Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Livro didático – 2ª edição - 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – RS Centro de Ciências da Saúde Departamento de Microbiologia e Parasitologia Dra. Sílvia Gonzalez Monteiro Professora de Parasitologia Veterinária Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde Departamento de Microbiologia e Parasitologia Este livro didático tem a finalidade de auxiliar os alunos em Medicina Veterinária no estudo dos parasitas dos animais domésticos. Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br INDICE: • Conteúdo Programático 13 • Conceitos em Parasitologia 17 • Tipos de Parasitos 17 • Tipos de Hospedeiros 18 • Tipos de Ciclo dos Parasitos 18 • Especificidade dos Parasitos 18 • Ação do Parasito sobre o Hospedeiro 18 • Períodos de Parasitismo 19 • Classificação dos Seres Vivos 19 • Regras Internacionais de Nomenclatura Zoológica 20 • Filo Arthropoda 22 • Classe Arachnida 23 • Ordem Acari (Acarina) 24 • Subordem Mesostigmata 24 • Família Dermanyssidae 24 o Gênero Dermanyssus 24 • Família Macronyssidae 25 o Gênero Ornithonyssus 26 • Família Laelapidae 26 o Gênero Laelaps 26 • Família Macrochelidae 27 o Gênero Macrocheles 27 • Família Varroidae 28 o Gênero Varroa 28 • Família Raillietidae 29 o Gênero Raillietia 29 • Subordem Metastigmata (Carrapatos) 30 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br • Família Ixodidae (carrapatos duros) 30 o Gênero Rhipicephalus 33 o Gênero Boophilus 35 o Gênero Amblyomma 37 o Gênero Anocentor 38 • Família Argasidae (carrapatos moles) 38 o Gênero Argas 39 o Gênero Ornithodorus 40 o Gênero Otobius 41 • Pôster Carrapatos 42 • Subordem Astigmata (sarnas) 43 • Morfologia das Sarnas 44 • Família Sarcoptidae 45 o Gênero Sarcoptes 45 o Gênero Notoedres 45 • Família Cnemidocoptidae 46 o Gênero Cnemidocoptes 46 • Família Psoroptidae 47 o Gênero Psoroptes 47 o Gênero Otodectes 48 o Gênero Chorioptes 48 • Subordem Actinedida (Prostigmata) 54 • Família Cheyletidae 54 o Gênero Cheyletiella 54 • Família Myobiidae 54 o Gênero Myobia 54 • Família Demodecidae 55 o Gênero Demodex 55 • Família Trombiculidae 57 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br o Gênero Trombicula, Eutrombicula 57 • Subordem Cryptostigmata 58 • Família Oribatidae 58 • Classe Insecta 59 • Classificação dos insetos 64 • Ordem Phthiraptera (Piolhos) 65 • Subordem Amblycera (Antenas escondidas) 66 o Gênero Menopon 67 o Gênero Menacanthus 67 o Gênero Heterodoxus 68 • Subordem Ischnocera (Antenas livres) 68 o Gênero Trichodectes 68 o Gênero Bovicola 69 o Gênero Felicola 69 o Gênero Goniodes 69 o Gênero Lipeurus 70 • Subordem Anoplura (Picadores - Sugadores) 70 o Gênero Pediculus 70 o Gênero Pthirus 72 o Gênero Haematopinus 73 o Gênero Linognathus 74 • Pôster Piolhos 76 • Ordem Hemiptera 77 o Família Reduviidae (Barbeiros) 77 • Gênero Panstrongylus 78 • Gênero Triatoma 78 • Gênero Rhodnius 79 o Família Cimicidae (Percevejos) 79 • Gênero Cimex 79 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br o Gênero Ornithocoris 80 • Ordem Siphonaptera (Pulgas) 82 o Gênero Tunga 83 o Gênero Ctenocephalides 84 o Gênero Pulex 85 o Gênero Xenopsylla 85 • Pôster Pulgas 87 • Ordem Diptera 88 • Classificação dos Diptera 89 • Subordem Nematocera - Classificação 91 • Subordem Nematocera (Mosquitos) 92 o Gênero Anopheles 92 o Gênero Aedes 93 o Gênero Culex 94 o Gênero Culicoides 96 o Gênero Lutzomyia 98 • Gênero Simulium 100 • Subordem Brachycera Tabanomorpha (Mutucas) 102 o Gênero Chrysops 104 o Gênero Tabanus 105 • Subordem Brachycera Cyclorrapha (Moscas) 107 o Gênero Musca 108 o Gênero Fannia 109 o Gênero Stomoxys 109 o Gênero Haematobia 110 o Gênero Cochliomyia 111 o Gênero Chrysomyia 113 o Gênero Phaenicia 114 o Gênero Sarcophaga 114 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br • Gênero Oestrus 115 • Gênero Dermatobia 116 o Gênero Gasterophilus 118 • Seção Pupipara 119 • Família Hippoboscidae 119 o Gênero Hippobosca 119 o Gênero Pseudolinchia 119 o Gênero Lipoptena 120 o Gênero Melophagus 120 • Filo Protozoa – Chave de Classificação 121 • Filo Protozoa (Unicelulares) 122 • Subfilo Sarcomastigophora 123 • Classe Mastigophora – Locomoção por Flagelos 124 o Gênero Tritrichomonas 125 o Gênero Giardia 126 o Gênero Histomonas 127 o Gênero Trypanosoma 128 o Gênero Leishmania 131 • Subfilo Apicomplexa 134 • Classe Sporoazida ou Coccidia 134 o Gênero Eimeria 136 o Gênero Isospora 137 o Gênero Cryptosporidium 138 o Gênero Toxoplasma 139 o Gênero Cystoisospora 137 o Gênero Neospora 140 o Gênero Hepatozoon 142 • Classe Piroplasmasida 144 o Gênero Babesia 144 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br • Ordem Rickettsias 147 o Gênero Ehrlichia 147 o Gênero Anaplasma 149 • Helmintologia (Metazoários) 151 • Filo Plathelmintos (Vermes Achatados) 151 • Classe Trematoda (Vermes em forma de folha) 152 o Gênero Fasciola 153 o Gênero Eurytrema 154 o Gênero Paramphistomum 156 o Gênero Schistosoma 156 • Classe Cestoda (Vermes segmentados) 159 o Gênero Taenia 161 o Gênero Echinococcus 163 o Gênero Davainea 165 o Gênero Raillietina 165 o Gênero Dipylidium 166 o Gênero Amoebotaenia 167 o Gênero Anoplocephala 168 o Gênero Paranoplocephala 168 o Gênero Moniezia 170 o Gênero Thysanosoma 171 • Filo Nemathelminto (Vermes redondos) – Chave de Classificação 173 • Classe Nematoda 174 • Ordem Rhabditida 176 o Gênero Strongyloides 176 • Ordem Oxyurida 178 o Gênero Oxyuris 178 • Ordem Ascaridida 179 o Gênero Heterakis 179 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br o Gênero Ascaridia 180 o Gênero Ascaris 180 o Gênero Parascaris 181 o Gênero Neoascaris 182 o Gênero Toxocara 182 o Gênero Toxascaris 183 • Ordem Strongylida 184 o Gênero Strongylus 185 o Gênero Triodontophorus 188 o Gênero Syngamus 189 o Gênero Stephanurus 190 o Gênero Oesophagostomum 192 o Gênero Ancylostoma 194 o Gênero Bunostomum 196 o Gênero Trichostrongylus 198 o Gênero Haemonchus 199 o Gênero Cooperia 201 o Gênero Ostertagia 202 o Gênero Hyostrongylus 203 o Gênero Dictyocaulus 205 o Gênero Nematodirus 206 • Ordem Spirurida 207 o Gênero Habronema 207 o Gênero Draschia 208 o Gênero Dipetalonema 209 o Gênero Dirofilaria 210 • Ordem Enoplida 211 o Gênero Trichuris 211 o Gênero Capillaria 213 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br o Gênero Dioctophyma 213 • TÉCNICAS 215 • Coleta e montagem de endoparasitas 215 • Pesquisa de ectoparasitas 217 • Pesquisa e coletade ácaros produtores de sarna 220 • Técnicas helmintológicas 221 • Técnica de Willis 222 • Técnica de Hoffman 222 • Técnica de Baermann 223 • Técnica de Sedimentação pelo acetato de etila 224 • Técnica de centrífugo-flutuação 225 • Técnica de Mac Master 225 • Exame direto de fezes 227 • Coprocultura 227 • Esfregaço direto de fezes 228 • Método da gota espessa 228 • Fórmulas 230 • Exame de fezes de cão e gato 232 • Exame de fezes de ruminantes 238 • Exame de fezes de suínos 246 • Exame de fezes de equinos 251 • Exame de fezes de aves 257 • Diagnóstico dos principias protozoários 261 • Principais artefatos encontrados em exame de fezes 271 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Disciplina: Parasitologia Veterinária Curso: Medicina Veterinária Departamento: Microbiologia e Parasitologia Horas/aula: 90 Validade: a partir de 2002 EMENTA: Estudo morfológico, ecológico, biológico e sistemático dos principais parasitas dos animais domésticos. Estudo do controle e diagnóstico. OBJETIVOS: Oferecer aos estudantes do Curso de Medicina Veterinária: Conhecimentos sobre taxonomia, nomenclatura, sinonímias, morfologia, fisiologia, localização e hospedeiros dos parasitos dos animais domésticos. Conhecimentos sobre o ciclo evolutivo, a epidemiologia e a importância econômica dos parasitos dos animais domésticos. Aplicação das técnicas de diagnóstico parasitológico para identificação dos parasitas dos animais domésticos. MATERIAL PARA AULAS PRÁTICAS: Jaleco, Agulha histológica, pinça. AVALIAÇÕES: Os alunos serão avaliados através de duas provas (práticas, escritas e/ou orais) e apresentação de coleção de parasitas. COLEÇÃO: A coleção é composta por seis alunos. Os ectoparasitos devem ser entregues em álcool 70oC, identificados com nome do espécime, data e local da coleta. A etiqueta deve ser escrita em papel de seda à lápis e imersa dentro do vidro onde está o parasito. Os endoparasitos devem ser fixados em Railliet- Henry (ácido acético+formol+água), identificados com nome do espécime, data e local da coleta. A etiqueta deve ser escrita em papel de seda a lápis e imersa dentro do vidro onde está o parasito. PROGRAMA DA DISCIPLINA: UNIDADE I INTRODUÇÃO A PARASITOLOGIA - Conceito - Definição de Parasito - Tipos de parasito - Tipos de Hospedeiro - Tipos de ciclos do parasito - Especificidade dos Parasitos - Ação do parasito sobre o hospedeiro - Períodos de Parasitismo REGRAS INTERNACIONAIS DE NOMENCLATURA -Classificação dos seres vivos -Classificação das Espécies, Gêneros, Famílias, -Ordem e Classes. UNIDADE II FILO ARTHROPODA 1.1-CLASSE ARACHNIDA 1.1.1-Ordem Acarina Subordem Mesostigmata 13 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro -Família Dermanyssidae -Família Macronyssidae -Família Laelapidae -Família Macrochelidae -Família Varroidae -Família Raillietidae Sub-Ordem Metastigmata - Família Ixodidae - Família Argasidae Sub-Ordem Astigmata - Família Sarcoptidae - Família knemidocoptidae - Família Psoroptidae Sub-Ordem Prostigmata Famílias: - Demodecidae- Demodex - Myobiidae- Myobia -Cheyletidae- Cheyletiella -Trombiculidae- Trombicula Sub-Ordem Cryptostigmata - Família Oribatidae 1.2.- CLASSE INSECTA 1.2.1. – Ordem Phthiraptera a- Sub-Ordem Amblycera - Família Menoponidae - Família Boopidae b- Sub-Ordem Ischnocera - Família Trichodectidae - Família Philopteridae c- Sub-Ordem Anoplura - Família Haematopinidae - Família Pediculidae 1.2.2. – Ordem Hemiptera a- Sub-Ordem Gymnocerata - Família Reduviidae - Família Cimicidae 1.2.3. – Ordem Siphonaptera a- Sub-Ordem Fracticipta - Família Hystrichopsyllidae b- Sub-Ordem Integricipta - Família Hectopsyllidae - Família Pulicidae 1.2.4. –Ordem Diptera a- Sub-Ordem Nematocera - Família Culicidae - Família Ceratopogonidae - Família Simulidae - Família Psychodidae b- Sub-Ordem Brachycera Tabanomorpha - Família Tabanidae c- Sub-Ordem Brachycera Cyclorrhapha - Família Muscidae - Família Calliphoridae - Família Sarcophagidae - Família Oestridae - Família Cuterebridae - Família Gasterophilidae - Família Hippoboscidae UNIDADE III Protozoários - Conceito. Morfologia Geral - Endamoebidae, Trichomonadidae 14 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro - Hexamitidae, Mastigoamoebidae - Trypanosomatidae - Eimeridae - Sarcocystidae - Plasmodidae, Haemoproteidae, - Hepatozoidae - Babesiidae, Theileridae - Anaplasmataceae e Rickettsiaceae UNIDADE IV Trematoda - Conceito. Morfologia Geral - Fasciolidae, Dicrocoelidae - Paramphistomatidae - Schistosomatidae - Técnicas de exames de fezes UNIDADE V Cestoda - Conceito. Morfologia Geral - Taeniidae. - Davaineidae, Hymenolepidae - Dilepididae, Anoplocephalidae. UNIDADE VI Nematoda - Conceito. Morfologia Geral - Rhabditidae, Strongyloididae - Oxyuridae - Ascaridae, Subuluridae, Heterakidae - Ancylostomatidae, Syngamidae, - Stephanuridae. - Trichostrongylidae. - Protostrongylidae, Dioctophymatidae. - Spiruridae, Ascaropidae. - Physalopteridae. - Acuriidae, Tetrameridae, Thelazidae. - Dipetalonematidae, Filariidae, - Trichuriidae AULAS PRÁTICAS - Coleta e conservação de Artrópodes - Mallophaga e Anoplura - Diptera - Culicidae,Ceratopogonidae, Psychodidae e Simulidae - Brachycera e Muscidae - Calliphoridae, Sarcophagidae, Oestridae, Cuterebridae, Gasterophilidae - Acari, Gamasida e Oribatida - Ixodida e Acaridida - Coleta e conservação de Helmintos - Técnicas de exame de fezes - Morfologia de ovos e oocistos - Diagnóstico de Hemoparasitos - Identificação de larvas de Trichostrongylidae - Morfologia de Nematódeos - Morfologia de Cestódeos - Morfologia de Trematódeos - Morfologia de Protozoários BIBLIOGRAFIA BARRIGA, O. O. 2002. Las Enfermedades Parasitarias de los animales domésticos em la américa latina. Editorial Germinal, Santiago do Chile. 1a edição. 247 p. CARRERA, M. 1991. Insetos de Interesse Médico-Veterinário. Editora UFPR. 1a edição 228 p. COSTA LIMA, A 1960. Insetos do Brasil – vols. 1, 2 e 4. Ed. ENA/UFRRJ. 15 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro FLECHTMANN, C. H. W. 1975. Elementos de Acarologia. Editora Nobel. 344p. FORATINI, O. P. 1973. Entomologia Médica. Volume 1-4 1a edição Universidade de São Paulo, 535 p. FORTES, E. 1987. Parasitologia Veterinária – Editora Sulina 453 p. FREITAS, M. G. et al – 1982. Manual de Acarologia Médica e Veterinária 6a edição UFMG, 252 p. GEORGI, J.R. Parasitologia veterinária. Philadelphia. Portuguesa, Saunders. 1980. HARDWOOD, R. F. & JAMES, M. T. 1979. Entomology in Human and Animal Health, 548 p HOFFMANN, R. P. 1987. Diagnóstico de Parasitismo Veterinário. Editora Sulina. 156 p. NEVES, J. 1983. Diagnóstico e Tratamento das Doenças Infecciosas e Parasitárias. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan. 1248p. PESSOA, S. B. 1978. Parasitologia Médica – 10a edição Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 851 p. PINTO, C. 1938. Zooparasitos de Interesse Médico Veterinário. Pimenta de Mello & Cia, Rj. 375 p. REY, L. 2001. Parasitologia. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 856 p. REY. L. 2002. Bases da Parasitologia Médica. Editora Guanabara-Koogan. Segunda edição. 380 p. SLOSS, M. W. 1999. Parasitologia clínica veterinária. 60edição. Editora Manole. 208 p. SOULSBY, E. J. L. 1977. Helminths, Arthropods & Protozoa of Domestic Animals. 6aed. Lea & Febiger 824 p. URQUART,G.M.; ARMOUR, J.; DUNCAN, J. L.; DUNN, A. M.; JENNINGS, F. W. 1998. Parasitologia Veterinária. Segunda edição. Editora Guanabara koogan. 273 p. E-mail: sgmonteiro@uol.com.br Homepage: http://w3.ufsm.br/parasitologia E-mail laboratório:parasito@w3.ufsm.br 16 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro I - CONCEITOS EM PARASITOLOGIA 1) PARASITO: Origem grega significa ser que se alimenta de outro (hospedeiro). Indivíduo que necessita outro ser para ter abrigo, alimento, para reproduzir e perpetuar a espécie. A relação parasita - hospedeiro é muito importante, por exemplo: - Acantocéfalos e cestóides: têm uma dependência de 100 % do hospedeiro, pois necessitam deles para sua nutrição. - Nematóides: têm uma dependência menor, pois possuem tubo digestivo e obtêm seu O2 no próprio habitat. 2) ENDOPARASITOS: São aqueles que têm contato profundo com tecidos e órgãos dos hospedeiros. Ex: helmintos e protozoários. 3) ECTOPARASITOS: São aqueles que têm contato com a pele dos hospedeiros. Ex: artrópodes (ácaros e insetos) como berne, carrapatos, pulgas. 4) INFECÇÃO: Invasão de um hospedeiro por organismos (vírus, bactérias, protozoários, helmintos).Termo utilizado para endoparasitos (pode ocorrer infecção sem haver manifestação de doença). 5) INFESTAÇÃO: É o estado ou condição de ser infestado, restrito à presença de parasitas externos.Termo utilizado para ectoparasitos. II - TIPOS DE PARASITOS: 1) OBRIGATÓRIO: Aquele que precisa de um hospedeiro para sobreviver. Ex: Toxoplasma. 2) FACULTATIVO: Aquele que pode ou não viver parasitando, ou seja têm fase de vida livre. Ex.: Sarcophagidae (As moscas são atraídas pelo exsudato das lesões, botam ovos, eclodem as larvas que se alimentam do tecido necrosado. Normalmente essas larvas são encontradas em animais em putrefação. 3) ACIDENTAL: Acidentalmente entra em contato com o hospedeiro porém não evolui nele. Aquele que vai a outro lugar que não o ideal e fica por acaso. Ex.: Dipylidium. 4) TEMPORÁRIO: Procura o hospedeiro somente para se alimentar. Ex.: pulgas e mosquitos. CAPÍTULO I Conceitos e Classificação ____________________________________________________________________________________ 17 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro 5) PERMANENTE: Permanece no hospedeiro em todas suas fases. Ex.: sarnas. 6) PERIÓDICO: Apenas em uma determinada fase de sua vida é parasito. Aquele que parasita por tempo determinado. Ex: carrapato, berne, miíase. III - TIPOS DE HOSPEDEIROS 1) DEFINITIVO (HD): É aquele onde o parasito é encontrado na sua forma adulta. Em protozoários, ele se encontra na fase sexuada. 2) INTERMEDIÁRIO (HI): É aquele onde se encontra a forma imatura do parasito. Em protozoários, ele se encontra na fase assexuada. Ex: Anopheles (HI do Plasmodium). 3) PARATÊNICO: Hospedeiro de transporte. É aquele que alberga o parasito. É quase indispensável, entra no ciclo por acidente. Ex: Heterakis (no ciclo do Histomonas). 4) VETOR: Usado para Artrópodes. Podem ser: - Mecânico: Mero transportador. Ex: o ácaro Macrocheles usa o besouro para se transportar. - Biológico: É como um HI, pois vai haver um desenvolvimento do parasito. Ex: a mosca do berne ovipõe na mosca de estábulo e passa de ovo à larva. IV - TIPO DE CICLO DO PARASITO 1) MONOXENO: Infesta ou infecta diretamente seu HD, sem necessitar de HI. Ex: Haemonchus. 2) HETEROXENO: Quando existe um ou mais HIs ou HDs . Ex: Ciclo de Dipylidium, Fasciola. V - ESPECIFICIDADE DOS PARASITOS 1) ESTENOXENOS: Quando são muito específicos, só aceitam aquele hospedeiro. Ex: Plasmodium . 2) EURIXENOS: Quando são pouco específicos, tendo uma variedade de hospedeiros. Ex: Toxoplasma . VI - AÇÃO DO PARASITO SOBRE O HOSPEDEIRO 1) AÇÃO MECÂNICA: A) Obstrução: como a de Ascaris, formam bolos de vermes no intestino e o obstruem. B) Compressão: como a do cisto hidático, que conforme vai crescendo vai comprimindo os orgãos. 2) AÇÃO ESPOLIADORA: Seqüestram nutrientes e fluidos do hospedeiro. Ex: Haemonchus. 18 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro 3) AÇÃO INFLAMATÓRIA/ IRRITANTE: Penetração ativa de larvas na pele. Ex: Strongyloides papillosus. 4) AÇÃO DE TRANSMISSÃO: Transmitem agentes patogênicos. Ex: Carrapato transmitindo Babesia. VII - PERÍODOS DE PARASITISMO 1) PERÍODO PRÉ-PATENTE (PPP): Do momento da infecção até a maturidade sexual. 2) PERÍODO PATENTE (PP): Da fase adulta até a fase de fim da vida dos parasitos ou fim da infecção. Em protozoários, é a fase de reprodução sexuada. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS -NECESSIDADE: Distribuição dos seres em grupos formados segundo as afinidades mais ou menos íntimas e que pareçam evidentes para o especialista. CLASSIFICAÇÃO NATURAL: Apoia-se em dados filogenéticos (estuda a evolução de um grupo ou espécie de plantas ou animais, estudo da evolução das espécies), ontogênicos (estudo da origem e desenvolvimento desde o nascimento até adulto) e biogeografia procurando evidenciar as diferenças e as relações de parentesco entre os pontos extremos da árvore genealógica dos seres vivos e que representam as espécies atuais conhecidas. Desta forma procura-se esclarecer a história da evolução destes seres. CLASSIFICAÇÃO ARTIFICIAL: Apoia-se em caracteres de certos órgãos estudados pelo especialista e por ele escolhidos arbitrariamente. DIVISÕES: ESPÉCIE - é a reunião de indivíduos que possuem características semelhantes e que ao reproduzirem-se transmitem a sua descendência esses mesmos caracteres, dando origem assim a novos indivíduos igualmente semelhantes. A espécie distingue-se pelos seus caracteres próprios, porém podem possuir certo número de caracteres comuns com outros organismos que lhes são vizinhos. Descendência comum: Graus de variação quase que imperceptíveis; até em indivíduos da mesma geração, há grande semelhança entre eles. Cada grupo de indivíduos representante da unidade zoológica constitui uma espécie. São tão semelhantes entre si como os descendentes de um só indivíduo, tendo traços comuns a todos eles e que são denominados de caracteres específicos. VARIEDADE E RAÇA: Na mesma espécie podem ocorrer um ou mais grupos com uma ou várias pequenas diferenças da forma específica típica, e que se perpetuam na geração. Este grupo ou grupos recebem o nome de variedade ou raça. Pode desaparecer ao modificar o meio em que vivem. SUB-ESPÉCIE: 19 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Formas intermediárias entre espécie e variedade. Grupo de indivíduos que apresenta dentro da espécie alguma característica particular que se transmite por herança. Ex: Felis catus domesticus. GÊNERO: A reunião de espécies chama-se de GÊNERO. Muitos gêneros, além dos caracteres que lhes são peculiares, apresentam (em comum com outros gêneros) certo número de caracteres também semelhantes, e a reunião desses grupos todos constituem um conjunto mais vasto que se denomina FAMÍLIA. Grupos de espécies consideradas próximas entre si pela comunidade de certos caracteres denominados genéricos, recebendo cada grupo o nome de gênero (genus). A validade dos caracteres genéricos apoiados em poucos caracteres podem carecer de base, pois a descoberta de grupos intermediários de espécies nas quais estes aspectos apresentam grande gama de variação, levam o especialista a agrupar vários gêneros sob uma designação única. GRUPOS SUPERIORES AO GÊNERO: Família – Terminam sempre em idae. Conjunto de gêneros que mantêm entre si grandes afinidades, oferecendo certo número de traços comuns. No caso da existência de famílias também com certo número de características comuns com outras famílias, sua reunião vai se constituir numa ORDEM. Ordem – Conjunto de Famílias. As diversas ORDENS do mesmo modo podem reunir-se formando uma CLASSE. Classe – Conjunto de Ordens. Ramo ou Filo – Conjunto de Classes. Os diversos ramos ou filos pertencem ao Reino animal ou ao Reino vegetal. TERMOS INTERMEDIÁRIOS: Há necessidade, em diversos casos, de fazermos grupamentos intermediários entre os diversos grupos, antepondo-se prefixos sub ou super conforme o grupamento situar-se respectivamente abaixo ou acima de um certo grupo. Desta forma, podemos Ter: FILO – sub- filo, CLASSE – sub-classe. ORDEM – sub-ordem – super-família – FAMÍLIA – sub-família – Tribu. GÊNERO – sub-gênero – ESPÉCIE – sub- espécie – variedade. REGRAS INTERNACIONAIS DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA Código que visa impedir confusões na designação científica dos animais uniformizando-a. Tem como ponto de partida a classificação de Linnaeus 1758. Nomenclatura Zoológica é o sistema de nomes científicos aplicados aos animais vivos ou fósseis. A nomenclatura zoológica é independente de outros sistemas. Uma só palavra (uninominal): O nome de um grupo superior à espécie. Ex: Necator (gênero), Ancylostomidae (família), Strongyloidea (superfamília), Nematoda (Classe). Duas palavras (binominal): 20 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro O nome de espécie. Ex: Necator americanus, Ancylostoma caninum. Três palavras (trinominal): O nome de subespécie. Ex: Hymenolepis nana fraterna, Trypanosoma vivax vienes. Parênteses: O nome de um subgênero é escrito dentro de parênteses, entre o nome genérico e o nome específico. Ex: Heterakis (Heterakis) gallinarum, Oesophagostomum (Bovicola) radiatum. A nomenclatura deve ser em latim ou latinizada; se for uma combinação arbitrária de letras deve ser formado de modo a ser tratado como palavra latina. O nome genérico (gênero) deve ser empregado como substantivo no nominativo singular e sempre escrito com a primeira letra maiúscula. Ex: Oxyuris equi, Babesia caballi. O nome específico (espécie) deve ser sempre escrito em letra minúscula. Um nome específico dedicado a uma mulher deve terminar em ae e se for para homem em i. Ex: cuvieri – ruthae. -O nome de uma sub-família é formado acrescentando-se inae. Ex: Culicinae -O nome de família é formado acrescentando-se idae. Ex: Eimeriidae -O nome de uma superfamília deve ter a terminação oidea. Ex: Strongyloidea -Tribo deve terminar em ini. Ex: Anophelini 21 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro FILO ARTHROPODA (ARTHRON= ARTICULAÇÃO, E PODOS=PÉS) CARACTERÍSTICAS: - Apêndices articulados. - Simetria bilateral. - Corpo geralmente segmentado (somitos, metâmeros) e articulado exteriormente. - Cabeça, tórax e abdômen diferenciados (insetos) ou fusionados (ácaros). - Exoesqueleto endurecido (quitina). - Fazem mudas. - Tubo digestivo completo. - Sistema circulatório aberto (a hemolinfa não está contida em vasos, é transparente, contém hemócitos e circula entre os órgãos). - Respiração por traquéias, brânquias e/ou pulmões. - Fecundação interna. - Presença de órgãos de sentido como antenas, pêlos sensitivos. - Reprodução sexuada. CLASSES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRI A: Classes ARACHNIDA INSECTA PENTASTOMIDA Exemplos Aranha, escorpião, carrapato e sarna. Piolho, pulga, mosca, mosquito. Linguatul ídeos. Regiões do corpo Cefalotórax, abdômen Cabeça, tórax, abdômen Corpo lanceolado Peças bucais Quelíceras, palpos Labro, mandíbulas, maxilas e lábio Dois pares de ganchos No de Antenas Áceros Díceros Áceros Pares de patas 4 pares patas 3 pares patas Ápodes Ciclo evolutivo Direto, exceto acarinos indireto Indireto CAPÍTULO II Artrópodes ____________________________________________________________________________________ 22 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ __________________________________________ ___________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro CLASSE ARACHNIDA Ordem Acarina (Acari) MESOSTIGMATA (sem dentes no hipostômio) METASTIGMATA (Estigma entre o 3o e 4o par de patas ou atrás do 4o par de patas e hipostômio com dentes recurrentes) PROSTIGMATA (estigma situado anteriormente) ASTIGMATA (sem estigma respiratório) ORIBATIDA Cryptostigmata (respiração cutânea) Dermanyssidae -Dermanyssus Macronyssidae- Ornythonissus Laelapidae- Laelaps Varroidae- Varroa Macrochelidae - Macrocheles Railletidae- Railletia Argas Argasidae- Ornithodorus Otobius Ixodidae- Rhipicephalus Boophilus Amblyomma Anocentor Demodecidae- Demodex Myobiidae- Myobia Cheyletidae - Cheyletiella Trombiculidae- Trombicula (só a larva é parasita, com 3 pares de patas) Notoedres Sarcoptidae - Sarcoptes Knemidocoptidae- Knemidocoptes Psoroptidae- Psoroptes Otodectes Chorioptes Myocoptidae- Myocoptes Analgidae- Megninia Acaridae - Ácaros da poeira Oribatuloidea 23 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Mesostigmata FILO ARTHROPODA CLASSE ARACHNIDA ORDEM ACARI (ACARINA) CARACTERÍSTICAS: - Ácaros de pequeno porte. - Quelíceras modificadas e palpos curtos. - Cefalotórax e abdômen fusionados. - Corpo coberto por placas dorsais e ventrais. - Larvas com três pares de patas. - Ninfas e adultos com quatro pares de patas. - Respiração cutânea ou traqueal. SUBORDEM MESOSTIGMATA (Gamasida) (meso - mediano; stigmata - espiráculo) CARACTERÍSTICAS: - Um par de estigmas respiratórios ao nível da coxa II e III abrindo-se em peritremas alongados. - Presença de escudo dorsal. - Hipostômio desprovido de dentes recurrentes. - Podem ser de vida livre ou parasitas internos (vias respiratórias) ou externos de répteis, aves e mamíferos. - Podem ser vetores de agentes patogênicos, provocar reações cutâneas e alguns podem causar anemia. - Ciclo: ovo - larva - protoninfa - deutoninfa - adultos FAMÍLIA DERMANYSSIDAE GÊNERO: Dermanyssus ESPÉCIE: Dermanyssus gallinae CARACTERÍSTICAS: - Escudo dorsal redondo. - Quelíceras que terminam em quelas (bifurcação). - Todas as patas com garras e carúnculas. - Escudos truncados posteriormente. - Chamado vulgarmente de piolhinho, ácaro vermelho das aves). - Passa a maior parte do tempo fora do hospedeiro, em frestas e gaiolas. Quando no hospedeiro, preferem a região da cloaca. - Especificidade baixa e ciclo rápido (45 dias). HOSPEDEIROS: Parasita de galinhas e outras aves (principalmente canários). CICLO: PARTE I Mesostigmata ____________________________________________________________________________________ Figura 1. Visão dorsal do ácaro das aves, Dermanyssus sp. 24 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Mesostigmata A fêmea desse ácaro inicia a postura 12 a 24 horas após se alimentar de sangue no hospedeiro. Ovos são depositados em fendas ou detritos acumulados no galinheiro, ninhos das galinhas ou de outras aves. As fêmeas fazem várias posturas sucessivas, sendo cada postura precedida de uma alimentação de sangue. 48 a 72 horas após a postura há a eclosão das larvas (estas não se alimentam) e em 24 a 48 horas passam a protoninfa. 24 a 48 horas passam a deutoninfa (estas se alimentam) e em mais 24 a 48 horas passam a adultos. O ciclo todo pode ser completado em 7 dias. Adultos podem sobreviver até 4 a 5 meses no ambiente sem alimentação. O hábito alimentar é noturno. De dia são encontrados nos ninhos e frestas dos galinheiros. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: - Provoca diminuição da postura, perda de peso, irritação, anemia, influencia no desenvolvimento das aves jovens. - Pode atacar o homem causando dermatites. - Podem ser vetores de agentes patogênicos (vírus, bactérias). - A anemia pode levar a morte dos animais. - CONTROLE: - Remoção dos ninhos das aves. - Limpeza dos galinheiros, gaiolas. - Aplicação de acaricidas nas paredes e pisos das instalações. - Higiene e isolamento das aves parasitadas. - Aquisição de aves livres de ácaros. FAMÍLIA MACRONYSSIDAE GÊNERO Ornithonyssus ESPÉCIES: Ornithonyssus bursa, Ornithonyssus sylviarum CARACTERÍSTICAS: - Escudo dorsal pontiagudo. - Quelíceras finas e longas. - Especificidade baixa e ciclo rápido. - Geralmente passa todo o ciclo sobre a ave. - Hematófago. - Fora do hospedeiro pode sobreviver até dois meses sem alimentação. - Localização preferida é na cloaca que fica com aparência de suja (escura), mas em grandes infestações é encontrado em todo o corpo da ave. HOSPEDEIROS: Galinhas e outras aves domésticas (perus, patos) e silvestres (pombos, pardais). ESPÉCIE: Ornithonyssus bacoti Figura 2. Dermanyssus sp. montado em lâmina 25 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Mesostigmata CARACTERÍSTICAS: - Parasita de ratos silvestres, podendo parasitar ratos brancos e camundongos, pois podem entrar em laboratórios. CICLO: As fêmeas fazem a postura sobre o hospedeiro ou nos ninhos, sendo grande o número de ovos nas plumas das aves - As larvas eclodem em cerca de três dias (não se alimentam) - em 17 horas passam a protoninfas que se alimentam - mais 1 a 2 dias passam a deutoninfas - mais 1 a 2 dias à adultos. Ciclo pode ser completado em 7 dias. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: Mesmo do gênero Dermanyssus. CONTROLE: Mesmo do gênero Dermanyssus, porém os animais devem ser tratados com acaricidas. FAMÍLIA LAELAPIDAE GÊNERO Laelaps ESPÉCIES: Laelaps nuttalli, Echinolaelaps echidninus - O 1o par de patas é em forma de S e projeta- se anteriormente. - Placa genito-ventral ou placa epiginial em forma de gota e escavada posteriormente. - Presença de cerdas no corpo. - Placa dorsal não é dividida e cobre quase todo o dorso. HOSPEDEIROS: Ratos CICLO: São ovovivíparos. A fêmea dá nascimento a larvas que não se alimentam após 10 a 12 horas da fecundação - em 3 a 8 dias passam a protoninfa - em 3 a 8 dias passa a deutoninfa - e em mais 5 a 6 dias a adultos. Habitam os ninhos dos ratos. Figura 4. Ácaro Laelaps sp. Figura 3. Ornithonyssus adulto. 26 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Mesostigmata IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: Tem importância em animais de laboratório. O Echinolaelaps serve de hospedeiro definitivo de um protozoário (Hepatozoon muris) que se aloja no fígado dos ratos. Os ácaros adquirem o protozoário ao parasitarem ratos infestados. O rato ao ingerir o ácaro adquire a infecção. O Echinolaelaps pode provocar dermatite no homem. CONTROLE: Limpeza das gaiolas, esterilizá-las com calor, vapor, acaricidas. Aplicação de acaricida nos ratos. FAMÍLIA MACROCHELIDAE GÊNERO Macrocheles ESPÉCIE Macrocheles muscaedomesticae CARACTERÍSTICAS: - Quelíceras queladas fortemente. - Placa dorsal única. - Primeiro par de patas mais fino, mais longo e sem carúnculas e garras que os demais. - Escudo ventral e genital separados. - Encontra-se em fezes de ruminantes, eqüinos e aves de postura. - Alimentam-se de larvas de moscas e nematóides. - Funciona como controle biológico dos outros, pois os insetos carregam agentes patogênicos (bactérias). - Parasita outros artrópodes. HOSPEDEIROS: Moscas (principalmente Musca domestica) e outros insetos. CICLO: As fêmeas deste ácaro utilizam-se das moscas e outros insetos para dispersão e efetuam a postura nos locais de criação de mosca (fezes). As larvas eclodem em 6 a 10 horas apresentam 3 pares de patas e não se alimentam. Em 6 a 11 horas mudam para protoninfas, em 13 a 24 horas para deutoninfas e levam quase 24 horas da fase de deutoninfa à adultos. Figura 5. Ácaro Macrocheles sp. Figura 6. Ácaro Macrocheles parasitando Musca domestica. 27 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Mesostigmata O ciclo é completado em 2 a 3 dias. Enquanto a mosca completa 1 geração o ácaro completa 3 gerações. As fêmeas podem ficar ovipositando por até 24 dias e cada uma coloca um total de 90 ovos. IMPORTÂNCIA: - Os adultos são predadores dos ovos e larvas de 1o ínstar de moscas, enquanto que as ninfas alimentam-se mais comumente de nematóides promovendo um controle biológico. - É problemático em insetos criados em laboratório. CONTROLE: - Por ser um problema em laboratórios, recomenda-se o uso de telas nas janelas e portas para impedir o acesso de moscas, já que estas podem estar dispersando os ácaros. - Pulverizar as fezes para controlar as larvas (não é ideal porque mata também os predadores e passada a ação do inseticida há uma superpopulação de larvas) e pulverizar o ambiente (instalações). CONTROLE BIOLÓGICO: É complicado por requerer ambiente úmido, porém não fluído e não se alimentam de larvas de 2o e 3o ínstar, consomem em média dez presas por dia, não são muito longevos (a fêmea vive em média três semanas). FAMÍLIA VARROIDAE GÊNERO Varroa ESPÉCIE Varroa jacobsoni CARACTERÍSTICAS: - Escudos desenvolvidos e bastante quitinizados (ex: escudo metapodal ou metapodossomal). - Patas bem desenvolvidas com ventosas. - Corpo mais largo do que longo. - A larva da abelha morre ou tem disfunção de alguma estrutura devido à alimentação do ácaro com hemolinfa. HOSPEDEIROS: Abelhas. CICLO: Pouco conhecido. Alguns estudos relatam a Figura 7. Visão ventral (acima) e dorsal de Varroa jacobsoni. 28 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Mesostigmata preferência desse ácaro por zangões, pois estes têm livre acesso a outras colméias, levando a dispersão do ácaro. IMPORTÂNCIA: Ocorrem grandes prejuízos em apiários, principalmente em regiões frias pelo estresse, o ácaro parasita principalmente larvas e pupas, o que causa má formação dos insetos ou morte. Quando os insetos adultos são parasitados eles tem diminuição na sua produção e no caso de zangões há o perigo do ácaro alastrar-se para outras colméias Os prejuízos maiores são em colméias puras onde os insetos são mais sensíveis (Europa, EUA), no Brasil com os cruzamentos das espécies melíferas, estas adquirem maior resistência a esse ácaro. FAMÍLIA RAILLIETIDAE GÊNERO Raillietia CARACTERÍSTICAS: - Parasita o conduto auditivo externo. - Escudo dorsal sem forma. - Presença de placa anal. ESPÉCIES Raillietia flecthmanni, Raillietia auris, Raillietia caprae. HOSPEDEIROS: Raillietia flecthmanni - búfalos e bovinos Raillietia auris - bovinos Raillietia caprae - caprinos (principal) e ovinos CICLO: As fêmeas, machos e larvas localizam-se no ouvido externo do animal, as proto e deutoninfas no meio ambiente. As fêmeas dão nascimento as larvas (ovovivíparas) que não se alimentam. Esse ácaro provoca escarificação da pele do animal ao fixar-se (o pedicelo possui garras) o que leva a uma otite bacteriana subclínica (facilita a penetração das bactérias). Os zebuínos são mais sensíveis a esse ácaro do que o gado europeu, e a presença do ácaro no ouvido é comum nos animais (20-40 ácaros por ouvido). IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: Tem importância apenas como porta de entrada para bactérias e conseqüentemente otites bacterianas. CONTROLE: Limpeza e aplicação de acaricida no conduto auditivo, pois a presença do ácaro pode levar a otite. 29 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata FILO ARTHROPODA CLASSE ARACHNIDA ORDEM ACARI (ACARINA) CARACTERÍSTICAS: - Ácaros de pequeno porte. - Quelíceras modificadas e palpos curtos. - Cefalotórax e abdômen fusionados. - Corpo coberto por placas dorsais e ventrais. - Larvas com três pares de patas. - Ninfas e adultos com quatro pares de patas. - Respiração cutânea ou traqueal. SUBORDEM METASTIGMATA (carrapatos) (meta - atrás; stigmata - espiráculo) FAMÍLIA IXODIDAE CARACTERÍSTICAS: - Possuem um par de estigmas respiratórios ao nível da coxa IV abrindo-se em peritremas curtos. - Fêmeas com área porosa na base do capítulo. - Hipostômio com dentes recurrentes. - Carrapatos com escudo dorsal cobrindo toda a face dorsal no macho e somente 1/3 face dorsal da fêmea, ninfa e larva. - Podem ser vetores de agentes patogênicos, provocarem reações cutâneas e causarem anemia. - Dimorfismo sexual nítido. - Ciclo: ovo - larva - ninfa – adultos. CICLO GERAL DOS IXODÍDEOS: As fêmeas após se destacarem dos hospedeiros procuram um abrigo próximo ao solo, onde põem grande quantidade de ovos. O período de ovipostura é de vários dias. Terminada a oviposição as fêmeas morrem. Os ovos são castanhos, esféricos e pequenos. O desenvolvimento do ovo até adulto depende muito das condições de temperatura. As baixas temperaturas prolongam os estádios de desenvolvimento. Figura 9. Teleógina de carrapato. PARTE II Carrapatos ____________________________________________________________________________________ Figura 8. Escudo incompleto na fêmea e completo no macho de Ixodidae. Escudo 30 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata Durante o desenvolvimento os ixodídeos passam pelos estádios de larva hexápoda, ninfa octópoda e adulto. Larvas eclodidas sobem pelas gramíneas e arbustos e esperam a passagem do hospedeiro para os quais se transferem. Após sugar o sangue dos hospedeiros durante alguns dias, a larva sofre muda da cutícula e se transforma em ninfa. Esta que é octópoda espera alguns dias para o enrijecimento da cutícula, ingurgita-se de sangue e muda novamente de cutícula para se transformar em adultos (macho ou fêmea). As fêmeas repletas de sangue se desprendem do hospedeiro e no solo após um período de descanso, iniciam a ovipostura. Os machos permanecem mais tempo no hospedeiro. A cópula usualmente ocorre sobre o hospedeiro. CLASSIFICAÇÃO DO CICLO DE ACORDO COM O NÚMERO DE HOSPEDEIROS: 1- Monoxeno - Carrapato de um só hospedeiro – É quando todos os três estádios (larva, ninfa e adulto) se alimentam no mesmo hospedeiro, Figura 11. Ciclo de Boophilus microplus. Figura 10. Postura de Ixodidae. 31 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata onde também realizam as mudas. 2- Dioxeno – Carrapato de dois hospedeiros – Os estádios de larva e ninfa são no mesmo hospedeiro, onde também é realizada a primeira ecdise. A segunda ecdise se realiza no solo e o ixodídeo adulto procura um segundo hospedeiro. 3- Trioxeno – Carrapato de três hospedeiros – Para cada estádio há um hospedeiro, todas as mudas são feitas fora do hospedeiro. Figura 12. Ciclo de um carrapato monoxeno. Amblyomma (Trioxeno) Figura 13. Ciclo de um carrapato trioxeno. 1- Larvas se alimentam no animal e ingurgitam. 2- Larva muda para ninfa no solo. 3- Ninfa se alimenta, ingurgita e deixa o animal. 4- Ninfa muda para macho ou fêmea 5- Machos e fêmeas copulam e se alimentam no animal. 6- Fêmea vai ao solo fazer postura. 32 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata Chave para identificação dos gêneros da família Ixodidae encontrados no Brasil 1- Escudo sem ornamentação Escudo com ornamentação 2 4 2- Olhos ausentes Olhos presentes 3 4 3- Festões ausentes e sulco anal anterior ao ânus Festões presentes, sulco anal posterior ao ânus, segundo artículo dos palpos angular lateralmente Ixodes Haemaphysalis 4- Festões presentes Festões ausentes 5 6 5- Com 11 festões e olhos presentes Com 7 festões e olhos presentes Festões presentes somente nos machos, escudo usualmente sem ornamentação, coxa I com 2 espinhos longos, com 4 placas adanais ventrais (2 pouco desenvolvidas) Amblyomma Anocentor Rhipicephalus 6- Sulco pós-anal ausente nas fêmeas e pouco evidente nos machos, Coxa I com dois espinhos curtos em ambos os sexos, com 4 placas adanais bem desenvolvidas Boophilus GÊNERO: Rhipicephalus CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Palpos e rostro curtos. - Base do gnatossoma geralmente hexagonal. Figura 14. Ninfa de Rhipicephalus sanguineus. Base do capítulo hexagonal Figura 15. Macho de Rhipicephalus sanguineus. Placas adanais OBS: Larvas – Possuem 3 pares de patas e escudo incompleto. Ninfas – Possuem 4 pares de patas e escudo incompleto. Fêmeas – Possuem 4 pares de patas e aparelho genital. Machos- Possuem 4 pares de patas, escudo completo e aparelho genital. 33 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata - Escudo sem ornamentação; olhos e festões presentes, coxa I bífida. - Machos com um par de placas adanais desenvolvidas e um par rudimentar. - Peritremas em forma de vírgula acentuados no macho e pouco acentuados na fêmea. ESPÉCIE: Rhipicephalus sanguineus HOSPEDEIROS: - Parasita de cães, mas pode parasitar também gato e carnívoros silvestres. CICLO: É um carrapato que exige três hospedeiros para completar o ciclo (trioxeno), pois todas as mudas são feitas fora dos hospedeiros. As fêmeas põem de 2000 a 3000 ovos em toda sua vida. PARÂMETROS BIOLÓGICOS PERÍODO DIAS Pré- postura Incubação Sucção da larva Muda da larva Sucção da ninfa Muda da ninfa Sucção da fêmea 3 17-60 2-7 5-23 4-9 11-73 6-30 SOBREVIVÊNCIA As larvas não alimentadas podem sobreviver até oito meses e meio. As ninfas seis meses. Adultos até 19 meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: Este carrapato é comum em cães. Altas infestações provocam desde leves irritações até anemia por ação espoliadora. O carrapato pode atacar qualquer região do corpo, porém é mais freqüente nos membros anteriores e nas orelhas. É considerado o principal transmissor da babesiose canina; a transmissão pode ser transovariana ou transestadial, pode também transmitir vírus e Figura 16. Cão parasitado por Rhipicephalus sanguineus. 34 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata bactérias. Pode atacar o homem causando dermatites. CONTROLE: -Aplicação de banhos carrapaticidas nos cães, repetindo-se o tratamento duas ou três vezes com intervalos de 14 dias. -Limpeza dos canis. -Aplicação de acaricidas nas paredes, teto e piso das instalações. -Higiene e isolamento dos cães. GÊNERO Boophilus ou Rhipicephalus Atualmente, após sequenciamento genético o gênero Boophilus passou a ser subgênero de Rhipicephalus, passando então a se chamar Rhipicephalus (Boophilus) microplus. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Rostro e palpos curtos, achatados, rugosos lateral e dorsalmente. - Base do gnatossoma hexagonal. - Escudo sem ornamentação. - Olhos presentes. - Festões ausentes. - Peritremas arredondados ou ovais. - Machos com dois pares de placas adanais desenvolvidas e geralmente com prolongamento caudal. ESPÉCIE Rhipicephalus (Boophilus) microplus HOSPEDEIROS: Bovídeos, pode ser encontrado em outros hospedeiros domésticos e silvestres. CICLO: O R.(B.) microplus é um carrapato de um só hospedeiro (monoxeno). As fêmeas ingurgitadas (denominadas teleóginas) e prestes a darem início a ovoposição desprendem-se naturalmente do hospedeiro e no solo procuram um lugar apropriado para a ovipostura. A oviposição pode durar vários dias. As teleóginas realizam a postura de 3000 a 4000 ovos que permanecem aglutinados. Terminada a ovoposição a fêmea morre. Figura 18. Macho de Boophilus microplus. Figura 17. Gnatossoma de Rhipicephalus (Boophilus) microplus 35 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata A duração do ciclo não parasitário varia muito dependendo das condições climáticas, sendo 27 0C e 80% umidade as condições ideais para o desenvolvimento do ciclo. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA: 1- Dano direto causado pela picada do carrapato, com irritação local e perda de sangue -A picada do carrapato provoca irritação e predispõe o animal a ataques de moscas – miíases. -A pele irritada serve de via de acesso para infecções secundárias. -Cada fêmea suga em toda a sua vida 1,5 ml de sangue, o que provoca anemia e perda na produtividade de carne e leite. -Desvio de energia: Há um enorme esforço do animal para compensar os danos causados pelo carrapato o que representa um desvio de energia que seria convertida para produção. -Desvalorização dos couros e diminuição na produção das vacas leiteiras. 2- Inoculação de toxinas -Durante a sucção eles injetam substâncias tóxicas prejudiciais a saúde dos bovinos. -As picadas podem produzir uma paralisia que se inicia nos membros anteriores e em poucos dias atinge todos os órgãos. Não se tem notícia disso no Brasil. 3- Transmissão de doenças -Transmite a Babesia e o Anaplasma agentes causadores da tristeza parasitária bovina. -Pode transmitir também viroses e bactérias. CONTROLE: *NAS PASTAGENS: a)Limpeza das pastagens Mudança de vegetação através de drenagem, calagem e gradagem do solo diminui consideravelmente a quantidade de larvas na pastagem. A limpeza, com corte de pastos, de arbustos (abrigos naturais das larvas) contribui para diminuição da infestação dos rebanhos. b)Rotação das pastagens Consiste na mudança dos rebanhos para novas pastagens em épocas estratégicas, de acordo com a biologia do carrapato. A pastagem deve permanecer em descanso por determinado tempo até que as larvas morram por falta de alimentação. c)Queima das pastagens É um método bastante utilizado no Brasil, porém pouco eficaz, pois algumas larvas não morrem porque penetram no solo ou nas partes mais profundas da vegetação. d)Tratamento das pastagens com carrapaticida Não compensa, é uma operação difícil e onerosa. *CONTROLE NO HOSPEDEIRO a)Banho de Imersão É o método preferido há vários anos. Utilizado para propriedades com grande número de animais, pois o custo das instalações e gasto com produtos químicos é alto. b)Aspersão ou spray 36 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata É econômico e prático, utilizado em pequenas propriedades. Os resultados dependem muito da habilidade e do cuidado do operador. O jato de deve molhar o animal no sentido oposto a implantação do pelos. É mais seguro que o de imersão para animais novos e vacas gestantes. Deve-se seguir a risca as instruções dos fabricantes dos carrapaticidas. RECOMENDAÇÕES NA APLICAÇÃO DOS BANHOS: - Verificar o nível da suspensão ou emulsão no tanque carrapaticida, ajustando o volume com adição de água ou de carrapaticida. - Homogeneizar a emulsão ou suspensão, revolvendo o sedimento antes de banhar o gado. - Fazer a recarga do banheiro de acordo com as instruções do fabricante. - Banhar os animais descansados e sem sede. - Banhar os animais nas horas mais frescas do dia. - Evitar exposição dos animais ao sol quente. - Evitar banhar os animais em dias de chuva, e não deixar que entrem em açudes após o banho. - Enviar ao laboratório se preciso, amostras do banho para medir concentração do medicamento. GÊNERO Amblyomma CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Palpos e hipostômio longos. - Geralmente ornamentado. - Olhos e festões presentes. - Base do gnatossoma de formas variadas. - Placas adanais ausentes no macho. - Peritremas em forma de vírgula ou triangular. ESPÉCIE Amblyomma cajennense HOSPEDEIROS: - Parasita a maioria dos animais domésticos e alguns silvestres. - Pode parasitar o homem. CICLO: Figura 19. Peritrema de Amblyomma. Figura 20. Carrapato Amblyomma sp. 37 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata É um carrapato que exige três hospedeiros para completar o ciclo (trioxeno), pois todas as mudas são feitas fora dos hospedeiros. A fêmea põe de 6000 a 8000 ovos em toda sua vida. IMPORTÂNCIA: Pode transmitir vários agentes patogênicos, como Borrelia, agente da doença de Lyme e Rickettsia rickettsi causadora da febre maculosa. A sua picada pode originar ferimentos na pele de cura demorada. CONTROLE: Mesmo do Rhipicephalus. GÊNERO Anocentor . CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Rostro e palpos relativamente curtos. - Peritremas circulares (parece um dial de telefone). - Escudo sem ornamentação. - Com sete festões. - Coxas IV muito maiores que as demais. - Sem placas adanais. ESPÉCIE Anocentor nitens HOSPEDEIROS: Eqüídeos. LOCALIZAÇÃO: Principalmente no pavilhão auricular. CICLO: Monoxeno. As fêmeas põem em média 3000 ovos no solo. As larvas podem resistir até 71 dias sem se alimentar quando as condições são favoráveis. IMPORTÂNCIA: Pode transmitir vários agentes patogênicos como Babesia. A sua picada pode originar ferimentos na pele com até perda da orelha. Favorece miíases. FAMÍLIA ARGASIDAE CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Não possuem escudo. - Gnatossoma ventral nos adultos e nas ninfas e anterior nas larvas. Figura 21. Peritrema de Anocentor nitens Figura 22. Fêmea de A. nitens 38 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata - Palpos livres. - Orifício genital entre as coxas I e II. - Fêmeas sem áreas porosas na base do capítulo. - Tegumento coriáceo, rugoso e granuloso. - Peritrema entre o 3 e 4 par de coxas. - Dimorfismo sexual pouco acentuado. GÊNEROS DE IMPORTÂNCIA: Argas, Ornithodorus e Otobius. GÊNERO Argas CARACTERÍSTICAS MORFOLOGICAS: - Face dorsal separada da ventral por um bordo lateral nítido. - Achatado dorso-ventralmente. - Aparelho bucal na face ventral. HOSPEDEIROS: Galinha, peru, pombo e outras aves. Carrapato comum em galinheiros. CICLO: − Durante o dia os adultos permanecem escondidos em buracos e frestas, sob cascas de árvores, lugares protegidos da luz. − À noite saem dos esconderijos e sobem nas aves para sucção que dura em média 30 minutos. − Após a alimentação as ninfas e adultos voltam para os esconderijos e as fêmeas se preparam para postura. − Cada sucção corresponde a uma postura de 120 a 180 ovos. − A fêmea põe ao todo uns 600 ovos. − O período de incubação dos ovos é de três semanas dependendo da temperatura e umidade. − A larva hexápoda ataca as aves, fixando-se geralmente na pele do peito e sob as asas onde Figura 23. Carrapato Argas sp. Figura 24. Face dorsal e ventral de Argas sp.. 39 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata suga durante 5 a 10 dias, depois disso ela retorna ao esconderijo. − Depois de ingurgitada ela volta ao esconderijo onde muda a cutícula transformando-se na N1 (ninfa 1 ou protoninfa). − Esta procura o hospedeiro e alimenta-se por 30 a 60 min. − Regressa ao abrigo e muda para N2. − Esta também procura o hospedeiro se alimenta e muda. − Após a muda aparecem os adultos. − Ciclo biológico em condições favoráveis de temperatura e umidade se completa em 2 meses. − Os adultos copulam fora do hospedeiro, nos esconderijos, e as fêmeas só realizam postura após o repasto sangüíneo. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: -Tem importância pela sua ação espoliadora levando à anemia e mortalidade de aves, principalmente as jovens. - Há lesões hemorrágicas na pele. -Os carrapatos irritam as aves, estas bicam a pele e conseqüentemente há diminuição da postura. -Há desenvolvimento retardado das aves novas. -Serve como transmissor de microorganismos (Borreliose). DIAGNÓSTICO: Procurar os ácaros à noite, larvas a qualquer hora do dia principalmente embaixo das asas. GÊNERO Ornithodorus CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Argasidae sem limitação das faces dorsal e ventral. - Formato de corpo retangular. -Hipostômio bem desenvolvido nos adultos. HOSPEDEIROS: Homem e animais domésticos. CICLO: Vivem em solo arenoso, em áreas sombreadas, ao redor de árvores. Muito parecido com o anterior, só mudam os hospedeiros e passam por duas ou mais fases de ninfa antes de chegarem a adultos. Figura 25. Ciclo do carrapato de aves Argas. 1- Adultos ingurgitam sobre a ave. 2- Fêmea cai e faz postura dos ovos. 3- Larvas fixam-se na ave. 4- Larvas ingurgitam. 5- Larvas caem e fazem ecdise. 6- Ninfas 1 fixam-se na ave e ingurgitam. 7- Ninfas 1 caem e fazem ecdise para Ninfas 2 8- Ninfas 2 sobem na ave e ingurgitam. 9- No solo as N2 passam a adultos, macho e fêmea. 10- Adultos sobem na ave e alimentam-se. 40 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: -Transmissor da Borrelia causadora da doença de Lyme. -São hematófagos e provocam grande irritação. CONTROLE: Destruição dos esconderijos, aplicação de acaricidas. GÊNERO Otobius CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Argasidae com tegumento granuloso no estádio adulto. - Olhos ausentes. - Hipostômio bem desenvolvido na ninfa e vestigial nos adultos. HOSPEDEIROS: - Eqüinos. - Ruminantes. - Suínos. - Caninos. - Homem. ESPÉCIE: Otobius megnini CARACTERÍSTICAS: - Vive nos estádios larvais e ninfais nas orelhas de eqüídeos, bovinos, ovinos e outras espécies. - Os adultos não são parasitos. - Todas as mudas são realizadas no hospedeiro. - Os parasitos sugam sangue e causam irritação que resulta em inflamações. - As larvas e ninfas localizam-se na orelha. - Os adultos vivem em esconderijos como galhos de árvores onde ocorre a cópula e a postura (adultos não se alimentam). - As larvas eclodem, vão até o hospedeiro (orelha) em 5 a 15 dias passam a ninfa1 – ninfa2 – podem ficar até seis meses na orelha – deixam o hospedeiro e vão para lugares altos e secos onde se transformam em adultos. DIAGNÓSTICO: Otoscopia para visualizar larvas e ninfas. Figura 26. Vista dorsal e ventral de Ornithodorus sp. 41 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Carrapatos - Metastigmata Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFSM Responsável: Dra Silvia Gonzalez Monteiro Principais Carrapatos de Importância Médica Veterinária Boophilus Anocentor Amblyomma Amblyomma (peritrema) Anocentor (peritrema) Boophilus (peritrema) Rhipicephalus Rhipicephalus (Peritrema) 42 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata SUBORDEM: SARCOPTIFORMES OU ASTIGMATA CARACTERÍSTICAS: -Ácaros sem estigmas respiratórios (trocas gasosas pela pele). -Coxas fundidas a face ventral do corpo. -Quelíceras com quelas. -Corpo pouco quitinizado. -Tarsos com empódio unciforme ou em forma de ventosa. -Olhos ausentes. TRANSMISSÃO: Ocorre quando os ácaros são transferidos para um hospedeiro susceptível. Contato direto entre os animais e fômites. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: Varia com a espécie, susceptibilidade do hospedeiro, número de ácaros transferidos e local de transferência. Varia de 2 a 6 semanas. ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO: Ovos, larvas, duas gerações de ninfas e adultos. CICLO COMPLETO -Psoroptidae: 8 a 20 dias / -Sarcoptidae: 10 a 20 dias. Família Gênero Hospedeiro Vertebrado Espécie Sarcoptes Homem Eqüinos Cães Suínos Bovinos Ovinos Caprinos Sarcoptes scabiei S. scabiei var. equi S. scabiei var. canis S. scabiei var. suis S. scabiei var. bovis S. scabiei var. ovis Sarcoptidae (Ácaros escavadores) Notoedres Gatos, coelhos,rato Notoedres cati, N. cuniculi, N. muris Cnemidocoptidae (Ácaros escavadores) Cnemidocoptes (sarna podal das aves) Galiformes Galiformes Periquito Cnemidocoptes gallinae Cnemidocoptes mutans Cnemidocoptes pilae Psoroptes Eqüinos Coelhos Ovinos Bovinos Psoroptes equi Psoroptes cuniculi Psoroptes ovis Psoroptes natalensis Psoroptes bovis Psoroptes caprae Chorioptes Ruminantes, eqüinos e coelhos Chorioptes ovis, Chorioptes bovis, Chorioptes equi, Chorioptes cuniculi Psoroptidae (Ácaros superficiais) Otodectes Cão, Gato, e outros carnívoros Otodectes cynotis PARTE III Sarnas ____________________________________________________________________________________ 43 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata MORFOLOGIA DAS SARNAS: Figura 29. Cnemidocoptes sp. Figura 27. Sarcoptes sp. Figura 28. Notoedres sp. Figura 32. Otodectes sp. Figura 31. Chorioptes sp. Figura 30. Psoroptes sp 44 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata 1-FAMÍLIA SARCOPTIDAE: (ESCAVADORES) - Escavam galerias na pele (intradérmicas) na qual penetram profundamente provocando um espessamento da pele, sem formação de crostas. - Corpo globoso. - Rostro curto e largo. - Patas curtas e grossas - Patas posteriores encaixadas total ou parcialmente no idiossoma (parte final do corpo). - Machos sem ventosas copuladoras adanais. - Gêneros: Sarcoptes, Notoedres. GÊNERO: Sarcoptes ESPÉCIE: Sarcoptes scabiei: var. equi, var. canis, var. suis. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - 0,2 a 0,5 mm - Gnatossoma cônico, tão longo quanto largo. - Corpo estriado com áreas escamosas e espinhos curtos e grossos na face dorsal. - Machos com ventosas nas patas I, II, e IV. - Fêmeas com ventosas nas patas I e II. - Ânus terminal. - Pedicelo longo e simples - Corpo globoso. GÊNERO: Notoedres ESPÉCIE: Notoedres cati (gato), muris(rato) CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Sarna da cabeça do gato. - Ânus dorsal. - Corpo globoso. - 0,1 a 0,25 mm. - Machos com ventosas nas patas 1, 2 e 4. - Fêmeas com ventosas nas patas 1 e 2. Figura 33. Túneis escavados por Sarcoptes e Notoedres na epiderme. Figura 34. Sarna do gênero Sarcoptes sp. Presença de espinhos Figura 35. Sarna do gênero Notoedres Ânus dorsal 45 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata - Face dorsal com escamas rombas. CICLO BIOLÓGICO: GÊNERO Sarcoptes e Notoedres Em seu ciclo evolutivo passam pelas fases de ovo, larva, duas fases de ninfa, macho, fêmea imatura e fêmea adulta ou ovígera. A transformação da fêmea imatura em adulta ocorre após a fertilização. A fêmea fertilizada escava galerias na epiderme, onde se nutre de linfa. À medida que escava seu túnel, vai efetuando a postura dos ovos. Esses vão surgindo com 2 a 3 dias de intervalo e se sucedem durante dois meses, ficando para trás os mais velhos. A fêmea gasta cerca de meia hora para atravessar a camada córnea da pele. O trajeto das galerias pode ser reconhecido pelo aspecto irritativo e pelas excreções enegrecidas que a fêmea vai deixando. Os ovos dão nascimento, em cerca de cinco dias, a larvas hexápodes que passam para a superfície da pele onde procuram alimento, abrigo e passam por uma ecdise, surgindo as ninfas, octópodes. Após nova muda de pele, surgem os machos e as fêmeas imaturas; o primeiro procura essas últimas para a fertilização. Passados alguns dias, a fêmea imatura, já fertilizada, passa por nova ecdise resultando na fêmea adulta, que procura penetrar na pele recomeçando o ciclo. Assim, o ciclo se completa em 10 a 14 dias. 2- FAMÍLIA CNEMIDOCOPTIDAE GÊNERO Cnemidocoptes ESPÉCIE Cnemidocoptes mutans CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Sarna podal dos galináceos. - Não possuem espinhos na face dorsal. - Corpo estriado, face dorsal com saliências mamelonadas. - Gnatossoma mais largo do que longo. - Fêmeas sem ventosas nas patas. - Machos com cerdas longas e ventosas em todas as patas. - Pedicelos não segmentados. - Ânus terminal - Apresentam duas cerdas ao lado do ânus Ciclo biológico do gênero Cnemidocoptes As fêmeas não praticam galerias como fazem as do gênero Sarcoptes; elas permanecem sedentárias e sua presença determina uma proliferação epidérmica acompanhada de aumento da substância córnea. Essa Figura 36. Sarna do gênero Cnemidocoptes Gnatossoma mais largo que longo 46 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata proliferação é bem marcada nas excrescências das patas, resultado de um tecido alveolar tomado de numerosas pequenas câmaras, repletas de ácaros em todos os estágios do desenvolvimento. O ácaro invade ativamente a epiderme, penetrando no folículo plumoso ou atravessando diretamente a camada córnea epidérmica, Instala-se nas camadas superficiais da epiderme, danificando-a em direção à derme. Ao mesmo tempo os bordos da depressão por onde penetrou reagem produzindo uma abundante quantidade de substância córnea que vai recobrir totalmente a depressão, transformando-a em uma pequena bolsa fechada. No estágio seguinte as células epidérmicas entram em proliferação, englobando o ácaro. No interior da câmara o ácaro permanece separado do estrato por germinativo da pele por uma fina camada de queratina. Pouco a pouco a câmara vai se aprofundando na derme. Parece que todo o desenvolvimento do ácaro se verifica no interior dessas bolsas. Em certo momento a bolsa primitiva dará origem, por meio de um mecanismo semelhante ao brotamento, a uma bolsa secundária que acaba por se separar da bolsa mãe. A repetição do mecanismo conduz finalmente à produção de um tecido esponjoso. Apenas na fase inicial da invasão das camadas superficiais da epiderme pelo ácaro estabelece- se uma reação inflamatória; esta consiste em uma necrose focal da parte da derme ou epiderme imediatamente subjacente ao ponto de penetração do ácaro. Observa-se também a presença de um exsudato inflamatório. Logo que o ácaro se instala mais profundamente na epiderme, essas manifestações inflamatórias desaparecem e durante os estágios seguintes, em que se desenvolve o tecido esponjoso, não se nota mais qualquer sinal de inflamação. 3- FAMÍLIA PSOROPTIDAE – ácaros não escavadores - São ácaros superficiais, produzem formação de crostas espessas. - Corpo ovóide. - Face dorsal sem espinhos. - Rostro longo e cônico. - Machos com ventosas (copuladoras) adanais. - Patas longas e espessas, 40 par de patas nos machos é menor que o terceiro. - Gêneros: Psoroptes, Chorioptes, Otodectes. GÊNERO Psoroptes CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Corpo ovóide. - Parasitas de eqüídeos, bovinos, ovinos,e coelhos. - 0,5 a 0,8 mm. Figura 37. Sarna do gênero Psoroptes Pedicelo triarticulado 47 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata - Gnatossoma mais longo que largo. - Patas grossas e longas terminando em longos pedicelos tri-segmentados - Machos com ventosas nas patas I, II e III. - Fêmeas com ventosas nas patas I, II e IV. - Machos apresentam duas ventosas copulatórias ao lado do ânus - Machos com 40 par de patas bem reduzido. - Ânus terminal. GÊNERO Otodectes CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Sarna auricular de cães e gatos. - 0,3 a 0,5 mm. - Ventosas com pedicelos curtos e simples, sem segmentação. - Corpo ovóide. - O 40 par de patas das fêmeas é muito pequeno. - Gnatossoma em forma de cone. - Fêmeas com ventosas nas patas I e II. - Machos com ventosas nas patas I, II, III e IV. - Machos sem tubérculos abdominais. GÊNERO Chorioptes: CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Sarna de ovinos, bovinos, caprinos e eqüinos. - 0,3 a 0,6 mm. - Gnatossoma tão longo quanto largo. - Machos com ventosas nas patas I, II, III e IV. - Fêmeas com ventosas nas patas I,II e IV. - Pedicelo curto e simples, sem segmentação. - Peças bucais arredondadas. - Machos com tubérculos abdominais. Ciclo biológico dos gêneros Psoroptes, Otodectes e Chorioptes As sarnas psorópticas são produzidas por ácaros dos gêneros Psoroptes, Otodectes e Chorioptes, da família Psoroptidae dos ácaros Astigmata parasitos. Caracterizam-se por serem sarnas não penetrantes, superficiais, em que o agente causal não pratica galerias dentro da Figura 39. Ácaro Chorioptes sp. Pedicelo curto Ápódemas divergentes Figura 38. Macho de Otodectes sp. Ápódemas convergentes 48 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata pele do hospedeiro, e se desenvolve nas regiões lanosas ou bem dotadas de pêlos dos animais. Elas apresentam as mesmas fases evolutivas em seu ciclo que Sarcoptes scabiei, no entanto, não praticam galerias no interior da pele. Esses ácaros picam a pele causando irritação, descamação e exsudação de soro, vivem e se multiplicam sob a descamação provocada e a sua contínua atividade provoca o agravamento da lesão. Alastra-se de preferência nas regiões bem dotadas de pêlos do corpo do animal. DIAGNÓSTICO DAS SARNAS: Detecção dos ácaros nas galerias (extração mediante agulhas) ou em raspados de pele. A verificação dos túneis, das vesículas que se formam na parte terminal desses e a distribuição zonal das lesões são elementos para o diagnóstico. A sua confirmação é obtida fazendo um raspado do material cutâneo para a obtenção de exemplares do ácaro e observação microscópica. EPIDEMIOLOGIA DA SARNA SARCÓPTICA: A sarna sarcóptica humana é conhecida desde remota antigüidade. A infecção alastra-se rapidamente em grupos de pessoas como em hospitais, escolas, estabelecimentos comerciais etc., causando sérios inconvenientes. O contágio se realiza quando as fêmeas do ácaro passam do indivíduo atacado para o indivíduo sadio; é favorecido pelo uso de roupas de cama ocupados anteriormente por pessoas infestadas, peças do vestuário e quase sempre é noturno. O contágio é facilitado pela falta de higiene e promiscuidade. O ácaro localiza-se na epiderme, sob a camada córnea, predominantemente nos espaços interdigitais, cotovelos, axilas, sulco intermamário, escroto, regiões glúteas, podendo, no entanto, estender-se por todo o corpo, sendo raro no rosto. O papel patogênico não reside somente na lesão produzida pelo ácaro mas também na contaminação secundária desta ou das escoriações provocadas pelo indivíduo ao se coçar. Ácaros das sarnas sarcópticas dos animais domésticos podem infestar o homem, porém a de origem animal é muito menos grave do que a humana, porque os ácaros não escavam a pele e não se multiplicam. Ocorre apenas uma erupção papular avermelhada, com prurido que desaparece em poucas semanas. Os ácaros que causam a sarna sarcóptica dos animais domésticos são estruturalmente semelhantes à espécie que causa a escabiose humana, mas representam subespécies de S. scabiei, pois não são facilmente transferidas de um hospedeiro para outro. SINTOMAS: Família Sarcoptidae: Pus, crostas e escamas, alopecia, prurido e engrossamento da pele. Uma das características principais dessa parasitose é o prurido que vem sobretudo à noite, quando o indivíduo deita para dormir. A lesão cutânea é típica: observam-se áreas eritematosas, pápulas foliculares e vesículas nas regiões afetadas. A maioria dos sintomas cutâneos é devida a infecções secundárias. Há indicações de que a primeira infestação pelo ácaro não determina coceira imediata; depois de cerca de um mês aparece o prurido e então se instala a coceira - o paciente tornou-se agora sensível ao ácaro. Após ter sido infestado uma vez, ao se 49 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata reinfestar, a inflamação tem lugar em poucas horas. Uma pessoa já sensibilizada começa a se coçar imediatamente e freqüentemente remove o ácaro, terminando a infecção, enquanto que na pessoa não sensibilizada o parasita se desenvolve por cerca de um mês antes que o hospedeiro tome conhecimento. - Na cabra a sarna sarcóptica geralmente se inicia pela cabeça e orelhas, podendo generalizar-se e invadir o corpo e membros. Caracteriza-se pela formação de crostas acompanhada de coceira, perda de pêlos e espessamento da pele. - No cão a sarna sarcóptica manifesta-se no início por um prurido ou coceira que coincide com o aparecimento de pequenos pontos vermelhos na pele, semelhantes a picadas de pulgas, que se localizam inicialmente na cabeça, focinho, ao redor dos olhos e principalmente na margem da orelha, mais tarde as máculas são substituídas por vesículas (pequenas bolsas cheias de líquido). Os pêlos caem progressivamente e com o ato de coçar há exsudação de soro que, secando, origina crostas salientes que se iniciam, sobretudo no bordo posterior da orelha. Quando se desconfia que um cão está atacado por sarna sempre se deve examinar a parte inferior da margem posterior das orelhas. Nessa região a sarna provoca um grande número de pequenas saliências no tamanho de grãos de areia de modo que, quando se aperta e se passa essa região entre os dedos, se tem uma sensação de aspereza semelhante à uma superfície granulosa”. Nos cães novos as lesões se manifestam pelo desprendimento de pequenas escamas semelhantes às da caspa. Não sendo tratada, a sarna sarcóptica prejudica muito a saúde dos animais que passam por um período de desnutrição progressiva terminando com a morte do animal. - A sarna sarcóptica do carneiro e ovelhas se desenvolve nas partes não recobertas de lã, portanto, na cabeça do animal. Provoca coceira intensa, determinando o ato de coçar ocasionando lesões cutâneas; freqüentemente há infecção nos olhos que podem conduzir à perda da visão. - Na sarna sarcóptica dos cavalos, as primeiras lesões visíveis ocorrem na cernelha e em torno da cabeça, podendo também se iniciar pelo peito e pelos flancos. A intensa coceira obriga o animal a se esfregar fortemente contra objetos que o rodeiam. A presença e a atividade dos ácaros causa intensa irritação; a pele inflama-se, aparecendo vesículas em torno do ponto de penetração dos ácaros. As vesículas, sendo rompidas, libertam o seu conteúdo que, secando, dá origem às crostas. Nas áreas afetadas os pêlos mantêm-se eretos e muitos caem. Do ato de coçar resulta injúria mecânica com a formação de grandes crostas firmemente aderentes aos tecidos subjacentes. Com a movimentação do animal podem romper-se e o soro e sangue conferem uma coloração amarelo - avermelhada às lesões. A parasitose pode ter curso rápido e ser até mortal. A sarna sarcóptica eqüina é geralmente transmitida por contato direto entre os animais; no entanto, arreios, selas e outros também podem ser responsáveis pelo contágio. 50 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata - No coelho a sarna sarcóptica manifesta-se no focinho, lábios, queixo, base das unhas, orelhas e planta dos pés. É acompanhada de intensa coceira e de formações crostosas. Dissemina-se facilmente nas criações e quando não tratada é mortal. - No gado bovino a sarna sarcóptica é pouco freqüente; geralmente se inicia na parte interna das coxas, na face inferior do pescoço e na base da cauda, de onde pode alastrar-se para todo o corpo. - Também o porco é um animal sujeito ao ataque por S. scabiei, onde a sarna se instala de início na cabeça, principalmente nas orelhas e ao redor dos olhos, de onde pode alastrar-se por todo o corpo. Manifesta-se por intensa coceira e pela formação de crostas, sendo mais severa em leitões. Sarna Notoédrica: - Em gatos localiza-se principalmente nas orelhas e na cabeça do animal, podendo estender-se para outras partes do corpo, sobretudo em torno dos órgãos genitais. Os sintomas incluem coceira, formação de crostas que se espessam, endurecem e se desenvolvem à custa de exsudações de soro e extravasamento de sangue. Eventualmente pode se transferir para o homem. - Em coelhos ocorre prurido nos lábios e região nasal. Essa sarna é cefálica, iniciando-se nas orelhas e depois descendo pela parte ventral do pescoço, podendo estender-se às patas e região dos órgãos genitais. As lesões iniciais constituem-se de pequenas pápulas que vão formando cadeias, principalmente na borda das orelhas, deformando o contorno destas; em seguida aparecem crostas cinzentas- amareladas, provocando a queda dos pelos. Sarna Cnemidocóptica: Aves andam com dificuldade, prurido moderado, patas com aspecto engrossado e descamação da pele, má formação das patas. Sarna Psoróptica: - Psoroptes bovis (Gerlach, 1857) é a causadora da sarna psoróptica em bovinos, cujos primeiros sintomas são coceira intensa da pele na cernelha, na base da cauda ou nas partes látero - dorsais do pescoço. Dessas regiões pode alastrar-se pelo dorso e flancos do animal, atingindo eventualmente todo o corpo. À medida que os ácaros se multiplicam, infligem uma série de pequenos ferimentos a pele, seguidos de coceira, formação de pápulas, inflamação e exsudação de soro. O soro que vem a superfície mistura-se com sujeira e solidifica-se formando escamas amarelo - acinzentadas, freqüentemente mostrando também manchas de Figura 40. Lesão de sarna notoédrica em gato. 51 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata sangue. Inicialmente as escamas têm cerca de 0,5 cm de diâmetro; à medida que os ácaros vão passando para a pele sadia circunjacente, a lesão gradativamente aumenta. Com o avançar da parasitose, extensas áreas ficam desnudas e cobertas de crostas. A pele espessa-se, a coceira é intensa e o animal é constantemente irritado. - Psoroptes caprae causa a sarna psoróptica em cabras, tendo a parasitose desenvolvimento idêntico à observada na espécie bovina, podendo aparecer em qualquer parte do corpo; parece haver tendência a se limitar às orelhas da cabra, determinando sarna auricular que embora rara, pode causar surdez, perda de apetite e, em casos extremos, a morte do animal. - Psoroptes ovis é a responsável pela sarna psoróptica de carneiros e ovelhas, em que provoca desmerecimento do couro e da lã, e assume tal aspecto de gravidade que chega a determinar a morte dos animais parasitados. A irritação é severa e freqüentemente se observa os animais infestados coçarem-se e mesmo se morderem. - Psoroptes equi, a sarna psoróptica em cavalos é semelhante àquela descrita para bovinos, sendo as primeiras lesões observadas na cabeça. - Psoroptes cuniculi ataca coelhos, restringindo- se geralmente ao pavilhão da orelha (sarna auricular não penetrante); pode expandir-se infestando outras partes da cabeça, pescoço e mesmo as patas. As primeiras manifestações da infestação são indicadas por hiperemia (excesso de fluxo sangüíneo na superfície do corpo) e pela formação de crostas vermelho castanhas próximo da base do pavilhão auricular; com o avançar da parasitose, pode afetar toda a superfície interna da orelha. A complicação mais séria é a infecção piogênica do ouvido médio que pode se estender ao ouvido interno. A invasão das lesões por bactérias pode levar à formação de ulcerações. A presença de ácaros no ouvido médio resulta também em distúrbios nervosos; os animais assim atacados freqüentemente sacodem a cabeça e raspam com as unhas a base do pavilhão auditivo produzindo ferimentos que ainda mais intensificam as dores. Sarna Otodécica: Essa espécie determina irritação no conduto auditivo de cães e gatos; não pratica galerias no tegumento, mas alimenta-se de fluidos tissulares na profundidade do canal auditivo, próximo do tímpano. Da porção média do conduto auditivo para o tímpano aparecem crostas; o tímpano pode mostrar-se hemorrágico. Em virtude da intensa irritação provocada pelo ácaro, o canal vai acumulando produtos inflamatórios, cera alterada e ácaros. Freqüentemente ambos os ouvidos são afetados. Em casos de parasitoses intensas os animais mostram sinais de distúrbios nervosos, freqüentemente se movendo em círculos ou sacudindo a cabeça. O ato de coçar muitas vezes conduz ao aparecimento de hematomas na orelha. Infecções bacterianas secundárias as vezes resultam em inflamações do ouvido médio e mesmo das meninges. 52 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Sarnas - Astigmata O. cynotis também ataca o furão. Sarna Chorióptica: - Chorioptes ovis, parece ser a única espécie do gênero assinalada no Brasil (Freire, 1955), causa a sarna chorióptica em carneiros e ovelhas, localizando-se principalmente nas rugas da bolsa escrotal dos carneiros, e que não invade as partes do corpo revestidas de lã comprida. Por esse motivo foi também designada de sarna das partes baixas. Ataca também os pés e os membros, subindo até a face interna das coxas, região escrotal dos carneiros e da mama das ovelhas. As regiões parasitadas se recobrem de crostas e produzem prurido bastante intenso. Parece não atacar a cabeça e demais partes do corpo. - Chorioptes cuniculi determina em coelhos uma parasitose quase indistinguível da sarna auricular não penetrante, causada por Psoroptes, no entanto, é bem menos séria. - Chorioptes equi determina uma parasitose semelhante àquela causada por Psoroptes, mas, as lesões estão geralmente confinadas às partes inferiores das patas, notadamente do boleto, sendo por isso também denominada sarna das patas dos cavalos. - Chorioptes bovis é responsável pela sarna chorióptica do gado bovino, bastante semelhante a sarna psoróptica, porém localizada e menos séria. Geralmente restringe- se à cauda e aos boletos das patas anteriores e posteriores e via de regra não se alastra. PROFILAXIA: Separação dos animais infestados, alimentação adequada, condições de higiene do recinto satisfatórias, esterilizar o material de uso nos animais (arreios, coleiras) com acaricida sendo melhor não utilizá-los antes de 14 à 17 dias. 53 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Prostigmata FILO ARTHROPODA CLASSE ARACHNIDA ORDEM ACARI (ACARINA) SUBORDEM ACTINEDIDA (PROSTIGMATA) CARACTERÍSTICAS: - Estigmas respiratórios quando presentes, situados anteriormente. - Ovo –Larva – Protoninfa – Deutoninfa – Adultos. - Famílias: Cheyletidae, Myobiidae, Demodecidae e Trombiculidae. FAMÍLIA CHEYLETIDAE GÊNERO Cheyletiella HOSPEDEIROS: Coelhos, cães e gatos. ESPÉCIES: -Cheyletiella yasguri – Comumente encontrada em cães. -Cheyletiella blakei – Comumente encontrada em gatos. -Cheyletiella parasitovorax – Comumente encontrada em coelhos. Todas as espécies podem ser transmitidas para outros animais e ao homem. CARACTERÍSTICAS: - Os ácaros são grandes (385 µm), vivem sobre a superfície da pele e seus ovos ficam presos em fios do pêlo. CICLO: - O ciclo desses ácaros é em média de 21 a 35 dias sobre o hospedeiro, mas adultos podem sobreviver fora do hospedeiro por 2-14 dias, por isso a infestação pode ser adquirida do ambiente (Ex: cama) ou por contato direto. PATOGENIA: - Provoca caspa, dermatite descamante. - No homem causa irritação na pele e coceira. - O grande número de ácaros brancos movendo- se sobre a superfície da pele é chamado de “caspa ambulante”. FAMÍLIA MYOBIIDAE GÊNERO Myobia PARTE IV Prostigmata ____________________________________________________________________________________ Figura 41. Adulto de Cheyletiella 54 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Prostigmata CARACTERÍSTICAS: - Causa sarna em camundongos, com coceira e perda de pêlo. - 1o par de patas modificado. - Alargamento na lateral do corpo. - Cerdas na extremidade posterior. CONTROLE Higiene, manutenção adequada alimentar, tratar o animal doente e evitar contato com outros animais e fômites. FAMÍLIA DEMODECIDAE GÊNERO Demodex ESPÉCIES: Demodex canis (cão), D. phylloides(suino), D. pholiculorum (homem) CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Patas curtas. - Dois estádios ninfais. - Corpo dividido numa parte anterior curta e uma posterior alongada e com estriações. ESPÉCIES: -Demodex canis (cão) -D. phylloides (suino) -D. pholiculorum (homem) CARACTERÍSTICAS: - Sarna profunda, que vive no folículo piloso, glândulas sebáceas e sudoríparas por isso tem o corpo alongado. Podem viver em linfonodos e outros órgãos internos como o rim, fígado. - O estabelecimento da doença está relacionado à imunidade. Normalmente atinge filhotes de 3 a 6 meses. - Aparecem áreas circunscritas de alopecia na cabeça, ao redor dos olhos e na parte inferior da pata (projeções ósseas nas extremidades). Figura 43. Ácaro Demodex humano (acima) e de cão (abaixo). Figura 42. Ácaro de roedores Myobia sp. 55 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Prostigmata - Há formação de crostas, pontos vermelhos, queda acentuada de pêlos. Não há evidência de prurido. - Tipos: Úmido, quando tem pus (infecção secundária-imunodepressão). Seco, com prurido intenso e crosta superficial. Geralmente inicial e passa para o estado úmido. - Atacam mais os animais jovens e de pêlo curto. Animais sadios podem ter mesmo sem apresentar a doença. - A maioria dos casos é branda e a recuperação espontânea, mas em alguns casos pode levar até a morte (nesses casos os pêlos se tornam esparsos sobre regiões cada vez maiores e a pele se torna áspera e seca - é a sarna vermelha). CICLO: Ácaros dentro do folículo piloso, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas (no cão principalmente no folículo piloso e glândulas sudoríparas). Ocorre a eclosão das larvas dentro do folículo, estas passam para a fase ninfal chamada protoninfa e após para deutoninfa, ocorre a diferenciação para machos e fêmeas, que vão para a superfície da pele a fim de copularem (fase de contaminação). Após a cópula as fêmeas ovígeras (já fecundadas) e os machos voltam para o folículo piloso. Pode ocorrer o rompimento do folículo e o ácaro mover -se para outros órgãos (ex. fígado) mas não há danos. CONTROLE: Como é uma sarna de ocorrência natural na pele que produz doença em imunodeprimidos, deve-se pesquisar a causa da imunodepressão (mudança de casa, na alimentação, stress) e evitar contato da mãe doente com a ninhada. * D. foliculorum e D. brevi atingem humanos, sendo que a primeira nos folículos pilosos do rosto e a segunda nas glândulas sebáceas do mesmo. DIAGNÓSTICO CLÍNICO - Através da coleta de material: 1)Para ácaros que penetram profundamente, como Sarcoptes, Notoedres e Demodex. ? Mergulhe a lâmina de bisturi em óleo mineral, pegue uma prega de pele e raspe mantendo um ângulo reto com a pele até produzir um leve sangramento. 2)Cnemidocoptes. ? Amoleça as crostas com água morna e óleo mineral. Remova as crostas mais soltas, macere e olhe no microscópio. 3)Sarnas superficiais (Psoroptes, Chorioptes e Otodectes). ? Raspe as crostas soltas e guarde em pote bem fechado. Macere algumas crostas com óleo Figura 44. Lesões de sarna demodécica. 56 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Prostigmata mineral, coloque em uma lâmina e olhe no microscópio com objetiva de 10X. FAMÍLIA TROMBICULIDAE GÊNERO Eutrombicula, trombicula CARACTERÍSTICAS: - Hematófaga. - Conhecida como micuim. - Escudo com cerdas ramificadas. - Febre fluvial é transmitida pelos trombiculídeos. -Transmitem Rickettsia a roedores silvestres que não desenvolvem a doença, mas podem mais tarde transmitir ao homem. - Saliva tóxica – Causa prurido - Cheio de cerdas nas patas. - Quelíceras pontiagudas CICLO BIOLÓGICO: São ácaros de vida livre, ninfas e adultos vivem e alimentam-se em matéria orgânica. No solo as fêmeas põem os ovos em áreas abrigadas, em uma semana eclodem as larvas que possuem três pares de patas e é a fase parasitária. Quando um animal ou homem se aproxima as larvas laranja-amarelada ou laranja- avermelhada rastejam na superfície de terra ativadas pelo CO2 da respiração, fixam-se, alimentam-se no animal e após vão ao solo onde mudam para ninfas e posteriormente para adultos. Adultos normalmente vivem em lugares protegidos e ficam mais ativos na primavera. A ninfa, como o ácaro adulto, tem oito patas. Os corpos são normalmente cabeludos. As ninfas e adultos alimentam de insetos pequenos ou outros organismos. O ciclo de vida inteiro pode requerer de dois meses a um ano, sendo que 1 a 5 gerações podem ser produzidas por ano, fato esse que vai depender da temperatura, umidade, e localização. As larvas ficam 15 dias no hospedeiro e caus am dermatite intensa, pois inoculam saliva tóxica que lesa as células . As larvas se alimentam-se de linfa. 57 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Ácaros - Cryptostigmata FILO ARTHROPODA CLASSE ARACHNIDA ORDEM ACARI (ACARINA) SUBORDEM CRYPTOSTIGMATA OU ORIBATIDA SUPER FAMÍLIA GALUMNOIDEA FAMÍLIA GALUMNIDAE SUPER FAMÍLIA ORIBATULOIDEA FAMÍLIA ORIBATIDAE CARACTERÍSTICAS: ? Os ácaros incluídos na subordem Oribatei ou Cryptostigmata constituem um dos mais numerosos grupos de artrópodes do solo, tanto em número de espécies quanto em número de indivíduos. Eles têm um papel importante na decomposição de substâncias orgânicas no solo. ? Respiração por tubos traqueais que se abrem em estigmas respiratórios na base das patas. HOSPEDEIROS: Não possuem, são ácaros de vida livre. CICLO: Ovo - larva - 3 fases ninfais (protoninfa, deutoninfa e tritoninfa) e adultos. Habitam as camadas superficiais do solo, onde alimentam-se de fezes (coprófagos) podendo desse modo adquirir os ovos de cestóides. Vivendo no solo, sobem pelas hastes do capim onde são ingeridos pelos animais; no trato digestivo dos animais ocorre a libertação do cestóide que vai parasitar o bovino (eqüino). IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRI A E SAÚDE PÚBLICA: É importante por agir como transporte de cestóides para os animais. CONTROLE: Não se tem medidas adequadas para o controle no pasto. PARTE V Cryptostigmata ____________________________________________________________________________________ Figura 45. Ácaro Cryptostigmata. 58 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro CLASSE INSECTA MORFOLOGIA EXTERNA: • Os insetos são artrópodes com o corpo dividido em três regiões bem distintas: cabeça, tórax e abdômen. • Com um par de antenas. • Com três pares de pernas; É também conhecida por classe hexápoda. • Adultos geralmente, com um ou dois pares de asas. • Respiração traqueal. • Orifício genital situado na extremidade posterior do abdome. • Simetria bilateral. • As antenas são divididas em escapo (parte articulada na cabeça), pedicelo e flagelo (1 a 10 segmentos). Pode ou não existir arista nos flagelos. • Os olhos compostos (omátides) são formados por centenas de omatídeos. Visão bastante ampla para o inseto. • Dois a três ocelos, auxiliares na parte dorsal da cabeça, entre os olhos compostos. • Aparelho bucal com um par de mandíbulas, 1 par de maxilas (pode ter palpos maxilares), 1 labro dorsal, 1 lábio ventral e 1 hipofaringe. • Na extremidade da probóscida existe um par de labelas, que varia de tamanho com o tipo de aparelho bucal (mastigador: mandíbulas desenvolvidas ou picador: estiletes perfurantes) • O tórax é dividido em 3 segmentos: Protórax, Mesotórax e Metatórax e cada um desses é dividido em 4: um segmento dorsal (noto), dois segmentos laterais (pleura) e um segmento ventral (esterno). • Cada par de patas é inserido em um segmento torácico. • A pata se divide em coxa, trocanter, fêmur, tíbia e tarsos. • Os tarsos são divididos em três a cinco segmentos e nesses estão as garras e estruturas membranosas chamadas empódio que podem ou não ter dois apêndices posteriores chamados de pulvilo. ASAS Os insetos podem ser ápteros (sem asas - pulgas e piolhos) ou dípteros (com 1 ou 2 pares de asas).As asas são estruturas membranosas com escamas, cerdas ou espinhos. São compostas por nervuras ou veias e suas características identificam famílias ou gêneros. 1. Nervura Costa (C) - completa ou incompleta 2. Nervura Subcosta (SC) 3. Nervura Radial (R) 4. Nervura Mediana (M) - bifurcação da nervura Radial 5. Nervura Cubital (Cu) 6. Nervura Anal (A) OBS: Cada área delimitada por nervuras chama- se célula. Essa pode ser apical e fechada ou discal. As nervuras costa e subcosta não se ramificam. ABDÔMEN Segmentos em anéis, sem apêndices e com cerdas. É onde aparece a abertura genital. Apresenta na região pleural (lateral) os estigmas respiratórios ou espiráculos. Essa região é menos quitinizada para permitir a distensão abdominal. Os três últimos anéis não 59 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro apresentam espiráculos. Há insetos com espiráculos no tórax. MORFOLOGIA INTERNA DOS INSETOS 1.Sistema Digestivo – Nos insetos o canal alimentar consiste de um tubo quase reto, que se estende da boca, situada na extremidade anterior, até o ânus, situado posteriormente. Este tubo é diferenciado em três regiões distintas: - Intestino anterior ou estomodeu. - Intestino médio ou mesêntero. - Intestino posterior ou proctodeu. Estomodeu: Inicia na boca ou cavidade bucal e está dividido nas seguintes porções: faringe, esôfago, papo e proventrículo. - A faringe, nos insetos sugadores, possui musculatura poderosa, e funciona como uma bomba de sucção. - O esôfago é um tubo simples que se prolonga até o tórax; sua porção posterior se dilata, em alguns insetos, para formar o papo. Ao papo segue-se o proventrículo que se caracteriza pela forte musculatura das suas paredes e pela presença de dentes e espinhos. Função do estomodeu: É armazenar os alimentos e triturá-los; aí começa também a digestão, graças às enzimas de várias naturezas que variam de acordo com o tipo de alimentação do inseto. Mesêntero: Varia de forma segundo o grupo dos insetos. Funções: Digestão e absorção dos alimentos. Em alguns insetos há divertículos, geralmente situados na parte anterior do estômago, denominados cecos gástricos. Proctodeu, Freqüentemente, está dividido em três partes: - Intestino delgado ou íleo. - Intestino grosso ou cólon. - Reto. O íleo é tubular, o colo é dilatado e o reto globular ou piriforme. Este possui número variável de papilas - chamadas papilas retais - e termina pelo ânus. Glândulas salivares: Ao nível da cavidade bucal abre-se o duto das glândulas salivares situadas no tórax ou se prolongam até o abdome. As glândulas salivares variam nos diferentes insetos, podendo ser simples ou lobadas, colocadas simetricamente uma de cada lado do corpo do inseto. De cada lado sai um duto salivar que se reúnem para formar um canal coletor único, por onde se escoa a secreção salivar. Natureza da secreção salivar Varia muito nos vários grupos de insetos; as espécies que se alimentam de sangue de vertebrados, freqüentemente produzem secreção salivar que contém uma substância anticoagulante. A inoculação da secreção salivar por insetos hematófagos, durante o ato de alimentação, provoca nos hospedeiros uma reação cutânea variável de intensidade, de quase imperceptível até severa. 60 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro 2. Sistema Excretor – Ao nível da junção do mesêntero com o proctodeu abrem-se os tubos de malpighi, de função excretora. A excreção nos insetos se realiza, principalmente, pelos tubos de Malpighi, que funcionam corno se fossem rins. Os tubos de Malpighi, cujo número e tamanho variam de inseto para inseto, consistem de vários túbulos alongados fechados na extremidade livre e que se abrem na luz intestinal pela outra extremidade. A urina, que é filtrada através das células que forram internamente os túbulos, cai na luz destes túbulos e escoa para o intestino, onde é misturada com as fezes. Antes de ser eliminada pelo ânus, uma grande quantidade de água é reabsorvida pelas glândulas retais e retida no organismo do inseto. Este poder de retenção da água varia com o inseto e com seu estádio de desenvolvimento. 3. Sistema Respiratório – - Os insetos possuem um sistema de tubos denominados sistema traqueal . - As traquéias se abrem para o exterior através de orifícios, localizados lateralmente nos segmentos torácicos e abdominais, chamados estigmas ou espiráculos respiratórios. - Os estigmas possuem estruturas destinadas a regularizar a entrada e saída do ar no corpo do inseto. Regra geral existem 10 pares de estigmas; nas formas típicas há um par no mesotórax, um na margem anterior do metatórax e um par em cada um dos primeiros sete ou oito segmentos do abdome. Alguns insetos aquáticos possuem brânquias. 4. Sistema Circulatório – Os insetos têm circulação aberta. Há apenas um vaso que se estende dorsalmente do tórax ao abdome, acima do aparelho digestivo, e que se chama vaso dorsal. Coração: É a porção dilatada do vaso dorsal, constituída de várias câmaras, situada posteriormente. A porção mais delgada, situada anteriormente, é a aorta dorsal. O sangue penetra pelos ostíolos, e daí pela contração do coração é impulsionado para a aorta dorsal. O sangue ou hemolinfa sai da aorta para banhar os vários órgãos internos, situados na hemocele, deslocando-se no sentido antero- posterior. Hemolinfa: É um líquido claro, esverdeado ou amarelado, raramente vermelho, que serve de meio de trocas químicas necessárias ao funcionamento dos tecidos e órgãos. - A hemolinfa contém numerosas células denominadas hemócitos. 61 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Função da hemolinfa: Consiste no transporte do material nutritivo para os tecidos e recolher os produtos de excreção para os órgãos excretores. Hemócitos: Funções: a mesma dos leucócitos dos mamíferos. Alguns fagocitam células estranhas ao organismo e são, especialmente ativos nos processos de mudas e metamorfoses. Às vezes, os hemócitos se congregam ao redor de corpos estranhos ou de larvas de filarídeos. 5. Sistema Nervoso – Cérebro: Situado na região do esôfago encontra-se o gânglio supra-esofageano, também chamado cérebro. Do cérebro parte uma dupla cadeia de gânglios ventrais que se dirige para a extremidade posterior do corpo. Os gânglios se intercomunicam com o cérebro por meio de conexões longitudinais. Usualmente para cada segmento abdominal corresponde um par de gânglios. Desse conjunto partem fibras que inervam as várias partes do corpo. Este conjunto constitui o sistema nervoso periférico. Na frente do cérebro há um gânglio que constitui o sistema nervoso simpático e que inerva as vísceras do inseto. Nos insetos os órgãos dos sentidos são muito desenvolvidos. Há várias células situadas em várias partes do corpo, que estão associadas a pelos e cerdas. Os insetos possuem órgãos especiais dos sentidos da visão, da audição, da gustação, do olfato, etc. O complexo das células sensoriais é conhecido por "sensilia". Pêlos do corpo dos insetos Funcionam como órgãos sensoriais que captam vários estímulos mecânicos e químicos. Percevejos e as pulgas - possuem órgãos que detém pequenas alterações na temperatura, orientando-os para os seus hospedeiros. Piolhos - possuem órgãos receptores da umidade. 6. Sistema Reprodutor – Os insetos, regra geral, são artrópodes de sexos separados. Há raros casos de hermafroditismo. Em algumas espécies a ocorrência de partenogênese é normal. Nos insetos de vida social, como as abelhas, as formigas e os cupins, algumas formas - as operárias - são incapazes de se reproduzirem. a. Aparelho Genital Feminino – É constituído de dois ovários que por sua vez são formados de vários ovaríolos, onde se originam as células germinais. Hemolinfa Figura 46 . Pata de carrapato seccionada mos- trando a hemolinfa. 62 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Os ovaríolos se reúnem e formam os ovidutos, um de cada ovário; estes vão constituir o oviduto comum, cuja parte posterior é a vagina. Associada à vagina, na sua extremidade posterior, há uma câmara genital, em forma de saco, que é a espermateca ou receptáculo seminal onde se armazenam os espermatozóides. Ainda anexas à vagina estão as glândulas anexas, que fornecem o material para o revestimento do ovo. b. Aparelho Genital Masculino – O aparelho genital masculino é formado de dois testículos, um de cada lado do canal alimentar, dos quais originam-se os dutos eferentes. Estes se reúnem para constituírem o duto ejaculatório que se abre para o exterior. Cada duto eferente se dilata para formar uma vesícula seminal, onde se alojam os espermatozóides, antes de serem injetados na fêmea. Associadas ao aparelho genital masculino existem as glândulas acessórias que lançam no duto ejaculatório o fluido seminal destinado a acompanhar os espermatozóides. O duto ejaculatório termina pelo edeago que é o órgão copulador. Externamente a genitália masculina está relacionada com a copulação e transferência do esperma para os órgãos genitais femininos. DESENVOLVIMENTO E METAMORFOSE Os insetos são, na maioria, ovíparos. Excepcionalmente existem algumas espécies vivíparas. Geralmente os ovos são ovais, esféricos ou alongados, mas há fêmeas que põem ovos em forma de tonel ou de disco. A casca que envolve o ovo varia muito, em espessura, forma e cor. Alguns ovos possuem espinhos ou outras estruturas características na casca. Postura: É realizada, geralmente, em lugares que oferecem condições adequadas ao desenvolvimento das formas jovens. Algumas espécies põem ovos isolados uns dos outros, enquanto outras põem os ovos aglomerados. Mudas: Durante o desenvolvimento do ovo até o estádio adulto o inseto sofre uma série de transformações nas suas estruturas, com eliminação e renovação da cutícula, cujo fenômeno é conhecido por metamorfose dos insetos. Exsúvia: A cutícula eliminada é denominada exsúvia. Antes de atingir a fase adulta, o inseto muda várias vezes de cutícula. Estádio: É a forma dos insetos entre duas mudas. O crescimento do inseto somente se realiza na ocasião da muda, pela ruptura da cutícula do estádio anterior. A cutícula nova, pela ação do ar, vai aos poucos adquirindo consistência e assumindo a coloração natural dos insetos. Ametabolia: Quando os insetos se desenvolvem sem apresentarem transformações substanciais. As formas jovens são semelhantes às formas adultas, diferindo apenas pela dimensão. Este tipo de desenvolvimento é chamado de 63 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro ametabolia e os insetos são chamados de ametábolos. Tipos fundamentais de formas imaturas: As ninfas e as larvas. As ninfas diferem dos adultos pela ausência de órgãos genitais e pelos rudimentos de asas. As larvas, entretanto, são muito diferentes dos adultos, tanto sob o aspecto morfológico como biológico. A passagem do estádio de larva para adulto se dá através de um estádio intermediário que é a pupa. Dois tipos fundamentais de metamorfose podem ocorrer no desenvolvimento dos insetos: (1) - metamorfose incompleta ou hemimetabolia (2) - metamorfose completa ou holometabolia (1) Metamorfose incompleta - hemimetabolia. Neste tipo de metamorfose os estádios jovens, que são ninfas, são semelhantes aos adultos. As principais diferenças observadas entre as formas imaturas e os adultos são o tamanho e proporções do corpo, o tamanho das asas, desenvolvimento dos ocelos, quando presentes, formas das antenas e peças bucais. Inclui-se neste tipo de metamorfose os insetos das ordens Hemiptera e Phtiraptera. Os insetos deste grupo são conhecidos por hemimetábolos ou hemimetabólicos. (2). Metamorfose Completa - holometabolia. Neste tipo os estádios jovens são muito diferentes dos adultos, tanto sob o ponto de vista morfológico como sob o ponto de vista de hábitos. O indivíduo recém eclodido é a larva e o estádio imediatamente anterior ao adulto é a pupa. A pupa não se alimenta. Os insetos deste tipo são conhecidos por holometábolos ou holometabólicos. Neste grupo incluem-se os insetos das ordens Diptera e Siphonaptera (Pulgas). CLASSIFICAÇÃO A classe Insecta compreende 26 ordens, das quais as seguintes incluem espécies de interesse na patologia médica e veterinária: • Ordem Diptera (moscas e mosquitos) • Ordem Hemiptera (barbeiros e percevejos) • Ordem Siphonaptera (pulgas) • Ordem Phtiraptera (piolhos) 64 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos CLASSE INSECTA ORDEM PHTHIRAPTERA Parasita de aves e mamíferos. Os piolhos mastigadores possuem a cabeça mais larga do que o tórax. Os piolhos sugadores possuem a cabeça mais estreita que o tórax. Três Subordens: -Amblycera (antena escondida)- Piolhos mastigadores. -Ischnocera (antena livre).- Piolhos mastigadores. -Anoplura – Piolhos sugadores. CARACTERÍSTICAS DOS PIOLHOS MASTIGADORES (MALÓFAGOS): Cerdas pelo corpo. Ausência de asas. Passam toda a vida no hospedeiro, agarrados aos pêlos ou penas. Metamorfose incompleta (hemimetábolos). Certa especificidade para cada espécie, mas o mesmo animal pode ser parasitado por várias espécies. Maior quantidade de piolhos no inverno (por causa da temperatura) pela aglomeração de indivíduos. A fêmea produz uma substância cimentante nas suas glândulas coletéricas que permite que os ovos fiquem colados ao pelo ou penas. IMP. MED.VET DOS PIOLHOS: O animal se coça, não se alimenta bem, fica irritado, com má aparência e podem aparecer Figura 48. Ovo (lêndea) de piolho de aves fixado à pena. PARTE VI Piolhos ____________________________________________________________________________________ Figura 47. Características de um piolho anoplura (sugador). 65 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos infecções secundárias, o que gera perda de peso e queda na produtividade. As espécies que infestam aves são mais daninhas que aquelas ectoparasitas de mamíferos. Quando a infestação é muito grande, o animal torna-se irritadiço, espoja-se na terra, coça-se muito, não descansa, adquire péssima aparência e pouco se reproduz. De tanto se coçarem acabam arrancando as penas ou os pêlos, escarificando a pele, o que resulta em ferimentos agravados por invasão bacteriana. A espécie Trichodectes canis pode servir como hospedeiro intermediário do Dipylidium caninum um cestódeo parasito do cão e ocasionalmente do homem (através da ingestão do piolho contendo a larva do cestódeo). As espécies que vivem rentes à pele das aves podem causar sérios prejuízos. Menacanthus stramineus (piolho de aves) irrita a pele provocando descamação epitelial e afloramento de sangue do qual se alimentam. PERÍODO EMBRIONÁRIO - Dura cerca de uma semana. CICLO BIOLÓGICO GERAL DOS MALÓFAGOS (PIOLHOS MASTIGADORES): Ovo – ninfa 1 – ninfa 2 – ninfa 3 – adulto. Ninfas são parecidas com os adultos, exceto pela ausência de edeago no macho e gonopódios nas fêmeas. DURAÇÃO DO CICLO: Mais ou menos 20 dias. ALIMENTAÇÃO: Os piolhos mastigadores se alimentam de bárbulas de penas e de células de descamação da pele. Algumas espécies ingerem sangue que aflora à superfície da pele. DISSEMINAÇÃO: Através de contato direto, fora do hospedeiro morrem em três a sete dias. LONGEVIDADE SOBRE O ANIMAL: 20 a 40 dias ESPECIFICIDADE: Possuem alta especificidade. (Um mesmo hospedeiro pode ser parasitado por várias espécies de malófagos, mas dificilmente 1 sp. de malófago adapta-se a outro hospedeiro que não o seu). São mais ou menos adaptados a determinadas regiões do corpo. CONTROLE: Tratar e manter os animais isolados e em boas condições de higiene. A ocorrência de malófagos é bastante comum, principalmente, nos meses mais frios. Deve-se tratar com inseticidas duas vezes por semana durante três a quatro semanas. Os malófagos passam toda a sua vida entre as penas e os pêlos de seus hospedeiros, onde põem os seus ovos, em grandes massas, sempre colados ao substrato. Tratar com inseticidas repetindo após 10 a 14 dias. SUBORDEM AMBLYCERA CARACTERÍSTICAS: Palpos maxilares presentes. 66 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos Antenas com quatro segmentos. Fossetas antenais (depressão para guardar as antenas). Piolhos mastigadores. FAMÍLIA MENOPONIDAE GÊNERO: Menopon ESPÉCIE Menopon gallinae HOSPEDEIROS: Aves. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Possui a cabeça mais larga que o tórax. Apresenta dois tufos de cerdas no quinto segmento abdominal. Menores que um centímetro. Ápteros. Abdômen com uma fileira de cerdas dorsal em cada segmento. Espinhos gástricos visíveis. Tarso com duas garras. GÊNERO: Menacanthus ESPÉCIE Menacanthus stramineus HOSPEDEIROS: Aves. Parasita de galinhas, perus, faisões e excepcionalmente pombos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Duas fileiras de cerdas longas e curtas nos segmentos abdominais. Fronte provida de processo espinhoso Figura 51. Menopon sp. piolho mastigador das aves. Figura 52. Menacanthus sp. piolho mastigador de aves. Tufos de cerdas Figura 50. Segmento abdominal de Menopon mostrando os tufos de cerdas Figura 49. Cabeça de um Amblycera. Palpo Antena 67 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos recurvo para trás e para baixo. Antenas com quatro segmentos. Possuem palpos. FAMÍLIA BOOPIDAE GÊNERO Heterodoxus ESPÉCIE Heterodoxus spiniger HOSPEDEIROS: Cão CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Dois espinhos na região dorsal da cabeça Cabeça subtriangular Têmporas estreitas, não salientes. Parte inferior da cabeça com 2 ganchos voltados para trás e implantados junto à base dos palpos maxilares Palpos maxilares com 4 artículos Protórax livre Uma fileira de cerdas longas no abdômen com tergitos e pleuritos bem quitinizados Duas garras nos tarsos Parasito de cães SUBORDEM ISCHNOCERA CARACTERÍSTICAS Palpos maxilares ausentes. Antenas filiformes (três a cinco segmentos). Sem fossetas antenais (antenas livres). Piolhos mastigadores. FAMÍLIA TRICHODECTIDAE CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Três segmentos antenais. Uma garra ligada ao hospedeiro. GENERO Trichodectes ESPÉCIE Trichodectes canis HOSPEDEIROS: Cão CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Cabeça hexagonal. Uma só garra. Antenas com três segmentos. Têmporas sem lobos posteriores. Fronte arredondada. Todos segmentos abdominais com placas pleurais (pleuritos). Estigmas respiratórios do segundo ao sétimo segmento (seis pares). Cerdas abdominais longas. Edeago grande. Não tem palpos. Vetor de Dipylidium caninum para cães. Figura 54. Trichodectes sp., piolho mastigador de cães. Placas pleurais Figura 53. Heterodoxus sp. piolho mastigador de cães. Tergitos Pleuritos 68 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos GÊNERO Bovicola ESPÉCIE Bovicola sp. HOSPEDEIROS: Ruminantes CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Cabeça arredondada com a “bochecha” repartida. Cerdas abdominais curtas, iguais e em filas transversais. Manchas nos tergitos. Cabeça tão larga quanto longa GÊNERO Felicola ESPÉCIE Felicola subrostrata HOSPEDEIROS: Felinos CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Cabeça com aspecto pentagonal, olhos atrás das antenas. Três pares de estigmas respiratórios abdominais. Cerdas abdominais muito curtas. Abdômen do macho com pequena saliência posterior formada pelo último segmento. Antenas sem dimorfismo sexual. FAMÍLIA PHILOPTERIDAE Cinco segmentos antenais com 2 garras ligadas ao hospedeiros. GÊNERO Goniodes ESPÉCIE Goniodes sp HOSPEDEIROS: Aves CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Cabeça em forma de chapéu e com 2 cerdas longas nas extremidades laterais. Tarsos com duas garras. Antenas com cinco segmentos imbricados nos dois sexos, o último segmento não Figura 56. Felicola, piolho mastigador de felinos. Figura 57. Goniodes sp., piolho mastigador de aves. Figura 55. Bovicola sp., piolho mastigador de ruminantes. Tergitos 69 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos clavado. Tem apêndices recurvos em gancho na frente GÊNERO Lipeurus ESPÉCIE Lipeurus sp HOSPEDEIROS: Aves. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS -Corpo e cabeça alongados. -Fronte larga, arredondada no ápice. -Mancha mediana no tórax. SUBORDEM ANOPLURA CARACTERÍSTICAS Piolhos picadores-sugadores (hematófagos). Ausência de asas. Garras grandes. Passam toda a vida agarrados aos pêlos do hospedeiro. Metamorfose incompleta (Hemimetábolos). Transmissores de Rickettsia prowasekii causador da febre das trincheiras em situações de guerra, microorganismo que fica no piolho e através das fezes deste, penetra nas feridas. FAMÍLIA PEDICULIDAE GÊNERO Pediculus ESPÉCIE Pediculus humanus HOSPEDEIROS: Humanos LOCAL: Cabeça CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Olhos grandes. Corpo alongado, cabeça ovóide. Tórax sem segmentos aparentes. Cinco segmentos nas antenas. Olhos simples. Abdômen com sete segmentos. Presença de um rostelo ou dentes pré- estomais para cortar a pele. Placas pleurais bem quitinizadas. Presença de gonopódios nas fêmeas (duas saliências côncavas internamente e situadas uma de cada lado do orifício genital) com que se prende aos pêlos durante a ovipostura para o alinhamento dos ovos. Figura 58. Lipeurus sp. piolho mastigador de aves. Figura 59. Olhos de Pediculus sp. Olhos 70 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos BIOLOGIA: A fêmea põe ovos operculados nas bases dos pêlos ou nos fios das vestimentas (conforme subespécie). A fixação no pêlo ou fio se dá por uma substância secretada por glândulas especiais (glândulas coletéricas). Cada fêmea põe cerca de 7 a 10 ovos diariamente (Lêndeas). Período de incubação dos ovos - 8 a 9 dias em condições ideais de temperatura e umidade (33 a 40o C e 90% U. R.). Hemimetabólicos- ovo- ninfa (três mudas) – adulto. Desenvolvimento pós-embrionário: 8 a 9 dias. Longevidade dos adultos – 9 a 10 dias. CICLO TOTAL – Em média 18 dias (em condições favoráveis de temperatura e umidade). Picam o homem intermitentemente (picada dura 3 a 10 minutos ou mais). São mais ativos à noite ou durante o descanso do paciente. IMPORTÂNCIA MÉDICA: São encontrados em indivíduos de baixo escalão social, principalmente que não tem muita higiene. As picadas provocam prurido e erupções na pele, agravadas pela invasão de agentes secundários. Há correlação entre o grau de infestação e o comprimento dos cabelos (Mulheres são mais parasitadas que homens). DOENÇAS QUE TRANSMITEM: 1-Tifo exantemático - Causado pela Rickettsia prowaseki - os piolhos se infectam ao sugarem sangue de um indivíduo doente. A transmissão não se dá pela picada do inseto, nem pela via transovariana. A transmissão da infecção se dá pela contaminação de feridas da pele com as fezes dos piolhos ou pelo esmagamento do conteúdo intestinal em áreas em abrasão. Os piolhos morrem da infecção em poucos dias. (invade os tecidos dos piolhos destruindo as células.) O ato de esmagar o piolho com os polegares possivelmente ocasiona a infecção. A rickettsia pode permanecer viva e virulenta nas fezes do piolho durante 66 dias. 2-Febre das trincheiras- Transmitida pela Rickettsia quintana- O nome surgiu porque a doença apareceu entre os soldados que combatiam nas trincheiras durante a primeira guerra mundial (mais de 1 milhão de casos). O doente apresenta febre com dores generalizadas somente durante cinco dias, por isso é denominada quintana. O sangue, porém é infectante por quase dois meses. Não é injuriosa aos piolhos (se multiplica no lúmem intestinal) Fonte de infecção é a picada ou fezes. Fezes secas conservam poder infectante durante muito tempo, de modo que a infecção pode ser transmitida também por inalações. Figura 60. Pediculus humanus piolho sugador de humanos. Placas pleurais 71 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos 3-Febre recorrente-Transmitida pela Borrelia recurrentis (É uma espiroqueta que se desenvolve na hemocele do inseto). O homem só se infecta pelo esmagamento do inseto e libertação do conteúdo da hemocele em qualquer ferimento da pele. GÊNERO Pthirus ESPÉCIE Pthirus pubis HOSPEDEIROS: Humanos. LOCALIZAÇÃO: Púbis, axilas, sobrancelhas, cílios (regiões de bastante cabelo). CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Garras enormes. Tórax mais largo que o abdômen. Pernas robustas. Primeiro par de patas é menos desenvolvido. Unhas do segundo e terceiro par de patas fortemente recurvadas. Abdômen com os cinco primeiros segmentos fusionados. Abdômen apresenta lateralmente quatro tubérculos salientes com cerdas nas extremidades. Os espiráculos 3, 4 e 5 estão na mesma linha transversal. CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS: É chamado de “chato” porque é achatado. Precisam da temperatura corporal para sobreviver. Só suportam dois dias fora do hospedeiro. Ciclo de ± 16 dias (de ovo a ovo ± 30 dias), com 30 dias de vida adulta. BIOLOGIA: Não é de muita atividade, permanecendo preso a dois pêlos durante vários dias, quase sempre com as peças bucais presas na pele do hospedeiro. Além da região pubiana pode ser encontrado em regiões densamente pilosas (cabeça, sobrancelhas, axilas, etc.). Após a cópula que se realiza no hospedeiro, a fêmea põe ovos nos pêlos da região pubiana ou de outras. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 7 a 8 dias. DESENVOLVIMENTO: 13 a 16 dias. CICLO TOTAL: 30 dias. SOBREVIVÊNCIA FORA DO HOSPEDEIRO: Adultos e ninfas vivem dois a três dias. LONGEVIDADE NO HOSPEDEIRO: 30 dias. Figura 61. Pthirus sp., conhecido por chato, piolho sugador de humanos. Tubérculos 72 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos DISSEMINAÇÃO: Principalmente por via sexual. Também através de toalhas, roupas, assentos de privadas, etc.. OBS: Não se conhece transmissão de doenças, mas sua presença causa prurido mais ou menos intenso, que incomoda o indivíduo. As picadas produzem manchas azuladas na pele devido a saliva das glândulas reniformes. FAMÍLIA HAEMATOPINIDAE GÊNERO Haematopinus HOSPEDEIROS: Ruminantes, suínos, bubalinos e eqüinos. -Haematopinus eurysternus (bovino)- -Ocorre mais freqüentemente em animais adultos. -Clima temperado - No inverno os animais ficam confinados no interior de estábulos ocorrendo aumento considerável da população de piolhos. -Regiões corporais - Pescoço, base da cauda e chifres, nas infestações altas a parasitose se generaliza por todo o corpo. -Verão - os piolhos são raros, limitando-se à orelha e locais onde os pêlos são mais longos. -Brasil - Não constitui problema de grande significação, provavelmente devido ao fato de não resistirem aos raios solares diretos e a temperatura elevada do corpo do animal. -Haematopinus quadripertusus- (bovino) -Ocorre no Brasil (espécie mais prevalecente nos trópicos). -Fêmeas põem ovos quase que exclusivamente nos pêlos da cauda do animal. -Ninfas sobem para regiões da cabeça, do pescoço e outras onde se tornam adultas. -Haematopinus suis-(suínos) -Piolho dos animais domésticos. -Muito comum no Brasil. -Regiões mais freqüentes - Dobras do pescoço, base das orelhas e entre as pernas. -H. asini- (equídeos) -Base da crina e base da cauda. -H. tuberculatus- (búfalos) -Podem parasitar bovinos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Cabeça estreita e alongada. Sem olhos. Antenas com 5 segmentos. Tórax largo. Coxim tibial entre a base da tíbia e tarso. Abdômen alargado. Todas as patas iguais. Placas pleurais e parapleurais. Tubérculos pós-antenais. Machos possuem um pênis ou edeago. Figura 62. Haematopinus sp. piolho sugador de ruminantes, suínos e eqüinos. 73 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos BIOLOGIA: Ectoparasitos de animais domésticos com ciclo biológico parecido ao descrito dos piolhos humanos. Fêmeas põem ovos nos pêlos dos hospedeiros fixando-os com uma substância cimentante. Fêmea põe em média 3 a 6 ovos/dia. Ciclo de 9 a 19 dias. Adultos vivem 30 dias. Concentra-se em pêlos longos. Três estádios ninfais, cada estádio: três a quatro dias. Hemimetabólicos. PERÍODO DE INCUBAÇÃO É de 9 a 19 dias dependendo da espécie, das condições de temperatura e umidade e do meio em que são mantidos os animais (ovos não se desenvolvem em temperatura inferior a 25o). PERÍODO DE PRÉ-OVIPOSIÇÃO: É em média de três dias, a fêmea inicia postura que dura vários dias. Número de ovos varia com a espécie (um a quatro por dia). H. suis (mais ou menos 90 ovos, cerca de 3 a 6 por dia). CICLO TOTAL-20 a 40 dias dependendo da espécie e fatores ambientais. IMP.MED.VET: -Leva a perda de produtividade dos animais. -A picada do piolho, com inoculação de saliva irritante, provoca prurido, obrigando o animal a se coçar e morder o local da picada para se livrar do inseto. O ato de coçar pode provocar ferida que se agrava pela invasão de germes, com evidente prejuízo para saúde dos animais. A pele pode se tornar seca com aspecto de sarna. Os animais parasitados, injuriados permanentemente pelos piolhos, não se alimentam direito nem descansam, o que origina queda de produção e prejuízo para os fazendeiros. FAMÍLIA LINOGNATHIDAE GÊNERO Linognathus Linognathus setosus (cães) L. vituli (bovinos) L. pedalis (ovinos) HOSPEDEIROS: Cães, ruminantes. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Sem placas quitinizadas. Abdômen membranoso. Primeiro par de patas é menor que o segundo e o terceiro. Cinco segmentos nas antenas. HOSPEDEIROS: Figura 63. Linognathus sp., piolho sugador de cães e ruminantes. 74 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos L. vituli - bovinos leiteiros e animais novos. Encontrados no pescoço, barbelas, espáduas, períneo, etc.. L. setosus - Cães (novos e velhos)- mais comum em cães de pêlos longos do que de pelagem curta. BIOLOGIA: Parecida com Haematopinus. Fêmeas depositam ovos nos pêlos do hospedeiro. Três estádios ninfais. Duração do ciclo 30 a 40 dias (depende da espécie). TRATAMENTO DOS PIOLHOS EM GERAL: -Medidas de higiene. -Aplicação de inseticida. -Alguns Inseticidas não agem sobre lêndeas, então, recomenda-se uma segunda aplicação após 10 a 14 dias. ESPECIFICIDADE PARASITÁRIA: Identificação das espécies, direcionar o tratamento para a espécie afetada (hospedeiro). Importante para o diagnóstico e medidas de controle. CICLO BIOLÓGICO DOS PIOLHOS EM GERAL: No hospedeiro (Anoplura e Mallophaga): ovo- ninfa- adulto (macho e fêmea). Hemimetábolos. Completa-se em 25 a 35 dias. Ovos (lêndeas) são colocados presos ao pêlo e em contato com a pele eclodem as ninfas, passam a adultos que se locomovem pelo corpo do animal (Mastigadores) ou permanecem presos ao pelo (Anoplura). LOCALIZAÇÃO NO HOSPEDEIRO: Preferencialmente na parte superior do corpo, desde a cabeça até a cauda. Há exceções: H. quadripertusus (vassoura da cauda). H. suis (nas dobras da pele atrás da orelha e região púbica= início da infestação). Menopon/Menacanthus - (penas que cobrem o corpo). SAZONALIDADE: Mais freqüente no inverno. O pêlo cresce e forma um micro-habitat. No RS há problemas nesta época do ano por causa do frio (animais ficam mais próximos uns dos outros ou são estabulados). Deve-se tratar antes os animais. IMPORTÂNCIA DOS PIOLHOS: Os anopluras são mais patogênicos do que os mastigadores, pois provocam perda de sangue, tem capacidade de transmitir agentes patogênicos, abrem uma porta de entrada para infecções secundárias, há o enfraquecimento dos animais e irritações na pele. CONTROLE DOS PIOLHOS: -Produtos químicos em banhos de imersão ou aspersão com pressão. Repetir em 10 a 14 dias. -Pente fino. -Inseticida em pó nos ninhos. -Limpeza e esterilização dos fômites. -Produtos pour-on. -Ivermectinas para sugadores. 75 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Phthiraptera-Piolhos Principais Piolhos de Importância Médica Veterinária Trichodectes Heterodoxus Felicola Linognathus Haematopinus Bovicola Struthiolipeurus Lipeurus Columbicola Pediculus Chelopistes Goniodes Pthirus 76 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Hemípteras – Barbeiros e percevejos ORDEM HEMÍPTERA CONCEITOS BÁSICOS: • Dois pares de asas. • Corpo grande e achatado dorso ventralmente. • Alimentação: podem ser hematófagos (rostro curto e reto com três segmentos), predadores ou entomófagos (rostro curvo em forma de arco) e fitófagos (rostro (hipostômio + quelíceras) longo e com quatro segmentos). • Olhos bem grandes. • Geralmente apresentam dois pares de asas um par anterior do tipo hemiélitro, ou seja, asa com parte apical membranosa e parte basal coriácea (dura), que serve para proteção das asas posteriores (membranosas, destinadas ao vôo) quando em repouso. • Hemimetabólicos (metamorfose incompleta): ovo - ninfa (cinco fases) – adulto. SUBORDEM CRYPTOCERATA – aquáticos. SUBORDEM GIMNOCERATA FAMÍLIA REDUVIIDAE - barbeiros SUBFAMÍLIA TRIATOMINAE NUTRIÇÃO: São hematófagos em todos os estágios de evolução (ninfas, fêmeas e adultas). Após a alimentação defecam. CICLO BIOLÓGICO: Depois da última muda para adultos, a fêmea e o macho copulam. Não precisa alimentação prévia. A fêmea copula apenas uma vez e faz postura parcelada (1 a 40 ovos em cada postura) num total de quase duzentos ovos em toda a sua vida. O macho copula várias vezes. Após a postura os ovos são brancos e operculados. Depois escurecem e quando o embrião está formado ficam rosados. Período de incubação: 15 a 30 dias. Os ovos do gênero Triatoma e Panstrongylus são isolados, os do gênero Rhodnius são aderidos. A duração do ciclo depende da temperatura, PARTE VII Hemípteras ____________________________________________________________________________________ Figura 64. Asa em hemiélitro. Parte coriáceaParte membranosa Figura 65. Adulto, ovos e ninfas de barbeiro. Conexivo 77 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Hemípteras – Barbeiros e percevejos alimentação, umidade relativa e espécie de barbeiro. Em média de 180 a 300 dias. IMPORTÂNCIA: Os gêneros dessa família servem de hospedeiro intermediário para o agente causador da doença de chagas (Trypanosoma cruzi que é transmitido pelas fezes do barbeiro). HABITAT: Habitam locais escondidos (toca de tatu, copa de árvores, frestas na casa) e possuem hábito noturno. GÊNEROS: Temos três gêneros de importância nessa família: Rhodnius, Triatoma e Panstrongylus. Eles são diferenciados principalmente pela inserção do tubérculo antenífero. O Triatoma possui o tubérculo na porção medial da cabeça. O Panstrongylus possui o tubérculo inserido bem próximo aos olhos compostos (omatídeos) . O Rhodnius possui o tubérculo inserido próximo ao rostro (aparelho bucal). GÊNERO Panstrongylus CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Tamanho grande. • Cabeça curta e grossa. • Tubérculo antenal bem próximo ao olho. GÊNERO Triatoma CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Conexivo (parte dorsal onde a asa não cobre) amarelado. • Tubérculo da antena entre o olho e a extremidade da cabeça. Figura 67. Cabeça de Panstrongylus sp. Figura 68. Cabeça de Triatoma sp. Figura 66 Inserção do tubérculo antenal dos triatomíneos de importância veterinária. 78 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Hemípteras – Barbeiros e percevejos GÊNERO Rhodnius CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Tubérculo antenal bem perto do ápice. • Cabeça muito longa e delgada, mais longa que o tórax. • Conexivo de cor amarelada com manchas oblongas negras. • Antenas com quatro segmentos. OBS: Barbeiro peridomiciliar - chega perto, mas não consegue ovopositar. Barbeiro domiciliar - capacidade de colonizar a habitação humana (principalmente casas mal construídas). **Um bom transmissor é aquele que tem capacidade de domicialização, susceptibilidade ao T. cruzi, tamanho da colônia, grau de antropofilia e outros. CONTROLE: Uso de inseticidas, condições decentes de moradia humana e animal, telas nas janelas, destruir ninhos dos barbeiros próximos as casas. FAMÍLIA CIMICIDAE - percevejos da cama CARACTERÍSTICAS: • Corpo bem menor que o dos barbeiros. • Asas atrofiadas. • Não transmitem doenças. • Fazem seus ninhos próximo de onde a pessoa dorme e saem a noite para se alimentar. GÊNERO Cimex HOSPEDEIROS: Morcego e homem. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Pronoto bem pronunciado e largo no Figura 69. Cabeça de Rhodnius sp. Figura 70. Lesão em homem provocada pelo percevejo Cimex. Figura 71. Cimex sp. conhecido como percevejo. Pronoto 79 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Hemípteras – Barbeiros e percevejos comprimento (quatro vezes mais largo que alto). • Um par de cerdas no ângulo posterior do protórax. • Ápteros. • Muito peludos. CICLO BIOLÓGICO: A fêmea põe um a cinco ovos por dia. Ela pode pôr um total de 200 ovos quando bem alimentada e em temperaturas superiores a 28° C. Os ovos são pegajosos quando recém postos e aderem ao objeto no qual eles são colocados. Ovos chocam de seis a 17 dias. Ninfas recentemente eclodidas alimentam-se imediatamente quando há comida disponível. Elas mudam cinco vezes (trocam a pele externa ou exosqueleto para crescerem) antes de alcançarem a maturidade, alimentando-se entre cada muda. Pode haver três ou mais gerações por ano. Todas as fases são encontradas em uma população que está reproduzindo. Podem viver durante várias semanas sem alimentar-se se a temperatura está amena e durante vários meses se a temperatura está baixa. O hemíptera vive em média 10 meses com alimentação disponível. Em algumas condições, pode viver um ano ou mais sem comida. Um adulto ingurgita-se com sangue em aproximadamente 10 a 15 minutos, e um jovem (ninfa) em três a cinco minutos. Ele então retorna para o seu esconderijo para fazer a digestão do sangue. Faz alimentações repetidas. GÊNERO Ornithocoris HOSPEDEIROS: Aves. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Pronoto com a parte anterior mais estreita que a posterior parecendo uma figura trapezoidal. • Dois pares de cerdas nos ângulos posteriores do protórax. • Rostro atingindo a coxa um. • Antenas com terceiro e quarto artículo mais delgados que os dois primeiros. • Parasita de aves. Espécie Ornithocoris toledoi HOSPEDEIROS: Galinhas. Figura 73. Ornithocoris sp. vista dorsal e ventral. Figura 72. Cimex sp. visão ventral e dorsal. 80 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Hemípteras – Barbeiros e percevejos CICLO BIOLÓGICO: Após a alimentação (hematófagos) que dura 5 minutos, ocorre a cópula. Para cada postura a fêmea copula uma vez. O período de pré- postura é em média de 7 dias. Entre duas posturas há um intervalo de 7 a 10 dias, após o qual, a fêmea copula outra vez. Em cada postura são postos em média até 50 ovos. Há também 5 estádios ninfais. Cada estádio ninfal realiza cerca de 3 repastos sangüíneos antes de nova ecdise. O ciclo completo varia entre 40 a 90 dias, podendo os adultos viverem até 200 dias. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA DOS HEMÍPTERAS: Através da picada causam irritação e incomodam o homem e os animais perturbando a sua tranqüilidade. Podem provocar anemia e os gêneros pertencentes à família Reduviidae são responsáveis pela transmissão do Trypanosoma cruzi. 81 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Siphonaptera - Pulgas ORDEM SIPHONAPTERA Siphon- sifão, a- ausência, pteros – asas CARACTERÍSTICAS: - Nome vulgar: Pulgas. - Não apresentam asas. - Achatadas lateralmente, o que facilita o andar pelos animais. -Corpo revestido de espessa quitina escorregadia e cerdas voltadas para trás que auxiliam a pulga a deslizar entre as penas e pêlos dos hospedeiros não permitindo que voltem (dêem ré). - Pernas longas, principalmente as posteriores, adaptadas para o salto. - Antena com três segmentos (escapo, pedicelo e clava) e sulco antenal que divide a cabeça em fronte (parte anterior) e occipício (atrás do sulco antenal). - Aparelho bucal picador-sugador: hematófago. -Abdômen formado por 10 segmentos (urômeros) imbricados. Os segmentos dois a sete possuem de cada lado um estigma. O nono metâmero apresenta em ambos os sexos uma placa sensorial chamada de sensila. - Três segmentos torácicos e 10 abdominais. -Podem apresentar ctenídeos (dentes quitinosos) que são cerdas espiniformes, dispostas como dentes de um pente, cuja localização, número, tamanho, forma e disposição são importantes na sistemática. -Algumas pulgas apresentam mesonoto rachado. - Holometábolos (metamorfose completa): ovo – larva – pupa – imago ou adulto. - Ectoparasitos obrigatórios periódicos, somente os adultos permanecem transitoriamente no corpo do hospedeiro para a sucção do sangue, deixando-o após o repasto. BIOLOGIA: As pulgas desenvolvem-se por metamorfose completa. As fêmeas fecundadas, depois de um ou vários repastos sangüíneos, desovam numero variável de ovos (entre três e 18) em cada postura. O número total de ovos pode chegar a muitas centenas, dependendo da espécie. Os ovos das pulgas são brancos, grandes (0,5 mm) e visíveis a olho nu sobre fundo escuro. A postura ocorre quase sempre nos lugares onde habitam os hospedeiros, quando os ovos são postos nos pêlos ou penas do hospedeiro estes não se fixam e caem ao solo. O desenvolvimento depende das condições de temperatura e umidade, mas no verão o ciclo se completa em 21 dias. A larva sai do ovo por uma abertura na cápsula cefálica. As larvas são vermiformes, esbranquiçadas, ápodas e possuem aparelho mastigador. O alimento das larvas é sangue digerido, seco, eliminado com as dejeções das pulgas adultas. Em condições favoráveis a larva passa para pupa em 9 a 15 dias, mas no inverno ou na falta de alimento pode prolongar-se por até 200 dias. A primeira muda ocorre entre o terceiro ao sétimo dia e, após três a quatro dias realiza-se a segunda muda. Depois das mudas PARTE VIII Pulgas ____________________________________________________________________________________ 82 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Siphonaptera - Pulgas a larva tece um casulo pegajoso que se fixa em algum substrato e fica camuflado pela poeira. Realiza-se então a terceira e última muda, dando origem a pupa. A fase de pupa dura de 7 a 10 dias mas pode chegar a mais de um ano se a temperatura não for favorável. As pulgas adultas permanecem no casulo até sentirem a presença do hospedeiro através da liberação de gás carbônico e vibrações. PERÍODOS DE SOBREVIVÊNCIA Sem alimento Com alimento: Pulga do homem – 125 dias 513 dias Pulga do cão – 58 234 dias Pulga do rato – 38 dias 100 dias SUBORDEM INTEGRICIPTA - Não apresenta fratura no occipício. FAMÍLIA HECTOPSYLLIDAE GÊNERO Tunga - bicho de pé HOSPEDEIROS: Suínos, cães e homem (rural) CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Quase não tem tórax (achatadas): Os três segmentos torácicos juntos, são menores que 1 segmento abdominal. - Duas mandíbulas (lacínias) retilíneas, serrilhadas e longas. - Palpos labiais com dois segmentos pouco quitinizados. - Menores pulgas que existem (1 mm). - Não possuem ctenídeos. BIOLOGIA: As fêmeas depois de fecundadas introduzem-se na pele (pode ser em qualquer lugar, mas a preferência são os dedos do pé, junto ao canto das unhas) do hospedeiro, deixando livre, em comunicação com o meio exterior apenas o Figura 76. Macho adulto de Tunga penetrans. Segmentos torácicos Figura 75. Larva de pulga presente no ambiente. Figura 74. Ovo de pulga. 83 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Siphonaptera - Pulgas ápice do abdômen, no qual se encontra a abertura do ovipositor. Instalada no hospedeiro começa a sugar sangue e inicia-se o desenvolvimento dos ovos (até 100), que não são eliminados de imediato permanecendo no abdômen até a pulga ficar do tamanho de uma ervilha. Após o período de incubação os ovos são expelidos e o resto do ciclo é como o da maioria das pulgas. Depois de todos os ovos serem postos a pulga murcha e cai ao solo ou é expelida pela ulceração que se forma no local da penetração. Machos e fêmeas não fertilizadas sugam intermitentemente seu hospedeiro. Somente quando a fêmea é copulada ela penetra na pele. O macho morre. Os ovos levam 3-4 dias para eclodirem as larvas e 2 a 3 semanas após tornam-se adultos. Ciclo completo: Em torno de 30 dias. TRATAMENTO: A retirada do inseto deve ser realizada por meios mecânicos. Usa-se uma agulha esterilizada procurando alargar a abertura da cavidade onde está o inseto a fim de que ele saia inteiro, a destruição no interior da pele pode causar infecção. SINTOMAS: No início da penetração ocorre um leve prurido, mas com o intumescimento do abdômen do inseto surge a sensação dolorosa. FAMÍLIA PULICIDAE GÊNERO Ctenocephalides HOSPEDEIROS: cão e gato. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Apresentam olhos. - Apresentam ctenídeos pronotal e genal. CICLO BIOLÓGICO: -A oviposição é feita tanto no hospedeiro como no ambiente e nesse eclodem as larvas que permanecem no ambiente se alimentando de detritos e fezes das pulgas adultas (as larvas não são hematófagas). As larvas produzem uma Figura 77. Fêmea de pulga penetrante pronta para postura. Figura 78. Tunga penetrans íntegra, retirada do interior da pele do hospedeiro. Cabeça da pulga 84 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Siphonaptera - Pulgas substância gosmenta que formará o pupário e essa pupa é o processo de transição de larva para adulto. A pupa não se alimenta. Dela emergem os adultos machos e fêmeas que são hematófagos. Quanto mais quente, mais acelerado é o ciclo (pode ser de 21 a 150 dias). As pulgas têm uma grande resistência à inanição, durando cerca de 30 a 50 dias sem se alimentar e têm preferências, mas não especificidade. É hospedeiro intermediário de Dipylidium caninum. CONTROLE: Deve-se tratar não só o animal, mas também o ambiente. GÊNERO Pulex HOSPEDEIROS: Homem. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Não apresentam ctenídeos genal e pronotal. - Mesopleura sem espessamento interno. - Possuem uma cerda anterior ao olho e uma cerda occipital. CICLO BIOLÓGICO: A fêmea fertilizada vai procurar o hospedeiro e suga o seu sangue, distendendo o seu abdômen (fica parecendo uma ervilha) e depois libera os ovos no ambiente. Estes passam a larvas, pupas e adultos (fêmeas e machos). Só fica no hospedeiro para se alimentar. Utiliza estábulos para colonização, principalmente em condições deficientes de higiene. GÊNERO Xenopsylla ESPÉCIE Xenopsylla cheops HOSPEDEIROS: Ratos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Não possuem ctenídeos. -Possuem fileira de cerdas no occipício, em forma de V. -Possuem mesonoto rachado. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA DAS PULGAS EM GERAL: - A presença de pulgas sobre o corpo do animal, pode causar uma reação cutânea pela ação da saliva desse inseto. - A Tunga pode propagar o tétano (Clostridium tetani). Figura 80. Cerda anterior ao olho e occipital de Pulex. Figura 79. Ctenídios de Ctenocephalides. Pronotal Genal 85 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Siphonaptera - Pulgas -Algumas pulgas são hospedeiras intermediárias de cestódeos (Dipylidium – Ctenocephalides). -A morte de ratos dissemina pulgas (Xenopsylla) contaminadas com o bacilo Yersinia pestis, que transmite a peste bubônica. Quando os roedores adoecem da peste e morrem, as pulgas abandonam o cadáver e vão alimentar-se em outro animal ou no homem. A bactéria fica no proventrículo do estômago da pulga, onde se reproduzem ocasionando obstrução parcial ou total do tubo digestivo. As pulgas nessa condição não conseguem se alimentar direito e ficam num estado de fome permanente, impelindo-as a atacar os animais vorazmente. O proventrículo parcialmente bloqueado faz com que haja refluxo de sangue contido no estômago, então quando a pulga se alimenta regurgita para o interior do corpo do animal sangue infectado com bacilos. *Pulga semibloqueada - é a mais importante porque a pulga consegue ingerir algum nutriente e por isso ela sobrevive mais tempo, porém está sempre com fome, picando vários hospedeiros e transmitindo a bactéria. Com o passar do tempo passa a bloqueada, que morre logo. Figura 81. Cerdas em “V” de Xenopsylla sp. Mesonoto rachado 86 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Siphonaptera - Pulgas Principais Pulgas de Importância Médica Veterinária Pulex - Cerdas na cabeça Xenopsylla- Cerdas em forma de V Cabeça de Tunga Ctenocephalides Ctenocephalides Tunga Pulex Xenopsylla 87 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro ORDEM DIPTERA (Moscas, Mutucas e Mosquitos) CABEÇA: - Cabeça articulada bem distinta do tórax, com 1 par de antenas, 1 par de olhos compostos, 1 a 3 ocelos e aparelho bucal. APARELHO BUCAL: - Aparelho bucal picador (Ex. moscas hematófagas) ou lambedor (Ex. mosca doméstica). Apresenta um par de mandíbulas cortantes, um par de maxilas para triturar, um lábio, um labro e hipofaringe. As maxilas podem apresentar palpos maxilares (não confundir com antenas que estão entre os olhos). - As labelas nos lambedores são muito desenvolvidas e apresentam canalículos (tipo esponjinha) e nos sugadores são pouco desenvolvidos e apresentam dentículos. A exceção é que na mutuca (sugador) as labelas são grandes e têm dentículos. TÓRAX: - Mesotórax mais desenvolvido que o pró e metatórax. ASAS: - Asas Mesotorácicas membranosas e transparentes, com número moderado de nervuras longitudinais e poucas transversais. - O par de asas é inserido no mesotórax. - No metatórax aparece o balancim ou halter (asas metatorácicas atrofiadas e transformadas em pequenas hastes, órgãos de equilíbrio) e também uma estrutura membranosa chamada calíptera ou alúla (situada no lado posterior da base da asa), as duas estruturas são auxiliares das asas, dando equilíbrio ao vôo. PATAS: - Pernas com cinco artículos tarsais. - Tarsos terminam em duas garras, embaixo das unhas há os púlvilos e o empódio. - Larvas sem apêndices locomotores. - Pupas livres, móveis ou imóveis envolvidas pelo pupário resultante do endurecimento da última pele larval. ANTENAS: - As antenas possuem três segmentos: escapo, pedicelo e flagelo (esse pode ter de 1 a 16 segmentos), pluriarticulado ou não. Essas características definem a subordem. - Subordem Nematocera – Mosquitos – Antenas filiformes com mais de seis artículos semelhantes no flagelo. Na subordem Nematocera as antenas têm cerdas. Fêmeas apresentam poucas cerdas e machos apresentam muitas cerdas. Figura 82. Cabeça de mosca. Antenas Olhos Aparelho bucal 88 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro - Subordem Brachycera Tabanomorpha – Tabanídeos ou mutucas – Antenas com três artículos sendo que o último é anelado. Sem arista. - Subordem Brachycera Cyclorrhapha – Moscas em geral – Antenas com três artículos, com arista. -No caso das moscas não se vê escapo nem pedicelo, mas sim o flagelo, que é pendurado e há uma cerda, um apêndice chamado arista. Essa pode ser simples ou nua, bipectinada, pectinada dorsalmente e pectinada ventralmente. OLHOS: -Os olhos compostos são grandes, ocupam quase toda a cabeça e são constituídos por células denominadas omatídeos. Na subordem Brachycera Cyclorrhapha, os olhos das fêmeas são dicópticos (olhos separados) e dos machos são holópticos (olhos juntos). -Ocelos entre os olhos compostos. CLASSIFICAÇÃO: A ordem díptera esta dividida em três subordens: - Nematocera – Mosquitos. - Brachycera Tabanomorpha – Tabanídeos ou mutucas. - Brachycera Cyclorrhapha – Moscas em geral. HABITAT: Forma adulta é terrestre, vivem em ambiente diferente daquele onde se desenvolveram as larvas. Encontram-se com freqüência em Figura 83. Fêmea de mosquito mostrando as antenas com poucas cerdas. Antenas Figura 84. Antena de tabanídeo. Antenas antenas Figura 85. Antena de brachycera l h h 89 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro descampados, folhagens, florestas, alguns se adaptaram a regiões inóspitas como mangues, desertos, cerrados, cavernas. As larvas de dípteros desenvolvem-se em água corrente ou estagnada, matéria orgânica em decomposição , no interior de vegetais, ou como parasitas de animais. NUTRIÇÃO: Varia de acordo com a espécie. Pode ser: Flores, matéria orgânica em decomposição, seiva que escorre dos vegetais, suor, exsudatos de úlceras cutâneas, sangue de diversos animais, existem também muitas espécies predadoras que nutrem-se sugando os humores dos insetos que capturam. REPRODUÇÃO: Metamorfose completa – Holometábolos. Ovo - Larva - Pupa – Adultos. Durante o estágio larvário os insetos sofrem 3, 4 ou mais ecdises. As larvas são ápodes e podem ser de dois tipos: Eucéfalas – Com cabeça distinta e móvel, armada de mandíbulas e maxilas com dentes quitinosos. Acéfalas- Com cabeça reduzida e peças bucais rudimentares, transformadas em ganchos internos. Nas Subordens Brachycera Tabanomorpha e Nematocera as larvas são do tipo eucéfalo e o adulto que se forma no interior da pupa emerge através de uma fenda em forma de T situada no dorso da pupa. Na subordem Brachycera Cyclorrhapha as larvas são do tipo acéfalo e os adultos emergem da pupa através de uma fenda que circunda a parte anterior do pupário. IMPORTÂNCIA: Os dípteros são os mais importantes grupos de insetos de importância Médica veterinária e humana, pois são responsáveis pela transmissão de inúmeros agentes patogênicos por meio da picada ou contaminando alimentos com germes patogênicos que carregam em suas pernas ou aparelho bucal. Há ainda dípteros cujas larvas se desenvolvem à custa de tecidos de vertebrados, causando as bicheiras ou miíases. 90 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos CLASSIFICAÇÃO DE NEMATOCERA FILO CLASSE ORDEM SUBORDEM FAMÍLIA SUBFAMILIA TRIBO GÊNERO Culicidae (Mosquitos) -Antenas nos machos é plumosa. -Probóscida bem desenvolvida Anophelinae Palpo fêmea=probóscida Culicinae Palpo fêmea<probóscida Anophelini Culicini Anopheles Culex Aedes Ceratopogonidae Culicoides (pólvora) Simulidae Simulium (borrachudo) Arthropoda -Tubo digestivo completo. -Patas articuladas -Celoma repleto de hemolinfa. Insecta -Díceros -3 pares de patas. -Corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen Díptera -Um par de asas -Holometábolos -Aparelho bucal picador- sugador ou lambedor Nematocera -Um par de antenas longas e articuladas -Fêmeas parasitas -Olhos compostos -Adulto emerge da pupa através de fenda dorsal em T Psychodidae Phlebotomus Lutzomyia (Palha) 91 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos ORDEM DIPTERA SUBORDEM NEMATOCERA FAMÍLIA CULICIDAE CARACTERÍSTICAS: - Sem ocelos. - Antenas com 15-16 segmentos. - Pernas longas. - Conhecido como mosquito. - Fêmeas hematófagas sugam sangue à noite. - Machos alimentam-se de sucos vegetais. - Fêmeas colocam seus ovos em locais úmidos (plantas flutuantes) ou água. SUBFAMÍLIA ANOPHELINAE CARACTERÍSTICAS: - Adultos com escamas abundantes. - Probóscida bem desenvolvida. - Palpos retos. - Olhos grandes. - Antenas nos machos plumosas. TRIBO ANOPHELINI GÊNERO Anopheles CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Primeiro tergito abdominal sem escamas. - Coxa posterior mais curta que a largura do mesoepímero. - Palpos da Fêmea de comprimento igual ao da probóscida. - Escuama com franja completa. - Ovos providos de flutuadores e postos isoladamente. - Larvas sem sifão respiratório. - Larvas horizontais na superfície d’água - Pupas com trompa respiratória de forma cônica curta e de abertura larga. - Fêmeas com palpos delgados e do mesmo comprimento da probóscida. - Machos com últimos segmentos do palpo dilatados e pilosos, dando aspecto de clava. BIOLOGIA DE ANOPHELES - Criadouros são lagoas, rios e represas. - Veiculador da malária (esporozoítas do Plasmodium vivax na glândula salivar) - Hábito crepuscular e noturno. - Quando em repouso esses mosquitos formam um ângulo quase reto ao substrato. SUBFAMÍLIA CULICINAE TRIBO CULICINI PARTE VI Mosquitos ____________________________________________________________________________________ Figura 86. Fêmea de Anopheles Palpos 92 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos GÊNEROS: Aedes, Culex. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Lobo pronotal menor que o meron. - Escuamas com franjas, via de regra, completa com ou sem espiraculares . - Ovos desprovidos de flutuadores e postos em jangada. - Larvas com sifão respiratório. - Dispõem-se perpendicularmente ou obliquamente na superfície líquida permanecendo com o corpo mergulhado. - Pupa com trompa respiratória de forma tubulosa, mais ou menos cilíndrica alongada e de abertura estreita. - Fêmeas com palpos curtos de comprimento menor que a tromba - Machos com palpos longos, mas os últimos segmentos não são dilatados, e são maiores que a tromba. - Quando em repouso esses mosquitos ficam com o corpo paralelo a superfície. GÊNERO Aedes: Espécie Aedes aegipty CARACTERÍSTICAS: - Postura preferencialmente (vizinhança da água ou na sua superfície) em águas limpas existentes em barris, potes de barro, vasos, cacos de garrafa. - Depositam os ovos separadamente em vários lotes, postos em intervalos de um ou mais dias. - Ovos resistem a dessecação por vários meses. - Hábito diurno gostam de temperatura elevada e picam raramente quando a temperatura fica abaixo de 23 graus. - O ciclo dura 11 a 18 dias em temperatura de 26 graus centígrados. - Longevidade: Em laboratório uma fêmea viveu até 154 dias. - A fêmea após ter feito a postura de seus ovos morre rapidamente. Em condições normais uma fêmea pode fazer 12 ou mais repastos sangüíneos em um mês o que é de grande importância na transmissão da febre amarela. - A cópula se processa 12 a 24 horas após o nascimento do imago e estimula o desejo de sugar sangue. As fêmeas virgens dificilmente sugam sangue. As fêmeas após sugarem sangue fazem a postura dos ovos em poucos dias; se forem alimentadas com líquidos açucarados, não há postura. Palpos Figura 87. Macho e fêmea de Culicinae. Figura 88. Fêmea de Aedes 93 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos - Cada fêmea pode pôr de 70 a 150 ovos. - Esse mosquito é doméstico e nas horas de repouso (noite) se esconde atrás ou debaixo de móveis. - As larvas se alimentam de bactérias contidas na água e possuem sifão respiratório com um tufo de cerdas. - Transmite a febre amarela e a dengue. GÊNERO Culex CARACTERÍSTICAS: - Doméstico de hábito noturno. - Fêmeas depositam seus ovos em água estagnada pura ou impura nas imediações dos domicílios. - Os ovos, postos verticalmente são aglutinados Figura 91. Fêmea de Culex. Palpos Figura 89. Tórax de Aedes aegipty Figura 90. Sifão respiratório de larva de Aedes sp.. Figura 92. Larva de Culex sp. 94 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos formando uma jangada. - As fêmeas são antropófilas. - É encontrado principalmente nos dormitórios, sobre o teto, móveis e roupas. - Após a desova a fêmea morre ou sobrevive poucos dias. - -Larvas possuem sifão respiratório com vários tufo de cerdas. - Ciclo dura em média 10 a 11 dias. - Transmite Wuchereria bancrofti (filária, Elefantíase). BIOLOGIA DA FAMÍLIA CULICIDAE ALIMENTAÇÃO: Quando adultos as fêmeas alimentam-se em geral de sangue pois tem necessidade para que se processe a maturação dos ovos mas não para sua subsistência pois em laboratório sobrevivem apenas com água e açúcar., os machos alimentam-se de sucos de frutas e néctar de flores. CÓPULA: Nos mosquitos de hábitos crepusculares (anofelinos) a cópula se dá momentos antes de se dirigirem para as casa. Há mesmo a chamada “dança nupcial” em que os mosquitos ficam voando em largos círculos, aí se efetuando a cópula. Os machos e fêmeas saem dos criadouros e em geral copulam no ar e essa cópula ocorre de duas maneiras: No Aedes aegypti, o macho fica sob a fêmea fixando-a por meio de duas pinças laterais, o ato dura 4 a 5 segundos; no Anopheles, macho e fêmea se prendem pela extremidade posterior, ficando em linha. Um macho pode copular várias fêmeas e uma fêmea pode ser copulada por vários machos. POSTURA E OVOS: Uma vez alimentada, a fêmea quando está com seus ovos amadurecidos precisa fazer a postura, e o lugar da postura varia de espécie para espécie. Anopheles: Gostam de fazer a postura em grandes coleções de água parada, água com leve correnteza ou em água coletada de bromélias. Os ovos de Anopheles não resistem a dessecação, não agüentam três dias em lugar seco. Os ovos de anofelinos são postos isoladamente na superfície da água, sendo que possuem flutuadores laterais. Aedes: Colocam seus ovos à beira das águas de pequenas coleções de vasos, latas, etc. Evaporando-se a água os ovos aderem as paredes do vaso e resistem ali por vários meses, quando cai a chuva há a eclosão das larvas. Isso explica a disseminação desses mosquitos para todos os lugares. Os ovos de Aedes são postos isoladamente, mas não possuem flutuadores.. Culex: Os ovos de Culex são colocados sempre em posição vertical formando jangadas capazes de flutuar. LARVAS: As larvas são encontradas na água, ainda que possam sobreviver algum tempo em ambiente úmido. 95 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos O período larvário representa a fase de crescimento do inseto, durante a qual a larva expulsa quatro vezes a pele; são as mudas ou ecdises. As larvas se alimentam de microorganismos. As larvas são vermiformes e desprovidas de patas e asas. O corpo da larva é constituído de cabeça, tórax e abdômen. A respiração é feita por um sifão respiratório na extremidade final do abdômen. Anopheles não possui sifão respiratório. PUPAS: Após a quarta muda larvária emerge a pupa, com a forma de uma vírgula. É móvel, porém não se alimenta O corpo das pupas de mosquitos é constituído de duas partes: cefalotórax e abdômen. As pupas da família culicidae também se localizam na água. Após a saída do mosquito adulto ele fica em cima da pele da pupa que acabou de deixar para que ocorra a quitinização (quitina em contato com o ar endurece). FAMÍLIA CERATOPOGONIDAE Sinonímia: Mosquito pólvora, maruins. GÊNERO Culicoides. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Bem pequeno, até 4 mm. - Peças bucais curtas, pungitivas e sugadoras nas fêmeas. - Asas hialinas com manchas claras e escuras recobertas de curta pilosidade. -Antenas longas com 14 segmentos com formato de contas de rosário, plumosas nos machos. Os primeiros segmentos antenais parecem bolas. Figura 95. Pupa de Nematocera. Figura 94. Larva de Culicinae. Sifão respiratório Figura 93. Larva de Anophelinae 96 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos BIOLOGIA Ovos: Os ovos são alongados e levemente encurvados; o período de incubação é de 2 a 7 dias dependendo das condições do ambiente. Larvas: As larvas apresentam 12 segmentos abdominais; desenvolvem-se em meio aquático ou semi-aquático, isto é em terrenos lodosos ou de muita umidade, tanto pode ser de água doce como salgada; habitat ideal é o mangue. As larvas nadam com agilidade em busca de microorganismos para se nutrirem. Adultos: São encontrados em mangues, zonas de marés, voam pouco, não se afastam muito do lugar onde habitam. Machos e fêmeas reúnem- se em grandes enxames onde ficam voando em turbilhão para a cópula. As fêmeas fixam-se ao corpo de outros insetos e sugam-lhes a hemolinfa. Se o macho após a cópula não fugir, a fêmea nutre-se dele. As fêmeas são hematófagas e atacam vorazmente o homem. Podem matar se atacarem em bandos. Tem hábito crepuscular, mas podem sugar à noite ou até de dia. CARACTERÍSTICAS DO CULICOIDES: - Vive nos mangues e terrenos pantanosos, pois se desenvolvem em certo grau de salinidade. - Ovos postos em água doce ou salgada. - As fêmeas fazem a postura em pedras, pedaços de pau. - Seis estágios larvais, só fêmeas são hematófagas. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: A picada é semelhante a um fósforo aceso no braço, a picada faz formações bolhosas na pele que não raro se complicam com infecção secundária pelo ato de coçar. Causa dermatite em eqüinos, com perda de pele. A picada produz lesões eczematosas urticarianas. Transmite filarias e vírus da língua azul para bovinos e ovinos. FAMÍLIA PSYCHODIDAE SUBFAMÍLIA PSYCODINAE: Psychoda - mosca dos banheiros. Sem importância em medicina veterinária. SUBFAMÍLIA PHLEBOTOMINAE: PRINCIPAIS GÊNEROS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: - Gênero Phlebotomus (Encontrado na Europa) - Gênero Lutzomyia (Encontrado nas Américas) – mosquito palha. GÊNERO Lutzomyia Figura 96. Cabeça de Culicoides. Antenas 97 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Olhos compostos ocupando grande parte da cabeça. - Ocelos ausentes. - Antenas tão longas quanto o comprimento da cabeça e tórax com densa pilosidade. - Dípteros muito pequenos, 4mm no máximo. - Palpos maiores que a probóscida com 3 a 5 artículos. - Asa com formato lanceolar e com nervuras longitudinais e paralelas. - Cerdas longas pelo corpo. - Abdômen com 10 segmentos; do oitavo em diante os segmentos se modificam e formam as peças do aparelho genital. BIOLOGIA Ovos: Os ovos dos psicodídeos são alongados, pardo-escuros, depositados em ambientes aquáticos ou semi-aquáticos, isoladamente ou em grupos. Larvas: Quatro estádios larvais. As larvas são vermiformes, ápodas, com a cabeça não retrátil e com duas manchas escuras no lugar dos olhos. O desenvolvimento larval ocorre na água, em matéria vegetal em decomposição, nos buracos de árvores cheios de folhas apodrecidas e em excrementos. O desenvolvimento larval se dá em 30 dias e depois de quatro mudas de pele passam a pupa. As larvas nunca se criam em ambiente inteiramente aquático, mas em lugares de muita umidade, onde a luz raramente incide, com abundante matéria orgânica que lhes sirva de nutrição; nas florestas as larvas se criam embaixo da camada de folhas mortas que reveste o solo, nas frestas das rochas, nas tocas que servem de abrigo a animais silvestres. Pupas: As pupas mostram cabeça distinta, pernas e asas unidas ao corpo. A fase de pupa transcorre entre 10 e 15 dias. Adultos: Os adultos na conformação geral do corpo parecem um pequeno mosquito. O aparelho bucal das fêmeas é adaptado para sugar sangue, elemento essencial para maturação dos ovos. Os machos nutrem-se de sucos vegetais. A grande maioria dos psicodídeos habitam as florestas, em lugares sombrios próximos à pequenas porções de água. Algumas espécies aparecem, eventualmente no interior de habitações humanas ou dos abrigos dos animais domésticos, escondendo-se em cantos escuros durante o dia e saindo à noite em busca de alimento. Algumas espécies podem sugar sangue de dia. Habitações próximas a matas estão sujeitas a receber a visita desses mosquitos. São atraídos pela luz das lâmpadas. Figura 97. Adulto de Lutzomyia sp. Asa em forma de lança 98 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos Os mosquitos flebotomíneos têm pouca capacidade de vôo. Não procuram alimento a mais de 200 metros de distância. Longevidade dos adultos: 27 dias. ASTENOBIOSE OU DIAPAUSA: Normalmente a duração do período larval depende da temperatura e umidade; em baixa temperatura esse período pode prolongar-se em virtude de uma fase de hibernação que a larva sofre depois da terceira muda. Em certas espécies, porém, independente destas condições, sem que se verifique diminuição da temperatura e alteração do teor de umidade, a larva hiberna e sua evolução se interrompe. Assim em uma postura podemos ter ovos que evoluem até fase adulta e outros que ficam em hipobiose por meses. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: Os flebotomíneos são hospedeiros de agentes causadores de doenças que afetam o homem e animais domésticos. São transmissores da Leishmania, causadora da Leishmaniose Visceral e/ou cutânea. Transmitem também muitos vírus entre os quais o responsável pela febre dos três dias (febre papatasi) muito conhecida na Europa. Podem veicular ainda o vírus da estomatite vesicular, doença séria em bovinos, cavalos e suínos. FAMÍLIA SIMULIDAE Mosquitos conhecidos como borrachudo ou pium GÊNERO Simulium CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - O adulto apresenta asa com nervuras em apenas uma parte dela, a antena parece um chifre e possui os segmentos do flagelo achatados. - Dípteros pequenos (1,5 a 4 mm. de comprimento), robustos, lembram uma pequena mosca. - Seu corpo é revestido de fina e curta pilosidade aveludada, escura nas fêmeas e colorida nos macho. - Olhos compostos, separados nas fêmeas e juntos nos machos. - Tórax giboso. - Pernas curtas e fortes. - Antenas com 11 segmentos, sem cerdas e curtas (parece um chifre). BIOLOGIA Os machos vivem sugando flores, ao contrário das fêmeas que são sugadoras de sangue de vertebrados, tendo para isso uma probóscida pungitiva. Figura 98. Aparelho bucal de Simulium sp Antenas Aparelho bucal 99 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos A desova dos simulídeos se dá na água de rios e riachos com bastante correnteza, depositada sobre a vegetação marginal ou sobre rochas pouco submersas; geralmente a postura efetua- se quando a fêmea voa rente a superfície da água ou pousa sobre ela. Cada fêmea pode depositar até 500 ovos, junto aos quais é eliminada uma substância gelatinosa que mantém os ovos aglomerados. Depois de 5 a 7 dias de incubação surgem as larvas. Larvas e pupas ficam abaixo do nível das águas e as larvas apresentam ventosa posterior (para fixação), escova oral (para captar nutrientes rapidamente), pseudópodes (por isso é chamada de semifixa) e glândulas salivares que produzem um fio pegajoso do qual são tecidas as pupas. As pupas são em forma de cone com filamentos traqueais (para absorção de O2). Ciclo se completa em quatro a oito semanas em condições ideais de temperatura e umidade. Longevidade dos adultos: 2 a 3 semanas. Larvas: Possuem o corpo liso, cabeça bem diferenciada, parte posterior do corpo é dilatada e tem uma estrutura que serve para sua fixação. A larva fica vertical ao solo fixada ao substrato. Ela nutre-se de microorganismos encontrados na água. A apreensão dos microorganismos é feita por penachos situados um em cada lado da cabeça. Após seis mudas elas tecem um casulo cônico (com a secreção das glândulas salivares) fixo na base e aberto em cima e passam a pupa. Pupas: Apresentam em cada lado do tórax brânquias respiratórias constituídas de expansões filamentosas. Depois de completo o desenvolvimento da pupa, o pupário enche-se de ar, formando uma bolha, à medida que a bolha aumenta, o borrachudo adulto vai insinuando-se para o seu interior, a bolha se desprende do pupário e sobe a tona d’água, se desfaz, e põem em liberdade o borrachudo. Adultos: Os machos costumam reunir-se em grandes enxames, geralmente ao entardecer para aguardar que alguma fêmea entre na dança; quando isso acontece, logo um casal se afasta para a cópula. Habitam áreas de cachoeiras e rios, pois só se desenvolvem em águas correntes. Hábitos diurnos (crepuscular), atacam em bandos. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: A picada, no início é imperceptível, quando sentimos, a fêmea já está no final do repasto sangüíneo. No local da picada surge um pequeno ponto hemorrágico e uma leve sensação de dor que se transforma em prurido. Transmitem doenças de filarídeos (elefantíase, onchocercose). Transmite também o Leucocytozoon para aves. Figura 99. Adulto de Simulium sp. (borrachudo). 100 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematocera - Mosquitos A mais importante parasitose transmitida por esse mosquito é a Onchocerca volvulus que pode ocasionar cegueira. Os adultos dessa filária formam nódulos subcutâneos em várias partes do corpo humano; nesses nódulos a filária se reproduz originando as microfilárias que migram para a periferia do corpo onde o mosquito as ingere ao sugar sangue. Quando o mosquito vai sugar outra pessoa inocula as microfilárias que migram pelo corpo e muitas vezes se instalam no globo ocular causando cegueira. CONTROLE: Povoar lagos com peixes que se alimentam deles e controle biológico por Bacillus thuringiensis. Evitar a poluição dos rios que termina como os peixes. 101 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Brachycera Tabanomorpha Mutucas SUBORDEM BRACHYCERA TABANOMORPHA FAMÍLIA TABANIDAE CARACTERÍSTICAS GERAIS - Tamanho de 0,6 a 3 cm. - Chamados vulgarmente de mutucas ou moscas do cavalo. - Dípteros robustos. - Aparelho bucal lambedor e sugador (curto e grosso). - O mecanismo principal para achar os hospedeiros é a visão e assim os olhos grandes servem bem esta função. - O CO2 também atua como uma fonte de odor para atrair algumas espécies. - Os olhos são coloridos e usados para atrair o sexo oposto. A coloração de olho varia entre espécie sendo unicoloridos ou horizontalmente coloridos em Tabanus, manchados em Chrysops, e com faixas em zigue-zague em Haematopota. - Antenas com três segmentos e o flagelo apresenta anelações que são projetadas para frente. - No momento há mais de 3,000 espécies conhecidas de Tabanídeos. - Os três gêneros principais de importância são: o Chrysops, Tabanus, e Haematopota. - Cabeça semi-esférica ou semilunar. - Mesonoto desenvolvido (meio do tórax). - Olhos holópticos nos machos e dicópticos nas fêmeas (separados). Presença ou não de ocelos afuncionais. - Asa com terceira nervura longitudinal bifurcada (R4 +5). Com espinhos na nervura costal da asa. - Occipício com uma cavidade. - Machos desprovidos de mandíbulas e não hematófagos. - Mandíbulas nas fêmeas para cortar a pele. CICLO BIOLÓGICO: É completo, holometabólico. Ovo- larva- pupa e imago (adultos). Em climas quentes o ciclo dura em torno de quatro meses. Após o repasto, as fêmeas põem lotes de centenas de ovos. Ovos: Os ovos dos tabanídeos são alongados com um a dois milímetros de comprimento. A oviposição ocorre tanto em ambiente aquático como úmido (pântanos, troncos podres). Os ovos não são postos diretamente na água, mas em vegetação pendente, pedras e escombros (sobre plantas aquáticas, sobre o musgo que recobre as pedras marginais dos rios, córregos e lagoas, em troncos de árvores cheios de detritos vegetais). Os ovos são de cor branca cremosa a cinzentos, são postos em PARTE VII Mutucas ____________________________________________________________________________________ Figura 100. Asa de Tabanidae. Bifurcação na ponta da asa 102 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Brachycera Tabanomorpha Mutucas grandes massas que variam de 200-1000 ovos e a oviposição varia com gênero do díptero. O número de ovos e período de incubação é variável (Período de incubação = 10 dias a oito meses). A eclosão das larvas acontece quatro dias depois dos ovos serem postos, embora este tempo dependa da temperatura ambiente. Larvas: As larvas ao eclodirem dos ovos, caem na água e completam o seu desenvolvimento no lodo do fundo d’água (se enterram); são carnívoras (Tabanus) alimentando-se de pequenos animais ou de larvas de outros insetos, não encontrando alimentação suficiente tornam-se canibais. As larvas carnívoras (aparelho bucal mastigador) na falta de alimento podem atacar animais e humanos. Passam por 8 estágios larvares, sendo que o desenvolvimento é bem variável, em função da espécie, clima e quantidade de alimento. O local de desenvolvimento para a larva depende do gênero e pode ser dividido em habitats distintos. A divisão é principalmente baseada no conteúdo de água do substrato no qual a larva desenvolve. São achadas larvas de Chrysops em substrato com maior conteúdo de água e são assim hidrobiontes. As larvas de Tabanus são encontradas em substratos um pouco mais secos e têm uma distribuição mais ampla. Estas larvas são chamadas semi-hidrobiontes, A fase larval leva freqüentemente vários meses. A duração de desenvolvimento varia de dez a onze semanas às temperaturas mais altas, para 42 semanas às mais baixas temperaturas. O primeiro instar larval eclode, passa para o segundo instar larval que é positivamente fototático fazendo com que se mova pela superfície do substrato. Este segundo instar não se alimenta e em três a seis dias a terceira fase de instar é alcançada. O terceiro instar é negativamente fototático e escava abaixo do substrato. O alimento da larva de Chrysops é material orgânico encontrado no substrato, a larva de Tabanus é carnívora equipada com mandíbulas. As larvas alimentam-se de outras larvas de inseto, crustáceos, caracóis e nematódeos, sendo também, canibais. A conseqüência disto é que estas larvas são achadas com baixa densidade populacional no substrato. Isto contrasta com as densidades larvais de Chrysops no substrato que pode ser muito densa. Pupa O período pupal é curto, de alguns dias ou semanas. As pupas são parecidas com a crisálida (pupário) das borboletas. A pupação se dá no mesmo lugar das larvas, porém procuram locais menos encharcados. Quando passam a pupas, elas migram até próximo a superfície do lodo. Figura 101. Aparelho bucal de Tabanidae. Aparelho bucal Antenas 103 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Brachycera Tabanomorpha Mutucas A fase de pupa desenvolve-se em uma a três semanas Nutrição: Os machos nutrem-se de néctar de flores. As fêmeas também sobrevivem com néctar, porém precisam de sangue para a maturação dos ovos. As fêmeas localizam sua presa pela visão e suas picadas são profundas e dolorosas. As fêmeas muitas vezes não conseguem terminar o repasto sangüíneo já que o animal ou pessoa se sente bastante incomodado e a retira do local onde estava sugando. As maxilas e mandíbulas são usadas para cortar o couro ou esfolar com uma ação do tipo tesoura. O corte resultante é fundo e doloroso e flui sangue. O labro ingere o sangue exposto. Devido à natureza cortante da picada o díptero está freqüentemente sendo espantado e ainda querendo alimentar-se. Quando espantado o tabanídeo voa a uma distância pequena e então retorna. A próxima prioridade para o tabanidae recentemente emergido é acasalar. Isto acontece durante as primeiras horas da manhã. Machos e fêmeas entram junto em enxames e a copula é iniciada no ar, o ato é terminado no solo e leva aproximadamente cinco minutos. O reconhecimento de fêmeas por machos é feito através da visão embora não é no momento conhecido se um ferormônio de agregação causa os enxames matutinos de machos Habitat: São silvestres e raramente encontrados nos domicílios. São de hábito diurno e sua picada é bastante dolorida. Surgem nos meses quentes. SUBFAMÍLIA PANGONINAE CARACTERÍSTICAS - Presença de ocelos funcionais. - Com esporão tibial na pata III. - Terceiro artículo das antenas formado de anéis justapostos sempre em número superior a cinco. - Probóscida alongada. - Asa manchada e tamanho pequeno (tribo Chrysopsini); - Olhos pilosos e probóscida longa (tribo Scionini). 1-TRIBO CHRYSOPSINI GÊNERO Chrysops CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Raramente maiores que 10 mm - Suas asas apresentam faixa transversal preta mediana - Terceiro artículo antenal com o primeiro anel tão longo quanto os quatro seguintes reunidos. 2-TRIBO SCIONINI GÊNERO Fidena - Nunca maiores que 15 mm, corpo coberto por curta pilosidade, superfície dos olhos recoberta de fina pubescência, probóscida estiletiforme, longas, sempre maior que a altura da cabeça. Figura 102. Mutuca do gênero Chrysops sp. 104 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Brachycera Tabanomorpha Mutucas SUBFAMÍLIA TABANINAE 1-TRIBO TABANINI Basicostas densamente revestidas de setas e labelas densamente pilosas. GÊNERO Tabanus CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Basicosta (projeção próxima à base da nervura costal) com cerdas (tribo TABANINI) ou sem cerdas (tribo DIACHLORINI). - Sem esporão tibial na pata III. - Ausência de ocelos funcionais. - Probóscida raramente mais longa que altura da cabeça. Geralmente curta e robusta. 2-TRIBO DIACHLORINI -Basicostas de um modo geral sem setas. -Labelas esclerosadas. -Presença de vestígios de ocelos. GÊNEROS: Diachlorus, Chlototabanus, etc. CARACTERÍSTICAS DAS FÊMEAS QUE SÃO BOAS TRANSMISSORAS DE PATÓGENOS: 1. Anatogenia - sem repasto sangüíneo não há maturação nos ovários (hematofagia fundamental). 2. Telmofagia - rasga a pele até atingir o vaso sangüíneo com extravasamento de sangue . Infecta-se tanto por um agente presente no sangue como na pele. 3. Agressividade - ataca qualquer um, sem especificidade nem hospedeiro. 4. Alimentação interrompida - leva eventuais patógenos para outros hospedeiros, transmitindo a doença do primeiro. 5. Grande repasto – aumenta o nível de transmissão. 6. Grande capacidade de vôo - procura vários hospedeiros para satisfazer a sua alimentação Pode voar até 20 km. 7. Picada dolorosa PRINCIPAL FORMA DE TRANSMISSÃO DOS AGENTES PATÓGENOS: Figura 103. Cabeça de Tabanus sp. Figura 104. Mutuca do gênero Tabanus sp. 105 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Brachycera Tabanomorpha Mutucas 1. Mecânica (vetor mecânico) - aquele hospedeiro que leva ativamente o patógeno e inocula num outro, porém nesse tempo não há desenvolvimento do patógeno no inseto. PATOGENIA DOS TABANÍDEOS - Transmissão de anemia infecciosa eqüina e peste suína. - Transmissão de bacterioses. - Transmissão de protozoários como o Trypanosoma evansi para eqüinos, suínos e cães. - Efeito da picada (dor). CONTROLE: 1)Deve-se eliminar o habitat de criação de larvas (como terrenos mal drenados), pois os adultos permanecem em regiões próximas ao desenvolvimento das larvas. 2) O controle químico deve ser feito utilizando inseticida de contato com efeito residual nos estábulos e nos animais. 3) Fitas escuras adesivas colocadas nos estábulos funcionam como armadilhas para capturar esses insetos. 106 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas SUBORDEM BRACHYCERA MUSCOMORPHA I. DIVISÃO ASCHYSA FAMÍLIA SYRPHIDAE CARACTERÍSTICAS: - Não têm sutura ptilineal (mancha entre os olhos, cicatriz de uma membrana que se rompe na hora de sair do pupário). - Sem importância na Medicina Veterinária. II. DIVISÃO SCHYZOPHORA - Com fissura ptilineal ou frontal 1. SEÇÃO ACALIPTRATAE CARACTERÍSTICAS - Ausência de calíptera (estrutura que auxilia no vôo). - Sem importância em Medicina veterinária. - Ex: Drosophila. 2. SEÇÃO CALIPTRATAE CARACTERÍSTICAS - Presença de calíptera - Com ou sem cerdas na hipopleura (região entre a pata II e a pata III). 2.1 SEM CERDAS NA HIPOPLEURA 2.1.1 COM APARELHO BUCAL FUNCIONAL FAMÍLIA MUSCIDAE - Quatro faixas negras no mesonoto. - Apresentam uma célula distal na asa. - Três estágios larvares, sendo que a larva é vermiforme e esbranquiçada. Na sua extremidade anterior possui ganchos (para capturar alimentos) e na posterior possui estigmas respiratórios com 1, 2 ou 3 aberturas, de acordo com a fase larval (L1, L2, L3). A) SUBFAMÍLIA MUSCINAE - Aparelho bucal lambedor. PARTE VIII Moscas ____________________________________________________________________________________ Figura 106. Calíptera da asa de muscídeo. Escutelo Calíptera Figura 105. Fissura ptilineal. Fissura 107 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas GÊNERO Musca ESPÉCIE Musca doméstica CARACTERÍSTICAS MORFOLÒGICAS: - Tamanho: ± 9 mm. - Tórax é cinza com quatro listras longitudinais escuras e largas no dorso. - O abdômen possui os lados de cor amarelada na metade basal. A porção posterior é marrom escura e possui uma faixa longitudinal escura no meio do dorso. - Aparelho bucal com palpos maxilares médios, labela com pseudotraquéias (liquefaz o alimento sólido). - Antena com arista plumosa (cerdas dos dois lados). - Estigmas da larva têm abertura fora do centro. BIOLOGIA: - A Musca é atraída por comida humana, mas também é encontrada em excrementos e qualquer espécie de sujeira. Patógenos podem ser regurgitados na comida via gota de vômito. - Sob condições favoráveis as fêmeas tornam-se receptivas para cópula aproximadamente 36 horas após a emergência da pupa. - Durante o processo de cópula as asas dos machos promíscuos rapidamente se desgastam pela ação vigorosa das fêmeas resistindo ao galanteio. - A postura é feita quatro dias após a cópula e são depositados 75 a 150 ovos por vez. A incubação é em média de 24 h, sendo que em temperatura de 25 a 35oC o período de incubação é de 8 a 12 h e em 23 a 26oc - 3 a 4 dias. A postura é feita em fezes e material orgânico em decomposição, levando em torno de uma a três semanas para passar de L1 a L3 dependendo do substrato e temperatura ambiente. - O período pupal é de 14 a 28 dias, mas no verão leva quatro a cinco dias. - A temperatura é fator limitante para a mosca, pois o tempo de vida dos adultos varia de 30 dias no verão e mais do que isso no inverno. A 30oC o tempo de ovo a adulto é de 10 dias e a 16oC é de 46 dias. Além disso, só 10% dos ovos chegam a adulto, também devido à temperatura. - A umidade também é limitante, pois as larvas devem penetrar logo nas fezes se não morrem pela ação dos raios solares. - Número de ovos por fêmea: 350 - 900. Figura 108. Peritrema de Musca sp. Figura 107. Adulto de Musca domestica. 108 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas - Ciclo médio de vida (ovo à adulto em dias): 10 dias em temperatura excelente. SUBSTRATOS: Alimentos açucarados, carne, excrementos, matéria orgânica em decomposição ou meios em fermentação. HABITAT: Lixo, estações de tratamento de efluentes, jardins que recebem adubação orgânica, resíduos de matérias primas açucaradas, meios fermentados. IMPORTÂNCIA: 1) Transporte forético: de microorganismos que levam à febre tifóide, disenteria, cólera e mastite bovina, de protozoários como Entamoeba, Giardia e helmintos como Taenia sp., Dipylidium e nematóides espirurídeos. É também veiculadora de D. hominis. 2) Hospedeiro intermediário: de endoparasitos como Habronema em cavalos e Raillietina em aves. GÊNERO Fannia ESPÉCIE Fannia sp. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Antena com arista nua. - Tamanho bem pequeno (4 à 5 mm). - Pernas pretas, halteres amarelos. - Larva apresenta projeções com espinhos que funcionam como flutuadores que permitem sobreviver em meio semi-líquido. Antena com arista nua. - Parece uma pequena mosca doméstica. - Aparelho bucal lambedor. - Abdômen translúcido. - M1 paralela e acentuada. BIOLOGIA: - Desenvolve-se em fezes de aves. - Ocorre mais no meio rural. - O período de ovo a ovo leva 30 dias. IMPORTÂNCIA: Pode ser hospedeiro intermediário de Raillietina sp.,transmissor de vermes espirurídeos e produz irritação nas aves, provocando perda de peso e postura. B) SUBFAMÍLIA STOMOXYDINAE - Aparelho bucal picador - sugador (machos e fêmeas hematófagas). GÊNERO Stomoxys ESPÉCIE Stomoxys calcitrans – Mosca dos estábulos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Aparelho bucal com palpos curtos e dentes pré-estomais na labela. - Lembra a mosca doméstica, porém possui uma probóscida preta que é usada para picar a pele e sugar o sangue. Possui um abdômen mais largo Figura 109. Antena com arista nua de Fannia. Aristas 109 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas que o da Musca e possui marcas xadrezes no dorso do abdômen. - Possui quatro listras longitudinais no tórax similares a da Musca. - Antena com arista pectinada (cerdas apenas de um lado). - Larvas com dois estigmas contendo três aberturas em forma de s na L3. BIOLOGIA: Têm preferência por eqüídeos, mas alimenta-se numa grande variedade de animais como bovinos, porcos, cães e humanos. Durante o seu estágio adulto são feitos vários repastos sangüíneos e uma mosca alimenta-se da vários hospedeiros em um dia. - Depois de ingurgitados, tanto macho quanto fêmea ficam lentos enquanto digerem o repasto sangüíneo. - Os lugares onde são mais comumente encontrados são: cercas, parede de casas, de estábulos. Quando são perturbadas elas geralmente voam e retornam ao mesmo local. - Essas moscas têm hábito diurno e localizam o hospedeiro através do gás carbônico expelido pela respiração, elas preferem se alimentar nas partes baixas do animal como pernas e abdômen. - O desenvolvimento do ciclo, de ovo a ovo é de 30 dias e a postura de 25 a 30 ovos por vez. A incubação é de um a quatro dias, e o tempo de L1 a L3 é de aproximadamente 20 dias. - O período pupal é de 13 dias no verão e de três a quatro meses no inverno. IMPORTÂNCIA: Causa anemia nos animais e é a principal veiculadora de ovos de Dermatobia hominis, faz transmissão mecânica do T. evansi, serve de hospedeiro intermediário do Habronema sp., é transmissor de anemia infecciosa eqüina e causa irritação no animal que não se alimenta direito e tem perda de peso. GÊNERO Haematobia ESPÉCIE Haematobia irritans (mosca do chifre). CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Tamanho de ± 6 mm. - Aparelho bucal com palpos longos e labela sem dentes. Figura 110. Adulto de Stomoxys sp. Figura 111. Aparelho bucal de Stomoxys sp. Probóscida Palpos 110 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas BIOLOGIA: - Fica o tempo todo em cima do animal (no dorso) de cabeça para baixo e só desce para fazer postura nas fezes frescas. Todo o desenvolvimento é nas fezes (L1 até adulto). - Ciclo curto de 16 dias (no verão completa o ciclo em oito a nove dias). - Alimenta-se o tempo todo, causando anemia. - Prefere animais mais escuros. CICLO BIOLÓGICO: As larvas eclodem em 24 horas e desenvolvem- se durante três dias, mudam para pupas e após seis dias emergem os adultos (moscas) que ficam no corpo dos animais de cabeça para baixo e põem até 180 ovos cada. IMPORTÂNCIA: Perda de 40 kg se o animal tiver 500 moscas nele (em torno de 30 dias). Também é veiculadora de D. hominis. CONTROLE GERAL DAS MOSCAS: Deve-se ter um controle higiênico, fazendo esterqueiras, compactação de fezes, espalhar as fezes em camadas finas, pois as larvas não sobrevivem aos raios solares. As moscas não depositam ovos em fezes fermentadas porque os gazes e ácido lático matam as larvas. Os inseticidas não são muito eficientes porque além de algumas moscas serem resistentes, matam outros microorganismos úteis. No caso dos eqüídeos, as camas devem ser sempre trocadas (de 10 a 15 dias) para evitar proliferação de moscas. 2.2. COM CERDAS NA HIPOPLEURA (em seqüência linear acima da coxa 3) 2.2.1 COM APARELHO BUCAL FUNCIONAL FAMILIA CALLIPHORIDAE CARACTERÍSTICAS - Aparelho bucal lambedor (labelas com canalículos). - A maior importância dessas moscas é a fase larvar, pois são produtoras de miíases (bicheira). - Chamadas vulgarmente de moscas varejeiras. GÊNERO Cochliomyia CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Distingui-se o sexo pelos olhos (as fêmeas são dicópticas e machos são holópticos). - Apresentam ocelos. - Palpos muito curtos. - Flagelos claros (tendem a amarelo). - Arista bipectinada. - Tórax verde a azul metálico. - Três linhas negras longitudinais no tórax. - A fêmea adulta apresenta basicosta clara. Figura 112. Palpos longos de Haematobia sp. Palpos Probóscida 111 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas - No 5o tergito abdominal, nas laterais, há uma pilosidade prateada (cerdas aveludadas) como manchas claras. - As larvas são vermiformes segmentadas e com parte posterior do corpo truncada. Na parte anterior, aparelho bucal com esqueleto cefálico, espinhos quitinizados em cada segmento do corpo. Posteriormente estão as aberturas respiratórias (peritrema com estigmas alongados). CICLO BIOLÓGICO: Ovo (16 a 24 h.), L1, L2, L3, pupa e adulto. Aparecem muito na primavera devido à temperatura e umidade IMPORTÂNCIA: Além de serem causadoras de miíases, são veiculadoras de patógenos. MIÍASES – É a infestação de vertebrados vivos com larvas de dípteros que, em certos períodos, se alimentam dos tecidos vivos ou mortos do hospedeiro, de suas substâncias corporais líquidas ou do alimento por ele ingerido. Podem ser: 1. Clínica (localização anatômica) a)Cutânea - podem ser furunculosas (ex: berne), rasteiras e ulcerosas ou traumáticas. b)Cavitária - ouvido, nariz. c) Orgânica – internas. 2. Etológica a)Pseudomiíase – acidental. b)Miíase semi-específica, facultativas ou secundárias - é causada por moscas necrobiontófagas, que se alimentam de tecido em decomposição. Ex: Cochliomyia macellaria. c)Miíase específica, obrigatória ou primária - é causada por moscas biontófagas, que se alimentam de tecido vivos. Ex: Cochliomyia hominivorax. ESPÉCIE Cochliomyia hominivorax CARACTERÍSTICAS: - Estigma da larva em forma de dedos separados. - Espinhos no final do corpo da larva com forma predominantemente em v. - Larva com troncos traqueais pigmentados e alongados. BIOLOGIA: - Ciclo de 20 dias, sendo que 10 no hospedeiro, onde faz postura em feridas. - A longevidade dos machos é de 25 dias e das fêmeas de 35, mas pode variar com a temperatura. Faixas negras no tórax Figura 113. Adulto de Cochliomyia sp. 112 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas CONTROLE: -Esterilização de machos de C. hominivorax. Assim a fêmea não bota ovos, mas continua veiculando patógenos, logo não é muito eficaz. -Fazer tratamento de lesões na pele, com repelente e cicatrizante. ESPÉCIE Cochliomyia macellaria CARACTERÍSTICAS MORFOLÒGICAS: - Estigma da larva em forma de dedos bem juntos. - Espinhos no final do corpo da larva são mais robustos e predominantemente em W. - Troncos traqueais da larva mais claros e mais curtos que de C. hominivorax. BIOLOGIA: Ciclo de 10 a 12 dias e a longevidade é de 45 dias, mas pode variar com a temperatura. GÊNERO Chrysomyia CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Tórax com brilho metálico verde à azul. - Brilho acobreado em algumas espécies. - Dimorfismo sexual pelos olhos (fêmeas dicópticas e machos holópticos). - Olhos acinzentados. - Arista bipectinada. - Palpos achatados lateralmente e parte distal mais larga, cinzenta e com cerdas bem longas. - Aparelho bucal lambedor. - Não apresenta listas longitudinais no mesotórax. - Remigium (tronco da asa que origina a nervura radial. Localiza-se logo abaixo da nervura costa, já que a subcosta está colada ao tronco) com cerdas. BIOLOGIA - Provoca miíase secundária e preferem fezes de aves, lixo e carcaça de animais. - Aparecem muito na primavera devido a temperatura e umidade. ESPÉCIE Chrysomyia megacephala – Ciclo biológico de 10 dias e longevidade de 60 dias (até 120 em laboratório), mas pode variar com a temperatura. ESPÉCIE Chrysomyia albiceps – Figura 115. Peritrema da larva de Cochliomyia macellaria. Figura 114. Peritremas de Cochliomyia hominivorax. 113 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas Ciclo biológico de 11 dias e longevidade de 30 a 40 dias, mas pode variar com a temperatura. ESPÉCIE Chrysomyia putoria – Ciclo biológico de 10 dias e longevidade de 30 a 40 dias, mas pode variar com a temperatura. CONTROLE: -As larvas fazem controle natural entre elas, pois são predadoras umas das outras, mas de qualquer maneira são veiculadoras de patógenos, por isso não adiantaria proliferá-las. - Não deixar esterqueiras abertas, evitar acúmulo de lixo. -Microhimenópteros como as vespas furam as pupas vivas das moscas e enfiam o ovipositor para depositar ovos, o que impede a continuação do ciclo da mosca. -O ideal é um controle integrado, biológico e químico. GÊNERO Phaenicia CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Corpo com brilho metálico verde, azul ou cor de cobre. - Com ocelos. - Não tem listas negras no mesonoto. - Arista bipectinada. - Aparelho bucal lambedor. - Frontália e parafrontália com cerdas prateadas. - Remigium nu (sem cerdas). BIOLOGIA: Provocam miíase secundária, preferem fazer a postura em fezes de aves, lixo e carcaça de animais. ESPÉCIE Phaenicia eximia, P. cuprina e P. sericata Ciclo biológico de 12 dias e longevidade de 40 dias para os machos e 50 para as fêmeas, podendo variar com a temperatura. FAMÍLIA SARCOPHAGIDAE GÊNERO Sarcophaga Figura 117. Adulto de Phaenicia sp. Figura 116. Adulto de Chrysomyia sp. 114 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Moscas de médio à grande porte - Coloração escura acinzentada (sem brilho metálico) - Possuem três listas negras no tórax e cerdas na hipopleura, não confundir com muscídeo. - Aparelho bucal funcional lambedor - Probóscida não quitinizada e maleável - Abdômen com manchas negras (parece xadrez) BIOLOGIA - Larvas vivem em cadáveres e têm a parte posterior truncada, esqueleto cefálico quitinizado, cerdas no segmento do corpo (não são espinhos) e aberturas respiratórias internas na parte posterior que parecem dedinhos de luva. - Fêmeas são larvíparas (até 50 larvas por vez) o que é vantagem na competição por carcaças. IMPORTÂNCIA: Provocam miíases secundárias, pseudomiíases, as larvas são predadoras e ainda são veiculadoras de patógenos. 2.2.2 MOSCAS COM APARELHO BUCAL AFUNCIONAL - Adultos não se alimentam. - Larvas causam miíases. FAMÍLIA OESTRIDAE GÊNERO Oestrus HOSPEDEIROS: Ovinos e caprinos. LOCAL: Fossas nasais. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Adulto com olhos pequenos e bem separados e fronte com crateras. Flagelo com arista nua. - Larvas grandes com uma placa peritremática em forma de “D”. Os estigmas são porosos. A larva I mede 1-3 mm., é segmentada e apresenta filas transversais de espinhos e 2 ganchos bucais quitinosos fortes e curvos que formam o cefaloesqueleto. A larva II mede 1,5- 12 mm., apresenta poucos espinhos no segundo segmento. A larva III mede uns 20 mm., é de cor branca quando lovem e amarela-parda quando madura. Possui dorsalmente bandas quitinosas largas em todos os segmentos, os quais estão desprovidos de espinhos com exceção do segundo que possui poucos. Posteriormente todas larvas apresentam peritremas, cuja forma e tamanho é importante para identificação. BIOLOGIA As moscas adultas são muito ativas durante os meses quentes, primavera-verão e início do outono. As horas de vôo coincidem com as de Figura 118. Adulto de Sarcophagidae. 115 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas máxima luminosidade, momento em que os animais ficam na sombra, agrupados e se protegem entre si mantendo sua cabeça baixa e narinas próximas do solo. As fêmeas fecundadas depositam larvas I imersas em uma mucosidade nas imediações das fossas nasais. Estas migram e invadem cavidades, seios nasais, paranasais e frontais. Seu desenvolvimento parece depender da geração a que pertence. Será mais rápido (15 dias) para larvas depositadas na primavera-verão, e mais tardio no final de verão, início de outono, podendo entrar em um período de letargia larvária de 7-9 meses. As mudas larvais L-II e L- III ocorrem em 25-35 dias, prolongando-se até 10-11 meses no caso de gerações de outono e condições climáticas adversas. As larvas, por meio de seus espinhos e céfalo- esqueleto, exercem irritação das mucosas sinusais, iniciando-se nos cornetos, cavidade e tabique nasal, podendo chegar aos seios frontais. Alimentam-se de sangue, tecidos da mucosa e muco que ela segrega. As larvas III maduras, saem para o exterior, favorecendo sua saída pelos mecanismos defensivos do animal. A metamorfose até adulto leva entre 25-30 dias em período quente, prolongando-se até 2-3 meses na estação fria, momento que aproveitam para entrar em diapausa pupal. O adulto emergente da pupa não se alimenta, pois suas peças bucais são rudimentares. A cópula ocorre no solo e os adultos freqüentam os lugares onde o hospedeiro está presente. A fêmea põe 30-50 larvas em cada postura, podendo chegar a 500 em todo o período de larviposição. O CO2 e o odor do hospedeiro atraem as moscas. O número médio de larvas por animal pode oscilar entre 5 a 30 exemplares. IMPORTÂNCIA: Inflamação dos seios frontais e infecção, devido a presença de larvas (L2 e L3) que irritam e saem pelo espirro ou por livre vontade e que podem ficar de 2 semanas até 10 meses no animal. É chamada praga de verão porque as moscas irritam os animais que ficam indóceis e tentam esconder o focinho. Raramente é mortal. CONTROLE: é muito difícil, pois o que deve ser feito é a prevenção na época em que mais ocorre, começando no meio da primavera e não deixando a larva se desenvolver. FAMÍLIA CUTEREBRIDAE GÊNERO Cuterebra (BERNE DE ROEDORES). GÊNERO Dermatobia Figura 119. Larva de Oestrus sp. 116 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas ESPÉCIE Dermatobia hominis (sua larva é chamada de berne). HOSPEDEIROS: Mamíferos (mais importante bovino e cão). CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Adulto com cabeça e tórax castanhos e abdômen azul metálico. • Larva com espinhos e ganchos só na parte mais larga. Estigmas respiratórios na parte mais estreita. BIOLOGIA: • A atividade da larva é noturna e a L3 não é piriforme. • Adultos não se alimentam e vivem em matas (florestas, ilhas de matas, fazendas ou beira de rio). CICLO BIOLÓGICO: As moscas, que são duas a três vezes maiores que a mosca doméstica tem uma reprodução constante porque só possuem três dias de vida. Elas não vão aos animais, mas depositam uma massa de ovos (um ovo por segundo) no abdômen de vetores foréticos (insetos zoofílicos, como a musca doméstica), e esses levam os ovos até os animais. Em torno de sete dias (varia com temperatura e umidade) eclodem as larvas (por estímulo térmico a larva abre o opérculo), que penetram na pele (mesmo estando íntegra). Estas possuem espinhos somente em metade do seu corpo para se fixarem na pele. As larvas não chegam a atingir os tecidos, ficam logo abaixo da pele. Depois de ± 40 dias, as larvas caem no chão e viram pupas que ficam sem se alimentar por 32 dias e só aí viram adultos (moscas). Obs: Os animais de pêlo escuro são mais afetados que os de pêlo claro. Mas a preferência é do vetor e não da Dermatobia por causa da reflexão da onda luminosa (o preto atrai mais os insetos) CONTROLE DOS VETORES: *QUÍMICO: Inseticidas tópicos, injetáveis. Figura 120. Cabeça de Dermatobia sp. Figura 121. Abdômen metálico de Dermatobia sp. 117 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas *BIOLÓGICO: Parasitóides (microhimenópteros), predadores (formigas, ácaros, pássaros), fungos (Metarhizium, Beauveria), bactérias (Bacillus thurigiensis). MANEJO INTEGRADO: inseticida; raças resistentes (zebu) FAMÍLIA GASTEROPHILIDAE GÊNERO Gasterophilus ESPÉCIES G. nasalis; G. intestinalis; G. haemorroidalis HOSPEDEIROS: Eqüinos. LOCAL: Duodeno e estômago (larvas). CARACTERÍSTICAS MORFOLOGICAS: • Adulto possui o corpo recoberto por pêlos sedosos e amarelos (lembra abelha, mas essa têm dois pares de asas). • Larvas grandes com ganchos orais em forma de foice, corpo segmentado coberto por espinhos (Uma fileira no caso de G. nasalis e 2 no caso de outras spp), estigmas com aberturas cheias de trabéculas. • Adultos com um par de asas. CICLO BIOLÓGICO: A oviposição é feita em vôos rápidos e os ovos aderem ao pêlo. De 7 a 10 dias tem-se a eclosão da L1 que penetra na mucosa bucal onde fica migrando de 2 a 6 semanas (varia com a espécie). As larvas são deglutidas por eqüídeos e quando chegam ao estômago e duodeno, vão à L2 e L3 e pelas fezes chegam Figura 123. Adulto de Gasterophilus sp. Figura 124. Ovo de Gasterophilus preso ao pêlo. Figura 122. Larva L3 de Dermatobia sp. 118 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas ao solo virando pupa e mais tarde, adultos. PARTICULARIDADES DAS ESPÉCIES: 1) Oviposição: G. nasalis e G. haemorroidalis realizam oviposição nos pêlos da região da ganacha (barba) enquanto que G. intestinalis prefere pêlos dos membros anteriores. 2) Eclosão da larva: G. nasalis e G. haemorroidalis a larva penetra na mucosa assim que eclode, já em G. intestinalis para abandonar o ovo a larva necessita um estímulo térmico de umidade e fricção. Os estímulos são dados pela lambida do cavalo. 3) Migração boca-estômago: Em G. nasalis antes de ser deglutido a larva para na faringe (uma a duas semanas) podendo ocorrer asfixia. Em G. haemorroidalis e G. intestinalis, as larvas vão direto ao estômago. 4) No estômago e intestino: Todos preferem o piloro e o duodeno e o período parasitário é de 9 a 11 meses. Podem causar cólicas. 5) Eliminação: G. nasalis e G. intestinalis saem direto nas fezes com o peristaltismo. G. haemorroidalis antes de ser eliminado se fixa no plexo hemorroidário podendo levar a um prolapso retal e depois tétano, já que as fezes dos eqüinos são ricas em Clostridium tetani pelo fato do cavalo cortar a gramínea bem rente ao solo, vindo terra junto com esporos. CONTROLE: Depende da criação e do manejo, mas se deve cortar o pêlo da ganacha no verão e escovar ou passar esponja com água morna, para soltar os ovos presos ao pelo e matar as larvas. SEÇÃO PUPÍPARA • A pupa se encontra sempre no chão onde se enterra para fugir de predadores. Ela se forma pelo endurecimento da larva três. • A fêmea origina diretamente a pupa. • As larvas se desenvolvem no pseudo-útero da fêmea. • As moscas são achatadas dorso- ventralmente • Apresentam um envoltório coriáceo (duro) • Dípteros anômalos (por não apresentarem asas ou terem asas rudimentares) • Todos hematófagos • Os palpos guardam as peças bucais (nos outros dípteros é o lábio) FAMÍLIA HIPPOBOSCIDAE GÊNERO Hippobosca GÊNERO Pseudolinchia Espécie Pseudolinchia canariensis Figura 125. Larva de Gasterophilus sp. 119 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Moscas HOSPEDEIROS: pombos. CARACTERÍSTICAS: Asa somente com veia r-m presente. IMPORTÂNCIA: transmissor do protozoário Haemoproteus columbae. GÊNERO Lipoptena HOSPEDEIROS: Cervídeos CARACTERÍSTICAS: • Asa desenvolvida e caduciforme. • Ficam presos no pêlo por uma substância pegajosa na pupa. GÊNERO Melophagus HOSPEDEIROS: Ovinos CARACTERÍSTICAS: • Asa reduzida à pequena calosidade • Ficam presos à lã por uma substância pegajosa na pupa IMPORTÂNCIA: Transmissor do protozoário Trypanosoma mellophagium Figura 126. Hipoboscidae de pombos. Figura 128. Parte anterior de Melophagus Figura 127. Melophagus, parasito de ovinos. 120 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Protozoários FILO PROTOZOA SUBFILO SARCOMASTIGOPHORA SUBFILO APICOMPLEXA OU SPOROZOA SUBFILO CILIOPHORA CLASSE SARCODINA CLASSE MASTIGOPHORA CLASSE SPOROASIDA OU COCCIDIIA CLASSE PIROPLASMASIDA ORDEM TRICHOMONADIDA FAMÍLIA TRICHOMONADIDAE GÊNERO TRICHOMONAS ORDEM DIPLOMONADIDA FAMÍLIA HEXAMITIDAE GÊNERO GIARDIA ORDEM RHIZOMASTIGINA FAMÍLIA MASTIGAMOEBIDAE GÊNERO HISTOMONAS ORDEM AMOEBINA FAMÍLIA ENDAMOEBIDAE GÊNERO ENTAMOEBA ORDEM KINETOPLASTIDA FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE GÊNERO TRYPANOSOMA GÊNERO LEISHMANIA ORDEM EUCOCCIDIORINA GÊNERO EIMERIA FAMILIA CRYPTOSPORIDAE FAMILIA EIMERIIDAE GÊNERO ISOSPORA GÊNERO CRYPTOSPORIDIUM FAMILIA PLASMODIIDAE FAMILIA SARCOCYSTIDAE GÊNERO PLASMODIUM GÊNERO TOXOPLASMA GÊNERO SARCOCYSTIS GÊNERO BESNOITIA GÊNERO HAEMOPROTEUS GÊNERO HAMMONDIA FAMILIA HEPATOZOIDAE GÊNERO HEPATOZOON ORDEM PIROPLASMORIDA GÊNERO BABESIA ORDEM TRICHOSTOMORIDA FAMILIA BALANTIDIIDAE GÊNERO BALANTIDIUM FAMILIA BABESIDAE 121 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Protozoários FILO PROTOZOA MORFOLOGIA DOS PROTOZOÁRIOS CARACTERÍSTICAS: - Unicelulares, eucariontes (com membrana nuclear). - Com organelas adaptadas ao parasitismo como flagelo, cílios e pseudópodes. - Membrana lipoprotéica para limitar as trocas (permeabilidade), que pode ser fina ou grossa. - Uninucleados, sendo que o período que precede a divisão pode ter vários núcleos. - Presença de organelas estáticas, como por exemplo, a membrana cística. Flagelo: Organela que se origina do cinetoplasto (extremidade anterior) e ao se dirigir para a cauda carrega uma membrana, formando a membrana ondulante. Ele precisa de muita energia e aparece na classe dos Trypanosoma. Cílios: Dão pouco impulso ao parasito, mas atuam beneficamente compondo a flora intestinal de ruminantes. Pseudópodes: São prolongamentos citoplasmáticos encontrados em amebas. Geralmente emitem apenas um e o corpo acompanha. REPRODUÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS I - Sexuada (Gametogonia ou Esporogonia): Ocorre troca de material genético 1.Cópula- União do macho com a fêmea. 2.Conjugação- fusão entre célula fêmea e macho dando origem à célula filha. O macho (microgameta) geralmente é menor que a fêmea (macrogameta), mas as células filhas são todas iguais (isogametas). II - ASSEXUADA: CÉLULA MÃE ORIGINA CÉLULA FILHA 1. Divisão binária - Núcleo se divide igualmente dando origem a duas células idênticas à mãe. Ex: Trypanosoma e Amebas 2. Divisão binária sucessiva ou divisão múltipla - É o caso das amebas. 3. Brotação - Brotamento de novas células dentro da célula mãe, a qual é bem maior no início. Figura 129. Locomoção por flagelos. CAPÍTULO III Protozoários ____________________________________________________________________________________ 122 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Protozoários 4. Endodiogenia - Dentro da célula mãe ocorre a formação das células filhas (núcleo e citoplasma) e só depois se rompe a membrana citoplasmática da mãe. 5. Esquizogonia - Esquizonte (célula que sofrerá esquizogonia) se divide sucessivamente e ocorre formação de milhões de merozoítas (núcleo que vai originar um indivíduo) OBS: Os protozoários podem apresentar dois tipos de reprodução juntos. NUTRIÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS I-HOLOZÓICA- Nutrem-se de matéria orgânica já elaborada. Envolve a captura, ingestão, assimilação e eliminação das porções não digeridas. Protozoário tira a substância do hospedeiro, digere e joga fora. Ocorre na maior parte dos protozoários. Ex.: Amebas, Plasmodium (utiliza- se de parte da hemoglobina para se nutrir). II- HOLOFÍTICA- Protozoários sintetizam seu material nutricional usando raios solares como fonte de energia. Não tem importância veterinária. Ex.: fitoflagelados. III- SAPROZÓICA- Utilizam a matéria orgânica e inorgânica dissolvida em líquidos. São osmotróficos (absorvem substâncias digeridas da célula ou do tecido do hospedeiro) Ex.: Trypanosoma. RESPIRAÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS I- Aeróbica- Vivem em meio rico em oxigênio . II- Anaeróbica- Vivem em meio onde não há muito oxigênio. TIPOS DE PARASITAS I - Monoxeno: Só um hospedeiro. Ex: Entamoeba, Giardia, Tritrichomonas. II- Heteroxeno: Precisa de mais de um hospedeiro para completar o ciclo. Ex: Plasmodium, Babesia, Trypanosoma. DIVISÃO DO FILO PROTOZOA TRÊS SUBFILOS: I-Subfilo Sarcomastigophora: Possui duas classes: a) Classe Mastigophora (locomoção por flagelos)- Trypanosoma, Tritrichomonas, Leishmania, Giardia, Histomonas. b) Classe Sarcodina (locomoção por pseudópodes) – Amebas. II- SubFilo Apicomplexa ou Sporozoa: 2 classes: a)Classe Sporoasida ou Coccidia-Coccídeos: Toxoplasma, Cryptosporidium, Eimeria, Sarcocystis. b)Classe Piroplasmasida - Babesia III- SubFilo Ciliophora: a)Ciliados (sem muita importância). FILO PROTOZOA 123 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Protozoários I -SUBFILO SARCOMASTIGOPHORA Nesse Subfilo estão compreendidos os protozoários que possuem organelas para sua locomoção como: flagelos, pseudópodes ou ambos. CARACTERÍSTICAS: - Normalmente não intracelulares. - Possuem organelas de locomoção como flagelos e pseudópodes. 124 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados CLASSE MASTIGOPHORA – Locomoção por flagelos. I-ORDEM TRICHOMONADIDA Possuem quatro a seis flagelos (sendo um recorrente) unidos a uma membrana ondulante. FAMÍLIA TRICHOMONADIDAE GÊNERO Tritrichomonas ESPÉCIE Tritrichomonas foetus. HOSPEDEIROS: Bovinos. LOCAL: Prepúcio dos machos e vagina das fêmeas. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Trofozoíta com formato piriforme. - Sem simetria bilateral. - Presença de quatro flagelos, sendo três curtos e um que vai à extremidade posterior carregando parte da membrana plasmática e formando assim a membrana ondulante. - Possui um axóstilo no centro do corpo. - Possui um núcleo deslocado. - Possui um citóstoma, que é uma vesícula alongada por onde o parasito se alimenta. CICLO BIOLÓGICO: A transmissão é puramente mecânica e se dá através do coito, por isso esse protozoário não apresenta forma cística, pois não necessita de resistência no meio ambiente. O macho uma vez infectado passa a ser o agente transmissor. Pode ocorrer contaminação por fômites e inseminação artificial. As vacas por sua vez adquirem resistência com o tempo, podendo dar origem a terneiros sãos por inseminação artificial (para não contaminar os touros). IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Leva ao aborto precoce nas vacas (pouco detectado devido ao pequeno tamanho do feto) ou absorção fetal. Esse protozoário pode ainda invadir o útero atacando as membranas fetais e causando a Trichomonose genital das vacas. Permite o aparecimento de infecções oportunistas, principalmente se ocorrer retenção de placenta. O macho não apresenta sintomatologia, mas passa o parasito para outras vacas através do coito, sendo inviabilizado para reprodução (o tratamento no macho não é seguro). DIAGNÓSTICO: Lavagem do trato reprodutivo com soro fisiológico e observação do conteúdo em microscópio. Cultura do material. PROFILAXIA: Retirar o touro do plantel, dar descanso sexual para as fêmeas (três a quatro meses, pois a mudança de pH durante o cio mata o parasito) e utilizar touro negativo e sêmen de boa procedência. PARTE I Flagelados ____________________________________________________________________________________ 125 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados OBS: T. vaginalis - Aparece nas mulheres. Ë favorecido pela baixa de pH (quando a mulher passa da puberdade). Fazer exames ginecológicos periodicamente. T. gengivalis - Aparece em pessoas que têm muita cárie e tártaro, pois o protozoário digere restos alimentares e bactérias. Fazer revisão periódica dos dentes. T. intestinalis - Há baixa patogenicidade no homem. Aparece no esôfago de pombos. II - ORDEM DIPLOMONADIDA FAMÍLIA HEXAMITIDAE A forma trofozoíta apresenta simetria bilateral e seis a oito flagelos. GÊNERO Giardia ESPÉCIE Giardia lamblia = intestinalis HOSPEDEIROS: Homem, cão, caprinos, bovinos. LOCAL: Intestino. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Trofozoíta com formato piriforme. - Possui dois núcleos. - Possui vários flagelos (seis a oito). - Possui dois axóstilos. - Possui discos suctórios (ventosas) que mantém o parasito na mucosa para que ele se alimente. - Apresenta forma cística alongada com quatro núcleos. - Com simetria bilateral. TRANSMISSÃO: Ingestão de cistos contidos nos alimentos e água. Os cistos são viáveis por até duas semanas no ambiente. FORMAS EVOLUTIVAS: Cisto e trofozoíto. CICLO BIOLÓGICO: A contaminação se dá através da ingestão de alimentos ou água contaminados com a forma Figura 130. Cistos de Giardia sp. corados pelo lugol. Aumento de 400X. Figura 131. Forma trofozoíta de Giardia sp. 126 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados cística. No intestino ocorre a liberação dos trofozoítos que se multiplicam por fissão binária, algumas formas se encistam na mucosa do intestino e evoluem até cisto que é eliminado com as fezes e que resistem às condições adversas do ambiente. O cisto no duodeno após fissão binária dá origem a dois trofozoítos. Os trofozoítos fixam-se nas células do intestino, se encistam, amadurecem e, após, os cistos são eliminados para a luz do intestino por onde vão ao meio exterior com as fezes. IMP. EM HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA: Leva a casos de cólica e diarréia. PROFILAXIA: Limpeza do ambiente, lavar bem os alimentos e só beber água filtrada. III- ORDEM RHIZOMASTIGINA FAMÍLIA MASTIGAMOEBIDAE GÊNERO Histomonas. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Organismos amebóides e uninucleados. Seu único flagelo nasce de um grânulo basal próximo ao núcleo. ESPÉCIE Histomonas meleagridis. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galinhas e perus. Pode aparecer em codornas, pintos e faisão. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Heterakis gallinarum. LOCAL: Mucosa de ceco e no fígado de perus. TRANSMISSÃO: A ave contamina-se por Ingestão de ovos de Heterakis gallinarum (parasita dos cecos das aves) contendo o Histomonas no seu interior. ESTÁGIOS: Trofozoíto. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM CORTE HISTOLÓGICO DE CECO OU FÍGADO): - Trofozoíta arredondado com núcleo basófilo (roxo) e citoplasma negativo (branco). - Flagelo não visível. - Presença de eosinófilos (rosa). CICLO BIOLÓGICO: O verme Heterakis gallinarum ao se alimentar da mucosa do ceco das aves se infecta com o protozoário. Quando é feita a postura de ovos de Heterakis para o meio ambiente, esses já possuem no seu interior os trofozoítos de Histomonas. As aves ao se alimentarem podem ingerir ovos embrionados desse verme (Heterakis) e quando a sua larva eclode e se Figura 132. Desenvolvimento da Giardia no hospedeiro. 127 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados fixa no intestino, os parasitas (Histomonas) liberam-se e penetram na mucosa do intestino onde se reproduzem por fissão binária. Alguns trofozoítas migram para o fígado produzindo lesões características. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Pode levar a inflamação do ceco seguida de alterações patológicas no fígado (enterohepatite), acarretando na queda de produtividade do plantel e até morte das aves. É uma doença principalmente de aves jovens. PROFILAXIA: Os perus devem ser criados em terrenos que não tenham sido utilizados por galinhas, pois as galinhas são os principais reservatórios da doença já que disseminam o parasito sem adoecer. IV - ORDEM KINETOPLASTIDA FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE GÊNERO Trypanosoma ESTÁGIOS DE VIDA DO TRYPANOSOMA - Forma tripomastigota: Estrutura em forma de foice que aparece sempre em esfregaço de sangue e em hospedeiro vertebrado. Apresenta flagelo livre na extremidade anterior, membrana ondulante, um núcleo central, cinetoplasto e blefaroplasto (local exato onde o flagelo se forma). - Forma opistomastigota: Estrutura em forma de foice que apresenta cinetoplasto posterior próximo ao núcleo e flagelo livre sem membrana ondulante. - Forma epimastigota: Estrutura em forma de foice onde o cinetoplasto é anterior e aparece próximo ao núcleo. - Forma promastigota: estrutura em forma de foice que aparece em cultura de células e em hospedeiro invertebrado. Ë uma forma alongada, onde o flagelo não forma membrana ondulante, o cinetoplasto fica na extremidade anterior, longe do núcleo e este é central. - Forma esferomastigota: Estrutura arredon- dada que aparece dentro de células que possui um núcleo central e um cinetoplasto e ainda um pequeno flagelo. - Forma amastigota: Estrutura arredondada que aparece dentro das células e por isso não necessita de movimento, logo não apresenta flagelo. Possui um núcleo central e um cinetoplasto em forma de bastão. Sempre em hospedeiro vertebrado. REPRODUÇÃO: Figura 133. Forma tripomastigota do Trypanosoma cruzi. 128 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados Assexuada por divisão binária. TRANSMISSÃO: Inoculativa ou contaminativa. ESPÉCIES DE TRYPANOSOMA SEÇÂO STERCORARIA – transmitido através das fezes I - Trypanosoma cruzi HOSPEDEIROS: Humanos, primatas, cães e gatos. VETORES: Hemípteras (barbeiros). CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Forma tripomastigota (circulante): - Forma de C. - Extremidades pontiagudas. - É a fase contaminativa para o hospedeiro. - Núcleo central grande (se cora em roxo). - Presença de membrana ondulante e flagelo. - Cinetoplasto grande e próximo a extremidade posterior (se cora em roxo). 2. Forma amastigota (tecidual): - Possui forma arredondada. - Encontrada nos tecidos (principalmente na musculatura cardíaca), é a fase de multiplicação. - Núcleo não tão grande. CICLO BIOLÓGICO do T. CRUZI: O barbeiro ingere as formas circulantes (tripomastigotas) ao picar o hospedeiro contaminado e no tubo digestivo o protozoário se multiplica, se transforma em promastigota, depois passa a epimastigota e no final do trato digestivo forma-se a forma infectante (tripomastigota metacíclica). Para infectar, ao se alimentar à noite no hospedeiro ele defeca próximo a picada (Trypanosoma da secção stercoraria - transmissão contaminativa). Há calor e inchaço no local da picada e o hospedeiro ao se coçar faz com que as fezes contaminadas com tripomastigotas penetrem na ferida. No tecido retículo endotelial passa a forma amastigota onde sofre divisão binária e vai à circulação, transformando-se em tripomastigota (permanece uns cinco dias na circulação). Um grande número de tripomastigotas é destruído na circulação, entretanto os que escapam vão se localizar em diferentes órgãos e tecidos (musculaturas do cólon, esôfago, baço, fígado, coração) onde se transformam em amastigotas constituindo os focos secundários e generalizados. Nestes focos secundários, os amastigotas, após multiplicação, com novas invasões, evoluem para a forma flagelada e voltam ao sangue periférico para recomeçar o ciclo. O inseto é infectado ao picar o homem para se alimentar. Figura 134. Ciclo de Trypanosoma da seção Salivaria. 129 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA: Promove a hiperfunção de órgãos como esôfago, coração e cólon ocorrendo aumento no tamanho dessas estruturas e os sintomas à longo prazo são febre, lesões no sistema cardíaco e digestivo. No local onde ocorreu a picada forma-se um edema que é chamado de chagoma ou sinal de Romanã. PROFILAXIA: Deve-se evitar habitações precárias (pois é comum a presença de ninhos do barbeiro) e deve-se combater o hemíptera destruindo seus ninhos. SEÇÂO SALIVARIA- Transmitido via picada II - Trypanosoma vivax HOSPEDEIROS: Ruminantes, principalmente bovinos e bubalinos. VETORES: Stomoxys e tabanídeos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Forma tripomastigota: - Forma de foice, mas sem forma de C e bem menor que o T. cruzi. - Núcleo grande e central (se cora em roxo). - Cinetoplasto pequeno e fraco(se cora em roxo). - Extremidade posterior mais arredondada. CICLO BIOLÓGICO: O vetor pica o hospedeiro contaminado ingerindo a forma tripomastigota e na sua probóscida se transforma em promastigota, que se multiplica por divisões binárias sucessivas e quando o inseto pica novamente outro animal inocula as formas promastigotas (Trypanosoma da secção salivaria - transmissão inoculativa) que penetram nas células retículo endoteliais virando amastigotas e passam à circulação sangüínea na forma tripomastigota. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Leva a doença de caráter crônico onde, ao longo dos anos, o animal pode ou não estar contaminado. Na África ele utiliza como vetor a mosca Tsé tsé que causa a doença do sono. Pode causar morte por hemorragia ou isquemia. PROFILAXIA: Combate aos vetores. III - Trypanosoma equinum= evansi HOSPEDEIROS: Eqüinos. VETORES: Stomoxys e tabanídeos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Forma tripomastigota: Figura 135. Forma tripomastigota de T. evansi. 130 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados - Núcleo bem visível. - Cinetoplasto praticamente invisível. - Membrana ondulante bem visível. - Grânulos no citoplasma. CICLO BIOLÓGICO: Os vetores picam o hospedeiro contaminado e se alimentam da forma tripomastigota e essa forma é diretamente inoculada em outros animais (Trypanosoma da secção salivaria - transmissão inoculativa). Não ocorre desenvolvimento do Trypanosoma no inseto, a transmissão é mecânica. Como a picada do tabanídeo é dolorosa facilita a transmissão, pois o animal sente logo e se coça. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Essa espécie causa o Mal das cadeiras, doença no qual os sintomas são: Paralisia progressiva dos membros posteriores, febre, anemia e emaciação. PROFILAXIA: Combate aos vetores. IV - Trypanosoma equiperdum HOSPEDEIROS: Eqüinos e asininos. TRANSMISSÃO: Passam de hospedeiro vertebrado para outro hospedeiro vertebrado sem auxílio de insetos vetores. Transmissão de tripomastigotas através do coito. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Forma tripomastigota: - Núcleo bem visível. - Cinetoplasto bem pequeno. - Membrana ondulante bem visível. - Número maior de grânulos no citoplasma. CICLO BIOLÓGICO: É um Trypanosoma da secção Stercoraria e a transmissão é venérea, ou seja, via sexual. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Leva a uma doença venérea chamada durina, na qual os sintomas mais comuns são: secreção excessiva na mucosa genital e edema dessas partes. Em casos severos pode ocorrer aborto. IV - ORDEM KINETOPLASTIDA FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE GÊNERO Leishmania Figura 136. Amastigotas de Leishmania sp. Figura 137. Promastigotas de Leishmania sp. 131 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados Protozoário da classe Mastigophora (flagelado) que é transmitido para o vertebrado pela picada de um inseto vetor. Há duas espécies de importância: Leishmania donovani (agente da leishmaniose visceral) e Leishmania braziliensis. (agente da leishmaniose cutânea). I - Leishmania donovani HOSPEDEIROS: Homem e cães. VETORES: Phlebotomum e Lutzomyia. LOCALIZAÇÃO: Os protozoários se multiplicam no interior de macrófagos, que acabam sendo destruídos, causando a liberação dos parasitos, que invadem macrófagos vizinhos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM CORTE HISTOLÓGICO DE FÍGADO OU BAÇO): 1. Forma amastigota: - Estruturas arredondadas pequenas e aglomeradas. - Núcleo central. - Ausência de flagelo. - Encontrada nos vertebrados. 2. Forma Promastigota: - Encontrada no inseto vetor. - Corpo alongado. - Flagelo livre na extremidade anterior do corpo. CICLO BIOLÓGICO: Na picada o vetor (Lutzomyia) se infecta com a forma amastigota (que está dentro de macrófagos) e essas se transformam em promastigotas, que ao se multiplicarem podem até obstruir o canal alimentar do inseto. Este, ao inocular saliva no hospedeiro definitivo manda aquele “bolo” de formas promastigotas que penetram nos macrófagos e se transformam em amastigotas, onde se multiplicam e ganham a corrente sangüínea indo ao baço ou fígado. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Provoca uma doença chamada leishmaniose visceral ou calazar, onde as formas promastigotas se proliferam nos macrófagos e os destroem. Em casos avançados pode atingir o tubo digestivo causando diarréia, abdômen distendido e mortalidade que alcança 70 a 90% nos casos não tratados. É uma zoonose onde os cães são excelentes reservatórios de Leishmania para o homem. PATOGENIA: A L. donovani é um parasito exclusivo do Sistema Fagocitário Mononuclear (antigo Sist. Ret. Endotelial), principalmente das células localizadas no baço, fígado e medula óssea. No citoplasma das células os parasitas multiplicam- Figura 138. Ciclo biológico de Leishmania sp. 132 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Flagelados se, distendendo as células até sua ruptura. Os parasitas liberados são fagocitados por novas células reticulares e este ciclo continua indefinidamente. Conseqüências: Aumento dos órgãos ricos em macrófagos (hepato e esplenomegalia). A medula óssea sofre atrofia uma vez que as células reticulares aí situadas, são desviadas pelo parasitismo, para a função macrofágica. Quadro hematológico com pancitopenia, mais especialmente leucopenia e anemia por hemorragia devido a baixa de plaquetas. PROFILAXIA: Eliminação de cães infectados e combate aos vetores. II - Leishmania braziliensis HOSPEDEIROS: Homem e cães. VETORES: Phlebotomum e Lutzomyia. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM CORTE HISTOLÓGICO DE PELE): 1. Forma amastigota: - Estruturas arredondadas pequenas e aglomeradas. - Núcleo central. - Ausência de flagelo. PATOGENIA: A infecção estabelece-se pela inoculação de promastigotas através da picada de flebotomíneos. Os parasitas ficam incubados (em média de duas semanas a dois meses) nas células histiocitárias da pele onde se multiplicam sob a forma de amastigotas, aparecendo então a lesão inicial. CICLO BIOLÓGICO: Na picada o vetor se infecta com a forma amastigota e essas se transformam em promastigotas no canal alimentar do inseto. Ao picar o hospedeiro definitivo inocula um “bolo” de formas promastigotas que penetram nas células retículo endoteliais e se transformam em amastigotas, que se multiplicam e ficam na pele do hospedeiro. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Leva a séria lesão cutânea, principalmente no focinho dos cães e na região nasal dos homens, podendo invadir as mucosas produzindo erosão nos tecidos cartilaginosos. É a chamada leishmaniose cutânea ou úlcera de Bauru. Também é uma zoonose e os cães são ótimos reservatórios da doença para o homem. PROFILAXIA: Eliminar cães infectados e combater os vetores. Se prevenir contra insetos principalmente nos bosques úmidos. b) CLASSE Sarcodina – Locomoção por pseudópodes. São as amebas, e não possui muita importância em Medicina veterinária. 133 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos SUBFILO APICOMPLEXA ou SPOROZOA CARACTERÍSTICAS: - Complexo apical (só é visto em microscopia eletrônica) na extremidade anterior que permite que o protozoário penetre dentro da célula a ser parasitada. - Parasitas intracelulares - Só os microgametas apresentam flagelos a) CLASSE SPOROAZIDA OU COCCIDIA ORDEM EUCOCCIDIORINA I - SUBORDEM EIMERINA FAMÍLIA EIMERIIDAE CARACTERÍSTICAS: - Coccídeo com ciclo evolutivo direto. - Oocistos contendo esporocistos que possuem no seu interior esporozoítas. - Merogonia e gametogonia nas células do hospedeiro. - Esporogonia (meiose) geralmente fora do corpo do hospedeiro. - Microgametas com dois ou três flagelos. - Os gêneros são diferenciados pelo número de esporocistos nos oocistos e o número de esporozoítas nos esporocistos. GÊNEROS Eimeria e Isospora. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Macrogametócito - Estrutura arredondada repleta de grânulos grandes e periféricos e um núcleo central que é o macrogameta. 2. Microgametócito - Estrutura com formato irregular (meio oval) com milhares de grânulos pequenos espalhados no citoplasma que são os microgametas. 3. Oocisto imaturo ou zigoto - Estrutura disforme que apresenta uma membrana forte. 4. Esquizonte ou meronte - Estruturas arredondadas grandes, que apresentam merozoítas (estruturas em forma de foice) no seu interior. 5. Oocisto esporulado - Estrutura ovóide, translúcida, esverdeada, com parede dupla e contendo esporocistos e esporozoítas. No caso de Eimeria são quatro esporocistos com dois esporozoítas no seu interior e no caso de Isospora são dois esporocistos com quatro esporozoítas no seu interior. 6. Merozoítas de 1ª geração - são pequenos tanto em Eimeria quanto em Isospora. 7. Merozoítas de 2ª geração - são pequenos (microzoítas) em Eimeria e grandes (macrozoítas) em Isospora. FASES DE REPRODUÇÃO: PARTE II Coccídeos ____________________________________________________________________________________ 134 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos 1. Assexuada - esquizogonia ou merogonia: ocorre no interior do hospedeiro. 2. Sexuada ou gametogonia: ocorre no interior do hospedeiro. 3. Esporogonia (esporos = oocisto): ocorre no meio ambiente. TIPOS DE CICLO EVOLUTIVOS I - CICLO EVOLUTIVO PROPAGATIVO: É o que ocorre em aves, com espécies como E. tenella (que ocorre em aves de corte), E. acervulina e E. necatrix (ambas ocorrem em poedeiras). Nesse ciclo, são formados três tipos de merozoítas: um que formará os macrogametócitos, outro que formará os microgametócitos e um terceiro, sem diferenciação que formará os merontes e depois, macro e microgametócitos levando a 2ª geração. II- CICLO EVOLUTIVO PROLIFERATIVO: É o que ocorre em ruminantes, com as espécies E. bovis e E. zuerni em bovinos e E. arloingi e E. christenseni em caprinos, nos suínos, temos Isospora suis. No caso de ruminantes, depois da fase trofozoíta é formado o primeiro meronte no intestino delgado e quando os merozoítas vão ao intestino grosso, dão origem a um segundo meronte bem pequeno, é esse quem forma os macro e microgametócitos para chegar a oocisto. Nos suínos ocorre o mesmo, sendo que tudo no intestino delgado. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Nos ruminantes esses protozoários causam doenças típicas de filhotes com diarréia, diminuição no desenvolvimento. Em suínos, Isospora suis é limitante no caso de leitões, pois interfere na absorção intestinal, causa diarréia, e os animais não atingem os 90 kg ideais para abate. Em aves, a mortalidade pode chegar a 100%. OBS 1: Em coelhos, E. stieda se encontra no fígado. O esporozoíta vai ao fígado pela via porta e no endotélio do ducto biliar forma merontes I e II, macro e microgametócitos, gametas e oocisto, e depois vai à bile e sai nas fezes. OBS 2: Cada geração é mais patogênica que a outra porque produz mais oocistos. São formados mais macrogametócitos que microgametócitos porque esse último produz milhões de microgametas PROFILAXIA DAS COCCIDIOSES: 1. Coccidiose aviária: Deve ser feito bom manejo e o emprego de coccidiostáticos na ração e na água. O galpão deve ser bem ventilado para diminuir a umidade local e manter a cama sempre seca. 2. Coccidiose bovina: Deve ser feito um bom manejo, comedouros e bebedouros trocados diariamente e mantidos no alto (evita que os animais defequem neles) e camas secas. 3. Coccidiose em coelhos: Deve ser feita a limpeza diária das gaiolas, coelheiras ou cercados e a manutenção dos comedouros e bebedouros limpos. As criações devem ter pisos de tela de arame. 135 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos GÊNERO Eimeria CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Eimeriidae cujos oocistos esporulados possuem quatro esporocistos e cada oocisto recém saído nas fezes e que não está esporulado, possui um núcleo. HOSPEDEIROS: Mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes. PATOGENIA A patogenia depende da espécie de Eimeria, do número de oocistos ingeridos, da idade da ave (quanto mais jovem mais susceptível), presença e severidade de outras doenças, eficácia do coccidiostático, estado nutricional das aves e nível de medicação na ração. CICLO: Os oocistos eliminados com as fezes do hospedeiro são imaturos (não esporulados). No meio ambiente ocorre a esporulação dos oocistos, para isso precisa de O2, temperatura de 25 a 30 graus e umidade de 70 a 80%. O tempo de esporulação nessas condições é de dois a três dias. Os oocistos esporulados são infectantes e podem permanecer viáveis por dois a três meses. O hospedeiro se contamina ao ingerir esse oocisto. Na moela ou estômago o oocisto é destruído, liberando os esporocistos. Depois pela ação da tripsina e da bile ocorre a liberação dos esporozoítos no intestino delgado. Esses esporozoítos penetram nas células da mucosa intestinal, arredondam-se e originam os trofozoítos que passam a esquizontes iniciando assim a reprodução assexuada denominada de Figura 139. Oocisto não esporulado de Eimeria sp. Figura 140. Oocisto esporulado de Eimeria sp. Figura 141. Ciclo biológico de Eimeria 136 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos esquizogonia ou merogonia. Cada esquizonte (ou meronte) tem em seu interior um número variável de merozoítas (depende da espécie). Esses merozoítas rompem a célula hospedeira atingem a luz do intestino e invadem novas células epiteliais, arredondando-se e formando uma nova geração de esquizontes. Alguns merozoítos da segunda geração penetram em novas células e dão início a terceira geração de esquizontes, outros penetram em novas células e dão início a fase sexuada do ciclo, conhecida como gametogonia. A maioria desses merozoítos se transforma em gametócitos femininos ou macrogametócitos que vão formar os macrogametas. Outros se transformam em microgametas ou gametócitos masculinos que vão dar origem aos microgametócitos. Os microgametas rompem a célula e vão até o macrogameta para a fertilização. Dessa fertilização resulta o zigoto que desenvolve uma parede dupla em torno de si, dando origem ao oocisto. Os oocistos rompem a célula e passam à luz intestinal saindo para o exterior com as fezes na forma não infectante, pois não estão esporulados. No ambiente em um a cinco dias esporulam e tornam-se infectantes. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: Essa parasitose destrói as células do intestino causando diarréia sanguinolenta, acarreta uma baixa conversão alimentar, diminuição da resistência orgânica, redução do peristaltismo intestinal, perda de peso e predispõem a infecção bacteriana secundária. GÊNERO Isospora e Cystoisospora O gênero Isospora pertence à família Eimeriidae e o gênero Cystoisopora pertence à família Sarcocystidae. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS • Oocistos possuem dois esporocistos contendo quatro esporozoítos cada quando esporulados. HOSPEDEIROS: Aves e carnívoros. Quando encontrado em aves o gênero é Isospora e quando encontrado em carnívoros é chamado de Cystoisospora. HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS: No ciclo de Cystoisospora pode ocorrer o ciclo com ingestão de roedores parasitados. Figura 142. Acima oocisto não esporulado, abaixo oocisto esporulado de Isospora sp. 137 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos CICLO BIOLÓGICO: A contaminação se dá através de alimentos como ração, capim e água contaminados com o oocisto esporulado. No tubo digestivo do animal os esporozoítos saem do oocisto e penetram na célula epitelial do intestino onde se arredondam, passando a serem chamados de trofozoítas. Começa a reprodução assexuada. Sucessivas mitoses vão formando vários núcleos e citoplasmas para formar os esquizontes (ou merontes) que contém os merozoítas. A célula não suporta a pressão e se rompe, liberando os merozoítas que seguem dois caminhos: - Penetram novamente nas células intestinais fazendo outra fase de reprodução assexuada que formará uma 2ª geração. - Continuam para a fase sexuada, onde os merozoítas dão origem a macro e microgametócitos. Os microgametas que estão nos microgametócitos saem da célula parasitada e fecundam os macrogametas (e com isso perdem seus flagelos – ex-flagelação) formando o gameta ou oocisto imaturo. Esse sai nas fezes para fazer a esporogonia. Na esporogonia, sob condições ideais de temperatura alta, oxigenação e umidade, o oocisto sofre divisão, formando dois esporocistos, contendo quatro esporozoítos em cada um. ESPÉCIES: Cystoisospora canis – Cão. Cystoisospora felis – Felinos. Cystoisospora rivolta – Felinos. Cystoisospora ohioensis – Cão. PATOGENIA: Pouco patogênica. Produz diarréia em filhotes e diminuição no desenvolvimento, porém é autolimitante. FAMÍLIA CRYPTOSPORIDIIDAE GÊNERO Cryptosporidium HOSPEDEIROS: Homem, rato, macaco, bovino, ovino, caprino, eqüino, suíno, canino, felino. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Oocisto medem em torno de 5 µm e contém quatro esporozoítas e sem apresentar esporocistos. Figura 144. Oocisto de Cryptosporidium sp. 400X Figura 143. Ciclo biológico de Cystoisospora sp. 138 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos CICLO: Característico de Coccídeo. É monoxeno. Ocorre esquizogonia na superfície das células intestinais com duas gerações de esquizontes e outra de multiplicação sexuada (gametogonia) com formação de macro e microgametócitos. Os microgametas fecundam os macrogametas originando oocistos com quatro esporozoítos de parede espessa que são eliminados já infectantes. Esporulação dentro do hospedeiro. A esquizogonia e a gametogonia ocorrem em microvilosidades intestinais. Alguns oocistos rompem-se dentro do hospedeiro promovendo auto-infecção. PROFILAXIA: - Água limpa em bebedouro adequado, com altura que impeça os animais nele defecarem. - Comedouros no alto para que não sejam infectados pela cama. - Higiene dos estábulos, remoção e incineração das camas. - Tratamento dos animais parasitados. - Educação sanitária. FAMÍLIA SARCOCYSTIDAE - Ciclos evolutivos semelhantes à família Eimeriidae. - A esporogonia pode ocorrer dentro ou fora do hospedeiro. - A reprodução assexuada ocorre no hospedeiro intermediário e a sexuada no definitivo. - Ocorre predação, onde o hospedeiro definitivo se infecta ao ingerir restos do hospedeiro Intermediário. GÊNERO Toxoplasma ESPÉCIE Toxoplasma gondii HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Felídeos, principalmente o gato. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Diversos mamíferos e répteis. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM CORTE HISTOLÓGICO DE FÍGADO OU CÉREBRO): - Pseudocisto - estrutura alongada, sem parede definida onde se encontram os taquizoítas. - Cisto - estrutura arredondada com parede bem definida onde se encontram os bradizoítas. - Zoíta - estrutura em forma de foice com um núcleo. Não aparece em corte histológico. CICLO BIOLÓGICO: O hospedeiro intermediário ingere o oocisto ao pastorear ou ao ingerir alimentos mal lavados. No trato digestivo há liberação de esporozoítos que pela via sangüínea vai ao fígado, cérebro e Figura 145. Ciclo biológico de Cryptosporidium sp. 139 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos outros órgãos passando a se chamar trofozoítos. Nestes ocorre a reprodução assexuada (esquizogonia). Esta fase é tão rápida que os trofozoítas são chamados de taquizoítas e é a fase aguda da doença. O organismo do animal reage e cria anticorpos e os taquizoítas então diminuem sua velocidade de reprodução passando a se chamar bradizoítas, que formam uma parede cística como proteção aos anticorpos. O hospedeiro definitivo se infecta ao ingerir restos de animais contaminados com os esquizontes (cistos), na mucosa intestinal ocorre a gametogonia e o oocisto formado vai ao meio ambiente com as fezes. Ocorre a esporulação formando um conjunto de dois esporocistos contendo quatro esporozoítas e esses esporozoítas são as formas infectantes para o hospedeiro intermediário. OBS: Pode haver transmissão pré-natal. O hospedeiro intermediário pode contaminar-se através da ingestão de carne mal cozida contendo cistos do parasito. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: No hospedeiro intermediário pode ocorrer má formação fetal, hidrocefalia fetal, morte cerebral, aborto em ovinos, bovinos e eqüinos, podem ocorrer distúrbios pulmonares, fortes dores musculares, cegueira e queda na produção. PROFILAXIA: Deve ser feita a limpeza diária de gatis, remoção adequada de fezes, precauções higiênicas como lavar as mãos antes das refeições e uso de luvas na jardinagem, não dar carne crua aos gatos, cobrir as rações. OBS: Hammondia e Frenkelia também são parasitas de cães e gatos e têm importância no diagnóstico diferencial de oocistos. GÊNERO Neospora ESPÉCIES: Neospora caninum HOSPEDEIROS DEFINITIVOS: Cão. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Bovinos, caninos, caprinos, ovinos, eqüinos e cervídeos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS - Oocistos medem entre 10 à 12 µm. - Os taquizoítos e cistos são as formas encontradas intracelularmente no hospedeiro intermediário - Os taquizoítos possuem forma de lua e medem em torno de 6 X 2 µm de comprimento, e podem ser encontrados em diferentes células do corpo. - Os cistos possuem forma oval, podem medir até 107 µm de diâmetro e são encontrados nas células do sistema nervoso. Figura 146. Ciclo de Toxoplasma gondii 140 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos - Dentro dos cistos estão presentes os bradizoítos medindo em torno de 7 x 1,5 µm de comprimento. CICLO BIOLÓGICO: O parasito, sob reprodução sexuada, reproduz- se no intestino do cão e, posteriormente, seus oocistos (medindo 10-12 µm de diâmetro) são levados ao ambiente pelas fezes. A esporulação ocorre nas fezes, dentro de três dias, não sendo, portanto, infecciosos em fezes frescas. Os oocistos esporulados contêm dois esporocistos, com quatro esporozoitos cada um. Os oocistos são resistentes no ambiente e permanecem viáveis por longo período até serem consumidos pelo hospedeiro intermediário, por meio de alimentos contaminados. Após a ingestão dos oocistos esporulados, pelo hospedeiro intermediário, os esporozoítos desencistam-se e invadem os tecidos desenvolvendo uma infecção sistêmica (reprodução assexuada, esquizogonia). O parasito forma principalmente no cérebro, cistos chamados de bradizoítos. Estes, apesar de estarem em estado latente, quando ingeridos pelo cão são infecciosos. No cão esses bradizoítos penetram nas células intestinais onde fazem a reprodução sexuada eliminando oocistos não esporulados para o meio ambiente. SINAIS CLÍNICOS: - Abortamento no hospedeiro intermediário em qualquer época da gestação, fetos podem morrer no útero. - Reabsorção fetal. - Mumificação fetal, fetos autolisados, natimortos, bezerros deformados - Nascimento vivo seguido de morte. - Nascimento de bezerros com sinais neurológicos: encefalomielite, paralisias, ataxia motora (incoordenação motora) exoftalmia ou olhos de aparência simétrica. - A maioria dos bezerros com neosporose morrem nas quatro primeiras semanas de vida. DIAGNÓSTICO: Os meios utilizados são histológicos ou imunohistológicos, imunofluorescência indireta (IFI), imunoenzimático (ELISA), PCR. Atualmente, é possível realizar testes sorológicos, como imunofluorescência indireta (IFA) e o teste imunoenzimático (Elisa) que indicam exposição dos animais a Neospora, não significando que os mesmos estejam doentes. Se uma vaca é positiva não significa que um aborto foi induzido por Neospora com base nos dados do exame sorológico. Para confirmar se o aborto foi causado por N. caninum, o parasito deve ser encontrado nos tecidos fetais. O teste de imunohistoquímica dos tecidos fetais, que utiliza o feto inteiro, ou pelo menos o cérebro e a medula, é o mais eficiente e preferencial método para confirmar o diagnóstico. O isolamento e cultura do agente também confirmam a presença de Neospora no processo patológico. MATERIAL UTILIZADO PARA EXAME: Soro bovino - as amostras devem ser colhidas até 90 dias após o abortamento (depois deste prazo, o nível de anticorpos cai drasticamente). Feto abortado - deve ser encaminhado resfriado. 141 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos TRATAMENTO: O tratamento para neosporose é feito com sulfas e vacinas. ZOONOSE: Não há evidência do leite ou carne de animais infectados, transmitirem Neospora ao homem. CONTROLE: 1) Evitar que os cães contaminados defequem nos depósitos de alimentos e bebedouros. -Use as vantagens de depósitos fechados cubra os silos com lonas plásticas após sua abertura. 2) Educar a população a castrar os cães nas fazendas e vizinhanças. -Castrar cães que não são necessários à procriação. -Orientar seus vizinhos que mantenham seus cães nas suas propriedades -Comunicar as autoridades locais (vigilância sanitária) sobre a presença de cães sem dono. 3) Todo feto abortado e restos placentários deverão obrigatoriamente ser enterrados, para prevenir o consumo pelos cães. SUBCLASSE GREGARINASINA FAMÍLIA HEPATOZOIIDAE GÊNERO Hepatozoon ESPÉCIE Hepatozoon canis HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Carrapato Rhipicephalus sanguineus. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Cães. LOCAL: Interior de leucócitos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Isogametas que são estruturas alongadas no interior dos neutrófilos. OBS: O cão se infecta ao ingerir o carrapato. CICLO: O cão infecta-se ao ingerir o carrapato que contém esporocistos na sua cavidade corporal. Ocorre destruição dos esporocistos e liberação dos esporozoítas que penetram na parede intestinal e através da corrente sanguínea passam ao baço, linfonodos, pulmões, músculos, fígado e medula onde fazem a esquizogonia. Nesses locais ocorrem várias gerações de esquizontes, após os merozoítos penetram nos leucócitos circulantes e passam a gametócitos. O ciclo se completa quando o carrapato ingere sangue contaminado com os gametócitos. Os gametócitos livres se unem em pares e formam os zigotos que ficam no interior do carrapato (hemocele) e passam a oocisto contendo 30 a 50 esporocistos com 16 esporozoítos em cada. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: Figura 147. Ciclo biológico do Hepatozoon sp. 142 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Coccídeos É uma parasitose assintomática, encontrada geralmente com outras parasitoses como Babesia e Ehrlichia. 143 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Babesias CLASSE PIROPLASMASIDA ORDEM PIROPLASMORIDA FAMÍLIA BABESIDAE GÊNERO Babesia CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E HOSPEDEIROS: 1. Babesia canis - Cães -Grande Babesia. -Aparece um a dois trofozoítas dentro da hemácia. 2. Babesia gibsoni- Cães -Pequena Babesia. 3. Babesia bovis (transmissão por larvas do carrapato) – Bovinos. -Pequena Babesia. -Parasitemia muito baixa. -Aparece de um a dois trofozoítas dentro de cada hemácia. -Pode aparecer nos capilares do cérebro, provocando trombos nos vasos. 4. B. bigemina (transmissão por ninfas e adultos do carrapato)- Bovinos. -Grande Babesia. -Aparece um a dois trofozoítas dentro de cada hemácia 5. B. equi ou Nutallia equi ou mais recentemente Theileria equi - Equinos -Pequena Babesia. -Parasitemia muito alta. Figura 150. Babesia bigemina no interior da hemácia. Figura149. Babesia bovis no interior da hemácia PARTE III Babesias ____________________________________________________________________________________ Figura 148 . Babesia canis no interior da hemácia. 144 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Babesias -Aparecem um, dois, três ou quatro trofozoítas, sendo que quando aparecem quatro, são em forma de cruz de malta. -Animal permanece portador por toda a sua vida. 6. B. caballi - Equinos -Grande Babesia. -Aparece um a dois trofozoítas dentro da hemácia. CICLO BIOLÓGICO: O carrapato ao se alimentar do sangue do hospedeiro definitivo ingere os merozoítos que se diferenciam e fazem a reprodução sexuada ou gametogonia que vai dar origem a um zigoto chamado oocineto. Este penetra nas células do tubo digestivo do carrapato e nelas se multiplica por divisão binária ou múltipla até as células se romperem e liberarem os vermículos (organismos claviformes, móveis e alongados). Esses vermículos migram para os tecidos da fêmea do carrapato, através da hemolinfa, podendo chegar aos ovários (transmissão transovariana) ou as glândulas salivares (transmissão transestadial) na forma de trofozoítas. O carrapato ao sugar o hospedeiro inocula as formas trofozoítas que penetram nas hemácias do animal e se dividem assexuadamente por divisão binária formando merozoítas. A célula se rompe e os merozoítas são liberados penetrando em novas hemácias. TIPOS DE TRANSMISSÃO: Transovariana - Ocorre nas babesioses transmitidas por carrapatos monoxenos, como Boophilus microplus e Anocentor nitens. Por só terem um hospedeiro na vida, a transmissão é da fêmea para seus ovos. As larvas ou ninfas originadas desses irão contaminar outros animais. Transestadial - ocorre nas babesioses transmitidas por carrapatos heteroxenos, como Rhipicephalus sanguineus. Por a muda ocorrer no solo, a larva infectada passa para ninfa com as formas infectantes e essa então transmite o parasita a outro animal. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Além da destruição das hemácias gerando anemia, observam-se lesões em outros órgãos irrigados pelo sangue contaminado. O baço filtra hemácias parasitadas (e incha causando esplenomegalia) e acaba por não identificá-las Figura 151. Babesia caballi no interior da hemácia. Figura 152 . Ciclo de Babesia sp. 145 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Babesias mais fagocitando também as hemácias sadias e com isso intensifica a anemia (anemia auto imune). No rim as hemácias se rompem e no fígado ocorre hemoglobinúria por não ocorrer metabolização da hemoglobina. Ainda, a Babesia ativa a calicreína e leva ao aumento de permeabilidade dos vasos e vasodilatação, provocando uma estase circulatória. No quadro de babesiose cerebral bovina ocorre destruição dos capilares cerebrais e se observa aumento da coagulação intravascular, hiper excitabilidade e incoordenação. PROFILAXIA: Deve ser feito o controle dos vetores. Em regiões endêmicas os animais já têm imunidade adquirida através do colostro que deve ser reforçada gradativamente com o desenvolvimento do animal. 146 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Rickettsias ORDEM RICKETTSIALES DEFINIÇÃO: As rickettsias são consideradas pertencentes a um grupo separado de bactérias por apresentarem aspectos comuns entre elas e por serem disseminadas por artrópodos que servem de vetores. As rickettsias são bactérias com parasitismo intracelular obrigatório. São estruturalmente semelhantes a bactérias gram-negativas, extremamente pequenas, com aproximadamente 0,25 mm de diâmetro, formando cocobacilos normalmente corados com Giemsa e fracamente corados por Gram. Podem estar agrupados em pares, em cadeias ou isolados. Com exceção da Rickettsia prowazekii, causadora de tifo, não apresentam flagelos. A maioria das espécies é encontrada somente no citoplasma das células hospedeiras, mas aquelas causadoras da febre maculosa multiplicam-se no núcleo e saem para o citoplasma. O envelope típico consiste de 3 camadas. Uma membrana citoplasmática mais interna, uma parede celular rígida e uma externa com composição química típica de membrana e com aspecto trilaminar. A parede celular é quimicamente similar a dos Gram negativos e possuem invaginações intracitoplasmáticas. O citoplasma possui ribossomos. A multiplicação ocorre por divisão binária somente dentro da célula hospedeira. Apesar de serem capazes de metabolismo próprio para seu desenvolvimento, possuem um sistema transportador de ATP que utiliza ATP do hospedeiro. A energia do parasito, portanto, é proveniente em grande parte de ATP do hospedeiro. CLASSIFICAÇÃO: A mais recente se encontra na 10ª Edição do Bergey´s Manual of Sistematic Bacteriology, escrito por Garrity, Winters, Kuo e Searles, e foi publicado em 2002. Nesta classificação a Ordem das Rickettsiales está inclusa no Filo das Proteobacterias, classe das Alphaproteobacterias. A divisão em tribos, que era comumente utilizada, foi abandonada. A família Anaplasmataceae foi novamente retirada e os gêneros pertencentes a ela (Aegyptianella, Anaplasma, Ehrlichia e Neorickettsia) foram inclusas na Família Ehrlichiaceae. O gênero Cowdria foi abolido e sua única espécie a Cowdria ruminantum foi reclassificada como pertencente ao gênero Ehrlichia. Os gêneros Eperythrozoon e Haemobartonella passam a família Mycoplasmataceae. FAMÍLIA Ehrlichiaceae GÊNERO Ehrlichia CAPÍTULO IV Rickettsias ____________________________________________________________________________________ 147 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Rickettsias HOSPEDEIROS: Cães e gatos (muito raro) HOSPEDEIRO INVERTEBRADO: Carrapato Rhipicephalus sanguineus. LOCALIZAÇÃO: Organismos encontrados nos leucócitos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: São bactérias intracelulares obrigatórias dos leucócitos (monócitos e polimorfonucleares) ou trombócitos. CICLO BIOLÓGICO: O vetor de maior importância na transmissão da enfermidade é o carrapato, mais especificamente, o Rhipicephalus sanguineus . No carrapato, a E. canis se multiplica nos hemócitos e nas células da glândula salivar, propiciando, portanto, a transmissão transestadial. Em contra partida, a transmissão transovariana provavelmente não ocorre. A transmissão entre animais se faz pela inoculação de sangue proveniente de um cão contaminado para um cão sadio, pelo intermédio do carrapato. A infecção do cão sadio se dá no momento do repasto do carrapato infectado. Após um período de incubação de 8 a 20 dias, o agente se multiplica nos órgãos do sistema mononuclear fagocítico (fígado, baço e linfonodos). O ciclo da Ehrlichia é constituído de três fases principais: (1) penetração dos corpos elementares nos monócitos, onde permanecem em crescimento por aproximadamente 2 dias; (2) multiplicação do agente, por um período de 3 a 5 dias, com a formação do corpo inicial; e (3) formação das mórulas, sendo estas constituídas por um conjunto de corpos elementares envoltos por uma membrana. O cão é infectante apenas na fase aguda da doença, quando existe uma quantidade importante de hemoparasitas no sangue. O carrapato poderá permanecer infectante por um período de aproximadamente um ano, visto que a infecção poderá ocorrer em qualquer estado do ciclo. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: A Ehrlichiose apresenta sinais inespecíficos sendo que há 3 fases da doença que pode ser fatal se não tratada. Na fase aguda que ocorre após um período de incubação que varia entre 8 e 20 dias e perdura por 2 a 4 semanas o animal apresenta hipertermia (39,5 - 41,5 oC), anorexia, perda de peso e astenia. Menos freqüentemente observam-se outros sinais inespecíficos como febre, secreção nasal, anorexia, depressão, petéquias hemorrágicas, epistaxis, hematúria, ou ainda edema de membros, vômitos, sinais pulmonares e insuficiência hepato-renal. Essa fase pode passar desapercebida pelo proprietário. Na fase sub-clínica é geralmente assintomática, podendo ser encontradas algumas complicações como depressão, hemorragias, edema de membros, perda de apetite e palidez de mucosas Ocasionalmente, observa-se hifema, hemorragia sub-retinal, uveíte, descolamento de retina e cegueira . A fase crônica da erliquiose assume as características de uma doença auto imune. Geralmente nesta fase o animal tem os mesmos 148 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Rickettsias sinais da fase aguda porém atenuados, encontrando-se apático, caquético e com susceptibilidade aumentada a infecções secundárias, em conseqüência do comprometimento imunológico. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico laboratorial consiste na observação de E. canis em esfregaços de sangue do cão infectado, ou em decalques dos órgãos alvo. Pode-se ainda realizar o diagnóstico por imunofluorescência indireta, que constitui um método sensível e muito específico, permitindo o diagnóstico preciso da erliquiose. A trombocitopenia presente no quadro clínico não permite que se confirme o diagnóstico da doença, mas em áreas sabidamente endêmicas, a erliquiose dever ser considerada como a primeira suspeita. A confirmação do diagnóstico pode ser reforçada se for encontrado hipoalbuminemia e hiperglobulinemia associado a trombocitopenia. A técnica de PCR (polymerase chain reaction), permite um diagnóstico rápido e com sensibilidade semelhante a outras técnicas, o que o torna uma peça útil para a elaboração do diagnóstico. Um outro teste bastante simples e disponível, é o teste de Immunocomb, que se baseia na detecção de anticorpos IgG contra Erlichia canis no soro. Este teste é muito útil no monitoramento dos níveis de anticorpos, principalmente nas fases sub-clínica e crônica, onde é muito difícil o encontro da E. canis em esfregaço sanguíneo. É também útil no monitoramento dos níveis de anticorpos pós tratamento. PROFILAXIA: A prevenção da doença tem um caráter de suma importância nos canis e no locais de grande concentração de animais. Devido a inexistência de vacina contra esta enfermidade, a prevenção é realizada através do controle do vetor da doença: o carrapato. Para tanto, produtos acaricidas ambientais e de uso tópico são eficazes desde que seja realizado o manejo correto. Todo animal que entre em uma propriedade ou canil, deve ser mantido em quarentena e tratado para carrapatos. Caso seja positivo para Ehrlichia, deverá ser tratado antes de ingressar na criação. Nas áreas endêmicas, o fluxo de cães deve ser mínimo e quando ocorrer, recomenda-se tratar o animal com doxiciclina por um período de 1 mês. GÊNERO Anaplasma ESPÉCIES: -A. centrale Figura 153. Corpúsculo de Ehrlichia em neutrófilo segmentado. 149 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Rickettsias -A. marginale HOSPEDEIROS: Bovinos HOSPEDEIRO INVERTEBRADO: Carrapato Boophilus sanguineus. LOCALIZAÇÃO: Organismos encontrados nos eritrócitos. CICLO BIOLÓGICO: A transmissão é feita por carrapatos ou mecânica, por meio de seringas hipodérmicas ou instrumentos cirúrgicos contaminados. No sangue, o organismo penetra no eritrócito, forma um vacúolo e divide-se por divisão binária, formando um corpúsculo de inclusão. Saem das hemácias e penetram em outras promovendo uma intensa anemia.Os eritrócitos parasitados são ingeridos pelo carrapato e transmitidos para outros bovinos, ou através de utilização entre os animais de material contaminado como seringas e/ou material cirúrgico. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: Quatro semanas DIAGNÓSTICO: Presença de organismos pequenos e redondos de cor vermelha - escura no interior dos eritrócitos em esfregaço sanguíneo corado com Giemsa. Testes de fixação de complemento, aglutinação e imunofluorescência indireta. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Produz uma reação febril aguda, acompanhada por grave anemia hemolítica que pode destruir até 70% dos eritrócitos sanguíneos em uma semana após o período de incubação. A doença aparece clinicamente após o dia 40 após o contato com o carrapato contaminado. Não há hemoglobinúria, pois as hemácias são destruídas no baço e fígado e não na corrente sanguínea. PROFILAXIA: -Tratamento dos animais para que não fiquem portadores. -Premunição dos animais suscetíveis com sangue de animais portadores. -Evitar que os animais adquiram carrapatos antes da premunição. -Combater o superparasitismo pelo emprego de banhos carrapaticidas. -Esterilizar os fômites. Figura 154. Corpúsculos de Anaplasma nas hemácias. 150 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro HELMINTOLOGIA - Metazoários - NEMATHELMINTOS: vermes redondos, com parede do corpo chamada de cutícula. - PLATHELMINTOS: vermes achatados, com parede do corpo chamada de tegumento. - ACANTOCEPHALA: Cabeça em forma de espinho. FILO PLATHELMINTOS (Platy = achatados) - Vermes achatados dorso-ventralmente. - Hermafroditas. - Simetria bilateral. - Não possuem esqueleto. - Tubo digestivo incompleto. - Não possui cavidade corpórea, mas sim parênquima. - São divididos em: -Classe Trematoda, com subclasses Digenea e Monogenea**. -Classe Cestoda. **Monogenea: Helmintos ectoparasitas de peixes, mais especificamente de brânquias, que dificultam a respiração. Fazem ciclo direto, ou seja, são monoxenos. CAPÍTULO V Helmintos ____________________________________________________________________________________ 151 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Trematóides CLASSE TREMATODA (trematoda = furos) CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Formato semelhante a uma folha. - Não são segmentados. - Tubo digestivo sem ânus (metabólitos excretados pela boca). - Ceco termina em fundo de saco. - Presença de glândulas vitelínicas (produzem vitelo, matéria necessária para formação do ovo). - Possui ventosas oral, ventral (ou acetábulo) e genital (ou gonotil) para fixação no hospedeiro e movimentação sobre o mesmo. - Revestimento externo (tegumento) resistente. Possui músculos sobre a lâmina basal que mantém a forma do parasito. BIOLOGIA: - Sistema excretor com tubos pronefridiais, vesícula excretora e células excretoras (células flama), com cílios para filtração. - Sistema reprodutor masculino com testículos, canais eferentes, canal deferente e bolsa do cirro com vesícula seminal, glândulas prostáticas, o órgão peniano que é chamado de cirro e um poro genital. - Sistema reprodutor feminino com ovário, reservatório seminal, canal de laurer, reservatório vitelínico, oótipo, glândulas de mehlis, poro genital e alças uterinas. - Heteroxenos podendo apresentar até três hospedeiros intermediários. O primeiro HI é sempre um molusco e o segundo, um peixe ou crustáceo. CICLO EVOLUTIVO GERAL DOS TREMATÓDEOS: Os ovos que saem nas fezes (em alguns casos podem sair via oral) geram indivíduos (embriões) ciliados chamados miracídios. Estes, possuem glândulas que produzem substâncias que, associadas à condições ambientais, abrem o opérculo do ovo por onde sai o miracídio e passa para o meio aquático, necessário para sua sobrevivência. Ele nada até atingir o hospedeiro intermediário, que geralmente é um molusco - aquático ou terrestre onde penetra nas partes moles, perde os cílios e passa a ser chamado de esporocisto (o miracídio já apresenta cone cefálico e vive no máximo 24 horas). O esporocisto divide –se inúmeras vezes no hepatopâncreas do molusco originando milhares de formas infectantes, que saem pelas partes moles e infectam o ambiente. * O esporocisto pode ter uma ou duas gerações. Quando de 1ª geração forma-se a rédia (também no hospedeiro intermediário) a qual vai originar várias cercárias, que possuem cauda saem do molusco e se fixam na vegetação passando a serem chamadas de metacercárias , (possuem uma proteção cística e são as formas infectantes) cercária sem a cauda, que podem estar no segundo hospedeiro intermediário ou não). Quando de 2ª geração não há fase de rédia. PARTE I Trematóides ____________________________________________________________________________________ 152 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Trematóides CONTROLE: -Combater os moluscos. -Tratar os animais CLASSE TREMATODA SUBCLASSE DIGENEA - Aparelho genital masculino e feminino no mesmo indivíduo. - Necessitam de dois hospedeiros. ORDEM GASTEROSTOMATA - Boca que se abre dentro de uma ventosa oral (anterior). SUBORDEM DISTOMATA SUPERFAMÍLIA FASCILOIDEA CARACTERÍSTICAS: - Presença ou ausência de bolsa do cirro e acetábulo terminal. - Genitália ramificada. I - FAMÍLIA FASCIOLIDAE CARACTERÍSTICAS: - Adultos grandes e achatados dorso- ventralmente. - Acetábulo bem desenvolvido (ventosa ventral). - Bolsa do cirro bem desenvolvida. GÊNERO Fasciola ESPÉCIE Fasciola hepatica HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos e ovinos (pode parasitar eqüídeos, bubalinos e humanos). HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Molusco aquático - Lymnaea viatrix (região Sul) e Lymnaea columela (região Sudeste). LOCAL: Ductos biliares. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Cone cefálico, que é uma projeção anterior do corpo onde fica a abertura da ventosa oral. - Corpo muito grande em relação aos outros trematódeos, com espinhos no tegumento. - Só se distingue ovário e testículos pela localização. Figura 156. Ovo de Fasciola hepatica. Figura 155. Adultos de Fasciola hepatica. 153 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Trematóides - Ovos com 150 µm amarelados pela bile. CICLO BIOLÓGICO: Os ovos saem nas fezes do hospedeiro definitivo e as chuvas os arrastam até os riachos onde são liberados os miracídios que migram e penetram ativamente na partes moles dos moluscos, formando então os esporocistos, que migram para a região pré-cordial e se transformam em rédia I. Se o meio for favorável ele vira logo cercária, mas se não, como no caso de uma estiagem prolongada, o molusco se afunda na lama e só quando o meio se torna favorável é que seu metabolismo volta ao normal e a rédia se torna cercária. Essas são semelhantes aos adultos e já apresentam cauda, saindo pelas partes moles do molusco e caindo na água. Dirigem-se então para o talo submerso do capim da várzea onde se fixam, perdem a cauda e passam a metacercária que possui uma substância cimentante que evita a desidratação e aí sobrevive por anos. Quando há estiagem, a lâmina dos rios desce e elas ficam expostas, e assim são ingeridas pelos hospedeiros definitivos ao pastorear. No tubo digestivo desses animais as metacercárias perdem as carapaças de proteção e passam a ser formas jovens que penetram na mucosa intestinal e caem na cavidade peritonial perfurando o peritônio visceral do fígado e neste local migram até quatro meses, depois vão aos ductos biliares onde ficam adultos, se alimentam de sangue e após oito semanas da infecção já eliminam ovos. PPP - 3 a 4 meses IMPORTÂNCIA EM HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA: - Observar a proveniência das verduras e outros alimentos porque é passível de parasitar humanos (zoonose). IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: - As formas jovens migram no parênquima hepático destruindo-o. É a fase aguda da doença. - Os adultos provocam espoliação nos ductos biliares e na forma crônica da doença pode haver calcificação dos ductos biliares. - Provoca perdas na produção animal e mortes muitas vezes pela migração das formas jovens, sendo que por isso, o exame de fezes é negativo, pois ainda não há eliminação de ovos. II - FAMÍLIA DICROCOELIIDAE CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS - Posição anterior do ovário e testículo em relação ao útero. - Ceco mediano retilíneo. - Glândulas vitelínicas medianas ao corpo do parasito. GÊNERO Eurytrema ESPÉCIE Eurytrema pancreaticum Figura 157. Cercaria de Fasciola. 154 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Trematóides HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: 1-Moluscos terrestres: Bradybaena similaris (caracol). 2-Gafanhoto: Conocephalus sp. LOCAL: Ductos pancreáticos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Corpo grande. - Ventosa oral grande. - Esôfago curto. - Testículos bem separados e na mesma zona (mesmo plano horizontal). - Ovário posterior aos testículos. - Cecos que não vão ao terço mediano do corpo. - Acetábulo mediano. CICLO BIOLÓGICO: Os ovos saem nas fezes do hospedeiro definitivo e os moluscos ingerem esses ovos que liberam o miracídio no seu intestino. Na cavidade celomática forma-se esporocisto I e na digestiva, esporocisto II. Formam-se então as cercárias (que saem do molusco com um muco) e essas se aderem ao talo do capim, que é ingerido pelo gafanhoto. As cercárias atravessam o tubo digestivo e passam a metacercárias na cavidade celomática do gafanhoto, que é ingerido acidentalmente pelo hospedeiro definitivo ao pastorear e as metacercárias passam do intestino e vão se localizar nos ductos pancreáticos, onde se tornam adultos. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Apesar da destruição dos ductos pancreáticos é questionada a sua ação tendo em vista que o animal não exterioriza a doença. SUBORDEM AMPHISTOMATA SUPERFAMÍLIA PARAMPHISTOMATOIDEA CARACTERÍSTICAS - Acetábulo terminal ou subterminal. - Não são achatados e têm formato de pêra. FAMÍLIA PARAMPHISTOMATIDAE CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Figura 158. Eurytrema pancreaticum adultos. Figura 159. Adulto de Eurytrema sp. Cecos Testículos Ovários Útero 155 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Trematóides - Testículos na mesma zona. - Porte médio à grande. 1 - GÊNERO Paramphistomum ESPÉCIE Paramphistomum cervi HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Molusco aquático: Lymnaidae e Planorbidae. LOCAL: Rúmem. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Não apresenta ventosa genital. CICLO BIOLÓGICO: Os ovos saem nas fezes e liberam no meio ambiente o miracídio que vai à água penetrar no hospedeiro intermediário (molusco), no hepatopâncreas deste, passa a esporocisto I. Após, surgem as rédias que originam cercárias e essas saem pelas partes moles do hospedeiro intermediário e na água procuram uma vegetação para se encistarem (quando em forma de cisto são chamadas metacercárias). O hospedeiro definitivo ingere as metacercárias ao pastorear e a membrana cística da metacercária se rompe liberando formas jovens do trematoda que se fixam na porção inicial do intestino delgado e rúmem. São mais patogênicos no intestino delgado que no rúmem. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Os parasitos produzem diarréias fétidas e escuras e o animal fica muito debilitado. SUBORDEM STREGEATA SUPERFAMÍLIA SCHISTOSOMATOIDEA FAMÍLIA SCHISTOSOMATIDAE GÊNERO Schistosoma ESPÉCIE Schistosoma mansoni Schisto- fenda / soma- corpo HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem. Figura 161. Paramphistomum mostrando A – acetábulo ou ventosa ventral e O - Ventosa oral. O \A Figura 160. Adultos de Paramphistomum 156 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Trematóides HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Molusco aquático Biomphalaria e Planorbis. LOCAL: Veias mesentéricas e hepáticas. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Possui dimorfismo sexual. - Fêmea filariforme fica dentro do canal ginecóforo do macho. - Macho mais grosso, com ventosas oral e ventral (em torno de 1 cm de comprimento). CICLO BIOLÓGICO Após a cópula a fêmea migra para ramos menores das mesentéricas e lá fazem a postura. Os ovos possuem um espinho e uma substância irritante da mucosa e por isso ele consegue chegar ao tubo digestivo e assim sair nas fezes. Quando isso ocorre no ambiente aquático, o miracídio penetra ativamente no hospedeiro intermediário (molusco) indo ao hepatopâncreas para formar esporocisto de 1ª geração e depois de 2ª geração e ainda cercárias (furcocercárias). Estas apresentam uma cauda bífida, saem do hospedeiro intermediário e no ambiente aquático migram ativamente até penetrarem na pele íntegra do hospedeiro definitivo. Esse também pode se infectar bebendo água contaminada. A furcocercária no tubo digestivo perde a cauda, passa a adulto- jovem que se diferencia em macho e fêmea e pela circulação vai às veias mesentéricas e intra-hepáticas. PERÍODO PRÉ-PATENTE: 2,5 a 3 meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Algumas espécies ocorrem em roedores e bovinos e suspeita-se que eles atuem como hospedeiros alternativos mantendo parasitos. IMPORTÂNCIA EM HIGIENE e SAÚDE PÚBLICA: É importante o tratamento de fontes de água Figura 163. Molusco Biomphalaria sp. Figura 164. Ovo de Schistosoma sp. 100X Figura 162. Macho (maior) e fêmea de Schistosoma sp. 157 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Trematóides natural, pois a água é o meio de infecção tanto para hospedeiro definitivo como para hospedeiro intermediário. No homem, os sintomas são: diarréia sanguinolenta e com muco, anorexia, sede anemia. PROFILAXIA: Identificar os meses de população máxima de caramujos pela temperatura, não deixando que os bovinos fiquem expostos a extensões de água contaminada nessas ocasiões. Figura 165. Furcocercária de Schistosoma sp. 158 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides CLASSE CESTODA CARACTERÍSTICAS GERAIS: - Apresentam formato de fita. - Têm corpo segmentado dividido em escólex (para fixação), colo e estróbilo (corpo que é dividido em proglotes). - Hermafroditas. - Tamanho de corpo varia com o gênero de cestóide (de mm a metros). - Obrigatoriamente parasitos de animais. - As formas adultas localizam-se no trato digestivo. - Necessitam pelo menos um hospedeiro intermediário para completar o ciclo biológico. - Sistema digestivo ausente (alimenta-se por perfusão). FORMAS DE ESCÓLEX: - Triangular. - Afilado. - Globoso. - Com rostelo e ventosas sem ganchos. - Com rostelo e ventosas com ganchos. FORMAS DE PROGLOTES: 1-Jovem: Não se vê estruturas de reprodução. 2-Maduro: Podem ser mais largos do que longos ou o contrário, o aparelho genital pode ser simples ou duplo e ainda pode haver três testículos ou mais no mesmo proglote. O aparelho genital é constituído de ovários lobulados com um útero em forma de saco entre eles e glândulas vitelínicas abaixo, testículos espalhados na proglote, bolsa do cirro, canal deferente e o átrio genital. Figura 167. Cápsula ovígera contendo ovos com embrião no seu interior. PARTE II Cestóides ____________________________________________________________________________________ Figura 166. Divisão do corpo de um cestóide. Escólex Colo Estróbilo 159 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides 3-Grávido: podem ser mais largos do que longos ou o contrário, podem ter útero transversal com saculações horizontais ou útero horizontal com saculações transversais e ainda podem apresentar cápsulas ovígeras com ovos no seu interior contendo um embrião hexacantor. TIPOS LARVARES: 1-CYSTICERCUS: vesícula semitranslúcida que apresenta no seu interior um escólex, que está invaginado e que pode apresentar rostelo com ganchos ou não. Nesse tipo larvar o hospedeiro intermediário é vertebrado.Tamanho: 1 a 2 cm. 2-ESTROBILOCERCUS: Vesícula semitranslúcida que apresenta um escólex evaginado, ou seja, um pescoço longo e pseudo-segmentado. Nesse tipo larvar o hospedeiro intermediário é vertebrado. 3-COENURUS: Vesícula que apresenta no seu interior vários escólex invaginantes. Nesse tipo larvar o hospedeiro intermediário é vertebrado. 4-CYSTICERCÓIDE: Vesícula rígida com escólex invaginado. Nesse tipo larvar o hospedeiro intermediário é invertebrado. 5-CISTO HIDÁTICO: Vesícula maior que o Cysticercus que apresenta no seu interior vesículas filhas com escólex ou escólex soltos e a esse conjunto se dá o nome de areia hidática. No seu envoltório há uma membrana composta de proteínas, um epitélio germinativo e uma camada de reação do hospedeiro à presença da forma larvar. Nesse caso o hospedeiro intermediário é vertebrado. SUBCLASSE EUCESTODA ORDEM CYCLOPHILIDEA CARACTERÍSTICAS -Quatro ventosas no escólex. -Fazem apólice (proglotes se desprendem e saem nas fezes). ESPÉCIE HOSPEDEIRO DEFINITIVO HI TIPO LARVAR NOME DA LARVA LOCALIZAÇÃO T. solium Homem Suíno Cysticercus Cysticercus celullosae Musc. cardíaca e esquelética T. saginata Homem Bovino Cysticercus Cysticercus bovis Musc. cardíaca e esquelética T. hydatigena Cão Ruminante, Suíno. Cysticercus Cysticercus tenuicollis Serosas T. taeniformis Felinos Roedores Estrobilocercus Cysticercus fasciolaris Fígado e cavid. abdominal T. serialis Cão Coelho Coenurus Coenurus serialis Tec.conjuntivo e serosas T. pisiformis Cão Coelho Cysticercus Cysticercus pisiformis Serosas, cavidade peritonial T. multiceps Carnívoros Herbívoros Coenurus Coenurus cerebralis cérebro Figura 168. Forma larval cysticercus no tecido. Cysticercus 1,5 cm 160 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides SUPERFAMÍLIA TAINOIDEA FAMÍLIA TAENIIDAE GÊNERO Taenia CARACTERÍSTICAS GERAIS: -Número de proglotes variável, muitos deles grávidos. -Aparelho genital simples. -Proglotes maduras mais largas do que altas. -Proglotes grávidas mais altas do que largas. -Todas as espécies apresentam rostelo com ganchos exceto T. saginata. -Testículos ocupando todo o parênquima interno * As formas adultas estão sempre no hospedeiro definitivo e as formas larvares sempre no hospedeiro intermediário. CICLO BIOLÓGICO GERAL: No intestino delgado do hospedeiro definitivo ocorre a fecundação das proglotes maduras gerando proglotes grávidas que se destacam e saem nas fezes para o meio ambiente. No meio ambiente ocorre a degradação das proglotes e liberação dos ovos que são dispersos pelo vento, aves, chuvas. O hospedeiro intermediário se contamina ingerindo os ovos em alimentos contaminados e pela ação da bile libera o embrião hexacantor de dentro do ovo que vai pela corrente sanguínea até a musculatura esquelética ou cardíaca, onde ocorre o desenvolvimento da forma larvar (cysticercus). O hospedeiro definitivo se contamina ingerindo carne crua ou mal cozida (ou vísceras) do hospedeiro intermediário. No tubo digestivo do hospedeiro definitivo ocorre a evaginação do escólex e se fixa a mucosa do intestino delgado. 1 - ESPÉCIE T. solium HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem. HOSPEDEIRO INTERMEDIÀRIO: Suínos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Útero com até 14 ramificações. Figura 169 . Ciclo biológico da T. solium e T. saginata parasita do intestino delgado de humanos. 161 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides - Cabeça com rostelo de ganchos. - Adulto mede em torno de 3 metros de comprimento com 800 a 1000 proglotes. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: O homem pode se tornar o próprio hospedeiro intermediário se ingerir acidentalmente os ovos. A forma larvar, pela circulação vai se encaminhar para os olhos, cérebro e tecido subcutâneo podendo levar a alterações patológicas como cegueira, nódulos no olho, transtornos neurológicos. Nos suínos infectados com cisticercos os sinais clínicos são inaparentes. IMP.HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA: A defecação de seres humanos fora do vaso sanitário leva a disseminação dos ovos. 2 - ESPÉCIE T. saginata HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem. HOSPEDEIRO INTERMEDIÀRIO: Bovinos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Útero com 15 a 35 ramificações. - Cabeça sem rostelo de ganchos. - Mede em torno de 8 metros e possui mais de 1000 proglotes. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: A presença da forma larvar na musculatura do animal leva a liberação parcial da carcaça ou até seu descarte total, ou seja, têm importância econômica grande já que é significativo em certas regiões do Brasil. CONTROLE: -Congelamento da carne a – 5 Co por 4 dias. -Cozimento da carne. -Sistema eficiente de esgotos. 3 - ESPÉCIE T. hydatigena HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão. HOSPEDEIRO INTERMEDIÀRIO: Ruminantes e suínos. Figura 171. T. saginata um parasita do intestino delgado de humanos. Figura 170. Cysticercus removido do tecido e corado. Observar a coroa de ganchos e ventosas. Coroa de ganchos Ventosa 162 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides OBS: A forma larval é o Cysticercus tenuicollis, vulgarmente conhecido como “bolha d'água”. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Nos hospedeiros intermediários leva ao descarte de vísceras com as formas infectantes. 4 - ESPÉCIE T. taeniformis HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Felinos. HOSPEDEIRO INTERMEDIÀRIO: Roedores. IMP.MED.VET: A forma larvar determina achados clínicos e patológicos no fígado de roedores. 5- ESPÉCIE Taenia multiceps HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão e canídeos selvagens. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Ruminantes, principalmente ovinos. IMP. MED. VET: O verme adulto de quase 100 cm é encontrado no cão onde coloca seus ovos que vão ao meio ambiente com as fezes. O ovino ingere com a pastagem os ovos contendo a oncosfera que é liberada e transportada pelo sangue ao cérebro ou medula espinhal onde desenvolve o estágio larval chamado de Coenurus cerebralis. Este, é um grande cisto (5 cm) cheio de líquido que apresenta vários escólex na sua parede. E conforme vai desenvolvendo-se vão aparecendo os sintomas clínicos no ovino como andar em círculos, alterações na postura, defeitos visuais, paraplegias. PPP: 8 meses GÊNERO Echinococcus ESPÉCIE Echinococcus granulosus HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão. Figura 172. Cysticercus tenuicollis, forma larval da T. hydatigena. Figura 173. Ovos de Taeniidae. 163 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Animais ungulados e homem. LOCAL: Forma larvar no cérebro, fígado e pulmão. Forma adulta no intestino de cães (permanece por 5 a 6 meses). VIABILIDADE DOS OVOS: 21 dias FORMA LARVAR: Cisto hidático. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA FORMA ADULTA: -Escólex e rostelo com ganchos. -Apresenta no máximo cinco proglotes. -É quase invisível a olho nu pelo seu pequeno tamanho (5 mm). CICLO BIOLÓGICO: O hospedeiro definitivo infecta-se ao ingerir vísceras do hospedeiro intermediário contendo o cisto hidático (forma larval). As larvas originam adultos no tubo digestivo do cão. As proglotes grávidas cheias de ovos se destacam e vão ao meio ambiente com as fezes. Neste, os ovos se disseminam e o hospedeiro intermediário infecta-se ingerindo os ovos nas pastagens ou em alimentos contaminados que dão origem às larvas hexacantor que pelo sistema porta vão ao fígado ou pela circulação vão ao pulmão e cérebro. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: A forma larvar no hospedeiro intermediário pode levar a obstrução de canais respiratórios, distúrbios no fígado (cirrose), cérebro e pulmão. E se o cisto hidático se romper no hospedeiro intermediário esse pode morrer de choque, pois Figura 175. Adulto de Echinococcus granulosus 100X. Figura 174. Areia hidática retirada do interior do cisto hidático. Figura 176. Cisto hidático em fígado de ruminante. Observar a parede do cisto com várias vesículas filhas. 164 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides foram liberados vesículas filhas e escólex. FAMÍLIA DAVAINEIDAE GÊNERO Davainea ESPÉCIE Davainea proglotina HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galináceos. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Moluscos terrestres. LOCAL: Forma adulta no duodeno. FORMA LARVAR: Cisticercóide. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA FORMA ADULTA: -Corpo com poucas proglotes. -Aparelho genital simples. -Ventosas com ganchos no escólex. -Poro genital alterna o lado nas proglotes. -Cápsulas ovígeras com um ovo no seu interior. CICLO BIOLÓGICO: As proglotes grávidas vão ao meio ambiente com as fezes e o molusco ingere os ovos. No corpo desse molusco ocorre o desenvolvimento da forma larvar e o hospedeiro definitivo se infecta ingerindo o hospedeiro intermediário. No tubo digestivo do hospedeiro definitivo as formas larvares se fixam no intestino delgado e desenvolvem-se até adultos, onde acabam o desenvolvimento do seu ciclo biológico. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: É um parasito bastante patogênico e as infecções podem levar a quadros de inflamação intestinal nas aves levando a queda de produção (ganho de peso) gerando sérios prejuízos econômicos. GÊNERO Raillietina ESPÉCIE Railletina tetragona Railletina cisticillus Railletina echinobothrida HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galináceos. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Moluscos terrestres, formigas e moscas. LOCAL: Forma adulta no duodeno. FORMA LARVAR: Cisticercóide. Figura 177. Adulto de Davainea proglotina. Figura 178. Ovo de Raillietina 165 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA FORMA ADULTA: - Proglotes em formato de trapézio. -Cápsulas ovígeras contendo de 6 a 18 ovos. -Pode ou não apresentar rostelo. -Não se vê genitália. CICLO BIOLÓGICO: As proglotes grávidas vão ao meio ambiente com as fezes e o molusco ingere os ovos. No corpo desse molusco ocorre o desenvolvimento da forma larvar e o hospedeiro definitivo se infecta ingerindo o hospedeiro intermediário. No tubo digestivo do hospedeiro definitivo as formas larvares se fixam no intestino delgado e desenvolvem-se até adultos. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: As infecções podem levar a menor produtividade do plantel, menor ganho de peso e conseqüentemente perdas econômicas. FAMÍLIA DILEPIDIDAE -Presença de rostelo retrátil com ganchos. -Corpo com muitas proglotes. -Presença de ventosas sem ganchos. -Proglotes grávidas com cápsulas ovígeras contendo ovos. SUBFAMÍLIA DILEPIDINAE GÊNERO Dipylidium ESPÉCIE Dipylidium caninum HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Pulgas (Ctenocephalides felis e C. canis) e piolho (Trichodectes canis). LOCAL: Forma adulta no duodeno. FORMA LARVAR: Cisticercóide. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA FORMA ADULTA: -Aparelho genital duplo. -Proglotes com laterais dilatadas. CICLO BIOLÓGICO: O cão infecta-se ao se coçar e lamber, quando acidentalmente ingere a pulga contendo Figura 180. Cápsula ovigera de Dipilydium contendo ovos Figura 179. Adulto de Dipylidium caninum 166 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides cisticercóide no seu interior. No intestino delgado esse hospedeiro intermediário é digerido e há liberação da forma larvar cisticercóide, o escólex se evagina, se desenvolvem as proglotes e mais tarde as proglotes grávidas saem nas fezes. O hospedeiro intermediário se infecta ingerindo as cápsulas ovígeras com os ovos ou com os ovos e na cavidade celomática a larva se desenvolve. IMP.MED.VET: Há uma incidência grande em criações de cães. As proglotes ativas saem pelo ânus causando um prurido muito grande o que leva muitas vezes o cão a arrastar o traseiro no chão. Em casos de altas infecções pode ocorrer inflamação intestinal, diarréia e cólica. GÊNERO Amoebotaenia ESPÉCIE Amoebotaenia sphenoides HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galináceos domésticos. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Minhoca. LOCAL: Forma adulta no duodeno. FORMA LARVAR: Cisticercóide. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA FORMA ADULTA: -Corpo com poucas proglotes (máximo 13). -Proglotes mais largas do que altas. -Aparelho genital simples. -Rostelo com ganchos e ventosas sem ganchos. -Cápsulas ovígeras contendo ovos. CICLO BIOLÓGICO: O hospedeiro definitivo se infecta ao ingerir o hospedeiro intermediário que contém a forma larvar. No tubo digestivo do hospedeiro definitivo ela se fixa no intestino delgado e desenvolve-se eliminando mais tarde, as proglotes grávidas que saem nas fezes. No ambiente o hospedeiro intermediário ingere os ovos que originam a forma larvar. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: A importância é nas criações extensivas onde as aves ficam em contato direto com o chão e conseqüentemente com minhocas. Em infecções elevadíssimas leva a alterações como gastrenterite, queda no desenvolvimento das aves e da produção. FAMÍLIA ANOPLOCEPHALIDAE (Anoplo- desarmado/ cephalidae- cabeça) CARACTERÍSTICAS -Escólex globoso com ventosas bem visíveis e sem ganchos. -Sem rostelo. -Útero no plano horizontal com saculações verticais. Figura 181. Ciclo de Dipylidium caninum 167 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides SUBFAMÍLIA ANOPLOCEPHALINAE GÊNERO Anoplocephala ESPËCIE Anoplocephala perfoliata HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Ácaros oribatídeos = ácaros cryptostigmata). LOCAL: Forma adulta no intestino delgado e grosso. FORMA LARVAR: Cisticercóide. CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: -Estróbilo não se destaca. -Ventosas olham para as laterais. -Proglotes empilhadas. -Não se vêem estruturas internas. -2 pares de projeções digitiformes. GÊNERO Anoplocephala ESPËCIE Anoplocephala magna HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Oribatídeos (ácaros cryptostigmata). LOCAL: forma adulta no intestino delgado e grosso. FORMA LARVAR: cisticercóide. CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: -Estróbilo se destaca. -Corpo maior. -Não apresenta projeções digitiformes. -Ventosas que “olham” para cima. -Não se vê estruturas internas. -Proglotes empilhadas. GÊNERO Paranoplocephala ESPËCIE Paranoplocephala mamillana HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. Figura 183. Anoplocephala magna. Figura 182. Porção anterior de A. perfoliata Projeções digitiformes 168 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Oribatídeos (ácaros cryptostigmata). LOCAL: forma adulta no intestino delgado ou região pilórica do estômago. FORMA LARVAR: cisticercóide. CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: -Fendas nas ventosas. -Ovário de um lado e testículos do outro. -Tamanho do corpo menor que Anoplocephala. CICLO BIOLÓGICO GERAL: As proglotes grávidas se destacam e vão ao solo com as fezes (A) os ovos liberados são ingeridos por ácaros (B), no interior do ácaro se forma o cisticercóide. O ácaro é ingerido pelo eqüino há liberação do cisticercóide que fixa-se no intestino delgado tornando-se adulto (C). Um a dois meses após a ingestão de ácaros infectados com a forma larvar, os vermes adultos são encontrados no intestino dos eqüinos. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Em infecções altas pode causar inflamação no Figura 185. Ovo de Figura 184. Ciclo biológico de Anoplocephalidae de eqüinos. A B C 169 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides ponto de fixação do parasito (intestino delgado e grosso) causando obstrução intestinal e raramente perfuração intestinal. Isso ocorre com mais intensidade em Anoplocephala perfoliata e quase não ocorre em Paranoplocephala mamillana. FAMÍLIA ANOPLOCEPHALIDAE GÊNERO Moniezia CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: -Escólex com ventosas bem visíveis. -Pescoço fino e longo. -Aparelho genital duplo. -Atinge 4,5 a 6 metros. ESPÉCIE Moniezia expansa HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Oribatídeos (ácaros cryptostigmata). LOCAL: Forma adulta no intestino delgado. FORMA LARVAR: cisticercóide. CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: -Glândulas interproglotidianas espalhadas nas bordas das proglotes. ESPÉCIE Moniezia benedeni HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Oribatídeos (ácaros cryptostigmata). LOCAL: Forma adulta no intestino delgado. FORMA LARVAR: Cisticercóide. CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: -Glândulas interproglotidianas comprimidas no terço mediano das bordas das proglotes. CICLO EVOLUTIVO GERAL: As proglotes grávidas ou ovos são eliminados nas fezes e no pasto são ingeridos por ácaros e nesses se desenvolvem as formas larvares. O hospedeiro definitivo se contamina ingerindo Figura 187. Ovos de Moniezia. Figura 186. Moniezia, anoplocephalidae de ruminantes. Escólex 170 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides acidentalmente os ácaros nas pastagens. As formas adultas se fixam no intestino delgado onde ocorre maturação e fecundação das proglotes. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Embora sejam pouco patogênicos, em grandes infecções de cordeiros jovens pode levar a redução do peso corporal reduzindo assim a qualidade da lã. SUBFAMÍLIA THYSANOSOMINAE GÊNERO Thysanosoma ESPÉCIE Thysanosoma actinioides HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Ácaros. LOCAL: Forma adulta no ducto biliar e pancreático. FORMA LARVAR: Cisticercóide. CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: -Franjas na borda posterior de cada proglote. -Aparelho genital duplo. Figura 189. Proglotes franjados de Thysanosoma Figura 188. Ciclo biológico de Anoplocephalidae de ruminantes. 171 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Cestóides CICLO BIOLÓGICO: As proglotes grávidas são eliminadas nas fezes onde ocorre a liberação dos ovos. No pasto são ingeridos por ácaros e nesses se desenvolvem as formas larvares (cisticercóides). O hospedeiro definitivo contamina-se ingerindo acidentalmente os ácaros nas pastagens. As formas larvares vão via corrente sanguínea ao ducto biliar e pancreático, onde ocorre o desenvolvimento, maturação e fecundação das proglotes. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA: A infecção leva a obstrução do ducto biliar levando a icterícia e até colangite. Figura 190. Thysanosoma actinioides adulto. Figura 191. Ovos de Thysanosoma sp. Fora da cápsula ovígera. 172 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides FILO NEMATHELMINTHES CLASSE NEMATODA ORDEM ASCARIDIDA FAMÍLIA ASCARIDIIDAE Ascaridia ORDEM SPIRURIDA FAMÍLIA PHYSALOPTERIDAE Physaloptera ORDEM OXYURIDA FAMÍLIA OXYURIDAE Oxyuris Passalurus Syphacia ORDEM STRONGYLIDA FAMÍLIA ANCYLOSTOMATIDAE Ancylostoma Bunostomum FAMÍLIA CHABERTIDAE Chabertia Oesophagostomum ORDEM ENOPLIDA FAMÍLIA DIOCTOPHYMATIDAE Dioctophyma FAMILIA TRICHOSTRONGYLIDAE Cooperia Ostertagia Teladorsagia Trichostrongylus Haemonchus FAMILIA DICTYOCAULIDAE Dictyocaulus Nematodirus FAMILIA STRONGYLIDAE Strongylus ORDEM RHABDITIDA FAMILIA STRONGYLOIDIDAE Strongyloides FAMILIA SYNGAMIDAE Stephanurus Syngamus FAMILIA ANGIOSTRONGYLIDAE Aelurostrongylus Angiostrongylus FAMILIA METASTRONGYLIDAE Metastrongylus FAMILIA PROTOSTRONGYLIDAE Muellerius FAMÍLIA HETERAKIDAE Heterakis FAMÍLIA ASCARIDIDAE Ascaris Parascaris Toxascaris Toxocara FAMÍLIA ACUARIIDAE Cheilospirura Dispharynx FAMÍLIA SUBULURIDAE Subulura FAMÍLIA THELAZIIDAE Thelazia Oxyspirura FAMÍLIA SPIROCERCIDAE Ascarops Physocephalus Spirocerca FAMÍLIA HABRONEMATIDAE Habronema FAMÍLIA ONCHOCERCIDAE Dirofilaria Dipetalonema Onchocerca Setaria FAMÍLIA TRICHURIDAE Capillaria Trichuris 173 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides FILO NEMATHELMINTOS CLASSE NEMATODA CARACTERÍSTICAS - Vermes de corpo cilíndrico. - Simetria bilateral. - Dupla camada de membranas. - Músculos lisos segmentados entre as membranas. - Pode apresentar cristas, espinhos ou asas (essas podem ser cefálicas, cervicais ou caudais). - Sistema digestivo completo (boca, vestíbulo oral, lábios, esôfago, faringe, intestino e ânus ou abertura anal). - Dimorfismo sexual (embora existam fêmeas partenogenéticas). TIPOS DE BOCAS, VESTÍBULOS ORAIS E LÁBIOS - Boca simples, com coroa franjada ou ainda com espinhos ou dentes (para hematófagos). - Vestíbulo oral simples, com lamelas ou com dentes. - Trilabiada, bilabiada ou com interlábios. TIPOS DE ESÔFAGO -Simples ou filariforme. -Oxiuriforme (com bulbo posterior). -Rabditiforme (com istmo e bulbo). -Com bulbo anterior. -Com dois bulbos. -Com divertículo. TIPOS DE INTESTINO -Com abertura anal no final do corpo. -Com abertura anal no meio do corpo. SISTEMA GENITAL FEMININO: É composto por dois ovários, dois ovidutos, um útero, uma vagina e uma vulva. Quanto ao tipo de útero podem ser: 1.Opistodelfas: útero voltado para a parte posterior do corpo. 2.Prodelfas: útero voltado para a parte anterior do corpo. 3.Anfidelfas: útero dividido, sendo que os ovários ficam um para cada lado do corpo. Figura 192. Alguns exemplos de esôfago de nematóides. PARTE III Nematóides ____________________________________________________________________________________ 174 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides 4.Mesodelfas: útero faz uma volta, onde os ovários quase se tocam. SISTEMA GENITAL MASCULINO: É composto por dois testículos, dois canais deferentes, um canal ejaculador, dois espículos (que são estruturas quitinizadas para condução do sêmen à abertura genital e que podem ser simples, com ganchos ou ornamentados), um gubernáculo (que orienta os espículos durante a cópula) e 1 bolsa copuladora com raios bursais. Essa é dividida em troncos (para abraçar a fêmea): 1. Tronco ventral: dois troncos para cima. 2. Tronco lateral: três troncos para trás. 3. Tronco dorsal: três troncos para trás. FORMA INFECTANTE PARA O HOSPEDEIRO A maioria dos nematóides infecta por L3. TIPOS DE OVOS 1. Simples. 2. Operculado. 3. Bioperculado. 4. Larvado. A casca apresenta três camadas: 1. Membrana de fertilização: responsável pela secreção da casca. É a parte mais interna. 2. Membrana lipoídica Figura 193. Estrutura de um macho de nematóide. Figura 194. Estrutura de uma fêmea de nematóide. Figura 195. Tipos de ovos de nematóide. 1 2 3 4 175 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides 3. Membrana protéica: só aparece em alguns helmintos e esses ficam mais resistentes à condições ambientais ( ex: Ascarídeos). OBS: os ovos podem ser encontrados em fezes, urina e expectoração brônquica. TIPOS DE FÊMEAS 1.Ovovivíparas: Postura de ovos com embrião ou larva formada (na hora da postura). 2.Ovíparas: Postura de ovos no 1° estágio (sem segmentação). 3.Vivíparas: fêmeas fazem postura de larvas. OBS: A resistência da larva é devido a sua cutícula. Em cada muda ela perde a cutícula e ganha outra, a não ser na passagem de L2 para L3, pois aí a L3 retém a cutícula da L2 ficando com duas e se tornando assim mais resistente às condições do meio ambiente. FORMAS DE INFECÇÃO -Picada de mosquito. -Ingestão de ovos. -Ingestão de larvas. -Ingestão do HI. -Infecção cutânea (penetração). O desenvolvimento de L3 a adulto pode ser de várias formas: Alguns ficam no tubo digestivo e ali se desenvolvem; alguns se desenvolvem fixados à mucosa; e outros vão a circulação indo se desenvolver nos órgãos. ORDEM RHABDITIDA SUPERFAMÍLIA RHABDITOIDEA FAMÍLIA STRONGYLOIDIDAE GÊNERO Strongyloides ESPÉCIE – Strongyloides sp. Strongy- redondo/ oides- forma HOSPEDEIRO DEFINITIVO: S. westeri: Eqüinos. S. ransomi: Suínos. S. papillosus: Bovinos. S. stercoralis: Homem, cão e gato. LOCAL: Intestino delgado CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho muito pequeno (♀ parasitas menores que 1 cm). -Fêmeas partenogenéticas, com boca trilabiada, sem cápsula bucal e com esôfago claviforme. -Ovário e útero anfidelfos (alças p/ lados diferentes) e no 2° quarto do corpo. -Larvas com esôfago filariforme, ocupando um terço do tamanho do corpo. -Aparecem ovos por todo o corpo da fêmea. -Ovo larvado com 50 a 60 micras. Figura 196. Ovo larvado de Strongyloides. 176 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides OBS: Só as fêmeas partenogenéticas são parasitas. Essas são triplóides e possuem esôfago filariforme. Machos são haplóides e fêmeas de vida livre são diplóides e produzem indivíduos triplóides. Esses possuem esôfago rabditiforme (ocupa ¼ do corpo). CICLO BIOLÓGICO: 1 - Homogômico ou direto: Em condições ambientais favoráveis a L1 vai a L2 e L3 dentro ou fora do ovo. O hospedeiro definitivo se contamina através da penetração das larvas L3 na pele e essas ganham as arteríolas, coração, pulmão e nos bronquíolos a L3 passa a L4 e vai aos brônquios, traquéia, laringe, onde são deglutidas caem no tubo digestivo e passam a L5 (larvas jovens) desenvolvendo-se as fêmeas partenogenéticas. Outra forma de infecção é através da ingestão de alimentos contaminados aonde a L3 chega ao tubo digestivo e no intestino rompe a parede, passa para a circulação e repete o ciclo. Também pode haver contaminação placentária. 2 - Heterogômico ou indireto: Em condições ambientais ideais a L1 segue o caminho que dará origem a L3 (forma infectante) ou origina formas não infectantes, ou seja, L1, L2, L3, L4 e L5 que amadurecem, vão a adultos de vida livre e copulam gerando formas parasitárias (fêmeas partenogenéticas). PPP- 15 à 25 dias IMP.MED.VET: Atingem exclusivamente animais jovens (primeiros meses de idade), podendo afetar fêmeas em lactação. A penetração das larvas na pele causa irritação, inflamação local e dermatite localizada (que pode ser purulenta), tudo depende do número de larvas e do local de penetração. A passagem pelo pulmão pode causar processos inflamatórios (pneumonia) e as formas adultas que estão nas vilosidades intestinais promovem a erosão destas provocando infecção e levando a enterite catarral, que apresenta muito catarro e muco. Pode gerar também aumento do peristaltismo intestinal provocando diarréia, má absorção alimentar, desidratação o que acarreta diminuição do desenvolvimento dos animais jovens. Em casos graves leva a morte do animal. Período pré-patente- 15- 25 dias. Figura 197. Ciclo biológico de Strongyloides sp. 177 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides OBS: Utiliza-se para diagnóstico a técnica MACMASTER no caso de S. westeri, S. ransomi e S. papillosus. Já para diagnosticar S. stercoralis utiliza-se a técnica de BAERMAN que procura larvas, pois os ovos são postos num estágio mais avançado. ORDEM OXYURIDA SUPERFAMÍLIA OXYUROIDEA FAMÍLIA OXYURIDAE -Boca trilabiada. -Esôfago oxyuriforme ou rabditiforme. GÊNERO Oxyuris ESPÉCIE - Oxyuris equi HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho médio (♀ - 4 a 15 cm, ♂ - 0,9 a 1,2 cm). -Esôfago oxyuriforme, com istmo longo. -Cauda terminando em forma de chicote. -Fêmeas com muitos ovos por toda a extensão do corpo. -Macho com um espículo e asa caudal. -Ovos operculados, ovais e amarelados. . CICLO BIOLÓGICO: A - Ovo com L3 é ingerido. B,C – Larva liberada no intestino. D – passa a L4 e L5 (adultos). E - Fêmea migra até o ânus onde deposita ovos na região perianal com uma substância cimentante. PPP = Quatro a cinco meses. Figura 199. Adulto de Oxyuris. Figura 198. Ovo de Oxyuris equi Figura 200. Ciclo biológico de Oxyuris equi. A B,C D E 178 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides Obs: Larvas podem eclodir e voltar ao intestino grosso – retroinfecção. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: As formas jovens são mais patogênicas, principalmente as L3 que penetram na mucosa levando à inflamações intestinais (enterite) seguidas de diarréia. A substância colocada com o ovo na região perianal provoca um prurido intenso e o animal se coça, se machucando e podendo perder pelo. ORDEM ASCARIDIDA -Apresentam papilas pré-cloacais, cloacais e pós-cloacais. SUPERFAMÍLIA ASCARIDOIDEA FAMÍLIA HETERAKIDAE GÊNERO Heterakis ESPÉCIE - Heterakis gallinarum HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Aves. H. PARATÊNICO (de transporte): Minhoca. LOCAL: Cecos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho pequeno – 4 a 15 mm. -Boca trilabiada. -Esôfago bulbiforme. -Machos apresentam dois espículos de tamanhos diferentes, uma ventosa pré-cloacal e asa caudal na extremidade posterior. Também apresenta papilas pré-cloacais, cloacais e pós- cloacais. CICLO BIOLÓGICO: Ciclo direto, sem migração. No ceco, as fêmeas fazem a postura de ovos (com uma célula e casca espessa) e esses saem com as fezes para o meio ambiente. Ocorre o desenvolvimento de L1 dentro do ovo (passa a L2 e L3) e o HD se infecta ingerindo os ovos com a forma infectante (L3). No tubo digestivo da ave, que também pode ingerir minhocas que mantém larvas L3 em seus tecidos, a L3 é liberada e vai ao ceco. Uma parte das larvas penetra profundamente na mucosa cecal e outra fica nas criptas do epitélio cecal fazendo as mudas para L4 e L5 e depois passando a adultos. Figura 202. Ovo de Heterakis sp. Figura 201. Adultos de Heterakis gallinarum 179 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides PPP = 4 semanas. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: As larvas podem causar espessamento de mucosa cecal causando pequenas inflamações. As larvas ao se alimentarem da mucosa podem ingerir e depois transmitir um protozoário chamado Histomonas meleagridis (ou ele entra na formação do ovo). É patogênico para perus jovens por isso não se recomenda criar perus em terrenos já utilizados por galinhas. FAMÍLIA ASCARIDIIDAE GÊNERO - Ascaridia ESPÉCIE: Ascaridia galli HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Aves. LOCAL: Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho médio (♀ - 6 a 12 cm, ♂ -1 a 2 cm). -Esôfago claviforme. -Ovos semelhantes so de Heterakis. -Boca trilabiada. -Machos apresentam dois espículos de mesmo tamanho e uma ventosa pré-cloacal na extremidade posterior. Também apresenta papilas pré-cloacais, cloacais e pós-cloacais. -A cauda nos machos termina abruptamente. CICLO BIOLÓGICO: O ciclo evolutivo é direto (sem migração). A ave ingere o ovo com a L3 (estádio infectante). A L3 eclode no intestino delgado onde passam a L4 e adultos (Machos e fêmeas). Há a cópula e a fêmea faz a postura dos ovos que são levados ao meio ambiente com as fezes. No interior do ovo em condições de temperatura e umidade adequadas há a formação da L1, L2 e L3. IMP.MED.VET: É um dos helmintos mais comuns de aves. Um grande número de parasitas pode obstruir o intestino e causar a morte da ave. Geralmente é grave em animais jovens (até três meses de idade). SUPERFAMÍLIA ASCARIDOIDEA FAMÍLIA ASCARIDIDAE SUBFAMÍLIA ASCARIDINAE GÊNERO Ascaris CARACTERÍSTICAS: - São parasitos de animais jovens porque interferem no crescimento e no ganho de peso. - Os ovos têm casca muito espessa e isso os torna extremamente resistentes no solo. - O ovo não é atingido por desinfetantes. - A fêmea coloca até 20.000 ovos por dia. ESPÉCIE Ascaris lumbricoides HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem. LOCAL: Intestino delgado. GÊNERO Ascaris ESPÉCIE Ascaris suum HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Suínos. 180 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides LOCAL: intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho grande (♀ - 20 a 40 cm,♂ -15 a 25 cm). -Vagina no terço anterior. -Fêmeas terminam em cauda romba e machos possuem 2 espículos. -Boca trilabiada. CICLO BIOLÓGICO: Os suínos se infectam ao ingerirem (E) o ovo com membrana dupla contendo L3, ou ao ingerir hospedeiros paratênicos (minhocas ou besouros) contendo a L3 que é liberada no tubo digestivo (intestino principalmente ceco). A L3 penetra na mucosa (F), por via linfática vai aos linfonodos e pela veia porta vai ao fígado (G), coração e pulmão (H) via circulação. A muda para L4 ocorre nos alvéolos, a larva (L4) vai à glote (I) é redeglutida e no intestino delgado elas se alojam fazendo o resto das suas mudas (L5) e se tornando adultos. As fêmeas fazem a postura e os ovos saem nas fezes (A). O ovo quando sai nas fezes não está larvado (B), mas para ser infectante precisa ocorrer a formação da L3 (Larva 3) no seu interior (C). PPP = 2 meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: As larvas podem causar pneumonia transitória (pulmão), anemia do leitão e manchas esbranquiçadas que condenam o fígado e que representam inflamação. Os vermes adultos podem levar a obstrução intestinal e icterícia, o que também pode levar a condenação da carcaça. Há importância em suínos jovens pois leva a diminuição no ganho de peso levando a um prolongamento no período de engorda. GÊNERO Parascaris ESPÉCIE Parascaris equorum HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Figura 203. Ovo de Ascaris suum. Figura 204. Ciclo biológico de Ascaris suum. 181 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides -Tamanho grande – (♀ - 20 a 50 cm,♂ -15 a 28 cm). -Machos possuem asa caudal. -Boca trilabiada com interlábios. PPP: Um a três meses. CICLO: Semelhante ao do Ascaris suum. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Pode ocasionar cólica e obstrução no intestino delgado de potros. GÊNERO Neoascaris (Toxocara) ESPÉCIE - Neoascaris vitulorum HOSPEDEIRO DEFINITIVO – Bovídeos. LOCAL – Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho grande – (♀ - 22 a 30 cm,♂ -15 a 26 cm). -Cor esbranquiçada. -Cabeça mais estreita que o corpo. -Boca trilabiada. -Ovos com 60 a 100 µm. CICLO – Semelhante ao do Ascaris. SUBFAMÍLIA TOXOCARINAE GÊNERO Toxocara ESPÉCIE - Toxocara canis HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cães. LOCAL: intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho médio (♀ - 9 a 18 cm,♂ - 4 a 10 cm). -Esôfago claviforme. -Boca trilabiada. -Asa cervical longa e estreita. -Apresentam ventrículo esofagiano. -Macho tem uma projeção digitiforme na cauda. ESPÉCIE - Toxocara cati Figura 205. Adultos de Parascaris Figura 206. Boca trilabiada de 182 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Gatos. LOCAL: Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho médio (♀ - 4 a 12 cm,♂ - 3 a 7 cm). -Esôfago claviforme. -Boca trilabiada. -Asa cervical larga e curta. -Apresentam ventrículo esofagiano. GÊNERO Toxascaris ESPÉCIE - Toxascaris leonina HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Felinos e caninos. LOCAL: Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS: -Tamanho médio – (♀ - 2 a 10 cm,♂ - 2 a 7 cm). -Esôfago claviforme. -Boca trilabiada. -Asa cervical. -Não apresentam ventrículo esofagiano. CICLO BIOLÓGICO GERAL DE TOXOCARINAE: As fêmeas fazem a postura dos ovos que saem nas fezes e forma-se a L1, L2 e L3 dentro do ovo. O HD se infecta de 4 maneiras: 1) Via oral - o hospedeiro definitivo ingere o ovo com a forma infectante, que é liberada no tubo digestivo e penetra na mucosa do intestino delgado e pela circulação porta vai ao fígado, depois coração e alvéolos pulmonares, onde faz a muda para L4, chega a glote sendo deglutida e indo novamente ao intestino, onde muda para L5 e torna-se adulta. Esse é o ciclo de Loss (ou Figura 209. Ovo de Toxascaris sp. Figura 207. Ovo de Toxocara Figura 208. Adultos de Toxocara canis. 183 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides hepatotraqueal) que ocorre em cães jovens (até três meses), pois em cães adultos as larvas chegam ao pulmão como L3 e pegam a circulação de retorno para o coração e são bombeadas pela aorta para diferentes partes do corpo onde mantêm-se ativas por anos. PPP = Quatro a cinco semanas. 2) Via transplacentária - Em fêmeas gestantes as larvas passam pelo sangue arterial podendo contaminar o feto. Se a cadela contaminar-se antes da gestação e possuir as larvas na musculatura, em função das alterações hormonais elas podem ser reativadas e contaminar o feto. É a forma de contaminação mais importante nos cães, mas em gatos não ocorre. 3) Via transmamária - As fêmeas passam as larvas aos filhotes através do leite. Não há migração pulmonar no filhote por essa via. 4) Via hospedeiros paratênicos - Pode haver contaminação através da ingestão de roedores e aves (no caso de cães) e outros animais (no caso de gatos). IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: A ingestão do ovo com a L3, no caso de Toxocara, pelo homem faz com que essa larva passe pelo fígado e desencadeie reações de corpo estranho, podendo causar lesões hepáticas conhecidas como larvas migrans visceral. Em cães a infecção pode levar à pneumonia, enterite mucóide e até oclusão parcial ou completa do intestino, e nos casos mais raros, perfuração com peritonite. ORDEM STRONGYLIDA SUPERFAMÍLIA STRONGYLOIDEA -Macho com bolsa copuladora que se movimenta para auxiliar o movimento da cópula. -Ovos de casca dupla e fina com várias células no seu interior (ovo morulado). FAMÍLIA STRONGYLIDAE CARACTERÍSTICAS: Figura 211. Cão com aparência típica de infecção por ascarídeo. Figura 210. Ciclo biológico de Toxocara canis. 184 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides -Presença de cápsula bucal. -Presença de esôfago claviforme. SUBFAMÍLIA STRONGYLINAE -Cápsula bucal com formato subglobular. -Adultos hematófagos. GRANDES STRONGYLÍDEOS: GÊNERO Strongylus ESPÉCIE: Strongylus vulgaris HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Tamanho de pequeno a médio (♀ - 2 a 2,5 cm, ♂ - 1 a 1,6 cm). • Adultos hematófagos. • Cápsula bucal grande, com coroa franjada, apresentando dois dentes arredondados e um ducto da glândula esofagiana. • Esôfago claviforme. • Machos com bolsa copuladora e 2 espículos de tamanho médio. • Fêmeas terminando afiladamente. S. equinus Figura 212. Adultos de Strongylus. Figura 214. Da Esquerda para direita: Cápsula bucal de Strongylus edentatus, S. equinus e S. vulgaris. Figura 215. Ciclo biológico de Strongylus. Figura 213. Cápsula bucal de Strongylus vulgaris. 185 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides CICLO BIOLÓGICO: O hospedeiro definitivo ingere a L3 nas pastagens ou na água contaminada. No intestino delgado a larva perde a bainha de proteção e vai ao intestino grosso penetrar na mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). Vai então à íntima da artéria mesentérica e atravessa a art. mesentérica anterior (cranial) fazendo aí as mudas para L4 e L5 e formando nódulos e lesões chamadas de arterite. Quando a L5 se desprende, atravessa a parede do ceco/cólon caindo na luz intestinal. Nesse local ocorre a diferenciação sexual (machos e fêmeas). Após a cópula as fêmeas colocam os ovos que saem nas fezes e se desenvolvem no meio ambiente. PPP = Seis a sete meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: É a espécie mais patogênica para eqüinos, porque os nódulos formados na artéria mesentérica anterior são responsáveis por tromboembolias que levam a cólicas, o que pode até matar o animal por hemorragia interna pelo rompimento da artéria. ESPÉCIE: Strongylus equinus HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho de pequeno à médio (♀ - 3,5 a 5,5 Figura 218. Cápsula bucal de Strongylus equinus. Figura 216. L3 de Strongylus vulgaris obtida de coprocultura. Figura 217. Ovo de Strongylus sp. Pode-se contar os blastômeros 186 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides cm, ♂ - 2,5 a 3,6 cm). -Adultos hematófagos. -Cápsula bucal grande, com coroa franjada e apresentando três dentes pontiagudos (sendo um deles com ponta bífida) e um ducto da glândula esofagiana. -Esôfago claviforme. -Ovos medindo 98 µm de comprimento. CICLO BIOLÓGICO: O hospedeiro definitivo ingere a L3 nas pastagens ou na água contaminada. No intestino delgado a larva perde a bainha de proteção e vai ao intestino grosso penetrar na mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). Atinge então a subserosa formando nódulos e após 11 dias atinge a cavidade peritonial (já como L4) e migra para o fígado onde provoca lesões. Após ± 3 meses, vai ao intestino grosso como L5 e aí amadurece virando adulto com 260 dias. Após a postura os ovos saem nas fezes e se desenvolvem em meio ambiente. PPP = 9 meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Dependendo da quantidade de L3 ingerida o animal pode apresentar emagrecimento, dor, cólica devido a função hepática ou pancreática estar anormal. ESPÉCIE - Strongylus edentatus HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho de pequeno a médio (♀ - 3,3 a 4,4 cm, ♂ - 2,3 a 2,8 cm). -Adultos hematófagos. -Cápsula bucal grande, com coroa franjada, um ducto da glândula esofagiana e sem apresentar dentes. -Esôfago claviforme. CICLO BIOLÓGICO: O Hospedeiro definitivo ingere a L3 nas pastagens ou na água contaminada. No intestino delgado a larva perde a bainha de proteção e vai ao intestino grosso penetrar na mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). Vai assim pela circulação porta ao fígado (após 11 a 18 dias) e depois de 9 semanas migram pelo ligamento hepático formando nódulos, nesse local fazem mudas para L4 e L5. Vão então à cavidade peritonial, penetram na mucosa do ceco e cólon onde aparecem nódulos hemorrágicos e após 3 a 5 meses já estão no lúmem para que haja cópula, postura e liberação Figura 219. Cápsula bucal de S. edentatus. 187 Versão de avaliação Contato: sgmonteiro@uol.com.br ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Livro didático de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Profa Silvia Gonzalez Monteiro Nematóides dos ovos nas fezes com posterior desenvolvimento desses no meio ambiente. PPP = Três a cinco meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Dependendo da quantidade de L3 ingerida o animal pode apresentar emagrecimento, dor, cólica ocasionados pela função hepática anormal e pelos nódulos no ceco/cólon. GÊNERO Triodontophorus ESPÉCIE - Triodontophorus sp. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho de pequeno a médio (♀ - 2,5 cm, ♂ - 1,8 cm). -Adultos hematófagos. -Cápsula bucal de tamanho médio, com coroa franjada, ducto da glândula esofagiana e com lâminas serrilhadas no fundo da cápsula. CICLO BIOLÓGICO: Não migratório, os adultos também são hematófagos. Não há muitas informações sobre o ciclo de desenvolvimento deste parasito. PEQUENOS STRONGYLÍDEOS: SUBFAMÍLIA - CYATHOSTOMINAE HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.