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F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGI DO E X E R C Í C I F IS IOLOG DO E X E R C Í C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOL DO E X E R F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOG DO E X E R C Í C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOG DO E X E R C Í C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLO DO E X E R C F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O volume 05 - número 01 • Jan/Dez 2006 www.at lant icaedi tora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F IS IOLOGIA DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y ISSN 16778510 CARDIORRESPIRATÓRIO • Treinamento de resistência, capacidade cardiorrespiratória e gordura corporal TREINAMENTO • Efeitos da flexibilidade sobre a força muscular • Pliometria na reabilitação de atletas ELETROMIOGRAFIA • Músculos extensores da perna de jogadoras de voleibol FARMACOLOGIA • Recursos ergogênicos e praticantes de musculação BIOLOGIA • Testosterona, cortisol e exercício físico TRABALHO • Exercício físico na empresa R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A D O E X E R C Í C I O vo lum e 0 5 - n úm e ro 0 1 • Ja n /D e z 2 0 0 6 Fisiologia_CAPA_v5n1.indd 1Fisiologia_CAPA_v5n1.indd 1 22/11/2007 18:17:2622/11/2007 18:17:26 Editorial Carta ao leitor, Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti ..................................................................................................... 3 Artigos Originais Análise da atividade eletromiográfi ca dos músculos extensores da perna de jogadoras de voleibol feminino, Sergio Henrique Borin, Rinaldo Roberto de Jesus Guirro, Marcos Vanucci, Rubens Falleiros, Valéria Palauro ......................................................................................................... 4 Quantifi cando a pliometria na reabilitação de atletas, Gustavo Rebello Soares.................................................................................................................................................. 9 Análise das capacidades físicas em indivíduos adultos sedentários e treinados, Alexandre de Souza e Silva, Regiane Albertini, Maricilia Silva Costa ............................................................................ 15 Respostas cardiovasculares agudas da pressão positiva expiratória (EPAP) em indivíduos adultos jovens e o impacto no duplo-produto: um estudo piloto, Mauricio de Sant’ Anna Junior, Alexandra Maia, Rafael Gama da Cruz, Pedro Paulo da Silva Soares, Adalgiza Mafra Moreno ................................................................................................... 21 Consumo de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias de Santa Maria, RS, Cati Reckelberg Azambuja, Daniela Lopes dos Santos ............................................................................................................................................ 27 Série simples versus séries múltiplas: efeitos sobre o treinamento e destreinamento da força máxima em mulheres jovens, Marcelo Rangel de Araújo, Alexandre Hideki Okano, Runer Augusto Marson, Edilson Serpeloni Cyrino, Fábio Yuzo Nakamura ......................... 34 Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE): um estudo com trabalhadores de informática, Josenei Braga dos Santos, Antônio Renato P. Moro ............................................................................ 42 Revisões Efeitos agudos da fl exibilidade sobre a força muscular, José Eduardo Lattari Rayol Prati, Sergio Eduardo de Carvalho Machado ..................................................................................................... 50 As relações dos hormônios testosterona e cortisol com o exercício físico, Marcelo Rangel de Araújo ........................................................................................................................................... 56 Estudo de caso O treinamento de resistência com pesos em circuito de intensidade moderada melhora a capacidade cardiorrespiratória e diminui gordura corporal, Roberto Pacheco da Silva, Antonio Coppi Navarro ..................................................................................................... 62 Resumos Anais do IV Workshop em Fisiologia do Exercício – UFSCar e I Congresso Paulista da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício ........................................................................................... 68 Normas de Publicação .................................................................................................................................. 79 Índice volume 5 número 1 - janeiro/dezembro 2006 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Fisiologia_v5n1.indb 1Fisiologia_v5n1.indb 1 22/11/2007 18:03:1622/11/2007 18:03:16 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 20062 © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyri- ght, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, Nutrição Brasil e MN-Metabólica. I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Publicidade e marketing Rio de Janeiro: René C. Delpy Jr rene@atlanticaeditora.com.br (21) 2221-4164 Gerência de vendas e assinaturas Djalma Peçanha djalma@atlanticaeditora.com.br Editora Assistente Guillermina Arias Editoração e arte Cristiana Ribas Atendimento ao assinante Vanessa Busson atlantica@atlanticaeditora.com.br Redação e administração Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço por correio ou por email aos cuidados de: Guillermina Arias Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 - Rio de Janeiro - RJ artigos@atlanticaeditora.com.br Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 – Rio de Janeiro – RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749 E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br São Paulo Rua Teodoro Sampaio, 2550/cj 15 Pinheiros – 05406-200 – São Paulo – SP Tel: (11) )3816-6192 Recife Monica Pedrosa Miranda Rua Dona Rita de Souza, 212 52061-480 – Recife – PE Tel.: (81) 3444-2083 / 9204-0346 E-mail: monica@atlanticaeditora.com.br Assinaturas 1 ano – R$ 175,00 Rio de Janeiro: (21) 2221-4164 São Paulo: (11) 3361-5595 Email: melloassinaturas@uol.com.br Recife: (81) 3444-2083 Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Editor Chefe Paulo de Tarso Veras Farinatti Conselho Editorial Antonio Carlos Gomes (PR) Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ) Dartagnan Pinto Guedes (PR) Emerson Silami Garcia (MG) Fernando Pompeu (RJ) Francisco Martins (PB) Jacques Vanfraechem (BEL) Luiz Fernando Kruel (RS) Martim Bottaro (DF) Patrícia Chakour Brum (SP) Paulo Sérgio Gomes (RJ) Rolando Baccis Ceddia (CAN) Robert Robergs (USA) Rosane Rosendo (RJ) Sebastião Gobbi (SP) Steven Fleck (USA) Yagesh N. Bhambhani (CAN) Vilmar Baldissera (SP) Fisiologia_v5n1.indb 2Fisiologia_v5n1.indb 2 22/11/2007 18:03:2222/11/2007 18:03:22 3Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Editorial Carta ao Leitor Apresentamos o volume 5 da Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx), correspondente ao ano de 2006. Para este volume manteve-se a mesma estratégia adotada para o período de 2005, qual seja, concentrar os artigos disponíveis em uma só encadernação. No entanto, preservaram-se os três números que deveriam ser publi- cados naquele ano. Tal opção deu-se pela necessidade de se retomar, o mais rapidamente possível, a periodicidade da revista, ao mesmo tempo em que não se queria deixar solução de continuidade. Assim, o leitor que desejar fazer um histórico da RBFEx encontrará volumes completos referentes ao período que vai de 2002 a 2006. A partir do volume 6 (ano de 2007) os três números serão publicados em separado de forma quadrimestral, como era feito na origem do periódico. Os três números do volume 6 encontram-se fechados; assim, espera-se que a periodicidade da RBFEx seja defi nitivamente regularizada até o fi m de 2008. Após essa fase inicial, ambiciona-se aumentar a quan- tidade de números correspondentes a um volume, tornando a revista trimestral, o que certamente facilitará seu processo de indexação. Planeja-se, igualmente, ampliar a abrangência da revista, criando-se seções voltadas especifi camente para as questões da fi siologia em suas diferentes especializações (básica, aplicada, treinamento físico, saúde, nutrição etc). Atualmente presente no Qualis da área como de categoria Nacional C, pretende-se que tais providências a conduzam a uma classifi cação superior em prazo breve. Da mesma forma, estamos reestruturando a revista internamente. Um dos passos nesse sentido é aumentar o corpo de revisores, tornando o processo de avaliação por pares mais ágil. O questionário de avaliação dos artigos está sendo reformulado, de maneira a otimizar o tempo dos pareceristas e fazer com que os julgamentos dos manuscri- tos sejam mais objetivos. O apoio e a estrutura da Editora Atlântica vem sendo fundamental para a concretização de todos esses planos. Como não poderia deixar de ser, contamos com a colaboração dos pesquisadores que fazem da fi siologia do exercício sua área de atuação a fi m de que a RBFEx possa se tornar um veículo efi ciente e de qualidade para a divulgação de seus trabalhos. Convidamos a todos para enviarem seus resultados de pesquisa à revista, bem como artigos de revisão e resumos de teses e dissertações. Como se pode notar, há muito a fazer. Esperamos poder contar com o maior número possível de colegas nessa empreitada! Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti Editor-Chefe da RBFEx Fisiologia_v5n1.indb 3Fisiologia_v5n1.indb 3 22/11/2007 18:03:2322/11/2007 18:03:23 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 20064 Artigo original Análise da atividade eletromiográfica dos músculos extensores da perna de jogadoras de voleibol feminino Analysis of electromyographic activity of leg extensor muscles of female volleyball players Sergio Henrique Borin*, Rinaldo Roberto de Jesus Guirro**, Marcos Vanucci***, Rubens Falleiros***,Valéria Palauro*** *Mestrando em Fisioterapia na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba, SP, **Professor da Pós-Graduação em Fisioterapia da UNIMEP, ***Fisioterapeuta, UNIMEP Resumo Na prática clínica, observa-se o crescimento de lesões esportivas, decorrentes de desequilíbrios musculares. O objetivo deste trabalho foi analisar a atividade eletromiográfi ca (EMG) dos músculos do quadríceps femoral, numa contração isométrica voluntária máxima de extensão da perna em dois ângulos distintos. Foram analisadas 12 jogadoras de voleibol e 12 sedentárias. Para análise da EMG utilizou-se a envoltória (EN) do sinal, analisados através do teste de Wilcoxon (p < 0,05). Os resultados da EN intragrupos evidencia- ram que o recrutamento de todos os músculos foi maior a 90º em relação à 30º, independente da dominância e grupo. Já intergrupos, os resultados demonstraram ocorrer diferenças no recrutamento das atletas quando comparados com as sedentárias, sendo os músculos VMO, VLO, RF e VLL tanto 30º como 90º, independente da do- minância. Os resultados Intragrupos demonstram que o músculo VMO foi mais ativo, seguido do VLO, RF e VLL, para sedentárias e VMO, VLL e RF e VLO no grupo atletas. Palavras-chave: eletromiografia, treinamento, desequilíbrios musculares, fisioterapia. Abstract In the practical clinic, it was observed an increase of sports lesions, caused by muscle disequilibrium. Th e objective of this work was to analyze the electromyographic activity (EMG) of the muscles of quadriceps femoral, in a maximal voluntary isometric contraction of leg extension in two distinct angles. 12 volleyball players and 12 sedentary female players had been analyzed. For analysis of EMG it was used an envoltori (EN) signal, which was analyzed through Wilcoxon test (p > 0.05). Th e results of the in- tragroups EN demonstrated that the recruitment of all muscles was bigger than 90º in relation to 30º, independent of dominance and group. In relation to intergroups, the results showed that diff erences in the recruitment of the athletes occur when compared with the sedentary ones, the muscles VMO, VLO, RF and VLL at 30º as well as 90º were independent of dominance. Th e Intragroups results demonstrate that muscle VMO was more active, followed by VLO, RF and VLL, for sedentary and VMO, VLL and RF and VLO in the athlete group. Key-words: eletromyographic muscle, training, muscle disequilibrium, physical therapy. Recebido em 12 de agosto de 2006; aceito em 15 de outubro de 2006. Endereço para correspondência: Sergio Henrique Borin, Av. Ipiranga, 1034/11, 13400-485 Piracicaba SP, Tel: (19) 3402-4740, E- mail: sehborin@unimep.br Introdução Na prática clínica, têm-se observado cada vez mais fre- qüente o aparecimento de lesões principalmente relacionadas à atividade esportiva em atletas de alto nível. Alguns autores reportam em seus estudos que a incidência de lesão na arti- culação do joelho gira em torno de 30% a 40% em jogadoras de voleibol [1,2]. Este quando praticado em nível competitivo envolve maiores cargas de treinamento técnico-tático e altas demandas de condicionamento físico, que somados contri- buem com o desenvolvimento de lesões do sistema músculo esquelético dos membros inferiores. Fisiologia_v5n1.indb 4Fisiologia_v5n1.indb 4 22/11/2007 18:03:2322/11/2007 18:03:23 5Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Das anormalidades que envolvem a articulação do joelho, o desequilíbrio muscular no aparelho extensor da articulação fêmoro-patelar tem sido identifi cado como sendo um dos mais comuns. A prática esportiva leva a especializações musculares que podem gerar alterações nas forças que atuam nas articulações podendo causar alterações estáticas (como problemas pos- turais) e dinâmicas (alterações na estabilidade articular ou coordenação motora) [3]. O voleibol, por ser um esporte que utiliza muito o salto vertical, tem como conseqüência uma sobrecarga na articu- lação do joelho, podendo ocorrer desequilíbrios na muscu- latura extensora, principalmente pela solicitação exacerbada dos músculos que compõem o quadríceps femoral [4]. A sobrecarga não se restringe a articulação do joelho, sendo observada em todas as articulações dos membros inferiores pelo fato de os músculos exercerem movimentos concêntricos e excêntricos. Trabalhos físicos envolvendo exercícios de sobrecarga ou overtraining podem desenvolver desequilíbrios musculares alterando a biomecânica normal da articulação do joelho [5]. Por isso, indivíduos fi sicamente ativos, mas que são subme- tidos a sobrecargas constantes, poderão desenvolver algum desequilíbrio biomecânico [6]. Várias técnicas que visam à recuperação funcional da articulação do joelho bem como trabalhos de prevenção de lesões vem sendo desenvolvidas. Consistem basicamente em exercícios de cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF), que segundo Bynnum et al. [7] a CCF tem sido reconhecidamente como mais segura e funcional do que os de CCA. O treinamento de hipertrofi a muscular no voleibol também concentra o seu trabalho em cadeias cinéticas, mas sempre procurando direcioná-lo para a espe- cifi cidade do movimento que o atleta realiza no seu gesto esportivo [8]. Segundo Willians [9], os exercícios com carga (princi- palmente o excêntrico) são considerados um dos tipos mais lesivos ao músculo devido ao aumento de tensão excessiva na linha Z dos sarcômeros. Nesse contexto, muitos estudos relatam que o trabalho de reforço muscular deve respeitar a especifi cidade do movimento do gesto esportivo em conjunto com treinamento muscular, de forma que haja um mecanismo de proteção e prevenção para lesões decorrentes da sobrecarga articular impostas pelo esporte [10]. Nesse sentido, o trabalho de condicionamento muscular localizado em atletas deve ser muito bem elaborado, para que não ocorra sobrecarga nas articulações, ou mesmo desenvolva desequilíbrios musculares [11]. Com isso, a eletromiografi a (EMG) tem sido utilizada como instrumento cinesiológico para estudo da função mus- cular, sendo empregada no estudo da atividade muscular e no estabelecimento do papel de diversos músculos em atividades específi cas. Por esse contexto, o músculo quadríceps femoral tem sido amplamente pesquisado através da EMG, principalmente no que diz respeito à articulação fêmoro-patelar. No entanto, a participação do músculo VMO, como base de tratamento conservador da síndrome fêmoro-patelar, precisa ser mais bem estudada, assim como o seu desequilíbrio por fatores não traumáticos, a participação e a contribuição do músculo reto femoral no equilíbrio, e, ainda, a estabilidade na articu- lação do joelho [12]. Vários estudos limitam-se a pesquisar patologias na articulação fêmoro-patelar, sendo poucos os trabalhos que correlacionam a articulação do joelho com a atividade mioelétrica na população desportiva, para identifi car se o esporte praticado em alto nível leva a modifi cações na musculatura exigida [13]. Frente ao exposto, o objetivo deste estudo é analisar a atividade eletromiográfi ca dos músculos extensores da perna de atletas praticantes de voleibol do sexo feminino, em cadeia cinética aberta (CCA), nos ângulos de 90º e 30º de fl exão de joelho, nos membros dominante e não dominante, compa- rando com um grupo controle de mulheres jovens sedentárias, observando o comportamento do reto femoral perante os demais músculos componentes do quadríceps femoral. Materiais e métodos Amostra Foram estudadas 24 voluntárias adultas, sendo 12 atletas da equipe de voleibol feminino, categoria adulta, da cidade de Piracicaba, na faixa etária entre 18 e 20 anos (18,58 ± 0,79). Esse grupo foi denominado grupo atletas. E outras 12 mu- lheres para ser um grupo controle eram sedentárias, na faixa de 18 a 22 anos (20,6 ± 1,30), chamado grupo sedentárias. Todas as 24 voluntárias não apresentavam patologias que envolvessem a articulação coxo-femoral e do joelho. Como critério de inclusão para o grupo atletas, as volun- tárias não poderiam apresentar: • história de disfunção músculo-esquelética e fraturas, na articulação fêmoro-patelar, quadril e tornozelo, por um período mínimo de seis meses; • não ter realizado qualquer tipo de cirurgia, por um período mínimo de seis meses; • não apresentar distúrbios endócrino-metabólicos, alterações posturais importantes e retrações musculares severas. Em relação ao grupo sedentárias, além dos critérios de inclusão impostos ao grupo atletas, foi acrescido o fato de que não poderiam ter realizado qualquer tipo de atividade física regular num período mínimo de seis meses. Todos os voluntários envolvidos na pesquisa assinaram um termo de consentimento formal de participação na pesquisa, de acordo com o Conselho Nacional de Saúde (resolução 196/96). O projeto foi analisado e aprovado pelo comitê de ética da Unimep. Fisiologia_v5n1.indb 5Fisiologia_v5n1.indb 5 22/11/2007 18:03:2322/11/2007 18:03:23 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 20066 Eletromiografia A atividade Eletromiográfi ca (EMG) foi obtida usando um módulo condicionador de sinais, modelo MCS 1000 – V2 (LYNX®) com 16 canais de entrada, conectados a um conversor analógico ⁄ digital, interfaceado com um micro- computador Phentium 133 MHz padrão. Para o sinal ele- tromiográfi co, os canais foram calibrados com um ganho de 100 vezes, freqüência de corte de 10 Hz no fi ltro passa alta e 500 Hz no fi ltro passa baixa, com freqüência de amostragem de 1000Hz. Para aquisição e armazenamento dos sinais foi utilizado o software Aqdados 4.6 (LYNX®), que permite tra- tamento dos dados após aquisição além de compatibilidade para formatos universais. A atividade elétrica dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo (VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) foram obtidos extensores por meio de eletrodos bipolar de superfície (LYNX®) com ganho de 20 vezes. Para localização do ponto motor dos músculos extensores da perna, utilizou-se um aparelho de estimulação elétrica transcutânea (TENS marca KLD®) com freqüência variando de 5 a 100 Hz, e largura de pulso de 10 a 200 μs, com as intensidades máxima de 60 mA. Primeiramente as voluntárias permaneceram sentadas com o tronco apoiado no encosto da mesa, com articulação coxo-femoral a 90º e joelho a 30º ou a 90º, dependendo do sorteio. A coleta dos sinais foi realizada por um período de quatro segundos, previamente determinado no software AqDados®, sendo realizado três CIVM para cada ângulo. O início da captação dos sinais ocorria após dois segun- dos do início da CIVM. Esse tempo de dois segundos foi para garantir que o voluntário estava realizando a CIVM de forma uniforme durante todo o tempo de captação. O início da contração foi determinado por comando verbal do examinador, sendo mantido durante todo o período de captação. Eram seguidos intervalos de um minuto entre cada contração. Análise estatística Foi realizada a análise exploratória dos dados pelo pro- grama SAS - JMP (Statistical Analisys Sistem), na qual se aplicou o teste de normalidade de Shapiro-Wilk para todas as variáveis estatísticas consideradas dos diferentes grupos experimentais. Os dados não apresentaram normalidade, por isso foram analisados através do teste das ordens assinaladas de Wilcoxon. Em todos os cálculos foi fi xado o nível crítico de 5% (p < 0,05) As variáveis analisadas foram envoltória do sinal eletromio- gráfi co dos músculos VMO, VLO, VLL e RF do movimento de extensão da perna, nos ângulos de 30º e 90º de fl exão de joelho nos membros dominante e não dominante, dos grupos atletas e sedentárias. Resultados Resultados intragrupos Os resultados estatísticos da envoltória (EN) do grupo atletas, no exercício de contração isométrica de extensão de joelho dos membros dominante e não dominante, demons- traram que houve um aumento signifi cativo (p < 0,05) dos músculos VLO, VMO, RF e VLL no ângulo de 90º em relação ao ângulo de 30º, no grupo atletas. Tabela I - Médias, desvios-padrões dos dados da Envoltória (EM em μV) dos músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO), Vasto Lateral Oblíquo (VLO), Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral Longo (VLL) na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos ângulos de 30º e 90º de fl exão joelho, nos membros dominante e não dominante, do grupo atletas (n = 12). Atletas Membro dominante Membro não dominante EN(μV) 30º 90º 30º 90º VLO 48,1±2,7 84,6* ± 3,6 29,0 ± 1,0 63,9* ± 2,6 VMO 131,6±6,0 228,2* ± 9,1 148,9 ± 6,9 237,7* ± 6,4 RF 67,9±2,8 89,2 *± 3,5 68,7 ± 2,9 90,5* ± 3,1 VLL 87,3±3,0 134,6* ± 5,0 98,5 ± 4,2 148,5*± 4,1 *p < 0,05 em relação a 30º do respectivo membro Envoltória (EN) do grupo sedentárias Com relação a envoltória (EN) do grupo Sedentárias no exercício de contração isométrica de extensão de joelho dos membros dominante e não dominante, mostraram que houve um aumento signifi cativo (p < 0,05) da atividade eletromio- gráfi ca dos músculos VLO, VMO, RF e VLL no ângulo de 90º e em relação ao ângulo de 30º, no grupo sedentárias (Tabela IV). Tabela II - Média, desvio-padrão dos dados da Envoltória (EM em μV) dos músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO), Vasto Lateral Oblíquo (VLO), Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral Longo (VLL) na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos ângulos de 30º e 90º de fl exão joelho, nos membros dominante e não dominante, do grupo sedentárias (n = 12). Sedentárias Membro dominante Membro não dominante EN (μV) 30º 90º 30º 90º VLO 62,9 ± 2,5 104,4* ± 5,9 52,0 ± 2,6 88,7* ± 5,3 VMO 71,9 ± 3,4 113,9* ± 7,6 83,9 ± 4,0 141,7* ± 8,0 RF 45,4 ± 1,4 56,3*± 5,5 40,2 ± 1,6 49,9* ± 3,6 VLL 49,3 ± 1,7 55,3*± 1,6 40,1 ± 1,2 46,0* ± 2,3 *p < 0,05 em relação a 30º do respectivo membro. Resultados intergrupos Envoltória (EN) entre os grupos atletas e sedentárias A amplitude do sinal eletromiográfi co analisado pela sua Fisiologia_v5n1.indb 6Fisiologia_v5n1.indb 6 22/11/2007 18:03:2322/11/2007 18:03:23 7Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 envoltória (EN intergrupos), demonstrou diferença signifi - cativa entre os ângulos de 30º e 90º, do membro dominante e não dominante, quando comparada entre os grupos. Os resultados demonstram um recrutamento crescente no estí- mulo das unidades motoras, sendo o músculo VMO em maior atividade nos dois grupos e, seguido do VLO, VLL e RF a 30º e VLO, RF e VLL a 90º do membro dominante e a 30º e 90º do membro não dominante para o grupo sedentárias. Já no grupo das atletas, pode-se observar que ocorre uma inversão de recrutamento entre dois músculos em relação ao grupo sedentárias, no qual o VLL apresenta um valor da amplitude do sinal eletromiográfi co maior que o músculo VLO, tanto no membro dominante como no não dominante (Tabelas III e VI), a seqüência observada foi o músculo VMO, seguido do VLL, RF, e por último o VLO. Tabela III - Médias e desvios-padrões da Envoltória (EN em μV) dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo (VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos ângulos de 30º e 90º de fl exão joelho, nos membros dominante, do grupo atletas e sedentárias (n = 12). Dominante EN(μV) 30ºatletas 30º sedentárias 90º atletas 90º sedentárias VLO 48,1 ± 2,7 62,9* ± 2,5 84,6 ± 3,6 104,4* ± 5,9 VMO 131,6± 6,0 71,9* ± 3,4 228,2 ± 9,1 113,9* ± 7,6 RF 67,9 ± 2,8 45,4* ± 1,4 89,2 ± 3,5 56,3* ± 5,5 VLL 87,3 ± 3,0 49,3* ± 1,7 134,6 ± 5,0 55,3* ± 1,6 *p < 0,05 em relação as atletas no respectivo ângulo. Tabela IV - Médias e desvios-padrões da Envoltória (EN em μV) dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo (VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos ângulos de 30º e 90º de fl exão joelho, nos membros não dominante, do grupo Atletas e Sedentárias (n = 12). Não dominante EN (μV) 30º atletas 30º sedentárias 90º atletas 90º sedentárias VLO 29,0 ± 1,0 52,0*# ± 2,6 63,9 ± 2,6 88,7*#±5,3 VMO 148,9 ± 6,9 83,9* ± 4,0 237,7 ± 6,4 141,7* ± 8,0 RF 68,7 ± 2,9 40,2* ± 1,6 90,5 ± 3,1 49,9* ± 3,6 VLL 98,5 ± 4,2 40,1*•± 1,2 148,5 ± 4,1 46,0*• ± 2,3 *p < 0,05 em relação às atletas no respectivo ângulo. Discussão A eletromiografi a cinesiológica é uma ferramenta im- portante e efi caz para estudar estímulos e respostas mus- culares, bem como qualquer alteração frente a atividades específi cas, sejam elas ocasionadas pela exigência esportiva ou patológica. Ela é capaz de determinar o início e o fi m da atividade muscular em um determinado exercício, bem como o nível de resposta muscular em relação ao esforço e o melhor posicionamento que ativa um determinado músculo, visando assim estabelecer metas e objetivos a serem alcançados num programa de fortalecimento ou reabilitação, adequando o exercício para cada indivíduo, sendo utilizado também como um importante feedback em algumas terapias [14]. Por isso, este estudo coloca a importância da realização de uma avaliação eletromiográfi ca cinesiológica em atletas, que vise o maior conhecimento a respeito dos estabilizado- res dinâmicos da articulação fêmoro-patelar, bem como do músculo biarticular com ações em duas articulações distintas que é o músculo reto femoral. Deve ser considerado ainda que a eletromiografi a permita analisar a atividade isolada de cada músculo, identifi cando, assim, possíveis desequilíbrios qual destes precisa ser trabalhado. Nesse contexto, o método de eletromiografi a cinesiológica é de extrema importância para fi sioterapeutas, educadores físicos e médicos para ela- boração de programas de prevenção de lesão ou protocolos de treinamento. Com relação ao músculo reto femoral (RF), apesar de não ser um estabilizador dinâmico da articulação fêmoro-patelar, foi avaliado devido à existência de poucos trabalhos que o correlacionam a exercícios de extensão de perna em grupo de atletas. Assim, a grande questão era como seria o padrão do sinal eletromiográfi co de um músculo que realiza a extensão da perna e a fl exão do quadril, na CIVM nos ângulos de 30º e 90º num grupo de atletas e sedentárias frente aos outros músculos monoarticulares avaliados. Com isso, buscou-se alguns trabalhos na literatura rela- cionados ao RF, como o de Alkner [15] que compararam a atividade elétrica dos músculos VMO, VL, RF, e bíceps femo- ral (BF) de extensão da perna em CCA e em CCF realizados num ângulo de 90 graus de fl exão, e a 20, 40, 60, 80 e 100% da contração voluntária máxima de 09 homens clinicamente normais. Não foram observadas diferenças signifi cativas entre a atividade elétrica dos músculos estudados entre os dois exercícios, o que indica uma atividade recíproca dos músculos envolvidos nos dois modelos testados. Signorile et al. [16] avaliaram os músculos VMO, VL e RF de 23 indivíduos clinicamente normais em contrações isométricas de extensão com o joelho fl etido a 5º, 30º e 90º nas posições de rotação medial, neutra e lateral da perna. Os resultados revelaram que o músculo RF no ângulo de 90º de fl exão da perna produziu maior atividade eletromiográfi ca do que os demais músculos embora não tenha havido diferenças signifi cativas entre as rotações. Em relação aos músculos VMO e VL, os resultados obtidos foram semelhantes, com o ângulo de 90 graus de fl exão produzindo maior atividade eletromiográfi ca na posição neutra do que medial. No presente estudo, os resultados da EN do RF demons- traram que no grupo atletas o estímulo deste foi menor que os músculos VMO e VLL, sendo apenas maior que o VLO, independente do ângulo e da dominância. No grupo seden- Fisiologia_v5n1.indb 7Fisiologia_v5n1.indb 7 22/11/2007 18:03:2322/11/2007 18:03:23 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 20068 tárias, essa atividade eletromiográfi ca foi igual no ângulo de 30º tanto para o membro dominante como para o não dominante. A 90 graus o RF foi inferior apenas ao músculo VMO. O mesmo não ocorre com o grupo das sedentárias, o qual apresentou um estímulo eletromiográfi co maior do RF em relação aos componentes laterais do quadríceps femoral. Essa menor estimulação no grupo atletas pode ser explica- do devido ao tipo de exercícios que as voluntárias realizaram para a coleta, onde foi exigida a CIVM. Isso vai de acordo com Pincivero et al. [17] que reportam em seu estudo no aparelho isocinético, que o RF tem uma velocidade de con- dução menor e características morfológicas diferentes (tipo I) dos músculos VMO, VLL e VLO. Os autores colocam que a intensidade da contração está diretamente relacionada com a solicitação do músculo. Os seus resultados demonstraram que em exercícios com intensidades leves de movimento isotônico concêntrico de extensão de joelho de 90º a 0º (10% a 30% força máxima) o RF tem uma solicitação maior que os mús- culos VL e VMO, nesta ordem. Em exercícios submáximos (70 a 80% da força máxima) encontra-se o músculo VL com uma solicitação maior que o VMO e RF respectivamente. Nos exercícios máximos (100% da força máxima) o músculo VMO obteve uma solicitação bem maior que o VL e RF. Isso também sugere que quando a sedentária é exigida numa CIVM, principalmente se a exigência da força do membro é maior, como é o caso do ângulo de 30 graus; há necessidade de uma solicitação do RF em detrimento dos demais músculos laterais do quadríceps femoral. Conclusão Os resultados desta pesquisa, nas condições experimentais utilizadas, permitem concluir que o músculo VMO foi mais ativo que os músculos VLL, VLO e RF em todos os ângulos estudados, tanto em atletas quanto em sedentárias. A atividade eletromiográfi ca dos músculos VMO, VLL e RF são maiores no grupo atletas que no grupo sedentárias.O músculo VLO tem um comportamento distinto no grupo sedentárias em re- lação principalmente ao VLL no grupo atletas, independente do ângulo e da dominância, sendo signifi cativo a 90 graus. Frente à discussão, propõe-se um estudo que avalie o treinamento específico das atletas de voleibol, tanto de condicionamento muscular quanto técnico-tático, visando buscar as possíveis causas encontradas neste estudo, referen- tes aos diferentes níveis de atividade eletromiográfi ca dos músculos estabilizadores da patela, bem como alternância com o recrutamento do músculo reto femoral. Isso é de suma importância para os profi ssionais da área desportiva, seja ele médico, fi sioterapeuta, preparador físico, técnico ou supervisor de esporte. Referências 1. Ferretti A, Cerullo G, Russo G, Fontana M. Suprascapular neuropathy in voleyball players. J Bone Joint Surg1987;69A: 260-3. 2. 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Knee extensor torque and quadriceps femoris EMG during perceptually-guided isometric contractions. J Electromyogr Kinesiol 2003;13:159-167. Fisiologia_v5n1.indb 8Fisiologia_v5n1.indb 8 22/11/2007 18:03:2422/11/2007 18:03:24 9Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Artigo original Quantificando a pliometria na reabilitação de atletas Quantifying the plyometric in athlete rehabilitation Gustavo Rebello Soares Acadêmico, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das Ciências, Salvador, Bahia Resumo Objetivos: Identifi car os exercícios pliométricos para os membros inferiores e quantifi car sua forma de realização em relação ao tempo de treinamento, freqüência, quantidade de séries, quantidade de repetições, tempo de recuperação entre os exercícios e tempo de recuperação entre as séries. Materiais e métodos: Este estudo realiza uma revisão da literatura de trabalhos, publicados no período de 1983 a 2004, que abordam os princípios neurofi siológicos da plio- metria ou apresentam um programa de treinamento pliométrico. A forma para análise dos conteúdos utilizada foi a freqüência com que as variáveis dependentes e independentes foram citadas ou a média entre aqueles que as mencionaram. Resultados: Dez exercícios foram selecionados como os mais mencionados nos trabalhos. O tempo de treinamento mais citado foi de seis semanas, em três sessões semanais. Foi realizada, mais freqüentemente, uma única série de exercício, preconizando o tempo como unidade para quantifi car sua realização. Foi quantifi cado também o tempo de descanso entre os exercícios e entre as séries. Discussão e conclusão: A pliometria pode promover ganhos de força explosiva sendo realizada de forma criteriosa, seguindo os princípios aqui expostos. Desta forma, a fi sioterapia age para que o atleta recupere seu nível de desempenho de maneira mais rápida e segura possível. Palavras-chaves: pliometria, reabilitação, atleta. Abstract Objective: To identify the plyometric exercises for the lower limbs and quantify them according to the time of training, frequency, number of series, number of repetitions, time of recovery between exercises and time of recovery between series. Method: Th is study is a review of literature published from 1983 to 2004, which approaches the neurophysiologic principles of plyometric or plyometric training programs. Th e contents were analyzed using the periodicity in which the dependent and independent variables were quoted or the mean of those which mentioned them. Results: Ten exercises were selected as the most quoted by the articles. Th e time of training most quoted was six weeks, three times a week. More frequently, only one series of exercises was done, and time was the best predictor to quantify the exercises comparing to repetition. Also, the resting time between the exercises and between the series was quantifi ed. Discussion and conclusion: When plyometric exercises are done in a very sensible way, according to the principles here exposed, it can aid the gaining of explosive power. Th erefore, physical therapy makes the athlete recover their level of performance in a faster and safer way. Key-words: plyometrics, rehabilitation, athlete. Recebido em 24 de novembro de 2005; aceito em 10 de maio de 2006. Endereço para correspondência: Gustavo Rebello Soares, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Av. Dom João VI, 274, 40.290-000 Salvador BA, Tel: (71)3276-8200, E-mail: grsoares@gmail.com Introdução Em todas as práticas esportivas, os atletas estão sempre sujeitos a sofrer algum tipo de lesão durante uma competição ou treinamento, devido à constante exposição a traumatismos. Logo, a reabilitação destes indivíduos constitui um campo bas- tante desafi ador da medicina desportiva que tem como metas proteger e tratar o desportista de lesões, de reincidências e da incapacidade permanente. Para isto, a fi sioterapia pode fazer uso da pliometria como um de seus recursos terapêuticos. A pliometria é um conjunto de exercícios voltados para indivíduos que praticam atividade física, que unem força e velocidade do movimento, através das duas fases da contração muscular ativa (excêntrica/concêntrica), e visa obter resposta explosiva e reativa do músculo no menor tempo possível. Seu objetivo é melhorar a potência do músculo, facilitando os Fisiologia_v5n1.indb 9Fisiologia_v5n1.indb 9 22/11/2007 18:03:2422/11/2007 18:03:24 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200610 impulsos neurológicos, e aumentar a tensão muscular gerada no componente elástico do músculo. Esse tipo de exercício há muito tempo é utilizado para me- lhorar a performance dos atletas, porém, só recentemente, passou a fazer parte da reabilitação física, mais precisamente na sua fase fi nal [1]. No passado, esse programa era denominado de treina- mento de “choque” ou de salto. Somente em 1969 passou a ser chamado de pliometria, quando foi descrito na Europa Oriental pelo russo Verkhoshanski [2]. O termo pliometria é derivado da palavra grega pleythyein, que signifi ca “aumentar”, ou das raízes grega plio e metric, que signifi cam “maior” e “medida” [2]. Um estudo examinou os efeitos de seis semanas de treina- mento pliométrico nos mecanismos de aterrissagem de saltos e a força de atletas femininas [3]. Foram observadas a diminuição de 22% no pico de força de reação do solo e diminuição de 50% dos movimentos de abdução e adução do joelho durante a aterrissagem. Em adição, observou-se aumento signifi cativo na força isocinética dos músculos isquiotibiais, na razão entre os isquiotibiais e o quadríceps e na altura do salto vertical. Os autores sugerem que esse treinamento tem efeito signifi cativo na estabilização do joelho e na prevenção de lesões sérias entre as atletas. Usando o mesmo programa de treinamento, outro estudo analisou, prospectivamente, os efeitos da pliometria nas lesões sérias de joelho em atletas femininas [4]. Os autores demonstraram diminuição, estatisticamente signifi cante, da quantidade de lesões do joelho no grupo treinado em relação ao grupo controle. Os exercícios pliométricos podem ser aplicados tanto para os membros inferiores como para os membros superiores. Existem muitos estudos experimentais que utilizam progra- mas de treinamento pliométrico para os membros inferiores do corpo, entretanto, não há consenso dos seus benefícios por causa da falta de concordância a respeito de sua melhor aplicabilidade [2]. Em relação aos membros superiores, a pliometria ainda precisa ser mais estudada, pois os exercícios são conhecidos, mas há poucas pesquisas experimentais que comprovem sua efi cácia através da utilização de um programa de treinamento. Espera-se que este trabalho forneça um alicerce seguro e cientifi camente comprovado sobre o uso dessa técnica aos fi sioterapeutas, para que possam utilizá-la, mais freqüente- mente, na reabilitação atlética. Assim, o objetivo desse estudo é identifi car os exercícios pliométricos, para os membros inferiores, utilizados nos pro- gramas de reabilitação e quantifi car sua forma de realização em relação a tempo de treinamento, freqüência, quantidade de séries, quantidade de repetições, tempo de recuperação entre os exercícios e tempo de recuperação entre as séries. Materiais e métodos Este estudo realiza uma revisão da literatura tipo compa- rativa-descritiva realizada através de pesquisas nas fontes de dados virtuais indexadas (Medline, Pubmed, Lilacs, Scielo, Tabela I - Exercícios pliométricos. Exercício Variáveis Brown et al, 1986 [5] Wilson et al, 1996 [6] Hewett et al, 1996 [3] Hewett et al, 1999 [4] Spurrs et al, 2003 [7] Wilkerson et al, 2004 [8] Irmischer et al, 2004 [9] Chimera et al, 2004 [10] Depth jump Tempo de treinamento 12 semanas 8 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas Freqüência 3x/semana 2x/semana 3x/semana 3x/semana 2 a 3x/se- mana 3x/semana 2x/semana Séries 3 séries 1a 4 séries 1 série 1 série 2 a 3 séries 1 série 1 série Repetições 10 rep. 8 rep. 5 a 10 rep. 5 a 10 rep. 6 a 10 rep. 5 a 10 rep. 20 a 40 rep. Recuperação (exercício) 30’’ 30’’ 30’’ 120’’ Recuperação (séries) 60’’ 180’’ 30’’ Wall jumps / Ankle bounces Tempo de treinamento 6 semanas 6 semanas 6 semanas 9 semanas 6 semanas Freqüência 3x/semana 3x/semana 3x/semana 2x/semana 2x/semana Séries 1 série 1 série 1 série 3 séries 3 a 6 séries Repetições 20’’ a 30’’ 20’’ a 30’’ 20’’ a 30’’ 10 rep. 30’’ Recuperação (exercício) 30’’ 30’’ 30’’ 120’’ Recuperação (séries) 30’’ Fisiologia_v5n1.indb 10Fisiologia_v5n1.indb 10 22/11/2007 18:03:2422/11/2007 18:03:24 11Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Free Medical Journals, Capes, Web of Science) com as se- guintes palavras-chaves em inglês: plyometric e plyometr*. Em adição, foram realizadas pesquisas nas bibliotecas da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Universidade Católica de Salvador (UCSAL), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e na União Metropolitana de Ensino (UNIME). Foram incluídos na pesquisa todos os artigos, livros e periódicos encontrados em português, inglês e espanhol, publicados no período de 1983 a 2004, que abordavam os princípios neurofi siológicos da técnica ou explicavam um programa de treinamento pliométrico para os membros inferiores. Foram excluídos os artigos que traziam um pro- grama de treinamento pliométrico, mas não apresentavam as descrições dos exercícios e seus nomes não eram sufi cientes para se compreender plenamente os movimentos realizados durante a execução da atividade. Os artigos que tinham apenas a ilustração dos exercícios, sem identifi cação e sem descrições, também foram excluídos. Em associação, os achados em ou- tras línguas estrangeiras, que não as citadas anteriormente, foram automaticamente excluídos. Primeiramente, foram listadas todas as variáveis indepen- dentes (exercícios pliométricos) e suas variáveis dependentes (tempo de treinamento, freqüência, quantidade de séries, quantidade de repetições, tempo de recuperação entre os exer- cícios e tempo de recuperação entre as séries) dos trabalhos incluídos (Tabela I). Em seguida, realizou-se a seleção dos exercícios citados em pelo menos 50% dos trabalhos. Dentre estes, foram escolhidos as formas mais freqüentes de realização dos exercícios, sendo que, quando as variáveis dos exercícios não eram descritas em ao menos 50% dos trabalhos, foi considerada a média aritmética dentre aqueles que a citavam. Resultados Foram selecionados 12 artigos e seis livros para o estudo. Dos 12 artigos, quatro foram utilizados para a observação dos princípios neurofi siológicos e oito para a observação dos exercícios e suas variáveis. Dos quatro artigos selecionados para análise dos princípios neurofi siológicos apenas dois foram utilizados, pois os demais faziam menção a um destes artigos analisados. Tabela II - Síntese dos exercícios pliométricos. Repetições Exercícios Tempo de treina- mento Freqüên- cia Séries 1ª se- mana 2ª se- mana 3ª se- mana 4ª se- mana 5ª se- mana 6ª se- mana Recupera- ção (exercí- cios) Recupe- ração (séries) Wall jump / Ankle bounces 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segundos Tuck jump 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segundos Squat jump 6 semanas 3x/semana 1 série 10 seg. 15 seg. 20 seg. 20 seg. 25 seg. 25 seg. 30 segundos Double leg cone jumps 6 semanas 3x/semana 1 série 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segundos 180° jumps 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 segundos Bounding in place 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 segundos Scissor jump 6 semanas 3x/semana 1 série 30 seg. 30 seg. 30 segundos Bounding for distance 6 semanas 3x/semana 1 série 1 corrida 2 corridas 30 segundos Single legged hops 6 semanas 3x/semana 1 série 5 rep./ perna 5 rep./ perna 5 rep./ perna 5 rep./ perna 30 segundos Depth jump 6 semanas 3x/semana 1 série 5 rep. 10 rep. 30 segundos Tabela III - Descrição dos exercícios pliométricos. Wall jump / Ankle bounces Saltos com os dois tornozelos. O paciente posiciona-se com os dois joelhos levemente dobrados e com os braços elevados atrás da cabeça. Em seguida, salta para cima e aterrisa com os dedos dos pés (ponta dos pés). Repetir rapidamente. Tuck jump A partir da posição em pé (ereto), o paciente salta verticalmente o mais alto possível e leva ambos os joelhos para cima em direção ao tórax. Repetir rapidamente. Squat jump A partir da posição agachada, o paciente salta verticalmente o mais alto possível. Ao aterrissar, ele deve absorver o choque em posição agachada e repetir o salto rapidamente. Double leg cone jumps O paciente salta, com as duas pernas e pés juntos, de um lado para o outro por cima de cones, rapidamente. Devendo repetir também para frente e para trás. Fisiologia_v5n1.indb 11Fisiologia_v5n1.indb 11 22/11/2007 18:03:2422/11/2007 18:03:24 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200612 Todos os trabalhos confrontados tratavam-se de estudos experimentais cuja síntese, através da freqüência de citação, re- sultou na escolha de 10 exercícios. São eles: Wall jumps / Ankle bounces, Tuck jumps, Squat jump, Double leg cone jumps, 180° jumps, Bounding in place, Scissor jump, Bounding for distance, Single legged hops e Depth jump. Estes podem ser visualizados na Tabela II, assim como suas variáveis escolhidas. A descrição de cada uma dessas atividades encontra-se na Tabela III. Dentre os exercícios selecionados, também com base na freqüência de citação nos artigos, foram encontrados os seguintes resultados para as variáveis dependentes pesquisa- das: o tempo de treinamento para a atividade pliométrica foi de seis semanas e a freqüência de sua realização foi de três vezes semanais, em dias alternados, respeitando o período de repouso de 48 horas entre as sessões. Quanto ao número de séries, foi predominante a utilização de apenas uma série para cada atividade selecionada. O volume com que foram realizadas variou de acordo com o exercício: 70% foram quantifi cados tendo o tempo (segundos) como unidade de medida e 30% tendo o número de repetições ou de distância percorrida. Para os exercícios cujo volume foi baseado no tempo de execução, constatou-se que a quantidade de realização mais citada foi de 20 segundos na primeira semana, 25 segundos na segunda semana e 30 segundos para a terceira e quarta semanas. Em relação a quinta e sexta semanas, somente dois dos exercícios, dentre os escolhidos neste estudo, foram realizados utilizando o tempo como unidade de medida. Por eles apresentarem valores diferentes quanto ao volume e por não ser possível verifi car a maior freqüência de citação, foi realizado a média entre aqueles que os citaram. Logo, para a quinta e sexta semanas, os resultados apresentaram uma média de 27,5 segundos, em cada uma das semanas, para o volume realizado. Para o tempo de recuperação entre os exercícios foi mais continuamente citado o intervalo de 30 segundos. Para o tempo de recuperação entre as séries dos exercícios escolhidos foi calculada, novamente, a média entre aqueles que a cita- ram, já que a maioria não fez menção a essa variável em seus estudos. A partir desta análise, foram encontrados os seguintes valores para os exercícios Wall jump, Double leg cone jumps, 180° jumps e Depth jumps: 30 segundos, 30 segundos, 30 segundos e 90 segundos, respectivamente. Estes valores não aparecem na tabela II, pois este foi construída apenas com base na freqüência de citação dos exercícios e suas variáveis em pelo menos 50% dos trabalhos. Discussão Com a realização deste estudo foi possível quantifi car os exercícios pliométricos aplicados aos membros inferiores através da freqüência e da média com que eles e suas variáveis foram descritos nos artigos revisados. O que chamou mais atenção na pesquisa foi o fato da pliometria ser praticada, na maioria dos exercícios, tendo o tempo (segundos) como unidade de medida para quantifi car as repetições a serem executadas. Logo, diante dos achados expostos neste trabalho, espera-se ser possível empregar essa técnica, com mais segu- rança e efi cácia, nos programas de reabilitação atlética. Foram encontradas inúmeras variações para os exercícios pliométricos, porém, as atividades mais freqüentemente utilizadas foram as relatadas neste estudo (Wall jumps/Ankle bounces, Tuck jump, Squat jump, Double leg cone jump, 180° jumps, Bounding in place, Scissor jump, Bounding for distance, Single legged hops, Depth jump). Isto não signifi ca que todos os exercícios listados aqui, e somente eles, devam ser usados nos programas de reabilitação. A escolha das ativi- dades depende do objetivo do tratamento, do grupo muscular que se deseja trabalhar e do esporte praticado pelo atleta, pois cada modalidade esportiva apresenta formas e níveis de exigências diferentes. Por exemplo, para o jogador de vôlei, os pliométricos apropriados são aqueles que envolvem saltos em altura no mesmo lugar ou saltos em profundidade e não os saltos em distância, que, por sua vez, são mais apropriados para os praticantes de atletismo. Quanto às variáveis, constatou-se que o tempo de trei- namento mais utilizado foi o de seis semanas. A escolha deste período pode ser fundamentada no fato de que para se desenvolver a capacidade de recrutamento das unidades mo- toras em altíssimas velocidades, visando o ganho de potência muscular, pode ser necessário um período de treinamento mais longo [11]. A freqüência semanal com que os treinamentos pliomé- tricos foram mais empregados foi de três vezes por semana, em dias alternados. A freqüência de treinamento superior a duas ou três vezes por semana pode difi cultar a recuperação entre os exercícios e, desta forma, retardar as adaptações neu- romusculares impostas pela atividade e o desenvolvimento da força [12]. Entretanto, não existe documentação sufi ciente que defi na a freqüência semanal ideal para a realização do treinamento [13]. O número de séries mais usado para os exercícios selecio- nados foi de apenas uma série. Este procedimento é menos efetivo para o ganho de força do que se os exercícios fossem realizados com duas ou três séries, sendo a utilização de três séries ainda mais efi caz do que duas [12]. Em associação, a utilização de múltiplas séries de exercícios permite que o organismo humano seja capaz de se adaptar às cargas impos- tas e, por isso, para se obter novos ganhos de força é preciso submeter o corpo a estresses mais intensos, progressivamente [14]. Alguns fatores devem ser levados em consideração ao se escolher o número de séries, são eles: tamanho do músculo, grupo muscular, lesões associadas ao esporte e resultados esperados do treinamento [14]. O uso da série única aplica-se somente para os indivídu- os que estão começando o programa de treinamento [14]. Antigamente, acreditava-se que para se obter os ganhos de força eram necessárias três séries dos exercícios, porém novos estudos têm demonstrado que a utilização de apenas uma série é tão efi caz quanto três séries para o aumento do tamanho e da Fisiologia_v5n1.indb 12Fisiologia_v5n1.indb 12 22/11/2007 18:03:2522/11/2007 18:03:25 13Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 força musculares [15]. Isto permite que uma maior variedade de exercícios possa ser incluída nos programas de treinamento ao invés de menos exercícios de séries múltiplas, no mesmo período de tempo [15]. Logo, diante da realização de menos exercícios de séries múltiplas e do fato das adaptações neurais do organismo só ocorrerem nos movimentos que são treinados, o aprendizado motor, neste caso, fi ca limitado apenas a determinados padrões de movimento. Por outro lado, ao utilizar somente uma série por exercício, mais atividades com forma e exigências diferen- tes podem ser acrescentadas aos programas de treinamento. Com isto, o aprendizado motor, que sucede em virtude das adaptações neurais, vai ocorrer para as mais variadas situações e padrões de movimento, o que é mais adequado diante das solicitações da prática esportiva. Em relação à quantidade de repetições (volume), 70% dos exercícios escolhidos preconizaram a utilização do tempo (segundos) como unidade de medida e 30% usaram o número de repetições ou de distância percorrida. Dentre os 70%, o tempo mais freqüentemente citado variou de 20 a 30 segun- dos, ao longo das seis semanas de treinamento. De acordo com a fórmula universal da física para o cálculo da velocidade, na qual a velocidade é igual ao deslocamento dividido pelo tempo (V = d/t), a velocidade é diretamente proporcional ao deslocamento e inversamente proporcional ao tempo. Ou seja, para o indivíduo alcançar maior veloci- dade de movimento, ele deve percorrer a maior distância (no caso dos saltos, vertical e/ou horizontal) possível no menor tempo permitido. Considerando que o tempo para execução do movimento mais freqüentemente prescrito pelos artigos revisados foi de 20 a 30 segundos, os atletas deverão realizar as atividades pliométricas neste tempo, visando atingir o maior deslocamento do corpo com a maior velocidade possível. A relevância de tal afi rmação é que segundo as bases neu- rofi siológicas da pliometria quanto maior a velocidade gerada pelo exercício, maior será a ativação do refl exo miotático e o armazenamento de energia elástica pelo componente elástico do músculo, resultando numa posterior contração muscular concêntrica vigorosa e explosiva [2]. O refl exo miotático e o armazenamento de energia, juntamente com a dessensibiliza- ção do Órgão Tendinoso de Golgi e a coordenação muscular, compõem os princípios que fundamentam a pliometria [2]. Diante disso, quando os exercícios preconizam o uso do número de repetições ou de distância percorrida como unidade de medida para o volume (30%), o atleta pode realizar as atividades tanto rapidamente quanto lentamente. Executando-as lentamente, a ativação dos componentes neu- rofi siológicos da pliometria não irá ocorrer corretamente e, conseqüentemente, os efeitos esperados desta técnica, prova- velmente, não serão alcançados. Portanto, sugere-se que esses exercícios devam ser adaptados para que sejam realizados de acordo com o tempo de execução. O tempo de recuperação entre os exercícios e entre as séries está diretamente relacionado à intensidade da atividade, pois quanto maior a intensidade, maior será o metabolismo do organismo [16]. Logo, para que o exercício seja realizado é preciso que o corpo tenha tempo de normalizar seu meta- bolismo através do armazenamento de oxigênio e glicose no músculo e no sangue [16]. Os resultados deste estudo demonstraram que o tempo de recuperação entre os exercícios mais utilizados foi de 30 segundos. No entanto, não foram encontradas quaisquer in- formações específi cas sobre esse intervalo. Conclui-se, então, que a aplicação dessa variável depende do objetivo traçado, do esporte praticado pelo atleta e da sua resposta à atividade. Cabe ao fi sioterapeuta perceber e questionar seu cliente sobre a intensidade do exercício para que saiba se esse intervalo deve ser mantido, aumentado ou reduzido. Em relação ao tempo de recuperação entre as séries das atividades selecionadas, apenas os exercícios Wall jump/Ankle bounces, Double leg cone jumps, 180° jumps e Depth jump apresentaram, respectivamente, 30, 30, 30 e 90 segundos de descanso entre as séries. São necessários 60 a 120 segundos entre as séries para que haja a recuperação das fontes de energia oriundas do sistema do fosfagênio (ATP-CP), que são fundamentais para a realização do esforço máximo [14]. Esse mesmo intervalo de descanso é necessário para que as reservas de energia sejam recuperadas antes da realização de uma nova série [17]. Entretanto, os valores encontrados neste estudo não devem ser considerados, uma vez que todos os exercícios selecionados foram mais freqüentemente realizados com apenas uma série, não sendo necessário, portanto, tempo de recuperação entre as séries. Todos os exercícios e suas variáveis selecionadas foram citados neste trabalho. No entanto, em um programa prático de treinamento, as atividades desenvolvidas devem ser pro- gressivas para que a sobrecarrega ideal seja imposta ao atleta e para que também sejam evitadas as adaptações do organismo aos exercícios. Essa evolução deve ser realizada de acordo com os objetivos do treinamento e com as respostas fi siológicas do paciente à sua realização. Ao longo das seis semanas de pliometria, os exercícios devem progredir de atividades sim- ples para atividades complexas, como: passar de saltos com as duas pernas para apenas uma, de saltos verticais parados para saltos em distância e em profundidade. Em adição, o volume executado também deve evoluir ao longo das sema- nas, acrescentando mais tempo na realização dos exercícios. O aumento da intensidade da pliometria também pode ser manipulado através da diminuição do tempo de recuperação entre os exercícios. Em associação, o fi sioterapeuta deve fazer uso da criatividade e da observação dos movimentos realiza- dos na prática esportiva de seu paciente para indicar formas de exercícios o mais específi co e funcional possível. Por fi m, existem diversos cuidados que devem ser tomados para a realização segura, correta e efi caz da pliometria, sendo estes muito bem descritos na literatura [13]. A limitação deste estudo refere-se à ausência de pesqui- sas que utilizem a pliometria como conduta terapêutica na Fisiologia_v5n1.indb 13Fisiologia_v5n1.indb 13 22/11/2007 18:03:2522/11/2007 18:03:25 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200614 reabilitação dos membros inferiores em atletas. Isto porque os artigos encontrados destinavam-se a abordar os exercícios pliométricos apenas como uma forma de aperfeiçoar o de- sempenho de desportistas saudáveis e, alguns poucos, a sua efi cácia na prevenção de lesões. Portanto, diante da escassez de material referente à utilização da pliometria na reabilitação do quadrante inferior, sugere-se que novos estudos experimentais sejam realizados para que seja possível verifi car os efeitos da pliometria na reabilitação. Conclusão Pode-se concluir que a pliometria, quando realizada de forma criteriosa, seguindo princípios como os citados e discutidos neste artigo, é capaz de promover ganhos de força muscular explosiva de forma consistente e progressiva. Isto em virtude de sua capacidade de adaptar e treinar o sistema neuromuscular e não através de mudanças morfológicas dos músculos. A fi sioterapia, ao fazer uso da pliometria como um de seus recursos terapêuticos, deve agir de forma facilitadora, reabilitando o atleta, de maneira mais rápida e segura possí- vel, para que ele recupere seu nível de desempenho igual ou superior ao estado pré-lesão. Agradecimentos Agradeço a Prof. Ana Lúcia Góes pela sua assessoria cien- tífi ca a esse estudo, pelo incentivo e empenho em me orientar, e sua acessibilidade e confi ança no meu trabalho. Referências 1. Harrelson GL, Leaver-Dunn D. Introdução a reabilitação. In: Andrews JR, Harrelson GL, Wilk KE. Reabilitação física das lesões desportivas. 2ª ed. 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Fisiologia_v5n1.indb 14Fisiologia_v5n1.indb 14 22/11/2007 18:03:2522/11/2007 18:03:25 15Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Artigo original Análise das capacidades físicas em indivíduos adultos sedentários e treinados Analysis of physical capacities in sedentary and trained adult individuals Alexandre de Souza e Silva*, Regiane Albertini**, Maricilia Silva Costa*** *Educador Físico, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP, **Fisioterapeuta, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP, ***Professora, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP Resumo Introdução: O envelhecimento é um processo de mudanças que levam todos os seres vivos a passarem por perdas progressivas das suas capacidades funcionais, conduzindo a um grande risco de se tornarem sedentários. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar as diferenças nas capacidades físicas entre grupos de indivíduos: treinados e sedentários. Métodos: Participaram do grupo de estudo 34 indivíduos, classifi cados como treinados e sedentários. Os in- divíduos foram avaliados através dos testes de fl exibilidade, força, IMC e RCQ. Resultados: Foi observado que os indivíduos treina- dos apresentaram maior pico de torque, tanto para perna direita, quanto para perna esquerda. Este resultado foi observado tanto em movimento de fl exão quanto em extensão. O teste de fl exibilidade indicou um melhor desempenho deste parâmetro em indivíduos treinados (24,8 ± 11,8), quando comparados com o grupo de in- divíduos sedentários (17,5 ± 5,1). As medidas de PAS e a PAD em indivíduos treinados mostrou melhores resultados em relação aos valores obtidos do grupo de indivíduos sedentários. Conclusão: Os indivíduos treinados apresentaram melhores resultados em força muscular e fl exibilidade, quando comparados com os indivíduos Sedentários. Estes resultados indicam que a atividade física se mostra de grande importância para a manutenção das capacidades físicas e da qualidade de vida. Palavras-chave: dinamômetro isocinético, atividade física, idosos. Abstract Introduction: Th e aging is a process of changes that lead all hu- man beings to a progressive decline in their functional capacities, and at great risk of becoming sedentary. Objective: Th is study aimed to analyze diff erences in physical capacities between two groups: trained and sedentary. Methods: Th e sample was composed by 34 individuals, classifi ed as trained and sedentary. Th ey were evaluated through fl exibility, strength, BMI and WHR tests. Results: It was observed that the trained individuals showed larger peak torque, both for the right and left leg. Th is result was observed in fl exion and stretching movements. Th e fl exibility test indicated better performance in trained individuals (24.8 ± 11.8), when compared with sedentary group (17.5 ± 5.1). Blood pressure of trained individuals showed better results than the sedentary group. Conclusion: Th e trained individuals showed better results in muscle strength and fl exibility, when compared with sedentary group. Th ese results demonstrate that physical activity is of great importance for the maintenance of physical capacities and quality of life. Key-words: isokinetic dynamometer, physical activity, elderly. Recebido em 15 de julho de 2006; aceito em 12 de outubro de 2006. Endereço para correspondência: Maricilia Silva Costa, Instituto Pesquisa & Desenvolvimento, Av. Shishima Hifumi 2911, 12244-000 São José dos Campos SP, Tel:(12)3947-1125, E-mail: mscosta@univap.br Fisiologia_v5n1.indb 15Fisiologia_v5n1.indb 15 22/11/2007 18:03:2622/11/2007 18:03:26 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200616 Introdução A senilidade ou envelhecimento é, geralmente, acompa- nhado pelo declínio acentuado nas capacidades do sistema motor [1-3]. Estas mudanças incluem o declínio da força, a redução na magnitude de respostas refl exas, a diminuição na velocidade de reações rápidas, o aumento na instabilidade postural e controle diminuído, decréscimo do controle de força submáxima e a redução das capacidades manipulativas [4-10]. Este comprometimento da função motora, associado ao processo de envelhecimento, afeta diretamente a vida de indivíduos idosos, diminuindo as suas habilidades em tarefas simples, como caminhar. Assim, difi cultando a realização de atividades da vida diária, comprometendo a qualidade de vida e a saúde mental desta população [11]. De acordo com Faria Junior et al. [12], com o declínio gradual das aptidões físicas e o impacto do envelhecimento e das doenças, o idoso tende a trocar seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco ativas. Os efeitos associados à inatividade e à má adaptabi- lidade são bastante sérios. Estes efeitos podem acarretar na redução no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidade de concentração, de reação e de coordenação, gerando, assim, processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão. Alguns estudos revelam que cerca de 40% dos indivíduos com 65 anos ou mais de idade necessitam de algum tipo de ajuda para realizar, pelo menos, uma tarefa como: fazer com- pras, cuidar das fi nanças, preparar refeições e limpar a casa. Uma parcela menor (10%) requer auxílio para realizar tarefas básicas como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimen- tar-se, sentar e levantar de cadeiras. Estes dados remetem à preocupação por mais de 6 milhões de idosos gravemente fragilizados no Brasil, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001 [13]. O emprego da atividade física para indivíduos mais velhos, como forma de promoção do estilo de vida, proporciona me- lhora no desenvolvimento dos padrões de saúde e de qualidade de vida [14,15]. Um programa de treinamento de resistência (PTR) é de grande importância para estes indivíduos, pois ocorrem ganhos na força muscular, podendo melhorar as atividades aeróbicas e, ainda, evitar as quedas [14,16-18]. O objetivo do presente estudo foi analisar as diferenças nas capacidades físicas entre grupos de indivíduos, Treinados e Sedentários. Métodos Indivíduos Participaram do estudo 34 indivíduos, de ambos os sexos, com idades entre 45 e 75 anos, com peso de 68,8 ± 10,55 kg e altura de 157,7 ± 5,89 cm. Os indivíduos foram divididos em dois grupos, sedentários (S) n = 14 e treinados (T) n = 20. Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido; aprovado pelo comitê de ética em pesqui- sa (protocolo n° L200/2005/CEP). Foi considerado como critério de exclusão qualquer dor e/ou distúrbio no sistema osteo-mio-articular. Os indivíduos do grupo Treinado(T) praticaram vôlei adaptado três vezes na semana, com a duração de duas horas por dia e, ainda, realizaram um programa de treinamento de resistência duas vezes na semana, com a duração de uma hora por dia. Este protocolo de treinamento foi praticado durante 24 meses. O grupo de Sedentários (S) foi composto por indivíduos que não praticavam atividades físicas por mais de 36 meses. Métodos de análise Para calcular o IMC dos indivíduos foi utilizado o seguin- te cálculo: IMC = Peso/(altura)2, e adotados os critérios da Organização Mundial de Saúde para classifi car os indivíduos [7,19,20]. Como forma de análise do risco de desenvolvimento de doença coronariana, foi utilizada a RCQ, considerando como pontos de referência para as medidas, a última costela (perímetro da cintura) e a protuberância glútea (perímetro do quadril)[19,21,22]. A pressão arterial foi aferida antes da realização dos testes de fl exibilidade e de força muscular. O indivíduo foi posi- cionado sentado, e permaneceu em repouso por 5 minutos antes de ser aferida a pressão. A fl exibilidade foi mensurada no banco de Wells e Dillon [23,24]. Os indivíduos realizaram três repetições do movi- mento sem estímulo verbal e a maior marca foi considerada como resultado do teste. Para análise da força muscular, dos músculos extensores e fl exores do joelho, foi utilizado o dinamômetro isocinético (Modelo- Biodex Multi-Joint System Inc). Os indivíduos foram orientados a executar o movimento de fl exão e extensão de joelho [25]. Os indivíduos foram fi xados com cinto na cadeira do Bio- dex, com o encosto a 85°26. O eixo de rotação do dinamômetro foi alinhado com o epicôndilo femural e a carga de resistência colocada a 2 cm do maléolo interno [26,27]. Inicialmente, os indivíduos realizaram 3 repetições para se familiarizarem com o equipamento e, então, após um interva- lo de 5 minutos, o teste foi executado. Durante o teste, foram solicitadas cinco (5) repetições a uma velocidade angular de 60°/s, com 5 minutos de repouso entre a perna direita e es- querda. Os indivíduos foram encorajados a desenvolverem o máximo de força por meio de estímulos verbais e visuais [26]. O protocolo seria interrompido caso o voluntário apresentasse qualquer desconforto. Fisiologia_v5n1.indb 16Fisiologia_v5n1.indb 16 22/11/2007 18:03:2622/11/2007 18:03:26 17Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Análise estatística Os testes de cada indivíduo no BIODEX foram coletados e transportados para o programa EXCEL para identifi car o pico de torque de cada indivíduo. A análise estatística foi realizada utilizando o programa ORIGIN, empregando a análise de variância ANOVA com p < 0,05 para signifi cância. Resultados Os resultados de Pico de Torque em movimentos de ex- tensão estão mostrados nas Figuras 1 e 2. Pode-se notar que os indivíduos treinados apresentaram maior pico de torque, tanto para perna direita, quanto para perna esquerda. Este resultado se apresenta mais evidente observando o deslocamento da curva de Gauss para a direita, em indivíduos treinados, mos- trando as diferenças signifi cativas entre os grupos: treinado (PTPDE* 105,4 ± 29,5 e PTPEE* 108,8 ± 28,3) e sedentário (PTPDE* 74,6 ± 28,4 e PTPEE* 84,2 ± 28). Figura 1 - Pico de torque da perna direita. Figura 3 - Pico de torque da perna direita. Figura 2 - Pico de torque da perna esquerda. Para o movimento de fl exão, o pico de torque, tanto da perna direita quanto esquerda foi maior no grupo treinado (PTPDF -53,5 ± 14,4 e PTPEF -55,5 ±15,1) comparado com o grupo sedentário (PTPDF -36 ± 15,7 e PTPEF -40,4 ± 14,3) (Figuras 3 e 4). Pode-se observar o deslocamento da curva de Gauss para a esquerda, uma vez que, o movimento de fl exão é determinado em valores negativos. Figura 4 - Pico de torque da perna esquerda. O teste de fl exibilidade mostrou um deslocamento da média para a direita, indicando um melhor desempenho deste parâmetro em indivíduos treinados (24,8 ± 11,8), quando comparados com o grupo de indivíduos sedentários (17,5 ± 5,1) (Figura 5). Figura 5 - Flexibilidade. Ainda, quanto à fl exibilidade, analisando a Tabela I; po- demos observar que 79% dos indivíduos sedentários foram classifi cados como fracos no teste de fl exibilidade e 21% como regulares, ou seja, não houve nenhum indivíduo sedentário no teste que atingiu a classifi cação de médio, bom ou excelente. Entretanto, no grupo treinado 25% foram classifi cados como excelentes, 20% como médios, 10% como regulares e 45% como fracos, indicando um melhor desempenho quanto à fl exibilidade em indivíduos treinados. Fisiologia_v5n1.indb 17Fisiologia_v5n1.indb 17 22/11/2007 18:03:2622/11/2007 18:03:26 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200618 Tabela I - Classifi cação do teste de fl exibilidade. Classificação Grupo treinado Grupo sedentário Fraco 45% 79% Regular 10% 21% Médio 20% 0% Bom 0% 0% Excelente 25% 0% Os resultados da Tabela II mostram que a PAS e a PAD em indivíduos treinados apresentou diferenças signifi cati- vas em relação aos valores obtidos do grupo de indivíduos sedentários. Tabela II - Parâmetros do P.A.S. e P.A.D. Parame- tros Grupo (T) Grupo (S) p = DIF. P.A.S 122,7±11,4 132,1±13,2 0,03436 DS P.A.D 79,2±7,1 86,4±8,1 0,01046 DS Tabela *Grupo (T) = Grupo treinado; *Grupo (S) = Grupo sedentário; *P.A.S. = Pressão Arterial Sistólica; * P.A.D. = Pressão Arterial Diastólica; *DIF. = Diferença; *DS = Diferença significante. *PTPDE = Pico de torque da perna direita (extensão); *PTPEE = Pico de torque da perna esquerda (extensão); *PTPDF = Pico de torque da perna direita (fl exão); *PTPEF = Pico de torque da perna esquerda (fl exão) As fi guras 06 e 07 mostram que o IMC e o RCQ não apresentaram diferenças estatisticamente signifi cativas entre indivíduos sedentários e treinados. Figura 06 - Índice de Massa Corpórea (IMC). Discussão O impacto do envelhecimento sobre as habilidades físicas é bastante discutido, uma vez que, são descritas 2 linhas de estudos. A primeira defende que não há redução da capacidade neuronal se não houver nenhum estado patológico associado, assim, seria importante manter as condições de saúde para manter as condições físicas. A segunda acredita que a redução da atividade neuronal é inevitável, entretanto, pode ser con- trolada e/ou minimizada através da atividade física [11]. Nossos resultados mostraram que o grupo de indivíduos treinados apresenta o torque de força muscular de exten- sores e fl exores de joelho maior que o grupo de indivíduos sedentários. Este resultado está de acordo com os estudos de Matsudo et al. [5] que em seu trabalho de revisão comenta sobre os efeitos da diminuição natural do desempenho físico, que podem ser atenuados se forem desenvolvidos com os ido- sos programas de atividades físicas que visem a melhoria das capacidades motoras como: a força muscular, a fl exibilidade, a mobilidade articular e a resistência. Assim, concluindo que a atividade Física apresenta efeitos benéfi cos nos aspectos psicológicos, sociais e cognitivos, sendo fundamental para promoção de um envelhecimento saudável. A literatura apresenta diversos trabalhos mostrando que programas de treinamento resistidos (PTR) aumentam o pico de torque de extensão e fl exão do joelho, quando compara- dos o pré e o pós-teste em indivíduos que foram submetidos ao treinamento [20,28-31,33-37]. Resultados semelhantes foram encontrados no presente estudo considerando que, os indivíduos que não praticavam nenhuma atividade física (sedentários) apresentaram pico de troque inferior aos treina- dos. O aumento da força muscular após o PTR parece estar relacionado com a adaptação neuromuscular, com possíveis mudanças neurais [38]. Ide et al. [39] investigaram os efeitos de programas de treinamento aeróbico e os fatores que contribuem para a manutenção da atividade em população idosa saudável, concluindo que os diferentes programas melhoram o condi- cionamento aeróbico, entretanto, a freqüência das atividades é o fator responsável pelo sucesso ou não do treinamento. Desta mesma maneira, os resultados benéfi cos encontrados em nosso estudo podem ser atribuídos por se tratar de uma atividade prazerosa (vôlei adaptado) aos indivíduos, o que proporciona assiduidade e continuidade. Barbosa et al. [40] analisaram os efeitos de 10 semanas de treinamento resistido progressivo sobre a força de mulheres idosas, observando resultados signifi cativos de 26% a 50% de aumento da força muscular. Em nosso estudo todos os indivíduos já praticavam atividade por um tempo mínimo de 24 meses, isto justifi ca a diferença encontrada entre os grupos, no que diz respeito à força e fl exibilidade. Raso et al. [41] observaram em seus estudos que a inter- rupção de um programa de atividade física em uma população idosa provoca redução da força muscular, especialmente a partir Figura 07- Relação Cintura e Quadril (RCQ). Fisiologia_v5n1.indb 18Fisiologia_v5n1.indb 18 22/11/2007 18:03:2622/11/2007 18:03:26 19Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 da 8ª. semana de inatividade, mostrando que a atividade física deve ser contínua para que seus benefícios sejam mantidos. Province et al. [42] relatam que o exercício reduz o risco de queda em idosos após programa de fl exibilidade com duração de 3 meses. Nossos resultados mostraram que os indivíduos treinados apresentaram maior fl exibilidade, quando compa- rados aos sedentários, desta forma, podemos sugerir que o treinamento também contribui para o incremento da fl exibi- lidade [5,40,43-46]. Assim, corroborando com os resultados de Raso et al. [47], que relatam que idosos envolvidos com prática regular de corridas ou outra atividade física aeróbica apresentam menores taxas de mortalidade e invalidez do que pessoas idosas com estilo de vida sedentário. Ainda, Ruskanen e Ruoppila [48] sugerem que o idoso envolvido em programa de condicionamento físico desenvolve uma percepção positi- va, ou seja, “sensação de bem estar”. Os resultados obtidos em relação à força de extensores e fl exores do joelho são bastante relevantes uma vez que, o au- mento na força muscular dos músculos do joelho pode reduzir a pressão arterial durante as atividades de vida diária, permi- tindo, então, ao indivíduo maior independência e menor risco de lesão (quedas) [49]. Devemos, também, considerar que a força muscular do membro inferior, no caso os extensores e fl exores do joelho são representativos da capacidade funcional, incluindo atividades de andar, correr e levantar [25]. Em nosso estudo observamos que os indivíduos treinados apresentaram valores de pressão arterial (diastólica e sistólica) menores em comparação aos indivíduos sedentários, confi r- mando os resultados apresentados na literatura, mostrando a diminuição da pressão arterial [20,50], do peso, do índice de massa corporal (IMC), maior de fl exibilidade e menor relação quadril e cintura (RCQ). Entretanto, no presente estudo não obtivemos diferença signifi cativa na RCQ e no IMC, resulta- dos correspondentes aos achados por Kelley [51]. Conclusão Desta forma, podemos sugerir que a atividade física infl uencia de maneira positiva nas capacidades físicas, como a força, a fl exi- bilidade e a pressão arterial que são de grande importância para a saúde, pois resultam em um envelhecimento com qualidade de vida. Entretanto, a literatura é escassa no que se refere a melhor forma de prescrever a atividade física e a forma de avaliar os be- nefícios de forma quantitativa correlacionado com a qualitativa e, ainda, a difi culdade de se estabelecer grupos de estudo homo- gêneos para então concluir os reais efeitos da atividade Física. Referências 1. Alves RV, Mota J, Costa MC, Alves JGB. Aptidão física relacio- nada à saúde de idosos: infl uência da hidroginástica. Rev Bras Med Esporte 2004;10:31-7. 2. Fenalti RCS, Schwartz GM. Universidade aberta à terceira idade e a perspectiva de ressignifi cação do lazer. Rev Paul Educ Fís 2003;17:131-41. 3. Santos S, Dantas L, Oliveira JA. Desenvolvimento motor de crianças, idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Rev Paul Educ Fís 2004;18:33-44. 4. Kirkendall DT, Garret WE. Th e eff ects of aging and training on skeletal muscle. Am J Sports Med 1998;26:598-602. 5. Matsudo SM, Matsudo VKR, Neto TLB, Araujo TL. 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Programa domiciliar de exercícios: efeitos de curto Fisiologia_v5n1.indb 19Fisiologia_v5n1.indb 19 22/11/2007 18:03:2722/11/2007 18:03:27 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200620 prazo sobre a aptidão física e pressão arterial de indivíduos hipertensos. Arq Bras Cardiol 2005;84:473-9. 24. Santos JB. Programa de exercício físico na empresa: um estudo com trabalhadores de um centro de informática. Programa de pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina 2003. 25. Mannion AF, Jakermam PM, Wilan PL. Eff ect of isokinetic training of the knee extensors on isometric strength and power output during cycling. Eur J Appl Physiol 1992; 65: 370-5. 26. Carvalho J, Oliveira J, Magalhães J, Ascensão A, Mota J, Soares JMC. Efeito de um programa de treino em idosos: comparação da avaliação isocinética e isotônica. Rev Bras Med Esporte 2003;17:74-84. 27. 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Foram avaliados 19 indivíduos voluntários, com valor de PEEP defi nido de forma randomizada, sendo a PA (Pressão Arterial), FC (Freqüência Cardíaca) e Borg verifi cados ao repouso, terceiro, sexto e nono minutos de realização do teste, além de primeiro, terceiro, sexto, e nono minutos após a utilização da EPAP. Em nosso estudo a FC, PA, Borg e DP não apresentaram relevância estatística (p > 0,05) tanto para PEEP de 08 como para 15 cm H2O. Concluímos que o EPAP não alterou signifi cativamente o DP de indivíduos adultos jovens em relação ao repouso, e as alterações que ocorrerem foram em virtude do tempo de utilização do EPAP e não devido ao valor de PEEP. Palavras-chave: fisioterapia, cardiologia, duplo – produto, pressão positiva expiratória. Abstract Th e aim of this study was to analyze the acute cardiovascular response of positive end-expiratory pressure (PEEP) with 8 and 15 cm H2O in the PEP modality and the impact in the rate pressure- product (PFP) of young adult individuals, with respiratory rate (RR) determined 07irpm. Nineteen volunteers were evaluated and PEEP values applied in random order. Blood Pressure (BP), Heart Rate (HR) and Borg were measured at rest and during the third, sixth and nineth minutes of the test, as well as, using PEP at the fi rst, third, sixth, nineth minutes. In our study HR, BP, Borg and PFP did not show statistical relevance (p > 0,05) for PEEP of 8 for 15 cm H2O. We concluded that the PEP did not change the PFP of young adult individuals at rest, and the alterations found, were due to PEP time used and not due to PEEP. Key-words: physical therapy, cardiology, rate pressure-product, positive expiratory pressure. Recebido em 10 de março de 2006; aceito em 17 de novembro de 2006. Endereço para correspondência: Mauricio de Sant’ Anna Jr, Travessa Augusto Paulo nº 92, Santa Rosa, 24240-145 Niterói RJ, Tel:(21)81487094, E-mail: fisioenf@hotmail.com Fisiologia_v5n1.indb 21Fisiologia_v5n1.indb 21 22/11/2007 18:03:2722/11/2007 18:03:27 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200622 Introdução As doenças cardiovasculares representam um grande problema de Saúde Pública em todo o mundo, acarretando um alto índice de morbidade e mortalidade, podendo che- gar a 35% das causas de óbito em nosso país [1]. A Pressão Arterial (PA) e a Freqüência Cardíaca (FC) são parâmetros de fundamental importância, quando falamos em avaliação e principalmente tratamento de pacientes, portadores de qualquer tipo de patologia, seja ela de origem Ortopédica, Reumatológica, Neurológica, Oncológica, Cardiológica ou Respiratória. Em conjunto, essas duas variáveis nos traduzem o consumo estimado de oxigênio do miocárdio (MVO2), sendo representado pelo Duplo - Produto (DP) também conhecido como Produto Freqüência-Pressão (PFP), através da formula DP = PAS x FC [2-5]. O I Consenso Nacional de Reabilitação Cardiovascular (5), descreve que os efeitos agudos do exercício podem dividir-se em imediatos e tardios, enquadrando-se as respostas cardiovasculares decorrentes da utilização da Pressão Positiva Expiratória (EPAP), no grupo dos efeitos agudos imediatos. Gobel et al [6] demonstraram a importância do DP, como indicador do MVO2, em pacientes portadores de angina pecto- ris. Durante o exercício, encontramos também com destaque na literatura, a importância da verifi cação das variáveis PAS, FC, assim como DP, em exercícios contra a resistência [7-9]. A PA, DP e principalmente FC também já tiveram seu com- portamento descrito em grupo de pacientes, participantes de um programa de treinamento para tratamento de Insufi ciência Cardíaca [10,11]. A Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP), foi uma técnica aplicada como recurso para o tratamento do edema pulmonar agudo cardiogênico e posteriormente, em meados dos anos 1960, ela foi utilizada como técnica de tratamento na Síndrome da Angustia Respiratória Aguda [12]. Dentre os efeitos fi siológicos da PEEP podemos destacar: melhora da complacência do sistema respiratório, aumento da Capa- cidade Residual Funcional (CRF), melhora da troca gasosa, diminuição do Débito Cardíaco (DC), aumento da pressão intratorácica, diminuição do retorno venoso ao tórax oca- sionando diminuição da pré-carga do ventrículo esquerdo [12,13]. A Pressão Positiva Expiratória (EPAP) é hoje uma alterna- tiva terapêutica consagrada e utilizada por fi sioterapeutas em todo o mundo, tratando-se de uma terapêutica simples, de baixo custo e com grande aplicação em patologias respirató- rias, amplamente aproveitada em nosso meio científi co [14], sendo o aparelho composto por uma máscara ou bucal, válvula unidirecional e um gerador de PEEP, geralmente uma válvula de spring loaded, tendo seus efeitos fi siológicos semelhantes aos da PEEP [14,15]. Compreender e observar as respostas cardiovasculares agudas, decorrentes da utilização dos incentivadores respira- tórios utilizados como conduta fi sioterapêutica, auxilia em uma prescrição mais fi dedigna. O objetivo do presente estudo foi observar e comparar as respostas cardiovasculares agudas, decorrentes da utilização do EPAP, com PEEP de 08 e 15 cm H2O e Freqüência Respiratória (FR) controlada em indivíduos adultos jovens e o respectivo impacto no DP. Material e método Amostra Participaram do estudo 19 indivíduos, selecionados na Clinica Escola de Fisioterapia do Centro Universitário Plínio Leite (UNIPLI), na faixa etária de 18 a 35, com média de idade foi de 25,3 ± 3 anos. Todos os componentes da amostra foram voluntários e assinaram termo de consentimento, con- forme resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil, para experimentos com humanos. Os participantes foram orientados a não ingerir café, mate e/ou bebida alcoólica por um período de 2 horas de antecedência ao teste. Critérios de exclusão Foram adotados como critérios de exclusão em nosso es- tudo: Pressão Arterial Sistólica (PAS) < 100 mmHg, Pressão Artéria Diastólica (PAD) < 60 mmHg, FC < 40 bpm (ao repouso), FR > 07 irpm (ao fi nal do teste), insufi ciência respi- ratória (no momento da realização do protocolo), portadores de patologias endócrinas e metabólicas, alterações cognitivas que impeçam a realização do protocolo e impossibilidade de verifi cação da PA no Membro Superior Direito (MSD). Protocolo experimental Para realização do teste normatizou-se a execução de pa- drão ventilatório, na Capacidade Vital Lenta (CVL), sendo a fase expiratória realizada na EPAP, durante 09’ (nove mi- nutos), com verifi cação da PA e da FC, em repouso, terceiro, sexto e nono minuto de realização do teste (Pré, P3, P6 e P9), além de primeiro, terceiro, sexto e nono minuto após o término do teste (P10, P12, P15 e P18). A Escala de Borg (Tabela I) foi utilizada para que o indivíduo pudesse informar ao longo do teste, a sensação subjetiva de esforço a que estava submetido, sendo o Borg verifi cado juntamente com a PA e FC. Os testes foram realizados em dois dias diferentes, para que se pudesse utilizar valores distintos de PEEP (08 e 15 cm H2O) sendo os valores randomizados. Para maior com- preensão foi realizada uma orientação prévia, não ocorrendo durante a execução do protoloco nenhum tipo de estímulo, comando verbal e / ou feedback por parte do examinador. A posição do corpo defi nida para realização do protocolo foi com o individuo sentado, apoiado em ísquios, com o tronco ereto, joelhos em posição de 90º e pés paralelos. A FR foi pré-determinada em no máximo 07 irpm durante o teste, sendo controlada pelo examinador. Fisiologia_v5n1.indb 22Fisiologia_v5n1.indb 22 22/11/2007 18:03:2722/11/2007 18:03:27 23Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Verificação da FC e da PA A verifi cação da FC, foi realizada com a utilização de fre- qüencímetro, da marca polar modelo S – 810, fabricado na Finlândia no ano de 2001. A verifi cação da PA foi realizada através de medida indireta pelo método auscultatório, sendo realizada no máximo duas aferições no MSD, estando o MSD apoiado em uma mesa, a uma altura confortável, livre de roupas de mangas e relaxado, o manguito cobriu 2/3 do braço, sendo que a borda inferior do manguito fi cou 2 (dois) dedos acima da interlinha articular do cotovelo, sem que o estetoscópio tocasse o manguito O aparelho de PA utilizado foi da marca Oxigel Modelo Coluna de Mercúrio fabricado em São Paulo no ano de 2005. Análise estatística Os dados foram codifi cados e inseridos em uma planilha de Word Excel 6.0. Para análise estatística foi utilizado o pro- grama GraphPad Prism 4, para identifi car a associação entre as variáveis, através de ANOVA two-way sendo considerados valores signifi cativos p < 0,05. Resultados Foram avaliados 19 indivíduos na faixa etária de 18 a 35, cuja média de idade foi de 25,3 ± 3 anos, sendo 09 homens (42%) e 10 mulheres (58%), quanto à prática de atividade física 53% não realizam atividade física e 47% praticam atividade física, sendo que 22,3% realizam ati- vidade física duas vezes por semana, 66,7% três vezes por semana e 11% quatro vezes por semana, nenhum compo- nente da amostra era tabagista. A FR manteve uma média de 5,8 ± 0,75 irpm para PEEP de 08 cm H2O e 5,4 ± 0,60 irpm para PEEP de 15 cm H2O. A FC apesar do aumento, durante a utilização do EPAP (Gráfi co 01), não obteve relevância estatística, apresentando um p > 0,05 tanto para a PEEP de 08 como para de 15 cm H2O, sendo sua alteração infl uenciada diretamente pelo tempo de realização do EPAP e não pelo valor de PEEP utilizado, tendendo a retornar aos valores de repouso, no nono minuto após a sua utilização (P18). A PAS (Gráfi co 02) apresentou queda em relação ao repouso, tanto para PEEP de 08 ± 05 mmHg, como para de 15 cm H2O ± 07 mmHg, sendo esse efeito hipotensivo observado com maior magnitude no primeiro minuto de recuperação (P10), para os dois valores de PEEP utilizados. Porém, as alterações na PAS, gerada pela utilização do EPAP, não foram signifi cativas estatisticamente (p > 0,05), sendo atribuídas primariamente ao tempo de utilização do apa- relho. A PAD (Gráfi co 03) apresentou variação semelhante para ambos os valores de PEEP ± 03 mmHg, sem relevância estatística (p > 0,05). Gráfico 01 - Média da FC para PEEP de 08 e 15 cmH2O com FR de 07 irpm. Gráfico 02 - Média da PAS para PEEP de 08 e 15 cm H2O com FR de 07 irpm. Gráfico 03 - Média da PAD para PEEP de 08 e 15 cm H2O com FR de 07 ipm. O Borg (Gráfi co 04), não obteve relevância estatística (p > 0,05) tanto para PEEP de 08 como para 15 cm H2O, apresentando um aumento na sensação subjetiva de esforço, no nono minuto de realização do protocolo (P9), retornando aos valores de repouso ao término da utilização do EPAP (P18). (Tabela I) Fisiologia_v5n1.indb 23Fisiologia_v5n1.indb 23 22/11/2007 18:03:2822/11/2007 18:03:28 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200624 Gráfico 04 - Média da Escala de Borg para PEEP de 08 e 15 cm H2O com FR de 07irpm. Tabela II - Variáveis analisadas durante a utilização do EPAP com PEEP de 08 e 15 cm H2O e FR de 07 irpm. Variável PEEP de 08 cmH2O PEEP de 15 cmH2O Masculino 42% 42% Feminino 58% 58% Média de idade 25,3 ± 3 25,3 ± 3 Média da FR 5,8 ± 0,75 5,4 ± 0,60 FC p > 0,05 p > 0,05 PAS p > 0,05 p > 0,05 PAD p > 0,05 p > 0,05 Borg p > 0,05 p > 0,05 DP p > 0,05 p > 0,05 Vertigem 10% 21% Parestesia 10% 5,2% Discussão O presente estudo teve como objetivo, observar e com- parar as respostas cardiovasculares agudas decorrentes da utilização da EPAP com PEEP de 08 e 15 cm H2O e FR de 07 irpm e o respectivo impacto no DP. Em nosso estudo a FC, DP e Borg tenderam a aumentar tanto para PEEP de 08 como para de 15 cm H2O, já a PAS apresentou resultado inversamente proporcional ao das demais variáveis analisadas. Abordaremos a seguir a nossa interpretação dos resultados obtidos neste trabalho, procurando sempre que possível correlacioná-los, com os dados descritos na literatura e prin- cipalmente as respostas do exercício respiratório através do EPAP com o exercício aeróbio e resistido. Embora os resultados demonstrem que a maior parte das variáveis tenderam a sofrer alterações em relação ao repouso, é de fundamental importância ressaltar que a PAS tendeu a diminuir, corroborando com os resultados descritos na lite- ratura em relação à queda da PA, em indivíduos portadores de necessidades especiais, em decorrência da utilização de PEEP, principalmente em virtude do aumento da pressão intratorácica e redução do retorno venoso [12,16,17]. Porém, devemos ressaltar que em nosso estudo apesar de a alteração da PAS não ter apresentado relevância estatística, suas alterações foram relacionadas diretamente ao tempo de utilização do EPAP, do que o valor de PEEP utilizado. O comportamento da PAD, não é bem elucidado na literatu- ra, em virtude da utilização de PEEP tanto em indivíduos saudáveis como portadores de necessidades especiais, em nosso estudo a PAD não apresentou alterações signifi cativas estatisticamente Na tentativa de realizar um processo de comparação entre os resultados obtidos em nosso estudo, no qual era realizado um exercício respiratório, com dados encontrados na literatu- ra, descrevendo a resposta da PAS e PAD em exercícios aeró- bios e exercícios resistidos, a resposta da PAD foi similar aos apresentados em exercícios aeróbicos e de força, envolvendo contrações isotônicas, com variação pouco importante. Já a PAS tende a aumentar em ambos os tipos de exercício, porém O DP (Gráfi co 05) que era o objeto de investigação de nosso estudo, também não apresentou relevância estatística (p > 0,05) tanto para PEEP de 08 como para de 15 cm H2O, e assim como a FC e PAS, sua alteração esteve diretamente ligada ao tempo de utilização do EPAP, não apresentando interação com o valor de PEEP utilizado. Gráfico 05 - Média do DP para PEEP de 08 e 15 cm H2O com FR de 07irpm. Durante a realização do protocolo, ocorreram relatos de sintomas como vertigem e parestesia. (Tabela II). Com utilização de PEEP de 08 cm H2O 10% relataram parestesia em região orbicular dos lábios e outros 10% vertigem, já para PEEP de 15 cm H2O 21% relataram vertigem e 5,2% parestesia em região orbicular dos lábios. Tabela I - Escala de sensação subjetiva de esforço (Escala de Borg). Numeração Sensação de esforço 06 Sem nenhum esforço 07 – 08 Muito fácil 09 – 10 Muito leve 11 Leve 12 – 13 Pouco intenso 14 – 15 Intenso 16 – 17 Muito intenso 18 – 19 Extremamente intenso 20 Máximo esforço Fisiologia_v5n1.indb 24Fisiologia_v5n1.indb 24 22/11/2007 18:03:2922/11/2007 18:03:29 25Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 no exercício resistido isso ocorre de forma mais discreta que nos exercícios aeróbios [9, 18,19]. Os valores de normalidade da FC em repouso são de 60- 100 bpm [3,20], durante o exercício a FC tende a aumentar de forma diretamente proporcional a intensidade do exercício e a captação de oxigênio [2,4,8,21]. Em atividades aeróbicas a FC apresenta valores maiores que em exercícios contra a resistência, em indivíduos normais [8,19] e em portadores de necessidades especiais [11,19]. Existe importante correlação entre o processo da respira- ção e o sistema cardiovascular (20,22), sabe-se que a FC pode ser alterada pela respiração, sendo esse processo denominado de Arritmia Sinusal Respiratória (ASR) [20]. Estudos realiza- dos por Ludwig em1841 e Hering em 1871 foram pioneiros na denominação da ASR, e demonstraram a interação entre as fl utuações da FC e movimentos respiratórios observados durante a respiração normal [23], porém encontram-se es- cassos na literatura estudos que correlacionem as repercussões na FC decorrentes da utilização da EPAP. Em nosso estudo a FC apresentou alterações tanto para PEEP de 08 como para de 15 cm H2O, porém essas alterações não obtiveram relevância estatística, sendo atribuídas muito mais ao tempo de utilização do EPAP do que ao valor de PEEP utilizado. Uma das hipóteses que poderia justifi car o aumento da FC seria através do aumento da descarga simpática na tentativa de compensar a queda da PA [2,3]. O DP é um método não invasivo, que apresenta correlação direta com o MVO2, sendo considerado um indicador fi dedig- no do trabalho realizado pelo coração em exercício aeróbicos [6,24]; em exercícios contra a resistência o DP também repre- senta um indicador da sobrecarga cardíaca [9]. Estudos como o de McCartney et al. [7] e Micheletti et al. [25] demonstraram que o exercício contra resistência pode ter repercussões no DP, tendendo a atenuá-lo para uma mesma carga de trabalho, sendo ambos os trabalhos realizados com grupo de indivíduos normais, porém existe a carência de relatos sobre o comporta- mento do DP durante a utilização da EPAP, principalmente em indivíduos portadores de necessidades especiais como cardiopatas e pneumopatas. Em nosso estudo, observamos que o DP apesar de não apresentar relevância estatística, tendeu a aumentar durante a utilização do EPAP, retornando a valores próximos ao de repouso no período de recuperação, tendo uma correlação muito mais intima com o tempo de utilização do EPAP, do que com o valor de PEEP utilizado. A Escala de Borg é um indicador da sensação subjetiva de esforço [26-29], e em nosso estudo apresentou intima relação com a FC, sua alteração em relação ao repouso apesar de não ter relevância estatística, também foi diretamente relacionada ao tempo de utilização do EPAP, e não ao valor de PEEP utilizado, assim como a FC, PAS e DP. Embora todos os indivíduos tenham conseguido realizar o teste, alguns relataram sintomas como parestesia e vertigem, possivelmente em virtude da alcalose respiratória. A alcalose respiratória é um processo no qual ocorre a diminuição da PaCO2, em relação aos valores de normalidade (35-45mmHg), tendo como possíveis causas: ansiedade, febre, dor, lesões do sistema nervoso central, estimulação de receptores irritantes do parênquima pulmonar, podendo também ocorrer devido a procedimentos de terapia respiratória de inspiração profunda e de expansão pulmonar agressiva. A parestesia é um sintoma indicador de alcalose respiratória [2,30]. O presente estudo apesar de realizado com indivíduos adultos jovens, que não eram portadores de nenhuma pato- logia cardiorrespiratória prévia, nos permite salientar que a utilização do EPAP com PEEP de 08 e 15 cm H2O e FR de 07 irpm, não ultrapassou o DP de 30000, que é o ponto de corte para angina em indivíduos coronariopatas [3,8,31]. Os resultados apresentados descrevem as respostas cardio- vasculares agudas, referentes a utilização da PEEP de 08 e 15 cm H2O com FR controlada em 07 irpm, necessitando de se conhecer as respostas cardiovasculares com outros valores de PEEP, além de FR aleatória e principalmente que novos estudos sejam realizados em populações especiais e com uti- lização de grupo controle. Não poderíamos deixar de mencionar as limitações de nosso estudo, tais como o fato de não ter sido realizada a análise da Variabilidade da Freqüência Cardíaca (VFC), que é um método bem estabelecido da avaliação geral do estímulo neural autonômico para o sistema cardiovascular, que permite analisar as fl utuações da freqüência cardíaca que ocorrem durante curtos ou longos períodos, tendo a vantagem de possibilitar uma avaliação seletiva e não invasiva da função autonômica [32,33]; uma vez que o presente estudo utilizou como variável a FC e porque outros estudos avançam no sentido de esclarecer os mecanismos envolvidos na regulação da FC durante a utilização de PEEP, porém em indivíduos portadores de necessidades especiais [32,33]. Podemos salien- tar também como limitação do estudo a verifi cação da PA pelo método auscutatório, uma vez que o padrão ouro para verifi cação da PA é o método direto através de cateterismo intra-arterial, porém vários autores desaconselham a utilização da técnica para indivíduos saudáveis e assintomáticos, sendo a fotoplestimografi a o método indireto mais efi caz para veri- fi cação da PA, já que possibilita a apresentação continua da PA, apesar de o método auscutatório subestimar os valores da PA, permitindo analisar os dados com segurança [36]. Conclusão As variáveis hemodinâmicas FC, PAS e DP tenderam a sofrer alterações durante a utilização da EPAP com PEEP de 08 e 15 cm H2O, e FR de 7 irpm, assim como o Borg, devemos ressaltar que as respostas cardiovasculares agudas, oriundas da utilização do EPAP em indivíduos adultos jovens, apresentam correlação direta, com tempo de utilização do EPAP, diferen- temente dos relatos encontrados na literatura em indivíduos portadores de necessidades especiais como cardiopatas e pneu- mopatas, cujas alterações, principalmente de PA são atribuídas Fisiologia_v5n1.indb 25Fisiologia_v5n1.indb 25 22/11/2007 18:03:2922/11/2007 18:03:29 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200626 ao valor de PEEP utilizado, porém existe a necessidade que outros trabalhos sejam realizados no sentido de esclarecer as respostas cardiovasculares decorrentes da utilização do EPAP e dos demais incentivadores respiratórios, colaborando assim no preenchimento de uma lacuna, para que, em um futuro próximo, possamos verifi car essas repercussões em grupos de portadores de necessidades especiais. 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A amostra estratifi cada proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhidos aleatoria- mente, de ambos os sexos, das academias de Santa Maria, RS. O instrumento de coleta de dados foi um questionário, previamente validado, composto por 22 questões sobre o uso de recursos ergo- gênicos farmacológicos, tipos mais utilizados, faixa etária, nível de escolaridade, renda, metodologia adotada para o treino, orientação, fi nalidade de uso, efeitos adversos e controle bioquímico. Os dados foram analisados através de percentuais, médias e desvios padrão. A média de idade da amostra foi de 24,4 ± 7,04 anos, sendo que a maioria dos pesquisados foi do sexo masculino (77,12%), com nível de escolaridade superior incompleto (36,44%) e sem renda própria (56,36%). Os resultados indicaram médio consumo de recursos ergogênicos (n = 10; 4,24%). Deca-Durabolin (60%), Durateston (50%) e Hemogenim (40%) foram as substâncias mais citadas, motivados pelo aumento no desempenho (60%) e de peso (50%), sendo que, 50% por vontade própria e 30% por indicação do professor da academia. A aquisição destes ocorreu em farmácias (50%) e através de professores (20%). A maioria dos usuários administrou a substância na forma injetável (50%) e oral (50%), com freqüência de uso diário (40%). Apesar de 80% dos entrevistados que utilizaram ergogênicos terem conhecimento dos possíveis efeitos adversos, somente 10% realizaram exames bioquí- micos de controle das alterações hormonais. Os efeitos colaterais relatados foram irritação (50%), euforia e agressividade (40%); e a média do valor gasto mensalmente na aquisição de REF foi de R$ 236,50 ± 168,05. Palavras-chave: recursos ergogênicos, dopagem, musculação. Abstract Th e aim of this paper is to verify how the use of pharmacological ergogenic resources occur when bodybuilder performers adopt them in the gymnastic academies of Santa Maria, RS, Brazil. Th e ratio of the stratifi ed sample is constituted of 236 individuals, randomly chosen, both sexes, from Santa Maria, in RS – Brazil, gymnastic academies. Th e means through which data was collected was a previously validated questionnaire, containing 22 questions about the use of the pharmacological ergogenic resources, much adopted types of those resources, age range, education level, income, training methodology used, orientation, usage target, adverse eff ects and biochemical control. Data was examined using percentage, averages and pattern defl ections. Sample average age was from 24.4 ± 7.04 years, mostly men (77.12%), incomplete third grade education level (36.44%), who did not have their own income (56.36%). Th e results indicated medium consumption of ergogenic resources (n = 10; 4.24%). Most mentioned substances were Deca-Dura- bolin (60%), Durateston (50%) and Hemogenim (40%), mainly because of their eff ect in the performance increase (60%) and in weight (50%), and considering that 50% were choosing themselves those products while 30% were using those products after their being indicated by the coach. Th e purchasing of those products occurred through shopping them in the drugstores (50%) and through coaches (20%). Most users took the substance in the form of shots (50%) and orally (50%), of daily usage (40%). Among the sample group, 80% of the interviewed who were using ergogenics had known of the possible adverse eff ects and even so, only 10% took biochemical control testing on hormonal alterations. Th e side eff ects reported were irritation (50%), euphoria and aggressiveness (40%); and the monthly average expenditure in the acquisition of pharmacological ergogenic resource was of R$ 236.50±168.05 (R$ = Reais, Brazilian currency). Key-words: ergogenic resources, doping, bodybuilder. Recebido em 12 de dezembro de 2005; aceito em 20 de maio de 2006. Endereço para correspondência: Cati Reckelberg Azambuja, Rua Araújo Viana, 111/303, 97015-040 Santa Maria RS, Tel: (55) 3028- 0078, E-mail:cati.reckelberg@pop.com.br Fisiologia_v5n1.indb 27Fisiologia_v5n1.indb 27 22/11/2007 18:03:3022/11/2007 18:03:30 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200628 Introdução A busca pelo corpo perfeito, tão evidenciado pela mídia; a falta de organização em relação às atividades diárias e con- seqüentemente a ilusão de resultados rápidos e facilitados; e a necessidade de melhor desempenho em competições são ape- nas alguns dos motivos que tem levado as pessoas a utilizarem meios ilícitos para alcançar seus objetivos físicos [1]. A crescente comercialização observada no meio esportivo aumentou a pressão sobre o atleta para alcançar o seu rendi- mento máximo a curto prazo [2]. No caso de atletas de alto nível, o uso de drogas transcende a questão da saúde indi- vidual. As drogas que favorecem o desempenho nas diversas modalidades são consideradas, eticamente, indesejáveis e, portanto, ilícitas, independentemente de produzirem danos para a saúde [3]. O American College of Sports Medicine - ACSM apóia princípios éticos e deplora o uso de esteróides anabólicos androgênicos pelos atletas. Mais preocupante do que este fato, é o de que os freqüenta- dores de academias têm dividido com os atletas os percentuais de uso destas drogas que, em sua maioria, são substâncias de procedência duvidosa, muitas vezes, manipuladas sem cuidados adequados de higiene, proporcionando, inclusive, doenças infecto-contagiosas [4,5]. Os recursos ergogênicos farmacológicos, condenados pelo Comitê Olímpico Internacional - COI, são drogas destinadas a funcionar como hormônios ou neurotransmissores encon- trados naturalmente no corpo humano. Eles podem intensifi - car a potência física, afetar a força mental e o limite mecânico, o que tem despertado preocupação, visto que o consumo vem persistindo e seu uso é considerado como doping [6]. A utilização de substâncias químicas com o propósito da dopagem traz conseqüências nocivas para quem faz uso destas. O exercício e os estresses físico e emocional causam alterações bioquímicas e funcionais importantes que podem modifi car o efeito da substância [7]. Portanto, este estudo buscou averiguar como ocorre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos - REF nos praticantes de musculação das academias de Santa Maria, RS. Recursos ergogênicos farmacológicos Ergogênicos são aquelas substâncias ou fenômenos que melhoram o desempenho de um atleta [8]. Os recursos er- gogênicos farmacológicos fazem parte da Toxicologia Social que, segundo Oga [9] é a área da Toxicologia que estuda os efeitos nocivos decorrentes do uso não médico de fármacos ou drogas, causando danos não somente ao indivíduo, mas também a sociedade. Por fármaco entende-se uma substância de estrutura quí- mica defi nida que, quando em contato ou introduzida em um sistema biológico, modifi ca uma ou mais de suas funções. Droga é a matéria prima de origem mineral, vegetal ou animal que contém um ou mais fármacos [10]. Poucas são as substâncias disponíveis no mercado, que realmente possuem propriedades ergogênicas ou capazes de produzir fenômenos supostamente ergogênicos [11]. Para que uma substância seja legitimamente classifi cada como ergogê- nica, é necessário a comprovação da melhora no desempenho pela mesma [8]. Segundo Silva [2], as substâncias consideradas de uso proibido são agrupadas de acordo com suas propriedades farmacológicas. A lista do COI contém os seguintes grupos: (i) estimulantes; (ii) analgésicos narcóticos; (iii) hormônios peptídicos e análogos; (iv) bloqueadores beta adrenérgicos; (v) diuréticos e (vi) esteróides anabólicos. Estimulantes são todas as substâncias utilizadas volunta- riamente com a fi nalidade de obtenção de estados alterados de consciência, caracterizados por euforia decorrente da esti- mulação do Sistema Nervoso Central – SNC [12] e podem causar aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, propensão a arritmias cardíacas, espasmos coronariano e isquemia miocárdica em pessoas suscetíveis, distúrbios do sono, tremores, agitação e falta de coordenação motora. Os analgésicos narcóticos são indicados, terapeuticamente, para analgesia profunda, o que pode auxiliar os praticantes anô- nimos de atividades físicas e atletas que utilizam a morfi na e a heroína como recurso ergogênico. Porém, entre os vários potenciais riscos para a saúde dos usuários, encontram-se a inibição perigosa da dor em atletas, o que pode agravar muito uma lesão instalada; risco de dependência física e síndrome de abstinência ocasionada pela cessão do uso da substância [13]. Hormônios Peptídicos e Análogos têm como função prin- cipal alterar as velocidades de reações celulares específi cas de ‘células alvo’ também específi cas” [3]. Essa modifi cação pode ser conseguida através da alteração da velocidade da síntese protéica intracelular, da mudança do ritmo da atividade en- zimática, da modifi cação do transporte através da membrana plasmática e pela indução da atividade secretória. Os Bloqueadores Beta Adrenérgicos, como agente de do- pagem, são utilizados para reduzir o tremor muscular e o estresse principalmente, nas modalidades esportivas de pouca atividade física e que exigem precisão e exatidão para a sua prática [2]. A ação destes fármacos pode depreciar os siste- mas nervoso central, cardiovascular, endócrino, respiratório e digestivo [14]. Diuréticos são substâncias sintéticas, com estruturas quími- cas bastante variadas e que, na sua maioria, atuam diretamente nos rins sobre a função tubolar, aumentando a formação da urina. Considerando que os rins desempenham uma função fundamental para a manutenção da homeostase, torna-se evidente a grande importância dos diuréticos como possíveis agentes tóxicos [7]. Contudo, dentre os recursos ergogênicos farmacológicos, os esteróides anabólicos ocupam o lugar principal. Seu potente efeito anabolizante associado à prática de exercícios com pesos, acena com a promessa do record para o atleta e do “corpo Fisiologia_v5n1.indb 28Fisiologia_v5n1.indb 28 22/11/2007 18:03:3022/11/2007 18:03:30 29Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 perfeito” para o praticante de musculação que possui objetivos estéticos. Infelizmente, cada vez mais o efeito terapêutico dos anabolizantes é desvirtuado a ponto da própria concepção leiga do seu nome ser associada a um perigo iminente, o que de fato se justifi ca em decorrência dos abusos cometidos e dos episódios trágicos freqüentemente relatados [15]. Materiais e métodos A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro e novembro de 2004, sendo que a amostra estratifi cada proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhidos aleatoriamente, de ambos os sexos, das academias inscritas no Departamento de Estágios de Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria. O instrumento utilizado para avaliar o objetivo proposto foi um questionário, previamente validado, composto por 22 questões sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos, tipos mais utilizados, faixa etária, nível de escolaridade, renda, metodologia adotada para o treino, orientação, fi nalidade de uso, efeitos adversos e controle bioquímico, acompanhado de termo de consentimento livre e esclarecido. A análise dos dados foi realizada através de estatística descritiva [16] para de- terminação da média aritmética, desvio padrão e percentuais e de forma qualitativa, conforme os objetivos da pesquisa. Resultados e discussão Os resultados obtidos por meio do instrumento de pesqui- sa indicaram que os praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), que participaram desta pesquisa, tinham idade entre 15 e 53 anos, com média de 24,4 ± 7,04. Cons- tatou-se que 70,34% tinham entre 15 e 24 anos. No estudo realizado com freqüentadores de academias no RS, verifi cou-se que 77,5% encontravam-se na faixa etária entre 16 e 25 anos [17]. Já, a pesquisa nas academias de Vitória (ES), encontrou a média de 27,5 anos entre os alunos pesquisados [18]. O perfi l da amostra aponta ainda, que a maioria dos pes- quisados era do sexo masculino. A característica de freqüen- tadores de academias de ginástica do Rio Grande do Sul é, essencialmente do sexo feminino (62,11%) [17]. Entretanto, é importante ressaltar que este estudo restringiu-se aos alu- nos das salas de musculação da cidade de Santa Maria (RS). Apesar de ter aumentado o número de mulheres adeptas, a especulação de que a musculação pode masculinizá-las ainda persiste. A maioria dos pesquisados não possuía renda própria (56,36%), o que é condizente com o grau de escolaridade assinalado por 36,44% dos entrevistados - Ensino Superior Incompleto, o que permite inferir que a maioria dos pesqui- sados eram estudantes universitários. Em segundo e terceiro lugar, respectivamente, fi caram os Ensinos Médio Completo e Superior Completo. Este dado encontra-se em conformi- dade com a média da idade verifi cada e com a informação de que a maioria não possuía renda própria. Outro dado interessante, é que 66 indivíduos (27,96%) possuíam Ensino Superior Completo, dos quais, 24 (10,16%) algum nível de Pós-Graduação. Verifi cou-se que a maioria dos entrevistados praticava musculação há menos de um ano. Porém, identifi cou-se um grupo com maior adesão, no qual 35,08% o faziam há mais de dois anos. No estudo de Rufi no et al. [17], encontrou-se um grupo fl utuante, com até 6 meses de tempo de prática, de 70,63%. A adesão aos programas de musculação pode sofrer infl uência direta de vários fatores, como, por exemplo, o desejo de alcançar os objetivos pro- postos a curto prazo. A amostra optou pela musculação, como exercício físico, com a intenção de promover a saúde e em função da estética. Isso indica que a amostra preocupava-se com a aparência física, mas não ignorava as questões relacionadas à saúde e qualidade de vida. A mesma relação entre estética e qualidade de vida foi observada no estudo de Rufi no et al. [17]. Pesquisas têm demonstrado que tanto homens como mulheres tem grande interesse em modifi car o corpo e, assim, a musculação con- tribui signifi cativamente [19]. Outra questão importante refere-se à visão de promoção da saúde e melhor qualidade de vida, veiculada pela mídia, mui- tas vezes, de forma equivocada, confundida com parâmetros puramente estéticos, o que pode deformar estes conceitos. Destaca-se que entre os outros motivos relacionados, os que se referem ao alívio do estresse diário e de tensões pro- fi ssionais, bem como preparação específi ca para esportes. O exercício físico se constitui em importante agente repressor do estresse. Pesquisadores sugerem que o efeito positivo do exercício físico na diminuição do estresse pode estar relacio- nado ao aumento da concentração de endorfi na no sangue devido à secreção desta substância pela glândula pituitária durante o exercício físico [20]. O principal objetivo mencionado pelos alunos, praticantes de musculação, foi a hipertrofi a muscular (50%), seguido pela defi nição muscular (48,73%). Como esta amostra foi composta 77,12% por pessoas do sexo masculino, justifi ca-se um percentual tão alto para os dois objetivos mais citados, visto que, a preferência masculina está relacionada à visão de corpos fortes e musculosos [21]. Cabe ressaltar que das 60 marcações atribuídas ao emagrecimento, 75% foram feitas por mulheres. Os treinos de musculação aconteciam 5 ou mais dias por semana (61,47%), com prevalência de 5 vezes na semana (27,97%), provavelmente porque a amostra pesquisada, na maioria, estudantes, possuía maior disponibilidade de tempo para praticar exercícios físicos. Dantas [22] recomenda, para programas de treinamento de sedentários e para a manutenção das condições de saúde, a freqüência de três a cinco vezes por semana, pois considera esta, uma faixa sufi ciente de treinabi- lidade das qualidades físicas, ao mesmo tempo que o risco de lesões se mantém em níveis aceitáveis. Fisiologia_v5n1.indb 29Fisiologia_v5n1.indb 29 22/11/2007 18:03:3022/11/2007 18:03:30 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200630 Verifi cou-se que os treinos de musculação eram divididos em rotinas diferentes (68,64%), preferencialmente em A e B, em dias alternados de prática. Sobre este aspecto, dois pontos devem ser analisados: rotinas diferentes, em dias alternados permitem não sobrecarregar o número de horas destinadas ao treino e, também, a permitir intervalos de recuperação de 48 horas para os grupos musculares trabalhados [22]. O alongamento é uma parte da sessão de treinamento na musculação, assim como em qualquer outra modalidade e a amostra tinha o hábito de realizá-los. Segundo Dantas [22], a hipertrofi a muscular e a hipertonicidade resultantes do treina- mento de musculação, se não forem trabalhadas complemen- tarmente, por meio de alongamento e fl exionamento, poderão provocar uma diminuição do arco articular de alguns movi- mentos. Entretanto, Tubino [23] declara que “deve-se evitar a aplicação, logo após as sessões de musculação, de exercícios de fl exibilidade que impliquem em estiramentos musculares fortes, pois haverá um grande risco de tensões nas fi bras musculares”. Portanto, é oportuna a diferenciação entre fl exionamento, em que pode haver um razoável risco de distensão e, alongamento, o qual atua com níveis de segurança mais confi áveis. Os resultados deste trabalho, também indicaram que 4,24% (n = 10) alunos do grupo estudado utilizavam recursos ergogênicos farmacológicos. Segundo pesquisa realizada nas academias de Goiânia (GO), 9% de desportistas consumiam REF, com predominância dos Esteróides Anabolizantes Androgênicos - EAA, sendo considerado, pelos autores, um percentual elevado de usuários [24]. Em Porto Alegre (RS), Conceição et al. [25] constataram em seu estudo, que 24,3% dos praticantes de musculação das academias desta capital faziam uso de EAA. Em outro estudo aplicado nas academias Americanas encontrou-se de 4 a 11% de usuários de algum tipo de anabolizante, o que demonstrou, segundo Yesalis et al. [26], um alto consumo destas substâncias. Importante ressaltar que o percentual de usuários de REF encontrado nesta pesquisa localiza-se no limite inferior do que pode ser considerado alto. Portanto, baseado nos per- centuais de outros estudos, concluí-se que o consumo destas substâncias, pelos praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS) encontra-se num padrão que pode ser considerado de médio para alto. Ressalta-se, ainda, que em apenas 5 academias (41,67%) foram detectados sujeitos que utilizavam REF. Tal achado permite inferir que há academias que estão mais predispostas a esta prática. Outro detalhe a ser destacado, refere-se aos percentuais individuais de cada estrato onde foram achados questionários positivos para o uso de REF, representando de 0,5 a 20% da amostra individual, o que pode ser considerado um alto percentual em algumas delas. O pequeno número de usuários de REF impossibilitou o emprego de teste estatístico para avaliar signifi cativamente a faixa etária onde se concentrou o maior consumo do pro- duto. Entretanto, contatou-se que este grupo possuía idade entre 23 e 44 anos, com média de 29 ± 7,47, sendo, todos, do sexo masculino. No Brasil, o consumidor preferencial de EAA, encontra-se entre 18 e 34 anos de idade e, em geral, é do sexo masculino [21]. O nível de escolaridade entre os usuários concentrou-se no Ensino Superior Completo (50%), diferentemente do percen- tual encontrado na amostra total deste estudo e da pesquisa de Araújo et al., [24] relatando que os usuários de EAA, entre os praticantes de musculação das academias de Goiânia (GO) possuíam, na maioria, Ensino Fundamental ou Médio. Analisando-se a renda individual, constatou-se que 80% (n = 8) dos usuários recebia entre 3 e 6 salários mínimos. Diante destes dados, infere-se que os usuários de REF possuíam independência fi nanceira, o que lhes permitiu comprometer, mensalmente, entre R$ 24,00 a 580,00, com média de R$ 236,50 ± 168,05 dos seus salários, na aquisição dos produtos. O tempo de prática de musculação dos usuários de REF, acompanha a tendência da amostra total, porém, é mais ho- mogênea. Há de se destacar que 90% encontram-se na faixa que compreende até 3 anos de prática, dos quais 30% no gru- po com menos de 1 ano de prática, que pode ser considerado como fl utuante, enfatizando que muitos usuários utilizam-se de REF para alcançar os objetivos a curto prazo. A maioria dos usuários mencionou ter optado pela mus- culação, como exercício físico, com fi ns estéticos (50%). Verifi cou-se que o objetivo principal dos usuários de recursos ergogênicos era hipertrofi a muscular (70%). Estes dados, analisados de forma simultânea, reforçam a idéia de que cada dia mais as pessoas acreditam que ergogênicos nutricionais e farmacológicos podem ser usados, de forma indiscriminada, como parte do treinamento físico. Conforme Courtine [1], as últimas décadas ascenderam a valorização do corpo e ditaram o modelo “ideal” de físico, desprezando o aspecto saúde, na obtenção do mesmo. O registro crescente de consumo de subs- tâncias ergogênicas, principalmente entre jovens, demonstra que não há limites para a aquisição de padrões estéticos. Quanto à freqüência de treino, 90% dos usuários de recursos realizavam as rotinas de musculação, mais do que 4 dias na semana. Segundo Dantas [22], levando-se em consi- deração que o objetivo principal da maioria dos usuários era a hipertrofi a, verifi ca-se que a freqüência semanal de treinos encontrava-se em conformidade com os princípios científi cos do treinamento desportivo. Santos & Santos [18] encon- traram em seu estudo 56% de praticantes com freqüência semanal de 5 vezes. Também pode-se perceber que 90% dos usuários de recursos ergogênicos dividiam as sessões em rotinas dife- rentes (A e B ou A, B e C) em dias alternados de prática, caracterizando, desta forma estrutura de treinos mais avan- çados e intensos, condizentes com o objetivo de hipertrofi a e a freqüência de mais de 4 dias na semana, verifi cados anteriormente [27]. Os usuários de REF às vezes realizavam alongamentos (70%) quando praticavam a musculação. Como argumentado Fisiologia_v5n1.indb 30Fisiologia_v5n1.indb 30 22/11/2007 18:03:3022/11/2007 18:03:30 31Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 anteriormente, a problemática conceitual, metodológica e fi siológica entre alongamento e fl exionamento, repercute de forma negativa entre aqueles que realizam exercícios físicos com a intenção hipertrófi ca, ressaltando-se que, segundo Guiselini [28], músculos muito encurtados podem exercer uma pressão muito grande em partes do corpo mais susce- tíveis à tensões. Os REF mais citados, entre os usuários, foram os classi- fi cados no grupo de EAA – Hemogenim, Deca-Durabolin e Durateston, seguidos por Winstrol e Testosterona, (Tabela I). O estudo realizado por Iriart & Andrade [21], em Salvador (BA), verifi cou a predominância do uso de Testosterona e Nandrolo- na, além da combinação de Testosterona e Estradiol. Segundo Araújo et al. [24], dos 17 usuários de EAA das academias de Goiânia (GO), 66% utilizavam Hemogenim e Testosteron. Tabela I - Distribuição da freqüência e percentagem de usuários, segundo o tipo de REF usado pelos praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004. Recurso Ergogênico Farmacológico f %* Deca-Durabolin 6 60.00 Durateston 5 50.00 Hemogenim 4 40.00 Winstrol 3 30.00 Testosterona 3 30.00 Cocaína 2 20.00 Ecstasy 3 30.00 * A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a marcação de mais de uma opção. A Tabela II demonstra que as formas de administração mais utilizadas foram as oral e injetável. Iriart & Andrade [21] relataram no seu estudo que a via de administração injetável é preferida por ser mais barata e produzir efeito imediato. Foi verifi cado também, que 70% dos usuários da amostra fazem uso combinado de REF, na tentativa de potencializar os efeitos anabólicos e, muitas vezes, minimizar os efeitos androgênicos e adversos [4]. Tabela II - Distribuição da freqüência e percentagem de usuários, segundo a forma de administração de REF usado entre os praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004. Formas de Administração REF f %* Oral 5 50.00 Injetável 5 50.00 Supositório 2 20.00 Adesivo 1 10.00 *A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a marcação de mais de uma opção Quanto à freqüência de uso dos ergogênicos, na Tabela III, verifi ca-se que houve predominância da aplicação diária e semanal que, reforçada pela combinação de uso oral e in- jetável, segundo Lise et al. [4] caracterizaram a metodologia “mista”. Foi identifi cado entre os pesquisados, um que ado- tava o “ciclo” (cycling), o qual usava o EAA por 8 semanas consecutivas e, após um intervalo não defi nido, retomava a administração. Tabela III - Distribuição do número e percentagem de usuários, segundo a freqüência de uso de REF pelos praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004. Freqüência de Uso REF n % Somente em Dias de Treino 1 10.00 Diário 4 40.00 Semanal 3 30.00 Quinzenal 1 10.00 Não Definido 1 10.00 Total 10 100.00 Observou-se que a grande maioria das pessoas que relatou o uso de recursos ergogênicos, especifi camente os EAA, afi r- mou que a motivação se deu pelo aumento no desempenho (60%) e do peso corporal (50%). A utilização de anabolizantes está associada àqueles que possuem neurose pelo corpo e são, freqüentemente, compulsivos pelo exercício e desejam resultados a curto prazo [19]. Possivelmente, o aumento de peso corporal, associado ao uso de esteróides anabolizantes, está relacionado à sínteses de proteínas no músculo esquelético, principalmente devido a regulação da transcrição do RNA ribossômico, quando apli- cado por períodos curtos; porém, estes efeitos, provavelmente, se perdem ou diminuem após algumas semanas, ou mesmo pelo uso continuado da droga [29]. Entre as respostas para o resultado que os usuários ob- servaram, pode-se citar: “Estou mais forte!”; “ganhei peso e aumentei a massa muscular”; “a recuperação é mais rápida”; “estou mais defi nido”. Diante dessas afi rmações é cabível a citação de Iriart & Andrade [21]: “O anabolizante é visto então, como uma droga poderosa que permite ao organismo trabalhar mais rapidamente, proporcionando resultados quase mágicos, e recompensando imediatamente o suor despendido na malhação”. Quando questionados sobre quem orientou o uso dos produtos - REF, as informações concentraram-se em por vontade própria (50%) e por orientação médica (30%). Oportuno esclarecer, que o percentual verifi cado na indicação de REF por médicos, não representam signifi cativamente a realidade dos profi ssionais desta área, que desempenham suas atividades na cidade de Santa Maria (RS). No estudo realizado por Araújo et al. [24], a fonte mais utilizada para indicação de anabolizantes foram o professor (11%) e por intermédio de amigos (11%). Segundo o trabalho realizado por Rocha & Pereira [30], 63% receberam orientação para o consumo, dos quais 41% por profi ssionais da saúde e 59% através de professores, amigos e leitura sobre o assunto. A aquisição destas substâncias ocorreu, preferencialmente, em farmácias (50%) e através do professor da academia (20%). Fisiologia_v5n1.indb 31Fisiologia_v5n1.indb 31 22/11/2007 18:03:3122/11/2007 18:03:31 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200632 Outra importante ressalva faz-se necessária, visto que verifi cou-se que nem todos os instrutores de musculação das academias de Santa Maria (RS), são profi ssionais formados em educação física. Pesquisas têm demonstrado que, além dos farmacológicos, recur- sos ergogênicos nutricionais tem sido indicados por instrutores e professores das academias [24,18,31]. Segundo o Código de Ética do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF [32], esta prática caracteriza exercício irregular da profi ssão e demonstra uma atitude antiética destes profi ssionais. Os usuários de REF também foram questionados quanto aos problemas relacionados à ingestão dos produtos avaliados. Foram relatados, principalmente, irritação, euforia e agres- sividade (Tabela IV). Lise et al. [4] consideram a euforia e a irritação, como efeitos adversos comuns. Segundo o estudo de Araújo et al. [24], os usuários de anabolizantes referiram-se à euforia (81%) e aumento de cravos e espinhas (94%). Tabela IV - Distribuição da freqüência e percentagem dos efeitos adversos causados pelo uso de REF por praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004. Efeito Adverso f %* Irritação 5 50.00 Euforia 4 40.00 Agressividade 4 40.00 Hálito forte 4 40.00 Cãimbras 2 20.00 Tremores 2 20.00 * A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a marcação de mais de uma opção. A maioria dos usuários (80%) afi rmou ter conhecimento sobre os possíveis efeitos colaterais que costumam ocorrer. Apesar de alarmante, este dado confi rma os achados discutidos anterior- mente: usuários com maior grau de escolaridade e independência fi nanceira, deixaram-se iludir pelos benefícios ergogênicos ime- diatos, para alcançar objetivos puramente estéticos, menospre- zando os potenciais riscos para a saúde, a qualquer tempo. Entretanto, segundo Iriart & Andrade [21], no estudo realizado entre jovens de um bairro popular de Salvador (BA), foi observado que “de maneira geral, os fi siculturistas entre- vistados não demonstraram bom nível de informação sobre os danos causados à saúde pelos anabolizantes que utilizam”. Ressalta-se a falta de informação em relação às propriedades farmacológicas dos EAA, o conhecimento informal através de experiências próprias ou de amigos e a tolerância aos sintomas mais comuns que não refl etem os efeitos a longo prazo. Confi rmando o exposto anteriormente e, apesar dos usu- ários terem afi rmado possuir conhecimento sobre os efeitos adversos causados pelo uso de REF, 90% destes não realizam exames bioquímicos para controlar as possíveis alterações metabólicas, demonstrando que talvez este conhecimento restrinja-se aos efeitos mais comuns e menos preocupantes. Apesar de não ser objeto de estudo desta pesquisa, é importan- te registrar que 3,39% (n = 8) informaram o uso de suplementos nutricionais, demonstrando o desconhecimento, por parte dos usuários, do tipo de recurso ergogênico que utilizavam. Os Recursos Ergogênicos Nutricionais - REN citados foram Creatina, L-Carnitina, Albumina, Proteína de Soja Texturizada e Levedura de Cerveja, motivados por melhora de desempenho e pela vontade de emagrecer. Foi verifi cado que a indicação ocorreu por vontade própria, através de amigos e familiares e por informações obtidas por meio de publica- ções especializadas. A grande maioria relatou que adquiriu os produtos em lojas do ramo e em farmácias. A administração acontecia na forma oral, líquidos, cápsulas e em pó, diaria- mente ou somente em dias de treino. Os resultados obtidos com o uso de REN foram diversos, desde emagrecimento, maior disposição para treinar e aumento de massa muscular, até o não reconhecimento de nenhum efeito. Os usuários de REN afi rmaram possuir conhecimento sobre os efeitos ad- versos, porém, o único relatado foi cefaléia esporádica e não realizam exames bioquímicos de controle. Em relação ao gasto mensal na aquisição dos suplementos, verifi cou-se que estes encontram-se numa faixa de valores bem inferior a dos REF, concentrando-se em aproximadamente, R$ 20,00. Perspectivas de aplicação Os dados produzidos neste estudo permitem concluir que o uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação nas academias de Santa Maria, RS é consi- derado de médio para alto quando comparado às pesquisas consultadas, representando 4,24% da amostra estudada. Entre os recursos ergogênicos farmacológicos mais utili- zados, os Esteróides Anabolizantes Androgênicos ganharam destaque, sendo, o Deca-Durabolin, Hemogenin e Durates- ton, os mais citados. Todos os usuários eram do sexo masculino e, a maioria deles, tinha idade entre 23 e 28 anos, nível de escolaridade superior, renda até 6 salários mínimos e comprometiam entre R$ 136,00 e R$ 248,00 mensais na aquisição dos REF. A estética foi a maior motivação entre os usuários para praticar a musculação. O tempo de treino variou até três anos, sendo a hipertrofi a, o principal objetivo. A maior parte dos usuários treinava de quatro a seis dias por semana, em rotinas subdivididas e, às vezes, incluíam alongamentos à sessão. Melhor desempenho físico foi o motivo que levou os usuários a utilizarem os REF, por vontade própria, adquiridos, principalmente, em farmácias. A administração ocorria nas formas oral e injetável, dia- riamente, e verifi cou-se alguns relatos positivos de resultados. Contudo, os usuários de REF admitiram terem conhecimento sobre os efeitos colaterais e não realizarem exames bioquímicos de controle. Euforia, irritação e agressividade foram os efeitos adversos mais assinalados. Diante da pouca literatura encontrada sobre o consumo de REF entre os praticantes de exercícios físicos brasileiros, faz-se necessário a realização de outros trabalhos para identi- Fisiologia_v5n1.indb 32Fisiologia_v5n1.indb 32 22/11/2007 18:03:3122/11/2007 18:03:31 33Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 fi car com maior precisão o consumo destas substâncias pelos freqüentadores de academias de ginástica. Considera-se de suma importância, divulgação das conse- qüências do uso de REF e orientação das pessoas diretamente envolvidas na prática esportiva, visto que o consumo deste tipo de substância, apresenta-se signifi cativa. Conclusão O uso dos chamados recursos ergogênicos no esporte de alto rendimento desencadeou um processo que representa atualmente uma das grandes preocupações na área das Ciências do Esporte, tanto no que diz respeito no combate ao doping, como também, no âmbito do uso indiscriminado de drogas e suplementos nu- tricionais com objetivos puramente estéticos [15]. Nos círculos esportivos, afi rma Silva [2], as informações leigas prevalecem sobre as farmacológicas, fazendo com que a dopagem seja caracterizada pelo uso não medicinal de fár- macos. Dada a falta de informação sobre os efeitos nocivos do uso de recursos ergogênicos farmacológicos, bem como, a facilidade de sua obtenção por freqüentadores de academias, observa-se consumo abusivo dessas substâncias [31]. Além disso, no Brasil, estudos que abordem o uso de ana- bolizantes são escassos, não existindo dados epidemiológicos que indiquem a extensão do consumo dessas substâncias [21]. Campanhas publicitárias e educacionais que alertem sobre esse problema fazem-se necessárias, pois a intervenção educacional pode ser um instrumento efetivo no combate ao uso dessas substâncias por adolescentes. Williams & Branch [33] alertam que “considerações éticas impedem o estudo de regimes com megadoses de Esteróide Anabolizante Androgênico - EAA”, resultando, para maior compreensão das conseqüências para a saúde do uso destas substâncias, na necessidade de continuar as pesquisas através de relatos informais, estudos de casos clínicos e estudos de controles de casos epidemiológicos. Portanto, este trabalho tem por fi nalidade, contribuir para o avanço dos estudos sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação, alertando e informando sobre os reais efeitos destas substâncias, buscando desta maneira mostrar o desequilíbrio existente entre riscos para saúde e benefícios ergogênicos. Referências 1. Courtine JJ. 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Fisiologia_v5n1.indb 33Fisiologia_v5n1.indb 33 22/11/2007 18:03:3122/11/2007 18:03:31 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200634 Artigo original Série simples versus séries múltiplas: efeitos sobre o treinamento e destreinamento da força máxima em mulheres jovens Single vs multiple sets: effects on the maximal strength training and detraining in young women Marcelo Rangel de Araújo*, Alexandre Hideki Okano**, Runer Augusto Marson***,Edilson Serpeloni Cyrino****, Fábio Yuzo Nakamura***** *Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina – Londrina/PR., **Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina, Faculdade de Edu- cação Física. Universidade de Campinas – Campinas/SP, ***Laboratório de Biomecânica. Instituto de Biociências. Departamento de Educação Física. Universidade Estadual Paulista – Rio Claro/SP, **** Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Esta- dual de Londrina – Londrina/PR, Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina, ***** Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina – Londrina/PR, Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e Desportos. Univer- sidade Estadual de Londrina, Laboratório de Biodinâmica. Instituto de Biociências. Departamento de Educação Física. Universida- de Estadual Paulista – Rio Claro/SP Resumo O objetivo do presente estudo foi comparar os efeitos da uti- lização de série simples ou de séries múltiplas em programas de treinamento com pesos com duração de oito semanas sobre a força máxima, bem como sobre o destreinamento subseqüente dessa capacidade neuromuscular por um período de dez semanas, em mulheres. Para isso, foram familiarizadas com um primeiro teste de força máxima (1-RM) nos exercícios: supino, puxada nas costas, extensão e fl exão de joelho. Após 2 dias de descanso, as 19 voluntá- rias foram reavaliadas em sua força máxima (1-RM). Depois, foram divididas em dois grupos: um que treinou através de três séries os exercícios de membros inferiores e através de apenas uma série os exercícios de membros superiores (3I-1S), e outro grupo que fazia o inverso (1I-3S). Ambos treinaram com uma freqüência de três sessões semanais, com cargas que permitiam a realização de 10 a 12-RM, as quais eram ajustadas de acordo com a evolução do estado de treinamento. A força máxima de ambos os grupo melhorou após quatro semanas de treinamento (P < 0,05), sem aumentos adicionais nas quatro semanas seguintes nos quatro exercícios (P > 0,05). O período de destreinamento de dez semanas não ocasionou qualquer redução na 1 RM. Em nenhum momento houve diferença entre os grupos na expressão da força máxima. Com isso, concluiu-se que o treinamento com pesos, baseado na aplicação de série única, resultou em um ganho de força máxima equivalente ao de três séries. Em adição, ambos os grupos tiveram retenção total da força máxima após período relativamente longo de destreinamento. Palavras-chave: série simples, séries múltiplas, força muscular, uma repetição máxima (1 RM). Abstract Th e purpose of this study was to compare the eff ect of using single-set or three-set in programs of strength training with duration of 8 weeks on the maximum strength, as well as on the subsequent detraining of this capacity neuromuscular for a period of 10 weeks, in women. For this, after to be made familiarization for a fi rst test one-repetition maximum (1-RM) in the exercises: chest press, lat pull down, leg extension and leg curl. Th e 19 volunteers had been Recebido em 15 de junho de 2005; aceito em 20 de agosto de 2006. Endereço para correspondência: Marcelo Rangel de Araújo,Centro de medidas e avaliação física, Av. Olávio Gomes, 381, 12211- 420 São José dos Campos SP, Tel: (12) 3941-6813, E-mail: marcelora@pop.com.br Fisiologia_v5n1.indb 34Fisiologia_v5n1.indb 34 22/11/2007 18:03:3122/11/2007 18:03:31 35Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Introdução Carpinelli e Otto [1] realizaram uma revisão de estudos destinados a comparar a efetividade de programas de treina- mento com pesos utilizando série simples ou séries múltiplas na melhora da força máxima de diferentes tipos de exercícios resistidos. Eles mostraram que dentre os 35 trabalhos ana- lisados, 33 não encontraram diferenças signifi cantes entre a série simples e as séries múltiplas como indutores deste tipo de adaptação do sistema neuromuscular. Este estudo meta-analítico sintetiza o esforço de diversos pesquisadores no sentido de determinar a relação dose-resposta associada ao volume de treinamento com pesos. Nesse contexto, os exercícios quantifi cados são empregados como dose e as mo- difi cações na aptidão física e/ou no estado geral de saúde são tidos como resposta. Dessa forma, busca-se uma relação ótima entre custo e benefício para os propósitos do indivíduo que está se submetendo a um programa de treinamento. Outras variáveis como intensidade, tipo de contração, e freqüência das sessões de treinamento também têm sido investigadas como dose [2,3], embora com menos ênfase do que o volume. Doses excessivas no treinamento com pesos podem resultar em lesões por estresse das estruturas músculo-esqueléticas, ao passo que sobrecargas subestimadas para a capacidade funcional do indivíduo podem falhar em estimular a melhora necessária ou desejada nos níveis de força muscular [3]. Poucos estudos têm atestado a superioridade de programas de treinamento resistido com séries múltiplas de exercício sobre um grupamento muscular específi co em relação aos realizados com a utilização de apenas uma série [4]. No entanto, Rhea et al. [5] argumentam que isso se deve ao tratamento estatístico convencionalmente empregado. Sua meta-análise baseada no procedimento eff ect size (ES) estabelece que há vantagens com- parativas na utilização de um volume maior de treinamento ao invés de apenas uma série, e que o número ótimo de séries para provocar adaptações neuromusculares depende do nível de treinamento da amostra populacional pesquisada [3]. Essa conclusão foi extraída a partir de resultados de estudos que, em sua formulação original, demonstravam a equivalência nos ganhos adaptativos das séries múltiplas em relação à simples. Levando em consideração o conhecimento acumulado no estabelecimento da relação dose-resposta relacionada ao volume de treinamento com pesos, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) [6] se posicionou, em 1990, a favor de que apenas uma série de 8-12 repetições de oito a dez exercícios resistidos diferentes, com freqüência de duas vezes por semana, seria sufi ciente para induzir ganhos signifi cativos de força e de massa isenta de gordura. Esta recomendação mínima deveria ser seguida por todos os adultos saudáveis envolvidos em programas de condiciona- mento físico. Ela poderia ser expandida com a evolução do programa de treinamento para um número maior de séries. A posição [7] foi ratifi cada em 1998 e posteriormente surgiu uma proposta específi ca para a prescrição de treinamento com pesos [8]. O destreinamento, processo contrário ao treinamento, resulta da redução ou interrupção do treinamento, ou da redução de uma ou mais variáveis associadas ao mesmo, como intensidade, volume ou freqüência das sessões. Paralelo a esse processo há retrocesso das modifi cações adaptativas promovi- das pelo treinamento que, em geral, ocorre a uma taxa menor do que durante sua fase de aquisição [9,10]. Levando-se em consideração a escassez de estudos destina- dos a elucidar as adaptações neuromusculares ao treinamento com pesos e perdas associadas ao destreinamento em mulheres [11], procurou-se, neste trabalho, comparar os ganhos de força máxima de moças jovens mediante a participação em sessões de treinamentos compostas de série simples e múltiplas, em quatro diferentes aparelhos, bem como verifi car a retenção do ganho de força após período de destreinamento. A hipótese deste estudo era a de que os ganhos de força máxima seriam semelhantes em resposta aos dois volumes de treinamento, confi rmando os achados reunidos por Carpinelli e Otto [1], e de que a retenção dessa capacidade também seria equivalente nas duas situações. A confi rmação dessa hipótese favoreceria a utilização da série simples como indutor de ganho de força e retenção da mesma em médio prazo, pois trabalhos mostram que sessões mais curtas de treinamento melhoram a aderência ao programa em relação às mais longas (séries múltiplas) [12]. reevaluated in its maximum strength (1-RM) after 2 days of rest. Later, they had been divided in two groups: one that trained through three set the exercises of down-body and through only one set the exercises of upper-body (3DB-1UB), and another group that made the inverse one (1DB-3UB). Both had trained with a frequency of three weekly sessions, with loads that allowed the accomplishment of 10 12-RM, which were adjusted in accordance with the evolu- tion of the training state. Th e strength of both the group improved 4 weeks of training after (P < 0,05), without increases adds in the four following weeks in the four exercises (P > 0,05). Th e period of detraining of 10 weeks did not cause any reduction in the 1 RM. At no moment it had diff erence between the groups in the expres- sion of the maximum strength. With this, one concluded that the exercise resistance based in the single-set application resulted in a increase of maximum strength equivalent to the one of three-set. In addition, both the groups had after had total retention of the maximum strength relatively long periods of detraining. Key-words: single-set, three-set, muscle strength, one-repetition maximum (1-RM). Fisiologia_v5n1.indb 35Fisiologia_v5n1.indb 35 22/11/2007 18:03:3122/11/2007 18:03:31 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200636 Materiais e métodos Sujeitos Foram inicialmente voluntárias para participar deste estudo 24 mulheres jovens, estudantes universitárias, sem experiência com treinamento com pesos nos seis meses que antecederam o início desta investigação. Elas assinaram termo de consentimento informado após reunião de esclarecimentos sobre os riscos e benefícios associados à participação, com dois dos responsáveis pela pesquisa. As participantes foram alea- toriamente divididas em dois grupos experimentais. Ambos foram submetidos a programas estruturados de treinamento com pesos, assim como foram avaliados periodicamente em relação ao nível de força máxima alcançado, inclusive após período de destreinamento. Um dos grupos realizou o programa que incluía três séries para exercícios de membros inferiores (extensão e fl exão de joelhos) e apenas uma série de exercícios de membros superiores (supino e puxada nas costas). Esse grupo foi denominado 3I-1S. O outro grupo, que fazia justamente o contrário, foi denominado 1I-3S. Das 24 voluntárias no início do estudo, 19 o concluíram, sendo 11 do grupo 3I-1S (idade: 21,2 ± 6,8 anos; estatura: 162,5 ± 10,0 cm; massa corporal: 52,5 ± 3,9 kg) e oito do grupo 1I-3S (idade: 20,8 ± 6,3 anos; estatura: 165,5 ± 7,8 anos; massa corporal: 56,0 kg ± 4,3 kg). Nenhuma das desistências foi ocasionada por lesão decorrente dos programas ou testes de força propostos. Teste de força máxima (1-RM) Foram utilizados, neste teste de desempenho neuromus- cular, procedimentos adaptados de outros autores [13]. Em primeiro lugar, cada uma das participantes realizava duas séries de aquecimento em uma carga percebida como aproxi- madamente 50% da carga entendida como máxima, ou seja, que poderia ser levantada uma única vez (1 RM). Após breve descanso, os levantamentos seguintes foram feitos através de duas repetições, com incrementos de carga visando o alcance de 1 RM. O intervalo entre as tentativas foi de no mínimo cinco minutos. A carga em que a participante realizava com sucesso uma repetição, mas falhava em conseguir a segunda, era considerada 1 RM. Durante cada tentativa de se atingir 1-RM, havia incentivo verbal por parte do investigador que realizava a avaliação. Todos os quatro exercícios empregados neste estudo ti- veram sua 1 RM determinada em uma única sessão de testes obedecendo a seguinte ordem: supino, extensão de joelho, puxada nas costas e fl exão de joelho. Esses testes foram realizados em cinco momentos: (1) familiarização – com o objetivo de que as participantes se habituassem aos esforços musculares máximos; (2) pré-treino – realizados dois dias após a familiarização, com o objetivo de detectar supostas adaptações na força máxima gerada pelo próprio teste de familiarização servindo então como um valor de base para comparações com etapas posteriores; (3) 4ª semana de trei- namento – com o objetivo de detectar adaptações na força máxima; (4) 8ª semana de treinamento – idem; (5) 10ª semana de destreinamento – com o objetivo de verifi car a magnitude do decréscimo da força. Programa de treinamento O período total de treinamento com pesos de ambos os grupos, que ocorreu de forma simultânea, teve duração de oito semanas. Foram três sessões semanais, tanto para 3I-1S quanto para 1I-3S. A aderência a essa freqüência semanal foi bastante alta, pois todas as participantes cumpriram a programação inicialmente traçada para os grupos. Portanto, o número total de sessões de treinamento para cada indivíduo foi de 24. Recomendava-se um dia de descanso entre as sessões, para permitir boa recuperação da musculatura envolvida. Em todas as sessões, todos os quatro exercícios eram realizados, com um número de repetições por série de 10-12 RM. O intervalo recomendado entre séries era de 90 segundos. Entre os exercícios, solicitou-se não ultrapassar de três minutos. O número de séries por exercício, que era a variável manipulada experimentalmente, dependia do grupo ao qual o indivíduo pertencia (uma ou três). Dessa forma, de acordo com o dese- nho experimental adotado nesta investigação, a única variável de treino manipulada para verifi cação de efeitos adaptativos localizados no sistema neuromuscular foi o volume. Os pro- gramas de treinamento, bem como os testes de 1 RM, foram supervisionados por um dos investigadores. Previamente a cada sessão de treinamento, as participan- tes realizavam aquecimento leve no cicloergômetro por dez minutos, seguidos de exercícios de alongamento também leves, ou seja, sem exigir amplitudes articulares máximas. Não houve pré-determinação na ordem de execução dos exercícios resistidos, sendo de livre escolha individual. Conforme mencionado, o número de repetições máximas adotadas como alvo para cada série de exercício resistido foi de dez a 12. Na medida em que o número de 12 repetições era ultrapassado em determinado exercício, automaticamente a carga era acrescida de forma a manter o número de repeti- ções por série dentro do espectro previamente estabelecido. Foi solicitado que as participantes não modifi cassem seus hábitos relacionados à atividade física e alimentação durante a vigência do estudo. Nenhuma das participantes relatou qualquer modifi cação. Tratamento estatístico Os valores de força máxima medida pela 1 RM, bem como a evolução temporal das cargas de treinamento, foram analisadas através de ANOVA two way para medidas repetidas, tendo o grupo (3I-1S e 1I-3S) como variável independente e o tempo (semanas) como variável dependente. O teste post Fisiologia_v5n1.indb 36Fisiologia_v5n1.indb 36 22/11/2007 18:03:3222/11/2007 18:03:32 37Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 hoc de Scheff é, para comparações múltiplas, foi utilizado para a identifi cação das diferenças entre as médias. Foi adotado também o procedimento de regressão linear para estabelecer a equação que descreveria o aumento da carga de treinamento ao longo das semanas, adotando-se os valores médios de cada grupo, para todos os exercícios, com o intuito de se determinar a taxa média de aumento da carga por semana de participação nos programas de treinamento resistido. O nível de signifi cân- cia foi pré-fi xado em P < 0,05, para todas as análises. Resultados A Tabela I contém os valores médios alcançados pelos grupos 3I-1S e 1I-3S no teste de 1 RM nos diferentes períodos deste estudo. Os índices de força máxima encontrados em ambos os grupos nos quatro aparelhos durante a familiarização não foram diferentes (P > 0,05) dos valores registrados no pré-treino. O pré-treino foi adotado como valor de referência prévio ao programa de treinamento para efeito de verifi cação da evolução dessa capacidade em momentos distintos dentro do período de treinamento e destreinamento, indicadores da adaptação e desadaptação neuromuscular, respectivamente. Após as primeiras quatro semanas de treinamento, veri- fi cou-se aumento signifi cante (P < 0,05) da força máxima determinada em 1 RM nos quatro aparelhos, para ambos os grupos. A análise estatística não revelou qualquer diferença entre os grupos 3S-1I e 1I-3S (P > 0,05) nesse momento do programa. Ao fi nal da oitava semana, a qual marcava o fi nal das sessões de treinamento, a força máxima em todos os exercícios continuava superior ao pré-treino (P < 0,05). En- tretanto, não diferiu da 1 RM registrada após a quarta semana (P > 0,05). Ou seja, da metade para o fi nal do programa de treinamento com pesos utilizado neste estudo, a força máxima estabilizou em todos os exercícios. Na oitava semana, nova- mente, não se observou qualquer diferença nesse indicador de aptidão neuromuscular entre os grupos que treinavam por meio de série simples e séries múltiplas (P > 0,05). Em termos percentuais, os ganhos de força máxima entre o início e o fi nal do período de treinamento para o grupo 3I-1S foram de: 20% na extensão de joelhos, 33% na fl exão de joelhos, 21% no supino e de 15% na puxada nas costas. Para o grupo 1I-3S, os incrementos de força foram de: 20% na extensão de joelhos, 24 % na fl exão de joelhos, 20% no supino e de 13% na puxada nas costas. Após 10 semanas do término do programa, período em que as participantes se mantiveram inativas com o objetivo de causar destreinamento da força máxima, não houve redução signifi cante (P > 0,05) da carga de 1 RM em qualquer dos exercícios, sendo esta redução de apenas 1,7% na extensão de pernas, 5,9% na fl exão de perna, 7,1% no supino e 2,3% na puxada alta por trás para o grupo3I-1S e 2,8% para extensão de pernas, 4,9% na fl exão de pernas, 7,1% supino e 2,3% na puxada alta nas costas para o grupo1I-3S. Tampouco houve diferenças entre os grupos no nível de força máxima manifestada nos quatro aparelhos nesse momento do estudo (Tabela I). Ao contrário da força máxima, as cargas prescritas para os quatro aparelhos nas sessões de exercícios resistidos evoluíram de forma linear ao longo do tempo, sem demonstrar qualquer tendência de estagnação nas oito semanas de treinamento. A fi gura 1 demonstra esse comportamento para ambos os grupos em relação às cargas utilizadas nos exercícios para membros inferiores. A carga utilizada na extensão de joelhos aumentou tanto no grupo 3I-1S quanto no grupo 1I-3S da primeira para a quarta semana (P < 0,05), como também da quarta para a oitava semana (P < 0,05). No entanto, em nenhum desses momentos houve diferença signifi cante entre os grupos (P > 0,05). Padrão semelhante foi observado para a evolução temporal das cargas de treinamento de fl exão de joelhos, com a ressalva de que na primei- ra semana o grupo 3I-1S iniciou o programa contra resistências signifi cativamente maiores (P < 0,05). No entanto, ao longo da quarta e oitava semanas, elas se igualaram (P < 0,05). Figura 1 - Evolução temporal das cargas de treinamento (inten- sidade) para os exercícios com pesos para membros inferiores dos grupos 3I-1S e 1I-3S. Tabela I - Valores médios (± DP) da força muscular obtida nos aparelhos para os grupos: 3I-1S e 1I-3S nas diferentes fases do estudo. Grupo Familiarização Pré-Treino 4 Semanas* 8 Semanas Destreino Extensão do Joelho 3I-1S 29,6 ± 4,6 31,6 ± 6,8 35,8 ± 5,9* 37,9 ± 6,4 37,4 ± 5,6 1I-3S 31,5 ± 6,8 33,6 ± 5,6 38,3 ± 6,3* 40,0 ± 7,3 39,6 ± 7,9 Flexão do Joelho 3I-1S 28,4 ± 5,6 28,5 ± 6,2 35,0 ± 6,6* 37,9 ± 6,9 36,1 ± 7,1 1I-3S 28,4 ± 5,7 30,0 ± 5,1 34,4 ± 6,4* 37,1 ± 5,6 35,1 ± 4,3 Supino 3I-1S 30,8 ± 4,7 31,1 ± 4,3 36,0 ± 4,2* 37,8 ± 4,3 35,3 ± 5,0 1I-3S 33,6 ± 4,8 34,3 ± 4,6 39,3 ± 6,5* 41,0 ± 5,4 37,9 ± 5,0 Puxada nas Costas 3I-1S 30,0 ± 3,7 30,1 ± 3,9 33,8 ± 3,9* 34,9 ± 4,0 34,6 ± 4,3 1I-3S 31,5 ± 4,1 33,0 ± 4,5 35,4 ± 6,3* 37,4 ± 6,2 37,0 ± 5,3 Fisiologia_v5n1.indb 37Fisiologia_v5n1.indb 37 22/11/2007 18:03:3222/11/2007 18:03:32 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200638 A Figura 2 ilustra o aumento linear semanal das cargas nos exercícios de membros superiores. Novamente, em ambos os grupos, a quarta semana foi mais pesada em termos de sobre- carga imposta pelos exercícios do que a primeira semana, e a oitava mais intensa que a quarta semana. No exercício supino, em nenhum dos momentos os grupos 3I-1S e 1I-3S diferiram entre si (P > 0,05). Por outro lado, no exercício de puxada nas costas, nos três momentos analisados, o grupo 1I-3S treinou contra resistências mais elevadas que o grupo 3I-1S. Figura 2 - Evolução temporal das cargas de treinamento (intensida- de) para os exercícios com pesos para membros superiores dos grupos 3I-1S (A) e 1I-3S (B). independentemente do regime (volume) de treinamento adotado. Dessa forma, havia um critério bastante claro para determinar o momento do incremento de carga. Tabela II - Equações referentes à evolução temporal das cargas de treinamento (intensidade) para os exercícios com pesos para membros inferiores e superiores. CT – carga de treinamento; ST – semana de treinamento Grupo Exercício Equação R2 3I-1S Extensão de joelhos CT = 1,369*ST + 19,305 0,997 Flexão de joelhos CT = 1,452*ST + 16,101 0,998 Supino CT = 1,321*ST + 20,906 0,999 Puxada nas costas CT = 1,096*ST + 18,192 0,997 1I-3S Extensão de joelhos CT = 1,128*ST + 20,049 0,997 Flexão de joelhos CT = 1,075*ST + 18,612 0,995 Supino CT = 1,311*ST + 21,366 0,998 Puxada nas costas CT = 1,163*ST + 20,513 0,993 Discussão Vários são os mecanismos postulados para o aumento da capacidade contrátil e da tensão máxima gerada pela muscu- latura esquelética em resposta ao treinamento com pesos. Em geral, conjugam-se fatores neurais de adaptação e hipertrofi a muscular como principais responsáveis pela melhora da força. As primeiras três a cinco semanas de treinamento com pesos são marcadas pelas adaptações neurais (mais rápidas), enquan- to que as modifi cações teciduais dos músculos (mais lentas) são predominantes em fases mais adiantadas do processo de aperfeiçoamento da força [14]. Pela duração do presente estudo, é bastante provável que as adaptações neurais tenham predominado. Elas incluem: (a) aumento da amplitude da ati- vação dos músculos exercitados através de comandos motores centrais; (b) aumento da freqüência de disparos das unidades motoras; (c) maior sincronização das unidades motoras e; (d) melhora no padrão de inibição recíproca da ativação dos músculos antagonistas ao movimento pretendido [4,14]. Mais recentemente, Akima et al. [15] mostraram, através da técnica de obtenção de imagens por ressonância magnética, que a área do quadríceps da coxa ativada após duas semanas de treinamento isocinético de extensão de joelhos era supe- rior ao período prévio ao treinamento, durante a realização de testes isocinéticos (60-240°.s-1) e isométricos. Áreas pre- viamente inativas do vasto lateral, vasto intermédio e vasto medial passaram a contribuir na geração de torque após o período de treinamento. A área total do músculo quadríceps não foi alterada. Esse aumento na área contrátil útil constitui, As equações que caracterizam o aumento linear das cargas de treinamento em todos os aparelhos, para os dois grupos, estão listadas na Tabela 2. Pode-se observar que, em média, a taxa de incremento semanal de cargas nos aparelhos adotados neste estudo, os quais mobilizam grandes volumes de massa muscular, localiza-se entre 1 a 1,5 kg. Os elevados valores de R2 (> 0,995) encontrados atestam o bom ajuste dos dados à função linear. Deve-se enfatizar que o número alvo de repetições por série neste trabalho foi fi xado em 10-12 RM, Fisiologia_v5n1.indb 38Fisiologia_v5n1.indb 38 22/11/2007 18:03:3222/11/2007 18:03:32 39Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 portanto, uma das adaptações neurais adicionais provocadas pelos treinos resistidos de curto e médio prazo. Entretanto, estudo de Staron et al. [10] evidenciou um aumento da área de secção transversa de fi bras musculares individuais pertencentes a todas as sub-populações dessas células em músculos das extremidades inferiores de mulheres treinadas sob regime bastante similar ao do nosso trabalho. O fato que chama a atenção é que a duração do estudo foi de apenas seis semanas. Ou seja, a hipertrofi a pode ser detectada em curto período de tempo e pode contribuir efetivamente para o ganho de força nas sessões iniciais de um programa de treinamento com pesos. Hipertrofi a acentuada também foi reportada em estudo realizado com homens, submetidos a treinamento contra resistência isocinética, por 60 dias [16]. O incremento na área de secção transversa da musculatura da coxa submetida aos exercícios de extensão de joelho foi de 8,5%. Independentemente dos mecanismos causais (neurais ou hipertrófi co), que neste estudo não puderam ser discri- minados, o fato é que tanto o grupo 3I-1S quanto o 1I-3S alcançaram ganhos expressivos de força máxima, sobretudo durante o primeiro mês de treinamento com pesos. Durante o mês subseqüente, não houve aumentos adicionais nessa capacidade provavelmente por não ter periodizado o programa de treinamento para os 2 grupos, apesar das cargas de treina- mento continuarem se elevando de forma linear. Ambos os grupos, compostos de mulheres sem experiência prévia recente com treinamento com pesos, não diferiram com relação aos níveis de força máxima atingidos em quaisquer momentos desta investigação. A ausência de vantagem no uso de séries múltiplas em comparação com série simples no aumento da força máxi- ma, ao que parece, não se restringe a amostras populacionais previamente não treinadas em exercícios contra resistências. Segundo Hass et al. [17] praticantes recreacionais de levan- tamento com pesos, que vinham treinando há pelo menos um ano, com uma série de 8-12 RM para cada aparelho de um circuito, não obtinham qualquer vantagem no aumento da força ou da resistência muscular ao adicionarem mais duas séries de cada exercício em sua rotina. Sua evolução nessas capacidades funcionais musculares era semelhante a de um outro grupo que manteve sua rotina de séries simples. De acordo com os autores, a vantagem comportamental na prescrição de série única reside no fato desse tipo de treino demandar menos tempo para ser cumprido e promover maior aderência dos praticantes. Ostrowski et al. [18] corroboraram esses achados em um grupo de praticantes de treinamento com pesos ainda mais experiente, com um a quatro anos de prática nessa modalidade. Os ganhos de força e de potência muscular de membros inferiores e superiores, assim como o ganho de massa muscular, foi semelhante entre aqueles que executavam três, seis ou 12 séries semanais de cada um dos 20 exercícios propostos pelos pesquisadores, por um período de dez semanas. Em contraste, estudo recente de Rhea et al. [19], utilizan- do número de repetições máximas inferiores ao do presente estudo (4-8 RM), mostraram que para o exercício de leg press houve um aumento signifi cante de 1 RM de indivíduos que treinaram através de três séries em relação a uma série, e que no supino, essa diferença se aproximou do nível de signifi cância adotado (P = 0,07), em 12 semanas de treinamento. Estudo também recente de Paulsen et al. [20] apresentou resultados similares em seis semanas de treinamento. O grupo que trei- nou por meio de três séries de 7 RM obteve aumentos mais expressivos de força em relação ao grupo que treinou apenas uma série em três aparelhos diferentes para membros inferiores (21% vs. 14%). Essas diferenças não se reproduziram nos membros superiores. Em conjunto, esses estudos, comparados ao nosso, parecem indicar que séries múltiplas produzem respostas adaptativas melhores, desde que a intensidade seja maior que a do presente trabalho (10-12 RM vs. 4-8 RM). Ainda, os membros inferiores parecem ser mais sensíveis à manipulação do volume de treinamento. Essa sensibilidade pôde ser notada no presente estudo, embora, estatisticamente não signifi cativo, o grupo (1S-3I) obteve ganhos superiores de 9% na (1RM) na fl exão de joelho, comparado ao grupo de(3S-1I). Esses fenômenos foram parcialmente confi rmados em estudo realizado com mulheres [11]. O grupo que treinou através de três séries de 6-9 RM obteve maior incremento na 1 RM de exercícios para membros inferiores e superiores que o grupo que treinou através de apenas uma série, duas vezes por semana, por seis semanas. A faixa de repetições máximas utilizadas no referido estudo pode ter sido responsável pelo contraste com relação aos achados mostrados por nós, já que ela impunha maior intensidade de trabalho. Um aspecto importante quando analisamos os benefí- cios da manipulação do volume de treinamento em atletas constitui-se no fato de que, atualmente, têm se verifi cado um aumento no número de jogos a serem disputados pelos atletas durante a temporada o que indica a necessidade de modifi - cações nos sistemas de preparação, reduzindo os períodos destinados ao condicionamento físico [4]. Assim, a adoção de sessões de treinamento resistidos com baixo volume, ou seja, série única, constitui-se numa estratégia bastante interessante. Vale ressaltar que, de modo geral, os estudos que investigaram os efeitos da manipulação do volume de treinamento ado- taram períodos inferiores a quatro meses o que não refl ete a realidade de um sistema de preparação física usualmente adotado entre os atletas. Com base nessa informações, Kraemer et al. [4] investi- garam os efeitos dos treinamentos com pesos empregando os regimes de treinamento periodizado e de série simples sobre o desempenho físico e composição corporal durante nove meses em tenistas colegiais. Nos primeiros quatro meses de treinamento, tanto o sistema de periodização quanto o de série simples acarretaram em aumentos nos níveis de força máxima dos membros inferiores e superiores. A partir deste período, apenas o treinamento periodizado resultou em incremento Fisiologia_v5n1.indb 39Fisiologia_v5n1.indb 39 22/11/2007 18:03:3322/11/2007 18:03:33 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200640 na força constante até o nono mês do período de preparação. Esse resultado ajuda a explicar em parte a estabilização da força máxima medida pela 1-RM a partir da quarta semana de treinamento do presente estudo o qual não foi periodizado. Analisando de forma integrada os resultados dos trabalhos supracitados, todos eles suscitam uma questão. O nível de fadiga muscular (associado ao volume de séries de treinamen- to) representa ou não um estímulo para o aumento da força máxima? Quanto a isso, Rooney et al. [21] administraram treinamentos mais fatigantes, em um grupo, através de sessões convencionais de levantamentos com pesos (6 RM), do que em outro grupo, no qual eram permitidas pausas entre as re- petições. Demonstraram que o grupo que treinou sem pausas e, conseqüentemente, com maior estado de fadiga, aumentou mais acentuadamente a 1 RM do que o grupo que treinou sob condições menos fatigantes. As alterações fi siológicas agudas tidas como possíveis responsáveis pelas adaptações mais signifi cativas sob condição de fadiga muscular seriam: maior ativação de unidades motoras, depleção de fosfagênios ou acúmulo de metabólitos como lactato e IMP [ 21]. Se- guindo outra linha, estudo de Folland et al. [8] demonstrou exatamente o inverso, ou seja, que sessões mais fatigantes de treinamento resistido não confi guraram melhores adaptações em termos de manifestação da força máxima. Os resultados de nosso estudo parecem se alinhar mais com Folland et al. [8], pois, uma das conseqüências lógicas do aumento do volume de treinamento dentro de uma única sessão, sem modifi cação da intensidade, seria a fadiga muscular mais expressiva. Uma das evidências que corrobora a fadiga mais pro- nunciada na realização de séries múltiplas em relação à série simples foi publicada por Craig e Kang [22]. De acordo com seus resultados, a utilização de duas séries de agachamento a 75 ou a 90% da 1 RM, com três minutos de pausa entre elas, resultou em maior acúmulo de lactato sangüíneo e elevação na liberação do hormônio de crescimento (GH) do que em uma situação onde foi aplicada apenas uma série. Os mes- mos padrões de respostas hormonais foram verifi cados por Mulligan et al. [23] e Gotshalk et al. [24]. Portanto, ao que parece, a suposta maior liberação de GH durante as sessões de treinamento com séries múltiplas no presente estudo, não resultou em vantagens para desenvolvimento de força máxima em relação aos grupos, isso se deve ao fato de que os dois gru- pos realizaram séries simples e séries múltiplas, tendo liberado quantidades equivalentes de (GH) nos dois grupos. O destreinamento induzido por dez semanas de inati- vidade neste estudo não foi efetivo em provocar a regressão signifi cativas, da força máxima alcançada nos quatro exercí- cios durante o período de treinamento de oito semanas. Esse padrão foi observado em ambos os grupos (3S-1I e 1S-3I). Porém, esses resultados estão em discordância com relação ao relato de Narici et al. [16], no qual a cinética de perda da força e das adaptações neuromusculares durante 40 dias de destreinamento era similar à cinética de aquisição dessas mesmas variáveis em 60 dias de treinamento contra resistência isocinética para os extensores de joelho. As adaptações neurais registradas pela ativação eletromiográfi ca máxima dos múscu- los envolvidos no exercício constituíam a maior contribuição para o aumento da força máxima, ao passo que, durante o destreinamento, foram também as que mais sofriam prejuízos em termos de magnitude e de velocidade em função do tem- po. As adaptações hipertrófi cas possuíam menor e mais lenta participação nos efeitos do treinamento, e também regrediam de forma menos acentuada no destreinamento. Por outro lado, foi reportado, por Gondin et al. [25] que 5 semanas de destreinamento não foram sufi cientes para pro- vocar regressão na força dos músculos sóleo e gastrocnemios registradas pela ativação eletromiográfi ca, adquirida em 5 semanas de treinamento através de eletroestimulações neu- romuscular. Assim também, de forma semelhante ao presente estudo, a 1 RM de exercícios de membros superiores não sofreu decréscimo signifi cante em homens que vinham trei- nando com pesos há pelo menos dois anos, ao interromperem os treinos por seis semanas [17]. No entanto, a manutenção dos níveis de força máxima em período de dez semanas de destreinamento nas mulheres investigadas neste estudo não é um achado comum, já que a maior parte dos trabalhos na literatura pertinente registra perdas em períodos semelhantes de inatividade [16,26,27]. Conclusão Os resultados obtidos neste estudo indicam que a realiza- ção de séries múltiplas (três séries) em sessões de treinamento com pesos, parece não constituir uma vantagem comparativa na indução do aumento da força máxima em relação à reali- zação de série simples, em mulheres jovens, treinadas por um período de oito semanas. Esse achado parece estar atrelado à escolha da intensidade dos treinos. Além disso, a interrupção do treinamento por dez semanas não parece resultar em perda substancial de força máxima, medida pela 1 RM, seja essa força induzida por sessões de séries simples ou múltiplas. Referências 1. Carpinelli RN, Otto RM. Strength training. Single versus multiple sets. Sports Med 1998; 26(2):73-84. 2. Colliander EB, Tesch PA. Eff ects of detraining following short term resistance training on eccentric and concentric muscle strength. Acta Physiol Scand 1992;144(1):23-9. 3. Rhea MR, Alvar BA, Burkett LN, Ball SD. 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Fisiologia_v5n1.indb 41Fisiologia_v5n1.indb 41 22/11/2007 18:03:3322/11/2007 18:03:33 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200642 Artigo original Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE): um estudo com trabalhadores de informática Physical Exercise Program in workplace (PEPW): a study with computer science employees Josenei Braga dos Santos*, Antônio Renato P. Moro** Prof. Educação Física, Laboratório de Biomecânica – BIOMEC/CDS/UFSC, ** Prof. Centro de Desportos (UFSC), Laboratório de Biomecânica – BIOMEC/CDS/UFSC Resumo Esta pesquisa objetivou desenvolver e verifi car os efeitos de um Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE) em trabalhadores de um centro de informática em Florianópolis/SC. Participaram da amostra 25 trabalhadores na faixa etária de 37 a 59 anos de idade. A pesquisa obedeceu a três momentos: pré-teste: avaliação do índice de massa corporal (IMC) através do protocolo da World Health Organization (WHO), fl exibilidade através do banco de Wells e Dillon associado a fotogametria digital, força muscular através do dinamômetro manual, postura corporal através do método Portland State University associado a fotogrametria digital e aplicação de questionários sócio-demográfi co e características ergonômicas do posto de trabalho; intervenção: aplicação de 39 aulas com duração de 15 minutos, durante um período de três meses; e pós-teste, mesmas ações do pré-teste, mais a avaliação qualitativa dos participantes. Os resultados evidenciaram participação de 60,89% durante o PEFE, nos testes físicos o IMC permaneceu inalterado, num valor médio de 25 kg/m2 em ambos os momentos, incremento de 6% no teste de força, 4% no teste de fl exibilidade, com contribuição na mudança de fl exão do quadril em 13° graus, 4,62% na avaliação da postura corporal e na avaliação dos ângulos posturais não detectou-se des- vios importantes. Quanto aos postos de trabalho, percebeu-se que os mesmos apresentaram requisitos ergonômicos. Já na avaliação qualitativa do programa, observou-se que houve diminuição das queixas de ordem músculo-esqueléticas. Portanto, concluiu-se que o PEFE melhorou as variáveis corporais em termos de aptidões músculo-esqueléticas e reduziu as consultas ambulatoriais. Palavras-chave: exercício físico, ginástica laboral, trabalhadores de informática. Abstract Th is study aimed to develop and to verify the eff ects of a Physical Exercise Program in the workplace (PEFE) with 25 employees (aged 37 to 59 years) at a computer science center in Florianópolis, SC. Th e study was divided into three phases: (a) pre- and post-exami- nation which consisted of the measurement of the body mass index (BMI) using the World Health Organization protocol, (b) fl exibility by the seat-and-reach test using the Wells’ and Dillon’s box using digital photogrametry, (c) strength by manual dynamometry, (d) body posture using the Portland State University method and digital photogrametry and (e) questionnaires for data on sociodemographic variables and ergonomic characteristics of the workstation. Th e intervention was composed by 39 fi fteen-minute classes, during a period of three months. Th e post-examination also included a qualitative evaluation of the program. Th e results showed that PEFE participation of 60.89% of the employees. Th e BMI did not vary between evaluations and the mean value was 25 kg.m-2. Th ere was an increase of 6% in strength, 4% in fl exibility due to a hip fl exion change of 13 degrees and 4.62% in body posture. No signifi cant posture angular deviation was observed. Th e workstations presen- ted ergonomic requirements and as qualitative evaluation of the program, there were fewer complaints on skeletal muscle disorders. Th erefore, it was concluded that PEFE improved skeletal muscle fi tness and reduced medication appointments for the employees. Key-words: physical exercise, exercises program at the workplace, computer science employees. Recebido em 10 de maio de 2006; aceito em junho de 2006. Endereço para correspondência: Josenei Braga dos Santos, R. Prof. Bento Águido Vieira, 340/102, 88036-410 Florianópolis SC, E- mail: joergo@pop.com.br Fisiologia_v5n1.indb 42Fisiologia_v5n1.indb 42 22/11/2007 18:03:3322/11/2007 18:03:33 43Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Introdução Com o passar dos tempos, os meios de trabalho foram sendo modifi cados e estruturados de modo a deixar o traba- lhador mais sedentário, principalmente, quando se tratando de atividades em terminais informatizados. Com isto, a saúde do trabalhador foi fi cando cada vez mais suscetível a uma série de tensões musculares, vícios e constrangimentos posturais advindo dessa condição. Devido a estas rápidas evoluções no mundo do trabalho e pelo avanço tecnológico, inúmeras empresas estão sendo pressionadas pelo mercado, o que exige um aumento de produtividade, aliado a maior qualidade em seus produtos ou serviços. Esse corre-corre nas empresas acaba por acarretar aos seus funcionários inúmeras doenças ocupacionais e, por conseqüência, tendem a encarar altíssimos índices de absen- teísmo, que lhes corroem signifi cativamente a produtividade e os lucros. Indo ao encontro destas situações advindas do mundo do trabalho, Silva [1] explica que é no trabalho que passamos a maior parte das nossas vidas e que seus refl exos se estendem, de forma acentuada, sobre o nosso bem estar mesmo quando não estamos trabalhando. Com isto, se usarmos os benefícios da Atividade Física (AF) como parte do tempo destinado ao trabalho podemos melhorar nosso bem estar, grau de satisfa- ção profi ssional, reduzir diretamente o risco das doenças crôni- co-degenerativas, além de servir como elemento promotor de mudanças com relação a fatores de risco para inúmeras outras doenças como, por exemplo, os efeitos nocivos do estresse e o melhor equilíbrio das tensões próprias do viver. Uma das soluções empregadas para a resolução deste problema é a implementação dos Programas de Ginástica Laboral (PGL) nas organizações, que segundo Gonçalves, Silveira e Rombaldi [2], Bergamaschi, Deustch e Ferreira [3], Martins e Martins [4], Santos [5] e Casagrande [6], é meio de intervenção que atua sobre a saúde do trabalhador e seus efeitos estão mais voltados para a redução dos acidentes de trabalho, melhora da qualidade de vida de seus funcionários, redução dos casos de Lesões por Esforços Repetitivos (LER), atualmente chamada de Distúrbios Osteomusculares Relacio- nadas ao Trabalho (DORT), prevenção da fadiga muscular e articular, correção de vícios posturais, diminuição do ab- senteísmo e incidências de doenças ocupacionais, aumento da auto-estima e disposição para o trabalho e melhora da consciência corporal. Segundo Moro e Avila [7], os trabalhadores mais comu- mente acometidos deste tipo de doenças, geralmente são aqueles que usam da coluna como alavanca para levantar cargas e aqueles que realizam trabalhos sedentários, ou seja, quase sempre relacionado com a postura sentada. Para muitos entendidos em AF, a resistência cardiorespi- ratória é o componente mais importante quando relacionada à saúde em geral. No entanto, outros componentes se fazem importantes quando falamos de aptidão músculo-esqueléti- ca como é o caso da fl exibilidade, força muscular e postura corporal. Com isto, esta pesquisa surgiu da necessidade de se criar e desenvolver um Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE) que possibilitasse a conscientização do trabalhador so- bre a importância de um estilo de vida ativo onde ele pudesse perceber a importância da prevenção de doenças ocupacionais, visando bem estar, prevenção e promoção da saúde, melhora das aptidões músculo-esqueléticas, melhora da qualidade de vida na realização de suas atividades, melhora nas condições de trabalho (posto de trabalho), aumento da produtividade e, consequentemente, promoção humana de cada indivíduo dentro e fora do seu ambiente de trabalho. Para tanto, formulamos o seguinte problema: quais os efeitos de um PEFE voltado para prevenção e promoção da saúde em trabalhadores de um centro de informática da Região de Florianópolis? Objetivos específicos • Avaliar o posto de trabalho e as condições físicas destes trabalhadores; • Verifi car a postura corporal mais adotada por estes traba- lhadores e classifi cá-las; • Fazer uma avaliação qualitativa do PEFE após o seu desenvolvimento junto aos trabalhadores do centro de informática. Material e métodos Trata-se de uma pesquisa com caráter experimental, ou seja, é uma pesquisa que determina o objeto de estudo, re- lacionando-o com as variáveis (força, fl exibilidade e postura corporal), de modo a conceituar as formas de observação e controle [5]. Contudo, esta pesquisa por não ter sido realizada em laboratório e por isso não ter controle total das variáveis pode se dizer que sua melhor caracterização seria tratá-la como quase-experimental. Para desenvolvimento deste estudo, tomou-se como refe- rência desenvolver um PEFE sendo realizado no Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina, na cidade de Florianópolis, durante um período de seis meses com 25 trabalhadores (idade entre 37 a 59 anos), que tinham em média 20 anos de profi ssão e 13 anos de experiência na atividade onde a posição sentada era a postura mais utilizada (postura estática). Para o desenvolvimento do PEFE, adotou-se como critério elaborar três etapas: 1ª. Etapa (Pré-teste) • Aplicação de um questionário elaborado para atender às neces- sidades da investigação, composto por 18 perguntas referentes à jornada de trabalho, atividades diárias, aspectos sócio-demo- gáfi cos e condições físicas em geral dos trabalhadores. Fisiologia_v5n1.indb 43Fisiologia_v5n1.indb 43 22/11/2007 18:03:3322/11/2007 18:03:33 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200644 • Instrumentos e protocolos que foram empregados: a) índice de massa corporal (IMC) segundo classifi cação da World Health Organization [8]; b) fl exibilidade - teste de sentar e alcançar (TSA) proposto por Wells e Dillon [9] e análise da variação de ângulo com demarcação de dois pontos anatômicos (espinha ilíaca antero- superior e trocânter maior do fêmur); Figura 1 - Foto utilizada no TSA com demarcação de pontos anatô- micos para estudo do ângulo do quadril no teste de fl exibilidade. Quadro 1 - Pontos anatômicos demarcados. • Região Dorsal Vértex da cabeça, processo espinhoso da C7 (D e E), ângulo acromial da escápula (D e E), ângulo inferior da escápula (D e E), processo espinhoso da toráccica T12, espinha ilíaca an- tero-superior (D e E), trocânter maior do fêmur (D e E), prega poplítea (D e E), cabeça da fíbula (D e E), maléolo lateral (D e E) e inserção do tendão calcâneo (D e E). • Região Lateral Côndilo da mandíbula (E), ângulo superior lateral da escápu- la (E), espinha ilíaca antero-superior (E), trocânter maior do fêmur (E), cabeça da fíbula (E), maléolo lateral (E). (D) Direito (E) Esquerdo • Para realização dos testes utilizou-se uma sala localizada no ambulatório médico da própria empresa, onde forrou-se uma parede com um tecido preto para facilitar a aquisição das imagens e a captação dos pontos anatômicos, bem como, prendeu-se um fi o de prumo no teto da parede para obter o nivelamento entre o chão e o avaliado. • Com relação a vestimenta, os homens estavam de sunga e as mulheres de maiô para melhor identifi cação dos pontos anatômicos; • O instrumento de medida utilizado para medida da massa corporal e estatura foi uma balança com Toesa de marca Arja, com uma resolução de 100 gramas para o peso e de ½ centímetro para a estatura. • Para aquisição das imagens adotou-se uma câmera fotográ- fi ca digital Kodak Science modelo DC-40, com resolução de 756 pixels de largura por 504 de altura para o estudo da postura assumida pelos funcionários no atual posto de trabalho, captação de imagens da avaliação postural (po- sicionada a 2,67m do avaliado), de fl exibilidade no TSA e análise da posição sentada (posicionada a 2m do avaliado), onde para o nivelamento da câmera em relação ao chão utilizou-se um tri-pé marca Vanguard modelo VT 421; • Para o tratamento dos dados, análise das fotografi as (ima- gens), utilizou-se o programa Corel PHOTO-PAINT 10® que é um programa de edição de imagens baseadas em bitmap que permite tratar, analisar e criar imagens ou criar gráfi cos originais. Para que se pudesse obter a melhor visualização do ponto anatômico a ser analisado e calcula- do (ângulo), adotou-se como critério trabalhar com uma resolução de zoom de 1200%. 2ª Etapa (Intervenção) • Palestras de conscientização sobre ergonomia: postura, posição sentada e utilização do ambiente de trabalho; • Aplicação de 39 aulas (exercícios físicos) durante a jornada de trabalho (forma compensatória), realizado no auditório da própria empresa, três vezes por semana durante um período de 3 meses, onde cada aula tinha duração de 15 minutos e cada exercício físico tinha duração de 30 segun- dos visando aumento da mobilidade articular; c) força muscular - teste de preensão manual (dinamô- metro JAMAR); Figura 2 - Dinamômetro de preensão manual utilizado para o teste de força e a demostração do procedimento utilizado para a coleta de dados. d) postura corporal - avaliação dos possíveis desvios da postura corporal através do método Portland State Uni- versity (PSU) proposto por Althoff , Heyden e Robertson [10,11] - Anexo 1 - e demarcação de 21 pontos anatômicos para análise dos ângulos da postura corporal com auxílio da fotogametria digital. Figura 3 - Sujeito com seus respectivos pontos anatômicos demar- cados para análise da postura corporal por fotografi a. Fisiologia_v5n1.indb 44Fisiologia_v5n1.indb 44 22/11/2007 18:03:3422/11/2007 18:03:34 45Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 • A base da intervenção estava voltada para a melhora das seguintes variáveis corporais: a) força muscular – que é a capacidade de gerar tensão nos músculos esqueléticos num só esforço podendo ser exercida contra uma resistência, sem, contudo vencê-la ou ser vencida por ela, Monteiro [12], Nieman [13] e Santarém [14]; b) fl exibilidade – qualidade física responsável pela execução voluntária de movimentos de grande amplitude (movimentação articular), ou sob forças externas dentro dos limites morfológicos, sem o risco de pro- vocar lesão em torno das articulações, Nahas [15], Weineck [16], Dantas [17], Nieman [13] e Achour-Júnior [18]; e c) postura corporal – posição assumida pelo sujeito, quer seja por meio da ação integrada dos músculos operando para atuarem contra a força da gravidade, ou quando mantida durante inatividade muscular, pois elas são mantidas ou adaptadas como resultado de coordenação neuromuscular, com os músculos envolvidos sendo inervados através de um complicado mecanismo refl exo. Estímulos aferentes (exter- nos) surgem de várias fontes ao longo do corpo, incluindo articulações, ligamentos, músculos, pele, olhos e ouvidos; sendo conduzidos para o Sistema Nervoso Central (SNC) e neste nível coordenados. A resposta efetora (interna) é do tipo motor e os músculos antigravitacionais são os principais órgãos efetores, Oliver e Middleditch [19]. 3ª Etapa (Pós-teste) • Realização das mesmas medidas e mesmos testes efetuados anteriormente, sendo que após acrescentou uma avaliação qualitativa dos participantes do PEFE. Resultados e discussão No que se referiu aos mobiliários destes trabalhadores, 80% possuíam mobiliário com requisitos ergonômicos, ou seja, mesa com ajuste de altura, cadeira confortável, com apoio para os braços, apoio para os pés e para o teclado, proteção de tela e mouse-pad. Figura 4 - Foto do posto de trabalho utilizado por uma trabalhadora durante o desenvolvimento de sua atividade. Já quanto ao grau de aderência (freqüência) dos partici- pantes junto ao PEFE, houve uma participação satisfatória 60,89%, havendo algumas desistências a cada mês onde dos 25 trabalhadores que iniciaram o programa 16 fi nalizaram todas as etapas como pode ser visualizado na Tabela I: Tabela I - Freqüência de participação no PEFE. 1º Mês (%) 2º Mês (%) 3º Mês (%) Média 75,47 59,61 47,59 DP 13,83 15,77 19,30 Se comparado com outros estudos, isto refl ete a realidade dos PGL, pois em uma pesquisa realizada por Santos et al. [20] a adesão foi de 78%, Coimbra [21] conseguiu demonstrar que num período de três anos a média de participação foi de 70,5%, e num estudo desenvolvido por Martins e Waltortt [22] a participação de 28%. Portanto, pode-se afi rmar que nesta pesquisa, os principais fatores de não aderência total ao programa foram: a) falta de tempo por parte dos trabalhadores, em virtude de desenvol- verem atividades dentro e fora da empresa; b) difi culdade no encaixe dos horários para realização dos programas, bem como, avaliações, isto, devido ao acúmulo de atividades, ex- cesso de carga de trabalho e participação em cursos oferecidos pela empresa; c) desmotivação e desinteresse; d) doenças familiares; e) problemas de saúde (licenças médicas). Com relação aos efeitos físicos do PEFE, conseguiu-se observar os seguintes resultados: Tabela II - Resultado do PEFE durante os seis meses. Variáveis Corporais Pré-teste Pós-teste Média Melhora (%) IMC (kg/m2) 24,96 (± 2,65) 24,5Varis Corporais- trando que os EFsvo e que teve grande 7 (± 2,84) 24,77 (± 2,75) 1,56 Força (kg/f) 77,25 (± 23,79) 81,75 (± 26,24) 79,50 (± 25,02) 5,82 Flexibilidade (cm) 24,5 (± 7,25) 25,53 (± 7,99) 25,01 (± 7,62) 4,2 Postura (%) 81,08 (± 10,70) 84,83 (± 9,23) 82,95 (± 9,96) 4,62 Índice de massa corporal (IMC) No pré-teste o IMC apresentou o valor de 24,96 Kg/m2 (± 2,65) e no pós teste 24,57 Kg/m2 (± 2,84), onde a média entre os dois momentos, permaneceu entre 24,77 Kg/m2 (± 2,75) o que foi classifi cado como padrão normal, segundo classifi cação da WHO [8]. Com relação a atividades físicas, segundo afi rmações rece- bidas através da aplicação do questionário, eles responderam que praticavam de duas a três vezes por semana com uma duração mínima de 30 minutos. Fisiologia_v5n1.indb 45Fisiologia_v5n1.indb 45 22/11/2007 18:03:3422/11/2007 18:03:34 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200646 a concepção do treinamento físico (performance) e a melhora de força muscular em idosos (capacidade neuromuscular). Flexibilidade Para a fl exibilidade o valor do pré-teste foi de 24,5 cm (± 7,25) e para o pós-teste foi de 25,53 cm (± 7,99) onde a mé- dia nos dois momentos permaneceu abaixo do normal 25,01 cm (± 7,62) segundo a classifi cação da CSEP [27], indo ao encontro do estudo realizado Mendes et al. [23] onde neste teste os homens obtiveram uma média de 20,4 cm (± 9) e as mulheres 24,4 cm (± 11). Dezan et al. [24] através de uma pesquisa com 254 ho- mens portadores e não portadores de lombalgia, identifi cou que a média manteve-se abaixo dos padrões de normalidade para as diferentes faixas etárias: a) 27 a 40 anos assintomados 23,2 cm (± 9,5) e sintomados 17,6 cm (± 8,6) e b) 41 a 61 anos assintomados 19,2 cm (± 10,9) e sintomados 21,9 (± 10,8). Ribeiro-Júnior [28] em um trabalho com 263 homens praticantes e não praticantes de atividade física, conseguiu detectar que: os não-praticantes na faixa etária de 25 a 39 anos atingiram uma média de 20,92 cm (± 8,98), e os de 40 a 35 uma média de 19,23 cm (± 11,05). Já para os praticantes na faixa etária de 25 a 39 anos a média foi de 25,73 cm (± 9,5) e nos de 40 a 55 anos a média foi de 20,8 cm (± 8,87). Já Moraes e Moro [25] identifi caram que o valor médio da fl exibilidade em motoristas de ônibus foi de 20,73 cm (± 6,8) onde a maioria da amostra estava abaixo do considerado normal, o que para esta autora, pode vir a ser em decorrência aos hábitos de vida diários, da falta de atividade física, da amplitude reduzida, dos vícios posturais, do sobrepeso e da fl acidez abdominal, o que pode estar relacionado com as longas horas de permanência na posição sentada no ambiente de trabalho, bem como, o sedentarismo. Isto mostra que a falta de uma atividade física ou exercício físico e a permanência na posição sentada por longas horas difi culta a mobilidade articular e muscular das regiões que são exigidas neste teste. Postura corporal pelo método PSU Para a postura corporal, o valor do índice de correção postural (ICP) no pré-teste indicou um valor de 81,08% (± 10,70) e no pós-teste 84,83% (± 9,23) onde a média per- maneceu em 82,95% (± 9,96), ou seja, apresentaram de um modo geral uma boa postura. Com isso, pode-se afi rmar que esta pesquisa não difere dos estudos de Holderbaum, Candotti e Pressi [29] cujo es- tudo realizado com 19 funcionários de limpeza o percentual encontrado apontou que 100% destes apresentavam, pelo menos, um tipo de desvio postural e de Queiroga e Michels [30] que dos 150 motoristas de ônibus 61% relataram dor músculo-esquelética em alguma região, ou seja, 8% região Se comparado com outros estudos, estes valores não diferem muito do trabalho de Mendes et al. [23] frente a 386 trabalhadores de uma empresa estatal, onde a média do IMC para homens foi de 26,83 Kg/m2 (± 3,89), acima do valor normal e para mulheres 24,61 Kg/m2 (± 4,17) dentro da normalidade. Dezan et al. [24], que em uma pesquisa realizada com 254 homens portadores e não portadores de lombalgia, identifi cou uma média de IMC acima dos padrões de normalidade para as diferentes faixas etárias: a) 27 a 40 anos assintomados 27,1 Kg/m2 (± 4,3) e sintomados 26,9 Kg/m2 (± 3,8) e b) 41 a 61 anos assintomados 26,6 Kg/m2 (± 4,6) e sintomados 26,7 Kg/m2 (± 3,5). Moraes e Moro [25] frente a um trabalho realizado com 33 motoristas de ônibus, constatou que o valor médio do IMC foi de 25,4 Kg/m2 (± 3,5), e Souza et al. [26] que em um levantamento realizado com 30 participantes de um programa de atividades físicas para industriários comprovou que, antes do programa o IMC era de 32,5 Kg/m2 e após baixou para 21,8 Kg/m2. Mesmo sabendo que esta variável não foi trabalhada, ou seja, o condicionante aeróbico não foi contemplado devido ao tempo reduzido, notou-se que o PEFE não surtiu nenhum efeito sobre esta variável, mas conseguiu-se perceber que mesmo o exercício físico sendo orientado, o fator idade deve ser levado em consideração, assim como, o hábito alimentar ser controlado e modifi cado e a duração (15 minutos) ser aumentada, pois os valores numéricos evidenciaram muito bem esta cultura adotada pela maioria dos trabalhadores que tinham como costume: a) permanecer boa parte de seu expe- diente na posição sentada por uma longa jornada de trabalho, b) situações repetitivas e monótonas, o que favorece para o relaxamento da musculatura abdominal e dorsal da coluna, o aparecimento de dores ou até mesmo desconfortos nestas regiões e c) pelo fato de não possuírem um hábito regular de atividades físicas para poderem compensar o desgaste ou enfraquecimento destas musculaturas, demonstrando que, o auto-relato, nesta pesquisa, pode ser considerado como um falso indicador da prática de atividade física. Força muscular A força muscular no pré-teste apresentou um valor de 77,25 kg/f (± 23,79) e no pós-teste um valor de 81,75 kg/f (± 26,24), obtendo nos dois momentos uma média 79,50 kg/f (± 25,02), demonstrando que os trabalhadores estavam abaixo do padrão normal conforme classifi cação da Canadian Society for Exercise Phsysiology – CSEP [27]. Mediante este fato, nesta variável, fi cou difícil criar uma discussão acerca deste assunto em virtude de não existirem trabalhos com esta temática, ou seja, que enfatizava a força muscular como um componente de melhora da saúde do trabalhador visando a aptidão física (saúde), tendo em vista que, as pesquisas desenvolvidas até o momento abordam mais Fisiologia_v5n1.indb 46Fisiologia_v5n1.indb 46 22/11/2007 18:03:3422/11/2007 18:03:34 47Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 da cabeça, 1% região peitoral, 69% coluna vertebral, 6% membros superiores e 16% membros inferiores. Já Moraes e Moro [25] conseguiram comprovar que, a coluna vertebral foi a região que apresentou o maior percen- tual 81,7%, seguido da região do quadril 62,8% e região dos membros superiores 47,2%. Contudo, percebeu-se neste estudo que os trabalhadores apresentaram de um modo geral, uma boa postura nos dois momentos, onde a RCP foi a região que evidenciou maior incidência de desvio. Isto pode ser explicado, pelo fato destes permanecerem um bom tempo nesta posição (posição estáti- ca), do tempo de trabalho nesta empresa (20 anos), do tempo de atividade na função (13 anos), do número elevado de horas trabalhadas na frente do computador, aproximadamente (5 horas/dia) e, provavelmente, do monitor ser de baixa polegada para o desenvolvimento de suas atividades (14 polegadas), o que cria uma maior solicitação da acuidade visual, maior solicitação da musculatura desta região, da articulação dos ombros e, principalmente, da musculatura dorsal. Portanto, mesmo notando a boa postura dos trabalha- dores conforme o método, um fator que deve ser levado em consideração, é o percentual individual que cada um recebeu por região, pois se for analisado minuciosamente, um bom número está abaixo do escore diagnóstico máximo atribuído para cada região. Variação de ângulo no TSA Com relação a variação de ângulo para no TSA os valores apresentados foram os seguintes: Tabela III - Variação do ângulo do quadril no TSA (cm). Pré-teste Pós-teste AS (º) MR (º) Dif (º) AS (º) MR(º) Dif (º) Média 46,06 42,19 3,88 37,13 18,69 17,13 DP 15,46 15,37 2,22 10,51 11,91 7,93 AS – Altura Sentada; MR – Melhor Resultado; Dif – Diferença; (º) – Ân- gulo: * Menor ângulo; ** Maior ângulo Como se pode observar, no TSA com demarcação de pontos anatômicos, a média da altura sentada no pré-teste foi de 46,06º (± 15,46), onde o melhor resultado obteve uma média de 42,19º (± 15,37) com diferença de variação média entre 3,88º (± 2,22). Já no pós-teste, a média da altura sentada foi estimada em 37,13º (± 10,51), onde a média do melhor resultado foi 18,69º (± 11,91) com diferença de variação média entre 17,13º (± 7,93). Ou seja, houve uma excelente redução nos valores e, conseqüentemente, melhora de fl exibilidade neste teste. Isto pode ser explicado pela ênfase de exercício físico que foi aplicado nesta região e, consciência corporal adotada pelos participantes do programa durante o período de desenvolvi- mento do PEFE. Ângulos da postura corporal por fotogametria digital (posição dorsal) Como pode ser observado, nesta posição, cada região sofreu alguma alteração em relação ao trabalho que foi desen- volvido. Já outras regiões permaneceram na mesma situação ou até mesmo aumentaram seus ângulos. Tabela IV - Ângulos por região na posição dorsal em graus (º). Pré-teste Pós-teste Cabe- ça Om- bro Qua- dril Cabe- ça Om- bro Qua- dril Média 3,69 1,63 1,87 3,13 2,5 1,63 DP 1,62 1,78 1,25 2,58 1,26 1,71 (º) – Ângulo em graus; * Menor ângulo; ** Maior ângulo Na região da cabeça, percebeu-se que a média no pré-teste estava estipulada em 3,69º (± 1,62) e no pós-teste diminuiu para 3,13º (± 2,58). Na região do ombro a média no pré-teste apresentou uma diferença de valores, ou seja, de 1,63º (± 1,78) passou para 2,5º (± 1,26) no pós-teste. Já na região do quadril, a média fi cou estimada em 1,87º (± 1,25) no pré-teste e diminuiu para 1,63º (± 1,71) no pós-teste. Ângulos da postura corporal por fotogametria digital (posição lateral) O que se percebeu nesta posição foi um aumento de valores em (º) em cada região como pode ser visualizado abaixo: Tabela V - Ângulos por região na posição lateral (º). Pré-teste Pós-teste Cabeça Quadril Cabeça Quadril Média 30,50 4,81 32,88 7,75 DP 7,26 3,35 9,45 6,06 (º) – Ângulo em graus * Menor ângulo ** Maior ângulo Na região da cabeça a média fi cou estimada em 30,50º (± 7,26) no pré- teste e 32,88º (± 9,45) no pós-teste. Já na região do quadril, não foi diferente, pois a média fi cou esti- pulada em 4,81º (± 3,35) no pré-teste e passou para 7,75º (± 6,06) no pós-teste o que pode ser considerado como uma situação crítica. O que fi cou evidente neste método de avaliação por foto é que cada ponto anatômico deve estar muito bem demarcado, que cada região deva ser observada e calculada de maneira única e exclusiva para a obtenção de bons resultados no momento da análise, que o avaliado tenha real situação (es- clarecimento) do trabalho que está sendo desenvolvido com ele e, principalmente, que o avaliador tenha total domínio prático de anatomia humana, profi ssionalismo, conhecimento e experiência neste campo de atuação, relacionada ao contexto do trabalho. Fisiologia_v5n1.indb 47Fisiologia_v5n1.indb 47 22/11/2007 18:03:3422/11/2007 18:03:34 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200648 Em virtude de ser um novo método de avaliação da postura corporal, notou-se que este por sua vez, necessita de mais desenvolvimento para que se possa ter mais experiência na sua aplicação onde o ideal seria que esta avaliação fosse feita sem o uso de marcadores anatômicos. Contudo, conseguiu-se perceber também que os fatores que comprometem o diagnóstico clínico da postura corporal são: a) as diversas metodologias utilizadas para avaliação da postura corporal, b) a fi nalidade que é utilizada ex: diagnós- tico, padrões estéticos, etc. c) a falta de experiência de quem avalia e d) a falta de conhecimento sobre o assunto. Avaliação qualitativa do PEFE Nesta avaliação, fi cou evidente que no início do PEFE eles tinham insegurança, desconfi ança e desmotivação quanto ao sucesso do programa que estava sendo oferecido. Com isto, percebeu-se que estes fatores podem estar intimamente in- terligados com experiências negativas vivenciadas em outros programas realizados na empresa, bem como, falta de integra- ção com os participantes do programa e pressões internas. Já por outro lado, um ponto positivo que teve grande evidência foi a existência de uma melhora satisfatória quanto às res- postas de queixas músculo-esqueléticas e diminuição de idas ao ambulatório para a realização de massagens, tratamentos médicos (stress, depressão e ansiedade). Conclusão Do ponto de vista da ergonomia, viu-se nos diversos postos de trabalho inerentes a atividade laboral do grupo avaliado, que o mobiliário utilizado pelos trabalhadores pos- suíam requisitos ergonômicos preconizado pela literatura. O ambiente em geral era confortável e o posto de trabalho possuía componentes reguláveis. Da mesma forma, traba- lhavam cumprindo horários condizentes com a atividade de informática. Quanto ao grau de aderência houve uma participação satisfatória, onde todos os trabalhadores puderam participar conforme sua necessidade e tempo disponível. No que se referiu às condições físicas, um bom número de trabalhadores melhoraram suas aptidões físicas demons- trando que os exercícios físicos surtiram efeito. Neste estudo a força muscular obteve um aumento que apresentou maior percentual de melhora 5,82% perante as outras variáveis, seguida da postura corporal 4,62%, fl exibilidade 4,2% e IMC 1,56%. Também observou-se que em apenas seis meses de de- senvolvimento do PEFE, tanto as variáveis corporais como a percepção dos trabalhadores foram melhoradas, demonstran- do que, qualquer programa desenvolvido com trabalhadores com estes objetivos, os indicadores de melhoras físicas e/ou psicológicas sempre vão estar presentes. Agradecimentos Aos pesquisadores do Laboratório de Biomecânica (BIO- MEC/CDS/UFSC) pelo apoio no desenvolvimento desta pesquisa. Referências 1. Silva MAD. Exercício e qualidade de vida. In: Ghorayeb N, Barros-Neto TL. O exercício: preparação fi siológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. 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Posição Dorsal Posição Lateral Fisiologia_v5n1.indb 49Fisiologia_v5n1.indb 49 22/11/2007 18:03:3522/11/2007 18:03:35 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200650 Revisão Efeitos agudos da flexibilidade sobre a força muscular Acute effects of flexibility on muscle strength José Eduardo Lattari Rayol Prati*, Sergio Eduardo de Carvalho Machado** *Mestrando em ciência da Motricidade Humana - Laboratório de Biociências da Motricidade Humana - LABIMH – UCB/RJ, **Mestrando em Saúde Mental - Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora – IPUB/UFRJ Resumo O objetivo do presente estudo foi investigar na literatura a infl uência dos diferentes tipos de alongamento sobre a força mus- cular. Para a presente investigação foram selecionados 47 artigos específi cos sobre o referido assunto. Os resultados demonstram que os protocolos de alongamento estático e passivo e facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) apresentaram interferência negativa sobre a força em sua grande maioria, já os protocolos de alongamento dinâmico mostraram respostas positivas sobre a força. De acordo com a literatura revisada, sugere-se que o alongamento sendo realizado precedendo uma atividade de força muscular acarreta em queda da força, isso pode variar de acordo com a intensidade e volume imposto e também o protocolo utilizado. Palavras-chave: efeitos agudos, flexibilidade, força, desempenho. Abstract Th e aim of this study was to investigate in literature the infl u- ence of diff erent types on muscle strength. 47 articles related to this theme were selected. Th e results demonstrated that passive and static protocols and proprioceptive neuromuscular facilitation (PNF) showed negative interference on strength, on the other hand, the dynamic stretch protocol showed positive response on strength. According to the literature reviewed, it was suggested that stretch- ing when performed before muscle strength activity may cause a decrease on strength. It can vary according to intensity and volume and also protocol used. Key-words: acute effects, stretching, strength, performance. Recebido em 17 de novembro de 2005; aceito em 20 de julho de 2006. Endereço para correspondência: José Eduardo Lattari Rayol Prati, Rua Clementina, 45, 23040-020 Rio de Janeiro, RJ, Tel: (21) 9996- 8366, E-mail: eduardolattari@yahoo.com.br Introdução A prática universal de exercícios de fl exibilidade tem sido aceita com o objetivo de preparar o atleta ou o praticante de ati- vidade física para um melhor desempenho, durante a realização da atividade, e também para minimizar o risco de lesões [1]. Entretanto, existem evidências de que o alongamento agudo pode ser prejudicial para o desempenho da força. Avela et al. [2] e Fowles et al. [3] encontraram uma redução de 23,3% e 28%, respectivamente, no torque da força isomé- trica máxima de fl exão plantar sobre articulação do tornozelo após os fl exores plantares serem submetidos a exercícios de alongamento passivo. Algumas variáveis como o volume e a intensidade do treinamento, podem infl uenciar na geração direta de força muscular após alongamento passivo. Alongamentos mantidos em um mesmo ângulo por 45 segundos resultam em redução na tensão passiva (rigidez muscular) [4,5], e a intensidade imposta repetidamente pelo alongamento aumenta o com- primento muscular [6,7]. Fisiologia_v5n1.indb 50Fisiologia_v5n1.indb 50 22/11/2007 18:03:3522/11/2007 18:03:35 51Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 No estudo realizado por Shrier et al. [8], foi investigado se o alongamento proporciona melhorias no desempenho. Foram analisados 23 artigos, dos quais 22 deles indicaram que não houve nenhum benefício para a força isométrica, torque isocinético, e no salto em altura. No entanto, estudos recentes [9-18] vem sugerindo que o alongamento pré-exercício pode temporariamente compro- meter a habilidade de um músculo em produzir força. Duas hipóteses têm sido discutidas para tentar explicar o défi cit de força induzido pelo alongamento [2,3,19-21,11,16- 18]: 1) fatores mecânicos, como mudanças na rigidez mus- cular; e 2) fatores neuromusculares, como alterações nas estratégias de controle motor. Frente a estas possíveis evidências, o objetivo desse estudo foi revisar e analisar dados da literatura e apresentar evidências da infl uência dos diferentes tipos de alongamento sobre a força muscular. Métodos Foi realizada uma busca por artigos relacionados ao tema nas bases de dados Pubmed/Medline. Foram selecionados somente artigos em inglês, num total de 47, utilizando como key-words: acute eff ects, static stretching, dynamic stretching, ballistic stretching, propioceptive neuromuscular facilitation and strength. Não foram estabelecidos períodos específi cos de publicação nem restrições aos delineamentos metodológicos dos estudos. Alongamento estático O alongamento estático envolve a manutenção de uma posição por um determinado tempo que pode ou não ser repetida diversas vezes [22]. A relação entre o alongamento estático e as diferentes manifestações da força tem apresentado resultados adversos na maioria dos casos, provocando perda imediata da força muscular. Eurico et al. [23], em seu estudo sobre efeitos prévios do alongamento estático na força máxima no teste de 1 RM nos exercícios de supino e agachamento observou que após 3 séries x 15 segundos houve uma diminuição signifi cativa na produção de força máxima. Já o estudo de Wallmann et al. [24] demonstrou que a atividade elétrica no gastrocnêmio era aumentada, após o alongamento estático, após 3 séries de 30 segundo, porém apresentou uma queda na altura do salto vertical. Além disso, diversos estudos têm examinado os efeitos do alongamento estático na força isométrica máxima [2,3,20,25], concêntrica e no pico de torque isocinético [26], mostrando que o alongamento pré-exercício reduz tanto a força isomé- trica [2,3,20,27] quanto a dinâmica [21,18,27,28]. Church et al. [29] mostraram que rotinas de alongamento estático interferiram negativamente sobre o desempenho no salto vertical. Semelhantes são os achados de Young e Elliot [18] que após 3 séries x 15 segundos e 20 segundos de inter- valo observaram um fraco desempenho no salto em profun- didade após rotinas de alongamento estático, o mesmo não ocorrendo na contração voluntária máxima. Entretanto, essa queda de produção do pico torque da força pode diferenciar-se de acordo com a fase do movimento realizado. Corroborando com os achados anteriores, Cramer et.al. [30] examinaram os efeitos agudos do alongamento estático no pico de torque (pico) e ângulo do pico durante ações voluntárias máximas isocinética excêntricas do músculo extensores do pé em 60 e 180º s com alongamento (nos membros dominantes) e sem alongamento (não dominantes) em 13 mulheres. O proto- colo utilizado foi de 1 alongamento não assistido e 3 não assistidos. Tais resultados mostraram que não houve diferença signifi cativa em pré e pós-alongamento na força isocinética excêntrica máxima nos membros com e sem alongamento, sugerindo que os resultados podem ser alterados pelo tipo de ação muscular. Segundo Unick [31], foi verifi cado que após um protocolo de 4 diferentes alongamentos em 3 séries x 15 repetições e 20 segundos de intervalo, a potência muscular não foi prejudi- cada após 15 e 30 minutos, apresentando um alto coefi ciente de correlação intra-classe de (>0,9) e (>0,9) respectivamente para testes de salto. Até mesmo no esporte, em especial no tênis, Knudson et al. [32] verifi caram que após a realização de um protocolo de 7 exercícios x 15 segundos tanto para membros superiores quanto para membros inferiores, esse tipo de alongamento não prejudicou o desempenho no saque. Já Power et al. [33] mostraram que o alongamento estático diminuiu a contração voluntária máxima do quadríceps, porém a eletromiografi a e o salto vertical não tiveram mudanças signifi cativas. Como a perda signifi cativa ocorreu na contração voluntária máxima imagina-se que a causa seja de caráter misto entre fatores mecânicos e neurológicos. Alongamento passivo Este consiste num alongamento realizado estaticamente, porém o trabalho de alongamento passivo envolve o uso da força externa aplicada por outra pessoa ou algum tipo de implemento, para movimentar um segmento corporal até o fi nal da amplitude de movimento [34]. Assim como o alongamento estático, este também vem apresentando queda imediata na força. Em estudo realizado Lattar et al. [35], verifi cou-se que a execução prévia de exercícios de alongamento passivo atra- vés de um protocolo de 3 séries X 10 segundos, houve uma diminuição da força máxima acarretando numa queda de rendimento no número de repetições máximas realizadas. Tal técnica de alongamento mostrou-se também inefi caz quando realizada previamente ao treinamento de sprint, re- sultando em queda de desempenho [36]. Além disso, outros estudos vêm indicando que a diminuição na ativação mus- Fisiologia_v5n1.indb 51Fisiologia_v5n1.indb 51 22/11/2007 18:03:3522/11/2007 18:03:35 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200652 cular pode parcialmente registrar a queda na força como um resultado da aplicação do alongamento passivo nos músculos quadríceps femoral [20] e tríceps sural [2,3]. O estudo realizado por Galdino et al. [9] mostrou que após a realização de uma rotina de exercícios de fl exiona- mento passivo com um protocolo de 3 séries x 10 segundos e 5 segundos de intervalo resultou em uma diminuição de 7,07% no valor médio entre o primeiro e segundo salto, sendo esta diferença diminuída para 4,42% entre o 1º e o 3º salto, passando para 5,89% no 4º salto e para 4,71% no 5º salto, todos apresentando diferença signifi cativa. Porém Knudson et al. [11] mostraram em seu estudo que, após um protocolo de 3 séries x 15 segundos, não houve nenhuma mudança signifi cativa na velocidade vertical do salto ou nas durações das fases excêntricas e concêntricas em conseqüência do alongamento. Apesar de que 55% dos sujeitos obtiveram velocidades verticais mais baixas (27.5%) após alongamento, 45% dos sujeitos não tiveram nenhuma mudança (10%) em velocidades verticais mais altas (35%) após o alongamento, sugerindo que realizar alongamentos antes de atividades como o salto vertical resulta em dimi- nuições pequenas no desempenho em alguns sujeitos. Para o autor, essas mudanças sugerem que a inibição neuromuscular pode ser o melhor mecanismo da perda do que mudanças na rigidez do músculo. Yamaguchi e Ishi [37] demonstraram em seu estudo que após 4 séries x 30 segundos e 20 segundos de intervalo, o tra- balho de alongamento passivo resultou numa queda no pico da potência, pico da velocidade, queda na velocidade do pico de potência, aumento no tempo do pico torque realizado sob diferentes condições de carga, sendo a 5%, 30% e 60% da contração isométrica voluntária máxima (CIVM). Todos esses achados foram verifi cados com contrações dinâmicas de resis- tência externa constante em exercícios de extensões de perna. O autor sugere que o alongamento relativamente extensivo (4 x 30 segundos) resulta na perda da potência muscular. Alongamento balístico (dinâmico) O alongamento balístico está, geralmente, associado com movimentos de balançar, saltar, ricochetear e movimentos rítmicos [22]. Também denominado como dinâmico é ex- presso pela máxima amplitude de movimentos obtidos pelos músculos motores do mesmo, volitivamente, de forma rápida [38]. Tal método, ao contrário dos anteriores vem apresen- tando aumento de performance na força. Parece que dentre as diferentes técnicas de alongamento, o alongamento dinâmico seja o único que não apresente resultados adversos sobre a força muscular. Yamaguchi e Ishi mostraram que 1 série x 30 segundos poderia até mesmo pro- mover melhorias sobre a força [39]. Nesse estudo a potência na extensão de joelho melhorou signifi cativamente. Unick et al. [31] corroborando com estudo acima mostrou que após um protocolo de 4 diferentes alongamentos em 3 séries x 15 repetições e 20 segundos de intervalo, a potência não era afetada 15 e 30 minutos após rotina de alongamento balístico em mulheres treinadas. Já o estudo de Fletcher [36] mostrou que o desempenho do sprint da corrida foi melhor sob condições de aplicação do alongamento dinâmico. O autor sugere que para a maioria dos esportes que necessitam e otimizam desempenho no sprint sobre uma distância relativamente curta, um alongamento dinâmico (particularmente exercícios dinâmicos ativos, imi- tando aspectos específi cos do ciclo do sprint) é aconselhável ao invés de alongamentos estáticos. O alongamento dinâmico pode ser uma técnica efi caz para melhorar o desempenho dos esportes durante o aquecimento antes das atividades de potência [37]. Em atividades despor- tivas, como o basquete, somente a rotina de alongamentos balísticos demonstrou resultados positivos no salto vertical [40], o mesmo não ocorrendo com diferentes rotinas de aquecimento. Até mesmo quando realizado com crianças, os exercício de caráter dinâmico obteve resultados melhores no salto vertical comparado com protocolos de alongamento estático [41]. Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) A facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) pode ser defi nida como um método de promover ou acelerar o mecanismo neuromuscular através da estimulação dos pro- prioceptores [22]. Este método utiliza a infl uencia recíproca entre o fuso muscular e o Órgão Tendinoso de Golgi de um músculo entre si e com os do músculo antagonistas, para obter maiores amplitudes de movimento [38]. Não muito diferente das técnicas de alongamentos estáticos e passivos, a técnica de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) tende a apresentar resultados negativos sobre as diferentes manifestações da força muscular. Church et al. [29] verifi caram que quando realizado um protocolo de 3 séries x 10 segundos de isometria e estira- mento passivo até o ponto de tensão (contraí relaxa agonista contraí), ocorreu uma queda no desempenho no salto vertical. Entretanto, os autores consideram que determinadas rotinas de aquecimento como a FNP deve ser evitada em movimentos que requerem grande geração de potência, tais como sprint e saltos, minimizando a quantidade de alongamento executada antes da atividade. Marek [42] mostrou que esta após a realização de um protocolo de 4 x 5 segundos de isometria máxima 30 segundos de manutenção e 20 segundos de intervalo, a técnica reduzia signifi cativamente o pico de torque, a potência e a eletromio- grafi a (EMG) em exercício isocinético de extensão de joelho a 60º e 300º s¹. O autor considera que a proporção do efeito correspondente as mudanças induzidas pelo alongamento foram pequenas, sugerindo a necessidade de considerar-se uma relação de risco-benefício ao incorporar as técnicas de FNP ao exercício. Fisiologia_v5n1.indb 52Fisiologia_v5n1.indb 52 22/11/2007 18:03:3622/11/2007 18:03:36 53Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Entretanto, em um trabalho realizado por Young e Elliot [18], verifi cou-se que após a realização de um protocolo de 3 séries x 5 segundos de contração isométrica, 15 segundos de alongamento com 20 segundos de intervalo, a FNP não afetou negativamente o desempenho no salto em profundidade e na contração voluntária máxima. Corroborando com estudo acima, Simão et al. [43] em sua pesquisa observou também que a FNP precedendo o exercício de supino não acarretou em perdas signifi cativas sobre a força muscular. Porém, o in- tervalo de descanso de 1 minuto para executar o teste de 1RM no supino possa ter sido um fator importante para não haver mudanças signifi cativas sobre a força. Além disso, segundo o autor a ausência de modifi cações signifi cativas nas cargas máximas poderia, igualmente, estar associada ao incremento das cargas, talvez demasiadamente elevado (5Kg), diminuindo o poder discricionário das medidas. Talvez as combinações neuromusculares e armazenamento de energia elástica possam explicar até mesmo possíveis ganhos de força [44]. Possíveis causas da perda da força muscular Dentre os motivos apresentados em vários estudos, as prin- cipais causas são atribuídas a fatores neurais e mecânicos. a) Fatores mecânicos que interferem na força Evidências atuais indicam que, as diminuições da força se dão pelas mudanças relacionadas às propriedades mecânicas do músculo, tais como uma relação alterada do comprimen- to-tensão [19]. Algumas variáveis como o volume e a intensidade do treinamento, podem infl uenciar na geração direta de força muscular após alongamento. Alongamentos mantidos em um mesmo ângulo por 45 segundos resultam em redução na tensão passiva (rigidez muscular) [4-6], e a intensidade imposta repetidamente pelo alongamento aumenta o com- primento muscular [6,7]. A rigidez muscular reduzida pode afetar o comprimento das fi bras musculares solicitadas e moldadas, devido a estas necessitarem de um grande tempo para encurtarem-se nos elementos em série [45], e aumentar o comprimento muscular pode alterar o fi no equilíbrio das propriedades musculares e a cinemática articular que combina com a produção de força em um dado ângulo articular [46]. Segundo Yamaguchi e Ishi [37] um alongamento induzido contribui para uma mudança mecânica prejudicando na potência muscular. b) Fatores neurais que interferem na força O fator neural possui grande contribuição nos ganhos de fl exibilidade. Isso porque em condição aguda diminui a excitabilidade espinal reduzindo a tensão passiva sobre o músculo e em condições temporárias (crônicas) diminuindo a atividade refl exa tônica [47]. Assim, alguns estudos atribuem que a perda da força ocorre devido a uma inibição neural [20,48,49], complacência aumentada da propriedade músculo-tendinosa que conduz a uma taxa reduzida da transmissão da força do músculo ao sistema esquelético [50,21,25,26]. Os decréscimos da força são mais afetados pela inibição do músculo do que pelas mudanças na elasticidade do músculo [20]. Porém, em um estudo realizado por Wallmann et al. [24], foi demonstrado que após a realização de alongamentos estáticos a atividade eletromiografi ca de superfície era aumentada no músculo gas- trocnêmio, mesmo havendo queda na altura do salto vertical. O autor atribui que talvez este aumento na atividade elétrica no músculo compensou uma diminuição na rigidez do mús- culo. Nossa ciência ainda carece de maiores informações sobre os reais motivos da perda de força aguda sendo provocadas pela utilização de exercícios de alongamento. Segundo Schilling e Stone [51] as informações apresentadas sob os efeitos agudos do alongamento no desempenho muscular deixam ainda muitas perguntas não respondidas, especialmente do ponto de vista da força e potência no esporte. Conclusão Sugere-se que os exercícios de alongamento precedendo os de força podem resultar em respostas negativas sobre a força dependendo do protocolo utilizado, de seu volume e sua intensidade. Sobre a aplicação de alongamentos precedendo o treinamento de força, cabe aos profi ssionais considerar a re- lação custo-benefício do exercício. Já a realização de exercícios de alongamento que impliquem fortes estiramentos muscu- lares, após o treinamento de força, devem ser evitados, pois haverá um grande risco de lesões nas fi bras musculares [52]. Referências 1. 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Fisiologia_v5n1.indb 55Fisiologia_v5n1.indb 55 22/11/2007 18:03:3622/11/2007 18:03:36 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200656 Revisão As relações dos hormônios testosterona e cortisol com o exercício físico The relationship of testosterone and cortisol hormones with the physical exercise Marcelo Rangel de Araújo Graduado bacharel em ciência do esporte - Universidade Estadual de Londrina (U.E.L.), Especialista em treinamento esportivo - Universidade Gama Filho (U.G.F.) Resumo A intenção deste trabalho é rever as relações do exercício físico, aeróbio e de força, perante as concentrações hormonais de tes- tosterona e cortisol, aguda e cronicamente e, além disso, verifi car outros fatores não menos importantes como o ritmo circadiano a alimentação e a idade em função das concentrações hormonais e os exercícios físicos, não deixando para trás é claro suas funções fi sio- lógicas. Apesar das diversas controversas encontradas no presente estudo, as atividades periodizadas e de alta intensidade parecem estimular maiores liberações de testosterona e pouca liberação de cortisol, conseqüentemente potencializando os níveis de força e hi- pertrofi a muscular. Todavia novos estudos devem ser realizados com delineamentos mais adequados respeitando as diversas interações que envolvem o treinamento físico. Palavras-chave: testosterona, cortisol, exercícios físicos. Abstract Th e aim of this work is to review the relationship of physical exercise, aerobic and resistance, in the presence of testosterone and cortisol concentration and, in addition, to verify other factors also important such as circadian rhythm, feeding and age in function of hormonal concentration and physical exercises as well as physiologi- cal functions. Although fi ndings remain controversial in this study, high intensity and periodic training seem to stimulate liberation of high testosterone levels and low cortisol levels, improving strength and muscle hypertrophy. New studies should be carried out with adequate methods for preserving diff erent interactions that involve the physical training. Key-words: testosterone, cortisol, physical exercises. Recebido em 12 de julho de 2006; aceito em 18 de novembro de 2006. Endereço para correspondência: Marcelo Rangel de Araújo, Rua Garibaldi 148, 101, 20511-330, Rio de Janeiro, RJ, E-mail: marcelora@pop.com.br Introdução Biossíntese e regulação da testosterona A testosterona é o principal hormônio sexual masculino. Quando suas concentrações circulantes estão baixas no orga- nismo, o hipotálamo promove a liberação do fator liberador da gonadotropina (GnRF). O GnRF estimula a liberação do hor- mônio luteinizante (LH), que por sua vez, estimula as células de Leydig nos testículos a produzir e liberar testosterona [1]. Uma pequena quantidade de testosterona é secretada também pelas glândulas supra-renais. A concentração plasmática de testosterona varia de 300 a 1.000ng/dl e a taxa de produção diária de 2,5 a 11mg [2]. Nas mulheres esse hormônio tam- bém é produzido pelas glândulas supra-renais e ovários, porém em menor quantidades 0,25 a 1mg/dia [3]. Fisiologia_v5n1.indb 56Fisiologia_v5n1.indb 56 22/11/2007 18:03:3622/11/2007 18:03:36 57Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Funções fisiológicas Suas funções são basicamente duas, denominadas anabólicas e androgênica. Pela função anabólica ele atua principalmente sobre as zonas de crescimento dos ossos e músculos, além de infl uenciar o desenvolvimento de praticamente todos os órgãos do corpo humano. Pelo lado androgênico, ele é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais masculinas (órgãos sexuais, produção de espermatozóide, barba, etc) [3]. Biossíntese e regulação do cortisol O cortisol é o hormônio mais importante dos chamados glicocorticóides, ele é secretado a partir de um estímulo estressante (atividade física ou contusão em alguma parte do corpo) que transmite impulsos nervosos ao hipotálamo no qual libera o fator liberador de corticotropina (FLC) que chega a hipófi se anterior onde suas células secretam hormônio adrenocorticotrópico que fl ui pelo sangue até o córtex supra- renal onde será produzido o cortisol [4]. Funções fisiológicas O hormônio cortisol é conhecido pela sua função catabóli- ca, ele exerce um papel importante no equilíbrio eletrolítico e no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos e possui um potente efeito antiinfl amatório [4]. Relações hormonais perante a idade A testosterona parece não estar sujeito a sofrer mudanças em sua concentração basal, até aproximadamente os 10 anos de idade, em que sua concentração se encontra por volta de 0,3(nmol/L), Já no começo da puberdade próximo aos 13 anos de idade, a testos- terona tem um aumento signifi cativo chegando a valores médios de 3,16(nmol/L), e na puberdade propriamente dita, entre 13 e 14 anos a concentração de testosterona alcança valores médios de 12(nmol/L) [5]. Aos 14 anos de idade os garotos apresentam valores de cortisol e testosterona iguais a homens adultos saudáveis [6]. Com o envelhecimento, ocorre uma diminuição nas concen- trações isoladas de testosterona livre e total. Após ]os 50 anos, a concentração sérica de testosterona apresenta diminuição de 1%ao ano [7]. Por outro lado, os níveis de cortisol tende a aumentar com o envelhecimento de mulheres, mas não necessariamente de homens, aumentando também o catabolismo muscular [8]. A redução nos níveis de testosterona livre e total está di- retamente relacionada ao hipogonadismo, em homens com idade superior aos 50 anos [9]. Comportamento dos hormônios perante o exer- cício físico e a alimentação A alimentação associada ao treinamento de força parece promover mudanças nas concentrações hormonais. Kra- emer et al. [10] verifi caram que com a suplementação de carboidrato e proteína duas horas antes e imediatamente após o exercício favorecem a redução dos níveis de cortisol e testosterona sanguíneo após aproximadamente 15 minutos ao fi nal do treinamento. Por outro lado, os níveis de insulina aumentam consideravelmente após este período. Da mesma forma, Bloomer et al. [11] verifi caram esta mesma relação da insulina com a testosterona, quando os grupos ingeriram uma refeição completa (carboidrato, gordura e proteína) ou somente uma bebida rica em carboidratos, ou somente uma suplementação constituída de proteína e carboidrato, imediatamente, 2 e 4 horas após a sessão de treinamento. O grupo que não ingeriu nenhum tipo de alimento manteve os níveis de testosterona altos, proporcionando uma ótima relação testosterona/cortisol. Apesar do pequeno número de estudos revisados, esses dois hormônios (insulina e testosterona) parece agirem in- versamente, pois quando um hormônio está em pico o outro está em baixa concentração na corrente sanguínea. Portanto, nestas condições, a presença da insulina parece ter maior importância para o anabolismo muscular, pois assim como a testosterona a insulina também é um hormônio anabólico e, além disso, a síntese muscular só ocorre perante a presença de açucares e principalmente de proteínas. Uma estratégia bastante interessante para controlar os níveis de cortisol em baixas concentrações durante o estado de repouso por até 24 horas após exercício de força, parece ser a suplementação de acido ascórbico (1000mg) antes do treinamento. Conseqüentemente proporcionando uma dimi- nuição do catabolismo protéico em repouso. Relações hormonais perante o exercício físico e o ritmo circadiano As concentrações sanguíneas de testosterona podem sofrer grandes alterações durante as horas do dia, como mostra a maioria dos estudos revisados por [12,10]. As concentrações sanguíneas de testosterona têm seu pico por volta de 6:00h as 8:00h da manhã e sofre um declínio de até 35% durante o dia, antes de começar a aumentar nova- mente pelo meio da noite [13]. Porém, um treinamento de força intenso, realizado pelo fi nal da tarde parece diminuir os níveis de (LH) em até 24% durante o período da noite, conseqüentemente diminuindo a produção de testosterona livre e total durante esse período [14]. Assim como a testosterona, o cortisol também parece se alterar durante as horas do dia, apresentando seu pico pelas primeiras horas da manhã. Logo ao despertar seus níveis vão declinando progressivamente ao longo do dia, fi cando bastante baixos durante a noite [15]. Um estudo realizado com sessões de treinamento de força, pelo período da manhã, demonstrou queda signifi cativa na concentração dos níveis de testosterona após os exercícios, mas quando os mesmos atletas realizaram o mesmo treinamento Fisiologia_v5n1.indb 57Fisiologia_v5n1.indb 57 22/11/2007 18:03:3722/11/2007 18:03:37 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200658 no período da tarde, as concentrações nos níveis de testos- terona aumentaram signifi cativamente [13]. Por outro lado, as menores concentrações alcançadas de cortisol, após uma sessão de exercícios de força, foram por volta das 17:00 horas, comparado com outros dois horários distintos de treinamento (7:00 e 24:00horas) [15]. Desta forma pressupõe-se que o melhor horário para o treinamento de força seja pelo fi nal da tarde e inicio da noi- te, onde os níveis de cortisol aumentam em menor grau e a testosterona em maior grau, proporcionando um bom estado para o anabolismo muscular . Porém, independentemente do ritmo circadiano dos hormônios testosterona e cortisol, Souissi et al. [16] destaca em seu estudo que os melhores resultados encontrados para a potência anaeróbia e picos de força máxima estão diretamente relacionados ao horário de treino com o horário de avaliação (testes) da capacidade física treinada. Se o treinamento é feito no período da manhã os resultados das avaliações (testes) serão melhores apresentados no período da manhã, quando comparados com avaliações realizadas pelo período da tarde, e vice-versa. Por esse motivo os atletas ou preparadores físicos devem planejar o treinamento de acordo com o horário de competição. Repostas hormonais agudas ao exercício aeróbio As respostas hormonais imediatamente após os exercícios aeróbicos podem variar de acordo com o grau de treinamento dos indivíduos, da intensidade, e principalmente da duração do exer- cício. Jürimäe et al [17] não verifi caram mudanças signifi cativas nos níveis de testosterona e cortisol em remadores profi ssionais, após remarem, a 77% do limiar anaeróbio, por aproximadamente 2 horas. Por outro lado, corredores de elite acostumados a correr 70km por semana mostraram signifi cativas reduções nos níveis de testosterona e testosterona livre após um teste aeróbio pro- gressivo até o limiar anaeróbio, quando comparado a indivíduos não treinados submetidos ao mesmo teste [18]. Entretanto, os níveis de cortisol tendem a sofrer maiores aumentos em homens não treinados quando comparados a corredores. Além disso, a dissipação do cortisol ocorre mais lentamente nos indivíduos não treinados, após o exercício [19]. Segundo Jacks et al. os níveis de cortisol, verifi cado através da saliva só aumentam signifi cativamente após 59 minutos de atividade aeróbia em bicicleta ergométrica, apenas com intensidades altas (76% do pico de VO2). Em indivíduos não treinados a testosterona pode sofrer au- mentos signifi cativos com apenas 15 a 20 minutos de exercício aeróbio moderado [20]. Assim como os não treinados, homens previamente treinados acostumados a correr 16km por semana, tendem a sofrer aumentos signifi cativos nos níveis de testos- terona imediatamente após 30 minutos de corrida a 80% do VO2máx [21]. Da mesma forma Cositt at al. [22] verifi caram, em mulheres previamente treinadas, aumentos signifi cativos de testosterona, mas não de cortisol, após 40 minutos de corrida a 75% da freqüência cardíaca máxima, porém não houve mudanças signifi cativas de testosterona e cortisol quando as mesmas foram submetidas a treinamento de força. Apesar dos diferentes resultados encontrados, certamente pelos diferentes protocolos utilizados em cada um dos estudos, os aumentos tanto de testosterona quanto de cortisol parecem ser mais evidentes em indivíduos não treinados ou previamente treinados, principalmente quando o esforço for intenso. Respostas hormonais crônicas ao exercício aeróbio Chatard et al. [23] analisou as concentrações basais de cortisol e DHEA antes de cada uma das 68 competições de uma ”temporada”, durante 37semanas de treinamento de natação, constatando um aumento nos níveis de cortisol, mas não de DHEA conforme progredia o volume de treinamento, porém os níveis de cortisol não declinaram na fase de baixo volume (polimento). Para manter os níveis basais de cortisol reduzido durante uma temporada de natação, Filho et al. [24] utilizaram uma técnica de relaxamento progressivo, duas vezes na semana em sessões de 20 a 30 minutos. Os resultados foram bem signifi cativos quando comparado ao grupo controle. Segundo Mcardle et al. [20] atletas profi ssionais que cor- rem em média 64km semanais apresentam reduzidos níveis de testosterona em repouso, quando comparados a homens não corredores da mesma faixa etária. Por outro lado, com- parações feitas com corredores de altíssimo volume semanal (94km), alto volume semanal (80km) e não corredores todos com a mesma faixa etária, não demonstraram diferenças signifi cativas nos níveis de testosterona total e testosterona livre em repouso. Da mesma forma, Kraemer et al. [25] não encontraram mudanças signifi cativas na concentração de testosterona após 12 semanas de treinamento aeróbio, mas a concentração de cortisol aumentou signifi cativamente após a quarta semana, declinando após a oitava semana e voltando a aumentar após a décima segunda semana. Porém, um estímulo de alta intensidade e alto volume parece reduzir os níveis basais de testosterona e cortisol. É o que demonstrou o estudo de Garcia et al. [26] realizado após 3 semanas de competição de ciclismo onde foi percorrido um total de 3781km. Embora existam controvérsias entre os estudos, o que parece evidente é que os níveis basais de testosterona não tendem a aumentar em repouso com o treinamento aeróbio em longo prazo. Já os níveis basais de cortisol tendem a oscilar mais em respostas agudas ao treinamento aeróbio, ora estando em altas concentrações ora em baixa. Respostas hormonais agudas ao treinamento de força Uma única sessão de exercícios de força tem demonstrado signifi cativos aumentos na concentração de testosterona e cortisol após uma sessão de treinamento para homens [27,28, 10,29] e mulheres [27,30]. Fisiologia_v5n1.indb 58Fisiologia_v5n1.indb 58 22/11/2007 18:03:3722/11/2007 18:03:37 59Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Segundo Hanson et al. [31] os aumentos agudos de testos- terona proporcionados pelo treinamento de força, apresentam fortes correlações com o aumento da força isométrica, mas não da força máxima. Os níveis de testosterona parecem ser potencializados com métodos de cargas máximas (90 a 100% de 1RM), envolvendo grandes grupamentos musculares e longos períodos de descanso (3 min) entre as séries [32-34]. Assim como a testosterona, os níveis de cortisol são potencializados com cargas sub-máximas (60% a75% de 1RM) e períodos curtos de descansos (1min) [35,34]. O número de séries, assim como o número de repetições empregado dentro de uma sessão de treinamento, parece exercer maior infl uência sobre as concentrações sanguíneas de cortisol a de testosterona, pois quanto maior o número de séries e repeti- ções, maiores quantidades de cortisol será produzido pelo orga- nismo sendo que os níveis de testosterona pouco se alteram em relação ao número de séries e repetições [35]. Da mesma forma Ostrowski et al. [36] relatam que um grande número de séries (12 séries: 4séries de supino reto, 4séries de supino declinado e 4 séries de supino inclinado) para o mesmo grupo muscular, dentro de uma mesma sessão de treinamento, pode proporcionar uma troca na relação testosterona/cortisol. Por outro lado, apenas 1 série por grupamento muscular não é tão efi ciente quanto 3 séries, para estimular o aumento da relação testosterona/cortisol, imediatamente após a sessão de treinamento [28]. Um treinamento de volume balanceado com alta intensi- dade parece ser a melhor estratégia para potencializar os níveis de testosterona e possivelmente diminuir os níveis de cortisol, imediatamente após o exercício. Porém, Fry et al. [37] não descartam a importância do alto volume de treinamento no inicio da preparação, tanto para atletas iniciantes como para atletas experientes. Em contradição, existem estudos na literatura no qual o treinamento de força não proporcionou mudanças na con- centração de testosterona após a sessão de treino tanto em homens [33,14] como em mulheres [38,34]. Os resultados parecem ser confl itantes, pois os estudos apresentam diferentes metodologias principalmente envolven- do diferentes intensidades, que na maioria dos estudos não são máximas, possivelmente não proporcionando mudanças signifi cativas nos níveis hormonais. Além disso, deve ser levada em consideração a variação fi siológica relativa à dieta, ritmos biológicos, estresse, doenças não endócrinas, problemas de co- leta de amostras e interferências metodológicas que podem ser de várias origens e incluem anticorpos heterófi los, anticorpos endógenos anti-hormonais, entre outros [39]. Respostas hormonais crônicas ao treinamento de força Pesquisas vêem demonstrando que os níveis basais de testosterona e cortisol parecem não se alterar em homens jovens com pouca experiência com treinamento de força [27,20,40,31], homens idosos [41] e mulheres idosas [42,43]. Por outro lado, alguns estudos têm demonstrado um fator favorável para o anabolismo muscular mesmo sem ocorrer aumentos nos níveis basais de testosterona, através da queda nos níveis basais de cortisol sanguíneo em homens jovens [28] idosos [44,45] e mulheres jovens [38], após a aderência ao treinamento de força de no mínimo 8 semanas. Embora Kraemer et al. [25] não tenham encontrado mu- danças nos níveis basais de testosterona com um treinamento de força, ocorreram acréscimos signifi cativos de testosterona com treinamento aeróbio associado com de força após 12 semanas, mas negativamente o cortisol também teve um grande acréscimo. Porém, Kraemer et al. [45] verifi caram que 10 semanas de treinamento de força parece proporcionar aumentos basais sig- nifi cativos de testosterona livre para homens de meia idade, com pouca experiência em treinamento de força, havendo também um pequeno decréscimo de cortisol. Da mesma forma, em outro artigo, os investigadores encontraram aumentos signifi cativos de testosterona após 12 semanas de treinamento de força, usando um programa em circuito de baixo volume e um outro periodizado de alto volume, sendo que os níveis de testosterona continuaram a aumentar por mais 12 semanas, apenas para o grupo periodizado (Fig 1), sendo que no grupo circuito os níveis de cortisol não se alteraram em nenhum momento e no grupo periodizado teve um decréscimo progressivo de cortisol durante as 24 semanas (Fig.2), proporcionando uma ótima relação testosterona/cortisol. Figura 1 - Concentrações basais de testosterona durante 24 semanas de treinamento de força. Controle Circuito Periodizado Pré-Treino. 12 semanas. 24 semanas. Figura 2- Efeitos do treinamento circuito e periodizado, nas concentrações basais de testosterona em mulheres jovens.*P<0,05 corresponde ao pré-treino. #P<0,05corresponde a 12semanas. @ P<0,05 corresponde à diferença entre os grupos. Adaptado de (MARX, et.al. 2001). Controle Circuito Periodizado Pré-Treino. 12 semanas. 24 semanas. Fisiologia_v5n1.indb 59Fisiologia_v5n1.indb 59 22/11/2007 18:03:3722/11/2007 18:03:37 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200660 2. Silva PRP, Danielski R, Czepielewski MA. Esteróides anabolizan- tes no esporte. Rev Bras Med Esporte 2002;8(6): 235-243. 3. Pagnani A, Oliveira O, Santoja R. Associação brasileira de estudo e combate do doping. Manual prático de controle antidoping e alternativa natural. 2a ed.;2002. 4. Gayton AC. Fisiologia humana. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guana- bara Koogan; 1988. 5. 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E surpreendentemente os níveis de testosterona alcançados não diminuíram com mais 2 meses de destreino, quando comparado ao grupo controle. Segundo Fry at al. [37] duas semanas de treinamento de alta intensidade (100% de 1RM) realizado por 6 dias na semana não alteram os níveis basais de testosterona proporcionando aumentos apenas imediatamente após o treino, mas esse tipo de treinamento proporcionou uma intensidade de 11% da força máxima caracterizando overtraining. Por este motivo, Bompa [47] limita o treinamento de força máxima em 3 sessões sema- nais, por no máximo nove semanas consecutivas e com poucas sessões diárias de treinamento de força máxima, admitindo desta forma signifi cativos aumentos na produção natural de testosterona, conseqüentemente aumentando os níveis de força. É o que demonstra, também, o estudo feito por Fry et al. [37] com levantadores de peso de elite e amadores. Inicialmente os atletas realizavam de 3 a 4 sessões por dia de treinamento de força máxima, vindo a realizar posteriormente 1 a 2 sessões por dia, aumentando signifi cativamente os níveis de testosterona em relação ao cortisol, e, além disso, os atletas de elite tiveram uma grande relação com desempenho na competição após reduzirem o volume de treinamento. A periodização do treinamento de força parece ser funda- mental na modulação dos níveis hormonais, e conseqüente- mente, na potencialização da força muscular. Conclusão As mudanças nos níveis de testosterona e cortisol induzidas pelo exercício físico ainda não estão bem esclarecidas; pois, as diversas interações (hora do dia, alimentação, tipo de exercício, estado de treinamento do indivíduo, idade, estado emocional, sexo etc.) que envolve o treinamento físico, difi cultam o enten- dimento das respostas hormonais perante o exercício físico. De qualquer modo, a testosterona parece aumentar após sessões curtas e intensas de treinamento, principalmente de força, assim como o cortisol parece aumentar com sessões longas e intensas de treinamento, principalmente aeróbio. Além disso, programas periodizados de treinamento de força parecem ser a melhor estratégia para aumentar os níveis basais de testosterona e diminuir os níveis basais de cortisol, proporcionando, assim, um estado anabólico favorável em repouso. Em todo os caso novos estudos devem ser realizados, considerando principal- mente populações idosas, que difi cilmente sofrem alterações hormonais perante o exercício físico e o aumento da massa muscular raramente é signifi cativo. Referências 1. Garrett Junior WE,, Kirkendall DT. A ciência do exercício e dos esportes. 1ª ed. 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A condição aeróbia dos sujeitos foi aferida pelo teste do Queen´s College. A composição corporal foi avaliada pelo protocolo de Penroe, Nelson e Fisher. Para a dosagem das cargas de treina- mento utilizou-se do teste de repetições, sendo estes comparados à tabela de percentual de intensidade. Os testes foram repetidos antes do treinamento e após 4 e 8 semanas e comparados por estatística descritiva. Houve diminuição do peso corporal total de 1,1Kg (1,56%) e 4,40 Kg (4,17%) para os sujeitos A e B, respectivamente; diminuição do percentual de gordura de 2,1% e 3,17%; diminuição da massa gorda de 1,75 kg (7,46%) e 5,74 Kg (9,42%) e diminuição de Índice de Massa Corporal de 0,41 Kg/m2 (1,55%) e 1,72 Kg/m2 (4,18%). Observou-se igualmente melhora na capacidade cardior- respiratória (sujeitos A e B): aumento em VO2 Máximo Absoluto de 0,1 l/min (3,48%) e 0,19 l/min (5,49%) e aumento em VO2 Máximo Relativo de 2,64 ml/Kg/min (6,43%) e 3,26 ml/Kg/min (9,87%). Conclui-se que o treinamento com pesos, com intensidade moderada, pode diminuir a massa gorda e melhorar a capacidade aeróbia dos praticantes. Palavras-chave: treinamento, treinamento de resistência, Vo2, emagrecimento. Abstract Th e study observed the infl uence of resistance training at moderate intensity on the cardio-respiratory capacity and body composition. Two subjects performed resistance exercise progra- ms during 8 weeks. Th e aerobic capacity was measured by the Queen´s College Test and the body composition by the Penroe, Nelson and Fisher protocol. Th e training workload was defi ned by tests of maximum repetition. Th e tests were repeated at base- line and after 4 and 8 weeks. Th e results showed for subjects A and B, respectively: reduction in body weight of 1,1Kg (1.56%) and 4.40Kg (4.17%); reduction of body fat of 2.1% and 3.17%; reduction of the fat mass of 1.75kg (7.46%) and 5.74Kg (9.42%), and reduction of Body Mass Index of 0.41Kg/m2 (1.55%) and 1,72Kg/m2 (4.18%). Th e absolute VO2max improved 0,1l/min (3.48%) and 0,19l/min (5.49%) and the relative VO2max incre- ased of 2.64ml/Kgmin (6.43%) and 3.26ml/Kgmin (9.87%). In conclusion, resistance training can induce improvement in the aerobic capacity and body composition Key-words: training, resistance training, Vo2, reduction. Recebido em 10 de abril de 2006; aceito em 20 de setembro de 2006. Endereço para correspondência: Roberto Pacheco da Silva, Rua 20 de Setembro 1104, 94150-010 Gravataí, RS, E-mail: roberto- fisio@hotmail.com Fisiologia_v5n1.indb 62Fisiologia_v5n1.indb 62 22/11/2007 18:03:3822/11/2007 18:03:38 63Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Introdução A baixa aptidão cardiorrespiratória é considerada fator de risco para todas as causas que levam a óbito por doenças crônico-degenerativas, mas, principalmente por enfermidades relacionadas ao sistema cardiovascular [1]. Tal qual a obesida- de está inclusa nestes fatores de risco para diversas patologias como, diabetes mellitus, hipertensão arterial e cardiopatias em geral, e devido a isso, têm-se buscado meios para prevenir o estabelecimento de tais quadros. O exercício físico está afi rmado e reconhecido como um dos principais mecanismos para prevenção de tais situações, que possam vir a afl igir a população, não só pela sua capa- cidade de combater a obesidade, por inserir aumentos no gasto calórico total enquanto sua prática, e assim reduzir a massa gorda, mas por gerar diversas adaptações fi siológicas ao organismo favoráveis a melhora da saúde. Adaptações estas que incluem melhora na capacidade muscular, por ganhos de força e resistência, e capacidade cardiorrespiratória dos praticantes. Diversos são os tipos de exercícios que podem ser pra- ticados para atingir os mesmos fi ns, e tão grande quanto, é o número de maneira que o profi ssional da área da saúde possui para prescrevê-lo de modo a orientar de maneira segura e efi caz. Neste sentido, e neste estudo abordaremos a musculação, por possuir métodos de treinamento fáceis de serem assimilados e seguros de serem praticados, além do baixo custo de maneira geral. Por isso, o presente estudo tem por objetivo quantifi car a participação do treinamento de resistência com pesos em musculação nos ganhos de capacidade aeróbica (melhora no sistema cardiorrespiratório) dos praticantes, e apresentar mecanismos através destes, para diminuir a massa gorda total, e assim reduzir os fatores de risco para a saúde e melhorar a qualidade de vida do praticante desse exercício. A estrutura e o funcionamento do sistema car- diorrespiratório O sistema cardiorrespiratório é uma combinação de dois sistemas fi siológicos distintos e interligados entre si; são eles: o sistema respiratório e o sistema cardiovascular. De acordo com Powers e Howley [2], o sistema respiratório forma-se por um conjunto de estruturas que tem por fi nalidade o transporte de ar para dentro dos pulmões. As trocas gasosas ocorridas no sistema respiratório (O2\CO2) são apenas possíveis por uma mecânica muscular complexa chamada de Ventilação. A ventilação está dividida em duas fases distintas: a fase da inspiração, na qual o ar é forçado do ambiente externo para dentro dos pulmões, e a fase da expiração, em que o ar por sua vez é ejetado dos pulmões para meio. Nos estudos de Robergs e Roberts [3], o oxigênio sangü- íneo é transportado através da ligação com a hemoglobina. A hemoglobina é uma proteína encontrada nos eritrócitos (células vermelhas) e cada molécula tem a capacidade de transportar até quatro moléculas de oxigênio. O dióxido de carbono (CO2) é transportado no sangue sob a forma de bicarbonato (HCO3 -), advindo do ácido carbônico dissociado em HCO3 - + H+. No músculo esquelético a Mioglobina têm a função de transportadora de O2. Esta é uma molécula semelhante à hemoglobina, mas possui afi nidade maior ao oxigênio e sua curva de dissociação encontra-se em um patamar mais elevado. A mioglobina funciona como uma lançadeira intermediária de oxigênio para o interior da mitocôndria, sendo encontrada em grandes quantidades em fi bras de contração lenta. Os estoques de O2 conectados a mioglobina servem como uma espécie de reserva de oxigênio ao músculo no período de transição do repouso ao exercício, uma vez que leva algum tempo para o sistema cardiorrespiratório suprir a demanda de oxigênio necessário para a contração muscular [2]. A aptidão cardiorrespiratória e VO 2 A aptidão cardiorrespiratória está relacionada à capacidade de realizar um exercício dinâmico de intensidade moderada a alta com grandes grupos musculares por longos períodos de tempo. A realização desse exercício depende do estado funcional dos sistemas respiratório, cardiovascular e muscu- loesquelético [4]. Segundo ACSM [4], o consumo máximo de oxigênio (VO2máx.) é a medida que mensura a aptidão respiratória, sendo ela o produto do débito cardíaco pela diferença arteriovenosa de oxigênio. Portanto o VO2máx. também expressa a capacidade funcional do coração. Para Lindstedt e Conley [5], o VO2 depende de dois fatores: a quantidade usual de mitocôndria e a capilarização muscular para transporte. Sendo assim, o resultado fi nal do aumento do VO2 é o aumento proporcional da capacidade mitocondrial de utilizar O2 e da quantidade de capilares no músculo. Um programa de exercícios regulares produz signifi ca- tivas adaptações no músculo esquelético tornando evidente o aumento de sua capacidade oxidativa. Uma das maiores implicações na melhora do volume mitocondrial, através da atividade física, para a população sedentária, é a melhora na qualidade de vida, por explicitar um aumento em sua inde- pendência funcional [6]. Segundo Bosco et al. [7], o exercício físico além dos benefícios fi siológicos como a melhora da função cardiorres- piratória possui efeitos benéfi cos a nível psicológico sobre o indivíduo, tais como: diminuição do estresse, diminuição do tabagismo, etc. Levando assim, a um ganho em qualidade de vida total e funcional. Para Foss apud Bosco et al. [7], afi rma que o exercício físico contribui para melhorar a distribuição de oxigê- nio na relação célula-capilar, em função da redução do Fisiologia_v5n1.indb 63Fisiologia_v5n1.indb 63 22/11/2007 18:03:3822/11/2007 18:03:38 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200664 hematócrito (aumento da volemia sangüínea) e elevação na plasticidade do eritrócito, ocasionando melhoras na circulação sistêmica. Um programa de exercícios físicos estruturados e contro- lados gera ganhos no transporte, captação e utilização de O2 no sistema cardiovascular [7]. A composição corporal A obesidade pode ser considerada como o acúmulo de tecido gorduroso pelo corpo todo, causado por doenças genéticas, endócrino-metabólicas ou por alterações nutri- cionais [8]. Além disso, já foi documentado a associação de doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos a níveis elevados de adiposidade. Entretanto, os estudos têm evidenciado que os exercícios físicos regulares, com objetivo de emagrecimento, diminuem a massa corporal total e minimizam a chance do surgimento de tais doenças [9]. Outro ponto importante para o surgimento de doenças metabólicas, também associadas aos níveis de gordura, é o en- velhecimento. Segundo Ito apud Raso [9], o envelhecimento é caracterizado por além da perda da massa corporal magra, o aumento da adiposidade. Com a idade uma grande quantidade de fi bras musculares é perdida, isto é defi nido como sarcopenia; e signifi ca uma atrofi a muscular. Muitas vezes está relacionada a disfunções mitocondriais. A diminuição da capacidade oxidativa do músculo pela idade aumenta o número de EROS (espécies reativas ao oxigênio), ou seja, radicais livres [6]. Aproximadamente 1–20% do oxigênio captado pela célula é transformado em EROS, entretanto, o exercício físico de resistência (baixas intensidades e grandes volumes) possui a capacidade de aumentar a quantidade e qualidade mitocon- drial, produzindo assim maior resistência à fadiga [6]. Além disto, Meirelles e Gomes [10] ressaltam que as atividades contra resistência têm sido apontadas pelos estudos como mecanismo de aumento do gasto energético total de um indivíduo. Tanto pelo próprio dispêndio para sua realização quanto em seu período de recuperação (efeito EPOC). O treinamento de musculação Segundo Uchida et al. [11], o músculo esquelético é um tecido com capacidade incrivelmente adaptativa aos estímulos (estresse) oferecidos pelo treinamento físico. Treinamento que concerne em processos contínuos de contrações musculares, que perduram por determinados períodos de tempo. Toda célula tem a capacidade de adaptar-se, contando que tal es- tímulo não esteja acima da sua potencialidade adaptativa. E isto não é diferente para o treinamento de força, que por sua vez, acarreta em mudanças tanto no ambiente interno quanto externo da fi bra muscular. Dentro das variáveis a serem combinadas para prescrição do exercício de força podemos citar algumas principais: o número de séries, os intervalos, o tipo de exercícios e a ordem dos mesmos dentro do treinamento. Sendo estes, dispostos em diferentes formas para atingir diferentes re- sultados [12]. Tais mecanismos podem ser resumidos em duas caracte- rísticas principais do treinamento em musculação: volume e intensidade dos exercícios. Sendo que estas se encontram normalmente dispostas de forma inversamente proporcionais uma à outra, ou seja, quanto maior uma menor a outra e vice-versa. Neste sentido o volume de treinamento tem sido apontado pela literatura como a variável que acarreta o maior impacto sobre o gasto energético durante a realização da atividade, enquanto a intensidade de exercício atua diretamente sobre o EPOC [10]. De acordo com a lei da especifi cidade, o treinamento de resistência muscular e o treinamento contínuo produzem adaptações diferentes ao músculo. Porém, um ponto em comum que estas distintas modalidades apresentam, ambas transformam fi bras do tipo IIb em fi bras do tipo IIa [13]. De acordo com Tanaka e Swensen [13], o treinamento de resistência, em sedentários, eleva o limiar de lactato durante exercícios de ciclismo. E, em indivíduos sedentários e treina- dos, exercícios de resistências em separados ou combinados com ciclismo ou corrida, melhora a capacidade para realização para treinamentos contínuos. Campos et al. [14] realizou estudo com quatro grupos distintos realizando treinamento em musculação; o primeiro com poucas repetições e alta carga (3-5 RMs), o segundo com moderadas repetições e carga (9-11 RMs), o terceiro com altas repetições e baixa carga (20-28 RMs) e o quarto como sendo grupo controle. Atingiu como resultados: o grupo com altas repetições obteve o melhor ganho em capacidade aeróbica e aumento em tempo de exaustão no exercício; todos os grupos diminuíram o número de fi bras IIb e aumentaram o número de fi bras IIa; o grupo que treinou com altas repetições obteve o maior ganho na capacidade aeróbica e elevação no tempo de exaustão ao exercício pela melhor adaptação à contrações prolongadas à nível submáximo de treinamento. Jacobs, Nash e Rusinowski [15] comprovaram ganhos em capacidade cardiorrespiratória, tempo de exercício para fadiga, força isométrica e força muscular concêntrica e excêntrica, em pessoas paraplégicas (lesão medular entre T5-L1) após doze semanas de treinamento em circuito, com moderadas intensidades, volumes e curtos espaços para recuperação. Materiais e métodos Sujeitos - Participaram da pesquisa dois sujeitos do sexo feminino, conforme respectivos perfi s são apresentados a seguir na Tabela I. Fisiologia_v5n1.indb 64Fisiologia_v5n1.indb 64 22/11/2007 18:03:3822/11/2007 18:03:38 65Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Tabela I Sujeito A B Idade 35 anos 29 anos Peso 70 Kg 105,30 Kg Estatura 1,63 metros 1,60 metros FC Repouso 59 Bpm 83 Bpm Percentual gordura 33,48% 57,82% Peso gordo 23,46Kg 60,88Kg Peso magro 46,57Kg 40,75Kg IMC 26,4 Kg/m2 41,13 Kg/m2 VO2 Máx Absoluto 2,87 l/min 3,46 l/min VO2 Máx Relativo 41 ml/Kg/min 33 ml/Kg/min Ambos sujeitos são moderadamente ativos, onde já vi- venciavam trabalhos em musculação e estavam familiarizados à rotina de exercícios e treinamentos. Ambos não possuem restrição médica em relação à atividade física proposta no trabalho e não alteraram seus hábitos alimentares. O sujeito B, apesar de negativo para doenças cardio-pulmores, até me- tade do período destinado para a pesquisa era fumante, após o primeiro mês de treinamento abandonou o uso do cigarro, o que pode ocasionar alteração nos dados; porém, não foi possível constatar se tal hipótese é verdadeira. Materiais e métodos Após a seleção dos sujeitos participantes da pesquisa foi realizado questionamento sobre impedimento médico e disposição quanto à adesão ao procedimento a ser efetuado. Confi rmado isto, foram feitos testes para avaliação da com- posição corporal, capacidade aeróbica e força máxima. A massa corporal e a estatura foram aferidas utilizando- se de uma balança da marca Welmy, modelo R-110. Para identifi cação da composição corporal, utilizou-se o protocolo de Penroe, Nelson e Fisher (1985), com o qual foi possível aferir o percentual de gordura dos sujeitos avaliados. O IMC foi aferido e comparado conforme a tabela de referências do American College of Sports Medicine [4]. Para verifi cação de VO2 Máx, utilizou-se o Protocolo do Queen College, de McArdle et al., (1981) – Teste do Degrau; que de acordo com o estudo realizado por Sousa e Pellegrinotti [16], é válido e pode predizer com fi dedignidade o VO2 Máximo como servindo de parâmetro da avaliação cardiorrespiratória na ergometria. Para mensurar a força máxima dos indivíduos e, assim, projetar a intensidade de treinamento, foi utilizado o teste de repetições máximas e comparadas à tabela de referência percentual conforme exposto por Uchida et al.[11], para assim delimitar carga máxima proporcional de 1 RM. Para tal foram testados os seguintes exercícios: supino, puxada pela frente, leg-press, extensão de joelhos, fl exão de joelhos e rosca direta. Os testes e treinamentos foram realizados em maquinário próprio para atividades físicas em musculação da marca World Sculptor, linha Active Line. De acordo com as recomendações de Bean [17], os trei- namentos em circuito e séries intervaladas em geral são ideais para pessoas que tem por fi nalidade aumentar o tônus mus- cular e melhorar a força de todos os músculos. São exercícios em que se realizam séries ininterruptamente deixando pouco ou nenhum tempo de intervalo entre eles, arranjado de forma a trabalhar diferentes grupos musculares consecutivamente, permitindo que se mantenha o treino continuamente sem fadigar um grupo muscular específi co, estimulando mais a resistência do que a força muscular. Dias et al. [18], em estudos com homens e mulheres sau- dáveis e moderadamente ativas, passando por treinamentos em musculação, realizando dez exercícios na freqüência de três vezes semanais, durante oito semanas, comprovou aumento de força muscular e aumento no somatório total das cargas levantadas. Neste mesmo estudo, pode-se observar que, apesar de os dois grupos apresentarem melhoras, as mulheres obtive- ram ganhos mais signifi cativos ao longo do período. Com base nestes dados, o período de treinamento do presente estudo constou com o total de oito semanas de duração. Os sujeitos foram avaliados ao início (0 semanas), no meio (4 semanas) e ao fi nal do período de treinamento (8 semanas). O treinamento foi desenvolvido de acordo com a seguinte planifi cação: Mesociclo I: 13/03/06 - 07/04/06 Microciclo I – Introdutório: (13/03/06 – 25/03/06) - Trei- namento em circuito, 4 exercícios por estação; Intensidade de treino: 15 RMS (65% - 1 RM); FC média: 60 – 65% da má- xima. Microciclo II – Condicionante: (27/03/06 – 31/03/06) - Séries em Bi-Set intervalado ativamente; Intensidade de treino: 15 RMS (65% - 1 RM); FC média: 70 – 80% da má- xima. Microciclo III – Choque: (03/04/06 – 07/04/06) - Série em circuito, 5 exercícios por estação; Intensidade de treino: 10 RMS (75% de 1 RM); FC média: >80% da máxima. Mesociclo II: 10/04/06 – 06/05/06 Microciclo I – Regenerativo: (10/04/06 – 14/04/06) - Trei- namento com intervalo ativo, Bi-set agonista e antagonista; Intensidade de treino: 15 RMS (65% de 1 RM); FC média: 60 – 65% da máxima. Microciclo II – Condicionante: (17/04/06 – 28/04/06) - Séries em Tri-Set, alternado por grupo muscu- lar, intervalado ativamente; Intensidade de treino: 15 RMS (65% - 1 RM); FC média: 70 – 80% da máxima. Microciclo III – Choque: (01/05/06 – 06/05/06) - Série em circuito, 5 exercícios por estação; Intensidade de treino: 10 RMS (67 – 75% de 1 RM); FC média: >80% da máxima. Para calcular a freqüência dos treinamentos cardíaca utilizou-se a fórmula de Karvonen et al., (1957). O monito- ramento cardíaco, tanto nos testes quanto durante os treinos foram feitos utilizando-se de monitor cardíaco marca Oregon, modelo HR 102. Fisiologia_v5n1.indb 65Fisiologia_v5n1.indb 65 22/11/2007 18:03:3822/11/2007 18:03:38 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200666 A cada sessão de treino os sujeitos realizavam dez minutos de caminhada em esteira para aquecimento geral, em freqü- ência cardíaca abaixo de 60% da máxima prevista. O sujeito A realizou exercícios na freqüência semanal de três vezes, enquanto o sujeito B realizou exercícios quatro vezes semanais. Resultados Na Tabela II e III, encontra-se o acompanhamento avalia- tivo para sujeitos A e B ao longo do período de treinamento. Avaliação 1 (Início do macrociclo), Avaliação 2 (4 semanas), Avaliação 3 (fi nal do macrociclo – 8 semanas). Tabela II Sujeito A Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 3 Peso 70,20 69,50 69,10 % Gordura 33,48 32,64 31,38 Peso gordo 23,43 22,68 21,68 IMC 26,41 26,22 26,00 VO2 Absoluto 2,87 2,95 2,97 VO2 Relativo 41,00 42,16 43,64 Tabela III Sujeito B Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 3 Peso 105,30 101,90 100,90 % Gordura 57,82 55,86 54,65 Peso gordo 60,88 56,92 55,14 IMC 41,13 39,80 39,41 VO2 Absoluto 3,46 3,54 3,65 VO2 Relativo 33,00 34,78 36,26 Nas Tabelas II e III podemos observar como evolui o quadro geral dos sujeitos do estudo em relação aos parâmetros avaliados: peso (em Kg), % gordura, peso gordo (em Kg), IMC (Índice de Massa Corporal – em Kg/m2), Vo2 Absoluto (em ml/min) e Vo2 Relativo (em ml/Kg/min). Tabela IV – Desvios do peso para sujeitos A e B. Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total Peso 0,7 (0,99%) 0,4 (0,57%) 1,1 (1,56%) Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total Peso 3,40 (3,2%) 1,0 (0,98%) 4,40 (4,17%) Tabela V – Desvios do percentual de gordura para sujeitos A e B. Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total % Gordura 0,84 (2,5%) 1,26 (0,79%) 2,1 (6,27%) Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total % Gordura 1,96 (3,38%) 1,21 (2,16%) 3,17 (5,48%) Tabela VI – Desvios do peso gordo para sujeitos A e B. Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total Peso Gordo 0,75 (3,20%) 1,00 (4,40%) 1,75 (7,46%) Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total Peso Gordo 3,96 (6,5%) 1,78 (3,12%) 5,74 (9,42%) Tabela VII - Desvios do IMC para sujeitos A e B. Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total IMC 0,19 (0,71%) 0,22 (0,83%) 0,41 (1,55%) Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total IMC 1,33 (3,23%) 0,39 (0,97%) 1,72 (4,18%) Tabela VIII - Desvios do VO2 absoluto para sujeitos A e B. Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total VO2 Absoluto 0,08 (2,98%) 0,02 (0,67%) 0,1 (3,48%) Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total VO2 Absoluto 0,08 (2,31%) 0,11 (3,10%) 0,19 (5,49%) Tabela IX - Desvios do VO2 relativo para sujeitos A e B. Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total VO2 Relativo 1,116 (2,82%) 1,48 (2,79%) 2,64 (6,43%) Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total VO2 Relativo 1,78 (5,39%) 1,48 (4,25%) 3,26 (9,87%) Discussão Diversos estudos têm apontado o exercício como um dos fatores principais para aquisição e manutenção da saúde, prevenindo doenças, utilizado nos tratamentos de reabilitação e melhoria na performance de atletas e praticantes de ativida- des físicas. Corroboram com esta idéia [6,7] em seus estudos sobre os efeitos fi siológicos no sistema cardiorrespiratório e adaptações musculares em praticantes de exercícios físicos. Meirelles e Gomes [10] relatam que o exercício é um real potencializador do gasto energético tanto pelo seu consumo durante a prática quanto pelo efeito EPOC. Confi rmando o que Hauser, Benetti e Rebelo [19] explanam em seus estudos realizados com homens e mulheres, que o exercício com pesos aumentam efetivamente o gasto calórico total e ajudam na redução do percentual de gordura. Neste sentido temos a Position Stand do ACSM [20], no qual refere que a intensidade do exercício infl ui na magnitude da mudança no sistema cardiorrespiratório, e que treinos de resistência são indicados para emagrecimento, pois aumentam massa magra e potencializam perda de massa gorda. O presente estudo estratifi cou mudanças na morfologia corporal dos participantes, expondo mudanças na redução do peso corporal total, redução no IMC, diminuição no percentual de gordura e no peso bruto da gordura. Estes dados vêm a confi rmar as evidências expostas por Winett e Carpinelli [21] que registram que exercícios físicos reduzem o risco de doença relacionadas à obesidade central (gordura visceral). Ross et al. apud Winett e Carpinelli [21], relata 40% na redução na gordura visceral em jovens obesos que seguiram dieta com restrição calórica e pequeno volume de exercícios de resistência. Brasil et al. [22] apontam em seus estudos que o treina- mento físico contra resistência apresenta benefícios em relação à composição corporal e a potência muscular em pessoas defi cientes de GH (hormônio do crescimento). Estudo este Fisiologia_v5n1.indb 66Fisiologia_v5n1.indb 66 22/11/2007 18:03:3822/11/2007 18:03:38 67Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 realizado com 11 pacientes defi citários de GH aumentaram a potência muscular e diminuíram somatório de dobras cutâne- as após 12 semanas de treinamento. Neste mesmo parâmetro, encontramos os estudos de Tanaka e Swensen [13] Campos et al. [14] os quais encontraram mudanças em fi bras muscu- lares do tipo IIb para IIa após treinamento com resistências variadas, e comprovando que estas mesmas intensidades, elevam limiar de lactato e melhoram capacidade aeróbica em atletas de corrida e ciclismo. Resultados estes semelhantes aos encontrados por Jacobs, Nash e Rusinowski [15] os quais explanaram seus trabalhos com paraplégicos. Jung [23] afi rma que o limiar de lactato é aumentado em corredores destreinados, e; em corredores treinados é acres- cido em torno de 8% de economia para corrida (maratonas e ultramaratonas). Devem-se isto à ativação neuromuscular e redução no tempo de contato com o solo promovido pelo treinamento resistido com pesos. Os resultados deste estudo expressam melhoras, tanto em Vo2 Máximo absoluto quanto em Vo2 Máximo relativo, após 8 semanas de treinamento. Portanto, vem evidenciar e acrescen- tar à literatura apresentada, que o treinamento de resistência com pesos em musculação pode ser um mecanismo válido para aumentar a capacidade aeróbica de indivíduos destreinados e também para a diminuição do peso corporal total, peso gor- do, percentual de gordura e IMC; quanto para aumento dos níveis de VO2 Absoluto e VO2 Relativo no pós-treinamento. Mostrando assim que o treinamento circuitado de moderada intensidade é efetivo para a melhora da capacidade cardior- respiratória e diminuição da gordura corporal. Conclusão De acordo com a literatura apresentada e os dados deste estudo, podemos concluir que o treinamento de resistência com pesos em musculação é um procedimento efi caz para gerar ganhos na capacidade aeróbica dos praticantes, assim como reduzir a gordura corporal dos mesmos. Referências 1. Maranhão Neto GA, Lourenço PMC, Farinatti PTV. Equações de predição da aptidão cardiorrespiratória sem testes de exercício e sua aplicabilidade em estudos epidemiológicos: uma revisão sistemática. Cad Saúde Pública 2004; 20(1):48-56. 2. Powers SK, Howley ET. Fisiologia do exercício: teoria e aplica- ção ao condicionamento e ao desempenho. 3a ed. São Paulo: Manole; 2000. p. 151-204. 3. Robergs EA, Roberts SO. Princípios fundamentais de fi siologia do exercício para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte; 2002. p. 142-83. 4. 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A adiposidade corporal e a idade prejudicam a capacida- de funcional para realizar as atividades da vida diária de mulheres acima de 47 anos. Rev Bras Med Esporte 2002;8:225-34. 10. Meirelles CM, Gomes PSC. Efeitos agudos da atividade contra- resistência sobre o gasto energético: revisitando o impacto das principais variáveis. Rev Bras Med Esporte 2004;10:122-30. 11. Uchida MC, Charro MA, Bacurau RFP, Navarro F, Pontes Júnior FL. Manual de musculação: uma abordagem teórico-prática ao treinamento de força. São Paulo: Phorte; 2003. 12. Monteiro M, Simão R, Farinatti PTV. Manipulação na ordem dos exercícios e sua infl uência sobre o número de repetições e percepção subjetiva de esforço em mulheres treinadas. Rev Bras Med Esporte 2005;11:148-50. 13. Tanaka H, Swensen T. Impact of resistance training on endu- rance performance. A new form of cross-training? Sports Med 1998;3:191-200. 14. Campos GER, et al. 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Fisiologia_v5n1.indb 67Fisiologia_v5n1.indb 67 22/11/2007 18:03:3922/11/2007 18:03:39 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200668 Resumos Anais do IV Workshop em Fisiologia do Exercício – UFSCar I Congresso Paulista da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício 18-20 de Novembro de 2005 Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Comissão Organizadora: Prof. Dr. Sérgio Perez Prof. Dr. Vilmar Baldissera Presidente da Associação Brasileira de Fisiologia do Exercício Prof. Dr. Paulo Sérgio Chagas Gomes Correlação da circunferência de coxas com força máxima isométrica unilateral em extensão de joelhos: estudo realizado em estudantes universitários Silva AS*, Periera AH*, Vicente J**, Moreno DM*, Nunes EMC**, Silva MM***, Francisco RE****, Souza DP***, Gonçalves WHF - Barbosa, CA *Alunos do curso de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER), **Alunos do curso de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru, ***Alunos do curso de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru. Laboratório de Exercício Resistido, (LABER) FIB, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER), ****Alunos do curso de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru, Centro de Estudo e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF) FIB Os músculos são inervados por nervo motor, o qual é constituído com grande número de fi bras nervosas originárias isoladamente de células nervosas da medula espinhal. Quando uma série de estímu- los consecutivos atua sobre o músculo com uma freqüência que não permite o seu relaxamento entre as pausas, ocorre o fenômeno denominado tétano. A força é estabelecida principalmente pela superfície de secção transversa, pelo tipo de fi bra muscular, assim como, pelo dispositivo mecânico do osso e do músculo. O objetivo deste estudo foi de comparar a força muscular máxima isométrica unilateral da extensão de joelhos. A amostra foi composta por 10 indivíduos saudáveis, de ambos os sexos, com idade entre 20 e 35 anos, universitários das Faculdades Integradas de Bauru. Foi realizado um teste isométrico máximo de extensão do joelho esquerdo e direito. A força foi aferida através de dinamômetro digital, modelo Force Gauge FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments. O teste foi realizado em uma mesa, em que o avaliado estava sentado com as coxas sem apoio, em um ângulo de 90º. Os sujeitos executaram sua força máxima em extensão por 6 segundos. A média de força da coxa direita do sexo masculino foi de 41,18 kg e da coxa esquerda 39,78 kg e a média de circunferência foram de 57,20 cm e 56,80 cm, respectivamente. Já do sexo feminino a coxa direita foi de 22,07 kg e a esquerda foi de 22,18 kg, com média de circunferência de 52,10 cm para a direita e 51,60 para esquerda. Os resultados revelaram que nos homens existe uma relação favorável para força no membro de maior circunferência. Entretanto, para as mulheres os resultados foram contrários, mas insignifi cantes, comparados a valores absolutos. Um número maior de sujeitos seriam necessários para avaliar os reais valores correspondentes a força isométrica máxima, quando compa- rados com a circunferência. Aspectos da força muscular isométrica na extensão de joelhos em diferentes ângulos Pinheiro A**, Marola AJ **, Arias FR**, Rangel F**, Reihner M**, André R**, Gobbi T, Barbosa CA*** *Aluno do Curso de Bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER), **Alunos do Curso de Bacharelado Fisiologia_v5n1.indb 68Fisiologia_v5n1.indb 68 22/11/2007 18:03:3922/11/2007 18:03:39 69Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 das Faculdades Integradas de Bauru, ***Laboratório de Exercício Resistido, (LABER) - FIB, Centro de estudo e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF) - FIB, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER) A força muscular pode ser defi nida como a quantidade máxima de força que um músculo ou um grupo muscular pode gerar em vá- rios ângulos. O fator preponderante para a graduação dos parâmetros de força é a variação da quantidade de unidades motoras empregadas. A “coordenação” desempenha enorme infl uência no desenvolvimen- to de força. A graduação da força muscular, exercer uma contração sincrônica com a participação de um número reduzido de fi bras mus- culares. O objetivo do presente estudo foi revelar quais as diferenças de força isométrica máxima na extensão de joelhos em 90º, 60º e 30º. A pesquisa foi realizada nas Faculdades Integradas de Bauru (FIB), no Laboratório de Exercício Resistido, com 10 voluntários, universitários da própria faculdade, não atletas, porém treinados. Foi utilizado o aparelho Dinamômetro digital, modelo Force Gauge FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments, para avaliar a força isométrica. A média dos resultados para a perna direita foram 40,9 kg/força para 90º 38,31 kg/força para 60º e 33,09 kg/força para 30º, e 40,11 kg/força para 90º, 39,74 kg/força para 60º e 35 kg/força para 30º para a perna esquerda. Estes resultados mostraram que o ângulo de maior força foi o de 90º, seguido por 60º e por fi m o de 30º, com uma grande queda da força, independentemente da lateralidade. Concluímos que a força é dependente do ângulo, e que as cargas devem ser consideradas quando da prescrição de exercícios resistidos; seja para pessoas com lesões ou patologias, indivíduos saudáveis ou atletas. Pois se estes ajustes não forem considerados, pode-se levar à eminente risco, lesões ou agravos. Comparação de força muscular isométrica máxima unilateral na flexão de joelhos Silva L*, Manso MA*, Verissimo TM*, Souza PA*, Francisco RE**, Silva MM**, Pereira JC**, Pedrotti J*, Sá VO*, Barbosa CAG**** *Alunos curso de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru, **Alunos curso de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER), ***Laboratório de Exercício Resistido, (LABER) FIB, Centro de Estudo e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF) FIB, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER) Os exercícios resistidos são realizados de forma unilateral e bi- lateral. A resistência muscular é essencial à qualidade física. Pode-se defi nir força como a capacidade de superar uma resistência externa e interna. A força máxima (FM) que um indivíduo pode produzir depende das características biomecânicas e da magnitude de con- tração dos músculos envolvidos. Esse estudo verifi cou e comparou a FM obtida na fl exão unilateral de joelhos. Foram avaliados 12 indivíduos, sedentários, de ambos os sexos, com faixa etária entre 18 e 30 anos, universitários das Faculdades Integradas de Bauru. Os indivíduos realizaram 3 tentativas com tensão máxima isométrica para extensão de joelhos, durante 10s em angulação de 90º na ar- ticulação do joelho esquerdo (JE) e direito (JD). Para estabelecer a força máxima foi utilizada uma maca onde o indivíduo fi cava sentado e sem apoio nos pés, duas polias fi xas na parede passando entre elas um cabo de aço que se conectava ao Dinamômetro Force Gauge 100Kg e que nele tinha outra conexão com uma faixa que encaixava o pé. As etapas de execução eram: a) posição inicial: o indivíduo sentado, com braços ao longo do corpo se apoiando na maca, com extensão de tronco e fl exão de joelhos e a cabeça posicionada para o horizonte; b) fase de força isométrica: a partir da posição inicial, realizava-se a contração da coxa contrariamente ao “cabo de aço”. A média da idade dos indivíduos foi de 22,4 anos, a media de forca da perna direita foi de 29,21 Kg e da perna esquerda foi de 28,27 Kg. Concluiu-se que entre os indivíduos avaliados a coxa direita mostrou-se mais forte; porém, não foram signifi cantes. Efeito do exercício físico em esteira no metabolismo ósseo de ratas maduras ovariectomizadas Camilo CC, Parada S, Haach LCA, Malaman TAB, Terukina GA, Bannitz G, Oliveira GPO, Shiguemoto GE Universidade Federal de São Carlos - Laboratório de Fisiologia do Exercício - São Carlos, SP claudiac@sc.usp.br O exercício físico tem sido estudado como auxílio à prevenção e ao tratamento da osteoporose, porém alguns estudos têm demons- trado que exercício físico intenso pode ser prejudicial ao sistema esquelético. Esses estudos sugerem a existência de um limiar de exercício mínimo e máximo para equilíbrio do metabolismo ósseo. O objetivo do presente trabalho foi identifi car os efeitos de diversos protocolos de exercício físico em esteira no metabolismo ósseo de ratas ovariectomizadas maduras. Para a amostragem foram utiliza- das 35 ratas da linhagem Wistar. Os animais foram divididos em 5 grupos: Grupo Sham (n = 7) (controle – pseudo – ovariectomizado); grupo OVX (n = 7) (controle – ovariectomizado); grupo OVX1(n = 7) – ovariectomizado e realizou caminhada, 15 m/min; grupo OVX2 (n = 7) – ovariectomizado e realizou corrida à 20 m/min sem inclinação da esteira; grupo OVX3 (n = 7) – ovariectomizado e realizou corrida intervalada com peso (50g) nas costas e esteira inclinada, com aumento de intensidade a cada 3 semanas. Todos os grupos foram exercitados 3 vezes por semana, sessões de 40 mi- nutos, por 12 semanas. Foi coletada amostra de plasma sanguíneo para análise de fosfatase alcalina (FA) ao término dos protocolos. A análise estatística ANOVA de todos os grupos experimentais identifi cou o valor de p < 0, 0001, considerado extremamente signifi cativo (GraphPad InStat3). As médias aritméticas dos valores de FA dos grupos OVX2 e OVX3 foram baixas comparados com o grupo OVX (p < 0, 0001). Foram identifi cados níveis mais ele- vados de FA do grupo OVX1 comparados com os grupos OVX2 (p = 0,0002, teste t não pareado) e OVX3 (p = 0,0003, teste t não pareado). Como a FA é um marcador sangüíneo de formação óssea os níveis extremos podem indicar reabsorção, já que a formação está integrada com a reabsorção. Pode-se concluir que as ratas que realizaram corrida sem inclinação da esteira e corrida intervalada com peso (50g) nas costas e esteira inclinada apresentaram valores menores de FA indicativos de menor formação óssea. Porém estudos complementares, com análises adicionais dos níveis de reabsorção óssea, como paratormônio, e de densidade mineral óssea devem ser realizados para indicar o real turnover ósseo. Fisiologia_v5n1.indb 69Fisiologia_v5n1.indb 69 22/11/2007 18:03:3922/11/2007 18:03:39 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200670 Efeitos do treinamento e aclimatização a altiude para melhora da performance da corrida de 400 m ao nìvel do mar Marcelo Takeshi Kamimura Unifesp - Itajubá, MG marcelokamimura@yahoo.com.br Para investigar os benefícios de “viver alto e treinar baixo” em performance anaeróbica ao nível do mar, foram selecionados atletas corredores de prova de 400 metros rasos que viveram por 10 dias em hipóxia normobárica em uma casa de altitude (volume oxigênio = 15,8%) e treinaram ao ar livre em ambiente com taxas de oxigênio normais ao nível do mar. O objetivo do presente estu- do é compreender os mecanismos responsáveis pelas mudanças do metabolismo no organismo. Para tanto, foi realizado um teste de corrida anaeróbica e um de corrida 400 metros, foram executados antes e durante a semana os que viviam numa casa de altitude para determinar a velocidade máxima e submáxima das concentrações de lactato, além do tempo dos 400 m rasos, sendo que ao mesmo tempo 10 atletas viveram e treinaram ao nível do mar sendo submetidos a mesma análise e procedimentos. Os métodos padrões de estatística foram usados para calcular médias, desvios padrões e as correlações de Pearson. Análises multivaridas de diferença (MONOVA) foram usadas para comparação de resultados pré e pós-testes em ambos os grupos, sendo que uma repetida-comparação MANOVA foi apli- cada para indicar diferenças nas freqüências cardíaca ortostáticas e gases sangüíneos durante o período na casa de altitude. Signifi cado estatístico foi aceito em todas as análises a p < 0,05. Diante dos resultados, verifi cou-se que a concentração de lactato na casa de altitude tenderam a aumentar, mas a resposta foi signifi cativa apenas entre 5-7 mol (P < 0,05), além disso o pH em repouso aumentou de 0,003 para 0,067 unidade de pH (P < 0,05). Apesar dos resulta- dos obtidos terem demonstrado um aumento de performance dos atletas conclui-se que estudos relacionados à altitude necessitam de pesquisas e investigações para maior confi abilidade dos resultados. O custo de oxigênio em exercício submáximo correlaciona-se com a performance aeróbia, velocidade crítica e capacidade de trabalho anaeróbio Pacheco ME*, Campbell CSG**, Silva LGM*, Moreno J*, Baldissera V***, Simões HG** *Laboratório de Fisiologia do Exercício da Universidade de Mogi das Cruzes, SP, **Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, DF, Brasília, ***Laboratório de Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de São Carlos, SP pachecom@usp.br Um menor custo de oxigênio durante exercício submáximo (C) representa uma melhor efi ciência mecânica. Objetivos: Correlacionar o custo de oxigênio com parâmetros de aptidão aeróbia e anaeróbia em indivíduos não atletas. Métodos: 8 homens fi sicamente ativos (20,8 + 1,6 anos; 74,3 + 14,9kg) realizaram os seguintes testes: 1) corrida 3km e 500m máximos (Vm3km e Vm500); 2) teste incremental em esteira ergométrica para determinação do Limiar de Lactato (LL), VO2max e Vmax. 3) teste do Tmax (tempo máximo que o voluntário conseguia permanecer no Vmax); 4) cálculo do C durante corrida de 12 minutos a 85% do Vmax. A Velocidade Crítica (VC) e a Capacidade de Trabalho Anaeróbio (Ctan) foram obtidas por regressão linear (Distância x Tempo) nos testes de 3km e 500m. Os participantes foram ainda divididos de acordo com o nível de aptidão aeróbia (G1 -maior VC; e G2 – menor VC) para correlações. Resultados: As Tabelas 1 e 2 apresentam os principais resultados do estudo. Tabela I - VC, LL, Vmax, CTan, Tmax, Tempo no e Tempo para VO2max, C e VO2max. VC (m.min -1 ) LL (m.min -1 ) Vmax (m.min -1 ) Ctan(m) Tmax (seg) Tempo no VO2max (seg) Tempo para VO2max (seg) Custo (C)VO2max (mL.O2 kg1.min1) X 193,5 178,6 203,5 201,1 677,4 579,1 74,4 5,9 47,3 +DP 23,5 20,0 21,5 16,3 152,7 191,0 69,6 0,45 4,5 Tabela II - Correlação entre C e demais variáveis indivíduos es- tudados. VC LL VO2max Tempo para VO2max Tempo no VO2max (seg) Tmax Vmax CTan C (Todos) -0,57 -0,73 -0,42 0,07 0,23 0,21 -0,73 -0,02 C G1 (<VC) -0,53 -0,75 0,04 0,32 0,39 0,48 -0,79 -0,78 C G2 (>VC) -0,06 -0,43 -0,28 0,54 -0,69 0,31 -0,5 0,79 Observou que o C do grupo (G2) se correlacionou positivamente (r = 0,79) e negativamente (r = -0,69) respectivamente com CTan e Tempo no VO2max. Já para G1 quanto maior o C menor a Ctan, sem correlação signifi cativa entre C e Tempo no VO2max. Sugerindo que para indivíduos com maior aptidão aeróbia (G2), quanto maior efi ciência mecânica (menor C), menor a contribuição anaeróbia (menor CTan) e portanto maior tempo no VO2max. Conclusão: A efi ciência mecânica, representada pelo custo de O2 submáximo, parece infl uenciar tanto a performance aeróbia quanto os valores de Ctan, especialmente em indivíduos com menor aptidão aeróbia. Comparação de dois protocolos de avaliação aeróbia em natação de ratos Manchado FB*, Gobatto CA**, Contarteze RVLC**, Mello MAR** *Universidade Estadual Paulista - UNESP, Rio Claro, São Paulo, Laboratório de Avaliação Física e Fisiológicas Einstein - LAFIFE - Faculdades Integradas Einstein de Limeira, São Paulo, ** Universidade Estadual Paulista - UNESP, Rio Claro SP fbmanchado@yahoo.com.br Diversas áreas de pesquisa utilizam procedimentos experimen- tais com ratos exercitados, porém em poucos casos há preocupação com a real intensidade do esforço para esses animais. O objetivo do presente estudo foi propor e comparar dois distintos protocolos de avaliação da intensidade aeróbia de ratos em exercício de natação, sendo um teste invasivo e não exaustivo e outro exaustivo e não invasivo. Inicialmente, 25 ratos Wistar adultos foram adaptados ao meio líquido, em um tanque cilíndrico profundo, com superfície lisa e temperatura da água mantida em 31 ± 1°C. Posteriormente, os animais foram submetidos a dois protocolos de avaliação aeróbia, inicialmente sugeridos para avaliação humana e adaptados à mo- delo experimental com ratos. O primeiro protocolo realizado foi o invasivo e não exaustivo de duplos esforços, proposto por Chassain Fisiologia_v5n1.indb 70Fisiologia_v5n1.indb 70 22/11/2007 18:03:4022/11/2007 18:03:40 71Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 et al. (1986). Esse procedimento consistiu na realização de 4 testes de natação em intensidades equivalentes a 4, 6, 7 e 8% do peso cor- poral (pc), realizados como duplos esforços em mesma intensidade e intercalados por um período de recuperação. Os duplos esforços apresentaram duração de 5 minutos, com 2 minutos de recuperação passiva entre eles. Houve coleta sangüínea da cauda dos animais ao fi nal de cada esforço. Para cada uma das 4 intensidades foi obtido o valor de delta lactato, subtraindo a lactacidemia do segundo esforço (LACE2) da concentração de lactato ao fi nal do primeiro esforço (LACE1). Com os deltas das concentrações lactacidêmicas para cada carga, foi realizada uma interpolação linear individual, a qual forneceu o valor de delta lactato zero, equivalente à carga crítica (CcritCH) calculada pelo método Chassain et al. (1986). O segundo protocolo de avaliação adaptado a ratos foi a determinação da carga crítica exaustiva (CritEX) e não invasiva sugerido por Monod & Scherrer (1965). O protocolo consistiu de 4 esforços exaustivos de natação, realizados em dias alternados, com os animais suportando cargas contínuas de 9, 11, 13 e 15%pc. O tempo de exaustão de cada intensidade foi registrado (tlim). Para determinar a CcritEX, utilizou- se o ajuste linear Ccrit x 1/tlim, no qual a CcritEX correspondeu ao y-intercepto da reta de regressão. As intensidades aeróbias obtidas por ambos os protocolos foram comparadas entre si e com a máxima fase estável de lactato (MFEL) por uma anova one-way. A CcritCH obtida pelo procedimento de duplos esforços foi 4,8 ± 0,2%pc, com regressões lineares signifi cativas (R = 0,91 ± 0,03). A intensidade aeróbia identifi cada pelo procedimento exaustivo foi equivalente a 7,4 ± 0,8%pc (R = 0,96 ± 0,05). Houve diferença signifi cante entre os dois métodos. Observou-se que primeiro protocolo (duplos esforços) apresentou carga igual a MFEL, ao passo que o segundo teste (não-invasivo) superestimou a MFEL em 10%. Dessa forma é possível concluir que o teste invasivo de duplos esforços foi preciso na determinação da intensidade aeróbia em natação de ratos, porém o protocolo não invasivo pode ser utilizado na ausência de condições para análise sangüínea, com pequenos ajustes sendo realizados. Identification of lactate minimum velocity by different methods Guilherme Morais Puga, Wolysson Hiyane, Rafael da Costa Sotero, Emerson Pardono, Carmen Sílvia Grubert, Campbell, Herbert Gustavo Simões Universidade Católica de Brasilia - UCB, Brasília, DF, Brasil guipuga@yahoo.com.br Background: Th e lactate minimum (LM) protocol has been used to assess aerobic fi tness and to predict an exercise intensity associated to the maximal blood lactate steady state. Th e aim of this study was to compare diff erent methods to identify the lactate minimum velocity (LMV). Methods: 14 male cyclists (26.8 ± 4.5 yr; 173.2 ± 6.1 cm; 67.3 ± 5.2 kg; 5.8 ± 2.9 yr of training) performed the LM test in a velodromum, which consisted of one bout of 2 km time trial to induce lactic acidosis, followed by 8 minutes of recovery and 6 bouts of 2 km with 1km•h-1 increments at each bout, starting the fi rst one at 5km•h-1 bellow the mean velocity in a 6 km time trial performed previously. At the end of each bout 25μl of capilla- ry blood were collected for blood lactate measurements (bLAC) (YSI - 2700 STAT). Th e LMV was identifi ed through inspection (vLMV), and applying a second grade polynomial function, on 6 (LMVp6) and 3 (LMVp3) increments bouts, and fi nally a method where the bLAC•work velocity-1 quotients (QLM) results were plotted against the correspondent velocity in the incremental test, with the LMV being identifi ed by 6 QLM6) and 3 bouts (QLM3). Results: Repeated measures ANOVA showed no statistical diff erences between vLMV (33.1 ± 2.3 km•h-1), LMVp6 (32.9 ± 2.5 km•h-1), LMVp3 (33.2 ± 2.3 km•h-1), QLM6 (32.8 ± 2.5 km•h-1) and QLM3 (33.4 ± 2.3 km•h-1), with high correlation among parameters. Conclusion: It was possible to identify the LMV by the methods proposed in the present study, even by using only 3 bouts during the incremental test, such procedure enable a more practical and economic test, besides minimizing the discomfort from several blood collections. Comparação de valores de magnésio pré e pós-competição de triathlon Marcos Bürger-Mendonça, Fernanda Retondaro Unesa - Petrópolis, RJ marcosburger@gmail.com A presença do magnésio (Mg +2 ) no organismo vivo foi demonstra- da em 1859, porém só a partir da década de 50 é que as propriedades do Mg na nutrição humana tornaram-se conhecidas. O Mg +2 é um íon metálico divalente, sendo um mineral essencial e co-fator de mais de 325 reações enzimáticas (Bohl e Volpe, 2002) exercendo vários papeis vitais no metabolismo. É o quarto cátion mais abundante no corpo após o cálcio (Ca +2 ), potássio (K + ) e o sódio (Na + ) e também o segundo cátion mais abundante intracelular após o potássio. Quando comparado ao sódio, potássio ao cálcio o Mg +2 é que menos se perde no suor. Este estudo teve como objetivo analisar os valores de Magnésio pré e pós-competição de triathlon. A amostra foi composta por seis voluntários do sexo masculino, sendo estes, atletas amadores com idade média de 27 ± 6 anos, praticantes de triathlon a pelo menos um ano e com experiência prévia em provas de longa duração Os Integrantes do experimento foram submetidos a duas coletas de aproximada- mente 25 ml de sangue, após jejum de oito horas, no período entre 6 e 7 horas na residência dos voluntários (t = 0) na posição sentada e imediatamente ao término da prova de cada atleta, sendo esta coleta realizada na tenda médica do evento. A análise bioquímica do Mg foi realizada no analisador semi-automático BTS-310 Plus (BioSystems, Barcelona, Espanha). Os resultados individuais foram comparados com o repouso. Ou seja, os atletas foram os seus próprios controles para os parâmetros analisados. Para análise estatística foi utilizado o software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 11.0 (Chicago, IL, USA, 2001), foi aplicado o teste t-student para a mesma amostra, tendo como valor para p ≤ 0.05 aceito como signifi cante. O tempo médio da prova realizada foi de 4:23:24 ± 0:28:04 horas. Os valores individuais do Mg variaram de 1,80 a 2,40 mg/dl em T = 0 e de 1,20 a 1,40 mg/dl em T = 1 e os valores médios foram de 2,066 ± 0,2160 mg/dl em T = 0 e de 1,330 ± 0,082 mg/dl em T = 1. Estes resultados apresentaram uma redução estatisticamente signifi cante (P = 0,001), revelando uma diferença de 34,91% em relação aos valores do Mg pré e pós-competição. Concluímos que, após uma competição de triathlon de longa distância, os atletas apresentaram um quadro de hipomagnesemia. Este quadro pode signifi car uma menor resposta imune do organismo e geração de espécies reativas de oxigênio que, por sua vez pode acarretar na redução na performance atlética. Fisiologia_v5n1.indb 71Fisiologia_v5n1.indb 71 22/11/2007 18:03:4022/11/2007 18:03:40 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200672 Efeito do treinamento de potência para membros inferiores em karatecas Francisco ER*, Pereira JC*, Silva GKA*, Silva MM*, Souza DAP*, Nazari RT*, Batista D*, Sugizaki MM**, Papoti M**, Barbosa CAG*** *Alunos do 3º ano do curso de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER), **Centro de Estudo e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF) FIB, ***Laboratório de Exercício Resistido, (LABER) -FIB, Centro de Estudo e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF) FIB, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER) O caratê é uma arte marcial milenar com raízes na Índia e na China. Com o passar dos anos tornou-se modalidade esportiva, onde praticantes e técnicos ofereciam grande rejeição ao exercício resistido. Pois, achavam que perderiam velocidade e fl exibilidade. Porém, treinavam com bastante intensidade, visando melhores colocações nas competições. Em dias atuais, é comum o uso do Treinamento Resistido nos programas de atividade física para a melhora da potência muscular. O objetivo desta pesquisa foi inves- tigar o efeito do treinamento de potência para membros inferiores em karatecas. Fizeram parte da pesquisa 6 atletas, sem experiência anterior em exercício resistido, com idade entre 17 e 41 anos, do sexo masculino, praticantes de karate, a pelo menos 8 anos, atletas do clube grêmio recreativo energético de Bauru. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Exercício Resistido, das Faculdades Integradas de Bauru, situada na cidade de Bauru. Foram realizados os testes de shutlle run para analisar agilidade, salto vertical para analisar agilidade membros inferiores anterior e posterior, e teste de 6 RM para avaliar a força muscular do programa proposto. Os sujeitos realizaram o método power training efetuando 6 a 12 RM, 3 vezes por semana. O pré-teste do salto vertical foi de 46,38 ± 4,27 cm e após a intervenção 48,45 ± 6,05 cm, para p ≤ 0,05, com r ≥ 0,99. As análises da força muscular no pré-teste foram de 72,08 ± 23,35 Kg e após a intervenção 99,25 ± 20,36 kg, para p ≤ 0,05, r ≥ 0,99. Portanto, houve aumento signifi cativo nos testes de impulsão vertical, teste de agilidade e força muscular. Conclui-se que o treinamento resistido foi adequado e efi ciente para agilidade, força e potência muscular, ressaltando que foram apenas 7 sessões. Comparação da capacidade aeróbia de nadadores determinada através de métodos invasivo e não invasivo Santhiago V, Silva ASR, Santos FNC, Gobatto CA Departamento de Educação Física, Instituto de Biociências, UNESP - Rio Claro, SP vanessas@rc.unesp.br. O limiar anaeróbio (LAN), determinado através da lactacide- mia, tem sido extensivamente utilizado para avaliação e prescrição do treinamento aeróbio em nadadores. Contudo, como nem todas as equipes possuem infra-estrutura necessária para a determinação de tal parâmetro, a velocidade crítica (Vcrit) tem sido utilizada como um protocolo não invasivo de determinação da capacidade aeróbia. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi comparar as intensidades obtidas pelo teste de Vcrit, não invasivo, com as intensidades correspondentes ao limiar anaeróbio (LAN) antes do início do período preparatório básico de nadadores. Participaram do estudo 15 atletas do sexo masculino e 10 atletas do sexo feminino da equipe de natação da UNAERP de Ribeirão Preto. Os atletas foram analisados em dois dias, sendo que no 1º foi determinado o limiar anaeróbio através da realização de 3 nados de 400m com 3 minutos de intervalo entre os nados, em intensidades de 85%, 90% e 100% da máxima velocidade atingida pelo atleta neste percurso. No 1°minuto de repouso entre os nados foram coletados 25μl de sangue do lóbulo da orelha para posterior análise das concentrações de lactato sanguíneo. Por ajuste de curva de crescimento exponecial, foram calculadas as velocidades correspondentes a 3,5 mM (Pereira et al., 2003). No 2º dia, foi realizado o teste de Vcrit através da exe- cução de 3 esforços randomicamente estabelecidos em estilo crawl nas distâncias de 100, 200 e 400m com a máxima velocidade que o atleta é capaz de nadar, separados por períodos mínimos de repouso de 3 horas. Os valores de distância e tempo foram submetidos ao procedimento de regressão linear para estimativa da Vcrit, pelo modelo linear distância-tempo. Foi utilizado o teste t para amostras pareadas para verifi car se houve diferença entre as intensidades, e, a seguir aplicou-se a correlação de Pearson e análise de regressão. As intensidades obtidas pelos testes de Lan e Vcrit não foram signifi ca- tivamente diferentes (74,50 ± 3,25 s/100m vs. 72,51 ± 3,37 s/100m para homens, e 76,29 s/100m ± 4,03 vs. 77,76 ± 3,06 s/100m para mulheres). Houve signifi cativa correlação entre as variáveis (r = 0,81 e r=0,94), para homens (H) e mulheres (M) respectivamente, permitindo dessa forma a obtenção de 2 equações (H e M), através da análise de regressão. Esse procedimento possibilitou determinar a intensidade correspondente ao LAN através do teste de Vcrit, sendo LAN (s/100m) = 0,79 * Vcrit + 17,12 e Lan (s/100m) = 1,19 * Vcrit – 18,04, para os grupos H e M respectivamente. Desse modo, pu- demos observar que a Vcrit pode ser utilizada como um parâmetro aeróbio não invasivo na prescrição e acompanhamento das sessões de treino, entretanto, através da regressão linear foi possível corrigir alterações mínimas de intensidades de nado, não observadas pela estatística convencional, podendo ser utilizado como a intensidade correspondente ao LAN. Efeitos de exercícios resistidos associados à suplementação de creatina monoidratada sobre a hipotensão pós- exercício e sua relação com a lactatemia. MorenoJR*, Puga GM*, Cunha GA*, Braga PL**, Campbell CSG, Denadai MLDR, ** Simões HG* *Universidade Católica de Brasília - UCB, Brasília, **Universidade de Mogi das Cruzes - UMC, Mogi das Cruzes, SP guipuga@yahoo.com.br Os efeitos da suplementação de creatina (CM) sobre a hipo- tensão pós -exercício (HPE) resistido e sua relação com a lactatemia ([lac]) ainda não foram investigados. Este estudo analisou os efeitos de exercícios resistidos de alta e baixa intensidade, antes e após suplementação de CM, sobre a HPE e sua relação com a [lac] pós- exercício. Dez homens foram submetidos a 2 sessões de exercícios resistidos, antes (SC) e após (CC) suplementação de CM: (1) Re- sistência Muscular Localizada (RML)-30 repetições a 30%1RM e (2) Hipertrofi a (HIP)-8 repetições a 75%1RM. A PA foi mensurada Fisiologia_v5n1.indb 72Fisiologia_v5n1.indb 72 22/11/2007 18:03:4022/11/2007 18:03:40 73Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 no repouso pré-exercício, e durante 90 minutos de recuperação pós- exercício. Em relação ao repouso, observou-se redução percentual da PA sistólica (PAS) SC/CC de 13,5 + 1,5 / 10,2 + 2,8% após HIP e de 8,4 + 1,3 / 10,3 + 1,3% após RML. A PA diastólica (PAD) apresentou diminuição média de 9,1 + 2,8 / 3,1 + 4,8% após HIP e de 5,1 + 6,2 / 6,8 + 5,7% após RML. Foi observada hipotensão de PAS após HIP entre o 15º e 90º minutos SC e entre o 15º e 60º minutos CC (P < 0,01). Após RML SC e CC foi observada hipotensão de PAS entre o 15º e 90º minuto de recuperação (P < 0,01). Após sessão HIP a PAD apresentou HPE entre o 15º e 45º minutos SC e apenas aos 15 minutos CC (P < 0,01). HPE de PAD SC e CC ocorreu aos 15 minutos após RML (P < 0,01). A PA após HIP SC foi menor do que CC aos 75 e 90 para PAS e aos 45 e 60 minutos para PAD (P < 0,05). Evidenciou-se correlação signifi cativa entre a [lac] e HPE apenas após RML. As sessões de HIP e RML resultam em HPE semelhante SC, mas a suplementação de CM pode atenuar esta resposta. Além disso, a elevação da [lac] pode ser um dos fatores desencadeadores da HPE. Diferentes metodologias não-invasiva para a determinação do limiar de anaerobiose em exercício resistido incremental Oliveira JC*, Azevedo P*, Marmorato D*, Aguiar AP**, Bigaton DR**, Oliveira GP*, Baldissera V*, Perez SEA* *UFSCar/DCF, **UNIMEP Introdução: Há determinação do limiar de anaerobiose (LAn) de maneira não-invasiva através dos componentes salivares (e.g. concentração lactato salivar [LSal]) e da freqüência cardíaca por meio de sua variabilidade (VFC) tem se mostrado extremamente efi cientes, porém nenhum estudo verifi cou a sua ocorrência em exercícios resistidos incrementais . Objetivo: Verifi car a possibilidade de identifi cação do LAn pela [LSal] e pelo desvio padrão da varia- bilidade instantânea rápida batimento-a-batimento (SD1) e a sua correlação com o limiar de lactato sangüíneo (LiLSan) em exercício resistido do tipo Leg Press 45º (LP). Metodologia: Para tanto 18 jovens (9 homens e 9 mulheres), foram submetidos a procedimento experimental incremental relativo ao percentual da carga máxima di- nâmica (1RM), após a determinação da mesma, no seguinte molde: 10, 20, 25, 30, 35, 40, 50, 60, 70, 80 e 90% de 1RM, 2 minutos de intervalo entre as séries de 20 repetições, para a troca de carga e coleta sangüínea e de saliva. As amostras sangüíneas (25 μl) foram acondicionadas em tubos eppendorfs contento 50 microlitros de fl uoreto de sódio bem como as amostras de saliva (500 μl). Ambas as amostras foram conservadas a -20º C, durante no máximo 14 dias até posterior análise. As concentrações de lactato sangüíneo [LSan] e [LSal] foram determinadas por analisador eletroenzimático YSI 1500 Sports e a SD1 por cardiofrequencímetro da marca Polar®, modelo S810i, com freqüência de amostragem de 1.000Hz. Os limiares de LiLSan e salivar (LiLSal) foram determinador através de inspeção visual por dois pesquisadores independentes e experientes e o limiar de VFC (LiVFC) pelo 1º estágio onde a diferença entre 2 estágios consecutivos fossem menor que 1 milissegundos (ms). Tratamento estatístico pertinente foi realizado pelo software Statis- tica 99 Edition v.5.5, sendo adotado o índice de signifi cância de 5% e o intervalo de confi ança de 95%. Resultados: Os valores médios ±DP encontrados, bem como as diferenças estatísticas, correlações e suas signifi câncias, podem ser sumariamente visualizados na Tabela I e II, respectivamente. Tabela I - Valores em que foram identifi cados os limiares pelas diferentes metodologias. R (%1RM) A (Kg) [Lac] (mmol. l-¹) SD1 (ms) LiLSan 32,22 ± 6,69 70,16 ± 27,30 2,79 ± 0,91 LiLSal 36,56 ± 9,07 77,18 ± 30,63 0,50 ± 0,20 LiVFC 34,72 ± 9,62 78,77 ± 37,63 6,50 ± 3,41 Anova One-Way 0,3371 0,6987 0,00000* * = Teste t para medidas independentes Tabela II - Correlações encontradas quando da aplicação do coe- fi ciente de Spearman. LiLSal- R LiVFC- R LiLSal- A LiVFC- A [LSal] SD1 LiLSan-R r = 0,46 r = 0,86 LiLSal-R r = 0,49 LiLSan-A r = 0,82 r = 0,93 LiLSal-A r = 0,88 [LSan] r = 0,32* r = -0,67 [LSal] r = -0,20* * = correlações não signifi cantes, R = carga relativa, A = carga absoluta. Conclusões: Os dados encontrados fortalecem a existência do LAn nos exercícios resistidos quando investigados isoladamente em procedimentos incrementais, bem como a consistência dos métodos não-invasivos (e.g. LiLSal e LiVFC) na determinação do LAn no procedimento experimental estudado. Ensino de fisiologia do exercício para estudantes de educação física: comparação das formas de apresentação dos conteúdos Emerson Franchini, Monica Yuri Takito, Rômulo Cássio de Moraes Bertuzzi Grupo de Pesquisas em Fisiologia do Exercício da Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Barueri, SP, Brasil emersonfranchini@hotmail.com A disciplina de Fisiologia do Exercício tem sido considerada uma das mais tradicionais no curso de Educação Física (Tani, 1996). Atualmente, é comum a presença dessa disciplina em outros cursos de graduação (Fisioterapia, Medicina e Nutrição, como exemplos), com enfoque diferente daquele originalmente dado no curso de Educação Física. Além disso, a grande expansão do conhecimento na área de Fisiologia do Exercício faz com que alguns conhecimentos não tenham relação direta com a intervenção do profi ssional de Educação Física e Esporte. Tradicionalmente, o enfoque dado à Fisiologia do Exercício tem seguido a organização dos livros dessa área, isto é, Bioenergética, Sistema Cardiovascular e Exercício, Sistema Neuromuscular e Exercício, Sistema Respi- ratório e Exercício, Sistema Endócrino e Exercício, entre outros. Fisiologia_v5n1.indb 73Fisiologia_v5n1.indb 73 22/11/2007 18:03:4122/11/2007 18:03:41 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200674 Nessa abordagem o conhecimento do funcionamento dos sistemas precisa ser integrado e associado aos diferentes tipos de exercício por parte do futuro profi ssional de Educação Física e Esporte. Essa abordagem tem sido criticada por não permitir aplicação direta dos conhecimentos na intervenção desse profi ssional (Mariz de Oliveira, 1999). Portanto, foi objetivo desse estudo, comparar dois tipos de apresentação da Fisiologia do Exercício para alunos de seis turmas da 5ª etapa de um curso de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A primeira abordagem, ministrada a 78 alunos de três turmas, envolvia os seguintes conteúdos: Bioenergética, Tipos de Fibras Musculares e Sistema Cardiovascular e Exercício. A segunda abordagem, ministrada a 92 alunos de três turmas, tratou dos seguintes conteúdos: Aque- cimento, Flexibilidade, Exercício Aeróbio, Exercício Anaeróbio, Exercício de Força e Exercício Concorrente. Nas duas abordagens foram abordados conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais. O mesmo professor ministrou todas as aulas e foi avaliado quanto ao seu desempenho através de uma avaliação realizada pelos alunos e analisada pelo corpo diretivo da institui- ção. Essa avaliação constitui o procedimento ofi cial adotado pela instituição e é composta por oito afi rmações sobre a programação e o desenvolvimento da disciplina, oito afi rmações sobre a atuação do professor e seis afi rmações sobre o aluno (auto-avaliação). Para cada afi rmação o aluno atribui uma nota de um a quatro, sendo um Ruim ou Insatisfatório e quatro Excelente ou Muito Satisfatório. A comparação entre os dois procedimentos foi feita através de um teste de Qui-quadrado e da análise de proporções, adotando 5% como nível de signifi cância. Foram observados aumento (p < 0,05) do percentual de alunos que atribuíram escore 4 em cinco das oito afi rmações sobre a programação e desenvolvimento, sete das oito questões sobre a análise do professor, embora apenas uma das afi rmações (“nível de participação nas aulas”) da auto-avaliação tenha recebido maior percentual de escore 4. Esses resultados in- dicam que a forma como os conteúdos de Fisiologia do Exercício são apresentados altera a percepção dos alunos de Educação Física sobre a programação e desenvolvimento da disciplina, sobre o pro- fessor e sobre o nível de participação nas aulas, mas altera pouco a percepção sobre o desempenho na disciplina como um todo. Comparação da força muscular respiratória e dos fluxos pulmonares obtidos de forma direta com os valores previstos em mulheres saudáveis entre 20 a 29 anos Parizotto APD, Ferreira CA, Simões RP, Silva AB, Negrini F, Sampaio LMM UNIARA - São Carlos, SP paulapld@ig.com.br Introdução: A avaliação da força muscular respiratória, dos fl uxos e volumes pulmonares têm sido um instrumento efi caz para detecção de possíveis alterações na capacidade de gerar força e diagnosticar a fraqueza e ou fadiga, geralmente relacionadas a patologias neuro- musculares, respiratórias, cardíacas ou metabólicas. Por este motivo, fórmulas preditivas de avaliação da força muscular respiratória e dos fl uxos pulmonares têm sido objeto de estudo na literatura, comparando com os valores obtidos diretamente, porém estas comparações têm mostrado resultados controversos em diferentes populações. Objetivo: Comparar os valores de Ventilação Voluntária Máxima (VVM), Pressão Inspiratória Máxima (PImáx) e Pressão Expiratória Máxima (PEmáx) obtidos de forma direta por meio da espirometria e manovacuometria, respectivamente, com as fórmu- las previstas por Neder et al. (1999), bem como do pico de fl uxo expiratório em relação as tabelas preditas, as quais são usadas como referência até os dias atuais para indivíduos saudáveis. Metodologia: 10 mulheres da região de São Carlos, de 23 ± 1,9 anos foram ava- liadas, sendo que estas não apresentavam problemas respiratórios, cardíacos e/ou ortopédicos, não eram atletas nem fumantes. Todas as voluntárias foram submetidas à avaliação espirométrica onde realizaram as manobras de capacidade vital lenta (CVL) e capaci- dade vital forçada (CVF). A força muscular respiratória (FMR) foi mensurada por meio de um manovacuômetro aneróide (escalonado ±300 cmH2O), o qual foi obtida a PImáx e a PEmáx partindo do volume residual e da capacidade pulmonar total, respectivamente, e ainda foi avaliado o pico de fl uxo expiratório (PFE) por meio do Peak Flow Meter. Para cada medida foram realizadas três manobras, e os indivíduos permaneceram sentados e com clipe nasal. Para a análise estatística foi computado o maior valor coletado e utilizou-se o Teste de Wilcoxon (p < 0,05). Este estudo foi realizado de acordo com a resolução 196/96 do CNS além disto foi aprovado pelo comitê de ética da instituição. Resultados: Observou-se diferença signifi cativa (p < 0,01) quando comparados os valores de PImáx e PEmáx em relação aos dados expressados matematicamente com os obtidos pela avaliação direta. Já para os valores de PFE e VVM, não se observou diferença signifi cativa. Conclusão: Infere-se que as medidas obtidas de PImáx e PEmáx apresentaram valores inferiores aos preditos matematicamente por Neder et al. (1999) e que os valores de PFE e VVM foram estaticamente iguais para indivíduos saudáveis da mesma faixa etária, o que denota que a tabela de Leiner (1963) ainda é válida para a população atual e a fórmula de Neder (1999) para a VVM apresentou-se aplicável para mulheres saudáveis de 20 a 29 anos. Análise do consumo máximo de oxigênio indireto, glicose e lactato sangüíneos em reposta ao teste de caminhada de rockport, realizado por usuárias e não usuárias de contraceptivo oral Guerra CC, Donati CL, Moreira PT, Custódio CRN, Pinheiro DA Universidade de Mogi das Cruzes - Mogi das Cruzes, SP camila_guerra@ig.com.br Este estudo teve como objetivo comparar os níveis de lactato e glicose sangüíneos, antes e após um teste de caminhada realizado por mulheres sedentárias, no 2º e 10º dias do ciclo menstrual, bem como os valores de consumo máximo de oxigênio (VO2máx) inferidos indiretamente. Para tanto, foram sujeitos da pesquisa, 16 mulheres sedentárias , as quais constituíram 2 grupos: usuárias (20,8 anos ± 1,67) e não usuárias (21,8 anos ± 1,58) de contraceptivo oral. Para a execução deste teste, foram aferidos os seguintes dados basais: freqüên cia cardíaca, freqüência respiratória, glicemia e dosagem de lactato sérico. A seguir realizou-se 6 minutos de alongamento muscular ativo acrescido de 1 minuto de caminhada, sendo inicia- do o percurso de 1milha. Imediatamente após seu término, foram colhidas as variáveis e amostras sangüíneas, seguido por um desa- quecimento de 8 minutos. Os dados foram expressos por médias e desvio padrão e a comparação entre as médias foi realizada através Fisiologia_v5n1.indb 74Fisiologia_v5n1.indb 74 22/11/2007 18:03:4122/11/2007 18:03:41 75Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 do teste “ t ” de student pareado e não pareado, sendo p ≤0,05 utilizado como nível de signifi cância. Em relação às características físicas dos sujeitos e ao tempo de realização do teste, não foram verifi cadas diferenças estatisticamente signifi cantes nos grupos analisados, indicando, assim, a homogeneidade entre os sujeitos da pesquisa. Quanto aos parâmetros cardio respiratórios, conforme esperado, observou-se o aumento dessas variáveis após o exercício físico, em ambos os grupos. Por outro lado, não houve alteração estatisticamente signifi cante nos valores de pressão arterial sistólica e diastólica, inicial e fi nal, em resposta ao exercício, analisados nas usuárias e não usuárias de contraceptivo oral, nos dois dias estudados. Quanto à dosagem de lactato sangüíneo, os valores iniciais foram signifi cativamente menores que os observados após o exercício em todos os grupos. Essa alteração comprova que as voluntárias apre- sentaram uma mudança durante o teste, do metabolismo aeróbio, no início do esforço, para o metabolismo anaeróbio lático, com pro- dução e acúmulo de ácido lático. Valores signifi cativamente maiores no 2º e 10º dias das usuárias de contraceptivo oral também foram observados.Comparando-se os dados médios de glicemia inicial e fi nal entre os 2 grupos, em ambos os dias de avaliação, observou- se que o grupo das usuárias de contraceptivo oral apresentou aumento da glicemia, enquanto o grupo das não usuárias registraram queda, estatisticamente signifi cantes. Quanto ao consumo máximo de oxigênio, não foram verifi cadas diferenças estatisticamente signifi - cantes entre os grupos, indicando que, independente da fase do ciclo menstrual ou utilização de contraceptivos orais, com características antropométricas homogêneas e mesmo nível de condicionamento, as mulheres apresentaram resultados de performance aeróbia seme- lhantes. Conclui-se que estudos reprodutivos, envolvendo maior número de sujeitos, devam ser realizados, visto a subjetividade do teste utilizado para precisar os dados. Padrão eletroforético da LDH em ratos submetidos a treinamento aeróbio em esteira e laser de baixa intensidade Vieira WHB, Costa FC, Santos GML, Góes R, Parizotto NA, Munim FS, Schuwantes MLB, Perez SEA, Baldissera V UFSCAR - São Carlos, SP hericksonfi sio@yahoo.com.br A enzima Lactato Desidrogenase (LDH) consiste em um dos melhores sistemas enzimáticos para estudos de adaptações meta- bólicas a modifi cações as condições externas, como por exemplo, o défi cit de oxigênio. No entanto, inexistem estudos investigando a atividade dessa enzima em seres submetidos a treinamento físico e laser de baixa intensidade. O objetivo desse estudo foi examinar a atividade e padrão eletroforético da LDH em ratos submetidos a treinamento aeróbio e laser de baixa intensidade. Fizeram parte do estudo 54 ratos machos, Wistar, com peso médio de 115 ± 12g, os quais foram alojados em gaiolas coletivas a 22-27ºC com fotoperíodo de 12 horas de claro e 12 de escuro e receberam ração peletizada e água ad libitum. Estes animais foram divididos em 4 grupos: dois permaneceram em repouso (GRC e GRL), sendo o segundo irradia- do por laser; enquanto outros dois foram submetidos a treinamento aeróbio em esteira durante 5 semanas (GEC e GEL), sendo o último também irradiado por laser. O laser foi aplicado diariamente sobre: quadríceps, glúteo máximo, sóleo e Tibial Anterior, bilateralmente, durante 30 dias consecutivos, utilizando: dose = 3,8J/cm2, potência = 15 mW, imediatamente após cada sessão de exercício. Amostras musculares de Sóleo, Tibial Anterior, Coração foram removidas 48 horas após a última sessão de treinamento para análise espectrofoto- métrica e eletroforética. A análise estatística foi realizada através dos testes de Shapiro Wilks, ANOVA e Tukey. O nível de signifi cância foi considerado (p ≤ 0,05). Reduções foram observadas na atividade da LDH causadas pelo Laser (19 a 30%), exercício (41 a 66%) e suas ações combinadas (47 a 66%), (P < 0,01). A eletroforese exibiu uma predominância da subunidade B para o sóleo e coração, e da subu- nidade da A para TA. Esses dados sugerem uma resposta adaptativa dos animais ao treinamento aeróbio e laser de baixa intensidade, no sentido da otimização da via oxidativa. Efeito do exercício físico realizado até exaustão, nas intensidades leve e moderada, sobre a concentração sérica de interleucina-6 Prestes J, Frollini AB, Dias R, Ferreira CKO, Donatto FF, Leite GS, Urtado CB, Guerreschi M, Palanch A, Cavaglieri CR Universidade Metodista de Piracicaba - Mestrado Educação Física, Núcleo de Performance Humana, SP jprestes@unimep.br Introdução: A produção de interleucina-6 (IL-6) pode ser mo- dulada por vários estímulos, incluindo o exercício físico, trauma e infecção. A liberação de IL-6 induzida pelo exercício assumidamente regula componentes da fase de resposta aguda, incluindo fase aguda de síntese proteica pelo fígado e liberação de glicocorticóides via estimulação do eixo hipotalâmico-hipofi sário-adrenal. Objetivo: Analisar os efeitos do exercício físico até a exaustão, nas intensida- des leve e moderada, sobre a concentração sérica de citocina IL-6; utilizando como modelo de exercício físico, a natação. Método: Ratos sedentários machos Wistar, 2 meses e peso +200g obtidos do Biotério Central da UNIMEP. Na intensidade leve o exercício foi realizado sem sobrecarga, sendo que, na intensidade moderada uma sobrecarga correspondente a 5% do peso corporal do animal foi acoplada ao seu dorso, a qual corresponde a uma intensidade inferior ao ponto de infl exão da curva do limiar de lactato (Gobat- to et al., 2001; Voltarelli et al., 2002). Os grupos realizaram uma única sessão até a exaustão; n = 3 para cada grupo. A dosagem foi realizada no soro dos animais e determinada pelo método ELISA, seguindo as especifi cações do Kit (R&D Systems). A estatística utilizada foi ANOVA seguido do Teste-t de Student, (p ≤0.05), resultados expressos pela média ±o erro padrão através do software MicrocaL Origin 6.0 (1999). Resultados: Comparando o grupo con- trole com o grupo exaustão leve, observou-se aumento signifi cante de 26,6% na IL-6, não tendo sido observadas diferenças quando comparado o grupo exaustão moderado ao controle (Tabela 1). Na comparação entre os grupos exercitados, observamos diferença estatisticamente signifi cante na IL-6 no grupo leve em relação ao exaustão moderado, sendo a concentração de IL-6 26% maior no exaustão leve (Tabela I). Fisiologia_v5n1.indb 75Fisiologia_v5n1.indb 75 22/11/2007 18:03:4222/11/2007 18:03:42 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200676 Tabela I - Concentração sérica de IL-6 para o grupo controle e grupos exercitados. Concentração sérica de IL-6 (pg/ml) C EXL EXM Média + erro padrão 267,88 + 9,86 364,88 + 7,76* # 269,88 + 23,18 Tabela referente aos resultados da concentração sérica de IL-6 em pg/mL para o grupo controle e grupos exercitados. C= Grupo controle, EXL= Exercício agudo leve até a exaustão, EXM= Exercício agudo moderado até a exaustão. *Diferença signifi cativa em relação ao grupo #controle. Diferença signifi cativa entre os grupos EXL e EXM, (p < 0,05). Conclusão: Os resultados obtidos mostraram que o exercício em intensidade leve realizado até a exaustão (duração média de 8 horas) induz a aumentos na concentração sérica de IL-6. No caso da inten- sidade moderada, esta não foi sufi ciente para elevar a IL-6. Variações pressóricas em idosos ativos portadores de diabetes tipo II submetidos a treinamento resistido de baixa intensidade Stotzer US, Oliveira PHZ, Damiano LEGV, Duarte ACG UFSCar, USP, São Carlos, SP ulianass@hotmail.com O aumento da população idosa tem ocorrido de forma cada vez mais exponencial e juntamente tem crescido a incidência de doenças relacionadas à idade, onde a doença crônica mais freqüente é a hiper- tensão. Quando se trata de diabéticos, estima-se que essa porcentagem seja de aproximadamente 90%. Os diversos estudos que abordam a relação da pressão arterial (PA) com o exercício físico têm se concen- trado, principalmente, no exercício do tipo aeróbio dinâmico, que comprovadamente oferece bons resultados, mas o treinamento resistido tem conquistado a cada dia mais espaço quando se trata de promoção de saúde. O treinamento resistido na terceira idade vem se revelando indispensável principalmente por reverter o quadro de hipotrofi a mus- cular que ocorre nas fi bras brancas, benefício que os exercícios aeróbios não promovem. Objetivo: investigar as alterações pressóricas em idosos diabéticos tipo II quando submetidos a treinamento de exercício resisti- do. Métodos: quatro voluntários (3 homens e 1 mulher), diabéticos tipo II, com níveis pressóricos levemente elevados, idade entre 66-77 anos, após 5 semanas de adaptação aos exercícios realizados em aparelhos de musculação, realizaram teste de 1 Repetição Máxima (1RM) seguido de treinamento de 5 semanas, com cargas correspondentes a 45% de 1RM, numa freqüência de 3 sessões semanais. As pressões sistólicas e diastólicas foram monitoradas em todas as sessões pré e pós-exercício. Resultados: a média da pressão arterial sistólica baixou de 143 ± 15 mmHg, pós-primeira sessão de treino, para 134 ± 20mmHg, pós-úl- tima sessão de treino e a pressão arterial diastólica sofreu uma redução de 88 ± 5 mmHg, pós-primeira sessão de treino, para 85 ± 7mmHg pós-última sessão de treino, ou seja, sofreram uma redução de 6% e 3%, respectivamente, porém quando analisados no teste “t” de student não apresentaram diferença signifi cativa. Conclusões: o treinamento resistido de baixa intensidade mostrou ser aplicável também em população idosa portadora de diabetes tipo II com pressões arteriais ligeiramente elevadas, se devidamente monitorado. Neste tipo de treinamento, as diferenças pressóricas encontradas, apesar de não terem apresentado diferenças estatísticas