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Assistência – artigos 50 a 55 do CPC. - está disciplinada no Capítulo que trata do litisconsórcio, ou seja, foi inserida fora do capítulo destinado à intervenção de terceiros, no entanto, a doutrina é unânime no sentido de que é uma de suas principais modalidades de intervenção de terceiros. - Tal entendimento vem corroborado no texto do artigo 280 do Código de Processo Civil ao dizer que não é cabível intervenção de terceiros no procedimento sumário, salvo a assistência e o recurso de terceiro prejudicado. Conceito - modalidade de intervenção de terceiros, voluntária ou espontânea. - Consiste na situação em que terceiro interessado é admitido, após requerimento, na lide travada entre as partes, com o fim de auxiliar uma delas, em razão de comprovado interesse jurídico no deslinde da causa principal. Classificação Classifica-se em duas modalidades: simples ou adesiva e litisconsorcial ou autônoma. Assistência simples – art.50 do CPC Consiste a assistência simples na intervenção de terceiro no processo entre as partes visando a sustentar as razões de uma delas contra a outra. Intervém em auxílio de uma das partes contra a outra, em razão do interesse jurídico na vitória daquela e na derrota desta, ou seja, que a sentença seja favorável a uma das partes. Esse interesse, no entanto, não é um simples interesse de fato, mas sim um interesse jurídico, que não se confunde com um direito seu, mas no fato de que a sentença proferida contra o assistido poderia influir desfavoravelmente na sua situação jurídica. Destarte, conclui-se que o assistente simples não é alguém indiferente ao processo, pois deve possuir interesse jurídico no deslinde da causa, pois, a depender do resultado, esta pode ou não prejudicá-lo. Registre-se que não basta que haja o interesse meramente econômico por parte do assistente, devendo haver legítimo interesse jurídico. Para saber se o terceiro interessado terá interesse jurídico na ação, capaz de justificar a admissão de sua assistência, deve-se responder três perguntas: O terceiro possui relação jurídica com uma das partes? Essa relação jurídica é diversa da que está sendo discutida no processo originário? O resultado da ação afeta a relação jurídica entre o terceiro e a parte assistida? Em razão da complexidade das questões apresentadas, abaixo exemplificamos interesses jurídicos e meramente econômicos, capazes ou não, de autorizar a assistência: a) 1.º exemplo A celebrou com B contrato de locação, e B celebrou com C um contrato de sublocação. Num determinado momento, A move contra B uma ação de despejo. Decretado o despejo, o contrato entre B e C será prejudicado (contrato derivado). Neste caso, as três perguntas são respondidas afirmativamente, então, C poderá ingressar como assistente na ação de despejo movida por A contra B. – (Assistência Simples) b) 2.º exemplo A é credor de B. A move contra B uma ação de cobrança. B tem uma segunda dívida para com C. Neste caso, B é devedor, tanto de A quanto de C. Movida esta ação de cobrança, para o credor C será mais vantajoso que esta ação seja julgada improcedente. Em face do exposto, pergunta-se: C poderá ingressar na ação como assistente? As duas primeiras perguntas são respondidas afirmativamente. Entretanto, o resultado da ação não afeta a relação jurídica entre B e C, havendo um interesse meramente econômico. Então, neste caso, C não poderá requerer seu ingresso como Assistente desta ação (não há interesse jurídico). c) 3.º exemplo A é vítima de acidente de trânsito e move ação contra o causador do acidente, B, que possui um contrato com a seguradora C (B no caso de procedência da ação terá direito de regresso em relação a C). C quer que a ação seja julgada improcedente para não haver o direito de regresso. Neste caso, se a ação for julgada procedente, B terá direito de regresso; se a ação for julgada improcedente, B não terá direito de regresso. Então C poderá ingressar como assistente. – (Assistência Simples). d) 4.º exemplo A é credor que move ação contra fiador B, deixando de fora o devedor principal, C. O devedor principal poderá ingressar como assistente pelos mesmos motivos do 3.º exemplo. – (Assistência Litisconsorcial) e) 5.º exemplo A é herdeiro e move ação de anulação de testamento contra B, que é testamenteiro. C é o legatário, poderá ingressar como assistente de B, pois anulado o testamento, a influencia da sentença será absoluta para C, que terá seu direito prejudicado. – (Assistência Litisconsorcial). Assistente litisconsorcial – art.54 do CPC. A assistência litisconsorcial se dá quando o assistente possui uma relação jurídica com o adversário da parte que pretende assistir. Então o interveniente poderia agir conjuntamente com o autor contra o adversário comum, ou ser acionado conjuntamente com o réu. Isto é, o assistente poderia ter sido litisconsorte do assistido contra o adversário comum, e, não o sendo, tendo sido deixado fora da relação processual, intervém, assistindo a parte contrária àquela que teria sido seu adversário, com a finalidade de impedir que a sentença, que normará a relação jurídica de que este participa, lhe estenda os efeitos. A partir do momento que ingressa no processo, para parte da doutrina, o assistente litisconsorcial terá os mesmos poderes de um litisconsorte. O assistente litisconsorcial será atingido pela coisa julgada material, tendo em vista que possui a qualidade de substituído processual, ou seja, o assistente litisconsorcial não é atingido pela coisa julgada pelo fato de haver promovido intervenção no processo como assistente, mas sim pelo fato de ser titular do direito que está sendo discutido. Consigna-se mais uma vez o entendimento de outra parte da doutrina, no sentido de que qualquer das modalidades de assistência permite apenas participação subordinada e acessória nos autos principais. Diferenciação A diferenciação do assistente simples, em relação ao assistente litisconsorcial se dá da seguinte maneira: É cediço que o assistente deve possuir uma relação jurídica com uma das partes, todavia, para diferenciação, pergunta-se: com qual das partes? A resposta a essa pergunta diferencia o assistente simples do assistente litisconsorcial. Segundo a doutrina, o assistente simples deve possuir uma relação jurídica secundária com a parte a que ele objetiva assistir em juízo, como no caso do exemplo do locador, antes mencionado. De modo diverso, o assistente litisconsorcial possui relação jurídica com o adversário da parte que pretende assistir. Como exemplo citamos o caso de um dos devedores solidários, que solicita habilitação para assistir o seu co-devedor, em ação movida pelo credor, somente contra um dos devedores. Outrossim, observa-se que a relação jurídica firmada entre o assistente e uma das partes em litígio deve ser diversa da que estiver sendo discutida (sendo, portanto, secundária), e o resultado da ação deve afetar a sua relação jurídica estabelecida com uma das partes da relação originária. Quanto a posição e aos poderes conferidos ao assistente, a doutrina apresenta duas posições diversas a respeito da diferenciação. A primeira posição declara não haver diferença entre os poderes dos assistentes, sejam eles simples ou litisconsorciais, nos autos em que se habilitam, possuindo sempre atuação subordinada. Outra corrente admite a diferenciação de poderes, ampliando a gama de atitudes que pode tomar o assistente litisconsorcial no feito, relegando ao assistente simples mera atuação acessória, ou seja, atuando como mero auxiliar da parte assistida. Em que pese às posições acima expostas, é pacífico que o assistente simples tem uma atuação subordinada, ou seja, não pode praticar nenhum ato que contrarie a vontade do assistido (art. 53 do CPC). Em razão de suas limitações, prevê o ordenamento que não pode ser atingido pela coisa julgada, visto não ser titular do direito que está sendo discutido, pois de outra feita haveria patente afronta aos limites subjetivos da coisa julgada. Entretanto, o assistente simples sofre os efeitos da justiça da decisão se efetivamente ingressou no processo e foi capaz de exercer validamente suas prerrogativas. Isto significa que o assistente simples, em nenhum outro processo posterior, como autor ou réu, poderá discutir os fundamentos de fato e de direito em que se assentou aquela sentença. Contudo, o assistente simples não será atingido pela justiça da decisão se ele ingressou em uma fase muito adiantada do processo ou se o assistido impediu ou tolheu a efetiva participação do assistente. Artigo 55 do CPC. Ex. o assistido reconheceu a procedência do pedido, transigiu, etc. Procedimento da Assistência A assistência, visto ser voluntária, inicia-se por requerimento do terceiro à autoridade judicial, com prova do interesse jurídico, em qualquer grau de jurisdição, ou seja, mesmo em grau de recurso. A seguir, intimam-se as partes para dizer sobre o interesse jurídico atestado pelo requerente, e em não havendo impugnação deve ser deferida. Se houver impugnações, serão autuadas em apenso (incidente de assistência), sem suspensão do processo, sendo decididas em cinco dias, resguardada a possibilidade de deferimento de prova a ser produzida.