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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo ELETROTÉCNICA GERAL CAPACITÂNCIA E INDUTÂNCIA Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo. 2012 UNIFESP – Campus Diadema UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo APRESENTAÇÃO Este material aborda o tema “Capacitância e Indutância”. Trata-se apenas de um material de referência que visa facilitar o acesso a informação e com uso exclusivo para a disciplina de graduação “Eletrotécnica Geral” do curso de Engenharia Química da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Campus Diadema. Alguns trechos dos textos ou ilustrações aqui apresentadas, não são originais e não se faz citação de autoria específica das frases ou fontes das ilustrações, por se tratar de notas compiladas e por ser um material com o intuito de auxiliar no suporte aos estudos da disciplina de Eletrotécnica Geral, e não uma publicação com intenções de divulgação. A relação das obras consultadas encontra-se nas referências bibliográficas e sugere-se que sejam consultadas para um estudo mais aprofundado do tema. iii UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................. 1 2. CAPACITORES ................................................................ 2 2.1.CAPACITÂNCIA E CARGA DO CAPACITOR ....... 5 2.2.CORRENTE E TENSÃO NO CAPACITOR ............ 6 2.3.POTÊNCIA E ENERGIA NO CAPACITOR ............ 8 2.4.APLICAÇÃO DE CAPACITORES............................ 9 2.5.COMPORTAMENTO DO CAPACITOR EM CIRCUITO CC .......................................................... 10 3. INDUTORES.................................................................... 11 3.1.CORRENTE EM UM INDUTOR EM TERMOS DA TENSÃO NO INDUTOR ............................. 12 3.2.POTÊNCIA E ENERGIA NO INDUTOR .............. 13 3.3.APLICAÇÃO DE INDUTORES .............................. 15 3.3.1.INCOVENIENTES ...................................... 16 3.4.COMPORTAMENTO DO INDUTOR EM CIRCUITO CC ......................................................... 17 4. COMBINAÇÕES DE INDUTÂNCIA E CAPACITÂNCA EM SÉRIE E EM PARALELO ..... 18 4.1.INDUTORES EM SÉRIE E EM PARALELO ...... 18 4.2.CAPACITORES EM SÉRIE E EM PARALELO .. 21 5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................ 30 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo CAPACITÂNCIA E INDUTÂNCIA 1. INTRODUÇÃO Iremos introduzir dois novos componentes dos circuitos, o capacitor e o indutor. As relações constitutivas desses componentes envolvem integrais ou derivadas. Em conseqüência: Os circuitos elétricos que contêm capacitores e/ou indutores são representados por equações diferenciais. Os circuitos que não contêm capacitores e indutores são representados por equações algébricas. Dizemos que os circuitos que contêm capacitores e /ou indutores são circuitos dinâmicos, enquanto os circuitos que não contêm capacitores e indutores são circuitos estáticos. Os circuitos que contêm capacitores e/ou indutores são capazes de armazenar energia. Os circuitos que contêm capacitores e/ou indutores possuem memória. As tensões e correntes em um dado instante dependem, não só de outras tensões e correntes no mesmo instante de tempo, mas também de valores anteriores dessas tensões correntes. Além disso, vamos ver: Na ausência de correntes e tensões infinitas, as tensões nos capacitores e as correntes nos indutores são funções contínuas do tempo. Nos circuitos de corrente contínua, os capacitores se comportam como circuitos abertos e os indutores se comportam como curto- circuitos. Capacitores ligados em série ou em paralelo podem ser substituídos por um capacitor equivalente. Indutores ligados em série ou em paralelo podem ser substituídos por um indutor equivalente. Estas substituições não mudam os valores das correntes e tensões nos outros componentes do circuito. 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo As tensões e correntes nos componentes de um circuito que contém capacitores e indutores podem ser funções complicadas no tempo. 2. CAPACITORES Um capacitor consiste em dois condutores separados por um isolante. A principal característica de um capacitor é a de armazenar cargas nesses dois condutores. Acompanhando essa carga está a energia que o capacitor pode fornecer. A Figura 1 mostra o símbolo usado para capacitores. Figura 1 – Símbolo do capacitor. O capacitor é um componente de dois terminais usado para modelar um dispositivo constituído por duas placas condutoras separadas por um material isolante. Portanto, capacitor é um dispositivo utilizado para armazenar energia na forma de campo elétrico. Os capacitores se apresentam numa grande variedade de tamanhos e formas, conforme a Figura dada a seguir: Um capacitor é um bipolo capaz de armazenar cargas elétricas, de modo que a carga )(tq armazenada no instante t (tempo) depende apenas da tensão tv aplicada aos terminais do bipolo. 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Figura 2 – Tipos e formas de capacitores. Os capacitores possuem como elementos básicos dois condutores separados por um material isolante. Os condutores são chamados de placas, qualquer que seja a sua geometria. Figura 3 – Condutores separados por um material isolante. 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Ao ligarmos um capacitor a uma fonte de tensão, suas placas adquirem cargas iguais, mas de sinais opostos. Quando a diferença de potencial entre as placas for a mesma da fonte, dizemos que o capacitor está carregado. Figura 4 – Esquema de ligação de capacitor a uma fonte de tensão. O capacitor quando carregado possui um campo elétrico uniforme na região entre suas placas. Este campo permanece mesmo desligando o capacitor da fonte. O capacitor quando carregado possui um campo elétrico uniforme na região entre suas placas. Este campo permanece mesmo desligando o capacitor da fonte. Figura 5 – Representação do campo elétrico no capacitor. 5 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Ao ligarmos um condutor entre as duas placas do capacitor, uma corrente elétrica se estabelece, descarregando o capacitor e liberando a energia que estava armazenada na forma de campo elétrico. Figura 6 – Representação da ligação de um condutor entre as duas placas do capacitor. 2.1. CAPACITÂNCIA E CARGA DO CAPACITOR A carga q do capacitor é proporcional à tensão v usada para carregá- lo. Assim, podemos escrever: vCq (1) v q C (2) sendo que C é a constante de proporcionalidade, que recebe o nome de capacitância. A unidade de capacitância tem dimensões de Coulomb por volt e é chamada de farad (F) em homenagem a Michael Faraday. Mas o farad é uma unidade muito grande para aplicações práticas, sendo o microfarad ( F ) e o picofarad ( pF ) mais comumente utilizados. Capacitância é uma medida da capacidade de um dispositivo de armazenar energia na forma de cargas separadas ou de um campo elétrico. 6 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo O valor da capacitância é diretamente proporcional à área das placas e inversamente proporcional à distância ente elas. No caso em que a distância entre as placas é muita pequena em comparação com suas dimensões, a capacitância C é dada por: d A C (3) sendo que é uma constante de proporcionalidade conhecida como constante dielétrica, A é a área das placas, d é a distância entre as placas. A constante dielétrica é um parâmetro que descreve a quantidade de energia que um material isolante é capaz de armazenar por unidade de volume e por unidade de diferença de potencial. A constante dielétrica também é chamada de permissividade elétrica. O símbolo gráfico para um capacitor nos lembra que a capacitância ocorre sempre que condutores elétricos estiverem separados por um material dielétrico ou isolante. Essa condição implica que a carga elétrica não seja transportada pelo capacitor. Embora a aplicação de uma tensão aos terminais do capacitor não possa movimentar uma carga pelo dielétrico, ela pode deslocar uma carga dentro dele. À medida que a tensão varia com o tempo, o deslocamento de carga também varia com o tempo, provocando a denominada corrente de deslocamento. Resumindo, podemos definir o capacitor como um componente de dois terminais cuja função principal é introduzir a capacitância nos circuitos elétricos. Capacitância é definida como a razão entre a carga armazenada em um capacitor e a diferença entre as tensões das placas condutoras: v q C . 2.2. CORRENTE E TENSÃO NO CAPACITOR Nos terminais, a corrente de deslocamento é indistinguível de uma corrente de condução. A corrente é proporcional à taxa de variação temporal da tensão no capacitor ou, em termos matemáticos. A corrente associada ao movimento das cargas, conforme já foi apresentado em estudos anteriores é: 7 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo dt dq i (4) Derivando a equação (1) e substituindo em (4), temos: dt dv Ci (5) sendo que i é medida em ampères, C , em farads, v , em volts e t , em segundos. A equação (5) reflete a convenção passiva mostrada na Figura 7; isto é a referência de corrente está na direção da queda de tensão no capacitor. Se a referência de corrente estiver na direção da elevação de tensão, a equação (5) é escrita com um sinal negativo. Figura 7 – Atribuição de tensão e corrente de referência ao capacitor conforme a convenção passiva. Duas importantes observações decorrem da equação (5). A primeira é que a tensão não pode variar instantaneamente nos terminais de um capacitor. A equação (5) indica que tal variação produziria uma corrente infinita, o que é uma impossibilidade física. A segunda é que, se a tensão nos terminais for constante, a corrente no capacitor é zero. A razão é que uma corrente de condução não pode ser estabelecida no material dielétrico do capacitor. Somente uma tensão que varie com o tempo pode produzir uma corrente de deslocamento. Assim, o capacitor se comporta como uma malha aberta na presença de uma tensão constante. A equação (5) expressa a corrente do capacitor em função da tensão em seus terminais. Expressar a tensão em função da corrente também é útil. Para fazer isso, multiplicamos ambos os lados da equação (5) por um tempo diferencial dt e, então, integramos as diferenciais resultantes: 8 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo dvCdti ou t ot tv otv di C dv 1)( )( (6) Executando a integração do lado esquerdo da segunda equação, temos: )( 1 )( t ot o tvd C tv (7) Em muitas aplicações práticas da equação (7), o tempo inicial é zero; isto é, 0ot . Assim, a equação (7) torna-se: t vid C tv 0 )0( 1 )( (8) O símbolo de capacitor usado nos esquemas dos circuitos aparece na Figura 8. De acordo com a convenção passiva, a corrente entra em um terminal positivo do capacitor, como mostra a Figura 8. Figura 8 – Representação de circuito iv do capacitor 2.3. POTÊNCIA E ENERGIA NO CAPACITOR Podemos deduzir com facilidade as relações entre potência e energia para o capacitor. Pela definição de potência: 9 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo dt dv Cvivp (9) ou )( 1 t ot o tvid C ip (10) Combinando a definição de energia com a equação (9), obtemos: dvCvdw (11) pela qual w v dyyCdx 0 0 (12) ou 2 2 1 Cvw (13) sendo que w é em joules, C em farads e v em volts. Observe que essa energia armazenada não depende da corrente no capacitor. Na derivação da equação (13), a referência para energia zero corresponde à tensão zero. Análogo Mecânico: Constante de Mola A energia é armazenada no capacitor de modo semelhante ao que se tem em uma mola comprimida ou distendida. 2.4. APLICAÇÃO DE CAPACITORES Uma importante aplicação dos capacitores é em circuitos para contagem de tempo (temporizadores). Um simples temporizador consiste em uma chave, um capacitor, um resistor e uma fonte CC, todos em série. No 10 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo início do intervalo de tempo a ser contado, a chave é fechada para dar início à carga do capacitor. No final desse intervalo de tempo, a chave é aberta para interromper a carga do capacitor. A tensão medida nos terminais do capacitor fornece o intervalo de tempo. Um voltímetro conectado ao capacitor pode ter uma escala de tempo calibrada, de forma a fornecer uma leitura direta. Para tempos bem menores que uma constante de tempo, a tensão no capacitor varia quase linearmente. Essa aproximação linear é válida se o intervalo de tempo a ser medido é um décimo da constante de tempo, ou, o que resulta na mesma coisa, se a variação de tensão nesse intervalo de tempo é 10 1 da diferença entre os valores inicial e final de tensão. Um circuito temporizador pode ser usado com um tubo a gás para fazer um oscilador – um circuito que produz uma forma de onda repetitiva. Um tubo a gás possui uma resistência muito elevada – aproximadamente um circuito aberto – para pequenas tensões. Mas um determinado valor de tensão fará com que o tubo a gás passe a conduzir, apresentando uma resistência muito pequena – aproximadamente um curto-circuito. Após iniciar a condução ela irá se manter enquanto houver a tensão necessária. Abaixo de um determinado valor a válvula retorna à condição de circuito aberto. Outra utilização de capacitores é em circuitos utilizados na correção do fator de potência em sistema de potência. 2.5. COMPORTAMENTO DO CAPACITOR EM CIRCUITO CC Se a tensão no capacitor é constante, então a tensão não está variando e, portanto dt dv é zero, fazendo com que a corrente no capacitor seja zero. É claro que, a partir de considerações físicas, se a tensão em um capacitor é constante, não existem cargas em movimento, o que significa que a corrente é zero. Com uma tensão sobre ele e uma corrente zero, o capacitor é um circuito aberto para circuitos CC. Lembre-se, entretanto, de que somente após a tensão em um capacitor se tornar constante é que ele passa a se comportar 11 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo como um circuito aberto. Capacitores são sempre usados em circuitos para bloquear correntes e tensões CC. Outro dado importante a partir da equação dt dv Ci ou t v i é que a tensão em um capacitor não pode mudar de um valor a outro instantaneamente. Se, por exemplo, a tensão em um capacitor passar de 3 V para 5 V em um tempo zero, então v será 2 e t será zero, o que resultará em uma corrente infinita. Uma corrente infinita é impossível, porque nenhuma fonte pode fornecer essa corrente. Além do mais, uma corrente infinita produziria uma potência infinita em um resistor, e não existem fontes de potência infinita nem resistores capazes de absorver tal potência. A corrente em um capacitor não possui restrição similar – ela pode variar instantaneamente em ambas as direções. Dizer que a tensão em um capacitor não varia instantaneamente significa dizer que a tensão nesse capacitor antes de uma operação de chaveamento é exatamente igual após o chaveamento. Este é um fato importante na análise de circuitos RC (resistor e capacitor). 3. INDUTORES A indutância é o parâmetro de circuito utilizado para descrever um indutor. Ela é simbolizada pela letra L , é medida em henrys (H) e é representada graficamente como uma espiral – para lembrar que a indutância é uma conseqüência de um condutor imerso em um campo magnético. A Figura 9(a) mostra um indutor. Atribuir a direção de referência da corrente na direção da queda de tensão nos terminais do indutor, como mostra a Figura 9(b), resulta em: dt di Lv (14) 12 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Figura 9 – (a) Símbolo gráfico para um indutor com uma indutância de L henrys. (b) Atribuição de tensão e corrente de referência ao indutor conforme a convenção passiva. 3.1. CORRENTE EM UM INDUTOR EM TERMOS DA TENSÃO NO INDUTOR A equação (14) expressa a tensão nos terminais de um indutor em função da corrente no indutor. É também desejável ser capaz de expressar a corrente em função da tensão. Para determinar i em função de v , começamos multiplicando ambos os lados da equação (14) por um tempo diferencial dt : dt dt di Ldtv (15) Multiplicar a taxa de variação de i em relação a t por uma variação diferencial no tempo gera uma variação diferencial em i , portanto escrevemos a equação (16) como: diLdtv (16) Um indutor é um bipolo que pode armazenar energia magnética, transportada pela corrente que o atravessa. 13 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Em seguida, integramos ambos os lados da equação (16). Por conveniência, trocamos os dois lados da equação e escrevemos: )( )( ti oti t ot dvdxL (17) Observe que usamos x e como as variáveis de integração, ao passo que i e t tornam-se limites nas integrais. Então, pela equação (17): )( 1 )( t ot o tidv L ti (18) sendo )(ti é a corrente correspondente a t e )( oti é o valor da corrente do indutor quando iniciamos a integração, a saber, ot . Em muitas aplicações práticas, ot é zero, e a equação (18) se torna: t idv L ti 0 )0( 1 )( (19) Ambas as equações (14) e (19) representam a relação entre a tensão e a corrente nos terminais de um indutor. A equação (14) expressa a tensão em função da corrente, ao passo que a equação (18) expressa a corrente em função da tensão. Em ambas as equações, a direção de referência para a corrente está na direção da queda de tensão nos terminais. Observe que )( oti tem o próprio sinal algébrico. Se a direção da corrente inicial for a mesma da direção de referência para i , ela é uma quantidade positiva. Se a corrente inicial estiver na direção oposta, ela é uma quantidade negativa. 3.2. POTÊNCIA E ENERGIA NO INDUTOR As relações entre potência e energia para um indutor podem ser deduzidas diretamente das relações entre corrente e tensão. Se a referência de 14 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo corrente estiver na direção da queda de tensão nos terminais do indutor, a potência é: ivp (20) Lembre-se de que a potência está em watts, a tensão, em volts e a corrente, em ampères. Se expressarmos a tensão do indutor em função da corrente do indutor, a equação (20) torna-se: dt di Lip (21) Também podemos expressar a corrente em termos da tensão: t ot o tidv L vp )( 1 (22) A equação (21) é útil para expressar a energia armazenada no indutor. Potência é a taxa de variação da energia em relação ao tempo, portanto: dt di Li dt dw p (23) Multiplicando ambos os lados da equação (23) por um tempo diferencial, obtemos a relação diferencial: diLidw (24) Ambos os lados da equação (24) são integrados, subentendo-se que a referência para energia zero corresponde a uma corrente zero no indutor. Assim: dyyLdx iw 00 , 2 2 1 Liw (25) Como antes, usamos símbolos diferentes para as variáveis de integração a fim de evitar confusão com os limites das integrais. Na equação 15 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo (25), a energia está em joules, a indutância, em henrys e a corrente, em ampères. Análogo Mecânico: Massa ou Inércia Diferente da energia resistiva, que é perdida em forma de calor, a energia indutiva é armazenada do mesmo modo que a energia cinética é armazenada numa massa em movimento. 3.3. APLICAÇÃO DE INDUTORES Os indutores, ou bobinas, podem ser definidos como componentes que armazenam energia na forma de um campo eletromagnético. Podem também ser definidos como componentes que se opõem a qualquer mudança na corrente que passa através dos mesmos. Estas definições esclarecem a finalidade para a qual os indutores são usados em circuitos isto é, para armazenar energia ou opor-se a uma mudança na corrente. Podem também ser usados para deixar passar freqüências baixas, rejeitando, ao mesmo tempo, altas freqüências. A Figura a seguir mostra como um indutor é usado num circuito para deixar passar freqüências baixas, rejeitando altas freqüências. Nesta aplicação, o indutor é, freqüentemente, chamado “choque”. O circuito completo na Figura é chamado filtro passa-baixa. As baixas freqüências podem passar através da bobina, porém as altas freqüências são levadas à Terra através dos capacitores, porém as baixas freqüências encontram forte oposição no caminho. O resultado global é que somente as baixas freqüências podem passar no circuito de “a” até “b”. 16 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Figura 10 – Exemplo de circuito com aplicação de indutores. Indutores são utilizados em diversas aplicações. Entre estas se pode citar sua utilização na partida de lâmpadas fluorescentes, onde os indutores têm como função provocar uma sobre-tensão devido a uma abertura no circuito. Como a corrente não pode variar rapidamente, quem varia é a tensão. 3.3.1. INCOVENIENTES Devido à semelhança entre as equações dos circuitos RC (resistivo – capacitivo) e RL (resistivo – indutivo) , é possível se fazer contadores de tempo utilizando circuitos RL, mas, na prática, temporizadores RC são preferíveis. Uma das razões é que os indutores não estão próximos dos ideais como, os capacitores, porque as bobinas possuem resistências raramente desprezíveis. Além disso, os indutores são relativamente grandes, pesados e de difícil fabricação, e o campo magnético externo ao indutor pode induzir indesejáveis tensões em outros componentes do circuito. Os problemas com indutores são insuficientes para que os projetistas sempre evitem usá-los em seus projetos. Portanto, os indutores apresentam os seguintes inconvenientes: - Pesados e volumosos; - Resistência não é desprezível; 17 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo - Indução de tensões indesejáveis em outros elementos. 3.4. COMPORTAMENTO DO INDUTOR EM CIRCUITO CC Sabendo-se que a tensão no indutor é, dt di Lv . Observamos que, em qualquer instante, a tensão depende da taxa de variação da corrente do indutor nesse instante, mas não do valor da corrente. Um fato importante a partir de dt di Lv é que, se a corrente é constante em um indutor, então a tensão no indutor é zero, porque 0 dt di . Com uma corrente circulando sobre L (indutor), mas com uma tensão zero, um indutor se comportará como um circuito fechado: um indutor é um curto- circuito em CC. Lembre-se, entretanto, de que apenas após a corrente no indutor se tornar constante é que ele passa a se comportar como um curto- circuito. A relação t i L dt di Lv significa também que a corrente em um indutor não pode variar instantaneamente. Para que isso ocorresse, i teria de ser diferente de zero enquanto t fosse zero o que resultaria em um valor infinito para t i , fazendo com que a tensão no indutor fosse infinita. Em outras palavras, uma variação instantânea de corrente em um indutor requer uma tensão infinita, mas, é claro, não existem fontes de tensão infinita. A tensão no indutor não possui tal restrição, podendo sofrer variações instantâneas. Dizer que a corrente em um indutor não varia instantaneamente significa dizer que a corrente imediatamente após uma operação de chaveamento é exatamente a mesma de antes dessa operação. Isto é um fato importante na análise de circuitos RL (resistivo – indutivo). 18 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo 4. COMBINAÇÕES DE INDUTÂNCIA E CAPACITÂNCA EM SÉRIE E EM PARALELO Exatamente como combinações de resistores em série e em paralelo podem ser reduzidas a um único resistor equivalente, as combinações de indutores ou capacitores em série e em paralelo podem ser reduzidas a um único indutor ou capacitor. 4.1. INDUTORES EM SÉRIE E EM PARALELO Indutores em Série: A Figura 11 mostra indutores em série. Nesse caso, os indutores são forçados a conduzir a mesma corrente; assim, definimos somente uma corrente para a combinação em série. Figura 11 – Indutores em série. As quedas de tensão nos indutores individuais são: dt di Lv 11 , dt di Lv 22 e dt di Lv 33 A tensão nos terminais da ligação em série é: dt di LLLvvvv )( 321321 , 19 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo do que deve ficar evidente que a indutância equivalente de indutores ligados em série é a soma das indutâncias individuais. Para n indutores em série: neq LLLLL 321 (26) Se os indutores originais conduzirem uma corrente inicial de )( oti , o indutor equivalente conduzirá a mesma corrente inicial. A Figura 12 mostra o circuito equivalente para indutores em série que conduzem uma corrente inicial. Figura 12 – Circuito equivalente para indutores em série que transportam uma corrente inicial )( oti . Indutores em Paralelo: Indutores em paralelo têm a mesma tensão terminal, conforme representação na Figura 13. 20 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Figura 13 – Três indutores em paralelo. No circuito equivalente, a corrente em cada indutor é função da tensão terminal e da corrente inicial no indutor. Para os três indutores em paralelo mostrados na Figura 13, as correntes para os indutores individuais são: )( 1 1 1 1 o t t tidv L i o , )( 1 2 2 2 o t t tidv L i o , )( 1 3 3 3 o t t tidv L i o (27) A corrente nos terminais dos três indutores em paralelo é a soma das correntes dos indutores: 321 iiii (28) Substituindo a equação (27) na equação (28) obtemos: )()()( 111 321 321 ooo t ot tititidv LLL i (29) Agora, podemos interpretar a equação (29) em termos de um único indutor; isto é: )( 1 t ot o eq tidv L i (30) 21 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Comparando a equação (30) com (29) obtemos: 321 1111 LLLLeq (31) )()()()( 321 oooo titititi (32) A Figura 14 mostra o circuito equivalente para os três indutores em paralelo na Figura 13. Figura 14 – Circuito equivalente para os três indutores em paralelo. Os resultados das equações (31) e (32) podem ser ampliados para n indutores em paralelo: neq LLLL 1111 21 (33) )()()()()( 321 onoooo tititititi (34) 4.2. CAPACITORES EM SÉRIE E EM PARALELO Capacitores em Série: Capacitores ligados em série podem ser reduzidos a um único capacitor equivalente. A recíproca da capacitância equivalente é igual à soma das 22 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo recíprocas das capacitâncias individuais. Se cada capacitor apresentar a própria tensão inicial, a tensão inicia l no capacitor equivalente será a soma algébrica das tensões iniciais nos capacitores individuais. A Figura 15 e as seguintes equações resumem essas observações: neq CCCC 1111 21 (35) )()()()( 21 onooo tvtvtvtv (36) Figura 15 – Circuito equivalente para capacitores ligados em série. (a) Capacitores em série. (b) Circuito equivalente. A capacitância equivalente de capacitores ligados em paralelo é simplesmente a soma das capacitâncias dos capacitores individuais como mostra a Figura 16 e a seguinte equação: neq CCCC 21 (37) 23 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Figura 16 – Circuito equivalente para capacitores ligados em paralelo. (a) Capacitores em paralelo. (b) Circuito equivalente. EXEMPLO 1: A partir do circuito dado a seguir, obter o circuito simplificado. Figura 17 – Circuito do exemplo 1. SOLUÇÃO: Os indutores 2L e 3L são iguais em valores e eles estão em paralelo, resultando em um valor paralelo equivalente de: 24 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo H HL LT 6,0 2 2,1 2 O indutor resultante de H6,0 está em paralelo com o indutor de H8,1 , e portanto: HL HH HH LL LL L T T T T 45,0 8,16,0 8,16,0 4 4 O indutor 1L fica em série com o indutor equivalente paralelo, sendo: HL HHL TT T T LLL 01,1 45,056,0 1 O circuito reduzido equivalente é ilustrado na Figura a seguir: Figura 18 – Circuito equivalente da Figura 17. 25 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo EXEMPLO 2: Achar a corrente LI e a tensão CV para o circuito dado a seguir: Figura 19 – Circuito do exemplo 2. SOLUÇÃO: O circuito pode ser representado conforme a seguir: Figura 20 – Modo de representação do circuito da Figura 19. Cálculo de LI : 5 10 21 V I RR E I L L 26 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo AIL 2 Cálculo de CV : Utilizando-se divisor de tensão, temos: 23 )10()3( 12 2 V V RR ER V C C VVC 6 EXEMPLO 3: Encontrar a energia armazenada pelo indutor no circuito dado a seguir quando a corrente por ele atingir o seu valor final. Figura 21 – Circuito do exemplo 3. SOLUÇÃO: Representando o circuito da Figura 21, temos: 27 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Figura 22 – Modo de representação do circuito da Figura 21. Cálculo da corrente mI : 21 RR E Im 23 15 V Im 5 15 V Im AIm 3 Cálculo da energia armazenada: JW AHW ILW armazenada armazenada marmazenada 3 23 2 10 2 54 )3(106 2 1 2 1 mJWarmazenada 27 28 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo EXEMPLO 4: Encontre a tensão e a carga em cada capacitor do circuito dado a seguir após cada carga ter atingido deu valor final. Figura 23 – Circuito do exemplo 4. SOLUÇÃO O circuito da Figura 23 pode ser representado como: Figura 24 – Modo de representação do circuito da Figura 23. Calculando as tensões sobre cada capacitor, temos: 29 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo VV V V C C 16 72 )72()2( 1 1 VV V V C C 56 27 )72()7( 2 2 Cálculo das cargas: CQ VFQ VCQ C 32 )16()102( 1 6 1 11 1 CQ VFQ VCQ C 168 )56()103( 2 6 2 22 2 30 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CURSO: Engenharia Química Disciplina: Eletrotécnica Geral Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo Profa. Rosimeire Aparecida Jerônimo 5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. Análise de Circuitos. O’Maley, John. Coleção: Schaum, Editora Makron Books, 2ª. Edição, 1994, ISBN: 8534601194. 2. Introdução aos Circuitos Elétricos. Dorf, Richard C.; Svoboda, James A. Editora LTC, 7ª. Edição, 2008, ISBN: 8521615825. 3. Curso de Circuitos Elétricos. Orsini, L. Q.; Consonni, Denise. Editora Edgard Blücher Ltda, 2ª. Edição, Vol. 1, 2002, ISBN: 852120308x. 4. Curso de Circuitos Elétricos. Orsini, L. Q.; Consonni, Denise. Editora Edgard Blücher Ltda, 2ª. Edição, Vol. 2, 2004, ISBN: 8521203322. 5. Eletronics – Introductory Circuit Analysis. Boylestad, R. L. Prentice Hall, 2002. 6. Circuitos Elétricos. Nilsson, J. W.; Riedel, S. A. Prentice Hall Brasil, 8a. edição, 2008.