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EEnvenenamento nvenenamento 
por por Fármacos e Fármacos e 
Toxinas AmbientaisToxinas Ambientais
VIIIVIII
INTRODUÇÃO
A toxicologia é o estudo dos efeitos deletérios das substâncias 
físicas, químicas ou biológicas. O estudo sistemático da toxico-
logia antecede o da farmacologia, e a descoberta da maioria dos 
agentes farmacologicamente ativos antes do século 20 teve como 
base o estudo dessas substâncias como venenos. Hoje em dia, a 
toxicologia também inclui muitos elementos de saúde pública, 
como segurança ocupacional e toxicologia ambiental, que 
procuram limitar as exposições ambientais a níveis aceitáveis; a 
toxicologia analítica, isto é, a avaliação quantitativa ou qualita-
tiva da presença de substâncias tóxicas; e a toxicologia forense, 
isto é, o uso da toxicologia para fins legais.
Este capítulo descreve os efeitos agudos e crônicos de toxi-
nas xenobióticas importantes, isto é, de agentes que não são 
tomados pelos seus efeitos benéficos. Como o organismo huma-
no não diferencia um xenobiótico tomado para fins terapêuticos 
de um “veneno”, a distinção entre fármaco e toxina é um tanto 
artificial. Por conseguinte, os princípios de farmacologia dis-
cutidos anteriormente neste texto também são pertinentes ao 
estudo da toxicologia, razão pela qual não são repetidos neste 
capítulo. O presente capítulo discute o tratamento de algumas 
substâncias terapêuticas comumente tomadas em overdose, 
embora os mecanismos de toxicidade desses agentes possam 
ser discutidos em outros capítulos.
nn Caso
A família W está com problemas financeiros. Os tempos estão 
difíceis, e há poucas oportunidades na indústria do metal laminado. 
Depois de alguns meses de tentativa de equilibrar o orçamento 
da casa, o Sr. W decide não pagar a conta de luz. Pede empres-
tado um gerador de propano de um amigo que trabalha com 
ar- condicionado. O Sr. e a Sra. W e seu filho adolescente montam 
o gerador na garagem ligada à casa, de modo que ninguém possa 
perceber que estão utilizando essa fonte de eletricidade. Naquela 
noite, reúnem-se na sala de estar para assistir televisão.
Na manhã seguinte, um vizinho bate à porta, porém ninguém 
atende. Olha pela janela da sala de estar e, horrorizado, vê três 
pessoas estendidas sem movimento no sofá. Chama a polícia, que 
arromba a porta e confirma que toda a família morreu, incluindo 
os dois cães e um gato.
QUESTÕES
n 1. Qual ou quais toxinas podem ter causado a morte de toda 
a família e de seus animais?
Envenenamento por Fármacos 
e Toxinas Ambientais
51
Sarah R. Armstrong, Joshua M. Galanter, Laura C. Green e Armen H. Tashjian, Jr.
Introdução
Caso
Toxicidade Aguda dos Xenobióticos
Monóxido de Carbono
Ácidos e Bases
Misturas Tóxicas
Pesticidas
Contaminantes Alimentares
Plantas e Fungos Tóxicos
Toxicidade Crônica dos Xenobióticos
Tabaco
Etanol
Chumbo
Cádmio
Poeiras
Tratamento das Exposições Agudas
Princípios de Tratamento do Paciente Agudamente Envenenado
Tratamentos Baseados na Toxicocinética
Prevenção da Absorção
Inibição da Toxificação
Aumento do Metabolismo (Destoxificação)
Aumento da Eliminação
Inativação dos Venenos
Agentes Quelantes de Metais Pesados
Antivenenos e Ligação a Anticorpos
Tratamento Farmacológico
Antagonismo Farmacológico
Intensificação Farmacológica da Função Fisiológica
Restauração do Sítio Ativo
Vias Metabólicas Alternativas
Conclusão e Perspectivas Futuras
Leituras Sugeridas
832 | Capítulo Cinqüenta e Um
n 2. Por que os membros da família não foram alarmados por 
qualquer sintoma da(s) toxina(s)?
n 3. Quais exames laboratoriais de rotina poderiam confirmar a 
provável causa da morte? 
n 4. Qual pode ter sido a fonte da(s) toxina(s)?
TOXICIDADE AGUDA DOS XENOBIÓTICOS
Numerosas substâncias podem causar doença aguda e grave, 
incluindo morte. Esta seção descreve algumas das causas não-
farmacêuticas mais freqüentes de envenenamento agudo e seus 
mecanismos tóxicos.
MONÓXIDO DE CARBONO
A combustão (queima) de qualquer material orgânico produz 
o gás monóxido de carbono (CO) e outros produtos de com-
bustão incompleta. Os equipamentos de combustão que ope-
ram inapropriadamente, como sistemas de aquecimento no lar, 
podem liberar concentrações significativas de CO, e até mesmo 
os equipamentos que operam corretamente, se tiverem uma 
ventilação inadequada, podem permitir o acúmulo de CO para 
níveis tóxicos e até mesmo letais. Pessoas também já foram 
envenenadas por CO presente na exaustão de barcos a motores, 
minas, empilhadeiras que queimam gás liquefeito de petróleo 
(GLP) ou propano e equipamentos de recapeamento de gelo, 
automóveis, construções e muitas outras fontes. Muitos casos 
fatais devido a incêndio são provocados principalmente pela 
inalação de CO. Além disso, o cloreto de metileno, uma subs-
tância química encontrada em aparelhos que pintam listras, é 
metabolizado a CO após inalação. Como o CO é um gás incolor 
e inodoro, e seus efeitos agudos são inespecíficos, muitas juris-
dições exigem detectores de CO e alarmes nas residências. 
O CO provoca hipóxia tecidual, visto que ele se liga mais 
fortemente (mais de 200 vezes) ao ferro hêmico da hemoglobi-
na do que o O2, reduzindo, assim, o transporte de oxigênio no 
sangue (Fig. 51.1). Além disso, a carboxiemoglobina (COHb) 
desloca a curva de dissociação da oxiemoglobina (OHb) para 
a esquerda, impedindo a dissociação do O2. O CO liga-se tam-
bém aos citocromos e à mioglobina no músculo cardíaco e no 
músculo esquelético; esse CO ligado pode atuar como reserva-
tório interno de CO à medida que as concentrações de COHb 
diminuem no sangue. O grau com que a ligação à hemoglobina 
versus citocromos é responsável pela toxicidade não está bem 
estabelecido.
Como os sintomas iniciais do envenenamento pelo CO são 
inespecíficos, incluindo cefaléia, tontura, náusea e dispnéia, 
tanto o estabelecimento do diagnóstico acurado quanto a remo-
ção da exposição podem ser tardios. Entretanto, a determinação 
da COHb é direta, e concentrações acima de cerca de 2% em 
não-fumantes ou acima de 5 a 10% em fumantes indicam uma 
exposição incomum. (Observe que a pO2 provavelmente está 
normal no paciente com envenenamento pelo CO.) Os sinais e 
sintomas de envenenamento agudo acompanham bem as con-
centrações de COHb, com cefaléia intensa, vômitos e distúr-
bios visuais na presença de 30 a 40% de COHb e colapso e 
convulsões com 50 a 60% de COHb. A morte tende a ocorrer 
com 70% ou mais de COHb, sendo possível na presença de 
concentrações mais baixas. Os sobreviventes do envenenamen-
to pelo CO com hipóxia cerebral grave correm risco de lesão 
cerebral permanente. Como a concentração de COHb depende 
do nível de CO atmosférico, do nível de atividade, da duração 
da exposição e de outros fatores, não existe nenhum limiar 
definido de toxicidade. Entretanto, os atuais alarmes para CO 
de uso doméstico devem ser deflagrados na presença de con-
centrações de 70 ppm ou mais, dependendo do tempo durante 
o qual essa concentração esteve presente.
A meia-vida da COHb é de cerca de 5 horas no ar atmosfé-
rico, mas diminui para cerca de 90 minutos em um ambiente 
de 100% de O2 em pressão normal. A terapia com oxigênio 
hiperbárico (3 atmosferas, 100% de O2) pode reduzir a meia-
vida para cerca de 20 minutos.
No caso apresentado na introdução, o monóxido de carbono 
produzido pelo gerador de propano portátil foi a toxina que 
levou a família W à morte. A colocação do gerador na garagem 
resultou na circulação de monóxido de carbono por toda a casa, 
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N N
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Oxiemoglobina Carboxiemoglobina
B
Pressão parcial de oxigênio (torr)
50% de carboxiemoglobinaHemoglobina normal
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0 20 40 60 80 100 120
25
50
75
100
Liberação diminuída de O2
Liberação normal de O2 
Fig. 51.1 Mecanismo do envenenamento por monóxido de carbono. 
A. O sítio de ligação do oxigênio da hemoglobina é um heme ferroso que 
pode ligar-se reversivelmente ao oxigênio. O monóxido de carbono impede a 
ligação do oxigênio através da formação de uma ligação com o heme ferroso 
significativamente mais forte que a ligação heme-oxigênio (linha mais curta). 
B. O monóxido de carbono interfere acentuadamente no transporte de oxigênio 
não apenas pela sua capacidade de impedir a ligação do oxigênio, mas também 
pelo fato de aumentar a afinidade do heme pelo oxigênio. Em condições 
normais (linha azul), a saturação da hemoglobina com oxigênio atinge 85% 
nos alvéolos (onde a pressão parcial de oxigênio é de aproximadamente 90 
torr). Nas pressões parciais teciduais (40 torr), a saturação da hemoglobina 
normal com O2 é de 60%. Por conseguinte, em condições normais, 25% dos 
sítios da hemoglobina liberam o seu oxigênio aos tecidos. Quando 50% dos 
sítios de ligação do oxigênio estão ocupados por monóxido de carbono (linha 
preta), a saturação de oxigênio da hemoglobina pode não ultrapassar 50% 
em uma pressão parcial de 90 torr. Nas pressões parciais teciduais (40 torr), a 
saturação de oxigênio da hemoglobina ainda é superior a 35%, indicando que 
menos de 15% dos sítios do heme liberaram o seu oxigênio aos tecidos.
Envenenamento por Fármacos e Toxinas Ambientais | 833
em lugar de haver exaustão para o ambiente externo. A família 
W não reagiu à presença de monóxido de carbono devido à 
sua falta de odor, e esta foi a razão pela qual a família mor-
reu enquanto estava assistindo televisão, sem qualquer alarme 
aparente. Se tivessem um detector de monóxido de carbono na 
casa, suas mortes poderiam ter sido evitadas.
ÁCIDOS E BASES
Os ácidos fortes, os álcalis (agentes cáusticos), os oxidantes e 
os agentes redutores danificam os tecidos, devido à sua capa-
cidade de alterar a estrutura das proteínas, dos lipídios, dos 
carboidratos e dos ácidos nucléicos tão acentuadamente a ponto 
de ocorrer perda da integridade celular. Essas substâncias, como 
o hidróxido de potássio em materiais de limpeza de esgoto e 
o ácido sulfúrico em baterias de carro, produzem queimadu-
ras químicas através da hidrólise, oxidação ou redução das 
macromoléculas biológicas ou desnaturação das proteínas. Os 
detergentes em altas concentrações também podem causar 
lesão tecidual inespecífica ao produzir ruptura e dissolução 
das membranas plasmáticas das células.
Embora alguns desses agentes possam ser seletivos para 
determinadas macromoléculas, os agentes que provocam lesão 
direta dos tecidos tendem a ser relativamente inespecíficos. 
Por conseguinte, os sistemas mais comumente acometidos são 
aqueles mais expostos ao ambiente. A pele e os olhos são fre-
qüentemente acometidos por salpicos ou líquidos derramados. 
O sistema respiratório é acometido quando são inalados gases 
ou vapores tóxicos, enquanto o sistema digestivo é afetado por 
ingestão acidental ou deliberada.
Muitos agentes podem causar lesão dos tecidos profundos 
após romper a barreira formada pela pele. Outros agentes são 
capazes de atravessar a pele, causando relativamente pou-
ca lesão local, porém destruindo os tecidos mais profundos, 
como os músculos ou o osso. Por exemplo, o ácido fluorí-
drico (HF; encontrado em produtos de limpeza de argamassa, 
entre outros produtos) provoca queimaduras mais leves da 
pele do que uma quantidade equivalente de ácido clorídri-
co (HCl). Entretanto, quando o HF alcança os tecidos mais 
profundos, ele destrói a matriz calcificada do osso. Além dos 
efeitos diretos do ácido, a liberação do cálcio armazenado no 
osso pode causar arritmias cardíacas potencialmente fatais. 
Por essa razão, o HF pode ser mais perigoso do que uma 
quantidade equivalente de HCl.
Três características determinam a extensão da lesão teci-
dual: a identidade do composto, sua concentração/potência e 
sua capacidade de tamponamento ou capacidade de resistir a 
mudanças no pH ou no potencial redox. Conforme assinalado 
anteriormente, o HF é mais lesivo do que uma quantidade equi-
valente de HCl. Em geral, um ácido ou uma base mais fortes 
(medidos pelo pH) ou um oxidante ou redutor (medidos pelo 
potencial redox) irão provocar mais lesão do que um composto 
equivalente em pH ou potencial redox mais fisiológico. Uma 
solução de hidróxido de sódio 10-2 M em água apresenta um 
pH de 12, porém possui baixa capacidade de provocar lesão 
tecidual, visto que tem uma pequena capacidade de tampo-
namento e é rapidamente neutralizada pelo tecido corporal. 
Em contrapartida, uma solução tamponada de pH 12, como 
aquela encontrada no concreto úmido pronto para uso [feito 
com Ca(OH)2], pode causar queimaduras alcalinas mais graves, 
visto que os tecidos são incapazes de neutralizar rapidamente 
o pH extremo do material.
MISTURAS TÓXICAS 
O envenenamento por alguns materiais é incomum, visto que 
o “mecanismo” importante ocorre antes da exposição. Por 
exemplo, podem surgir sintomas agudos das vias respiratórias 
superiores e inferiores após a inalação de vapores quando se 
mistura alvejante doméstico (hipoclorito de sódio aquoso), seja 
intencionalmente ou não, com amônia aquosa ou com ácidos, 
como os produtos de limpeza para assoalho ou cerâmica à 
base de ácido fosfórico. Em ambos os casos, os materiais rea-
gem para formar uma variedade de produtos tóxicos, como 
monocloramina e dicloramina, gás amônia, gás cloro, ácido 
clorídrico e ácido hidrocloroso. A exposição grave pode causar 
edema e lesão pulmonares. Observe que os produtos de limpeza 
re levantes nem sempre têm em seus rótulos as advertências 
apropriadas contra essas misturas.
PESTICIDAS
Os pesticidas incluem os inseticidas, os herbicidas, os raticidas 
e outros compostos destinados a matar organismos indesejáveis 
no ambiente. Pela sua própria natureza, os pesticidas — dos 
quais existem centenas (tanto naturais quanto sintéticos) — são 
biologicamente ativos; entretanto, o grau de sua especificida-
de para os organismos-alvo varia, e, em conseqüência, muitos 
desses compostos provocam efeitos tóxicos nos seres huma-
nos. Além disso, os pesticidas comerciais tipicamente contêm 
ingredientes “inativos” (inativos em relação à atividade deseja-
da), que podem contribuir para a toxicidade humana, e alguns 
contêm substâncias sinérgicas para aumentar a letalidade do 
ingrediente ativo para o alvo. Alguns dos envenenamentos agu-
dos mais comuns incluem os inseticidas organofosforados e 
piretróides e os raticidas.
Os inseticidas organofosforados, que derivam do ácido 
fosfórico e tiofosfórico, incluem o paration, o malation, o 
diazinon, o fention, o clorpirifós e muitas outras substâncias 
químicas. Esses compostos amplamente utilizados são inibido-
res da acetilcolinesterase (AChE), devido à sua capacidade de 
fosforilar a AChE em seu sítio ativo esterásico (Fig. 51.2). A 
inibição da AChE e o conseqüente acúmulo de acetilcolina nas 
junções colinérgicas do tecido nervoso e órgãos efetores pro-
duzem efeitos agudos muscarínicos, nicotínicos e sobre o sis-
tema nervoso central (SNC), como broncoconstrição, aumento 
das secreções brônquicas, salivação, lacrimejamento, sudorese, 
náuseas, diarréia e miose (sinais muscarínicos), bem como con-
trações involuntárias, fasciculações, fraqueza muscular, cianose 
e elevação da pressão arterial (sinais nicotínicos). Os efeitos 
sobre o SNC podem incluir ansiedade, inquietude, confusão e 
cefaléia. Os sintomas aparecem habitualmente dentro de alguns 
minutos ou horas após a exposição e regridem em poucos dias 
nos casos de envenenamento não letal.
Podem ocorrer exposições tóxicas por inalação, ingestão ou 
contato dérmico, dependendo da formulação do produto e do 
modo de seu uso ou uso incorreto. Em certas ocasiões, ocor-
reram exposições
secundárias tóxicas em pessoas que tiveram 
contato íntimo com a vítima de exposição direta; por exemplo, 
os que atendem na emergência e a equipe de emergência já 
sofreram os efeitos tóxicos dos organofosforados após entrar 
em contato — ou simplesmente ter estado próximo — com 
roupa, pele, secreções ou conteúdo gástrico contaminados.
Como os inseticidas organofosforados comuns são metaboliza-
dos e excretados de modo relativamente rápido, as toxinas não se 
acumulam no organismo. Entretanto, o efeito tóxico pode aumen-
tar após exposições repetidas, visto que a recuperação da ativida-
834 | Capítulo Cinqüenta e Um
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Sarin Tabun Soman VX
Paration Malation
Organofosforado Carbamato 
Sítio ativo da 
acetilcolinesterase (serina)
Acetilcolinesterase 
ligada ao organofosforado
Após envelhecimento
Organofosforado
HOR2
Pralidoxima
Pralidoxima ligada 
ao organofosforado
Fig. 51.2 Estruturas e mecanismos dos inibidores da acetilcolinesterase. A. Estruturas dos inibidores da acetilcolinesterase típicos, com organofosforado à 
esquerda e um carbamato à direita. B. Estruturas dos principais gases de nervos – sarin, tabun, soman e VX, que são potentes inibidores da acetilcolinesterase 
humana. C. Estruturas dos inseticidas organofosforados paration e malation. As ligações tiofosfato entre o enxofre e o fósforo são oxidadas mais eficientemente 
pelas oxigenases dos artrópodes do que pelas oxigenases dos mamíferos, de modo que os compostos são menos tóxicos aos seres humanos do que os gases 
de nervos estruturalmente relacionados. D. Os organofosforados atacam o sítio ativo serina na acetilcolinesterase, formando uma espécie fósforo-oxigênio 
estável (1). A pralidoxima remove o organofosforado da serina, restaurando a acetilcolinesterase ativa (2). A pralidoxima ligada ao organofosforado é instável 
e regenera espontaneamente pralidoxima (3). A acetilcolinesterase ligada a organofosforados pode perder um grupo alcoxi, em um processo denominado 
envelhecimento. O produto final do envelhecimento é mais estável e não pode ser destoxificado pela pralidoxima. 
de da colinesterase, seja por dissociação da AChE fosforilada ou 
pela síntese original da enzima, é lenta na ausência de tratamento. 
Como os inseticidas organofosforados são preferencialmente toxi-
ficados por colinesterases dos artrópodes e/ou preferencialmente 
destoxificados por carboxiesterases dos mamíferos, esses com-
postos são mais tóxicos para os artrópodes do que para o homem, 
fornecendo um exemplo de toxicidade seletiva—embora também 
exista toxicidade para os seres humanos.
Os inseticidas piretróides, como a permetrina, a deltame-
trina, a cipermetrina e a ciflutrina, são substâncias químicas 
semi-sintéticas cuja estrutura está relacionada com as piretrinas 
de ocorrência natural encontradas nas flores do crisântemo. Os 
piretróides (e as piretrinas) possuem afinidade muito alta pelos 
canais de sódio da membrana plasmática, e, embora não alterem 
a atividade das correntes de sódio por despolarização da mem-
brana, eles retardam significativamente o término do potencial 
Envenenamento por Fármacos e Toxinas Ambientais | 835
de ação. Os piretróides são pesticidas comuns em agricultura 
e também são encontrados em alguns produtos domésticos, 
incluindo xampus pediculicidas.
Foram definidas duas classes de piretróides com base na 
sua atividade determinada, em grande parte, em experimentos 
laboratoriais. Os piretróides do tipo I não contêm grupo ciano, 
produzem correntes caudais de sódio de duração mais curta 
e descargas repetitivas e causam uma síndrome de tremores 
(T) em mamíferos, que pode incluir tremor fino, aumento de 
resposta aos estímulos e hipertermia. Os piretróides do tipo II 
geralmente contêm um grupo ciano, produzem uma corren-
te caudal de sódio de duração mais longa e despolarização e 
bloqueio nervosos dependentes do estímulo e causam uma sín-
drome de coreoatetose com salivação (CS), que pode consis-
tir em contorções sinuosas (coreoatetose) e salivação, tremor 
grosseiro, convulsões clônicas e hipotermia. Alguns piretrói-
des provocam síndromes intermediárias. Como nos animais 
de laboratório, os sinais T e CS também são observados em 
pessoas que sofrem grandes exposições agudas aos piretróides, 
como as que podem ocorrer durante o uso desses inseticidas na 
agricultura. Os piretróides são freqüentemente formulados com 
uma substância sinérgica, como o piperonil butóxido, que ini-
be as enzimas do citocromo P450 (e, portanto, o metabolismo) 
dos insetos e que aumenta a toxicidade dos piretróides.
A toxicidade dos piretróides é relativamente baixa nos seres 
humanos, entretanto, um pequeno número de relatos de casos 
de morte em indivíduos asmáticos expostos a xampus para cães 
contendo piretróides sugere o potencial de exacerbação da asma. 
A exposição ocupacional aos piretróides envolve freqüentemente 
tanto a inalação quanto a exposição dérmica, visto que os inse-
ticidas são tipicamente pulverizados, e os trabalhadores podem 
ser expostos a essa nuvem. A absorção é rápida através dos pul-
mões, porém muito lenta através da pele. Os sintomas comuns 
consistem em parestesias (mais freqüentemente na pele do rosto), 
tontura, cefaléia, visão turva, irritação nasal e laríngea e dispnéia. 
Não se sabe ao certo até que ponto outras substâncias químicas 
presentes na formulação dos inseticidas, como hidrocarbonetos 
do petróleo, contribuem para esses sintomas.
CONTAMINANTES ALIMENTARES
Estima-se que um em quatro norte-americanos padece de 
doença transmitida por alimentos significativa a cada ano. 
Os mecanismos de intoxicação alimentar envolvem infecção, 
que tipicamente se manifesta dentro de um a vários dias após 
a exposição, ou intoxicação por uma toxina pré-formada de 
micróbios ou algas, com sintomas que surgem dentro de poucas 
horas após a exposição. As intoxicações alimentares infecciosas 
são tipicamente causadas por espécies de Salmonella, Listeria, 
Cryptosporidium ou Campylobacter. As toxinas menos comuns, 
porém muito virulentas, incluem as da Escherichia coli entero-
patogênica, que algumas vezes pode causar colite hemorrágica 
fatal e síndrome hemolítico-urêmica (SHU), provavelmente 
através da captação de proteínas bacterianas patológicas pelas 
células do hospedeiro. 
A intoxicação alimentar é freqüentemente causada por toxi-
nas elaboradas pelo Staphylococcus aureus ou pelo Bacillus 
cereus ou por toxinas de algas marinhas ingeridas em frutos do 
mar. O S. aureus produz uma variedade de toxinas; as entero-
toxinas estafilocócicas (ES) causam vômitos através da estimu-
lação de receptores nas vísceras abdominais. O processamento 
inadequado dos alimentos após cozimento, seguido de refri-
geração insuficiente, contamina alimentos ricos em proteínas, 
como carnes, frios e ovos e laticínios.
O B. cereus é um contaminante comum do arroz cozi-
do. Produz diversas toxinas, que causam vômitos e diarréia. 
Deve-se considerar particularmente a produção de cerulida, 
um pequeno peptídio cíclico que estimula os receptores 5-HT3 
intestinais, resultando em vômitos. O peptídio é termoestável 
a 126oC durante até 90 minutos, de modo que o reaquecimento 
de arroz cozido contaminado tipicamente não irá impedir a 
intoxicação. 
As toxinas de algas são, em sua maioria, neurotóxicas e 
termoestáveis, de modo que, neste caso também, o cozimento 
não modifica as toxinas, que permanecem intactas. As toxinas 
de algas, como as saxitoxinas,
formam um grupo de apro-
ximadamente 20 guanidinas heterocíclicas que se ligam com 
alta afinidade ao canal de sódio dependente de voltagem, ini-
bindo, assim, a atividade neuronal e causando formigamento 
e dormência, perda do controle motor, sonolência, incoerência 
e, em doses suficientes (acima de cerca de 1 mg), paralisia 
respiratória.
Muitas doenças transmitidas por alimentos parecem ser cau-
sadas por patógenos que ainda não foram caracterizados. (Esti-
ma-se que mais de 90% das espécies de micróbios existentes na 
terra ainda não foram isolados nem identificados.) Além disso, 
novos patógenos podem surgir devido a mudanças na ecologia 
ou nas tecnologias, ou podem aparecer através da transferência 
de fatores de virulência móveis, como os bacteriófagos.
PLANTAS E FUNGOS TÓXICOS
A ingestão de vegetais não alimentares por engano, como cogu-
melos venenosos coletados por micologistas amadores, ou de 
outras plantas venenosas também pode causar doença aguda. 
Por exemplo, o cogumelo “chapéu-da-morte” altamente tóxico, 
Amanita phalloides, produz numerosas toxinas ciclopeptídi-
cas que não são destruídas pelo cozimento nem por secagem, 
carecem de sabor distinto e são captadas pelos hepatócitos. 
As amatoxinas ligam-se fortemente à RNA polimerase II, 
retardando acentuadamente a síntese de RNA e de proteínas e 
levando à necrose dos hepatócitos. As falotoxinas e virotoxinas 
ligeiramente menos tóxicas interferem nas actinas F e G no 
citoesqueleto. Por conseguinte, o consumo de espécies de Ama-
nita ou espécies relacionadas pode causar disfunção hepática 
grave e até mesmo insuficiência hepática (e renal) e morte. 
Os sintomas iniciais de envenenamento, como dor abdominal, 
náusea, vômitos e diarréia intensos, febre e taquicardia, podem 
surgir dentro de 6 a 24 horas após o consumo dos cogumelos. A 
função hepática e renal pode deteriorar, até mesmo enquanto os 
sinais iniciais regridem, resultando em icterícia, encefalopatia 
hepática e insuficiência hepática fulminante, e pode ocorrer 
morte dentro de 4 a 9 dias após o consumo. Não existe nenhum 
antídoto específico.
Uma síndrome anticolinérgica pode ser causada pela inges-
tão deliberada ou acidental de estramônio, uma planta per-
tencente à família da Datura. Todas as partes da planta são 
tóxicas, porém as sementes e as folhas, em particular, contêm 
atropina, escopolamina e hioscinamina. Esses compostos são 
rapidamente absorvidos e produzem sintomas anticolinérgicos, 
como midríase, pele seca e ruborizada, agitação, taquicardia, 
hipertermia e alucinações. A mnemônica para os efeitos antico-
linérgicos, “cego como um morcego, seco como um osso, ver-
melho como uma beterraba, doido de atar e fogoso como uma 
lebre”, pode ser aplicada ao envenenamento pelo estramônio.
Algumas plantas das famílias Umbelliferae (como salsa, 
pastinaga, endro, aipo e serralha), Rutaceae (com limão-doce e 
limão) e Moraceae (como figos) contêm isômeros psoralenos 
836 | Capítulo Cinqüenta e Um
(furocumarinas) nas folhas, nos caules ou na seiva, que podem 
ser absorvidos na pele após contato. A exposição subseqüente à 
radiação UV-A de comprimento de ondas >320 nm (geralmente 
através da luz solar) pode excitar as furocumarinas, que então 
formam complexos que provocam lesão do DNA no tecido 
epidérmico. Dentro de 2 dias, observa-se o aparecimento de 
queimaduras, vermelhidão e formação de vesículas nas áreas 
de contato com a planta e a luz; após cicatrização, a hiperpig-
mentação pode persistir por vários meses. A resposta é maior 
com o maior contato com a planta, umidade e duração e inten-
sidade da exposição à radiação. Esse mecanismo fitofototóxico 
não-alérgico constitui a base da terapia PUVA para o eczema e 
outros distúrbios dermatológicos.
TOXICIDADE CRÔNICA DOS XENOBIÓTICOS
A toxicidade crônica refere-se aos efeitos freqüentemente 
irreversíveis da exposição repetida a determinada toxina. A 
seguir, são descritas as toxicidades crônicas de alguns dos 
xenobióticos mais prevalentes.
TABACO
A fumaça do cigarro é a toxina mais importante e comumente 
encontrada nos Estados Unidos. É responsável por cerca de 
30% de todas as mortes por câncer nos Estados Unidos e por 
um risco significativamente aumentado de doença pulmonar 
e doença cardiovascular. A fumaça de tabaco provoca não 
apenas câncer de pulmão, mas também cânceres da cavidade 
oral, do esôfago, do pâncreas e da bexiga. Acredita-se também 
que o fumo passivo — isto é, a exposição de não-fumantes à 
fumaça de cigarro — provoca câncer e doença cardiovascular, 
embora a magnitude desses riscos não esteja tão bem definida 
quanto aquela para fumantes. A carcinogenicidade da fumaça 
de cigarro deve-se, provavelmente, às ações combinadas de 
muitos dos numerosos carcinógenos, incluindo benzo(a)pireno, 
entre as 4.000 substâncias químicas existentes na fumaça de 
cigarro (Fig. 51.3). Vários desses carcinógenos não se limitam 
à fase de partícula ou “alcatrão”, porém encontram-se também 
na fase gasosa. Os cigarros com “baixo teor de alcatrão” são tão 
carcinogênicos e provocam tanta doença cardiovascular quanto 
os cigarros “regulares”.
ETANOL
O consumo excessivo de álcool etílico também constitui uma 
exposição tóxica comum e complexa. O consumo abusivo de 
álcool é observado numa minoria significativa de adolescentes; 
em adultos com coronariopatia, o consumo abusivo de álcool 
pode causar isquemia do miocárdio e angina. O álcool, em 
seu efeito agudo, é um sedativo (ver Caps. 11 e 17) e provoca 
retardo psicomotor. A maior parte da morbidade e mortalidade 
da intoxicação pelo álcool resulta de lesões sofridas (para não 
mencionar as infligidas) enquanto se está sob os efeitos do 
álcool.
O consumo excessivo e crônico aumenta o risco de cirro-
se, de carcinoma hepatocelular, pancreatite, acidente vascular 
cerebral hemorrágico e insuficiência cardíaca. A fisiopatolo-
gia da miocardiopatia alcoólica é complexa e parece envolver 
morte celular e alterações patológicas na função dos miócitos. 
As mulheres tendem a ser mais suscetíveis do que os homens 
à miocardiopatia alcoólica.
O
HO
OH
O
O
OH
O
Glicuronato 
OH
S
Glutationa
Benzo[a]pireno-4,5-epóxido
Benzo[a]pireno-7,8-epóxido
Benzo[a]pireno-
7,8-diol-9,10-epóxido
(carcinógeno)
Benzo[a]pireno
Produtos conjugados (não-carcinogênicos)
Fig. 51.3 Metabolismo do benzo[a]pireno. O benzo[a]pireno é um pré-
carcinógeno que pode ser metabolizado por diversas vias. A oxidação da 
denominada região de reentrância produz o carcinógeno final, benzo[a]pireno-
7,8-diol-9,10-epóxido, que pode causar rupturas das fitas duplas no DNA. Por 
outro lado, a oxidação na denominada região K produz o 4,5-epóxido do 
benzo[a]pireno. A abertura do epóxido e a conjugação com glutationa ou 
glicuronato dá origem a produtos conjugados não-carcinogênicos, que são 
hidrofílicos e que podem ser excretados.
O mecanismo da hepatotoxicidade alcoólica também é mul-
tifatorial. Em primeiro lugar, está associada a uma deficiência 
nutricional, visto que os que fazem consumo abusivo e crônico 
de álcool obtêm a maior parte de suas calorias do próprio álcool. 
Isso leva a um estado hipermetabólico e a uma demanda aumen-
tada de oxigênio no fígado. Por sua vez, os hepatócitos centro-
lobulares pouco perfundidos ficam ameaçados. O metabolismo 
do álcool gera NADH e NADPH, que desvia o potencial redox 
do hepatócito. O potencial redox alterado leva a uma produção 
aumentada de ácido láctico e ácido úrico e ao desenvolvimen-
to de hipoglicemia. Por fim, o metabolismo do etanol produz 
espécies reativas prejudiciais, incluindo acetaldeído (pela ação 
da álcool desidrogenase) e radicais hidroxila, ânions superóxido 
e peróxido de hidrogênio (produzido pela ação da enzima 2E1 
do citocromo P450).
Acredita-se que o etanol provoque tumores diretamente na 
orofaringe, na laringe e no
esôfago, onde pode atuar de modo 
Envenenamento por Fármacos e Toxinas Ambientais | 837
noácidos. A exposição crônica ao chumbo resulta em nefrite 
intersticial, com desenvolvimento final de fibrose e doença 
renal crônica.
CÁDMIO
As poeiras e as fumaças contendo cádmio podem ser encon-
tradas em diversas ocupações. O cádmio é tóxico para vários 
órgãos e pode ser carcinogênico para os pulmões e a próstata, 
mas também possui efeitos tóxicos particulares sobre o rim 
após exposição por inalação. A ocorrência de anormalidade da 
função renal, consistindo em proteinúria e diminuição da taxa 
de filtração glomerular (TFG), foi relatada pela primeira vez em 
operários que trabalhavam com cádmio, em 1950, e confirmada 
em numerosas pesquisas. A proteinúria consiste em proteínas 
de baixo peso molecular, como �2-microglobulina, proteína de 
ligação do retinol, lisozima e cadeias leves de imunoglobu-
lina; essas proteínas normalmente são filtradas no glomérulo e 
reabsorvidas nos túbulos proximais. Os trabalhadores expostos 
ao cádmio também apresentam uma maior taxa de formação 
de cálculos renais, talvez devido à ruptura do metabolismo do 
cálcio em conseqüência de lesão renal.
Há boas evidências de que a disfunção tubular renal só ocor-
re após alcançar uma concentração limiar de cádmio no córtex 
renal. O limiar varia entre indivíduos, porém foi estimado em 
cerca de 200 �g/g de peso úmido. Vários estudos de preva-
lência da proteinúria em populações de trabalhadores expostos 
sugerem que a exposição por inalação superior a cerca de 0,03 
mg/m3 durante 30 anos está associada a um risco aumentado de 
disfunção tubular. Infelizmente, a remoção da exposição não 
interrompe necessariamente a doença em trabalhadores com 
lesão renal induzida pelo cádmio, e podem ocorrer diminuição 
progressiva da TFG e doença renal terminal. A evolução da 
doença pode depender tanto da carga corporal de cádmio quanto 
da intensidade da proteinúria por ocasião da última exposição. 
A não ser que a lesão renal seja significativa, a concentração 
urinária de cádmio reflete a carga corporal do metal.
Embora a lesão renal seja claramente devida ao acúmulo de 
cádmio no rim, o mecanismo molecular dessa lesão não está 
bem esclarecido. A metalotioneína pode estar envolvida; essa 
proteína de ligação do cádmio, que é sintetizada no fígado e 
no rim, parece facilitar o transporte de cádmio para o rim e 
promover aí a sua retenção.
POEIRAS
Numerosos casos de lesão pulmonar ocupacional são provo-
cados pela inalação de vários tipos de poeiras, como pó de 
carvão, asbesto, sílica cristalina ou talco. Várias formas de 
asbesto, como a amosite e a crocidolite, são carcinogênicas 
para os pulmões e/ou mesotélio após exposição prolongada a 
fibras de tamanho passível de inalação (<10 �m). O uso dis-
seminado de produtos contendo asbesto na construção naval, 
construção civil, têxteis e outras indústrias em décadas passadas 
foi responsável por um grande número de casos de câncer; com 
efeito, devido ao período de latência, esse número ainda está 
aumentando. Embora o uso do asbesto tenha sido muito redu-
zido nos Estados Unidos, produtos mais antigos (como isola-
mento de canos) ainda são utilizados e fornecem oportunidades 
de exposição contínua. A exposição excessiva em conseqüência 
de afloramentos naturais de rochas contendo asbesto também 
pode ser problemática, especialmente em certas regiões da 
Califórnia, e a mineração extensa da vermiculita em Libby, 
sinérgico com a fumaça de tabaco. O etanol também está asso-
ciado ao carcinoma hepatocelular ao induzir uma regeneração 
crônica de tecido lesado e ao induzir também a enzima 2E1 do 
citocromo P450, que pode ativar carcinógenos. 
O etanol também é um teratógeno; provoca a síndrome alco-
ólica fetal, a causa prevenível mais comum de retardo men-
tal. A despeito de pesquisa intensa, o mecanismo da síndrome 
alcoólica fetal permanece desconhecido.
Por outro lado, o consumo leve a moderado de álcool parece 
proteger o indivíduo contra a doença cardíaca. Os mecanismos 
que medeiam essa redução de risco podem incluir a produção 
aumentada de colesterol das lipoproteínas de alta densidade, 
plasminogênio e ativador do plasminogênio tecidual, associada 
a uma redução na produção de fibrinogênio e lipoproteína(a), 
diminuição da agregação plaquetária e alteração da função 
endotelial.
CHUMBO
O chumbo é ubíquo no meio ambiente, em virtude de sua per-
sistência e uso anteriormente disseminado em tintas, encanamen-
to, solda e como aditivo na gasolina. A exposição ao chumbo 
provoca toxicidade neural, tornando-a objeto de preocupação 
especial em fetos e crianças até aproximadamente 7 anos de 
idade. As crianças pequenas também correm risco, visto que têm 
mais probabilidade do que os adultos de ingerir poeira de tinta ou 
solo contaminados com chumbo. Embora a meia-vida do chum-
bo nos tecidos moles seja relativamente curta, a sua meia-vida 
no osso estende-se por mais de 20 anos, e uma exposição consi-
derável ao chumbo no início da infância pode resultar em níveis 
elevados de chumbo nos ossos durante décadas. Apesar de uma 
redução de cinco vezes na exposição ao chumbo desde a década 
de 1940 nos Estados Unidos, acredita-se que quase um milhão 
de crianças norte-americanas corram risco de envenenamento 
por chumbo. Algumas crianças pobres correm risco particular, 
devido à contaminação em moradias inadequadamente mantidas 
e antigamente pintadas com tinta a base de chumbo, exposição à 
água de antigos encanamentos de chumbo e/ou ingestão alimen-
tar inadequada de cálcio e de ferro.
O chumbo provoca uma ruptura da barreira hematoencefáli-
ca, permitindo que tanto o chumbo quanto outras neurotoxinas 
potenciais alcancem o SNC. No SNC, o chumbo pode blo quear 
os canais de cálcio dependentes de voltagem, interferir na fun-
ção dos neurotransmissores e, o mais importante, interferir nas 
interações celulares no cérebro; este último efeito provoca alte-
rações permanentes nos circuitos neuronais. A encefalopatia 
por chumbo manifesta, que, hoje em dia, é felizmente rara nos 
Estados Unidos, resulta em letargia, vômitos, irritabilidade e 
tontura, podendo evoluir para alteração do estado mental, coma 
e morte. Nas crianças, o efeito mais importante é o risco de 
um déficit de QI de aproximadamente dois a quatro pontos 
para cada aumento de 10 �g/dL na concentração sangüínea 
de chumbo.
O chumbo interfere na síntese da hemoglobina em múltiplas 
etapas, causando anemia microcítica hipocrômica. Especifica-
mente, o chumbo inibe a ação da ácido delta-aminolevulínico 
desidratase (ALA-D), que catalisa a síntese de porfobilinogê-
nio, um precursor do heme. O chumbo também inibe a incor-
poração do ferro no anel de porfirina.
No rim, o chumbo causa toxicidade tanto reversível quanto 
irreversível. O chumbo pode interferir reversivelmente na pro-
dução de energia nas células tubulares proximais através de sua 
interferência na função mitocondrial, resultando em redução 
da reabsorção dependente de energia de íons, glicose e ami-
838 | Capítulo Cinqüenta e Um
Montana, levou aparentemente a um risco aumentado de meso-
telioma. O asbesto também provoca uma doença respiratória 
não-maligna grave, denominada asbestose, caracterizada por 
lesões fibróticas no parênquima pulmonar, que limitam as tro-
cas gasosas. Os mecanismos pelos quais as fibras de asbesto 
causam lesão do pulmão ou da pleura ainda não estão bem 
esclarecidos, mas podem envolver a produção de espécies de 
oxigênio reativas por macrófagos procurando destruir as fibras. 
As características das fibras, como composição, comprimento 
e diâmetro, também desempenham um papel na toxicidade. O 
risco de câncer pulmonar em um indivíduo com exposição ao 
asbesto aumenta acentuadamente com o tabagismo, ultrapas-
sando a soma dos riscos independentes associados ao asbesto
e ao tabagismo como fatores separados—um exemplo lamen-
tável de sinergismo na carcinogênese.
O pulmão negro ou pneumoconiose dos carvoeiros (PC) 
é outra doença pulmonar fibrótica não-maligna (mas poten-
cialmente fatal) induzida pela exposição excessiva ao pó de 
carvão. A forma simples da PC pode não limitar acentuada-
mente a respiração, afetando apenas pequenas áreas do pulmão, 
enquanto a PC progressiva pode desenvolver-se e até mesmo 
agravar-se na ausência de exposição contínua, resultando em 
enfisema grave. É interessante assinalar que o pó de carvão 
não parece aumentar o risco de câncer de pulmão. Embora a 
exposição ocupacional ao pó de carvão tenha sido limitada por 
regulamentos nos Estados Unidos nessas últimas décadas, e a 
mineração seja menos comum do que no passado, milhares de 
mineradores em outros países, especialmente na China, correm 
risco de PC e doenças relacionadas.
TRATAMENTO DAS EXPOSIÇÕES AGUDAS
Em todas as exposições a substâncias tóxicas, o paciente deve 
ser removido do ambiente contaminado e estabilizado com 
medidas de suporte da vida convencionais. Uma vez o paci-
ente estabilizado agudamente, devem-se tomar medidas para 
identificar a exposição precisa. Em alguns casos, a anamnese e 
o exame físico são suficientes, ao passo que, em outros casos, 
podem ser necessários exames laboratoriais especializados.
Uma vez identificado o veneno, são empregadas várias 
estratégias para minimizar os danos, com base na natureza da 
toxina responsável. Uma estratégia consiste em alterar a toxi-
cocinética de um veneno, de modo a minimizar a exposição ao 
(1) diminuir a absorção da toxina, (2) prevenir a toxificação 
de um composto benigno, ou (3) aumentar o metabolismo ou 
a eliminação da toxina. Uma segunda estratégia visa inativar 
uma toxina através de sua ligação a uma pequena molécula ou 
anticorpo, impedindo, assim, que a toxina possa interferir em 
processos bioquímicos e celulares essenciais. Uma estratégia 
final consiste em neutralizar a ação da toxina em nível bioquí-
mico, celular ou corporal.
O Quadro 51.1 (no final do capítulo) fornece uma lista de 
venenos importantes selecionados, juntamente com seus meca-
nismos de toxicidade, receptores ou alvos, sinais clínicos e antí-
dotos (quando houver).
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO DO PACIENTE 
AGUDAMENTE ENVENENADO
A abordagem inicial no tratamento de um paciente envenenado 
consiste em eliminar qualquer exposição adicional. Em muitos 
casos, essa etapa por si só é efetiva, visto que os mecanismos 
homeostáticos do corpo podem minimizar a lesão, respondendo 
adequadamente a algumas exposições de curta duração. Por 
exemplo, os sintomas agudos provocados pela inalação de altas 
concentrações de vapor de tricloroetileno são prontamente 
revertidos após remoção do paciente e sua colocação em um 
ambiente de ar fresco.
Após remover o paciente da exposição, devem-se imple-
mentar medidas de suporte, como proteção das vias aéreas, 
assegurar a ventilação e a perfusão dos órgãos-alvo e corrigir 
as anormalidades eletrolíticas. Por exemplo, a overdose de um 
antagonista beta-adrenérgico é tratada pela administração de 
glucagon para aumentar a freqüência cardíaca e pressão arterial 
e de líquidos parenterais para tratar a hipotensão. O glucagon 
aumenta o cAMP nas células cardíacas através da estimula-
ção da ativação da adenilil ciclase mediada pelo receptor de 
glucagon. O glucagon também sofre metabolismo local a um 
fragmento de “miniglucagon”, que aumenta o Ca2+ intracelular 
(e, portanto, a contratilidade) ao estimular a fosfolipase A2 . 
Se necessário, pode-se regular o ritmo do coração utilizando 
compressões externas ou um fio marca-passo transvenoso. O 
envenenamento por salicilato, que provoca acidose metabóli-
ca, é tratado com manejo eletrolítico agressivo: administra-se 
bicarbonato de sódio para manter o pH sérico normal e alca-
linizar a urina. A alcalinização da urina promove a excreção 
renal de salicilato.
A próxima etapa consiste em estabelecer a natureza do vene-
no. Algumas vezes, o veneno é identificado a partir da anam-
nese, como exposição ocupacional, ou a partir de evidências 
reunidas no local de ocorrência, como frasco de comprimidos 
vazio. Outras vezes, os sintomas do paciente são compatíveis 
com determinada toxídrome. Por exemplo, os sintomas de 
sobrecarga colinérgica (vômitos, diarréia, vasodilatação peri-
férica, perda da acomodação e constrição pupilar) em contex-
to de agricultura sugere uma exposição a pesticida. Todavia, 
com freqüência, particularmente no paciente obnubilado, pode 
ser necessário obter dados toxicológicos plasmáticos ou outras 
informações especializadas para estabelecer definitivamente o 
veneno e instituir o tratamento específico.
TRATAMENTOS BASEADOS NA TOXICOCINÉTICA
A abordagem toxicocinética visa minimizar a possibilidade do 
veneno de provocar lesão dos órgãos-alvo ao diminuir a quan-
tidade do agente presente no organismo. Isso pode ser efetua-
do através de prevenção da absorção e toxificação do veneno, 
aumento de seu metabolismo ou de sua eliminação.
Prevenção da Absorção
Em certas ocasiões, é possível impedir a absorção gastrin-
testinal de material que foi ingerido, mas que ainda não foi 
absorvido através de lavagem gástrica. Em casos muito raros, 
pode-se induzir vômito em lugar de efetuar uma lavagem gástri-
ca. O método mais comum de indução de vômito consiste na 
administração de xarope de ipeca, que atua através de um 
mecanismo duplo dentro de aproximadamente 15 a 30 minutos 
após a sua administração. Localmente, o xarope de ipeca irrita 
o trato gastrintestinal, ao passo que, em nível central, ativa a 
zona de gatilho quimiorreceptora na área postrema do cérebro 
(ver Cap. 13). A adsorção química de uma toxina com carvão 
ativado constitui outra maneira de impedir a absorção de toxi-
nas ingeridas. O carvão ativado em pó fornece uma grande área 
de superfície sobre a qual podem ser adsorvidas numerosas 
Envenenamento por Fármacos e Toxinas Ambientais | 839
moléculas orgânicas pequenas. A seguir, o carvão passa pelo 
trato gastrintestinal e é eliminado nas fezes, juntamente com a 
toxina adsorvida. Em geral, o carvão ativado é mais efetivo para 
substâncias hidrofóbicas, enquanto é ineficaz para a maioria 
dos sais inorgânicos. Em alguns casos, podem-se administrar 
múltiplas doses de carvão ativado para interferir na circulação 
êntero-hepática de drogas que sofreram absorção sistêmica.
Inibição da Toxificação 
Algumas vezes, é possível impedir a toxificação através da ini-
bição das enzimas envolvidas na conversão do xenobiótico em 
seu produto tóxico. Na prática, algumas enzimas metabólicas 
específicas são alvos do tratamento, visto que a maioria das 
enzimas faz parte do sistema do citocromo P450. Entretanto, 
um alvo desse tipo de abordagem é a álcool desidrogenase, que 
converte álcoois em seus aldeídos correspondentes. Em muitos 
casos, o álcool original não é particularmente tóxico e pode ser 
excretado pelos rins; entretanto, o metabólito aldeído ou um 
metabólito mais distal são significativamente mais tóxicos. Por 
exemplo, o formeato é um metabólito tóxico do metanol (álcool 
metílico), enquanto o ácido glicólico é o metabólito tóxico do 
etileno glicol (um álcool bifuncional e componente de anticon-
gelantes), que provoca depressão do SNC dependente da dose e 
acidose metabólica com hiato aniônico elevado. Como o etanol 
também é metabolizado pela álcool desidrogenase, pode atuar 
como inibidor competitivo do metanol e do etileno glicol. His-
toricamente, pacientes que ingeriram metanol ou etileno glicol 
foram mantidos inebriados com soluções de etanol por via oral 
ou IV para minimizar a formação dos metabólitos mais tóxicos. 
Mais recentemente, tem-se utilizado o inibidor competitivo da 
álcool desidrogenase, o fomepizol. Ao contrário do etanol, o 
fomepizol em
si não é metabolizado pela álcool desidrogenase 
e não produz sintomas de inebriação.
Aumento do Metabolismo (Destoxificação)
Teoricamente, é possível acelerar o metabolismo de uma subs-
tância tóxica através da indução da isoenzima apropriada do 
citocromo P450. Lamentavelmente, devido ao tempo necessário 
para o processo de indução, essa abordagem não é apropriada 
para casos de intoxicação aguda e, em geral, não é utilizada 
clinicamente.
Em alguns casos, as ações metabólicas de enzimas que não 
pertencem ao citocromo P450, que dependem de co-fatores ou 
co-substratos, podem ser aceleradas pela adição desses co-fato-
res. O exemplo mais notável é o do envenenamento por cianeto, 
que é tratado com um “kit” contendo nitrito de amila ou nitrito 
de sódio e tiossulfato de sódio (Fig. 51.4). Os nitritos atuam 
por intermédio da oxidação da hemoglobina a metemoglobina, 
fornecendo um substrato capaz de competir com a citocromo 
c oxidase pelas moléculas de cianeto (ver adiante). A seguir, o 
cianeto ligado à metemoglobina é oxidado ao tiocianato rela-
tivamente atóxico pela enzima rodanase (também conhecida 
como transulfurase). A adição de tiossulfato fornece uma fonte 
imediata de enxofre para a reação de destoxificação e aumenta 
o metabolismo do cianeto.
Outro exemplo de suprimento de substrato numa reação de 
destoxificação é o uso da N-acetilcisteína no tratamento do 
envenenamento por acetaminofeno. O acetaminofeno pode ser 
convertido no metabólito hepatotóxico N-acetil-p-benzoquino-
neimina (NAPQI) pela ação de enzimas do citocromo P450 no 
fígado (Fig. 51.5). A NAPQI pode ser destoxificada por conju-
gação com a glutationa. Todavia, se a dose de acetaminofeno 
S-CN
S
S
O--O
O
O
N
O
N
N N
N
Fe3+
C
N
Cu2+
N
HN
N
H
N
N NH
N
N N
N
Fe3+
O
O
Cu2+
N
HN
N
H
N
N NH
N
N N
N
Fe3+
O
O
Cu2+
N
HN
N
H
N
N NH
N
N N
N
Fe2+
N
N N
N
Fe3+
N
N N
N
Fe3+
C
N
3
NS+
N
N
Cl-
A
B
-C N
Citocromo c oxidase
Cianocitocromo 
c oxidase
Citocromo c oxidase
Cianeto
Ligação 
do cianeto
Nitrito de amila
Tiocianato
Tiossulfato 
Hemoglobina
Metemoglobina
Cianometemoglobina
Azul de metileno
1Oxidação da
hemoglobina
Rodanese
4 Redução da
metemoglobina
2 Extração do
cianeto a partir
da citocromo 
c oxidase
Fig. 51.4 Tratamento do envenenamento por cianeto. A. Estrutura do sítio 
ativo de cobre/heme da citocromo c oxidase, a enzima responsável pela etapa 
final da cadeia de transporte de elétrons (a redução de quatro elétrons do 
oxigênio a água). Aqui, a enzima é mostrada após redução do oxigênio à forma 
peróxido em ponte. B. O cianeto desloca o oxigênio devido à formação de 
uma ligação extremamente estável com o grupo do heme férrico na citocromo 
c oxidase. O tratamento do envenenamento por cianeto consiste em: (1) 
oxidação do ferro ferroso na hemoglobina à sua forma férrica (metemoglobina) 
pelo nitrito de amila ou nitrito de sódio. A metemoglobina compete fortemente 
pelo cianeto (2), facilitando a sua remoção do sítio ativo da citocromo c oxidase 
e atuando como escoadouro para o cianeto circulante. O cianeto é convertido 
em tiocianato através da ação da rodanese, uma enzima mitocondrial (3). A 
adição de tiossulfato de sódio fornece o enxofre necessário para a conversão 
do cianeto em tiocianato. Uma vez destoxificado o cianeto, a metemoglobina 
pode retornar à sua forma ferrosa (4) pela adição de azul de metileno.
for grande o suficiente, ocorrerá depleção das reservas de glu-
tationa, podendo resultar em hepatotoxicidade. Pode-se repor 
as reservas de glutationa pela administração de N-acetilcisteína 
(NAC), um precursor metabólico da glutationa. 
840 | Capítulo Cinqüenta e Um
seqüestro de íons, a forma neutra da toxina é filtrada através do 
glomérulo, e essa forma é desprotonada na urina alcalinizada 
(básica). A forma ionizada da toxina não é reabsorvida e, por 
conseguinte, é excretada na urina. Clinicamente, o seqüestro 
de íons é efetuado através da administração de bicarbonato 
ao paciente e titulação para um pH urinário de 7,5 a 8,5. Essa 
técnica tem sido particularmente efetiva para melhorar a elimi-
nação dos salicilatos e do fenobarbital. Embora a acidificação 
da urina para aumentar a depuração uma toxina básica seja 
teoricamente possível, os perigos da acidose metabólica iatro-
gênica da prática impedem o uso dessa abordagem.
As técnicas de hemodiálise, hemofiltração e hemoperfusão 
dependem da purificação extracorpórea do sangue. Por esse 
motivo, essas técnicas só servem para substâncias que pos-
suem um volume de distribuição relativamente pequeno, de 
modo que a remoção da substância tóxica do sangue não deixe 
um grande reservatório inacessível nos tecidos corporais. Em 
geral, a hemodiálise mostra-se útil para pequenas moléculas 
relativamente hidrossolúveis, que apresentam um pequeno 
volume de distribuição e que não estão firmemente ligadas às 
proteínas plasmáticas (que não podem atravessar a membrana 
de diálise).
Na hemofiltração, o sangue é filtrado através de uma mem-
brana porosa de tamanho variável, que permite a remoção de 
plasma com quantidade variável de proteína no ultrafiltrado. 
Como o plasma fica exposto a um filtro, mais do que a uma 
membrana semipermeável, as moléculas maiores podem ser 
mais depuradas com a hemofiltração do que com a hemo-
diálise. 
Na hemoperfusão, o sangue circula através de uma colu-
na, onde entra em contato com uma resina trocadora de íons 
ou com carvão ativado capaz de adsorver a toxina. As resinas 
trocadoras de íons ligam-se a sais inorgânicos, trocando-os por 
eletrólitos, como sódio ou cloreto. Devido ao contato direto 
entre o sangue e o material adsorvente, a hemoperfusão está 
associada a um risco de trombose. Além disso, a resina troca-
dora de íons não é seletiva na sua ligação a íons e pode causar 
depleção do cálcio e do magnésio do plasma.
Em circunstâncias extremas, pode ser possível efetuar uma 
troca de plasma ou exsangüineotransfusão, em que o plasma 
ou sangue do paciente é removido e substituído por plasma ou 
sangue total transfundido de um doador. Essa técnica é geral-
mente reservada para recém-nascidos. 
INATIVAÇÃO DOS VENENOS
A inativação é uma abordagem para reduzir a atividade de toxi-
nas que penetraram na circulação e que não podem ser elimi-
nadas rapidamente. Um inativador, como um agente quelante 
ou anticorpo, liga-se à toxina e, por conseguinte, impede a sua 
interação com os tecidos-alvo. A seguir, os complexos de toxina 
e inativador são depurados do corpo. Uma substância inativa-
dora deve apresentar uma alta afinidade pela toxina, de modo 
que o equilíbrio favoreça fortemente o complexo inativado, 
devendo o complexo formado ter baixa toxicidade.
Agentes Quelantes de Metais Pesados
A inativação e a remoção dos metais pesados tóxicos, como 
chumbo, mercúrio ou cádmio, e de overdoses de metais, como 
ferro ou cobre, pode ser efetuada através da ligação do me tal 
a uma pequena molécula contendo um doador de elétrons 
nucleofílicos, como amina, hidróxido, carboxilato ou mercap-
tano, para formar um complexo metal-ligante. Um quelante, 
Fig. 51.5 Mecanismo de envenenamento pelo acetaminofeno e seu 
tratamento. O acetaminofeno em si não é tóxico, mas pode ser convertido 
em metabólitos tóxicos no fígado pela ação oxidativa de enzima do citocromo 
P450 ou prostaglandina H sintase (PHS). A maior parte do acetaminofeno 
é conjugada a sulfato ou glicuronato através de reações de conjugação 
(fase II). Entretanto, uma pequena quantidade é oxidada a N-acetil-p-
benzoquinoneimina (NAPQI), que pode ligar-se a proteínas hepáticas, causando 
necrose centrolobular (hepatotoxicidade). A NAPQI pode ser conjugada à 
glutationa, formando o conjugado de glutationa atóxico.
Em casos de overdose 
de acetaminofeno, ocorre depleção da glutationa, e a NAPQI fica livre para 
causar hepatotoxicidade. Pode-se administrar a N-acetilcisteína (NAC) como 
antídoto. A NAC, que é um precursor metabólito da glutationa, proporciona 
a reposição dos níveis hepatocelulares de glutationa, impedindo, assim, a 
ocorrência de hepatotoxicidade induzida pela NAPQI.
NH
OH
O NH
O
O
S
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O O
O
OH
OH
OH
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O-O
NH
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S
Glu
H
N
O
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O
HS
Acetaminofeno
Glutationa
Glicuronídio de
acetaminofeno
Fase II Fase II
Enzima do citocromo P450
PHS
Sulfato de
acetaminofeno
ou
N-acetil-p-benzoquinoneimina
 (NAPQI)
Hepatotoxicidade Excreção 
Conjugado de glutationa
N-acetilcisteína
(NAC)
Aumento da Eliminação
Um método comum de tratamento de um paciente que apre-
senta envenenamento agudo consiste em facilitar a eliminação 
da toxina. Esse método pode ser efetuado através de aumento 
da depuração renal da toxina ou depuração artificial da toxina 
do plasma. No primeiro caso, o procedimento consiste em 
impedir a reabsorção tubular da toxina (seqüestro de íons), 
enquanto o segundo recorre à hemodiálise, hemofiltração ou 
hemoperfusão.
O seqüestro de íons envolve a alcalinização da urina para 
aumentar a depuração renal de uma toxina fracamente ácida. No 
Envenenamento por Fármacos e Toxinas Ambientais | 841
termo de origem grega que significa “garra”, é uma estrutura 
multidenteada que apresenta múltiplos sítios de ligação (Fig. 
51.6). A ligação do metal a múltiplos sítios desloca a constante 
de equilíbrio a favor da ligação do metal. A ligação metal-ligan-
te de alta afinidade é fundamental, visto que o agente quelante 
deve competir com macromoléculas teciduais para a ligação. 
Além disso, o agente quelante deve ser atóxico e hidrossolúvel, 
e o complexo deve ser facilmente depurado. Por fim, um agente 
quelante ideal deve ter baixa afinidade de ligação por íons endó-
genos, como cálcio. Para evitar a depleção do cálcio tecidual, 
muitos agentes quelantes são administrados na forma de com-
plexos de cálcio. A seguir, o metal-alvo é trocado pelo cálcio, 
não ocorrendo depleção das reservas corporais de cálcio. 
Os agentes quelantes de metais pesados mais importantes 
são o edetato dissódico (o complexo dissódico de cálcio do 
EDTA), que pode ser utilizado para a ligação do chumbo; o 
dimercaprol (também conhecido como British anti-Lewisite, 
ou BAL), que liga o ouro, o arsênio, o chumbo e o mercúrio 
a seus dois grupos tióis; e o succímer (ácido 2,3-dimercap-
tossuccínico), que suplantou o dimercaprol para a remoção do 
chumbo, do cádmio, do mercúrio e do arsênio. A desferro-
xamina é utilizada para remoção de níveis tóxicos de ferro, 
como os que podem ocorrer em casos de overdose acidental 
de suplementos contendo ferro ou em pacientes com anemias 
cujo tratamento depende de transfusões. O deferasirox é um 
agente quelante de ferro biodisponível por via oral, recém-apro-
vado pela U. S. Food and Drug Administration (FDA); esse 
agente pode suplantar a desferroxamina em muitas condições 
associadas a uma sobrecarga crônica de ferro. A remoção de 
cobre, tipicamente efetuada em pacientes com doença de Wil-
son, utiliza a penicilamina ou, para pacientes que não toleram 
este fármaco, trientina.
Antivenenos e Ligação a Anticorpos
São também utilizados anticorpos como inativadores, em 
virtude de sua alta afinidade e alta especificidade pelos seus 
substratos. Os antivenenos são anticorpos dirigidos contra 
um veneno. São produzidos pela inoculação em um animal, 
habitualmente o cavalo, de pequenas quantidades do veneno 
para induzir uma resposta humoral de anticorpos. No paciente 
exposto ao veneno, o anti-soro eqüino purificado injetado liga-
se ao veneno, inativando-o.
Outra aplicação dos anticorpos como inativadores é a liga-
ção da digoxina com imuno Fab antidigoxina. Esse tratamento 
é utilizado nos casos em que o paciente apresenta sinais ou 
sintomas produzidos por níveis plasmáticos tóxicos do fárma-
co. Como o próprio nome sugere, o anticorpo inclui apenas o 
fragmento Fab da imunoglobulina. O imuno Fab antidigoxina 
deriva de carneiro imunizado.
Um perigo inerente ao uso dos anticorpos como inativadores 
é o risco de desenvolvimento de doença do soro, uma reação 
de hipersensibilidade de tipo III. Tanto os antivenenos quanto 
o imuno Fab antidigoxina podem causar doença do soro.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Para as toxinas que atuam através de uma via metabólica espe-
cífica, o tratamento pode consistir na administração de um fár-
maco com ação farmacológica oposta ou na transposição da 
via metabólica que foi inibida. São utilizadas quatro grandes 
ca tegorias de tratamentos farmacologicamente mediados para os 
envenenamentos: (1) um antagonista do receptor pode bloquear 
o efeito de uma toxina que atua como agonista no receptor ou 
Fig. 51.6 Agentes quelantes de metais pesados. A. Um ligante (L) é um 
composto contendo uma base de Lewis (como grupos amina, tiol, hidroxila 
ou carboxilato), capaz de formar um complexo com um metal (M). B. Um 
agente quelante é um ligante multidenteado, isto é, um ligante capaz de ligar-
se a um metal através de múltiplos átomos, como neste exemplo de ligante 
tetraamino ligado ao cobre (Cu2+) através de seus quatro grupos amina. C. São 
mostradas as estruturas do dimercaprol, do EDTA de cálcio, da penicilamina 
e da desferroxamina; os grupos que formam ligações com o metal estão 
identificados em azul. São também mostradas as estruturas tridimensionais do 
complexo de mercúrio do dimercaprol, do complexo de chumbo do EDTA, do 
complexo de cobre da penicilamina e do complexo de ferro da desferroxamina. 
Aqui, o metal pesado está indicado em azul. Para maior simplicidade, não são 
mostrados os átomos de hidrogênio.
L
M
L L
L
H2N
N NH2
N
H2
Cu+2
SH
NH2
OH
OO- O-
NN
O O
Na+O-
O O
O-Na+
Ca2+
H2N N
H
N N
O
OH O
OH
O
HS OH
SH
2
A
C
B
Dimercaprol Edetato dissódico de cálcio
(EDTA)
Penicilamina
Desferroxamina
Complexo de mercúrio Complexo de chumbo
Complexo de ferro
Complexo de cobre
que potencializa a ação do ligante endógeno do receptor; (2) 
um agonista do receptor ou um fármaco que intensifica a ação 
fisiológica do ligante endógeno podem restabelecer o equilíbrio 
em um receptor que foi bloqueado por uma toxina atuando como 
antagonista do receptor; (3) um fármaco pode restaurar a função 
fisiológica de uma enzima ou receptor através da remoção da 
toxina do sítio ativo da proteína; (4) é algumas vezes possível 
transpor totalmente a via metabólica ao utilizar alvos farma-
cológicos distalmente ao receptor ou enzima inibidos.
Antagonismo Farmacológico
Em termos conceituais, o tratamento mais simples do envene-
namento consiste na administração de um antagonista, que blo-
842 | Capítulo Cinqüenta e Um
queia a ação de uma toxina que, direta ou indiretamente, resulta 
em ativação suprafisiológica de um receptor. Por exemplo, uma 
overdose de opióide pode ser tratada com naloxona, um antago-
nista farmacológico do receptor opióide. A naloxona apresenta 
rápido início de ação e é altamente potente; com efeito, se não 
for observada nenhuma melhora dentro de 10 minutos após a 
administração de doses de naloxona de até 10 mg, deve-se con-
siderar um diagnóstico diferente ou a possibilidade de múltiplas 
entidades tóxicas. Em virtude de sua meia-vida relativamente 
curta, a naloxona precisa ser administrada a cada 1 a 4 horas 
para proporcionar um antagonismo adequado dos receptores 
enquanto o opióide está sendo depurado.
O flumazenil é um antagonista farmacológico do receptor 
GABAA (benzodiazepínico), utilizado no tratamento da over-
dose de benzodiazepínicos. À
semelhança da naloxona, o flu-
mazenil apresenta rápido início de ação e é altamente potente; 
seus efeitos já podem ser observados dentro de 5 minutos após 
a administração de uma dose de até 3 mg. O flumazenil também 
apresenta meia-vida curta (de aproximadamente 1 hora) e deve 
ser administrado com freqüência para proporcionar um antago-
nismo adequado dos receptores enquanto o benzodiazepínico 
está sendo depurado.
O antagonismo farmacológico também pode ser utilizado 
quando o agente tóxico não é um agonista direto, mas cujo efei-
to é aumentar indiretamente a concentração do ligante natural 
de um receptor. Os inibidores da AChE produzem concentra-
ções suprafisiológicas de acetilcolina na fenda sináptica e uma 
toxídrome característica de excesso colinérgico — bradicardia, 
miose, hipersalivação, sudorese, diarréia, vômitos, broncocons-
trição, fraqueza, paralisia respiratória e convulsões. Embora 
seja algumas vezes possível restaurar a atividade da AChE (ver 
adiante), o tratamento da inibição da AChE depende, em geral, 
da administração de um agente anticolinérgico, como a atropi-
na. A atropina, através do antagonismo do receptor muscarínico 
de acetilcolina, restaura o equilíbrio colinérgico e impede a 
broncoconstrição, que constitui a causa mais comum de morte 
em pacientes com exposição a inibidores da AChE. A atropina 
não antagoniza os receptores nicotínicos de acetilcolina e não 
pode reverter a paralisia muscular.
Intensificação Farmacológica da Função Fisiológica 
Quando a toxina é um antagonista competitivo do receptor, a 
administração de um agonista ou de um composto que aumenta 
a atividade do agonista pode constituir um tratamento efeti-
vo. Por exemplo, a ingestão de bagas ou sementes (como do 
estramônio) contendo alcalóides da beladona produz um efei-
to anticolinérgico semelhante ao da atropina, podendo resultar 
em delírio, coma e colapso respiratório. O tratamento envolve 
a administração de fisostigmina, que bloqueia o aumento do 
tônus colinérgico pela AChE. Deve-se assinalar que a atropina, 
um agente anticolinérgico, constitui o tratamento de escolha 
do envenenamento da AChE por organofosforados, enquanto 
um inibidor da AChE constitui o tratamento de escolha para 
envenenamento por uma toxina anticolinérgica.
Restauração do Sítio Ativo
Os efeitos de algumas toxinas que se ligam de modo covalente 
ao sítio ativo de um receptor ou de uma enzima podem ser 
anulados por um agente farmacológico capaz de deslocar a 
toxina e, portanto, de restaurar a atividade da enzima ou do 
receptor. Essa estratégia é mais bem ilustrada pelo tratamento 
para agentes tóxicos que se ligam ou que oxidam grupos heme. 
Os três protótipos de toxinas que atuam sobre grupos heme 
são o monóxido de carbono (que atua sobre a hemoglobina), 
o cianeto (que atua sobre a citocromo c oxidase) e os xeno-
bióticos, como o nitrato, um contaminante comum da água 
em áreas rurais (que é reduzido no organismo a nitrito, que, a 
seguir, oxida a hemoglobina a metemoglobina).
O tratamento do envenenamento por monóxido de carbono e 
cianeto consiste em deslocar a pequena molécula de seu heme-
alvo. No caso do envenenamento por monóxido de carbono, 
são administradas altas concentrações de oxigênio. O oxigênio 
compete com o monóxido de carbono pela hemoglobina, e o 
monóxido de carbono livre é exalado. Concentrações mais altas 
de oxigênio resultam em maior deslocamento e eliminação mais 
rápida do monóxido de carbono. Em casos de envenenamento 
grave, o paciente pode ser colocado em câmara de oxigênio 
hiperbárico, que fornece oxigênio em pressões parciais acima 
da pressão atmosférica.
O cianeto não pode ser deslocado pelo oxigênio. Todavia, 
o cianeto possui maior afinidade pela metemoglobina do que 
pela citocromo c oxidase (Fig. 51.4). Por conseguinte, obtém-se 
um competidor do cianeto através da oxidação da hemoglobina 
a seu estado férrico (metemoglobina) com nitrito de amila ou 
nitrito de sódio. A seguir, o cianeto é convertido em tiociana-
to com o auxílio do tiossulfato de sódio. Uma vez passado o 
perigo da toxicidade do cianeto, o ferro férrico da metemoglo-
bina pode ser reduzido a seu estado ferroso pela administração 
do agente redox ativo, azul de metileno. Em circunstâncias 
normais, a concentração de metemoglobina é mantida baixa 
através de duas vias de redução, a via da NADH diaforase, que 
responde por >95% da atividade redutora da metemoglobina, e 
a via da NADPH diaforase, que responde pelo restante. O azul 
de metileno é reduzido à azul de leucometileno pela NADPH 
diaforase; a seguir, o azul de leucometileno reduz a metemo-
globina a hemoglobina, restaurando, assim, a sua capacidade 
de transporte de oxigênio.
O tratamento agudo do envenenamento por organofosfora-
dos envolve a restauração do sítio ativo da enzima. Enquanto 
a administração de agentes anticolinérgicos, como a atropina, 
pode bloquear o efeito do excesso de acetilcolina nos recep-
tores muscarínicos, ela não restaura a função enzimática da 
AChE. Todavia, a pralidoxima consegue aumentar a hidrólise 
da ligação serina-fosfato entre o organofosfonado e a AChE. A 
pralidoxima contém um grupo amônio quaternário que coloca 
um nucleófilo oxima em estreita proximidade com o grupo 
fosfato eletrofílico do organofosforado (Fig. 51.2). A seguir, 
o organofosforado liga-se à pralidoxima, liberando AChE. A 
oxima fosforilada resultante é instável em água e sofre degrada-
ção. Lamentavelmente, a AChE fosforilada também pode sofrer 
“envelhecimento” através da hidrólise de um grupo lateral 
alquila, e, a seguir, a enzima envelhecida mostra-se resistente 
à ação da pralidoxima. Por conseguinte, a pralidoxima deve 
ser administrada o mais cedo possível após a exposição a um 
organofosforado.
Vias Metabólicas Alternativas
Algumas vezes, é possível transpor por completo uma reação 
enzimática inibida pela toxina ao suprir o produto enzimático 
ou ao intensificar uma via metabólica alternativa. Um exemplo 
dessa estratégia terapêutica é fornecido pela administração de 
vitamina K em casos de certos envenenamentos por anticoa-
gulantes. A varfarina, discutida no Cap. 22, e certos anticoag-
ulantes utilizados como rodenticidas, incluindo brodifacoum, 
difacinona e derivados, inibem a regeneração da vitamina K 
Envenenamento por Fármacos e Toxinas Ambientais | 843
de sua forma epóxido. A vitamina K é necessária para a car-
boxilação do glutamato para a formação de �-carboxigluta-
mato, convertendo os fatores de coagulação precursores em 
suas formas ativas. Por conseguinte, a depleção das reservas 
de vitamina K reduzida resulta em depleção dos fatores da 
coagulação, inibindo, assim, a hemostasia e facilitando o san-
gramento. Um tratamento para a overdose ou o envenenamento 
por esses anticoagulantes consiste na administração de vita-
mina K suplementar, permitindo ao fígado gerar os fatores da 
coagulação ativos. Entretanto, como o fígado leva tempo para 
sintetizar os fatores da coagulação, o tratamento com vitamina 
K geralmente necessita de várias horas para melhorar a fun-
ção da coagulação. Por conseguinte, em casos de sangramento, 
cirurgia ou traumatismo, pode ser necessário transpor toda a via 
metabólica e administrar plasma fresco congelado (PFC), que 
contém as formas ativas dos fatores da coagulação.
n Conclusão e Perspectivas Futuras
Grande parte do tratamento das exposições a substâncias tóxi-
cas enfoca o paciente agudamente envenenado. Entretanto, a 
maior parte da morbidade associada a exposições a substân-
cias tóxicas é causada por exposição crônica e pode tornar-
se clinicamente aparente apenas dentro de vários anos após a 
exposição inicial. Com efeito, não existe, em geral, nenhum 
tratamento específico para a lesão causada por exposições 
crônicas a substâncias tóxicas, e grande parte do tratamento 
disponível é sintomático e de suporte.
Por conseguinte, o estudo da toxicologia inclui não apenas 
a toxicologia mecanística, que foi discutida neste capítulo, 
mas também a toxicologia descritiva e a toxicologia regula-
mentar. A toxicologia descritiva trata de estabelecer quais os 
compostos tóxicos e quais os seus efeitos tóxicos; a toxicologia 
regulamentar ajuda a desenvolver uma política pública capaz 
de minimizar razoavelmente a exposição a compostos tóxicos. 
Nos Estados Unidos, vários departamentos estão encarregados 
na criação dessa política. A FDA procura garantir a segurança 
do suprimento de alimentos, aprovar novos agentes terapêuti-
cos e suspender aprovações de agentes ou dispositivos médicos 
inseguros (ver Caps. 48 e 49). A Environmental Protection 
Agency (EPA) estabelece e faz cumprir políticas relacionadas 
com a poluição ambiental e suas conseqüências para a saúde 
pública. A Occupational Safety and Health Administration 
(OSHA) regulariza as exposições no local de trabalho, enquan-
to a Consumer Products Safety Commission (CPSC) atua 
para garantir a segurança das mercadorias para o consumidor. 
Espera-se que a aplicação de uma compreensão mecanística 
da toxicologia irá melhorar a toxicologia regulamentar e, assim, 
melhorar a saúde pública, particularmente no que concerne 
às implicações, para a saúde, da exposição a baixos níveis de 
poluentes no ambiente e prevenção de efeitos adversos perigo-
sos de produtos farmacêuticos. Avanços significativos na toxi-
cologia, como na farmacologia e na ciência médica, podem ser 
promovidos pelo progresso da genômica, desenvolvimento de 
“chips gênicos” e instrumentos de biologia computadorizada, 
que identificam traços genéticos ou outros traços responsáveis 
por respostas individuais a fármacos e toxinas. 
n Leituras Sugeridas
Bornaya J, Glantz S. Cardiovascular effects of secondhand smoke: 
nearly as large as smoking. Circulation 2005;111:2684–2698. 
(Discussão dos riscos de saúde e os mecanismos tóxicos do taba-
gismo passivo.)
Klaassen CD, ed. Casarett & Doull sʼ Toxicology: The Basic Science 
of Poisons. 6th ed. New York: McGraw-Hill; 2001. (Um livro que 
trata de toxicologia e fornece uma boa base de conhecimentos para 
a compreensão de toxicologia. Contém seções sobre princípios 
gerais, toxicocinética, toxicidade inespecífica, toxicidade órgão-
específica, agentes tóxicos, toxicologia ambiental e aplicações de 
toxicologia, inclusive um capítulo sobre toxicologia clínica.)
Lang CH, Frost RA, Summer AD, et al. Molecular mechanisms res-
ponsible for alcohol-induced myopathy in skeletal muscle and 
heart. Int J Biochem Cell Biol 2005;37:2180–2195. (Revisão dos 
mecanismos celulares e moleculares por meio dos quais o álcool 
compromete a função da musculatura esquelética e cardíaca, com 
ênfase especial nas alterações nas vias de sinalização que regulam 
a síntese de proteínas.)
Smilkstein MJ, Knapp GL, Kulig KW, et al. Efficacy of oral N-ace-
tylcysteine in the treatment of acetaminophen overdose. Analy-
sis of the national multicenter study (1976 to 1985). N Engl J 
Med 1988;319:1557–1562. (Estabeleceu os benefícios clínicos 
do tratamento da intoxicação por acetaminofeno (paracetamol) 
com N-acetilcisteína, uma fonte de cisteína para a produção de 
glutationa.)
Tauxe RV. Emerging foodborne pathogens. Int J Food Microbiol 
2002;78:31–41. (Sumário das fontes comuns de intoxicação ali-
mentar.)
Toxnet. Available at http://toxnet.nlm.nih.gov/. (Esse site governamen-
tal, patrocinado pela National Library of Medicine, contém um 
imenso banco de dados sobre substâncias tóxicas e artigos sobre 
toxicologia.)
Tzipori S, Sheoran A, Akiyoshi D, et al. Antibody therapy in the 
management of Shiga toxin-induced hemolytic uremic syndrome. 
Clin Microbiol Rev 2004;17:926–941. (Revisão da estrutura e do 
mecanismo de ação das toxinas Shiga, produzida por E. coli 0157:
H7 e outras bactérias enteropáticas, as manifestações e o trata-
mento da síndrome hemolítico-urêmica, e a utilidade potencial da 
terapia com anticorpos.)
Weaver LK, Hopkins RO, Chan KJ, et al. Hyperbaric oxygen for acute 
carbon monoxide poisoning. N Engl J Med 2002;347:1057–1067. 
(Embora o oxigênio hiperbárico já tenha sido postulado para aju-
dar a tratar o envenenamento por monóxido de carbono e seja 
usado desde 1960, esse estudo estabeleceu sua eficácia clínica na 
redução dos déficits cognitivos em 6 semanas e 12 meses.)
844 | Capítulo Cinqüenta e Um
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846 | Capítulo Cinqüenta e Um
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