza o juiz a deixar de aplicar a pena se as 
conseqüências do homicídio culposo atingirem o próprio agente de forma 
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária). 
12. FORMA12. FORMA12. FORMA12. FORMA 
O perdão, como a renúncia ao direito de queixa, pode ser expresso ou 
tácito. Expresso se manifestado por meio de declaração assinada pelo 
próprio querelante, seu representante legal ou procurador com poderes 
especiais. Tácito se resultar da prática de ato inequivocamente 
incompatível com a vontade de prosseguir na ação (art. 106, § 1º, do 
Código Penal). A prática de ato incompatível com a vontade de ajuizar a 
ação poderá ser demonstrada por todos os meios lícitos de prova (art. 57 
do Código de Processo Penal). 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 23 
Pode, ainda, o perdão ser processual ou extraprocessual, conforme 
seja concedido dentro ou fora do processo. 
13. INDIVISIBILIDADE13. INDIVISIBILIDADE13. INDIVISIBILIDADE13. INDIVISIBILIDADE 
Em observância ao princípio da indivisibilidade da ação penal privada, 
o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos (art. 51, 
primeira parte, do Código de Processo Penal e art. 106, I, do Código 
Penal), sendo vedado ao querelante desistir da ação penal apenas em 
relação a alguns dos querelados. O perdão não produzirá efeitos, 
entretanto, em relação ao querelado que o recusar (art. 51, in fine, do 
Código de Processo Penal e art. 106, III, do Código Penal). 
No caso de pluralidade de vítimas, o perdão concedido por um dos 
ofendidos não prejudica o direito de ação dos outros (art. 106, II, do Código 
Penal). 
14. ACEITAÇÃO14. ACEITAÇÃO14. ACEITAÇÃO14. ACEITAÇÃO 
Uma vez concedido o perdão, mediante declaração expressa do 
querelante
nos autos, o querelado será intimado a manifestar-se nos autos, 
no prazo de 3 dias, para declarar se o aceita. Ao seu silêncio, a lei 
expressamente confere o efeito de aceitação (art. 58, caput, do Código de 
Processo Penal). 
Assim como o perdão, sua aceitação pode ser processual ou 
extraprocessual, conforme ocorra dentro ou fora dos autos. Em um ou outro 
caso, para que produza efeitos, sua ocorrência deverá ser demonstrada 
nos autos, motivo pelo qual determina o art. 59 do Código de Processo 
Penal que a aceitação do perdão por parte do querelado, se ocorrida fora 
dos autos, deverá ser comprovada por meio de declaração assinada pelo 
querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes 
especiais. Esse o caso de aceitação expressa. Poderá a aceitação ser 
tácita, o que ocorrerá se o querelado deixar de se manifestar no tríduo 
legal. 
Sendo o querelado mentalmente enfermo ou portador de desenvolvi-
mento mental incompleto, e se não tiver representante legal, ou no caso de 
colisão de interesses entre o querelado e quem o represente, o juiz lhe 
nomeará curador especial para que este, apreciando o caso do ponto de 
vista do querelado, decida-se por aceitar ou recusar o perdão. 
A aceitação poderá, ainda, ser exercida por procurador com poderes 
especiais (art. 55 do Código de Processo Penal). 
15. QUERELANTE E QUERELADO MENORES DE IDADE15. QUERELANTE E QUERELADO MENORES DE IDADE15. QUERELANTE E QUERELADO MENORES DE IDADE15. QUERELANTE E QUERELADO MENORES DE IDADE 
Assim como no que diz respeito à representaçãO, o Código de 
Processo Penal determina que, nos casos em que o querelante tenha idade 
entre 18 e 21 anos, o perdão e sua aceitação possam ser exercidos tanto 
pelo próprio ofendido quanto por seu representante legal. 
Para parte da doutrina, com o advento do novo Código Civil, que 
passou a reconhecer o maior de 18 anos como plenamente capaz, as 
regras contidas nos arts. 52 e 54 do Código de Processo Penal teriam 
caído no vazio, não cabendo mais a representação legal do ofendido capaz, 
maior de 18 anos. 
Para outros, uma vez que o art. 52 do Código de Processo Penal não 
se refere à maioridade, mencionando nominalmente os limites de idade 
para os quais haveria representação legal, persiste a necessidade de que o 
ofendido maior de idade que conte menos de 21 anos ainda deva ser 
assistido legalmente no exercício desse direito, vigendo integralmente a 
referida disposição legal. 
Optando por esse entendimento, é importante esclarecer que, no caso 
em que o ofendido seja maior de idade mas menor de 21 anos, o perdão, 
embora possa ser oferecido tanto pelo querelante quanto por seu 
representante, não surtirá efeitos se houver oposição do outro. Dessa 
forma, diversamente do que ocorre no caso do direito de representação, o 
exercício do perdão pelo ofendido ou por seu representante requer a 
concordância, ainda que tácita, do outro co-legitimado para seu exercício. O 
mesmo vale no que tange à aceitação do perdão, por expressa 
determinação legal (art. 54): a aceitação manifestada por um pode ser 
obstada, em seus efeitos, pela discordância do outro. 
16. PEREMPÇÃO16. PEREMPÇÃO16. PEREMPÇÃO16. PEREMPÇÃO 
Perimir significa, genericamente, matar, destruir. Assim, conforme Hélio 
Tornagbi5, “perimir o direito de ação é matá-lo”. 
A perempção compreende, na verdade, duas espécies distintas de 
fatos. Compreende aquelas hipóteses em que a ação penal é abandonada 
pelo seu autor, que simplesmente deixa de prover-lhe movimento, 
deixando-a extinguir por inércia, e também aquelas em que desaparece o 
autor da ação sem que alguém lhe suceda. 
Em ambos os casos, a perempção constituirá causa de extinção da 
punibilidade (art. 107, IV, do Código Penal). 
Por sua própria natureza, a perempção somente pode ocorrer depois 
de proposta a ação penal, já estando em curso o processo penal. Ademais, 
somente se há que falarem perempção nos casos de ação privada 
exclusiva, em que somente se procede mediante queixa, excluindo-se, 
portanto, a possibilidade de perempção no caso da ação penal privada 
subsidiária da pública. 
A lei processual arrola quatro hipóteses que ensejam a perempção (art. 
60 do Código de Processo Penal): 
I — Quando, iniciada a ação penal, o querelante deixar de promover, 
injustificadamente, o andamento do processo durante 30 dias consecutivos. 
Nesse caso, a perempção afigura-se como uma conseqüência do 
abandono do autor com relação à ação ajuizada. O prazo assinalado 
justifica-se. Não podem o querelado e o Poder Judiciário ficar à mercê da 
vontade do querelante. Não provendo ele a movimentação do processo, há 
que se determinar sua extinção. Importa ressaltar que o prazo exigido é de 
30 dias consecutivos, não autorizando a lei a soma de períodos 
descontínuos em que o processo eventualmente tenha permanecido 
sobrestado. 
II — Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 
60 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (rol do art. 36 do 
Código de Processo Penal). Nessa hipótese, a lei atribui conseqüência 
jurídica à situação em que, impossibilitado de prosseguir o querelante 
nessa posição, seus sucessores não venham a substituí-lo. Não se exige, 
nesse caso, a intimação dos sucessores, contando-se o prazo, portanto, da 
data em que ocorrer o falecimento ou em que sobrevier a incapacidade do 
querelante. Se a incapacidade resultou da ausência, caberá prosseguir na 
ação às pessoas indicadas no art. 31 do Código de Processo Penal. 
Emanando a incapacidade de outras causas, caberá ao representante legal 
do querelante prosseguir no feito. 
III — Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo 
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar 
de formular o pedido de condenação nas alegações finais. As hipóteses 
previstas nesse inciso determinam um ônus ao querelante. Com efeito, não 
há aqui que se falar em dever jurídico (obrigatoriedade no sentido estrito), 
porquanto não há, propriamente, sanção para o querelante que não 
comparece ao ato a que a lei previa sua presença. A conseqüência jurídica 
do seu não-comparecimento consistirá tão-somente no não-atendimento do 
pedido que deduziu ao ajuizar a ação penal, e que, presume-se, constitui 
seu próprio interesse. Sobre o exercício desses ônus, dois casos exigem 
análise mais percuciente: 
a) A doutrina diverge quanto à hipótese do não-comparecimento do 
querelante à audiência de conciliação prevista no art. 520 do Código de 
Processo Penal (ato que faz parte do procedimento adotado no 
processamento de crimes contra a honra). 
Há aqueles que reconhecem na ausência do querelado a esse ato 
processual uma causa que enseja perempção, pois essa audiência seria 
um ato relativo ao processo, configurando verdadeira condição de 
procedibilidade da ação. 
Defendendo posição oposta, argumentam outros doutrinadores que a 
mencionada audiência, uma vez que ocorre em momento anterior à própria 
propositura da ação penal, não constitui um ato processual, de modo que 
não haveria como admitir que o não-comparecimento do querelante 
ensejaria a perempção, instituto que só existe em atos de natureza 
processual. Antes de haver processo, portanto, não haveria como existir 
perempção. 
b) Quanto à segunda hipótese prevista no inciso III— o caso de 
ausência de pedido expresso de condenação nas alegações finais —, 
alguns autores defendem uma interpretação menos presa à literalidade do 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 24 
texto, afirmando que, naqueles casos em que do teor das alegações finais 
se possa denotar a inequívoca vontade do querelante
no sentido de que 
seja o querelado condenado, não deve o juiz reconhecer a ocorrência de 
perempção, ainda que não haja expresso pedido nesse sentido. Trata-se, 
aqui, de corrente doutrinária que homenageia o princípio segundo o qual os 
atos jurídicos devem ser interpretados à luz da intenção de seu praticante, 
relevando, quando o caso requerer, a estrita formalidade da lei. Outros 
autores, entretanto, preferem prestigiar a literal disposição legal, 
entendendo haver exigência no sentido de que o pedido de condenação 
deva vir claramente enunciado, não sendo suficiente o simples pedido de 
fiat iustitia para suprir-lhe a ausência. 
IV — Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir 
sem deixar sucessor. Na existência de sucessor, terá este o prazo de 60 
dias para, substituindo-se ao querelante extinto, assumir o pólo ativo no 
processo penal. 
Como última observação, há que se dizer que o instituto da perempção 
constitui certa incongruência sistemática da lei processual penal. Ao estatuir 
as hipóteses de perempção, a própria lei processual penal acaba por 
desproteger o interesse do querelado no prosseguimento do processo para 
que reste demonstrada sua inocência. Com efeito, se o abandono da causa 
por seu autor, ou se a mera circunstância de ele deixar de requerer a 
condenação do querelado em suas alegações finais são suficientes para 
configurar a extinção da punibilidade do último, torna-se inoperante a 
exigência, relativa ao perdão do querelante, de aceitação por parte do 
querelado. De fato, desejando, o autor da ação penal privada poderá, pela 
via da perempção, fazer valer unilateralmente o “perdão” ao querelado, 
ainda que à revelia deste último, bastando para tanto que abandone a 
causa ou que se omita propositadamente em suas alegações finais, sem 
que possa o querelado agir para evitar o perecimento do processo. 
17. DECADÉNCIA17. DECADÉNCIA17. DECADÉNCIA17. DECADÉNCIA 
Prevista no art. 107, IV, do Código Penal como causa extintiva da 
punibilidade, a decadência consiste na perda do direito de ação (privada) 
ou do direito de representação, pelo não-exercício dentro do prazo legal. O 
instituto é disciplinado indistintamente, sendo as disposições a ele atinentes 
aplicáveis tanto nas hipóteses de ação privada (exclusiva ou subsidiária) 
quanto nos casos de ação pública condicionada, no que tange ao direito de 
representação. 
A regra geral, estatuída no art. 103 do Código Penal e no art. 38 do 
Código de Processo Penal, estabelece o prazo de 6 meses para que o 
ofendido ou seu representante legal exerça o direito de queixa ou de 
representação. O termo a quo do prazo decadencial é o dia em que o titular 
do direito de queixa ou de representação venha a saber quem foi o autor do 
crime (nos casos de ação privada exclusiva e ação pública condicionada), 
ou do dia em que se esgotar o prazo legal para que o Ministério Público 
ofereça a denúncia (nas hipóteses de ação privada subsidiária da pública). 
Há, ainda, casos especiais, para os quais a lei fixa prazos diversos: 
a) crime contra o casamento, consistente no induzimento a erro 
essencial e ocultação de impedimento: o prazo será de 6 meses, porém seu 
termo a quo será a data em que transitar em julgado a sentença que, por 
motivo de erro ou impedimento, anular o casamento (art. 236, parágrafo 
único, do Código Penal); 
b) crimes contra a propriedade imaterial sujeitos a ação privada 
exclusiva: o prazo será de 30 dias, contados da homologação do laudo (art. 
529, caput, do Código de Processo Penal). 
Diz-se que o prazo decadencial é fatal e improrrogável, isto é, não 
poderá ser prorrogado sequer na hipótese em que seu dies ad quem seja 
dia não útil. Sua contagem faz-se de acordo com a regra do art. 10 do 
Código Penal, computando-se o dia do início. 
Ademais, o prazo decadencial não poderá ser interrompido ou 
suspenso. É relevante, nesse sentido, a observação de Tourinho Filho de 
que a notitia criminis dirigida à autoridade policial, ou a instauração de 
inquérito, em nada atinge o curso do prazo decadencial. Com efeito, deve o 
querelante prever a necessidade de que o inquérito referente ao crime 
sujeito à ação privada seja iniciado e concluído dentro do prazo de 6 meses 
(ou aos prazos alternativos previstos em lei, conforme o caso), não 
cabendo, posteriormente, devolução do prazo sob a alegação de que o 
inquérito policial não estava ainda concluído quando do decurso do prazo 
decadencial. 
Considera-se exercido o direito de queixa quando da distribuição do 
feito, e não da data do despacho que determina o recebimento da peça 
inicial. 
Finalmente, há que se destacar a forma de contagem do prazo em 
alguns casos específicos: 
a) no crime continuado, o prazo será apreciado em relação a cada 
delito, de forma individualizada; 
b) no crime habitual, o prazo será computado a partir do último ato 
praticado conhecido pelo ofendido; 
c) no crime permanente, conta-se o prazo a partir da ciência, por parte 
da vítima, de quem seja o seu autor, e a partir da data dos fatos posteriores 
a essa ciência, se persistirem os efeitos da infração. 
4 Competência. 4 Competência. 4 Competência. 4 Competência. 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
Coleção OAB 
 JurisdiçãoJurisdiçãoJurisdiçãoJurisdição 
Antes que possamos falar de competência, objeto principal deste 
capítulo, faz-se necessário lembrar alguns aspectos relativos à jurisdição. 
Jurisdição é o poder-dever do Estado de aplicar a norma em abstrato ao 
caso concreto. Só o Estado, na função de Estado-juiz, é detentor do poder 
jurisdicional, por conseqüência, além de um poder, é também um dever, já 
que o monopólio obriga-o a agir quando um conflito lhe é apresentado. 
Em outras palavras, podemos dizer que a jurisdição é o poder de julgar 
um caso concreto, de acordo com o ordenamento jurídico, por meio do 
processo. Lembre-se de que a palavra “jurisdição” vem do latim juris 
(direito) e dictio (dizer), significando então o “poder de dizer o direito”. 
São características do Poder Jurisdicional: 
a. inérciainérciainérciainércia: o órgão jurisdicional não atua sem provocação; deve ser 
provocado por meio de ação; 
b. substitutividadesubstitutividadesubstitutividadesubstitutividade: o órgão jurisdicional atua em nome das partes, 
uma vez que monopoliza a jurisdição; 
c. definitividadedefinitividadedefinitividadedefinitividade: a decisão do processo via de regra é definitiva. 
A jurisdição, como poder do Estado, é una, porém isso não quer dizer 
que apenas um agente seja responsável pelo seu exercício, o que seria 
absolutamente impossível em locais de dimensões continentais como o 
Brasil. Diante disso, a lei distribui a jurisdição entre os diversos órgãos do 
Poder Judiciário. Surge aí, então, a competência. 
CompetênciaCompetênciaCompetênciaCompetência 
Competência é “a medida e o limite da jurisdição, é a delimitação do 
poder jurisdicional” (MIRABETE, 2006, p. 156). É a verdadeira medida da 
extensão do poder de julgar; é a porção de jurisdição que cabe a cada 
órgão do Poder Judiciário, na atividade de aplicar o Direito ao caso 
concreto. 
O tema competência em processo penal carece de sistematização, 
pois suas regras estão espalhadas pela Constituição da República, Código 
de Processo Penal e Leis Especiais, Constituições Estaduais e Leis de 
Organização Judiciária locais. Destarte, não é tarefa fácil buscar uma linha 
de estudo que contemple todas as disposições e resolva os eventuais 
conflitos entre as normas. Trabalha- -remos aqui estabelecendo as regras 
de competência a partir dos três critérios comumente apontados pela 
doutrina. 
Critérios para a fixação de competênciaCritérios para a fixação de competênciaCritérios para a fixação de competênciaCritérios para a fixação de competência 
Pode-se estabelecer e fixar as regras de competência a partir
de três 
aspectos: 
a. em razão da matéria ou natureza da infração penal (ratione 
materiae); 
b. em razão do cargo ou função do acusado (ratione personae); 
c. em razão do local do crime ou da residência do acusado (ratione 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 25 
loci). 
Competência em razão da matéria ou natureza da inCompetência em razão da matéria ou natureza da inCompetência em razão da matéria ou natureza da inCompetência em razão da matéria ou natureza da infrfrfrfraaaaçãoçãoçãoção 
Como forma de chegar à fixação da competência no processo penal, 
podemos definir, em um primeiro momento, o Juízo competente para julgar 
o caso concreto, em razão da natureza da infração penal. Determinadas 
matérias foram eleitas pelo constituinte para serem julgadas por justiças 
especializadas, isto é, por justiças criadas para julgar apenas certas 
modalidades de infração. As matérias restantes cabem à Justiça Comum. 
São justiças especiaisjustiças especiaisjustiças especiaisjustiças especiais: 
1) Justiça EleitoralJustiça EleitoralJustiça EleitoralJustiça Eleitoral (arts. 118 a 121 da CF e Lei n. 4.737/65), 
competente para julgar infrações penais eleitorais e as conexas a elas. 
Exemplo: votar em lugar de outrem (art. 309 da Lei n. 4.737/65) e corrupção 
ativa (art. 333 do CP). 
Em virtude da regra de conexão exposta, na qual a competência da 
Justiça Eleitoral atrai as infrações que tenham sido praticadas vinculadas a 
um crime eleitoral, surgiu controvérsia a respeito de como proceder caso 
exista conexão entre um crime eleitoral e um crime doloso contra a vida, o 
qual, como se sabe, deve ser julgado pelo Tribunal do Júri. A posição 
amplamente majoritária sustenta que não deve operar a reunião de 
processos neste caso, pois a competência de cada órgão está prevista na 
Constituição Federal, não havendo razão para a Justiça Eleitoral se 
sobrepor ao Júri. Assim, o crime eleitoral será julgado pela Justiça Especial 
e o crime doloso contra a vida, pelo seu juiz natural, o Júri. 
2) Justiça MilitarJustiça MilitarJustiça MilitarJustiça Militar (art. 124 da CF), competente para julgar crimes 
militares, assim definidos em lei, mais precisamente no art. 90 do Código 
Penal Militar (Decreto-Lei n. 1.001/69). Não julga ela os crimes conexos. 
A doutrina costuma dividir os crimes militares em propriamente 
militares e impropriamente militares. Antonio Scarance Fernandes (2007, p. 
159), citando Jorge Alberto Romeiro, esclarece que “(...) crime 
propriamente militar, cujas raízes remontam ao direito romano, é aquele 
“que só por militar poderia ser praticado, pois consiste 
na violação de deveres restritos, que lhe são próprios”, sendo 
identificado por dois elementos: a qualidade do agente (militar) e a natureza 
da conduta (prática funcional). São os crimes considerados impropriamente 
militares quando, apesar de “comuns em sua natureza, cuja prática é 
possível a qualquer cidadão (civil ou militar)”, passam a ser considerados 
militares porque praticados “por militar em certas condições”. Enquadram-
se aí, também os crimes militares praticados por civis”. 
A Justiça Militar Federal, competente para o julgamento de membros 
das Forças Armadas, pode julgar também o civil, quando, por exemplo, ele 
praticar crime contra as instituições militares. Já a Justiça Militar Estadual, 
destinada a julgar os membros das Polícias Militares dos Estados, só julga 
militar, por força da redação do art. 125, § 4º, da Constituição da República. 
No que tange à Justiça Militar, é essencial lembrar-se que os crimes 
dolosos contra a vida cometidos contra civil serão da competência da 
Justiça Comum, ou seja, do Tribunal do Júri, segundo a nova redação do já 
mencionado art. 125, § 4º, da Constituição da República, bem como do art. 
82, caput, do Código de Processo Penal Militar. 
Da mesma forma, se o militar está de folga ou pratica crime comum, 
seu julgamento fica afeito à Justiça Comum, como ocorre com o crime de 
abuso de autoridade (Lei n. 4.898/65), que não é julgado pela Justiça 
Militar, conforme orientação do STJ, exposta na Súmula 172: “Compete à 
Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, 
ainda que praticado em serviço”. 
São justiças comuns:justiças comuns:justiças comuns:justiças comuns: 
1) Justiça FederalJustiça FederalJustiça FederalJustiça Federal (art. 109, IV, da CF), competente para julgar: 
a. Crimes políticosCrimes políticosCrimes políticosCrimes políticos. 
Entendem-se por crimes políticos aqueles de motivação política e 
contra a estrutura política do Estado. Sustenta-se que estão descritos na 
Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170/83); 
b. Infrações penaisInfrações penaisInfrações penaisInfrações penais praticadas em detrimento de bens, servpraticadas em detrimento de bens, servpraticadas em detrimento de bens, servpraticadas em detrimento de bens, serviiiiços ou ços ou ços ou ços ou 
interesse da União, suas entidades autárquicas ou empreinteresse da União, suas entidades autárquicas ou empreinteresse da União, suas entidades autárquicas ou empreinteresse da União, suas entidades autárquicas ou empresas sas sas sas 
públicas, epúblicas, epúblicas, epúblicas, exxxxcluídas as contravenções.cluídas as contravenções.cluídas as contravenções.cluídas as contravenções. 
Como se vê, crimes praticados tendo como vítima a União ou órgãos 
de administração indireta a ela ligados levam a competência para a Justiça 
Federal, o que não poderia ser diferente. Assim, se, por exemplo, é 
praticado um crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do 
CP), em que o agente se apropria indevidamente de verba destinada a 
entidade autárquica da União, o INSS, a competência é da Justiça Federal. 
Sustenta-se também que um crime que venha a ser praticado contra 
um funcionário público federal, no exercício de suas funções, leva a 
competência para a Justiça Federal, já que, na verdade, afronta-se o 
serviço da União ou de suas entidades. E esse o teor da Súmula 147 do 
STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados 
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da 
função”. 
Alguns apontamentos são necessários aqui. Se o crime for praticado 
em detrimento de Sociedade de Economia Mista, a competência será da 
Justiça Estadual, pois a Constituição da República não se referiu a ela. É 
esse o entendimento expresso na Súmula 42 do STJ: “Compete à Justiça 
Comum Estadual processar e julgar causas cíveis em que é parte 
sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento”. A 
prática de crime contra a Petrobrás e o Banco do Brasil, por exemplo, deve 
ser julgada pela Justiça Comum Estadual. 
Ressalte-se que as contravenções penais também não são julgadas 
pela Justiça Federal, por expressa ressalva da Constituição da República. 
Destarte, se uma contravenção for praticada de modo a se justificar a 
competência da Justiça Federal, a regra não irá se concretizar, restando o 
julgamento à Justiça Estadual, nos termos da Súmula 38 do STJ: “Compete 
à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o 
processo por contravenção penal, ainda que praticado em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades”. 
c.c.c.c. Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, 
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter o-
corrido no estrangeiro, ou reciprocamente. 
São os chamados crimes a distância, cuja ação ou omissão se dá em 
um país e o resultado em outro, ou devesse se dar em outro. Se a previsão 
estiver em tratado ou convenção em que o Brasil seja parte, a competência 
é da Justiça Federal. A título de exemplo,
pode-se mencionar o tráfico 
internacional de drogas, que, por força da Convenção de Viena, 
promulgada no Brasil pelo Decreto n. 154/91, é da competência da Justiça 
Federal. Hoje, outra norma reforça tal regra: o art. 70 da Lei n. 11.343/2006 
(Lei de Drogas). 
d. Casos de grave violação de direitos humanosCasos de grave violação de direitos humanosCasos de grave violação de direitos humanosCasos de grave violação de direitos humanos, se houver , se houver , se houver , se houver 
nnnneeeecessidade de assegurar o cumprimento de obrigações cessidade de assegurar o cumprimento de obrigações cessidade de assegurar o cumprimento de obrigações cessidade de assegurar o cumprimento de obrigações 
decodecodecodecorrrrrentes de tratados internacionais sobre direitos hrentes de tratados internacionais sobre direitos hrentes de tratados internacionais sobre direitos hrentes de tratados internacionais sobre direitos huuuumanos dos manos dos manos dos manos dos 
quais o Brasil faça parte.quais o Brasil faça parte.quais o Brasil faça parte.quais o Brasil faça parte. 
Inserido pela Emenda Constitucional n. 45/2004, não há definição legal 
do que seja “grave violação de direitos humanos”. A título de exemplo, 
pode-se mencionar o crime de genocídio. Se o procedimento foi iniciado na 
Justiça Estadual, o procurador-geral da República deverá suscitar o 
deslocamento de competência ao Superior Tribunal de Justiça. 
e. CrimesCrimesCrimesCrimes contra a organização do trabalho.contra a organização do trabalho.contra a organização do trabalho.contra a organização do trabalho. 
Entende-se que, para fixar a competência da Justiça Federal neste 
caso, os crimes devem ser contra a organização geral do trabalho ou os 
direitos dos trabalhadores, coletivamente considerados. 
f. Crimes contra o sistema fCrimes contra o sistema fCrimes contra o sistema fCrimes contra o sistema financeiro e a ordem econômicoinanceiro e a ordem econômicoinanceiro e a ordem econômicoinanceiro e a ordem econômico----
financeira, quando determinados em lei.financeira, quando determinados em lei.financeira, quando determinados em lei.financeira, quando determinados em lei. 
Não basta que sejam crimes dessa natureza; é preciso que exista 
previsão legal, no sentido de estabelecer a competência da Justiça 
Federal. É o que ocorre com os crimes descritos nos arts. 20 a 23 da 
Lei n. 7.492/86 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional), por força do 
seu art. 26, caput. 
g. Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressaCrimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressaCrimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressaCrimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressallllvada a vada a vada a vada a 
competência da Justiça Militar.competência da Justiça Militar.competência da Justiça Militar.competência da Justiça Militar. 
Note-se que a Constituição da República se refere a “navios”, que 
devem ser entendidos como “as embarcações de grande cabotagem, 
autorizados e aptos a realizar viagens internacionais” (TOURINHO FILHO, 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 26 
2005, p. 244). Afasta-se, assim, a competência federal quando o crime 
ocorrer no interior de pequenas embarcações. Quanto às aeronaves, já 
decidiu o STJ que a expressão “a bordo” subsiste, mesmo que a aeronave 
esteja pousada (CC 19794-SP). É também o posicionamento de Antonio 
Scarance Fernandes (2007, p. 178). 
h. Crimes de ingresso e permanência irregular deCrimes de ingresso e permanência irregular deCrimes de ingresso e permanência irregular deCrimes de ingresso e permanência irregular de estrangeiro.estrangeiro.estrangeiro.estrangeiro. 
Tais crimes estão definidos no art. 125 da Lei n. 6.815/80. 
Registre-se, por fim, o teor da Súmula 142 do STJ: “Compete à Justiça 
Comum Estadual processar e julgar crimes em que o indígena figure como 
autor ou vítima”. 
2) Justiça EstadualJustiça EstadualJustiça EstadualJustiça Estadual (art. 125 da CF), competente para julgar tudo que 
não for da competência das jurisdições especiais e da comum federal. Sua 
competência é residual. 
Duas observações para encerrar a competência das Justiças 
Comuns: 
a. os crimes dolosos contra a vida são de competência do Tribunal 
do Júri, prevista no inciso XXXVIII, d, do art. 50 da Constituição da 
República. O Júri poderá ser da jurisdição comum estadual ou federal, 
dependendo do caso. Um homicídio a bordo de uma aeronave, por 
exemplo, leva o julgamento ao Tribunal Popular Federal; 
b. os Juizados Especiais Criminais são competentes para julgar as 
infrações de menor potencial ofensivo, ou seja, aquelas que tenham pena 
máxima não superior a dois anos (art. 61 da Lei n. 9.099/95). Podem eles 
também ser da esfera federal ou da esfera estadual. 
Se uma infração da competência dos Juizados Especiais Criminais for 
praticada em conexão com uma infração grave, de competência da Vara 
Criminal ou do Júri, esta deverá julgar as duas infrações, aplicando-se, 
quando cabíveis, os institutos da composição civil e da transação penal à 
infração de menor potencial ofensivo. É o que dispõe o art. 60, parágrafo 
único, da Lei n. 9.099/95, “na reunião de processos, perante o juízo comum 
ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e 
continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da 
composição dos danos civis”. Exemplo: roubo conexo com ameaça é 
julgado pela Vara Criminal, mas se aplicam os institutos despenalizadores 
para o crime de ameaça (alteração efetuada pela Lei n. 11.313/2006). 
Competência em razão do cargo ou função do acCompetência em razão do cargo ou função do acCompetência em razão do cargo ou função do acCompetência em razão do cargo ou função do acuuuussssa-a-a-a-
dodododo 
Comumente chamada de competência em razão da pessoa, na 
verdade não é fixada levando em conta os atributos pessoais do acusado, e 
sim o cargo ou a função que ele ocupa. Justifica-se tal regra pela relevância 
do cargo ou função, que eleva o julgamento das infrações penais às 
instâncias superiores, retirando-o da esfera de competência dos juízes de 
primeiro grau. É o chamado foro por prerrogativa de função, ou, como 
muitos denominam, foro privilegiado. Anote-se que boa parte da doutrina 
tem por inconstitucional esta espécie de competência, por ofender o 
princípio da igualdade. 
Enumerar-se-á a seguir a competência por prerrogativa de função para 
o julgamento de infrações penais comuns, deixando-se de cuidar dos 
chamados crimes de responsabilidade, que são, na verdade, infrações 
político-administrativas. 
A divisão de competência sob esse critério, então, dá-se da seguinte 
forma: 
a. Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, b b b b eeee c, c, c, c, da CF)da CF)da CF)da CF): presidente da 
República, vice-presidente, deputados federais, senadores, seus 
próprios ministros, procurador-geral da República, advogado-geral 
da União, ministros de Estado, comandantes das Forças Armadas, 
ministros dos Tribunais Superiores, membros do Tribunal de 
Contas da União, chefes de missão diplomática de caráter 
permanente; 
b. Superior Tribunal de Justiça (ad. 105, I, a, da CF)Superior Tribunal de Justiça (ad. 105, I, a, da CF)Superior Tribunal de Justiça (ad. 105, I, a, da CF)Superior Tribunal de Justiça (ad. 105, I, a, da CF): governadores 
dos Estados e do Distrito Federal, desembargadores dos Tribunais 
de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, membros dos 
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, membros 
do Tribunal Regional Federal, membros dos Tribunais Regionais 
Eleitorais e do Trabalho, membros
dos Conselhos ou Tribunais de 
Contas dos Municípios, membros do Ministério Público da União 
que oficiem perante os Tribunais; 
c. Superior Tribunal Militar (ad. 60, I, a, da Lei n. 8.457/92)Superior Tribunal Militar (ad. 60, I, a, da Lei n. 8.457/92)Superior Tribunal Militar (ad. 60, I, a, da Lei n. 8.457/92)Superior Tribunal Militar (ad. 60, I, a, da Lei n. 8.457/92): nos 
crimes militares, os oficiais generais das Forças Armadas; 
d. Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, da CF)Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, da CF)Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, da CF)Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, da CF): juízes federais, 
juízes do Trabalho, juízes auditores da Justiça Militar, membros do 
Ministério Público Federal que oficiem em Primeira Instância; 
e. Tribunais Regionais Eleitorais (art. 29, I, Tribunais Regionais Eleitorais (art. 29, I, Tribunais Regionais Eleitorais (art. 29, I, Tribunais Regionais Eleitorais (art. 29, I, d, d, d, d, da Lei n. 4.737/65)da Lei n. 4.737/65)da Lei n. 4.737/65)da Lei n. 4.737/65): nos 
crimes eleitorais e a eles conexos, juízes e promotores de justiça 
eleitorais; 
f. Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal (art. 29, X; Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal (art. 29, X; Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal (art. 29, X; Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal (art. 29, X; 
ad. 96, III, da CF)ad. 96, III, da CF)ad. 96, III, da CF)ad. 96, III, da CF): prefeitos, juízes estaduais, membros do 
Ministério Público Estadual. 
Em relação aos prefeitos, cumpre esclarecer que, muito embora a 
Constituição da República se refira ao Tribunal de Justiça como órgão 
competente para seu julgamento, eles poderão ser julgados por outros 
Tribunais, desde que respeitadas a Instância e a matéria. Destarte, se 
forem acusados da prática de crimes de competência da Justiça Federal, o 
julgamento ocorrerá perante o TRF de sua região. Caso sejam acusados da 
prática de crime eleitoral, a competência desloca-se para o Tribunal 
Regional Eleitoral. É o que estabelece a Súmula 702 do STF: “A 
competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos 
crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a 
competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau”. 
Por força de autorização concedida pelo art. 125, § 1º, da Constituição 
da República, as Constituições dos Estados podem determinar a 
competência para processar e julgar perante os respectivos Tribunais de 
Justiça outros cargos, observando-se os princípios constitucionais, 
notadamente a simetria entre os cargos ou funções. 
A título de ilustração, a Constituição do Estado de São Paulo estabele-
ce, em seu art. 74, I e II, que é da competência do Tribunal de Justiça o 
julgamento: do vice-governador, dos secretários de estado, dos deputados 
estaduais, do procurador-geral de justiça, do procurador-geral do estado, 
do defensor público geral, dos juízes do Tribunal de Justiça Militar, dos 
juizes de direito da Justiça Militar, do delegado-geral da Polícia Civil e do 
comandante-geral da Polícia Militar. 
A Constituição do Estado do Piauí, por seu turno, contempla o 
julgamento pelo Tribunal de Justiça dos vice-prefeitos e dos vereadores 
(art. 123, III, d, I), além dos procuradores do estado e dos defensores 
públicos (art. 123, III, d, 3). 
Quanto ao cargo de delegado de polícia, a atribuição de foro por 
prerrogativa de função tem sido rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal, 
conforme decisão proferida pelo Pleno na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade n. 2.587-2, que considerou inconstitucional a norma 
do Estado de Goiás que conferia ao Tribunal de Justiça a competência para 
julgamento dos ocupantes da carreira. 
Os detentores de julgamento originário nos Tribunais de Justiça, se 
cometerem crime em outro Estado da Federação, deverão ser julgados no 
Estado ao qual estão vinculados. Assim, se um juiz de direito do Estado de 
São Paulo cometer um crime no Estado do Mato Grosso, seu julgamento 
será realizado perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 
Para finalizar o tema, cumpre fazer algumas observações a respeito de 
questões controvertidas. 
O julgamento de quem tem foro por prerrogativa de função e é acusado 
de cometer crime doloso contra a vida ocorre perante o Tribunal 
competente e não perante o Tribunal do Júri, se a prerrogativa estiver 
prevista na Constituição da República. Se, contudo, a competência em 
razão da pessoa estiver definida em Constituição Estadual (deputados 
estaduais em São Paulo, por exemplo), prevalece a competência do 
Tribunal do Júri, pois prevista na Lei Maior. É o que estabelece a Súmula 
721 do STF: “A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece 
sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela 
Constituição Estadual”. 
Havendo concurso de agentes entre pessoas que detêm a prerrogativa 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 27 
de função e pessoas que não gozam de tal prerrogativa, o julgamento será 
perante o Tribunal competente, conforme a Súmula 704 do STF: “Não viola 
as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal, a 
atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por 
prerrogativa de função de um dos denunciados”. 
No que tange à aplicabilidade das regras de prerrogativa de função em 
razão do exercício do cargo ou função, tem-se hoje que, cessado tal 
exercício por término do mandato ou qualquer outro motivo, cessa também 
a competência do Tribunal respectivo. 
Por fim, se no processo que versa sobre crime de calúnia o querelante 
gozar de prerrogativa de função e for oposta exceção da verdade, ela deve 
ser julgada pelo Tribunal competente, para que não haja ofensa às regras 
de competência. Por exemplo: um juiz de direito se sente caluniado e 
promove a ação penal contra o ofensor em Primeira Instância. O querelado 
opõe exceção da verdade. Ela deve ser julgada pelo Tribunal de Justiça 
(foro competente para julgar o magistrado), retornando os autos à Primeira 
Instância, após o julgamento. 
Competência em razão do lugarCompetência em razão do lugarCompetência em razão do lugarCompetência em razão do lugar 
Após verificar as regras de competência que levam em conta a 
natureza da infração e a qualidade do cargo que determinadas pessoas 
ocupam, cumpre estabelecer como se fixa o foro competente para 
julgamento, levando em consideração o lugar em que se deu o crime ou em 
que reside o acusado. 
Lugar do crimeLugar do crimeLugar do crimeLugar do crime 
As regras estampadas no art. 70 do Código de Processo Penal 
estabelecem que a competência será fixada: 
a. Pelo lugar em que se conPelo lugar em que se conPelo lugar em que se conPelo lugar em que se consumar a infração (ad. 70, sumar a infração (ad. 70, sumar a infração (ad. 70, sumar a infração (ad. 70, caput, caput, caput, caput, prprprpriiiimeira meira meira meira 
parte, do CPP).parte, do CPP).parte, do CPP).parte, do CPP). 
Adotou nosso Código de Processo a teoria do resultado quanto à 
competência pelo lugar da infração. É a consumação que dita o local onde 
determinada infração deve ser processada. Nos termos do art. 14, I, do 
Código Penal, diz-se consumado o crime “quando nele se reúnem todos os 
elementos de sua definição legal”. Por exemplo, no crime de estupro, se o 
agente abordou a vítima em uma cidade e levou-a até outra, onde praticou 
a conjunção carnal, será esta última a competente para julgamento, pois foi 
onde se deu a consumação. 
Em relação às infrações de menor potencial ofensivo, cujo julgamento 
está a cargo dos Juizados Especiais Criminais,
estabelece a Lei n. 
9.099/95, em seu art. 63, que “a competência do Juizado será determinada 
pelo lugar em que foi praticada a infração penal”. Divide-se a doutrina na 
interpretação do termo “praticada”, adotando-se posicionamentos no 
sentido de ser o local da ação ou omissão, da consumação (ou resultado) 
ou, ainda, de ambos. 
Alguns crimes, pelas suas peculiaridades, podem suscitar alguma 
dúvida quanto ao momento consumativo, por isso a jurisprudência cuidou 
de sedimentar algumas regras: 
1) No crime de homicídio (art. 121 do CP), a consumação se dá, 
obviamente, no momento da morte. Na hipótese de ser a vítima alvejada 
em uma cidade e conduzida ao hospital de outra cidade e ali morrer, adota 
a jurisprudência a regra de que o foro competente é o do local da ação, ou 
seja, onde foi atingida a vítima. Tal regra se justifica pelas melhores 
condições de colheita da prova no local dos fatos, tendo em vista o 
julgamento pelo Tribunal do Júri. 
2) No crime de estelionato pela emissão de cheque sem fundos 
(art. 171, § 2º, VI, do CP), o foro competente será o do local onde houve a 
recusa no pagamento, pois aí é que se consuma a infração. Se, por 
exemplo, alguém que tem conta corrente em Porto Alegre emite um cheque 
sem provisão de fundos em Florianópolis, o processo deverá ser instaurado 
em Porto Alegre, local onde está estabelecido o banco (Súmula 521 do STF 
e Súmula 244 do STJ). 
3) No crime de estelionato mediante falsificação de cheque (art. 
171, caput, do CP), será competente o foro do local onde houve vantagem, 
isto é, onde o cheque foi transmitido, pois é com a vantagem em prejuízo 
alheio que se consuma o crime de estelionato simples. Exemplificando: 
uma pessoa falsifica a assinatura do verdadeiro correntista de uma conta 
localizada em Manaus e paga uma compra com o referido cheque na 
cidade de Belém. A ação deverá ter curso nesta última, pois foi aí que se 
consumou o crime. 
4) No crime de falso testemunho prestado em carta precatória (art. 
342 do CP), a competência será do Juízo deprecado, pois ali se consumou 
a infração. 
b. No caso de tentativa, será o local onde se praticou o No caso de tentativa, será o local onde se praticou o No caso de tentativa, será o local onde se praticou o No caso de tentativa, será o local onde se praticou o último ato de último ato de último ato de último ato de 
execução (art. 70, execução (art. 70, execução (art. 70, execução (art. 70, caput, caput, caput, caput, segunda parte, do CPP).segunda parte, do CPP).segunda parte, do CPP).segunda parte, do CPP). 
Como na tentativa o iter criminis é interrompido antes de se chegar à 
consumação do delito, foi preciso prever regra para fixar a competência 
neste caso. Adotou-se regra lógica: o local onde se interrompeu a execução 
será o competente para o julgamento da infração. 
c. Em caso de crime iniciado no Brasil e consumado fora dele, será Em caso de crime iniciado no Brasil e consumado fora dele, será Em caso de crime iniciado no Brasil e consumado fora dele, será Em caso de crime iniciado no Brasil e consumado fora dele, será 
competente o local onde foi praticado o último ato de competente o local onde foi praticado o último ato de competente o local onde foi praticado o último ato de competente o local onde foi praticado o último ato de eeeexecução, xecução, xecução, xecução, 
dentro do território nacional (art. 70, § 1º, do CPdentro do território nacional (art. 70, § 1º, do CPdentro do território nacional (art. 70, § 1º, do CPdentro do território nacional (art. 70, § 1º, do CPP).P).P).P). 
Seguindo o mesmo raciocínio da hipótese da tentativa, o legislador 
fixou a competência do local onde aconteceu o último ato de execução 
dentro do Brasil para julgamento dos crimes que ultrapassem a fronteira, 
chamados “crimes a distância”. 
d. Caso o úCaso o úCaso o úCaso o último ato de execução tenha sido realizado fora do Brasil, ltimo ato de execução tenha sido realizado fora do Brasil, ltimo ato de execução tenha sido realizado fora do Brasil, ltimo ato de execução tenha sido realizado fora do Brasil, 
será competente o foro do local em que o crime, embserá competente o foro do local em que o crime, embserá competente o foro do local em que o crime, embserá competente o foro do local em que o crime, emboooora ra ra ra 
parcialmente, tenha produzido ou deveria produzir seu rparcialmente, tenha produzido ou deveria produzir seu rparcialmente, tenha produzido ou deveria produzir seu rparcialmente, tenha produzido ou deveria produzir seu reeeesultado sultado sultado sultado 
(ad. 70, § 2º, do CPP).(ad. 70, § 2º, do CPP).(ad. 70, § 2º, do CPP).(ad. 70, § 2º, do CPP). 
É a hipótese inversa da anterior. Aqui, iniciou-se a execução do crime 
no exterior, tendo sido o resultado apenas parcialmente produzido no Brasil. 
Competente será o foro deste local, ou do local onde deveria ter sido 
produzido tal resultado, caso nem mesmo uma parcela dele tenha ocorrido 
em território nacional. Pode ser necessário, diante do caso que se 
apresenta, estabelecer qual comarca é a competente para julgar a infração, 
tendo em vista que duas ou mais se mostram, em princípio, como 
competentes. Utiliza-se, então, o instituto da prevenção, que, nos termos do 
art. 83 do Código de Processo Penal, ocorre “toda vez que, concorrendo 
dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, 
um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo 
ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da 
denúncia ou da queixa”. 
Assim, havendo duas ou mais comarcas igualmente competentes para 
o julgamento de uma causa, o juiz daquela que praticar qualquer ato 
processual ou pré-processual, como a determinação de busca e apreensão, 
por exemplo, tornar-se-á prevento. 
Fixa-se a competência pela prevenção quando: 
a. o crime ocorrer na divisa entre comarcas ou se for incerto o limite 
entre elas (art. 70, § 3º, do CPP); 
b. em caso de crime continuado ou permanente, eles atravessem 
duas ou mais jurisdições (art. 71 do CPP). 
Lugar do domicílio do acusado 
Não sendo conhecido o lugar da infração, competente será o lugar do 
domicílio do réu (art. 72, caput, do CPP). Note-se que tal regra tem lugar 
apenas quando não se consegue apurar onde o crime aconteceu; é regra 
subsidiária, portanto. Exemplificando: a bagagem de uma pessoa é furtada 
do bagageiro de um ônibus que vai de Belo Horizonte a Salvador, sem que 
se consiga determinar onde o furto ocorreu. Identificando-se porventura o 
provável autor do delito, será competente o foro de seu domicílio. 
Se o réu tiver mais de um domicílio, será fixada a competência pela 
prevenção (art. 72, § 1º, do CPP). Se não tiver residência certa ou for 
ignorado seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar 
conhecimento do fato (art. 72, § 2º, do CPP). Neste caso, não se trata de 
prevenção, pois não se têm, em princípio, comarcas igualmente 
competentes concorrendo para a apreciação da causa. 
No caso de ação exclusiva privada, o querelante pode preferir 
promover a ação no foro de domicílio do réu, ainda que conhecido o local 
da infração (art. 73 do CPP). 
No processo dos crimes praticados fora do território brasileiro, em que 
deva ser aplicada a lei penal brasileira, será competente o Juízo da Capital 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 28 
do Estado onde houver por último residido o acusado. Se nunca residiu no 
Brasil, será competente a Capital da República (art. 88 do CPP). 
Os crimes cometidos a bordo de embarcação em águas territoriais 
brasileiras, bem como a bordo de embarcação nacional em alto-mar, serão 
julgados pela Justiça do primeiro porto em que tocar a embarcação após o 
crime ou
pela do último que tiver tocado, quando se afastar do País (art. 89 
do CPP). Da mesma forma, os crimes cometidos a bordo de aeronaves em 
espaço aéreo brasileiro, bem como a bordo de aeronave nacional em alto-
mar, serão julgados pela Justiça da comarca onde se der o pouso após o 
crime ou pela Justiça da comarca de onde houver partido a aeronave (art. 
90 do CPP). Se incertas e se não se determinar pelas duas hipóteses 
anteriores, a competência será firmada pela prevenção (art. 91 do CPP). 
Conexão e continênciaConexão e continênciaConexão e continênciaConexão e continência 
São causas de alteração da competência, em virtude da relação 
existente entre duas condutas, que fazem que estas sejam reunidas em um 
só processo perante um só Juízo, chamado de Juízo prevalente. 
ConexãoConexãoConexãoConexão 
Para haver conexão, deve existir um vinculo entre duas ou mais 
infrações penais. Ocorre quando duas ou mais infrações entrelaçadas 
apresentam nexo entre si. São espécies de conexão: 
1. Conexão intersubjetiva (art. 76, I, do CPP): as infrações 
encontram-se unidas pelos sujeitos, isto é, por terem sido 
praticadas por duas ou mais pessoas. Pode ser: 
a. por simultaneidade: duas ou mais infrações são praticadas ao 
mesmo tempo, por várias pessoas reunidas ocasionalmente. 
Exemplo: pessoas que saqueiam, ao mesmo tempo, loja de 
eletrodomésticos (vários crimes de furto); 
b. por concurso: duas ou mais infrações são praticadas por pessoas 
em concurso (com liame subjetivo), ainda que em tempos e locais 
diversos. Exemplo: vários agentes, membros de facção criminosa, 
planejam e praticam homicídios, roubos, incêndios em várias 
localidades e tempos diversos; 
c. por reciprocidade: duas ou mais infrações são praticadas por 
agentes uns contra os outros. Exemplo: lesões corporais 
recíprocas. 
2) Conexão objetiva (art. 76, II, do CPP): as infrações encontram-se 
unidas objetivamente, ou seja, pela própria ligação existente entre 
uma e outra, e não em razão dos sujeitos que as praticam. Pode 
ser: 
a. teleológica: uma infração penal é praticada para assegurar a 
execução de outra. Exemplo: matar o segurança para estuprar a 
mulher; 
b. seqüencial: uma infração é praticada para assegurar a: 
• ocultação de outra. Exemplo: incêndio para impedir a descoberta 
de uma falsificação de documento; 
• impunidade de outra. Exemplo: matar testemunha de crime 
anterior; 
• vantagem de outra. Exemplo: matar cúmplice para ficar com todo o 
produto do roubo. 
3) Conexão probatória/instrumental (art. 76, III, do CPP): ocorre 
quando a prova de uma infração influi na prova de outra. Exemplo: 
prova do crime de furto em relação ao de receptação. 
Continência (art. 77 do CPP) 
Dá-se quando uma causa está contida na outra, de tal forma que não 
se pode separá-las. Pode ser: 
a. por cumulação subjetiva (art. 77, 1, do CPP): ocorre quando duas 
ou mais pessoas praticam em concurso uma mesma infração. E a 
co-autoria ou participação em um único crime. Exemplo: três 
pessoas que praticam um roubo a banco em concurso; 
b. por cumulação objetiva (ad. 77, II, do CPP): ocorre em todas as 
hipóteses de concurso formal (art. 70 do CP), incluindo aberratio 
ictus (art. 70 do CP) e aberratio criminis (art. 74 do CP). Exemplo: 
agente atira visando a determinada pessoa, acerta-a, mas também 
fere outras duas. 
Foro prevalenteForo prevalenteForo prevalenteForo prevalente 
Quando houver alteração de competência em razão da conexão ou 
continência, como dito, as causas serão reunidas em um só processo. Será 
preciso, então, saber qual é o foro competente para julga-lo. O Código de 
Processo Penal traz as regras em seu art. 78: 
a. no concurso entre Júri e outro órgão da jurisdição comum, 
prevalece a competência do Júri. Exemplo: homicídio e estupro 
conexos são julgados pelo Tribunal do Júri; 
b. no concurso entre jurisdições da mesma categoria, prevalece: 
• a do lugar da infração de pena mais grave. Exemplo: furto e roubo, 
prevalece a do local do roubo pela pena maior (quatro a dez anos 
de reclusão, contra um a quatro anos de reclusão do furto); 
• se de igual gravidade, a do lugar em que houver ocorrido o maior 
número de infrações. Exemplo: um agente furta de uma loja na 
cidade de São Paulo, de uma vez, três automóveis. Estes são 
distribuídos a três receptadores diferentes na cidade do Rio de 
Janeiro. O foro prevalente será o do Rio de Janeiro, em virtude de 
lá terem ocorrido três crimes; 
• a prevenção, se penas idênticas e em igual número. Exemplo: um 
único furto e uma única receptação. 
c. no concurso entre jurisdições de categorias diversas, prevalece a 
de maior graduação, como já estudado anteriormente. Exemplo: 
prefeito agindo em concurso com outras pessoas, todos serão 
julgados pelo Tribunal correspondente; 
d. no concurso entre jurisdição comum e especial, prevalece a 
especial. Exemplo: crime eleitoral e corrupção ativa serão julgados 
pela Justiça Eleitoral. Se, todavia, ambas as definições de 
competência estiverem previstas na Constituição da República, 
como acontece com a Justiça Eleitoral e o Tribunal do Júri, o 
entendimento majoritário é o de que deve haver separação de 
processos; 
e. no concurso entre Justiça Federal e Justiça Estadual, prevalece a 
Justiça Federal, regra esta estabelecida não por disposição do 
Código de Processo Penal, e sim por força da Súmula 122, do 
STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento 
unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, 
não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo 
Penal”. 
Estabelece o art. 82 do Código de Processo Penal que, se por qualquer 
motivo estiverem correndo dois processos diferentes, onde deveria haver 
reunião por conexão ou continência, o juiz do foro prevalente deverá avocar 
o outro processo (art. 82 do CPP), ou seja, chamar para a sua jurisdição. 
Separação de processosSeparação de processosSeparação de processosSeparação de processos 
Mesmo sendo hipótese de conexão ou continência, o Código prevê 
casos em que se deva dar a separação dos processos, por impossibilidade 
de ocorrer a reunião ou por conveniência, a critério do legislador. Essa 
separação pode ser obrigatória ou facultativa. 
1. Obrigatória (art. 79 do CPP): 
a. no concurso entre as jurisdições comum e militar; 
b. no concurso entre as jurisdições comum e da infância e juventude; 
c. no caso de superveniência de doença mental a um dos co-réus; 
d. no caso de haver co-réu foragido que não possa ser julgado à 
revelia. Exemplo: suspensão do processo nos termos do art. 366 
do Código de Processo Penal; 
e. se não houver coincidência na escolha de jurados, no caso de dois 
ou mais réus com defensores diversos, no plenário do júri (art. 469 
do CPP). 
2) Facultativa (art. 80 do CPP): 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 29 
a. quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de 
tempo ou lugar diferentes, desde que tal fato possa prejudicar o 
andamento da ação; 
b. em razão do número excessivo de réus; 
c. para não prolongar a prisão provisória de qualquer um dos réus; 
d. por qualquer outro motivo relevante. 
Cumpre anotar ainda que, havendo reunião por conexão ou 
continência, se o juiz ou tribunal proferir sentença absolutória ou 
desclassificar a infração para outra que não seja de sua competência, 
continuará competente para os demais processos (art. 81 do CPP). É o que 
se denomina perpetuatio jurisdictionis. 
Lembre-se de que, conforme já observado anteriormente, no caso de 
conexão entre infração de menor potencial ofensivo e infração grave, a 
competência para julgamento é do Juízo Criminal Comum,
que deve aplicar 
as regras da transação e da composição civil àquela infração, nos termos 
do art. 60, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95. 
Breve análise das provas processo penalBreve análise das provas processo penalBreve análise das provas processo penalBreve análise das provas processo penal 
Rodrigo Vaz Silva 
1111 DA PROVADA PROVADA PROVADA PROVA 
O termo prova origina-se do latim probatio, que significa verificação, 
argumento ou confirmação. Também veio do latim o verbo provar –
 probare – que significa ensaiar, verificar ou confirmar. 
De acordo com Guilherme Nucci (2007, p. 359), existem três sentidos 
para o termo prova: a) ato de provar: é o processo pelo qual se verifica a 
exatidão ou verdade do fato alegado pela parte no processo; b) meio: é o 
instrumento pelo qual se demonstra a verdade de algo; c) resultado da ação 
de provar: é o produto extraído da análise dos instrumentos de prova ofere-
cidos, demonstrando uma verdade daquele fato. 
É importante frisar que a idéia de utilizar o conjunto probatório para en-
contrar “a verdade” resta superada pela doutrina, pois é impossível saber o 
que ocorreu, ou seja, remontar exatamente o que aconteceu no passado. 
As partes utilizam-se das provas para “convencer o Magistrado 
de sua noção de realidade” (NUCCI, 2007, p. 360), e não para mostrar 
precisamente o que ocorreu. 
Aury Lopes Júnior (2009, p. 481) explica que existe um “paradoxo tem-
poral ínsito ao ritual judiciário”, visto que o juiz julga, no presente, um ho-
mem por um fato ocorrido em um passado – às vezes distante – com base 
nas provas colhidas, em um passado menos remoto, e que projetará efeitos 
futuros: a pena. 
Tal “verdade”, observada pelo Magistrado através do processo é limita-
da, e deve respeitar as regras do Ordenamento Jurídico vigente, que res-
tringe o direito à produção da prova em face de direitos que são considera-
dos mais importantes que esse pelo próprio Ordenamento, como o Direito à 
Vida e a Dignidade da Pessoa Humana. 
1.1 Da prova científica1.1 Da prova científica1.1 Da prova científica1.1 Da prova científica 
Com o avanço da tecnologia e sua posterior aplicação no Mundo Jurí-
dico, as partes e o juiz, com o intento de formar sua convicção, deixam de 
depender exclusivamente da prova testemunhal e da confissão, que podem 
ser tendenciosas e não elucidarem corretamente os fatos, podendo, assim, 
utilizarem-se das chamadas “provas periciais”, entre elas o exame de DNA, 
para levar aos autos mais elementos que facilitem a verificação da materia-
lidade e da autoria do suposto delito. 
Carla Castro (2007, p. 19) define a prova científica como “critérios e 
métodos científicos na elaboração e na produção probatória”. Já Aury 
Lopes Júnior (2009, p. 551) afirma que “a perícia subministra fundamentos 
para um conhecimento comum às partes e ao juiz, sobre questões que 
estão fora da órbita do saber ordinário”. 
Portanto, pode-se delimitar que a prova científica é toda prova que foi 
colida e produzida através de métodos técnicos por quem possui o conhe-
cimento específico (perito) para isso, visto que a sua realização extrapola o 
conhecimento exigível do homem comum. 
Importante destacar a função do perito para o Processo, que é analisar 
a prova de maneira científica, portanto, no caso do exame de DNA, cabe ao 
cientista somente afirmar, embasado na análise do material, qual a porcen-
tagem de chance do vestígio analisado pertencer à determinada pessoa, e 
ao Magistrado caberá, além da verificação de licitude e legitimidade da 
prova, a sua aceitação ou não na formação no convencimento do mérito da 
ação, sendo sempre livre para não utilizar a prova científica. 
O artigo 182 do Código de Processo Penal e o artigo 436 do Código de 
Processo Civil são claros em afirmar que o Magistrado não fica adstrito ao 
laudo, podendo utilizá-lo, total ou parcialmente, para formar a sua convic-
ção e embasar a sua decisão. 
Torna-se mais nítida a definição da prova científica quando se observa 
pelo prisma da diferenciação entreobjeto e meio de prova. 
Objeto de prova é o algo que se quer trazer ao processo, é o fato, a a-
firmação, a negativa etc. No caso do exame de DNA, o objeto de prova é se 
o vestígio encontrado é (ou não) do mesmo ser do qual se obteve o materi-
al para a comparação. Carla Castro (2007, p.3) afirma que objeto de prova 
é “o que deve ser provado no processo, podendo ser um fato, coisa, acon-
tecimento ou uma ação ou omissão”. 
Já o meio de prova é a maneira, o método utilizado para trazer a prova 
ao mundo jurídico, para produzir o convencimento que a prova pode ter no 
processo. 
A diferenciação da prova científica em relação às outras provas come-
ça no momento da coleta e da produção da prova, passando pelo meio de 
prova, que é realizado pelo perito, sendo o seu resultado, o objeto de prova, 
levado ao processo após a análise e a obtenção do resultado. Portanto, 
pode-se individualizar a prova científica pelo meio de prova a ser utilizado, 
que depende do trabalho técnico do perito para se ter um resultado fidedig-
no (CASTRO, 2007, p. 32). 
1.2 Da prova ilícita e da prova ilegítima1.2 Da prova ilícita e da prova ilegítima1.2 Da prova ilícita e da prova ilegítima1.2 Da prova ilícita e da prova ilegítima 
Importante tema para a discussão sobre a prova pericial são as provas 
vetadas ou, conforme Aury Lopes Júnior (2009, p. 536), as provas ilegais. A 
Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LVI afirma que “são inadmis-
síveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. 
A prova é considerada ilícita quando, na produção da prova, há viola-
ção de direito material (DEZEM, 2008, p. 121). Pode-se citar como exemplo 
a interceptação judicial sem permissão judicial. Aury Lopes Júnior (2009, p. 
536) afirma que a prova ilícita “é aquela que viola regra de direito material 
ou a Constituição no momento da sua coleta, anterior ou concomitante ao 
processo, mas sempre exterior a esse (fora do processo)”. 
Já a prova ilegítima é obtida quando ocorre violação de regras de direi-
to processual (DEZEM, 2008, p.171). Um exemplo de prova ilegítima se dá 
quando a prova juntada não respeitou o devido prazo processual ou a prova 
não foi submetida ao contraditório. 
Grinover, Scarance e Magalhães (2006, p. 147), demonstram essa dis-
tinção de forma mais clara: “a proibição tem natureza exclusivamente 
processual quando for colocada em função de interesses atinentes à lógica 
e à finalidade do processo; tem, pelo contrário, natureza substancial quan-
do, embora servindo imediatamente também a interesses processuais, é 
colocada essencialmente em função dos direitos que o ordenamento reco-
nhece aos indivíduos, independentemente do processo.” 
Também é possível distinguir as provas ilícitas das ilegítimas pelo mo-
mento de sua ocorrência. A prova ilícita (o fato em si que torna a pro-
va ilícita), de um modo geral, ocorre em momento não-coincidente ao 
processo, fora do processo, podendo ser anterior, inclusive. Já a prova 
ilegítima, como decorre de infração de regra processual, se dá concomitan-
te ao processo (DEZEM, 2008, p. 123). 
Ponto importante sobre as provas ilícitas é a doctrine of the fruits of the 
poisonous tree (pode ser traduzida livremente para o português do Brasil 
como “Teoria dos frutos da Árvore Envenenada”). Teoria que se consolidou 
no direito norte-americano, no caso Silverthorne Lumber Co. Inc. v. Estados 
Unidos, e que afirma que qualquer prova advinda de uma prova ilícita (ou 
seja, quando se chega à outra prova através de uma prova ilícita) também 
será ilícita por derivação. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 30 
Tal teoria se encontra alicerçada no Direito Brasileiro
no artigo 157, §1º 
do Código de Processo Penal: “São também inadmissíveis as provas 
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade 
entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma 
fonte independente das primeiras.” 
Guilherme Dezem (2008, p. 133/137) aponta exceções à teoria, criadas 
pela Suprema Corte dos Estados Unidos da América, que limitam ou afas-
tam a aplicação dessa doutrina, são elas a Teoria da Fonte Independente, a 
Exceção da Descoberta Inevitável e a Teoria do Nexo Causal Atenuado: 
A Teoria da Fonte Independente entende que quando uma prova pos-
sui duas fontes, uma lícita e outra ilícita, a prova derivada deverá ser admi-
tida e considerada. 
O leading case que definiu tal posicionamento foi o caso Murray v. Uni-
ted States (1988), no qual policiais haviam percebido atividade suspeita de 
tráfico de drogas em torno de um armazém e entraram no recinto ilegal-
mente encontrando drogas. Deixaram tudo como estava, requereram um 
mandado, sem informar a invasão utilizando outros elementos para justificar 
tal mandado e para entrar no armazém e, fazendo a busca legalmente, 
encontraram 270 “fardos” de maconha. A Corte confirmou entendimento de 
que tal prova não era ilícita, pois o mandado foi concedido com base em 
elementos lícitos. 
O Supremo Tribunal Federal, inclusive, já se posicionou favoravelmen-
te ao uso de tal teoria no Direito Brasileiro. Apesar dessa teoria estar positi-
vada no parágrafo 1º (e limitada pelo parágrafo 2º) do artigo 157 do sistema 
Processual Penal Pátrio, deve-se utilizá-la com muita parcimônia, porque tal 
dispositivo pode gerar enormes distorções na produção de prova, levando a 
inúmeros desrespeitos aos Direitos e Garantias Fundamentais. 
Guilherme Dezem (2008, p. 135) alerta que uma leitura literal de tal 
dispositivo poderia levar a crer que não há necessidade de efetivamente 
haver uma fonte independente de obtenção da prova, bastando que o 
Magistrado “imaginasse” tal meio para que se permitisse o uso da mesma. 
Portanto, deve-se analisar profundamente o plano do caso concreto para 
fim de evitar maiores danos aos Direitos Fundamentais de quem quer que 
seja. 
Já a Teoria da Exceção da Descoberta Inevitável se aplica em casos 
em que, se a prova fosse ser encontrada independente da prova obtida de 
maneira ilícita, não ocorre contaminação. 
Tal Teoria surgiu no caso Nix v. Williams, no qual após o desapareci-
mento de uma criança, o acusado estava sendo conduzido pela Polícia do 
local onde foi detido para a Comarca do delito e, durante a viagem, em uma 
conversa informal com os policiais, o réu confessou o crime e o local onde o 
corpo estava enterrado. Com a ajuda de voluntários da comunidade local, a 
Polícia já estava fazendo uma varredura do local apontado pelo assassino 
antes da confissão inválida, estando a algumas horas de encontrá-lo, mas, 
após obter a informação de onde se encontrava o corpo, os policias que 
custodiavam o acusado paralisaram a busca e foram ao local que este 
afirmava estar enterrado o cadáver, realmente o encontrando lá. No julga-
mento, a Defesa tentou excluir o corpo como prova no processo, alegando 
que a descoberta deste se deu através de uma prova ilícita – a confissão 
inválida, pois o acusado não havia sido comunicado de seus Direitos Cons-
titucionais – entretanto, o entendimento do Tribunal foi de que o corpo seria 
encontrado independente da confissão se a busca tivesse continuado, o 
que rompeu o nexo de causalidade entre o encontro da prova em questão 
com a confissão considerada ilícita, tornando, assim a primeira prova 
válida. 
Para Dezem (2008, 136), essa é a Teoria apontada pelo nosso Código 
de Processo Penal nos parágrafos 1º e 2º (e não a primeira Teoria expos-
ta), que se desenvolve através de análise hipotética do caso, quando, 
utilizando-se da observação dos fatos presentes, a lógica demonstra que o 
resultado em questão teria ocorrido de qualquer forma. 
Também foi criada pela Supreme Court of the United States a Teoria 
do Nexo Causal Atenuado. Esta Teoria nasceu no caso Wong Sun v. United 
States (1963). Nesse caso, houveram várias prisões consideradas ilegais, 
por não possuírem mandado judicial e nem “probable cause” ou “reasona-
ble grounds” (em tradução livre para o português do Brasil, “probable cau-
se” equivaleria a “causa provável” e “reasonable grounds” a “motivos razoá-
veis”), mas, após ter sido liberado, semanas mais tarde, uma dessas pes-
soas confessou o delito de posse de drogas (pelo qual havia sido preso 
ilegalmente no primeiro momento, enquanto estava sendo interrogada na 
Polícia, de maneira legal. A Suprema Corte não considerou tal confissão 
ilícita porque não havia nexo causal entre a confissão e a anterior prisão 
ilegal. 
Nosso regramento também consagra tal Teoria no artigo 157, parágra-
fo 1º, quando afirma que a prova ilícita por derivação deverá ser aceita 
quando “não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras”. 
1.3 Da coleta da prova1.3 Da coleta da prova1.3 Da coleta da prova1.3 Da coleta da prova 
Ponto que levanta divergências sobre as provas científicas que neces-
sitam de material coletado é o procedimento, o modus operandi da coleta e 
exame da prova. Surgem questionamentos acerca de como deve ser colido 
o material, como este deve ser conservado, se questionando inclusive a 
seriedade do perito. 
Por óbvio, questões sobre a idoneidade moral do cientista que está 
produzindo a prova não possuem espaço em um trabalho científico, caben-
do a quem cometer ato ilícito ser responsabilizado por ele (artigo 186 do 
Código Civil Brasileiro). 
Quanto ao procedimento de coleta do material, se utilizará de parâme-
tro no presente trabalho documento disponibilizado pela Corregedoria-Geral 
da Justiça de Santa Catarina, do projeto PRODNASC - Programa DNA em 
audiência em SC. Tal projeto visa a facilitar a utilização do exame de DNA 
como prova de reconhecimento da paternidade em procedimentos adminis-
trativos ou judiciais em que fique comprovada hipossuficiência de recursos 
das partes. 
O projeto é muito bem desenvolvido e, apesar de não se aplicar à Jus-
tiça Criminal (foco desse trabalho), serve de modelo para qualquer Tribunal 
de Justiça do Brasil, além de ilustrar maneiras consideradas não atentató-
rias à Dignidade da Pessoa Humana. 
Utiliza-se para a coleta de material genético um Kit, que é composto 
por: 
- Uma caixa de coleta de material perfuro cortante; 
- Cinco pipetas de transferência descartável (tipo Pasteur - embalagem 
individual); 
- Um pacote de algodão (utilizado para assepsia antes da coleta e lim-
peza após a coleta); 
- Três agulhas descartáveis estéreis, em embalagem individual e obri-
gatoriamente fechada. 
- Um par de luvas de procedimento, para uso durante a coleta. 
- Um manual de instruções de coleta de material genético (POP 01); 
- Um envelope grande (A4) para cada caso, contendo: 
a) 01 Cartão FTA para coleta de até 04 amostras de material genético 
e envelope pequeno (para retorno do cartão); e 
b) 01 Ficha de identificação e autorização das partes envolvidas.” 
A pessoa competente para efetuar a coleta do material é o profissional 
da enfermagem, enquanto ao escrivão cabe o preenchimento das fichas de 
identificação e da coleta de assinaturas das partes envolvidas e colocar, ao 
fim da coleta, o cartão FTA (no seu devido envelope) juntamente com as 
fichas e os documentos em um envelope para enviar para o laboratório 
conveniado. 
O procedimento em si começa com a conferência do cartão FTA, o 
preenchimento das fichas de identificação e a autorização das partes 
envolvidas e das assinaturas, possibilitando-se, assim, o início da coleta. O 
documento informativo frisa o cuidado de evitar que qualquer um que não 
seja a pessoa em que se fará a coleta toque nos círculos do cartão FTA e 
evitar
que tais círculos entrem em contato com qualquer superfície, para 
evitar a contaminação com outro DNA. 
Para a coleta de sangue de recém nascido, deve se dar atenção espe-
cial a alguns detalhes. A coleta de sangue só pode ser realizada após o 
segundo dia de vida do infante. Deve-se manter o calcanhar da criança 
abaixo do nível do coração para manter a circulação do sangue satisfatória. 
Também se deve observar a posição em que a criança deve ser colocada 
(posição de arroto) enquanto o profissional que executará a coleta se 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 31 
posicionará próximo à criança. Abaixo, segue o procedimento em sua 
íntegra: 
O documento também cita o procedimento de coleta de células saliva-
res, salientando que para a realização de tal exame, a pessoa a ser subme-
tida ao procedimento não pode ter fumado, bebido, se alimentado ou esco-
vado os dentes. Tomados os devidos cuidados, coleta-se a saliva proveni-
ente de raspagem da região entre a bochecha e os dentes, utilizando uma 
pipeta Pasteur de plástico (que consta no Kit). Após a realização da coleta, 
o profissional da enfermagem encarregado do ato deve pingar de três a 
quatro gotas de saliva pausadamente uma sobre a outra no cartão, deven-
do circular a mancha, identificando-a, pois a marca deixa de ser visível 
após secar. 
O documento se preocupa, por fim, com o período de espera para ab-
sorção do sangue e da saliva pelo material do cartão, sendo aconselhável 
entre 5 a 10 minutos. 
Como fica evidenciado pelo material editado pela Corregedoria Geral 
da Justiça de Santa Catarina, existe sim possibilidade técnico-científica de 
obtenção do material genético de uma pessoa (que, inclusive, é ínfima a 
quantidade necessária) sem que se atinja a Dignidade da Pessoa ou se 
coloque em risco a saúde ou a integridade física dessa. 
1.4 Da prova típica e atípica1.4 Da prova típica e atípica1.4 Da prova típica e atípica1.4 Da prova típica e atípica 
Interessante a obra de Guilherme Madeira Dezem, entitulada “Da Pro-
va Penal: Tipo Processual, Provas Típicas e Atípicas sobre o tipo proces-
sual da prova”, estudos os quais se originaram no Direito Italiano, e que 
estuda as chamadas provas típicas e provas atípicas, diferenciando-as, 
inclusive, das provas nominadas e inominadas. 
Inicialmente, cabe a diferenciação da prova nominada para a inomina-
da: Provas nominadas são aquelas provas previstas expressamente no 
ordenamento jurídico. Já as inominadas são provas que não estão contem-
pladas no ordenamento jurídico. (LOPES JÚNIOR, 2009, p. 525.) 
No processo penal, as provas nominadas estão elencadas entre os ar-
tigos 155 e 250 do Código de Processo Penal, já as provas inominadas não 
possuem o seu procedimento explicitado em Lei. 
Uma parte da doutrina entende que o rol de provas expostos no Código 
de Processo Penal é taxativo. 
Tal posicionamento nos parece equivocado, pois a referida Lei não se 
declara taxativa, e, se o tivesse feito ou fosse interpretada, teria sido um 
grande equívoco, pois impediria a norma processual de acompanhar os 
avanços sociais, tornando-a rapidamente obsoleta. 
Para se ter um pleno entendimento das provas possíveis de se utilizar 
no processo e da liberdade probatória vigente no processo deve-se estudar 
as provas típicas e atípicas, sendo a prova típica um procedimento probató-
rio que não só está apontado na regra processual, mas que também possui 
o seu procedimento (o como proceder) explicitado na norma processual. 
Complicado fica quando se tenta definir a atipicidade da norma. Exis-
tem duas posições acerca do tema, umaposição ampliativa e uma posição 
restritiva. Tais teorias tratam acerca da amplitude da atipicidade da prova. 
A posição restritiva atrela a atipicidade à ausência de previsão legal da 
fonte de prova, analisando especificamente, e apontando como atípica 
apenas os meios trazidos pela ciência e pela tecnologia. Importante é o 
esclarecimento acerca do que significa atipicidade para esta corrente: 
Vale somente a pena determinar com precisão que a ‘atipicidade’ das 
provas em questão não deriva, então, de seu posicionamento fora da lista 
de provas, mas pelo fato de pertencer a uma ‘voz’ deste catálogo que 
compreende elementos atípicos enquanto não ‘tipificados’ pelo objeto ou 
estrutura, mas individualizados somente por sua idoneidade a constituir 
‘fatos notados’ do qual o juiz, segundo o art. 2727 c.c., traz ao conhecimen-
to os ‘fatos ignorados’ (DEZEM, 2008, p. 147) 
A posição ampliativa, por sua vez, afirma que a prova é atípica em du-
as situações: a) quando ela é prevista no ordenamento, mas o seu proce-
dimento não é; b) quando nem a prova e nem o seu procedimento são 
previstos em lei (DEZEM, 2008, p. 147). 
No Direito Brasileiro existe pouca atenção a tal assunto, mencionando 
podendo-se citar Gomes Filho e Badaró, que afirmam que “o meio de prova 
atípico é aquele que não está previsto no ordenamento jurídico e para o 
qual não há um procedimento probatório específico.” (2007, apud DEZEM, 
2008, p. 149) 
Tal estudo leva a outros conceitos importantes para a análise da teoria 
da prova, que são as provas que não se enquadram nem entre as típicas e 
nem as atípicas. 
A prova anômala é a prova típica utilizada para fins diferentes daquele 
para o qual foi criado. 
Dezem (2008, p. 152) cita o exemplo da utilização da referida prova no 
Processo Penal Brasileiro na oitiva da testemunha pelo órgão da acusação 
no seu gabinete e a consequente introdução desta nos autos do processo 
como se fosse um documento. Tal tentativa atinge seriamente os Princípios 
Constitucionais do Contraditório e da Ampla Defesa, pois impede que o 
Magistrado e a Defesa façam o devido controle e também serve para burlar 
limites de admissibilidade de prova, pois um documento pode ser juntado a 
qualquer tempo, já a prova testemunhal deve ser requerida no começo da 
instrução, tendo momentos determinados para a sua produção dentro do 
processo. 
Portanto, a prova anômala deve ser considerada nula, pois visa apenas 
burlar regras processuais, camuflando uma latente ilicitude ou ilegitimidade 
no manto de uma prova típica ou atípica. 
A prova irritual, que também não pode ser confundida com a prova atí-
pica, é uma prova típica colhida sem a observância do procedimento da lei. 
A diferença fundamental entre a prova atípica e a prova irritual se dá entre a 
existência do procedimento probatório no ordenamento jurídico. A prova 
atípica não está mencionada no ordenamento e/ou seu procedimento não 
está regulado na lei (posição ampliativa), já a prova irritual está tipificada na 
lei, só que, no caso concreto, não foram seguidos os cânones da nor-
ma(DEZEM, 2008, p. 153). 
O resultado prático da utilização da prova irritual é a nulidade da prova. 
Se a autoridade competente não realizou a prova da maneira prevista em 
lei, independente do motivo, esta deve ser considerada ilícita, simplesmente 
por desrespeitar a norma. A prova atípica, em princípio não é nula, podendo 
ser legitimada se verificado que, no caso concreto, não houve desrespeito à 
regra Processual ou Constitucional (DEZEM, 2008, p. 154). 
Também se deve incluir como prova atípica a prova nominada. Concei-
to esse que é confundido com a prova típica, mas nem sempre é o caso. A 
prova típica, como foi citado, é a prova que está mencionada no ordena-
mento jurídico e também está o seu procedimento probatório, mas existe 
ainda no regramento provas típicas que não possuem o seu procedimento 
explicitado, sendo essa uma prova nominada. 
Guilherme Dezem (2008, p. 155) ensina que a” prova nominada é a-
quela que se encontra prevista em lei, com ou sem procedimento probatório 
previsto.
Há, aqui, apenas a previsão do nomen júris do meio de prova. 
Pense-se, assim, no caso da reconstituição: está prevista no art. 7º do 
Código de Processo Penal, mas não está previsto seu procedimento. Daí 
porque se tem, então, caso de prova nominada, mas atípica.” 
Por fim, o estudo de tal doutrina permite elucidar de forma mais ampla 
a questão da prova que não se encontra expressa e/ou não possui o seu 
procedimento regrado no Ordenamento Jurídico, diferenciando possibilida-
des de provas ilícitas que possam tentar camuflar em procedimentos atípi-
cos. 
Código de Processo PenaCódigo de Processo PenaCódigo de Processo PenaCódigo de Processo Penal.l.l.l. 
 
LIVRO I 
DO PROCESSO EM GERAL 
TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
 Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por 
este Código, ressalvados: 
 I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
 II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos 
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da Repúbli-
ca, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsa-
bilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); 
 III - os processos da competência da Justiça Militar; 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 32 
 IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, 
art. 122, no 17); 
 V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 
 Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos 
referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não 
dispuserem de modo diverso. 
 Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de 
direito. 
TÍTULO II 
DO INQUÉRITO POLICIAL 
 Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das 
infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 
9.5.1995) 
 Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a 
de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma 
função. 
 Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
 I - de ofício; 
 II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Públi-
co, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para repre-
sentá-lo. 
 § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que 
possível: 
 a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
 b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as 
razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os 
motivos de impossibilidade de o fazer; 
 c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e 
residência. 
 § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquéri-
to caberá recurso para o chefe de Polícia. 
 § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência 
de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por 
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência 
das informações, mandará instaurar inquérito. 
 § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação, não poderá sem ela ser iniciado. 
 § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente pode-
rá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para 
intentá-la. 
 Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial deverá: 
 I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado 
e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação 
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973) 
 II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após libera-
dos pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
 III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato 
e suas circunstâncias; 
 IV - ouvir o ofendido; 
 V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do dispos-
to no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser 
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
 VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
 VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de 
delito e a quaisquer outras perícias; 
 VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, 
se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
 IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado 
de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros ele-
mentos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e cará-
ter. 
 Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada 
de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução 
simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem 
pública. 
 Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no 
Capítulo II do Título IX deste Livro. 
 Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processa-
do, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
autoridade. 
 Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indicia-
do tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado 
o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou 
sem ela. 
 § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e 
enviará autos ao juiz competente. 
 § 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não 
tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontra-
das. 
 § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, 
a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores 
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interes-
sarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. 
 Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, 
sempre que servir de base a uma ou outra. 
 Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: 
 I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à 
instrução e julgamento dos processos; 
 II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério 
Público; 
 III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades 
judiciárias; 
 IV - representar acerca da prisão preventiva. 
 Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão 
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autori-
dade. 
 Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela 
autoridade policial. 
 Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do 
inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindí-
veis ao oferecimento da denúncia. 
 Art. 17. A autoridade policial
não poderá mandar arquivar autos de 
inquérito. 
 Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autori-
dade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial 
poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
 Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do 
inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa 
do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao reque-
rente, se o pedir, mediante traslado. 
 Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solici-
tados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações 
referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. (Redação dada 
pela Lei nº 12.681, de 2012) 
 Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de 
despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da 
sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. 
 Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, 
será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da 
autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qual-
quer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos 
Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada 
pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966) 
 Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de 
uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas pode-
rá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circuns-
crição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem 
assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre 
qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. 
 Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, 
a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou 
repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, 
e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. 
TÍTULO III 
DA AÇÃO PENAL 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 33 
 Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denún-
cia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisi-
ção do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem 
tiver qualidade para representá-lo. 
 § 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascenden-
te, descendente ou irmão. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.699, 
de 27.8.1993) 
 § 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patri-
mônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será públi-
ca. (Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) 
 Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a 
denúncia. 
 Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de 
prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade 
judiciária ou policial. 
 Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do 
Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, 
por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o 
lugar e os elementos de convicção. 
 Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a 
denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer 
peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as 
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao 
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do 
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, 
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
 Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se 
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a 
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os 
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo 
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte 
principal. 
 Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo 
caberá intentar a ação privada. 
 Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente 
por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte 
que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação 
penal. 
 § 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despe-
sas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio 
sustento ou da família. 
 § 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade polici-
al em cuja circunscrição residir o ofendido. 
 Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfer-
mo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os 
interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido 
por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público, pelo juiz competente para o processo penal. 
 Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito 
de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. 
 Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, 
terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na 
ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer 
delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a 
abandone. 
 Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente consti-
tuídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem 
os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, 
pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 
 Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu represen-
tante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o 
exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o 
prazo para o oferecimento da denúncia. 
 Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou 
representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo 
único, e 31. 
 Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente 
ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou 
oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. 
 § 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura 
devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procu-
rador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente 
o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. 
 § 2o A representação conterá todas as informações que possam servir 
à apuração do fato e da autoria. 
 § 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade 
policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à 
autoridade que o for. 
 § 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a 
termo, será remetida à autoridade policial
para que esta proceda a inquéri-
to. 
 § 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a 
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a 
ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. 
 Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes 
ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao 
Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento 
da denúncia. 
 Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, 
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclareci-
mentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quan-
do necessário, o rol das testemunhas. 
 Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
 Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes espe-
ciais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e 
a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos depende-
rem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 
 Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, 
poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos 
os termos subseqüentes do processo. 
 Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, 
será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público 
receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou 
afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade 
policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério 
Público receber novamente os autos. 
 § 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o 
prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver 
recebido as peças de informações ou a representação 
 § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da 
data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não 
se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, 
prosseguindo-se nos demais termos do processo. 
 Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclareci-
mentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção, 
deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários 
que devam ou possam fornecê-los. 
 Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao 
processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. 
 Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um 
dos autores do crime, a todos se estenderá. 
 Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo 
ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especi-
ais. 
 Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que 
houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, 
nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. 
 Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, 
sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. 
 Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito 
de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas 
o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá 
efeito. 
 Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental 
e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do 
querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear. 
 Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à 
aceitação do perdão, o disposto no art. 52. 
 Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes 
especiais. 
 Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto 
no art. 50. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 34 
 Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios 
de prova. 
 Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos 
autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, 
devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará 
aceitação. 
 Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. 
 Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declara-
ção assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador 
com poderes especiais. 
 Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, 
considerar-se-á perempta a ação penal: 
 I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamen-
to do processo durante 30 dias seguidos; 
 II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 
60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalva-
do o disposto no art. 36; 
 III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, 
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formu-
lar o pedido de condenação nas alegações finais; 
 IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor. 
 Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a 
punibilidade, deverá declará-lo de ofício. 
 Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte 
contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a 
prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para 
apreciar a matéria na sentença final. 
 Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da 
certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta 
a punibilidade. 
TÍTULO IV 
DA AÇÃO CIVIL 
 Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão 
promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do 
dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
 Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a 
execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do 
caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração 
do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para 
ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do 
crime e, se for caso, contra o responsável civil. (Vide Lei nº 5.970, de 1973) 
 Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá 
suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. 
 Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer 
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em 
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação 
civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhe-
cida a inexistência material do fato. 
 Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
 I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informa-
ção; 
 II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; 
 III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não consti-
tui crime.
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 
32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação 
civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. 
TÍTULO V 
DA COMPETÊNCIA 
 Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
 I - o lugar da infração: 
 II - o domicílio ou residência do réu; 
 III - a natureza da infração; 
 IV - a distribuição; 
 V - a conexão ou continência; 
 VI - a prevenção; 
 VII - a prerrogativa de função. 
CAPÍTULO I 
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO 
 Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que 
se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for 
praticado o último ato de execução. 
 § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se 
consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que 
tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
 § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território 
nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcial-
mente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 
 § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, 
ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada 
nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela 
prevenção. 
 Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada 
em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela 
prevenção. 
CAPÍTULO II 
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU 
 Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência 
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. 
 § 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á 
pela prevenção. 
 § 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradei-
ro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. 
 Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá 
preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido 
o lugar da infração. 
CAPÍTULO III 
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO 
 Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas 
leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do 
Júri. 
 § 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos 
nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do 
Código Penal, consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, 
de 23.2.1948) 
 § 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação 
para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, 
salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá 
sua competência prorrogada. 
 § 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribu-
ída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; 
mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu 
presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o). 
CAPÍTULO IV 
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO 
 Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, 
na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente 
competente. 
 Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão 
de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência 
anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. 
CAPÍTULO V 
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA 
 Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
 I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao 
mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em 
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas 
contra as outras; 
 II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar 
ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em rela-
ção a qualquer delas; 
 III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circuns-
tâncias elementares influir na prova de outra infração. 
 Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
 I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
 II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, 
§ 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. 
 Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, 
serão observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 
23.2.1948) 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 35 
 I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da 
jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela 
Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada 
pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena 
mais grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de 
infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação 
dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Re-
dação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a 
de maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá 
esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e 
julgamento, salvo: 
 I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
 II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
 § 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em 
relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152. 
 § 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver 
co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese 
do art. 461. 
 Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infra-
ções tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar 
diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes 
prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar 
conveniente a separação. 
 Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continên-
cia, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou 
tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração 
para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente 
em relação aos demais processos. 
 Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por 
conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impro-
nunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do 
júri, remeterá o processo ao juízo competente. 
 Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados 
processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar 
os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem 
com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, 
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. 
CAPÍTULO VI 
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO 
 Art. 83. Verificar-se-á
a competência por prevenção toda vez que, 
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição 
cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do 
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento 
da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). 
CAPÍTULO VII 
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 
 Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais 
Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativa-
mente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e 
de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002) 
 Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem quere-
lantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo 
Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o 
julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. 
 Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, 
processar e julgar: 
 I - os seus ministros, nos crimes comuns; 
 II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do 
Presidente da República; 
 III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribu-
nais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e 
ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. 
 Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o 
julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e 
prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polí-
cia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público. 
CAPÍTULO VIII 
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS 
 Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, 
será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último 
residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente 
o juízo da Capital da República. 
 Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas 
territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo 
de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela 
justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o 
crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. 
 Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do 
espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a 
bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao 
território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca 
em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de 
onde houver partido a aeronave. 
 Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as nor-
mas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela pre-
venção. (Redação dada pela Lei nº 4.893, de 9.12.1965) 
TÍTULO VI 
DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES 
CAPÍTULO I 
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS 
 Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da 
solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado 
civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo 
cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem 
prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de 
natureza urgente. 
 Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, 
quando necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido 
iniciada, com a citação dos interessados. 
 Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depen-
der de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da 
competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para 
resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil 
solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o 
curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das 
outras provas de natureza urgente. 
 § 1o O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavel-
mente prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, 
sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir 
o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, 
toda a matéria da acusação ou da defesa. 
 § 2o Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso. 
 § 3o Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, 
incumbirá ao Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para 
o fim de promover-lhe o rápido andamento. 
 Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos 
anteriores, será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes. 
CAPÍTULO II 
DAS EXCEÇÕES 
 Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: 
 I - suspeição; 
 II - incompetência de juízo; 
 III - litispendência; 
 IV - ilegitimidade de parte; 
 V - coisa julgada. 
 Art. 96. A argüição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo 
quando fundada em motivo superveniente. 
 Art. 97. O juiz que espontaneamente afirmar suspeição deverá fazê-lo 
por escrito, declarando o motivo legal, e remeterá imediatamente o proces-
so ao seu substituto, intimadas as partes. 
 Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá 
fazê-lo em petição assinada por ela própria ou por procurador com poderes 
especiais, aduzindo as suas razões acompanhadas de prova documental 
ou do rol de testemunhas. 
 Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do pro-
cesso, mandará juntar aos autos a petição do recusante com os documen-
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 36 
tos que a instruam, e por despacho se declarará suspeito, ordenando a 
remessa dos autos ao substituto. 
 Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apar-
tado a petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e 
oferecer testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da 
exceção remetidos, dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a 
quem competir o julgamento. 
 § 1o Reconhecida, preliminarmente, a relevância da argüição, o juiz 
ou tribunal, com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição 
das testemunhas, seguindo-se o julgamento, independentemente de mais 
alegações. 
 § 2o Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator 
a rejeitará liminarmente. 
 Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do 
processo principal, pagando o juiz as custas, no caso de erro inescusável; 
rejeitada, evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta a 
multa de duzentos mil-réis a dois contos de réis. 
 Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a procedência da 
argüição, poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo principal, até 
que se julgue o incidente da suspeição. 
 Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o 
juiz que se julgar suspeito deverá declará-lo nos autos e, se for revisor, 
passar o feito ao seu substituto na ordem da precedência, ou, se for relator, 
apresentar os autos em mesa para nova distribuição. 
 § 1o Se não for relator nem revisor, o juiz que houver de dar-se por 
suspeito, deverá fazê-lo verbalmente, na sessão de julgamento, registran-
do-se na ata
a declaração. 
 § 2o Se o presidente do tribunal se der por suspeito, competirá ao seu 
substituto designar dia para o julgamento e presidi-lo. 
 § 3o Observar-se-á, quanto à argüição de suspeição pela parte, o 
disposto nos arts. 98 a 101, no que Ihe for aplicável, atendido, se o juiz a 
reconhecer, o que estabelece este artigo. 
 § 4o A suspeição, não sendo reconhecida, será julgada pelo tribunal 
pleno, funcionando como relator o presidente. 
 § 5o Se o recusado for o presidente do tribunal, o relator será o vice-
presidente. 
 Art. 104. Se for argüida a suspeição do órgão do Ministério Público, o 
juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a 
produção de provas no prazo de três dias. 
 Art. 105. As partes poderão também argüir de suspeitos os peritos, os 
intérpretes e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de 
plano e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata. 
 Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser argüida oralmente, 
decidindo de plano do presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, 
negada pelo recusado, não for imediatamente comprovada, o que tudo 
constará da ata. 
 Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos 
atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer 
motivo legal. 
 Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, 
verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa. 
 § 1o Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito 
será remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o 
processo prosseguirá. 
 § 2o Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo 
tomar por termo a declinatória, se formulada verbalmente. 
 Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo 
que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da 
parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior. 
 Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e 
coisa julgada, será observado, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre a 
exceção de incompetência do juízo. 
 § 1o Se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá 
fazê-lo numa só petição ou articulado. 
 § 2o A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em 
relação ao fato principal, que tiver sido objeto da sentença. 
 Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não 
suspenderão, em regra, o andamento da ação penal. 
CAPÍTULO III 
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS 
 Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou 
funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no 
processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que 
declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou 
impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o processo 
estabelecido para a exceção de suspeição. 
CAPÍTULO IV 
DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO 
 Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-se-ão não só 
pela exceção própria, como também pelo conflito positivo ou negativo de 
jurisdição. 
 Art. 114. Haverá conflito de jurisdição: 
 I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem 
competentes, ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso; 
 II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, 
junção ou separação de processos. 
 Art. 115. O conflito poderá ser suscitado: 
 I - pela parte interessada; 
 II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em 
dissídio; 
 III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa. 
 Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a 
parte interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstan-
ciada do conflito, perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e 
juntando os documentos comprobatórios. 
 § 1o Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-
lo nos próprios autos do processo. 
 § 2o Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá 
determinar imediatamente que se suspenda o andamento do processo. 
 § 3o Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requisitará 
informações às autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia do requeri-
mento ou representação. 
 § 4o As informações serão prestadas no prazo marcado pelo relator. 
 § 5o Recebidas as informações, e depois de ouvido o procurador-
geral, o conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do 
feito depender de diligência. 
 § 6o Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para 
a sua execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o 
conflito ou que o houverem suscitado. 
 Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, restabe-
lecerá a sua jurisdição, sempre que exercida por qualquer dos juízes ou 
tribunais inferiores. 
CAPÍTULO V 
DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS 
 Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas 
apreendidas não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao proces-
so. 
 Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código 
Penal não poderão ser restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a 
sentença final, salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé. 
 Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela 
autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista 
dúvida quanto ao direito do reclamante. 
 § 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em 
apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a 
prova. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente. 
 § 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade 
judicial o resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro 
de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo 
igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para arra-
zoar. 
 § 3o Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério 
Público. 
 § 4o Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz 
remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em 
mãos de depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa 
idônea. 
 § 5o Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e 
levadas a leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues 
ao terceiro que as detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de 
responsabilidade. 
 Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os proventos 
da infração, aplica-se o disposto no art. 133 e seu parágrafo. 
 Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos arts. 120 e 133, decorrido o 
prazo de 90 dias, após transitar em julgado a sentença condenatória, o juiz 
decretará, se for caso, a perda, em favor da União, das coisas apreendidas 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 37 
(art. 74, II, a e b do Código Penal) e ordenará que sejam vendidas em leilão 
público. 
 Parágrafo único. Do dinheiro apurado será recolhido ao Tesouro 
Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. 
 Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no 
prazo de 90 dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença 
final, condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos
não forem recla-
mados ou não pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-
se o saldo à disposição do juízo de ausentes. 
 Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da União for 
decretada, e as coisas confiscadas, de acordo com o disposto no art. 100 
do Código Penal, serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se 
houver interesse na sua conservação. 
CAPÍTULO VI 
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS 
 Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo 
indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferi-
dos a terceiro. 
 Art. 126. Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de 
indícios veementes da proveniência ilícita dos bens. 
 Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do 
ofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar 
o seqüestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a 
denúncia ou queixa. 
 Art. 128. Realizado o seqüestro, o juiz ordenará a sua inscrição no 
Registro de Imóveis. 
 Art. 129. O seqüestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos 
de terceiro. 
 Art. 130. O seqüestro poderá ainda ser embargado: 
 I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiri-
dos com os proventos da infração; 
 II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título 
oneroso, sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé. 
 Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão nesses embar-
gos antes de passar em julgado a sentença condenatória. 
 Art. 131. O seqüestro será levantado: 
 I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, conta-
do da data em que ficar concluída a diligência; 
 II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar 
caução que assegure a aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda 
parte, do Código Penal; 
 III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sen-
tença transitada em julgado. 
 Art. 132. Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se, verificadas 
as condições previstas no art. 126, não for cabível a medida regulada no 
Capítulo Xl do Título Vll deste Livro. 
 Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de 
ofício ou a requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda 
dos bens em leilão público. 
 Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro 
Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. 
 Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser 
requerida pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja 
certeza da infração e indícios suficientes da autoria. 
 Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a 
parte estimará o valor da responsabilidade civil, e designará e estimará o 
imóvel ou imóveis que terão de ficar especialmente hipotecados, o juiz 
mandará logo proceder ao arbitramento do valor da responsabilidade e à 
avaliação do imóvel ou imóveis. 
 § 1o A petição será instruída com as provas ou indicação das provas 
em que se fundar a estimação da responsabilidade, com a relação dos 
imóveis que o responsável possuir, se outros tiver, além dos indicados no 
requerimento, e com os documentos comprobatórios do domínio. 
 § 2o O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos 
imóveis designados far-se-ão por perito nomeado pelo juiz, onde não 
houver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos autos do 
processo respectivo. 
 § 3o O juiz, ouvidas as partes no prazo de dois dias, que correrá em 
cartório, poderá corrigir o arbitramento do valor da responsabilidade, se Ihe 
parecer excessivo ou deficiente. 
 § 4o O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do imóvel ou 
imóveis necessários à garantia da responsabilidade. 
 § 5o O valor da responsabilidade será liquidado definitivamente após 
a condenação, podendo ser requerido novo arbitramento se qualquer das 
partes não se conformar com o arbitramento anterior à sentença condena-
tória. 
 § 6o Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos de 
dívida pública, pelo valor de sua cotação em Bolsa, o juiz poderá deixar de 
mandar proceder à inscrição da hipoteca legal. 
 Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogan-
do-se, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o proces-
so de inscrição da hipoteca legal. (Redação dada pela Lei nº 11.435, de 
2006) 
 Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de 
valor insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de 
penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis. 
(Redação dada pela Lei nº 11.435, de 2006). 
 § 1o Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, 
proceder-se-á na forma do § 5o do art. 120. 
 § 2o Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos 
arbitrados pelo juiz, para a manutenção do indiciado e de sua família. 
 Art. 138. O processo de especialização da hipoteca e do arresto 
correrão em auto apartado. (Redação dada pela Lei nº 11.435, de 2006). 
Art. 139. O depósito e a administração dos bens arrestados ficarão 
sujeitos ao regime do processo civil. (Redação dada pela Lei nº 11.435, de 
2006). 
 Art. 140. As garantias do ressarcimento do dano alcançarão também 
as despesas processuais e as penas pecuniárias, tendo preferência sobre 
estas a reparação do dano ao ofendido. 
 Art. 141. O arresto será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por 
sentença irrecorrível, o réu for absolvido ou julgada extinta a punibilidade. 
(Redação dada pela Lei nº 11.435, de 2006). 
 Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as medidas estabele-
cidas nos arts. 134 e 137, se houver interesse da Fazenda Pública, ou se o 
ofendido for pobre e o requerer. 
 Art. 143. Passando em julgado a sentença condenatória, serão os 
autos de hipoteca ou arresto remetidos ao juiz do cível (art. 63). (Redação 
dada pela Lei nº 11.435, de 2006). 
 Art. 144. Os interessados ou, nos casos do art. 142, o Ministério 
Público poderão requerer no juízo cível, contra o responsável civil, as 
medidas previstas nos arts. 134, 136 e 137. 
Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada para preser-
vação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de 
deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manu-
tenção. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 1o O leilão far-se-á preferencialmente por meio eletrônico. (In-
cluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 2o Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação 
judicial ou por valor maior. Não alcançado o valor estipulado pela adminis-
tração judicial, será realizado novo leilão, em até 10 (dez) dias contados da 
realização do primeiro, podendo os bens ser alienados por valor não inferior 
a 80% (oitenta por cento) do estipulado na avaliação judicial. (Incluído pela 
Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 3o O produto da alienação ficará depositado em conta vinculada 
ao juízo até a decisão final do processo, procedendo-se à sua conversão 
em renda para a União, Estado ou Distrito Federal, no caso de condenação, 
ou, no caso de absolvição, à sua devolução ao acusado. (Incluído pela Lei 
nº 12.694, de 2012) 
§ 4o Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro, inclusive 
moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como 
ordem de pagamento, o juízo determinará a conversão do numerário apre-
endido em moeda nacional corrente e o depósito das correspondentes 
quantias em conta judicial. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 5o No caso da alienação
de veículos, embarcações ou aerona-
ves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de 
registro e controle a expedição de certificado de registro e licenciamento em 
favor do arrematante, ficando este livre do pagamento de multas, encargos 
e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo 
proprietário. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 6o O valor dos títulos da dívida pública, das ações das socieda-
des e dos títulos de crédito negociáveis em bolsa será o da cotação oficial 
do dia, provada por certidão ou publicação no órgão oficial. (Incluído pela 
Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
CAPÍTULO VII 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 38 
DO INCIDENTE DE FALSIDADE 
 Art. 145. Argüida, por escrito, a falsidade de documento constante dos 
autos, o juiz observará o seguinte processo: 
 I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a 
parte contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta; 
 II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das 
partes, para prova de suas alegações; 
 III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender 
necessárias; 
 IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará 
desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo inciden-
te, ao Ministério Público. 
 Art. 146. A argüição de falsidade, feita por procurador, exige poderes 
especiais. 
 Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade. 
 Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em 
prejuízo de ulterior processo penal ou civil. 
CAPÍTULO VIII 
DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO 
 Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusa-
do, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do 
defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do 
acusado, seja este submetido a exame médico-legal. 
 § 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, medi-
ante representação da autoridade policial ao juiz competente. 
 § 2o O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exa-
me, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto 
às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento. 
 Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será 
internado em manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o 
requererem os peritos, em estabelecimento adequado que o juiz designar. 
 § 1o O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os 
peritos demonstrarem a necessidade de maior prazo. 
 § 2o Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá 
autorizar sejam os autos entregues aos peritos, para facilitar o exame. 
 Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da 
infração, irresponsável nos termos do art. 22 do Código Penal, o processo 
prosseguirá, com a presença do curador. 
 Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o 
processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observa-
do o § 2o do art. 149. 
 § 1o O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em 
manicômio judiciário ou em outro estabelecimento adequado. 
 § 2o O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o 
acusado, ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas 
que houverem prestado depoimento sem a sua presença. 
 Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto 
apartado, que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao proces-
so principal. 
 Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da 
pena, observar-se-á o disposto no art. 682. 
TÍTULO VII 
DA PROVADA PROVADA PROVADA PROVA 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova 
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação 
dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão obser-
vadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, 
de 2008) 
 Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, po-
rém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 
2008) 
 I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção anteci-
pada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a neces-
sidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
 II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do proces-
so, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas 
constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo 
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou 
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das 
primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo 
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução crimi-
nal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
 § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada 
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes 
acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
CAPÍTULO II 
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL 
 Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o 
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confis-
são do acusado. 
 Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realiza-
dos por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) 
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmen-
te na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada 
com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fiel-
mente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 
2008) 
 § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusa-
ção, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e 
indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e 
após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, 
sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 
2008) 
 § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, 
quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para 
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos 
ou questões
a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedên-
cia mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo 
complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em 
prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela 
Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que 
serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, 
que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para 
exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conserva-
ção. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área 
de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de 
um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão 
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formula-
dos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
 Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 
10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a 
requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
 Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia 
e a qualquer hora. 
 Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, 
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa 
ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 
 Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples 
exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, 
ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não 
houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma cir-
cunstância relevante. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 39 
 Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade 
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a 
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. 
 Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular 
indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de 
recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadá-
ver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pes-
quisas necessárias, o que tudo constará do auto. 
 Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que 
forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões 
externas e vestígios deixados no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 
8.862, de 28.3.1994) 
 Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os 
peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, 
esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. 
 Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, 
proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatísti-
ca ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se 
auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, 
com todos os sinais e indicações. 
 Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autentica-
dos todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identifica-
ção do cadáver. 
 Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por have-
rem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a 
falta. 
 Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial 
tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determina-
ção da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do 
Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 
 § 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de 
corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. 
 § 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no 
art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo 
de 30 dias, contado da data do crime. 
 § 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova 
testemunhal. 
 Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a 
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere 
o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus 
laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 
5.970, de 1973) 
 Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do 
estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas 
alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
 Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material 
suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, 
os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, 
desenhos ou esquemas. 
 Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de 
obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além 
de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e 
em que época presumem ter sido o fato praticado. 
 Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas 
destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. 
 Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procede-
rão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que 
resultarem de diligências. 
 Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar 
em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou 
para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais 
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 
 Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por compara-
ção de letra, observar-se-á o seguinte: 
 I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será 
intimada para o ato, se for encontrada; 
 II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a 
dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como 
de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; 
 III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os 
documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou 
nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; 
 IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insufici-
entes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe 
for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última 
diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as pala-
vras que a pessoa será intimada a escrever. 
 Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a 
prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência. 
 Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato 
da diligência. 
 Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á 
no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das 
partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. 
 Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na 
precatória. 
 Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autorida-
de ao diretor
da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos 
peritos. 
 Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto res-
pectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também 
pela autoridade. 
 Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que 
poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por 
todos os peritos. 
 Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas 
no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada 
um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um tercei-
ro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo 
exame por outros peritos. 
 Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de 
omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará 
suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada 
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
 Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proce-
da a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. 
 Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou 
rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
 Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á 
o disposto no art. 19. 
 Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autori-
dade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for ne-
cessária ao esclarecimento da verdade. 
CAPÍTULO III 
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO 
 Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, 
no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de 
seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, 
de 1º.12.2003) 
 § 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no 
estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a 
segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem 
como a presença do defensor e a publicidade do ato. (Redação dada pela 
Lei nº 11.900, de 2009) 
 § 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou 
a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por 
sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão 
de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária 
para atender a uma das seguintes finalidades: (Redação dada pela Lei nº 
11.900, de 2009) 
 I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita 
de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, 
possa fugir durante o deslocamento; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando 
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermi-
dade ou outra circunstância pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, 
desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconfe-
rência, nos termos do art. 217 deste Código; (Incluído pela Lei nº 11.900, 
de 2009) 
 IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. (Incluído pela 
Lei nº 11.900, de 2009) 
 § 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por 
videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antece-
dência. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 40 
 § 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá 
acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os 
atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 
400, 411 e 531 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 § 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu 
o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado 
por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos 
reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o 
advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. 
(Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 § 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização 
de atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos 
corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério 
Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído pela Lei nº 
11.900, de 2009) 
 § 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas 
hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 
1o e 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 § 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que 
couber, à realização de outros atos processuais que dependam da partici-
pação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de 
pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do 
ofendido. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 § 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanha-
mento do ato processual pelo acusado e seu defensor. (Incluído pela Lei nº 
11.900, de 2009) 
 Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro 
teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o 
interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder 
perguntas que lhe forem formuladas. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 
1º.12.2003) 
 Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não 
poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, 
de 1º.12.2003) 
 Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a 
pessoa do acusado e sobre os fatos. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 
1º.12.2003) 
 § 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a resi-
dência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde 
exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou pro-
cessado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se 
houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a 
cumpriu e outros dados familiares e sociais. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 
1º.12.2003) 
 § 2o Na segunda parte será perguntado sobre: (Incluído pela Lei nº 
10.792, de 1º.12.2003) 
 I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; (Incluído pela Lei nº 
10.792, de 1º.12.2003) 
 II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a 
que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada 
a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da 
infração ou depois dela; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve 
notícia desta; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 IV - as provas já apuradas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e 
desde quando, e se tem o que alegar contra elas; (Incluído pela Lei nº 
10.792, de 1º.12.2003) 
 VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou 
qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido; (Incluí-
do pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação 
dos antecedentes e circunstâncias da infração; (Incluído pela Lei nº 10.792, 
de 1º.12.2003) 
 VIII - se tem algo mais a alegar em
sua defesa. (Incluído pela Lei nº 
10.792, de 1º.12.2003) 
 Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se 
restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas corres-
pondentes se o entender pertinente e relevante. (Redação dada pela Lei nº 
10.792, de 1º.12.2003) 
 Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, 
poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. (Redação dada pela Lei nº 
10.792, de 1º.12.2003) 
 Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e 
circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração, e 
quais sejam. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separa-
damente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será 
feito pela forma seguinte: (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele 
responderá oralmente; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por 
escrito; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do 
mesmo modo dará as respostas. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 
1º.12.2003) 
 Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, 
intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a 
entendê-lo. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interro-
gatório será feito por meio de intérprete. (Redação dada pela Lei nº 10.792, 
de 1º.12.2003) 
 Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não 
quiser assinar, tal fato será consignado no termo. (Redação dada pela Lei 
nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de 
ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes. (Redação dada 
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
CAPÍTULO IV 
DA CONFISSÃO 
 Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para 
os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá con-
frontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e 
estas existe compatibilidade ou concordância. 
 Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá 
constituir elemento para a formação do convencimento do juiz. 
 Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada 
por termo nos autos, observado o disposto no art. 195. 
 Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre 
convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto. 
CAPÍTULO V 
DO OFENDIDO 
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e pergun-
tado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu 
autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declara-
ções. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo 
justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. (Incluído 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao 
ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audi-
ência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifi-
quem. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por 
ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrôni-
co. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será 
reservado espaço separado para o ofendido. (Incluído pela Lei nº 11.690, 
de 2008) 
 § 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido 
para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de 
assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado. 
 (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da 
intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, 
determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e 
outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua 
exposição aos meios de comunicação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 
2008) 
CAPÍTULO VI 
DAS TESTEMUNHAS 
 Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. 
 Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de 
dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 41 
nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde 
exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, 
ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, expli-
cando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais 
possa avaliar-se de sua credibilidade. 
 Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido 
à testemunha trazê-lo por escrito. 
 Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve 
consulta a apontamentos. 
 Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz 
procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, 
tomar-lhe o depoimento desde logo. 
 Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. 
Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o 
afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, 
ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro 
modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. 
 Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de fun-
ção, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, 
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
 Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos 
doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem 
às pessoas a que se refere o art. 206. 
 Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras teste-
munhas, além das indicadas pelas partes. 
 § 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que 
as testemunhas se referirem. 
 § 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada 
souber que interesse à decisão da causa. 
 Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de 
modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, 
devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemu-
nho. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realiza-
ção, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabi-
lidade das testemunhas. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que 
alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remete-
rá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de inquéri-
to. 
 Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de 
julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538, § 2o), 
o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a
votação dos quesi-
tos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade 
policial. 
 Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à 
testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, 
não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já 
respondida. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá 
complementar a inquirição. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apre-
ciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. 
 Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contradi-
tar a testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspei-
ta de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou 
argüição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não 
Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208. 
 Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto 
quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo 
fielmente as suas frases. 
 Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assina-
do por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assinar, ou 
não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na 
presença de ambos. 
 Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar 
humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, 
de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por 
videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a 
retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defen-
sor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no 
caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a 
determinaram. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de compa-
recer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a 
sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que 
poderá solicitar o auxílio da força pública. 
 Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no 
art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e 
condená-la ao pagamento das custas da diligência. (Redação dada pela Lei 
nº 6.416, de 24.5.1977) 
 Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, 
de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem. 
 Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores 
e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados 
e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos 
Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os mem-
bros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo 
serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o 
juiz. (Redação dada pela Lei nº 3.653, de 4.11.1959) 
 § 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes 
do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal 
Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em 
que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão 
transmitidas por ofício. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
 § 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. 
(Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
 § 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, 
devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada 
ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora 
marcados. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
 Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será 
inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, 
carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. 
 § 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. 
 § 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a 
todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos. 
 § 3o Na hipótese prevista no caputcaputcaputcaput deste artigo, a oitiva de testemunha 
poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecno-
lógico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a pre-
sença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização 
da audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 
2009) 
 Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada 
previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os 
custos de envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 
2o do art. 222 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
 Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será 
nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas. 
 Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proce-
der-se-á na conformidade do art. 192. 
 Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, 
qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às 
penas do não-comparecimento. 
 Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por 
enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução 
criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qual-
quer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 
CAPÍTULO VII 
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS 
 Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento 
de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma: 
 I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a 
descrever a pessoa que deva ser reconhecida; 
 Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se 
possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, 
convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la; 
 III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reco-
nhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verda-
de em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providencia-
rá para que esta não veja aquela; 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 42 
 IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subs-
crito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconheci-
mento e por duas testemunhas presenciais. 
 Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação 
na fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento. 
 Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as caute-
las estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável. 
 Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhe-
cimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, 
evitando-se qualquer comunicação entre elas. 
CAPÍTULO VIII 
DA ACAREAÇÃO 
 Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e 
testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa 
ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas 
declarações,
sobre fatos ou circunstâncias relevantes. 
 Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expli-
quem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação. 
 Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam 
das de outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da 
divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsis-
tir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida 
a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da 
testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do 
referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemu-
nha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. 
Esta diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial ao 
processo e o juiz a entenda conveniente. 
CAPÍTULO IX 
DOS DOCUMENTOS 
 Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apre-
sentar documentos em qualquer fase do processo. 
 Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos 
ou papéis, públicos ou particulares. 
 Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autentica-
da, se dará o mesmo valor do original. 
 Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios 
criminosos, não serão admitidas em juízo. 
 Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respec-
tivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consen-
timento do signatário. 
 Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a 
ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independente-
mente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, 
se possível. 
 Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submeti-
das a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade. 
 Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua 
juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, 
na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade. 
 Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o 
original, em presença da autoridade. 
 Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando 
não exista motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, 
poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entre-
gues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos. 
CAPÍTULO X 
DOS INDÍCIOS 
 Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, 
que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existên-
cia de outra ou outras circunstâncias. 
CAPÍTULO XI 
DA BUSCA E DA APREENSÃO 
 Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 
 § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a 
autorizarem, para: 
 a) prender criminosos; 
 b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; 
 c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos 
falsificados ou contrafeitos; 
 d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de 
crime ou destinados a fim delituoso; 
 e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do 
réu; 
 f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu 
poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo 
possa ser útil à elucidação do fato; 
 g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
 h) colher qualquer elemento de convicção. 
 § 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita 
de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas 
letras b a f e letra h do parágrafo anterior. 
 Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a 
realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedi-
ção de mandado. 
 Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento 
de qualquer das partes. 
 Art. 243. O mandado de busca deverá: 
 I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada 
a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de 
busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a 
identifiquem; 
 II - mencionar o motivo e os fins da diligência; 
 III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer 
expedir. 
 § 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do manda-
do de busca. 
 § 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do 
defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
 Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de 
prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na 
posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de 
delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. 
 Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o 
morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, 
os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o 
represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. 
 § 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua 
qualidade e o objeto da diligência. 
 § 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a 
entrada. 
 § 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força 
contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que 
se procura. 
 § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os 
moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qual-
quer vizinho, se houver e estiver presente. 
 § 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o 
morador será intimado a mostrá-la. 
 § 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediata-
mente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes. 
 § 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, 
assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto 
no § 4o. 
 Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se 
tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento 
ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, 
onde alguém exercer profissão ou atividade. 
 Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os 
motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o 
requerer. 
 Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não 
moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligên-
cia. 
 Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não 
importar retardamento ou prejuízo da diligência. 
 Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território 
de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de 
apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-
se à competente autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a 
urgência desta. 
 § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em segui-
mento da pessoa ou coisa, quando: 
 a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a segui-
rem sem interrupção, embora depois a percam de vista; 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 43 
 b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo,
por informações 
fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou trans-
portada em determinada direção, forem ao seu encalço. 
 § 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar 
da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos 
seus distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão 
exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a 
diligência. 
TÍTULO VIII 
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DDO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DDO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DDO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DE-E-E-E-
FENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSSSSTIÇATIÇATIÇATIÇA 
CAPÍTULO I 
DO JUIZ 
 Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e man-
ter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar 
a força pública. 
 Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: 
 I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em 
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou 
advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da 
justiça ou perito; 
 II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou 
servido como testemunha; 
 III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de 
fato ou de direito, sobre a questão; 
 IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em 
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente 
interessado no feito. 
 Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo 
os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha 
reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. 
 Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser 
recusado por qualquer das partes: 
 I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
 II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respon-
dendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja 
controvérsia; 
 III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o 
terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que 
tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
 IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 
 V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
 Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada 
no processo. 
 Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por 
afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, 
salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento 
sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunha-
do, o genro ou enteado de quem for parte no processo. 
 Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, 
quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. 
CAPÍTULO II 
DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 Art. 257. Ao Ministério Público cabe: (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabele-
cida neste Código; e (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 II - fiscalizar a execução da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos proces-
sos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, 
consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclu-
sive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relati-
vas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. 
CAPÍTULO III 
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR 
 Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu 
verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quan-
do certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do 
julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualifica-
ção, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade 
dos atos precedentes. 
 Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, 
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realiza-
do, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. 
 Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os 
requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicável. 
 Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será 
processado ou julgado sem defensor. 
 Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor 
público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação funda-
mentada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. 
 Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo 
juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confi-
ança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. 
 Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar 
os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. 
 Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão 
obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu 
patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz. 
 Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por 
motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 
(dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções 
cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o de-
fensor não puder comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 § 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da 
audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum 
do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que provisoria-
mente ou só para o efeito do ato. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de 
mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório. 
 Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os 
parentes do juiz. 
CAPÍTULO IV 
DOS ASSISTENTES 
 Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como 
assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, 
na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31. 
 Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado 
a sentença e receberá a causa no estado em que se achar. 
 Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como 
assistente do Ministério Público. 
 Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer 
perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do 
debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou 
por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598. 
 § 1o O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização 
das provas propostas pelo assistente. 
 § 2o O processo prosseguirá independentemente de nova intimação 
do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos 
atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamen-
te comprovado. 
 Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admis-
são do assistente. 
 Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?