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Historia do Direito Aula 10 - Direito em Atenas (cont) 3.5) A Sociedade Ateniense . A vida pública . Mulheres e Escravos . Homossexualidade . Educação Começamos com uma breve análise das características da sociedade ateniense, primeiramente, o ateniense tinha um espírito ex tremamente competitivo, ele adorava o conflito, a competição. Ele dividia a cidade entre seus amigos (Philói) e a vida públi ca era palco para essas demostrações de competições. Elas poderiam ser por ostentação de riquezas, competições esportivas, etc. Na grécia antiga, na época da ilíada, tornava-se notório pela batalha. Já em atenas, se tornaria pessoa pública pelas competi ções. A valorização do conflito, da competição e o estímulo a competição esportiva era uma forma de extravazar esse espírito. De um modo geral, em Atenas, a mulher e os escravos eram considerados dependentes do cidadão, que era apenas o homem livre, nascido em atenas e filho de pai e mãe ateniense. Uma característica muito importante da mulher na democracia era o fato de que se ela era dependente do cidadão, ela não tinha a individualidade necessária à competição, logo, não tendo direito de par ticipar da vida pública, portanto, ficando restrita ao ambiente doméstico. Muito raramente a mulher ateniense tinha permissão para ir para a ágora, apenas em casos especiais como festivais religiosos. Os historiadores chamam a atenção que não podemos cometer o erro de julgar uma classe como se fosse as outras, logo, quando falamos de atenas nessa época, falamos sobre os ricos. A mulher em uma família pobre, por exemplo, provavelmente deveria sair mais de casa para ajudar o marido. Existe uma certa ambiguidade nessa situação da mulher, pois ao mesmo tempo que era considerada frágil fisicamente, moralmente e intelectualmente, ela era considerada como fonte universal da vida, e isso dava valor à mulher, por mais que fosse conside rada fraca. Uma das hipóteses mais aceitas disso é que o grego tinha medo que a mulher alterasse aquele status quo de domínio masculino o qual ela estava acostumada. Isso pode ser comparável a quando falávamos de sociedades ágrafas, pois a mulher vinha "de outra família", logo, deveria fi car em casa para evitar sua desvaloração. Outra teoria era que a mulher tinha grande necessidade sexual, logo, deveria ficar em casa para ser poupada de tentação. Uma terceira possibilidade disso era pela tradição religiosa da deusa pandora, fixando a ideia que a mulher é um risco para a vida masculina. Havia uma diferença, também, entre a mulher do homem livre e a mulher do escravo, pois a última tinha funções ligadas à escravidão. Isso, levado a séculos, com certeza está na origem da dificuldade das mulheres participarem da vida política e da vida públi ca. Em relação à escravidão, ela era considerada natural. Se virmos em Aristóteles, ele procura justificar o porquê da escravidão ser natural, para que os homens livres poderem pensar nos problemas da cidade, é necessário que eles não precisem se preocu par com nenhum tipo de trabalho. O trabalho não era valorizado como é hoje, na época, a vida nobre era a vida em que você não precisava exercer nenhum tipo de atividade. Entre aqueles que trabalhavam existia outro tipo de divisão, como os professores, que eram homens livres livres mas serviam ensinando outros, logo, eram menos estimados. Para Aristóteles, o escravo era um "objeto com alma". O escravo também tinha gradações, se você fosse um escravo doméstico, era diferenciado dos gerais, tal qual os escravos que exerciam alguns cargos públicos como policiamento (Cítios). Outro assunto bastante polêmico era a questão da homossexualidade, pois o conceito de homossexualidade era um conceito inexis tente, pelo menos nos padrões que conhecemos hoje. Na atenas democrática, era natural que um homem livre mais velho tivesse uma relação sexual com um homem livre mais novo, pois sua virilidade era demonstrada em possuir outro homem. Já o adolescente ele, de alguma forma, seria criticado, não por ser homossexual, mas por aceitar esse papel, ele de alguma forma se comparou à mulher, sendo desvalorizado em função disso. Um adolescente aceitaria isso pela possibilidade de presentes, benefícios políticos, entre outro, além de poder se sentir ama do, pois a relação do homem com uma esposa não era pautada no amor, sendo uma relação baseada puramente com o interesse de se ter alguém para cuidar da casa. Essa realidade era uma que era mais voltada para os homens mais ricos que os mais pobres. Para terminar essa parte da sociedade, a questão da educação não era vista com obrigatoriedade, os pais não eram obrigados a educar os filhos, logo, a educação privada dependia de alguma remuneração financeira, logo, haviam analfabetos na sociedade ateniense, mas boa parte dos homens livres tinham condições de pelo menos se alfabetizar, aprender aritimética, música e edu cação física, essa última extremamente valorizada para o ateniense, exatamente pelo espírito competitivo do povo. Quem desejasse continuar a ampliar seus conhecimentos, deveria se dedicar a isso, onde alguns pensadores de outras cidades se dirigiam a atenas para ensinar, os sofistas. Haviam escolas de Retórica, criada por Isócrates e a de Filosofia, liderada por Platão. 3.6) Organização Política Vamos falar agora da organização política durante a democracia, depois de Clístenes. Com a nova divisão, dá possibilidade de cidadania para todas as classes de homens livres. Isso é transparecido nos órgãos políticos, principalmente na Eclésia, que funconava como uma Assembleia composta pelos cidadãos registrados em seus respectivos Demos. Ela se reunia, mais ou menos, 4 vezes por mês para deliberar sobre a vida na cidade. Qualquer medida deveria ser aprovada pela Eclésia, sendo o principal ór gão consultivo, nada poderia ocorrer sem passar pelo crivo da Eclésia. Ela deliberava leis durante boa parte da democracia, além de ser onde todo cidadão poderia participar. Quando a reunião era aberta, o Arauto dava palavra para todos que gostariam de se manifestar sobre o assunto em pauta. De um modo geral, cerca de 5.000 cidadãos participavam da reunião, que aconteciam ou na Ágora ou no Monte Pnix. Por mais que a palavra fosse dada a qual quer cidadão, poucos se manifestavam pelo grande número de participantes, ficando na figura de quem tinha maior poder de ora tória que falasse. A Eclésia é um clássico exemplo de democracia direta, pois o cidadão participava diretamente em todas as decisões. Outro ór gão importante era o Conheço dos 500, também conhecido como Boule. Nele, a composição era relacionada por cada tribo de Ate nas, escolhidos 50 cidadãos acima de 30 anos de cada uma das tribos, totalizando 500. Logo, qualquer cidadão poderia fazer parte do sorteio, permitindo a qualquer um exercer aquele papel. Nela, existia um tempo de mandato (anual) e cada conselheiro só poderia exercer o conselho duas vezes. A função desse conse lho era propor assuntos para a Eclésia debater. Logo, o conselho não tinha função de decisão, apenas fazia uma análise prévia e direcionava o assunto para a Eclésia, onde todos os cidadãos participariam da decisão. Era uma espécie de triagem. Além dis so, o conselho ainda tinha a função de executar as decisões da Eclésia. Quem participava do Boule não poderia participar da Eclésia. Tanto na Eclésia quanto no Conselho, inicialmente, o cargo não era remunerado no primeiro momento da democracia, mas no final dela, esses cargos eram remunerados. Quando a Eclésia se reunia, os cidadãos recebiam uma pequena quantia como estímulo e os membros do conselho também recebiam um valor para impedir que fossem prejudicados do cargo público, porém, também um valor simbólico. Isso se deu pela Eclésia progressivamente perder frequência, logo, essa medida estimulava a participação. Existe ainda outro grupo, chamados, em grego de Archóis (funcionários). Entre eles, existiam os Estrategos (generais), em nú mero de 10, que diferentes de outras classes não eram sorteados, mas sim, escolhidos pela Eclésia e sem necessariamente manda to, podendo ser destituido pela própria Eclésia. Eles deveriam ser maiores de 30 anos. Outro grupo importante era os Arcontes , que durante o período arcáico eram apenas os Eupátridas. Com a chegada da democracia, não apenas os Eupátridas são arcontes , sendo o cargo sorteado. Os Arcontes eram muito ligados à questão do direito, sendo 9 no total, cada um com uma função. O primeiro era o Arconte-Rei, que presidia um dos tribunais, o Areópago. Também existia o Arconte Polemarco, que julgava os es trangeiros (Metecos) residentes em Atenas. Além deles, temos o Epônimo, julgando as causas de sucessões e seis, chamados de Tesmotetas, responsáveis pela administração da justiça apenas, mas sem influência nos julgamentos. Vamos falar agora dos tribunais de atenas, focando inicialmente no Areópago. Ele era o tribunal mais antigo, existente desde o período arcáico, que nessa época era onde os Eupátridas se reuniam para julgar os assuntos. Isso vai perdendo força até que se limitou, na democracia, a julgar os homicídios premeditados. A partir da democracia, o principal tribunal era o chamado tribunal da Heliaia, formado por 6.000 juizes sorteados entre os cidadãos maiores de 30 anos. Nem todos participavam do julga mento de um caso concreto, onde seria feito um novo sorteio dentre os 6.0000, podendo, para cada caso, serem convocados entre 201 a 2501 juízes. Os 6.000 recebiam o nome de Dikastas. Outra coisa importante é que não havia a figura de um advogado ou promotor público, as decisões eram tomadas com base na defe sa e acusação dos próprios interessados, cada um tendo seu tempo de expor seus argumentos. Logo, era importante a retórica e com o passar do tempo, as pessoas começaram a contratar alguns sofistas para escrever discursos jurídicos, contratando alguém para escrever sua defesa e a pessoa apenas usava aquele discurso no dia do julgamento. A lei não permitia isso, mas não foi possível impedir isso. Esses indivíduos eram chamados de Logógrafos. Uma outra pessoa importante nesse cenário jurídico era o Sicofanta, que era uma figura muito mal-vista por ser quem entrava com processo apenas para ganhar dinheiro, não tendo uma causa pública específica, apenas para ganhar dinheiro em cima de algu ma situação. As leis Atenienses tentavam impedir esse tipo de situação, mas era muito difícil conter esse tipo de situação.