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AULA 03 – ENSAIO TEMA: Definição conceitual, estrutura e construção de ensaios acadêmicos. OBJETIVO: Apresentar o gênero ensaio acadêmico, demonstrar suas propriedades, explicitar sua estrutura e apresentar um modelo de construção para aplicação posterior em exercício. O que é um Ensaio? Definição O ensaio é um texto literário breve, comum na academia e nos periódicos impressos ou on-line. Tem como maior objetivo expor idéias, críticas e reflexões morais e filosóficas sobre determinados temas. O que é um Ensaio? O ensaio é uma forma literária, uma composição em prosa, de pequena extensão e assunto limitado. De início, era uma breve digressão pessoal acerca de pessoas, fatos, paisagens e estados de alma. Situando-se entre o poético e o didático, o ensaio distingue-se pelo manejo, a um tempo, das idéias e do estilo e caracteriza-se por uma estrutura baseada na flexibilidade formal e na subjetividade. O que é um Ensaio? Mantêm-se atuais as frases de Montaigne para definir o que seja ensaio: [1] «Eu sou a matéria do meu livro», na medida em que o ensaísta utiliza a sua liberdade individual e baseia-se na reflexão que faz sobre as matérias de que trata, para sobre elas constituir um pensamento original; e [2] «O que sei eu?», porque, sempre que se faz um ensaio sobre uma dada matéria, é obrigatório proceder-se a uma atualização crítica dos conhecimentos já adquiridos, pelo próprio ou por outrem, sobre essa mesma matéria. O que é um Ensaio? O ensaio se apresenta como um texto escorreito, de feição híbrida. Tem algo da escrita artística e também da escrita científica. Por um lado, falta-lhe a liberdade da arte porque o ensaísta é um leitor que trabalha a partir de exemplos concretos, tomados de outros textos e dos meios de comunicação de massa. Por outro, faltam-lhe os princípios disciplinares da ciência, já que o ensaísta é um indivíduo obsessivo que sai em busca do conhecimento multidisciplinar de dada questão. Paradoxalmente, nessa dupla falta, está a redenção do ensaio. O que é um Ensaio? O ensaio não concorre com a exposição em forma de "drama", típica da ficção, do teatro ou do cinema. É na obsessão opinativa do ensaísta que está a coerência de uma coletânea de ensaios como O cosmopolitismo do pobre. O ensaio também não concorre com a monografia científica, em que a objetividade oriunda de uma bibliografia deve suplantar o caráter subjetivo da interpretação. O ensaio fala de maneira individual e obsessiva sobre a atualidade e deve dialogar com todo e qualquer cidadão que se interesse pelas questões propostas pela realidade nacional e internacional. Silviano Santiago. Como é um Ensaio? O ensaio dispensa um número específico de páginas, mas, por sua dinâmica de apresentação, normalmente se resume a duas ou três páginas. Mas, nem por isso, o ensaio dispensa o rigor lógico, pois a coerência de argumentação exige do escritor grande informação cultural e maturidade intelectual. Como é um Ensaio? Escrever um ensaio requer que o autor estude várias teorias sobre um mesmo tema ou várias abordagens sobre um determinado fato. É possível ao acadêmico produzir um ensaio para demonstrar seu grau de conhecimento e emitir seu ponto de vista. curiosidade... Recentemente, o termo ensaio tem-se vulgarizado, sendo utilizado para trabalhos preparatórios de quaisquer obras previstas; é por isso que, por exemplo, chama-se ensaio à representação de uma peça de teatro, antes da sua estréia perante o público, com o objetivo de verificar se tudo está como deve ser ( postura dos atores, som, luzes, guarda-roupa, marcações de palco etc.). Como é um Ensaio? Quanto à forma, o ensaio assume uma estrutura tradicional, habitualmente dividida em três partes: - Introdução, - Desenvolvimento e - Conclusão. Como é um Ensaio? O ensaio deve ser bem estruturado, organizado e apresentado de uma forma que o leitor ache fácil e clara a sua seqüência, ou seja, não deve apresentar nenhum obstáculo à leitura. Deve ter um estilo interessante e agradável de ler. Como é um Ensaio? Na esfera acadêmica, a produção do ensaio segue uma estrutura mais rígida, ou seja, há passos que organizam a produção textual: sua preparação e estruturação. Preparação Na preparação do ensaio, é necessário que se leiam criticamente os textos indicados pelo professor sobre o tema proposto. Nessa leitura, deve-se procurar identificar a tese defendida, os argumentos e estratégias que a sustentam. Deve-se, ainda, procurar assegurar-se de que houve a correta compreensão do que está em causa. Estruturação Introdução Dentro do parágrafo introdutório de um ensaio, o autor afirma a idéia central e qualquer informação prévia de que o leitor necessite saber. Geralmente, a idéia (tema) é declarada na segunda ou última sentença do parágrafo introdutório. Estruturação Introdução Pontos importantes que você deve ressaltar nessa parte do ensaio:: - Definição do tema; - Por que o escolheu; - O que será argumentado; - Descrição da estrutura do ensaio. Estruturação Desenvolvimento - corpo do ensaio - O corpo do ensaio consiste de vários parágrafos. Cada parágrafo contém os pontos principais, necessários para provar ou desenvolver a idéia central. Cada ponto principal pode servir como o tópico do parágrafo. Estruturação Desenvolvimento - corpo do ensaio - O parágrafo principal geralmente é afirmado no que é chamado de uma sentença-tópico ou argumento. Como cada ponto principal deve ser provado para o leitor, o autor também inclui fatos, razões, exemplos, ou outros detalhes de apoio, com os quais desenvolve cada ponto principal. Estruturação Desenvolvimento - Analisar e desenvolver o tema escolhido; - Estruturar o ensaio de forma que o leitor possa seguir a sua argumentação; - Dar exemplos do texto que irá estudar; - Mencionar a bibliografia secundária para justificar suas idéias e conclusões; - Dividir o ensaio em pequenos capítulos para tornar os argumentos mais compreensíveis; - Indicar sempre a origem das suas citações. Estruturação Conclusão A conclusão do ensaio pode ser uma sentença simples, um parágrafo ou, ainda, vários parágrafos. O parágrafo conterá declarações concluintes que reafirmem e apontem a idéia central. As sentenças concluintes podem também resumir os pontos principais do ensaio. O objetivo da sentença concluinte é fazer o fechamento do texto. Assim, as declarações não devem introduzir nenhuma idéia nova. Estruturação Conclusão - Apresente os resultados da sua análise; - Deixe clara a conclusão do seu trabalho; - Poderá ser introduzido um comentário pessoal ao tema; - Poderá ser indicada outra área relacionada com o seu tema, que seria interessante estudar e pesquisar. RELEMBRANDO... a) Um ensaio é uma composição breve, baseada em uma idéia. b) A idéia na qual o ensaio está baseado é chamada de idéia central/controle (ou tese defendida). c) Um ensaio é organizado em três partes ou seções, chamadas de introdução, corpo (argumentação e estratégias de convencimento) e conclusão. d) Cada parte do ensaio contém um ou mais parágrafos. e) A idéia central geralmente é afirmada no parágrafo(s) introdutório(s). f) A idéia central é explicada pelas idéias chamadas de pontos principais. RELEMBRANDO... g) Os pontos principais são explicados no corpo dos parágrafos. h) Cada corpo de parágrafo está baseado em um tópico. Em muitos casos, o tópico é um ponto principal do ensaio. i) O tópico de cada corpo do parágrafo é geralmente afirmado em uma sentença-tópico. j) Os pontos principais são explicados pelos detalhes de apoio. l) Os detalhes de apoio consistem de exemplos, fatos, razões, ou outras informações específicas que reafirmem o ponto principal. m) O parágrafo concluinte geralmente contém declarações que reafirmam e apontam a idéia central. As afirmações concluintes podem também resumir os pontos principais do ensaio. Identificando a estrutura do ensaio - o problema: “[...] Platão separou as obras literárias em gêneros, diferenciou a epopéia da tragédia e expulsou ambas da República. Aristóteles, seu discípulo, distinguiu uma da outra, procurou qualificá-las, conceituá- las, tornando-se o primeiro teórico da história da literatura e também uma referência no estudo literário”. Identificando a estrutura do ensaio - o objetivo: “[...] Com o posterior desenvolvimento da literatura, outros gêneros, além da epopéia e da tragédia, surgiram, como o romance, o conto, a lírica e o ensaio [...]” Identificando a estrutura do ensaio - a importância: : “[...] estando estas noções tão integradas ao senso comum, a ponto de ser impossível nos dias de hoje estudar literatura sem estudar a teoria dos gêneros”. Identificando a estrutura do ensaio - as teses concorrentes: Costuma-se classificar o romance como um texto em prosa de longa- duração temporal; o conto como um texto, também em prosa, de curta duração temporal; a lírica, em verso, com forte presença de um eu central, e o ensaio como um “texto, geralmente em prosa, livre, que versa sobre um determinado assunto sem esgotá-lo, reunindo pequenas dissertações menos definitivas que um tratado” [...] Quanto ao ensaio, a definição mais usual, encontrada em dicionários e até em alguns teóricos, tende a abarcar mais do que o próprio senso comum reconhece como ensaio [...]”. Identificando a estrutura do ensaio - argumentos e estratégias a favor: “Por exemplo, toda a produção epistolar de Cícero e Sêneca e até, se formos rigorosos, o poema didático De rerum natura de Lucrécio, se encaixa perfeitamente nestas definições, [...]. Onde estaria o que faz reconhecer um ensaio de um “não-ensaio?” [...] Embora descartando de início a tautologia “ensaio é aquilo que nós chamamos de ensaio”, é importante partir do senso comum, “do que nós chamamos de ensaio”, para chegar no que o ensaio é. Procuro a descrição, pois a prescrição mostrou-se ser demasiado problemática. [...] O que faz a Odisséia ou a Divina Comédia serem “não ensaios” já é esclarecido [..], também é explicada a razão de um conto não poder ser um ensaio – o ensaio mantém um certo caráter dissertativo – e também porque um tratado não é um ensaio – este é mais concludente. [...] O gênero apareceu pela primeira vez com esse nome no final do século XVI, nos Essais, de Montaigne.[...], mentalidade clássica. [...] A maior diferença encontrada entre os modernos e os clássicos é, evidentemente, o tempo. E arriscaria a dizer que é justamente este fator que os diferencia. O ensaio está profundamente ligado ao mundo moderno, algo não facilmente definível e ausente das definições mais sucintas. A individualidade do ensaio é a individualidade do homem moderno. Portanto, Cícero jamais poderia sonhar em ser ensaísta, [...] um gênero literário inseparável do homem moderno”. Identificando a estrutura do ensaio - objeções: “[...] Resta ainda a dúvida do que faz com que as epístolas de Cícero não sejam ensaios, pois são livres dissertações curtas sobre determinado assunto, não concludentes, e até bastante individuais. A conclusão só pode ser feita ao analisar a história do ensaio. Pois continua descartada a chance de serem alguns latinos ensaístas.” Identificando a estrutura do ensaio - conclusões: “Esta breve investigação acerca da natureza do gênero ensaístico, do porquê de chamarmos certos textos de ensaios, mostra que a conceituação deve ser mais uma tarefa restritiva, de procurar ordenar o já existente do que uma demiurgia. Deve-se também [...] no senso comum sua própria verdade. A conceituação é, então, um mergulho no senso comum para a descoberta de seus princípios.” Resumindo... A organização estrutural do ensaio produzido na esfera acadêmica deve apresentar: problema, objetivo, tese, posição, objeções e conclusões. Portanto, lembre-se de: - Formular o problema. - Dizer qual o objetivo (tese defendida) do ensaio. - Mostrar a importância do problema. - Identificar as principais teses concorrentes. - Apresentar a tese que quer defender. - Apresentar os argumentos a favor dessa proposição. - - Apresentar as principais objeções ao que acabou de ser defendido (ou não). - Responder às objeções (ou não). - Tirar as suas conclusões. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30