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2. O Avanço da Industrialização sob Getúlio e Juscelino I Disciplina: Economia Brasileira Contemporânea UNIPAMPA - Graduação em Relações Internacionais Turma: 4RI (2º Semestre de 2012) Prof. Wilson Vieira 1. Introdução: O Contexto Histórico � 1945-1955: lenta transição na direção dos princípios liberais acordados em BrettonWoods (1944). � Fim do Estado Novo e início do governo Dutra: opção inicial pelo liberalismo econômico. � Porém, devido à “escassez de dólares”, ocorre no decorrer desse governo o abandono dos princípios liberais em favor de um modelo de desenvolvimento industrial com crescente participação do Estado, ainda que de forma indireta. � Getúlio Vargas: implantação de complexa legislação social (sobretudo trabalhista), profissionalização da burocracia estatal, início de uma ação mais direta do Estado na economia, incorporação da classe trabalhadora como agente político relevante. 2. O Governo Dutra: 1946-1950 � “A queda de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo, em 1945, foram obras, mais do que da dinâmica política doméstica, da inserção do Brasil no quadro das relações internacionais” (VIANNA & VILLELA, 2011: 2). � Dois marcos da política econômica no governo Dutra: i) mudança na política de comércio exterior entre meados de 1947 e o início de 1948; ii) afastamento do Ministro da Fazenda em meados de 1949, com mudanças na política econômica (de contracionista e tipicamente ortodoxa para outra com maior flexibilidade nas metas fiscais e monetárias). � Início do governo Dutra: “ilusão de divisas”, baseada na ideia de que a economia mundial se reorganizaria rapidamente de acordo com os princípios liberais de Bretton Woods (e que não foram implementados automaticamente). Identificação da inflação como o problema mais grave e premente a ser enfrentado via políticas monetárias e fiscais severamente contracionistas. 2. O Governo Dutra: 1946-1950 � Política Econômica Externa: � Manutenção da taxa de câmbio e relaxamento dos controles cambiais dentro dos seguintes objetivos: i) atender à demanda contida de matérias-primas e de bens de capital para reequipar a indústria, desgastada durante a guerra; ii) forçar a baixa dos preços industriais; iii) estimular o ingresso de capitais. � “Em vez de desvalorizar a moeda, portanto, em julho de 1947 o governo instituiu controles cambiais e de importações” (VIANNA &VILLELA, 2011: 5). � Resultado não desejado da manutenção da taxa cambial: perda de competitividade das exportações brasileiras, principalmente em relação aos mercados europeus, devido às desvalorizações das principais moedas europeias em 1949. 2. O Governo Dutra: 1946-1950 � Substituição de Importações e Crescimento Industrial: � O sistema de controle de importações foi muito importante para o crescimento da indústria após a II Guerra Mundial, pois se mantinha a taxa de câmbio sobrevalorizada e, progressivamente, eram impostas medidas discriminatórias à importação de bens de consumo não essenciais e daqueles com similar nacional. � Três efeitos relacionados à combinação de uma taxa de câmbio sobrevalorizada com controle de importações: i) efeito subsídio; ii) efeito protecionista; iii) alteração na estrutura das rentabilidades relativas (combinação dos dois primeiros efeitos). � Crescimento decrescente do crédito real à indústria nos anos de 1947 a 1950. � Resultado: entre 1946 e 1950 a produção real da indústria de transformação aumentou em pouco mais de 42% (9% a.a.). 2. O Governo Dutra: 1946-1950 � Avanço do processo de industrialização nos primeiros anos após a II Guerra Mundial: efeito indireto dos controles cambiais e de importação adotados como resposta aos problemas do balanço de pagamentos. � Processo levado fundamentalmente pelo setor privado. � Plano SALTE: única iniciativa de intervenção planejada do Estado para o desenvolvimento econômico, sem grandes resultados concretos. � Política Econômica Interna: � Política econômica doméstica até 1949: marcadamente ortodoxa. � Inflação: principal problema a ser enfrentado e diagnosticada oficialmente como derivada do excesso de demanda agregada. 2. O Governo Dutra: 1946-1950 � Substituição de Correa e Castro por Guilherme da Silveira no Ministério da Fazenda: ponto de inflexão na política econômica ortodoxa até então praticada pelo governo Dutra. � 1949: enorme déficit no orçamento do setor público (incluindo estados e Distrito Federal), que continuaria em 1950. � Expansão real do crédito do Banco do Brasil e política monetária “frouxa”: aumento da inflação anual (12,3% em 1949 e 12,4% em 1950). � Crescimento do PIB: 7,7% em 1949 e 6,8% em 1950. � Motivações para a reversão da política econômica: i) proximidade das eleições presidenciais; ii) aumento da força e da demanda do setor industrial; iii) desvalorização da libra esterlina e de outras moedas em 1949. 3. O Governo Vargas: 1951-1954 � Retorno triunfal à Presidência da República. � Tentativa da oposição de invalidar a eleição. � Início do governo com espírito conciliatório. � O Projeto de Governo: � Conjuntura herdada porVargas: � I) No plano doméstico: volta do processo inflacionário e recorrência do desequilíbrio financeiro do setor público. � II) No plano externo: perspectivas mais favoráveis devido à elevação dos preços do café e à mudança de atitude do governo dos EUA perante a América Latina. � Dezembro de 1950: constituição da Comissão Mista Brasil-EUA (CMBEU), que iniciou suas atividades em julho de 1951, com o objetivo de elaborar projetos concretos que deveriam ser financiados por instituições como o EXIMBANK e o BIRD. 3. O Governo Vargas: 1951-1954 � A CMBEU era vista como fundamental para o sucesso das aspirações de desenvolvimento econômico do novo governo devido às seguintes razões: � I) Financiamento de projetos para a superação de gargalos na infraestrutura econômica do país. � II) Ampliação dos fluxos de capital dirigidos ao Brasil. � Duas fases do projeto de governo: � I) Estabilização da economia com equilíbrio das finanças públicas a fim de permitir a adoção de uma política monetária restritiva. � II) Empreendimentos e realizações. � Criação do BNDE e da PETROBRAS. 3. O Governo Vargas: 1951-1954 � Rumo ao Colapso Cambial – 1951-1952: � Objetivos da “fase Campos Sales”: compressão severa das despesas governamentais e aumento, na medida do possível, da arrecadação, além da adoção de políticas monetária e creditícia contracionistas. � Despesas do setor público efetivamente reduzidas, com superávit global da União e estados (o primeiro desde 1926). � Política monetária conduzida também de forma ortodoxa. � Política creditícia: orientada de maneira oposta ao receituário ortodoxo. � Variação anual do IGP-DI: 12,3% em 1951 e 12,7% em 1952, denotando a persistência do processo inflacionário, iniciado no final do governo Dutra. 3. O Governo Vargas: 1951-1954 � PIB real: 4,9% (1951) e 7,3% (1952). � Política de comércio exterior: manutenção da taxa de câmbio fixa e sobrevalorizada, além do regime de concessão de licenças para importar (ainda que bastante afrouxado nos primeiros sete meses). � Objetivos dessa política: i) prevenção quanto a uma possível generalização da Guerra da Coreia em conflito mundial; ii) combate às persistentes pressões inflacionárias. � “Contudo, essa orientação liberalizante foi sendo modificada progressivamente, à medida que ficavam evidentes os graves desequilíbrios na balança comercial. Ao contrário do esperado, em 1952 a receita das exportações caiu 20%, em comparação com 1951. Em face dessa queda, o governo limitou a concessão de licenças de importações no segundo semestre de 1951 e, no início de 1952, comprimiu-a até os níveis dos períodos de maior controle” (VIANNA &VILLELA, 2011: 12). 3. O Governo Vargas: 1951-1954 � Déficit na balança comercial em 1952, esgotamento das reservas internacionais de moedas conversíveis, acúmulo de atrasados comerciais. � A Instrução 70 da SUMOC: � Modificações na política norte-americana para a América Latina a partir de Eisenhower. � BIRD: interferência na condução da política econômica brasileira com pressões sobre o EXIMBANK e o fim da CMBEU. � Reorientação da política de governo a partir de junho de 1953. � Criação do sistema de taxas múltiplas de câmbio com o objetivo de aumentar as exportações e desestimular as importações não essenciais. 3. O Governo Vargas: 1951-1954 � Permissão da entrada de capitais à taxa de câmbio do mercado livre a fim de estimular o ingresso de recursos externos. � Resultados decepcionantes. � 9 de outubro de 1953: Instrução 70 da SUMOC. � Principais mudanças a partir dessa instrução (cf. VIANNA & VILLELA, 2011: 13-14): � I) Restabelecimento do monopólio cambial do Banco do Brasil. � II) Extinção do controle quantitativo das importações e instituição dos leilões de câmbio. � III) Exportações: substituição das taxas mistas por um sistema de bonificações incidentes sobre a taxa oficial. � IV) Estabelecimento de três tipos básicos de cobertura cambial para as importações brasileiras. 3. O Governo Vargas: 1951-1954 � Dificuldades de se realizar uma política fiscal austera, dadas as pressões sobre os gastos públicos: obras públicas, abonos ao funcionalismo civil. � Crescimento do PIB em 1953 (4,7%), inferior ao de todos os anos anteriores, desde 1947. Crescimento da indústria em 9,3%. Inflação salta para 20,5%. � 1954 – Novas Dificuldades: Salários e Café: � Política para o salário mínimo e problemas do café: grandes dificuldades para o programa de estabilização econômica de Osvaldo Aranha. � Aumento da agitação política no período devido ao aumento de 100% no salário mínimo. � Queda abrupta das exportações de café devido aos seus altos preços. 3. O Governo Vargas: 1951-1954 � O DesfechoTrágico: � Acirramento da oposição ao governo Vargas sob a liderança da UDN. � Suicídio em 24 de agosto de 1954, com a formação de uma ampla frente antigolpista. 4. O Interregno Café Filho: 1954-1955 � Prioridade mais imediata da política econômica do novo governo: enfrentamento da grave situação cambial, fruto da queda dos preços do café e do vencimento de créditos de curto prazo. � Instrução 113 da SUMOC (27 de janeiro de 1955): consolidação da legislação anterior e autorização à CACEX para emitir licenças de importação sem cobertura cambial para equipamentos e bens de produção, mecanismo claramente vantajoso para o investidor externo. � Gestão Gudin: aplicação de um dos mais ortodoxos programas de estabilização da história econômica contemporânea, gerando ampla crise de liquidez e substancial número de falências e concordatas no primeiro semestre de 1955. 4. O Interregno Café Filho: 1954-1955 � “Confisco cambial” sobre os cafeicultores. � Demissão de Gudin em abril de 1955 e substituição por José Maria Whitaker que tentou instituir um mercado cambial totalmente livre, sem sucesso. � Renúncia deWhitaker e substituição por Mário Câmara. 5. Balanço e Conclusões � Vide p. 20-22. � VideTabelas 1.1 e 1.2. 6. Bibliografia � VIANNA, Sérgio Besserman & VILLELA, André. O pós-guerra (1945-1955). In: GIAMBIAGI, Fabio et al. (orgs.). Economia brasileira contemporânea (1945-2010). 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. cap. 1, p. 1-24.