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9 ................ Pontos essenciais: - Etiologia da doença ulcerosa; - Fisiopatologia; - Sinais e sintomas de alerta; - Diferenças entre úlceras duodenal e gástrica; - Tratamento clínico; -Indicações e esquemas para a erradicação do HP; - Condutas nas complicações; -Indicações de tratamento cirúrgico; 1. Incidência A doença ulcerosa péptica teve diminuição progressiva nos últimos anos, principalmente a úlcera duodenal. A me- lhora no diagnóstico e no tratamento clínico levou à diminui- ção das internações e à grande redução de cirurgias para a doença ulcerosa péptica, assim como de suas complicações. Aproximadamente, 2% da população nos EUA têm úlcera péptica. A proporção entre homens e mulheres é de 3:1. Em jovens, a úlcera duodenal é 10 vezes mais comum do que a gástrica, mas, em idosos essa proporção torna-se igual. Os indivíduos infectados com H. py/ori apresentam uma incidência anual de 1% de úlcera péptica, que é de 6 a 10 vezes maior do que a apresentada nos não-infectados. O ta- bagismo também está associado a aumento da incidência da afecção. ( A maior parte da atenção em relação à doença ulcerosa péptica concentrou-se sempre nos papéis do ácido clorídrico, do He/icobacter py/ori e dos medicamentos antiinflamató- rios. É importante frisar que a pepsina também desempenha papel fundamental na patogênese da doença, pois o ácido associado a ela é muito mais ulcerogênico do que ele isolada- mente. Portanto, o rótulo de doença péptica é considerado muito adequado, pois reflete adequadamente o papel funda- mental da atividade proteolítica do suco gástrico em relação à formação da úlcera. Doença ulcerosa péA As internações por hemorragia digestiva alta (decorrente de úlcera péptica), por úlcera duodenal, pouco diminuíram, aumentando as relacionadas à úlcera gástrica, talvez pelo au- mento do uso de antiinflamatórios não-hormonais (AINHs). O número de internações por úlcera perfurada não se alterou. 2. Úlcera gástrica A - Epidemiologia É mais comum em idosos, e a distribuição é semelhante entre os sexos. Tem pico entre a 5ª e a 7ª décadas de vida. A incidência de úlcera gástrica não tem se alterado muito, ten- do havido apenas uma elevação discreta, sendo atualmente de 0,3 casos:1.000 habitantes/ano. A mortalidade e a hospitalização não diminuíram nas úl- timas décadas, o que pode ser explicado pelo aumento do número de idosos na população e do maior uso de AINHs. Localiza-se na pequena curvatura gástrica em 95% dos ca- sos e está próxima (até 6cm) do pilara em 60% das vezes. A úlcera aguda, normalmente, é restrita à mucosa e submucosa; já a úlcera crônica penetra na musculatura da parede gástrica. Figura 1-Úlcera gástrica benigna (peça cirúrgica) MEDCEL - PRINCIPAIS TEMAS EM GASTROENTEROLOGIA iMedce B - Classificação ::: :' a) De acordo com a localização .' I I' .'.' Tipo I: Úlcera gástrica primária. Em antro proximal na pequena cur- vatura, na junção de mucosa oxíntica com a antral. Está associada a gastrite antral difusa ou atrofia multifocal. Apresenta secreção ácida normal ou diminuída, e geralmente H. pylori positivo. Tipo 11: Associada à úlcera duodenal. Geralmente, apresenta hiper- secreção ácida. Tipo 111: Úlcera pré-pilórica. Pode apresentar hipersecreção ácida. Tipo IV: Estômago proximal e cárdia. Fisiopatologia semelhante à do tipo I. Figura2 - Classificação de acorda com a localização da úlcera gástrica b) De acordo com a fase evolutiva (Sakita) Ai: Fundo com fibrina, restos necróticos, bordas edemaciadas. A2: Fundo com fibrina, bordas bem delimitadas, pouco elevadas. Hl: Fibrina fina com ilhas de regeneração. H2: Maiores áreas de regeneração, convergência das pregas. 51: Cicatriz com reação inflamatória. 52: Cicatriz branca linear. Legenda: A = active; H = healing; 5 = scar C - Patogênese - fatores associados " A doença resulta da redução da defesa normal da mucosa contra o ácido luminar e irritantes e da alteração da cicatrização da mucosa. A gastrite está quase sempre presente. A secreção ácida, em geral, é normal ou baixa. Diminui com a idade, e a gastrite severa está associada à atrofia das células oxínticas. O refluxo duodenal para o estômago também é um fator importante, pela presença de agentes citotóxicos como sais biliares e lisolecitina, que causam agressão à mucosa. Os AINHs inibem a cicatrização normal e os mecanismos cítoprotetores. A úlcera ocorre em 10% dos usuários desses antiinflamatórios, e o sangramento é 2 vezes mais comum nessa população. Está relacionada diretamente ao tempo desses medicamentos. O H. py/ori é um importante fator de risco, podendo ser encontrado em 65 a 95% dos pacientes com úlceras gástri- .', >. ~; cas e 80 a 95% dos acometidos por úlceras duodenais. Trata- se de uma bactéria espiralada, Gram negativa produtora de urease, capaz de converter a uréia em amônia no lúmen da mucosa gástrica. Está associada à persistência de úlcera e ao aumento de risco para desenvolvimento de adenocarcinoma gástrico. Acredita-se que os seguintes fatores estejam rela- cionados com a patogenicidade dessa bactéria: aumento de secreção ácida, metaplasia gástrica, resposta imune do hos- pedeiro e diminuição dos mecanismos de defesa da m~a (há redução da produção de muco e bicarbonato). Outros fatores estão associados ao aumento do risco para desenvolvimento de úlceras, podendo-se destacar o tabagis- mo e o alcoolismo. O primeiro está associado tanto à forma- ção quanto à recorrência de úlcera gástrica. Até o momento, não há trabalhos consistentes que mostrem alguma associa- ção com a dieta. D - Quadro clínico Há epigastralgia que piora com alimentação, geralmente após 30 minutos, com episódios mais longos e severos que a úlcera duodenal, com dor classicamente em 4 tempos (sem dor-come-dói-passa). O paciente diminui a ingestão alimen- tar, pode ter perda de peso, anorexia e vômitos; 20% não apresentam sintomas. E - Diagnóstico A radiografia contrastada mostra lesão oval, circundada por edema, com convergência.de pregas. O duplo contraste detecta 80 a 90% das lesões. Figura 3 - Radiografia contrastada de paciente com úlcera gástrica A endoscopia digestiva alta é, hoje, o exame mais empre- gado para o diagnóstico e possibilita biópsia, já que, na úlcera gástrica, deve sempre haver a realização daquela. Para reali- zar a pesquisa de H. py/ori, a biópsia de mucosa com exame histológico é o padrão-ouro, mas também pode ser realizado o teste de urease com o fragmento de mucosa. Outras possi- iMedcel - - - ~ DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA bilidades são o teste sorológico para o diagnóstico inicial e o teste respiratório para o controle do tratamento. Figura 4 - Úlcera gástrica pré-pilórica (visão endoscópica) Importante: Em úlceras refratárias ao tratamento, deve-se fazer dosagem séri- ca de gastrina. F - Tratamento A maioria dos pacientes responde bem ao tratamento clí- nico, baseado nos seguintes princípios: - Parar fatores irritantes • AINHs, álcool e fumo. - Medicamentos • Antiácidos (hidróxido de alumínio, hidróxido de mag- nésio, por exemplo): cicatrização de, aproximadamen- te, 60% em 4 semanas em usuários de AINH. Podem ser usados como coadjuvantes; • Antagonistas dos receptores H2 de histamina (cimeti- dina, ranitidina, famotidina, por exemplo): cicatrização em 70 a 80% após 4 semanas e de 80 a 90% após 8 se- manas. Podem ser utilizados quando os bloqueadores não forem acessíveis; • Bloqueadores de bomba de prótons (W) (como ome- prazol, pantoprazol, lanzoprazol): bloqueia a ATPase na célula parietal. A cicatrização da úlcera é mais rápida do que com-o tratamento com antagonistas dos receptores de histamina; • Sucralfato: é um sal de alumínio com sucrose sulfatada. Dissocia-se com o ácido do estômago e liga-se à proteí- na na parede gástrica no local da úlcera, formando uma camada protetora. Pode ser usada em associação com os outros medicamentos. - Erradicação do Helicobacter pylori (HP) Tem indicação no caso de úlcera péptica pela diminuição da recidiva. Classicamente, usam-se 2 antibióticos e 1 bloqueador de bomba de prótons por 1 a 2 semanas; entretanto, há vários esquemas eficazes. Tem 85 a 95% de erradicação em 1 sema- na. O controle da erradicação deve ser realizado, no mínimo, 8 semanas após o final da medicação anti-H. pylori. Pode ser rea- lizado através do teste respiratório com uréia marcada, quando não houver indicação para endoscopia ou, na eventualidade do exame endoscópico, através de teste da urease e histologia. Os anti-secretores deverão ser suspensos de 7 a 10 dias antes do exame de controle da erradicação. Quadro 1-Esquemas propostos para a erradicação do HP 1- Inibidor de Bomba de Prótons (IBP) em dose padrão + amoxicili- na, 1,Og + claritromicina, SOOmg, 2 vezes ao dia, durante 7 dias. 2 - IBP em dose padrão, 1 vez ao dia + claritromicina, SOOmg, 2 ve- zes ao dia + furazolidona, 200mg, 2 vezes ao dia, durante 7 dias. 3 - IBP em dose padrão, 1 vez ao dia + furazolidona, 200mg, 3 vezes ao dia + cloridrato de tetraciclina, SOOmg, 4 vezes ao dia, durante 7 dias. Fonte: 11 Consenso Brasileiro sobre o Helicobacter pylori, de 2004 -Cirurgia O tratamento cirúrgico é reservado, atualmente, às com- plicações e aos raros casos não-responsivos ao tratamento clínico. Suas principais indicações são: - Não-responsividade ao tratamento clínico: hoje muito rara, em razão da disponibilidade de medicações eficazes; - Hemorragia: quando não se consegue controle com en- doscopia; - Perfuração; - Obstrução. O procedimento cirúrgico de escolha é a antrectomia, sem- pre englobando a úlcera (pois é fundamental o estudo ana- tomopatológico para exclusão de doença maligna). A menos que o paciente tenha uma úlcera pré-pilórica ou uma úlcera duodenal concomitante, a vagotomia não se mostrou capaz de diminuir os índices de recidiva, portanto, não sendo indicada. 3. Úlcera duodenal Pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais co- mum entre os 20 e os 45 anos de idade, no sexo masculino, e é mais comum em nível socioeconômico baixo. Em 95% dos casos, encontra-se a até 2cm do piloro. Tem associação com H. pylori em mais de 90% dos casos, mas apenas 1/6 dos pa- cientes tem aumento da secreção ácida. Figura 5 - Úlcera duodenal (visão endoscópica) MEDCEL- PRINCIPAISTEMASEM GASTROENTEROLOGIA A - Quadro clínico Consiste em dor epigástrica episódica em queimação, que pode irradiar-se para o dorso. Tem alívio cam alimen- tação ou antiácidos, apresentando-se, classicamente, em 3 tempos (dói-came-passa). O paciente pode acordar à noite com dor (clocking), além de apresentar náuseas e vômitos, mesmo sem obstrução. B - Diagnóstico Obtido por meio de endoscapia. Deve-se fazer sempre pesquisa de H. py/ori, pela sua forte associação. Em caso de H. py/ori negativo, deve-se investigar associação com uso de AINHs, doença de Crohn, linfoma, câncer de pâncre- as ou síndrome de Zollinger-Ellison (gastrinoma). Além do diagnóstico, a endoscopia pode tratar complicações, como sangramento. A dosagem da secreção ácida e de gastrina pode ser reali- zada no caso de não responsividade ao tratamento clínico. c -Tratamento a) Clínico É semelhante ao tratamento para a úlcera gástrica. Os bloqueadores de bomba de prótons são os mais eficazes na cicatrização de úlcera duodenal. Há alto índice de recorrên- cia pós-cicatrização; por isso, é necessária a erradicação do H. Py/ori. Com relação à erradicação do HP, é interessante conhecer quais as situações em que deve ser indicada, se- gundo" Consenso Brasileiro sobre o He/icobacter py/ori, de 2004. Quadro 2 - Tratamento do H. Py/ori Indicações Outras situações - Úlcera gastroduodenal, ativa ou cicatrizada; - Linfoma MALTde baixo grau; - Pós-cirurgia para câncer gás- trico avançado, em pacientes submetidos à gastrectomia parcial; - Pós-ressecção de câncer gás- trico precoce (endoscópica ou cirúrgica); - Gastrite histológica intensa. - Pacientes de risco para úlce- ra/complicações que utilizarão AINEs; - Pacientes com história prévia de úlcera ou Hemorragia Di- gestiva Alta (HDA)que deverão usar AINEs inibidores específi- cosou não da COX-2; - Indivíduos de risco para câncer gástrico; - Pacientesde risco para úlcera ou complicações que deverão usarcronicamente derivadosdo ácido acetilsalicílico(AAS),mes- mo em dosesbaixas. b) Cirúrgico As indicações são as mesmas da úlcera gástrica: intratabi- lidade clínica, sangramento que não resolve cam a endosco- pia, perfuração ou obstrução. iMedcel - Opções técnicas Troncular Gástrica proximalSeletiva Figura 6 - Técnicas de vagotomia - Vagotomia troncular ou seletiva +- piloroplastia: a sec- ção deve ser feita adjacente à porção intra-abdominal do esôfago, acima dos ramos celíaco e hepático; - Vagotomia superseletiva: preserva a inervação pilórica. São sinônimos vagotomia das células parietais, vagoto- mia gástrica proximal. Esse procedimento é realizado dissecando-se os nervos de Latarjet da pequena curva- tura do estômago de um ponto, aproximadamente, 7cm proximal ao pilara até um ponto, pelo menos, 5cm pro- ximal à junção gastroesofágica (no esôfago). Em centros especializados, a recidiva com essa técnica gira em torno de 10 a 15%, ligeiramente maior do que a vagotomia + piloroplastia; - Vagotomia troncular + antrectomia: é a mais efetiva, cam menor índice de recidiva (menor que 2%); entre- tanto, é a mais mórbida. Importante: Tanto a vagotomia como a antrectomia podem ser realizadas por videolaparoscopia. 4. Complicações das úlceras pépticas A - Perfuração Ocarre em 7% dos pacientes hospitalizados por úlcera péptica e em, aproximadamente, 7 a 10 casos por 100.000 habitantes/ano. Ocorre em até 60% das úlceras duodenais e 20% das úlceras gástricas e antrais. No duodeno, freqüentemente a úlcera anterior perfura, e a úlcera posterior sangra (Kissing - presença de 2 úlceras, posterior e inferior). A perfuração leva a óbito em 15% dos casos, com risco maior em idosos, mulheres e portadores de úlceras gás- tricas. São os principais fatores de risca para perfuração: - Uso de antiinflamatórios não-hormonais (principal causa); -Imunossupressão (uso de esteróides, pós-transplantes, por exemplo); edcel DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA - Pacientes idosos; -DPOC; - Grandes queimados; - Falência de múltiplos órgãos no choque. _ Quadro clínico Consiste em dor epigástrica abrupta, com ou sem irradia- :;:20 para o ombro. Após algumas horas, tem início peritonite 5=neralizada com defesa, contratura abdominal e diaforese. -á aumento das freqüências respiratória e cardíaca, diminui- ;:ão dos ruídos hidroaéreos e febre. Tardiamente, pode haver elhora da dor pela grande secreção de líquido peritoneal. sinal de Jobert, representado por timpanismo à percussão ::a base do hemitórax direito, onde, normalmente, tem-se a acicez hepática, é característico. O diagnóstico diferencial se dá com outras causas de ab- ome agudo, como apendicite, colecistite ou pancreatite. ) Diagnóstico É realizado pelo quadro clínico e pode ser confirmado oelo exame radiológico mostrando pneumoperitônio. Este aparece em 70% dos casos. A injeção de ar por SNG pode aumentar a sensibilidade do exame. Exames laboratoriais podem mostrar alterações devido à infecção, como leucocitose com desvio à esquerda; alteração de eletrólitos; e aumento do hematócrito, por desidratação. Figura 7 - Pneumoperitônio c) Tratamento O tratamento é baseado na compensação dos distúrbios clí- nicos e no procedimento cirúrgico, sendo dividido em 2 fases: -Inicial • Estabilização do paciente, colocando-o no melhor es- tado possível para ser operado, desde que não haja retardo para início do procedimento; • Hidratação, correção dos distúrbios hidroeletro- líticos; • SNG aberta; • Antibiótico de amplo espectro; • Sonda vesical de demora para controle de débito uri- nário; • Cateter venoso central. -Cirúrgico • Espera por mais de 24 horas aumenta a morbi- mortalidade; • Na úlcera duodenal, faz-se sutura da úlcera, podendo usar o omento para reforço; Figura 8 - Tratamento da úlcera duodenal perfurada por epiploplastia • Caso o paciente se encontre estável, pode-se associar a vagotomia para diminuir o risco de recidiva; • Na úlcera gástrica, há a necessidade de descartar-se le- são neoplásica; realiza-se biópsia nos 4 quadrantes; • A opção por excisão da úlcera e sutura primária ou antrectomia depende das condições clínicas do doen- te, da idade, da localização da úlcera, se é aguda ou crônica e do grau de contaminação peritoneal, entre outros fatores; • Em pacientes estáveis, com úlcera distal crônica, ten- de-se a optar por antrectomia. B - Sangramento É mais comum na úlcera duodenal do que na gástrica. Ocorre em 20% dos pacientes com úlcera duodenal e 4 vezes mais comum nesta que a perfuração. A mortalidade varia de 10 a 14%. No ressangramento, au- menta para cerca de 30%. É 3 vezes maior na úlcera gástrica. a) Fatores de risco -AINH é o principal fator; - Corticosteróides; - Doente crítico em terapia intensiva; - Presença de H. Pylorl. b) Quadro clínico Paciente com idade superior a 60 anos, com hematêmese, melena ou ambas. Grande sangramento (mais de 1.000mL) MEDCEL - PRINCIPAIS TEMAS EM GASTROENTEROLOGIA pode manifestar-se com hematoquezia. Em 15% dos casos, pode apresentar-se, inicialmente, com choque hipovolêmico; 85% dos pacientes param de sangrar após algumas horas. Em 25% dos casos, ocorre ressangramento. Cerca de 3/4 dos doen- tes têm história prévia de doença péptica. c) Tratamento -Inicial • Ressuscitação com cristalóides e sangue; • Monitorização do débito urinário e da PVC; • SNG aberta; • Bloqueadores de bomba de prótons. - Endoscopia Realiza o diagnóstico, verifica se há sangramento ativo e possibilita o tratamento. Figura 9 - Úlcera duodenal com sangramento ativo (visão endoscópica) d) Fatores de risco para ressangramento e óbito -Idade maior que 60 anos; - Co-morbidade cardíaca, pulmonar, hepática ou neoplá- sica; - Presença de choque na apresentação; - Presença de sangramento visível ou coágulo recente na endoscopia; - Úlcera gástrica; - Hematêmese persistente; - Hematoquezia significante. e) Indicações de cirurgia - Falha da endoscopia no controle do sangramento; - Necessidade de transfusão de mais de 4 unidades de con- centrado de hemácias nas primeiras 24h, ou hemorragia persistente após 48h; - Pacientes idosos com úlcera gástrica e outras doenças associadas resistem mal ao ressangramento e devem ter menos restrições à indicação cirúrgica. f) Opções - Úlcera gástrica: antrectomia (ressecando a úlcera), ex- cisão da úlcera + vagotomia, ou sutura da úlcera com biópsia (paciente instável); iMedcel - Úlcera duodenal: duodenotomia e hemostasia com pon- tos, associados à vagotomia troncular com piloroplastia. Caso o paciente esteja bem, tem-se a opção de antrec- tom ia, que apresenta menos índice de recorrência. Duodeno Ligadura de vasos sangrantes I Úlcera duodenal Figura 10 - Exposição e sutura-ligadura de úlcera duodenal com he- morragia c -Obstrução Ocorre em úlcera duodenal ou pré-pilórica crônica. É a complicação menos freqüente, que ocorre em 2 a 4% das úl- ceras duodenais. Pode melhorar após internação, em decorrência da redu- ção do edema em torno da úlcera. a) Quadro clínico Paciente com saciedade precoce e história longa de doen- ça péptica. Apresenta vômitos não-biliares após alimentação, com conteúdo semidigerido. Ao exame físico, apresenta per- da de peso e desidratação. Pode apresentar ondas de Kus- maull e vasculejo. Pode manifestar desidratação e distúrbios hidroeletro- líticos (alcalose metabólica hipocalêmica hipoclorêmica e aci- dúria paradoxal). b) Diagnóstico - Exame radiológico: estômago aumentado. Passagem de pouco ou nenhum bário para o duodeno; fiMedcel Figura 11 - Raio x contrastado mostrando obstrução - Endoscopia: vê a deformidade e não consegue ultrapas- sar o aparelho. Além disso, descarta neoplasia. c) Tratamento - Hidratação e correção dos distúrbios hidroeletrolíticos; - Suporte nutricional; - Em 1/3 dos casos, resolve-se com tratamento clínico; - Bloqueadores de bomba de prótons; - Cirúrgico (necessário em 2/3 dos casos); - Antrectomia + vagotomia quando não estiver muito in- flamado; - Vagotomia + gastrojejunostomia em casos de duodeno difícil.