Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ - UNIFEI INSTITUTO DE FÍSICA E QUÍMICA - IFQ NOTAS DE AULA DE QUÍMICA INORGÂNICA 1 – QUI023: BACHARELADO EM QUÍMICA ENGENHARIA QUÍMICA LICENCIATURA EM QUÍMICA ITAJUBÁ, 2O. SEMESTRE DE 2013 QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 2 Na disciplina de Química Inorgânica I, serão estudadas as teorias de ligação química. Essas teorias foram desenvolvidas com o intuito de entender e explicar as ligações covalentes, uma vez que para a ligação iônica já se tinha a definição através da atração entre espécies com cargas opostas (íons). Para a ligação iônica, esta definição é razoável e permite, por exemplo, definir força de ligação por meio de equações de energia de rede. Para a ligação covalente, a ideia do compartilhamento de pares eletrônicos é suficiente para entedermos a diferença entre esta ligação e a ligação iônica, e entendermos algumas propriedades das substâncias. AAUULLAA 11:: ÁÁttoommooss PPoolliieelleettrrôônniiccooss Para entender as teorias de ligação química precisamos entender os modelos atômicos. A teoria atômica preconiza como os átomos se estruturam, quais são as propriedades das partículas sub-atômicas e como identificamos estas espécies em relação à energia. Entretanto, os questionamentos principais em química estão relacionados à moléculas, suas propriedades e como estas reagem entre si. Deste ponto de vista, as ligações químicas coordenam estes fatores. As propriedades físico- químicas de substânicas são definidas pelas suas interações interatômicas sejam elas ligações químicas ou interações intermoleculares. Nas reações, ligações são quebradas e outras novas são formadas. Por isso é fundamental entendermos como as ligações ocorrem, qual(is) é(são) a(as) energia(s) envolvida(s) nestas ligações, e como prever a formação de novas ligações químicas entre átomos ou grupo de átomos. As ligações químicas se estabelecem entre átomos, então é imprescindível incluir os conceitos das teorias atômicas para explicar a interação entre as espécies. A partir do modelo atômico de Thomson. Já poderíamos explicar por exemplo, a ligação iônica, porque a existência de partículas negativas e positivas já reconhecida, então poderíamos definir a existência de cátions e ânions e prever sua atração eletrostática entretanto, poderia nos fornecer Figura 1: Slide 02, Aula 1 QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 3 uma ideia errada de que os elétrons não poderiam sair da “massa positiva” uma vez que todos os elétrons sofreriam uma atração muito forte com a carga positiva. Assim seria um pouco complicado justificar energeticamente a saída de um elétron de um átomo para formar o cátion utilizando o modelo de Thomson. Os modelos atômicos mais modernos, que incluem a definição do núcleo atômico, incluem também uma separação de energia entre os elétrons. O modelo de Rutherford, apesar de não incluir a quantização de energia trazida por Planck, e considerar o elétron apenas como partícula, já fazia a divisão entre a região chamada eletrosfera, na qual estariam apenas os elétrons se movimentando ao redor do núcleo, e a região do núcleo atômico extremamente menor do que a primeira e onde estariam localizados as partículas de carga elétrica positiva e as partículas de carga elétrica neutra. Apesar de contemplar o elétron como partícula, o modelo de Rutherford previa a energia eletrostática de atração elétron-núcleo, e por isso, se houvesse uma fonte de energia (por exemplo, proveniente da ligação química), o elétron poderia sair de uma eletrosfera para outra, esta seria uma hipótese razoável para prever o surgimento de cátions e ânions. Foi apenas com Bohr, após a introdução dos conceitos da mecânica quântica enunciada por Planck, que o elétron passou a ser entendido como uma espécie dual, que apresenta propriedades de onda e partícula e por isso, seu movimento e suas propriedades energéticas deveriam ser descritas através da mecânica quântica. Bohr prôpos uma inclusão mais rudimentar destas propriedades, incluindo o conceito de nível energético nos quais os elétrons estariam e que a passagem de um nível para outro de maior energia seria possível de acordo com a energia de cada elétron e que isso explicaria algumas propriedades como por exemplo os espectros de linhas para os átomos de Hidrogênio e Sódio. A principal falha do modelo de Bohr é descrever o movimento dos elétrons em duas dimensões apenas como se eles realizassem um movimento circular estacionário ao redor do núcleo. O modelo atômico de Schrödinger corrige a descrição do movimento do elétron, definindo um movimento em três dimensões de acordo com uma função de onda, que deve ter também uma periodicidade relacionada ao comportamento ondulatório do elétron. Cada orbital atômico é então definido pela resolução de uma equação a QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 4 partir do conhecimento da Energia daquele nível. Para cada nível algumas soluções matemáticas são possíveis, ou seja, funções de onda que apresentam a mesma energia como resultado da resolução da equação de Schrodinger. Assim, para o primeiro nível de energia (n=1) apenas uma solução é encontrada, e a função de onda que resolve esta equação para n=1 define a região de densidade eletrônica do orbital 1s, que tem simetria esférica. Resolvendo a equação para os outros níveis, outras soluções são encontradas, para n=2, outra região de densidade eletrônica de simetria esférica é definida (orbital 2s). Este orbital apresenta menor energia do que as outras 3 soluções possíveis com simetria defina nos eixos, x, y e z, que são os orbitais px, py e pz. Passando para o próximo nível de energia (n=3), outras 5 soluções de energias idênticas mas de simetrias diferentes que são os orbitais dxy, dxz, dyz, dx2-y2 e dz2 A teoria atômica moderna governa a organização dos elétrons nos orbitais atômicos que possuem simetria e energia específicas, e com o auxílio de regras como a de Hund e o Princípio de exclusão de Pauli, nos auxilia a distribuir os elétrons nos átomos. Sabendo disso, é possível antever que para explicar como a ligação química que ocorre entre dois átomos, deve-se precisar incluir nesta explicação os orbitais atômicos. Entretanto, como a definição e a vizualizaçao espacial destes orbitais exige alguns conceitos matemáticos e capacidade de abstração espacial, várias teorias da ligação foram desenvolvidas sem o auxílio do modelo atômico moderno. Figura 2: Slide 03, Aula 1 Figura 3: Slide 04, Aula 1 QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 5 AAUULLAA 22:: EEssttrruuttuurraa MMoolleeccuullaarr ee IInnttrroodduuççããoo àà TTeeoorriiaass ddee LLiiggaaççããoo AAss eessttrruuttuurraass ddee LLeewwiiss.. O modelo das estruturas de Lewis, foi a primeira tentativa de racionalizar a ligação química. Ela explica as ligações químicas de molécula já conhecidas. As estruturas de Lewis usam os elétrons das camadas de valência dos átomos que formam estas ligações assumindo que todos estes elétrons estarão emparelhados. Assim as ideias propostas por Lewis conseguem explicar a formação das ligações simples, duplas e triplas. Define também o conceito de par isolado, aquele que não está envolvido na formação da(s) ligação(ões). Estas estruturas obedecem à “regra do octeto” para serem construídas. Lewis introduziu também o conceito de ressonância, para explicar tipos de ligações diferentes envolvento átomos idênticos (O3, SO3 etc.). Apesar de simples, o modelo de Lewis, consegue diferenciar as ligações químicas pela sua força e consequente tamanho, evidenciando que uma ligação tripla é mais curta e mais forte do que uma ligação dupla, que é mais forte e mais curta do que uma ligação simples. As estruturas de Lewis entretanto descrevem de forma muito rudimentar a geometria das moléculas, posicionando-as no plano, e erra principalemente para moléculas poliátomicas. OO mmooddeelloo RRPPEECCVV ((RReeppuullssããoo ddooss ppaarreess eelleettrrôônniiccooss nnaa ccaammaaddaa ddee vvaallêênncciiaa)).. É uma extensão do modelo das estruturas de Lewis, pois utiliza os pares eletrônicos mas ao definí-los como regiões de densidade eletrônica, e utilizando estas regiões (ligantes ou não) como regiões de repulsão consegue explicar e prever de forma satisfatória a geometria de moléculas simples e poliatômicas. A ideia principal aqui é que uma vez formadas as ligações covalentes por compartilhamento de elétrons, estes pares eletrônicos e outros da camada de valência, irão se repelir o máximo possível, ocupando regiões fora do plano do átomo central e assim, Figura 4: Slide 05, Aula 2 QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 6 gerando a geometria molecular definda pela posição dos átomos que compõe a molécula como explicado na Figura 5. Assim são definidas as geometrias para moléculas poliatômicas do tipo: AB2, AB3, AB4 etc. Para moléculas com um número maior de átomos o modelo começa a falhar ou lançar mão de estratégias para a avaliar a interação eletrostática entre os pares de elétrons não- ligantes e pares de elétrons ligantes na molécula para verificar qual estrutura é mais estável dentre as possibilidades para a configuração de geometria da molécula (Figura 6) A estrutura que possuir o menor número de interações par não- ligante - par não-ligante será a mais estável, pois os pares não-ligantes são mais volumosos (pensnado em densidade eletrônica), e por isso a repulsão eletrostática é maior. Em seguida, o que tiver menor número de interações repulsivas do tipo par não-ligante – par-ligante (PL) é a mais estável. De um modo geral temos que as interações entre pares de elétrons seguem a seqüência: PNL-PNL > PNLPL > PL-PL. Apesar das falhas em predizer algumas geometrias para moléculas mais complexas, a RPECV consegue adiantar as explicações para polaridade molecular de algumas moléculas mais simples pela determinação da geometria. Por exemplo, as moléculas de CO2 e H2O são respectivamente apolar e polar, isso porque o dióxido de carbono é linear Figura 5: Slide 06, Aula 2 Figura 6: Slide 06, Aula 2 Figura 7: Slide 11, Aula 2 QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 7 de acordo com a RPECV e a água angular. Assim no primeiro caso os vetores se anulam, e no segundo geram uma resultante diferente de zero. TTeeoorriiaa ddee lliiggaaççããoo ddee vvaallêênncciiaa ((TTLLVV)) É a primeira teoria que inclui efetivamente os orbitais atômicos na descrição da ligação química. Com isso, Linus Pauling define a ligação química através de átomos que se aproximam de acordo com o modelo atômico moderno, utilizando as simetrias e as energias dos orbitais atômicos para definir a estabilidade das ligações químicas e a geometria das moléculas. Pela TLV, na formação de uma ligação química os orbitais devem se superpor. Para análise a formação da ligação, apenas os orbitais de valência são utilizados para descrever esse fenômeno. Analisemos novamente a formação da molécula de H2. Cada átomo de hidrogênio apresenta o orbital 1s ocupado com um elétron. Quando os dois átomos estão suficientemente próximos para que haja superposição dos dois orbitais, ocorre a formação da ligação química. A região de densidade eletrônica agora é definida com uma simetria específica da superposição dos orbitais 1s e chamada de região de ligação σ, ou apenas ligação σ. Para as moléculas que apresentam outros tipos de orbitais atômicos de valência, a TLV também prevê que estes orbitais irão se superpor através da formação da ligação química originando outros tipos de ligação σ e também a ligação π. Assim sao explicadas as ligações químicas para moléculas diatômicas mais simples como N2, O2 e Cl2. A TLV também faz a tentativa para explicar moléculas poliatômicas heteronucleares como por exemplo, H2O e CH4. Para a molécula de água, imagina-se que os orbitais Figura 8: Slide 16, Aula 3 Figura 9: Slide 16, Aula 3 QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 8 atômicos do tipo 1s do hidrogênio irão se aproximar na simetria dos orbitais py e pz do oxigênio, que estarão semi-preenchidos, ávidos pelo compartilhamento (Atenção: Perceba que conceitualmente qualquer um dos 3 orbitais p do oxigênio poderia estar totalmente ocupado. Neste caso, o importante é lembrar que os outros dois orbitais disponíveis descrevem um ângulo de 90º). Com esta aproximação duas ligações simples do tipo σ são formadas, e o ângulo H-O-H é definido com 90º. Sabemos que este ângulo é menor do que o definido experimentalmente, e por isso a TLV tenta resolver esta imprecisão na definição da geometria com 3 conceitos novos: A promoção, a hibridização e a isolobalidade. A Promoção consiste em desemparelhar elétrons de um orbital menos energético e promovê-lo para um orbital de maior energia. A hibridização consiste na “mistura” de diferentes orbitais atômicos do átomo central, prevendo orbitais hibridizados que satisfaçam as condições de direção de aproximação dos átomos que se ligarão ao átomo central, promovendo a geometria correta. E a isolobalidade, consiste na simplificação de orbitais atômicos (hibridizados ou puros) para previsão de geometrias de moléculas mais complexas. No caso do CH4, por exemplo, o carbono precisa de 4 orbitais de mesma simetria e energia com um elétron em cada para se ligarem aos orbitais 1s do hidrogênio. O carbono no estado fundamental tem configuração eletrônica 2s2 2p2. Promovendo um elétron do orbital 2s para o orbital 2p, podemos gerar os 4 orbitais híbridos sp3. São 4 orbitais atômicos gerando 4 orbitais híbridos, cada um voltado para a direção dos vértices de um tetraedro, formando assim a molécula de metano definindo como num tetraedro, ângulos entre as ligações é de 109,5º. A TLV gera naturalmente a estrutura de Lewis para as moléculas devido ao fato de se QUÍMICA INORGÂNICA QUI023 9 basear no compartilhamento de pares de elétrons. Avança na descrição de geometrias para moléculas mais complexas e na descrição da ligação química através de orbitais atômicos. Mesmo assim, há sérias dificuldades em se tratar moléculas que apresentam elétrons desemparelhados em seu estado fundamental, como, por exemplo, a molécula de O2. Outros questionamentos limitam o entendimento das ligações químicas apenas pela TLV: Como explicar a cor das moléculas? E suas propriedades magnéticas? Como podemos compreender a formação de ligação química do ponto de vista da química quântica? Como ficam os orbitais atômicos depois dos átomos ligados? Para respondermos estas e outras questões, precisamos compreender que para um sistema de muitos elétrons, seja um átomo ou um arranjo deles (moléculas), devemos descrever o movimento destes elétrons de acordo com a mecânica quântica, ou seja a partir da solução da equação de Schrödinger apresentada no modelo atômico moderno.