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Notas de aula – Física II; Profs Ricardo e Amauri 1 TEMPERATURA Termodinâmica – estuda a temperatura, calor e troca de energia. Temperatura – está relacionada com a energia cinética das moléculas de um corpo. 1 – Escalas de Temperatura Celsius e Fahrenheit Propriedade termométrica – é uma propriedade que depende da temperatura do corpo. Exemplos: resistência elétrica, densidade, condutividade, ponto de fusão,... Anteprimeira Lei ou Lei Zero da Termodinâmica – Se dois corpos estiverem em equilíbrio térmico com um terceiro corpo, então estarão em equilíbrio térmico entre si. Escala de temperatura Celsius Termômetro – é um equipamento destinado à medir a temperatura de um corpo. Ele pode ser construído a partir de uma comparaçãoe entre dois parâmetros físicos. Por exemplo, um termômetro usual relaciona a temperatura de um corpo com relação ao comprimento da coluna de, e.g., mercúrio. As duas escalas mais largamente utilizada para medir a temperatura de um corpo são a Celsius e a Faherenheit. Na escala Celsius, a água se funde e evapora (supondo uma pressão atmosférica de 1 atm) a 0°C e a 100°C, respectivamente. Já na escala Fahrenheit, estas temperaturas são 32°F e 212°F. Assim, Suponha um termômetro que, em contato com o gelo a 0°C e a 100°C esteja numa posição denominada de L0 e L100, respectivamente. 0100 0 0100 0 0100 1000 LL LLt LL LL tt t c − − =⇒ − − = − − (1) 2 – Termômetro a Gás e Escala de Temperatura Absoluta A utilização de vapor de água e gelo é uma atribuição que pode variar de acordo com as condições físicas do local, assim, não são referencias absolutas. Sendo assim, qual o melhor referencial para medição de temperatura? B C A Fig. 1 – A está em contacto térmico com B que está em contacto térmico com C. Desse modo, TA = TB e TB = TC então TA = TC. 212°F tF 32°F 100°C tC 0°C )32( 9 5 0100 32212 0 32 −=⇒ − − = − − FC C F tt t t Notas de aula – Física II; Profs Ricardo e Amauri 2 Termômetro a gás a volume constante Semelhantemente ao que fizemos anteriormente, podemos utilizar a Equação (1) e relacionar a temperatura com a pressão do ar contido dentro de um termômetro a gás. Ou seja: 0100 0 0100 0 0100 1000 PP PPt PP PP tt t c − − =⇒ − − = − − (2) Fig. 2 – Termômetro a gás a volume constante. Isto se deve a mangueira flexível que permite abaixar ou levantar o tubo B3 de modo que o nível do fluido em B2 fica sempre no zero. A pressão é medida pela altura da coluna h que é igual a diferença de altura entre as superfícies nos dois tubos. O gás utilizado e a sua pressão têm alguma influencia no resultado da medição da temperatura? Faremos a seguinte experiência para responder a pergunta acima: colocamos o bulbo do termômetro em contacto com vapor de água a 100°C e regulamos, através de uma válvula, sua pressão para 1000 mmHg (este é um valor arbitrário). Em seguida, levamos este termômetro para medir a temperatura do vapor de enxofre. A temperatura obtida, via a Equação (2) é, digamos, 446,2°C. Se repetirmos estas medidas várias vezes mas sempre mudando o valor de P100 podemos formar a seguinte tabela: Tabela 1 – Dados obtidos pelo termômetro a gás P100 (mmHg) Temp. vapor da substância (°C) 1000 446,2 800 445,7 600 445,5 400 445,3 Vemos então que a temperatura decresce à medida que a pressão P100 decresce. Logo, qual a verdadeira medida da temperatura do vapor da substância? O gráfico da Figura 3 mostra o comportamento entre a temperatura do vapor da substância medida e a pressão P100. Após a realização de um ajuste linear, obtemos que o valor Notas de aula – Física II; Profs Ricardo e Amauri 3 da temperatura do vapor da substância é 444,66 °C para um valor de P100 = 0 mmHg. Esta é o valor mais provável da temperatura de vapor da substância. 0.0 200.0 400.0 600.0 800.0 1000.0 Press o de vapor de água (mmHg) 444.4 444.6 444.8 445.0 445.2 445.4 445.6 445.8 446.0 446.2 446.4 Te m pe ra tu ra d e va po r d a su bs t nc ia (C el si us ) Y = 0.00145004 * X + 444.66 Fig. 3 – Temperatura do vapor da substância versus pressão P100. A equação dentro da área representa a curva de ajuste dos 4 pontos da Tabela 1. Se diminuirmos a temperatura do gás dentro do termômetro, teremos, de acordo com a Equação (2), que a pressão deste cairá cada vez mais, chegando a zero quando a temperatura do gás alcançar –273,15°C. Este comportamento pode ver visto na Figura 4. Exemplo: suponha que a pressão de um gás a 100°C seja de 1000 mmHg. Ao esfriar este gás até 0°C, sua pressão cai para 732 mmHg. Se baixarmos a temperatura do gás para –273°C, a sua pressão será 0mmHg. Fig. 4 – O prolongamento da reta de ajuste dos pontos toca a abscissa no ponto t = -273,15°C. A fim de se estabelecer um padrão de temperatura, foi adotado como referencia o ponto triplo da água (condição em que a água líquida, o vapor de água e o gelo coexistem em equilíbrio) onde o valor de t3 = 0,01°C e P3 = 4,58 mmHg. Utilizando a Equação (2), e dois -300 -250 -200 -150 -100 -50 0 50 100 Temperatura do g s (Celsius) 0 2 4 6 8 Pr es s o do g s (m m H g) Notas de aula – Física II; Profs Ricardo e Amauri 4 pontos de referencia – 0,01°C; 4,58mmHg e – 273,15°C; 0mmHg – obtemos a seguinte expressão: 33 16,273 )15,273(01,0 )15,273( 0 0 P PTt P P =⇒ −− −− = − − (3) onde T = t + 273,15 e é dado em kelvins. T é a temperatura absoluta. 3 – A Lei dos Gases Ideais Lei de Boyle O produto entre a pressão de um gás e o seu volume, quando a temperatura T é fixa, é constante ou seja PV=cte. Por outro lado, se estes três parâmetros variam, podemos escrever que PV = CT, onde C é uma constante de proporcionalidade que depende da quantidade de partículas que compõem o gás. C ∝ kN, onde k = 1,381x10 –23J/K é a constante de Boltzmann e N é o número de partículas. Se NA é o número de Avogadro (6,022x1023) e se o gás tem n moles então, N = nNA ou PV = nkNAT = nRT, (4) onde R = kNA = 8,314 J/K.mol = 0,08206 l.atm/K.mol é denominado de Constante Universal dos Gases. Um gás ideal é aquele que obedece a Equação (4) Massa Molecular M – é a massa de 1 mol, também conhecida como massa molar ou peso molecular. Para um gás de n moles, temos que a massa de um gás é: m = nM (5) e a sua densidade, por sua vez, é dada por: ρ = m/V = nM/V (6) Utilizando a Equação (4), podemos dizer que a densidade também pode ser dada por: RT MP nRT PnM V nM ===ρ (7) Notas de aula – Física II; Profs Ricardo e Amauri 5 Se fixarmos a temperatura e o número de moles, veremos que, de acordo com a Equação (4), P∝1/V. O comportamento de P versus V está mostrado na Figura 5. Fig. 5 – Plano PV de um gás ideal mostrando as curvas que representam as isotermas, ou seja, a curva onde a temperatura não muda. Estas curvas são hipérboles. Da Lei dos gases ideais podemos dizer que, se n e R não mudam, então: ... 3 33 2 22 1 11 ==== V TP V TP V TPnR Se o gás sai de um estado para outro isotermicamente (processo isotérmico), então P1/V1 = P2/V2. Se o gás sai de um estado para outro isobaricamente (processo isobárico), então T1/V1 = T2/V2. Se o gás sai de um estado para outro isocoricamente (processo isocórico), então T1P1 = T2P2. Interessantes simulações podem ser encontradas nos sites http://jersey.uoregon.edu/vlab/Piston/ e http://www.chm.davidson.edu/ChemistryApplets/GasLaws/BoylesLaw.html. 4 – A Interpretação Molecular da Temperatura: A Teoria Cinética dos Gases Descrevemos um gás através das variáveis macroscópicas P, V e T, porém, uma descrição microscópica, onde descreveríamos as coordenadas de cada partícula, é impossível devido ao enorme número de partículas que formam este gás. A seguir apresentaremos que a temperatura de um gás está relacionada com a energia cinética média das moléculas. Porém, inicialmente devemos dizer que a pressão de uma gás é o resultado das colisões entre as moléculas do gás e as paredes do recipiente que o contém. Teoria Cinética dos Gases Devemos formular inicialmente as seguintes hipóteses Volume Pr es s o Notas de aula – Física II; Profs Ricardo e Amauri 6 1) Existe um enorme número de moléculas no gás colidindo elasticamente entre si e com as paredes do recipiente que o contém; 2) A distância média entre as moléculas é grande em comparação com seus diâmetros; 3) Não há direção nem posição privilegiada para as moléculas no recipiente e a ação da gravidade é desprezada. De acordo com a hipótese 1) e 3), podemos analisar o que acontece com uma partícula que está na direção, e.g., x (pois semelhantemente ocorrerá com aquela que se move na direção y e z). A variação de momento linear que a partícula sofre ao chocar-se com a parede da direita é: xxfxiif mvmvmvpppp 2=−−=∆⇒−=∆ ��� (8) Uma excelente simulação de um átomo dentro de um volume pode ser vista no site: http://www.phys.virginia.edu/classes/109N/more_stuff/Applets/Piston/jarapplet.html O paralelogramo da Figura 6 contém N moléculas dentro de um volume V. Considere que o número de moléculas viajando na direção x e com velocidade vx dentro da região limitada por 2 e 3 é N´. O número de colisões com a parede da direita, cuja área é A, num intervalo de tempo ∆t é igual ao número de moléculas entre 2 e 3 e que viajam para direita, ou seja: ∆ =′ 2 Atv V NN x (9) o fator ½ deve-se ao fato que escolhemos apenas moléculas viajando para direita. Assim, o a variação total de momento das moléculas ao colidir com a parede é igual a N´ vezes a 2mvx. ∆ ×=∆ 2 2 tAv V Nmvp xx , (10) mas a variação de momento num intervalo de tempo é igual a força, logo a força que as moléculas exercem sobre a parede é: y vx∆t x z 1 2 3 Fig. 6 – O paralelogramo contém inúmeras moléculas colidindo entre si e com as paredes do recipiente. Notas de aula – Física II; Profs Ricardo e Amauri 7 ==⇒ = ∆ ∆ = 2 2 2 2 22 xx mv V N A FPAmv V N t pF (11) Comparando a Equação (11) com a Lei dos Gases Ideais (Equação (4)), obtemos: NkTmvNPV x = = 2 2 2 (12) Como existe várias velocidade vx é melhor substituirmos v2x por (v2x)m(edio), assim: m xmvkT = 22 1 2 . (13) O mesmo raciocínio é aplicado para y e z, logo podemos escrever que mxmmymm vvvvv zx )(3)()()()( 22222 22 =++= . (14) A energia cinética média de cada molécula de um gás é dada por: 2 3 2 2 kTmvK m m = = . (15) Logo, a energia total é dada por: nRTNkTmvNK m 2 3 2 3 2 2 == = (16)1 Um resultado muito importante foi obtido. A energia total das moléculas de um gás está relacionada diretamente com a temperatura absoluta deste gás e se dividirmos K por n, na Equação (16), obtemos a energia cinética por mol. Da Equação (16) obtemos que a velocidade das moléculas num gás é M RT mN kTN m kTv A A m 333)( 2 === . (17) A velocidade média quadrática, por sua vez é: ( ) M RTvv mmq 32 == . (18) Exemplo: Determinar a energia cinética translacional total de um mol de O2 a t=0°C e a 1 atm e a velocidade média de cada partícula. Solução: 1 Lembre-se que N=nNA e que Nk=nkNA = nR Notas de aula – Física II; Profs Ricardo e Amauri 8 Um mol (6,022x1023moléculas) ocupa um volume de 22,4 l qdo a T=273K e 1 atm. M = 32g/mol. Usando a Equação (16), obtemos: JK 3404 2 273.314,8.1.3 == Usando a Equação (18), obtemos: sm x vmq /4611032 273.314,8.3 3 == − Exercícios: 1) Um termômetro a gás a volume constante tem pressão de 30 torr quando num banho na temperatura de 373K. (a) qual a pressão no ponto triplo da água? (b) Qual a temperatura quando a pressão for de 0,175 torr? 1torr = 1 mmHg = 133,32 Pa 2) Se 1 mol de um gás num recipiente ocupar o volume de 10l sob a pressão de 1 atm, qual será a temperatura do gás em kelvins? (b) O recipiente mencionado anteriormente tem um pistão que pode provocar modificações no volume. Quando o gás for aquecido a pressão constante, o seu volume se expande a 20 l. Qual a temperatura do gás em kelvins? (c) O volume do gás fica fixo em 20 l e o gás é aquecido a volume constante até a sua temperatura ser 350K. Q ual a pressão do gás? 3) Um mergulhador está a 40m da superfície de um lago, onde a temperatura é de 5°C, e libera uma bolha de ar de 15cm3. A bolha sobe até a superfície, onde a temperatura é de 25°C. Qual o volume da bolha antes de estourar na superfície? Exercício para casa. Vide livro texto, 3a edição. De 1 a 10; de 14 a 23; de 45 a 49; 55 e 59. Última atualização: 22/04/03