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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ADMINISTRAÇÃO CONCEITOS DE MARKETING DECISÕES DE PRODUTO Prof. Flávio Bressan, Ph.D. INTRODUÇÃO O produto (ou serviço) é um dos componentes mais importantes do marketing. Sua comercialização, ou venda, segundo Peter Drucker, é a origem de tudo em uma organização, o que nos leva a tentar identificar todo o processo que envolve produtos, desde seu desenvolvimento, seu ciclo de vida sua administração. Para Shewe (1980), produto é o ingrediente básico da troca e o representa a expectativa de que a satisfação será conseguida com através da troca. O produto é, ainda, o foco da reunião entre compradores e vendedores para que possa haver a troca. É o produto que irá ou não satisfazer as necessidades e desejos dos clientes. Por causa disto, o produto é de vital importância para as organizações, sendo ele a razão de sua existência, devendo ser tratado com a atenção necessária. Muitos fatores envolvem um produto, tanto interna, quanto externamente à organização. O conhecimento, análise e administração desses fatores podem levar à decisões de produtos corretas e adequadas, com conseqüentes resultados positivos para a organização. CICLO DE VIDA DO PRODUTO O conceito de ciclo de vida de produto só é possível, segundo Kotler (1999), porque anteriormente a ele existe o conceito de ciclo de vida de demanda, onde existe a necessidade por um produto ou serviço. Os estágios da demanda variam do surgimento, passando para o estágio de crescimento acelerado, crescimento desacelerado, podendo chegar à maturidade ou declínio, dependendo do nível da necessidade das pessoas. Da mesma forma que a demanda, os produtos passam por diversos estágios, desde o início de seu desenvolvimento e de sua comercialização até sua eliminação. O ciclo de vida do PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIENCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS 2 produto representa a gerência do produto em suas diversas fases, como todos os aspectos ligados ao mesmo. Não só os produtos possuem ciclo de vida, mas também classes de produtos e marcas. O ciclo de vida do produto tem sido encarado de formas diferentes pelos autores. Kotler (1999) considera 4 fases para a formação do ciclo: 1.introdução, 2.crescimento, 3.maturidade e 4.declínio. Ele também considera a utilização das variáveis vendas e lucro para formação de ciclo de vida diferentes. Por ouro lado, Schewe (1980) utiliza-se de uma fase a mais, sendo elas: 1.introdução ou pioneirismo, 2.crescimento rápido ou aceitação de mercado, 3.crescimento lento ou turbulência, 4.saturação ou maturidade, 5.declínio ou obsolescência. A separação entre cada fase é geralmente arbitrária, porém as características mais aceitas para cada fase são: 1. Introdução: lançamento do produto; crescimento lento das vendas; custos e preços elevados; lucros baixos; poucos concorrentes; surgimento de problemas e melhorias no produto. 2. - Crescimento rápido: aceitação do produto; crescimento rápido das vendas; redução do preço; aumento do lucro; melhoria da distribuição. 3. Crescimento lento: vendas crescentes, porém em desaceleração; atingimento dos mercados de massa; aumento dos concorrentes e eliminação dos menos qualificados; redução de preço. 4. Maturidade: queda no crescimento de vendas, redução dos lucros; aumento dos gastos em promoção; vendas sensíveis à mudanças econômicas; número de concorrentes estável. 5. Declínio: queda nas vendas; desaparecimento dos lucros; diminuição dos concorrentes. Para se entender e definir corretamente o funcionamento do ciclo de vida de um produto é necessário conhecê-lo bastante bem, assim como sua história, pois os ciclos de vida variam radicalmente quanto à produtos diferentes. Kotler (1999) considera ainda, a existência de outros tipos de ciclo de vida: a) Ciclo de vida aplicado a categorias de produtos (exemplo: cigarros). Neste caso o ciclo é mais longo e o período de maturidade é bastante grande. b) Ciclo de vida aplicado a formas de produto (exemplo: cigarros com filtro) tem se mostrado de aplicação mais confiável que a categorias. c) Ciclo de vida aplicado a marcas, onde pode se verificar a “força” de uma marca e verificar seu tempo de vida. d) Ciclo de vida de estilo. Pode ser de duração longa, pois uma vez criado um estilo o mesmo pode ter grande aplicação. “Estilo é um modo básico e distinto de expressão que aparece no campo das atividades humanas” Kotler (1999). 3 e) Ciclo de vida de moda. “Moda é um estilo aceito concorrentemente, ou popular, em um dado campo” Kotler (1999). Quanto uma moda é “lançada” existe uma busca pela mesma gerando uma tendência lenta de crescimento, uma grande popularidade e um desaparecimento, que podem ser definida por quatro estágios: inovação, imitação, uso em massa e declínio. f) Ciclo de vida de moda passageira. É o mesmo conceito do ciclo de vida de moda, porém, tudo ocorre em um período muito mais curto, desde o surgimento até a desaparição, É importante a utilização do conceito de ciclo de vida mais adequado à realidade e ao contexto em estudo, porém é certo que sua utilização é uma importante ferramenta para o desenvolvimento das estratégias de marketing adequadas para cada estágio no qual o produto se encontra. DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS As empresas têm necessidade de lançar novos produtos, sempre que detectam novas oportunidades e necessidades advindas do mercado. O processo de desenvolvimento de novos produtos é um tanto quanto arriscado, pois, por menor que seja o investimento em se desenvolver o novo produto, seu valor será alto e o risco de insucesso também. Schewe (1980), afirma que 40% a 80% dos novos produtos de consumo lançados no mercado americano fracassam. Além disso, está se acentuando, consideravelmente, nos últimos anos, uma saturação do mercado em relação a novos produtos. Os últimos lançamentos não trazem grandes inovações, firmando-se no atual estado de desenvolvimento dos produtos semelhantes. O que tem levado as empresas em busca de inovação de seus produtos, apesar dos riscos têm sido a concorrência acirrada. Os produtos existentes no mercado tendem a se tornar, cada vez mais, obsoletos em função das mudanças de necessidade do consumidor. As razões e motivos para o fracasso de tantos produtos são diversos. Kotler (1999), afirma que entre essas razões pode se observar: - Idéias pessoais forçadas, por altos executivos, apesar de pesquisas e estudos de mercado Tamanho de mercado superestimado; - Tamanho de mercado superestimado; - Projeto inadequado; - Posicionamento incorreto do produto; - Propaganda ineficaz; - Preço alto; - Custos de desenvolvimento excessivamente altos; - Reação de concorrentes; - Escassez de boas idéias; 4 - Mercados fragmentados; - Restrições sociais e governamentais; - Escassez de capital; - Curto espaço de tempo; - Ciclo de vida curto; O processo de desenvolvimento dos novos produtos, é importante ressaltar, é um processo altamente estratégico para a empresa, envolvendo análise de custos e investimentos, mercado, objetivos da empresa, planejamento estratégico, etc., o que requer participação estreita da alta administração no mesmo. As estruturas estabelecidas para o processo podem envolver gerentes de produto, gerentes de novos produtos, comitês de novos produtos, equipes de geração de novos produtos ou mesmo departamentos de novos produtos, porém a presença e interação da alta administração é imprescindível. Os estágios existentes em um processo de desenvolvimento de novos produtos são apresentados por Schewe (1980) como sendo os seguintes: 1. - Geração de idéias: quando as primeiras idéias para novos produtos são apresentadas. Este processo é complexo e pode se dar de diversas maneiras, através de cartas de consumidores, idéias do pessoal de fábrica, laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, etc. Kotler (1999) apresenta a necessidade do uso de técnicas para um melhor desenvolvimento do processo, tais como, listagem de atributos, relacionamentos forçados, análise morfológica, identificação da necessidade/problema e brainstorming. 2. - Triagem: a partir do “pool” de idéias geradas, é feito uma apuração, ou triagem, das idéias que, efetivamente, podem ser aproveitadas. Este estágio, realizado pelo pessoal de produtos, deve se utilizar de um método pré-definido para a seleção das idéias e também avaliar as idéias selecionadas, se possível com o uso de pesos e pontuações. 3. - Desenvolvimento e teste de conceito: cria-se, a partir de uma idéia geral escolhida, um conceito mais específico, mais rico em detalhes, criando-se um perfil da idéia. Schewe (1980) aconselha que o conceito do produto deva responder perguntas do tipo: Quem comprará o novo produto? Qual o benefício principal do novo produto? Sob que circunstâncias o novo produto será usado? 4. - Análise do negócio: baseia-se na projeção de custos, lucro, retorno do investimento, etc. É feita uma análise de custos x benefícios do lançamento do produto no mercado. Utiliza-se de dados históricos, projeções de mercado, métodos estatísticos, previsões de venda para isso. Se já existem dados de vendas a respeito do assunto isto pode ser mais fácil do que para um produto totalmente novo. 5 5. - Desenvolvimento do produto: o produto deixa a prancheta para se tornar algo mais real, com a utilização de modelos ou maquetes. São buscadas marca e embalagem para o mesmo, além da realização de testes de laboratório. 6. - Teste de marketing: com o produto em mãos, tenta-se isolar uma amostra do mercado com o intuito de analisar sua reação ao novo produto. O produto é oferecido a um grupo de consumidores, os quais devem testá-lo e emitir opiniões. Este processo é de extrema importância para evitar fracassos com o lançamento do produto, devendo para tanto utilizar-se de uma amostra cuidadosamente escolhida. 7. - Comercialização: o início da produção do produto marca um período de custos altos, pois as instalações devem, muitas vezes, ser preparadas para tanto. Também são altos os custos de propaganda, promoção e início de distribuição. ADMINISTRAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS PRODUTOS Holtje (1980), nos define o produto “como algo tangível, ou um serviço, que satisfaça as necessidades de um consumidor”. Também segundo Kotler (1999), o produto “é algo que pode ser oferecido a um mercado, para sua apreciação, aquisição, uso ou consumo, que pode satisfazer um desejo ou uma necessidade”. Desta forma, no momento em que o consumidor realiza uma compra, de um produto físico ou não, ele está, acima de tudo, comprando a realização de uma necessidade ou a satisfação de um desejo. Kotler (1999), nos apresenta algumas idéias e conceitos quanto à níveis, hierarquia e classificação de produto. Ele considera que o enfoque em um produto deve se dar em 3 níveis, que são: a) Produto núcleo: que é o que o consumidor realmente está comprando, o centro do produto; b) Produto tangível: que é o produto a ser vendido; e c) Produto ampliado: quando são agregados diversos outros benefícios ao produto. Quanto à hierarquia, os produtos podem ser separados em: família de necessidade, família do produto, classe do produto, linha do produto, tipo do produto, marca, item. A classificação do produto pode ser feita em: de acordo com a durabilidade ou a tangibilidade (bens duráveis, não duráveis e serviços); bens de consumo (bens de conveniência, de comparação, de especialidade e não procurados); e bens industriais (matérias-primas e componentes, bens de capital, suprimentos e serviços). O composto de produto (sortimento de produto), ou “o conjunto de todas as linhas e itens de produto que um produtor coloca à venda” (KOTLER, 1999), pode ser medido em termos de: 6 a) Abrangência:(quantas linhas de produto a empresa possui), b) extensão:(total de itens que forma o composto), c) profundidade:(total de itens em cada linha) e d) consistência:(grau de relacionamento das linhas em relação ao uso final, especificações e produção, canais de distribuição). O planejamento adequado do composto e seus componentes é fundamental para as decisões de linhas de produtos, tais como expansões, eliminações, etc. Sua utilização e formação deve ser um reflexo do mercado e é bastante contextual. Uma linha de produtos “é um grupo de produtos que estejam intimamente relacionados, devido ao fato de atuarem de maneira semelhante, serem vendidos aos mesmos grupos de clientes, serem comercializados através de pontos de vendas similares ou de enquadrarem nas mesmas faixas de preço” (KOTLER, 1999). A determinação do elemento formador do composto de produto deve ter sua análise e administração feitos de forma estreita. A análise de dados a respeito de linhas de produto deve considerar diversos aspectos e fatores, tais como, os dados de vendas e lucros da linha, o perfil do mercado da linha, a extensão da linha (com decorrente análise das possibilidades de complementação ou expansão da linha, para cima, para baixo, ou em ambos os sentidos), o interesse em modernização da linha de produtos, as decisões pela caracterização da linha, bem como os expurgos possíveis e necessários na linha. Segundo Kotler (1999), além da análise da linha, outros fatores envolvem o próprio produto. São fatores como: qualidade, termo cada vez mais em uso e sendo buscado em todos os produtos, pode ser usado para identificar o atendimento das exigências de construção, assim como para identificar um nível de desempenho; características, que são acrescentados aos produtos para gerar uma atração adicional; design, que vai além do conceito de estilo, auxiliando o desempenho correto e adequando-se à função do produto. A marca é um elemento chave no processo de caracterização e comercialização de um produto. A utilização adequada de uma marca pode ser fundamental para o sucesso ou fracasso de um produto. Diversos conceitos e definições podem ser aplicados a marca, tais como: marca (nome, símbolo, design), nome da marca (parte da marca pronunciável), símbolo da marca (parte da marca conhecida mas não pronunciável), marca registrada (marca com proteção legal) e direitos autorais (direito de exclusividade da marca). O uso de uma marca envolve diversas decisões importantes que definirão o posicionamento do produto no mercado. São decisões de responsabilidade da marca (será própria ou de terceiros), abrangência (será individual, global, por família, ou combinada), extensão, multimarcas e reposicionamento da marca. Além da marca, e vinculada também a mesma, estão a embalagem e rótulo. Esses são dois elementos de extrema importância na administração de produtos, pois são esses que 7 efetivamente “apresentam” o produto ao cliente, sendo uma fonte muito grande de marketing junto ao consumidor. SERVIÇOS A prestação de serviços vem crescendo espantosamente nos últimos anos. O setor de serviços, na economia americana, já responde por ¾ do PIB e emprega a maior parte da mão-de-obra do mercado americano. Esta tendência continua sendo de crescimento, o que indica o forte potencial da prestação de serviços e a necessidade da presença do marketing. A prestação de serviços pode ser totalmente diferente entre si e bastante variada, indo de consultorias, serviços médicos, bombeiros, engenharia, etc., podendo ter como objetivo o lucro ou não. A prestação de serviços pode implicar em diversos tipos de serviço. Ele pode acompanhar um bem tangível (exemplo: automóvel e assistência técnica), pode ser o principal, sendo acompanhado de um bem tangível (exemplo: vôo, que é o serviço, acompanhado de bebidas) ou pode ser apenas serviço, sem qualquer vinculação com bens tangíveis (exemplo: psicanalista). Kotler (1999) identifica as características principais dos serviços, como as que mais afetam as decisões de marketing. São elas: a) Intangibilidade, ou a impossibilidade dos serviços serem vistos, tocados, experimentados, etc., o que aumenta a incerteza do consumidor; b) Inseparabilidade, quando o serviço é produzido e consumido ao mesmo tempo, o que aumenta o interesse pelo prestador, bem como a interação produtor- consumidor; c) Variabilidade, pois cada executor do serviço pode conseguir resultados não exatamente iguais a outros executores ou a outros serviços executados por ele mesmo, o que leva a um maior cuidado na escolha do serviço por parte do consumidor. Nos últimos anos, as empresas de marketing passaram a praticar um marketing mais adequado ao seu tipo de “produto”, o que não existia até então. O que havia era uma cópia de marketing feito por empresas industriais. Muitas empresas de serviços praticam, segundo Kotler (1999), o marketing interno, com treinamento intensivo de seu pessoal de frente, de contato com clientes, agindo com orientação ao cliente, e o marketing interativo, que incentiva uma grande interação executor/consumidor, quase sempre presente em uma relação de prestação de serviços. Outras práticas que estão se tornando comum são as práticas da diferenciação, particularmente mais difícil na prestação de serviços do que em produtos, e que consiste em aplicar ao serviço um diferencial em relação a concorrência, visando atingir um maior mercado. 8 Esta prática tem a desvantagem de ser facilmente copiada. A prática de qualidade de serviço, quando o objetivo é apresentar, aos clientes, uma qualidade superior à concorrência. O inconveniente pode ser a subjetividade no julgamento da qualidade por parte dos consumidores, o que pode significar um esforço por qualidade sem o correspondente retorno. A orientação para a produtividade também é uma prática em uso na prestação de serviços para gerar um fator de diferenciação frente à concorrência. O aumento da produtividade gera uma redução de custos e pode ser conseguido a partir da utilização de diversos fatores. CONCLUSÃO Como pudemos observar, todo o processo que envolve produtos é bastante grande e complexo, envolvendo um grande número de decisões e necessitando de extrema atenção por parte das empresas. Seu tratamento é tão crucial que, em determinadas fases as decisões devem envolver e partir da alta administração, pois podem afetar todo o futuro da empresa. Identificar as necessidades e desejos dos clientes e as oportunidades de produtos em relação ao mercado, utilizar-se de um processo correto e completo para o desenvolvimento de um produto, administrar os produtos já em produção com correção e método adequado, acompanhar os produtos em sua evolução, analisando sua situação e posicionamento no mercado, são tarefas que não podem ser relegadas à segundo plano na administração de uma empresa, com o risco de se pagar um preço muito alto por isso. O uso destes elementos de maneira oportuna tem sido, comprovadamente, fator de sucesso para um grande número de empresas. BIBLIOGRAFIA HOLTJE, Herbert F., MAZZON, José A. E GUAGLIARDI, José A., Marketing: exercícios e casos, Coleção Schaum, São Paulo, McGraw-Hill, 1982. KOTLER, Philip; Administração de Marketing, São Paulo, Atlas, 1999. SCHEWE, Charles D. e SMITH, Reuben M.; Marketing – conceitos, casos e aplicações, São Paulo, McGRAW-Hill, 1982.