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DP4 - Ex1 - a19.08 - 312-327.pdf Disciplina: CCJ0034 DIREITO PENAL IV Artigos 312 a 317 CP Data: 19/08/2013 Professor(a): ARMANDO CARLOS NAHMIAS COSTA Exercício 1 AV1 Aluno(a): Data da Vista: / / Ass. Professor: Ass. Aluno: Nota: LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES ANTES DE INICIAR A AVALIAÇÃO 1. Leia atentamente todo o enunciado de cada questão antes de começar a responder, para se certificar de todas as circunstâncias descritas. 2. Será permitido qualquer tipo de consulta. 3. Somente será aceita uma resposta correta para cada questão objetiva, que deve ser assinalada à caneta PRETA OU AZUL no espaço denominado GABARITO, indicando a letra da opção correta ou indicando C para o enunciado correto e E para o enunciado errado. Respostas em outros locais ou em desacordo com tais orientações serão desconsideradas. Rasuras invalidam a resposta para a questão correspondente. GABARITO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 CRIMES PRATICADOS POR AGENTE PÚBLICO ARTS. 312 A 327 01. (744. CESPE / Administrativo - AGU / 2010) Um servidor da administração direta da União, violando dever funcional, apropriou-se de bens públicos de que tinha posse em razão do cargo e vendeu-os a terceiros, auferindo assim proveito financeiro. Nessa hipótese, o agente deverá responder pelo delito de peculato, sem prejuízo das sanções administrativas correspondentes. 02. (745. CESPE / Administrativo - AGU / 2010) Um servidor público, nomeado para elaborar prova de concurso para a progressão de servidores para classe imediatamente superior, antecipou a alguns candidatos as questões e as respostas do exame, o que acarretou graves consequências de ordem administrativa e patrimonial devido à anulação do certame. Nessa situação, além das sanções administrativas correspondentes, o agente responderá pelo crime de violação de sigilo funcional. 03. (746. CESPE / Administrativo - AGU / 2010) Um delegado de polícia, por desleixo e mera indolência, omitiu-se na apuração de diversas ocorrências policiais sob sua responsabilidade, não cumprindo, pelos mesmos motivos, o prazo de conclusão de vários procedimentos policiais em curso. Nessa situação, a conduta do policial constitui crime de prevaricação. 04. (747. CESPE / Administrativo - AGU / 2010) Um policial militar em serviço, ao abordar um cidadão, exigiu dele o pagamento de determinada soma em dinheiro, utilizando-se de violência e ameaçando-o de sequestrar o seu filho. A vítima, ante o temor da ameaça, cedeu às exigências formuladas e entregou ao policial a quantia exigida. Nessa situação, não obstante a prática de crime pelo agente, não há que se falar em delito de concussão, pois inexiste nexo causal entre a função pública desempenhada pelo policial e a ameaça proferida. 05. (748. CESPE / Administrativo - AGU/ 2010) Um funcionário que ocupa cargo em comissão de uma prefeitura foi exonerado, de ofício, pelo prefeito, tendo sido formalmente cientificado do ato mediante comunicação oficial devidamente publicada no diário oficial. A despeito disso, o servidor continuou a praticar atos próprios da função pública, sem preencher condições legais para tanto. Nessa situação, configurou- se o delito de usurpação de função pública. 06. (749. CESPE / Procurador - BACEN / 2009) Não haverá o crime de condescendência criminosa quando faltar ao funcionário público competência para responsabilizar o subordinado que cometeu a infração no exercício do cargo. 07. (750. CESPE / Procurador - BACEN / 2009) No crime de prevaricação, a satisfação de interesse ou sentimento pessoal é mero exaurimento do crime, não sendo obrigatória a sua presença para a configuração do delito 08. (751. CESPE / Procurador - BACEN / 2009) A ocorrência de prejuízo público como resultado do fato não influencia a pena do crime de abandono de função. 09. (752. CESPE / Analista - IBRAM / 2009) O agente público que, descumprindo dever funcional, praticar ato de ofício apenas por ceder à influência de outrem comete o crime de prevaricação. 10. (753. CESPE / Analista - IBRAM / 2009) O agente público que, mediante ameaças e lesão corporal, exige vantagem pecuniária indevida comete o crime de concussão. 11. (754. CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) No delito de peculato, é desnecessário o elemento subjetivo do tipo denominado animus rem sibi habendi, sendo certo que o mero uso do bem público para satisfazer interesse particular, ainda que haja devolução posterior, configura o crime em tela. 12. (755. CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) Os crimes contra a administração pública, ainda que considerados de menor potencial ofensivo, não se sujeitam ao rito dos juizados especiais. 13. (822. CESPE / Titular de Serviços Notariais - TJ-DF / 2004) Beto, agente de polícia, quando se encontrava de plantão na delegacia, foi cientificado pessoalmente de um acidente de trânsito com vítima de morte. Por negligência, deixou de registrar a ocorrência e levá-la ao conhecimento do delegado. Nesse caso, Beto responderá pelo crime de prevaricação. 14. (758. CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) Policial civil que ingressa no depósito de veículos e subtrai uma motocicleta apreendida comete o crime de peculato desvio. 15. (759. CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) Comete o crime de concussão o médico de hospital público que exige de paciente, em razão de sua função, dinheiro para viabilizar o atendimento pelo SUS. 16. (760. CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) Se um gerente do Banco do Brasil, entidade paraestatal, apropriar-se de dinheiro particular de que tem a posse em razão do cargo, o crime por ele cometido será o de apropriação indébita, uma vez que ele não pode ser considerado funcionário público para fins penais. 17. (761. CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) No crime de concussão, o ressarcimento do dano é causa de extinção da punibilidade. 18. (762. CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) Para que se configure o crime de desvio irregular de verbas, é necessário que as contas do gestor público sejam rejeitadas pelo tribunal de contas. 19. (763. CESPE / Auditor – SESCONT-ES / 2009) Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o peculato, na modalidade desvio, é crime formal, consumando-se independentemente de prejuízo efetivo para a administração pública. 20. (764. CESPE / Agente da Polícia Federal - DPF / 2009) Considere a seguinte situação hipotética. Tancredo recebeu, para si, R$ 2.000,00 entregues por Fernando, em razão da sua função pública de agente da Polícia Federal, para praticar ato legal, que lhe competia, como forma de agrado. Nessa situação, Tancredo não responderá pelo crime de corrupção passiva, o qual, para se consumar, tem como elementar do tipo a ilegalidade do ato praticado pelo funcionário público. 21. (765. CESPE / Agente da Polícia Federal - DPF / 2009) Caso um policial federal preste ajuda a um contrabandista para que este ingresse no país e concretize um contrabando, consumar-se-á o crime de facilitação de contrabando, ainda que o contrabandista não consiga ingressar no país com a mercadoria. 22. (766. CESPE / Analista jurídico - SEBRAE-BA / 2009) Tratando-se de peculato culposo, a reparação do dano, a qualquer momento, extingue a punibilidade do agente. 23. (767. CESPE / Analista jurídico - SEBRAE-BA / 2009) Equipara-se a funcionário público, para fins penais, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal. 24. (768. CESPE / Procurador Judicial – IPOJUCA-PE / 2009) O agente público que, embora não tendo a posse do dinheiro, o subtrai em proveito próprio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário, comete modalidade de peculato. 25. (770. CESPE / Assistente Administrativo - MPE-RR / 2009) O agente que facilita a revelação de fato de que tem ciência em razão do cargo que ocupa, mas que deveria permanecer em segredo não pratica crime, mas pode ser responsabilizado administrativamente pela prática de infração disciplinar. 26. (771. CESPE / Assistente Administrativo - MPE-RR / 2009) O servidor público que se apropria, em proveito próprio, de dinheiro público de que tem a posse em razão do cargo que ocupa, pratica o crime de peculato. 27. (772. CESPE / Analista Judiciário - TRE – GO / 2009) No crime de corrupção passiva, se, por causa do delito, o funcionário retardar a prática de ato de ofício, haverá mero exaurimento da conduta delituosa, que não conduz ao aumento de pena. 28. (773. CESPE / Analista Judiciário - TRE – GO / 2009) No crime de prevaricação, a satisfação de interesse ou sentimento pessoal, que motiva a prática do crime, é necessária para a existência do crime. 29. (774. CESPE / Analista Judiciário - TRE – GO / 2009) Pratica crime de prevaricação o funcionário que deixa, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. 30. (775. CESPE / Analista Judiciário - TRE – GO / 2009) No crime de advocacia administrativa, a legitimidade ou ilegitimidade do interesse privado patrocinado perante a administração pública não influi na pena. 31. (776. CESPE / Procurador - PM Natal / 2008) Adão, diretor de penitenciária federal, deixou de cumprir seu dever de vedar aos presos ali custodiados o acesso a aparelho telefônico celular, fato que permitiu aos detentos a comunicação com o ambiente externo. Nessa situação, Adão cometeu, em tese, o delito de condescendência criminosa. 32. (777. CESPE / Agente Fiscal de Tributos - Pref. Teresina-PI / 2008) Comete crime de prevaricação o funcionário público que, por indulgência, retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou pratica-o contra disposição expressa de lei. 33. (778. CESPE / Agente Fiscal de Tributos - Pref. Teresina-PI / 2008) O funcionário público que, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, deixa de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe faltar competência, não leva o fato ao conhecimento da autoridade competente, pratica o crime de condescendência criminosa. 34. (779. CESPE / Agente Fiscal de Tributos - Pref. Teresina-PI / 2008) Pratica apenas infração administrativa, conduta considerada atípica, o funcionário público que, na cobrança de tributo ou contribuição social, emprega meio vexatório ou gravoso não autorizado por lei. 35. (784. CESPE / Agente Fiscal de Tributos - Pref. Teresina-PI / 2008) O abandono de cargo público, fora dos casos permitidos em lei, caracteriza crime contra a administração pública, e não apenas infração administrativa. 36. (785. CESPE / Guarda Municipal – ARACAJU / 2008) No caso de peculato culposo ou doloso, a reparação do dano antes da sentença extingue a punibilidade do sujeito ativo do crime. 37. (786. CESPE / Guarda Municipal – ARACAJU / 2008) Comete crime de peculato o agente que exige vantagem indevida, em razão de sua função, direta ou indiretamente. 38. (787. CESPE / Guarda Municipal – ARACAJU / 2008) Comete crime de corrupção passiva o agente que solicita, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, em razão de sua função, vantagem indevida. Se essa solicitação for feita antes de ter o agente assumido a função pública, a pena deve ser reduzida. 39. (788. CESPE / Guarda Municipal – ARACAJU / 2008) Comete crime de prevaricação o agente que retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, para satisfazer interesse pessoal. 40. (789. CESPE / Analista Judiciário - TJ-DF / 2008) Pratica crime de prevaricação o funcionário público autorizado que insere dados falsos nos sistemas informatizados ou banco de dados da administração pública, com o fim de causar dano a outrem. 41. (790. CESPE / Fiscal de Tributos - PM-Rio Branco-AC / 2007) Os crimes cometidos contra a administração pública são delitos que têm servidores públicos por autores ou sujeitos ativos. 42. (791. CESPE / Fiscal de Tributos - PM-Rio Branco-AC / 2007) O próprio Código Penal brasileiro dá o conceito de funcionário público para fins penais, podendo tal conceito ser considerado tanto para identificar o sujeito ativo como o sujeito passivo de crimes. 43. (792. CESPE / fiscal de Tributos - PM-Rio Branco-AC / 2007) No delito de inserção de dados falsos em sistema de informações da administração pública, o sujeito passivo é, unicamente, o Estado. 44. (793. CESPE / OAB / 2007) O agente que se vale do cargo público que ocupa para exigir da vítima vantagem indevida comete o crime de concussão. 45. (794. CESPE / OAB / 2007) Pedro, funcionário público, deixou de praticar ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo à influência de Daniele, sua namorada. Nessa situação hipotética, a conduta de Pedro se amolda ao tipo de crime, previsto no Código Penal, de corrupção passiva. 46. (795. CESPE / Procurador - AGU / 2007) A única diferença existente entre os crimes de concussão e de corrupção passiva é que, no primeiro, o agente exige, enquanto, no segundo, o agente solicita ou recebe vantagem indevida, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela. 47. (796. CESPE / Procurador - AGU / 2007 - Adaptada) O servidor que recebe vantagem indevida de particular e emprega-a na própria repartição para fins de melhoria do serviço público pratica conduta atípica. 48. (797. CESPE / Procurador - TCM-GO / 2007) Não pratica o crime de condescendência criminosa o servidor público que, tomando conhecimento da incontinência pública e escandalosa de subordinado hierárquico que também seja viciado em jogos proibidos, deixa, por complacência, de instaurar procedimento disciplinar para apurar suposta falta funcional. 49. (798. CESPE / Procurador - TCM-GO / 2007) No crime de corrupção passiva, é imprescindível que seja lícito o ato funcional - comissivo ou omissivo - sobre o qual versa a venalidade, isto é, ato não-contrário aos deveres do cargo ou da função do funcionário público. 50. (799. CESPE / Procurador - TCM-GO / 2007) Considere que João tenha confiado, particularmente, R$ 3.000,00 em dinheiro a seu vizinho e amigo Pedro, auditor fiscal da Receita Federal, para que providenciasse o pagamento de um débito fiscal em nome do próprio João. Considere, ainda, que Pedro, que passava por dificuldades financeiras, tenha-se apropriado da quantia recebida. Nessa situação, Pedro praticou o crime de peculato. 51. (800. CESPE / Procurador - TCM-GO / 2007) No crime de prevaricação, o interesse pessoal que o agente objetiva satisfazer somente pode ser de natureza moral, pois, caso seja material (patrimonial), estará configurado o crime de corrupção passiva ou o de concussão. 52. (801. CESPE / Auditor - TCU / 2007) Considere a seguinte situação hipotética. João, empregado público do Metrô, apropriou-se indevidamente, em proveito próprio, de setenta bilhetes integração ônibus/metrô no valor total de R$ 35,00, dos quais tinha a posse em razão do cargo (assistente de estação) que ocupava nessa empresa pública. Nessa situação, de acordo com o entendimento do STJ, em face do princípio da insignificância, não ficou configurado o crime de peculato. 53. (802. CESPE / Auditor - TCU / 2007) A inserção de dados falsos em sistema de informação é crime próprio no tocante ao sujeito ativo, sendo indispensável a qualificação de funcionário público autorizado e possível o concurso de agentes. 54. (803. CESPE / Auditor - TCU / 2007) Considere a seguinte situação hipotética. Um analista de finanças e controle exigiu de um gestor público a importância de R$ 20.000,00 como condição para não inserir, em um relatório de auditoria, irregularidades constatadas no repasse de recursos de um convênio do qual era responsável. No momento da entrega da quantia em dinheiro exigida, o analista de finanças foi preso por agentes de polícia. Nessa situação, pelo fato de o servidor público não ter chegado a receber o dinheiro indevidamente exigido, restou configurada a mera tentativa do crime de concussão. 55. (804. CESPE / Analista Judiciário - TSE / 2007) Os crimes praticados por servidor contra a administração pública são circunscritos às hipóteses previstas no Código Penal. 56. (805. CESPE / Analista Judiciário - TSE / 2007) Os crimes praticados por servidor contra a administração pública são classificados como impróprios, pois exige-se do agente uma determinada qualidade, no caso, ser servidor público. 57. (806. CESPE / Analista Judiciário - TSE / 2007) Os crimes praticados por servidor público contra a administração pública previstos no Código Penal são delitos de ação penal pública incondicionada. 58. (807. CESPE / Analista Judiciário - TSE / 2007) O conceito de funcionário público para o direito penal é o mesmo previsto na esfera do direito administrativo, tendo em vista a comunicabilidade das instâncias penal e administrativa para fins de punição à má atuação dos servidores. 59. (808. CESPE / Técnico Judiciário - TJ-RR / 2006) Para a configuração do peculato é irrelevante serem particulares os bens apropriados ou desviados, pois basta a posse da coisa em razão do cargo, ainda que sua propriedade seja de particular. 60. (809. CESPE / Técnico Judiciário - TJ-RR / 2006) No crime de concussão, a vantagem exigida deve beneficiar o próprio agente, não se configurando o delito caso a vantagem indevida venha a beneficiar terceiro. 61. (810. CESPE / Técnico Judiciário - TJ-RR / 2006) Em nenhuma hipótese, restará configurado o crime de excesso de exação quando ficar constatado que o tributo ou a contribuição social exigido pelo funcionário era legalmente devido. 62. (811. CESPE / Técnico Judiciário - TJ-RR / 2006) Se, por negligência, o funcionário, indevidamente, deixar de praticar ato de ofício ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, ele responderá pelo crime de prevaricação, sem prejuízo das sanções administrativas pertinentes. 63. (812. CESPE / Promotor de Justiça – MPE-TO / 2006) No peculato culposo, a reparação do dano antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória é causa de extinção da punibilidade do agente. 64. (813. CESPE / Promotor de Justiça – MPE-TO / 2006) O benefício do arrependimento posterior não se aplica aos crimes contra a administração pública, em face do caráter indisponível dos bens públicos. 65. (814. CESPE / Polícia Federal / 2004) Roberto, funcionário público, e Bruno, estranho ao serviço público, exigiram, em razão da função de Roberto, vantagem indevida no valor de R$ 8.000,00. Nessa situação, tendo em vista que o fato de ser funcionário público é circunstância pessoal de Roberto, a qual não se comunica, apenas ele responderá pelo delito de concussão. 66. (815. CESPE / Agente da Polícia Federal - DPF / 2004) Paulo, engenheiro civil, em razão do exercício de atividade pública, exigiu para si, para conceder o habite-se requerido por particular perante a prefeitura, o pagamento de certa quantia em dinheiro. Nessa situação, a conduta de Paulo caracteriza crime de corrupção passiva. 67. (817. CESPE / Agente – PC-RR / 2004) Para configurar o delito de concussão, o funcionário público deve solicitar à vítima a vantagem indevida. 68. (818. CESPE / Agente – PC-RR / 2004) A falta eventual de funcionário público ao serviço caracteriza o delito intitulado abandono de função. 69. (819. CESPE / Agente – PC-RR / 2004) Considere a seguinte situação hipotética. Patrícia, funcionária de uma empresa pública, apropriou-se da quantia de R$ 5.000,00, de que tinha posse em razão da função que exercia. Nessa situação, é correto afirmar que Patrícia praticou o crime de peculato. 70. (821. CESPE / Titular de Serviços Notariais - TJ-DF / 2004) Sílvio, agente de polícia, saiu em perseguição de um assaltante de banco, conseguindo prendê-lo e prender uma sacola com os valores subtraídos da agência. No caminho para a delegacia, o agente abriu a sacola e apropriou-se da importância de R$ 5.000,00, já que a autoridade policial não tinha conhecimento do total de dinheiro recuperado e apreendido. Nesse caso, Silvio responderá pelo crime de peculato. Leia atentamente as instruções antes de iniciar a avaliação DP4 PA01.1 - 05-08.pdf 1. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.1. GENERALIDADES 01. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (AP) Conceito: “é a gestão de bens e interesses qualificados da comunidade no âmbito federal, estadual ou municipal, segundo os preceitos do Direito e da moral, visando ao bem comum” (Hely Lopes Meirelles) 02. AGENTE PÚBLICO Agente Público: categoria genérica de pessoas físicas que, de algum modo, exercem funções estatais, independentemente da natureza do vínculo que detêm com o Estado FUNCIONÁRIO PÚBLICO: DECRETO-LEI NO 1.713, DE 28 DE OUTUBRO DE 1939. Art. 2º Funcionário público é a pessoa legalmente investida em cargo público. LEI No 1.711, DE 28 DE OUTUBRO DE 1952. Art. 2º Para os efeitos dêste Estatuto, funcionário é a pessoa legalmente investida em cargo público; e cargo público é o criado por lei, com denominação própria, em número certo e pago pelos cofres da União. LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público. Funcionário público Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) Espécies: a) agentes políticos: titularizam cargos ou mandatos de altíssimo escalão, somente se subordinando à CRFB e sujeitos a regime especial; b) agentes administrativos: mantêm relação profissional não eventual com a AP, direta ou indireta, sob vínculo de dependência: b.1) servidores públicos: detêm relação de trabalho profissional com entidade de direito público, submetidos a regime jurídico único; podendo ter relação permanente (efetivos) ou transitória (comissionados); b.2) empregados públicos: detêm relação de trabalho profissional permanente com entidade de direito privado, submetidos em parte à CLT; b.3) servidores temporários: contratados por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, submetidos a regime especial de direito administrativo; b.4) militares: membros das forças armadas, das polícias militares e dos corpos de bombeiros, sujeitos a regime especial específico. c) agentes particulares: detêm relação de trabalho não profissional transitória com a AP, direta ou indireta; c.1) agentes honoríficos: mesários, juntários, jurados, conscritos; c.2) agentes delegados: leiloeiros, peritos, empregados das concessionárias, permissionárias e autorizatárias; c.3) agentes gestores: gestores de negócios públicos; o Gestor de Negócio é aquele que assume espontaneamente a função de negócio na ausência de seu titular. (ver art. 861 CC): ex: Socorrista de parturiente; c.4) agentes contratados: locação civil de serviços AGENTES HONORÍFICOS A maior parte da doutrina entende que os agentes honoríficos não podem cometer o crime de peculato; Mirabete, citando Nelson Hungria, (2010, Vol. III, p. 260) preleciona que “Não são funcionários públicos para os efeitos penais os que exercem apenas um múnus público, em que prevalece um interesse privado, como ocorre no caso de tutores, ou curadores dativos, inventariantes judiciais, síndicos (administradores judiciais) falimentares, etc.” 03. FUNÇÃO, EMPREGO E CARGO PÚBLICO Função: conjunto de atribuições destinadas à satisfação do interesse público conferidas aos órgãos, cargos, empregos ou diretamente aos agentes públicos; todo cargo ou emprego tem função, mas pode haver função sem cargo ou emprego a) função temporária: exercida pelos servidores temporários; b) função de confiança: exercida exclusivamente por servidores públicos titulares de cargos efetivos e que se destinam apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; Emprego: unidade específica de atribuições das entidades da administração indireta de direito privado com vínculo contratual trabalhista; Cargo: unidade específica de atribuições das entidades da administração direta e indireta de direito público com vínculo estatutário; a) quanto à organização: a.1) cargos de carreira: distribuídos e escalonados em classes; a.2) cargos isolados: agrupados em categoria isolada; b) quanto ao provimento: a) cargos efetivos: dependem de concurso público b) cargos vitalícios: PJ, MP, TC c) cargos comissionados: livre nomeação e exoneração, destinados às atribuições de direção, chefia ou assessoramento 04. CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 05. ILÍCITO PENAL X ILÍCITO ADMINISTRATIVO As instâncias são independentes e autônomas, com as mesmas exceções da ação civil decorrente de delito CP Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. 06. CRIMES FUNCIONAIS Próprios: qualidade de agente público é elemento essencial, cuja ausência torna o fato atípico Impróprios: qualidade de agente público não é elemento essencial, cuja ausência apenas desclassifica o crime para outro 07. MAJORANTE GENÉRICA § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) 08. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA Outra questão controvertida. Mas o STJ já decidiu que: EMENTA: HABEAS CORPUS. PECULATO. BENS AVALIADOS EM R$ 50.00. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. BEM JURÍDICO TUTELADO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRECEDENTES DA 3ª. SEÇÃO DO STJ. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM. ORDEM DENEGADA. 1. A 3ª. Seção desta Corte possui jurisprudência pacífica sobre a inaplicabilidade do princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública, pois não se busca resguardar apenas o aspecto patrimonial, mas principalmente a moral administrativa. 2. Ordem denegada, em consonância com o parecer ministerial (HC 115.562/SC, Rel. Min, Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma, julgado em 20/05/2010, DJe 21/06/2010). Mas o STF já decidiu que: EMENTA: HABEAS CORPUS. PECULATO PRATICADO POR MILITAR. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. CONSEQÜÊNCIAS DA AÇÃO PENAL. DESPROPORCIONALIDADE. 1. A circunstância de tratar-se de lesão patrimonial de pequena monta, que se convencionou chamar crime de bagatela, autoriza a aplicação do princípio da insignificância, ainda que se trate de crime militar. 2. Hipótese em que o paciente não devolveu à Unidade Militar um fogão avaliado em R$ 455,00 (quatrocentos e cinqüenta e cinco) reais. Relevante, ademais, a particularidade de ter sido aconselhado, pelo seu Comandante, a ficar com o fogão como forma de ressarcimento de benfeitorias que fizera no imóvel funcional. Da mesma forma, é significativo o fato de o valor correspondente ao bem ter sido recolhido ao erário. 3. A manutenção da ação penal gerará graves conseqüências ao paciente, entre elas a impossibilidade de ser promovido, traduzindo, no particular, desproporcionalidade entre a pretensão acusatória e os gravames dela decorrentes. Ordem concedida. (HC 87.478/PA, j. 29/08/2006, p. 283- Rel. Min. Eros Grau). 1.1. Generalidades Conceito: “é a gestão de bens e interesses qualificados da comunidade no âmbito federal, estadual ou municipal, segundo os preceitos do Direito e da moral, visando ao bem comum” (Hely Lopes Meirelles) Agente Público: categoria genérica de pessoas físicas que, de algum modo, exercem funções estatais, independentemente da natureza do vínculo que detêm com o Estado Espécies: a) agentes políticos: titularizam cargos ou mandatos de altíssimo escalão, somente se subordinando à CRFB e sujeitos a regime especial; b) agentes administrativos: mantêm relação profissional não eventual com a AP, direta ou indireta, sob vínculo de dependência: b.1) servidores públicos: detêm relação de trabalho profissional com entidade de direito público, submetidos a regime jurídico único; podendo ter relação permanente (efetivos) ou transitória (comissionados); b.2) empregados públicos: detêm relação de trabalho profissional permanente com entidade de direito privado, submetidos em parte à CLT; b.3) servidores temporários: contratados por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, submetidos a regime especial de direito administrativo; b.4) militares: membros das forças armadas, das polícias militares e dos corpos de bombeiros, sujeitos a regime especial específico. c) agentes particulares: detêm relação de trabalho não profissional transitória com a AP, direta ou indireta; c.1) agentes honoríficos: mesários, juntários, jurados, conscritos; c.2) agentes delegados: leiloeiros, peritos, empregados das concessionárias, permissionárias e autorizatárias; c.3) agentes gestores: gestores de negócios públicos; o Gestor de Negócio é aquele que assume espontaneamente a função de negócio na ausência de seu titular. (ver art. 861 CC): ex: Socorrista de parturiente; c.4) agentes contratados: locação civil de serviços A maior parte da doutrina entende que os agentes honoríficos não podem cometer o crime de peculato; Mirabete, citando Nelson Hungria, (2010, Vol. III, p. 260) preleciona que “Não são funcionários públicos para os efeitos penais os que exercem apenas um múnus público, em que prevalece um interesse privado, como ocorre no caso de tutores, ou curadores dativos, inventariantes judiciais, síndicos (administradores judiciais) falimentares, etc.” Função: conjunto de atribuições destinadas à satisfação do interesse público conferidas aos órgãos, cargos, empregos ou diretamente aos agentes públicos; todo cargo ou emprego tem função, mas pode haver função sem cargo ou emprego a) função temporária: exercida pelos servidores temporários; b) função de confiança: exercida exclusivamente por servidores públicos titulares de cargos efetivos e que se destinam apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; Emprego: unidade específica de atribuições das entidades da administração indireta de direito privado com vínculo contratual trabalhista; Cargo: unidade específica de atribuições das entidades da administração direta e indireta de direito público com vínculo estatutário; a) quanto à organização: a.1) cargos de carreira: distribuídos e escalonados em classes; a.2) cargos isolados: agrupados em categoria isolada; b) quanto ao provimento: a) cargos efetivos: dependem de concurso público b) cargos vitalícios: PJ, MP, TC c) cargos comissionados: livre nomeação e exoneração, destinados às atribuições de direção, chefia ou assessoramento Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) As instâncias são independentes e autônomas, com as mesmas exceções da ação civil decorrente de delito Próprios: qualidade de agente público é elemento essencial, cuja ausência torna o fato atípico Impróprios: qualidade de agente público não é elemento essencial, cuja ausência apenas desclassifica o crime para outro § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) Outra questão controvertida. Mas o STJ já decidiu que: Mas o STF já decidiu que: DP4 PA01.2 - 06-08.pdf 1. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.1. GENERALIDADES 1.2. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 01. PECULATO (PECULATO PRÓPRIO) PPP: Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: PPS: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Ação nuclear 1: No primeiro núcleo, é previsto o peculato-apropriação: diferencia-se da apropriação indébita (art. 168 CP) apenas pela qualidade do agente e pelo nexo de causalidade com o correspondente ofício; ex: pessoa entrega dinheiro a amigo servidor do detran Apropriação indébita Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Ação nuclear 2: No segundo núcleo, há o peculato-desvio: agente dá à coisa destinação diversa da exigida por lei. Diferencia-se do emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315 CP) pelo elemento subjetivo do tipo. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Objeto jurídico: tutela-se, principalmente, a moralidade da AP; supletivamente, tutela-se o seu patrimônio, bem como o do particular quando estiver sob a sua guarda Objeto material: dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular. Ex.: delegado que registra nos autos a apreensão de quantia em dinheiro distinta da encontrada com assaltante preso. Não abrange a fruição de serviço de outro agente público Elemento Subj.: o tipo contém um EST, contido tanto na expressão “em proveito próprio ou alheio” como na partícula apassivadora do primeiro núcleo; portanto, não é possível o peculato de uso. Ex.: agente que utiliza veículo para ir a festa e o devolve. Pode, entretanto, configurar peculato do combustível. Arrependimento posterior: STF: “O ressarcimento do dano não extingue a punibilidade no peculato doloso. O que importa nesse crime não é só a lesão patrimonial, mas, igualmente, a desmoralização a que fica exposta a Administração Pública” (RT, 510/4510) 02. PECULATO EQUIPARADO (PECULATO IMPRÓPRIO OU PECULATO-FURTO) PPP: § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Distinção: Difere do furto pelo ENT: “valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário”. Ex.: fiscal da prefeitura verifica que o tesoureiro deixou o cofre aberto e daí retira certa importância ou guarda noturno que aproveita para entrar no almoxarifado e subtrair diversos materiais. Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 03. PECULATO CULPOSO PPP: § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano. Extinção de punibilidade e minorante: § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Observação 1: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) Observação 2: Não se trata exatamente de crime culposo, mas de participação culposa em ação dolosa alheia. Afinal, inexiste apropriação indébita, furto ou estelionato culposos. Ademais, é impossível a participação culposa em crime doloso. Exemplo da figura do garante (art. 13, § 2.º, a) Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 04. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM PPP: Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: PPS: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Observação 1: Diferencia-se da apropriação de coisa havida por erro (art. 169, 1.ª parte CP) apenas pela qualidade do agente e pelo nexo de causalidade com o correspondente ofício; ex: pagar valor de taxa municipal a agente público incompetente para recebê-la Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Observação 2: O erro deve ser atribuível a terceiro e não ao próprio agente. Se o próprio agente induz o erro, comete estelionato, mesmo que seja agente público. Ex.: agente que afirma falsamente ter competência para receber taxa Observação 3: O erro pode versar sobre a coisa; sobre a obrigação ou sobre a pessoa a quem se entrega a coisa. 05. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.983, DE 2000) PPP: Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) PPS: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Observação: A efetiva obtenção de vantagem indevida não é requisito para a consumação do crime, mas constitui EST Objeto material: Os dados, ou seja, as informações pertencentes à AP, que constam ou devam constar nos sistemas informatizados 06. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES (INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.983, DE 2000) PPP: Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) PPS: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Majorante: Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Objeto material: O próprio sistema de informações ou o programa de informática da AP Observação: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) 07. EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO PPP: Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: PPS: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. Observação: crime expressamente subsidiário; havendo ofensa à fé pública, prevalece o crime do art. 305; se o agente público solicita ou recebe vantagem indevida para a prática da conduta, comete o crime do art. 317 Supressão de documento Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 08. EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS PPP: Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: PPS: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Observação 1: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) Observação 2: verbas: dinheiro especificamente destinado pela lei orçamentária rendas: qualquer dinheiro recebido pela Fazenda Pública Observação 3: é necessário que haja lei prévia regulando a aplicação do dinheiro DISTINÇÃO ENTRE ROUBO E EXTORSÃO Distinção: A distinção entre Roubo e Extorsão é equivalente à distinção entre Peculato e Concussão Correntes: Critérios a) se a vítima entrega a coisa, é extorsão; se o agente pega a coisa, é roubo; b) necessidade ou não de ato da vítima: na extorsão, é indispensável que haja ato da vítima; no roubo é dispensável 09. CONCUSSÃO PPP: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: PPS: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Observação: Diferencia-se da extorsão (art. 158 CP) apenas pela qualidade do agente e pelo nexo de causalidade com o correspondente ofício. ex: delegado exige dinheiro para não instaurar IP (se agente fizer exigência, é extorsão); agente que efetua prisão exige dinheiro para deixar de conduzir preso Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Objeto jurídico: tutela-se, principalmente, a moralidade da AP; supletivamente, tutela-se o patrimônio e a liberdade do particular Objeto material: vantagem. Quanto à natureza da vantagem, há duas correntes: a) há que se patrimonial; e b) qualquer vantagem. Elemento Normat.: o tipo contém um ENT, contido tanto na expressão “indevida”; portanto, ilícita, não autorizada por lei; se for lícita, há o abuso de autoridade Flagrante de pagamento: Aplica-se ao flagrante de pagamento a Súmula STF 145? STF Súmula nº 145 - 06/12/1963 Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. 10. EXCESSO DE EXAÇÃO PPP: § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) PPS: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Ação nuclear 1: No primeiro núcleo, é prevista a exação indevida: aqui há o ENT contido na expressão “indevida”: não há autorização legal para a cobrança, o valor cobrado já foi quitado ou excede o devido Ação nuclear 2: No segundo núcleo, há a exação vexatória: quando a cobrança se faz com o emprego de meio gravoso, que importa em despesas desnecessárias, ou vexatório, que causa humilhação, vergonha ou indignidade Observação: Diferencia-se da concussão (caput) pela destinação da vantagem em favor da AP e pelo objeto da exigência, que é o tributo Definições: Tributo é a obrigação imposta as pessoas fisicas e pessoas jurídicas de recolher valores ao Estado, ou entidades equivalentes Os impostos se caracterizam por serem de cobrança compulsória e por não darem um retorno ao contribuinte sobre o fato gerador. A taxa é a contrapartida que o contribuinte paga em razão de um serviço público que lhe é prestado ou posto à sua disposição. As contribuições de melhoria são tributos que têm como fato gerador o benefício decorrente das obras públicas. As contribuições especiais possuem finalidade e destino certo, definidos na lei que institui cada contribuição. Empréstimo compulsório consiste na tomada compulsória de certa quantidade em dinheiro do contribuinte a título de "empréstimo", para que este o resgate conforme as determinações estabelecidas por lei. 11. EXCESSO DE EXAÇÃO QUALIFICADO PPP: § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: PPS: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Observação 1: Diferencia-se da concussão (caput) apenas pelo objeto da exigência, que é o tributo Observação 2: Diferencia-se do excesso de exação simples (caput) apenas pela destinação da vantagem em favor próprio ou de outrem que não seja a AP Ação nuclear: Na forma qualificada, o agente, em vez de recolher o tributo cobrado de forma indevida ou vexatória para os cofres públicos, desvia-o em proveito próprio ou de outrem 1.1. Generalidades 1.2. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL PPP: Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: PPS: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Ação nuclear 1: No primeiro núcleo, é previsto o peculato-apropriação: diferencia-se da apropriação indébita (art. 168 CP) apenas pela qualidade do agente e pelo nexo de causalidade com o correspondente ofício; ex: pessoa entrega dinheiro a amigo servidor do detran Ação nuclear 2: No segundo núcleo, há o peculato-desvio: agente dá à coisa destinação diversa da exigida por lei. Diferencia-se do emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315 CP) pelo elemento subjetivo do tipo. Objeto jurídico: tutela-se, principalmente, a moralidade da AP; supletivamente, tutela-se o seu patrimônio, bem como o do particular quando estiver sob a sua guarda Objeto material: dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular. Ex.: delegado que registra nos autos a apreensão de quantia em dinheiro distinta da encontrada com assaltante preso. Não abrange a fruição de serviço de outro agente público Elemento Subj.: o tipo contém um EST, contido tanto na expressão “em proveito próprio ou alheio” como na partícula apassivadora do primeiro núcleo; portanto, não é possível o peculato de uso. Ex.: agente que utiliza veículo para ir a festa e o devolve. Pode, entretanto, configurar peculato do combustível. Arrependimento posterior: STF: “O ressarcimento do dano não extingue a punibilidade no peculato doloso. O que importa nesse crime não é só a lesão patrimonial, mas, igualmente, a desmoralização a que fica exposta a Administração Pública” (RT, 510/4510) PPP: § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Distinção: Difere do furto pelo ENT: “valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário”. Ex.: fiscal da prefeitura verifica que o tesoureiro deixou o cofre aberto e daí retira certa importância ou guarda noturno que aproveita para entrar no almoxarifado e subtrair diversos materiais. PPP: § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano. Extinção de punibilidade e minorante: § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Observação 1: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) Observação 2: Não se trata exatamente de crime culposo, mas de participação culposa em ação dolosa alheia. Afinal, inexiste apropriação indébita, furto ou estelionato culposos. Ademais, é impossível a participação culposa em crime doloso. Exemplo da figura do garante (art. 13, § 2.º, a) PPP: Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: PPS: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Observação 1: Diferencia-se da apropriação de coisa havida por erro (art. 169, 1.ª parte CP) apenas pela qualidade do agente e pelo nexo de causalidade com o correspondente ofício; ex: pagar valor de taxa municipal a agente público incompetente para recebê-la Observação 2: O erro deve ser atribuível a terceiro e não ao próprio agente. Se o próprio agente induz o erro, comete estelionato, mesmo que seja agente público. Ex.: agente que afirma falsamente ter competência para receber taxa Observação 3: O erro pode versar sobre a coisa; sobre a obrigação ou sobre a pessoa a quem se entrega a coisa. PPP: Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) PPS: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Observação: A efetiva obtenção de vantagem indevida não é requisito para a consumação do crime, mas constitui EST Objeto material: Os dados, ou seja, as informações pertencentes à AP, que constam ou devam constar nos sistemas informatizados PPP: Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) PPS: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Majorante: Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Objeto material: O próprio sistema de informações ou o programa de informática da AP Observação: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) PPP: Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: PPS: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. Observação: crime expressamente subsidiário; havendo ofensa à fé pública, prevalece o crime do art. 305; se o agente público solicita ou recebe vantagem indevida para a prática da conduta, comete o crime do art. 317 PPP: Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: PPS: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Observação 1: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) Observação 2: verbas: dinheiro especificamente destinado pela lei orçamentária rendas: qualquer dinheiro recebido pela Fazenda Pública Observação 3: é necessário que haja lei prévia regulando a aplicação do dinheiro Distinção: A distinção entre Roubo e Extorsão é equivalente à distinção entre Peculato e Concussão Correntes: Critérios a) se a vítima entrega a coisa, é extorsão; se o agente pega a coisa, é roubo; b) necessidade ou não de ato da vítima: na extorsão, é indispensável que haja ato da vítima; no roubo é dispensável PPP: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: PPS: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Observação: Diferencia-se da extorsão (art. 158 CP) apenas pela qualidade do agente e pelo nexo de causalidade com o correspondente ofício. ex: delegado exige dinheiro para não instaurar IP (se agente fizer exigência, é extorsão); agente que efetua prisão exige dinheiro para deixar de conduzir preso Objeto jurídico: tutela-se, principalmente, a moralidade da AP; supletivamente, tutela-se o patrimônio e a liberdade do particular Objeto material: vantagem. Quanto à natureza da vantagem, há duas correntes: a) há que se patrimonial; e b) qualquer vantagem. Elemento Normat.: o tipo contém um ENT, contido tanto na expressão “indevida”; portanto, ilícita, não autorizada por lei; se for lícita, há o abuso de autoridade Flagrante de pagamento: Aplica-se ao flagrante de pagamento a Súmula STF 145? PPP: § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) PPS: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Ação nuclear 1: No primeiro núcleo, é prevista a exação indevida: aqui há o ENT contido na expressão “indevida”: não há autorização legal para a cobrança, o valor cobrado já foi quitado ou excede o devido Ação nuclear 2: No segundo núcleo, há a exação vexatória: quando a cobrança se faz com o emprego de meio gravoso, que importa em despesas desnecessárias, ou vexatório, que causa humilhação, vergonha ou indignidade Observação: Diferencia-se da concussão (caput) pela destinação da vantagem em favor da AP e pelo objeto da exigência, que é o tributo Definições: Tributo é a obrigação imposta as pessoas fisicas e pessoas jurídicas de recolher valores ao Estado, ou entidades equivalentes Os impostos se caracterizam por serem de cobrança compulsória e por não darem um retorno ao contribuinte sobre o fato gerador. A taxa é a contrapartida que o contribuinte paga em razão de um serviço público que lhe é prestado ou posto à sua disposição. As contribuições de melhoria são tributos que têm como fato gerador o benefício decorrente das obras públicas. As contribuições especiais possuem finalidade e destino certo, definidos na lei que institui cada contribuição. Empréstimo compulsório consiste na tomada compulsória de certa quantidade em dinheiro do contribuinte a título de "empréstimo", para que este o resgate conforme as determinações estabelecidas por lei. PPP: § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: PPS: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Observação 1: Diferencia-se da concussão (caput) apenas pelo objeto da exigência, que é o tributo Observação 2: Diferencia-se do excesso de exação simples (caput) apenas pela destinação da vantagem em favor próprio ou de outrem que não seja a AP Ação nuclear: Na forma qualificada, o agente, em vez de recolher o tributo cobrado de forma indevida ou vexatória para os cofres públicos, desvia-o em proveito próprio ou de outrem DP4 PA02.1 - 12-08.pdf 1. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.2. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 12. CORRUPÇÃO PASSIVA PPP: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: PPS: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Distinção: concussão: agente público exige a vantagem, impondo alguma obrigação à vítima, que cede por mero temor ou para evitar represália, corrupção passiva: agente público apenas solicita a vantagem à vítima, que cede livremente ou para obter algum benefício em troca da vantagem Tipos: quanto ao momento: b.1) corrupção antecedente: a vantagem é solicitada ou recebida ou a promessa é aceita antes da conduta do agente público b.2) corrupção subsequente: a vantagem é solicitada ou recebida ou a promessa é aceita depois de realizada a conduta do agente público Objeto Jurídico: moralidade administrativa Sujeito passivo: Estado e, ocasionalmente, o particular inocente EST: expressão “para si ou para outrem”; se agente público aceita ou recebe vantagem para aplicá-la na própria AP, comete mera irregularidade ENT 1: o tipo contém um ENT, contido tanto na expressão “indevida”; portanto, ilícita, não autorizada por lei; pode ser vantagem patrimonial, moral, sentimental, sexual etc.; ENT 2: se não houver qualquer vantagem, o fato é atípico. Ex: reembolso de despesas havidas não caracteriza o crime, podendo caracterizar ilícito administrativo, diante do ressarcimento irregular ENT 3: gratificações usuais de pequena monta ou pequenas doações ocasionais não caracterizam o crime, pela falta de reprovabilidade social da conduta, por estarem inseridas no âmbito da adequação social. ex.: aceitar garrafa de vinho, caixa de bombons ou o pagamento da conta no restaurante ou presentes de boas-festas ou ano-novo EOT: o tipo contém um EOT, contido tanto na expressão “direta ou indiretamente”; portanto, admite a prática por interposta pessoa, a qual pode até estar cometendo crime distinto, vg: art. 332 CP Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Ação nuclear: solicitar: pedir, sem fazer qualquer ameaça; prescinde de qualquer conduta ou concordância por parte do extraneus; crime formal; receber: entrar na posse da vantagem oferecida pelo extraneus; para configuração, é imprescindível a corrupção ativa prévia; crime material; aceitar promessa: aderir à prévia corrupção ativa do extraneus; crime formal. Observação 1: no primeiro núcleo, não é necessariamente bilateral; pode haver corrupção passiva sem a ativa; é exceção à teoria monista (art. 29 CP) Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Observação 2: no segundo núcleo e terceiro núcleos, é necessariamente bilateral, havendo concurso com o art. 333 CP Corrupção ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Observação 3: diante da autonomia entre os delitos, a corrupção passiva se caracteriza mesmo que o corruptor seja inimputável CORRUPÇÃO PASSIVA MAJORADA Majorante: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Observação: majorante justificada pelo exaurimento do crime Tipos: quanto à natureza: a.1) corrupção passiva própria: prática de conduta ilegal em si mesma; ex.: agente público solicita vantagem para suprimir documentos de processo; núcleo 3 a.2) corrupção passiva imprópria: prática de conduta legal, justa, legítima; ex.: perito solicita vantagem indevida para priorizar perícia; núcleos 1 e 2 CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA Privilegiadora: § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Observação 1: trata-se de corrupção branda, que envolve mero favor Observação 2: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) 1.2. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL PPP: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: PPS: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Distinção: concussão: agente público exige a vantagem, impondo alguma obrigação à vítima, que cede por mero temor ou para evitar represália, corrupção passiva: agente público apenas solicita a vantagem à vítima, que cede livremente ou para obter algum benefício em troca da vantagem Tipos: quanto ao momento: b.1) corrupção antecedente: a vantagem é solicitada ou recebida ou a promessa é aceita antes da conduta do agente público b.2) corrupção subsequente: a vantagem é solicitada ou recebida ou a promessa é aceita depois de realizada a conduta do agente público Objeto Jurídico: moralidade administrativa Sujeito passivo: Estado e, ocasionalmente, o particular inocente EST: expressão “para si ou para outrem”; se agente público aceita ou recebe vantagem para aplicá-la na própria AP, comete mera irregularidade ENT 1: o tipo contém um ENT, contido tanto na expressão “indevida”; portanto, ilícita, não autorizada por lei; pode ser vantagem patrimonial, moral, sentimental, sexual etc.; ENT 2: se não houver qualquer vantagem, o fato é atípico. Ex: reembolso de despesas havidas não caracteriza o crime, podendo caracterizar ilícito administrativo, diante do ressarcimento irregular ENT 3: gratificações usuais de pequena monta ou pequenas doações ocasionais não caracterizam o crime, pela falta de reprovabilidade social da conduta, por estarem inseridas no âmbito da adequação social. ex.: aceitar garrafa de vinho, caixa de bombons ou o pagamento da conta no restaurante ou presentes de boas-festas ou ano-novo EOT: o tipo contém um EOT, contido tanto na expressão “direta ou indiretamente”; portanto, admite a prática por interposta pessoa, a qual pode até estar cometendo crime distinto, vg: art. 332 CP Ação nuclear: solicitar: pedir, sem fazer qualquer ameaça; prescinde de qualquer conduta ou concordância por parte do extraneus; crime formal; receber: entrar na posse da vantagem oferecida pelo extraneus; para configuração, é imprescindível a corrupção ativa prévia; crime material; aceitar promessa: aderir à prévia corrupção ativa do extraneus; crime formal. Observação 1: no primeiro núcleo, não é necessariamente bilateral; pode haver corrupção passiva sem a ativa; é exceção à teoria monista (art. 29 CP) Observação 2: no segundo núcleo e terceiro núcleos, é necessariamente bilateral, havendo concurso com o art. 333 CP Observação 3: diante da autonomia entre os delitos, a corrupção passiva se caracteriza mesmo que o corruptor seja inimputável Majorante: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Observação: majorante justificada pelo exaurimento do crime Tipos: quanto à natureza: a.1) corrupção passiva própria: prática de conduta ilegal em si mesma; ex.: agente público solicita vantagem para suprimir documentos de processo; núcleo 3 a.2) corrupção passiva imprópria: prática de conduta legal, justa, legítima; ex.: perito solicita vantagem indevida para priorizar perícia; núcleos 1 e 2 Privilegiadora: § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Observação 1: trata-se de corrupção branda, que envolve mero favor Observação 2: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) DP4 PA02.2 - 13-08.pdf 1. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.2. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 13. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO PPP: Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): PPS: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Contrabando ou descaminho Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Distinção: a) contrabando: importar ou exportar mercadoria proibida b) descaminho: iludir o pagamento de direito ou imposto devido Observação: exceção à teoria monista (art. 29 CP), decorrente da constatação de que é mais reprovável a conduta do agente público partícipe ou coautor do crime de contrabando ou descaminho Objeto Jurídico: a AP e, em especial, o erário, no caso do descaminho; pode-se proteger também a saúde, a moral, a ordem pública, quando se tratar de contrabando Ação nuclear: facilitar, ou seja, auxiliar, tornar fácil, remover obstáculos ENT: para configurar o crime, é necessário o elemento normativo do tipo correspondente ao nexo causal, contido na expressão “com infração de dever funcional”; ausente o nexo, desqualifica-se para o crime do art. 334 CP Competência: A competência para processo e julgamento é da Justiça Federal, mesmo que se trate de agente público estadual. Súmula 151 do STJ STJ Súmula nº 151- 14/02/1996 - DJ 26.02.1996 A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.. 14. PREVARICAÇÃO PPP: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Objeto Material: o ato de ofício; há que existir o nexo com o ofício praticado pelo agente público; ex.: agente público que deixa de expedir documento requisitado judicialmente por não ter competência para tanto não pratica o crime ENT núcleo 1: no primeiro e segundo núcleos há o ENT contido na expressão “indevidamente”. Assim, se a omissão ou o atraso decorrerem de força maior, o fato é atípico. ENT núcleo 2: no terceiro núcleo há o ENT contido na expressão “contra disposição expressa de lei”. Assim, é necessário que a lei (apenas a lei) expressamente proíba a prática do ato. Considera-se expressa a norma que não comporta qualquer obscuridade ou ambiguidade. EST: em todos os núcleos, há o EST contido na expressão “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. O interesse (obtenção de vantagem) pode ser patrimonial ou moral. O sentimento pessoal abrange vingança, amizade, piedade, caridade, ódio etc. Distinções: na prevaricação, não deve haver qualquer oferecimento, entrega, solicitação ou recebimento de vantagem; na prevaricação não há intervenção alheia. 15. (PREVARICAÇÃO QUALIFICADA) PPP: Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). PPS: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Observação: crime similar à prevaricação, mas mais abrangente, pois não exige EST 16. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA PPP: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: PPS: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. EST: o tipo possui um ENT, contido na expressão “por indulgência”, que significa tolerância, complacência; difere da prevaricação neste particular EOT: prática de infração antecedente por parte do subordinado, o que abrange tanto as faltas disciplinares como crimes; a infração antecedente deve estar relacionada ao exercício do cargo pelo subordinado Distinções: se a elemento volitivo do agente se refere a tolerância, o crime é de condescendência criminosa; se visa atender a sentimento ou interesse pessoal, é prevaricação; se o fim for a obtenção de vantagem indevida, é corrupção passiva Observação: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) 17. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA PPP: Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: PPS: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Qualificadora: Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. Observação: agente público se vale do fácil acesso à repartição e aos demais colegas para conseguir o favorecimento de interesse alheio privado Núcleo: patrocinar é advogar, favorecer, interceder EOT: exige, para sua configuração, que o agente se aproveite de “qualidade de funcionário público”; em outras palavras, não há nexo necessário com a função praticada pelo agente, mas pelo simples qualidade de ser agente público; se se valer de outra circunstância, não configura o crime. ex.: tabelião que se propõe e consegue documentação necessária à lavratura de escritura se valendo do fato de ser cunhado da pessoa responsável pela emissão do documento ENT: No caso do crime simples, o interesse pode ser legítimo ou ilegítimo; no caso do parágrafo, há que ser ilegítimo para configurar a qualificadora Observação: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) 18. VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA PPP: Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: PPS: Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. Observação: revogado tacitamente pela Lei de Abuso de Autoridade Lei 4.898/65 Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; b) detenção por dez dias a seis meses; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos. 19. ABANDONO DE FUNÇÃO PPP: Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: PPS: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Qualificadora 1: § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Qualificadora 2: § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: PPS: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. CRFB Art. 20. § 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. Observação 1: apesar da nota marginal fazer menção a função pública, o PPP traz expressamente o termo “cargo público”, restringindo o alcance do tipo penal Observação 2: pode se dar tanto pelo afastamento do agente público como pela não apresentação no momento devido Observação 3: é necessário que o abandono se dê por tempo juridicamente relevante, pois o objeto jurídico é a regularidade e normalidade do serviço público Observação 4: apesar da nota marginal fazer menção a função pública, o PPP traz expressamente o termo “cargo público”, restringindo o alcance do tipo penal Observação 5: é infração de menor potencial ofensivo no caso do caput e do§ 1.º 20. EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO PPP: Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: PPS: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Observação 1: primeiro núcleo: entrar no exercício antes de satisfeitas as exigências legais, ou seja, sem a apresentação de toda a documentação relativa à posse Observação 2: segundo núcleo: continuar a praticar atos de ofício, mesmo sabendo de seu impedimento; é necessário a efetiva ciência do impedimento, não bastando mera presunção nesse sentido, mesmo que seja a publicação do ato em diário oficial Observação 3: por ausência de previsão legal, não se aplica aos impedimentos temporários, mas apenas aos definitivos, excetuada a aposentadoria Observação 4: é infração de menor potencial ofensivo no caso do caput e do§ 1.º 21. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL PPP: Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: PPS: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. Violação do segredo profissional Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Objeto Jurídico: inviolabilidade dos segredos da AP EOT: segredo profissional; ou seja, o agente deve ter tido conhecimento do segredo “em razão do cargo que ocupa”; há que existir o nexo de causalidade Sujeito Ativo: agente público, mesmo que esteja desligado (exoneração, dispensa, demissão ou aposentadoria), pois o tipo não exige que a qualidade seja contemporânea ao cometimento do crime, exige apenas que o conhecimento tenha se dado em razão do cargo. Observação: é infração de menor potencial ofensivo (IMPO) Equiparadora: § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Observação: é infração de menor potencial ofensivo (IMPO) Qualificadora: § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) PPS: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Observação: qualificadora resultante do mero exaurimento da figura simples 22. VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA PPP: Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: PPS: Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Observação: revogado tacitamente pela LLCA Lei 8.666/93 Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. 1.2. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL PPP: Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): PPS: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Distinção: a) contrabando: importar ou exportar mercadoria proibida b) descaminho: iludir o pagamento de direito ou imposto devido Observação: exceção à teoria monista (art. 29 CP), decorrente da constatação de que é mais reprovável a conduta do agente público partícipe ou coautor do crime de contrabando ou descaminho Objeto Jurídico: a AP e, em especial, o erário, no caso do descaminho; pode-se proteger também a saúde, a moral, a ordem pública, quando se tratar de contrabando Ação nuclear: facilitar, ou seja, auxiliar, tornar fácil, remover obstáculos ENT: para configurar o crime, é necessário o elemento normativo do tipo correspondente ao nexo causal, contido na expressão “com infração de dever funcional”; ausente o nexo, desqualifica-se para o crime do art. 334 CP Competência: A competência para processo e julgamento é da Justiça Federal, mesmo que se trate de agente público estadual. Súmula 151 do STJ PPP: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Objeto Material: o ato de ofício; há que existir o nexo com o ofício praticado pelo agente público; ex.: agente público que deixa de expedir documento requisitado judicialmente por não ter competência para tanto não pratica o crime ENT núcleo 1: no primeiro e segundo núcleos há o ENT contido na expressão “indevidamente”. Assim, se a omissão ou o atraso decorrerem de força maior, o fato é atípico. ENT núcleo 2: no terceiro núcleo há o ENT contido na expressão “contra disposição expressa de lei”. Assim, é necessário que a lei (apenas a lei) expressamente proíba a prática do ato. Considera-se expressa a norma que não comporta qualquer obscuridade ou ambiguidade. EST: em todos os núcleos, há o EST contido na expressão “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. O interesse (obtenção de vantagem) pode ser patrimonial ou moral. O sentimento pessoal abrange vingança, amizade, piedade, caridade, ódio etc. Distinções: na prevaricação, não deve haver qualquer oferecimento, entrega, solicitação ou recebimento de vantagem; na prevaricação não há intervenção alheia. PPP: Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). PPS: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Observação: crime similar à prevaricação, mas mais abrangente, pois não exige EST PPP: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: PPS: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. EST: o tipo possui um ENT, contido na expressão “por indulgência”, que significa tolerância, complacência; difere da prevaricação neste particular EOT: prática de infração antecedente por parte do subordinado, o que abrange tanto as faltas disciplinares como crimes; a infração antecedente deve estar relacionada ao exercício do cargo pelo subordinado Distinções: se a elemento volitivo do agente se refere a tolerância, o crime é de condescendência criminosa; se visa atender a sentimento ou interesse pessoal, é prevaricação; se o fim for a obtenção de vantagem indevida, é corrupção passiva Observação: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) PPP: Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: PPS: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Qualificadora: Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. Observação: agente público se vale do fácil acesso à repartição e aos demais colegas para conseguir o favorecimento de interesse alheio privado Núcleo: patrocinar é advogar, favorecer, interceder EOT: exige, para sua configuração, que o agente se aproveite de “qualidade de funcionário público”; em outras palavras, não há nexo necessário com a função praticada pelo agente, mas pelo simples qualidade de ser agente público; se se valer de outra circunstância, não configura o crime. ex.: tabelião que se propõe e consegue documentação necessária à lavratura de escritura se valendo do fato de ser cunhado da pessoa responsável pela emissão do documento ENT: No caso do crime simples, o interesse pode ser legítimo ou ilegítimo; no caso do parágrafo, há que ser ilegítimo para configurar a qualificadora Observação: infração de menor potencial ofensivo (IMPO) PPP: Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: PPS: Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. Observação: revogado tacitamente pela Lei de Abuso de Autoridade PPP: Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: PPS: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Qualificadora 1: § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: PPS: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Qualificadora 2: § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: PPS: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Observação 1: apesar da nota marginal fazer menção a função pública, o PPP traz expressamente o termo “cargo público”, restringindo o alcance do tipo penal Observação 2: pode se dar tanto pelo afastamento do agente público como pela não apresentação no momento devido Observação 3: é necessário que o abandono se dê por tempo juridicamente relevante, pois o objeto jurídico é a regularidade e normalidade do serviço público Observação 4: apesar da nota marginal fazer menção a função pública, o PPP traz expressamente o termo “cargo público”, restringindo o alcance do tipo penal Observação 5: é infração de menor potencial ofensivo no caso do caput e do§ 1.º PPP: Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: PPS: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Observação 1: primeiro núcleo: entrar no exercício antes de satisfeitas as exigências legais, ou seja, sem a apresentação de toda a documentação relativa à posse Observação 2: segundo núcleo: continuar a praticar atos de ofício, mesmo sabendo de seu impedimento; é necessário a efetiva ciência do impedimento, não bastando mera presunção nesse sentido, mesmo que seja a publicação do ato em diário oficial Observação 3: por ausência de previsão legal, não se aplica aos impedimentos temporários, mas apenas aos definitivos, excetuada a aposentadoria Observação 4: é infração de menor potencial ofensivo no caso do caput e do§ 1.º PPP: Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: PPS: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. Objeto Jurídico: inviolabilidade dos segredos da AP EOT: segredo profissional; ou seja, o agente deve ter tido conhecimento do segredo “em razão do cargo que ocupa”; há que existir o nexo de causalidade Sujeito Ativo: agente público, mesmo que esteja desligado (exoneração, dispensa, demissão ou aposentadoria), pois o tipo não exige que a qualidade seja contemporânea ao cometimento do crime, exige apenas que o conhecimento tenha se dado em razão do cargo. Observação: é infração de menor potencial ofensivo (IMPO) Equiparadora: § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Observação: é infração de menor potencial ofensivo (IMPO) Qualificadora: § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) PPS: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Observação: qualificadora resultante do mero exaurimento da figura simples PPP: Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: PPS: Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Observação: revogado tacitamente pela LLCA DP4 PA04 02-09.pdf 1. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.4. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 1. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.127, DE 1995) PPP: Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) PPS: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Majorante: Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Objeto Jurídico: a autoridade e o prestígio da AP Ação nuclear: solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem Majorante: majorante representada pelo mero exaurimento do crime Observação: Crime formal, sendo consumado no momento da conduta, independentemente da obtenção da vantagem indevida ou da influência no ato de ofício Sujeito passivo: o Estado e o terceiro adquirente do prestígio Torpeza bilateral: a eventual ilicitude do ato visado pela vítima não a transforme em agente; pode haver torpeza bilateral, ou seja, a vítima pode agir de má-fé, com o intuito de obter proveito por meio de um negócio imoral ou ilícito; o fim ilícito do sujeito passivo não o torna sujeito ativo do crime; o agente acredita ser co-autor de corrupção ativa inexistente EOT: “a pretexto de influir em ato”; é necessário que o agente não tenha qualquer prestígio junto à AP, pois a lei pune a fraude representada pela alegação de influência; pode-se considerar o tráfico de influência um estelionato qualificado pela alegação de falso prestígio Distinções: se houver o alegado prestígio, pode ser caracterizada a corrupção ativa e passiva Corrupção ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná- lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Comparação: Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 2. CORRUPÇÃO ATIVA PPP: Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: PPS: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Majorante: Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Objeto Jurídico: a autoridade e o prestígio da AP Ação nuclear: solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem EST: vontade de fazer o agente público praticar, omitir ou retardar ato de ofício; não se pune a corrupção ativa subsequente: o oferecimento de vantagem após a prática do ato de ofício, sem que tenha havido influência EOT 1: a vantagem pode ser de qualquer natureza, mas deve ser indevida; a chamada “carteirada” é fato atípico EOT 2: é necessário que a vantagem não seja insignificante; é fato atípico o oferecimento de gratificações de pequena monta EOT 3: se o ato de ofício não for atribuição do agente, trata-se de crime impossível Majorante: majorante representada pelo mero exaurimento do crime Observação 1: crime formal, consumado no momento da conduta, independentemente da obtenção da vantagem indevida ou da influência no ato de ofício Observação 2: se o agente cede a oferecimento ou promessa implícitos, pode ser caracterizado o crime de corrupção passiva privilegiada, em concurso Observação 3: crime não necessariamente bilateral; exceção à teoria monista Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 3. CONTRABANDO OU DESCAMINHO PPP: Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: PPS: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Objeto material: mercadoria, o direito ou o imposto devido Ação nuclear: importar: trazer algo de fora para dentro do país exportar: levar algo para fora do país mercadoria: qualquer coisa móvel passível de comercialização iludir: enganar ou fraudar para evitar pagamento de imposto ou direito imposto: prestação monetária compulsória, cujo fato gerador não oferece retorno ao contribuinte direito: outros pagamentos decorrentes da importação ou exportação, tais como a tarifa de armazenagem ou taxa de liberação da guia de importação NPB: o PPP é Norma Penal em Branco, pois depende de outras normas para sua perfeita caracterização Gasolina: Portaria ANP nº 314 de 27/12/2001 Art. 1º Fica sujeito à prévia e expressa autorização da ANP o exercício da atividade de importação de gasolinas automotivas a ser concedida somente aos produtores ou importadores, consoante definições abaixo elencadas: I - Produtor: refinarias, centrais de matérias-primas petroquímicas ou formuladores conforme definidos e autorizados pela ANP a produzir gasolinas; II - Importador: empresa cujo objeto social contemple a atividade de importação e não exerça, cumulativamente, outras atividades reguladas pela ANP, exceto a de exportação. Parágrafo único. Fica vedada a importação de gasolinas para consumo próprio. Equiparadora 1: § 1º - Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) Diferença: introdução clandestina e importação fraudulenta; em ambos os caos, trata-se de contrabando, mas no primeiro, a mercadoria ingressa no país sem passar pela zona alfandegária; na segunda, passa pela alfândega, mas mediante fraude, seja para que uma mercadoria proibida passe como permitida ou com alteração de quantitativos ou qualquer outra forma de fraude Hipóteses: a) navegação de cabotagem; L9.432 Dispõe sobre a ordenação do transporte aquaviário e dá outras providências. Art. 2º Para os efeitos desta Lei, são estabelecidas as seguintes definições: IX - navegação de cabotagem: a realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores; b) fato assimilado Decreto-lei n º 288 Regula a Zona Franca de Manaus. Art 39. Será considerado contrabando a saída de mercadorias da Zona Franca sem a autorização legal expedida pelas autoridades competentes. c) comércio de mercadoria contrabandeada ou descaminhada; d) receptação de mercadoria contrabandeada ou descaminhada Receptação Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Equiparadora 2: § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) Majorante: § 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) Competência: A competência para processo e julgamento é da Justiça Federal, mesmo que se trate de agente público estadual. Súmula 151 do STJ STJ Súmula nº 151- 14/02/1996 - DJ 26.02.1996 A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.. Insignificância: PENAL. CONTRABANDO. INGRESSO IRREGULAR DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS DE PEQUENO VALOR. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. - O ingresso irregular de mercadorias estrangeiras em quantidade ínfima por pessoas excluídas do mercado de trabalho que se dedicam ao "comércio formiga" não tem repercussão na seara penal, à míngua de efetiva lesão do bem jurídico tutelado, enquadrando-se a hipótese no princípio da insignificância. - Recurso especial conhecido e desprovido. (STJ - REsp: 234623 PR 1999/0093529-2, Relator: Ministro VICENTE LEAL, Data de Julgamento: 13/03/2000, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 03.04.2000 p. 173 RT vol. 782 p. 557) RECURSO ESPECIAL. CIGARROS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. PROIBIÇÃO RELATIVA. CRIME DE CONTRABANDO E NÃO DE DESCAMINHO. 1. A introdução de cigarros no território nacional está sujeita a observância de diversas normas do ordenamento jurídico brasileiro. Há proibição relativa para sua comercialização, constituindo sua prática crime de contrabando e não de descaminho. 2. A questão não está limitada ao campo da tributação, abrangendo, sobretudo, a tutela à saúde pública, pois a introdução de cigarros, sem qualquer registro nos órgãos nacionais de saúde, pode ocasionar grandes malefícios aos consumidores. 3. A incidência do princípio da insignificância requer: (a) a mínima ofensividade da conduta do agente; (b) a nenhuma periculosidade social da ação; (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada, circunstâncias não evidenciadas na espécie. 4. Recurso especial provido para que, afastada a incidência do princípio da insignificância, seja dado prosseguimento à presente ação penal. (STJ , Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento: 15/08/2013, T6 - SEXTA TURMA) AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. CRIMINAL. DESCAMINHO. CONTRABANDO. CIGARROS. QUANTUM SUPERIOR A R$ 10.000,00. NÃO INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ART. 20 DA LEI N. 10.522/2002. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. 1. A Terceira Seção deste Tribunal entende aplicável o princípio da insignificância ao crime de descaminho quando o débito tributário não ultrapassar o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), consoante o disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002. 2. No caso, o tributo iludido ultrapassou a importância de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a afastar o instituto bagatelar, consoante precedentes deste Superior Tribunal e do Supremo Tribunal Federal. 3. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada. 4. Agravo regimental improvido. (STJ , Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 13/08/2013, T6 - SEXTA TURMA) 4. IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE CONCORRÊNCIA PPP: Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: PPS: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência. Equiparadora: Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Revogação: revogado tacitamente pela LLCA Lei 8.666 Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida. Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente: I - elevando arbitrariamente os preços; II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; III - entregando uma mercadoria por outra; IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria fornecida; V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a execução do contrato: Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do inscrito: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 1.4. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL PPP: Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) PPS: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Majorante: Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Objeto Jurídico: a autoridade e o prestígio da AP Ação nuclear: solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem Majorante: majorante representada pelo mero exaurimento do crime Observação: Crime formal, sendo consumado no momento da conduta, independentemente da obtenção da vantagem indevida ou da influência no ato de ofício Sujeito passivo: o Estado e o terceiro adquirente do prestígio Torpeza bilateral: a eventual ilicitude do ato visado pela vítima não a transforme em agente; pode haver torpeza bilateral, ou seja, a vítima pode agir de má-fé, com o intuito de obter proveito por meio de um negócio imoral ou ilícito; o fim ilícito do sujeito passivo não o torna sujeito ativo do crime; o agente acredita ser co-autor de corrupção ativa inexistente EOT: “a pretexto de influir em ato”; é necessário que o agente não tenha qualquer prestígio junto à AP, pois a lei pune a fraude representada pela alegação de influência; pode-se considerar o tráfico de influência um estelionato qualificado pela alegação de falso prestígio Distinções: se houver o alegado prestígio, pode ser caracterizada a corrupção ativa e passiva Comparação: PPP: Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: PPS: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Majorante: Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Objeto Jurídico: a autoridade e o prestígio da AP Ação nuclear: solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem EST: vontade de fazer o agente público praticar, omitir ou retardar ato de ofício; não se pune a corrupção ativa subsequente: o oferecimento de vantagem após a prática do ato de ofício, sem que tenha havido influência EOT 1: a vantagem pode ser de qualquer natureza, mas deve ser indevida; a chamada “carteirada” é fato atípico EOT 2: é necessário que a vantagem não seja insignificante; é fato atípico o oferecimento de gratificações de pequena monta EOT 3: se o ato de ofício não for atribuição do agente, trata-se de crime impossível Majorante: majorante representada pelo mero exaurimento do crime Observação 1: crime formal, consumado no momento da conduta, independentemente da obtenção da vantagem indevida ou da influência no ato de ofício Observação 2: se o agente cede a oferecimento ou promessa implícitos, pode ser caracterizado o crime de corrupção passiva privilegiada, em concurso Observação 3: crime não necessariamente bilateral; exceção à teoria monista PPP: Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: PPS: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Objeto material: mercadoria, o direito ou o imposto devido Ação nuclear: importar: trazer algo de fora para dentro do país exportar: levar algo para fora do país mercadoria: qualquer coisa móvel passível de comercialização iludir: enganar ou fraudar para evitar pagamento de imposto ou direito imposto: prestação monetária compulsória, cujo fato gerador não oferece retorno ao contribuinte direito: outros pagamentos decorrentes da importação ou exportação, tais como a tarifa de armazenagem ou taxa de liberação da guia de importação NPB: o PPP é Norma Penal em Branco, pois depende de outras normas para sua perfeita caracterização Gasolina: Equiparadora 1: § 1º - Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) Diferença: introdução clandestina e importação fraudulenta; em ambos os caos, trata-se de contrabando, mas no primeiro, a mercadoria ingressa no país sem passar pela zona alfandegária; na segunda, passa pela alfândega, mas mediante fraude, seja para que uma mercadoria proibida passe como permitida ou com alteração de quantitativos ou qualquer outra forma de fraude Hipóteses: a) navegação de cabotagem; b) fato assimilado c) comércio de mercadoria contrabandeada ou descaminhada; d) receptação de mercadoria contrabandeada ou descaminhada Equiparadora 2: § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) Majorante: § 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) Competência: A competência para processo e julgamento é da Justiça Federal, mesmo que se trate de agente público estadual. Súmula 151 do STJ Insignificância: PPP: Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: PPS: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência. Equiparadora: Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Revogação: revogado tacitamente pela LLCA ES2 PA01 08-08.pdf 1. ORIENTAÇÕES PARA SOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS Fonte: BEATRIZ TRIGO, Coordenadora do CEPRAJUR, Faculdades Integradas Padre Albino 1.1. INTRODUÇÃO 1. PROVA PRÁTICA DA OAB A segunda fase da prova da OAB é uma das maiores dificuldades pelas quais têm passado os recém-egressos dos cursos de direito. Assim, a disciplina “Estágio Supervisionado 2” terá como primeira preocupação qualificar e preparar os estudantes para fazer um dos exames mais tensos que proporcionam seu ingresso para a carreira jurídica. Via de consequência, obter-se-á naturalmente a qualificação e o preparo desejados para um bom desempenho na vida profissional. 2. REGRAS DE CORREÇÃO Para fazer uma boa prova, é imperativo conhecer o correspondente modo de avaliação, sob pena de se preocupar com aspectos desnecessários e descuidar de quesitos relevantes. Ademais, serão sugeridas algumas abordagens sobre o enunciado do problema proposto, as quais, apesar de serem pensadas de forma isolada, são complementares entre si e permitem o aproveitamento racional do tempo disponível. 1.2. IDENTIFICANDO O PROBLEMA 1. DAR NOME AOS BOIS Na análise de qualquer situação fática apresentada, o aluno deve identificar os principais elementos, os quais irão nortear a apreensão do problema. O aluno deve organizar os dados disponíveis, para poder visualizar a questão como um todo. Deve, portanto, organizar em uma folha separada os seguintes dados: a) nome do cliente; b) nome da parte contrária; c) situação do cliente (se é vítima ou agente); d) data do fato; e) crime imputado; f) tipo de ação penal referente ao crime imputado; g) rito da ação penal referente ao crime imputado; h) fase em que se encontra o feito; 2. IDENTIFICAÇÃO DA PROVA Este é um ponto importantíssimo, pois sempre representa uma ótima oportunidade para anular a prova. Todas as provas pedem que o aluno utilize apenas os dados fornecidos e não invente nada, para evitar sua individualização. O ideal é qualificar qualquer pessoa, inclusive as testemunhas, usando a seguinte fórmula: “Nome, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., identidade ..., CPF ..., endereço ..., O examinador quer saber se o estudante conhece os elementos do art. 282 do CPC. Qualquer documento que deva ser apresentado com a peça deverá ser referido simplesmente como "em anexo". Documento que já conste do processo, como "de fls." Se fizer menção a qualquer pessoa, seja acusado, vítima ou testemunha, assuma que todos já foram qualificados anteriormente nos autos. A peça elaborada não poderá ser assinada, rubricada e/ou conter qualquer palavra e/ou marca que a identifique, sob pena de anulação. Inclua na peça todos os dados que se façam necessários, sem, contudo, produzir qualquer identificação além daquelas fornecidas e permitidas. Assim, escreva o nome do dado seguido de reticências (exemplo: “Município...”, “Data...”, “Advogado...”, “OAB...”, etc.). Caso a peça profissional exija assinatura, utilize apenas a palavra “ADVOGADO ...”. 1.3. APREENDENDO O PROBLEMA 1. LER PARA ENTENDER A apreensão do problema consiste em entender o que o examinador quer do estudante. É saber extrair do enunciado os aspectos que deverão ser enfrentados na resposta e os que podem ser ignorados sem qualquer prejuízo. 2. DIVIDIR PARA CONQUISTAR A melhor forma de apreender o problema é dissecá-lo em suas partes integrantes, para, depois de analisar cada parte, visualizar o todo. O aluno deve separar o problema em parágrafos, observando que cada parágrafo deve conter uma informação, um fato distinto dos demais. Em cima desses elementos, será elaborado o raciocínio jurídico. 3. TESES Naturalmente, a partir dos parágrafos construídos na forma do item anterior, vão surgindo as teses a serem defendidas no corpo da peça processual. O aluno deve atentar para que, posteriormente, cada parágrafo equivalerá a uma tese, que deverá ser defendida em um parágrafo específico de sua peça. 1.4. PLANEJAMENTO DA RESPOSTA 1. ORGANIZAR PARA NÃO SE PERDER O aluno deve ter claros os quesitos que serão avaliados, para garantir que todos sejam contemplados em sua peça. Segue abaixo modelo de estrutura básica de avaliação de uma peça processual: 1. Apresentação, estrutura textual e correção gramatical (legibilidade, respeito às margens, parágrafos) 2. Fundamentação e consistência 2.1. Adequação da peça 2.2. Legitimidade ativa e passiva / Competência 2.3. Preliminar 2.4. Mérito 2.5. Fundamento legal e jurisprudencial 2.6. Pedidos 3. Domínio do raciocínio jurídico (adequação da resposta ao problema; técnica profissional demonstrada; capacidade de interpretação e exposição) 2. FUNDAMENTO JURÍDICO E LEGAL SE COMPLEMENTAM Fundamento legal diz respeito à indicação do dispositivo que prevê o direito invocado. Fundamento jurídico diz respeito ao instituto jurídico que representa o direito invocado. Os examinadores têm exigido que na fundamentação legal da peça prática o aluno decline precisamente o dispositivo legal específico para o caso apresentado. Por exemplo: Se o aluno escrever sobre o dano moral, mas não declinar o art. 5.º, X, da CF, teria perdido metade da nota destinada ao item 2.4. O raciocínio inverso também vale. Se o aluno fizer a fundamentação legal sem a fundamentação jurídica, perderá metade da nota. Ou seja, se especificar o art. 5.º, X, da CF, mas deixar de declinar qual o instituto jurídico lá abrigado, perde igualmente metade da nota. 3. FUNDAMENTO JURISPRUDENCIAL Na fundamentação da peça prática, a jurisprudência sumulada deve igualmente ser indicada, como um desdobramento natural da argumentação desenvolvida. 4. PEDIR O QUE FOI FUNDAMENTADO O que foi sustentado na causa de pedir deve ter seu natural reflexo no pedido. Esta observação poderia parecer tola, se não fosse a miríade de petições que a inobservam. 1.5. ESTRUTURAÇÃO DA RESPOSTA 1. ESTRUTURA BÁSICA O aluno deve ter clara a estrutura básica de qualquer petição, para que possa a partir daí construir a sua observando as peculiaridades de cada tipo distinto de peça processual. A estruturação é um importante passo para o desenvolvimento da resposta. Se uma estrutura prévia for elaborada, isso possibilitará ao estudante abrir mão de um rascunho, além de lhe permitir visualizar eventuais falhas no contexto da argumentação ou alguma eventual lacuna. Segue abaixo modelo de estrutura básica de uma petição: 1. Competência: órgão jurisdicional encarregado de conhecer do pedido. 2. Autor: qualificar na forma indicada no item 2 do ponto 1.2. 3. Acionado: qualificar na forma indicada no item 2 do ponto 1.2. 4. Dos fatos: Escrever uma síntese do problema e não gastar mais de 4 parágrafos nisso. Os fatos devem ser descritos de forma clara, concisa e objetiva, preferencialmente distintos do direito. Isso não é obrigatório, pois cada um tem seu estilo de escrever, mas, com uma estrutura prévia, separando cada tópico de maneira clara, o aluno facilita seu raciocínio e a correção de sua prova. Os fatos são um resumo do problema. 5. Do direito: o aluno deve declinar suas razões, informar os fundamentos jurídicos, legais e jurisprudenciais. 6. Do pedido: O fecho da peça, contendo todos os requerimentos discorridos na causa de pedir, com o cuidado de que, normalmente, a cada fundamento jurídico corresponde um pedido. 7. Assinatura: NAO assinar a peça, não colocar o nome, não fazer rubrica. Não são raros os casos de estudantes que fazem tudo certinho e no final comentem esse erro fatal... e irrecorrível. 1.6. DESENVOLVIMENTO 1. OS ARGUMENTOS Este ponto não é o mais relevante para a elaboração da petição, mas a redação tem se revelado grande empecilho para a aprovação de muitos. Um dos grandes problemas dos estudantes é colocar uma idéia com começo, meio e fim no papel. Isso é muito grave... Além disso, não se pode esquecer que a prolixidade é capaz de prejudicar mais que a concisão. Afinal, se o examinador não conseguiu ler todo o texto por ser muito prolixo e cheio de tergiversação, certamente não estará inclinado a dar nota boa. Pelo contrário, pode ficar tão chateado pelo texto maçante que dê uma nota baixa. O aluno tem que lembrar que os avaliadores lerão dezenas ou centenas de petições. Quanto mais direto e objetivo, melhor. 2. MÉRITO Um bom método é estruturar o texto com 3 partes básicas: 1. O fato (de forma extremamente sintética); 2. O direito aplicável ao caso; 3. A solução jurídica A estrutura acima é bem no estilo causa e efeito, fácil de ser pensada e bastante eficaz para qualquer prova discursiva, além de se parecer com a famosa lição de Miguel Reale (fato-valor-norma). Obedecer a uma lógica simples de criação dos argumentos é a melhor forma de se escrever, garantindo não só a própria lógica jurídica como um texto claro que tenha começo, meio e fim. 1.7. AVALIAÇÃO 1. BALIZAS Seguem abaixo as balizas que os avaliadores usam para valorar uma petição: a) Adequação da peça ao problema apresentado: o examinador verifica se o estudante fez a peça e o endereçamento corretos; b) Raciocínio lógico: o examinador verifica se o estudante possui encadeamento lógico nas suas idéias. Raciocínio lógico estruturado consistente em "início", "meio" e "fim", sendo o "início" e o "meio" a causa de pedir próxima e remota, acaso seja uma petição inicial exigida pelo examinador; c) Capacidade de interpretação e exposição: o examinador verifica se o estudante acertou a tese jurídica; d) Fundamentação e consistência: o examinador verifica se o estudante apresentou fundamento fático e jurídico para o caso. Ao fundamentar em doutrina e jurisprudência o estudante demonstra maior credibilidade aos argumentos lançados; e) Correção gramatical (acentuação, grafia e pontuação), apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens, paragrafação); f) Técnica profissional: o examinador verifica a montagem da peça prática. 1.8. DICAS Estas orientações aplicam-se a qualquer tipo de peça prática, o que muda é o nome da petição, o direito aplicável e alguma outra peculiaridade específica de cada direito material ou processual. O importante é o aluno estabelecer um padrão de redação, com princípios claros, que o ajudará a pensar na hora da prova. 1. Não transcrever longos trechos da obra de ninguém. O examinador quer o SEU raciocínio. Parafrasear um autor famoso e só acrescentar seu texto se ele for COMPLEMENTAR, e não a própria fundamentação da prova. Muitos simplesmente copiam o que um doutrinador famoso pensa sobre determinado tema e acham que isso basta. 2. Não transcrever a letra da lei. Apenas citar o dispositivo legal aplicável ao caso, que é mais do que suficiente para a prova. O examinador sabe muito bem o que quer ver na prova. Transcrever todo texto da lei somente significa perder tempo. 3. Se for transcrever alguma jurisprudência, ter o cuidado de observar o mesmo raciocínio do item acima, além de não cometer o erro de usar um aresto enorme e infindável. Se possível, retirar uma parte dele, mantendo apenas o nucleo de sua idéia. 4. Não fugir do tema. Isso é muito comum e prejudica seriamente o aluno. Não esquecer da idéia de causa e efeito: uma lesão é igual ao direito a uma reparação. A lei serve para justificar a reparação. Simples assim. Inventar demais pode ter sérias conseqüências. 5. Por ocasião da conclusão da petição, ao formular o(s) pedido(s) não escrever “Posto isto, requer-se a procedência DA ACAO" O correto é: "Posto isto, requer-se a PROCEDENCIA DO(S) PEDIDO(S)" em conformidade com a regra contida no artigo 269, I, do CPC. Toda e qualquer ação é procedente se preenchidos os pressupostos processuais e suas respectivas condições. 6. Ao determinar o valor da causa não inserir "Dá-SE à causa...". Conforme a norma culta, redigir "Atribui à causa o valor correspondente a......". 7. Não abreviar nenhuma palavra (EXMO, SR, DR, V. EXA, R, etc). Escrever por extenso: "Excelentíssimo, Senhor, Doutor, Vossa Excelência, respeitável etc). 8. Em alguns recursos, o endereçamento e interposição deverão ser diretamente ao Tribunal. 9. O aluno não poderá esquecer de indicar as peças que acompanham o recurso, quando for necessário, bem como, os nomes e endereços dos procuradores de ambas as partes, vale dizer, autor e réu. 10. Quando se tratar de recurso, o aluno deve dar especial atenção para o preparo (depósito recursal e custas). Deixar de mencionar o preparo do recurso ou mencioná- lo quando seria desnecessário, representa perda de preciosos pontos. 11. Em situações de recurso de apelação, especial, extraordinário encerrar a petição indicando, pormenorizadamente, a sua pretensão recursal não sendo de bom alvitre inserir, tão somente, "a reforma da sentença" ou "a reforma da decisão de fls" e similares. 12. Ao redigir a defesa, promover um capítulo cujo título poderá ser "breve escorço histórico dos fatos" ou "breve síntese". A partir de então, narrar, sucintamente, os fatos da petição inicial que, no exame de ordem, será o enunciado do problema. 13. Encerrada a 1.ª parte da defesa, ler atentamente a disposição legal contida no artigo 300 do CPC e alegar todas as matérias previstas no mencionado artigo elaborando, após "breve escorço histórico" ou "breve síntese", a 2a parte intitulada - "Matérias preliminares prejudiciais ao mérito" ou, tão somente, "matérias preliminares". Salientamos, ainda, que as matérias contidas no artigo 300 são de fundamental importancia porque impedem o exame do mérito da causa. 14. Após enunciar as "matérias preliminares", elaborar a 3a parte da defesa intitulando-a "mérito". E a partir de então, arrazoar todos os fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do autor que constituem o mérito da causa. 15. Temos um péssimo hábito de achar nossa caligrafia legível, porque nós conseguir entender o que escrevemos. Os examinadores podem não pensar assim. Por isso, atenção especial no momento de elaborar as respostas às perguntas e na elaboração da peça. 16. Quando o examinando tiver duvida quanto à ortografia, deve utilizar um sinônimo. 1.1. Introdução A segunda fase da prova da OAB é uma das maiores dificuldades pelas quais têm passado os recém-egressos dos cursos de direito. Assim, a disciplina “Estágio Supervisionado 2” terá como primeira preocupação qualificar e preparar os estudantes para fazer um dos exames mais tensos que proporcionam seu ingresso para a carreira jurídica. Via de consequência, obter-se-á naturalmente a qualificação e o preparo desejados para um bom desempenho na vida profissional. Para fazer uma boa prova, é imperativo conhecer o correspondente modo de avaliação, sob pena de se preocupar com aspectos desnecessários e descuidar de quesitos relevantes. Ademais, serão sugeridas algumas abordagens sobre o enunciado do problema proposto, as quais, apesar de serem pensadas de forma isolada, são complementares entre si e permitem o aproveitamento racional do tempo disponível. 1.2. Identificando o problema Na análise de qualquer situação fática apresentada, o aluno deve identificar os principais elementos, os quais irão nortear a apreensão do problema. O aluno deve organizar os dados disponíveis, para poder visualizar a questão como um todo. Deve, portanto, organizar em uma folha separada os seguintes dados: a) nome do cliente; b) nome da parte contrária; c) situação do cliente (se é vítima ou agente); d) data do fato; e) crime imputado; f) tipo de ação penal referente ao crime imputado; g) rito da ação penal referente ao crime imputado; h) fase em que se encontra o feito; Este é um ponto importantíssimo, pois sempre representa uma ótima oportunidade para anular a prova. Todas as provas pedem que o aluno utilize apenas os dados fornecidos e não invente nada, para evitar sua individualização. O ideal é qualificar qualquer pessoa, inclusive as testemunhas, usando a seguinte fórmula: “Nome, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., identidade ..., CPF ..., endereço ..., O examinador quer saber se o estudante conhece os elementos do art. 282 do CPC. Qualquer documento que deva ser apresentado com a peça deverá ser referido simplesmente como "em anexo". Documento que já conste do processo, como "de fls." Se fizer menção a qualquer pessoa, seja acusado, vítima ou testemunha, assuma que todos já foram qualificados anteriormente nos autos. A peça elaborada não poderá ser assinada, rubricada e/ou conter qualquer palavra e/ou marca que a identifique, sob pena de anulação. Inclua na peça todos os dados que se façam necessários, sem, contudo, produzir qualquer identificação além daquelas fornecidas e permitidas. Assim, escreva o nome do dado seguido de reticências (exemplo: “Município...”, “Data...”, “Advogado...”, “OAB...”, etc.). Caso a peça profissional exija assinatura, utilize apenas a palavra “ADVOGADO ...”. 1.3. Apreendendo o problema A apreensão do problema consiste em entender o que o examinador quer do estudante. É saber extrair do enunciado os aspectos que deverão ser enfrentados na resposta e os que podem ser ignorados sem qualquer prejuízo. A melhor forma de apreender o problema é dissecá-lo em suas partes integrantes, para, depois de analisar cada parte, visualizar o todo. O aluno deve separar o problema em parágrafos, observando que cada parágrafo deve conter uma informação, um fato distinto dos demais. Em cima desses elementos, será elaborado o raciocínio jurídico. Naturalmente, a partir dos parágrafos construídos na forma do item anterior, vão surgindo as teses a serem defendidas no corpo da peça processual. O aluno deve atentar para que, posteriormente, cada parágrafo equivalerá a uma tese, que deverá ser defendida em um parágrafo específico de sua peça. 1.4. Planejamento da resposta O aluno deve ter claros os quesitos que serão avaliados, para garantir que todos sejam contemplados em sua peça. Segue abaixo modelo de estrutura básica de avaliação de uma peça processual: 1. Apresentação, estrutura textual e correção gramatical (legibilidade, respeito às margens, parágrafos) 2. Fundamentação e consistência 2.1. Adequação da peça 2.2. Legitimidade ativa e passiva / Competência 2.3. Preliminar 2.4. Mérito 2.5. Fundamento legal e jurisprudencial 2.6. Pedidos 3. Domínio do raciocínio jurídico (adequação da resposta ao problema; técnica profissional demonstrada; capacidade de interpretação e exposição) Fundamento legal diz respeito à indicação do dispositivo que prevê o direito invocado. Fundamento jurídico diz respeito ao instituto jurídico que representa o direito invocado. Os examinadores têm exigido que na fundamentação legal da peça prática o aluno decline precisamente o dispositivo legal específico para o caso apresentado. Por exemplo: Se o aluno escrever sobre o dano moral, mas não declinar o art. 5.º, X, da CF, teria perdido metade da nota destinada ao item 2.4. O raciocínio inverso também vale. Se o aluno fizer a fundamentação legal sem a fundamentação jurídica, perderá metade da nota. Ou seja, se especificar o art. 5.º, X, da CF, mas deixar de declinar qual o instituto jurídico lá abrigado, perde igualmente metade da nota. Na fundamentação da peça prática, a jurisprudência sumulada deve igualmente ser indicada, como um desdobramento natural da argumentação desenvolvida. O que foi sustentado na causa de pedir deve ter seu natural reflexo no pedido. Esta observação poderia parecer tola, se não fosse a miríade de petições que a inobservam. 1.5. Estruturação da resposta O aluno deve ter clara a estrutura básica de qualquer petição, para que possa a partir daí construir a sua observando as peculiaridades de cada tipo distinto de peça processual. A estruturação é um importante passo para o desenvolvimento da resposta. Se uma estrutura prévia for elaborada, isso possibilitará ao estudante abrir mão de um rascunho, além de lhe permitir visualizar eventuais falhas no contexto da argumentação ou alguma eventual lacuna. Segue abaixo modelo de estrutura básica de uma petição: 1. Competência: órgão jurisdicional encarregado de conhecer do pedido. 2. Autor: qualificar na forma indicada no item 2 do ponto 1.2. 3. Acionado: qualificar na forma indicada no item 2 do ponto 1.2. 4. Dos fatos: Escrever uma síntese do problema e não gastar mais de 4 parágrafos nisso. Os fatos devem ser descritos de forma clara, concisa e objetiva, preferencialmente distintos do direito. Isso não é obrigatório, pois cada um tem seu estilo de escrever, mas, com uma estrutura prévia, separando cada tópico de maneira clara, o aluno facilita seu raciocínio e a correção de sua prova. Os fatos são um resumo do problema. 5. Do direito: o aluno deve declinar suas razões, informar os fundamentos jurídicos, legais e jurisprudenciais. 6. Do pedido: O fecho da peça, contendo todos os requerimentos discorridos na causa de pedir, com o cuidado de que, normalmente, a cada fundamento jurídico corresponde um pedido. 7. Assinatura: NÃO assinar a peça, não colocar o nome, não fazer rubrica. Não são raros os casos de estudantes que fazem tudo certinho e no final comentem esse erro fatal... e irrecorrível. 1.6. Desenvolvimento Este ponto não é o mais relevante para a elaboração da petição, mas a redação tem se revelado grande empecilho para a aprovação de muitos. Um dos grandes problemas dos estudantes é colocar uma idéia com começo, meio e fim no papel. Isso é muito grave... Além disso, não se pode esquecer que a prolixidade é capaz de prejudicar mais que a concisão. Afinal, se o examinador não conseguiu ler todo o texto por ser muito prolixo e cheio de tergiversação, certamente não estará inclinado a dar nota boa. Pelo contrário, pode ficar tão chateado pelo texto maçante que dê uma nota baixa. O aluno tem que lembrar que os avaliadores lerão dezenas ou centenas de petições. Quanto mais direto e objetivo, melhor. Um bom método é estruturar o texto com 3 partes básicas: 1. O fato (de forma extremamente sintética); 2. O direito aplicável ao caso; 3. A solução jurídica A estrutura acima é bem no estilo causa e efeito, fácil de ser pensada e bastante eficaz para qualquer prova discursiva, além de se parecer com a famosa lição de Miguel Reale (fato-valor-norma). Obedecer a uma lógica simples de criação dos argumentos é a melhor forma de se escrever, garantindo não só a própria lógica jurídica como um texto claro que tenha começo, meio e fim. 1.7. Avaliação Seguem abaixo as balizas que os avaliadores usam para valorar uma petição: a) Adequação da peça ao problema apresentado: o examinador verifica se o estudante fez a peça e o endereçamento corretos; b) Raciocínio lógico: o examinador verifica se o estudante possui encadeamento lógico nas suas idéias. Raciocínio lógico estruturado consistente em "início", "meio" e "fim", sendo o "início" e o "meio" a causa de pedir próxima e remota, acaso seja uma petição inicial exigida pelo examinador; c) Capacidade de interpretação e exposição: o examinador verifica se o estudante acertou a tese jurídica; d) Fundamentação e consistência: o examinador verifica se o estudante apresentou fundamento fático e jurídico para o caso. Ao fundamentar em doutrina e jurisprudência o estudante demonstra maior credibilidade aos argumentos lançados; e) Correção gramatical (acentuação, grafia e pontuação), apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens, paragrafação); f) Técnica profissional: o examinador verifica a montagem da peça prática. 1.8. Dicas Estas orientações aplicam-se a qualquer tipo de peça prática, o que muda é o nome da petição, o direito aplicável e alguma outra peculiaridade específica de cada direito material ou processual. O importante é o aluno estabelecer um padrão de redação, com princípios claros, que o ajudará a pensar na hora da prova. 1. Não transcrever longos trechos da obra de ninguém. O examinador quer o SEU raciocínio. Parafrasear um autor famoso e só acrescentar seu texto se ele for COMPLEMENTAR, e não a própria fundamentação da prova. Muitos simplesmente copiam o que um doutrinador famoso pensa sobre determinado tema e acham que isso basta. 2. Não transcrever a letra da lei. Apenas citar o dispositivo legal aplicável ao caso, que é mais do que suficiente para a prova. O examinador sabe muito bem o que quer ver na prova. Transcrever todo texto da lei somente significa perder tempo. 3. Se for transcrever alguma jurisprudência, ter o cuidado de observar o mesmo raciocínio do item acima, além de não cometer o erro de usar um aresto enorme e infindável. Se possível, retirar uma parte dele, mantendo apenas o núcleo de sua idéia. 4. Não fugir do tema. Isso é muito comum e prejudica seriamente o aluno. Não esquecer da idéia de causa e efeito: uma lesão é igual ao direito a uma reparação. A lei serve para justificar a reparação. Simples assim. Inventar demais pode ter sérias conseqüências. 5. Por ocasião da conclusão da petição, ao formular o(s) pedido(s) não escrever “Posto isto, requer-se a procedência DA AÇÃO" O correto é: "Posto isto, requer-se a PROCEDÊNCIA DO(S) PEDIDO(S)" em conformidade com a regra contida no artigo 269, I, do CPC. Toda e qualquer ação é procedente se preenchidos os pressupostos processuais e suas respectivas condições. 6. Ao determinar o valor da causa não inserir "Dá-SE à causa...". Conforme a norma culta, redigir "Atribui à causa o valor correspondente a......". 7. Não abreviar nenhuma palavra (EXMO, SR, DR, V. EXA, R, etc). Escrever por extenso: "Excelentíssimo, Senhor, Doutor, Vossa Excelência, respeitável etc). 8. Em alguns recursos, o endereçamento e interposição deverão ser diretamente ao Tribunal. 9. O aluno não poderá esquecer de indicar as peças que acompanham o recurso, quando for necessário, bem como, os nomes e endereços dos procuradores de ambas as partes, vale dizer, autor e réu. 10. Quando se tratar de recurso, o aluno deve dar especial atenção para o preparo (depósito recursal e custas). Deixar de mencionar o preparo do recurso ou mencioná-lo quando seria desnecessário, representa perda de preciosos pontos. 11. Em situações de recurso de apelação, especial, extraordinário encerrar a petição indicando, pormenorizadamente, a sua pretensão recursal não sendo de bom alvitre inserir, tão somente, "a reforma da sentença" ou "a reforma da decisão de fls" e similares. 12. Ao redigir a defesa, promover um capítulo cujo título poderá ser "breve escorço histórico dos fatos" ou "breve síntese". A partir de então, narrar, sucintamente, os fatos da petição inicial que, no exame de ordem, será o enunciado do problema. 13. Encerrada a 1.ª parte da defesa, ler atentamente a disposição legal contida no artigo 300 do CPC e alegar todas as matérias previstas no mencionado artigo elaborando, após "breve escorço histórico" ou "breve síntese", a 2a parte intitulada - "Matérias preliminares prejudiciais ao mérito" ou, tão somente, "matérias preliminares". Salientamos, ainda, que as matérias contidas no artigo 300 são de fundamental importância porque impedem o exame do mérito da causa. 14. Após enunciar as "matérias preliminares", elaborar a 3a parte da defesa intitulando-a "mérito". E a partir de então, arrazoar todos os fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do autor que constituem o mérito da causa. 15. Temos um péssimo hábito de achar nossa caligrafia legível, porque nós conseguir entender o que escrevemos. Os examinadores podem não pensar assim. Por isso, atenção especial no momento de elaborar as respostas às perguntas e na elaboração da peça. 16. Quando o examinando tiver dúvida quanto à ortografia, deve utilizar um sinônimo.