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Estudo mapeia profissões do futuro O GLOBO, 2 de maio de 2010, Boa Chance, p. 3. 9 10 No texto acima, o autor apresenta um conjunto de profissões que podem ser muito comuns no futuro. Qual delas você acha mais... Provável? Por quê? Incomum? Por quê? Impossível? Por quê? Escreva um texto em que você descreve as atividades principais da profissão que deseja ter no futuro. Havia um muro alto entre nossas casas. Difícil de mandar recado para ela. Não havia e-mail. O pai era uma onça. A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão E pinchava a pedra no quintal da casa dela. Se a namorada respondesse pela mesma pedra Era uma glória! Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira E então era agonia. No tempo do onça era assim. Vocabulário: Pinchar – jogar Questões sobre o texto: No texto, o que significa a expressão “o pai era uma onça”? Como era o relacionamento do autor com a namorada? A expressão “no tempo do onça” indica alguma coisa que aconteceu há muito tempo. Você acha que o namoro mudou muito desde a época descrita pelo autor? Explique. Produção: O texto acima fala das comunicações de antigamente. Escreva um texto contando como os sistemas sofisticados que temos hoje podem ser vantajosos ou desvantajosos para os relacionamentos. 12 Texto 4 - Muito além do Bê-á-bá Nesse texto, Mariana Sgarioni nos apresenta sua opinião sobre o sistema educacional atual. Vejamos se você concorda com as ideias dela... Mariana Sgarioni Apesar de muita teoria, ninguém aprende na escola a cozinhar, a consertar a casa ou a salvar vidas. Por que não nos ensinam a ser adultos? Você já parou para pensar quanto tempo da sua vida passou na escola? Uma conta rápida, sem equações complicadas, mostra que foram pelo menos 11 anos e mais de 13 mil horas dentro de salas de aula. É tempo pra chuchu. E a sensação que fica é a de que muito se ouviu, estudou e escreveu, mas boa parte disso foi pelo ralo depois do vestibular. Para piorar, descobrimos que não sabemos aquilo que efetivamente nos faz falta na vida adulta – desde como costurar a bainha de uma calça até como trocar a resistência de um chuveiro sem tomar choque. Que a escola não existe – pelo menos não deveria existir – apenas para nos preparar para o vestibular, disso a gente sabe (até porque o vestibular é uma etapa um tanto fugaz da vida). Mas então o que a escola deveria nos ensinar? Muitos pedagogos acreditam que o objetivo primeiro da educação é nos ensinar a dominar o espaço em que vivemos. “Precisamos aprender tudo aquilo que nos for útil e nos der felicidade. É como levar uma caixa em cada mão: a das ferramentas, que vão nos ajudar a desembaraçar todos os nossos problemas, e a dos brinquedos, que nos darão prazer. Nós não plantamos só o que precisamos comer. Plantamos também violetas, que são lindas e não servem para nada”, diz o sociólogo suíço Philippe Perrenoud, da Universidade de Genebra. Se tiver algum uso – não importa se prático ou poético – até o assunto mais chato vai permanecer grudado na sua cabeça. “A nossa memória é como um escorredor de macarrão: a água escapa e só fica o que interessa, o que a gente vai comer”, diz o educador, psicanalista e cronista Rubem Alves. O problema é que as escolas têm muitos alunos, cada um com um interesse diferente. Você pode achar que a trigonometria nunca lhe serviu para nada, mas o seu colega que virou engenheiro usa essas lições até hoje. “A escola precisa atender a todos. Não tem jeito, é preciso manter matérias que, futuramente, serão desprezadas por alguns”, afirma Sílvia Amaral de Mello Pinto, coordenadora do Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento de São Paulo, um centro de estudos em psicopedagogia. Então sempre haverá alguém descontente com a escola? No ensino tradicional, sim. Mas não deveria ser assim. Para Perrenoud, o principal problema é que a escola se preocupa muita mais em ensinar teorias do que habilidades práticas e, com isso, os alunos não são treinados para utilizar os conhecimentos em situações concretas. Quase ninguém se lembra da teoria da pirâmide alimentar quando está enchendo o prato no bandejão ou das aulas de botânica quando está caminhando em uma floresta. Teoria e prática não deveriam se excluir – e reconhecer isso ajudaria bastante na sala de aula. Afinal, aprender fazendo as coisas, em vez de ficar ouvindo e copiando fórmulas, pode ser mais eficaz mesmo que depois não se use nada disso. A questão não é o que ensinar e sim de que forma ensinar – e o que não faltam são novas propostas educativas. Perrenoud defende que o aluno estude menos tópicos em cada disciplina e se aprofunde mais em cada um. “Isso daria mais chance para que as pessoas colocassem os conhecimentos em prática”, diz. Mas existem propostas ainda mais ousadas. “O ideal seria que cada escola tivesse o currículo suficientemente flexível para desenvolvêlo a partir das necessidades e perfil cultural de seus alunos”, diz Silvia Gasparian Colello, professora de psicologia da educação da USP. Um exemplo é a Escola da Ponte, em Portugal. Localizada a 30Km da cidade do Porto, ela deixa as crianças definir suas áreas de interesse e desenvolver projetos de pesquisa. Não há salas de aula e sim lugares onde cada aluno procura pessoas, ferramentas e soluções para o que precisam. Segundo Sílvia, este é o principal objetivo de uma escola: formar pessoas que saibam buscar o conhecimento que lhes interesse. E você? Já parou pra pensar o que gostaria de ter aprendido na escola? Leia uma lista que preparamos para você. Mesmo que não conheça nenhum desses assuntos, ainda há tempo de aprender. Há profissionais que promovem cursos de tudo por aí – até mesmo de como pendurar um roupa no varal. 1. Economia doméstica Até a década de 1970, muitas escolas obrigavam as moças a estudar afazeres domésticos. “Hoje a futura vida profissional do aluno passou para o primeiro lugar. Mas todo executivo tem que morar em algum lugar – e saber administrá-lo”, afirma Sonia Maria Soares Carvalho, consultora de organização do lar. 2. Cozinha Nem o Ronald Mcdonald consegue viver só de fast-food. Se nas aulas de química aprendêssemos a cozinhar alguma coisa, talvez o nível de colesterol da população fosse mais baixo. “Dá pra ensinar física, química e organização por meio da culinária”, Betty Kövesi Mathias, da Escola Wilma Kövesi de Cozinha de São Paulo. Ela conta que seu curso deixou de ser freqüentado apenas por moças que iam se casar e passou a receber de adolescentes a executivos. “Todos gostam de comer bem, não?” 3. Pequenos reparos O banheiro está todo inundado e você é obrigado a ouvir do encanador que foi a “carapeta” da torneira que estourou. “Ca-ra o quê?” Chega então à terrível conclusão de que não faz a menor ideia de como acabar co o aguaceiro – apesar de as aulas de física ensinarem elétrica e hidráulica, ninguém falou como fazer isso na prática. 4. Comunicação Não adianta ter uma boa ideia, é preciso saber vendê-la. Do contrário, você perde grandes oportunidades – seja no trabalho, seja na vida conjugal. “O silêncio passou a ser valorizado na escola. A argumentação só é exigida em redações, com formato predeterminado. Resultado: gerações de pessoas que fogem de situações que exigem falar em público.” Diz a pedagoga Edna Barrian Perroti, de São Paulo. Texto adaptado de SUPERINTERESSANTE, dezembro de 2005. p. 56 a 59.