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0 MÓDULO 2 COMUNICAÇÃO OFICIAL 1 Caro estudante, Queremos lhe dar as boas-vindas e cumprimentá-lo pela oportunidade de participar dessa modalidade de ensino-aprendizagem presente no currículo do curso que escolhestes estudar. Você está participando de um momento importante na instituição e no nosso país, pois a Educação a Distância – EAD está se expandindo cada vez mais, por ser uma modalidade que busca atender as novas demandas educacionais decorrentes das mudanças na nova ordem econômica mundial. As características fundamentais da sociedade contemporânea que têm impacto sobre a educação são, pois, maior complexidade das relações sócio-produtivas, uso mais intenso de tecnologia, redimensionamento da compreensão das relações de espaço e tempo, trabalho mais responsabilizado, com maior mobilidade, exigindo um trabalhador multicompetente, multiqualificado, capaz de gerir situações de grupo, de se adaptar a situações novas e sempre pronto a aprender. Em suma, queremos que a partir do conhecimento das novas tecnologias de interação e do estudo independente, você, caro estudante, torne-se um profissional autônomo em termos de aprendizado e capaz de construir e reconstruir conhecimentos, afinal esse é o trabalhador que o mercado atualmente exige. Dessa forma, participe de todas as atividades e aproveite ao máximo esse novo tipo de relação com os seus colegas, tutores e professores, e nos ajude a construir uma FATE e uma sociedade cada vez melhor. Malverique Neckel – Diretor Acadêmico FATE 2 A INFLUÊNCIA DA COESÃO E DA COERÊNCIA SOBRE AS DIFERENTES TIPOLOGIAS TEXTUAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: • Dar subsídios aos alunos para produzir textos coesos e coerentes, mostrando-lhe como a coesão é fundamental na estruturação do pensamento; • Refletir sobre a importância da coesão e coerência na produção textual, com base em diferentes textos; • Fazer o aluno ser capaz de distinguir entre descrição, narração e dissertação; • Desenvolver no aluno a habilidade da escrita através de diferentes tipologias textuais. INTRODUÇÃO Ao longo desta unidade tentaremos primeiramente identificar problemas gramaticais e estruturais retirados das análises de textos. Bem sabemos que,um dos problemas encontrados com maior frequência nos textos é a falta de coesão e de coerência. Assim, antes de conhecermos os diferentes tipos de textos existentes, se faz necessário conhecermos um pouco mais da coesão e da coerência, que têm o papel fundamental na construção de textos lógicos e de fácil leitura. Lembrando que esse conteúdo servirá de alicerce para todas as aulas seguintes. Estudaremos as tipologias textuais fundamentais para a vida acadêmica do educando, a saber: Descrição, Narração e Dissertação. E além de mostrar os diferentes tipos textuais existentes, tentaremos fazer o educando conhecer a estrutura dos textos que lhes possibilitará compreender com mais clareza a realidade e encontrar a melhor forma de expressá-la. Sem esquecer-se do uso 3 da coesão e da coerência, que tem seu papel significativo na diferenciação e elaboração dos mesmos. Por fim, o aluno terá maior facilidade no desenvolvimento dos seus trabalhos acadêmicos durante todo período de estudo. Melhorando e desenvolvendo habilidades de escrita e de pensamento cognitivo e crítico. AULA 3: COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL 3.COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL Um dos problemas encontrados com maior frequência nos textos é a falta de coesão e de coerência.É comum encontrarmos textos que iniciam com um tema e terminam com outro, mostrando falta de unidade, falta de coerência. Além da falta de coerência, há falta de coesão, o que torna, muitas vezes, os períodos ininteligíveis. Mas, o que é coerência e o que é coesão? Comecemos pela organização textual. Todo texto é composto por uma macroestrutura e uma microestrutura; desta forma iniciaremos com a macroestrutura que se refere a coerência textual. 3.1 COERÊNCIA TEXTUAL A macroestrutura refere-se à coerência, ou seja, à manutenção da mesma referência temática em toda extensão. Para que ela exista é necessário: a) harmonia de sentido de modo a não ter nada ilógico, nada desconexo; b) relação entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido. c) as partes devem estar inter-relacionadas; d) expor uma informação nova e expandir o texto; e) não apresentar contradições entre as idéias; 4 f) apresentar um ponto de vista, uma nova visão de mundo. A construção textual deve ser a construção de um todo compreensível aos olhos do leitor. A coerência textual é o instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele. Cada palavra tem seu sentido individual, quando elas se relacionam elas montam um outro sentido. O mesmo raciocínio vale para as frases, os parágrafos e até os textos. Cada um desses elementos tem um sentido individual e um tipo de relacionamento com os demais. Caso estas relações sejam feitas da maneira correta, obtemos uma mensagem, um conteúdo semântico compreensível. O texto é escrito com uma intencionalidade, de modo que ele tem uma repercussão sobre o leitor, muitas vezes proposital. Em uma redação, para que a coerência ocorra, as idéias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de idéias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual. A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc. Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual: “No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar” “Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.” “Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar” “Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo” 5 “Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um problema no país. O governo prometeu e cumpriu: trouxe várias melhorias na educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a freqüentá-la. Isso trouxe várias melhoras para o país.” A falta de coerência em um texto é facilmente detectada por um falante da língua, mas não é tão simples notá-la quando é você quem escreve. A coerência é a correspondência entre as idéias do texto de forma lógica. Quando o entendimento de determinado texto é comprometido, imediatamente alguém pode afirmar que ele está incoerente. Na maioria das vezes esta pessoa está certa ao fazer esta afirmação, mas não podemos achar que as dificuldades de organização das idéias se resumem à coerência ou a coesão. É certo que elas facilitam bastante esse processo, mas não são suficientes para resolver todos os problemas. O que nos resta é nos atualizarmos constantemente para podermos ter um maior domínio do processo de produção textual. Mas, a coerência é uma característica textual que depende da interação do texto, do seu produtor e daquele que procura compreendê-lo. Muito depende do receptor, de seu conhecimento de mundo, da situação de produção do texto e do grau de domínio dos elementos lingüísticos constantesdo texto. Veja no exemplo abaixo a falta desse domínio, o que parece tornar o texto incoerente. Essa incoerência, proposital neste caso, torna o texto uma piada. - Eu gosto tanto de frango, mas tenho medo de gripe aviária. - Ah, mas só dá na Ásia, responderam. - Justo na parte de que eu mais gosto? (Folha de São Paulo, 18 de março de 2006, p. E13). Há diversos níveis de coerência: a) Coerência narrativa: respeito às partes da narrativa e à lógica existente entre essas partes. 6 b) Coerência argumentativa: respeito à estrutura argumentativa e ao raciocínio argumentativo. c) Coerência figurativa: respeito à combinatória de figuras para manifestar um dado tema. Por exemplo, dizer que tocavam uma música clássica num baile funk. d) Coerência temporal: respeito às leis da sucessividade dos eventos. e) Coerência espacial: respeito à compatibilidade entre os enunciados do ponto da localização no espaço. Por exemplo, seria incoerente dizer que 450 pessoas estavam na sala de estar do apartamento. f) Coerência no nível de linguagem: respeito à compatibilidade entre personagens e receptor e seus respectivos níveis de linguagem. Um personagem não escolarizado, dificilmente, produziria textos no padrão culto. Portanto, a coerência deve ser entendida como um fator que se estabelece no processo de comunicação. A coerência não existe antes do texto, mas constrói-se simultaneamente à construção do texto, estreitamente relacionada com a intenção e conhecimentos dos interlocutores. 3.2 COESÃO TEXTUAL A microestrutura refere-se à coesão, ou seja, ligação das frases, concatenação entre as partes, traços morfossintáticos que garantem o encadeamento lógico. Para que o texto seja coeso, deve seguir pelo menos um dos mecanismos de coesão: a) Retomada de termos, expressões ou frases já ditas. b) Encadeamento de segmentos do texto, feito com conectores ou operadores discursivos, tais como então, portanto, mas, já que, porque... Veja o exemplo baixo: - As regras foram criadas para o bom funcionamento das tarefas, portanto, aquelesque não as obedecerem serão punidos. Ao encadear com conectores os segmentos do texto, devemos usá-los de acordo com a relação que queremos dar a essa união. Por exemplo, se 7 quisermos passar a idéia de oposição, deveremos usar as conjunções adversativasmas, porém, contudo, todavia... As conjunções, pronomes relativos, preposições, elementos conectores, podem ser encontrados em qualquer gramática de língua portuguesa. Há uma delas nas referências bibliográficas abaixo. 3.1 Mas afinal, o que é COESÃO TEXTUAL? "A coesão não nos revela a significação do texto, revela-nos a construção do texto enquanto edifício semântico." (M. Halliday) A metáfora acima representa de forma bastante eficaz o sentido de coesão, assim como as partes que compõem a estrutura de um edifício devem estar bem conectadas, bem “amarradas”, as várias partes de uma frase devem se apresentar bem “amarradas”, para que o texto cumpra sua função primordial; veículo de articulação entre o autor e seu leitor. A coesão é essa “amarração” entre as várias partes do texto, ou seja, o entrelaçamento significativo entre declarações e sentenças. Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical e a gramatical. Coesão léxica:é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos e formas elididas. Ela é obtida através de relações de sentido entre as palavras, ou seja, do emprego de sinônimos. Coesão gramatical: é conseguida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. Ela é obtida a partir do emprego de artigos, pronomes, adjetivos, advérbios, conjunções e numerais. Seguem alguns exemplos de coesão: 1. Perífrase ou antonomásia - expressão que caracteriza o lugar, a coisa ou a pessoa a que se faz referência. Ex.: O Rio de Janeiro é uma das cidades mais importantes do Brasil. A cidade maravilhosa é conhecida mundialmente por suas belezas naturais, hospitalidade e carnaval. 8 2. Nominalizações - uso de um substantivo que remete a um verbo enunciado anteriormente. Também pode ocorrer o contrário: um verbo retomar um substantivo já enunciado. Ex.: A moça foi declarar-se culpada do crime. Essa declaração, entretanto, não foi aceita pelo juiz responsável pelo caso. / O testemunho do rapaz desencadeou uma ação conjunta dos moradores para testemunhar contra o réu. 3. Palavras ou expressões sinônimas ou quase sinônimas - ainda que se considere a inexistência de sinônimos perfeitos, algumas substituições favorecem a não repetição de palavras. Ex.: Os automóveis colocados à venda durante a exposição não obtiveram muito sucesso. Isso talvez tenha ocorrido porque os carros não estavam em um lugar de destaque no evento. 4. Repetição vocabular - ainda que não seja o ideal, algumas vezes há a necessidade de repetir uma palavra, principalmente se ela representar a temática central a ser abordada. Deve-se evitar ao máximo esse tipo de procedimento ou, ao menos, afastar as duas ocorrências o mais possível, embora esse seja um dos vários recursos para garantir a coesão textual. Ex.: A fome é uma mazela social que vem se agravando no mundo moderno. São vários os fatores causadores desse problema, por isso a fome tem sido uma preocupação constante dos governantes mundiais. 5. Um termo síntese - usa-se, eventualmente, um termo que faz uma espécie de resumo de vários outros termos precedentes, como uma retomada. Ex.: O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher uma enorme quantidade de formulários, que devem receber assinaturas e carimbos. Depois de tudo isso, ainda falta a emissão dos boletos para o pagamento bancário. Todas essas limitações acabam prejudicando as relações comerciais com o Brasil. 6. Pronomes - todos os tipos de pronomes podem funcionar como recurso de referência a termos ou expressões anteriormente empregados. Para o emprego adequado, convém rever os princípios que regem o uso dos pronomes. 9 Ex.: Vitaminas fazem bem à saúde, mas não devemos tomá-las sem a devida orientação. / A instituição é uma das mais famosas da localidade. Seus funcionários trabalham lá há anos e conhecem bem sua estrutura de funcionamento. / A mãe amava o filho e a filha, queria muito tanto a um quanto à outra. 7. Numerais - as expressões quantitativas, em algumas circunstâncias, retomam dados anteriores numa relação de coesão. Ex.: Foram divulgados dois avisos: o primeiro era para os alunos e o segundo cabia à administração do colégio. / As crianças comemoravam juntas a vitória do time do bairro, mas duas lamentavam não terem sido aceitas no time campeão. 8. Advérbios pronominais (classificação de Rocha Lima e outros) - expressões adverbiais como aqui, ali, lá, acolá, aí servem como referência espacial para personagens e leitor. Ex.: Querido primo, como vão as coisas na sua terra - Aí todos vão bem - / Ele não podia deixar de visitar o Corcovado. Lá demorou mais de duas horas admirando as belezas do Rio. 9. Elipse - essa figura de linguagem consiste na omissão de um termo ou expressão que pode ser facilmente depreendida em seu sentido pelas referências do contexto. Ex.: O diretor foi o primeiro a chegar à sala. Abriu as janelas e começou a arrumar tudo para a assembléia com os acionistas. 10. Repetição de parte do nome próprio - Machado de Assis revelou-se como um dos maiores contistas da literatura brasileira. A vasta produção de Machado garante a diversidade temática e a oferta de variadostítulos. 11. Metonímia - outra figura de linguagem que é bastante usada como elo coesivo, por substituir uma palavra por outra, fundamentada numa relação de contigüidade semântica. Ex.: O governo tem demonstrado preocupação com os índices de inflação. O Planalto não revelou ainda a taxa deste mês. 10 AULA 4 TIPOLOGIA TEXTUAL : DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO, DISSERTAÇÃO 4TIPOLOGIA TEXTUAL Quando se fala em tipos de textos, normalmente nos limitamos ao enfoque tradicional: Descrição, Narração e Dissertação. Por isso antes de nos aprofundarmos nesta tripartição é bom não confundirmos os tipos de texto com os gêneros textuais. No primeiro, eles funcionam como modos de organização, sendo limitados. No segundo, são os chamados textos materializados,encontrados em nosso cotidiano. Eles são muitos, apresentando características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição conteúdo e canal. Assim, quando se escreve um bilhete ou uma carta, quando se envia ou recebe um e-mail ou usamos o facebook ou MSN, estamos utilizando diversos gêneros textuais. 4.1 DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO, DISSERTAÇÃO Existem muitas modalidades textuais, mas todas elas se valem de processos de composição que podem ser classificados em: narração, descrição e dissertação. Conhecer a estrutura dos textos possibilita compreender com mais clareza a realidade e encontrar a melhor forma de expressá-la. 4.1.1 Descrição Uma descrição consiste em uma enumeração de parâmetros quantitativos e qualitativos os quais buscam fornecer uma definição de alguma coisa. Uma descrição completa inclui distinções sutis úteis para distinguir uma coisa de outra. Descrição caracteriza-se por ser um “retrato verbal” de pessoas, objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes. Entretanto, uma descrição não se resume à enumeração pura e simples. O essencial é saber captar o traço distintivo, particular, o que diferencia aquele elemento descrito de todos os demais de sua espécie. Os elementos mais 11 importantes no processo de caracterização são os adjetivos e locuções adjetivas. Desta maneira, é possível construir a caracterização tanto no sentido denotativo quanto no conotativo, como forma de enriquecimento do texto. Enquanto uma narração faz progredir uma história, a descrição consiste justamente em interrompê-la, detendo-se em um personagem, um objeto, um lugar, etc. A qualificação constitui a parte principal de uma descrição. Qualificar o elemento descrito é dar-lhe características, apresentar um julgamento sobre ele. A qualificação pode estar no campo objetivo ou no subjetivo. Uma forma muito comum de qualificação é a analogia, isto é, a aproximação pelo pensamento de dois elementos que pertencem a domínios distintos. Pode ser feita através de comparações ou metáforas. 4.1.2 Descrição Subjetiva X Descrição Objetiva: •Objetiva - Quando o objeto ou ser são narradas ou apresentadas como realmente são fisicamente na realidade. •Subjetiva - Quando há a interferência da emoção, ou seja, quando o objeto ou ser, são transfigurados pela emoção do autor. Elementos básicos de uma descrição: nomear / identificar - dar existência ao elemento (diferenças e semelhanças) localizar / situar - determinar o lugar que o elemento ocupa no tempo e no espaço qualificar - testemunho do observador sobre os seres do mundo A qualificação constitui a parte principal de uma descrição. Qualificar o elemento descrito é dar-lhe características, apresentar um julgamento sobre ele. A qualificação pode estar no campo objetivo ou no subjetivo. 4.2 NARRAÇÃO 12 Narrar é organizar um texto com o objetivo de expor uma seqüência de fatos, reais ou imaginários, em que personagens se movimentam num certo espaço à medida que o tempo passa. Sendo assim, está pautada em verbos de ação e conectores temporais. A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa, dependendo do papel que o narrador assuma em relação à história. Numa narrativa em 1ª pessoa, o narrador participa ativamente dos fatos narrados, mesmo que não seja a personagem principal (narrador = personagem). Já a narrativa em 3ª pessoa traz o narrador como um observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos de personagens do texto (narrador = observador). 4.2.1 Narração objetiva X Narração subjetiva Objetiva - apenas informa os fatos, sem se deixar envolver emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho impessoal e direto. Subjetiva - leva-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. São ressaltados os efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nos personagens. Observação - o fato de um narrador de 1ª pessoa envolver-se emocionalmente com mais facilidade na história. Em termos didáticos, podemos organizar a estrutura da narrativa da seguinte forma: APRESENTAÇÃO: parte do texto em que são apresentados alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da história, como o momento e o lugar em que a ação se desenvolverá; COMPLICAÇÃO: parte do texto em que se inicia propriamente a ação: acontece alguma coisa que modifica o estado inicial (quebra do equilíbrio inicial); CLÍMAX: ponto em que a narrativa atinge seu momento crítico, tornando inevitável o desfecho; 13 DESFECHO: solução do conflito produzido pelas ações dos personagens. Restabelece-se o equilíbrio, podendo haver espaço para uma avaliação de tudo que foi narrado. 4.2.2 Elementos da narrativa: Fato - o que se vai narrar (O quê?) Tempo - quando o fato ocorreu (Quando?) Lugar - onde o fato se deu (Onde?) Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com quem?) Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê?) Modo - como se deu o fato (Como?) Conseqüências (Geralmente provoca determinado desfecho) A modalidade narrativa de texto pode constituir-se de diferentes maneiras: piada, peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc. Na empresa, essa modalidade pode ser encontrada em cartas, relatórios, memoriais, atas, entre outros documentos. Uma narrativa pode trazer falas de personagens entremeadas aos acontecimentos, faz-se uso dos chamados discursos: direto, indireto ou indireto livre. No discurso direto, o narrador transcreve as palavras da própria personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas. Mais modernamente alguns autores não fazem uso desses recursos. O discurso indireto apresenta as palavras das personagens através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu, podendo suprimir ou modificar o que achar necessário. A estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra. Esse tipo de discurso é o encontrado em atas. 14 4.3 NOÇÕES GERAIS E CONCEITOS DE DISSERTAÇÃO Existem dois tipos de dissertação: a dissertação expositiva e a dissertação argumentativa. A primeira tem como objetivo expor, explicar ou interpretar idéias; a segunda procura persuadir o leitor ou ouvinte de que determinada tese deve ser acatada. Na dissertação argumentativa, além disso, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco. Na dissertação expositiva, podemos explanar sem combater idéias de que discordamos. Por exemplo, um professor de História pode fazer uma explicação sobre os modos de produção, aparentando impessoalidade, sem tentar convencer seus alunos das vantagens das vantagens e desvantagens deles. Mas, se ao contrário, ele fizer umaexplanação com o propósito claro de formar opinião dos seus alunos, mostrando as inconveniências de determinado sistema e valorizando um outro, esse professor estará argumentando explicitamente. Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apóia nos princípios da lógica, que não se perde em especulações vãs, no “bate-boca”estéril. 4.3.1 Como fazer uma dissertação argumentativa Como fazer nossas dissertações? Como expor com clareza nosso ponto de vista? Como argumentar coerentemente e validamente? Como organizar a estrutura lógica de nosso texto, com introdução, desenvolvimento e conclusão? Vamos supor que o tema proposta seja Nenhum homem é uma ilha. Primeiro, precisamos entender o tema. Ilha, naturalmente, está em sentido figurado, significando solidão, isolamento. Vamos sugerir alguns passos para a elaboração do rascunho de sua redação. 15 1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem é uma ilha? 2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista. 3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal. 4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão argumentos auxiliares. 5.Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo, geralmente, dá força e clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa opinião, fortalece os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferencia o nosso texto: como ele nasce da experiência de vida, ele dá uma marca pessoal à dissertação. 6. A partir desses elementos, procure juntá-los num texto, que é o rascunho de sua redação. Por enquanto, você pode agrupá-los na seqüência que foi sugerida: 4.3.1.1 Passo a passo 1) interrogar o tema; 2) responder, com a opinião 3) apresentar argumento básico 4) apresentar argumentos auxiliares 5) apresentar fato- exemplo 16 6) concluir 4.3.1.2 Como ficaria o esquema 1º parágrafo: a tese 2º parágrafo: argumento 1 3º parágrafo: argumento 2 4º parágrafo: fato-exemplo 5º parágrafo: conclusão Exemplo de redação com esse esquema: Tema: Como encarar a questão do erro Título: Buscar o sucesso Tese:1º§ O homem nunca pôde conhecer acertos sem lidar com seus erros. Argumentação 2º§ O erro pressupõe a falta de conhecimento ou experiência, a deficiência de sintonia entre o que se propõe a fazer e os meios para a realização do ato. Deriva-se de inúmeras causas, que incluem tanto a falta de informação, como a inabilidade em lidar com elas. 3º§ Já acertar, obter sucesso, constitui-se na exata coordenação entre informação e execução de qualquer atividade. É o alinhamento preciso entre o que fazer e como fazer, sendo esses dois pontos indispensáveis e inseparáveis. Fato-exemplo 4º§ Como atingir o acento? A experiência é fundamental e, na maior das vezes, é alicerçada em erros anteriores, que ensinarão os caminhos para que cada experiência ruim não mais ocorra. Assim, um jovem que presta seu primeiro vestibular e fracassa pode, a partir do erro, descobrir seus pontos falhos e, aos poucos, aliar seus conhecimentos à capacidade de enfrentar uma situação de nova prova e pressão. Esse mesmo jovem, no mercado de trabalho, poderá 17 estar envolvido em situações semelhantes: seus momentos de fracasso estimularão sua criatividade e maior empenho, o que fatalmente levará a posteriores acertos fundamentais em seu trabalho. Conclusão 5º§ Assim, o aparecimento dos erros nos atos humanos é inevitável. Porém, é preciso, acima de tudo, saber lidar com eles, conscientizar-se de cada ato falho e tomá-los como desafio, nunca se conformando, sempre buscando a superação e o sucesso. Antes do alcance da luz, será sempre preciso percorrer o túnel. Vejamos um exemplo: Tema: televisão (muito amplo) Delimitação do tema: a violência na televisão; a televisão e a opinião pública. O texto deve ser sempre bem claro, conciso e objetivo. A coerência é um aspecto de grande importância para a eficiência de uma dissertação, pois não deve haver pormenores excessivos ou explicações desnecessárias. Todas as idéias apresentadas devem ser relevantes para o tema proposto e relacionadas diretamente a ele. 4.3.2 ESQUEMA DA DISSERTAÇÃO Toda redação deve ter início, meio e fim, que são designados por introdução, desenvolvimento e conclusão, respectivamente. As idéias distribuem-se de forma lógica, sem haver fragmentação da mesma idéia em vários parágrafos. Introdução: É o ponto de partida do texto. Por isso, deve apresentar de maneira clara o assunto a ser tratado e também delimitar as questões referentes a esse assunto que serão abordadas. Dessa forma, a introdução encaminha o leitor, colocando-lhe a orientação adotada para o desenvolvimento do texto. Atua, assim, como uma espécie de “roteiro”. Ao confeccionar a introdução do seu texto, você pode utilizar recursos que despertem o interesse do leitor: formular uma tese, que deverá ser discutida e provada no texto; lançar uma afirmação surpreendente, que o corpo 18 do texto tratará de justificar ou refutar; propor uma pergunta, cuja resposta deverá ser dada no desenvolvimento e explicitada na conclusão. Desenvolvimento: É a parte do texto em que idéias, conceitos, informações, argumentos de que você dispõe serão desenvolvidos, de forma organizada e criteriosa. O desenvolvimento deve nascer da introdução: nesta, apontam-se as questões relativas ao assunto que será abordado; naquele, essas questões devem ser desenroladas, avaliadas – sempre por partes, de forma gradual e progressiva. A introdução já anuncia o desenvolvimento, que retoma, ampliando e desdobrando, o que já foi colocado de forma sucinta. O conteúdo do desenvolvimento pode ser organizado de diferentes maneiras, de acordo com as propostas do texto e as informações disponíveis (...). Conclusão: É a parte final do texto, um resumo forte e sucinto de tudo aquilo que já foi dito. Além desse resumo, que retoma e condensa o conteúdo anterior do texto, a conclusão deve expor claramente uma avaliação final do assunto discutido. Nessa parte, também se podem fazer propostas de ação (que não devem adquirir ares de profecia). O Parágrafo O parágrafo pode ser estruturado de diversas maneiras, dependentes de variáveis quanto ao assunto, composição, propósito, autor e até mesmo do leitor a que se destina. Contudo, o chamado parágrafo-padrão, é modelo consagrado de eficácia para todo escritor. O parágrafo é identificado no texto pelo seu início afastado da margem do papel, o que facilita, tanto ao escritor como ao leitor, percebê-lo de forma isolada para que se capte as idéias principais do texto para, posteriormente, sintetizá-las, compreendendo então o texto num todo. Assim, é o parágrafo de essencial importância na composição. Tal como a sua estrutura, a extensão de um parágrafo também é diversificada.19 1.1 - Tópico Frasal Constituído habitualmente por um ou dois períodos curtos iniciais, o tópico frasal, que é a introdução da unidade de composição, nos fornece o tema a ser desenvolvido. Tal consideração é também feita de forma generalizada, pois o tópico frasal pode não ser inicial, mas sem dúvida, este é o tipo mais usado por consagrados escritores e recomendado para os principiantes. II – Desenvolvendo o parágrafo Desenvolver o parágrafo é expor, de forma pormenorizada, sua idéia principal. Tal desenvolvimento pode se dar por diversas maneiras. 1 -Enumerando ou descrevendo detalhes Desta forma o autor enumera e detalha a idéia apresentada; é muito usada e, preferencialmente nos parágrafos iniciados pelo tópico frasal. 2 - Confrontando, fazendo analogia ou comparando No confronto, o autor utiliza o artifício de contrapor idéias, seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto pode ser de contrastes como de semelhanças. Analogia e comparação, são também espécies de confronto: a primeira trata de semelhança primária sugerindo uma afinidade completa entre os dados; a segunda mostra semelhanças reais e visíveis, valendo-se para isto do uso de conectivos de comparação. 3 - Definindo, dividindo e citando exemplos Ao definir, o autor, de forma clara e concisa, conceitua o objeto, ser, fato ou fenômeno apresentado, esta, pode envolver ou não a divisão e citação de exemplos, estas por sua vez, podem acompanhar uma definição ou serem usadas isoladamente desta e uma da outra. 20 Quando divide, o autor explora as idéias em cadeia, ou seja, após apresentar a temática no tópico frasal, divide-a e explana-a em períodos seguintes, sempre de forma a manter a cadeia de desenvolvimento. Ao exemplificar, o autor tanto pode estar esclarecendo o assunto proposto quanto comprovando-o. 4 - Mostrando causa, motivo ou razão, consequência ou efeito Desenvolve-se assim o parágrafo, esclarecendo a causa, motivo ou razão, bem como a consequência ou efeito do acontecimento ou fato apresentado como idéia principal. Quando se trata de fenômenos físicos, empregamos os termos causa e efeito; se humanos usamos os termos motivo, razão e consequência. III – Qualidades do parágrafo e da frase em geral O parágrafo e a frase possuem qualidades em comum, as quais podemos definir de maneira superficial da seguinte forma: correção- o respeito às normas e princípios do idioma; clareza- a expressão clara e objetiva da idéia; concisão- a apresentação da idéia usando o menor número possível de palavras; coesão- expor de forma ordenada as idéias, uma de cada vez; coerência- a ligação perfeitamente inteligível das partes de um texto com o seu todo; ênfase- realçar através de mecanismos próprios a idéia apresentada, e finalmente, argumentação - a exposição dos fundamentos da idéia, de forma a torná-la suscetível de aceitação. OBS: Nos textos atuais, normalmente não se utiliza o modelo padrão. 21 Observe, a seguir, um exemplo de parágrafo padrão. A leitura proporciona inúmeras vantagens. Uma delas é a ampliação do vocabulário, pelos diversificados conceitos que apresenta. Também ocorre a aquisição de conhecimentos variados, tanto empíricos quanto científicos, dependendo do texto escolhido. Além disso, é uma fonte de lazer inesgotável, visto que permite ao indivíduo uma “viagem” ao encantado mundo da fantasia através das personagens que vão aparecendo. Assim, verifica-se que esse hábito deve ser amplamente estimulado, pois traz muitos benefícios. CONCLUSÃO Nesta unidade pudemos compreender que a coesão trata basicamente das articulações gramaticais existentes entre as palavras, as orações e frases para garantir uma boa sequência de eventos. E que a coerência, por sua vez, aborda a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos, apoiando- se, por vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical ou lexical, e no conhecimento compartilhado entre os usuários da língua. Descobrimos também as diferenças entre tipos textuais e gêneros textuais. No qual Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As únicas tipologias existentes são: narração, descrição, dissertação ou exposição, informação e injunção. E que os gêneros textuais são os vários modelos de se escrever, por exemplo: bula de remédio, poema, contos, fábulas, entre outros. Concluímos assim que para uma melhor construção de textos acadêmicos ou não precisamos utilizar como ferramentas principais a coesão e a coerência. 22 BIBLIOGRÁFIA AMARAL,Emília e outros. Novo Manual da Nova Cultural - Redação, Gramática, Literatura e Interpretação de Textos. Ed. FTD, 1998. _________, Emília e outros. Novas Palavras. Editora FTD-1997 CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental. São Paulo: Atlas, 2007. NETO, Pasquale Cipro. Nossa língua em letra e música. São Paulo: Publifolha, 2003. PLATÃO e FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. 5 ed. São Paulo: Ática, 2006. SIQUEIRA, João H. Sayeg. 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